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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
EDINÉIA BENVENUTTI HEIL
A PERCEPÇÃO DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL SOBRE O ESPORTE
ADAPTADO
Itajaí
2008
EDINÉIA BENVENUTTI HEIL
A PERCEPÇÃO DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL SOBRE O ESPORTE
ADAPTADO
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde. Orientadora: Prof.a Dr.a Lísia Regina Ferreira Michels
Itajaí
2008
A PERCEPÇÃO DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL SOBRE O ESPORTE
ADAPTADO
Acadêmica: Edinéia Benvenutti Heil
Orientadora: Lísia Regina Ferreira Michels
Defesa: Junho de 2008
Área de conhecimento: 7.07.00.00-1 – Psicologia.
Sub-área de conhecimento: 7.07.02.01-2 – Processos Perceptuais e Motores.
RESUMO: O esporte adaptado é um importante reeducador e reabilitador de pessoas com deficiência visual. Devido às limitações e/ou preconceitos sofridos, há uma tendência ao sedentarismo e até à reclusão total das pessoas com deficiências e o esporte adaptado é uma oportunidade para que essas pessoas redescubram a vida social. Os objetivos deste estudo são: analisar a percepção dos deficientes visuais sobre o esporte adaptado, as possíveis contribuições do esporte adaptado na inclusão social de pessoas com deficiência visual e os possíveis benefícios do esporte adaptado para essas pessoas. Esta pesquisa, com enfoque qualitativo, foi desenvolvida na Associação dos Deficientes Visuais de Itajaí e Região. Participaram deste estudo quatorze atletas com deficiência visual, os dados foram coletados por meio de uma entrevista semi-estruturada. Os dados foram analisados pela técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (1977). A partir dos dados coletados emergiram três categorias e duas subcategorias, que foram: Benefícios do esporte adaptado às pessoas com deficiência visual, Melhora da auto-estima (sub-categoria), Motivação (sub-categoria), Esporte adaptado como superação das dificuldades impostas pela deficiência e Inclusão social através do esporte adaptado. A pesquisa evidenciou que a prática do esporte adaptado pelas pessoas com deficiência visual ajuda a vencer barreiras e limitações impostas pela deficiência e pela sociedade, contribui para o aumento da auto-estima, da motivação, da autonomia e independência. PALAVRAS-CHAVE: Psicologia do esporte. Esporte adaptado. Deficiência visual.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Dados pessoais ......................................................................................22
Quadro 2 – Classificação da deficiência visual .........................................................23
Quadro 3 – Modalidade de esporte adaptado e tempo que pratica...........................23
LISTA DE SIGLAS
ABDC – Associação Brasileira de Desporto para Cegos
ABDEA – Associação Brasileira de Desportos para Amputados
ABDEM – Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais
ABRADECAR – Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas
ADD – Associação Desportiva para Deficientes
ANDE – Associação Nacional de Desporto para Excepcionais
CBDS – Confederação Brasileira de Desportos para Surdos
IBC – Instituto Benjamin Constant
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................6
2 OBJETIVOS .............................................................................................................8
2.1 Objetivo geral ......................................................................................................8
2.2 Objetivos específicos ..........................................................................................8
3 EMBASAMENTO TEÓRICO ....................................................................................9
3.1 Histórico da deficiência visual ...........................................................................9
3.2 Conceito e classificação de deficiência visual ...............................................10
3.3 Psicologia do esporte .......................................................................................13
3.4 Esporte adaptado ..............................................................................................15
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..........................................................................19
4.1 Sujeitos da pesquisa .........................................................................................19
4.2 Instrumento ........................................................................................................19
4.3 Coleta de dados .................................................................................................20
4.4 Análise dos dados .............................................................................................20
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................22
5.1 Benefícios do esporte adaptado ......................................................................23
5.2 Melhora da auto-estima ....................................................................................25
5.3 Motivação ...........................................................................................................26
5.4 Inclusão social ...................................................................................................27
5.5 Esporte adaptado como superação das dificuldade s impostas pela
deficiência ..........................................................................................................28
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................31
REFERÊNCIAS .........................................................................................................34
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista .....................................................................38
APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclare cido (aos atletas) ........39
1 INTRODUÇÃO
O esporte para atletas com deficiência tem sido abordado desde os séculos
XVIII e XIX, atestando a importância da atividade física como agente reeducador e
reabilitador destas pessoas. Em 1984 foi criada a Associação Brasileira de Desporto
para Cegos (ABDC), com o intuito de organizar e desenvolver o esporte para atletas
com deficiência visual (ABDC, 2000).
Segundo Almeida (2004a) uma deficiência pode significar sedentarismo e
até uma reclusão total, devido às limitações encontradas ou pelo preconceito sofrido
pelas pessoas com deficiência. Assim quanto menos o deficiente visual interagir
fisicamente no ambiente, menos relacionar-se com as pessoas, mais vai se fechar
dentro do “seu mundo” particular, restrito pela falta de estímulos visuais e interação
social (CONDE, 1981).
Nesta perspectiva, o esporte adaptado é uma oportunidade que a pessoa
com deficiência dispõe para redescobrir a vida social. Trabalhos voltados para este
público, visam à promoção da inserção social, à melhoria da saúde e o aumento da
auto-estima (ALMEIDA, 2004b).
Assumpção (2002) corrobora com esta idéia, e defende que a prática do
esporte adaptado é para a pessoa com deficiência uma possibilidade de integração
e inclusão social, que colabora para a reabilitação física, social e psicológica do
indivíduo.
Silva e Oliveira (2001) apontam que a pessoa com deficiência visual
praticante de algum esporte desenvolve a autonomia, segurança e potencialidade
em seus movimentos, sendo os mesmos mais eficazes e próximos dos movimentos
realizados por pessoas que não possuem a deficiência.
Brancatti (2001) afirma que a sociedade além do preconceito e da
discriminação, marginaliza e estigmatiza a pessoa com deficiência visual, querendo
reforçar a idéia de que não são pessoas normais, são complicados, improdutivos e
menos eficientes, que deveriam se conformar com seu destino e adaptar-se ao
mundo dos sãos.
Seguindo esta linha Maciel (2000) aponta que o processo de exclusão social
de pessoas com deficiência é tão antigo quanto à socialização do homem. A
sociedade sempre inabilitou a pessoa com deficiência marginalizando-o e privando-o
7
de liberdade, sendo este sempre alvo de atitudes preconceituosas e ações
impiedosas.
Sendo que, conforme afirma Brancatti (2001) na convivência com a pessoa
com deficiência visual, descobre-se a potencialidade que cada um tem e a
capacidade de explorar seus limites, demonstrando a superação desta realidade
social imposta.
Este trabalho tem como objetivo geral analisar os significados do esporte
adaptado, na perspectiva dos atletas com deficiência visual.
Os objetivos específicos são:
a) identificar os benefícios do esporte adaptado para as pessoas com
deficiência visual;
b) identificar as possíveis contribuições do esporte adaptado na inclusão
social de pessoas com deficiência visual.
Tendo em vista que os estudos e as publicações científicas sobre esporte
adaptado ainda são escassos, o presente estudo pretende contribuir no avanço da
produção de conhecimento na área, trazendo a perspectiva dos atletas com
deficiência visual.
A relevância social deste estudo evidencia-se pela possibilidade de se
minimizar os preconceitos acerca das pessoas com deficiência à medida que se
busca compreender os significados e os benefícios do esporte adaptado para as
pessoas com deficiência.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar os significados do esporte adaptado, na perspectiva dos atletas com
deficiência visual.
2.2 Objetivos específicos
a) Identificar os benefícios do esporte adaptado para as pessoas com
deficiência visual;
b) Identificar as possíveis contribuições do esporte adaptado na inclusão
social de pessoas com deficiência visual.
3 EMBASAMENTO TEÓRICO
3.1 Histórico da deficiência visual
No século V na Síria foi fundada por São Lino a primeira comunidade para a
pessoa com deficiência visual. Por meados do século XIII em Paris, São Luiz fundou
o hospital dos Trezentos, com o intuito de alojar, alimentar e aquecer a pessoa com
deficiência visual, porém nesta época ainda não se pensava em re-integrá-los na
vida social. Foi em 1784 que o francês Valentin Hauy fundou o Instituto Nacional dos
Jovens Cegos, com a intenção de adaptar a pessoa com deficiência visual à sua
condição (HUGONNIER, 1989).
Seguindo esta linha Amiralian (1986) aponta que as referências e
preocupações com a perda visual são encontradas desde a Antiguidade, com
histórias como a perfuração dos olhos, punição por crimes sexuais e sociais, outras
onde a pessoas com deficiência visual eram vistas como adivinhos ou considerados
como transmissores verbais das tradições e valores culturais.
Hugonnier (1989) argumenta que a idéia de assistência à pessoa com
deficiência visual é antiga, já a idéia de adicioná-lo a um emprego na sociedade
aparece no final do século XVIII e então no século XX surge a idéia de ensinar os
ofícios compatíveis com sua capacidade.
No Brasil, em 1854 o Imperador Pedro II criou o Imperial Instituto de
Meninos Cegos, que após o advento da Republica passou a denominar-se Instituto
Benjamin Constant, que atualmente é um Centro de Referência a nível nacional nas
questões da deficiência visual, possui uma escola, capacita profissionais da área da
deficiência visual, assessora escolas e instituições, realiza consultas oftalmológicas
à população, reabilita, produz material especializado, impressos em Braille e
publicações científicas (IBC, 2004).
Nesta mesma perspectiva, a Fundação Dorina Nowill Para Cegos foi
instituída em 1946 pela professora Dorina Gouvêa Nowill, surgiu devido à dificuldade
desta professora, que é deficiente visual desde os 17 anos, de encontrar livros em
Braille. Contudo esta instituição produz livros em Braille e livros falados e oferece
serviços de atendimento especializado ao deficiente visual e sua família
10
(FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS, 2004).
3.2 Conceito e classificação de deficiência visual
O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de
diminuição da resposta visual, de causas congênitas, hereditárias ou adquiridas
(ALMEIDA, 2004c).
Há vários tipos de classificação visual escalonando-se desde a cegueira total
a visão subnormal, nesta perspectiva, Amiralian (1986) classifica as pessoas com
deficiência visual em dois grupos:
a) cegos: acuidade visual de 0 a 20/200 ou menos no melhor olho, após
correção máxima, ou um campo visual com restrição e um ângulo de 20º
ou menos no maior diâmetro;
b) visão subnormal: acuidade visual remanescente entre 20/200 no melhor
olho e 20/70 no melhor olho após correção.
A autora aponta que além desta definição quantitativa, tem se empregado
uma definição funcional com o intuito de utilizar o resíduo visual e o treinamento
deste para o aproveitamento máximo, utilizando a seguinte classificação:
a) cegos: desde ausência total de visão até perda de percepção de luz,
necessita da utilização do Sistema Braille e de aparelhos de áudio para a
comunicação e não utilizam a visão para aquisição de conhecimento;
b) visão subnormal: apresentam desde a condição de indicar a projeção de
luz até o grau em que a redução de sua acuidade visual limita seu
desempenho.
Porém, Salomon (2000) anuncia que a possibilidade de aproveitamento e
uso efetivo de uma visão remanescente é muito desconhecida por pessoas com
deficiência visual e seus familiares e que pessoas consideradas “cegas”, poderiam
cumprir muitas tarefas do dia-a-dia com o auxilio dessa visão.
Amiralian (2004) relata que a não utilização efetiva do resíduo visual, por
menor que seja, leva a uma diminuição da eficiência visual. Este resíduo visual pode
ser útil na realização de várias tarefas, como: constituição e organização do espaço,
na coordenação dos movimentos, na mobilidade e locomoção, na aprendizagem por
11
imitação, no contato e relação com o ambiente, na aprendizagem da leitura e da
escrita, entre outros.
Nesta perspectiva, Amiralian (1997) observou que pessoas com deficiência
visual, com a mesma acuidade visual, possuíam eficiência visual diversa, ou seja,
diferenças na utilização do resíduo visual.
Salomon (2000) defende que fatores fundamentais para o processo de
desenvolvimento da visão funcional para pessoas com visão subnormal
(incorporação de recursos ópticos) se relacionam com as características da
personalidade individual e o conceito que a pessoa tem de si mesma, tendo em vista
que o funcionamento e a eficiência visual são contingentes de fatores fisiológicos,
psicológicos e ambientais, portanto são características individuais únicas.
Hugonnier (1989) estabelece as principais causas de cegueira no mundo,
segundo a OMS:
a) tracoma: em regiões superpovoadas, onde há falta de higiene e de água
tratada, a pobreza e a multiplicação de moscas, esta afecção causa
danos;
b) xeroftalmia e a ceratomalacia: deficiência de vitamina A e de proteínas;
c) oncocercose: devido à um parasita, na África é chamada de “cegueira
dos rios”;
d) catarata: parece benigna, porém necessita ser operada;
e) glaucoma crônico: causa mais freqüente de cegueira nos países
ocidentais, cria deficiências no idoso, no momento da vida em que é
mais difícil superar uma deficiência;
f) traumatismo ocular: acidentes oculares, perfurações, agentes químicos,
etc.
Na visão subnormal as causas são nos indivíduos jovens, as cataratas
congênitas, as diversas mal formações, as degenerações tapentorrentianas e os
nistagmos congênitos e miopia forte e nos adultos, atrofias ópticas, deslocamento da
retina, diabetes e traumatismos oculares.
Assim, Barczinski (2004) argumenta que apesar dos inúmeros recursos que
existem para evitar a perda da visão, a cada dia muitas pessoas ficam cegas por
doença, acidente ou velhice e afirma que do ponto de vista psicológico, mesmo o
individuo mais saudável mentalmente utilizará importantes mecanismos para a sua
adaptação à cegueira, sendo que este paciente requer um apoio urgente para lidar
12
com esta perda que influi em todos os aspectos de sua vida.
Para a sociedade no geral parece não existir a compreensão clara e definida
do que sejam pessoas com baixa visão, relacionam as dificuldades de
aprendizagem, comportamento social e afetivo emocional à outros problemas como
falta de vontade, ineficiência, incapacidade mental, e não à condição de dificuldade
de percepção visual (AMIRALIAN, 2004).
Amiralian (1986) argumenta que a perda visual é muito traumática tendo em
vista que vivemos em um mundo organizado por símbolos.
É através da visão que o ser humano absorve a maioria das impressões
sensoriais, cria obstáculos e inibições. A privação deste sentido faz com que a
integração na comunidade e a adaptação ao ambiente onde a pessoa com
deficiência visual esta inserida aconteça através de outros caminhos (HEIMERS,
1970).
Masini (1994) corrobora com esta idéia afirmando que 85% das experiências
em videntes são visuais e argumenta que a pessoa com deficiência visual estando
privada deste tipo de experiência a transfere para os sentidos auditivos, tátil,
cinestésico, olfativos e paliativos e que devido a esse processo a acuidade sensorial
destes sentidos tende a ser mais desenvolvidas devido a maior utilização.
O desenvolvimento do sistema visual em uma pessoa com visão subnormal
quase nunca é espontâneo, e em alguns casos há por parte das pessoas com
deficiência visual e de seus familiares um desconhecimento da possibilidade de
melhoria da função visual, através de um programa de aprendizagem, porém o
desenvolvimento e o refinamento das funções visuais não podem exceder o nível de
desenvolvimento perceptivo-cognitivo do individuo (SALOMON, 2000).
A deficiência interfere nos aspectos estruturais e funcionais, em sua
totalidade, esta influencia esta relacionada à fatores como incidência e,
principalmente, às oportunidades que foram lhes oferecidas ou negadas (BECKER
apud AMIRALIAN, 1997).
Amiralian (1986) chama atenção para um aspecto importante que é a ênfase
dada aos valores positivos uma vez que estes têm potencial psicologicamente
recompensado, centralizando as qualidades positivas, diz que a avaliação deve
basear-se nas qualidades intrínsecas do avaliado.
Para Barczinski (2004), uma boa reabilitação e a ausência de maiores
distúrbios afetivos podem ser atribuídos aos cuidados recebidos no hospital, no
13
inicio da ocorrência, ao apoio familiar, a sua personalidade saudável e a sua visão
otimista da vida.
Amiralian (1986) corrobora com esta idéia, e argumenta que a formação de
um autoconceito positivo, com a incorporação da condição incapacitante em sua
auto-imagem, é um dos objetivos trabalhados no processo de reabilitação, o
ajustamento do individuo implica na aceitação de perdas e na busca de satisfação
substituídas.
3.3 Psicologia do esporte
A psicologia do esporte é uma área da psicologia que se interessa pelo
estudo do esporte e de seus fenômenos (BURITI, 1997).
Rubio (2004a) acrescenta que a psicologia do esporte é o estudo do
comportamento humano no contexto do esporte, podendo ser uma atividade física e
esportiva competitiva e não competitiva, tendo como foco o comportamento humano
ou suas diferentes dimensões psicológicas como afetividade, cognição, a motivação
ou a senso percepção e motricidade.
Weinnberg e Gould (2001) destacam que os pesquisadores deste campo
têm duas metas principais: entender a forma como os fatores psicológicos afetam o
desempenho motor e entender de que modo a participação no esporte afeta o
desenvolvimento psicológico.
De acordo com Rubio (2002), a psicologia do esporte pode abarcar os
processos de avaliação, as práticas de intervenção ou a análise do comportamento
social que se apresenta na situação esportiva a partir da perspectiva de quem
pratica ou assiste ao espetáculo.
Os psicólogos do esporte exercem diferentes papéis como pesquisas,
ensino e consultoria. Existem dois tipos de especialidades na psicologia do esporte:
a psicologia esportiva clinica que os psicólogos são treinados especificamente para
tratar atletas e praticantes de exercícios com transtornos emocionais graves, tais
como abuso de substâncias ou anorexia, e a psicologia esportiva educacional que
os psicólogos recebem treinamento na ciência do esporte e do exercício e servem
como técnicos mentais, educando atletas, habilidades psicológicas e seu
14
desenvolvimento (WEINNBERG; GOULD, 2001).
A psicologia do esporte é a transposição da teoria e da técnica das várias
especialidades e correntes da psicologia para o contexto esportivo, seja no que se
refere a aplicação de avaliações para a construção de perfis, ou no uso de técnicas
de intervenção para a maximização do rendimento esportivo (RUBIO, 2002).
A psicologia do esporte embora seja aplicada por alguns profissionais para
ajudar atletas de elite a atingir seu desempenho máximo, é também utilizada para
trabalhar com crianças, pessoas com deficiências, com idosos. Os psicólogos do
esporte contemporâneo têm-se focalizado nos fatores psicológicos envolvidos no
exercício, desenvolvendo estratégias para encorajar pessoas sedentárias a
exercitarem-se ou avaliando a afetividade do exercício como tratamento para
depressão (WEINNBERG; GOULD, 2001).
As pesquisas na área da Psicologia do Esporte tiveram início há
aproximadamente um século, na Rússia e Estados Unidos, e a partir da Copa do
Mundo de Futebol em 1958 no Brasil (RUBIO, 2002).
Buriti (1997) aponta que os primeiros trabalhos na área eram teóricos e
visavam esclarecimentos aos profissionais de Educação Física sobre os benefícios
psicológicos que a prática das atividades físicas e esportivas podiam proporcionar.
Rubio (2002) acrescenta que estes trabalhos abordavam aspectos próximos à
fisiologia, associavam conhecimentos da psicologia clínica e social e que ao longo
dos anos outros temas e aspectos da prática esportiva foram sendo incorporados à
lista de preocupações e necessidades de pesquisadores e profissionais.
A área de atuação da psicologia do esporte contempla o funcionamento
psicológico como parte essencial do rendimento esportivo, em conjunto com a
preparação física, técnica e tática. O papel do psicólogo do esporte é detectar e
avaliar as necessidades psicológicas do atleta, e também o planejar em conjunto
com o técnico, o trabalho de desenvolvimento de habilidades emocionais para
enfrentar situações de treinamento e competição (RUBIO, 2004b).
De acordo com Weinnberg e Gould (2001), os psicólogos do esporte
trabalham na área do condicionamento físico, planejamento de programas de
exercícios que aumentam a participação e promovem o bem-estar psicológico e
físico.
A atuação do psicólogo do esporte pode trabalhar com as modalidades
individuais e coletivas. Nas modalidades individuais o foco de intervenção é o
15
próprio atleta e sua atuação com atividades voltadas para a concentração, o controle
da ansiedade, e o manejo das variáveis ambientais, nas modalidades coletivas o
foco da intervenção recai sobre as relações grupais, a formação de vínculo e
organização de liderança.
A concepção de psicologia do esporte tem sido ampliada diante da
importância que o esporte vem adquirindo enquanto fenômeno social atualmente,
assim, as atividades de tempo livre, os esportes praticados sem fins competitivos e a
reabilitação de atletas e não atletas têm sido agrupadas ao universo do psicólogo,
expandindo o conceito de esporte para além do alto rendimento (RUBIO, 2004c,
2004d).
Esta autora aponta que o atendimento a pessoas com necessidades
especiais pode-se entender como atividade de reabilitação em psicologia do esporte,
visto que estes têm na prática esportiva regular uma forma de buscar o bem-estar e
a socialização, porém se esta prática tornar-se competitiva os procedimentos
adotados são os do alto rendimento, uma vez que o resultado almejado é a vitória.
3.4 Esporte adaptado
Há indícios que o esporte praticado por pessoa com deficiência existe desde
a Antiguidade, porém somente após a Segunda Guerra Mundial, devido a um grande
número de pessoas com diversos tipos de incapacidades, que teve maior ênfase nas
áreas de reabilitação, prevenção e organização (ITANI, 2004).
De acordo com Wheeler et al. (1999 apud BRAZUNA; CASTRO, 2001)
foram desenvolvidas quatro categorias de objetivos em relação à iniciação ao
esporte adaptado: reabilitação, oportunidade social, recrutamento e continuidade no
esporte, sendo que os principais são reabilitação e oportunidade social.
Marques (2000 apud RUBIO, 2000) corrobora com esta idéia e complementa
que a iniciação na prática esportiva pode estar baseada também na busca de
ascensão social, no tornar-se um herói ou ídolo, entre outros, e a família geralmente
aparece como um facilitador desta.
Brazuna e Castro (2001) aponta que geralmente o atleta com deficiência tem
noção dos benefícios do esporte adaptado e assinala a família como principal apoio
16
para a iniciação e motivação para a continuidade deste, porém aponta que não é
incomum encontrar resistências por parte dos pais uma vez que estes demonstram
preocupações com possíveis rejeições sociais.
Segundo Penafort (2001) os primeiros registros de esporte para pessoas
com deficiência foram encontrados em 1918 na Alemanha, e constava de um grupo
de soldados alemães que se tornaram deficientes físicos após a guerra.
O neurologista alemão Sir Ludwig Guttmann em 1945 criou o primeiro
programa organizado de esportes em cadeira de rodas no Hospital de Reabilitação
de Stoke Mandeville na Inglaterra e em 1948 ele realizou os I Jogos Desportivos de
Stoke Mandeville, paralelo ao XIV Jogos Olímpicos (ITANI, 2004).
Em 1960 aconteceu em Roma a primeira Paraolimpíada e em 1972 no IV
Jogos Paraolímpicos que aconteceu na Alemanha, o Brasil participou pela primeira
vez mantendo sua participação em todos os outros jogos (ITANI, 2004).
O esporte adaptado surgiu no Brasil por volta de 1958, com a formação de
dois clubes esportivos, sendo um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo.
Atualmente é administrado por seis grandes instituições: A Associação Brasileira de
Desporto para Cegos (ABDC) que cuida dos deficientes visuais, a Associação
Nacional de Desporto para Excepcionais (ANDE) que cuida dos paralisados
cerebrais e dos lesautres, a Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de
Rodas (ABRADECAR) que administra as modalidades em cadeira de rodas, a
Associação Brasileira de Desportos para Amputados (ABDA) que cuida dos
amputados, a Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais
(ABDEM) que administra os esportes para deficientes mentais e a Confederação
Brasileira de Desportos para Surdos (CBDS) que cuida dos deficientes auditivos e
não está vinculada ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (ADD, 2001).
No ano de 2000, o Brasil conquistou 22 medalhas (6 de ouro, 10 de prata, e
13 de bronze) e ficou na 24ª colocação no quadro geral de medalhas dos Jogos
Paraolímpicos de Sydney (BRAZUNA; CASTRO, 2001).
Existem várias modalidades praticadas no esporte adaptado e no Brasil as
mais praticadas são: atletismo, arco e flecha, basquete em cadeira de rodas, xadrez
para deficientes visuais, basquete para deficientes mentais, bocha, ciclismo, esgrima
em cadeira de rodas, futebol e futsal para paralisados cerebrais e deficientes visuais,
natação, rugby, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, voleibol sentado e para
amputados, e modalidades de inverno. Algumas destas modalidades foram
17
especialmente criadas para a pessoa com deficiência e outras foram adaptadas,
sofrendo algumas alterações, porém sempre com a preocupação para que não seja
descaracterizada (ADD, 2001).
Para Brazuna e Castro (2001), o atleta começa a ser reconhecido através do
sucesso no esporte, a sociedade passa a reconhecê-lo não apenas como atleta,
mas como um cidadão com potencialidades para representar o orgulho da instituição
, clube ou da cidade ao qual está filiado.
O esporte proporciona o bem-estar físico e psicológico em todas as pessoas,
com deficiências ou não e ajuda na reabilitação da pessoa com deficiência de várias
formas. Além dos benefícios fisiológicos, no aspecto social proporciona a
oportunidade de socialização entre pessoas com e sem a deficiência, torna o
indivíduo mais independente e no aspecto psicológico melhora a autoconfiança e a
auto-estima, tornando a pessoa com deficiência mais otimista e segura, capaz de
alcançar seus objetivos (ADD, 2001).
Machado (1997, p. 54) argumenta:
A prática esportiva e/ou atividade física produz um efeito favorável no processo de desenvolvimento social, promovendo benefícios psicológicos positivos tanto em indivíduos sadios quanto em indivíduos com os mais variados tipos de patologias.
O esporte para muitos atletas é considerado um sentido para a vida, pois o
desempenho atlético é associado com ganhos significativos não apenas na
capacidade física e manutenção de independência, como também para a saúde
mental, incluindo a percepção de competência e identidade pessoal, sendo que este
constrói a percepção da identidade de atleta, ao invés da identidade de “pessoa com
deficiência” (BRAZUNA; CASTRO, 2001).
Através do esporte adaptado o atleta torna-se hábil para competir no mundo,
aprende a derrotar seu oponente com respeito, e aprende a perder com dignidade.
Para a maioria dos atletas, o envolvimento e o sucesso da participação no esporte
paraolímpico estão associados com a auto-estima positiva e esta relacionada com a
busca pelo desempenho máximo (BRAZUNA; CASTRO, 2001).
As pessoas envolvidas em atividades esportivas, buscam realização na
forma de lazer, cultura física, esforço de auto-superação e aprendizagem ou mesmo
integração social (MACHADO, 1997).
18
Neste sentido Markunas (apud RUBIO, 2000) diz que a pessoa com
deficiência, por meio do esporte adaptado, tem a possibilidade de redescobrir seu
potencial individual, construindo novos parâmetros de autovalorização e
autodeterminação.
Buriti (1997) propõe que como uma via de mão dupla a mente afeta o corpo,
assim como a prática esportiva afeta a mente, considerando que o ser humano está
sempre em busca de uma melhor qualidade de vida.
Neste sentido Buriti (1997) afirma que a prática esportiva regular preserva a
saúde, traz melhor ânimo, maior satisfação e alegria para os indivíduos e
consequentemente uma maior eficiência nas tarefas intelectuais exigidas pela
sociedade.
Segundo Brazuna e Castro (2001), o empenho na carreira atlética é integral
e com tamanha intensidade que a rotina pessoal e profissional acaba girando em
torno das metas do esporte, assim, para muitos atletas o esporte define sua vida,
tendo um sentido importante na sua identidade geral.
Este mesmo autor aponta que como em todo esporte, no esporte adaptado o
máximo desempenho é observado, assim, em certo momento os atletas precisam se
aposentar. A transição para a aposentadoria pode apresentar efeitos positivos e
negativos, dentre eles, a raiva, aflição, tristeza, como também sentimentos de
liberdade e alívio. A saída voluntária pode estar associada com o reconhecimento de
novas prioridades da vida, incluindo família, educação e carreira, enquanto que a
saída involuntária é associada com lesão, ausência de alcance de sucesso ou
problemas monetários.
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Este estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa qualitativa, em estudo de
campo, pois de acordo com Oliveira (2001), o conhecimento resultou da
interpretação de fenômenos pelo sujeito observador, atribuindo-lhes um significado.
Andrade (1997) corrobora com esta idéia e afirma que a pesquisa de campo
é utilizada com o intuito de levantar informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema ou hipótese, para o qual se procura uma resposta, com o objetivo de
descobrir ou comprovar fenômenos.
Para Martins e Bicudo (2005), a pesquisa qualitativa busca uma
compreensão particular daquilo que se estuda, abandona a generalização, visando à
compreensão e não a explicação do fenômeno estudado.
4.1 Sujeitos da pesquisa
Participaram deste estudo 14 atletas adultos, com deficiência visual, que
freqüentam ou freqüentaram uma Associação para Deficientes Visuais em um
município de Santa Catarina.
4.2 Instrumento
O material utilizado nesta pesquisa foi uma entrevista (Apêndice A). De
acordo com Lüdke e André (1986), esta representa um dos instrumentos básicos
para a coleta de dados, dentro da perspectiva de pesquisa qualitativa. A entrevista
possui grande vantagem sobre outras técnicas, pois ela consiste na captação
imediata e corrente da informação desejada, permitido correções, esclarecimentos e
adaptações.
Esta pesquisa utilizou a entrevista semi-estruturada, “que se desenrola a
partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o
20
entrevistador faça as necessárias adaptações” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 34), ou
seja, as perguntas são abertas e podendo ser retiradas, ter sua ordem de
apresentação alterada, ou ainda podem ser acrescentadas de improviso.
Flick (2004) afirma que na entrevista semi-estruturada o entrevistador tem
uma participação ativa, apesar de observar um roteiro, ele pode fazer perguntas
adicionais com o intuito de esclarecer questões para melhor compreender o
contexto.
4.3 Coleta de dados
À priori, foi estabelecido um contato com a instituição, com o intuito de obter
o consentimento para a realização do trabalho. Após este contato com a instituição,
a pesquisadora entrou em contato com os atletas e as entrevistas foram agendadas
com data e horários de acordo com a possibilidade de cada entrevistado.
Os participantes que se disponibilizaram para participarem deste estudo,
foram orientados sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B),
e concordaram em assiná-lo. Foram realizadas as entrevistas em local apropriado.
As entrevistas semi-estruturadas foram gravadas em áudio e transcritas
posteriormente. De acordo com Lüdke e André (1986), a gravação possui a
vantagem de registrar todas as expressões orais, deixando o entrevistador livre para
prestar toda a sua atenção ao entrevistado. A gravação permite maior fidedignidade
em relação a obtenção e transcrição dos dados
4.4 Análise dos dados
Para a análise dos dados desta pesquisa, foi utilizada a Análise de
Conteúdo, que de acordo com Bardin (1977, p. 42) refere-se a:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a interferência
21
de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
Para Bardin (1977), a análise de conteúdo é organizada por diferentes fases
através de três pólos cronológicos:
a) pré-análise: é a fase de organização propriamente dita, tem por objetivo
tornar operacionais e sistematizadas as idéias iniciais. Esta fase possui
três missões: a escolha dos documentos a serem submetidos à análise,
a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração dos
indicadores que fundamentam a interpretação final;
b) exploração do material: consiste numa fase longa e fastidiosa, de
operações de codificação, desconto e enumeração, em função de regras
previamente formuladas;
c) tratamento dos resultados: existe a interferência e a interpretação, onde
os resultados obtidos são considerados significativos e válidos, pois
pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos
objetivos previstos.
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Será apresentado primeiramente um quadro para caracterização dos
entrevistados/sujeitos da pesquisa, referindo-se aos dados pessoais, como idade,
sexo; informações quanto à classificação de sua deficiência visual; e a modalidade
de esporte adaptado que praticam e o tempo que praticam.
Com os dados obtidos a partir das entrevistas, e com a análise dos dados da
mesma, sugiram três categorias e duas subcategorias que revelam os significados
do esporte adaptado na perspectiva da pessoa com deficiência visual.
A primeira categoria emergida da análise dos dados da entrevista, diz
respeito aos benefícios do esporte adaptado às pessoas com deficiência visual, a
qual se divide em duas subcategorias, como, melhora da auto-estima e motivação. A
segunda categoria refere-se ao esporte adaptado como superação das dificuldades
impostas pela deficiência. A terceira categoria apresenta a inclusão social através do
esporte adaptado.
Cada categoria será apresentada e descrita separadamente com devido
referencial teórico para o melhor entendimento da proposta desta pesquisa, assim
como visando atingir os objetivos propostos nesta pesquisa.
Entrevistado Idade Sexo 01 29 M 02 52 M 03 20 M 04 45 M 05 45 F 06 26 M 07 22 M 08 42 F 09 17 F 10 16 F 11 46 M 12 37 M 13 45 M 14 34 M
Quadro 1 – Dados pessoais
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
23
Entrevistado Deficiência visual 01 Baixa visão 02 Baixa visão 03 Cego 04 Baixa visão 05 Cego 06 Cego 07 Baixa visão 08 Baixa visão 09 Baixa visão 10 Baixa visão 11 Cego 12 Cego 13 Cego 14 Cego
Quadro 2 – Classificação da deficiência visual
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
Entrevistado Modalidade de esporte adaptado Tempo q ue pratica 01 Futebol de salão 13 anos 01 Natação 02 anos 02 Xadrez 01 ano e 6 meses 03 Ciclismo 02 anos 04 Bocha 04 anos 04 Atletismo 03 anos 04 Xadrez 04 anos 05 Bocha 04 anos 06 Surf, natação, ciclismo, futsal Pouco menos de 06 meses 07 Natação, surf 08 meses 07 Futebol de salão 01 ano e 6 meses 08 Bocha 06 anos 08 Natação 01 ano 09 Atletismo 01 ano 10 Bocha Não deixou claro 11 Bocha 06 meses 12 Atletismo 07 meses 13 Xadrez 04 anos 14 Montanhismo 13 anos 14 Surf 01 ano
Quadro 3 – Modalidade de esporte adaptado e tempo que pratica
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
5.1 Benefícios do esporte adaptado
Esta primeira categoria refere-se aos benefícios que o esporte adaptado traz
para as pessoas com deficiência visual.
24
Segundo Melo e López (2002), a prática esportiva regular por pessoas com
deficiência pode proporcionar além de todos os benefícios que são mundialmente
conhecidos, a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenirem
enfermidades secundárias à sua deficiência, assim como promover interação social
dos indivíduos.
O esporte ajuda na reabilitação da pessoa com deficiência, proporciona
bem-estar físico e psicológico, tornando-a mais autoconfiante, com melhor auto-
estima, mais otimista e segura, contudo capaz de alcançar seus objetivos (ADD,
2001).
Nas entrevistas realizadas pode-se constatar que treze dos quatorze
entrevistados relatam que o esporte adaptado traz benefícios à suas vidas, como se
pode confirmar nos fragmentos de relatos a seguir:
Entrevistado 1 – [...] as contribuições do esporte adaptado são das mais variáveis possível, desde a questão da pessoa se reabilitar, ter noção de distancia, de linha reta, de integração [...] Entrevistado 14 – [...] a prática do esporte adaptado faz com que você se sinta vivo realmente, sinta teu corpo funcionando, tua mente funcionando, se interagindo [...] Entrevistado 9 – O esporte adaptado mudou minha vida por completo, conceitos, objetivos, a forma de pensar e agir como um todo. Entrevistado 13 – O esporte é um instrumento que auxilia a questão da habilitação e da reabilitação da pessoa com deficiência visual, trabalha algumas habilidades de competência muito importantes como auto-estima, auto-confiança, amor próprio, a certeza de que se é capaz de superar os próprios obstáculos, quer dizer o seu próprio limite. Entrevistado 1 – Primeiro ele [esporte adaptado] me deu mais responsabilidade, me fez pensar mais nos atos e conseqüências desses atos, me trouxe concentração, me fez trabalhar as questões de reflexão, agir e acreditar. Entrevistado 14 – O esporte faz com que eu me conheça, que eu interprete meus conhecimentos, as minhas emoções, me controle, [...] meus medos, minhas inseguranças, aprenda a lidar com as frustrações.
Percebemos que o esporte adaptado traz inúmeros benefícios para a pessoa
com deficiência visual, desde o bem-estar psicológico e físico, bem como melhora
da auto-estima e confiança em si próprio, o que conseqüentemente auxilia na
interação com seus pares, como também com toda a sociedade.
25
5.2 Melhora da auto-estima
Esta subcategoria refere-se à melhora da auto-estima dos atletas com
deficiência visual que praticam o esporte adaptado como se destaca nas falas a
seguir:
Entrevistado 9 – O esporte adaptado para mim tem um significado maravilhoso na minha vida, mudou a minha vida completamente, eu acho que o esporte adaptado pode ajudar muito qualquer pessoa que tenha qualquer tipo de deficiência, por causa da auto-estima, a pessoa se sente, melhor perante os outros porque ela tenta passar que ela não é a coitadinha que não consegue, ela é aquilo que ela quer ser. Entrevistado 9 – [...] eu não tinha consciência de que [por meio do] esporte adaptado, a minha vida ia melhorar. Mudou a minha auto-estima que antes era muito baixa, achava que não era capaz, que não poderia, sempre achava assim. Entrevistado 1 – O esporte adaptado vem valorizar [...] a auto-estima e a confiança, e a se sentir útil no meio em que está inserido.
Cobo et al. (2003) afirma que quanto mais elevada a auto-estima, o indivíduo
apresenta mais possibilidades de sucesso, uma vez que, caso a auto-estima seja
negativa em relação ao êxito que deseja conquistar, o fracasso se assegurará muito
antes do começo da atividade desejada.
Itani (2004) afirma que o esporte adaptado proporciona benefícios
fisiológicos, porém, o principal benefício está relacionado com o restabelecimento da
auto-estima, assim como com a diminuição da depressão.
Consideramos que para ter auto-estima é preciso conhecer os próprios
sentimentos e opiniões, o que para a pessoa com deficiência é algo que está um
pouco obscurecido devido à super-proteção de suas famílias, amigos e sociedade.
Com a descoberta do esporte adaptado, essas pessoas começam a sentir-se
autoconfiantes e com capacidade para conquistar o que desejam, e aumentam sua
auto-estima.
26
5.3 Motivação
Essa subcategoria refere-se à motivação que os entrevistados encontraram
por meio do esporte adaptado, como pode ser analisado nas falas a seguir:
Entrevistado 1 – O futebol de salão foi a modalidade que me reabilitou, eu fiquei cego [no ano de] 1994 e seis meses depois eu já estava jogando futebol de salão, foi uma das coisas que me estimulou e motivou. Entrevistado 12 – Para mim fez muito bem [o esporte adaptado] [...] até deu uma moral, agora no PARAJASC¹ eu tirei o primeiro lugar no 200m, e o segundo lugar nos 400 metros, fiquei bem contente, me deu mais motivação para participar do esporte.
De acordo com Bergamini (1993), a motivação encontra-se no interior de
cada pessoa, é uma força ligada a um desejo de realizar alguma coisa, é o processo
responsável pela direção, intensidade e persistência dos esforços de uma pessoa
para que alcance determinada meta.
As teorias motivacionais apontam que o indivíduo pode ter, para realização
de suas ações, razões internas, que resultam da própria vontade do indivíduo, e
razões externas, que dependem dos fatores externos. Alguns dos motivos externos
dizem respeito ao indivíduo e à tarefa, como por exemplo, recompensas sociais e
sinais de sucesso; enquanto que os motivos internos dizem respeito às
necessidades pessoais de sucesso, sociabilidade, reconhecimento (MALAVASI;
BOTH, 2005).
Como podemos identificar na falas dos entrevistados, o esporte adaptado
desempenha um importante papel na motivação, pois os atletas se realizam por
ações internas, que é esta vontade de praticar o esporte e participar das
competições, que são desafios; a partir daí, eles encontram as razões externas, pois
conquistam medalhas em competições e são reconhecidos como pessoas capazes
e com distintas potencialidades.
Nesta mesma perspectiva, Samulski (2002), aponta que a motivação para a
prática esportiva depende da interação entre a personalidade (expectativas, motivos,
necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente, como facilidades, tarefas
atraentes, desafios e influências sociais.
27
5.4 Inclusão social
Esta categoria representa a inclusão social de pessoas com deficiência por
meio do esporte adaptado.
Maciel (2000) aponta que para a inclusão social acontecer, não pode
depositar a responsabilidade apenas na pessoa com deficiência e sim em todo o
contexto social. Nesta perspectiva a inclusão é compreendida como oferecimento de
oportunidades, igualdade social em todos os âmbitos e a interação mútua entre
todas as pessoas.
Martins e Frois (2008) defendem que a prática do esporte adaptado
ocasiona a possibilidade de maior autonomia e independência, permitindo que a
pessoa com deficiência minimize suas diferenças tornando-se mais incluído na
sociedade.
Nas entrevistas realizadas foi possível analisar que a maioria expressiva dos
entrevistados (12 pessoas) consideram que o esporte adaptado contribui para a
inclusão social, como pode ser analisado nos relatos a seguir:
Entrevistado 14 – O esporte tem feito essa proeza, de aproximar as pessoas com necessidades especiais e dá para ver nos jogos Panamericanos, nas Olimpíadas você vê que a sociedade está se envolvendo; não está mais ignorando aquelas pessoas, tentando esconder aquela situação, e convivendo com naturalidade, aquelas pessoas estão se superando, estão trazendo esse exemplo de superação no qual eles são todos vencedores. Entrevistado 1 – Com certeza o esporte é o canal facilitador mais rápido para a inclusão no contexto geral. Entrevistado 4 – Todo mundo me conhece e me trata diferente, antes era ceguinho, só ceguinho [...] agora as pessoas reconhecem mais [...] Entrevistado 6 – A inclusão acontece, se as pessoas vêem você fazendo surf vão pensar: se ele é capaz de fazer isso, também é capaz de fazer outras coisas; como por exemplo, surgem até oportunidades de trabalho. Entrevistado 8 – Eu me sinto mais conhecida pela sociedade, porque a gente não está mais escondida, [...] aumentou muito as amizades, bastante mesmo.
Para discutir a inclusão social é imprescindível distinguir o conceito de
integração do conceito de inclusão. Apoiada em Sassaki (1997), integração consiste
em inserir a pessoa com deficiência na sociedade, porém ele precisa ajustar-se e
28
adaptar-se ao sistema já existente e a inclusão social, a mudança deve partir de
toda a sociedade.
Nesta perspectiva Brazuna e Castro (2001) aponta que na integração
espera-se que a pessoa com deficiência (e somente ele) cumpra a sua parte, assim
a sociedade de “braços cruzados”, aceita receber pessoas com deficiências desde
que estes sejam capazes de adaptar-se e vencer os obstáculos físicos e atitudinais.
Considero que o esporte adaptado contribui muito para a inclusão social,
uma vez que se ajusta para atender as necessidades da pessoa com deficiência,
porém o que está mais evidente é a integração social visto que nossa sociedade
embora tenha melhorado um pouco está longe de ser uma sociedade inclusiva.
5.5 Esporte adaptado como superação das dificuldade s impostas pela deficiência
A adesão às praticas esportivas regulares traz uma série de benefícios, às
pessoas com deficiência, tais como: propicia melhora na locomoção, equilíbrio,
percepção espacial, conscientização corporal, agilidade e amplitude dos movimentos
em geral; assim como ajuda a vencer barreiras e limitações impostas pela
deficiência e também pela sociedade, o que ficou aparente nas falas dos
entrevistados:
Entrevistado 5 – O esporte adaptado ajudou no meu cotidiano, porque para fazer o arremesso, tem que ter uma noção, e essa noção ajuda a caminhar, a seguir o caminho em linha reta; para fazer a marcação aprendi contando os passos, então se eu atravesso uma rua eu conto os passos também, assim o que eu aprendi no arremesso eu adaptei para minha caminhada. Entrevistado 2 – As contribuições do esporte adaptado são das mais variáveis possíveis, desde a questão da pessoa se reabilitar, ter noção de distância, de linha reta, de integração [...]
Conforme Amiralian (1997), as pessoas com deficiência visual apresentam
conflitos, sentimentos e mecanismos que fazem parte de sua personalidade. Um dos
conflitos que se estabelece é a dependência/independência, diante da constatação
da necessidade do apoio de um vidente, em ações que para os videntes são
consideradas comuns, como atravessar uma rua. Esta necessidade de apoio se dá
29
devido à falta de acessibilidade urbana, pois as vias públicas não oferecem
segurança e autonomia às pessoas com deficiência visual. A prática do esporte
adaptado proporciona, ao atleta com deficiência, um aprimoramento de seu domínio
motor, afetivo, social e cultural, que são alguns dos requisitos necessários para que
ele consiga superar este conflito.
Outro conflito pontuado por Amiralian (1997) diz respeito à
aceitação/negação da deficiência visual. Na perspectiva da autora, a pessoa com
deficiência visual precisa definir seu lugar no mundo, assumindo sua deficiência
visual e todas as limitações desta, ou negá-la com a crença de que se conseguir se
igualar ao vidente conseguirá a aceitação social.
Amiralian (1997, p. 287) explica:
Optar pelo mundo dos cegos é aceitar ser diferente, é aceitar as dificuldades inerentes ao fato de ser cegos num mundo de videntes, é aceitar as limitações implícitas à deficiência além daquelas inerentes ao ser humano.
Neste sentido, Assumpção (2002) destaca que para a pessoa com
deficiência, a prática esportiva possibilita o conhecimento e a vivência do significado
da superação de limites e a confirmação de que ele pode conquistar e viver esse
prazer, o que ficou explicito nas falas de alguns dos entrevistados:
Entrevistado 14 – A pessoa que é capaz de dominar uma bola, de localizar-se e deslocar-se com segurança dentro de uma quadra de futebol, é capaz de deslocar-se dentro de uma cidade e em ambientes diferentes, diversificados, é capaz de assumir uma função social. Entrevistado 1 – Todo mundo tem limitações: emocional, sentimental, psicológica, percepção da vida; e o esporte faz com que você aprenda a se conhecer, aprenda a viver e conviver com essa limitação. Entrevistado 14 – O esporte adaptado é indispensável, porque faz com que você consiga superar os obstáculos atribuídos à deficiência, de forma prazerosa. Entrevistado 2 – É como em uma corrida de obstáculos, a gente tem que correr para transpor esses obstáculos, é como na vida diária.
Para analisar a superação das dificuldades impostas pela deficiência visual,
Amiralian (1997) destaca o sentimento de solidão e isolamento que muitas vezes
vem relacionado com a aceitação, onde a pessoa com deficiência visual tem a
sensação de que a afinidade com o outro é sempre perturbada pela diferença. As
30
pessoas com deficiência visual têm o sentem que para serem aceitos e amados,
precisam ir de encontro aos padrões socialmente criados e estabelecidos pelos
videntes. Assim, numa sociedade que agrupa as pessoas segundo uma norma
imposta socialmente, as pessoas com deficiência visual se anulam, reagem às
exigências do meio, se comportam de uma forma que presumem seja a desejada
pelos outros. Por outro lado, àqueles que conseguirem superar esta dificuldade, vão
de encontro a uma rica vida interior, com liberdade e autonomia, capazes de
expansão pessoal e intensa criatividade.
Seguindo esta linha de pensamento, o esporte adaptado desempenha um
papel importante na superação deste sentimento, uma vez que o atleta com
deficiência, em sua prática esportiva, sente-se mais incluído no mundo dos videntes,
ao vivenciar o aumento de sua auto-estima.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema pesquisado torna-se instigante e faz-se relevante, tendo em vista a
pouca literatura sobre o tema específico esporte adaptado para pessoas com
deficiência visual. Apresenta uma grande relevância para a área da Psicologia, pois
traz contribuições importantes, no que se refere à questão do enfrentamento à
deficiência e à superação das dificuldades impostas pela deficiência e pela
sociedade.
Este trabalho teve como objetivos analisar os significados do esporte
adaptado, na perspectiva dos atletas com deficiência visual, identificar os benefícios
do esporte adaptado para as pessoas com deficiência visual e as possíveis
contribuições do esporte adaptado na inclusão social destas pessoas, para isso
foram entrevistados quatorze atletas com deficiência visual.
Constatamos que o esporte adaptado é muito importante para a pessoa com
deficiência visual, pois propicia melhora na locomoção, equilíbrio, percepção
espacial, conscientização corporal, agilidade e amplitude dos movimentos em geral,
como também ajuda a vencer barreiras e limitações impostas pela deficiência e pela
sociedade, assim como aumenta a auto-estima fazendo com que a pessoa com
deficiência visual fique mais confiante e consiga com isto alcançar sua autonomia e
realização pessoal.
Rubio (2006) considera o esporte adaptado como um produtor de auto-
estima desde que os atletas com deficiência não tenham orgulho das realizações
esportivas apenas na vitória, mas na percepção positiva sobre si mesmo,
conseguindo sentir-se entre os melhores.
É comum a sociedade associar a pessoa com deficiência à falta de
produtividade, ou seja, o fracasso é com grande facilidade apontado e o sucesso é
pouco percebido e quando percebido é atribuído como mérito, não sendo valorizado
o esforço depositado para tal proeza. O esporte adaptado ocupa/desempenha um
papel importante na sociedade porque ele combate esse tipo de preconceito e
estereótipo em torno das pessoas com deficiências.
O esporte adaptado é uma oportunidade que a pessoa com deficiência
dispõe para redescobrir a vida social.
32
Rubio (2006) aponta que o esporte adaptado é visto como agente
socializador e surge como um meio para a superação de limites o que considera
como um ideal positivo para a formação de identidade.
Diante deste estudo percebe-se que o esporte adaptado contribui muito para
a inclusão social, uma vez que se ajusta para atender as necessidades da pessoa
com deficiência, porém o que está mais evidente é a integração social visto que
nossa sociedade embora tenha melhorado um pouco está longe de ser uma
sociedade inclusiva.
Os atletas com deficiência visual, através da prática do esporte adaptado,
aprendem a superar obstáculos, a cooperar com os companheiros, desenvolver
autocontrole e a persistir diante da derrota (RUBIO, 2006).
O esporte adaptado proporciona ao atleta inúmeros benefícios, tanto na
esfera física quanto na psíquica. A prática regular de uma atividade evidencia a
oportunidade de testar limites e potencialidades, prevenir enfermidades secundárias
à sua deficiência, assim como promover integração social do atleta, é de grande
importância no processo de reabilitação das pessoas com deficiências, seus
benefícios proporcionam motivação para o enfrentamento da deficiência.
De acordo com as teorias motivacionais, para que a pessoa desenvolva
suas ações necessita de razões internas que seria a própria vontade do indivíduo e
de razões externas que seriam fatores externos. Os atletas com deficiência
encontram no esporte adaptado as razões externas, pois conquistam medalhas em
competições, são reconhecidos como pessoas capazes e com distintas
potencialidades, como também apresentam as razões internas, pois demonstram
vontade de praticar o esporte e participar das competições.
Este estudo contribui no que diz respeito à aceitação da pessoa com
deficiência visual como alguém capaz de superar suas dificuldades e conseguir se
destacar em uma sociedade que ainda é muito fechada para o “diferente”.
Assumpção (2002) aponta que a prática do esporte adaptado pela pessoa
com deficiência visual traz a possibilidade de conhecimento e vivência do significado
da superação de limites tendo a confirmação de que ele pode conquistar e viver
esse prazer.
Para a compreensão mais profunda sobre o tema abordado, sugerimos
futuras pesquisas, podendo além do que foi pesquisado investigar se aparecem
diferenças na motivação e auto-estima, quanto ao grau de deficiência e se esta é
33
congênita ou adquirida, como também sugerimos que esta pesquisa seja ampliada
para um grupo de pessoas afetadas por outras deficiências.
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APÊNDICE A – Roteiro de entrevista
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: ___________________ 1) Há quanto tempo freqüenta a Associação dos Deficientes Visuais de Itajaí e Região? 2) Qual modalidade de esporte adaptado você pratica? Há quanto tempo pratica? 3) Quantas vezes por semana pratica? 4) Quais as contribuições do esporte adaptado para a sua vida? 5) Você percebeu alguma mudança na sua vida após sua participação nos esportes adaptados? Se sim, quais? 6) Quais as dificuldades que você enfrenta no seu cotidiano? Pensando nestas dificuldades, você considera que o esporte adaptado pode contribuir para a superação destas dificuldades? Se sim, como? 7) Você participa de competições? 8) Você já saiu de sua cidade, Estado, participando de competições? 9) Depois que você passou a praticar o esporte adaptado sente-se mais incluído na sociedade?
APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclare cido (aos atletas)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (AOS ATL ETAS) Este termo será transcrito em braille
Nome:______________________________________________________________ Idade: ____anos, sexo: _______, profissão:________________________________. Doc. de Identidade:___________________________________________________, Endereço:___________________________________________________________. Fui esclarecido (a) sobre a pesquisa intitulada: A PERCEPÇÃO DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL SOBRE O ESPORTE ADAPTADO, da autoria de Lísia Regina Ferreira Michels. A presente pesquisa tem o seguinte objetivo: analisar os significados do esporte adaptado, na perspectiva dos atletas com deficiência visual. Este estudo traz benefícios aos participantes à medida que, os resultados serão apresentados aos participantes, que poderão refletir sobre as possibilidades de superação das dificuldades impostas a deficiência visual, por intermédio do esporte adaptado. Os resultados deste estudo poderão ser publicados em artigos e/ou livros ou apresentados em congressos profissionais, mas as informações pessoais que possam identificar os participantes serão mantidas em sigilo Autorizo a pesquisadora EDINÉIA BENVENUTTI HEIL a realizar uma entrevista, que será gravada. Fui esclarecido(a), também, de que a qualquer momento em que precisar de maiores informações sobre esta pesquisa poderei obtê-las entrando em contato com a pesquisadora, pelo telefone (47-33507000). Por ser um estudo de caráter puramente científico, meus dados pessoais, bem como os demais coletados, serão mantidos em anonimato e utilizados somente para os propósitos deste estudo. Sendo a minha participação totalmente voluntária, estou ciente de que não terei direito a remuneração e de que tenho a liberdade de não participar desta pesquisa a qualquer momento. Itajaí, _____ de ________________de 2007. Assinatura do participante (de acordo): ____________________________________ PESQUISADORA: Edinéia Benvenutti Heil:_________________________________ ORIENTADORA: Prof.a Dra. Lísia Regina Ferreira Michels_____________________
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