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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ALINE TARRAGA DE ALMEIDA
JÉSSICA MORAES SOGUMO
OS EFEITOS DA HIDROTERAPIA NO ALÍVIO DE DORES
OSTEOMIOARTICULARES E NA QUALIDADE DE VIDA DURANTE A GESTAÇÃO
São Paulo
2010
ALINE TARRAGA DE ALMEIDA
JÉSSICA MORAES SOGUMO
OS EFEITOS DA HIDROTERAPIA NO ALÍVIO DE DORES
OSTEOMIOARTICULARES E NA QUALIDADE DE VIDA DURANTE A GESTAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como exigência parcial para a obtenção de
título de Graduação do curso de Naturologia da
Universidade Anhembi Morumbi
Orientador: Prof. Me. Antonio Maria Cardozo Acosta
Co orientadora: Profa. Dra. Karen Cristine Abrão
São Paulo
2010
A444 Almeida, Aline Tarraga de Os efeitos da hidroterapia no alívio de dores Osteomioarticulares e na qualidade de vida durante a gestação / Aline Tarraga de Almeida, Jéssica Moraes Sogumo. – 2010. 210f.: il.; 30cm. Orientadora: Antonio Maria Cardozo Acosta. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Naturolgia) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2010. Bibliografia: f.193. 1. Naturologia. 2. Hidroterapia. 3. Gestação. 4. Qualidade de vida. 5. Dor. I. Título. CDD 615.535
ALINE TARRAGA DE ALMEIDA
JÉSSICA MORAES SOGUMO
OS EFEITOS DA HIDROTERAPIA NO ALÍVIO DE DORES
OSTEOMIOARTICULARES E NA QUALIDADE DE VIDA DURANTE A GESTAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como exigência parcial para a obtenção de
título de Graduação do curso de Naturologia da
Universidade Anhembi Morumbi
Aprovado em:
__________________________________ Prof. Me. Antonio Maria Cardozo Acosta
Universidade Metodista de São Paulo
___________________________________ Profa. Dra. Maria Tereza Santos Araújo
Universidade Anhembi Morumbi
____________________________________ Caroline Laghetto de Moura Rosa Universidade Anhembi Morumbi
Dedicamos este trabalho a todas as mulheres, ao
potencial de gestação, de dar à luz novas vidas, à força,
beleza e mistério que cada uma de nós guardamos.
AGRADECIMENTOS
Por Aline:
Imensamente à vida, pela oportunidade de aprender, crescer e ser sempre surpreendida por sua beleza, profundidade, mistérios e sabedorias. Por ser na escolha de sempre ser o melhor de mim, me dedicar, caminhar na vida com o coração, com presença, força, vontade e fé. À Tradição Tubakwaassu, à Ramy Arany e Ramy Shanayta, por toda a sabedoria que ensinam, onde sou aprendendo a viver com simplicidade, amor e alegria, com o que é verdadeiro, preenchendo a vida de essência; agradeço também pelo despertar da consciência gestadora e do talento de trabalhar com mulheres gravidas, assim pude gestar e parir este trabalho na fluência. Aos meus queridos pais, Jéssica Lembo Tarraga e Raul de Almeida Neto, com todo meu amor, por serem quem são, pela força, confiança, carinho, amor incondicional, nutrição, colo, presença, auxilio, direcionamento, que sempre me estenderam, e me possibilitaram estar onde estou, ser quem eu sou, agradeço pela paciência e compreensão nos momentos de minha ausência para a realização do trabalho. À minha querida ainda pequena porém grandíssima alma, minha linda irmã, Nicole Tarraga, que sempre me ensinou com a sua simplicidade de ser criança e me ensina a cada dia a amar mais, por sempre me inspirar e me dar a oportunidade de ser a sua ´´irmãe``, agradeço por respeitar o tempo e espaço que precisei em função deste trabalho, enquanto você queria minha atenção. Ao meu querido amor, Carlos Alberto Devecchi, por todo o caminho que construímos juntos, aprendendo um com o outro sobre o verdadeiro amor, a ser paciente, a confiar e me entregar, a sonhar, a me apaixonar; descubro com você a cada dia o significado de ser sua verdadeira companheira.
À minha super amiga Jéssica Moraes Sogumo, presente parceira na realização deste trabalho, trabalhando juntas fomos mais longe e aprendemos muito mais, por todos os momentos que compartilhamos na realização deste trabalho agradeço, pela sua força de mesmo com tantas responsabilidades e serzinhos necessitando de você (filhos) ter ido adiante, desde o planejamento até a concretização, você é uma guerreira.
AGRADECIMENTOS
Por Jéssica: Primeiramente gostaria de agradecer pela família maravilhosa que tenho, onde todos sempre me apoiaram e me ajudaram como puderam, em especial agradecer a meus queridos pais Nilda Moraes Sogumo e Mário Sogumo, pelo amor, carinho, dedicação, conselhos, paciência e esforços para que eu pudesse concluir esta fase da minha vida, tudo que eu consegui e sou hoje, com certeza foi pelo apoio, educação e reflexo de pais unidos os quais amo tanto. À meus queridos irmãos, Eric Moraes Sogumo, que por diversas vezes me acalmou e me aconselhou em momentos difíceis que passei e ao Robinson Moraes Sogumo, que mesmo morando longe, me aconselhava e dava forças para encarar meus problemas. À meus tesouros e inspirações de minha vida, sem eles não teria força de vontade, pois tudo que faço é pensando no futuro deles, meus lindos filhos, Luara Sogumo Bremmer e Cauã Sogumo Bremmer, que mesmo não sabendo disso, me deram alegrias e forças com simples sorrisos e abraços, onde explicar o amor que sinto por eles é impossível, só sei dizer que é o maior amor que eu já senti na vida. À meus sogros Marinalva Araújo Bremmer e José Roberto Bremmer, que assim como meus pais, me ajudaram cuidando dos meus filhos com muito amor e ficaram ao meu lado sempre que precisei. Ao meu futuro marido El Cid Roberto Bremmer, por todo amor e por todas as experiências que passamos juntos desde o início do namoro, até o grande momento em que estamos vivendo, onde sonhos estão se realizando e planos para o futuro sendo construídos, com a presença de filhos maravilhosos que nos dão forças para seguir em frente sem desanimar. A minha super amiga e companheira de trabalho, Aline Tarraga de Almeida, pela ajuda na realização do mesmo. Fico muito grata por todo carinho, compreensão e paciência que teve comigo durante todo este ano, foi um prazer te conhecer e realizar este trabalho lindo com você.
AGRADECIMENTOS Por Aline e Jéssica: A todos aqueles que direta ou indiretamente nos auxiliaram na realização deste trabalho. Aos nossos amigos e colegas de classe por todo o caminho de formação que trilhamos juntos, crescendo, aprendendo, sorrindo e chorando, por todos os momentos que tivemos a oportunidade de compartilhar. Às lindas mamães que nos possibilitaram a realização deste trabalho, se entregando para que em nossos braços pudessem ser nutridas e cuidadas, a tudo que aprendemos em cada atendimento e também por nos aproximarem dos mistérios de ser mulher, mistérios da gestação. À Izabela S. K. Valezin e Thomas Gabriel Paranhos Bosshort, por atenderem as gestantes conosco, com dedicação e amor possibilitando assim a realização de tantos atendimentos, aos lindos momentos que compartilhamos. Aos queridos e importantíssimos em toda a realização deste trabalho, deste de seu projeto até o seu término, nosso Orientador e Co orientadora, que nos receberam de coração aberto para nos orientarem e sempre estiveram dispostos a nos ajudar. Ao Orientador Me. Antonio Maria Cardozo Acosta por abrir as portas do seu Espaço Natu, para que pudéssemos realizar os atendimento com as gestantes, e por todas as palavras de amigo, que sempre nos deram força e brilho. À Coorientadora Dra. Karen Cristine Abrão por sua paciência com nossas dificuldades e teimosias, por ser presente, direcionando, sempre melhorando e acrescentando muito em nosso trabalho. À Profa. Dra. Maria Tereza Santos Araújo que esteve nos acompanhando durante a realização deste trabalho, direcionando e esclarecendo dúvidas.
À Caroline Laghetto de Moura Rosa, por sempre se dispor a ajudar, pela força que deu na busca de Watsu terapeutas para trabalharem conosco, e por aceitar ser presente, participando como convidada de nossa banca.
A todos os professores que nos ensinaram e fizeram parte da formação das Naturólogas que hoje somos, agradecemos pelo conhecimento ensinado com amor. À Universidade Anhembi Morumbi, todo local e estrutura que fizeram parte do cenário de alguns anos de nossas vidas.
RESUMO
O presente estudo avaliou os efeitos da hidroterapia, em específico da terapia
Watsu®, no alívio de dores osteomioarticulares e na qualidade de vida de 11
gestantes que foram submetidas a oito sessões de Watsu®. Para avaliar os efeitos
do Watsu® na qualidade de vida, o questionário de Qualidade de Vida – WHOQOL-
bref (World Health Organization – Quality of Life Test- Brief Version) da Organização
Mundial de Saúde, aplicado antes de iniciar os atendimentos e ao fim das oito
sessões, a avaliar os efeitos do Watsu® no alívio de dores osteomioarticulares, a
Escala Visual Analógica da Dor antes e após cada atendimento. Apesar de tratar-se
de um estudo piloto, o presente estudo permitiu concluir que a terapia Watsu® foi
bem tolerada, segura e de fácil aplicação durante a gestação, obtendo como
resultados, importante alívio imediato das dores osteomioarticulares nesse período,
com tendência de alívio também a longo prazo e melhora da qualidade de vida no
Domínio Psicológico das gestantes.
Palavras-chave: Hidroterapia, Watsu®, Gestantes, Dor, Qualidade de Vida.
ABSTRACT
This study evaluated the effects of hydrotherapy in Watsu® specific therapy, in
relieving musculoskeletal pain and quality of life of 11 women who underwent eight
sessions of Watsu®. To evaluate the effects of Watsu® in quality of life, the
questionnaire Quality of Life - WHOQOL-BREF (World Health Organization - Quality
of Life-Brief Test Version) from the World Health Organization, applied before the
sessions start and at the end of eight sessions, to evaluate the effects of Watsu® in
relieving musculoskeletal pain, we used the Visual Analog Scale of Pain before and
after each service. Although this is a pilot study, this study showed that therapy
Watsu® was well tolerated, safe and easy to use during pregnancy, such as getting
results, significant immediate relief of pain in musculoskeletal period, with a tendency
of relief also in the long term and improves quality of life in the Psychological Domain
of pregnant women.
Keywords: Hydrotherapy, Watsu®, Pregnancy, Pain, Quality of Life.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Antes de começar.....................................................................................142
Figura 2. Começando na parede.............................................................................143
Figura 3. Dança da respiração................................................................................144
Figura 4. Balanço da respiração..............................................................................145
Figura 5. Liberando a coluna...................................................................................145
Figura 6. Oferecendo suave....................................................................................146
Figura 7. Oferecendo com uma perna, braços abertos...........................................146
Figura 8. Oferecendo com duas pernas..................................................................147
Figura 9. Sanfona....................................................................................................147
Figura 10. Sanfona sentada....................................................................................148
Figura 11. Sanfona rotativa......................................................................................148
Figura 12. Rotação de perna de dentro...................................................................149
Figura 13. Rotação de perna de fora.......................................................................149
Figura 14. Mão no ponto mestre coração................................................................150
Figura 15. Puxando o braço ao redor......................................................................150
Figura 16. Pêndulo..................................................................................................151
Figura 17. Levando a cabeça no ombro oposto......................................................151
Figura 18. Cabeça no ombro oposto.......................................................................152
Figura 19. Balanço braço.........................................................................................153
Figura 20. Pegando a perna....................................................................................153
Figura 21. Balanço perna........................................................................................153
Figura 22. Voltar para a primeira posição................................................................154
Figura 23. Primeira posição do segundo lado.........................................................154
Figura 24. Empurrar e puxar – oito..........................................................................155
Figura 25. Vôo livre..................................................................................................155
Figura 26. Balanço esterno – sacro........................................................................155
Figura 27. Alongando a coluna...............................................................................156
Figura 28. Ondulando a coluna..............................................................................156
Figura 29. Quieto.....................................................................................................157
Figura 30. Algas.......................................................................................................157
Figura 31. Quatro na parede abraçando o peito.....................................................158
Figura 32. Quatro na parede abraçando a barriga..................................................158
Figura 33. Sela fechada...........................................................................................159
Figura 34. Ninar do Hara.........................................................................................160
Figura 35. Voltando para parede.............................................................................161
Figura 36. Mão em abdome e coração....................................................................161
Figura 37. Finalizando.............................................................................................161
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição dos dados de cada participante por: idade, idade gestacional de
início, risco gestacional, doenças e medicamentos.................................................117
Tabela 2. Apresentação dos dados das participantes em relação às gestações e
partos anteriores, filhos vivos e preferência de via de parto na gestação atual.......118
Tabela 3. Diferença nos escores de médios de dor antes e após cada sessão de
Watsu®.....................................................................................................................133
Tabela 4. Resultados da avaliação da qualidade de vida das gestantes obtidos pela
utilização do WHOQOL-bref antes e após as sessões de Watsu®.........................135
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Frequência dos tipos de dor relatados pelas participantes....................119
Gráfico 2. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 1 antes e
após cada sessão de Watsu®..................................................................................121
Gráfico 3. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 2 antes e
após cada sessão de Watsu®..................................................................................122
Gráfico 4. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 3 antes
e após cada sessão de Watsu®...............................................................................123
Gráfico 5. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 4 antes e
após cada sessão de Watsu®..................................................................................124
Gráfico 6. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 5 antes
e após cada sessão de Watsu®...............................................................................125
Gráfico 7. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 6 antes
e após cada sessão de Watsu®...............................................................................126
Gráfico 8. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 7 antes
e após cada sessão de Watsu®...............................................................................127
Gráfico 9. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 8 antes
e após cada sessão de Watsu®...............................................................................128
Gráfico 10. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 9 antes
e após cada sessão de Watsu®...............................................................................129
Gráfico 11. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante10
antes e após cada sessão de Watsu®.....................................................................130
Gráfico 12. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 11
antes e após cada sessão de Watsu®.....................................................................131
Gráfico 13. Resposta da dor às sessões de Watsu® em relação ao total de sessões
realizadas.................................................................................................................132
Gráfico 14. Escores médios de dor antes do início das sessões ao longo do
tratamento com Watsu®...........................................................................................134
Gráfico 15. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio Físico
antes e após as oito sessões de Watsu®................................................................136
Gráfico 16. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio
Psicológico antes e após as oito sessões de Watsu®.............................................137
Gráfico 17. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio
Relações Sociais antes e após as oito sessões de Watsu®....................................138
Gráfico 18. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio Meio
Ambiente antes e após as oito sessões de Watsu®................................................139
Gráfico 19. Percepção global da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref, antes e
após as oito sessões de Watsu®.............................................................................140
Gráfico 20. Percepção global da Saúde pelo WHOQOL-bref, antes e após as oito
sessões de Watsu®..................................................................................................141
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
EVA Escala Visual Analógica da Dor
OMS Organização Mundial de Saúde
WHOQOL-bref World Health Organization – Quality of Life Test- Brief Version
SINASC Sistema de Informações de Nascidos Vivos
W.A.B.A. World Aquatic Body Association
WHO Word Health Organization
IG Idade Gestacional
ANOVA Análise de variância para medidas repetidas
DP Desvio-Padrão
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................26
2 OBJETIVOS............................................................................................................32
2.1 OBJETIVOS GERAIS...........................................................................................32
2.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................32
3 NATUROLOGIA......................................................................................................33
3.1 A NATUROLOGIA E SUA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA....................33
3.1.1 A NATUROLOGIA NO ATENDIMENTO DE GESTANTES...............................34
3.2 A qualidade de vida durante a gestação..........................................................37
4 GESTAÇÃO............................................................................................................39
4.1 ASSISTÊNCIA E APOIO: O CUIDADE E ATENÇÃO NA GRAVIDEZ E NO
PARTO........................................................................................................................39
4.2 AS TRANSFORMAÇÕES DA GRAVIDEZ: ADAPTAÇÃO DO ORGANISMO
MATERNO..................................................................................................................40
4.2.1 As modificações locais do organismo materno...........................................41
4.2.1.1 Útero...............................................................................................................41
4.2.1.2 Colo................................................................................................................41
4.2.1.3 Vagina.............................................................................................................41
4.2.1.4 Ovários e tubas..............................................................................................42
4.2.1.5 Articulações....................................................................................................42
4.2.2 As modificações gerais do organismo materno..........................................43
4.2.2.1 Peso...............................................................................................................43
4.2.2.2 Sistema Endócrino.........................................................................................43
4.2.2.2.1 Progesterona, estrogênio e relaxina..........................................................43
4.2.2.3 Sistema Circulatório.......................................................................................44
4.2.2.4 Volume sanguíneo.........................................................................................44
4.2.2.5 Pressão Arterial..............................................................................................45
4.2.2.6 Sistema Respiratório......................................................................................45
4.2.2.7 Sistema urogenital.........................................................................................45
4.2.2.8 Sistema Nervoso............................................................................................46
4.2.2.9 Sistema Musculoesquelético..........................................................................46
4.3 SINTOMAS INCÔMODOS E DESCONFORTÁVEIS DA GESTAÇÃO.................47
4.3.1 Náuseas e Vômitos..........................................................................................47
4.3.2 Pirose................................................................................................................48
4.3.3 Ptialismo ou sialorréia....................................................................................48
4.3.4 Obstipação.......................................................................................................49
4.3.5 Tonturas e Vertigens.......................................................................................49
4.3.6 Fadiga...............................................................................................................49
4.3.7 Palpitações.......................................................................................................50
4.3.8 Síndrome Dolorosa.........................................................................................50
4.3.9 Edema...............................................................................................................50
4.3.10 Varizes............................................................................................................51
4.3.11 Hemorróidas...................................................................................................51
4.3.12 Sonolência e Insônia.....................................................................................51
4.3.13 Cãimbras........................................................................................................52
4.3.14 Cefaleias.........................................................................................................52
4.3.15 Síndrome do túnel do carpo.........................................................................52
4.3.16 Sintomas Urinários........................................................................................52
4.3.17 Leucorréia......................................................................................................53
4.4 AS DORES OSTEOMIOARTICULARES DE ORIGEM GESTACIONAL..............53
4.4.1 As dores em região abdominal baixa............................................................53
4.4.2 As dores em região lombar e sacral, virilhas e pernas...............................54
4.4.3 As dores em região lombar e dorsal.............................................................54
4.4.4 As dores na coluna em geral..........................................................................55
4.5 OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GESTAÇÃO.............................................55
4.5.1 Os ciclos de desenvolvimento da mulher.....................................................55
4.5.1.1 Gravidez um ciclo de desenvolvimento da mulher........................................56
4.5.2 Influências das relações familiares e sociais na mulher grávida...............57
4.5.3 Situações e suas influências na mulher grávida.........................................57
4.5.4 Memórias da infância emergidas na gestação.............................................59
4.5.5 Emoções x Complicações Obstétricas.........................................................59
4.5.6 Características psicológicas dos três trimestres gestacionais..................59
4.5.6.1 O primeiro trimestre........................................................................................60
4.5.6.1.1 A percepção da gravidez.............................................................................60
4.5.6.1.2 Manifestações emocionais relacionadas à mulher com o feto....................60
4.5.6.1.3 Autovalorização e Autopreservação da gravida..........................................61
4.5.6.1.4 Ampliação do campo da consciência da mulher durante a gestação..........61
4.5.6.2 O segundo trimestre.......................................................................................61
4.5.6.2.1 A percepção do movimento fetal e o vínculo mãe-bebê..............................61
4.5.6.2.2 Representações mentais e fantasias durante a gestação...........................62
4.5.6.2.3 Aspectos emocionais das alterações da sexualidade na gestação.............62
4.5.6.3 O terceiro trimestre........................................................................................63
4.5.6.3.1 As emoções que envolvem a aproximação do nascimento........................63
4.5.6.3.2 Memórias antigas e conflitos infantis emergidos na gravidez.....................64
4.5.6.3.3 Os sonhos e fantasias como meio de imunização psicológica ou
conscientização da grávida........................................................................................64
5 SIMBOLISMO DA ÁGUA........................................................................................66
6 HIDROTERAPIA.....................................................................................................67
6.1 O CAMINHO PELA ÁGUA....................................................................................67
6.1.1 Água Fria..........................................................................................................67
6.1.2 Gelo ou Água gelada.......................................................................................68
6.1.3 Água Morna (Tépida).......................................................................................68
6.1.4 Água Quente....................................................................................................68
6.1.5 Vapor.................................................................................................................69
6.2 HISTÓRIA DA HIDROTERAPIA...........................................................................69
6.2.1 A Hidroterapia no Brasil..................................................................................70
6.3 A HIDROTERAPIA................................................................................................71
6.3.1 Indicações e Contra-Indicações.....................................................................72
6.3.2 Hidrodinâmica x Hidrostática.........................................................................73
6.3.3 Densidade Relativa..........................................................................................73
6.3.4 Turbulência......................................................................................................74
6.3.5 Metacentro.......................................................................................................75
6.3.6 Fricção.............................................................................................................75
6.3.7 Pressão Hidrostática......................................................................................75
6.3.8 Viscosidade.....................................................................................................76
6.3.9 Empuxo............................................................................................................76
6.3.10 Refração.........................................................................................................77
6.3.11 Tensão Superficial.........................................................................................77
6.3.12 Termodinâmica..............................................................................................77
6.3.13 Água em movimento.....................................................................................78
6.3.13.1 Movimento de fluxo......................................................................................78
6.3.13.2 Coeficiente de arrasto..................................................................................78
6.3.13.3 Efeitos da resistência...................................................................................78
6.3.13.4 Tecnologias para Amplificar os Princípios Físicos........................................79
6.3.14 Efeitos Fisiológicos, Terapêuticos e Psicológicos da Hidroterapia.........79
6.3.14.1Os Efeitos Fisiológicos da Hidroterapia........................................................80
6.3.14.1.1 Sistema Cardiovascular.............................................................................82
6.3.14.1.2 Sistema Renal...........................................................................................82
6.3.14.1.3 Sistema Musculoesquelético.....................................................................83
6.3.14.1.4 Sistema Respiratório.................................................................................83
6.3.14.1.5 Sistema Nervoso Central e Periférico.......................................................83
6.3.14.2 Os Efeitos Terapêuticos da Hidroterapia......................................................84
6.3.14.2.1 Relaxamento.............................................................................................84
6.3.14.2.2 Redução da Sensibilidade a Dor e dos Espasmos Musculares................84
6.3.14.2.3Aumento da Amplitude...............................................................................85
6.3.14.2.4 Aumento da Força.....................................................................................85
6.3.14.2.5 Aumento da Circulação.............................................................................86
6.3.14.2.6 Melhora do Equilíbrio, Estabilidade e Consciência Corporal....................86
6.3.14.2.7 Melhora da Integração Sensório-Motora...................................................87
6.3.14.2.8 Reforço da Moral e Liberdade de Movimento...........................................88
6.4 A GESTANTE NA HIDROTERAPIA......................................................................88
6.4.1 A Influência da Hidroterapia na Gestante....................................................89
7 WATSU®.................................................................................................................91
7.1 PRECAUÇÕES....................................................................................................93
7.2 BENEFÍCIOS DO WATSU®.................................................................................94
7.3 OS EFEITOS DA ÁGUA NO CORPO..................................................................94
8 A LUA E A ÁGUA X CICLOS DA GESTAÇÃO E PARTO.....................................96
9 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................99
9.1 MATERIAIS..........................................................................................................99
9.2 MÉTODOS...........................................................................................................99
9.2.1 Tipo de pesquisa............................................................................................99
9.2.2 Seleção das voluntárias................................................................................99
9.2.2.1 Critérios de inclusão.....................................................................................100
9.2.2.1.1 Critérios de exclusão.................................................................................100
9.2.3 Descrição do local........................................................................................101
9.2.4 Descrição e apresentação dos procedimentos.........................................101
9.2.4.1 Termo de consentimento livre e esclarecido................................................101
9.2.4.2 Acompanhamento médico, ciência e autorização........................................101
9.2.5 Técnica de Watsu®.......................................................................................102
9.2.5.1 Antes de começar.........................................................................................102
9.2.5.2 Começando na parede.................................................................................102
9.2.5.3 Dança da respiração....................................................................................103
9.2.5.4 Balanço da respiração..................................................................................103
9.2.5.5 Liberando a coluna.......................................................................................103
9.2.5.6 Oferecendo suave........................................................................................103
9.2.5.7 Oferecendo com uma perna, braços abertos...............................................104
9.2.5.8 Oferecendo com duas pernas......................................................................104
9.2.5.9 Sanfona........................................................................................................104
9.2.5.10 Sanfona rotativa.........................................................................................104
9.2.5.11 Rotação de perna de dentro.......................................................................105
9.2.5.12 Rotação de perna de fora...........................................................................105
9.2.5.13 Perna de fora por cima...............................................................................105
9.2.5.14 Pressionando o braço................................................................................105
9.2.5.15 Mão no ponto mestre coração....................................................................105
9.2.5.16 Puxando o braço ao redor..........................................................................106
9.2.5.17 Pêndulo......................................................................................................106
9.2.5.18 Cabeça no ombro oposto...........................................................................106
9.2.5.19 Balanço braço e perna...............................................................................106
9.2.5.20 Joelho ao tórax...........................................................................................107
9.2.5.21 Voltar para a primeira posição....................................................................107
9.2.5.22 Oferecimento Simples................................................................................108
9.2.5.23 Empurrar e puxar – oito..............................................................................108
9.2.5.24 Vôo Livre....................................................................................................108
9.2.5.25 Balanço esterno – sacro.............................................................................109
9.2.5.26 Alongando a coluna....................................................................................109
9.2.5.27 Ondulando a coluna...................................................................................109
9.2.5.28 Quieto.........................................................................................................110
9.2.5.29 Acompanhar movimento.............................................................................110
9.2.5.30 Algas...........................................................................................................110
9.2.5.31 Quatro na parede.......................................................................................111
9.2.5.32 Sela Aberta.................................................................................................111
9.2.5.33 Tração do pescoço.....................................................................................112
9.2.5.34 Acompanhar os movimentos......................................................................112
9.2.5.35 Perna de dentro no ombro.........................................................................112
9.2.5.36 Ninar do Hara.............................................................................................112
9.2.5.37 Voltar para a parede e finalizar...................................................................113
9.2.6 Descrição dos procedimentos de mensuração e análise de dados
quantitativos...........................................................................................................113
9.2.6.1 Avaliação da Qualidade de Vida...................................................................113
9.2.6.2 Avaliação das Dores Osteomioarticulares....................................................114
9.2.6.3 Coleta de dados qualitativos........................................................................115
9.2.6.4 Análise dos dados........................................................................................115
10 RESULTADOS....................................................................................................117
10.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA................................................................117
10.2 CARACTERIZAÇÃO DA DOR..........................................................................119
10.3 APRESENTAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA DOR POR PARTICIPANTE...............120
10.3.1 Gestante 1....................................................................................................121
10.3.1.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 1)........................121
10.3.2 Gestante 2....................................................................................................122
10.3.2.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 2)........................122
10.3.3 Gestante 3....................................................................................................123
10.3.3.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 3)........................123
10.3.4 Gestante 4....................................................................................................124
10.3.4.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 4)........................124
10.3.5 Gestante 5....................................................................................................125
10.3.5.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 5)........................125
10.3.6 Gestante 6....................................................................................................126
10.3.6.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 6)........................126
10.3.7 Gestante 7....................................................................................................127
10.3.7.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 7)........................127
10.3.8 Gestante 8....................................................................................................128
10.3.8.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 8)........................128
10.3.9 Gestante 9....................................................................................................129
10.3.9.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 9)........................129
10.3.10 Gestante 10................................................................................................130
10.3.10.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 10)....................130
10.3.11 Gestante 11.................................................................................................131
10.3.11.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 11).....................131
10.4 EFEITO GLOBAL DO WATSU®.......................................................................132
10.4.1 Avaliação do grupo quanto à resposta da dor ao tratamento.................133
10.5 QUALIDADE DE VIDA.....................................................................................135
10.5.1 Avaliação Individual da Percepção de Qualidade de Vida por
Domínios.................................................................................................................136
10.6 SEQUÊNCIA DE WATSU® ADAPTADA PARA GESTANTES..........................142
10.6.1 Antes de começar........................................................................................142
10.6.2 Começando na parede................................................................................143
10.6.3 Dança da respiração...................................................................................144
10.6.4 Balanço da respiração................................................................................145
10.6.5 Liberando a coluna......................................................................................145
10.6.6 Oferecendo suave.......................................................................................146
10.6.7 Oferecendo com uma perna, braços abertos...........................................146
10.6.8 Oferecendo com duas pernas....................................................................147
10.6.9 Sanfona........................................................................................................147
10.6.10 Sanfona rotativa........................................................................................148
10.6.11 Rotação de perna de dentro.....................................................................149
10.6.12 Rotação de perna de fora.........................................................................149
10.6.13 Perna de fora por cima.............................................................................149
10.6.14 Pressionando o braço..............................................................................150
10.6.15 Mão no ponto mestre coração.................................................................150
10.6.16 Puxando o braço ao redor........................................................................150
10.6.17 Pêndulo......................................................................................................151
10.6.18 Cabeça no ombro oposto.........................................................................151
10.6.19 Balanço braço e perna..............................................................................152
10.6.20 Joelho ao tórax..........................................................................................154
10.6.21 Voltar para a primeira posição.................................................................154
10.6.22 Empurrar e puxar – oito............................................................................155
10.6.23 Vôo livre.....................................................................................................155
10.6.24 Balanço esterno – sacro...........................................................................155
10.6.25 Alongando a coluna..................................................................................156
10.6.26 Ondulando a coluna..................................................................................156
10.6.27 Quieto.........................................................................................................157
10.6.28 Algas...........................................................................................................157
10.6.29 Quatro na parede.......................................................................................158
10.6.30 Sela (aberta ou fechada)...........................................................................159
10.6.31 Perna de dentro no ombro........................................................................159
10.6.32 Ninar do Hara.............................................................................................160
10.6.33 Voltar para a parede e finalizar.................................................................160
11 DISCUSSÃO.......................................................................................................162
12 CONCLUSÃO.....................................................................................................171
13 REFERÊNCIAS...................................................................................................172
14 APÊNDICES........................................................................................................180
15 ANEXOS.............................................................................................................190
26
1 INTRODUÇÃO
Toda mulher deve ter o direito de gestar, parir e ser mãe com alegria, saúde e
amor. Deve ainda, receber toda informação, segurança, cuidado e assistência
necessária, isto é receber o mínimo em troca de toda a sua doação que é gestar e
gerar a vida, dar a luz a um novo ser.
No Brasil, muitas mulheres ainda não recebem toda a assistência obstétrica
necessária. Um grande contingente de gestantes não chega a realizar exames pré-
natais importantes e, principalmente, não recebe assistência física e psicológica para
o desenvolvimento adequado da gestação, parto e pós-parto. Esse preparo é
essencial, uma vez que a gravidez é uma fase de muitas transformações na mulher,
sendo necessária atenção especial para manter ou recuperar o bem-estar e prevenir
dificuldades futuras para si e para seu filho (ALEXANDRE, 2007).
A experiência de gestar é muito importante na vida da mulher. Além de ser o
momento de reconhecer o seu potencial de criação, cada dia e semana de gestação
precisa ser vivido com consciência, sentindo as transformações, decodificando-as e
integrando-as dentro de si, para que quando este bebê nascer todo o processo
vivido seja compreendido e, esta mulher, esteja realmente pronta para ser mãe
(BALASKAS, 2008).
Assim também é o parto, uma experiência muito especial. Para parir, a mulher
precisa liberar um coquetel de hormônios. O neocórtex é menos utilizado, ficando o
cérebro primitivo mais ativo. Neste processo a mãe embarca numa viagem interior,
que lhe possibilita fazer a passagem da antiga mulher para a nova mulher-mãe que
nasce junto com a criança (ODENT, 2000; RODRIGUES 1999).
Infelizmente, o que se observa nos dias de hoje é que a maioria das mulheres
tem pouco tempo para se dedicar à gestação. Nesse contexto, muitas mulheres
deixam de realizar o parto natural e escolhem a cesariana. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), o percentual recomendado de cesarianas é de 15%. Os
27
dados brasileiros do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) revelam
que a taxa nacional de cesarianas é de 39%. Em todos os estados das regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste esse índice é superior a 40%, mesmo sendo 80% das
gestantes de baixo risco. Na maioria das maternidades privadas as taxas de
cesáreas chegam a 80, 90 e até 100% (RATTNER; GAMA, 2010).
No Brasil a medicalização do parto está no auge e nem por isso as taxas de
mortalidade e morbidade estão diminuindo. Em oposição a este cenário, grupos e
organizações lutam e procuram realizar a Humanização do parto, sendo hoje “O guia
pratico de assistência ao parto da OMS” uma referência para esta implantação
(SILVA E DADAM, 2008; GAMA, 2010).
Toda a gestação é uma fase de grandes transformações na mulher, no âmbito
físico, emocional e social. As transformações físicas que ocorrem na mulher grávida,
são modificações de constante adaptação que se apresentam em seu organismo,
sendo estas modificações locais em útero, vagina, ovários e tubas, mamas;
modificações gerais como aumento de peso, transformações metabólicas,
endócrinas, hemodinâmicas, transformações no aparelho digestivo, respiratório, vias
urinárias, alterações cutâneas, no sistema nervoso e osteoarticular (REZENDE,
1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
As alterações orgânicas que ocorrem na mulher grávida podem trazer
sintomas incômodos e desconfortáveis que se caracterizam como náuseas e
vômitos, pirose, constipação, tonteiras e vertigens, fadiga, palpitações, dores,
edemas, varizes, hemorróidas, sonolência e insônia, cãimbras, lombalgias,
instabilidade emocional, cefaleias, síndrome do túnel do carpo, sintomas urinários,
leucorréia (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000;
CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000; ENKIN, et al, 2005).
Outra profunda adaptação que a grávida vivencia, ocorre no âmbito de suas
emoções. O seu psicológico, coloca a gestante em constante diálogo consigo, com
28
suas relações familiares e sociais, com as situações que enfrenta em seu dia-a-dia,
suas condições de moradia e suas condições financeiras, questões como a saúde
do bebê, o momento do parto, passar de ser filha para ser mãe, tudo isso lhe
desencadeia uma série de emoções (PEIXOTO 2004).
Além disso, a mulher grávida ainda vivencia um grande tumulto emocional,
um grande processo terapêutico que envolve características regressivas da infância,
seu próprio nascimento. Se foi traumático é necessário que este conteúdo seja
trabalhado para uma gestação, parto e pós-parto saudáveis; conteúdos que
experimentou com a sua própria mãe quando criança, conflitos relacionados à sua
sexualidade e identidade sexual, tudo isso envolvido com representações mentais,
imaginação e fantasia sobre ser mãe, sobre seu bebê e a relação entre mãe e bebê,
acompanhado de crenças e intuição que influenciam a gestação, parto, sua postura
de mãe e relação com o seu bebê (VLADIMIROVA, 2006; MALDONADO, 2002)
Quando nasce um bebê, nasce uma mãe, um pai e uma nova família. Tudo
isso traz uma necessidade de novas adaptações, reajustamentos interpessoais e
intrapsíquicos e mudança de identidade. Por esse motivo, nesta fase de transição é
comum surgirem sintomas tais como insônia, perda de apetite e de peso, ou excesso
de apetite e de peso, agitação, taquicardia, estados de angústia, choro, depressão
pré e pós-parto, apatia, dores de estômago ou de cabeça, vertigens (MALDONADO,
2002).
Um estado bastante comum nas gestantes é a ansiedade, relacionada a
temores com o parto e com o novo papel de mãe. Esse estado psicológico, quando
não estiver resolvido, pode influenciar no trabalho de parto, trazendo dificuldades
para o desenvolvimento do parto natural. Altos níveis de ansiedade podem ter
efeitos diretos na contratilidade uterina, na saúde e desenvolvimento fetal, trazendo
também efeitos indiretos que são resultados de impulsos comportamentais tais como
o aumento de consumo de cigarros, álcool ou medicamentos (MALDONADO, 2002).
Sabendo que o estado físico e emocional influencia diretamente o
29
desenvolvimento gestacional, o parto e a recuperação pós-parto, a falta de
assistência nestes âmbitos pode resultar em dores durante a gestação, dores
agudas no parto, cesarianas emergenciais, depressão durante a gestação e pós-
parto, desenvolvimento de psicopatologias e prejuízos na relação mãe-bebê
(REZENDE, 1998).
Sendo assim, a assistência, o cuidado e o preparo físico e emocional são de
suprema importância, tanto para verificar e auxiliar no desenvolvimento saudável do
feto e da gestante, como para prevenir alterações da normalidade e desequilíbrios
nestes, preparar o corpo para evitar incômodos que ocorrem na gestação, como as
dores na coluna e outras dores osteo mio articulares, edemas, cãimbras, aumento
excessivo de peso, azia, insônia, cansaço excessivo, constipação, dificuldade de
amplitude de movimento, etc (TEDESCO, 2000).
A Naturologia, com seu conceito definido no I Fórum Conceitual de
Naturologia no ano de 2009, é um conhecimento transdisciplinar que atua em um
campo igualmente transdisciplinar. Caracteriza-se por uma abordagem integral na
área da saúde pela relação de interagência do ser humano consigo, com o próximo
e com o meio ambiente, com o objetivo de promoção, manutenção e recuperação da
saúde e da qualidade de vida. Considerando este conceito, a Naturologia pode
trazer auxilio para a gestante em todas as fases da gestação, no parto, no puerpério
e até para o bebê (I FÓRUM CONCEITUAL DE NATUROLOGIA, 2009).
Uma prática da Naturologia que reúne benefícios físicos e emocionais, cada
vez mais requisitada por gestantes é a Hidroterapia, prática que visa fins
terapêuticos pela utilização da água e reúne benefícios fisiológicos e psicológicos.
Quando a água é utilizada em temperatura aquecida, traz um efeito relaxante
e sedativo, sensação de bem-estar, sendo muito utilizada no tratamento de doenças
mentais, alívio da dor e de espasmos musculares, manutenção ou aumento da
amplitude de movimento das articulações, fortalecimento dos músculos
enfraquecidos e aumento na tolerância aos exercícios, reeducação dos músculos
30
paralisados, melhora da circulação, encorajamento das atividades funcionais,
manutenção e melhora do equilíbrio, coordenação e postura (CAMPION, 2000).
Dentro da hidroterapia, uma técnica muito utilizada por Naturólogos, formados
em cursos à parte da Universidade, com profissionais capacitados pela W.A.B.A.(
World Aquatic Body Association), é o Watsu®, que utiliza-se da flutuação e aplicação
de movimentos e alongamentos do zen shiatsu. Essa técnica reúne todos os
benefícios da hidroterapia. É uma terapia aquática muito profunda, realizada em
piscina aquecida a aproximadamente 35ºC, desenvolvida por Harold Dull, e tem
como características o relaxamento profundo, o alongamento, o prazer da flutuação,
traz a nutrição no despertar da memória de ser carregado e embalado, muito
utilizado por profissionais para trazer benefícios físicos/fisiológicos e
psíquicos/emocionais (DULL, 2001).
A prática de hidroterapia em gestantes tem os seus benefícios comprovados.
Traz bem-estar, leveza dos movimentos, sensação do alívio do peso, melhora o
condicionamento cardiovascular, prepara a musculatura para o parto, traz
consciência para a importância da respiração, reequilibra as compensações
posturais surgidas, traz relaxamento, melhora de dores, diminuição de edemas, e
equilíbrio (FREITAS JÚNIOR, 2005).
Para Rezende (1998), a prática de hidroterapia em gestantes tem como
objetivos estabelecer um elo de prazer, bem-estar e afeto, fortalecer o corpo, alongar
e tonificar os músculos, mobilizar as articulações, compensar a postura da gestante,
trazer leveza corporal, através de alguns movimentos. A turbulência da água
massageia o corpo inteiro, o que alivia as dores na coluna e nas articulações.
De acordo com Gil, Ribeiro e Quinoneiro (2007), a hidroterapia na gestação
tem como objetivo tratar mulheres grávidas em um ambiente aquecido e prazeroso,
estimulando o vínculo materno-fetal, diminuindo tensões físicas e emocionais,
intercorrências médicas, visando a prevenção de patologias, a melhora da qualidade
de vida da futura mãe e de seu bebê.
31
O estudo de revisão bibliográfica realizado por Guimarães e Pelloso (2009),
descreve a importância da hidroterapia na prevenção e no tratamento da lombalgia,
e também fala sobre o seu efeito na melhora da qualidade de vida de mulheres
grávidas.
Um estudo feito com 41 gestantes, sendo 22 praticantes de hidroterapia
(grupo de estudo) e 19 não praticantes (grupo controle), que objetivou avaliar os
efeitos maternos da hidroterapia na gestação, obteve resultados que mostram que a
hidroterapia favorece a adaptação metabólica e cardiovascular materna durante a
gestação, não determinando resultados perinatais de prematuridade e baixo peso
em recém nascidos (PREVEDEL et al., 2003).
O estudo realizado por Dal'Pozzo; Adamchuk e Tecchio (2007), visando
avaliar os benefícios da pratica de Watsu® durante a gestação e as possíveis
mudanças no bem-estar de gestantes, obteve como resultados uma melhora em
todos os parâmetros avaliados, sendo eles incidência de dor na coluna vertebral,
falta de ar ou cansaço ao respirar, prisão de ventre, sensação de peso e cansaço,
edema de mãos e pés, formigamento e cãimbras, estados de depressão, angustia e
insegurança quanto a gravidez. Constatou que o alívio das dores na coluna tinha
duração de horas, dias, chegando ao alívio completo para alguns dos casos.
Sabendo da importância da assistência física e psíquica no período
gestacional, identifica-se a necessidade de empregar práticas que reúnam
benefícios em todos estes âmbitos para as gestantes, sendo a técnica do Watsu®
bastante apropriada pela sua abrangência e profundidade nestes aspectos.
Sendo assim, o presente estudo propôs benefícios às gestantes, sejam nos
níveis físico, emocional e social, proporcionando-lhes bem-estar e qualidade de vida,
alívio de dores e desconfortos, adaptação e aceitação das transformações físicas,
emocionais e sociais da gestação. O Watsu® pode ainda melhorar o vínculo
materno-fetal, existindo a possibilidade de aumentar as chances de um parto natural
e menos doloroso.
32
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
Promover o alívio de dores osteomioarticulares de origem gestacional e
melhoras na qualidade de vida das gestantes através da aplicação da técnica de
hidroterapia Watsu®.
2.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar os efeitos da hidroterapia, utilizando a técnica de Watsu®, na
qualidade de vida das gestantes através do questionário de Qualidade de Vida –
WHOQOL-bref (World Health Organization – Quality of Life Test- Brief Version) da
Organização Mundial de Saúde, aplicado na primeira e última sessão, e no alívio de
dores osteomioarticulares através da percepção da dor, utilizando a Escala Visual
Analógica da Dor antes e após cada atendimento.
33
3 NATUROLOGIA
3.1 A NATUROLOGIA E SUA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
A Naturologia, com seu conceito definido no I Fórum Conceitual de
Naturologia (2009), é um conhecimento transdisciplinar que atua em um campo
igualmente transdisciplinar. Caracteriza-se por uma abordagem integral na área da
saúde pela relação de interagência do ser humano consigo, com o próximo e com o
meio ambiente, com o objetivo de promoção, manutenção e recuperação da saúde e
da qualidade de vida.
A Naturologia aborda o ser humano de forma integral, considerando seus
aspectos bio-psiquico-social-sutil e ecológico, e busca para este, promover, manter e
recuperar a saúde, utilizando-se de condutas terapêuticas baseadas em métodos
milenares como a Medicina Tradicional Chinesa, a Indiana, a Xamânica e a
Antroposofia, tendo como base, princípios sutis, de interagência e a
transdisciplinariedade, utilizando-se de técnicas naturais, como a massoterapia,
reflexologia e auriculoterapia, aromaterapia, fitoterapia, essências florais,
cromoterapia e cromopuntura, musicoterapia, geoterapia, arte integrativa, dietas
naturais, Yoga, meditação, hidroterapia e etc (HELLMANN; WEDEKIN;
DELLAGIUSTINA, 2008).
O Naturólogo busca uma relação de interagência com aquele que atende,
sendo o atendido o interagente, palavra que nos remete para aquele que interage,
que participa ativamente de seu próprio tratamento, diferente da passividade que
nos remete a palavra paciente e da conotação comercial da palavra cliente; assim
através desta relação de interagência o interagente passa a ser o agente
transformador de si mesmo (HELLMANN; MARTINS, 2007).
Para se buscar a assistência de um naturólogo não se faz necessária uma
queixa específica, o papel do naturólogo em sua relação de interagência é o de
34
promover saúde, o que está diretamente envolvido com melhora na Qualidade de
Vida e que traz como consequências a prevenção e a manutenção da saúde
(HELLMANN; MARTINS, 2007).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1946, pg.1), a
saúde tem seu conceito definido como ´´Um estado total de bem-estar físico, mental
e social não simplesmente a ausência de doença``, e enfatiza a valorização
subjetiva que abrange dimensões de contexto cultural, social e ambiental, onde seis
domínios estão presentes: o físico, psicológico, nível de interdependência,
relacionamento social, ambiente, comportamentos pessoais, os quais por sua vez
descrevem aspectos da qualidade de Vida (WHO, 1998).
E assim vem a Naturologia, compreender o individuo como ser cósmico,
deixando de ver o ser unicamente em sua esfera físico-mental, mas sim agregando a
esfera social e cósmica, com uma visão que leva ao indivíduo a noção de
interconexão com os outros e com o meio, noção de responsabilidade e autonomia.
Sendo assim, o individuo que é atendido pela Naturologia é percebido através de
uma postura que o entende e o permite entender-se como único e indivisível,
garantindo-lhe a integralidade (DELLAGIUSTINA; HELLMANN, 2008).
3.1.1 A NATUROLOGIA NO ATENDIMENTO DE GESTANTES
A Naturologia, que é uma área inovadora e nova, respectivamente, levando
em consideração a sua proposta e o seu tempo de existência que é de
aproximadamente 10 anos, necessita ainda explorar a sua atuação no atendimento
da mulher grávida, pois a Naturologia pode trazer auxílio para a gestante em todas
as fases da gestação, no parto, no puerpério e até para o seu bebê, trabalhando
com a gestante de forma integral, cuidando dos aspectos bio-psíquico-social-sutil e
ecológico.
35
Seguem alguns trabalhos já desenvolvidos por Naturólogos no atendimento à
gestação e temas relacionados, abordando a importância, benefícios e eficácia do
Naturólogo com sua proposta e ferramentas terapêuticas na gestação, pós-parto,
bebês e infância.
Com o foco na gestação, o trabalho desenvolvido por Manhani e Pereira
(2006) sugere uma abordagem pré-natal, uma proposta de acompanhamento
terapêutico de gestantes pela Naturologia; o trabalho realizado por Amano (2006) é
de uma revisão bibliográfica do Yoga em gestantes, suas indicações e contra
indicações; o estudo de Cava e Coelho (2008), objetivou avaliar o efeito da
colorpuntura sobre os enjôos até o quinto mês gestacional, obtendo resultados
satisfatórios ao propósito da pesquisa.
Na recuperação e adaptação emocional pós-parto temos um trabalho que
verifica o efeito do manilúvio e pedilúvio com a combinação de floral Rescue
Remedy para a ansiedade de mães com filhos hospitalizados na UTI neonatal,
realizado por Ortega e Nunes (2008), onde verificou-se a diminuição da ansiedade
em 9,4%, mostrando que técnicas simples e de baixo custo podem trazer uma
melhora significativa na qualidade de vida. Com bebês e crianças, encontramos um
trabalho sobre a Shantala, estudo feito sobre a importância desta massagem para
bebes de mães adolescentes institucionalizadas, das autoras Rosa e Silva (2008),
que obteve como resultado uma maior interação das mães com seus bebês,
mostrando mudanças positivas nos bebês, nos efeitos fisiológicos e psicológicos.
Também foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a Fitoterapia na Pediatria por
Parlangelo (2007), onde observou-se que a fitoterapia pode ser utilizada por
crianças de forma segura e eficaz, desde que sejam respeitadas as dosagens,
indicações e formas de administração sugerida pela literatura científica; e um
trabalho de Ywasaki, Horiuchi e Cervoni (2008), avaliando a qualidade de vida
através das técnicas da Naturologia na oncopediatria, chegando a conclusão que
além do relaxamento, houve melhora na imunidade, humor, ânimo, auto-estima e
36
diminuição da sintomatologia da quimioterapia e do cansaço. Uma revisão
bibliográfica sobre a perspectiva do Naturólogo na intervenção preventiva da
obesidade infantil realizado por Maldonado e Oliva (2007), concluíram que a grande
soma de causas que compreendem a obesidade infantil, envolve o modo de viver
da sociedade, estilo de vida e hábitos alimentares, e que para ser conquistada uma
alimentação saudável, é necessário a divulgação de informações sobre alimentação
saúde, e diminuição desta doença na fase adulta. E outro trabalho sobre os efeitos
da Arte Integrativa através da dança circular e dos desenhos livres em crianças com
sintomas de hiperatividade por Chang, Salazar, Tavares e Leirner (2006), onde foi
observado uma sutil melhora em todos os resultados colhidos, onde puderam notar
que duas crianças não apresentaram mais o quadro de sintomas de hiperatividade e
impulsividade. Estes são alguns de muitos outros trabalhos que ainda virão para
trazer a compreensão do potencial da Naturologia.
De acordo com Hellmann e Martins (2007), a Naturologia busca uma relação
de interagência com aquele que atende, propondo que o interagente trabalhe sobre
a sua transformação, participando ativamente do seu próprio tratamento, lhe dando
meios e recursos para que ele próprio melhore a sua saúde e qualidade de vida.
Assim a Naturologia no atendimento as gestantes pode auxiliar no
empoderamento da mulher, algo muito importante e que vem diminuindo nos dias de
hoje e que, pode ser visto pelo aumento do número de cesarianas, onde a mulher
tem seu filho de forma passiva e não participativa (RATTNER; GAMA, 2010).
A Naturologia vem para levar a esta mulher a autonomia dentro de suas
necessidades e escolhas, possibilitando que a gestante seja ativa durante toda a sua
gestação e seu parto; aquele que pode viver o seu processo inteiramente poderá
com mais facilidade compreendê-lo, assimilá-lo e integrá-lo em si, e assim é para a
mulher que está se tornando mãe, compreender, assimilar, aceitar e integrar a
gestação em si, pode ajudar esta mulher em muitos aspectos durante a sua
gestação, seu parto, sua recuperação pós-parto, vínculo e cuidados com seu filho
37
(BALASKAS, 2008).
3.2 A qualidade de vida durante a gestação
Considerando que Qualidade de Vida é um termo multidimensional, que
envolve fatores objetivos como também subjetivos, e que devem ser considerados o
bem-estar físico tanto como o psicológico, entende-se que a assistência integral no
período gestacional necessita englobar também os aspectos relativos à qualidade de
vida e não se atentar apenas ao parâmetros físicos do cuidar. Entendendo o período
gestacional como período normal e não patológico, possibilitará que este seja
abordado de forma multidimensional e não fragmentada (CASARIN; BARBOZA;
SIQUEIRA, 2010).
Foi realizada por Casarin; Barboza e Siqueira (2010) uma revisão de
literatura sobre o tema da qualidade de vida na gestação, onde as autoras
analisaram toda a produção cientifica existente, nacional e internacional, das
diversas áreas da saúde, publicadas no período de 2003 a 2008, referente a este
tema. Foram selecionados 21 trabalhos onde percebeu-se que as publicações se
preocupavam com a qualidade de vida materna, do concepto na vida intra uterina,
na infância e vida adulta. Assim os trabalhos foram agrupados em quatro temas,
sendo para nós os temas mais relevantes: Tema 1: Relação entre qualidade de vida,
dor e alterações fisiológicas na gravidez; Tema 4: Assuntos diversos relacionados a
qualidade de vida na gestante.
No Tema 1: Relação entre qualidade de vida, dor e alterações fisiológicas na
gravidez, dentre os autores e trabalhos estudados foi identificado o quanto as
alterações fisiológicas que trazem sintomas incômodos podem influenciar na
qualidade de vida das gestantes, dentro destes sintomas citados por nós no Capítulo
4.3, se destacam a incontinência urinária, náuseas e vômitos, dores como dor
lombar, sialorréia (CASARIN; BARBOZA; SIQUEIRA, 2010).
38
No Tema 4: Assuntos diversos relacionados a qualidade de vida na gestante,
dentre os assuntos abordados o mais relevante para nós é o que fala sobre a
importância da identificação precoce das alterações emocionais, tais como sintomas
depressivos e transtornos mentais, e a necessidade de oferecer um adequado apoio
psicológico, sabendo que estas alterações podem interferir na saúde e qualidade de
vida da gestante e do recém nascido (CASARIN; BARBOZA; SIQUEIRA, 2010).
39
4 GESTAÇÃO
4.1 ASSISTÊNCIA E APOIO: O CUIDADE E ATENÇÃO NA GRAVIDEZ E NO
PARTO
Vemos que existe um grande interesse em promover a saúde materna e
infantil, cuidados pré-natais e neonatais, e acabam sendo esquecidos os interesses
das mães e suas necessidades. Os problemas físicos das gestantes são tão
significativos quanto os problemas sociais e psicológicos, e o apoio nestes diversos
níveis deve fazer parte de toda a assistência a gestantes (ENKIN; KEIRSE;
NEILSON, 2005).
Os profissionais que dão assistência para gestantes e parturientes tem
diferentes opiniões e posturas práticas dentro dos cuidados e procedimentos que
realizam. Existem os que priorizam a experiência pessoal de parto de cada mulher, e
escolhem deixar de realizar alguns procedimentos para que esta mulher possa
desfrutar de seu momento sem grandes interferências; outros visam minimizar a
morbidade e mortalidade perinatais mesmo que isto signifique risco ou desconforto
materno; e outros visam mais a eficiência e economia, se preocupam mais com os
custos de atendimento e recursos disponíveis (ENKIN; KEIRSE; NEILSON, 2005).
Sabendo que todos estes objetivos são importantes, é possível compreender
o motivo pelo qual a assistência durante a gestação e o parto tem diferentes
recomendações, e estas variações na prática também trazem aspectos como
costumes culturais do local que realiza o serviço de assistência, as diferenças nas
populações atendidas, e as necessidades e circunstâncias da gestante ou
parturiente e seu bebê (ENKIN; KEIRSE; NEILSON, 2005).
Assim aquele que dá assistência deve levar em consideração o atendimento
às pacientes individuais, reconhecendo seus costumes culturais ou familiares, suas
necessidades e circunstâncias nas quais se encontra (ENKIN; KEIRSE; NEILSON,
40
2005).
Em muitos países desenvolvidos, a assistência e apoio a gestante, parturiente
e puerpéria existe e este serviço realizado é conhecido como Doula ''acompanhante
de parto'', e Doula pós-parto ''auxiliares de maternidade''; as Doulas são mulheres
que proporcionam informação, suporte, conforto físico e apoio emocional durante a
gravidez, o parto e o pós-parto. Vemos no Brasil a implantação destes serviços
gradualmente, também vinculado a serviços públicos de saúde, começando a
possibilitar mais apoio e cuidado na gestação, parto e pós-parto (Gama, 2010).
4.2 AS TRANSFORMAÇÕES DA GRAVIDEZ: ADAPTAÇÃO DO ORGANISMO
MATERNO
Uma gravidez sem complicações é considerada um estado de saúde e não de
doença, toda gravidez é acompanhada de muitas transformações no organismo
materno, que se caracterizam como adaptações neste período da vida da mulher.
Tais transformações se iniciam no momento da fecundação, quando elementos do
organismo paterno se encontram com os elementos do organismo materno e assim
evoluem em simbiose e adaptação mútua. Isto envolve a formação do ovo e todas
as suas multiplicações celulares, bem como a adaptações fisiológicas locais
(genitais) e gerais (sistêmicas) subsequentes (ENKIN; KEIRSE, NEILSON, 2005;
PEIXOTO, 2004).
41
4.2.1 As modificações locais do organismo materno
4.2.1.1 Útero
As modificações locais começam a ocorrer no útero onde o endométrio inicia
modificações morfológicas que favorecem a nidação do ovo. Para garantir espaço
para o feto ocorre hipertrofia das fibras uterinas, alterações em sua atividade
contrátil, sua forma, tamanho e posição, aumento de sua vascularização e seu
volume. À medida que a gravidez se desenvolve as modificações que se operam no
útero vão condicionando a adaptação continua dos órgãos abdominais (REZENDE,
1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.1.2 Colo
O colo apresenta aumento da vascularização que lhe desencadeia uma
coloração arroxeada, sua consistência é amolecida devido a embebição da gravidez,
suas glândulas secretam muco espesso que preencherá o canal cervical, recebendo
o nome de tampão mucoso, este tem a função de proteger o ambiente ovular
(REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT; et al, 2000).
4.2.1.3 Vagina
Assim como as modificações locais vão ocorrendo no útero, ocorrem também
alterações na vagina, desencadeadas por fatores hormonais e vasculares, são
alterações em sua coloração que de tonalidade habitualmente rósea se torna mais
arroxeada, alterações no pH vaginal que muitas vezes pode predispor a candidíase
42
vaginal (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000;
CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
Há um aumento da vascularização da pele e nos músculos do períneo e da
vulva, secreções vaginais aumentam, as paredes vaginais se alteram muito no
preparo para a distensão que ocorrerá durante o trabalho de parto, apresentam
aumento da espessura da mucosa, afrouxamento do tecido conjuntivo e hipertrofia
das células musculares lisas, estas alterações causam um aumento do tamanho e
comprimento das paredes vaginais (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO,
1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al, 2000).
4.2.1.4 Ovários e tubas
As modificações locais que ocorrem em ovários e tubas decorrentes do
desenvolvimento uterino modificam as suas localizações elevando-se para áreas
superiores da pelve. Ocorre nas tubas alterações musculares e conjuntivas,
vasculares que trazem mudanças em sua tonalidade original. Os ovários aumentam
de tamanho devido ao aumento da vascularização e retenção hídrica, eventualmente
ocorrem modificações em sua tonalidade (REZENDE, 1998; NEME, 2000;
CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.1.5 Articulações
Outras modificações locais extragenitais também ocorrem, como as
articulações em geral e principalmente as articulações sacroilíacas e pública que se
tornam embebidas e sofrem efeito de hormônios circulantes como a relaxina,
promovendo relaxamento da cintura pélvica, importante alteração que traz um
preparo à bacia para o momento do trabalho de parto no auxilio à saída do bebê
(PEIXOTO, 2004).
43
4.2.2 As modificações gerais do organismo materno
Dentro de muitas transformações que ocorrem na gravidez existem algumas
modificações gerais, em todo seu organismo, que não são regras impostas para
todas as mulheres mas que para algumas podem surgir e trazer alguns sintomas
desagradáveis, estes podem causar desconforto significativo, por isso é muito
importante a prevenção ou o alívio destes sintomas (NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004; ENKIN, et al, 2005).
4.2.2.1 Peso
Estas modificações são aumento de peso em função de adaptações do
organismo da gestante que pode trazer um aumento de aproximadamente 5% do
peso inicial materno, sendo deste percentual uma grande parte de responsabilidade
da retenção hídrica, o feto e anexos ovulares podem trazer um aumento relativo de
6kg, ao total uma gestante tem seu peso aumentado em uma média de 5,9 a
15,8Kg, sendo que o mínimo de água que uma mulher grávida deve reter durante a
gestação é aproximadamente 7 litros, pois 3,5 litros correspondem ao aumento do
volume sanguíneo, mamas e útero, e os outros 3,5 litros pertencem ao feto, placenta
e líquido amniótico (PEIXOTO, 2004).
4.2.2.2 Sistema Endócrino
4.2.2.2.1 Progesterona, estrogênio e relaxina
A progesterona, o estrogênio e a relaxina são hormônios importantes na
gestação e exercem algumas ações no organismo materno, a progesterona age na
44
redução do tônus do músculo liso, a digestão se torna mais lenta e pode ser
acompanhada de náusea, e ocorrer diminuição de atividade peristáltica; o estrogênio
tem seu efeito no aumento do útero e dos ductos mamários, também previne a perda
óssea auxiliando o metabolismo do cálcio materno; a relaxina age nos músculos e
articulações, trazendo maior flexibilidade e extensibilidade, visando a ampliação do
canal de parto (CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.2.3 Sistema Circulatório
Modificações hemodinâmicas importantes ocorrem como o aumento do
volume sanguíneo materno, no primeiro trimestre de gestação aumenta de forma
progressiva, no segundo trimestre mais rapidamente e no terceiro trimestre mais
lentamente, próximo ao fim gestacional chega a ser um aumento de em média 50%
do volume sanguíneo, este aumento faz a compensação do sangue armazenado no
útero, da perda sanguínea do parto e evita a síndrome da compressão da veia cava
(hipotensão supina) (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME,
2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.2.4 Volume sanguíneo
Com o aumento do volume sanguíneo é gerado maior trabalho cardíaco (o
coração tem um acréscimo no peso de até 15g) e assim se eleva o volume minuto
(volume de sangue que retorna ao coração por minuto), pelo aumento da frequência
cardíaca e aumento da força motriz (ação dos estrogênios sobre a fibra cardíaca). O
volume minuto se mantém elevado até o fim da gestação e junto com aumento do
volume sanguíneo permite uma maior irrigação sanguínea do útero sem prejuízo aos
outros órgãos (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000;
CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
45
4.2.2.5 Pressão Arterial
No primeiro e segundo trimestres da gestação observa-se queda dos níveis
pressóricos, com tendência de retorno aos valores pré-gestacionais ao final do
terceiro trimestre. Além disso, a gestante tem maior suscetibilidade à hipotensão
supina, por compressão da veia cava inferior pelo útero gravídico (REZENDE, 1998;
REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD;
GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.2.6 Sistema Respiratório
Com o aumento do volume uterino há menor mobiliade diafragmática que
somada ao edema da mucosa do trato respiratório, devido a embebição gravídica,
dificulta o trajeto do ar corrente. Também ocorre um aumento da frequência
respiratória por estímulo da progesterona no centro respiratório. Estas alterações
explicam a frequente queixa de dispnéia da gestante (REZENDE, 1998; REZENDE;
MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al,
2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.2.7 Sistema urogenital
Durante a gestação, o fluxo plasmático renal cresce e o filtrado glomerular
aumenta. Pode ocorrer estase urinária e diminuição de tônus em vias excretoras,
trazendo aumento de calibre dos ureteres. Ocorre mudança de posição da bexiga,
que é pressionada pelo útero, trazendo vontade frequente de urinar e devido a
frouxidão muscular, em especial do assoalho pélvico, na gestação pode ocorrer
incontinência urinária. Exercícios como os de Kegel podem ajudar muito no
46
fortalecimento da musculatura que envolve o assoalho pélvico (REZENDE, 1998;
REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD;
GANT; et al, 2000; PEIXOTO, 2004).
4.2.2.8 Sistema Nervoso
No sistema nervoso ocorrem muitas adaptações que envolvem modificações
psíquicas e do sistema nervoso vegetativo. Existem evidências de que as atividades
controladas pelo sistema nervoso central, como os processos cognitivos e
emocionais, podem ser alterados durante a gravidez e que, 12% de gestantes
apresentam distúrbios comportamentais ou do humor. É bem evidenciada a
sensação de insegurança, alterações emocionais, tendência à insônia, ansiedade e
funções cognitivas ligeiramente prejudicadas, sendo que o tempo de resposta que
envolve movimentos rápidos e de equilíbrio pode ser afetados e isto pode trazer
implicações quanto a segurança da gestante. A retenção de água, para muitas
gestantes causa pressão nos nervos, o nervo mediano que supre a mão é
comumente comprimido, levando ao problema conhecido como síndrome do túnel
do carpo. Exercícios na água podem ser importantes na prevenção e tratamento
desta lesão (REZENDE, 1998; PEIXOTO, 2004).
4.2.2.9 Sistema Musculoesquelético
As alterações que envolvem o sistema musculoesquelético são mudanças no
centro de gravidade da gestante que a fazem buscar compensação pela adaptação
de sua postura. Devido à protusão do abdome surge uma lordose lombar exagerada
e ocorrem também mudanças em seu caminhar, seus pés ficam voltados para fora e
começa a ter uma marcha gingada. Para compensar estas mudanças a gestante
aumenta a flexão anterior da coluna cervical, o que a faz andar mais curvada e com
47
abdução dos ombros. O peso das mamas também acentua esta curvatura. A
exacerbação desta postura pode trazer parestesia nas mãos, com consequente
aumento da fraqueza motora, o que pode resultar em perda de habilidade para
realizar trabalhos manuais finos. Alguns esportes que exigem o uso das mãos com
agilidade, força e equilíbrio podem provocar na gestantes mais lesões, isso deixa de
ocorrer nos casos de exercícios realizados em água (REZENDE, 1998; REZENDE;
MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT; et al,
2000; PEIXOTO, 2004).
4.3 SINTOMAS INCÔMODOS E DESCONFORTÁVEIS DA GESTAÇÃO
Após estudar as mais variadas alterações que ocorrem no organismo materno
que busca se adaptar a esta nova fase, é importante levar a atenção para algumas
consequências destas alterações que muitas vezes trazem bastante incômodo e
desconforto para a gestante. Estes sintomas se caracterizam como náuseas e
vômitos, pirose, constipação, tonteiras e vertigens, fadiga, palpitações, dores,
edemas, varizes, hemorróidas, sonolência e insônia, cãimbras, lombalgias,
instabilidade emocional, cefaleias, síndrome do túnel do carpo, sintomas urinários,
leucorréia. Alguns destes sintomas já foram citados no capítulo anterior, trazendo
complementação aos conteúdos que neste capítulo são abordados (REZENDE,
1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT, et al, 2000; ENKIN, et al, 2005).
4.3.1 Náuseas e Vômitos
As náuseas e vômitos são muito frequentes na gestação chegando até a
simbolizar gravidez. Aparecem com mais intensidade pela manhã, principalmente
nas primeiras 12 semanas de gestação. A partir do segundo trimestre de gestação,
48
95% dos casos tem cura espontânea, porém 5% podem evoluir a Hiperêmese
gravídica. Existem muitos fatores etiológicos que explicam estes sintomas,
relacionados com alterações hormonais, alterações do sistema gastrointestinal,
refluxo gastresofagiano, excitações sensoriais especialmente olfativas (cheiro de
perfumes, cigarro, fritura e etc.), questões psicológicas, estômago vazio etc
(REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT, et al, 2000 ).
4.3.2 Pirose
A pirose é um sintoma mais comum ao fim da gravidez, em suas últimas
semanas, é consequente de algumas modificações no sistema gástrico, ao refluxo
do conteúdo estomacal para o esôfago e a pressão do útero sobre o estômago , a
pirose pode por vezes se acentuar em determinadas posições como decúbito,
podendo trazer até insônia para a gestante, neste caso dormir com a cabeceira da
cama levantada, ficar semi-sentada é recomendado, assim como refeições
frequentes em pequena quantidade (6 vezes ao dia) (REZENDE, 1998; REZENDE;
MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al,
2000 ).
4.3.3 Ptialismo ou sialorréia
O ptialismo ou sialorréia, que é a salivação excessiva, é um sintoma muito
incômodo para a gestante mesmo quando se apresenta de forma leve. Surge em
geral no inicio da gravidez e pode estar associado as náuseas. Esta saliva na
maioria das vezes é rejeitada pela gestante, talvez por motivos psicológicos ou
bioquímicos, pode provocar desidratação por isso é importante prevení-la com a
ingestão abundante de líquidos (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO,
49
1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000 ).
4.3.4 Obstipação
A obstipação é frequente no decorrer da gravidez, decorrente da diminuição
da motilidade intestinal por ação hormonal, pressão do útero no intestino que pode
causar seu descolamento, também existem influências psíquicas. Para que não se
agrave e traga maiores consequências, cuidados dietéticos como a ingestão de
alimentos variados, líquidos, prática de exercícios físicos são bastantes relevantes
(REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT, et al, 2000 ).
4.3.5 Tonturas e Vertigens
É comum que a mulher grávida apresente sintomas como tonturas e
vertigens, por possuir maior labilidade neurovegetativa, hipotensão, hipoglicemia e
anemia, que podem predispor a estes sintomas (REZENDE, 1998; REZENDE;
MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000 ).
4.3.6 Fadiga
No último trimestre gestacional a gestante pode apresentar fadiga,
consequentes das alterações posturais e aumento do peso, sendo recomendados
períodos frequentes de repouso (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO,
1999; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000 ).
50
4.3.7 Palpitações
As palpitações na maioria das vezes não significam problemas, mas a
investigação clínica cuidadosa é importante, sabendo que palpitações podem ter
relação com cardiopatias ou hipertireoidismo. Este sintoma muitas vezes está
relacionado com as emoções da gestante, assim o uso de tranquilizantes e a própria
palavra do médico tem sido suficiente para removê-los (REZENDE, 1998; NEME,
2000).
4.3.8 Síndrome Dolorosa
Decorrentes das grandes adaptações nos sistemas orgânicos das gestantes
surgem para algumas as dores que geralmente se encontram em região abdominal
baixa, em coluna, onde são mais comum na região lombar, dorsal e sacroilíaca,
podendo abranger a virilha e as pernas; estão relacionadas com alterações
hormonais, musculares, articulares e posturais. No capítulo a seguir estaremos
abordando com maior profundidade as dores e suas relações etiológicas
(REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT, et al, 2000 PEIXOTO,2004; ENKIN; KEIRSE; NEILSON,
2005).
4.3.9 Edema
O edema encontrado frequentemente nos membros inferiores das gestantes,
em 30 a 40% das grávidas nos pés e tornozelos e em 5% de forma distribuída no
organismo, na maioria das vezes não tem origem patológica e está associada a
alterações da gestação como maior pressão hidrostática intracapilar, queda da
pressão oncótica, aumento da permeabilidade capilar e retenção de sódio
51
(REZENDE; MONTENEGRO, 1999; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al,
2000; PEIXOTO, 2004).
4.3.10 Varizes
As varizes são mais comuns em multíparas (mães que tem mais de um filho)
e são decorrentes da fraqueza das paredes musculares das veias, aumento da
pressão venosa nos membros inferiores, inatividade e mau tônus muscular. Podem
ser assintomáticas, mas em membros inferiores costumam ser acompanhadas de
dor, edema, ulceração e podem ter graves complicações. Medidas que podem
auxiliar muito são as de suspender as pernas acima do nível do corpo sempre que
se sentar ou deitar e utilizar meias elásticas de algodão, colocando-as com as
pernas elevadas após o esvaziamento das veias por alguns minutos (REZENDE;
MONTENEGRO, 1999; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000).
4.3.11 Hemorróidas
As hemorróidas tendem a se agravar durante a gravidez por conta da
constipação e no pós-parto devido aos esforços para a saída do bebê, alguns
supositórios e pomadas podem ajudar (REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME,
2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000).
4.3.12 Sonolência e Insônia
A sonolência é bastante comum na gestação e não precisa ser combatida, se
torna complicada para gestantes que não tem possibilidade de sono diurno. Já a
insônia é mais comum em gestantes ansiosas ou neuróticas, que estão envolvidas
com temores, preocupações, trabalhos excessivos etc (REZENDE, 1998).
52
4.3.13 Cãimbras
As cãimbras musculares dolorosas se apresentam em 14 a 50% das
gestantes, apresentam maior incidência nos últimos meses de gestação, nos
músculos da panturrilha, mais assiduamente quando a grávida está deitada,
ocorrendo muitas vezes enquanto está dormindo, o que a faz acordar subitamente.
Baixos níveis de cálcio e fadiga das extremidades são causas importantes, o
repouso, ingestão de cálcio e uso de compressas quentes locais são recomendados
(REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000).
4.3.14 Cefaleias
A dor de cabeça é uma queixa somática muito comum em mulheres e em
grávidas ainda mais, podem estar relacionadas com tensão ou contração muscular,
com fatores psicológicos e ter também outras origens como pressão intracraniana
elevada, inflamação, alimentos e medicamentos, trauma, hipertensão etc
(REZENDE, 1998; NEME, 2000; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000).
4.3.15 Síndrome do túnel do carpo
A síndrome do túnel carpiano aparece em cerca de 2,5% das gestantes, seus
sintomas em geral mais comuns são parestesia e dor noturna, nela ocorre a
compressão do nervo mediano que traz um comprometimento da função nervosa de
sensibilidade e motora da mão (REZENDE, 1998)
4.3.16 Sintomas Urinários
No inicio e no final da gestação a frequência e a urgência de urinar são
53
habituais, no primeiro trimestre decorrente da pressão exercida pelo útero, na
determinada posição em que se encontra, sobre a bexiga e nas duas últimas
semanas de gestação pelo peso fetal sobre o sistema urinário (REZENDE;
MONTENEGRO, 1999).
4.3.17 Leucorréia
Durante a gestação é comum o aumento do corrimento vaginal, este se
caracteriza como branco, leitoso e em condições normais não produz irritação, mas
devido a mudança do PH vaginal em gestantes é muito frequente a inflamação,
também pode ser consequência de uma infecção causada por Trichomonas vaginalis
ou Candida albicans, e estas requerem seus devidos tratamentos (REZENDE;
MONTENEGRO, 1999; CUNNINGHAM; MACDONALD; GANT, et al, 2000).
4.4 AS DORES OSTEOMIOARTICULARES DE ORIGEM GESTACIONAL
Para algumas gestantes dores osteo-músculo-articulares podem surgir. Estas
dores constituem as maiores queixas da gestação e podem se intensificar no último
trimestre gestacional. São decorrentes das grandes adaptações dos sistemas
orgânicos, estão relacionadas com ganho de peso, mudanças do centro de
gravidade, alterações hormonais, musculares, articulares e posturais (REZENDE,
1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999; NEME, 2000; CUNNINGHAM;
MACDONALD; GANT, et al, 2000 PEIXOTO,2004; ENKIN; KEIRSE; NEILSON,
2005; STILLERMAN, 2010).
4.4.1 As dores em região abdominal baixa
As dores que se apresentam na região abdominal baixa, descritas como uma
54
sensação de peso no baixo-ventre, devido a pressão que o útero exerce nas
estruturas pélvicas e na parede abdominal, a tensão dos ligamentos, relaxamento
das articulações da bacia, contrações uterinas e também gases, distensão e cólicas
intestinais (REZENDE, 1998; REZENDE; MONTENEGRO, 1999).
4.4.2 As dores em região lombar e sacral, virilhas e pernas
O bloqueio de raízes nervosas induzido pela gravidez pode causar dores
incomuns, em região pélvica, lombar e das coxas. Dores em região lombar e sacral
são bastante comuns no último trimestre gestacional, devido a embebição das
articulações sacro-ilíacas, ações hormonais sobretudo da relaxina, que geram
disjunção das articulações pelvinas, a fadiga e alterações musculares que geram
espasmos dos músculos. Dores nas virilhas também são comuns e, as dores em
região sacroilíaca dificultam o caminhar e tornam penosa a mudança de postura.
Geralmente não é aguda mas sim persistente; a dor lombar em geral é contínua e se
agrava com a movimentação da coluna dorsal sobre a bacia e está em partes
associada com a lordose exagerada do último trimestre gestacional, podendo
adquirir maior intensidade se tornando aguda, o que poderá estar relacionado com
algum processo osteopático das vértebras (REZENDE, 1998; REZENDE;
MONTENEGRO, 1999).
4.4.3 As dores em região lombar e dorsal
A articulação sacroilíaca sofre um aumento de lassidão e isto pode provocar
dor em um ou em ambos os lados da pelve, a imobilização das duas superfícies da
articulação também pode ser um fator resultante da dor. Com o grande aumento da
musculatura abdominal, estes deixam de sustentar a coluna, o aumento da
elasticidade dos ligamentos e dos discos também comprometem a estabilidade da
coluna, com isso a estabilidade da gestante ocorre por um trabalho adicional da
55
musculatura e dos ligamentos da coluna vertebral, o que pode resultar em
desconfortos e dores em região lombar e dorsal (PEIXOTO, 2004).
4.4.4 As dores na coluna em geral
A dor nas costas é muito comum em gestantes, até 75% das mulheres
relatam esta dor em algum momento da gravidez. A alteração da postura durante a
gestação traz um aumento da curvatura da coluna vertebral, aumento da lordose
lombar, o que é uma possível causa para esta dor. As alterações hormonais que
trazem um afrouxamento dos ligamentos e articulações e aumento de retenção
hídrica nos tecidos é outra possível causa desta dor. Estes sintomas são mais
frequentes ao fim do dia o que traz prejuízos ao sono, e aparecem mais no último
trimestre gestacional (ENKIN; KEIRSE; NEILSON, 2005).
4.5 OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GESTAÇÃO
As pesquisas e estudos abordam maior parte das adaptações orgânicas,
anatômica-funcionais que ocorrem na gestação e pouquíssima atenção é dada as
adaptações psicológicas. No entanto toda a gestação é acompanhada de um grande
tumulto emocional para a mãe, que traz características regressivas de lembranças
de sua infância, conflitos relacionados à sua sexualidade e identidade sexual,
envolve a utilização de pensamentos, imaginação e fantasia (PEIXOTO, 2004 apud
CURY, 1997).
4.5.1 Os ciclos de desenvolvimento da mulher
Ampliar a compreensão dos aspectos psicológicos dos ciclos da gravidez
56
auxilia na formação de uma visão mais completa, profunda e integrada da mulher
como gestante em seu todo que é a gestação (MALDONADO, 2002).
O desenvolvimento da mulher é constituído por ciclos onde a adolescência
(menarca), gravidez e climatério (antecede a menopausa), são estágios
considerados como períodos de ´´crise``; as crises vitais se caracterizam como
períodos transitórios de desorganização de referenciais, onde os métodos
habitualmente utilizados para a solução de problemas já não servem mais,
mobilizando a busca de novas repostas, por isso as crises vitais favorecem o
desenvolvimento como ser humano, elas podem trazer oportunidades de
amadurecimento e integração da personalidade quando a pessoa elabora soluções
para superá-las de forma saudável, podendo representar perigo quando as soluções
elaboradas para superá-las são doentias, podem trazer piora como aumento da
desorganização, desintegração e desajustamento da personalidade. Assim é vista a
importância de uma intervenção eficiente, assistência e auxílio psicológico, que no
momento de crise é mais rapidamente aproveitado e absorvido devido ao estado
temporário de equilíbrio emocional instável ao qual a pessoa se encontra
(MALDONADO, 2002).
4.5.1.1 Gravidez um ciclo de desenvolvimento da mulher
Na mulher grávida ocorre uma soma de adaptações emocionais decorrentes
do desenvolvimento gestacional, sendo a gravidez uma transição que faz parte do
processo natural do desenvolvimento, ela traz adaptações que envolvem
componentes psicológicos anteriores da gestação (sua história psicossexual e seu
passado ginecológico-obstétrico, assim como de suas irmãs e mãe, sua história de
vida, vivências emocionais acumuladas, características de personalidade e
comportamento) e componentes atuais (vivências do momento atual da vida,
questões familiares, sociais, profissionais e ambientais, se é uma gravidez na
57
adolescência ou uma gravidez tardia, se a gravidez é normal ou de risco, se recebe
assistência profissional adequada ou precária e insatisfatória) estes fatores em
conjunto vem a se denominar por fatores psicológicos da gravidez ou, mundo
emocional da grávida, que envolvem a necessidade de reajustamento e
reestruturação em diversas dimensões (PEIXOTO, 2004; MALDONADO, 2002).
A gravidez envolve a mudança de identidade, trazida por uma nova definição
de papéis, a mulher se olha e é vista de uma nova maneira, sendo seu primeiro filho
(primípara), além de ser filha e mulher agora passará a ser mãe, sendo seu segundo
ou terceiro filho (multípara) experimenta mudança de identidade no sentido de deixar
de ser mãe de um filho e se tornar mãe de dois ou três filhos, que é diferente. O
homem também vivencia este processo de mudança de identidade, a paternidade
também traz um processo de transição no desenvolvimento emocional do homem
(MALDONADO, 2002).
4.5.2 Influências das relações familiares e sociais na mulher grávida
O núcleo familiar oferece grande influência para a grávida (seu companheiro,
filhos, pais, irmãos, sogros, tios, primos, etc.) e dependendo da postura destes
podem levar cuidado à mulher, ou exigências que geram pressão e ansiedade, o
papel do pai é de extrema importância durante toda a gestação, parto e cuidado ao
bebê, seu comportamento pode adquirir diversas posturas, pode este ser um pai
participante, aquele que vive a gravidez com a mulher de forma atenta e afetuosa;
um pai sufocante e obsessivo, muito interessado na gravidez sem dar atenção para
a grávida, tende a questionar e classificar as atitudes da mulher como cuidadosa ou
descuidada, como se fosse o ´´dono da gravidez``; o pai omisso é aquele que se
exclui de responsabilidades, se fixando em atividades individuais como seu trabalho,
deixando toda a responsabilidade para a grávida e o obstetra; o pai dependente
exige da grávida atitudes e funções, pode manifestar enfermidades com sintomas
58
sem justificativa, para ter mais atenção de sua mulher e médicos; há também o pai
competitivo que traz por vezes atitudes agressivas por não aceitar o seu sentimento
de condição secundária (PEIXOTO, 2004).
Os parentes em geral podem expressar determinadas frases que por hora
podem representar atenção e cuidado, mas quando muito repetitivas podem se
tornar pressão, cobranças que geram desconfortos psíquicos, aumentando a
ansiedade maternas; estas frases podem ser: ´´Você não pode esquecer de ir ao
médico``, ´´ Você não deve subir escadas``, ´´Cuidado com o meu neto`` (PEIXOTO,
2004).
Os amigos, médico, dirigente religioso, fazem parte do núcleo social da
grávida e dependendo de suas posturas e aconselhamentos podem trazer extrema
ansiedade para a mãe (PEIXOTO, 2004).
No âmbito socioeconômico, no trabalho a postura de seus colegas de
trabalho também pode ser estressante, como a indiferença para com a gravidez e as
necessidades desta mãe, outro fator de estresse pode ser o próprio trabalho em si,
como trabalhar fora, responsabilidade no orçamento familiar, carga horária
excessiva, posição desconfortável, exagerado esforço físico, etc (MALDONADO,
2002; PEIXOTO, 2004).
4.5.3 Situações e suas influências na mulher grávida
A mulher grávida também esta sujeita ao fatos comuns a todos, e que para ela
podem ser grandes agravantes para a estabilidade psicológica, isto envolve perdas
financeiras, acidentes, doenças, morte de familiares, etc (PEIXOTO, 2004).
Saber da existência ou descobrir qualquer condição de risco gestacional, é
um fator que abala muito o equilíbrio psicológico da mãe (PEIXOTO, 2004).
59
4.5.4 Memórias da infância emergidas na gestação
As experiências vivenciadas pela mãe durante a sua própria infância, durante
a gravidez podem ressurgir com intensidade trazendo conteúdos como sentimentos
que experienciou com a sua própria mãe, memórias de amor, carinho, cuidado,
nutrição, proteção ou ódio, crueldade e vingança, são sentimentos que podem surgir
da mãe boa ou mãe má que teve, e tudo isto condicionará a evolução clínica da
própria gravidez (PEIXOTO, 2004 apud RAPHAEL- LEFF, 1997).
4.5.5 Emoções x Complicações Obstétricas
Quando existe um alto grau de ansiedade, as probabilidades de complicações
obstétricas na gravidez, parto e puerpério aumentam muito. É importante saber que
hormônios liberados por estados emocionais da mulher tem possibilidade de afetar o
feto e desempenhar importante papel na determinação de características
fisiológicas e comportamentais do recém-nascido, como por exemplo, estados
depressivos da mãe durante a gravidez parecem contribuir para um significativo
aumento da irritabilidade e choro do recém-nascido; sendo possível que estes
conteúdos emocionais da gestante atuem através do sistema endócrino e
hipotálamo sobre a vascularização, oxigenação e atividade do útero (MALDONADO,
2002).
4.5.6 Características psicológicas dos três trimestres gestacionais
Alguns aspectos psicológicos, caracterizam os três trimestres da gravidez, e
alguns destes envolvem mais especificamente cada trimestre (MALDONADO, 2002).
60
4.5.6.1 O primeiro trimestre
4.5.6.1.1 A percepção da gravidez
No primeiro trimestre a percepção da gravidez poderá vir através de sonhos
ou ´´intuições`` antes da data em que deveria ocorrer a menstruação e de exames
clínicos, como também pode só ser descoberta no quarto ou quinto mês, o que
ocorre ou por falta de sintonia com o corpo, ou por amenorréia prolongada na
história ginecológica, ou eventuais sangramentos confundidos com menstruação.
Como neste trimestre o feto ainda não pode ser sentido e as alterações anatômicas
são ainda pouco visíveis, dúvidas de estar ou não grávida podem surgir mesmo com
confirmação desta gravidez, esta confirmação também tende a ser acompanhada
de uma mistura de sentimentos como alegria, apreensão, rejeição, e etc
(MALDONADO, 2002).
4.5.6.1.2 Manifestações emocionais relacionadas à mulher com o feto
Uma manifestação bastante comum do primeiro trimestre é a hipersonia onde
a mulher sente mais necessidade de dormir do que o seu costume, alguns autores
de orientação psicanalítica interpretam este fenômeno como um estado de
regressão onde a mulher passa por uma identificação com o feto (MALDONADO,
2002 apud Soifer, 1971).
Alguns componentes psicológicos considerados próprios da gravidez são a
ansiedade, que se manifesta por uma intranquilidade, insegurança, insatisfação e
incerteza diante de uma experiência desconhecida; e a ambivalência que vem do
conflito entre querer, aceitar e desejar o bebê e o não querer, a rejeição do bebê,
esta última pode ser manifestada por frases como ´´logo agora que...´´, ´´queria
esperar mais um pouco´´, ´´começar de novo...´´; sintomas gastrointestinais que
61
envolvem náuseas, vômitos, alterações do apetite, diarréia e constipação, que estão
relacionados com alterações hormonais e bioquímicas e podem também ter origem
de influências psicológicas, envolvendo tensão emocional, e se manifestar como
uma rejeição do estado ao qual a mulher se encontra e não rejeição da gravidez,
trazendo com estes, mecanismos adaptativos. Estes sentimentos envolvem o início
da gestação e podem perdurar por tempos que diferem de mulher para mulher
(MALDONADO, 2002; PEIXOTO, 2004).
4.5.6.1.3 Autovalorização e Autopreservação da grávida
Alguns sentimentos inconscientes que trazem a necessidade de
autovalorização e autopreservação e podem se manifestar como sinais de
hiperatividade, onde a mãe quer continuar a ginástica, ou começa a trabalhar mais
do que trabalhava antes. A mãe começa a ter alguns caprichos como desejos de
alimentos ou objetos, estes desejos acompanham também uma reação de defesa
contra o medo que a mãe sente de malformações do seu bebê (PEIXOTO, 2004).
4.5.6.1.4 Ampliação do campo da consciência da mulher durante a gestação
Para Maldonado (2002), apud Colman (1961) na gravidez ocorre uma
ampliação do campo da consciência, um aumento da sensibilidade emocional e dos
sentidos como olfato, paladar e audição.
4.5.6.2 O segundo trimestre
4.5.6.2.1 A percepção do movimento fetal e o vínculo mãe-bebê
O filho é sentido como continuidade do próprio organismo materno, até o
62
momento em que a mãe começa a ter a percepção do movimento fetal, a partir deste
momento ela começa a identificar o seu filho como um ser independente que foi
gerado, nutrido e protegido por ela, nesta fase a mãe vivência uma introspecção
pela qual dirige a sua energia para seu filho, e isto reforça a ligação afetiva com ele,
neste momento, seu filho se torna o ´´centro do mundo´´ e a mãe passa a imaginá-
lo e idealizá-lo como o mais forte, mais bonito, mais saudável, etc (MALDONADO,
2002; PEIXOTO, 2004).
Pode se observar a ambivalência emocional que se manifesta na mãe pela
interpretação dos movimentos fetais, onde quando o feto se movimenta a mulher
sente um alívio de sentir os movimentos que são sinais de vida de seu bebê, e
quando a mulher não consegue perceber estes movimentos, estes sinais de vida,
ela pode passar por ansiedade e temor de que seu bebê não esteja bem
(MALDONADO, 2002).
Através da interpretação dos movimentos fetais, na fantasia da mãe, o feto
começa a se comunicar com ela através de seus variados movimentos
(MALDONADO, 2002).
4.5.6.2.2 Representações mentais e fantasias durante a gestação
A mulher faz durante a gravidez representações mentais e fantasias sobre si
mesma como mãe e sobre seu futuro bebê, que influenciam na formação da relação
mãe-bebê (MALDONADO, 2002).
4.5.6.2.3 Aspectos emocionais das alterações da sexualidade na gestação
Outras alterações que podem se manifestar desde o início da gravidez, mas
que surgem com maior intensidade no segundo trimestre, são alterações na
sexualidade, podendo haver um aumento do desejo e da sexualidade e, segundo
63
Maldonado(2002), apud Caplan(1960), algumas mulheres durante a gravidez
experimentam pela primeira vez na vida o orgasmo (MALDONADO, 2002).
As alterações na sexualidade decorrentes da gestação estão relacionadas
com a mudança que ocorre na grávida da percepção de si própria, quando algumas
passam a se sentir adultas e mais femininas, se permitindo vivenciar uma
sexualidade madura. Existem casos em que o desejo sexual pode diminuir muito,
chegando até a um desinteresse completo, para explicar este fenômeno existem
vários possíveis fatores etiológicos, dentre eles a separação de maternidade e
sexualidade, que traz a conotação de que a grávida é assexuada, ´´pura``, o medo
de fazer mal ao feto, e até uma mulher que se sinta ´´filha`` demais para se permitir
ser mulher e mãe pode trazer a tona esta alteração em sua sexualidade
(MALDONADO, 2002).
A maneira como a mulher vivencia as alterações da sexualidade está
intimamente relacionada com a maneira como sente as suas modificações corporais
e como se situa diante da gravidez, assim como também está relacionada à atitude
do homem diante destas modificações. Pode a grávida vivenciar a sensação de ser
fecunda e estar desabrochando como mulher, sentir orgulho de seu corpo grávido e
isto pode ser compartilhado pelo seu marido. Em outras situações a grávida pode
entender as suas modificações corporais como deformações, sentir medo da
irreversibilidade de seu corpo, se sentir feia e sexualmente incapaz de atrair alguém,
onde podem surgir sentimentos de ciúme e suspeita de infidelidade entre o casal
(MALDONADO, 2002).
4.5.6.3 O terceiro trimestre
4.5.6.3.1 As emoções que envolvem a aproximação do nascimento
Seguindo este avanço gestacional, no segundo trimestre se faz uma fase de
64
tranquilidade, aquietação e felicidade e no terceiro trimestre, com o término da
gravidez se aproximando e o momento do parto, o medo toma o palco das emoções.
Há o medo do parto e de suas consequências, como dor, dificuldades, morte
materna ou do bebê e, também a preocupação de ser incapaz de exercer o papel
de mãe (PEIXOTO, 2004).
O nível de ansiedade se eleva com a aproximação do parto, e da nova fase
em sua vida, a mudança de rotina após a chegada do bebê; esta ansiedade vai
aumentando a medida que a data prevista do parto vai se aproximando e se esta
data é ultrapassada, a ansiedade é mais ainda intensificada (MALDONADO, 2002).
A mulher tende a apresentar sentimento contraditórios, a vontade de que seu
filho nasça logo e a vontade de prolongar a gravidez para adiar a necessidade de
realizar as novas adaptações que a vinda do bebê trazem (MALDONADO, 2002).
4.5.6.3.2 Memórias antigas e conflitos infantis emergidos na gravidez
No final da gravidez Maldonado (2002), apud Caplan (1961), observou maior
facilidade da mulher reviver memórias antigas, sobre o próprio nascimento, sobre
conflitos infantis reprimidos e esquecidos, relacionados com pais e irmãos, abrindo
assim a possibilidade de que novas soluções sejam encontradas pela mulher, por
isso comumente se observa que a mulher pode atingir maior grau de maturidade
durante a gravidez (VLADIMIROVA, 2006).
4.5.6.3.3 Os sonhos e fantasias como meio de imunização psicológica ou
conscientização da grávida
Os temores comuns na gravidez estão associados a fantasias que surgem
neste período e muitas vezes se expressam em sonhos e fantasias conscientes
antes e após o parto. É comum sonhar na gravidez com o parto, as alterações de
65
seu esquema corporal, com o bebê, suas expectativas como mãe, é importante
observar o surgimento de temas com caráter de autopunição, como o medo de
morrer no parto, de ficar com sua vagina alargada para sempre, não ter leite
suficiente, isto em nível mais profundo reflete conflitos em relação à sexualidade,
assim como o medo da mal formação do filho tende a surgir com mais intensidade
em mulheres que passaram por abortos provocados, como uma forma de castigo, de
punição (MALDONADO, 2002).
Os sonhos são assim uma maneira de entrar em contato com estes
conteúdos e trabalhá-los, eles podem mobilizar e integrar mecanismos adaptativos
que ajudam a mulher a enfrentar tensões importantes do ciclo-vital feminino, no caso
do parto eles podem ajudar a mulher a elaborar e se preparar psicologicamente para
este momento (MALDONADO, 2002).
Assim é a gravidez, um momento de transformação, onde a mulher que
gestou e deu a luz nunca mais volta a ser a mesma, e o fim da gestação traz o fim
da mulher anterior e o parto, o renascimento da nova mulher. A gestação e o parto
trazem a gestação e o nascimento do bebê, de uma nova mulher, uma mãe, de um
novo homem, um pai, de uma família (PEIXOTO, 2004).
66
5 SIMBOLISMO DA ÁGUA
Ao ser analisado o processo da vida do ser humano, verificamos que a
primeira experiência que ele vive é a dois, ele se forma dentro de um indivíduo e
vive durante certo tempo dentro desse outro indivíduo, que é sua mãe, em completa
união com ela. A situação do bebê dentro da barriga da mãe é de satisfação total de
suas necessidades, ele não precisa sentir fome (o alimento já vem direto do corpo
da mãe para o dele), não sente frio, nem calor, enfim não sente desprazer,
experimentando assim, uma sensação de plenitude e harmonia. Mas quando ele
deixa o útero da mãe, ao nascer, deixa para trás todas as sensações de prazer e
passa a enfrentar uma série de desprazeres e frustrações como: frio, fome e
desconforto (ACOSTA, 2007).
Não se pode deixar de lembrar que essa primeira experiência vivida pelo
homem, essa relação de aconchego com sua mãe durante o período de gestação,
deu-se no meio líquido, dentro do útero. Portanto, podemos dizer que o contato com
a água resgata no ser humano sensações de profundo conforto aconchego e
harmonia (ACOSTA, 2007).
As significações simbólicas da relação do Homem com a água passam por
várias crenças e civilizações ao longo do tempo, por exemplo:
1. A água como fluxo primordial representa em muitos mitos da criação do mundo, a
fonte de toda forma de vida.
2. Os banhos rituais eram utilizados em muitas culturas antigas como forma de
purificação e higiene.
3. O costume de jogar moedas em fontes com a finalidade de realizar desejos.
4. No âmbito cristão, a água batismal é usada com valor de sacramento, para lavar
as culpas herdadas dos antepassados operando um renascimento a partir da
água.
5. Como um elemento, a água possui um significado ambivalente, porque de um
67
lado promove a vida e a torna fértil, mas do outro alude ao afundamento e ao
declínio (ACOSTA, 2007).
6 HIDROTERAPIA
6.1 O CAMINHO PELA ÁGUA
O que torna o tratamento da água tão singular, é o fato de estar facilmente ao
alcance de todos, além disso, a terapia pela água não é dolorida. Uma das
substâncias inorgânicas mais abundantes em nosso corpo é a água. Em um homem
adulto médio, a água constitui aproximadamente 60% do peso corporal, com raras
exceções, a água compõe a maior parte do volume das células e dos fluídos do
corpo (ACOSTA, 2007).
A terapia pela água pode ajudar a superar uma irritação na garganta, gerar
energia, aliviar dores, vencer nervosismo, auxiliar na qualidade do sono, reativar o
cérebro e até mesmo fazer com que nos sintamos mais ativos sexualmente, enfim,
pode restaurar e tonificar o corpo e promover a saúde. Também interage com a
natureza de cada indivíduo, atuando de maneira positiva, não prejudicando a flora
intestinal ou mesmo debilitando a energia dos órgãos vitais. Dependendo da forma
(líquida, gasosa ou sólida), temperatura (fria, quente, gelada e neutra) e pressão
(desde a água que escorre até um jato), a água exerce uma reação física e química
específica no corpo e no interior dele (ACOSTA, 2007).
6.1.1 Água Fria
A água fria pode ajudar a baixar uma febre alta, alivia a sede, age como
estimulante diurético, diminui a dor, reduz a constipação e auxilia na eliminação das
toxinas do corpo. Uma aplicação rápida de água fria pode agir como um tônico,
68
enquanto uma aplicação mais demorada agirá como um depressor (ACOSTA, 2007).
6.1.2 Gelo ou Água gelada
O gelo ou água gelada, são eficazes para diminuir a dor de queimaduras
simples. Uma massagem com gelo envolto em um pano pode servir de opção para
ferimentos, pois o frio ajuda a controlar a sangria e reduzir o inchaço subsequente. É
um excelente anestésico (ACOSTA, 2007).
6.1.3 Água Morna (Tépida)
A água morna é calmante, relaxa o corpo e quando necessária pode ser
utilizada como um emético eficaz (provoca vômito) (ACOSTA, 2007).
6.1.4 Água Quente
A água quente pode ser utilizada internamente e externamente. Em
ferimentos, deve-se evitar a água quente, pois aumentará o fluxo sanguíneo e agirá
intensificando qualquer inflamação. Porém, ela pode acalmar, relaxar e aliviar o
corpo em muitas outras condições. Uma rápida aplicação de água quente, baixa e
descongestiona o tônus do corpo e músculo, fazendo com que o corpo se sinta mais
relaxado, já uma aplicação prolongada da água quente irá excitar e ao mesmo
tempo deprimir o corpo, o efeito integral é de completo relaxamento. Alguns de seus
usos terapêuticos são: banho quente para provocar a transpiração, compressas
quentes e banhos quentes nos pés e nas mãos a fim de reduzir a inflamação e dor,
banhos contrastantes (quentes e frios) a fim de apressar a circulação e a reação do
corpo (ACOSTA, 2007).
69
6.1.5 Vapor
Consegue-se o vapor através da água que ferve, o vapor acelera a ação da
pele e cria a transpiração, que por sua vez limpa o corpo a partir de seu interior. As
aplicações de vapor no rosto abrem os poros, ajudando a evitar problemas da pele e
acne. O jato quente de um vaporizador ajuda na congestão do peito. O ar úmido e
morno dos umidificadores usados nas casas acrescenta umidade aos aposentos
ressecados pelo aquecimento interno, impedindo inflamações do sinus e
hemorragias nasais, ao mesmo tempo em que alivia problemas alérgicos veiculados
pelo ar (ACOSTA, 2007).
6.2 HISTÓRIA DA HIDROTERAPIA
“A palavra hidroterapia deriva das palavras gregas hydor (água) e therapeia
(cura)” (CAMPION, 2000).
A hidroterapia é tão antiga quanto a história da humanidade, não há nenhum
registro do início de seu uso como modalidade terapêutica, porém, antes de 2400
a.C, a cultura indiana construía instalações higiênicas (FREITAS JUNIOR, 2005 e
SACCHELLI, ACCACIO E RADL, 2007).
Os egípcios, assírios e muçulmanos usavam águas curativas com fins
terapêuticos. Existem documentos que revelam que em 1500 a. C., os antigos
hindus usavam a água para combater a febre (FREITAS JUNIOR, 2005).
Em 500 a.C, os gregos começaram a usar a água para tratamentos
específicos, e criaram escolas de medicina próximas de muitas estações de banhos.
Ainda foi a primeira civilização a reconhecer a relação entre o estado da mente e o
bem-estar físico (FREITAS JUNIOR, 2005).
Entre os anos de 460-375 a.C, Hipócrates usou a imersão em água quente e
fria para tratar espasmos musculares e doenças das articulações, e ainda
70
recomendava a hidroterapia como tratamento de reumatismo, icterícia e paralisia
(FREITAS JUNIOR, 2005).
Em 1700, um médico alemão, Sigmund Hahn e seus filhos defenderam o uso
da água para tratar úlceras de perna e coceiras (FREITAS JUNIOR, 2005).
Os pioneiros da hidroterapia foram Sir John Floyer, John Wesley e o dr.
Wright. John Floyer escreveu um tratado em 1697 : ”Um inquérito sobre a utilização
correta e o abuso dos banhos quentes , frios e temperados”. John Wesley, foi o
fundador do Metodismo, que publicou um livro de hidroterapia em 1747: “Uma forma
fácil e natural de curar a maioria das doenças”. E o dr. Wright, que realizou um
trabalho sobre o uso do frio no tratamento da varíola em 1779 (CAMPION, 2000).
A hidroterapia foi levada para os Estados Unidos em 1900, e era praticada em
spas-terapia. Porém, somente em 1950, os fisioterapeutas americanos começaram a
ser treinados para atender seus pacientes utilizando os exercícios na água. Os
resultados foram bem-sucedidos e comentados por ortopedistas e o método se
popularizou (FREITAS JUNIOR, 2005).
Atualmente, a popularidade e o valor da hidroterapia, salienta diversos
estudos em aspectos diferentes da água, como o estudo da fisiologia dos exercícios
aquáticos. O reconhecimento de diversas técnicas de tratamento da hidroterapia, é
importante para introduzi-la como parte integral de todo tratamento físico e
psicológico para a reabilitação total (CAMPION, 2000).
6.2.1 A Hidroterapia no Brasil
No Brasil, a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de
Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Artur Silva, em 1922, que
comemorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do
mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada principal da Santa Casa
era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados, aspirados do mar, e banhos
71
doces, com a água da cidade (CUNHA; LABRONINI; OLIVEIRA e GABBAI, 1998).
6.3 A HIDROTERAPIA
“A hidroterapia ou terapia aquática é o termo mais conhecido atualmente, para
os exercícios terapêuticos realizados em piscina termo aquecida. Tem por finalidade
a prevenção e cura das mais variadas patologias. Sua utilização exige conhecimento
das propriedades hidrodinâmicas (água em movimento) e termodinâmicas da água,
assim como anatomia, fisiologia e biomecânica corporal” (FREITAS JUNIOR, 2005).
Possui grande valor terapêutico, pois não requer nenhuma, ou mínima,
sustentação de peso, e ainda ajuda no risco de inflamação, dor, retração, espasmo
muscular, limitação da amplitude de movimento e força que podem, de maneira
isolada ou conjunta, alterar a função do corpo humano (FREITAS JUNIOR, 2005).
Outra característica particular da água é a hidrostática, pois possui
propriedades físicas e princípios específicos como a massa, peso, densidade,
gravidade específica ou densidade relativa, flutuação, pressão hidrostática, tensão
superficial, refração e a viscosidade (FREITAS JUNIOR, 2005).
É essencial compreender a diferença dos exercícios realizados no solo, dos
realizados na água, que exige o planejamento de uma progressão gradual de
exercícios de hidroterapia. O tipo de lesão, a composição corporal do paciente, a
postura ideal, a velocidade do movimento, a profundidade da água, os equipamentos
que serão usados em cada fase do tratamento e sua habilidade aquática
determinam os tipos de exercícios que serão realizados (FREITAS JUNIOR, 2005).
A flutuação, densidade da água, pressão hidrostática e a temperatura elevada
da água, são elementos físicos que promovem relaxamento, diminuição da dor e
tensão muscular, aumentam a circulação e tolerância ao exercício (FREITAS
JUNIOR, 2005).
Os exercícios na água também possuem seu valor na reabilitação, com
72
resultados positivos e segurança, sendo que qualquer pessoa com limitações ou
restrição na sustentação de peso pode iniciar a partir da imersão em pequenas
profundidades para que, com o tempo possa avançar na sustentação de peso
(FREITAS JUNIOR, 2005).
Durante uma fase de recuperação, a hidroterapia pode ser valiosa, quando o
movimento no solo pode ser doloroso e difícil. O movimento na água, oferece
estímulos para a configuração adequada das fibras colágenas e o desenvolvimento
da função articular saudável. A sequência apropriada de movimentos podem ajudar
na formação de tecido intramuscular que mais se assemelhe ao tecido mole
adjacente (fase fibroblástica) (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.1 Indicações e Contra-Indicações
As indicações mais comuns são:
- Elevado nível de dor;
- Desvios de marcha;
- Diminuição da mobilidade;
- Fraqueza muscular generalizada;
- Baixa resistência muscular;
- Impossibilidade de sobrecarga nos membros inferiores;
- Resistência cardiovascular diminuída;
- Contraturas articulares;
- Diminuição da flexibilidade;
- Disfunções posturais;
- Habilidades diminuídas;
- Interação social do paciente (FREITAS JUNIOR, 2005).
Existem também as contra-indicações, as mais observadas são:
- Doenças transmitidas pela água (infecções da pele);
73
- Febre acima de 38ºC;
- Insuficiência cardíaca;
- Pressão arterial descontrolada;
- Incontinência urinaria e fecal;
- Epilepsias;
- Baixa capacidade pulmonar vital;
- Doenças sistêmicas;
- Sintomas de trombose venosa profunda (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.2 Hidrodinâmica x Hidrostática
Hidrodinâmica significa água em movimento, que possui seus princípios
físicos e terapêuticos. A hidrostática demonstra características singulares de força e
resistência (FREITAS JUNIOR, 2005).
Dentro da hidrodinâmica existe a densidade relativa, turbulência, metacentro
e fricção (FREITAS JUNIOR, 2005).
E dentro da hidrostática iremos explicar o que é pressão hidrostática,
viscosidade, empuxo, refração e tensão superficial (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.3 Densidade Relativa
Segundo Arquimedes (287 – 212 a. C.), quando um corpo é submerso em um
líquido, ele sofre uma força de flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca
(CAMPION, 2000; FREITAS JUNIOR, 2005).
A densidade é definida entre a relação de massa (Kg) e volume (m³). Na
água, esta relação é na ordem de 1 (um). Então um corpo com uma densidade
menor que um (1) irá flutuar, e maior que um (1) irá afundar. Porém, para que isso
ocorra é necessário definir a densidade relativa do corpo (FREITAS JUNIOR, 2005).
74
O ser humano é constituído de massa corporal conhecida como: massa
corporal magra (ossos, músculos, tecido conjuntivo e órgãos) e massa corporal
gorda (gordura). A massa corporal magra possui a densidade específica de 1,1,
enquanto a massa corporal gorda possui a densidade de 0,9, portanto, quanto maior
for a gordura corporal, menor será a flutuação deste corpo (FREITAS JUNIOR, 2005;
SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
Outro fator que influencia a densidade relativa do corpo, é a idade. A
densidade corporal de uma criança e de um idoso são parecidas, pois ambos
apresentam uma constituição física de alto percentual de gordura, diferenciando-se
apenas pelo processo de formação óssea e o aparecimento das fibras musculares.
Nas crianças, os ossos e os músculos, por estarem em processo de
amadurecimento, têm uma gravidade específica baixa, já no idoso, graças à perda
da massa óssea (porose), seus ossos tendem a estar mais leves e suas fibras
musculares diminuídas (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.4 Turbulência
Turbulência indica redemoinhos, que seguem objetos que se movimentam por
meio de um líquido e é diretamente proporcional à velocidade do movimento.
Quando o movimento for lento, o fluxo de partículas prosseguirá em curvas leves e
suaves. Se os movimentos forem rápidos, produzirão redemoinhos, e a força desses
redemoinhos será dissipada, reduzindo a pressão e aumentando o arrastamento do
corpo (CAMPION, 2000; FREITAS JUNIOR, 2005).
Existem dois tipos de fluxo segundo o teorema de Reynolds:
Fluxo Laminar: fluxo de linhas aerodinâmicas de moléculas em padrões
uniformes e regulares (CAMPION, 2000; FREITAS JUNIOR, 2005).
Fluxo Turbulento: não acontece em linhas aerodinâmicas, e o movimento das
moléculas são rápidos e aleatórios. Cria-se então um movimento de redemoinhos
75
(CAMPION, 2000; FREITAS JUNIOR, 2005).
Ainda, segundo o teorema de Bernoulli (1700-1782), turbulência é a relação
entre a pressão e a velocidade ao longo de uma linha aerodinâmica, com fluxo
estável, sem atrito e com densidade constante (CAMPION, 2000; FREITAS JUNIOR,
2005).
6.3.5 Metacentro
Seu princípio é manter o equilíbrio rotacional na água. Quando um corpo fica
submerso na água, esta sujeito a duas forças opostas - gravidade e empuxo.
Enquanto a gravidade age no sentido para baixo, o empuxo age para cima, e se
essas forças estiverem desalinhadas, haverá movimento, que será sempre de
rotação, que permanece até que as duas forças estejam novamente alinhadas
(CAMPION, 2000; FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.6 Fricção
É uma resistência causada pela textura da superfície do nosso corpo, durante
movimentos realizados dentro da água (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.7 Pressão Hidrostática
Segundo a lei de Pascal (1623-1662), a pressão de um fluido é exercida de
forma igual em qualquer nível em uma direção horizontal, o que significa que a
pressão será igual em uma profundidade constante (FREITAS JUNIOR, 2005;
CAMPION, 2000).
Em uma profundidade maior, a pressão também aumentará, e será sentida
76
em toda a superfície corporal. Se o corpo estiver imerso a uma profundidade de
1,20m sentirá uma força de 88,9 mmHg, pressão maior que a pressão diastólica que
irá auxiliar na redução de edemas de membros inferiores (FREITAS JUNIOR, 2005;
CAMPION, 2000).
A pressão hidrostática auxilia no retorno venoso, na redução de edemas, na
estabilidade das articulações, estimula o fortalecimento da musculatura inspiratória e
favorece a expiração (SACCHELLI, ACCACIO E RADL, 2007).
6.3.8 Viscosidade
É a resistência provocada pela fricção entre as moléculas de um fluido
à realização de um movimento. A força necessária para a realização do movimento é
proporcional ao número de moléculas movimentadas e também à velocidade na qual
o exercício é executado. Quanto maior for sua viscosidade, mais resistente o líquido
ficará para fluir (FREITAS JUNIOR, 2005 e SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
A viscosidade em líquidos deve-se a coesão molecular, que é considerada
como a atração das moléculas entre si, e quando ocorre algum movimento do
líquido, essa atração cria uma resistência ao movimento detectada como atrito
(FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.9 Empuxo
De acordo com Arquimedes, o resultado do efeito do empuxo é a flutuação.
Ele age no sentido de baixo para cima, atua resistindo ao movimento da água e é
responsável pela sensação da ausência de peso na água. É uma força em sentido
contrário à força da gravidade provocada pelo volume do líquido deslocado na
imersão (FREITAS JUNIOR, 2005; SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
77
6.3.10 Refração
Quando a luz passa de um meio para o outro, ela encontra uma fronteira,
portanto, essa luz é refletida na fronteira e a parte que passa para o outro meio pode
mudar de direção, esse deslocamento, ou alteração, é chamado de refração, que é
comandada pelas propriedades específicas do material, pela velocidade da luz no
material e pelo ângulo de incidência do feixe luminoso. Quando a água apresenta
mais resistência à velocidade da luz, a luz refletida do pé de uma pessoa imersa
curva-se afastando da normal, quando ela cruza a fronteira ar-água. Então, se
observarmos da borda da piscina, uma pessoa de pé com a água pela cintura
parece ter o tronco e as pernas encurtados (FREITAS JUNIOR, 2005; SACCHELLI;
ACCACIO; RADL, 2007).
6.3.11 Tensão Superficial
É a força por uma unidade de comprimento que atua por meio de qualquer
linha em uma superfície, atraindo moléculas de superfície de água exposta. Esta
resistência é pequena e percebida quando o membro está parcialmente submerso,
sendo proporcional à distância do corpo em relação à superfície da água e ao
tamanho da área de contato (FREITAS JUNIOR, 2005; SACCHELLI; ACCACIO;
RADL, 2007).
6.3.12 Termodinâmica
Significa que a água possui a capacidade de absorver e transferir calor e sua
qualidade depende disso. A água quente em hidroterapia é considerada acima de
34ºC, termo neutra entre 31ºC a 33ºC e uma água fria entre 28º e 30ºC (FREITAS
JUNIOR, 2005).
78
6.3.13 Água em movimento
6.3.13.1 Movimento de fluxo
A água em movimento tem diversas características. Quando se move
suavemente dentro de um vaso na mesma velocidade, diz-se que água está em
fluxo laminar ou recorrente, mas quando esta se move rapidamente, até mesmo
oscilações menores, criam fluxo desigual, e os trajetos saem de alinhamento, ou
seja, um fluxo turbulento. Esse fluxo turbulento absorve maior energia que o fluxo
em correnteza, e, essa taxa é determinada pelo atrito interno do líquido. Os
principais determinantes do movimento da água são a viscosidade, a turbulência e a
velocidade (RUOTI, 2000).
6.3.13.2 Coeficiente de arrasto
Quando um objeto move-se em relação a um líquido, ele é submetido aos efeitos
resistivos do líquido, essa força de arrasto é causada pela viscosidade do líquido e a
turbulência, quando presente (RUOTI, 2000).
6.3.13.3 Efeitos da resistência
A água tem viscosidade intermediária entre os líquidos, mas ainda apresenta
muita resistência ao movimento. Com o aumento do fluxo turbulento, a resistência
aumenta como uma função logarítmica de velocidade e depende do tamanho e
forma do objeto. Há turbulência produzida pelas áreas em torno da superfície
corporal em movimento e uma força de arrasto produzida pela turbulência atrás. A
viscosidade torna o ambiente aquático, meio útil para o fortalecimento, pois sua
resistência aumenta proporcionalmente à força aplicada, embora essa resistência cai
a zero instantaneamente a partir da cessação dessa força (RUOTI, 2000).
79
6.3.13.4 Tecnologias para Amplificar os Princípios Físicos
Muitos dos princípios físicos da água podem ser intensificados com
dispositivos adicionais para se ter uma maior resposta clínica. Por exemplo: a
flutuabilidade pode ser aumentada por uso de flutuadores; a resistência pode ser
aumentada pelo uso de botas com barbatanas ou luvas e mais uma grande
variabilidade de objetos usados no apoio às atividades e intensificadores dos efeitos
fisiológicos através das propriedades físicas da água (RUOTI, 2000).
6.3.14 Efeitos Fisiológicos, Terapêuticos e Psicológicos da Hidroterapia
“Os exercícios proporcionam à gestante melhor adaptação com as alterações
ocorridas, mas não é somente disso que o corpo precisa, ele não é apenas uma
porção de ossos envolvidos por camadas estratificadas de músculo. Ele tem
percepção, sentimentos e outros fatores que influenciam na maneira de ser”
(PEIXOTO, 2004, p. 341).
Simplesmente o ato de entrar na água, já nos fornece uma oportunidade de
ampliar física, mental e psicologicamente nossos conhecimentos e habilidades
(CAMPION, 2000).
Uma das particularidades da água é o empuxo, que alivia o estresse sobre as
articulações sustentadoras de peso e permite realizar movimentos em forças
gravitacionais reduzidas (CAMPION, 2000).
Todos os resultados da imersão na água, são semelhantes em adultos e
crianças, e está relacionado à temperatura do corpo, circulação e à intensidade dos
exercícios, com variações adequadas ao tamanho do corpo (CAMPION, 2000).
Nosso corpo possui mecanismos próprios para regular seu próprio calor, e
sob condições padrão, a temperatura corporal do homem, mantêm-se notavelmente
constante. Porém, exercícios, distúrbios emocionais, altas ou baixas temperaturas
ambientais, bem como idade e sexo são fatores que afetam a temperatura corporal,
80
provocando pequenas oscilações em sua temperatura no decorrer do dia
(CAMPION, 2000).
Os efeitos terapêuticos dos exercícios realizados na água, estão relacionados
a: alívio da dor e espasmos musculares, manutenção ou aumento da amplitude de
movimentos das articulações, fortalecimento dos músculos enfraquecidos,
reeducação dos músculos paralisados, melhoria da circulação, encorajamento das
atividades funcionais, manutenção e melhoria do equilíbrio, coordenação e postura
(CAMPION, 2000).
Do ponto de vista psicológico, existem muitas recomendações de atividades
na água, sendo que a maioria de suas informações vieram por meios de disciplinas
como a sociologia e a antropologia. Recentemente, reconheceu-se o efeito sedativo
da água quente e o valor dos programas de natação para as pessoas afetadas por
doenças mentais (CAMPION, 2000).
Do ponto de vista humanístico, os significados social e psicológico que estão
associados a habilidade de nadar, são consideráveis. Se uma pessoa pode nadar e
participar de qualquer atividade aquática, possui uma vantagem social. E essa
habilidade a coloca em posição de igualdade com os outros membros da família,
amigos, seja ela deficiente ou não. Estando em um nível semelhante e independente
na água, realizando exercícios que seriam impossíveis ou difíceis de realizar no
solo, podendo assim ter efeitos psicológicos favoráveis, que elevam a confiança, e
isso pode ser transferido para a vida em terra (CAMPION, 2000).
6.3.14.1 Os Efeitos Fisiológicos da Hidroterapia
Para compreender melhor a fisiologia, precisamos entender que os seres
humanos são homeotérmicos com respeito a sua temperatura central, que é a
mesma de órgãos e estruturas localizadas profundamente, porém a temperatura da
superfície corporal é mais baixa, devido à baixa condutividade térmica dos tecidos,
81
especialmente em tecido adiposo (FREITAS JUNIOR, 2005).
A termorregulação corporal ocorre por dois mecanismos: o fisiológico e o
comportamental. A fisiológica envolve o controle metabólico, vasomotor e hídrico e
está diretamente relacionada com o mecanismo de ativação do hipotálamo, já a
comportamental, é controlada pelos centros superiores (FREITAS JUNIOR, 2005).
Para melhor entendimento dos mecanismos fisiológicos, é importante o
entendimento do processo de produção (termogênese) e perda (termólise) de calor.
A produção de calor (termogênese) é um fenômeno químico no qual a transformação
química metabólica produz calor. A perda de calor (termólise), é um fenômeno físico,
que ocorre por meio da radiação, convecção, condução e evaporação. (FREITAS
JUNIOR, 2005).
Quando o corpo é submerso em água aquecida passa por diversas
adaptações fisiológicas, sendo que os efeitos fisiológicos da terapia em piscina
aquecida irão variar de acordo com a temperatura da água, tempo de tratamento,
intensidade do exercício e a condição patológica do paciente. Os responsáveis pela
maioria das respostas fisiológicas gerais que afetam uma variedade de sistemas do
corpo são as propriedades físicas da água em conjunto com o calor (CAROMANO,
2003; SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
Ao entram na água aquecida, os vasos cutâneos se constringem
momentaneamente, causando elevação na resistência periférica e uma elevação
momentânea da pressão arterial. Durante a imersão, as arteríolas se dilatam
produzindo uma redução na resistência e consequentemente queda da pressão
arterial. O corpo ganha calor através das áreas que estão imersas, e só conseguem
perder calor a partir do sangue nos vasos cutâneos e glândulas sudoríparas das
regiões fora da água. A pele também se aquece e os vasos superficiais dilatam-se
aumentando o suprimento sanguíneo periférico (ACOSTA, 2007).
82
6.3.14.1.1 Sistema Cardiovascular
Ao imergir na água, ocorrerá uma vasoconstrição periférica e uma bradicardia
reflexa que, juntamente com a pressão hidrostática, deslocará o sangue e os
líquidos das extremidades inferiores e do abdome para o tórax, elevando o débito
cardíaco, proporcionando mais sangue oxigenado aos músculos ativos. O aumento
do volume sanguíneo e líquido, aumentam o retorno venoso e elevam a quantidade
de sangue que chega ao átrio direito. Esse aumento do volume do átrio causa uma
estimulação nos barorreceptores da parede atrial, aumenta o enchimento cardíaco e
o volume-contração. O retorno venoso aumentado com a imersão, aumenta a
pressão no seio carotídeo, diminuindo a frequência cardíaca (CAROMANO, 2003;
FREITAS JUNIOR, 2005; SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
6.3.14.1.2 Sistema Renal
As respostas fisiológicas do sistema renal estão diretamente ligadas ao
sistema cardiovascular. Quando a quantidade de sangue aumentada chega no átrio,
estimula os barorreceptores que automaticamente informarão o sistema renal da
sobrecarga atrial. Como o rim recebe uma extensa inervação simpática, o sistema
renal produzirá uma resposta simpática como mecanismo de compensação para
manter a homeostase corporal. Essa resposta refletirá diretamente no aumento da
excreção renal de sódio e de água, liberação de renina e conversão da angiotensina
II. Ao ocorrer a diurese, há perda de eletrólitos, e é comum a perda de sódio
(natriurese), de potássio (potassiurese) e a supressão da arginina/vasopressina ADH
(renina e aldosterona plasmática) (CAROMANO, 2003; FREITAS JUNIOR, 2005;
SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
83
6.3.14.1.3 Sistema Musculoesquelético
Os músculos absorvem o calor da pele, promovendo uma vasodilatação. A
circulação se torna mais eficiente e os músculos tendem a relaxar. Os efeitos da
vasodilatação produzidos pelo calor reduz a resistência vascular periférica,
favorecendo a diminuição da pressão arterial. Com o aumento da circulação, os
músculos se tornam mais ativos, aprimorando o fornecimento de oxigênio, remoção
de dióxido de carbono e do ácido lático, resultantes da oxidação do músculo durante
o esforço, reduzindo assim a dor muscular (CAROMANO, 2003; FREITAS JUNIOR,
2005; SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
6.3.14.1.4 Sistema Respiratório
O sistema pulmonar é profundamente afetado pela imersão no nível do tórax,
as alterações nesse sistema são provocadas pela pressão hidrostática, que aumenta
o volume central e comprime a cavidade torácica. Com isso, haverá um aumento do
trabalho respiratório em 60% e alteração da dinâmica respiratória. A elevação da
temperatura promove aumento do metabolismo, aumentando a demanda de
oxigênio e de dióxido de carbono. A demanda de oxigênio aumenta para obtenção
de energia para a célula e o acúmulo de dióxido de carbono faz aumentar a
concentração de CO2 que, por sua vez, estimula o centro respiratório, comandado
pelo sistema nervoso, fazendo com que a frequência respiratória aumente
proporcionalmente (CAROMANO, 2003; FREITAS JUNIOR, 2005; SACCHELLI;
ACCACIO; RADL, 2007).
6.3.14.1.5 Sistema Nervoso Central e Periférico
Os efeitos produzidos no sistema nervoso pela água aquecida é comumente
84
visto pela redução do tônus muscular. Por centímetros quadrado de pele, temos 200
sensores para a dor, 25 sensores para o tato, 12 para o calor, dois para o frio e um
número ignorado para a pressão. Apesar do maior número de terminais serem para
a dor, esses são os mais lentos em comunicar-se com o cérebro. O relaxamento
muscular promovido com a redução do tônus pela diminuição da sensibilidade das
terminações nervosas sensitivas ocorre pela sobrecarga sensorial. Essa sobrecarga
sensorial, é promovida pelas propriedades termodinâmicas, hidrodinâmica e
hidrostática da água (FREITAS JUNIOR, 2005).
A sobrecarga articular está reduzida na imersão, com isso ocorre a
informação ao sistema nervoso central que o estímulo de pressão reduziu,
automaticamente os músculos se relaxam, aliviando a compressão e reduzindo as
algias (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.14.2 Os Efeitos Terapêuticos da Hidroterapia
6.3.14.2.1 Relaxamento
O relaxamento depende muito do grau de liberdade e intimidade que o
paciente tem com a água. A água aquecida provoca relaxamento por meio da
temperatura da água e a pele da pessoa, que por sua vez, irá transmitir o calor para
suas estruturas internas, reduzindo a tensão muscular pelo relaxamento das fibras
musculares (FREITAS JUNIOR, 2005).
Outro aspecto importante é a redução das forças compressivas, pela força do
empuxo, diminuindo a ação do sistema tônico-postural, que por sua vez reduzida, os
músculos responderão rapidamente a um relaxamento (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.14.2.2 Redução da Sensibilidade a Dor e dos Espasmos Musculares
A água aquecida ajuda no alívio da dor, na diminuição do tônus muscular
85
anormal do espasmo muscular. Durante a imersão, os estímulos sensoriais do calor
estão competindo com os estímulos da dor, e como resultado, a percepção da dor
fica enganada e bloqueada (a velocidade de condução do estímulo do calor é mais
rápida do que a da dor). O estímulo do calor, é rapidamente codificado pelo sistema
nervoso central, que envia uma resposta instantânea para o local da dor, diminuindo
o reflexo de defesa e do espasmo muscular protetor provocado na articulação
afetada (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.14.2.3 Aumento da Amplitude
Ao imergir na água, o paciente irá perceber uma diminuição da sobrecarga
corporal, pelo efeito da flutuação. A diminuição da sobrecarga na articulação diminui
a força compressiva articular, aliviando a dor. Este alívio da dor juntamente com o
efeito da termodinâmica da água, relaxa os músculos que envolvem a articulação,
aumenta o aporte de sangue circulante, remove os produtos imprestáveis do
organismo, auxilia na movimentação articular melhorando a produção de líquido
sinovial, facilitando os movimentos proferidos pela articulação. Ainda a pressão
hidrostática influencia no ganho da amplitude, reduzindo edemas e liberando a
articulação (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.14.2.4 Aumento da Força
O aumento da força muscular é dado pela resistência que a água produz no
segmento do corpo imergido. As propriedades de fricção, viscosidade, pressão
hidrostática e empuxo são as grandes responsáveis pelo trabalho de força muscular.
A água permite maior resistência ao movimento, em torno de 700 vezes mais do que
no ar, permitindo que as articulações fiquem livres, sendo que as partes do corpo
que se encontrarem submersas, encontrarão resistência em todas as direções
86
(FREITAS JUNIOR, 2005).
Existem três tipos de contrações: isotônica concêntrica, isotônica excêntrica e
a isométrica. Essas contrações estimularão os músculos a recrutar fibras para a
produção de contração. As fibras desenvolverão sarcômeros paralelos e em séries,
aumentando a força do músculo, melhorando a eficácia de contração muscular e
fornecendo resistência ao músculo, pois na água os movimentos são mais
consistentes e uniformes quando mantidos a uma velocidade constante (FREITAS
JUNIOR, 2005).
6.3.14.2.5 Aumento da Circulação
Depois da imersão, a pele começa a absorver o calor da água. O aumento da
temperatura da pele é repassado às estruturas mais internas do corpo, produzindo o
efeito de vasodilatação, que por sua vez, aumentará o aporte de sangue circulante
na periferia. A dilatação dos vasos, junto com os efeitos dos exercícios, aumenta o
suprimento sanguíneo para os músculos. Assim, os fluídos do tecido movimentam-se
com facilidade nas estruturas lesionadas, o que aumenta a nutrição e ajuda a
aumentar a velocidade do processo de cicatrização, sendo este processo fortemente
influenciado pela pressão hidrostática (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.3.14.2.6 Melhora do Equilíbrio, Estabilidade e Consciência Corporal
A água estimula a consciência de movimentos das partes do corpo e
proporciona meio ideal para reeducação dos músculos. As propriedades da água,
oferece ao paciente com pouco equilíbrio, tempo para reagir quando tendem a cair. A
imersão cria a percepção de que o corpo está mais leve, sentindo esta sensação, os
captores que estão presentes na planta dos pés, nas articulações, nos músculos, na
pele, nos ouvidos e na visão, perdem a referência espacial. Ao produzir um
87
desequilíbrio no paciente, as reações aparecem rapidamente para evitar a queda,
porém as propriedades físicas da água (viscosidade, fricção, pressão hidrostática,
tensão superficial, empuxo e metacentro), retardarão a queda, promovendo assim
uma melhoria no equilíbrio, na estabilidade e na consciência corporal (FREITAS
JUNIOR, 2005).
6.3.14.2.7 Melhora da Integração Sensório-Motora
Na água, os sentidos do tato, visão e propriocepção são estimulados, pois a
pressão da água exerce uma força sobre os mecanorreceptores da pele (Meissner e
Merkel), que vão, de maneira superficial ou profunda, estimular o corpúsculo. Os
corpúsculos de Krause e Ruffini, localizados também na pele, responderão ao
estímulo do frio e calor, estando controlado pelo hipotálamo anterior e posterior. As
estimulações desses mecanorreceptores produzem informações sensoriais, que
mostrarão condições de pressão e temperatura, para que o organismo possa reagir
frente às mudanças ocorridas. Essa integração sensório-motora, possui grande valor
terapêutico principalmente nas lesões de origem nervosa (FREITAS JUNIOR, 2005).
Um artigo do ano de 1998, realizado por CUNHA, Márcia Cristina Bauer;
DIAS, Rita Helena Duarte; OLIVEIRA, Labronici Acary de Souza Bulle e GABBAI,
Alberto Alain, cujo tema foi “História da Hidroterapia”, teve como objetivo realizar
uma revisão histórica evolutiva da hidroterapia como método alternativo para
tratamento de pessoas com limitação física. Notaram que atualmente, a hidroterapia
tem recebido grande prestígio, especialmente na reabilitação de pacientes
portadores de doenças neurológicas, relacionada particularmente com a introdução
de métodos modernos como o Bad Ragaz, Halliwick e Watsu®.
88
6.3.14.2.8 Reforço da Moral e Liberdade de Movimento
O ambiente aquático faz com que o paciente relaxe e sinta uma maior
amplitude de movimento, diminui também os riscos de queda, e com isso o medo. O
prazer da atividade aquática proporciona ao indivíduo uma sensação de
relaxamento, leveza, liberdade e experimento, tornando as sensações mais
agradáveis e promovendo a interação social (FREITAS JUNIOR, 2005).
6.4 A GESTANTE NA HIDROTERAPIA
A gravidez é um processo marcante e delicado na vida da mulher, no qual
praticamente todas as mulheres passam por esta experiência em algum momento da
vida. Gerar uma criança envolve diversas mudanças fisiológicas, psíquicas e
emocionais (FREITAS JUNIOR, 2005).
A hidroterapia já é bem conhecida entre as futuras mamães. O bem-estar, a
leveza dos movimentos e a sensação de alívio do peso são propósitos evidenciados
durante a prática. Os efeitos fisiológicos vividos pela gestante durante a terapia
aquática estarão relacionados quanto à temperatura da água, a circulação e a
intensidade do exercício (FREITAS JUNIOR, 2005).
A água através de suas propriedades físicas ajuda na gestação, prevenindo
inchaços e edemas, ajuda na amplitude de movimento das articulações, promove
relaxamento e ajuda a preparar o tecido conjuntivo para ser alongado. Durante a
imersão, o sangue é redistribuído, favorecendo o fluxo sangüíneo periférico,
elevando a temperatura da pele que também apresenta melhora de aparência
(PEIXOTO, 2004)
As vantagens que a gestante tem ao imergir em meio líquido são
surpreendentes, a água cria uma sensação de prazer, bem estar e calma. Desde o
nascimento, a água envolve, protege, alimenta, enfim, dá soluções alternativas para
89
que se possa utilizá-la com a finalidade de aperfeiçoar um trabalho corporal,
beneficiando não somente a mãe, mas também o bebê (MONTAGU, 1988;
PEIXOTO, 2004).
6.4.1 A Influência da Hidroterapia na Gestante
Todas as alterações que acontecem com a gestante, durante a gravidez
devem ser respeitadas e cuidadosamente tratadas. Os objetivos no tratamento de
uma gestante, submetida a um ambiente aquecido e prazeroso são: diminuir as
tensões físicas e emocionais, diminuir as intercorrências médicas e prevenir
patologias, estimular o vínculo materno-fetal, melhorar a qualidade de vida da futura
mãe e de seu bebê, melhorar o condicionamento cardiovascular, preparar a
musculatura para o parto, conscientizar a importância da respiração, reequilibrar as
compensações posturais surgidas e relaxamento (FREITAS JUNIOR, 2005;
SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
A melhora do condicionamento cardiovascular pelos exercícios e as forças
exercidas pela água (empuxo e pressão hidrostática), estimulam a gestante a
controlar e fortalecer os músculos respiratórios. A redução da força gravitacional pelo
empuxo junto com a pressão hidrostática, produz na gestante um aumento dos
volumes circulantes, pois o sangue e os líquidos das extremidades e do abdome são
desviados para o tórax, elevando assim o débito cardíaco e proporcionando mais
sangue oxigenado aos músculos ativos (FREITAS JUNIOR, 2005).
Os rins sofrem a ação de uma força compressiva (pressão hidrostática),
aumentando a excreção urinária (diurese). O aumento do metabolismo pelo
exercício e pela temperatura da água, promove uma circulação mais eficiente, com
menor resistência vascular periférica, e os músculos ativos se fortalecem pelo
oxigênio e a remoção de dióxido de carbono e do ácido lático, reduzindo
consequentemente as dores (FREITAS JUNIOR, 2005).
90
O efeito de relaxamento após a sessão é grande, sendo comum o relato das
gestantes na melhora de postura, equilíbrio, respiração, diminuição de edema dos
membros inferiores, além da sensação de alívio da sobrecarga corporal e da dor. Em
todas as sessões é necessário que o profissional esteja atento às questões de
intensidade do exercício, temperatura da água e posições das gestantes. Esses
cuidados são essenciais para assegurar uma gravidez tranquila e um parto mais
consciente (FREITAS JUNIOR, 2005).
De acordo com MEIRA (2001), que em seu trabalho de conclusão de curso,
fez uma pesquisa cujo tema era “Estudo comparativo das alterações posturais entre
gestantes sedentárias e praticantes de hidroterapia”, concluiu que as alterações
posturais analisadas na vista lateral, estavam diminuídas nas gestantes que
praticaram a hidroterapia, sendo que estas alterações, principalmente na região
lombar, eram consideradas mínimas ou leves, enquanto nas gestantes sedentárias,
as alterações eram moderadas ou acentuadas. Ainda SILVA (2001), em seu “Estudo
comparativo dos benefícios da hidroterapia em gestantes praticantes e não
praticantes e protocolo de atendimento”, notou que as gestantes que praticam
hidroterapia tem uma gestação mais saudável, onde apenas um número reduzido
apresentou sinais e sintomas mais relatados em relação as não praticantes de
hidroterapia.
91
7 WATSU®
Watsu® é uma terapia corporal aquática, e a palavra Watsu® é a combinação
das palavras inglesa water (água) e do shiatsu (terapia oriental para o reequilíbrio
físico e energético do corpo) (FREITAS JUNIOR, 2005).
Harold Dull foi o criador do Watsu® em 1980, transportou para as águas
aquecidas das piscinas de Harbin Hot Springs (Califórnia), alongamentos e
massagens do zen shiatsu criados por Masunaga (Japão), e a este processo, deu o
nome de Watsu® ou Water-Shiatsu (DULL, 2001; FREITAS JUNIOR, 2005;
SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
Durante as sessões, o terapeuta flutua o paciente livremente numa piscina
aquecida, a mais ou menos 35ºC, dependendo da necessidade do corpo, ao mesmo
tempo realiza alongamentos e massageia os pontos de tensão muscular (FREITAS
JUNOR, 2005).
Tentar explicar exatamente o que é o Watsu® é tão difícil quanto procurar
entendê-lo. Nossa racionalidade ocidental nos conduz a essa constante busca, mas
é improvável conseguir traduzir o que só a experiência pode proporcionar. Talvez a
compreensão desta técnica aconteça no momento em que seja vivenciada, pois a
compreensão do Watsu®, assim como do Zen Shiatsu, vem do coração e não da
mente. O Watsu®, em sua essência, traz a observação, o silêncio e o estado de
presença em que o ser torna-se mais importante do que o fazer. Conhecer a si
implica na auto-observação e trabalhar com o outro traz a necessidade da
percepção. Na filosofia e na medicina oriental, significa o princípio básico da saúde e
o equlíbrio e manutenção da força vital. A saúde esta na confiança do poder de cura
natural de nosso próprio corpo. Para entender o Watsu®, nossa mente deve avaliar
cada rica possibilidade de movimentação como recurso terapêutico, porém, mais do
que isso deve haver uma união das sensações com a conexão de estar com outro
de coração, se rendendo a filosofia da gentileza, aceitação e do amor incondicional
92
(SACCHELLI; ACCACIO; RADL, 2007).
A aplicação sistêmica dessa técnica em meio aquático, diminui o peso
corporal, aumentando a sensibilidade aos movimentos e combinando a essa mesma
técnica com um exercício de respiração ritmada, pode levar a pessoa a um
relaxamento profundo (FREITAS JUNIOR, 2005).
O Watsu® nos afeta nos níveis emocional, psicológico, espiritual e físico.
Muitos de seus efeitos sobre o aspecto emocional devem-se à confiança
proporcionada por ele. A própria vida da pessoa, sua conexão com a respiração que
sustenta a vida, é confiada aos braços daquele que faz o Watsu®. Este é o mais
nutridor de todos os trabalhos corporais (DULL, 2001).
O princípio do zen shiatsu de sustentação contínua assume uma nova
dimensão na água. No solo, isso é realizado pelo uso da “mão-mãe”, a que
permanece num lugar enquanto a outra trabalha. Na água, esse tipo de sustentação
assume um novo significado, pois sem ele a pessoa que recebe o Watsu® poderia
afundar. Quando se percebe isso, a sustentação passa a ser contínua, a confiança é
estabelecida, e acontece uma ligação poderosa, uma ligação que lembra aquela
existente entre uma mãe e seu filho... ou entre apaixonados... mas livre de qualquer
exigência emocional ou de dependência. É apenas “ser” com o outro, esse é o
princípio básico do zen shiatsu – o de Ser, não Fazer (DULL, 2001).
Uma pessoa que aplica o Watsu® chega a cada sessão sem expectativas,
sem a intenção de dirigir o indivíduo a uma experiência específica, tampouco curar a
pessoa. Apenas permanece ao lado da dela, segurando-a, dando sustentação e
flutuamos com ela em qualquer fluxo em que esteja. Isso afeta profundamente
aqueles que recebem o Watsu® e nunca haviam tido a experiência de estar com
alguém a seu lado desta forma, numa intimidade tão profunda, sem qualquer
necessidade ou intenção oculta. Essa prática de estar com alguém envolve
profundamente a pessoa que realiza o Watsu®, e o modo como ela lida com as
pessoas e a vida em geral. É uma prática tão espiritual quanto qualquer outra forma
93
de meditação. Sentir a conexão existente no Watsu®, experienciar a unidade com as
pessoas com quem jamais imaginaríamos ter uma ligação revela como somos todos
um. Isso concretiza outro princípio do zen shiatsu, que a pessoa com quem
trabalhamos é nosso mestre (DULL, 2001).
“A água aquecida é o meio ideal para soltar o corpo, deixe-se flutuar nos
braços de alguém, imerso na água que suavemente o levanta a cada inspiração,
com um calor penetrante dissolvendo a tensão de seu corpo. Atinja níveis cada vez
mais profundos de relaxamento à medida que seu corpo alonga de uma forma cada
vez mais livre. Flua para estados de consciência aos quais a tensão acumulada ou o
trauma negavam acesso, bem como para um nível de Ser em que existe tal alegria,
paz e plenitude, que as causas daquela tensão ou trauma não possam mais
sobrecarregá-lo. Isso é Watsu®” (DULL, 2001).
7.1 PRECAUÇÕES
Todos possuem limites. Existem limites para a quantidade de pressão ou de
alongamento que as pessoas podem suportar, e limites para o grau de proximidade
ou intimidade que estas podem aceitar. Também é importante ter conhecimento de
seus próprios limites, se o terapeuta sentir qualquer comportamento ou toque
inadequado, deve deixar claro para a pessoa que esta em seus braços que isso não
é aceitável, e se necessário interromper a sessão se a pessoa não lhe respeitar
(DULL, 2001).
Precisamos também dar atenção ao pescoço do paciente, tomando o mesmo
cuidado que teríamos com um bebê recém-nascido. À medida que os músculos do
pescoço ficam mais relaxados, aumenta o perigo de hiperextensão, de compressão
exagerada dos discos e dos nervos entre as vértebras quando a cabeça cai para
trás. Com o nariz, devemos tomar o cuidado de sempre mantê-lo do lado de fora da
água. Já com os ouvidos é muito importante mantê-los dentro da água, isso tornará
94
possível um melhor estado de relaxamento e aproveitamento da sensação de
silêncio, porém há pessoas que se incomodam com isso, sendo necessário a
utilização de tampões de ouvido (DULL, 2001).
7.2 BENEFÍCIOS DO WATSU®
A combinação dos efeitos mecânicos, fisiológicos e psicológicos produzidos
pelo watsu®, em conjunto com a água aquecida promove os seguintes efeitos
terapêuticos: proteção dos músculos, diminuindo a tensão, melhora da amplitude de
movimento, alívio da dor, aumento da circulação periférica, respiração mais suave,
melhora da postura, adequação do tônus, redução dos níveis de estresse e
ansiedade, conscientização corporal e liberação do estresse emocional (FREITAS
JUNIOR, 2005).
Independente da condição física qualquer pessoa pode receber watsu®,
oferecendo benefícios em dores crônicas, agudas ou intensas, perturbações
neuromusculares, enxaqueca, disfunção muscular, falta de disposição, indivíduos
agitados, ansiosos e estressados, depressão, vítimas de abuso mental, físico ou
sexual, insônia, abuso de substâncias químicas (FREITAS JUNIOR, 2005).
7.3 OS EFEITOS DA ÁGUA NO CORPO
A sustentação da água irá reduzir a carga sobre os músculos posturais, e
todas as partes do corpo, especialmente a coluna, podem relaxar, pois a água
sustenta igualmente todas as partes do corpo, ao contrário de quando estamos
deitados no chão, porque sempre existem partes que não recebem a mesma
sustentação, provocando um esforço desigual. Enquanto um corpo está flutuando, o
corpo pode se mover ou soltar-se para aliviar tensões, entretanto não se pode contar
que todos os músculos irão relaxar da mesma forma (DULL, 2001).
95
A água também irá reduzir a sensação de dor. O calor da água numa sessão
típica de Watsu®, irá incentivar o corpo a reduzir a atividade desnecessária para
diminuir a produção de calor. Isso leva o corpo a interromper a tensão e a atividade
muscular desnecessária (DULL, 2001).
Segundo Peixoto, (2004) apud Norm; Hanson, (1988), p. 320, a água
aquecida leva ao sistema nervoso diversas sensações térmicas que podem “distrair”
a percepção da dor, as fibras que conduzem a sensação dolorosa tem menor
condutividade que as fibras que conduzem estímulos sensoriais, estas são mais
rápidas e mais largas, assim podem mascarar a sensação da dor, na imersão em
água aquecida os estímulos sensitivos competem com os estímulos da dor,
resultando no bloqueio da percepção da dor da paciente.
96
8 A LUA E A ÁGUA X CICLOS DA GESTAÇÃO E PARTO
Hoje a ciência compreende bem as influências da lua em nosso planeta, a
sua responsabilidade pela vida, pelo movimento das águas e dos ventos. Sabe-se
que as fases da lua influenciam as marés, que são o efeito do puxão gravitacional da
Lua sobre a superfície dos oceanos, devido a fluidez e a liberdade de movimento da
água. Quanto maior a atração da Lua exercida na Terra, maiores marés se
apresentam (RYGAARD, 2003; SIQUEIRA, 2010).
Porém, o entendimento das influências da Lua ao planeta Terra, já é muito
antigo, povos ancestrais a reconheciam como Mãe, nutridora e sustentadora da
gestação, da vida e observavam seus ciclos para organizarem as ações do dia-dia, o
calendário era Lunar e o tempo era contado através da continuidade dos ciclos da
Lua, assim como o preparo da Mãe Terra para o plantio e a colheita, a fecundação,
gestação e o parto também seguiam a sua ciclicidade; a força de comando que a
Lua exercia sobre a gravidez e o nascimento eram reconhecidos e direcionados
perante as suas observações (RAMY ARANY, 2006).
O tempo de gestação era contado pelo seu ciclo de nove luas, a força
magnética da lua cheia era reconhecida e auxiliava o trabalho de parto por aumentar
o magnetismo da mulher com a terra, também eram utilizadas beberagens naturais
para auxiliarem no parto, e nas contrações, estas beberagens também seguiam a
observação da lua para o seu preparo (RAMY ARANY, 2006).
Muitos médicos admitem que há um número maior de nascimentos nos dias
de virada ou durante a fase da lua cheia, seus relatos dizem que o número de
nascimentos nos hospitais chega a triplicar, fazendo inclusive com que programem o
seu trabalho conforme o calendário lunar. “Uma ligação desconhecida entre a Lua e
o nascimento”, concordam os ginecologista e obstetras (GESTANTES, 2008).
Assim como a lua age nas águas do planeta terra, pode também agir nas
águas dos corpos do seres vivos, e no liquido amniótico da grávida. A água também
97
exerce ações no organismo materno durante toda a gestação e no parto a água
aquecida, reduz hormônios que são secretados quando se sente frio e medo, tais
hormônios pertencentes a família da adrenalina, tornam a dilatação do colo do útero
mais demorada, difícil e perigosa (ODENT, 2004).
A água tem grande poder no parto, Odent (2004) nomeia este poder de
propriedades mágicas da água, muitas pessoas interessadas em estudar o parto na
água tem surgido em todo o mundo. Janet Balaskas conta para Odent, que ao fim de
uma longa sessão de Yoga com grávidas, antes que estas recuperassem o estado
normal de consciência, ela lhes perguntou onde mais gostariam de dar a luz, e as
respostas foram em comum, ´´na água, ou em algum lugar que tivesse água´´.
Em geral as mulheres sonham em dar a luz num ambiente natural, mulheres
de povos ancestrais davam à luz próximas ao rio ou mar; na tradição japonesa
mulheres de aldeias pequenas à beira-mar, davam à luz no mar; gravuras sugerem
que para algumas tribos africanas o lugar de dar à luz era perto de um rio; algumas
Aborígenes da Austrália, primeiro brincam na água do mar e então dão a luz na
praia. O parto na água é conhecido em diversas culturas, como os índios do Panamá
e alguns Maoris da Nova Zelândia (ODENT, 2004).
No livro A sacralização do nascimento, o estágio final do trabalho de parto,
que precede as últimas contrações é simbolizado pelo oceano com suas ondas
agitadas. No filme Respiração, as emoções da mulher em trabalho de parto, são
expressas através do olhar e do som da água (ODENT, 2004).
Para os cientistas, a água permanece um mistério, e estão penetrando cada
vez mais profundamente nos mistérios dessa molécula milagrosa que faz a vida ser
possível. Cada vez mais se compreende que sem a água, os elementos essenciais à
vida nunca se juntariam. A água sempre foi o símbolo da mãe em todos os lugares e
em todas as épocas, a vida começou no oceano, no líquido amniótico retomamos a
história da vida (ODENT, 2004).
98
Sendo assim, começamos a imaginar a profundidade do trabalho com água e
mulheres grávidas, o quanto o atendimento de Watsu® com gestantes pode
beneficiá-las durante toda a gestação e trabalho de parto.
99
9 MATERIAIS E MÉTODOS
9.1 MATERIAIS
Piscina aquecida a 35 graus
Touca (opcional)
Maio ou biquine
Flutuadores para membros inferiores. Med.: 56 x 5 x 1 cm
Chinelos
Toalhas
9.2 MÉTODOS
9.2.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa teve caráter experimental não controlado, baseada na aplicação
da técnica de Watsu® em gestantes, sendo ela uma pesquisa mista, qualitativa e
quantitativa.
9.2.2 Seleção das voluntárias
Foram recrutadas gestantes através de divulgação em associações
relacionadas à gestação, em especial o GAMA (Grupo de Apoio a Maternidade
Ativa), Casa Ângela (Casa de Parto da Comunidade Monte Azul) e divulgação por
mídia eletrônica.
Para admissão ao estudo, foram adotados os seguintes critérios:
100
9.2.2.1 Critérios de inclusão
Foram incluídas neste estudo gestantes com idade superior a 18 anos e idade
gestacional entre 12 e 29 semanas, que apresentassem dores osteomioarticulares
de início durante a gestação.
9.2.2.1.1 Critérios de exclusão
Foram excluídas do estudo gestantes com risco gestacional ou contra-
indicações à terapia Watsu® :
- Trabalho de parto prematuro na gestação atual;
- Idade gestacional inferior a 12 semanas de gestação;
- Antecedente de trabalho de parto prematuro;
- Sangramento vaginal após a 12ª semana de gestação;
- Hipertensão arterial crônica ou pré-eclâmpsia;
- Cardiopatia;
- Antecedente de hipotensão arterial sintomática;
- Disfunções tireoidianas;
- Febre (temperatura axilar acima de 38º C);
- Nefropatias e/ou Infecção urinária grave;
- Ausência de reflexo de tosse;
- Traqueostomizadas;
- Epilepsia;
- Doenças infecto-contagiosas transmissíveis por ar ou água;
- Presença de ferimentos cutâneos abertos;
- Doenças que causem dificuldade para regular a temperatura corporal;
- Incontinência fecal;
- Labirintopatia;
101
- Sensibilidade a produtos químicos utilizados para higiene da piscina;
- Presença de doenças que levem a redução do tônus muscular.
9.2.3 Descrição do local
Todos os atendimentos foram realizados na Piscina do Espaço Terapêutico
Natu Saúde, localizado na Rua Álvaro Nunes, 121 – Jd. Aeroporto / Campo Belo,
São Paulo.
9.2.4 Descrição e apresentação dos procedimentos
9.2.4.1 Termo de consentimento livre e esclarecido
As gestantes que se enquadrassem nos critérios de seleção foram
convidadas a participar do estudo, sendo claramente informadas sobre os objetivos
e condutas da pesquisa. Após concordância na participação, assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A), cientes de que poderiam se
desligar da pesquisa a qualquer momento se necessário.
9.2.4.2 Acompanhamento médico, ciência e autorização
Todas as gestantes informaram o médico que as acompanhava em pré-natal
sobre a terapia Watsu®, seus benefícios, contra-indicações e objetivos da pesquisa,
e trouxeram uma autorização por escrito dos mesmos para realizar as sessões com
segurança e consentimento médico.
102
9.2.5 Técnica de Watsu®
As gestantes selecionadas foram submetidas a oito sessões de Watsu®, uma
vez por semana, com duração de aproximadamente 50 minutos cada, em piscina
aquecida a 35 graus. Toda sessão segue uma sequência de movimentos do Watsu®
nível 1, devidamente adaptados às condições de cada participante. Todos os
movimentos realizados na técnica do Watsu® são suaves e nenhum deles apresenta
contra-indicação durante a gestação.
Segue a denominação e descrição de cada movimento da sequência
utilizada:
9.2.5.1 Antes de começar
Para que se possa realizar um atendimento de Watsu® com segurança,
proporcionando todos os possíveis benefícios desta terapia é necessário sempre a
realização da anamnese, saber das condições físicas e emocionais de seu parceiro
é importantíssimo, algumas pessoas não sabem nadar, podem apresentar medo de
água, dificuldade em se entregar, problemas no corpo que podem se agravar com
pressões e alongamentos (DULL, 2001).
9.2.5.2 Começando na parede
Este é o momento de explicar para quem esta sendo atendido, que a sessão
se inicia com as costas da pessoa apoiada na parede e assim também se finaliza.
Sempre lembre-a de que deve lhe avisar caso sinta incômodos, desconfortos, ou
necessidade de ir ao banheiro. Neste momento inicial podemos dizer palavras como:
´´Sinta todo o seu corpo, esteja consciente de como se sente, encontre uma posição
confortável, deixe as suas pernas afastadas para ter uma boa base, conforme você
103
inspirar deixe que a água a levante sem esforço, e ao final de cada expiração,
afunde no vazio, entregue-se à agua. Quando estiver pronta para iniciarmos de
alguns passos para frente``(DULL, 2001).
9.2.5.3 Dança da respiração
Este é o primeiro movimento realizado, onde seu parceiro se encontra
flutuando em nossos braços, o antebraço esquerdo apoia o occipital e o antebraço
direito apóia o sacro. Aqui o corpo de seu parceiro dança através do movimento de
levantar com a inspiração e afundar com a expiração (DULL, 2001).
9.2.5.4 Balanço da respiração
Em continuidade o afundar e levantar, este movimento segue quando se
encontrou um ritmo respiratório em comum com seu parceiro, e assim segue-se na
expiração deixando que os pés deste afundem e na inspiração levantem, realizando
um leve deslize para a lateral de seu pé mais distante da cabeça do parceiro na
expiração, retornando na inspiração (DULL, 2001).
9.2.5.5 Liberando a coluna
Exploramos uma alternação de movimentos com os braços que vão
gradualmente serpenteando a coluna suavemente (DULL, 2001).
9.2.5.6 Oferecendo suave
Viramos de frente para o nosso pé mais próximo da cabeça do parceiro,
seguindo o fluxo da nossa respiração, ao expirar fazemos um movimento com o
104
parceiro, estendendo-o para acima de nossos pés, como se o oferecêssemos a cada
expiração, na inspiração o puxamos de volta e realizamos o movimento para o outro
lado (DULL, 2001).
9.2.5.7 Oferecendo com uma perna, braços abertos
Agora o antebraço do sacro de forma fluida e harmoniosa vai apoiar a parte
de traz do joelho, e realizamos os mesmos movimentos do oferecendo suave (DULL,
2001).
9.2.5.8 Oferecendo com duas pernas
Realizamos os mesmos movimentos do oferecendo suave porém agora com
o antebraço direito apoiamos os dois joelhos do parceiro (DULL, 2001).
9.2.5.9 Sanfona
Ainda com os braços nos mesmos locais de apoio do movimento anterior, os
joelhos de parceiro devem ir em direção ao peito, a cada expiração. Após o
sentamos verticalmente, este movimento produz um alongamento da sua coluna
(DULL, 2001).
9.2.5.10 Sanfona rotativa
Realizamos o mesmo movimento da sanfona, sem sentá-la verticalmente,
fazemos movimentos circulares com o braço que apoia os joelhos, o que produz um
movimento circular nos quadris de quem recebe (DULL, 2001).
105
9.2.5.11 Rotação de perna de dentro
Realizamos o mesmo movimento da sanfona rotativa, agora com o braço
apoiando somente a perna que esta mais próxima de nosso corpo, realizamos um
movimento em circulo com esta perna (DULL, 2001).
9.2.5.12 Rotação de perna de fora
Realizamos o mesmo movimento da rotação com a perna de dentro, porém
agora com a perna de fora (DULL, 2001).
9.2.5.13 Perna de fora por cima
Com a perna de fora em nossa mão, a levantamos e deslizamos nosso ombro
direito por baixo dela (DULL, 2001).
9.2.5.14 Pressionando o braço
Com a perna do parceiro em nosso ombro, conseguimos alcançar todo o seu
braço e vamos massageá-lo seguindo a nossa respiração, cada compressão
acompanha nossa expiração, até completar todo o braço; quando inspiramos
também mudamos o peso para nossa perna esquerda e cada vez que expiramos
mudamos o peso de volta para a nossa perna direita, isto traz um balanço para o
movimento (DULL, 2001).
9.2.5.15 Mão no ponto mestre coração
Quando massageamos todo o braço, chegamos à mão, então a seguramos
106
com o nosso polegar pressionando o meio da palma da mão (DULL, 2001).
9.2.5.16 Puxando o braço ao redor
Seguramos o punho do parceiro, e puxamos o seu braço para cima, deixando
a sua cabeça deslizar para a nossa mão esquerda, soltamos o seu braço e
seguramos a parte de trás do joelho com o nosso punho direito (DULL, 2001).
9.2.5.17 Pêndulo
Agora o parceiro está com a cabeça em nossa mão esquerda e perna em
nosso punho direito, nos abaixamos na água, a cada expiração passamos nosso
peso para frente, e a cada inspiração passamos nosso peso para trás, este
movimento faz com que o parceiro se incline hora para a nossa direção, hora para a
direção contrária (DULL, 2001).
9.2.5.18 Cabeça no ombro oposto
Quando o parceiro estiver voltado para nós, empurramos o seu joelho na
direção do peito ao mesmo tempo vamos aproximando a cabeça do parceiro até que
ele se mova para cima do nosso ombro oposto, ombro correspondente ao braço que
está empurrando, o pescoço do parceiro deve ficar confortavelmente seguro, firmado
contra o nosso pescoço (DULL, 2001).
9.2.5.19 Balanço braço e perna
Seguramos o joelho com o nosso punho direito e com a nossa mão esquerda,
pegamos a parte superior do braço esquerdo do parceiro. A cada expiração puxamos
107
a perna do parceiro na direção do peito, movendo o seu corpo para a direita. A cada
inspiração, puxamos o braço do parceiro, movendo o seu corpo para a esquerda
(DULL, 2001).
9.2.5.20 Joelho ao tórax
Passamos a nossa mão esquerda por cima do ombro e por baixo da coxa do
parceiro, reunimos a mão direita a esquerda e com as duas mãos, pressionamos o
joelho para o lado do peito na medida em que ficamos em pé nos esticando,
seguramos esta posição por um tempo (DULL, 2001).
9.2.5.21 Voltar para a primeira posição
Deixamos que a cabeça do parceiro que se encontra em nosso ombro direito,
escorregue para a curva de nosso cotovelo, seguramos por cima do joelho esquerdo
do parceiro, exploramos movimentos com a perna e neste processo, direcionamos o
braço do parceiro para trás de nossas costas, voltando à primeira posição, porém
agora com a cabeça do parceiro deitada em nosso braço direito. Caso seja difícil
manobrar o braço deste modo, podemos sustentar os quadris do parceiro levantando
a nossa perna, enquanto com a nossa mão deslizamos o braço para trás de nossas
costas (DULL, 2001).
PARTE II
Realiza-se novamente a dança da respiração e o balanço da respiração, que
são iguais a primeira parte, realizadas no início da sessão.
108
9.2.5.22 Oferecimento Simples
Movimento também igual ao início da sessão, porém, feito de um modo mais
dinâmico (mais rápido). Depois do último oferecimento, acima do nosso pé mais
próximo do pé do parceiro, deixamos que a cabeça escorregue para uma de nossas
mãos enquanto nos viramos de frente para o centro empurrando o quadril com a
outra mão para iniciar o próximo movimento (DULL, 2001).
9.2.5.23 Empurrar e puxar – oito
Uma das mãos puxa o occipital, cruzando diretamente à sua frente,
tracionando a coluna. No final do puxão, diminuímos o ritmo enquanto a outra mão
empurra lentamente contra o quadril para virar o parceiro. Trocamos a mão que está
embaixo da cabeça e aumentamos o ritmo para puxar do outro lado. Pode-se
realizar este movimento várias vezes (DULL, 2001).
9.2.5.24 Vôo Livre
Quando terminarmos uma virada acima do nosso pé mais próximo ao pé do
parceiro, em vez de trocar as mãos embaixo do occipital, não paramos e levemente
colocamos a mão que empurrou o quadril embaixo da cabeça. Viramos esta mesma
mão, deixando a palma para baixo, segurando o occipital entre o polegar e o
indicador. A parte do antebraço dará sustentação a parte superior das costas.
Enquanto o parceiro movimenta-se, cruzando nossa frente, iremos segurar o braço
de dentro pelo punho e puxá-lo num círculo, dando um passo para frente com o pé
mais próximo do pé do parceiro, e um passo para trás com o pé mais próximo da
cabeça do parceiro. Movimentamos o ombro do parceiro por cima do nosso ombro,
sustentando o occipital com aparte superior do braço, enquanto nossa mão se
109
estende por baixo do corpo do parceiro e a rodeia até posicionar-se sobre o centro
do coração. Com as costas da mão direita, sustentamos a parte inferior do quadril
puxando o parceiro de lado, depois fazemos uma pressão contra o alto do sacro com
a mão direita (DULL, 2001)
9.2.5.25 Balanço esterno – sacro
Ainda embaixo da água, realizamos uma pressão suave contra o peito ao
expirarmos. Mantendo contato com o peito para ter uma boa tração, pressionamos
firmemente contra o alto do sacro a cada inspiração, alongando a coluna. É
importante manter o parceiro de lado o máximo que for confortável, para ter um
balanço amplo e para impedir que os pés atinjam o fundo (DULL, 2001)
9.2.5.26 Alongando a coluna
Mantemos o occipital na mão que se encontrava no peito. Endireitamos este
braço e puxamos o parceiro acima do nosso pé que está mais próximo da cabeça
dele. Com o outro ombro bem embaixo do quadril, firma-se os dedos da outra mão
no alto do sacro, puxando para endireitar e alongar a coluna (DULL, 2001).
9.2.5.27 Ondulando a coluna
Embaixo da água com o pé direito à frente e o esquerdo para trás,
procuramos um ponto de equilíbrio. Com a palma para cima, os dedos apontando
para o lado oposto, como um garçom segurando uma bandeja, e o ombro o máximo
possível embaixo do quadril. Suave, ritmicamente, levantamos o parceiro. Mantendo
o corpo fora da água enquanto batemos rapidamente com nossos pés no fundo da
piscina, de modo que provoque movimentos ondulatórios na coluna do parceiro. Não
110
se deve pular ou balançar. Deixamos as ondas diminuírem, mantendo o apoio na
cabeça e no sacro sem nenhum movimento (DULL, 2001).
9.2.5.28 Quieto
Sustentamos a cabeça com a mão esquerda aberta e relaxada, procurando
achar o ponto de equilíbrio do nosso parceiro. Deixando o mesmo flutuar
perfeitamente imóvel em nossa frente. É hora de sentir a quietude do corpo (DULL,
2001).
9.2.5.29 Acompanhar movimento
Permanecendo na quietude, com nossas mãos na cabeça e no sacro,
devemos ficar atento a qualquer tendência de movimento, seguindo qualquer
movimento lento espontâneo pelo qual sentimos ser levados. Quando notamos que
o movimento esteja completo, sem quebrar o fluxo, deslizamos o ombro esquerdo
sob a cabeça do parceiro (DULL, 2001).
9.2.5.30 Algas
Permanecemos embaixo da água para dar o maior apoio possível para o
pescoço e, seguramos com as duas mãos os quadris. Depois de ficarmos parados
por um tempo, tomando o devido cuidado para que nenhuma parte das costas
arqueie e se estenda demais, movimentamos lentamente o parceiro de um lado para
o outro como uma alga (DULL, 2001).
Realizamos a rotação para o segundo lado, e iniciamos novamente todos os
movimentos que foram descritos na segunda parte, desde a dança da respiração até
algas. Logo após damos continuidade com próximo movimento.
111
PARTE III
9.2.5.31 Quatro na parede
Estando ainda no segundo lado, seguramos os dois joelhos com o antebraço
esquerdo, com a mão direita seguramos a cabeça puxando o tronco do parceiro para
cima até a posição vertical. Apoiamos nossas costas na parede e descansamos a
cabeça do parceiro em nosso peito. Com a perna direita esticada, apoiamos o pé
esquerdo sobre o joelho direito ou na panturrilha. Os quadris do parceiro devem cair
entre nossas pernas, e a cabeça deve estar apoiada no canto superior do peito do
lado direito, sustentando as costas com o antebraço direito (DULL, 2001).
9.2.5.32 Sela Aberta
Enquanto sustentamos a parte superior das costas com a mão direita, a mão
esquerda passa por cima da perna de fora e seguramos a mesma. Abaixamos nossa
perna que se encontrava apoiada no nosso joelho e com isso a perna do nosso
parceiro também abaixará, ficando do lado de dentro da nossa panturrilha direita,
enquanto damos um passo para frente da parede. Pisamos pelo lado de dentro da
perna que abaixou, pegando o joelho do parceiro com a parte de trás do nosso
joelho enquanto nos abaixamos dentro da água. Colocamos então o outro joelho,
que ainda estava seguro por nossa mão esquerda, em cima do nosso outro joelho,
assim os joelhos do nosso parceiro ficara em cima dos nossos. A cabeça esta
deitada sobre nosso braço direito, de frente para nós. Onde poderemos explorar
todas as partes do corpo que estarão a nossa disposição para serem massageadas.
Logo após levamos a cabeça para o outro lado repetindo os movimentos, sendo que
nesta passagem de um lado para o outro podemos ainda realizar uma tração no
112
pescoço (DULL,2001).
9.2.5.33 Tração do pescoço
Passamos a cabeça do parceiro para a mão esquerda e com as duas mãos
seguramos a cabeça na nossa frente, levantando-a para alongar o pescoço (DULL,
2001).
9.2.5.34 Acompanhar os movimentos
Estando totalmente parados, iremos prestar atenção e seguir lentamente
qualquer movimento ou tendência a se mover que surja do parceiro (DULL, 2001).
9.2.5.35 Perna de dentro no ombro
Passamos nossa mão direita por baixo da perna de dentro e colocamos essa
perna sobre nosso ombro direito, levando nossa mão direita sobre o centro do
coração, pressionando suavemente e balançando com a respiração (DULL, 2001).
9.2.5.36 Ninar do Hara
Colocamos a mão direita no hara (abdome), com o polegar num dos lados do
umbigo e os outros dedos abertos do outro lado, balançando e pressionando
suavemente a cada expiração, levantando e mantendo o contato com a inspiração.
Depois colocamos a mão no coração (DULL, 2001).
113
9.2.5.37 Voltar para a parede e finalizar
Estando próximo da parede, com o antebraço direito sob os dois joelhos,
trazemos os joelhos o mais perto possível do peito. Ficamos em pé na água, e com
a cabeça do parceiro sobre o braço esquerdo, usamos nossa coluna ereta como um
eixo, girando de um lado para o outro lentamente. Apoiamos as costas do parceiro
(ainda na vertical) contra a parede, sustentando abaixo do lado mais próximo do
quadril com nosso joelho esquerdo, enquanto a perna de fora do parceiro escorrega
do nosso braço direito empurrando-a para longe. Puxamos a perna de dentro na
nossa direção enquanto abaixamos criando uma base bem ampla. Sustentamos o
pescoço e o occipital com a mão esquerda, colocando a mão direita no coração
enquanto passamos para a frente do parceiro podendo apoiar nossos joelhos contra
os dele. Trabalhamos o pescoço com a mão esquerda. Depois soltamos o pescoço
gradualmente e com a nossa mão direita ainda sobre o coração, colocamos nossa
mão esquerda sobre a cabeça, com a palma sobre o terceiro olho e as pontas dos
dedos tocando levemente o alto da cabeça. Retiramos gradualmente as duas mãos
do corpo do parceiro, e pegamos em suas mãos afim de mantê-las mais próxima da
superfície. Logo após retiramos nossas mãos e nos afastamos agradecendo o
espaço (DULL,2001).
9.2.6 Descrição dos procedimentos de mensuração e análise de dados
quantitativos
9.2.6.1 Avaliação da Qualidade de Vida
Com o intuito de avaliar os efeitos da técnica de Watsu® na qualidade de vida
das gestantes, foi utilizado o questionário de Qualidade de Vida – Versão Abreviada
(WHOQOL-BREF) da Organização Mundial de Saúde (APÊNDICE B). Trata-se de
114
uma versão abreviada e traduzida para o português do WHOQOL-100, desenvolvido
pelo Grupo de Qualidade de Vida da OMS, devido à necessidade de instrumentos
curtos que demandem menor tempo de preenchimento, mas que preservem a sua
eficácia e características psicométricas satisfatórias (OMS, 1996; WHOQOL GROUP,
1998). O questionário foi aplicado antes do primeiro atendimento e ao final da última
sessão.
O WHOQOL-bref é feito de 26 questões, sendo duas questões gerais e as
demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõe o instrumento
original. Assim, diferente do WHOQOL-100 onde cada uma das 24 facetas é
avaliada a partir de 4 questões, no WHOQOL-bref é avaliada por apenas uma
questão. Os dados que deram origem à versão abreviada foram extraídos do teste
de campo de 20 centros em 18 países diferentes. Uma análise fatorial confirmatória
foi realizada para uma solução a quatro domínios. Assim o WHOQOL-Bref é
composto por 4 domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio- ambiente
(OMS, 1996; WHOQOL GROUP, 1998).
Tal questionário é bastante utilizado para avaliar a qualidade de vida e tem
validação quanto à sua aplicação em gestantes e puérperas, sendo possível essa
verificação através do trabalho de Abeche (2008), que utilizou o WHOQOL-bref para
avaliar a qualidade de vida em puérperas adolescentes; e o trabalho de Abdal, Silva
e Baciuk (2008), que também utilizou este questionário para avaliar os efeitos da
atividade física na qualidade de vida de gestantes.
9.2.6.2 Avaliação das Dores Osteomioarticulares
Foi aplicada a Escala Visual Analógica da Dor (APÊNDICE C) antes e após
cada um dos atendimentos. Este instrumento visa quantificar a dor, na percepção do
próprio indivíduo, numa escala gráfica graduada, na qual o zero corresponde à
ausência de dor e o dez, à dor máxima, insuportável, sendo assim: Zero é ausência
115
da dor; de 1 a 3 a dor é classificada como leve e que não atrapalha as atividades; de
4 a 6, dor moderada que atrapalha as atividades, mas não as impede; de 7 a 9 dor
forte ou incapacitante que impede que se realize qualquer atividade e 10 dor muito
forte e insuportável ou "excruciante" que, além de impedir atividades, causa
descontrole.
Esta escala é amplamente utilizada para a mensuração da dor, sendo a sua
utilização validada durante o período gestacional, parto e pós-parto, como visto no
trabalho de Abrão (2008), que utilizou a EVA durante o parto para a mensuração da
dor, acompanhando seu declínio utilizando analgesia; no trabalho de Alves (2008)
que utilizou a EVA para a avaliação da dor pré e pós-parto normal; no trabalho de
Martins e Silva (2005), no qual a EVA é utilizada durante a gestação para
mensuração da dor lombar e pélvica visando reconhecer os efeitos de um método
de exercícios da melhoria destas dores.
9.2.6.3 Coleta de dados qualitativos
Em cada uma das sessões e ao final do tratamento, as pacientes foram
orientadas a descrever de forma escrita, espontaneamente, suas experiências com
a terapia Watsu® e a percepção da influência do tratamento em sua vida durante o
período analisado.
9.2.6.4 Análise dos dados
Os dados quantitativos foram tabulados em planilha do software Microsof
Excel para Windows® 2003, e estão apresentados individualmente para cada
gestante e também os dados gerais do grupo estudado. Foi realizada comparação
dos escores de dor antes e após cada sessão pelo teste t para amostras pareadas e
a evolução da dor ao longo das oito sessões foi avaliada utilizando-se a Análise de
116
Variância (ANOVA) para medidas repetidas. Os escores de qualidade de vida no
início e ao final do tratamento foram também comparados pelo teste t para amostras
pareadas. Todas estas comparações foram feitas utilizando-se o software SPSS
(Statistical Package for Social Sciences) para Windows versão 17.0.
117
10 RESULTADOS
Neste estudo foram avaliadas 11 gestantes, submetidas a oito sessões de
Watsu® com duração de 50 minutos por sessão e frequência semanal, no período
de agosto a outubro de 2010, com o objetivo de verificar os efeitos da terapia
Watsu® no alívio de dores osteomioarticulares e na qualidade de vida durante a
gestação.
10.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A tabela 1 apresenta as características das gestantes estudadas e a tabela 2
apresenta os dados relacionados às gestações anteriores e preferência pela via de
parto.
Tabela 1. Descrição dos dados de cada participante por: idade, idade gestacional de
início, risco gestacional, doenças e medicamentos. São Paulo, 2010.
Gestante Idade (anos) IG de início* Doenças
Medicamentos
1 35 25 semanas Não Não
2 29 15 semanas Não Não
3 32 29 semanas Não Não
4 28 12 semanas Não Não
5 36 28 semanas Não Não
6 32 25 semanas Diabetes tipo 1 Insulina
7 28 16 semanas Não Não
8 37 19 semanas Não Não
9 34 27 semanas Não Não
10 38 16 semanas Não Não
11 28 27 semanas Artrose cervical Não
*IG: Idade gestacional
118
Tabela 2. Apresentação dos dados das participantes em relação às gestações
e partos anteriores, filhos vivos e preferência de via de parto na gestação
atual. São Paulo, 2010.
Gestante Gestações Filhos Vivos Preferência da via de parto
1 1 0 Natural
2 1 0 Normal
3 1 0 Normal
4* 3 2 Normal
5 1 0 Normal
6 1 0 Normal
7 1 0 Natural/ Na água
8 1 0 Natural
9 1 0 Natural
10 1 0 Natural/ Domiciliar/ Na água
11 1 0 Normal/ Natural
*Gestante 4: antecedente de 1 parto normal e 1 cesárea
119
10.2 CARACTERIZAÇÃO DA DOR
O gráfico 1 apresenta os tipos de dor relatados pelas participantes durante
todo o estudo. Algumas gestantes apresentaram mais de um tipo de dor ao longo
das sessões.
Gráfico 1. Frequência dos tipos de dor relatados pelas participantes.
Dor lombar
Dor em Abdome
Dor Torácica
Dor cervical
Cefaléia
Dor em Membros
Cãimbra
Dor Articular
Tensão Muscular
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
8
3
3
3
2
2
1
1
1
Tipos de Dor e Frequência
120
10.3 APRESENTAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA DOR POR PARTICIPANTE
Os gráficos de 2 à 12 mostram a evolução da dor por paciente, antes e após
cada uma das sessões de Watsu® realizadas. As linhas azuis representam o escore
de dor pela Escala Visual Analógica antes da sessão e as linhas vermelhas
representam os escores de dor após a mesma sessão. Abaixo de cada um dos
gráficos, estão apontados os tipos de dor relatados em cada uma das sessões.
Observamos consistentemente que houve melhora dos níveis de dor iniciais
após todas as sessões, independentemente do tipo de dor relatado, sendo que na
maioria das sessões a gestante referia pontuação zero na EVA ao final da sessão.
Duas gestantes (1 e 6) queixavam-se de dores osteomioarticulares na
avaliação inicial para seleção das participantes, no entanto no primeiro dia de
atendimento tiveram pontuação zero na EVA.
Além dos gráficos, inserimos relatos escritos pelas participantes a respeito da
percepção dos resultados ao longo do tratamento.
121
10.3.1 Gestante 1
Na avaliação inicial, a Gestante 1 apresentava queixa de dores na coluna
cervical, dorsal e lombar.
Gráfico 2. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 1 antes e
após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Nenhuma dor
Sessão 2 Cãimbra
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 Articulação
Sessão 5 Articulação
Sessão 6 Nenhuma dor
Sessão 7 Cervical
Sessão 8 Nenhuma dor
10.3.1.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 1)
´´ Me senti muito bem, com diminuição das cãimbras,... Em relação à dor, não tenho queixas.
Percebo maior inchaço nas mãos e pernas. Estou mais fortalecida,...´´
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8
0
2
4
6
8
10
01
34
2
0
3
00 01
2
0 0 0 0
Gestante 1
Antes
Após
Escore
s d
e d
or
122
10.3.2 Gestante 2
Gráfico 3. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 2 antes e
após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar Cefaléia
Sessão 2 Lombar Cefaléia
Sessão 3 Lombar Cefaléia
Sessão 4 Lombar Cefaléia
Sessão 5 Cefaléia Nenhuma Dor
Sessão 6 Lombar Cefaléia
Sessão 7 Nenhuma Dor Nenhuma Dor
Sessão 8 Nenhuma Dor Nenhuma Dor
10.3.2.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 2)
´´ Tive menos dores de cabeça, e também pouco senti a lombar. Tenho me sentido um pouco ansiosa
e tensa, mas são questões particulares.´´
Sessão 1
( D
or
lom
bar)
Sessão 1
( cefa
léia
)
Sessão 2
( D
or
lom
ba)
Sessão 2
( cefa
léia
)
Sessão 3
(D
or
lom
bar)
Sessão 3
(cefa
léia
)
Sessão 4
(D
or
lom
bar)
Sessão 4
(cefa
léia
)
Sessão 5
(cefa
léia
)
Sessão 6
( D
or
lom
bar)
Sessão 6
(cefa
léia
)
Sessão 7
(nenhum
a d
or)
Sessão 8
(nenhum
a d
or)
0
2
4
6
8
10
5 5
2 21 1
3 32
43
0 01 1
0 0 0 0 0 0 0
21
0 0
Gestante 2
Antes
ApósEsc
ore
s d
e D
or
123
10.3.3 Gestante 3
A Gestante 3, não realizou a última sessão pois já havia iniciado o seu
trabalho de parto.
Gráfico 4. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 3 antes
e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar
Sessão 2 Lombar
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 Lombar
Sessão 5 Lombar
Sessão 6 Lombar
Sessão 7 Lombar
10.3.3.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 3)
´´ No começo o intervalo da dor era de 3 dias, após a terceira sessão o intervalo aumentou para 7
dias.´´
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7
0
2
4
6
8
10
5
2
56
5
32
0 0 0 0 0 0 0
Gestante 3
Antes
Após
Esc
ore
s d
e d
or
124
10.3.4 Gestante 4
Gráfico 5. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 4 antes e
após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar
Sessão 2 Nenhuma dor
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 Cefaléia
Sessão 5 Cefaléia
Sessão 6 Nenhuma dor
Sessão 7 (Dor 1) Lombar
Sessão 7 (Dor 2) Corpo
Sessão 7 (Dor 3) Cefaléia
Sessão 8 Nenhuma dor
10.3.4.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 4)
´´ Quando comecei a praticar o Watsu, não poderia imaginar o bem que ia trazer para mim. Agora
minhas semanas estão ótimas, não tenho mais dor.´´
Sessão 1
(D
or
lom
bar)
Sessão 2
(nenhum
a d
or)
Sessão 3
(D
or
lom
bar)
Sessão 4
(cefa
léia
)
Sessão 5
(cefa
léia
)
Sessão 6
(nenhum
a d
or)
Sessão 7
(D
or
lom
bar)
Sessão 7
(D
or
no c
orp
o)
Sessão 7
(cefa
léia
)
Sessão 8
(nenhum
a d
or)
0
2
4
6
8
10
4
02 2 2
02 2
3
00 0 0 0 0 0 0 02
0
Gestante 4
Antes
ApósEs
co
re d
e d
or
125
10.3.5 Gestante 5
Gráfico 6. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 5 antes
e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar
Sessão 2 Lombar
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 Torácica
Sessão 5 Torácica
Sessão 6 Torácica
Sessão 7 Torácica
Sessão 8 Torácica
10.3.5.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 5)
´´ Fico muito relaxada após o Watsu,...durmo muito bem na noite de quinta (que acontece o
atendimento), e no dia seguinte quase sem nenhuma queixa ou nenhuma. O fim de semana é mais
cansativo.´´
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8
0
2
4
6
8
10
4
8
5 5
3 34 4
01 1
0 0 01
0
Gestante 5
Antes
Após
Esco
res d
e d
or
126
10.3.6 Gestante 6
Apesar de referir dor lombar durante a primeira consulta de seleção, durante
os atendimentos subsequentes, a Gestante 6 apresentou pontuação zero na EVA em
praticamente todas as sessões.
Gráfico 7. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 6 antes
e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Nenhuma dor
Sessão 2 Abdominal
Sessão 3 Nenhuma dor
Sessão 4 Nenhuma dor
Sessão 5 Nenhuma dor
Sessão 6 Nenhuma dor
Sessão 7 Nenhuma dor
Sessão 8 Nenhuma dor
10.3.6.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 6)
´´ Não sinto mais as dores lombares como no inicio, na questão emocional, fiquei mais calma e
menos ansiosa e estou dormindo bem melhor, principalmente no dia em que faço o Watsu.´´
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8
0
2
4
6
8
10
0
2
0 0 0 0 0 0
Gestante 6
Antes
Após
Escore
s d
e d
or
0
127
10.3.7 Gestante 7
Gráfico 8. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 7 antes
e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Membros
Sessão 2 Membros
Sessão 3 Nenhuma dor
Sessão 4 Membros
Sessão 5 Torácica
Sessão 6 Coluna
Sessão 7 Torácica
Sessão 8 Tensão Muscular
10.3.7.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 7)
´´ Na sessão estava me sentindo bastante dolorida e estressada, logo após a sessão não sentia mais
nada, porém após a saída da academia percebi que as dores começaram a voltar e voltou aos
poucos, porém não senti necessidade de tomar medicamento.´´
´´ Percebo que as dores melhoraram bastante. Me sinto no entanto mais ansiosa e com apetite
maior...´´
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8
0
2
4
6
8
10
21
0
32 2 2 2
0 0 0 0 0 0 0 0
Gestante 7
Antes
Após
Es
co
res
de
do
r
128
10.3.8 Gestante 8
Gráfico 9. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 8 antes
e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar
Sessão 2 Lombar
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 Torácica
Sessão 5 Lombar
Sessão 6 Lombar
Sessão 7 (Dor 1) Lombar
Sessão 7 (Dor 2) Cervical
Sessão 8 Lombar
10.3.8.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 8)
´´ Com a barriga aumentando, as dores tem sido mais constantes (na lombar) principalmente quando
fico muito tempo em pé. Mas logo após o atendimento sempre sinto um alivio muito grande nessa
região, além de uma sensação geral de relaxamento e bem estar, assim como sono mais tranquilo.´´
Sessão 1
(D
or
lom
bar)
Sessão 2
( D
or
lom
bar)
Sessão 3
(D
or
lom
bar)
Sessão 4
(D
or
torá
cic
a)
Sessão 5
(D
or
lom
bar)
Sessão 6
( D
or
lom
bar)
Sessão 7
(D
or
lom
bar)
Sessão 7
(D
or
cerv
ical)
Sessão 8
(D
or
lom
bar)
0
2
4
6
8
10
6
2 2
5 5
2
6
4
7
3
0 0 01 1
4
1
3
Gestante 8
Antes
ApósEscore
s d
e d
or
129
10.3.9 Gestante 9
Gráfico 10. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 9 antes
e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar
Sessão 2 Lombar
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 (Dor 1) Lombar
Sessão 4 (Dor 2) Membros
Sessão 5 Lombar
Sessão 6 Lombar
Sessão 7 Lombar
Sessão 8 Nenhuma dor
10.3.9.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 9)
´´ Muito melhor. As dores praticamente sumiram e fico mais tranquila por mais tempo.´´
Sessão 1
(D
or
lom
bar)
Sessão 2
( D
or
lom
ba)
Sessão 3
(D
or
lom
bar)
Sessão 4
(D
or
lom
bar)
Sessão 4
(D
or
em
mem
bro
s)
Sessão 5
(D
or
lom
bar)
Sessão 6
(D
or
lom
bar)
Sessão 7
(D
or
lom
bar)
Sessão 8
(D
or
lom
bar)
0
2
4
6
8
10
54
6
2
53 3
20
20 0 0 0 0 0 0 0
Gestante 9
Antes
ApósEscore
s d
e d
or
130
10.3.10 Gestante 10
Gráfico 11. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante10
antes e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipos de Dor
Sessão 1 Lombar
Sessão 2 Lombar
Sessão 3 Lombar
Sessão 4 Lombar
Sessão 5 Lombar
Sessão 6 Lombar
Sessão 7 Nenhuma dor
Sessão 8 Lombar
10.3.10.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 10)
´´ Durmo profundamente na noite após a sessão e fico bem ao resto da semana.´´
´´ Praticamente ausência de dor durante toda a semana. Sono tranquilo e mais profundo.``
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8
0
2
4
6
8
10
32
3 3 3
10
3
0 0 0 01
0 0 0
Gestante 10
Antes
Após
Escore
s d
e d
or
131
10.3.11 Gestante 11
Gráfico 12. Escores de dor pela Escala Visual Analógica de dor da gestante 11
antes e após cada sessão de Watsu®.
Atendimentos Tipo de Dor
Sessão 1 Torácica
Sessão 2 Nenhuma dor
Sessão 3 Torácica
Sessão 4 (Dor1) Torácica
Sessão 4 (Dor2) Lombar
Sessão 5 (Dor1) Torácica
Sessão 5 (Dor2) Lombar
Sessão 6 (Dor1) Torácica
Sessão 6 (Dor2) Lombar
Sessão 6 (Dor3) Cervical
Sessão 7 Lombar
Sessão 8 Lombar
10.3.11.1 Relatos dos resultados ao longo da semana (Gestante 11)
´´ Me senti muito bem, dormi melhor, a dor melhorou e permaneceu bem por 3 dias.´´
Sessão 1
(D
or
torá
cic
a)
Sessão 2
(nenhum
a d
or)
Sessão 3
(D
or
torá
cic
a)
Sessão 4
(D
or
torá
cic
a)
Sessão 4
(D
or
lom
bar)
Sessão 5
(D
or
torá
cic
a)
Sessão 5
(D
or
lom
bar)
Sessão 6
(D
or
torá
cic
a)
Sessão 6
(D
or
lom
bar)
Sessão 6
(D
or
cerv
ical)
Sessão 7
(D
or
lom
bar)
Sessão 8
(D
or
lom
bar)
0
2
4
6
8
10
5
0
45 5
65
6
24
5
13
02
10 0 0
20
23
0
Gestante 11
Antes
ApósEscore
s d
e d
or
132
10.4 EFEITO GLOBAL DO WATSU®
Conforme mostra o gráfico 13, observamos que, ao final das 87 (100%)
sessões realizadas, em 70 (80,50%) sessões houve melhor completa da dor
(pontuação zero na EVA) e melhora parcial (redução dos escores na EVA) em 17
(19,50%). Não houve piora ou manutenção dos mesmos escores de dor, na
comparação entre a EVA inicial e a EVA ao final do atendimento, em nenhuma das
sessões.
Gráfico 13. Resposta da dor às sessões de Watsu® em relação ao total de sessões
realizadas.
133
10.4.1 Avaliação do grupo quanto à resposta da dor ao tratamento
A tabela 3 apresenta os resultados do grupo quanto à evolução da dor após
cada uma das sessões, evidenciando efeito significativo da terapia Watsu® na
redução da dor após as sessões. A gestante 6 foi excluída desta análise por não
apresentar dor de natureza osteomioarticular durante o período das sessões.
Tabela 3. Diferença nos escores de médios de dor antes e após cada sessão de
Watsu®.
Sessão
Diferença nos escores de dor antes
e após as sessões P**
Média ± Desvio-Padrão*
Sessão 1 3,00 ±1,41 <0.001
Sessão 2 2,00 ± 2,16 0.017
Sessão 3 2,70 ± 1,83 0.001
Sessão 4 3,40 ± 2,07 0.001
Sessão 5 2,30 ± 2,26 0.011
Sessão 6 1,70 ± 1,49 0.006
Sessão 7 1,60 ± 1,17 0.002
Sessão 8 1,33 ±1,80 0.057
**p-valores para o Teste t para amostras pareadas
134
Para avaliação do efeito de longo prazo, foi realizada análise de variância
(ANOVA) para medidas repetidas, comparando-se os escores médios de dor antes
das sessões, ao longo do tempo. Conforme observa-se no gráfico 14, não foi
observada redução significativa nos escores de dor ao longo do tempo. A gestante 6
também foi excluída desta análise.
Gráfico 14. Escores médios de dor antes do início das sessões ao longo do
tratamento com Watsu®.
Análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas (p=0,167).
135
10.5 QUALIDADE DE VIDA
A tabela 4 apresenta os resultados referentes à qualidade de vida, aferida
pelo WOQOL-BREF, no início do tratamento e ao final das oito sessões de Watsu®.
Os dados são apresentados por Domínio: Físico, Psicológico, Relações Sociais e
Meio Ambiente, bem como a avaliação geral da qualidade de vida e da saúde feitas
pelas participantes.
Tabela 4. Resultados da avaliação da qualidade de vida das gestantes obtidos pela
utilização do WHOQOL-bref antes e após as sessões de Watsu®.
Domínio
ANTES DO TRATAMENTO AO FINAL DO TRATAMENTO
P**
Média ± DP* Mínimo Máximo Média ± DP Mínimo Máximo
Físico 57,80 ±9,70 46,43 75,00 65,91 ±14,84 35,71 89,29 0,079
Psicológico 68,19 ±10,75 50,00 83,33 76,51 ±12,54 50,00 95,83 0,008
Relações
Sociais 69,70 ±14,00 41,67 91,67 71,97 ±14,56 50,00 91,67 0,736
Meio Ambiente 61,36 ±15,70 43,75 84,38 67,05 ±19,98 31,25 93,75 0,120
Avaliação geral
da qualidade de
vida
18,18 ±1,88 12,50 18,75 19,89 ±3,77 12,50 25,00 0,082
Avaliação geral
da saúde 18,18 ±1,88 12,50 18,75 19,89 ±2,53 18,75 25,00 0,082
*DP: Desvio-Padrão
**p-valores para o Teste t para amostras pareadas
Observamos que antes das sessões de Watsu®, a média de qualidade de
vida mais baixa se encontrava no âmbito físico e a média mais alta no âmbito social.
Após as oito sessões de Watsu®, houve aumento nos escores de percepção da
136
qualidade de vida em todos os domínios, no entanto apenas o domínio psicológico
apresentou diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
10.5.1 Avaliação Individual da Percepção de Qualidade de Vida por Domínios
Os gráficos 15 a 20 apresentam os dados de percepção da Qualidade de Vida
com os resultados individuais das participantes, em relação a cada um dos
domínios, antes e após o tratamento com Watsu®.
Gráfico 15. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio Físico
antes e após as oito sessões de Watsu®
Observamos que a maioria das gestantes apresentou melhora no domínio
físico após as oito sessões de Watsu®, com exceção das gestantes 5, 7 e 9 (Gráfico
15).
Gestante 1
Gestante 2
Gestante 3
Gestante 4
Gestante 5
Gestante 6
Gestante 7
Gestante 8
Gestante 9
Gestante 10
Gestante 11
0
20
40
60
80
100
5750 46
64
4657
64
46
6875
6161
7971 71
36
6457 57 57
8982
(Whoqol Bref) Qualidade de Vida
Domínio Físico
Inicio
Final
Participantes
Pontu
ação
137
Gráfico 16. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio
Psicológico antes e após as oito sessões de Watsu®.
Observamos que houve uma melhora geral no domínio psicológico das
gestantes após as oito sessões de Watsu®, com exceção da gestante 9 que
manteve este domínio sem alterações, e da gestante 7 que apresentou diminuição
deste (Gráfico 16).
Gestante 1
Gestante 2
Gestante 3
Gestante 4
Gestante 5
Gestante 6
Gestante 7
Gestante 8
Gestante 9
Gestante 10
Gestante 11
0
20
40
60
80
100
120
67 7179
50
7158 58 58
83 79 7583 79 83
6775
67
50
71
83 8896
(Whoqol Bref) Qualidade de Vida
Domínio Psicológico
Inicio
Final
Participantes
Pontu
ação
138
Gráfico 17. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio
Relações Sociais antes e após as oito sessões de Watsu®.
Observamos que houve uma melhora no domínio das relações sociais das
gestantes 2, 4, 9 e 11 após as oito sessões de Watsu®; para as gestantes 1, 7, 8 e
10 este domínio se manteve sem alterações, e para as gestantes 3, 5 e 6, houve
diminuição deste (Gráfico 17).
Gestante 1
Gestante 2
Gestante 3
Gestante 4
Gestante 5
Gestante 6
Gestante 7
Gestante 8
Gestante 9
Gestante 10
Gestante 11
0
20
40
60
80
100
67 67
83
42
92
67
50
75 75 75 7567
75 75
92
5058
50
7583
75
92
(Whoqol Bref) Qualidade de Vida
Domínio Relações Sociais
Inicio
Final
Participantes
Pontu
ação
139
Gráfico 18. Percepção da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref no Domínio
Meio Ambiente antes e após as oito sessões de Watsu®.
Observamos que houve uma melhora geral no domínio meio ambiente após
as oito sessões de Watsu®, com exceção das gestantes 3, 7, e 9 que apresentaram
diminuição deste domínio (Gráfico 18).
Gestante 1
Gestante 2
Gestante 3
Gestante 4
Gestante 5
Gestante 6
Gestante 7
Gestante 8
Gestante 9
Gestante 10
Gestante 11
0
20
40
60
80
100
7884 81
5056 53
4453
4453
7884 88
7566 69
56
31
72
34
69
94
(Whoqol Bref) Qualidade de Vida
Domínio Meio Ambiente
Inicio
Final
Participantes
Pontu
ação
140
Gráfico 19. Percepção global da qualidade de vida pelo WHOQOL-bref, antes e
após as oito sessões de Watsu®.
Observamos que pela percepção das participantes, a qualidade de vida se
manteve para a maioria; mas para as gestantes 1, 4 e 11, houve uma melhora
(Gráfico 19).
Gestante 1
Gestante 2
Gestante 3
Gestante 4
Gestante 5
Gestante 6
Gestante 7
Gestante 8
Gestante 9
Gestante 10
Gestante 11
0
5
10
15
20
25
30
19 19 19 19 19 19
13
19 19 19 19
25
19 19
25
19 19
13
19 19 19
25
(Whoqol Bref) Auto Avalliação da Qualidade de Vida
Inicio
Final
Participantes
Po
ntu
açã
o
141
Gráfico 20. Percepção global da Saúde pelo WHOQOL-bref, antes e após as oito
sessões de Watsu®.
Observamos que pela percepção das participantes, a saúde se manteve para
a maioria; mas para as gestantes 4, 8 e 11, houve uma melhora (Gráfico 20).
Gestante 1
Gestante 2
Gestante 3
Gestante 4
Gestante 5
Gestante 6
Gestante 7
Gestante 8
Gestante 9
Gestante 10
Gestante 11
0
5
10
15
20
25
30
19 19 19 19 19 19 19
13
19 19 1919 19 19
25
19 19 19 19 19 19
25
(Whoqol Bref) Auto Avaliação da Saúde
Inicio
Final
Participantes
Po
ntu
açã
o
142
10.6 SEQUÊNCIA DE WATSU® ADAPTADA PARA GESTANTES
Toda a sequência de Watsu® utilizada neste trabalho foi explicada no Capítulo
Material e Métodos. Da figura 1 à 37, apresentamos fotos de cada movimento
realizado com as grávidas e a descrição das adaptações que foram necessárias. Em
movimentos repetidos e livres, não apresentamos fotos.
10.6.1 Antes de começar
É importante auxilar uma mulher grávida a entrar na piscina, caso haja
escada e ela necessite de ajuda. A utilização de flutuadores em gestantes é ótima
para manter a sua lombar alongada livre de pressões e lhe passar segurança nos
movimentos, é interessante utilizar os flutuadores com maior diâmetro acima dos
joelhos.
Figura 1. Antes de começar.
143
10.6.2 Começando na parede
Neste momento inicial podemos dizer palavras como: ´´Sinta todo o seu
corpo, esteja consciente de como esta se sentindo, sinta o seu bebê e se permita
aproveitar este momento que é de vocês, quando estiver pronta para iniciarmos, de
alguns passos para frente``
Figura 2. Começando na parede.
144
10.6.3 Dança da respiração
Em uma gestante, nos dias frios podemos manter a sua barriga imersa para
que não sinta frio.
Figura 3. Dança da respiração. ↕
145
10.6.4 Balanço da respiração
Figura 4. Balanço da respiração. ↔
10.6.5 Liberando a coluna
Figura 5. Liberando a coluna.
146
10.6.6 Oferecendo suave
Figura 6. Oferecendo suave.
10.6.7 Oferecendo com uma perna, braços abertos
Sempre que realizamos um movimento de apoio do joelho cuidamos para não
forçar a perna da gestante contra o seu abdome.
Figura 7. Oferecendo com uma perna, braços abertos.
147
10.6.8 Oferecendo com duas pernas
Figura 8. Oferecendo com duas pernas.
10.6.9 Sanfona
Com gestantes, apenas deixamos que a cada expiração os quadris afundem,
realizando um movimento suave de sanfona, abrindo e fechando, como se
estivéssemos sentando-a de forma deitada, respeitando o limite da barriga com as
pernas.
Figura 9. Sanfona.
148
Figura 10. Sanfona sentada.
10.6.10 Sanfona rotativa
Figura 11. Sanfona rotativa.
149
10.6.11 Rotação de perna de dentro
Figura 12. Rotação de perna de dentro.
10.6.12 Rotação de perna de fora
Figura 13. Rotação de perna de fora.
10.6.13 Perna de fora por cima
Para gestantes, esta posição dependendo do tamanho da barriga pode fazer
com que a perna comprima o seu abdome, então mantemos a sua perna apoiada
em nosso braço, na altura da articulação do cotovelo.
150
10.6.14 Pressionando o braço
Muitas vezes não será possível alcançar todo o braço da gestante, pois a sua
perna não estará sobre nosso ombro, sendo assim massageamos até onde
conseguimos alcançar.
10.6.15 Mão no ponto mestre coração
Figura 14. Mão no ponto mestre coração.
10.6.16 Puxando o braço ao redor
Figura 15. Puxando o braço ao redor.
151
10.6.17 Pêndulo
Figura 16. Pêndulo.
10.6.18 Cabeça no ombro oposto
Para gestante muitas vezes não será possível realizar este movimento da
maneira orientada, para levar a cabeça dela ao seu ombro oposto será necessário
soltar seu joelho, empurra-lo para o lado esquerdo de seu corpo, e com a outra mão
segurar a cabeça dela, levando-a ao seu ombro oposto.
Figura 17. Levando a cabeça no ombro oposto.
152
Figura 18. Cabeça no ombro oposto.
10.6.19 Balanço braço e perna
Para gestantes, muitas vezes não estaremos com o nosso punho direito
segurando o seu joelho pois modificamos a manobra para colocar a sua cabeça em
nosso ombro, então, será possível com o nosso braço esquerdo, puxar seu braço
esquerdo e também realizar alguns movimentos circulares com a sua perna
segurando-a pelo flutuador, como também podemos realizar alongamentos puxando
o seu joelho lateralmente, se isto não a incomodar. Pode ser difícil alcançar a sua
perna devido ao tamanho da barriga, sendo assim colocamos pés dela contra a
parede, empurrando-a neste sentido até que as pernas se dobrem e você consiga
acessá-las.
153
Figura 19. Balanço braço.
Figura 20. Pegando a perna.
Figura 21. Balanço perna.
154
10.6.20 Joelho ao tórax
Este movimento quando realizado em gestantes deve ser bem observado
para que o alongamento da perna ocorra bem lateralmente sem gerar pressão no
abdome, no terceiro trimestre pode gerar incômodo, quando isto ocorrer este deve
ser excluído.
10.6.21 Voltar para a primeira posição
Figura 22. Voltar para a primeira posição.
PARTE II
Figura 23. Primeira posição do segundo lado.
155
10.6.22 Empurrar e puxar – oito
Figura 24. Empurrar e puxar – oito.
10.6.23 Vôo livre
Figura 25. Vôo livre.
10.6.24 Balanço esterno – sacro
Figura 26. Balanço esterno – sacro.
156
10.6.25 Alongando a coluna
Figura 27. Alongando a coluna.
10.6.26 Ondulando a coluna
Figura 28. Ondulando a coluna.↕
157
10.6.27 Quieto
Figura 29. Quieto.
10.6.28 Algas
Neste movimento podemos colocar a mão da grávida e a nossa em sua
barriga, demostrando amor ao bebê, mas para algumas mulheres colocar a mão em
suas barrigas pode ser muito intimo.
Figura 30. Algas.
158
PARTE III
10.6.29 Quatro na parede
Neste movimento devido ao tamanho da barriga, pode ser que as duas
pernas da grávida não fiquem apoiadas sobre a sua, o que não traz nenhum
problema. Pode aproveitar para colocar os braços dela sobre a própria barriga, de
forma a abraçar seu bebê.
Figura 31. Quatro na parede abraçando o peito.
Figura 32. Quatro na parede abraçando a barriga.
159
10.6.30 Sela (aberta ou fechada)
Em algumas grávidas que se sentem enjoadas na posição sentada, este
movimento pode ser excluído. Dependendo do tamanho da barriga, coloca-la na sela
aberta pode ser muito difícil, neste caso é aconselhável realizar a sela aberta,
seguindo do movimento do quatro na parede.
Figura 33. Sela fechada.
10.6.31 Perna de dentro no ombro
Não realizamos este movimento com gestantes por sua perna pressionar seu
abdome.
160
10.6.32 Ninar do Hara
Sem que a perna da gestante esteja sobre nosso ombro, podemos colocar
nossa mão e até ouvido em seu abdome de forma a transmitir cuidado e amor para
seu bebê, algumas mulheres podem sentir-se incomodadas caso um homem realize
este movimento, por ser bastante intimo.
Figura 34. Ninar do Hara.
10.6.33 Voltar para a parede e finalizar
Como a mulher esta grávida é interessante neste momento de finalização,
colocar as mãos dela no abdome, e no coração, realizando um gesto de amor entre
mãe e bebê.
161
Figura 35. Voltando para parede.
Figura 36. Mão em abdome e coração.
Figura 37. Finalizando.
162
11 DISCUSSÃO
O presente estudo apresenta resultados pioneiros da utilização da terapia
Watsu® no alívio de dores osteomioarticulares e na qualidade de vida durante a
gestação. Apesar de tratar-se de um estudo piloto, com pequeno número de
gestantes, pudemos observar melhora de dores osteomioarticulares e melhora da
qualidade de vida no domínio psicológico após oito sessões da terapia.
O Watsu® traz uma proposta prática de tratamento integral à gestante,
cuidando de todos os aspectos do seu ser, necessários para promover saúde, bem-
estar e qualidade de vida, de acordo com a OMS, que define a saúde como ´´Um
estado total de bem-estar físico, mental e social, não simplesmente ausência de
doença´´ (WHO, 1998). Nesse contexto, a Hidroterapia, em especial a terapia
Watsu®, foi escolhida dentre as terapias da Naturologia para este estudo, por reunir
efeitos em todos os aspectos do ser integral, incluindo benefícios fisiológicos e
psicológicos. Por estes mesmos motivos, optamos por selecionar duas variáveis
quantitativas de avaliação que pudessem mostrar o benefício fisiológico, por meio da
avaliação do efeito sobre as dores, e o benefício psicológico e de qualidade de vida,
por meio da percepção da qualidade de vida aferida pelo WHOQOL-bref.
A avaliação quantitativa das dores osteomioarticulares foi obtida empregando-
se a Escala Visual Analógica da Dor. Existem outros métodos para avaliação de dor,
no entanto a EVA foi a escolhida por estar amplamente validada na literatura,
inclusive para o grupo das gestantes (MARTINS E SILVA, 2005; ABRÃO, 2008;
ALVES, 2008). Obtivemos ainda uma avaliação qualitativa, por meio dos relatos das
gestantes ao longo do tratamento.
As participantes apresentavam localizações variáveis de dor: na região
lombar, cervical, membros e articulações, região torácica, cãimbras e tensão
muscular. Além disso, algumas também se queixaram de cefaléia e dor abdominal,
dores que poderiam não ser de natureza osteomioarticular e que não foram,
163
portanto, avaliadas neste estudo.
Para todos os tipos de dor, pudemos observar melhora completa e/ou parcial
imediatamente após todas as sessões de Watsu®. Assim, a prática de Watsu® em
gestantes promoveu alívio de dores osteomioarticulares após todas as sessões,
evidenciando importante melhora de curto prazo.
Em especial, as dores osteomioarticulares, são resultantes de adaptações
necessárias à gestação. Tem caráter contínuo e persistente, tendendo a se
intensificar com o avanço da gestação, podendo persistir até o seu final e
desaparecer somente após a recuperação e reestabelecimento completo do
organismo para os níveis prévios à gestação.
Sendo assim, lidar com as dores de uma mulher grávida é saber que aquele
processo causador e desencadeante do estímulo da dor pode continuar e até se
agravar no desenvolvimento gestacional. Nessas condições, a terapia Watsu® pode
substituir estímulos dolorosos por prazerosos (calor da água, sensação do toque),
para que a percepção da dor diminua, além de trazer benefícios musculares,
articulares e posturais.
Observando o relato que se segue, é possível compreender como a gestante
sente a intensidade da dor aumentando na medida em que a sua gestação avança:
´´ Com a barriga aumentando, as dores tem sido mais constantes (na lombar)
principalmente quando fico muito tempo em pé. Mas logo após o atendimento
sempre sinto um alivio muito grande nessa região, além de uma sensação geral de
relaxamento e bem estar, assim como sono mais tranquilo.´´ (Gestante 8)
Desta maneira, apesar de não ter sido evidenciada redução na dor de longo
prazo, a estabilização observada pode ser um efeito da terapia. Além disso,
devemos considerar que as aferições foram feitas com intervalo de sete dias, não
permitindo estabelecer quantitativamente a duração do efeito de cada uma das
164
sessões. Numa avaliação qualitativa, muitas participantes relataram manutenção do
efeito analgésico do Watsu® no decorrer da semana entre as sessões, conforme
pode ser evidenciado pelos relatos abaixo.
´´ No começo o intervalo da dor era de 3 dias, após a terceira sessão o
intervalo aumentou para 7 dias.´´ (Gestante 3)
´´ Quando comecei a praticar o Watsu, não poderia imaginar o bem que ia
trazer para mim. Agora minhas semanas estão ótimas, não tenho mais dor.´´
(Gestante 4)
´´ Fico muito relaxada após o Watsu,..durmo muito bem na noite de quinta
(que acontece o atendimento), e no dia seguinte quase sem nenhuma queixa ou
nenhuma. O fim de semana é mais cansativo.´´ (Gestante 5)
´´ Muito melhor. As dores praticamente sumiram e fico mais tranquila por mais
tempo.´´ (Gestante 9)
´´ Durmo profundamente na noite após a sessão e fico bem ao resto da
semana.´´ (Gestante 10)
´´ Me senti muito bem, dormi melhor, a dor melhorou e permaneceu bem por 3
dias´´ (Gestante 11)
Observando os relatos acima e também o próximo, percebemos que a prática
de Watsu® promoveu benefícios adicionais como a melhora no sono para algumas
gestantes.
165
´´ Não sinto mais as dores lombares como no início, na questão emocional,
fiquei mais calma e menos ansiosa, estou dormindo bem melhor, principalmente no
dia em que faço o Watsu.´´ (Gestante 6)
Para que não restringíssemos os efeitos de uma terapia tão profunda em
apenas um âmbito como o físico, decidimos avaliar o seu efeito em outros aspectos
que envolvem o ser como um todo. Para tanto, avaliamos o efeito do Watsu® na
qualidade de vida das gestantes, utilizando o Questionário de Qualidade de Vida-
Versão Breve (WHOQOL-bref) (OMS, 1996; WHOQOL GROUP, 1998). Apesar da
grande dificuldade na mensuração de um conceito tão abrangente quanto a
qualidade de vida, optamos por este questionário por estar traduzido para o
português, com aplicação validada e comprovada também nas gestantes (ABECHE,
2008; ABDAL; SILVA; BACIUK, 2008).
Pudemos observar aumento nos escores médios de percepção da qualidade
de vida em todos os domínios, no entanto houve diferença estatisticamente
significativa apenas para o domínio psicológico. O domínio físico e a avaliação global
da qualidade de vida e da saúde apresentaram resultados próximos da significância
estatística, sendo que, possivelmente, com o aumento do tamanho amostral, tais
resultados também poderiam atingir significância.
Outra possível explicação para a ausência de efeito significativo no Domínio
Físico é o fato de que as adaptações e dores tendem a se agravar conforme o a
gravidez evolui.
A melhora no domínio psicológico pode ser explicada, uma vez que, gestantes
são mulheres se preparando para serem mães, ou seja, são grandes cuidadoras,
com muitas responsabilidades, planejamentos e preocupações, necessitando de
todo cuidado psicológico possível. O Watsu® lhes ofereceu o cuidado, amparo,
apoio e nutrição emocional que necessitavam, fazendo com que se sintam cuidadas.
Em relação aos domínios Relações Sociais e Meio Ambiente, o efeito não
166
significativo da terapia pode ser explicado pela complexidade dos seus interferentes,
cujos, não dependem apenas das gestantes, mas sim de condições do ambiente no
qual estão inseridas, bem como o comportamento de indivíduos que as cercam. O
efeito da terapia nesse caso seria apenas indireto.
Além disso, as relações sociais e familiares podem exercer grandes
influências sobre a grávida, quer sejam frases ditas, ou posturas tais como ausência
de atenção de familiares, amigos e colegas de trabalho. E as condições do meio
ambiente, passam a ser observadas sob um novo prisma e muitas vezes, mostram-
se insatisfatórias para suprir as novas necessidades da gestante e seu filho.
Ao final do formulário do WHOQOL-bref, há duas questões que propõem uma
auto-avaliação global da qualidade de vida e da saúde dos avaliados. Em relação a
essas duas questões, foi encontrada maior pontuação ao final do tratamento, sem
diferença estatisticamente significativa na comparação entre o resultado inicial e
final. Isso pode estar relacionado ao pequeno tamanho amostral nesse projeto piloto
e também pelo fato de que está intimamente relacionada ao cômputo global dos
demais domínios.
Os benefícios que encontramos em relação à qualidade de vida e no
tratamento de dores durante a gestação com o uso do Watsu® já foram relatados em
estudo realizado por Dal'Pozzo; Adamchuk e Tecchio (2007), que avaliaram cinco
gestantes, as quais receberam dez atendimentos individuais de Watsu® e obtiveram
como resultado melhora em todos os parâmetros avaliados: ocorrência de dor na
coluna vertebral, falta de ar ou cansaço ao respirar, prisão de ventre, sensação de
peso e cansaço, edema de mãos e pés, formigamento e cãimbras, estados de
depressão, angústia e insegurança quanto à gravidez. Os autores constataram que o
alívio das dores na coluna tinha duração de horas, dias ou mesmo chegando ao
alívio completo para alguns dos casos. O trabalho não descreve os métodos de
avaliação de cada um destes parâmetros.
Não encontramos outros estudos que aferissem a qualidade de vida após a
167
terapia, de maneira mais específica, utilizando questionários validados e
padronizados.
O trabalho realizado pela Naturóloga Machado (2007), verificou os efeitos do
Watsu® na terceira idade, com oito voluntários que receberam oito sessões de
Watsu® realizadas uma vez por semana, com duração 60min por sessão. Os
resultados obtidos não mostraram melhora na qualidade de vida aferida pelo
WHOQOL-bref, nos diversos domínios. Esses resultados foram justificados pelo fato
de que o idoso se encontra em uma fase da vida na qual passa por degenerações
fisiológicas, acompanhadas por doenças e desequilíbrios emocionais relacionados
ao fim da vida, o que difere muito da realidade de gestantes e a fase da vida a qual
se encontram, fase de muita alegria, na qual a ocorrência de diversos sintomas, dor
e alterações emocionais não tem a conotação patológica ou permanente.
Outro estudo com Watsu®, realizado por Acosta (2010), avaliou o impacto do
método Watsu® sobre os sintomas de depressão e ansiedade como co-fatores da
percepção da dor. Sua amostra foi constituída de 23 participantes, sendo que 13
pessoas receberam atendimentos com Watsu® e as outras 10 pessoas receberam
uma técnica de relaxamento assistido. Obteve-se como resultado efeito significativo
na redução da dor de ambos os grupos pela EVA. Estes resultados ficam ainda mais
evidentes pelo fato de que o grupo tratado com Watsu® apresentava escores iniciais
de dor mais intensos do que o outro grupo, sugerindo que a demanda por eficácia
clínica foi maior para o grupo de Watsu®.
Os outros efeitos apresentados pelo Watsu®, acompanhados da interação
terapeuta/ interagente, podem ser melhor compreendidos pelas próprias palavras
das gestantes que resumem o todo de suas experiências nos anexos (A, B, C, D, E,
F, G, H, I, J).
Estes relatos mostram o Watsu® atuando em níveis mais profundos do que os
métodos de avaliação seriam capazes de mensurar. Entre eles podemos citar a
atuação do Watsu® no relaxamento, na percepção do bebê dentro do útero,
168
aumento do vínculo entre mãe e filho, promoção de bem-estar, prazer, liberdade,
paz, tranquilidade, alegria e satisfação com a vida, diminuição do estresse, tensão,
agitação e ansiedade, sensação de acolhimento, apoio e amparo, veículo de auto-
conhecimento e superação de limites, contato consigo mesma, aumento da
percepção corporal e de sentimentos e proporciona um estado meditativo. Ainda, a
terapia foi relatada como algo novo e mágico que possibilita ir além dos sentidos
comuns de percepção.
No desenvolvimento deste trabalho, não encontramos dificuldades na
realização dos atendimentos ou ocorrência de eventos adversos entre as
participantes.
Inicialmente, esperávamos observar queda da pressão arterial relacionada à
temperatura elevada da água e a labilidade pressórica da gestante, sendo que já
havíamos nos preparado para lidar com esta situação, interrompendo o atendimento,
monitorando a pressão arterial, posicionando a gestante em decúbito lateral
esquerdo e oferecendo água com sal até o restabelecimento. Caso a participante
apresentasse tais sintomas durante duas sessões consecutivas, seria excluída do
estudo. No entanto, nenhuma paciente apresentou tais sintomas e nenhum
procedimento foi necessário. Também não foi observada nenhuma complicação
gestacional durante o período do estudo, tais como trabalho de parto prematuro ou
internações por motivos clínicos.
As únicas dificuldades encontradas foram a necessidade de adaptação de
diversos movimentos, devido à anatomia da mulher grávida e a impossibilidade de
realizar alguns movimentos que gerassem pressão na região abdominal, pois
poderiam ser prejudicais para o bebê. Desta maneira, desenvolvemos adaptações
para as gestantes, conforme apresentado nos resultados.
As gestantes têm necessidades diferentes entre si, tanto pela fase da
gestação em que se encontram, quanto por características individuais, em termos
emocionais, físicos e sintomas que apresentam, assim como todos os aspectos que
169
englobam a individualidade de cada ser. Foi possível observarmos isto, pois uma
participante apresentava necessidade de um tipo de alongamento que para outra
causava incômodo, algumas participantes sentiam enjôo com movimentos de giro e
posições que as colocavam sentadas, outras sentia falta de ar em determinada
posição, outras necessitavam de mais conversa antes de iniciar a sessão, algumas
choravam, outras sorriam, outras dormiam e sonhavam. Em suma, a prática causou
diferentes efeitos, reações e percepções nas diferentes gestantes.
Seguem alguns relatos das diversas participantes ocorridos logo após a
sessão para ilustrar estas observações:
´´Fazia muito tempo que eu não me sentia assim tão bem´´
´´Será que eu sou tão boba assim? É normal chorar em toda sessão?´´
´´Eu entrei uma pessoa na água e sai outra´´
´´Eu deixei todas as dores na água´´
´´ Nossa eu entendi como está meu bebê no meu útero´´
´´Nossa eu relaxei tanto, acho que eu até sonhei´´
´´Eu gosto muito de vir aqui e receber Watsu, eu relaxo muito´´
´´Quando as sessões acabarem o que eu vou fazer da minha vida? Risadas´´
´´Esta sendo muito especial para mim``
170
´´Ai que gostoso, sinto ele mexer tanto``
Outro ponto a ser considerado é a escolha do terapeuta homem ou mulher, da
maneira que for mais adequada para a mulher. Algumas gestantes tem a
possibilidade de trabalhar terapeuticamente a relação com a figura masculina em
sua vida com um terapeuta homem, por exemplo, naquelas que sentem falta de
presença e cuidado do parceiro. Outras, porém, podem se sentir extremamente
incomodadas com o fato de um homem estar próximo delas. Tudo isto deve ser
observado, respeitado e acolhido pelo terapeuta que a acompanha.
Desta maneira, o presente estudo contribui para a confirmação da
aplicabilidade, segurança e eficácia da terapia Watsu® durante a gestação, no alívio
de dores osteomioarticulares e na promoção de qualidade de vida. Trata-se de um
estudo piloto e são necessárias novas pesquisas para melhor evidenciar estes e
outros benefícios da terapia Watsu® durante a gestação, inclusive comparando-a a
outras terapias disponíveis.
Em especial, devido às restrições de tratamentos medicamentosos durante a
gestação, a terapia Watsu® pode trazer maior alívio para desconfortos comuns
durante o período gestacional e que são frequentemente negligenciados ou
insatisfatoriamente tratados, como as dores osteomioarticulares.
As adaptações de movimentos desenvolvidas durante o presente estudo
estão disponíveis para a aplicação por outros profissionais, uma vez que se
mostraram factíveis, seguras e bem toleradas pelas participantes.
Além disso, o trabalho mostra a profundidade desta terapia que estende seus
efeitos benéficos nos níveis físico e psicológico e aponta para outros benefícios
como a melhora do sono e tantos outros relatados pelas participantes no presente
estudo. Contribui, ainda para ampliar e aprofundar o trabalho do Naturólogo durante
o período da gestação.
171
12 CONCLUSÃO
O presente trabalho, que avaliou a eficácia de oito sessões de Watsu® no
tratamento de dores osteomioarticulares e promoção da qualidade de vida durante a
gestação, permitiu concluir que a terapia Watsu®:
1. Foi bem tolerada, segura e de fácil aplicação durante a gestação;
2. Promoveu importante alívio imediato das dores osteomioarticulares nesse
período, evitando o aumento das dores a longo prazo;
3. Promoveu melhora da qualidade de vida no Domínio Psicológico das
gestantes.
172
13 REFERÊNCIAS ABDAL, Cardoso Marilisa; SILVA, da Luiz Vagner; BACIUK, Passos Erica. Atividade física e qualidade de vida na gravidez, 2008. In: Revista Científica do UNIFAE, São João da Boa Vista, v.3, n.1, 2009. Disponível em: http://www.fae.br/2009/PensamentoPlural/Vol_3_n_1_2009/ATIVIDA%20F%C3%8DSICA%20E%20QUALIDADE%20DE%20VIDA%20NA%20GRAVIDEZ.pdf Acesso em: 26 de outubro de 2010.
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180
14 APÊNDICE(S): (APÊNDICE A – TCLE- Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido)
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Os efeitos da Hidroterapia no Alívio de Dores Osteomioarticulares e na
Qualidade de Vida Durante a Gestação
Estamos convidando você a participar de uma pesquisa sobre a utilização do
Watsu®, que é um tipo de terapia na água, usada para melhorar dores e
desconfortos durante a gestação e também melhorar a qualidade de vida global
durante a gravidez. O Watsu® é uma técnica que usa movimentos suaves dentro de
piscina aquecida. Se você aceitar participar do estudo, fará 10 sessões de Watsu®,
com intervalo de uma semana entre elas e duração de aproximadamente de 50
minutos, em piscina aquecida a 35ºC, cuidadosamente planejada para oferecer
conforto e relaxamento.
A prática de Watsu® é segura durante a gestação para você e para seu bebê.
Se você sentir qualquer desconforto durante os movimentos dentro da água, eles
serão interrompidos. Em algumas participantes mais sensíveis, a temperatura alta da
água pode levar a queda da pressão arterial, produzido os sintomas de “pressão
baixa”, tais como mal-estar, tontura e náuseas. Nesse caso, a prática será
interrompida e serão realizados cuidados para normalizar a pressão arterial.
Nesse estudo, não incluiremos participantes com gestações de risco.
Portanto, caso você apresente alguma doença durante as semanas de terapia,
especialmente alguma das condições listadas abaixo, você deverá informar os
pesquisadores:
- Trabalho de parto prematuro ou contrações uterinas antes do trabalho de
181
parto;
- Sangramento vaginal;
- Pressão alta;
- Problemas no coração;
- Doenças da tireóide;
- Febre (temperatura acima de 38º C);
- Problema na função renal ou Infecção urinária;
- Convulsões;
- Infecções;
- Feridas na pele;
- Incontinência fecal;
- Labirintite;
- Sensibilidade a produtos químicos utilizados para higiene da piscina.
As responsáveis pelo estudo são Aline Tarraga de Almeida e Jéssica Moraes
Sogumo, alunas do curso de Naturologia da Universidade Anhembi Morumbi, sob a
Orientação do Prof. Antônio Maria Cardozo Acosta e a Co orientação da Profa. Dra.
Karen Cristine Abrão.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso as profissionais responsáveis pela
pesquisa, a Sra. Aline Tarraga de Almeida e Sra. Jéssica Moraes Sogumo, para o
esclarecimento de eventuais dúvidas, que poderão ser encontradas no endereço:
Alameda Ribeirão Preto nº 118, apt. 161 – Bela Vista. Telefone (11) 3253-2378 e
Rua: Baltar nº84 – Vila Califórnia. Telefone (11) 2912-2746. Alguma consideração ou
dúvida sobre a ética da pesquisa entre em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) – Rua Casa do Ator nº294, 7º andar – fone (11) 3847-3033 – e-mail:
pesquisa@anhembi.br.
É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar
182
de participar do estudo, sem prejuízo à continuidade de seu tratamento na
Instituição.
As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros participantes, não
sendo divulgado a identificação de nenhuma paciente. A participante terá o direito
de se manter atualizada sobre os resultados que sejam do conhecimento das
pesquisadoras.
Não haverá despesas pessoais para a participante em qualquer fase do estudo, as
despesas ocorrerão por conta das pesquisadoras. Também não há compensação
financeira relacionada à sua participação.
As pesquisadoras comprometem-se a utilizar os dados e o material coletado, como
fotos, apenas para a pesquisa e trabalhos na área.
Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Os efeitos da Hidroterapia no Alívio de
Dores Osteomioarticulares e na Qualidade de Vida Durante a Gestação”. Eu discuti
com a Sra. Aline Tarraga de Almeida e Sra. Jéssica Moraes Sogumo sobre a minha
decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os
propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e
riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes, assim
como a utilização dos dados e material coletado, como fotos, apenas para a
pesquisa e trabalhos na área. Ficou claro também que minha participação é isenta
de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar
o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido
ou no meu atendimento neste Serviço.
______________________________________ Data Assinatura do paciente/representante legal
183
______________________________________ Data Assinatura da testemunha Para casos de participantes analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual. Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo. ______________________________________ Assinatura do responsável pelo estudo. Aline Tarraga de Almeida _______________________________________ Assinatura do responsável pelo estudo. Jéssica Moraes Sogumo
184
(APÊNDICE B - Questionário de Qualidade de Vida – WHOQOL-bref da Organização Mundial de Saúde)
WHOQOL-bref Versão em português ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA
Coordenação do Grupo WHOQOL no Brasil
Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck
Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre- RS - Brasil
___________________________________________________________________________
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada Muito pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1 2 3 4 5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada Muito pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1 2 3
5
185
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito ruim
Ruim nem ruim nem boa
boa muito boa
1 Como você avaliaria sua
qualidade de vida? 1 2 3 4 5
muito
insatisfeito Insatisfeito
nem satisfeito nem insatisfeito
satisfeito muito satisfeito
2
Quão satisfeito(a) você está com a sua
saúde?
1 2 3 4 5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
nada muito pouco
mais ou
menos bastante extremamente
3 Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de
fazer o que você precisa? 1 2 3 4 5
4 O quanto você precisa de
algum tratamento médico para levar sua vida diária?
1 2 3 4 5
5 O quanto você aproveita a
vida? 1 2 3 4 5
6 Em que medida você acha que
a sua vida tem sentido? 1 2 3 4 5
7 O quanto você consegue se
concentrar? 1 2 3 4 5
8 Quão seguro(a) você se sente
em sua vida diária? 1 2 3 4 5
186
9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima,
barulho, poluição, atrativos)? 1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada muito pouco
médio muito completamente
10 Você tem energia suficiente
para seu dia-a- dia? 1 2 3 4 5
11 Você é capaz de aceitar sua
aparência física? 1 2 3 4 5
12 Você tem dinheiro suficiente
para satisfazer suas necessidades?
1 2 3 4 5
13 Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
14 Em que medida você tem
oportunidades de atividade de lazer?
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito ruim ruim nem ruim nem bom
bom muito bom
15 Quão bem você é capaz de
se locomover? 1 2 3 4 5
muito
insatisfeito Insatisfeito
nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito Muito satisfeito
16 Quão satisfeito(a) você está com o seu sono?
1 2 3 4 5
187
17
Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade
de desempenhar as atividades do seu dia-a-
dia?
1 2 3 4 5
18 Quão satisfeito(a) você
está com sua capacidade para o trabalho?
1 2 3 4 5
19 Quão satisfeito(a) você está consigo mesmo?
1 2 3 4 5
20
Quão satisfeito(a) você está com suas relações
pessoais (amigos, parentes, conhecidos,
colegas)?
1 2 3 4 5
21 Quão satisfeito(a) você
está com sua vida sexual? 1 2 3 4 5
22
Quão satisfeito(a) você está com
o apoio que você recebe de seus amigos?
1 2 3 4 5
23
Quão satisfeito(a) você está com
as condições do local onde mora?
1 2 3 4 5
24
Quão satisfeito(a) você está com o
seu acesso aos serviços de saúde?
1 2 3 4 5
25 Quão satisfeito(a) você
está com o seu meio de transporte?
1 2 3 4 5
As questões seguintes referem-se a com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas
semanas.
nunca Algumas
vezes frequentemente
muito frequentemente
sempre
26
Com que frequência você tem
sentimentos negativos tais como
1 2 3 4 5
188
mau humor, desespero, ansiedade, depressão?
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ..................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ..................................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
189
(APÊNDICE C - Escala Visual Analógica da Dor Associada) Escala visual analógica da dor associada (EVA) (Visual Analogue Scale - VAS)
190
15 ANEXO A - Relato livre sobre a experiência da Gestante 1
191
ANEXO B - Relato livre sobre a experiência da Gestante 3
192
ANEXO C - Relato livre sobre a experiência da Gestante 4
193
ANEXO D - Relato livre sobre a experiência da Gestante 5
194
ANEXO E - Relato livre sobre a experiência da Gestante 6
195
ANEXO F - Relato livre sobre a experiência da Gestante 7
196
ANEXO G - Relato livre sobre a experiência da Gestante 8
197
ANEXO H - Relato livre sobre a experiência da Gestante 9
198
ANEXO I - Relato livre sobre a experiência da Gestante 10
199
ANEXO J - Relato livre sobre a experiência da Gestante 11
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