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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LATERALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
AUTORA
Maria de Lourdes Ribeiro
ORIENTADOR
Prof. Ms. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro 2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA LATERALIDADE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Apresentação de trabalho monográfico
apresentado à Universidade Cândido Mendes
como condição prévia para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Psicomotricidade.
3
AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu marido Celso, às minhas amigas e professores, que colaboraram de forma fundamental para realização desta monografia.
4
RESUMO
A educação física, por meio da educação psicomotora, incentiva a
prática do movimento durante a existência do ser humano. Tal concepção
fundamenta-se nos conceitos da educação permanente, como uma nova
forma de evento educativo que, atualmente, tende a revolucionar os
sistemas educacionais de todo o mundo. Ela diversifica-se em função das
relações sociais, das idéias morais, das capacidades e da maneira de ser de
cada um, além de seus valores.
A psicomotricidade educa o movimento, ao mesmo tempo em que põe
em jogo as funções da inteligência. A partir desta posição é que a presente
monografia pretende ressaltar a importância do desenvolvimento da
lateralidade na educação infantil, a relação intrínseca das funções motoras
cognitivas e, também, a importância da afetividade e emoção integradas ao
movimento.
Por sua vez, a lateralidade é a bússola de nosso corpo. É através dela
que o mesmo se situa no meio ambiente, manifestando-se ao longo do
desenvolvimento e das experiências. De acordo com esse ângulo de visão, a
Educação física desempenha um papel de relevante importância na vida
escolar da criança, pois pode realizar a mediação entre a prática e o
processo de aprendizagem utilizando o corpo como instrumento de
construção real do conhecimento.
A exploração do corpo é proposta com o objetivo de uma tomada de
consciência para que haja melhor uso e conseqüentemente maior
possibilidade de expressão.
5
METODOLOGIA O trabalho foi fundamentado pesquisa bibliográfica e observação em campo,
buscando analisar a aplicação dos princípios e conceitos da
psicomotricidade na educação infantil, especialmente, nas crianças entre
quatro e seis anos.
O trabalho de campo foi realizado no CIEP Chanceler Willy Bradt,
localizado no bairro do Jacaré, Rio de Janeiro, onde estudam crianças na
faixa de idade citada anteriormente.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................ 07
CAPÍTULO I - A Psicomotricidade .................................................. 08
CAPÍTULO II - A Lateralidade no Desenvolvimento Psicomotor
da Criança ............................................................. 16
CAPÍTULO III – . Psicomotricidade na Educação Infantil .............. 28
CONCLUSÃO ................................................................................ 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................... 43
ÍNDICE ......................................................................................... 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................... 46
7
INTRODUÇÃO
A pré-escola é a base da formação de uma criança, pois é nela que
depositamos todas as nossas esperanças para uma boa aprendizagem nas
áreas motoras e cognitivas. Esperamos desfrutar desta fase com a mais
absoluta certeza de ampliarmos nossos conhecimentos.
Nesta faixa-etária, suas habilidades ainda se apresentam em total
ajuste e sintonia com o próprio corpo. É nesta fase que o profissional de
Educação Física pode desenvolver um trabalho grandioso na área da
lateralidade. Através de jogos, contestes e brincadeiras que estimulem o
trabalho da lateralidade. Este trabalho estará ligado com a parte psicomotora
da criança, juntamente com outras áreas.
Se a criança não obtiver um mínimo de coordenação motora que irá
auxiliá-la na aquisição de uma melhor lateralidade, e com isto um melhor
equilíbrio, coordenação motora, controle muscular, orientação espacial,
temporal, atenção, percepção visual e memória.
Terá dificuldades posteriormente de realizações de tarefas motoras e
cognitivas. O desenvolvimento psicomotor, bem como sua lateralidade
definida é muito importante para um aprendizado escolar.
Se a criança não vivenciar todas as experiências necessárias no seu
crescimento, poderá apresentar dificuldades futuras que provavelmente
aparecerão em diversas áreas, como a da linguagem, a da fala a motora, a
escrita entre outras inteligências.
O desenvolvimento de uma criança está relacionado com a interação
do próprio corpo, com o meio e as pessoas com quem convive e estabelece
algum tipo de ligação sejam elas afetivas ou emocionais.
Este trabalho visa verificar a importância da lateralidade na educação
infantil, uma vez estabelecido este contato e o autoconhecimento do próprio
corpo a criança estará apta a enfrentar situações que irão surgir ao longo de
suas vidas e com certeza apresentarão um saldo muito positivo, para suas
vidas.
8
CAPÍTULO I
A PSICOMOTRICIDADE
1.1. Breve Histórico da Psicomotricidade
Historicamente o termo “psicomotricidade” aparece a partir do discurso
médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do
século XIX, nomear as zonas do córtex situadas mais além das regiões
motoras.
Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a
constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja
lesionado ou que a lesão esteja claramente localizada.
São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica.
Portanto, o “esquema anátomo-clínico” que determinava para cada sintoma
sua correspondente lesão, já não podia explicar alguns fenômenos
patológicos. Foi a partir necessidade de identificar a nova área de pesquisa
que se nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano
de 1870.
As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor
correspondem a um enfoque eminentemente neurológico. Somente, em
1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano
dando-lhe uma importância fundamental como instrumento na construção do
psiquismo. Esta diferença fez Wallon relacionar o movimento ao afeto, à
emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo.
Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como
a motricidade da relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença
entre postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da
técnica instrumentalista e ocupar-se do corpo em sua globalidade, vai dando
progressivamente, maior importância à relação, à afetividade emocional.
Para o psicomotricista, o conceito de unidade ultrapassa a ligação entre
psico e soma, pois é visto dentro de uma globalidade e não num conjunto de
suas inclinações.
9
1.2. O que é Psicomotricidade
Hoje, a psicomotricidade é o relacionar-se através da ação, como um
meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser
espírito, o ser natureza e o ser sociedade. A psicomotricidade está
associada à afetividade e à personalidade, estudando como e porque o
indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente e a pessoa com
dificuldades motoras passa a apresentar, também, problemas de expressão.
A psicomotricidade conquistou, assim, uma expressão significativa, já
que se traduz em solidariedade profunda e original entre pensamento e
atividade motora, concebida como a integração superior da motricidade,
produto de uma relação inteligível entre o indivíduo e o meio. É um
instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se
materializa.
Objetiva uma melhor organização do desenvolvimento das capacidades
intelectivas, psíquicas e adaptativas, tornando o ser humano mais ajustado
ao meio ambiente em que vive.
A psicomotricidade também tem como objetivo melhorar ou normalizar
o comportamento geral do indivíduo, desenvolvendo também um trabalho
constante sobre as condutas motoras, neuromotoras e perceptivo-motoras,
aonde através dessas condutas o indivíduo vai se conscientizar de seu
próprio corpo, desenvolver seu equilíbrio, controlar sua coordenação global e
fina (segmentar), organizar e estruturar a orientação espaço-temporal.
1.3. Os Caminhos da Psicomotricidade
O pedagogo Guilmain, sempre com a preocupação de melhorar as
crianças das classes de aperfeiçoamento, estudou a Psicomotricidade
acreditando que poderia intervir para servir de impacto, propondo exercícios
físicos motores ou psicomotores adaptados às crianças especiais. Assim ele
pode realizar a síntese entre os dados da medicina e os da pedagogia,
observando a ligação da educação física com a psicomotricidade.
10
Não podemos esquecer que a educação física tradicional está na base
do interesse pela psicomotricidade, tornando-se científica no início do século
XIX, pelo método de Ling e outros, integrando conhecimentos anatômicos,
fisiológicos, psicológicos e sociológicos, aperfeiçoando-se nos séculos XIX e
XX. A busca do equilíbrio de um corpo e espírito sadio, através de atividades
físicas ao ar livre, mostrou a importância de sua utilização.
Através de filosofias orientais e as concepções unitárias nas quais se
baseiam se integram à nossa civilização, influenciando a educação física
atual. Até o interesse da dança que era uma atividade reservada e
unicamente teatral, transformou-se no século XX, sob influência de Isadora
Duncan e Dalcrose despertando o interesse de todas as classes sociais,
enfatizando a educação rítmica e assim integrando-a nos programas
escolares.
Sintetizando, todas as técnicas de dança, ginástica e de esporte
surgiram, aos olhos dos pedagogos, a partir de um interesse para que as
pessoas se conhecessem através de seus corpos, melhorando seu
desenvolvimento.
Outros estudiosos se interessaram pelo desenvolvimento motor da
criança, como psicólogos e médicos, tais como, Wallon, Piaget e Zazzo
colocando a sensoriedade na evolução da criança.
Jacobson, através de seu método, buscou a tomada de consciência
mais sutil das sensações proprioceptivas, controlando a tonicidade, fazendo
de que forma se pode usar a energia e enfatizando a atenção.
A afetividade permite melhorar a seqüência da evolução no decorrer da
reeducação, facilitando a abordagem corporal. Na psicomotricidade temos
como objetivo primordial trabalhar para educar e reeducar o indivíduo que
apresenta distúrbios psicomotores, debilidades motoras, inabilidades,
atrasos psicomotores, instabilidades psicomotores, inibição psicomotora,
diminuição, hipercontrole e retenção.
11
1.4. Aspectos Relevantes do Desenvolvimento Psicomotor
Os estágios são o resultado de um processo reacional e relacional
complexo, e não fixos segundo um quadro de maturação automática.
Segundo Wallon podemos destacar os seguintes estágios:
a) Estágio impulsivo, que é relativo a descargas automático-reflexas;
b) Estágio emotivo, cuja base é tônico-postural e onde as situações
somente são conhecidas por suas repercussões nesse domínio;
c) Estágio sensório motor, que é a coordenação geral;
d) Estágio projetivo, cuja mobilidade é intencional e dirigida para o
objeto em questão.
1.5 Características Gerais do Desenvolvimento Motor
Com ingresso na escola, modificam-se muito as relações de meio
ambiente das crianças, e a partir do ensino fundamental uma parte
considerável do tempo dos alunos pertence agora à aprendizagem e aquelas
tarefas que estão ligadas com a ida à escola.
O brincar sem orientação esta grandemente subordinado a restrições
temporais. Especialmente importante é que sejam dadas às crianças aulas
de Educação Física objetivas. Além disso, muitas delas participam de
atividades e treinamentos esportivos extra-escolares. A formação e a
educação no esporte escolar e extra-escolar tornam-se fatores decisivos
para o desenvolvimento motor das crianças.
Uma habilidade fundamental consiste na vivacidade ou flexibilidade
expressa. Ela é a expressão da satisfação forte e desinibida de movimento.
Quase todos os estímulos do meio são imediatamente transformados em
movimentos pelas crianças, de modo que elas são constantemente “móveis”
e em movimento.
Outras componentes do comportamento motor são a acessibilidade a
solicitações de rendimento esportivo e o desejo de rendimento, no início do
ensino fundamental, geralmente se verifica um interesse prazeroso na
12
solução de tarefas de movimento esportivo. Seu desejo de rendimento ainda
é desequilibrado e também, individualmente expresso, de diferentes
maneiras. A maioria das crianças já mostra com satisfação uma prontidão de
rendimento.
Por outro lado, são observados alunos que se saem bem no
comportamento global do dia e, por exemplo, em competições apresentam
um desejo mínimo de rendimento este comportamento também pode ser
causado por deficiência na formação da aula e especialmente pela
insuficiência na proposta das tarefas, bem como sua motivação.
As crianças entusiasmam-se rapidamente por qualquer tipo de esporte
ou jogo (brincadeira) e dão a essa satisfação uma expressão desinibida; no
entanto, a satisfação e a atenção paralisam-se de maneira relativamente
rápida reconhecidas tendências evidente de uma objetividade maior e de
maior capacidade para condução do movimento.
Outra tendência de desenvolvimento na condução do movimento, no
início do ensino fundamental, é o aumento considerável de força e
velocidade. Ela se torna mais evidente, sobretudo, em movimentos de
locomoção.
Este aumento ocorre nos dois sexos, porém é especialmente forte nos
meninos. Ele é, ao mesmo tempo, o lado da condução de movimento em
que se tornam mais evidentes e mais acentuadas as diferenças específicas
do sexo. (Meinel, K. Rio de Janeiro, 1984)
1.6 Desenvolvimento das Habilidades Motoras
1.6.1 Habilidade de Condicionamento Físico
O desenvolvimento das habilidades de força decorre relativamente
lento no início do ensino fundamental, quando não é especialmente
promovido. Isto atinge primeiramente a força máxima. As diferenças
específicas do sexo em geral ainda não são substanciais. A força dos grupos
musculares nos movimentos diários e nas brincadeiras é pequena. Esta
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afirmação é válida, sobretudo, para habilidades de força dos braços e da
musculatura abdominal.
Substancialmente mais bem desenvolvidas são as capacidades de
força dos membros inferiores. Ali, os amplos e múltiplos movimentos de
locomoção, principalmente na forma de corrida, saltitos e saltos, cuidam dos
estímulos de desenvolvimento correspondentes.
Ao contrário da força muscular, as habilidades de velocidade
desenvolvem-se de maneira consideravelmente rápida no inicio do ensino
fundamental. As altas cotas de crescimento anuais duram até
aproximadamente os 10 anos para a partir de então diminuírem
gradativamente.
Apesar destas altas cotas de crescimento, verifica-se que um bom nível
de velocidade de reação praticamente não é alcançado antes do décimo ano
de vida. Esta afirmação constate-se na aula de educação física ou no
treinamento, sobretudo onde é necessária uma reação rápida e variada às
situações alternadas, como, por exemplo, nos jogos esportivos ou nas
modalidades de luta.
Especialmente claros são progressos no desenvolvimento da
freqüência de movimento.O primeiro ponto alto do aumento de rendimento
anual assinala-se nas crianças de sete a nove anos.Estes aumentos de
rendimento no desenvolvimento da freqüência dos movimentos são
constatados no sprint e nos valores obtidos em diferentes grupos
musculares.
Com reforçada diferenciação que atinge o ‘’repertorio de movimento’’
infantil como um todo, tornam-se claras determinadas modificações na
condução de movimento. As formas de movimento esportivo mais
trabalhadas começam a estabilizar-se na sua forma de decurso espacial e
dinâmico. (Meinel, K. Rio de Janeiro, 1984)
1.6.2 Habilidades de Coordenação
O rápido aumento da habilidade e aprendizagem motora é bem
característico no início do ensino fundamental. Ele é percebido de modo
14
mais evidente na segunda série e especialmente na terceira, uma vez que
está ligado a requisitos bem específicos. Importante para o desenvolvimento
da habilidade de desempenho motor é o aumento da capacidade de
concentração, a passagem da posição anterior da percepção dirigida para a
global, a mais analítica e a detalhada, e a capacidade crescente para
compreensão verbal e mental da realidade.
Não menos importantes são os progressos no desenvolvimento físico
das crianças e sua crescente experiência de movimento.Os requisitos para o
rápido aumento da habilidade motora citados desenvolvem-se no resultado
da formação e educação escolares.
O rápido crescimento da habilidade de aprendizagem motora
corresponde ao desenvolvimento da habilidade motora de direção e
combinação. Na primeira série, o nível dessa habilidade aparece pouco
desenvolvido quando comparado com a terceira série do ensino
fundamental.
Em especial, a combinação fluente e a mais rápida possível das
diferentes solicitações motoras (por exemplo, correr, rolamento para frente,
continuar a correr, ultrapassar uma parte do plinto, etc...) ainda apresenta
grandes dificuldades para muitas crianças. (Meinel, K. Rio de Janeiro, 1984)
1.7 Desenvolvimento de Diferentes Formas dos Movimentos Esportivos
CORRER
O correr, pertence às atividades de desenvolvimento predominantes e
mais cuidadas das crianças.Ela é, por isso, uma forma de movimento que,
em comparação, por exemplo, com o saltar e o arremesso, é mais bem
dominada, na especificidade da idade.
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SALTAR
É uma forma de movimento que, embora executado com satisfação
pelas crianças, não é praticado na mesma proporção que a corrida.
No início do ensino fundamental, verifica-se ampla multiplicidade dos
saltos. Falta-se para o movimento firmado, a Constancia típica no decurso
espacial, temporal e dinâmico, e no rendimento.
LANÇAR
O desenvolvimento do lançar é caracterizado, no início do ensino
fundamental, por consideráveis diferenças individuais e específicas de
sexo.Isto é válido tanto para o desenvolvimento da técnica de lançamento
como também para o desenvolvimento do rendimento.
PEGAR
O pegar faz parte daquelas formas de movimento que dependem
especialmente de treino, de praticar. De modo geral, verifica-se que no início
do ensino fundamental (1ª série), as crianças estão em condições de pegar
com êxito bolas lançadas à altura do peito; também os lançamentos à altura
dos joelhos e dentro do alcance são quase todos pegos, desde que não
sejam lançados com muita força.
Geralmente, ocorre uma reação objetiva à pequenas inexatidões do
lançamento, uma vez que as crianças antecipam a trajetória de vôo da bola,
podendo pegá-las na sua maioria. Com atividades de pegar e jogos de bola,
constata-se que as crianças aprendem cada vez mais a antecipar rápida,
correta e variavelmente a trajetória da bola, a reagir e adaptar-se
correspondentemente a ela, e o pegar requerido torna-se cada vez mais
seguro e variado. (Meinel, K. Rio de Janeiro, 1984)
16
CAPÍTULO II
A LATERALIDADE NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA
2.1. A Lateralidade na Educação Física
A lateralidade, cujo termo vem do latim e quer dizer “lado”, tem sido
tema para muitos autores que se dedicam ao estudo da psicomotricidade, da
linguagem e das dificuldades de aprendizagem. Para Negrine (1986), é
durante o crescimento que a lateralidade da criança se define naturalmente,
podendo, também, ser determinada por fatores sociais ainda muito
marcantes nos dias de hoje em nossa sociedade.
Não é raro, por exemplo, encontrarmos famílias fazendo tentativas para
influenciar a criança a utilizar a mão direita no lugar da esquerda, bem como
pessoas adultas bem lateralizadas na infância, como os canhotos, que se
tornaram destras.
Buscamos mostrar a importância que a Educação Física tem dentro do
contexto educacional e a maneira como pode contribuir para que problemas
de má lateralização sejam contornados, sempre com o intuito de facilitar o
aprendizado da criança. A ação educativa é fundamental para colocar a
criança nas melhores condições para que a aprendizagem lhe permita
organizar e consolidar seu desenvolvimento.
Autores como Negrine, Freire, Romero e Fischer são unânimes em
ressaltar que o desenvolvimento do domínio corporal é um dos fatores
fundamentais no processo de aprendizagem do ser humano, em especial no
período em que está na escola. Por essa razão, justamente nesse período
em que está na escola, à criança devemos possibilitar todas as
experimentações possíveis, inclusive a do corpo. E isso pode ser feito
conduzindo a criança de forma que descubra o movimento como elemento
mediador nas construções sobre ela mesma, sobre o outro e sobre o mundo.
17
2.2. Lateralidade e suas Definições
O tema lateralidade tem sido estudado desde a abordagem sobre a
dominância cerebral feita por Paul Broca em 1965. A partir da referida
abordagem foram obtidas importantes informações que contribuíram para o
desenvolvimento dos estudos neurológicos.
Segundo Fonseca (1989, p. 69), a lateralidade constitui um processo
essencial às relações entre a motricidade e a organização psíquica
intersensorial. Representa a conscientização integrada e simbolicamente
interiorizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que
pressupõe a noção da linha média do corpo. Dessa noção vão decorrer, as
relações de orientação face aos objetos, às imagens e aos símbolos, razão
pela qual a lateralização vai interferir nas aprendizagens escolares de uma
maneira decisiva.
A lateralização, além de ser uma característica da espécie humana em
si, põe em jogo a especialização hemisférica do cérebro, reflete a
organização funcional do sistema nervoso central. A conscientização do
corpo pressupõe a noção de esquerda e direita, sendo que a lateralidade
com mais força, precisão, preferência, velocidade e coordenação participa
no processo de maturação psicomotor da criança.
A capacidade de a criança ascender à simbolização passa pela
dominância cerebral, pois, caso contrário, resulta em distúrbios quer na
linguagem falada, quer na linguagem escrita. Sabemos que a metade
esquerda do corpo é controlada pelo hemisfério direito, ao passo que a outra
metade é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando há dominância do
hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; quando ocorre a dominância
do hemisfério direito, temos o indivíduo canhoto.
É legítimo, porém, admitir que haja colaboração dos dois hemisférios
na elaboração da inteligência. A literatura nos mostra que o sinistro é o
inverso do destro, que isso implica uma organização cerebral diferente, e
que o desenvolvimento neurológico é diferente tanto nos dois hemisférios
cerebrais quanto nos seus territórios neurossensomotores.
Conforme Romero (1988, p.7), o predomínio lateral é funcional e
relativo, não significando a existência da mesma proporção de destros e
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canhotos. Além disso, a lateralidade complementa uma função coordenada
com a dominante; trata-se de uma direção assegurada por um dos membros
ao realizarmos uma série de movimentos ou ao entrar em jogo um conjunto
neuromuscular.
A literatura científica tem mostrado que o destro não é aquele que
utiliza somente a mão direita, pois, em vários atos motores, serve-se das
duas mãos normalmente. Entretanto, a esquerda tem nos movimentos
habitualmente coordenados uma função de apoio no jogo complementar de
ambas. O predomínio motor pode mudar de acordo com a atividade a ser
desempenhada. O destro bem lateralizado apresenta dominância do
hemisfério esquerdo, o que parece não ser totalmente aceito para o caso
oposto.
Pesquisas apontam que, aproximadamente, 98% da população,
incluindo nessa percentagem pelo menos a metade dos sinistros, têm
dominância do hemisfério esquerdo. Como seqüência, são poucos os casos
de sinistros ou de dominância cerebral direita.
Buscamos em vários autores uma definição para o termo lateralidade e
encontramos várias delas e, mesmo com terminologias diferenciadas,
parecem que, em sua essência, são concordantes entre si.
Para melhor definirmos a lateralização, utilizamos colocações de
diversos estudiosos do assunto. Le Bouch (1986, p.118), assegura ser a
lateralização “uma tradução de um predomínio motor referido ao segmento
direito ou esquerdo do corpo”. Para Negrine (1986, p.29), “a lateralidade é,
por um lado, uma bagagem inata e, por outro, uma dominância espacial
adquirida”.
Já Quirós & Schrager (apud Negrine, 1986, p.21), dizem que o termo
lateralidade se refere a “prevalências motoras de um lado do corpo”. Essa
lateralização motora coincide com a predominância sensorial do mesmo lado
e com as possibilidades simbólicas do hemisfério cerebral oposto.
Dessa maneira, é possível aceitar a idéia de que a lateralização não se
manifesta somente por meio de aferências sensoriais e sensitivas e por meio
da diferenciação funcional de ambas as metades do cérebro. Dolle (Apud
Romero, 1988, p.8) define a lateralidade “como apreensão da idéia de direita
19
– esquerda”. Enfatiza o autor que a automatização da lateralização tanto é
necessária quanto indispensável e afirma que esse conhecimento deve ser
automatizado o mais cedo possível e que a detecção deve ser feita o quanto
antes, se possível quando a criança ainda estiver no jardim de infância.
Alguns autores dizem que a lateralidade está relacionada ao
conhecimento corporal, o qual é de grande importância nas relações entre o
eu e o mundo exterior, o que, segundo Wallon, é um elemento indispensável
na constituição da personalidade do ser humano. O conhecimento do corpo
não depende unicamente do desenvolvimento cognitivo. Depende, também,
da percepção formada tanto de sensações visuais, táteis, sinestésicas
quanto, em parte, da contribuição da linguagem.
Faria (2001, p. 84) classifica, em relação à lateralidade, os sujeitos da
seguinte forma:
• Destros – são aqueles nos quais não existe um predomínio claro
estabelecido do lado direito na utilização dos membros e órgãos;
• Sinistros ou canhotos – são aqueles nos quais existe um predomínio claro
estabelecido do lado esquerdo na utilização dos membros e órgãos e;
• Ambidestros - são aqueles nos quais não existe predomínio claro
estabelecido, ocorrendo o uso indiscriminado dos dois lados.
Coste (1992, p.63) define quatro tipos de lateralidade:
a) Destralidade verdadeira - a dominância cerebral está à direita;
b) Sinistralidade verdadeira - a dominância cerebral está à direita;
c) Falsa sinistralidade - caso em que o indivíduo adota a sinistralidade em
conseqüência de uma paralisia ou de uma amputação, que impossibilitou a
utilização do braço direito e;
d) Falsa destralidade - caso em que a organização é inversa da observada
na falsa sinistralidade.
É relevante considerarmos, ainda, as grandes variações dentro da
lateralidade. Estão inclusos nessa categoria os sinistros contrariados, ou
seja, aqueles que têm sua dominância discordante entre um membro e outro
(lateralidade cruzada).
Quando falamos em lateralidade cruzada, nos referimos ao indivíduo
que nasce com potencial para ser sinistro, mas que, em virtude da pressão
20
exercida sobre ele, acaba utilizando a mão direita. Assim, esse indivíduo
sinistro contrariado acaba tendo sua lateralidade cruzada. A predominância
cerebral pode ser patológica.
Dessa forma, um indivíduo pode ser sinistro porque houve lesão num
hemisfério, e o outro assumiu o comando. O mesmo pode ocorrer com a
destricidade, que pode se apresentar como normal ou patológica.
Estudos científicos mostram que o cérebro humano está continuamente
fortificando ou enfraquecendo suas conexões conforme a experiência,
graças a uma propriedade que está permanentemente ativa em cada
neurônio.
É a plasticidade neural que confere ao cérebro a habilidade para
assumir funções específicas como resultado da experiência, ou seja, os
neurônios podem modificar suas conexões conforme o uso ou o desuso de
determinados circuitos neurais.
Assim, é possível testemunhar a recuperação de funções corticais após
uma lesão em determinada área do cérebro pela utilização de áreas corticais
adjacentes (Thomas et al. Apud FOZ et al.2001). A plasticidade diminui
conforme a idade, tornando-se limitada ou até inexistente após a
adolescência.
Broca e Wernicke estabeleceram uma relação muito estreita entre
lateralidade destra e linguagem. O fato dos centros da linguagem se
encontrarem localizados no hemisfério esquerdo explicaria, assim, os
transtornos apresentados nessa esfera.
Segundo Romero (1988, p.9), várias pesquisas e estudos vêm
estabelecendo relações entre os transtornos de lateralidade e a
aprendizagem. Harris, por exemplo, em 1957, relacionou a confusão na
dominância cerebral com inabilidades para leitura. Barreto, em 1971,
encontrou relação entre a lateralidade cruzada e as dificuldades para a
aprendizagem.
Rebello, em 1967, comentou haver certa freqüência de crianças com
lateralidade cruzada ou mal estabelecida concomitantemente com disfunção
cerebral mínima em clínica neuropediátrica. Fez constar em seu trabalho
21
uma percentagem significativa de crianças com lateralidade cruzada e com
dificuldades para a aprendizagem.
2.3 Possíveis Problemas de Aprendizagem Relacionados
com a Lateralidade
Fischer (1997, p.27) classifica os problemas de aprendizagem em
dislexia, disortografia e discalculia.
A dislexia caracteriza-se por dificuldades de aprendizagem
relacionadas à identificação, compreensão, interpretação dos símbolos
gráficos e por leitura defeituosa, lenta e silabada. A criança disléxica não é
capaz de soletrar palavras, mesmo que reconheça as letras. Troca as
sílabas, substitui letras, omite letras ou palavras, inverte letras e, algumas
vezes, tenta ler de trás para frente, confundindo, inclusive, letras com
simetria semelhante.
A dislexia consiste na dificuldade de aquisição da leitura na idade
habitual, executando toda debilidade ou deficiência sensorial; a ela se
associam dificuldades de ortografia e, em alguns casos, distúrbios
psicomotores e de linguagem.
A disortografia consiste na dificuldade para memorizar as regras
ortográficas e sintáticas, para usar adequadamente as letras SS, S, Ç, RR,
R, CH e X, para diferenciar gênero de número, para inverter termos, para
evitar erros gramaticais considerados grosseiros por especialistas da área.
A discalculia é a dificuldade na identificação de símbolos visuais, em
cálculo, em concepção de idéias e em aspectos verbais ou não verbais.
Para Romero (1988, p.9), os transtornos psicomotores – como a
lateralidade e a estruturação do esquema corporal – são, de certa forma,
responsáveis pela síndrome da dislexia.
Há alterações psicomotoras que interferem nas tarefas escolares, com
reflexos diretos na escrita, dentre os quais podem ser citados e
considerados:
22
• Falta de maturidade motora, a qual se manifesta através de uma debilidade
motora na realização dos movimentos gráficos, na lentidão e na dificuldade
de maneira geral;
• tonicidade alterada para menos ou para excesso: as crianças hipotônicas
fazem traço débil e letras mal acabadas ou incompletas, e as crianças
hipertônicas realizam o traço com demasiada pressão, sendo freqüentes as
sincenesias e os movimentos espasmódicos:
• descoordenações psicomotoras que, isolada ou juntamente com as
alterações neurológicas ou emocionais, se manifestam através de
dificuldades mais ou menos graves, em alguns casos, para segurar o lápis e
controlar os movimentos.
Negrine (1986, p.32) afirma que as dificuldades de aprendizagem
demonstradas pelas crianças de seis a sete anos, quando estas chegam à
escola formal para a alfabetização, são resultantes de toda uma vivência
com seu próprio corpo e não apenas de problemas exclusivos de
aprendizagem da leitura e escrita. O autor diz que o desenvolvimento do
domínio corporal é um fator essencial para as aprendizagens cognitivas.
Enfatiza que as dificuldades de aprendizagem podem começar a se
manifestar entre os três e os cinco anos de idade, sendo que, após os cinco
anos, a freqüência dessas dificuldades em crianças em idade escolar
aumenta consideravelmente.
Ainda para o mesmo autor, a lateralidade é um dos aspectos mais
importantes para o desenvolvimento das capacidades de aprendizagem.
Isso não quer dizer que todas as crianças que tenham dificuldades de
aprendizagem também tenham alterações na lateralidade”.
Romero (1988, p.9) faz as seguintes considerações relacionando a
lateralidade com a aprendizagem:
a) os problemas de leitura e de escrita apresentam relação espacial entre o
eu da criança e o seu meio dentro da formação do seu universo, sendo
que o fator lateralização unido ao de orientação e de estruturação dos
esquemas corporal e temporal, interage diretamente nesses problemas;
b) a consciência da lateralidade e da discriminação direita/ esquerda pode
auxiliar a criança a perceber movimentos do corpo no espaço e no
23
tempo, sendo através da educação do corpo que a mesma pode afirmar
definitivamente a lateralidade;
c) para o desenvolvimento adequado da criança é fundamental não forçá-la
a lateralização esquerda ou direita, uma vez que muita criança tem a
tendência à esquerda;
d) o número de indivíduos sinistros diminui com a idade;
e) o destro possui uma série de privilégios manuais dentro da sociedade,
como o uso de tesouras, de abridores, de maçanetas de portas e de um
incontável número de objetos que reforçam o uso do lado direito;
f) a lateralidade não tem conseguido provar, por si só, que é responsável
pelas dificuldades de aprendizagem.
Sincenesia é a reação parasita que traduz um esboço de reprodução,
limitação de movimento pelo membro contralateral ou concentração
hipertônica no membro oposto. São exemplos de sincenesia: mão em garra
ou a reação da “boca aberta” em que a língua acompanha a execução do
movimento da mão.
De acordo com Fonseca (1988, p.129), “inúmeros autores afirmam que
a não preferência manual pode levar a problemas de dominância
hemisférica, aos quais se unem os problemas de linguagem com confusões
posteriores das funções simbólicas”.
O corpo é o ponto de partida de todas as possibilidades de ação da
criança, e é direta a relação dele com a organização das sensações relativas
ao seu próprio corpo e à informação do mundo exterior.
Essa organização implica a percepção e o controle do próprio corpo, o
equilíbrio postural, a lateralidade bem definida, a independência de
diferentes segmentos em relação ao tronco e aos outros membros bem
como o controle da respiração. Tomando como referência as considerações
feitas até agora neste artigo, acreditamos na necessidade da educação
psicomotora baseada no movimento.
24
2.4. Como a Educação Física e a Escola podem Contribuir para Diminuir as Dificuldades de Aprendizagem.
A escola ao desenvolver os seus educandos em sua totalidade –
orgânica, intelectual, social e política – viabiliza um aprendizado capaz de
possibilitar a inserção de um número cada vez maior deles na sociedade e
na cultura das quais fazem parte.
Nesse sentido, a Educação Física pode dar a sua contribuição para o
processo de formação humana, sugerindo aos pedagogos de sala de aula
que utilizem o movimento e a linguagem corporal, seja através do jogo, da
brincadeira ou de outras atividades dinâmicas, para possibilitar que o aluno
aprenda a se relacionar com o mundo exterior.
Nessa perspectiva, começa a proliferar a idéia de uma educação de
“corpo inteiro” que leve em consideração o ser humano por inteiro. Essa
forma de pensar é definida por Freire, o qual diz não ser possível provar que
“uma pessoa aprende melhor quando está imóvel e em silêncio” (1989 p.12).
Portanto, é preciso oportunizar a criança o espaço adequado para que
possa se expressar também através de seu corpo, movimentando-se,
falando e, é claro, brincando. A escola precisa reestruturar sua ação para
que possam existir crianças inteiras. Freire (1994, p. 14) sugere que “a cada
início de ano letivo, por ocasião da matrícula, também o corpo seja
matriculado”.
No contexto atual, a Educação Física apresenta vários objetivos,
estando entre eles um que é específico para as séries iniciais: buscar
desenvolver as potencialidades da criança e, conseqüentemente, auxiliar na
aprendizagem. Proporcionar a aprendizagem das crianças em vários
esportes, criar o hábito da atividade física e mental bem como buscar o
equilíbrio sócio-afetivo são outras finalidades da Educação Física.
Guiselini (1985, p.33) conclui que o “movimento corporal é um agente
educacional por excelência”.
Acreditamos que um programa de Educação Física bem estruturado,
voltado para o aluno pode garantir um desenvolvimento harmonioso. Nesse
programa deveriam constar atividades e exercícios direcionados para a
afirmação de lateralidade, coordenação estática e dinâmica, equilíbrio,
25
dissociação de movimentos, percepção temporal, relaxamento e pequenos
jogos.
Da mesma forma, acreditamos que a boa dosagem das atividades, o
bom senso do professor e, sobretudo, a colaboração de todos os envolvidos
no processo de ensino-aprendizagem da criança poderão contribuir de forma
significativa para o seu pleno desenvolvimento e para que atinja um bom
rendimento escolar nas atividades desenvolvidas em sala de aula.
2.5. Sugestões de Atividades para Ajudar a Evitar Possíveis
Problemas de Aprendizagem.
Para dificuldades na leitura, relacionadas à identificação, compreensão,
interpretação dos símbolos gráficos, sugere:
• Exercícios de esquema corporal;
• Trabalho com diferentes ritmos;
• Relaxamento;
• Brincadeira e jogos de construção;
• O uso do corpo pela criança no desenvolvimento de atividades, o que a
levará a tomar conhecimento do próprio corpo, de suas partes e do mundo.
O Jogo das Partes do Corpo e Brincar de Robô são dois exercícios que
podem ser indicados para o esquema corporal.
No Jogo das Partes do Corpo, as crianças, a um sinal do professor se
movimentam, andando ou correndo pelo espaço da aula. De repente, o
professor fala uma parte do corpo, momento em que cada criança, sem
parar de se movimentar, procura encostar a parte do corpo mencionada na
parte correspondente do corpo de um colega. Assim, se o professor disser
“mão”, o aluno encosta sua mão na mão de algum colega e continua o
movimento de deslocamento combinado (por exemplo, andar). Devem ser
feitas poucas solicitações, pois estamos indicando essa brincadeira para
crianças bem novas.
Brincar de Robô é uma atividade desenvolvida da seguinte maneira:
parada e em movimento, uma criança é o robô, e seu parceiro é o guia.
Auxiliados pela professora, combinam sinais de movimentação do robô. Por
exemplo, se o guia tocar o lado esquerdo da cabeça do robô, esse vira para
26
a esquerda; se tocar o lado direito, vira à direita; se tocar o alto da cabeça, o
robô abaixa, e assim por diante.
Algum tempo depois, invertem-se os papéis, sendo que o guia vira
robô, e o robô vira guia. Depois disso, a brincadeira é feita com
deslocamentos. As duplas combinam os sinais de movimentação. Por
exemplo, um toque na parte de trás da cabeça é sinal para o robô ir adiante;
um toque nos ombros é sinal para que ele pare.
Em relação às dificuldades de aprendizagem da escrita, as sugestões
são:
• Exercícios de fortalecimento da lateralidade com manipulação de
materiais diversos;
• Trabalhos com corda para formar letras com as mesmas e andar
sobre elas;
• Confecção de instrumentos musicais;
• Exercícios de orientação do esquema corporal.
Para a lateralidade, propomos Seguir o Guia e Zerinho. Na atividade
Seguir o Guia, o guia orienta o parceiro com sons, e a criança que é guiada
tem os olhos vendados. O percurso a ser seguido é combinado entre a
professora e as crianças. Os sons utilizados são combinados entre as
crianças das duplas. Ao final da aula, cada criança pega uma folha de papel
e tenta desenhar o mapa do território percorrido.
Zerinho é uma brincadeira de corda, só que, em vez de pularem corda,
as crianças devem passar sob ela de modo que os movimentos da corda
não sejam interrompidos. Isso pode ser feito andando ou correndo,
dependendo da habilidade das crianças.
O nome Zerinho foi escolhido porque o professor, verificando que todos
já conseguem passar por baixo da corda sem tocá-la, os desafia para que
passem um a um, sem interromper a corda e sem deixar que ocorram
batidas vazias, isto é, movimentos da corda sem que passe alguma criança
em cada batida. Se isso ocorrer, a contagem da seqüência que vem sendo
feita volta para o zero.
Para as dificuldades de compreensão, identificação e organização do
cálculo, sugerimos:
27
• Exercícios de imagem corporal;
• Jogos de atenção;
• Brincadeiras que envolvam concentração e atenção;
• Atividades de percepção;
• Brincadeiras e jogos que envolvam cálculos;
• Exercícios de orientação espacial.
Dentre jogos de atenção, destacamos: Par e Ímpar e Jogo dos
Números e Dando as Mãos.
No jogo Par e Ímpar, os alunos se organizam em duas ou mais colunas
distantes entre si cerca de três metros. A professora combina qual a coluna
é par, e qual coluna é ímpar e lateralmente traça uma linha a uns 15 metros
de cada coluna. Se a professora gritar um número par, os alunos da coluna
par fogem e são perseguidos até o limite pelos alunos ímpares, e vice-versa.
Aos poucos, acrescentam-se cálculos, somas, diminuições, multiplicações,
divisões etc.
No Jogo dos Números e Dando as Mãos, são formadas pelas crianças
quatro colunas com igual número de componentes. Cada coluna deve fazer
uma numeração de forma que cada um tenha um número que corresponda
ao mesmo do aluno da outra coluna. Quando a professora chamar um
número (por exemplo, quatro), os dois números quatro das duas primeiras
colunas dão-se as mãos, os dois números quatro das outras duas colunas
fazem o mesmo, e as duas duplas correm, de mãos dadas, até um certo
ponto, fazem o contorno e voltam ao seu lugar na coluna, marcando ponto a
dupla que chegar primeiro.
28
CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1 Educação do Movimento
Mesmo em meio a tantos conceitos, pode-se dizer que existe uma
coerência na ciência. No momento em que a psicomotricidade educa o
movimento, ela ao mesmo tempo coloca em jogo as funções da inteligência.
A partir dessa posição, observa-se a relação profunda das funções motoras
cognitivas com a afetividade que encaminha o movimento.
Fonseca (1988) comenta que “O movimento humano é construído em
função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima,
o movimento transforma-se em comportamento significante”. O movimento
humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser
humano.
É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os
nervos, que interagem e atuam de forma coordenada. O cérebro e a medula
espinhal enviam ordens para comandar a contínua atividade de movimento
com específica finalidade. Essas ordens sofrem influências do meio e do
estado emocional do ser humano (BARROS: NEDIALCOVA, 1999).
As unidades básicas do movimento, que abrangem a capacidade de
equilíbrio e asseguram as posições estáticas, são as estruturas
psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas como básicas são:
locomoção, manipulação e tônus corporal. Essas estruturas interagem com a
organização espaço-temporal, as coordenações finas e amplas,
coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o
relaxamento.
Elas são traduzidas pelos esquemas posturais e de movimentos, como:
andar, correr, saltar, lançar, rolar, rastejar, engatinhar, trepar e outros
considerados superiores, como estender, elevar, abaixar, flexionar, rolar,
oscilar, suspender, inclinar, além daqueles que se relacionam com os
movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Baseiam-se nos diversos
29
estágios do desenvolvimento psicomotor, assumindo características
qualitativas e quantitativas diversas (BARROS, 1972).
O movimento refere-se, geralmente, ao deslocamento do corpo como
um todo ou dos membros produzido como uma conseqüência do padrão
espacial e temporal da contração muscular. Movimento é o deslocamento de
qualquer objeto, porém na psicomotricidade o importante não é o
movimento, mas a ação corporal em si.
Os movimentos podem ser involuntários ou voluntários. Movimentos
involuntários são os atos reflexos comandados pela substância cinzenta da
medula antes dos impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Os movimentos
involuntários são os elementares inatos e adquiridos. Os inatos são aqueles
com os quais nascemos e são representados pelos reflexos, que são
respostas caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e
execução.
Movimentos e expressões involuntários, muitas vezes, estão presentes
em determinadas ações sem que o executante os perceba.Esses
movimentos são desencadeados e manifestados pelo corpo no momento
que determinados atos voluntários ocorrem.
Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados que
ocorrem devido à aprendizagem e que formam os hábitos, os quais, quando
bons, poupam tempo e esforço, caso contrário, se exagerados eliminam a
criatividade.
Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica ao seu
ecossistema) ou ativos (comer, andar, tocar instrumentos). Os reflexos
condicionados são produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses
reflexos condicionados geralmente começam como atividade voluntária e
depois de apreendidos são mecanizados.
Para a execução do ato voluntário exige-se um certo grau de
consciência e reflexão sobre finalidades, entretanto, a maior parte dos atos
executados na vida diária é relativamente automática. Para a atividade
voluntária cotidiana faz parte uma série de reflexos automáticos e instintivos,
os quais, na prática, não podem ser bem diferenciados. A freqüente
30
repetição de atitudes voluntárias acaba por transformar-se em atos
automáticos.
3.2. Psicomotricidade e Afetividade na Educação Infantil
Associada à psicomotricidade está a afetividade. A criança utiliza o
corpo para demonstrar o que sente. Desde o nascimento, a criança passa
por diferentes fases nas quais adquire conhecimentos e passa por diversas
experiências até chegar a sua vida adulta. As primeiras reações afetivas da
criança envolvem a satisfação de suas necessidades e o equilíbrio
fisiológico.
Segundo Lapierre e Aucouturier (1984), “Durante o seu
desenvolvimento aparecem os fantasmas corporais que limitam suas
expressões devido à falta de contato corporal dos pais e filhos. A afetividade
é indispensável para o desenvolvimento da criança e equilíbrio
psicossomático”. Como esse contato corporal tende a diminuir com o passar
do tempo cria-se um grande problema para o desenvolvimento da criança.
É recomendado aos pais que mantenham o contato corporal através do
toque durante toda a vida da criança (CHICON, 1999), pois isso certamente
levará a uma evolução psicomotora e cognitiva da criança. É necessário que
toda criança passe por todas as etapas em seu desenvolvimento.
Henri Wallon (1971) diz que o movimento humano surge das emoções,
que a criança é pura emoção durante uma longa fase de sua vida. A
afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as
emoções, as paixões, e reflete sempre a capacidade de experimentar
sentimentos e emoções.
É ela quem determina a atitude geral da pessoa diante de qualquer
experiência vivenciada e determina sentimentos que oscilam entre dois
pólos, a depressão e a euforia. A forma do indivíduo de se relacionar com a
vida, se dá através da tonalidade de ânimo com a qual a pessoa perceberá
o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, a afetividade exerce
profunda influência sobre o pensamento e sobre a conduta do indivíduo.
31
A psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo com toda sua
história de vida, social, política e econômica. Essa história se retrata no seu
corpo e trabalha, também, o afeto e desafeto do corpo, desenvolve seu
aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar
sua energia, de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética, de
aperfeiçoar o seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento,
considerando o ser em sua totalidade. Engloba várias outras áreas:
educacionais, pedagógicas e da saúde, por ter o homem como objeto de
estudo.
Psicomotricidade é corpo, ação e emoção. É o corpo em movimento
trabalhando e permitindo ser trabalhado. “O exercício físico estimula a
respiração, a circulação, o fortalecimento dos ossos, músculos e aumenta a
capacidade física, dando ao corpo pleno desenvolvimento” (Fátima Alves,
2003, p. 137).
O bom desempenho mental aliado ao motor poderá levar a criança à
exploração do mundo exterior, saindo de si e começando a observar e
explorar o mundo através de experiências concretas.
O desenvolvimento é crescente tanto no aspecto físico, intelectual e
afetivo e tudo depende de influências comuns. As fases do desenvolvimento
são comuns a todas as crianças, mas as diferenças de ambiente familiar e
meio social em que vivem vão definir o seu comportamento. Assim,
observamos crianças com a mesma idade e comportamentos diferentes, o
que vem provar que cada criança é única e deve ser respeitada.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento
psicomotor infantil. É preciso estar atento para que nenhuma perturbação
passe despercebida e seja tratada a tempo, para que a capacidade futura da
criança não seja afetada e prejudique a aprendizagem da leitura e da escrita.
32
3.3. Influências no Processo do Desenvolvimento Psicomotor da Criança
Se quisermos que haja uma maturação normal na criança e que sua
inteligência seja desenvolvida, é necessário que haja um ambiente favorável.
Por isso é preciso que os responsáveis sejam orientados e tomem
consciência de sua importância como primeiros educadores.
Desde o nascimento até por volta dos cinco ou seis anos, os teóricos
da educação psicomotora concluem, através de observações e pesquisas,
que as interações entre pais e educadores servem de base para o adequado
desenvolvimento social, afetivo e motor da criança, o que irá favorecê-la na
aprendizagem futura.
Neste sentido, é oportuno apresentar as fases do desenvolvimento da
criança.
a) Fase Oral – 0 aos 18 meses.
b) Fase Anal – 18 meses a três anos.
c) Fase Fálica – quatro aos seis anos.
3.4. Fase Fálica
É a fase lúdica, parece que a criança é dotada de uma energia
interminável, extravasada através de atividades motoras como: correr com
velocidade, pular, subir e descer.
Já percebe que é capaz de fazer e imaginar o que será capaz de fazer
futuramente. Parece que está em todos os lugares, quer saber tudo,
participar de tudo. Brinca sozinha e com poucas companhias.
A criança toca o seu corpo e o corpo do outro, encontra no outro as
semelhanças e diferenças corporais, percebe seu próprio corpo através do
outro e começa a conhecer a sua composição. Percebe que além de si tem
outras pessoas e objetos que fazem parte da história de sua vida. É a fase
do tocar, encontrar e conviver.
33
É o início da aceitação de si e do outro, da convivência e da
socialização. Aprende a partilhar as brincadeiras, a dar para receber,
encontrar no outro a alegria e reconhecer que o mundo é de todos e que a
professora é para todos e assim começam a dividir também as atenções. A
fantasia deve ser trabalhada para mais tarde se tornar uma pessoa criativa.
Nessa idade já fazem parte de turmas de Educação Infantil.
As crianças que chegam às escolas, na maioria das vezes, convivem
com adultos, que pela vida atribulada, quase não têm tempo para elas.
Geralmente, vivem em apartamentos ou em casas onde quintais foram
substituídos por áreas cimentadas. Passam a maior parte do tempo em
frente à televisão e brincando com brinquedos eletrônicos, com brincadeiras
estáticas, ao invés de correr, subir em árvore, pular amarelinha, jogar bola,
brincar de boneca; brincar se movimentando e com outras crianças para
desenvolver a sua capacidade criadora.
Isto é, colocar em movimento o corpo e a mente. Mas, geralmente, em
vez de ativas são passivas perdendo a oportunidade de explorar as próprias
capacidades para crescer. São crianças que não foram devidamente
estimuladas em sua primeira escola: a família. Portanto, caberá ao professor
suprir a falta de desenvolvimento motor, intelectual e afetivo das crianças.
Para tal, deverá observar a criança em suas atividades, criando
situações de descontração. Na brincadeira livre está uma excelente
oportunidade para essa observação. O professor organizará atividades
individuais e coletivas para fazer uma avaliação psicomotora com suas
crianças, detectando as falhas, organizará atividades de reeducação
psicomotora com o objetivo de superá-las. O professor precisa ter
conhecimento para preparar os exercícios. É importante que haja variedade,
pois crianças que parecem ter adquirido uma habilidade, revelam-se
incapazes de refazer um mesmo exercício com material diferente.
Devem ser empregados quebra-cabeças, jogos, cantigas de roda,
desenhos, exercícios físicos etc. A educação psicomotora deve ter funções
preventiva e terapêutica e deve estimular a fantasia, tão importante nessa
fase da vida da criança. Bom, também, é solicitar a participação da criança
na organização de exercícios.
34
Se a maioria das crianças cursa a Educação Infantil pelo período de
dois anos que é específico para favorecer o desenvolvimento global da
criança e o seu fortalecimento, facilitar a construção de sua unidade corporal
e afirmar sua identidade e autonomia intelectual e afetiva; porque há tanta
dificuldade, posteriormente, na aprendizagem da leitura e da escrita? “A lei
de Diretrizes e Bases no 9394/96, art 9, define como finalidade da Educação
Infantil, o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social…” ( Revista Mosaico,
1998).
A escola reconhece a necessidade do emprego das condutas
psicomotoras da Educação Infantil para a função de preparar a criança para
aprendizagens futuras. A forma, porém, de como realizam os exercícios, não
permite que os objetivos sejam alcançados. Os mesmos são aplicados para
aperfeiçoamento da mecânica motora.
A relação entre a construção destes domínios e as dimensões afetiva,
relacional e histórica são esquecidas. É no processo da autoconstrução que
a criança chega à escola. A função do professor é trabalhar no aluno cada
uma das dimensões, para levá-lo à construção da unidade corporal e
afirmação da identidade. O educador não pode continuar investindo apenas
em seu intelecto e em seu corpo como instrumento de aprendizagem. A
psicomotricidade tem ação educativa e preventiva.
Segundo Lapierre e Aucouturier, para aprender, a criança necessita de:
a) uma organização de si, do espaço e do tempo que permita aprender;
b) uma organização mental que permita compreender;
c) uma organização psicoafetiva que lhe permita desejar aprender.
O desenvolvimento psicomotor quando acontece harmoniosamente
prepara a criança para uma vida social próspera, pois, já domina seu corpo e
utiliza-o com desenvoltura, o que torna fácil e equilibrado seu contato com os
outros. As reações afetivas e as aprendizagens psicomotoras estão
interligadas. A psicomotricidade é abrangente e pode contribuir de forma
plena para os objetivos para com os objetivos da educação.
35
3.5. Como Avaliar a Criança em suas Dificuldades
3.5.1. Observando o desenvolvimento psicomotor
A criança na Educação Infantil tem necessidade de brincar, correr,
pular, livremente ou dirigida, mas sempre sob o olhar educador do professor.
Não levar para brincar por brincar. Através de exercícios que envolvam
todos os elementos da psicomotricidade, a criança deve ser avaliada. O
ideal é que, a cada dia, seja observado um determinado elemento básico da
psicomotricidade.
3.5.2. Observando o desenho
Através da observação do desenho da criança, o professor começa a
conhecer e entender a história de vida da criança, sua relação com o mundo,
à relação que ela tem dentro de casa com os pais, os irmãos, a afetividade,
os traumas, os problemas emocionais, o estágio de conhecimento de seu
próprio corpo, do corpo do outro, se ainda está formando ou se já formou
sua imagem corporal, muito importante para o desenvolvimento do esquema
corporal, o conhecimento das partes do corpo tudo isso com a ajuda da
própria criança. Os desenhos deverão ser guardados e pelo menos de dois
em dois meses, novos desenhos devem ser realizados pela criança e
comparados com o anterior para verificar se houve progresso.
3.5.3. Observando o comportamento social
Ninguém vive sozinho. A criança precisa se desenvolver, aprender,
crescer, no meio de outras crianças. Por isso é tão importante freqüentar a
Educação Infantil, para partilhar a sua vivência. Brincadeiras livres são
importantes, mas é hora de introduzir os jogos com regras fáceis para serem
obedecidas. Os jogos ajudam a impor limites, respeitar o colega e ter
cuidado com ele, estruturando o convívio social.
36
3.6. A Educação Física através da Psicomotricidade na Formação da Criança em Idade Escolar
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a
formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e
psicológico, dando oportunidade para que, por meio de jogos, de atividades
lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da educação física, a
criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do
comportamento psicomotor.
Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão
motora, a educação física deverá realizar atividades considerando seus
níveis de maturação biológica. A educação física, na sua parte recreativa,
proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas
que ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio socio-
afetivo.
A educação física escolar não deve ser totalmente dissociada do
esporte, já que um de seus objetivos consiste em promover a socialização e
a interação entre seus alunos, proporcionadas reconhecidamente pelo
esporte. O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na
escola é que ele muitas vezes transfere para o aluno uma carga de
responsabilidade alta em relação à obtenção de resultados, o que afeta a
criança psicologicamente de uma forma negativa.
Por isso, as atividades recreativas e rítmicas poderiam ser
consideradas como meios mais eficazes para promover essa socialização
dos alunos que a educação física escolar tanto apregoa, uma vez que
normalmente são realizadas em grupos, os quais obedecem ao princípio da
cooperação entre seus componentes, estimulando assim a criança em sua
apreciação do comportamento social, domínio de si mesmo, autocontrole e
respeito ao próximo.
Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação
do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo”. A
37
educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento de
seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e
os seus interesses.
Essa abordagem constitui o interesse da educação psicomotora. A
educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as
funções motoras, cognitivas, perceptivas, afetivas e sociomotoras.
A educação física pode ser definida como ação psicomotora exercida
pela cultura sobre a natureza e o comportamento do ser humano. Ela
diversifica-se em função das relações sociais, das idéias morais, das
capacidades e da maneira de ser de cada um, além de seus valores.
É um fenômeno cultural que consiste em ações psicomotoras exercidas
sobre o ser humano de maneira a favorecer determinados comportamentos,
permitindo, assim, as transformações. A diversificação das condições sociais
em cada nível escolar e o respeito à individualidade das crianças em cada
processo de aprendizagem de gestos e movimentos estão sujeitos ao ritmo
de aprendizagem e às peculiaridades das relações sociais que existem entre
os integrantes de cada grupo ou classe escolar.
As bases da aprendizagem das atividades físicas de forma consciente,
intencional e sensível são estabelecidas e solidificadas na educação física.
Essas atividades acompanham o ser humano de maneira contínua, atuando,
sobretudo, nos níveis psicomotor, afetivo e no aprimoramento do rendimento
nos estágios de desenvolvimento subseqüentes.
A educação física escolar está baseada nas necessidades da criança.
Tem como objetivo principal, por meio da educação psicomotora, incentivar
a prática do movimento em todas as etapas de sua vida.
Falar da importância da educação física para a criança é o mesmo que
falar da importância de ela se alimentar, dormir, brincar, ou seja, suprir todas
as suas necessidades básicas. O desenvolvimento global da criança se dá
através do movimento, da ação, da experiência e da criatividade, levando-a
a conseguir plena consciência de si mesma; da sua realidade corporal que
sente, pensa, movimenta-se no espaço, encontra-se com os objetos e
gradativamente distingue suas formas; e que se conscientiza das relações
de si mesma com o espaço e o tempo, interiorizando, assim, a realidade.
38
A educação psicomotora na pré-escola e séries iniciais do ensino
fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários
problemas como a má concentração, confusão no reconhecimento de
palavras, confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à
alfabetização. Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não
coordena bem os movimentos.
Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e
despir-se fica difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a palavra
e o ritmo de leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de uma
palavra.
As noções de esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem partir
de situações concretas, nas quais a criança possa formar um esquema
mental que anteceda à aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos. Se
sua lateralidade não está bem definida, ela encontra problemas de ordem
espacial, não percebe diferença entre seu lado dominante e o outro lado,
não é capaz de seguir uma direção gráfica, ou seja, iniciar a leitura pela
esquerda.
Muitos fracassos em matemática, por exemplo, são produzidos pela má
organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a criança necessita
ter pontos de referência, colocar números corretamente, possuir noção de
coluna e fileira, combinar formas para fazer construções geométricas.
Segundo Staes e De Meur (1984), o intelecto se constrói a partir da
atividade física. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas
do desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da
afetividade (emoções e sentimentos).
Para que o ato de ler e escrever se processe adequadamente, é
indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado, considerando que
essas habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.
Educação psicomotora é a educação da criança através de seu próprio
corpo e de seu movimento. A criança é vista em sua totalidade e nas
possibilidades que apresenta em relação ao seu meio-ambiente.
39
Assim, a educação física e a psicomotricidade completam-se, pois a
criança ao praticar qualquer atividade usa o seu todo; mesmo sendo regida,
predominantemente, pelo intelecto. A educação psicomotora atinge a criança
na sua totalidade.
Staes e De Meur (1984) comentam que “no início da escolaridade
aparecem dificuldades escolares de muitas crianças. O problema não está
no nível de classe em que elas se encontram, mas no nível da base. A
estrutura da educação psicomotora centra-se no nível da base, onde estão
os elementos básicos ou pré-requisitos que são as condições mínimas para
uma boa aprendizagem”.
Através da educação psicomotora, a criança explora o ambiente, passa
por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento
intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a
cerca.
A importância da educação física para alunos de pré-escola até a
quarta série do ensino fundamental levou Le Boulch (1982) a justificar a
introdução da educação psicomotora no ensino fundamental.
“Nos casos em que as perturbações do relacionamento fundamental entre o
eu e o mundo são evidentes, a reeducação psicomotora às vezes permite
obter resultados espetaculares. O que é bem-sucedido com os deficientes
poderia se impor também às pessoas normais durante o período de
estruturação do seu esquema corporal: a psicocinética, que toma o aspecto
de uma educação psicomotora, quando se aplica a crianças menores de
doze anos pode ser considerada como uma forma eletiva de educação física
nesta idade”.
Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é fundamental.
Esse relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja uma
relação entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor.
Nesse aspecto as atividades psicomotoras propiciam para a criança
uma vivência com espontaneidade das experiências corporais, criando uma
simbiose afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor,
afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as
relações interpessoais.
40
O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se por uma maturação que
integra o movimento, o ritmo, a construção espacial; e, também, o
reconhecimento dos objetos, das posições, da imagem e do esquema
corporal.
As atividades propostas na educação física através da educação
psicomotora devem ocorrer com espontaneidade, pois quando se
desenvolvem essas atividades com as crianças nota-se uma grande
receptividade por parte delas, visto que ainda não adquiriram tonalidades
preconceituosas.
As atividades que envolvem o toque de uma criança com a outra
devem ser elaboradas e pensadas, pois não é tão simples executá-las, até
porque muitos educadores têm dificuldades de tocar alguém ou deixar-se
tocar.
Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo,
que favorecem a consolidação de hábitos higiênicos, o desenvolvimento
corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade;
tudo isso visando à formação da sua personalidade. 92
Diante desses aspectos, entende-se que a educação física é
imprescindível no ensino pré-escolar e no fundamental, uma vez que nessa
fase a criança começa a sistematizar os seus conhecimentos, e a educação
física, com suas atividades diferenciadas, diminui dificuldades, diferenças de
ritmo de aprendizagem.
3.7. Aplicação à Formação e à Educação Física
Para as crianças no período escolar, é importante dar-se a máxima
consideração à expressa necessidade de movimentos. No pátio escolar e
em casa elas deveriam ter, por esta razão, suficiente liberdade de
movimento e ser orientada para manter-se ao ar livre, bem como para
brincar e mover-se.
Estas medidas são muito necessárias para a saúde, o desenvolvimento
físico e motor, e também para o bem estar psíquico das crianças. Algum
comportamento inoportuno das crianças (por exemplo, nervosismo infantil,
41
birra, inquietação etc.) pode ser causada pelo fato de que sua necessidade
de movimento e atividade é pouco considerada ou excessivamente
conduzida e regulamentada.
As aulas na escola também devem ser ligadas, tanto quanto possível a
movimentos. Especialmente no tratamento oral da linguagem, no escrever,
calcular e cantar, podem ser usados movimentos correspondentes e diretos
como auxiliar a aprendizagem.
Além disso, para “descontrair” a aula, por exemplo, atividades
recreativas, quando a atenção e a capacidade de trabalho das crianças se
esgotarem, por ficarem muito tempo sentadas quietas.
Especialmente importante, contudo, é aproveitar otimamente a aula de
Educação Física e, além disso, ganhar-se, o mais rapidamente possível, as
crianças para a atividade extra-escolar.
É necessário considerar-se o forte impulso de movimento, a
necessidade de imitação, a oportunidade de variação, bem como o poder de
concentração desequilibrado e o desejo de rendimento.
Isto é alcançado, da melhor maneira, por uma aula de Educação Física
intensiva de movimentos e ricamente variada. Além disso, o professor de
Educação Física deve esforçar-se para aplicar tarefas de movimentos
estimulantes e injetar sua correspondente motivação.
Enfim, somente uma educação variada das capacidades condicionais e
habilidades de coordenação, pode ser alcançada a otimização do
desenvolvimento físico e motor das crianças, e um fundamento seguro para
futuros rendimentos esportivos.
42
CONCLUSÃO
A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos.
Descobre que o seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do
tempo, que capta imagens, que recebe sons, que sente cheiros e sabores,
dor e calor, que se movimenta. O corpo é o centro, o referencial, a relação
entre o vivido e o universo. É o espelho afetivo-somático da imagem de nós
mesmos, dos outros e dos objetos.
Por sua vez, a lateralidade é a bússola de nosso corpo. É através dela
que o mesmo se situa no meio ambiente, manifestando-se ao longo do
desenvolvimento e das experiências. De acordo com esse ângulo de visão, a
Educação Física desempenha um papel de relevante importância na vida
escolar da criança, pois pode realizar a mediação entre a prática e o
processo de aprendizagem utilizando o corpo como instrumento de
construção real do conhecimento.
Trabalhar com um corpo relacionando-o com pensamentos e
sentimentos da à criança uma sensação de integridade que atende à
natureza do indivíduo que é a unidade psicofísica. Os estímulos sensoriais e
perceptivos e a própria atividade física promovem um estado de prazer.
O objetivo do trabalho foi ressaltar a importância do desenvolvimento
da lateralidade e a atuação da Educação Física no contexto corporal da
criança.
A psicomotricidade atuando como uma terapia corporal, trabalha
basicamente com o prazer, de sentir o próprio corpo, sua liberdade de
expressão, tornando-se fundamental para o crescimento e amadurecimento
da criança.
A exploração do corpo é proposta com o objetivo de uma tomada de
consciência para que haja melhor uso e conseqüentemente maior
possibilidade de expressão.
Vivenciar um corpo livre, solto e relaxado é prazeroso para qualquer
um. Para a criança é ainda muito mais, pois ela é toda a nossa esperança de
um mundo muito melhor, para o qual nós trabalharemos para atingir esta
totalidade. Pois a criança é única com limites experiências adquiridas, onde
43
sua consciência e seu corpo sofrem influências pela sociedade e pelo
próprio meio em que vivem.
Assim, a educação física, pela suas possibilidades de desenvolver a
dimensão psicomotora das pessoas, principalmente em crianças e
adolescentes, em conjunto com os domínios cognitivos e sociais, e de
grande importância no ensino pré-escolar e fundamental.
44
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ALVES, Fátima. Como Aplicar a Psicomotricidade. Rio de Janeiro, 2004.
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
RESUMO 04
METODOLOGIA 05
SUMÁRIO 06
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
A PSICOMOTRICIDADE 08
1.1. Breve Histórico da Psicomotricidade 08
1.2. O que é Psicomotricidade 09
1.3. Os Caminhos da Psicomotricidade 09
1.4. Aspectos Relevantes do Desenvolvimento Psicomotor 11
1.5. Características Gerais do Desenvolvimento Motor 11
1.6. Desenvolvimento das Habilidades Motoras 12
1.6.1 Habilidade de Condicionamento Físico 12
1.6.2 Habilidades de Coordenação 13
1.7. Desenvolvimento de Diferentes Formas dos
Movimentos Esportivos 14
CAPÍTULO II
A LATERALIDADE NO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA CRIANÇA 16
2.1. A Lateralidade na Educação Física 16
2.2. Lateralidade e suas Definições 17
2.3. Possíveis Problemas de Aprendizagem Relacionados
com a Lateralidade 21
2.4. Como a Educação Física e a Escola podem Contribuir
para Diminuir as Dificuldades de Aprendizagem 24
2.5. Sugestões de Atividades para Ajudar a Evitar Possíveis
Problemas de Aprendizagem 25
CAPÍTULO III
3.1. Educação do Movimento 28
47
3.2. Psicomotricidade e Afetividade 30
3.3. Influências no Processo do Desenvolvimento
Psicomotor da Criança 32
3.4. Fase Fálica 32
3.5. Como Avaliar a Criança em suas Dificuldades 35
3.5.1 Observando o Desenvolvimento Psicomotor 35
3.5.2 Observando o Desenho 35
3.5.3 Observando o Comportamento Social 35
3.6. A Educação Física através da Psicomotricidade
na Formação da Criança em Idade Escolar 36
3.7. Aplicação à Formação e à Educação Física 40
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44
ÍNDICE 46
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por:
Conceito:
Recommended