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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
THALITA PERALTA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UM
EMPREENDIMENTO DE IMPACTO SOCIAL, UM ESTUDO DE CASO EM UMA
START-UP DE TREINAMENTOS UNIVERSITÁRIOS.
ORIENTADOR: RICARDO BORDEAUX REGO, DSc.
Niterói - RJ
2017
THALITA PERALTA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UM
EMPREENDIMENTO DE IMPACTO SOCIAL, UM ESTUDO DE CASO EM UMA
START-UP DE TREINAMENTOS UNIVERSITÁRIOS.
Projeto Final apresentado ao Curso de
Engenharia de Produção da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial
para aquisição do Grau de Engenheiro de
Produção.
ORIENTADOR: RICARDO BORDEAUX REGO, DSc.
Niterói – RJ
2017
4
THALITA PERALTA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UM
EMPREENDIMENTO DE IMPACTO SOCIAL, UM ESTUDO DE CASO EM UMA
START-UP DE TREINAMENTOS UNIVERSITÁRIOS.
Projeto Final apresentado ao Curso de
Engenharia de Produção da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial
para aquisição do Grau de Engenheiro de
Produção.
Aprovado em 11 de Janeiro 2017.
_______________________________________________________________ Prof.: Dr. Ricardo Bordeaux Rego – UFF
Orientador
_______________________________________________________________ Prof.: Dr. Ruben Huamanchumo Gutierrez – UFF
_______________________________________________________________
Prof.: José Geraldo Lamas Leite – UFF
Niterói – RJ
2017
AGRADECIMENTOS
Obrigada ao meu orientador, Ricardo Bordeaux, por me guiar na realização
deste projeto e por compartilhar comigo seu conhecimento, tornando possível a
elaboração deste estudo.
A todos os professores que estiveram presentes durantes essa jornada e
tornaram possível a minha evolução e o meu aprendizado durante os anos de
formação. Muito Obrigada!
A minha família, por sempre me apoiar em minhas decisões e por sempre
acreditar que um dia esse dia chegaria e que eu teria sucesso em minha profissão.
A minha mãe e ao meu pai que me passaram seus valores e me transmitiram
o maior amor de todos para que eu pudesse me tornar hoje, um profissional
consciente e comprometido em melhorar a vida ao meu redor.
Aos meus amigos, que estiveram ao meu lado durante toda a vida e me
ajudaram a ser quem sou e a definir e alcançar os meus objetivos.
Aos meus amigos da UFF que se fizeram essenciais na caminhada, que
estiveram ao meu lado quando precisei de ajuda, que aceitaram também quando
pude ajudar e que valorizaram sempre o companheirismo e a união para chegar ao
final dessa etapa de nosso caminho.
RESUMO
Em contrapartida com a crescente discussão em torno da sustentabilidade e a
inclusão dos valores do triple botton line no cenário empresarial, ainda existe grande
desconfiança quanto a viabilidade econômica de projetos e empresas com origem
em ideias de impacto socio-ambiental positivo. O presente estudo tem o objetivo de
estudar a viabilidade econômica de um empreendimento de impacto social para
desmitificar a ideia de que estes não são viáveis financeiramente. A utilização de
conceitos de projeção do fluxo de caixa e indicadores econômicos, Valor Presente
Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), permitiram a análise. Como
resultado, é apresentado o fluxo projetado e os valores de VPL e TIR para a
empresa baseados em uma projeção para os próximos dois anos.
Palavras-chave: Empreendedorismo de impacto social, Viabilidade econômico-
financeira, Sustentabilidade, triple botton line, Valor Presente Líquido, Taxa Interna
de Retorno.
ABSTRACT
In contrast to the growing debate about sustainability and the inclusion of triple botton
line values in the business scenario, there is still great distrust regarding the
economic viability of projects and companies that originate in ideas of positive socio-
environmental impact. The present study aims to study the economic viability of a
social impact enterprise to demystify the idea that these are not financially viable.
The use of cash flow projection concepts and economic indicators, Net Present Value
(NPV) and Internal Rate of Return (IRR) allowed the analysis. As a result, the
projected flow and NPV and IRR values for the company are shown based on a
projection for the next two years.
Keywords: entrepreneurship, Economic and financial viability, sustainability, triple
botton line, net present value, Internal rate of return.
SUMÁRIO
1 O PROBLEMA ....................................................................................................... 3
1.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3
1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA .................................................................. 5
1.3 OBJETIVOS, DELIMITAÇÕES E IMPORTÂNCIA DA PESQUISA ......................................... 6
1.4 QUESTÕES DA PESQUISA ........................................................................................ 6
1.5 DEFINIÇÃO DE TERMOS ................................................................................... 6
1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 7
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 9
2.1 O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE ............................................................ 9
2.2 O DESENVOLVIMENTO DO TRIPLE BOTTON LINE E A SUSTENTABILIDADE
EMPRESARIAL ........................................................................................................ 10
2.3 AVALIAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................... 11
2.3.1 PAYBACK SIMPLES 12
2.3.2 PAYBACK DESCONTADO 12
2.3.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO 12
2.3.4 TAXA INTERNA DE RETORNO 13
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................................................................... 14
3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA .............................................................................. 14
3.2 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 15
3.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ........................................................... 15
4 COLETA DE DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................... 16
4.1 HISTÓRICO DA EMPRESA ANALISADA ......................................................... 16
4.1.1 A EMPRESA ESTUDADA, “X”, E O EMPREENDERISMO DE IMPACTO
SOCIAL 16
4.2 RESULTADOS ECONÔMICO-FINANCEIROS ................................................. 19
4.2.1 INVESTIMENTO INICIAL 19
4.2.2 RECEITAS 20
4.2.3 CUSTOS 21
4.2.4 TRIBUTAÇÃO 23
4.2.5 ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 23
4.2.6 ESTUDO DE VIABILIDADE 29
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 32
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 32
5.2 DISCUSSÕES SOBRE AS QUESTÕES PROPOSTAS .................................... 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 34
LISTA DE ABREVIATURAS
TBL – Tripple Bottom Line
VPL – Valor Presente Líquido
TIR – Taxa Interna de Retorno
MEI – Microempreendedor Individual
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS SERVIÇOS NO PIB
BRASILEIRO ............................................................................................................... 4
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:FLUXO DE CAIXA: PAYBACK SIMPLES .................................................. 12
Tabela 2: FLUXO DE CAIXA - PAYBACK DESCONTADO....................................... 12
Tabela 3: NEGÓCIOS TRADICIONAIS X NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL ........ 18
Tabela 4: NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL X NEGÓCIOS TRADICIONAIS ........ 19
Tabela 5: INVESTIMENTOS "X" ............................................................................... 20
Tabela 6: ORIGEM RECEITAS MENSAIS DE "X" .................................................... 20
Tabela 7: RECEITAS MENSAIS "X" ......................................................................... 21
Tabela 8: CUSTOS FIXOS MENSAIS "X" ................................................................. 22
Tabela 9: CUSTOS VARIÁVEIS MENSAIS "X" ......................................................... 23
Tabela 10: ANEXO III DA LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE
2006 .......................................................................................................................... 26
Tabela 11: RECEITAS DE "x" DE ACORDO COM CRESCIMENTO EXPONENCIAL
E LINEAR .................................................................................................................. 27
Tabela 12: RECEITA DE "X" NO ANO 3 LIMITADA POR NÚMERO DE ALUNOS .. 28
Tabela 13: FLUXO DE CAIXA PROJETADO EMPRESA "X".................................... 29
Tabela 14:TAXA SELIC ACUMULADO 12 MESES NOVEMBRO 2012-2015........... 29
Tabela 15: VPL APLICADO PARA OS VALORES ACUMULADOS DE NOV 2012 -
2016 .......................................................................................................................... 30
Tabela 16: VALORES PARA CÁLCULO DA TIR ...................................................... 30
Tabela 17:VALOR DA TIR......................................................................................... 31
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: O COMPARATIVO DE PREÇOS CURSO EXCEL ENTRE "X" E
PRINCIPAIS CONCORRENTES ............................................................................... 17
Gráfico 2: COMPARATIVO DE PREÇOS CURSO VBA ENTRE "X" E PRINCIPAIS
CONCORRENTES .................................................................................................... 17
Gráfico 3:CRESCIMENTO EXPONENCIAL DAS RECEITAS DE "X" ....................... 27
3
O PROBLEMA
1.1 INTRODUÇÃO
O primeiro registro do conceito de sustentabilidade foi durante a Comissão Mundial
Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987. Segundo o relatório “Nosso
Futuro Comum”, resultado da Comissão e de mesmo ano, o conceito de
desenvolvimento seustentável se baseava na capacidade de satisfazer as
necessidades presentes sem comprometer as gerações futuras de satisfazerem as
suas necessidades.
O conceito de sustentabilidade foi resultado de um processo evolutivo que teve início
no ano de 1972, com o relatório “O limite do Crescimento”. Segundo Cavalcanti
(1994), o relatório foi responsável pela apresentação dos resultados de modelos
matemáticos criados para prever a relação entre o crescimento populacional, a
industrialização, produção de alimentos e os recursos naturais. A conclusão foi de
que, no modelo de produção da época, se atingiria o limite do crescimento em 100
anos e a solução seria a interrupção do crescimento econômico mundial e a
transferência de riquezas dos países ricos para os mais pobres.
Ainda da década de 1970, ocorreu a Conferência de Estocolmo, com a criação do
Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. Marcando o início da perspectiva
racional do ambientalismo, envolvendo o debate entre países subdesenvolvidos e
desenvolvidos e a importância do desenvolvimento econômico. (PASSOS, 2009).
De acordo com o relatório “Nosso Futuro Comum”, a sustentabilidade foi mais uma
resposta aos teóricos que acreditavam na estagnação econômica como solução
para os problemas socioambientais. Segundo o relatório, a sustentabilidade seria a
abertura de uma nova era, onde o crescimento econômico estaria apoiado em
soluções que expandissem a base de recursos naturais e permitissem a evolução
dos países subdesenvolvidos.
Segundo Cotim, Gouveia e Alves Lima (2006), o amadurecimento do conceito deu
origem a apresentação do desenvolvimento sustentável em três dimensões distintas
e coexistentes, as dimensões social, econômica e ambiental. A dimensão social traz
4
como principal viés os direitos humanos e consequentemente a busca pelo direito
dos trabalhadores, o cumprimento da ética e o envolvimento com a comunidade. A
dimensão econômica reflete a prosperidade como resultados positivos, garantia aos
acionistas, competitividade e relação com clientes e fornecedores. A dimensão
ambiental traz as preocupações acerca dos cuidados com o Planeta, sendo grande
enfoque na gestão de resíduos, nos recursos renováveis e na gestão de riscos.
Assim, a partir da coexistência das três dimensões e com a migração da
preocupação relacionada a sustentabilidade para o meio empresarial, o conceito
ganha uma nova realidade, e para este contexto passa a ser estudado e
desenvolvido como “sustentabilidade empresarial”.
De acordo com Coral (2002), o desenvolvimento sustentável engloba três princípios
básicos, equidade social, crescimento econômico e equilíbrio ambiental. Neste
contexto, o conceito de sustentabilidade empresarial deverá seguir esses princípios.
Dependendo assim o resultado das empresas a serem medidos através de sua
competitividade, sua relação com o meio ambiente e sua responsabilidade social.
FIGURA 1: CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Fonte: CORAL, 2002.
5
1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
Segundo Outhwaite e Bottomore (1993), o século XX foi marcado pelo grande
crescimento tecnológico e econômico dos países desenvolvidos. O surgimento de
novas técnicas de produção proporcionou a expansão da indústria e permitiu que a
produção industrial crescesse e se tornasse presente em todo o mundo. No entanto,
aliado ao crescimento industrial vieram as disparidades socioeconômicas e a grande
exploração ambiental.
Nas décadas de 1960 e 1970 surgem as preocupações de estudiosos com as
desigualdades sociais e consequências ambientais trazidas pelo modelo econômico
e industrial da época. Tais discussões dão então origem ao conceito da
sustentabilidade.
O termo então ganhou destaque mundial e passou a ser de grande importância,
trazendo o mundo empresarial para a discussão. No entanto, os mesmos ainda não
haviam conseguido ver como a sustentabilidade, poderia trazer benefícios
financeiros e desenvolvimento econômico.
Então, o conceito de desenvolvimento sustentável passa a ser representado por
uma estrutura conhecida como “Triple botton line”(TBL). Segundo ELKINGTON
(1994), O TBL é dependente de três principais pilares, o desenvolvimento
econômico, a preservação ambiental e o equilíbrio social.
Segundo Kavinski, Souza-Lima, Maciel-Lima e Florini (2010), A evolução dos termos
relacionados ao tema da Sustentabilidade traz uma abertura no mercado para o
mesmo e ainda o desenvolvimento do conceito da “Sustentabilidade Empresarial”.
Atualmente, o conceito de sustentabilidade se tornou um impulsionador de novos
negócios.
Segundo Yunus (2010), Os Negócios Sociais relacionam os modelos de business
tradicionais com a consciência da filantropia. Os mesmos surgem de ideias
baseadas na sustentabilidade e se tornam empreendimentos de sucesso, gerando
impactos positivos na sociedade sem comprometer o meio ambiente.
6
1.3 OBJETIVOS, DELIMITAÇÕES E IMPORTÂNCIA DA PESQUISA
O objetivo do projeto é analisar a sustentabilidade como fonte de inovação e
geradora de novos empreendimentos, sendo impulsionadora dos “Negócios Sociais”,
desenvolvidos a partir de uma necessidade social ou ambiental, não causando
impacto negativo em ambos e trazendo resultados financeiros positivos.
Para a análise, será realizado um estudo de caso na empresa “X”, tendo esta sido
impulsionada por uma necessidade de tornar acessível a toda a comunidade
universitária ferramentas informáticas exigidas hoje no mercado de trabalho
brasileiro.
A análise será então baseada no retorno financeiro gerado pelo investimento
realizado. Evidenciando o conceito de sustentabilidade como impulsionador de
novos negócios e fonte de sucesso empresarial.
1.4 QUESTÕES DA PESQUISA
O projeto pretende responder as seguintes questões:
• Qual a capacidade de um Negócio Social de gerar retorno financeiro e/ou ser
economicamente sustentável?
• Como utilizar ferramentas econômico-financeiras para determinar a viabilidade de
um empreendimento?
1.5 DEFINIÇÃO DE TERMOS
No decorrer deste estudo serão utilizados alguns termos necessários para o
entendimento do contexto investigado e para a realização dos testes e conclusões.
Portanto, os mesmo serão explicitados abaixo, possibilitando o entendimento do
projeto.
• Fluxo de caixa: Onde são expressas todas as movimentações do projeto,
despesas como valores negativos e retornos como valores positivos.
7
• Taxa Mínima de Atratividade (TMA): De acordo com Bordeaux-Rêgo (2009),
representa o valor da taxa de juros mínima estipulada como aceitável para o
retorno do investimento realizado em um projeto.
• Valor Presente Líquido (VPL): Representa a soma dos valores investidos,
negativos no fluxo de caixa, descontados da taxa mínima de atratividade, com o
retorno, valores positivos no fluxo de caixa, também descontados pela mesma
taxa. Quando o VPL é maior que zero, o projeto se mostra viável.
• Taxa Interna de Retorno (TIR): A taxa interna de retorno é a taxa que zera o valor
presente líquido. Ou seja, a taxa que iguala os investimentos com os retornos.
• Inovatividade: Segundo Al-Tuwajiri, Christensen e Hughes, citado por Abbade,
2014, a inovatividade está relacionada a capacidade da organização de se
adaptar a pressões ambientais e ter foco no desenvolvimento de estratégias de
produtos e mercados.
• Competitividade: De acordo com Coral (2002), a competitividade de uma
empresa está relacionada com sua capacidade de se diferenciar em um
determinado mercado.
1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Para realização do estudo proposto o projeto será organizado de acordo com o
descrito a seguir:
No primeiro capítulo será inicialmente realizada uma breve revisão da literatura, a
fim de orientar o leitor quanto ao que se busca e para que o tema seja melhor
conhecido. A partir da organização inicial, será estruturado o objetivo e os
questionamentos do projeto.
Com a delimitação realizada no primeiro capítulo, serão aprofundados os
conhecimentos nos temas relevantes ao estudo e a revisão da literatura utilizada no
embasamento teórico será apresentada no capítulo dois.
8
No terceiro capítulo será explicitada a metodologia utilizada para realização das
análises de dados e obtenção dos resultados.
9
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Em 1972 o relatório “Os Limites do Crescimento”, divulgado pelo MIT, trazia a
tese de que a crise ambiental se baseava no crescimento exponencial. Para reverter
a situação, era preciso atingir um equilíbrio global e apontar limites para o
crescimento. De acordo com o estudo, acreditar que a tecnologia poderia reverter o
quadro sem um freio no desenvolvimento era ainda mais perigoso. Por isso,
apontava percentuais necessários de redução na indústria, na agricultura e na
natalidade. Além disso, falavam sobre a necessidade de redistribuição dos recursos
dos países ricos para os pobres (MCCORMICK, 1989).
Segundo Cavalcanti (1994), a teoria do Limite do crescimento se baseava na
teoria de Malthus a respeito do risco inerente em um crescimento populacional
desenfreado. Sendo essa teoria contrária a filosofia do crescimento contínuo
pregado pelo desenvolvimento industrial. Com isso, o relatório foi amplamente
criticado tanto pelos defensores do desenvolvimento econômico dos países
ricos, quanto pelos representantes das economias ascendentes, que viam a
teoria como uma forma de impedir o seu crescimento.
Malthus (1959) afirma que, a partir do modelo de crescimento da população
americana na época do estudo, que era de duplicar em 25 anos, a população cresce
em uma progressão geométrica. Por outro lado, com a melhor política possível de
cultivo, com fomentos a agricultura e arroteamento de terras, se a produção pudesse
ser duplicada em 25 anos, esta produção estaria fornecendo o necessário para a
população. No entanto, nos 25 anos seguintes, não seria possível duplicar
novamente a produção. Sendo admitido por ele que a produção poderia aumentar a
quantidade necessária nos 25 anos anteriores, sendo a produção de alimentos uma
progressão aritmética.
Em 1973, Maurice Strong utiliza o conceito de ecodesenvolvimento pela
primeira vez e de acordo com Cavalcanti (1994), o conceito foi desenvolvido por
Ignacy Sachs e se divide em seis aspectos, sendo hoje visto como o precursor do
conceito de sustentabilidade e utilizado como um sinônimo, quando desenvolvido,
10
ainda trazia um aspecto separatista entre o subdesenvolvimento e o
superdesenvolvimento:
“a) a satisfação das necessidades básicas; b) a solidariedade com as
gerações futuras; c) a participação da população envolvida; d) a
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; e) a
elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social
e respeito a outras culturas, e f) programas de educação.”
(CAVALCANTI, 1994, p.15).
Em 1987, durante a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
surge pela primeira vez o termo “Sustentabilidade”. Segundo o Relatório de
Brundtland (1988), a Sustentabilidade persiste na capacidade de satisfazer as
necessidades do presente sem prejudicar as gerações futuras em satisfazerem as
suas próprias necessidades.
Além disso, o termo aparece no cenário mundial como uma opção para os conflitos
relacionados aos impactos ambientais, ao crescimento populacional e econômico e
ao ecodesenvolvimento, segundo trecho do relatório “Nosso futuro comum”(1988), a
comissão afirmava que o relatório não é uma previsão da decadência, da evolução
da poluição e da desigualdade social no mundo. O relatório tinha como objetivo o
contrário, apoiar a possibilidade de uma nova era de desenvolvimento econômico,
apoiado em praticas de conservação ambiental e tendo como resultado a diminuição
da pobreza nos países em desenvolvimento.
2.2 O DESENVOLVIMENTO DO TRIPLE BOTTON LINE E A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
O conceito do Triple botton line(TBL) é introduzido na lógica da sustentabilidade com
o objetivo de criar uma maior coerência entre o desenvolvimento sustentável e a
realidade das empresas.
Para Coral (2002), desenvolvimento sustentável engloba três princípios básicos,
equidade social, crescimento econômico e equilíbrio ambiental, os três princípios
formadores do triple botton line. E para que haja sustentabilidade empresarial, os
11
três pilares precisam ser respeitados. Esta constatação trazida pelo TBL define que
a sustentabilidade de uma organização dependerá de sua competitividade, sua
relação com o meio ambiente e de sua responsabilidade social.
O Triple botton line tem a capacidade de transmitir a essência do desenvolvimento
sustentável para a realidade das organizações mensurando o impacto de suas
atividades no mundo, incluindo a rentabilidade, o valor aos acionistas e o capital
social e ambiental. (Andrew Savitz citado por, Slaper and Hall, 2011).
Com o desenvolvimento do modelo do triple Botton line houve um movimento de
tradução dos conceitos de sustentabilidade para modelos estratégicos de
desenvolvimento sustentável. Assim, o ideal trazido pela sustentabilidade, passa a
ser desenvolvido como objetivo estratégico e modelo de desenvolvimento nas
organizações. Sendo necessária a criação de métricas e formas de mensurar os
resultados destes novos modelos.
Na lógica da busca por resultados do modelo, Addade (2014) constatou, a partir de
dados empíricos, uma correlação existente entre os desempenhos social, ambiental
e econômico das organizações. Além disso, foi observado que as três vertentes do
TBL estão correlacionadas com a inovatividade das empresas, ou seja, o
encorajamento a inovação é atrelado ao desempenho organizacional sustentável.
No entanto, o TBL não está apenas direcionado as organizações já existentes e ao
meio empresarial, segundo Slaper e Hall (2011), o conceito do triple bottom line
pode ser usado pelas comunidades para incentivar o crescimento e o
desenvolvimento econômico de forma sustentável.
2.3 AVALIAÇÃO FINANCEIRA
Segundo Assaf Neto (2008), o custo de capital é um custo de oportunidade,
relacionado ao retorno que se deixará de ganhar com a melhor opção de
investimento substituída pela opção em estudo. E qualquer retorno ao investimento
que cubra seu custo de capital, traz riqueza ao seu investidor.
12
Serão apresentados modelos determinísticos que tem como objetivo a avaliação de
projetos quanto ao seu retorno aos acionistas ou beneficiários.
2.3.1 PAYBACK SIMPLES
O Payback simples é um método que demonstra qual o período necessário para que
haja retorno do investimento inicial. Para isso, o método traz a valor presente os
fluxos de caixa do projeto. O período necessário para o retorno do investimento
termina quando a soma dos fluxos se iguala ao investimento inicial:
Ano 0 1 2 3 4 5 6
Fluxo de caixa 5.000 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500
Valor Acumulado 5.000 3.500 2.000 500 1.000 2.500 4.000
Tabela 1:FLUXO DE CAIXA: PAYBACK SIMPLES
Fonte: Adaptado de BORDEAUX-RÊGO (2006)
2.3.2 PAYBACK DESCONTADO
O Payback descontado é um método semelhante ao do Payback simples mas
considera uma determinada taxa de retorno para o fluxo. No exemplo a seguir, a
taxa considerada é de 15%.
Ano 0 1 2 3 4 5 6
Fluxo de caixa 5.000 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500
Valor presente 5.000 1.304 1.134 986 858 746 648
Valor Acumulado 5.000 3.696 2.561 1.575 718 28 677
Tabela 2: FLUXO DE CAIXA - PAYBACK DESCONTADO
Fonte: Adaptado de BORDEAUX-RÊGO (2006)
2.3.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO
Segundo Silva (2005), o Valor presente líquido representa a soma dos valores
descontados do fluxo de caixa do projeto. Ainda de acordo com Silva(2005), o VPL
representa a diferença entre valores presentes de receitas e custos, portanto, para o
fluxo em que VPL é maior que zero, o projeto é viável e, em uma comparação entre
projetos, que obtiver o maior VPL, é mais atrativo de acordo com este método.
13
Rj = valor atual das receitas;
Cj = valor atual dos custos;
i = taxa de juros; j =período em que as receitas ou os custos ocorrem;
n = número de períodos ou duração do projeto.
2.3.4 TAXA INTERNA DE RETORNO
A TIR, taxa interna de retorno de um projeto, é a taxa em que o VPL é nulo, ou seja,
a taxa máxima de retorno para que o projeto seja viável.
VPL= - I + ∑FCt
(1+r)t
n
t=1
+ VR
(1+r)n = 0
Em alguns casos, a TIR pode assumir múltiplos valores e, para Barbieri (2007) esse
comportamento é visto quando em um projeto as saídas e entradas se alternam.
14
3 METODOLOGIA DA PESQUISA De acordo com Rampazzo (2005) o Método se concretiza nas diversas etapas que
devem ser dados para solucionar um problema, é a coordenação unitária entre as
diversas etapas.
O objetivo deste capítulo é apresentar a metologia aplicada para desenvolvimento do
presente estudo e alcance dos objetivos propostos de avaliar a capacidade
financeira de sobrevivencia de empreendimentos de impacto social,
empreendimentos que nascem de uma necessidade social ou ambiental mas que se
tornam autosuficientes economicamente. E através da avaliação, fomentar novos
empreendedores a buscarem soluções com impacto social e ambiental positivos.
Para o presente trabalho, a metologia se concretiza nas seguintes etapas de elaboração do projeto:
1. Definição do objeto de estudo e da situação problema
2. Elaboração dos objetivos e questões a serem respondidas
3. Revisão bibiográfica
4. Definição da metodologia
5. Coleta e Análise de dados
6. Conclusões 3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA
O projeto é considerado quantitativo, por realizar as análises a partir de dados
concretos cedidos pela empresa. E não probabilístico por lidar com os dados
históricos completos, sem que haja a seleção de uma amostra para a realização das
análises futuras.
Assim, o estudo foi realizado em universo de informações cedidas pelo
empreendimento. Permitindo a projeção futura, pretendida pelo método utilizado, e
necessária para a avaliação do empreendimento quanto a sua sobrevivência
financeira.
15
3.2 COLETA DE DADOS
Os dados utilizados no estudo foram cedidos pelo empreendimento. Para a
realização do estudo, foi solicitado ao proprietário e responsável pelo controle
financeiro da empresa os dados referentes a Fluxos de caixa, DREs e Balanços
patrimoniais de todos os anos existentes. Sendo o histórico dos dados de extrema
importância para a realização do estudo, quanto mais longo fosse o período de
históricos registrados, melhor seria a análise e projeção realizada a partir dos
mesmos.
3.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS
O projeto se dividirá em duas fases, a primeira onde serão estudados e formatados
de acordo com o necessário para o projeto os dados financeiros de passado e
presente do empreendimento. Na segunda fase, o tratamento realizado nos dados
do passado serão utilizados para projeção futura do empreendimento.
A primeira fase utilizará os dados recolhidos do primeiro ano de funcionamento de
“x”, para realização, projeção e análise do fluxo de caixa da empresa ao longo dos
anos. A análise ocorrerá a partir dos métodos de valor presente líquido (VPL) e taxa
interna de retorno(TIR).
Todos os dados financeiros e de resultados obtidos na empresa serão vinculados a
um multiplicador “K” conhecido apenas pelos envolvidos na elaboração do presente
estudo. O multiplicador visa proteger os dados reais fornecidos pela empresa de
forma a alcançar nosso objetivo sem ir contra valores e exigências da empresa
estudada.
16
4 COLETA DE DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo é apresentada a empresa “X” e seu histórico e envolvimento com o
tema discutido neste documento. Além disso, o capítulo apresenta os dados e
análises gerados a partir dos mesmos para avaliação da empresa estudada.
Por fim, o objetivo do mesmo é demonstrar, através do histórico e das análises
realizidas, todas as informações utilizadas no estudo para responder aos
questionamentos propostos.
4.1 HISTÓRICO DA EMPRESA ANALISADA
A “X”, objeto do presente estudo, é uma empresa criada em 2015 por dois
estudantes de Engenharia de Produção da UFF. A empresa nasceu em Niterói,
oferecendo curso de Excel para universitários. Com sua primeira turma em
Novembro de 2015 hoje, oferece cursos de Excel e VBA em salas em Niterói e no
Rio de Janeiro, com a presença de um professor e monitorores.
No período de Maio de 2016 a Setembro de 2016, a empresa foi dirigida por três
sócios, tendo o terceiro sido convidado a entrar no negócio e tornar o seu mercado
de cursos on-line, já existente em uma segunda empresa, parte de “X”. A empresa
oferece também palestras com temáticas importantes para o mercado de trabalho e
reestrutura sua plataforma on-line, com pequenos vídeos de aprendizado rápido e
projetos futuros.
4.1.1 A EMPRESA ESTUDADA, “X”, E O EMPREENDERISMO DE IMPACTO
SOCIAL
Inserida na temática principal deste trabalho, a empresa nasce da observação de
seus fundadores do ambiente em que estavam inseridos, a comunidade acadêmica
de ensino público brasileiro. Neste contexto, observaram que a maioria dos alunos
sentia grande necessidade de se capacitar em ferramentas de informática para
conseguir inserir-se no mercado de trabalho. No entanto, a maioria das empresas
que ofereciam os cursos, aplicavam valores muito acima do acessível para um
estudante. Assim, os dois sócios identificaram ao mesmo tempo uma necessidade
social e um mercado ainda pouco explorado.
17
Como apresentado no gráfico 1, um comparativo entre o custo de ”X” para os
estudantes e o custo das principais empresas do ramo na cidade do Rio de Janeiro,
a empresa nasce democratizando o acesso a informação e tornando possível para
todos os estudantes a capacitação exigida pelas empresas.
Gráfico 1: O COMPARATIVO DE PREÇOS CURSO EXCEL ENTRE "X" E
PRINCIPAIS CONCORRENTES
Fonte: Elaborado pelo autor
Gráfico 2: COMPARATIVO DE PREÇOS CURSO VBA ENTRE "X" E
PRINCIPAIS CONCORRENTES
Fonte: Elaborado pelo autor
R$400,00
R$1.288,00
R$690,00
R$-
R$200,00
R$400,00
R$600,00
R$800,00
R$1.000,00
R$1.200,00
R$1.400,00
Hashtag Concorrente 1 Concorrente 2
Comparativo de preços - Excel
R$500,00
R$1.288,00
R$690,00
R$-
R$200,00
R$400,00
R$600,00
R$800,00
R$1.000,00
R$1.200,00
R$1.400,00
Hashtag Concorrente 1 Concorrente 2
Comparativo de preços - VBA
x
18
No entanto, como será apresentado neste trabalho, a viabilização do acesso de
todos aos cursos oferecidos, não tornou um problema o pilar econômico
apresentado no TBL e exigido em um modelo de empreendimento social bem
estruturado.
Além da evidência apresentada a respeito da inclusão de todos os estudantes em
um cenário competitivo para busca de vagas no mercado de trabalho, segundo o
Sebrae, em quadro comparativo entre empresas tradicionais e empreendimentos
sociais exibido na tabela 3, analisando impactos, investidores e públixo-alvo da
empresa “x”, a empresa se apresenta muito próxima aos objetivos de um
empreendimento de Impacto Social, se fixando na categoria.
Negócios Tradicionais Negócios de Impacto Social
Os impactos
Partem do conceito do economista Milton Friedman, segundo o qual a única função social da empresa é gerar lucro para seus acionistas.
São empreendimentos que visam ser rentáveis e lucrativos, mas gerando impacto social e contribuindo para
redução da pobreza.
Os investidores
Não levam em conta o impacto social. O foco é o modelo de negócio no qual maximize a sua rentabilidade.
O impacto social é importante na hora de escolher o projeto a ser
financiado.
O público-alvo
Classes A B e C. Nos últimos anos, a classe C tem sido um grande filão de
mercado por conta do número de pessoas e do poder de consumo.
As faixas de renda mais baixas, também chamadas de base da pirâmide. Além da classe C-, as
classes D e E.
Tabela 3: NEGÓCIOS TRADICIONAIS X NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL
Fonte: Adaptado de Sebrae.
A tabela 4 apresenta a interpretação das três vertentes no ambiente da empresa.
19
Negócios de Impacto Social “X”
Os impactos
São empreendimentos que visam ser rentáveis e lucrativos, mas gerando impacto social e contribuindo para
redução da pobreza.
A Empresa nasce da identificação de uma necessidade existente entre
estudantes em ter acesso a ferramentas exigidas no mercado de
trabalho.
Os investidores
O impacto social é importante na hora de escolher o projeto a ser
financiado.
O investimento foi realizado pelos próprios criadores. Esses deram prioridade ao projeto de impacto
social positivo.
O público-alvo
As faixas de renda mais baixas, também chamadas de base da pirâmide. Além da classe C-, as
classes D e E.
O público-alvo são estudantes universitários; O custo baixo,
pretende colocar no mesmo patamar todas as classes.
Tabela 4: NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL X NEGÓCIOS TRADICIONAIS
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2 RESULTADOS ECONÔMICO-FINANCEIROS
Com o objetivo de elaborar o fluxo de caixa da empresa “x”, a análise econômica foi
construída a partir do levantamento, em conjunto com os criadores da empresa, de
todo o custo envolvido no investimento inicial, custos relativos a determinado espaço
de tempo e receitas geradas durante esse intervalo determinado. O fluxo elaborado
é relativo a seu tempo de existência, desde sua criação em novembro de 2015 até
outubro de 2016.
4.2.1 INVESTIMENTO INICIAL
Relacionado ao mercado em que a empresa está inserida, onde o principal produto
comercializado é o conhecimento e o desenvolvimento deste, a empresa conseguiu
nascer a partir de um investimento muito restrito.
Durante investigação junto aos fundadores da empresa, o gasto com investimento foi
feito basicamente em função do investido para tecnologia utilizada para elaboração e
execução dos cursos e estrutura de salas de aula:
A tabela apresentada representa os custos iniciais ponderados pelo multiplicador k
utilizado para proteger os dados originais disponibilizados pela empresa sem
comprometer a avaliação do presente estudo.
20
O custo inicial de tributação MEI foi inesistente pois o modelo não exige investimento
inicial para incersão de empresas na categoria.
Discriminação dos investimentos Valor R$
Aluguel sala de aula R$ 731,11 MEI R$ 0,00 Projetor R$ 1.553,60 Computador 1 R$ 1.188,05 Computador 2 R$ 1.188,05 Site R$ 365,55
Total R$ 5.026,36
Tabela 5: INVESTIMENTOS "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2.2 RECEITAS
As receitas mensais variam de acordo com a quantidade de alunos inscritos e das
turmas abertas para o mês em questão e estão em função dos ganhos por aluno a
partir dos valores cobrados para cada modalidade de curso oferecida.
A empresa iniciou suas atividades oferencendo turma para aprendizado de Excel, do
conhecimento básico ao avançado na cidade de Niterói, RJ. Posteriormente, passou
a oferecer também curso de VBA, com preços especiais para alunos fidelizados no
curso de Excel.
A tabela 6 representa os reais valores dos cursos oferecidos pela empresa “x”. Estes
valores foram ponderados pelo multiplicador “k” para realização das análises.
Origem das receitas
Valor R$
Excel 400,00
VBA 500,00
Excel + VBA 800,00
Tabela 6: ORIGEM RECEITAS MENSAIS DE "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
Outra mudança ocorrida após a criação da mesma foi a expansão dos cursos para
serem também oferecidos na cidade do Rio de Janeiro, RJ.
21
A tabela 7 apresenta as receitas mensais, ponderadas pelo multiplicar “k”
apresentado anteriormente, referentes aos meses de novembro de 2015 a outubro
de 2016.
Discriminação das receitas mensais Valor Ponderado (k)
nov/15 R$ 3.655,54
dez/15 R$ 0,91
jan/16 R$ 6.214,41
fev/16 R$ 7.311,07
mar/16 R$ 0,91
abr/16 R$ 16.724,08
mai/16 R$ 16.815,47
jun/16 R$ 15.901,58
jul/16 R$ 17.272,41
ago/16 R$ 8.773,29
set/16 R$ 23.121,27
out/16 R$ 67.444,64
Total R$ 183.235,57
Tabela 7: RECEITAS MENSAIS "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2.3 CUSTOS
Os custos estão apresentados de acordo com sua classificação entre custos fixos
(CF) e custos variáveis (CV). Os custos fixos, relacionados as despesas que não são
influenciadas pela quantidade de alunos atendidos no mês em questão e os custos
variáveis, aqueles que sofrem influência da execução ou não de novas turmas ou do
tamanho destas.
Neste cenário, os CF são custos relativos a pagamento ao profissional responsável
pela área de marketing e gestão da imagem e redes sociais da empresa, custos
referentes a servidores do site e do e-mail da empresa e custos tributários, que
serão abordados e melhor retratados no tópico referente a tributação. A tabela 8
resume estes valores, ponderados pelo multiplicador “k”, mensalmente no período
estudado. As variações são decorrentes de modificação no valor dos serviços
atribuídos aos custos fixos.
Os CV são relacionados, em sua maioria, com a estrutura de aula criada pela
empresa estudada. Visando o melhor aproveitamento dos alunos, hoje, o número de
profissionais presente na aula varia de acordo com o número de alunos de uma
22
determinada turma. Sendo então os custos relativos a professores e monitores,
variáveis em função do número de turmas e do tamanho das mesmas. Além desses,
os CV também englobam hoje os custos com lanches e xerox das avaliações de
satisfação que são passadas no fim das aulas e, também bastante importante, o
aluguel das salas. Esse último é calculado em função das horas utilizadas. Sendo
neste caso também um custo relativo ao número de turmas realizadas em um mês.
Discriminação dos custos fixos mensais Valor R$
nov/15 R$ 223,90 dez/15 R$ 223,90 jan/16 R$ 223,90 fev/16 R$ 406,68 mar/16 R$ 455,02 abr/16 R$ 431,35 mai/16 R$ 614,13 jun/16 R$ 637,80 jul/16 R$ 614,13 ago/16 R$ 614,13 set/16 R$ 637,80 out/16 R$ 796,91
Total R$ 5.879,66
Tabela 8: CUSTOS FIXOS MENSAIS "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
A tabela 9 descreve, em função do multiplicador “k”, o montante total dos custos
variáveis mensalmente.
Discriminação dos custos variáveis mensais Valor ponderado (k)
nov/15 R$ 1.702,87
dez/15 R$ 0,00
jan/16 R$ 3.036,53
fev/16 R$ 3.040,19
mar/16 R$ 0,00
abr/16 R$ 7.042,39
mai/16 R$ 5.718,48
jun/16 R$ 7.039,95
jul/16 R$ 5.720,91
ago/16 R$ 3.045,06
set/16 R$ 5.737,97
out/16 R$ 15.127,22
Total R$ 57.211,58
23
Tabela 9: CUSTOS VARIÁVEIS MENSAIS "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2.4 TRIBUTAÇÃO
Segundo a Constituição Federal (Brasil, 2011) considera-se Microempreendedor
Individual (MEI) o empresário que tenha auferido, no ano anterior, receita bruta
inferior ou igual a 60.000. Além disso, em caso de início de atividades, a empresa
deve considerar o valor de 5.000 multiplicado pelo número de meses entre o início
de suas atividades e o fim do ano-calendário.
Segundo a Constituição Federal (Brasil 2008) o MEI será enquadrado no Simples
Nacional e será insento de tributações (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL.
Pagando apenas um valor mensal de quarenta e cinto reais.
Com a legislação apresentada, a empresa, durante o primeiro ano de estudo,
encontrava-se enquadrada no MEI e por isso, se manteve isenta dos impostos,
tendo apenas custo fixo de quarenta e cinco reais mensais entre novembro de 2015
e outubro de 2016.
No mês de novembro do ano de 2016, a empresa precisou se enquadrar no Simples
Nacional e precisou incluir custos de impostos e contador. Esses custos estão
presentes nas projeções do fluxo de caixa, retratadas na tabela 13, elaboradas a
partir do primeiro ano para os dois próximos anos de crescimento da empresa.
4.2.5 ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
Através dos dados alcançados por entrevistas com os sócios da empresa “X” e
análises do investimeto, receita, custos fixos e custos variáveis da empresa, foram
desenvolvidos os resultados apresentados a seguir referentes ao fluxo de caixa do
primeiro ano de atividades da empresa “x” e as projeções de fluxo para os dois anos
seguintes.
De acordo com a Lei complementar 139, de 14 de dezembro de 2011, aonde está
apresentada a tabela a seguir reproduzida, os empreendedores de pequeno porte
que não mais fazem parte do MEI, ou seja, detém receita maior que sessenta mil
24
reais, deverão migrar-se para o modelo de tributação denominado simples nacional,
aonde o MEI está incluso.
Neste modelo, em relação a receita bruta auferida no ano anterior ao ano em
questão para tributação, determina-se a alícuota a ser paga. Nesta já estão incluídas
todos os impostos esperados pelo setor no país. Conforme apresentado na tabela
10.
Portanto, por legislação no ano 1, a empresa foi enquadrada no MEI, no ano 2 esta
migra para o Simples Nacional com alícuota de 6% e no ano 3, segundo os
resultados apresentados a seguir, passa a pagar a alíquota de 17%.
Alíquotas e Partilha do Simples Nacional - Receitas de Locação de Bens Móveis e de Prestação de Serviços não relacionados nos §§ 5o-C e 5o-D do art. 18 desta Lei Complementar.
Após o estudo da tributação onde estaria incerida a empresa e alicuotas coerentes a
serem consideradas na análise, conforme a Tabela 10 apresenta, iniciou-se estudo
para definir qual a taxa de crescimento a ser considerada para projeção do fluxo de
caixa do primeiro ano.
Neste contexto, duas alternativas foram estudas, a primeira, utilizou-se da definição de uma curva exponencial de crescimento da receita baseada nos resultados dos 12 primeiros meses de “x” em atividade. O gráfico 3 apresenta essa curva e sua equação. A partir da curva elaborada projetou-se os valores de receita para novembro de 2017
e novembro de 2018, o que nos daria um panorama de crescimento de 3 anos. Em
paralelo a este processo, foi estudado também a taxa de crescimento anual através
de margem de crescimento da receita inicial para a final em um determinado ano.
Taxa de crescimento = 𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1
𝑥𝑖−1
Xi = Receita no último período do ano em que o estudo é realizado
Xi-1 = Receita no primeiro período do ano em que o estudo é realizado
25
A tabela 11 apresenta os valores alcaçados através da curva exponencial e da taxa
de crescimento linear. Neste estudo, iremos considerar inicialmente a taxa de
crescimento linear.
26
Receita Bruta em 12 meses (em R$)
Alíquota IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ISS
Até 180.000,00 6,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 4,00% 2,00%
De 180.000,01 a 360.000,00
8,21% 0,00% 0,00% 1,42% 0,00% 4,00% 2,79%
De 360.000,01 a 540.000,00
10,26% 0,48% 0,43% 1,43% 0,35% 4,07% 3,50%
De 540.000,01 a 720.000,00
11,31% 0,53% 0,53% 1,56% 0,38% 4,47% 3,84%
De 720.000,01 a 900.000,00
11,40% 0,53% 0,52% 1,58% 0,38% 4,52% 3,87%
De 900.000,01 a 1.080.000,00
12,42% 0,57% 0,57% 1,73% 0,40% 4,92% 4,23%
De 1.080.000,01 a 1.260.000,00
12,54% 0,59% 0,56% 1,74% 0,42% 4,97% 4,26%
De 1.260.000,01 a 1.440.000,00
12,68% 0,59% 0,57% 1,76% 0,42% 5,03% 4,31%
De 1.440.000,01 a 1.620.000,00
13,55% 0,63% 0,61% 1,88% 0,45% 5,37% 4,61%
De 1.620.000,01 a 1.800.000,00
13,68% 0,63% 0,64% 1,89% 0,45% 5,42% 4,65%
De 1.800.000,01 a 1.980.000,00
14,93% 0,69% 0,69% 2,07% 0,50% 5,98% 5,00%
De 1.980.000,01 a 2.160.000,00
15,06% 0,69% 0,69% 2,09% 0,50% 6,09% 5,00%
De 2.160.000,01 a 2.340.000,00
15,20% 0,71% 0,70% 2,10% 0,50% 6,19% 5,00%
De 2.340.000,01 a 2.520.000,00
15,35% 0,71% 0,70% 2,13% 0,51% 6,30% 5,00%
De 2.520.000,01 a 2.700.000,00
15,48% 0,72% 0,70% 2,15% 0,51% 6,40% 5,00%
De 2.700.000,01 a 2.880.000,00
16,85% 0,78% 0,76% 2,34% 0,56% 7,41% 5,00%
De 2.880.000,01 a 3.060.000,00
16,98% 0,78% 0,78% 2,36% 0,56% 7,50% 5,00%
De 3.060.000,01 a 3.240.000,00
17,13% 0,80% 0,79% 2,37% 0,57% 7,60% 5,00%
De 3.240.000,01 a 3.420.000,00
17,27% 0,80% 0,79% 2,40% 0,57% 7,71% 5,00%
De 3.420.000,01 a 3.600.000,00
17,42% 0,81% 0,79% 2,42% 0,57% 7,83% 5,00%
Tabela 10: ANEXO III DA LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE
DEZEMBRO DE 2006
Fonte: Lei complementar nº123
27
Gráfico 3:CRESCIMENTO EXPONENCIAL DAS RECEITAS DE "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
Após o segundo ano, observamos que, mesmo utilizando um crescimento linear, a
empresa alcançaria segundo o método utilizados, valores muito altos de receita.
Valores esse que, a extrutura hoje apresentada por “X” como os recursos tanto
humanos como operacionais de funcionamento, por exemplo as salas, não seriam
suficientes para alcançar esta projeção.
Taxa de crescimento y=72,1e(0,5571x) Crescimento linear
Ano 2 R$ 46.198.322,43 R$ 3.197.460,76
Ano 3 R$ 36.980.406.093,87 R$ 52.598.229,44
Tabela 11: RECEITAS DE "x" DE ACORDO COM CRESCIMENTO
EXPONENCIAL E LINEAR
Fonte: Elaborado pelo autor
Assim, baseando-nos no que hoje “x” dispõe de recursos, extipulou-se uma receita
máxima de alcance no ano 3 baseada no número de alunos máximo suportados
neste ano. O valor da receita em questão será apresentado no fluxo de caixa e a
tabela 12 a seguir apresenta os calculos da receita máxima:
Mês Alunos Valor Ponderado
y = 72,1e0,5571x
R$ 0,00
R$ 10.000,00
R$ 20.000,00
R$ 30.000,00
R$ 40.000,00
R$ 50.000,00
R$ 60.000,00
R$ 70.000,00
R$ 80.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Crescimento exponencial receitas
28
(k)
nov/17 1100 R$ 402.108,97
dez/17 1100 R$ 0,91
jan/18 1100 R$ 402.108,97
fev/18 1100 R$ 402.108,97
mar/18 1100 R$ 0,91
abr/18 1100 R$ 408.963,10
mai/18 1100 R$ 407.592,27
jun/18 1100 R$ 408.506,16
jul/18 1100 R$ 406.221,45
ago/18 1100 R$ 402.108,97
set/18 1100 R$ 409.876,98
out/18 1100 R$ 413.989,46
Total R$ 4.063.587,11
Tabela 12: RECEITA DE "X" NO ANO 3 LIMITADA POR NÚMERO DE
ALUNOS
Fonte: Elaborado pelo autor
Com base nos dados apresentados e análises descritas, elaborou-se o fluxo de
caixa projetado até o terceiro ano de vida da empresa “X”.
29
Ano 1 Ano 2 Ano 3
(+) Receitas R$ 183.235,57 R$ 3.197.460,76 R$ 4.063.587,11
(-) Simples Nacional R$ - R$ 191.847,65 R$ 690.809,81
(-) ICMS R$ - R$ - R$ -
(=) Receitas Líquidas R$ 183.235,57 R$ 3.005.613,11 R$ 3.372.777,31
(-) Custos Fixos R$ 5.879,66 R$ 108.479,65 R$ 137.769,15
(-) Custos Variáveis R$ 57.211,58 R$ 1.055.553,59 R$ 1.340.553,06
(=) Lucro operacional (Ebitda) R$ 120.144,34 R$ 1.841.579,88 R$ 1.894.455,10
(-) Depreciação R$ - R$ - R$ -
(=) Lucro antes do IR (lair) R$ 120.144,34 R$ 1.841.579,88 R$ 1.894.455,10
(-) IR R$ - R$ - R$ -
(=) Lucro Líquido R$ 120.144,34 R$ 1.841.579,88 R$ 1.894.455,10
(+) Depreciação R$ - R$ - R$ -
(=) Fluxo de caixa Global R$ 120.144,34 R$ 1.841.579,88 R$ 1.894.455,10
Tabela 13: FLUXO DE CAIXA PROJETADO EMPRESA "X"
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2.6 ESTUDO DE VIABILIDADE
A partir do fluxo de caixa construído do ano 1 e das projeções para os dois anos
seguintes baseados na taxa de crescimento definida junto a levantamentos na
empresa “X”, desenvolveu-se estudo de viabilidade econômico-financeira utilizando
os indicadores anteriormente discutidos e tidos como mais eficientes para a
avaliação de um projeto ou uma empresa, o VPL e a TIR.
A primeira etapa para cálculo dos indicadores mensionados acima foi a definição da
taxa de juros i, essa taxa, denominada a taxa de desconto do projeto é referente ao
custo de capital investido. Neste contexto, foi definida como taxa de juros “i” o
acumulado de 12 meses de novembro de cada ano entre 2016 e 2012 da taxa Selic.
Os valores da taxa Selic brasileira utilizados foram retirados diretamente do site da
Receita Federal do Brasil e estão dispostos na tabela 14.
Nov/Ano 2012 2013 2014 2015 2016
Janeiro 8,94% 8,05% 10,81% 13,25% 14,22%
Tabela 14:TAXA SELIC ACUMULADO 12 MESES NOVEMBRO 2012-2015
Fonte: Receita Federal do Brasil
30
4.2.6.1 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)
A Partir da taxa Selic escolhida, calculou-se o VPL a partir de todas as taxas de
2012 a 2016. E observou-se valores bem distantes de 0 o que demonstra que, com
aplicação dessas taxas ou com aumento bem significativo futuro da taxa selic, o
projeto ainda assim se materá atrativo e viável economicamente.
Custo de capital (SELIC) VPL
8,94% R$ 3.122.272,64
8,05% R$ 3.185.356,70
10,81% R$ 2.995.541,86
13,25% R$ 2.841.204,65
14,22% R$ 2.783.071,56
Tabela 15: VPL APLICADO PARA OS VALORES ACUMULADOS DE NOV
2012 - 2016
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.2.6.2 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)
Após determinação do VPL e ainda utilizando as taxas SELIC como taxa de
oportunidade ser comparada com a TIR, calculou-se a taxa interna de retorno a partir
do investimento inicial e dos fluxos de caixa calculados e projetados. Neste contexto,
mais uma vez encontrou-se uma TIR bastante maior que qualquer SELIC a ser
considerada no intervalo destes cinco anos.
Investimento inicial -R$ 5.026,36
Ano 1 R$ 120.144,34
Ano 2 R$ 1.841.579,88
Ano 3 R$ 1.894.455,10
Tabela 16: VALORES PARA CÁLCULO DA TIR
Fonte: Elaborado pelo autor.
32
5 CONCLUSÃO 5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da crescente preocupação do cenário político-econômico e da sociedade
com a necessidade de basear-se o desenvolvimento mundial em conceitos e ações
que preservem também os valores sociais e ambientais, ainda existe uma
desconfiança muito grande a cerca da rentabilidade de novos projetos e inovações
que nascem a partir destes conceitos.
Os Negócios Sociais ou Negócios de Impacto Socias, empreendimentos onde seus
idealistas, a partir da valorização da ideologia que nasceu com a Sustentabilidade,
enxergam oportunidades inovadoras em necessidades sociais e/ou ambientais, se
tornam rentáveis e novas oportunidades para o mercado empreendedor.
O presente estudo tem o objetivo de, a partir do estudo de caso de um
empreendimento social no mercado de treinamentos universitários, evidenciar a
capacidade do empreendimentos de impacto social positivo em serem
econômicamente viáveis e assim fomentar o desenvolvimento de novos negócios
baseados nos três pilares da sustentabilidade.
O estudo de caso na empresa “X”, através de reuniões e recolhimento dos dados
financeiros junto aos seus criadores, desenvolveu o fluxo de caixa de seu primeiro
ano, definiu a partir de taxa de crescimento definida como melhor em relação a
empresa e seu mercado e projetou seu fluxo de caixa para os próximos dois anos.
Com isso, utilizou-se os dois melhores indicadores financeiros par avaliação da
viabilidade econômica de “X”, o VPL e a TIR.
O presente estudo, através do cálculo de um VPL positivo e uma TIR de valor
superior ao valor da taxa de oportunidade, configurou “X” como um negócio não só
desenvolvido no pilar social, por ter nascido da identificação de uma necessidade de
tornar acessível a comunidade academica conhecimentos valorizados no mercado,
mas também um negócio que traz retorno financeiro para seus idealizadores.
33
Com esta conclusão, constatou-se os novos mercados promissores que os valores
da sustentabilidade desenvolvidos em conjunto com o empreendedorismo criou e
percebeu-se a capacidade de desenvolver os três pilares da sustentabilidade no
desenvolvimento de novas empresas.
5.2 DISCUSSÕES SOBRE AS QUESTÕES PROPOSTAS
• Qual a capacidade de um Negócio Social de gerar retorno financeiro e/ou ser
economicamente sustentável?
A partir da análise realizada no estudo de caso, constatou-se através da startup “x”
que, em termos de oportunidade e retorno financeiro, “X” teva a mesma capacidade
de gerar retorno que empresas não consideradas socialmente impactantes.
Desta forma, evidenciou-se que, limitações na capacidade de sobrevivencia
econômica por parte de empreendimentos com maior fomento no desenvolvimento
social não são verdade e que não é o desenvolvimento de uma empresa de impacto
socio-ambiental positivo que pode torná-la não rentável e economicamente viável.
• Como utilizar ferramentas econômico-financeiras para determinar a viabilidade de
um empreendimento?
O presente estudo descreveu e desenvolveu metodologia necessária para realização
de um estudo de viabilidade baseado em indicadores confiáveis e que tragam
respostas sobre o futuro de acordo com a realidade da empresa hoje e no passado.
34
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