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Os primeiros programas de atendime nto educacional à população portadora de Atraso do Desenvolvimento datam da segunda metade do XVIII. Surgem inicialmente na França e na Suíça e expandem-se por t oda a Europa, Estados Unidos, Canadá e outros paises, inclusive o Brasil (Sica, 1991, p. 107; Mazzota, 2001, p. 208) . Hoje as políticas públicas em favor da inclusão das crianças portadoras de deficiências nas escolas tornam-se cada vez mais abrangentes, fato constatável agora em todo o mundo inclusive em nosso país. A partir da segunda década do século XX identificam-se esforços que visam não somente a inclusão, mas também a integração da criança portadora de deficiência mental, sensorial ou física em programas multidisciplinares de ensino que procuram desenvolver ao máximo as habilidades dessa população, o que evidenciou a necessidade do desenvolvime nto de equipes de profissionais especializados (Couto e Pantuzzo, 2004). No Brasil, as mudanças quanto aos cu idados no ensino dessas crianças vêm ocorrendo a partir da criação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei9394/96). O Capítulo V da LDB refere-se exclusivamente à Educação 2 Especial e determina que desde a criança portadora de deficiência leve até as mais comprometidas estejam sendo incluídas no ensino público. Os artigos 58 e 59 desse capítulo detalham as garantias didáticas e recursos educacionais que visam atender às necessidades especiais dos alunos. O artigo 58 garante que: “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial”. 2º o “atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular”. O artigo 59 assegura que oferecerá aos alunos: I – “currículos, métodos, técnicas, recurs os educativos e organização específica, para atender às suas necessidades”. II – “professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (Brasil, 1996).

Os primeiros programas de atendime

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Os primeiros programas de atendimento educacional à população portadora de Atraso do Desenvolvimento datam da segunda metade do XVIII. Surgem inicialmente na França e na Suíça e expandem-se por toda a Europa, Estados Unidos, Canadá e outros paises, inclusive o Brasil (Sica, 1991, p. 107; Mazzota, 2001, p. 208) . Hoje as políticas públicas em favor da inclusão das crianças portadoras de deficiências nas escolas tornam-se cada vez mais abrangentes, fato constatável agora em todo o mundo inclusive em nosso país. A partir da segunda década do século XX identificam-se esforços que visam não somente a inclusão, mas também a integração da criança portadora de deficiência mental, sensorial ou física em programas multidisciplinares de ensino que procuram desenvolver ao máximo as habilidades dessa população, o que evidenciou a necessidade do desenvolvimento de equipes de profissionais especializados (Couto e Pantuzzo, 2004). No Brasil, as mudanças quanto aos cuidados no ensino dessas crianças vêm ocorrendo a partir da criação da Nova Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei9394/96). O Capítulo V da LDB refere-se exclusivamente à Educação 2Especial e determina que desde a criança portadora de deficiência leve até as mais comprometidas estejam sendo incluídas no ensino público. Os artigos 58 e 59 desse capítulo detalham as garantias didáticas e recursos educacionais que visam atender às necessidades especiais dos alunos. O artigo 58 garante que: 1º“haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial”. 2º o “atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular”. O artigo 59 assegura que oferecerá aos alunos: I – “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades”. II – “professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (Brasil, 1996). O profissional em Musicoterapia atuana Educação Especial, direta ou indiretamente com os alunos a partir de umatendimento musicoterapêutico específico como nos casos de distúrbios de aprendizagem e de comportamento graves, onde uma intervenção é recomendada por um médico e pela equipe de ensino com objetivos clínicos e ou educacionais previamente prescritos. Como consultor, sua contribuição está voltada principalmente para os cuidados indispensáveis e necessários a serem considerados pelo profissional que trabalha no ensino regular dessa população (Gfeller, 1999). Uma população comumente encontrada nas escolas é a dos portadores de Atraso do Desenvolvimento, que inclui os seguintes diagnósticos: 1. Transtorno do Desenvolvimento

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– caracterizado por um atraso cognitivo e sócio-emocional (Autismo, Síndrome Savant). 2. Distúrbios de Comportamento– inclui oscasos de hiperatividade, e agressividade. 3. Distúrbios de Aprendizagem – o atraso se apresenta em áreas específicas de aquisição de habilidades em aritmética, escrita, leitura, linguagem e fala que muitas vezes só são identificados nos dois primeiros anos do ensino fundamental. 34. Retardo Mental– envolve de forma conjunta um atraso globalna aquisição de habilidades cognitivas, linguagem, motora e psicosocial (DSM-IV-R, 1995, AXIS II, p. 39). Todos esses diferentes tipos e aspectos do Atraso do Desenvolvimento podem ser desafiadores e enigmáticos para muitos professores se não houver uma compreensão básica das capacidades dessas crianças, suas necessidades especiais e principalmente de que maneira e em que níveis diferem das demais crianças. O processo de capacitação dos professores envolve conhecimentos sobre a organização e o funcionamento neurológico que irão contribuir para o desenvolvimento global dessas crianças (Flavel, Milleret al., 1999; Lent, 2002). Este estudo focalizará a população de portadores de Retardo Mentallimítrofe, leve e moderado, por se constituir hoje o grupo mais numeroso de estudantes com “necessidades especiais” inclusos na rede regular de ensino e por ser considerada a população comumente integrada nas aulas de educação musical, dos três aos nove anos de idade (MEC, 2004). Vários estudos em Musicoterapia na Educação Especial focalizam especificamente a contribuição do musicoterapeuta junto ao professor de Educação Musical no processo de desenvolvimento musical dessa população, abordando vários aspectos do aprendizado musical desses alunos, tais como a extensão vocal, padrões no tempo de resposta, capacidade biológica de manter o ritmo, seleção adequada no uso de instrumentos musicais por nível de dificuldade e número de tentativas necessárias para o desenvolvimento da discriminação auditiva em sons específicos (Gaston, 1968; Nash, Joneset al., 1977; Nocera, 1979; Lanthom e Eagle,1984; Gfeller, 1989; Davis, 1999; Adamek, 2002; Adamek, 2005). Tendo ainda como objetivo auxiliar o professor de música, alguns métodos em Musicoterapia foram desenvolvidos a partir de adaptações especificas de métodos usuais de Educação Musical tais como M

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ontessori, Orff, Kodaly, Dalcroze e outros (Orff, 1974; McDonald e Simons, 1989)