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S844 Stevens, William Bacon; 1815-1887 Pecados da língua / William Bacon Stevens Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 29p.; 14,8 x 21cm Título original: Sins of the Tongue 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,
Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
"3 Ora, se pomos freios na boca dos cavalos, para
que nos obedeçam, então conseguimos dirigir
todo o seu corpo.
4 Vede também os navios que, embora tão
grandes e levados por impetuosos ventos, com
um pequenino leme se voltam para onde quer o
impulso do timoneiro.
5 Assim também a língua é um pequeno
membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão
grande bosque um tão pequeno fogo incendeia.
6 A língua também é um fogo; sim, a língua, qual
mundo de iniquidade, colocada entre os nossos
membros, contamina todo o corpo, e inflama o
curso da natureza, sendo por sua vez inflamada
pelo inferno.
7 Pois toda espécie tanto de feras, como de aves,
tanto de répteis como de animais do mar, se
doma, e tem sido domada pelo gênero humano;
8 mas a língua, nenhum homem a pode domar.
É um mal irrefreável; está cheia de peçonha
mortal.” (Tiago 3: 3-8)
4
A palavra é ao mesmo tempo a glória e a
vergonha do homem.
Sua glória. . .
Como ela o distingue acima de todas as criaturas
terrestres;
Como o põe em comunicação com seus
semelhantes;
Como lhe permite orar e louvar seu Criador;
Como ela está aliada a seres angélicos.
Sua vergonha; em que ele usa essa nobre
faculdade. . .
Para desonrar a si mesmo,
Para desonrar seu próximo,
E para desonrar o seu Deus.
Em nenhuma obra da mente humana,
encontramos uma descrição tão concisa e
verdadeira do caráter e poder da língua
humana, como na Epístola de Tiago. Nestes
5
poucos versos, encontra-se os contornos mais
gráficos do que esta língua é, tem sido, pode ser
e deve ser. E por uma série de declarações e
ilustrações mais marcantes, ele expõe a língua
em suas qualidades de bem ou mal; advertindo-
nos contra o mal, e exortando-nos a cultivar o
bem.
Antes de prosseguirmos para discutir a
qualidade da língua, vamos primeiro retomar as
palavras do apóstolo e mostrar o PODER da
língua. Ao fazer isso, ele usa três ilustrações.
Primeiro, ele compara com "freios" na boca dos
cavalos. O cavalo é mais poderoso do que vários
homens; e ainda, colocando um freio em sua
boca, uma criança pequena pode orientá-lo, e
montar sobre todo o seu corpo enorme. Como o
freio é pequeno, em comparação com o
tamanho do cavalo, e ainda controla o cavalo,
por isso a língua é pequena em comparação com
todo o corpo, e ainda é o membro de controle
desse corpo.
Em segundo lugar, Tiago compara a língua com
o "leme" de um navio. Os navios maiores, nos
ventos mais ferozes e nos mares mais
6
turbulentos; são dirigidos por um pequeno
leme; um pequeno e quase insignificante
pedaço de madeira, em comparação com o
gigantesco navio que controla. No entanto, por
pequeno que seja, com ele, o timoneiro dirige o
navio e o guia através de tempestades e ondas
para o porto onde ele deseja. Assim a língua,
apesar de pequena, e como o leme mantida
quase sempre fora da vista; contudo controla o
corpo inteiro. A língua é para a vida do homem;
o que o leme é para o navio. Dirige todos os seus
movimentos e guia-o para o porto de paz; ou
para o abismo da aflição.
Em terceiro lugar, Tiago compara o poder da
língua com o fogo. "Eis o incêndio que um
pequeno fogo acende", e "a língua é um fogo".
Uma faísca acesa na madeira seca de uma
floresta, que pode fazer um ramo de uma árvore
pegar fogo; e pode se espalhar para o tronco; e
ele pode se propagar para a próxima árvore, e
assim progredir, até que toda a floresta seja
queimada por uma pequena faísca! Assim, uma
palavra como a centelha de uma língua ardendo
de raiva ou com inveja; pode cair em uma
família, uma igreja, uma comunidade, uma
7
cidade, um país inteiro; e colocá-los em uma
chama de raiva consumidora e ardente!
Em relação a esta língua sob a figura de um fogo,
Tiago continua dizendo que "incendeia o curso
da natureza, e é incendiada pelo Inferno". Estas
são palavras fortes. O que elas querem dizer?
A palavra "curso" é, no original, roda ou círculo
da natureza, e pode significar as gerações de
homens que se seguem com a rapidez das
revoluções de uma roda; ou o curso da vida de
um homem; ou o círculo dos assuntos humanos.
Cada uma dessas ideias, poderia ter estado na
mente do apóstolo, porque, a língua. . .
Incendeia uma geração inteira de homens;
Inflama todo o curso da vida de um homem; e
Faz com que o círculo da vida social queime sob
seus aparelhos de fogo.
Mas, Tiago continua a dizer desta língua, que é
em si mesma um fogo, que "é incendiada pelo
Inferno". A ideia é que a língua deriva todo o seu
poder de fazer mal, das influências malignas
que têm sua origem no inferno. O que
transmitia à mente hebraica a impressão mais
8
vívida do sofrimento eterno, era o fogo sempre
ardente da Geena. Este incêndio; originalmente
inflamado no vale de Hinom para queimar os
restos da cidade de Jerusalém, e mantido
abastecido com seu combustível sujo noite e dia;
transmitia à mente do israelita, uma ideia de
poluição intensa, misturada com sofrimento
intenso. E como todo fogo acendido do fogo no
altar era considerado santo; assim todo fogo
queimado a partir daquele da Geena, ou
Inferno, era considerado impuro e
contaminante. Daí a língua como um fogo
inflamado do inferno; participa da natureza do
Inferno, e se torna uma língua infernal!
Mas, a ideia transmite ainda mais do que isso. O
Príncipe das trevas que reina no inferno sobre
anjos caídos e homens caídos é designado na
Bíblia, não apenas como um mentiroso desde o
início; mas como "o pai da mentira", e dele é dito
por Paulo que ele trabalha "com todo o poder, e
sinais e prodígios de mentira", e João o chama
de" o grande dragão, aquela velha serpente, o
diabo e Satanás que engana o mundo inteiro".
É ele, então, que tem a sua morada no inferno;
que instiga todas as mentiras, e toda palavra
9
imunda, e toda a fala pecaminosa dos homens.
E, portanto, da língua de fogo, que incendeia o
curso da natureza, é justamente dito ser
incendiado no Inferno, porque é instigado a
fazer o seu mal pelo Príncipe do Inferno. Esse é
o berço de cada pecado da língua, bem como de
cada pecado do coração!
Tiago ilustra ainda mais o poder da língua,
comparando-a com bestas ferozes e outros
animais; e a pronuncia mais feroz e indomável
do que qualquer coisa na terra!
Você pode mais cedo fazer o condor dos Andes
pousar em seu pulso;
Você pode mais cedo brincar com o leviatã;
Você pode mais cedo colocar a corda da forca
inofensivamente em torno de seu pescoço;
Você pode mais cedo fazer o leão tão gentil que
uma criança pequena possa levá-lo;
Que domar a língua; pois "a língua", diz ele,
"ninguém pode domar". Que declaração forte é
sobre o poder da língua! Bem pode ele dizer, "é
um mal ingovernável, cheio de veneno mortal!"
10
Se olharmos para outras porções da Bíblia,
encontraremos mais metáforas para indicar o
poder da língua.
Jó a chama de "um flagelo ou um chicote", cujo
golpe inflige severas feridas ao caráter e deixa
suas manchas roxas sobre a paz e reputação
laceradas.
Daniel descreve a língua como "uma espada
afiada"; uma arma assassina, que corta os que
caem e goteja com a nesga de inocência ou
virtude abatida.
Jeremias diz da língua, que "é uma flecha,
disparada". Uma flecha apontada disparada por
arqueiros ímpios, contra aqueles a quem eles
desejam atravessar com angústia, e ainda
manter-se afastado daquele cujo bom nome eles
pretendem destruir.
Paulo, falando dos lábios através dos quais a
língua fala, diz "o veneno de áspides está debaixo
de seus lábios!"
E Tiago diz que está cheia de veneno mortal;
como o grande saco de veneno do qual a víbora
ou a serpente ejeta seu veneno está sob a língua,
11
e quando isso é animado ela enfia seus dentes
bifurcados em sua vítima! Assim sob a língua de
homens caluniadores, encontra-se um saco de
veneno que secreta seu veneno mortal, e o
injeta dentro da ferida e ali ele irrita, incha e faz
sua obra mortal!
Estas são algumas das ilustrações que a Bíblia
usa ao falar da língua maligna, e elas mostram
em luz impressionante, o poder da língua.
Tampouco essas metáforas são
demasiadamente fortes para expressar o poder
e a influência desse pequeno membro, a
respeito do qual a Bíblia diz: "a vida e a morte
estão no poder da língua!"
Toda a história não confirma esta afirmação?
Não tem sido a causa frutífera de quase todas as
guerras que saturaram a terra com sangue? Não
foi uma língua maligna, que quebrou a paz das
famílias e igrejas e comunidades e nações? A
mentira, o engano, a hipocrisia, e a calúnia; não
brotam da língua? Não são profanação e
maldição, e falar imundo; os produtos
destruidores da alma de uma língua
incircuncisa? Certamente não é uma
linguagem muito forte dizer com Tiago que "a
12
língua também é um fogo, um mundo de
maldade entre as partes do corpo, que corrompe
toda a pessoa, põe todo o curso de sua vida em
chamas e é incendiada pelo Inferno!
Tais são os contornos gerais do caráter de uma
língua má; vamos agora descer a alguns pecados
particulares da língua; porque somente quando
expormos e arrastarmos esses pecados para
serem vistos; sua vileza e influência podem ser
tornadas aparentes. Enumerar todos os nossos
pecados da língua seria impossível; pois se
ramificam em todos os setores da vida pública e
privada, e cobrem toda a face do mundo.
Entretanto, há vários que a Bíblia traz
proeminentemente diante de nós, e a estes
devemos limitar-nos neste momento.
1. O primeiro pecado da língua que vou nomear
é a de tagarelar. "O insensato palrador cairá."
(Provérbios 10:10). Por isso quero me referir a
conversa irracional, insignificante,
despreocupada. Paulo fala de tais tagarelas, e os
chama de "palradores", que, por inatividade,
vagueiam de casa em casa, espalhando a
conversa que ouviram. O tagarela nunca é tão
feliz como quando fala. Ele deve falar, pouco
13
importa o que ele diz; e, portanto, ele chacoalha,
dizendo qualquer coisa, e tudo, que vem em sua
mente. Sua conversa é, como se diz,
"meramente um exercício da língua; nenhuma
outra faculdade humana tem participação nela".
Há um processo na química, através do qual
você pode capturar o gás invisível, e pesá-lo, e
separá-lo em seus elementos constituintes. E se
houvesse uma química moral através da qual
pudéssemos capturar a tagarelice gasosa desses
entusiastas, e classificá-la em seus elementos;
suas partes constituintes seriam loucura,
calúnia, falsidade, lisonja e jactância!
Que fonte de miséria doméstica e social, é
encontrada na língua do tagarela. Ele realmente
"espalha tiros, flechas e morte", e diz: "Eu só
estava brincando!" (Provérbios 26:19). Foi bem
dito por um escritor inglês que "o autor de uma
má insinuação ou calúnia não costuma carregá-
lo sobre si mesmo, mas ele liga-o a alguns
vagabundos ociosos, assim como Sansão
amarrou tijolos às caudas das trezentas raposas,
e as enviou à lavoura dos filisteus."
Esses bárbaros com suas línguas incendiárias,
de fato, põem em chamas toda uma cidade, toda
14
uma comunidade. É impossível estimar os
males dessa fluência irrestrita; essa vibração
solta de uma língua desenfreada. É a fonte
frutífera de contendas, raiva, queimaduras de
coração, dissensões nas famílias, difamação,
malícia. Tal língua é realmente incendiada pelo
Inferno!
2. O segundo pecado da língua é a difamação.
Sob esta cabeça eu enumeraria:
Falar mal de alguém por trás de suas costas;
Difamar o seu bom nome por culpa absoluta ou
implícita;
Destruição,
Ciúmes invejosos,
Sussurros secretos,
Insinuações,
E todas as outras maneiras pelas quais a língua
injuria o nome e a reputação de outros.
Duas vezes, o apóstolo, falando de falsos
acusadores, denomina-os diaboloi; e o
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significado da palavra diaboloi é calunioso,
difamatório, injurioso; e este é o termo
constantemente aplicado ao diabo, porque ele é,
como João o descreve, "o acusador de nossos
irmãos". O diabo, então, é, como diz Cristo, "o pai
da mentira", e todo aquele que dá a sua língua
para caluniar, maltratar seu próximo ou proferir
palavras de falsidade ou detração; entra na
classe daqueles falsos acusadores, diaboloi de
que Jesus realmente disse: "Você é de seu pai o
diabo!"
Há várias maneiras pelas quais a calúnia é
proferida, cada uma das quais encontra sua
ilustração, e cada uma, sua condenação, nas
Escrituras. Deixe-me especificar algumas. O tipo
mais grosseiro de calúnia está dando
testemunho falso; isto é, dizendo que uma
pessoa fez coisas que não fez; como foi o caso
com os subornados para testemunhar contra
Nabote cuja vinha Acabe cobiçou; como foi o
caso com o falso testemunho, que colocou a
cargo de Davi, coisas das quais ele nada sabia.
Este falso testemunho é às vezes falado
abertamente, às vezes em segredo; mas sempre
com intenção maliciosa. E em todos os casos, a
língua que o pronuncia, não só incendeia o
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curso da natureza, mas é incendiada pelo
Inferno.
Outra forma de calúnia é o uso de epítetos
escandalosos e oprobiosos; como quando Corá
acusou Moisés de ser injusto e egoísta e
ambicioso; como quando os fariseus chamavam
nosso Senhor de glutão. Cada epíteto que você
aplica a um homem é projetado para marcar o
caráter dessa pessoa, e torná-lo odioso à vista
dos outros. Isto é feito na maior parte pelas
costas; onde, por muito tempo, talvez, ele não
possa ouvir falar dele; e ele nunca pode
defender-se ou limpar-se da calúnia. Tal língua
é, de fato, como a língua de uma víbora;
espreitando em segredo, e de repente
disparando seu veneno fatal!
"Nenhuma força nem grandeza na mortalidade,
Pode censurar a calúnia ferina,
A virtude mais branca ela atinge.
Que rei tão forte,
Pode amarrar o fio na língua caluniosa?
17
Outra maneira de difamar é imputar falsos
motivos a boas ações. Quando dizemos. . .
De um homem liberal; que é vanglorioso;
De um homem ativo nos assuntos da igreja; que
ele é um Diótrefes;
De um homem prudente; que ele é miserável;
De um homem devoto; que ele é hipócrita.
Atribuindo às ações das pessoas; não bons
motivos e projetos, mas maus, onde quer que
seja possível imaginá-los.
Outra forma de calúnia é, para distorcer e
perverter visões, palavras e ações. . .
Dando-lhes uma falsa construção;
Suprimindo o que pode parecer bom;
Ampliando o que pode parecer mal.
Isto é tomar as palavras e os atos de um homem,
e, como os inquisidores romanos, esticá-los
sobre a prancha de tortura até que eles se
tornem desarticulados, e a forma simétrica é
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totalmente distorcida e deformada, por causa do
tratamento injusto a que a calunia o sujeita.
Outra maneira de difamar é por. . .
Insinuações,
Sugestões maliciosas,
Expressões de dúvida,
Insinuações quanto a algo escondido,
Uma qualificação do elogio de outros, por
alguma questão implicando desconfiança, ou
falta de confiança.
Desta forma, sem quaisquer afirmações francas;
mas por comentários distorcidos e calúnias
mascaradas; é o caráter de seu próximo feito
para sofrer; a desconfiança dele é espalhada, e é
perfurado através da seta da maledicência, que
a língua do caluniador, como um arco dobrado e
carregado de mentira, disparou de encontro a
ele!
Um bom caráter é um dos bens mais ricos que o
homem pode possuir. "Um bom nome", diz o
19
sábio, "é melhor do que unguento precioso: sim,
é melhor escolher um bom nome do que
grandes riquezas!" No entanto, o caluniador
rouba este bom nome e procura arruinar esta
boa possessão.
"Quem rouba minha bolsa, rouba lixo, é algo
como nada;
Foi meu, agora é dele, e tem sido escravo de
milhares.
Mas aquele que me arranca o meu bom nome,
Rouba-me aquilo que não o enriquece,
E me faz pobre de fato!"
3. O terceiro pecado da língua que Tiago
menciona, é a língua murmuradora, queixosa.
Há aqueles que estão sempre descontentes,
repelindo e reclamando. Mesmo que as bênçãos
cheguem, eles murmuram porque não são
maiores, e estão prontos para encontrar falhas,
não apenas com todos os tratos de seus
semelhantes, mas com todas as providências de
Deus! Nada recebe o seu elogio incondicional.
Há sempre algum porém a ser apresentado. Eles
20
nunca dão crédito total à bondade; mas sempre
superestimam a maldade. Mau humor é o tom
habitual de sua conversa. Eles olham para tudo
através deste meio doentio; e eles fazem o ar em
torno deles pestilento com as exalações
venenosas de sua língua queixosa.
Nenhuma pessoa escapa à sua malevolência;
quanto mais brilhante e polida for uma pessoa,
mais eles gostam de manchá-la, pelo sopro da
calúnia. Essas pessoas se sentem miseráveis, a
menos que estejam envolvidas na destruição.
Eles se gloriam na sua vergonha.
4. A falsidade é outro tipo de pecado da língua; e
nisto eu incluiria todos os tipos de mentira:
A mentira positiva; e a mentira negativa;
A mentira direta; e a mentira por implicação;
A mentira maligna; e a mentira esportiva.
Todo desvio projetado da verdade, é falsidade; e
toda falsidade é. . .
Um pecado contra a própria alma,
Um pecado contra os seus semelhantes,
21
E um pecado contra Deus;
Que Ele punirá com severidade temível.
Se você fosse capaz de peneirar a conversa que
você ouve nas interações comuns da vida; você
ficaria surpreso ao descobrir o quanto de
falsidade ela contém. Não a mentira descarada,
nua, ousada, impudente, desafiante ao céu, mas
sob a forma de prevaricação, distorção dos fatos,
supressão da verdade ou alguma das muitas
formas menores que a língua emprega ao
proferir mentiras diante de Deus.
5. A língua comete um grande pecado, quando é
usada em fala imunda e fala indecente. É muito
lamentável que até mesmo em educação, e o
que passaria para a sociedade modesta; há
muito de adulteração com este pecado.
Evidentemente, a indelicadeza rude seria
evitada; mas as expressões encobertas, os
entendimentos dobres, as insinuações, as
alusões de passagem, as asserções indiretas;
são demasiado indulgentes; e com um gosto que
mostra, infelizmente, que o coração não é
avesso a esse tipo de conversa, e que mais
admira o que é condenável.
22
A língua impura evidencia um coração imundo;
porque da abundância do coração a boca fala. O
coração imundo, como o vulcão; está sempre
expulsando de sua boca sulfurosa os seus
detritos impuros e derrama suas indecências
sobre os aspectos mais justos da sociedade.
6. Outro pecado da língua é vangloriar-se. "A
língua é um pequeno membro; mas se orgulha
de grandes coisas." Ostentando resultados de
uma superestima de nós mesmos; e uma
subestimação dos outros. É o egoísmo
manifestando-se em palavras. É a mente inflada,
exalando-se em palavras ventosas. Trai a
fraqueza, a pequenez, a ignorância, a vaidade, a
autopresunção, a arrogância e o orgulho!
No entanto, é um pecado com o qual nos
encontramos diariamente; pois os homens
sempre se deleitam em falar de si mesmos, de
seus ditos e ações, inchando-se acima da
medida.
E para elevar-se; eles diminuem a reputação de
outros, e tratam com descrédito as ações de
seus próximos; para que as suas possam parecer
mais grandiosas e imponentes!
23
7. Outro pecado da língua, é lisonja; ou a doação
de louvor indevido e imerecido. O desejo de
dizer algo. . .
Que irá agradar a pessoa com quem estamos
falando,
Ou que assegure seu favor, ou nos eleve em seu
respeito;
Ou o desejo, talvez, dele ter que retribuir o
elogio, e nos lisonjear;
São os motivos habituais para este pecado da
língua.
No entanto, a lisonja é uma espécie de
inverdade; pois ela magnifica o mérito real além
de motivos justos; ou finge um mérito onde não
existe. A lisonja é usada em todas as classes. Na
família, na sociedade, nos negócios, na vida
profissional, na política, na igreja. E, no entanto,
como é verdade, como Salomão diz: "Aquele que
lisonjeia o seu próximo; espalha uma rede para
os seus pés!"
8. Finalmente, há o pecado da língua de
profanação – tomar o nome de Deus em vão. Não
24
preciso falar aqui dessa blasfêmia aberta que
ofende tanto os ouvidos daqueles que não
professam e se chamam cristãos; mas
restringir-me-ei aos que, embora não jurassem,
como fazem as pessoas vulgares; contudo, de
várias maneiras e por métodos indiretos,
tomam o nome de Deus em vão.
Quantos são os epítetos e frases que circulam de
boca em boca, mesmo entre pessoas boas, que,
quando reduzidas à última análise, é, à vista de
Deus; é uma tomada de Seu nome em vão!
Quantas expressões que contornam a
profanação, quantas exclamações com o
aspecto de blasfêmias mal disfarçadas; são
atuais na sociedade.
Estes tendem a enfraquecer a consciência; são
quase autoconscientes violações do terceiro
mandamento, e sempre prejudicam a
integridade do caráter, mostrando
pensamentos e emoções internas, que se
proferiam profanadamente se ousassem, e só
são retidos e mascarados por considerações
sociais, ao invés de ser reverência para com o
nome santificado de Deus.
25
O cristão não pode ser muito cuidadoso para
purgar seu discurso de todas essas coisas, e
nunca deixar sua língua usar essas asserções
questionáveis.
Tais sendo alguns dos pecados desta poderosa
língua desenfreada, essa língua indomável;
quais são as ameaças de Deus contra toda essa
pecaminosidade da língua?
No que diz respeito ao primeiro pecado da
língua, o de tagarelar, a Bíblia diz: "Um tolo
tagarela vem à ruína!" Foi ordenado na lei de
Moisés: "Não subirás e descerás como um
mexeriqueiro entre o teu povo"; e as Escrituras
dizem: "As palavras do portador de um conto são
como feridas"; e Salomão declara: "Quando as
palavras são muitas; o pecado não está ausente,
mas aquele que segura a língua é sábio."
Contra o segundo pecado da língua; o de
caluniar, Deus profere um juízo terrível. "Quem
caluniar o seu próximo em segredo; eu o
cortarei". Aquele que profere calúnia é tolo;
porque enquanto ele está tentando matar o
caráter de seu próximo; ele está matando o seu
próprio!
Contra o terceiro pecado, o de se queixar e
murmurar, há fortes ameaças; e o merecido
26
castigo de Deus pelas murmurações dos filhos
de Israel, que são frequentemente
mencionados na Bíblia.
Contra o quarto pecado, o da falsidade, Deus diz,
"Ninguém que pratica o engano habitará em
minha casa, e ninguém que falar falsamente
estará em minha presença". "Lábios mentirosos
são uma abominação ao Senhor!" "... todos os
mentirosos; o seu lugar estará no lago de fogo e
enxofre!"
Contra o quinto pecado, o da fala impura, Deus
diz, "não deixe nenhuma conversa prejudicial
sair de suas bocas." "Nem deve haver
obscenidade, conversa tola ou piada grosseira,
que estão fora de lugar." Ele declara que nada
que é imundo entrará no portão da Cidade
Celestial, que somente "aquele que tem mãos
puras e coração puro, subirá ao monte do
Senhor". Toda palavra impura é uma violação
direta do sétimo mandamento; e todo
pensamento impuro é um insulto a um Deus
santo, que declarou que somente "os puros de
coração verão a Deus".
Contra o sexto pecado, o de se vangloriar, o
salmista diz: "O Senhor cortará toda língua
jactanciosa". Paulo classifica-os como
27
mentirosos, inimigos de Deus, inventores de
coisas más, todos eles "reprovados", e Tiago diz;
"toda jactância é má".
Contra o sétimo pecado, o de lisonja, Deus diz:
"Uma boca lisonjeira faz ruína". "O Senhor
cortará todos os lábios lisonjeiros!"
Contra o oitavo pecado, o de profanação, que é
uma violação direta do terceiro mandamento,
Deus diz que Ele não terá por inocente quem
toma Seu nome em vão; e que os blasfemadores
terão sua parte no lago que queima para sempre.
Esses são alguns dos mais graves pecados da
língua entre os homens; e mesmo desta breve
enumeração, você perceberá que a descrição
que Tiago dá a este pequeno membro não é de
modo algum exagerada. Não lhe é aplicado um
epíteto, que não mereça; não é usada uma
ilustração, que não seja da maior força. Com que
cuidado, então, devemos frear a língua; pois
Deus diz: "Se alguém entre vós parece ser
religioso, e não refreia sua língua; a religião
desse homem é vã".
Com que estabilidade devemos manter esta
língua que, como o pequeno leme de um navio,
28
move todo o nosso curso de vida! Com que
vigilância devemos marcar as palavras dessa
língua, que é em si um fogo que produz grandes
incêndios! Com que cautela devemos usar um
instrumento de linguagem que tem sob ele "o
veneno das áspides!" Com quanta assiduidade
deveríamos procurar domesticar essa coisa
indomável; que rasga pela sua ferocidade, e que
destrói a sociedade!
No entanto, não podemos fazer isso com nossa
própria força de sabedoria. Nossa oração deve
ser a do salmista: "Põe um vigia, ó Senhor, diante
da minha boca, guarda a porta dos meus lábios!"
Devemos buscar a graça divina para nos ajudar
a subjugar e controlar a língua. Devemos buscar
corações criados de novo em Cristo Jesus; pois
se nossos corações estão certos com Deus;
nossa conversação será também. Se nossos
corações estão limpos; nossos lábios serão
limpos. Se nossos corações forem puros, nossa
língua será pura. O processo de limpeza deve
então começar no coração. O poder de
purificação deve ser o Espírito Santo; pois só Ele
pode santificá-lo e torná-lo puro.
(Nota do tradutor: O Provérbio afirma que não
falta transgressão no muito falar porque a boca
29
fala do que o coração está cheio, e temos
naturalmente um coração corrupto, e mais
corrupto do que todas as coisas, e do qual
procede toda sorte de males conforme afirma o
próprio Senhor Jesus Cristo.
Desta forma, quando, o coração não é
regenerado e renovado pelo Espírito Santo,
quando não há um permanente cuidado para
preservar a santificação, que, segundo a Palavra
de Deus, deve ser seguida, e sem a qual ninguém
verá o Senhor, não é para se admirar que haja
tanta transgressão no falar, porque como já
disse o Senhor, a boca fala justamente aquilo
que está no coração.
Importa pois, fazer bom o coração, para que o
falar seja também bom. E este fazer bom o
coração está somente no poder do Espírito
Santo pela aplicação da Palavra de Deus em todo
o nosso viver.)
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