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UNISA - UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO COMUNICAÇÃO SOCIAL – RÁDIO E TV
LUIZ HENRIQUE QUARENTANI JUNIOR
EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO PAULISTANO:
O USO DA RADIOESCOLA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
São Paulo
2012
LUIZ HENRIQUE QUARENTANI JUNIOR
EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO PAULISTANO:
O USO DA RADIOESCOLA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Bacharel em Rádio e TV da Universidade de Santo Amaro, sob orientação da Professora Ms. Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva.
São Paulo
2012
LUIZ HENRIQUE QUARENTANI JUNIOR
EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO PAULISTANO:
O USO DA RADIOESCOLA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Bacharel
em Rádio e TV ao Curso de Comunicação Social da Universidade de Santo Amaro –
UNISA, sob orientação da Prof. Ms. Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva.
Data de Aprovação: 18/12/2012
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________
Prof. Ms. Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva
__________________________________________________________________
Prof. Ms. Gabriel de Oliveira Ribeiro do Valle Corrêa
___________________________________________________________________
Prof. Dra. Maria Inês Amarante
CONCEITO FINAL: __________________________________________________
Dedicado a todos aqueles que enxergam nos projetos envolvendo mídias na escola,
em especial o rádio, como importantes aliados da educação.
Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pois sem ele eu não teria forças para
esta jornada.
Aos meus pais (Luiz e Laudenir) e minhas irmãs (Ana Paula e Sabrina) pelo apoio,
confiança e amor que depositaram a mim não só neste trabalho, mas na vida.
A professora Júlia Lúcia que orientou brilhantemente este trabalho. Sua dedicação e
competência a cada orientação me motivavam e me inspiravam cada vez mais.
Agradeço também aos professores de Comunicação Social desta universidade, em
especial os professores Carlos Francisco (Cazuza) e Carlos da Silva Pinto, que
colaboraram também na produção deste trabalho.
Aos colegas de classe, que durante quatro anos estiveram juntos comigo nesta
jornada.
Ao professor Ismar de Oliveira Soares, ao vereador Carlos Neder e a jornalista
Zeneida Alves de Assumpção que gentilmente cederam entrevistas para esta
monografia.
A equipe da DRE de Campo Limpo, em especial a diretora Cristina Fernandes.
A professora Maria de Fátima e aos alunos do programa “Nas Ondas do Rádio” da
EMEF Fagundes Varella
Também não posso esquecer-me dos amigos da EE Octalles Marcondes Ferreira,
representados na figura da professora Cleide Milaré.
Muito obrigado a todos!
RESUMO
A presente pesquisa investiga como o uso do rádio dentro de um ambiente escolar,
caracterizado por uma radioescola, pode estimular o processo de ensino-
aprendizagem entre alunos e professores, tendo como base o programa de
educomunicação “Nas Ondas do Rádio” da Secretaria de Educação do Município de
São Paulo. Para tanto, foi necessário realizar um resgate sobre as origens do rádio
brasileiro e sua relação com a educação escolar por meio de material bibliográfico. A
proposta da radioescola nasce a partir de práticas realizadas nos primeiros anos da
implantação oficial do rádio no Brasil, que teve como pioneiro Edgard Roquette-
Pinto. A partir deste ponto, inúmeras intervenções envolvendo a mídia rádio e a
esfera da educação foram estudadas e trabalhadas ao longo dos anos. Na
fundamentação teórica desta pesquisa, foram articulados o conceito de
Educomunicação, desenvolvido por Ismar de Oliveira Soares, e o conceito de
radioescola e sua aplicação em um ambiente escolar, difundido por Zeneida Alves
de Assumpção. Para levantar informações e observar a efetividade de uma
radioescola como proposta pedagógica de ensino, foi realizada uma pesquisa de
campo na EMEF Fagundes Varella, escola pública selecionada para a pesquisa que
adere ao programa municipal há quatro anos e está localizada no bairro de Campo
Limpo, zona sul da cidade São Paulo. Neste sentido, como recurso metodológico,
foram aplicados três questionários. O primeiro com os oito alunos que participam
efetivamente do projeto todos os dias, chamados de alunos produtores. O segundo
foi aplicado a cento e vinte e um alunos que não participam efetivamente do projeto,
mas que acompanham suas produções, chamados de alunos ouvintes. E por fim um
terceiro questionário foi aplicado a nove professores. A partir da observação e
análise desta experiência e de outras práticas envolvendo o projeto de
educomunicação em rádio, conclui-se que a radioescola é uma proposta pedagógica
multidisciplinar estimulante que apresenta potencial para o desenvolvimento de
diversas habilidades nos estudantes e que podem tornar diferenciada e prazerosa as
vivências dentro do ambiente escolar. Destaca ainda que a Educomunicação faz
parte de um processo, no qual as mídias serão cada vez mais utilizadas no contexto
da educação, acompanhando as tendências tecnológicas do mundo e inserindo-as
no cotidiano do jovem na sala de aula.
Palavras chave: radioescola, educomunicação, tecnologia, mídias, escola.
ABSTRACT
This research investigates how the use of the radio within a school environment,
characterized by a school radio, can stimulate the process of teaching and learning
belong students and teachers, based on the program educommunication "Nas Ondas
do Rádio" of the Secretary of Education of São Paulo. Therefore, it was necessary to
perform an history of the origins of brazilian radio and its relation to school education
through bibliographic material. The proposal comes from school radio practices
performed in the early years of official deployment of radio in Brazil, which was
pioneered Edgard Roquette-Pinto. From this point, numerous interventions involving
the media radio and the sphere of education were studied and worked over the
years. In this theoretical study, we were articulated the concept of Educommunication
developed by Ismar de Oliveira Soares, and the concept of school radio and its
application in a school setting, infused by Zeneida Alves Assumpcao. To gather
information and observe the effectiveness of a school radio as pedagogical
education, we conducted a field survey in EMEF Fagundes Varella, public school
selected for the research that adheres to municipal program four years ago and is
located in the neighborhood of Campo Limpo south of the city São Paulo. In this
sense, as a methodology, three questionnaires were applied. The first with eight
students participating effectively in the project every day, which called students
producers. The second was applied to one hundred twenty-on e students who do not
participate effectively in the project, but that accompany their productions, called
hearing students. And finally a third questionnaire was administered to nine teachers.
From the observation and analysis of this experience and other practices involving
the design of educational communication in radio, it is concluded that the school
radio is a multidisciplinary educational proposal that presents exciting potential for
developing various skills in students and can become differentiated and enjoyable
experiences within the school environment. It also emphasizes that
Educommunication is part of a process in which the media are increasingly used in
the context of education, following the technological trends in the world and placing
them in daily youth in the classroom.
Keywords: school radio, educommunication, technology, media, school.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – CENA DO FILME “UMA ONDA NO AR”................................. 18
FIGURA 2 – MONTAGEM DA RÁDIO DE RUA NA COMUNIDADE DE
SÃO MIGUEL PAULISTA...................................................... 19
FIGURA 3 – RÁDIO DE RUA DURANTE A SUA PRODUÇÃO.................. 19
FIGURA 4 – IMAGENS DO 1º EVENTO EDUCOM.RÁDIO....................... 39
FIGURA 5 – CONVITES DOS EVENTOS EDUCOM.RÁDIO..................... 40
FIGURA 6 – IMAGENS DO 2º EVENTO EDUCOM.RÁDIO....................... 41
FIGURA 7 – ORGANOGRAMA DA ESTRUTURA EDUCACIONAL NO
MUNICIPIO DE SÃO PAULO................................................ 44
FIGURA 8 – MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DAS DRES................................. 45
FIGURA 9 – MAPA DA ÁREA DE COBERTURA E UNIDADES
EDUCACIONAIS DA DRE CAMPO LIMPO.......................... 47
FIGURA 10 – FOTOS DA EMEF FAGUNDES VARELLA......................... 49
FIGURA 11 – ESTÚDIO DE RÁDIO DA EMEF FAGUNDES VARELLA. 50
FIGURA 12 – LOGOTIPO DA RÁDIO RECREIO...................................... 51
FIGURA 13 – MESA DE OPERAÇÃO DA RÁDIO RECREIO................... 52
FIGURA 14 – PLANTA DO PÁTIO DA EMEF FAGUNDES VARELLA.... 53
FIGURA 15 – REGRAS PARA O USO DO ESTÚDIO DE RÁDIO DA
EMEF FAGUNDES VARELLA............................................ 54
FIGURA 16 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA I..................... 58
FIGURA 17 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA II.................... 59
FIGURA 18 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA III................... 59
FIGURA 19 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA IV................... 60
FIGURA 20 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA V.................... 60
FIGURA 21 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA VI................... 61
FIGURA 22 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA VII.................. 62
FIGURA 23 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA VIII................. 62
FIGURA 24 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA IX................... 63
FIGURA 25 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XIII................. 66
FIGURA 26 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XIV................. 67
FIGURA 27 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XV.................. 67
FIGURA 28 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XVI................. 68
FIGURA 29 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XVIII............... 70
FIGURA 30 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XIX................. 70
FIGURA 31 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XX.................. 71
FIGURA 32 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXII................ 73
FIGURA 33 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXIII............... 73
FIGURA 34 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXIV.............. 74
FIGURA 35 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXV............... 74
FIGURA 36 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXVI.............. 75
FIGURA 37 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXVII............. 76
FIGURA 38 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXVIII............ 76
FIGURA 39 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXIX.............. 77
FIGURA 40 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXX............... 77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - As diferentes modalidades do rádio............................................... 16
Tabela 2 - Dados das regiões de Campo Limpo e M‟ Boi Mirim..................... 46
Tabela 3 – Relação das escolas por tipo da DRE Campo Limpo.................... 48
Tabela 4 - Definição de perguntas para um questionário............................... 57
Tabela 5 - Respostas abertas da pergunta X................................................. 64
Tabela 6 - Respostas abertas da pergunta XI................................................ 65
Tabela 7 - Respostas abertas da pergunta XII............................................... 66
Tabela 8 - Respostas abertas da pergunta XVII............................................. 69
Tabela 9 - Respostas abertas da pergunta XXI.............................................. 72
Tabela 9 - Respostas abertas da pergunta XXXI............................................. 78
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 12
1. AS PRIMEIRAS RELAÇÕES ENTRE O RÁDIO E A EDUCAÇÃO............. 14
1.1. AS DIFERENTES MODALIDADES DO RÁDIO............................. 15
1.2. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO MUNDO................................................ 20
1.3. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO BRASIL................................................ 21
1.3.1. A RÁDIO SOCIEDADE DO RIO DE JANEIRO................ 21
1.3.2. A RÁDIO UNIVERSIDADE................................................. 24
1.3.3. MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE.......................... 26
1.3.4. O PROJETO MINERVA..................................................... 26
1.3.5. RADIOESCOLAS DE CURITIBA...................................... 28
2. A EDUCOMUNICAÇÃO.................................................................................. 30
2.1. RADIOESCOLA................................................................................ 34
2.2. “NAS ONDAS DO RÁDIO”: EDUCOMUNICAÇÃO COMO
POLÍTICA PÚBLICA EM SÃO PAULO.......................................... 36
3. PESQUISA DE CAMPO NA EMEF FAGUNDES VARELLA....................... 43
3.1. A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO......................... 44
3.2. BAIRROS E UNIDADES EDUCACIONAIS QUE COMPÕEM A
DRE DE CAMPO LIMPO................................................................. 46
3.3. A ESCOLA MUNICIPAL FAGUNDES VARELLA......................... 48
3.3.1. A RÁDIO RECREIO.......................................................... 49
3.4. A PESQUISA.................................................................................... 55
3.4.1. ALUNOS PRODUTORES................................................. 58
3.4.2. ALUNOS OUVINTES........................................................ 66
3.4.3. PROFESSORES................................................................ 72
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 81
REFERÊNCIAS................................................................................................... 84
ANEXOS.............................................................................................................. 90
APÊNDICES....................................................................................................... 130
12
INTRODUÇÃO
Segundo pesquisa sobre os Motivos da Evasão Escolar1, de 2009, produzida pelo
Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base nos dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior motivo que afasta o
jovem da escola é o desinteresse. O resultado aponta que o aluno não se sente
motivado e acaba deixando os estudos como a segunda opção. Para eles, a escola
continua com a mesma proposta pedagógica clássica, sem algo que possa atraí-los
de volta aos estudos, como por exemplo, a não utilização de novas tecnologias no
ensino.
Então, a partir desse resultado, fez-se uma reflexão: como a escola pode lançar mão
de estratégias pedagógicas que possam fazer o jovem sentir-se interessado a
estudar e ao mesmo tempo afastá-lo da violência, que predomina as periferias das
grandes cidades?
Uma das saídas é o que acontece atualmente no município de São Paulo. No ano
de 2004 foi promulgada a lei “EDUCOM – Educomunicação pelas ondas do rádio”,
que posteriormente passou a se chamar “Nas Ondas do Rádio” e que autoriza o
funcionamento de rádios escolares (ou radioescolas) dentro de unidades escolares
municipais. Os equipamentos são cedidos pela administração pública e a gestão é
realizada por alunos e professores. Essa é uma forma de reaproximação do
estudante com a unidade escolar, além de tornar as atividades curriculares muito
mais interessantes e envolventes.
Partindo desse princípio, o problema dessa pesquisa foi investigar como a
radioescola da Escola Municipal de Ensino Fundamental Fagundes Varella,
localizada no bairro de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, pode estimular o
processo de ensino-aprendizagem de alunos e professores. Para tanto, o presente
trabalho de conclusão de curso foi dividido em três capítulos.
No Capítulo 1, por meio de recursos bibliográficos, encontramos as primeiras
relações do rádio com a educação, tanto no mundo, quanto no Brasil. Em nosso
país, essa relação se inicia juntamente nos primeiros anos após a primeira
transmissão oficial de rádio, que ocorreu no ano de 1922. Com a regulamentação da
1 Disponível em: http://www.cps.fgv.br/cps/tpemotivos/
13
publicidade e o reconhecimento do seu potencial político e comercial, o rádio a partir
dos anos 30 voltou-se para um lado mercadológico, deixando de lado sua essência
educativa. Porém, a partir deste episódio e em diversos momentos da história do
país, observamos que essa relação não foi esquecida e que ainda continuou com
diversos projetos.
O capítulo 2 foi reservado para abordarmos os conceitos e práticas da
Educomunicação, encontrados principalmente na obra “Educomunicação: o
conceito, o profissional, a aplicação”, do pesquisador Ismar de Oliveira Soares, que
nos forneceu os conceitos para conhecer e analisar os princípios da
Educomunicação, sua prática na construção de ecossistemas comunicativos abertos
nos espaços educativos e a sua participação como política pública na cidade de São
Paulo. Uma das vertentes de um projeto educomunicativo no ambiente escolar é a
radioescola. Por isso, recorreram-se as obras “A radio no espaço escolar: para falar
e escrever melhor” e “Radioescola: uma proposta para o Ensino de Primeiro Grau”,
ambas da jornalista Zeneida Alves de Assumpção, pois analisam o rádio como
ferramenta interdisciplinar de ensino, possibilitando ao educando o conhecimento
das linguagens midiáticas, das culturas e da construção da realidade, além de
prepará-lo, por meio de produção e execução de programação radiofônica, para o
exercício da cidadania. Neste capítulo também discorreremos sobre a lei EDUCOM,
de autoria do vereador Carlos Neder, que padroniza e incentiva a utilização das
radioescolas nas unidades escolares públicas municipais de São Paulo.
Além das obras citadas utilizadas, outros questionamentos surgiram e, portanto,
houve a necessidade de entrevistar Soares, Assumpção e Neder, que gentilmente
colaboraram com depoimentos para este trabalho.
O capítulo 3 foi reservado para a pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella.
Por meio de aplicação de questionários, analisamos a relação de professores e
alunos com a radioescola a fim de apontar se esse projeto realmente estimula e
torna diferenciado o processo de ensino-aprendizagem.
14
CAPÍTULO 1
As primeiras relações entre o Rádio e a Educação
"O rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos - desde que o realizem com espírito altruísta e elevado."
Edgard Roquette-Pinto
15
Para chegarmos aos conceitos de radioescola e até mesmo políticas públicas
agregadas a este veículo nos dias de hoje, precisamos saber e buscar no passado
como tudo começou. A seguir serão analisadas as primeiras relações do rádio com a
educação, em um primeiro momento em âmbito mundial e posteriormente como se
deu essa relação em nosso país.
1.1. AS DIFERENTES MODALIDADES DO RÁDIO
Antes de iniciar as análises da relação entre rádio e educação pelo mundo e no
Brasil é necessário observar que ao longo deste texto surgirão algumas modalidades
do termo rádio. Portanto, é imprescindível que logo no início do mesmo possamos
identificar e diferenciar cada um deles:
Modalidade Função Legislação
Rádio Comercial
Como a própria terminologia indica, esta
modalidade de rádio está voltada para a
veiculação de programas com objetivos
comerciais.
Constituição Federal 1988:
- Inciso XII do art. 49
- § 1º, 2º e 3º do art. 223
Rádio Educativa
A radiodifusão educativa destina-se à
transmissão de programas educativo-culturais,
que, além de atuar em conjunto com os
sistemas de ensino, visa à educação básica e
superior, à educação permanente e à
formação para o trabalho, além de abranger
as atividades de divulgação educacional,
cultural, pedagógica e de orientação
profissional.
3 documentos:
- Decreto-Lei 236, de 28 de
fevereiro de 1967;
- Decreto 2.108, de 24 de
dezembro de 1996;
- Portaria Interministerial
651, de 15 de abril de 1999.
Rádio Universitária
A legislação brasileira sobre radiodifusão não
faz referência funcional ou conceitual sobre as
rádios universitárias. Pela legislação atual, as
universidades possuem competência para a
execução dos serviços de radiodifusão e as
rádios das universidades são enquadradas
como educativas.
3 documentos:
- Decreto-Lei 236, de 28 de
fevereiro de 1967;
- Decreto 2.108, de 24 de
dezembro de 1996;
- Portaria Interministerial
651, de 15 de abril de 1999.
16
Radioescola
ou
Rádio Escolar
A Radioescola, utilizando-se de um sistema de
comunicação educativa por circuito interno,
deverá ocorrer dentro da escola, envolvendo
professores e alunos. A escola como
instituição social do saber, deverá contribuir
para a execução, operacionalização, a fim de
que o aluno produza e execute a
programação.
*Não há
(Na cidade de São Paulo,
desde 2004, existe a lei
13.941/04 que autoriza o
uso do rádio nas escolas
municipais. Porém a lei é
por adesão e não
compulsória.)
Rádio Comunitária
Rádio comunitária é um tipo especial de
emissora de rádio FM, de alcance limitado a,
no máximo, 1 km a partir de sua antena
transmissora, criada para proporcionar
informação, cultura, entretenimento e lazer a
pequenas comunidades. Trata-se de uma
pequena estação de rádio, que dará condições
à comunidade de ter um canal de
comunicação inteiramente dedicado a ela,
abrindo oportunidade para divulgação de suas
ideias, manifestações culturais, tradições e
hábitos sociais.
Lei 9612/98
Webrádio
ou
NetRádio
Por webradio entende-se a emissora
radiofônica que pode ser acessada por meio
de uma URL (Uniform Resource Locator), um
endereço na internet, não mais por uma
frequência sintonizada no dial de um aparelho
receptor de ondas hertzianas.
Não há
Excluindo a Radioescola/Rádio Escolar e a Webrádio/NetRádio, todas as outras
modalidades do rádio descritas são regidas por uma legislação para poder entrar em
operação legalmente.
O rádio foi concebido oficialmente no Brasil em 1922, para iniciar seu processo de
popularização na década de 30. Era um móvel gigantesco e pesado, que durante
muitos anos reuniu famílias ao seu redor. Como retratado no filme “A Era do Rádio”
(Radio Days, 1986) de Woody Allen, o meio rádio tinha as suas estrelas e arrastava
multidões para o teatro, onde eram produzidos alguns de seus programas. Cada
ouvinte tinha seus “heróis” e programas favoritos.
Tabela 1: As diferentes modalidades do rádio
17
Com a chegada da televisão e posteriormente da internet, o rádio dividiu espaço e
seguidores. Hoje com 90 anos de idade aqui no Brasil, esse veículo de comunicação
precisou se reinventar ao longo de sua história, senão acabaria engolido por seus
novatos concorrentes. Segundo Cyro Cesar (2005, p. 199-211), foram diversas as
fases que o meio rádio teve de enfrentar para se renovar em nosso país:
Década de 50: A televisão, inaugurada em 1950, tirava do rádio os recursos
econômicos e profissionais para sua implantação e levava seus principais talentos
para administrar e produzir sua programação, além de ficar com boa parte das
verbas existentes na época.
Década de 60: A troca das válvulas por transistores, tornando o rádio um móvel mais
barato e leve em relação a TV.
Década de 70: A chegada da frequência modulada (FM)1, com objetivos políticos,
oferecendo maior abrangência de sinal e qualidade de som.
Década de 80: O rádio passa por um processo de “americanização”, surgindo os
locutores mais despojados (os disc jóqueis – dj‟s), com humor sempre em boa
forma, hábeis em combinar vozes bem moduladas com permanente agilidade na
locução, atraindo assim um público mais jovem. Nessa mesma década surge a
satelitização do sinal, ou seja, as rádios começaram a transmitir sua programação
via satélite2, permitindo melhor qualidade no áudio, além de aumentar suas verbas
publicitárias.
Década de 90 em diante: A chegada da internet na década de 90 e sua
popularização nos anos 2000 fizeram com que a maioria das emissoras de rádio
hertzianas virassem rádios on-line, ou seja, transmitiam sua programação também
através da internet. Surgiram também as webrádios, com conteúdos exclusivamente
na web.
A preocupação com a informação local também crescia. Muitas comunidades
vislumbravam no meio rádio uma saída para abrir espaço para a cultura e a
informação local de uma forma rápida e democrática, formando-se assim as rádios
comunitárias. O papel social e a capacidade de gerar mudanças pela rádio
1 A Rádio Difusora FM de São Paulo foi a primeira rádio do país a transmitir sua programação em FM no ano de 1970. 2 Um dos pontos fracos da satelitização do sinal é a veiculação de programação local em cadeia nacional.
18
comunitária foram retratados no filme “Uma Onda no Ar” (2002) de Helvécio Ratton,
que aborda a história da Rádio Favela de Belo Horizonte. Na trama, um grupo de
jovens decide se unir e montar seu próprio meio de comunicação, difundindo na
comunidade a cultura e a reivindicação de igualdade. Isso fazia com que os
moradores da Vila Nossa Senhora de Fátima se envolvessem com o rádio, pelo fato
de divulgar acontecimentos do próprio bairro.
Outro exemplo para ilustrar a questão das rádios comunitárias e a necessidade de
difundir acontecimentos locais é o Núcleo de Comunicação Comunitária de São
Miguel Paulista3, localizado na zona leste de São Paulo. O NCC São Miguel no Ar,
além de produzir jornais comunitários, possui uma rádio de rua, que nada mais é que
uma rádio ao vivo, sem antenas ou transmissores: a programação é feita através de
microfones e caixas de som ligadas no meio de uma feira livre a cada 2 meses. A
proposta da rádio é unir a população em debates e informá-la de acontecimentos
gerais, tornando assim essa experiência viva e dinâmica.
3 No dia 13 de abril de 2012 o pesquisador desta monografia esteve na palestra e lançamento do livro “Educomunicação em Movimento” na Universidade Cruzeiro do Sul em São Miguel Paulista, São Paulo. Na ocasião, o autor pode conhecer o núcleo de comunicação comunitária “São Miguel no Ar”, além de aprofundar conceitos e estabelecer contatos para a produção desta pesquisa.
Figura 1. Cena do filme Uma Onda no Ar, Helvécio Ratton, 2002.
19
Também foi na educação que o rádio encontrou uma forma de se reinventar: sua
difusão em ambientes acadêmicos, como nas universidades, e como ferramenta
pedagógica de ensino, nas escolas.
Foto
: Le
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Figura 3. Rádio de Rua durante sua produção, projeto do NCC São Miguel no Ar, 2012.
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Figura 2. Montagem da Rádio de Rua na comunidade de São Miguel Paulista, São Paulo, 2012.
20
1.2. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO MUNDO
A bibliografia em língua portuguesa sobre a relação do veículo rádio e a educação
no mundo é escassa, porém segundo a pesquisadora Zeneida Alves Assumpção
(2009), o rádio já foi muito utilizado para fins instrucionais na maioria dos países
desenvolvidos do mundo a partir da segunda metade do século XX.
Conforme Morgan apud Assumpção (2009, p. 39) a primeira radioescola surgiu no
ano de 1958 na Tailândia. “A rádio produziu, na época, programas sobre conteúdos
instrucionais direcionados para alunos que frequentaram aulas nas primeiras a
décimas séries escolares”.
Em 1964, essa ideia chegou ao Quênia e no ano de 1972 na Itália, onde “68% das
escolas primárias e 36% das escolas secundárias também faziam uso do rádio como
complementação da sala de aula” (Assumpção, 2009, p. 39).
Já na América Latina:
“a Escola Radiofônica Santa Maria (República Dominicana) produziu e veiculou programas de alfabetização direcionados aos camponeses. Na Bolívia, as Escolas Radiofônicas Nossa Senhora dos Burgos e São Rafael construíram e veicularam programas sobre a educação fundamental integral, especificamente, programas de alfabetização e programas direcionados a promoção humana e ao desenvolvimento da comunidade, na concepção da educação libertadora. As Escolas Radiofônicas populares do Equador e a Rádio Mensaje (Equador) produziram e veicularam, também, programas sobre a educação fundamental integral e programação visando à promoção humana e o desenvolvimento da comunidade. Os programas sobre a promoção humana e o desenvolvimento da comunidade fizeram também parte da grade de programação das Escolas Radiofônicas da Ação Cultural Popular (Colômbia), Instituto de Cultura Popular (Argentina) e Rádio La Voz de La costa (Chile). O Instituto Costariquenho de Ensino Radiofônico (Costa Rica) construiu programas voltados ao Ensino Supletivo sobre a Educação Geral.” (ASSUMPÇÃO, 2009, pg. 41)
Anos antes, em outubro de 1947, a rádio Sutatenza da Colômbia entrava no ar.
Idealizada pelo padre católico José Joaquín Salcedo Guarin, foi considerada a
primeira rádio comunitária do mundo e atingia uma população de oito mil
camponeses.
“Para ouvir as transmissões, os camponeses organizavam-se em grupos com cerca de 20 pessoas, acompanhados por monitores locais, com o apoio de cartilhas impressas. A programação incluía higiene, saúde básica, leitura, escrita, operações elementares de matemática, técnicas de aumento de produtividade agrícola e mensagens de estímulo ao reconhecimento da dignidade pessoal.” (GHENDINI, 2009, pg.35)
21
Para Ghendini (2009, p.36) a fórmula para educar pessoas via rádio deu muito certo
e logo a emissora começou a receber contribuições financeiras de diversos lugares:
grupos católicos europeus, Banco Mundial e do Banco Interamericano de
Desenvolvimento. O projeto foi copiado para diversos países latinoamericanos, como
Honduras, Nicarágua, El Salvador, Peru, Bolívia e Argentina. A Sutatenza ficou no ar
por mais de 40 anos, quando os financiamentos externos se esgotaram e a rádio foi
vendida a Cadena Radial Caracol, a maior rede de emissoras comerciais da
Colômbia.
As experiências positivas no mundo refletiram no Brasil e os projetos envolvendo o
meio rádio com a educação também foram produzidos por aqui. Mas para chegar até
esses projetos, precisamos entender qual foi o ponto de partida da interrelação rádio
e educação.
1.3. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO BRASIL
O uso do rádio como ferramenta de educação não é um fenômeno recente aqui no
Brasil. Vejamos a seguir alguns exemplos dos primeiros projetos que envolveram o
meio rádio com a educação em nosso país.
1.3.1. A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
As primeiras experiências educativas empregando o meio rádio surgiram no Brasil
na década de 20, juntamente com a implantação oficial desse meio.
“Oficialmente, o rádio é inaugurado a 7 de setembro de 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência, quando, através de 80 receptores especialmente importados para a ocasião, alguns componentes da sociedade carioca puderam ouvir em casa o discurso do Presidente Epitácio Pessoa. A Westinghouse havia instalado uma emissora, cujo transmissor, de 500 watts, estava localizado no alto do Corcovado. Durante alguns dias, após a inauguração, foram transmitidas óperas diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.” (ORTRIWANO, 1985, p. 13)
22
O pioneiro da rádio educativa foi Edgard Roquette-Pinto, que junto com antigos
amigos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, criaram a Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro.
“Em abril de 1923, na Academia Brasileira de Ciências, na antiga Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Roquette-Pinto e Henrique Morize objetivaram a criação da estação Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Foi a primeira estação da América do Sul a direcionar suas atividades radiofônicas para o âmbito da educação e não para o divertimento, sendo a primeira rádio escola
4 a tentar unir o erudito e o popular dentro de uma
programação, que incluía, em 4 de junho de 1923, a ópera Rigolleto de Verdi, numa versão completa.” (RANGEL, 2010, p.93)
Edgard Roquette-Pinto enxergava o rádio como um instrumento de transformação
educativa. “Conferências científicas, música erudita e análise dos fatos políticos e
econômicos marcam as primeiras transmissões da Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro” (FERRARETTO, 2001, p.98). No início dessas transmissões, a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro não havia, até então, uma grade definida de
programação:
“Apesar do empenho e do idealismo de Roquette-Pinto e de seus associados, a radiodifusão nasce de maneira precária. Em seus primeiros meses de funcionamento, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro operou sem uma programação definida e com emissões esporádicas.” (FERRARETO, 2001, p.96)
Em outubro de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro começa a se
profissionalizar. Programas educativos dos mais variados formatos são produzidos.
Com pouco tempo no ar, observava-se a importância de levar a educação pelo meio
rádio como uma maneira diferente de educar a população, apesar de que o rádio
estava nascendo como meio de elite, e não de massa, “e se dirigia a quem tivesse
poder aquisitivo para mandar buscar no exterior os aparelhos receptores, então
muito caros” (ORTRIWANO, 1985, p. 14).
Por mais que tivesse uma programação elitista, onde se ouvia concertos musicais,
poesias e palestras culturais, Roquette-Pinto acreditava desde o início que o rádio
se transformaria em um veículo de comunicação de massa. “E devido a essa certeza
e à vontade de divulgar a ciência pelas camadas populares, muitas iniciativas foram
tomadas no sentido da implantação efetiva da radiodifusão no Brasil” (ORTRIWANO,
1985, p. 14), como:
4 Grifo nosso
23
“O projeto de educação popular pelo rádio via Rádio Sociedade do Rio de Janeiro trazia como proposta um leque diário de programas com atividades educativas que se estendiam desde os cursos de literatura brasileira, francesa e inglesa, às aulas de esperanto, complementadas com as aulas de rádio-telegrafia e de telefonia. Eram proferidas aulas de silvicultura prática, lições de história natural, física, química, italiano, frânces, inglês, português, geografia e até palestras seriadas. Teatro e música.” (RANGEL, 2010, p.94)
Em 7 de setembro de 1936, devido as dificuldades financeiras enfrentadas,
principalmente por competir com as rádios comerciais, a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro foi doada ao Ministério de Educação e Saúde. Segundo Ortriwano (1985,
p.15) após o regulamento dos decretos nº 20.047 e 21.111 de 1932, que
regulamentavam a publicidade no rádio, as emissoras radiofônicas passaram a ser
“empresas” e começaram a se preocupar em ser mais popularescas, voltando os
seus conteúdos para uma visão mais mercadológica e menos educativa. Na data da
entrega, o responsável pelo ministério, Gustavo Capanema, aproveitou a
oportunidade e em discurso oficial anunciou que “a entrega da Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro ao governo federal representava a entrega de um valioso patrimônio
dedicado à cultura do país” (SALGADO, 1946 apud RANGEL, 2010, p.99)
“Assim, o rádio educativo, na perspectiva da Rádio Sociedade, afirmava-se como um veículo de políticas públicas destinado a organizar e difundir culturalmente, num todo orgânico, os conhecimentos reveladores da identidade nacional como a língua, os costumes e a história.” (RANGEL, 2010, p.99)
Com a entrega da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Governo Federal, foi
criado o Serviço de Radiodifusão do Ministério da Educação e Saúde. No artigo 50
da lei nº 378 de 13 de janeiro de 1937 ficou definido que as emissoras comerciais
deveriam reservar um espaço em sua programação para divulgar textos criados pelo
próprio Ministério.
“Uma vez organizado o Serviço de Radiodifusão Educativa, ficam as estações radiodifusoras que funcionam em todo o país, obrigadas a transmitir, em cada dia, durante 10 minutos, no mínimo seguidos ou parcelados, textos educativos, elaborados pelo Ministério de Educação e Saúde, sendo pelo menos metade do tempo de irradiação noturna.” (SAINT-CLAIR, 1970 apud RANGEL, 2010, p.102)
Podemos observar a partir deste episódio que o uso do meio rádio como ferramenta
de educação começa a ganhar importância e destaque pelo próprio governo federal.
24
E tudo isso se inicia com Roquette-Pinto, que se consolidava como grande nome da
rádio educativa no país. Com a experiência da Rádio Sociedade, continuou a
desenvolver seus projetos educativos em outros lugares.
“Após fundar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Roquette-Pinto organizou uma outra emissora, no Distrito Federal: a Rádio Escola Municipal (hoje Rádio Roquette-Pinto), que se instalou em 1928, no edifício da Praça da República, próximo ao Campo de Santana. Esta emissora buscou dar continuidade as tarefas de radioescola desenvolvidas até então, estreitando os vínculos de acesso do povo às culturas popular e erudita.” (RANGEL, 2010, p.101)
Portanto, a ideia do rádio no ambiente escolar, como veremos no capítulo 2, nasce
com Roquette-Pinto, que acreditava no poder desse veículo de comunicação como
instrumento de educação e que já nas primeiras décadas revelava a sua capacidade
de estabelecer diálogo com cidadãos com baixo nível de escolaridade nos lugares
mais longínquos do país.
“Sua tomada de posição na formulação de um pensamento voltado para a constituição do campo pedagógico no Brasil encontrou no rádio educativo sua razão mais eficaz de existir. Com o rádio educativo fazia expandir a educação formal aonde ela não podia chegar, sobretudo, nas regiões interioranas, saltando obstáculos aparentemente insuperáveis, característicos do atraso social e econômico do país. O rádio educativo como poderoso instrumento da escola na luta contra o analfabetismo.” (RANGEL, 2010, p.100)
A radiodifusão educativa só crescia e alcançava outros espaços, quando em 1950
chegou ao nível universitário.
1.3.2. A Rádio Universidade
Segundo o pesquisador Luiz Arthur Ferraretto (2001, p.140), “as emissoras
universitárias constituem, hoje, parcela significativa da atual rede de radiodifusão
educativa.” Das 164 emissoras de rádio educativas do país, 56 são universitárias5.
Foi assim que por volta de 1950, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
surge a ideia de montar a primeira rádio universitária.
5 Dados atualizados em 30/09/2011 e retirados do site do Ministério das Comunicações.
25
“No dia 1º de julho de 1950, a reitoria da universidade obtém uma autorização para operar uma estação de radiotelefonia voltada à transmissão educativa. Poderia transmitir em ondas curtas os dados de seu observatório astronômico, palestras e ensinamentos. Estavam proibidas, no entanto, emissões de caráter recreativo, incluindo-se qualquer tipo de programação musical, o que acabaria acarretando problemas no futuro. Janeiro de 1951 marca o início do primeiro período de transmissões da emissora.” (FERRARETTO, 2001, p.140)
Porém, no ano de 1953 a rádio descumpriu o acordo de não transmitir programação
musical, devido o maestro e professor Armando Albuquerque adquirir um piano e
difundir suas músicas. A rádio operou até o último dia do ano de 1953.
“Algumas semanas depois, o reitor Elyseu Paglioli vai ao Rio de Janeiro e obtém do presidente Getúlio Vargas a garantia de uma concessão em ondas médias. No dia 18 de novembro de 1957, às 20h, entrava no ar em caráter definitivo a Rádio Universidade.” (FERRARETTO, 2001, p.140)
A Rádio Universidade funciona até os dias de hoje, sendo que, segundo Ferraretto
(2001, p. 140), a música erudita ocupa dois terços da programação da emissora,
com o restante sendo dedicado à divulgação de artes, ciência, cultura e notícias em
geral.
A criação da Rádio Universitária do Rio Grande de Sul foi um marco importante na
história da radiodifusão educativa, pois foi a primeira rádio universitária do país,
difundindo a informação e a cultura no espaço acadêmico, possibilitando assim a
criação de outras rádios universitárias, como por exemplo: em 1962 a Rádio
Universitária AM da Universidade Federal de Pernambuco; em 1965 a Rádio
Universitária da Universidade Federal de Goiás, em 1977 a Rádio USP da
Universidade de São Paulo, em 1981 a Universitária FM da Universidade Federal do
Ceará e em 1991 a Rádio Unesp da Universidade Estadual Paulista.
Vale lembrar que a importância do rádio em espaços universitários já vinha sido
observada no meio da década de 30. No 2º artigo do decreto nº 6.283 de 25 de
janeiro de 1934, que cria a Universidade de São Paulo (USP), vemos que um dos 4
fins da universidade é “realizar obra social de vulgarização das ciências, das letras e
das artes por meio de cursos sintéticos, conferências, palestras, difusão pelo rádio6,
filmes científicos e congêneres”. (Decreto nº 6.283 de 25 de janeiro de 1934)
6 Grifo nosso
26
1.3.3. Movimento de Educação de Base
No ano de 1961 foi criado, por decreto presidencial, o Movimento de Educação de
Base (MEB). Encabeçado pela Igreja Católica, o movimento era supervisionado pela
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tinha como objetivo utilizar-se
do rádio para educar as pessoas que viviam nas zonas rurais do Norte e do
Nordeste.
“As escolas radiofônicas visavam, na época, à conscientização, mudança de atitudes e instrumentação das comunidades. Conscientização para o MEB significava o reconhecimento pelo educando de seus valores, da significação vivencial de seu trabalho e de pessoa no mundo. A mudança de atitudes era entendida como disposição à ação consciente e livre, a partir da compreensão e crítica de situações concretas. A instrumentação representava a informação e a habitação nos instrumentos de análise: ler, escrever e interpretar textos com situações e vocabulários específicos do meio rural, distinguir e identificar relações existentes entre as instituições e estruturas sociais, econômicas, políticas e religiosas, operações matemáticas essenciais ao conhecimento e utilização de legislação e as potencialidades econômicas da comunidade que viviam.” (ASSUMPÇÃO, 1999, p. 33)
Com isso é possível notar como a religião também começa a explorar o meio rádio
para doutrinar a população, principalmente nas regiões onde os indicadores
socioeconômicos são baixos e apontam índices abaixo da linha de pobreza.
Hoje diversas religiões utilizam de meios de comunicação, não apenas para
conscientizar a população, mas para conquistar mais fiéis e propagar seus
ensinamentos.
1.3.4. O Projeto Minerva
No ano de 1970 o Governo Militar cria o programa Minerva7, cujo objetivo era que
todas as emissoras de rádio do país retransmitissem esse programa, no intuito de
educar as pessoas por meio do rádio. Segundo o próprio governo, o rádio e a
televisão solucionariam imediatamente os problemas educacionais existentes.
7 Minerva era deusa romana das artes e da sabedoria. Seu pai Júpiter, após engolir a deusa Métis (Prudência), pediu a Vulcano que abrisse sua cabeça com o seu machado, para acabar com a dor de cabeça que ele sentia. Da cabeça de Júpiter saiu Minerva já adulta. Normalmente a deusa portava escudo, lança e armadura, pois representava também a guerra de forma estratégica e diplomática.
27
“No dia 4 de outubro de 1970, o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura começa a operar o Projeto Minerva. Eram cinco horas semanais, com 30 minutos diários de segunda a sexta, e uma hora e 15 minutos aos sábados e domingos. A Rádio MEC
8, do Rio de
Janeiro, gerava a programação educativa, via Embratel, para todo o país, à exceção das áreas não cobertas pela rede de telecomunicações, onde as emissoras recebiam fitas gravadas para emissão nos mesmos horários. Nos estados, os circuitos da Agência Nacional auxiliavam na retransmissão dos programas que, em grande parte, correspondiam ao período equivalente do Primeiro Grau.” (FERRARETTO, 2001, p.162)
O veículo rádio foi escolhido por diversos fatores: por ser mais barato em relação a
outro meio, como a televisão, tanto para um cidadão comum adquirir quanto para a
produção e veiculação de programas. Era mais abrangente fisicamente, pois com a
parceria da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicação), chegava a lugares
distantes dos grandes centros. Tinha abrangência social, pois o veículo rádio, como
visto anteriormente, estabelecia diálogo com os cidadãos de todas as classes sociais
e nível de escolaridade, por fim, também contava com o potencial da sua linguagem
em explorar o imaginário: o rádio, que dispensa o uso da imagem, cria diversas
sensações na imaginação do receptor através da voz do locutor, que segundo a
autora Júlia Lúcia de Oliveira (1999), “A voz faz presente o cenário, os personagens
e suas intenções; a voz torna sensível o sentido da palavra, que é personalizada
pela cor, ritmo, fraseado, emoção, atmosfera e gesto vocal”.
O ponto frágil apontado pelos pesquisadores do Projeto Minerva e que culminou em
seu fim, sem dúvida, foi a centralização dos programas de caráter regional e sua
veiculação em nível nacional.
“Com o projeto Minerva aconteceu a centralização da programação regional e a descaracterização do público. Por exemplo, o curso de noções básicas do curso primário, produzido pela FEPLAM
9 para os Estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, era veiculado pelo Minerva, para todo o país, com o título de curso de capacitação ao ginasial.” (LUCKESI, 1986, p. 55)
Havia a necessidade do ouvinte se identificar com o conteúdo, o formato e o
apresentador. Esta identificação em alguns casos não ocorria, gerando dificuldades
8Rádio MEC, antiga Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, hoje está incorporada a Empresa Brasil de Comunicação
(EBC) 9 Fundação Educacional Padre Landell de Moura, criada em 1967, vinculada a Rádio Universidade do Rio Grande do Sul, cobria os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua programação se concentrava em quatro grandes áreas: cultura geral, educação cívico-social, desenvolvimento rural e educação profissional.
28
no processo de aprendizagem. Apesar desse problema, o programa ficou quase 20
anos no ar, quando no dia 16 de outubro de 1989 foi descontinuado.
1.3.5. Radioescolas de Curitiba
Uma das primeiras e boas experiências envolvendo o meio rádio em espaços
escolares, como proposta pedagógica de ensino, aconteceu na cidade de Curitiba
na metade da década de 90.
Em dezembro de 1994 a secretaria municipal de educação de Curitiba implantou o
projeto de Radioescola, baseado nos estudos da pesquisadora e jornalista Zeneida
Alves de Assumpção. Funcionava assim:
“A Radioescola foi implantada inicialmente em três escolas. Ela era arrojada por contemplar a interatividade simultânea entre escolas. Essa interatividade é proporcionada por linhas LSP (linhas de som permanente). A programação produzida por alunos no estúdio (estação geradora) da Radioescola sob orientação de professores, era transmitida simultaneamente a outras escolas que também tinham radioescolas em circuito fechado, em horários determinados. Ocorria, então, comunicação simultânea entre os microfones dessas rádios, que eram localizadas nas escolas de diversos bairros.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal
10)
O projeto teve como base a tese de mestrado de Assumpção, que logo em seguida
se transformaria no livro “Radioescola: uma proposta para o ensino de primeiro
grau”. O programa teve duração de seis anos, quando em 2000 foi descontinuado.
As experiências e transformações socioeducativas vividas por alunos e professores
durante os seis anos de radioescola foram relatadas no livro “A radio no espaço
escolar: para falar e escrever melhor”, da mesma autora. Ambos os livros citados
foram utilizados como referência para esta pesquisa.
Destacamos até aqui alguns dos muitos projetos envolvendo a mídia rádio com
propostas educativas. Como visto, essa relação é antiga, tendo como ponto de
partida o pioneirismo de Edgard Roquette-Pinto e sua Rádio Sociedade.
10 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo.
29
As relações de um veículo de comunicação com a educação se intensificaram no
Brasil ao longo dos anos: além de rádios, foram criadas TVs, jornais, blogs e sites
especializados a divulgar conteúdos educativos. A relação de práticas comunicativas
com a educação fez surgir uma nova teoria, que veremos no próximo capítulo.
30
CAPÍTULO 2
A Educomunicação
"O que urge é, na verdade, garantir ao jovem a possibilidade de sonhar, não exatamente com um mundo fantástico e seguro que lhe seja dado pelos adultos, mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir, a partir de sua capacidade de se comunicar.”
Ismar de Oliveira Soares
31
A aproximação dos campos da Comunicação e da Educação fez surgir uma nova
teoria: a Educomunicação. O pioneiro dos estudos aqui no Brasil é o pesquisador
Ismar de Oliveira Soares1, que a define como:
“O conjunto das ações voltadas ao planejamento e implementação de práticas destinadas a criar e desenvolver ecossistemas comunicativos abertos e criativos em espaços educativos, garantindo, desta forma, crescentes possibilidades de expressão a todos os membros das comunidades educativas.” (SOARES, 2003, p. 22)
A pesquisadora Ângela Schaun acredita que a Educomunicação, como ciência
formada pela interrelação da Comunicação e Educação, produz novos
agenciamentos coletivos, que se multiplicam e repercutem uma expressão que se
movimenta em vários âmbitos, produzindo a comunicação.
“A questão da Educomunicação busca ressignificar os movimentos comunicativos inspirados na linguagem do mercado da produção de bens culturais, mas que vão se resolver no âmbito da educação como uma das formas de reprodução de organização de poder da comunidade, como um lugar de cidadania, aquele índice do qual emergem novas esteticidades e eticidades (modos de perceber e estar no mundo).” (SCHAUN, 2002, p. 15)
O termo Educomunicação começou a ser utilizado aqui no Brasil a partir do ano de
1999 após o Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da Universidade de São
Paulo (USP) publicar na revista Contato2 uma pesquisa feita em 12 países da
América Latina trabalhos desenvolvidos nas áreas da comunicação e educação.
O relatório final apontou que “a educação e a comunicação já haviam alcançado
uma densidade própria e se afirmavam como um campo de prática ou intervenção
social com grande potencial transformador” (SOARES, 2011, p. 35)
Mas ainda segundo Soares, as práticas educomunicativas já existiam e eram
praticadas desde a metade do século passado:
“A prática educomunicativa já estava na sociedade, ela já vinha sendo implementada desde a metade do século XX em diante por um movimento social com práticas chamadas alternativas, tanto de educação, como de comunicação, e isso que é forte, mas que estava fragmentado em experiências de um, de outro e de outro, experiências numerosissímas, mas cada um dando um nome para essa experiência. O que aconteceu em 1999 foi uma articulação dessas experiências a partir de um referencial teórico.
1 Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e Coordenador do NCE (Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP) 2 Revista lançada em Brasília pelo senador Artur da Távola no ano de 1999. Hoje a revista não está mais em circulação.
32
Então a pesquisa disse que faz-se na América Latina e no Brasil tais tipos de práticas, que tem tais fundamentos e produz tais consequências e isso merece ter uma designação e merece ser considerado um fato social novo. Então o que a USP fez e a pesquisa do NCE foi reconhecer uma realidade dada, difundir esses reconhecimento e permitir que as pessoas no país passassem a se encontrar já com essa denominação, e aquilo que era fragmentado e isolado passou a ser articulado.” (SOARES, 2012,
Informação verbal3)
Durante dez anos essa nova teoria foi cada vez mais estudada e viu-se que um novo
profissional estava surgindo no mercado, forçando assim no ano de 2009 a
necessidade de criar a primeira Licenciatura em Educomunicação.
“A investigação acadêmica do NCE-USP partiu da evidência de que transformações profundas vinham ocorrendo no campo da constituição das ciências, em especial as humanas, incluindo a área que abrigava a interface Comunicação/Educação, notando, ademais, uma verdadeira derrubada de fronteiras entre as disciplinas. Ao seu final, a investigação concluiu que efetivamente um novo campo do saber, absolutamente interdisciplinar e com certa autonomia em relação aos tradicionais campos da educação e da comunicação, mostrava indícios de sua existência, e que já pensava a si mesmo, produzindo uma metalinguagem, elemento essencial para sua identificação como objeto interdisciplinar de conhecimento.” (SOARES, 2011, pg. 35)
No mesmo ano, após a aprovação da resolução nº 36/2009, a Universidade Federal
de Campina Grande cria o primeiro curso de Comunicação Social com habilitação
em Educomunicação do país4. Outro bacharelado em Educom está em fase de
aprovação na Universidade Estadual de Santa Catarina. Isso demonstra que só
cresce a necessidade de termos profissionais capacitados em não só colocar em
prática projetos pedagógicos que utilizem as novas mídias, mas estudar a relação da
educação com os meios de comunicação.
Surge, então, a figura do educomunicador, um profissional que agirá nas áreas do
“magistério (o professor da área da comunicação), da consultoria (o assessor para
projetos de comunicação educativa) e da pesquisa (analista e sistematizador de
experiências em educomunicação)” (SOARES, 2011, p.67).
A educomunicação está presente na mídia, nas empresas e até mesmo em nossas
famílias. Para esta monografia, a análise será feita a partir das práticas
educomunicativas efetuadas no ambiente escolar. 3 Entrevista concedida ao autor no dia 15 de junho de 2012 no prédio central da Escola de Comunicações e
Artes da USP. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho. 4 O bacharel em Educomunicação utiliza os meios de comunicação para gerar conteúdo de informação e educação. Integra equipes que desenvolvem projetos educacionais em TV, internet ou em jornal. Pesquisa e compartilha conteúdo com outros alunos em bate-papo on-line, videoconferência, blog e rádio, entre outros.
33
“O Campo da Educomunicação é compreendido, portanto, como um conjunto de ações que permitem que educadores e estudantes desenvolvam um novo gerenciamento, aberto e rico, dos processos comunicativos dentro do espaço educacional e de seu relacionamento com a sociedade. O Campo da Educomunicação incluiria, assim, não apenas relacionamentos de grupos (a área da comunicação interpessoal), mas também atividades ligadas ao uso de recursos de informações no ensino-aprendizagem (a área das tecnologias educacionais), bem como o contato com os meios de comunicação de massa (área de educação para os meios de comunicação) e seu uso e manejo (área de produção comunicativa).” (SOARES, 2002, p. 264)
Soares propõe que a relação da Educomunicação com a escola seja planejada em
três âmbitos diferentes:
“1) No âmbito da gestão escolar: convida a escola a identificar e a rever as práticas comunicativas que caracterizam e norteiam as relações entre a direção, os professores e os alunos; 2) No âmbito disciplinar: sugere que a Comunicação, enquanto linguagem, processo e produto cultural se transforme em conteúdo disciplinar, ou seja, em objeto específico do currículo no âmbito da área denominada “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”; 3) No âmbito transdisciplinar: propõe que os educandos se apoderem das linguagens midiáticas, ao fazer o uso coletivo e solidário dos recursos da comunicação tanto para aprofundar seus conhecimentos quanto para desenhar estratégias de transformação das condições de vida à sua volta.” (SOARES, 2011, p. 19)
As práticas educomunicativas e seus resultados foram observados pelo Ministério da
Educação, que no ano de 2008 incorporou a Educomunicação ao programa federal
“Mais Educação”. Este programa é voltado aos alunos que estão em vulnerabilidade
social e para estudantes de séries onde há maior índice de evasão e/ou repetência.
O objetivo é aumentar a oferta educativa, a jornada escolar e a diminuição das
desigualdades educacionais nas escolas públicas, por meio de atividades que foram
organizadas em macrocampos, como: Acompanhamento Pedagógico, Meio
Ambiente, Esporte e Lazer, Direitos Humanos em Educação, Cultura e Artes, Cultura
Digital, Promoção da Saúde, Investigação no Campo das Ciências da Natureza e
Educação Econômica. As práticas desenvolvidas no macrocampo Educomunicação
são: Jornal Escolar, Radioescola, Histórias em Quadrinhos, Fotografia e Vídeo. O
programa atualmente atende 14.995 escolas e um total de 3.067.644 estudantes por
todo o Brasil5.
5 Dados disponíveis no site do Ministério da Educação. Ano de referência: 2011.
34
Como visto, uma das vertentes da Educomunicação é a radioescola, que utiliza o
meio rádio como proposta pedagógica para educar alunos e auxiliar professores no
processo de aprendizagem. Vamos analisar no próximo tópico o que é uma
radioescola, seus benefícios e as habilidades que ela desenvolve.
2.1. RADIOESCOLA
Como vimos no capítulo anterior a radioescola se caracteriza em circuito interno
dentro do ambiente escolar. Sendo modalidade de um projeto educomunicativo,
Assumpção (1999) especifica esse meio:
“Esta rádio chega à escola pelo serviço de alto-falantes ou por um sistema de linhas telefônicas privativas. As rádios que se utilizam de alto-falantes possuem geralmente como equipamentos um gravador, um amplificador, um toca-discos, um microfone e cornetas (alto-falantes). Com esse meio de comunicação simples, os educandos poderão produzir seus próprios programas radiofônicos. A Radiescola é uma grande aliada da educação, desde que o professor saiba como utilizá-la no ensino-aprendizagem.” (ASSUMPÇÃO, 1999, p. 47)
Mas diante de um cenário onde encontramos computadores, smartphones e tablets,
por que utilizar o meio rádio? A pesquisadora Júlia Lúcia de Oliveira6 define que o
baixo custo de implantação, simplicidade no manuseio dos equipamentos e na
produção são fatores relevantes, mas a versatilidade, a agilidade, a abrangência e a
capacidade de efetiva interação aliada ao potencial sedutor e instigador de um texto
essencialmente sonoro que suspende a imagem e instiga a imaginação, revela o
porquê essa prática de utilizar o meio rádio está aumentando dentro das escolas e
consolidada entre educadores e educandos.
Além desses fatores citados, segundo Assumpção (1999, 87-88), a radioescola
também promove:
a) A democratização da comunicação; b) A familiarização com a linguagem radiofônica das emissoras comerciais
e educativas AM e FM; c) O intercâmbio de informação e comunicação interescolares, ampliando
o conhecimento cultural e pedagógico das escolas receptoras; d) O conhecimento técnico e artístico da linguagem radiofônica utilizado
pelos emissores (desmistificando os meios de comunicação de massa);
6 Artigo apresentado à sessão de temas livres durante o XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação na UERJ de 5 a 9 de setembro de 2005.
35
e) O conhecimento das mensagens elaboradas (por meio da edição) e em seu estado bruto, envolvendo o conteúdo e os interesses da empresa radiofônica quanto aos aspectos políticos, econômicos, sociais e ideológicos, os quais interferem na divulgação da informação;
f) A socialização do discente, por meio do trabalho radiofônico em equipe; g) A sugestão de novos temas a serem desenvolvidos (assuntos indicados
pelos próprios emissores e receptores), conforme a observação e experimentação vivenciada durante a pesquisa do meio. (ASSUMPÇÃO, 1999, p.87-88)
Além disso, a radioescola também favorece:
A organização dos alunos em grupos, reforça a criatividade, a espontaneidade, a autoconfiança, o espírito crítico e a argumentação dos participantes, oportunizando narrativas sobre relatos orais (informativo, envolvendo pesquisas, entrevistas, debates), peças radiofônicas; contos e histórias infantis (dramatizados); declamação de poemas e poesias (extraídos dos conteúdos programáticos). (ASSUMPÇÃO, 2009, p. 73)
Durante a realização de uma radioescola, os alunos desenvolvem duas funções
interdependentes: emissores e receptores. Ou seja, mesmo o receptor é convidado a
participar por meio de sugestões, entrevistas e até mesmo projetos que envolvam a
radioescola. Diante da proposta dialógica da radioescola, os papéis estanques de
emissores e receptores não se adéquam. Portanto, este modelo de comunicação
onde um grupo reduzido emite para uma série de pessoas que só ouvem é
questionado no projeto da radioescola. No que diz respeito ao aluno “emissor”,
aquele que participa efetivamente na elaboração das produções radiofônicas, este
desenvolve habilidades para “a escolha, reflexão, pesquisa do tema, conhecimento
do perfil dos debatedores/entrevistados, construção da estrutura da entrevista que
podem ser realizadas durante os debates” (ASSUMPÇÃO, 2009, p. 73).
Isso cria no aluno um espírito de exercício da cidadania. “A construção da cidadania
passa necessariamente pelas expressões comunicativas[...]” (ASSUMPÇÃO, 2009
apud GOMES, 2001).
Outras competências do aluno “emissor”: domínio da linguagem escrita e falada,
saber lidar com múltiplas tarefas e estar atento aos acontecimentos que se dá ao
seu redor, tanto no ambiente escolar como fora dos muros da escola.
Já o aluno “receptor” “desenvolve competências e habilidades da audiência (saber
ouvir) e da eloquência (o saber falar, saber argumentar)” (ASSUMPÇÃO, 2009,
p.75). Para isso, ele precisa prestar atenção e saber o que o seu colega “emissor”
está querendo transmitir.
36
Acompanhando a importância que a radioescola vem desenvolvendo nas escolas, o
custo baixo que tem e a melhora que se obtém em curto prazo no processo de
ensino-aprendizagem, políticas públicas vem sendo desenvolvidas unindo o veículo
rádio e a escola. Alguns exemplos como a secretaria de estado da educação do
Mato Grosso, a secretaria municipal de educação de Curitiba e a secretaria
municipal de educação de São Paulo nas últimas décadas adotaram o meio rádio
como mais uma forma de educar. Vejamos a seguir o exemplo da cidade de São
Paulo.
2.2. “NAS ONDAS DO RÁDIO”: EDUCOMUNICAÇÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA
EM SÃO PAULO
O programa “Nas Ondas do Rádio” é uma proposta pedagógica implantada nas
escolas municipais de São Paulo com o objetivo de utilizar o rádio no processo de
ensino-aprendizagem, por meio dos conceitos da Educomunicação.
Inicialmente chamado de “Educom.rádio – Educomunicação pelas Ondas do Rádio”
o projeto foi implantado no ano de 2001 através de uma parceria com o Núcleo de
Comunicação e Educação da USP. Essa parceria apontou resultados positivos e por
isso, no ano de 2004, a então prefeita Marta Suplicy sancionou a lei Educom7, que
em agosto de 2005 seria regulamentada pelo então prefeito José Serra. A lei, de nº
13.941/04, em seu 1º artigo diz:
Art. 1º Fica instituído o Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio, no âmbito da Administração Municipal. §1º Para os fins presentes da lei, entende-se por educomunicação o conjunto dos procedimentos voltados ao planejamento e implementação de processos e recursos da comunicação e da informação, nos espaços destinados à educação e à cultura, sob a responsabilidade do Poder Público Municipal, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e órgãos envolvidos. §2º Visa o Programa instituído por esta lei ampliar as habilidades e competências no uso das tecnologias, de forma a favorecer a expressão de todos os membros da comunidade escolar, incluindo dirigentes, coordenadores, professores, alunos, ex-alunos e demais membros da comunidade do entorno. §3º O Programa de que trata esta lei e o conceito de educomunicação contemplam a análise crítica e o uso educativo-cultural, não apenas do rádio, mas de todos os recursos da comunicação, garantindo-se, para tanto,
7 Projeto de Lei nº556/02 do vereador Carlos Neder - PT
37
uma gestão democrática de tais processo e recursos, de forma a facilitar a aprendizagem e o exercício pleno da cidadania.
A partir de então o programa torna-se lei municipal. Vale lembrar que é uma lei por
adesão e não compulsória, o que significa que as escolas não são obrigadas a
implantar o projeto. Dentre os objetivos dessa nova lei, encontrados no artigo 2º da
mesma, destacam-se os incisos:
I – desenvolver e articular práticas de educomunicação, incluindo a radiodifusão restrita, a radiodifusão comunitária, bem como toda forma de veiculação midiática, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da administração municipal; II – incentivar atividades de rádio e televisão comunitária em equipamentos públicos, nos termos da legislação vigente; IV – incentivar atividades de educomunicação relacionadas à introdução dos recursos da comunicação e da informação nos espaços públicos e privados voltados à educação e à cultura; VI – incorporar, na prática pedagógica, a relação da comunicação com os eixos temáticos previstos nos parâmetros curriculares; IX – aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas ações de prevenção de violência e de promoção de paz, através do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a comunicação.
No ano de 2009, cinco anos após a sua implementação, o projeto EDUCOM passou
a se chamar “Nas Ondas do Rádio”. No mesmo ano, a Secretaria Municipal de
Educação publicou a portaria 5792/09 definindo normas complementares e
procedimentos para a implementação do projeto nas Escolas Municipais de
Educação Infantil – EMEIs, Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEFs,
Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos – CIEJAs, Escolas Municipais
de Educação Especial – EMEEs e Escolas Municipais de Ensino Fundamental e
Médio – EMEFMs.
No artigo 2º dessa portaria, foram definidos os objetivos gerais do programa “Nas
Ondas do Rádio”:
I – Promover o protagonismo infanto-juvenil por meio das tecnologias da informação e da comunicação; II – Contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e escritora e das expressões comunicativas dos alunos; III – Possibilitar o desenvolvimento da expressão comunicativa; IV – Contribuir para a integração entre professores, alunos e comunidade.
Para que a escola possa ter o programa “Nas Ondas do Rádio” como projeto
pedagógico, é necessário preencher um relatório que contenha justificativa,
38
objetivos, conteúdos e articulação com o projeto pedagógico, procedimentos
metodológicos, cronograma e recursos materiais, para ser avaliado por uma equipe
técnica da Secretaria Municipal de Educação.
Conforme o segundo parágrafo do artigo 4º da mesma portaria, as atividades do
programa “Nas Ondas do Rádio” podem ser desenvolvidas dentro do horário regular
das aulas ou em ampliação ao tempo de permanência do aluno na escola.
Visando essa presença do aluno na escola no contraturno, para que o mesmo possa
aumentar seu conhecimento e desenvolver outras atividades, no dia 27 de maio de
2011 foi decretada a portaria 2750/11 que cria o programa “Ampliar”, que tem como
objetivo ampliar, de forma gradual, a permanência dos alunos nas escolas, através
de atividades de programas e projetos já existentes. O artigo 2º da portaria
determina que os objetivos do programa são:
I – Ampliar o tempo de permanência do aluno na escola, por meio de ações sistematizadas de caráter educacional que promovam: a) A melhoria do desenvolvimento e das aprendizagens dos alunos; b) O protagonismo dos alunos; c) O enriquecimento curricular; d) A melhoria do convívio II – Assegurar momentos de organização de estudos de recuperação paralela para os alunos com aproveitamento insuficiente; III – Potencializar o uso de todos os recursos e espaços disponíveis ampliando os ambientes de aprendizagem para alunos e professores.
Os projetos e programas já existentes que fazem parte do programa “Ampliar” são,
segundo o artigo 4º da mesma portaria:
I – Projetos envolvendo os Laboratórios de Informática Educativa; II – Projetos envolvendo as Salas de Leitura; III – Programa de Estudos de Recuperação; IV – Bandas e Fanfarras; V – Esporte Escolar; VI – Xadrez;
VII – Nas Ondas do Rádio8;
VIII – Aluno Monitor
Por se tratar de um projeto que foi instituído em 2004, alguns parágrafos da lei do
programa “Nas Ondas do Rádio” encontram-se defasados. Por isso, o mandato do
vereador Carlos Neder organizou duas audiências públicas no Palácio Anchieta,
sede da Câmara Municipal de São Paulo, para a atualização da lei: os encontros
sobre o EDUCOM.RÁDIO - atualização da Lei 13.941/04.
8 Grifo Nosso
39
“A ideia de você trazer o rádio também como instrumento pra dentro da escola é exatamente em função das próprias características da escola. Então se a escola é um espaço por excelência de ensino formal e de você constituir novas lideranças, nada mais acertado que utilizar esse instrumento para propiciar aos professores, aos educadores, aos trabalhadores e alunos de modo interativo, discutir a grade curricular, discutir a inserção ou não da escola naquele ambiente em que ela está, inclusive discutindo as causas da violência e ao mesmo tempo propiciando o surgimento de novas lideranças que vejam na democratização dos meios de comunicação e atuação em um novo mercado que vai se constituir no país. Então foi correto pensar a rádio num primeiro momento com essa característica de uma rádio analógica, só que de 2004 para 2012 transcorreram 8 anos e houve toda uma mudança do enfoque, o surgimento de novas tecnologias, o barateamento, inclusive, daquilo que poderia ser ofertado nas escolas, de tal maneira que isso nos levou a repensar o programa para além da questão do rádio e da rádio analógica e veio daí a perspectiva nossa de atualização da lei.” (NEDER, 2012, Informação
Verbal9)
O dia 24 de maio de 2012, data do 1º encontro, contou com a participação de
representantes da Secretaria Municipal de Educação, de escolas e de pessoas
interessadas na área. No evento, foi discutido alterações na legislação, como o uso
de novas tecnologias e contratação de profissionais que se dediquem integralmente
ao projeto. Na ocasião, o autor desta pesquisa pode propor a bancada uma maior
participação de profissionais da área da comunicação no projeto, como radialistas,
jornalistas e produtores, para auxiliar na produção de projetos de radiodifusão dos
alunos e dos professores. A equipe do vereador recebeu sugestões dos presentes e
abriu um canal de comunicação na internet para receber propostas da população.
Coube ao vereador analisar as propostas e redigir um novo documento, que seria
apresentado no 2º encontro.
9 Entrevista concedida ao autor em 13 de agosto de 2012 no gabinete do próprio vereador. A entrevista na íntegra está anexa a este trabalho.
Figura 4: Imagens do 1º evento Educom.rádio.
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No dia 22 de junho de 2012, novamente no Palácio Anchieta, o vereador Carlos
Neder apresentou o novo projeto de lei no 2º encontro sobre EDUCOM.radio. O
espaço foi aberto para todos: representantes da secretaria municipal de educação,
escolas e público interessado na área. Representantes da USP também participaram
do evento, representados na figura do professor pesquisador Ismar de Oliveira
Soares.
Figura 5: Convites dos eventos Educom.rádio.
Figura 6. Convites dos eventos Educom.radio
41
As principais alterações da lei foram:
a) Desenvolvimento de práticas educomunicativas não restritas apenas para a
radiodifusão, mas com abertura para mídias audiovisuais, digitais e
impressas;
b) Os projetos passam a ser produzidos não apenas na pasta da Educação (nas
escolas), mas também nas secretarias de Saúde, Esportes, Meio Ambiente e
Assistência Social.
c) Mudança do nome oficial da lei de “EDUCOM – Nas Ondas do Rádio” para
“EDUCOM – Nas Ondas da Educomunicação”.
O objetivo é modernizar a lei, utilizando-se ainda do rádio, mas também de outras
mídias, assim como afirma o vereador Neder:
“Então a proposta é que nós continuemos com o rádio, mas que outras tecnologias sejam incorporadas no dia a dia das escolas, porque essa é a tendência natural: inclusão digital, trabalhar com o conceito das redes sociais, desenvolver o protagonismo infantojuvenil, formar novas lideranças, fazer com que a legislação hoje existente no país seja efetivamente aplicada, inclusive que nós tenhamos massa crítica para uma forte pressão sob o Congresso Nacional e futuramente para outras instâncias do Poder Executivo, para que haja essa democratização dos meios de comunicação no país, aumentando o papel dos Estados e Municípios na gestão dessas políticas de Educação e Comunicação democráticas.” (NEDER, 2012,
Informação verbal10
)
10 Entrevista concedida ao autor em 13 de agosto de 2012 no gabinete do próprio vereador. A entrevista na íntegra está anexa a este trabalho.
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Figura 6: Imagens do 2º evento Educom.rádio.
42
Até a conclusão da redação desta pesquisa, o projeto de lei ainda estava em
tramitação na Câmara Municipal. Segundo o vereador Carlos Neder, a lei seria
votada pelos vereadores e, se aprovada, entraria em vigor ainda no ano de 2012.
Podemos perceber que com quase 11 anos da primeira parceria da
Educomunicação com a Administração Pública, a necessidade de ter o veículo rádio
nas escolas municipais de São Paulo só cresce e mostra a importância que esse
meio de comunicação pode contribuir para a formação do jovem de hoje, do século
XXI, como relata Soares:
“No cotidiano da escola, o Educom mobilizou e continua mobilizando grupos de alunos que se voltam para a produção midiática de forma colaborativa, ampliando as formas de expressão e movimentando os recreios. Algumas escolas optam por produções mais sofisticadas, como o tratamento sonoro de conteúdos disciplinares, incluindo, em muitos casos, o resgate da memória de professores e personalidades do bairro, ou, ainda, a produção de documentários radiofônicos sobre a vida da escola ou sua relação com o entorno.” (SOARES, 2011, p.39)
As mudanças de comportamento de jovens e adolescentes em contato com essas
as práticas educomunicativas foram avaliadas pelo jornalista Fernando Rossetti, que
observou:
“Nos projetos educomunicativos os jovens ampliam ainda mais o vocabulário e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação; desenvolvem competências de trabalho em grupo, negociação de conflitos e planejamento de projetos e melhoram o desempenho escolar. Esse movimento também se manifesta institucionalmente: surgem grêmios estudantis, novas ONGs, cooperativas de trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária, periódicos, projetos conjuntos entre professores e estudantes.” (ROSSETTI, 2005, p.31)
Analisando a importância da Educomunicação, sua participação como política
pública na cidade de São Paulo e os benefícios que programas educomunicativos
trazem para os jovens estudantes, pesquisamos em uma escola municipal da região
do Campo Limpo, que possui o projeto “Nas Ondas do Rádio”, como o rádio atua no
processo de ensino-aprendizagem de alunos e professores.
Figura 4: Convite para o evento Educom.rádio.
43
CAPÍTULO 3
Pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella
“O que eu tenho a dizer é que foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo na escola. Proporcionou novas amizades, pude conhecer mais sobre a área que eu quero fazer, que é Rádio e TV, e um monte de coisa. Na escola onde estou atualmente, nós fizemos teatro, a gente precisou mexer com equipamentos de som. Eu escrevi também uma peça, então me ajudou, está me ajudando e vai me ajudar em muita coisa.”
Rubens Rocha, 15 anos
(ex-participante do programa “Nas Ondas do Rádio” da EMEF Fagundes Varella)
44
Antes de entrarmos na parte de pesquisa de campo desse trabalho, é fundamental
conhecermos a estrutura educacional do município de São Paulo e os dados da
região de Campo Limpo, onde está localizada a escola municipal Fagundes Varella,
que foi escolhida como objeto de pesquisa para esta monografia.
3.1. A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil. Segundo dados do censo de 2010, o
município tem uma população estimada em 11.253.503 de pessoas. Para organizar
uma metrópole com tantos habitantes, a pasta de Educação necessita de uma mega
estrutura:
Figura 7: Organograma da estrutura educacional no município de São Paulo.
Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo
45
A atual secretária de Educação do município, Célia Regina Guidon Falótico, articula
funções com o Conselho Municipal de Educação. Subordinado a ela, temos o
secretário adjunto, João Thiago de Oliveira Poço. A chefe de gabinete, Lilian Dal
Morin, tem a sua disposição 4 assessorias: Jurídica, Comunicação e Imprensa,
Técnica de Planejamento e Especial Sala CEU, além de uma divisão administrativa
da secretaria e o CONAE (Coordenadoria Geral dos Núcleos de Ação Educativa).
A rede municipal de educação conta com cerca de 1 milhão de estudantes
espalhados por 2.560 escolas. Para manter um canal de comunicação efetiva entre
as orientações do gabinete e as escolas, existem as DREs: Diretorias Regionais de
Educação. São elas que mantêm a organização das escolas de uma determinada
região, além de facilitar a administração das unidades escolares e tornar possível o
desenvolvimento de atividades.
Por ser uma cidade tão populosa e com enorme extensão territorial, foi necessário
subdividir São Paulo em 13 DREs: Butantã, Campo Limpo, Capela do Socorro,
Freguesia do Ó/Brasilândia, Guaianases, Ipiranga, Itaquera, Jaçanã/Tremembé,
Penha, Pirituba, Santo Amaro, São Mateus e São Miguel Paulista. A EMEF
Fagundes Varella pertence à DRE de Campo Limpo.
Figura 8: Mapa da distribuição de DREs.
Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo
46
DR
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PO
LIM
PO
Outros dados da rede1:
- 84,5 mil funcionários, entre professores e de Quadro de Apoio Escolar (QAE);
- 931.463 alunos (9,2% da população da cidade);
- 2.015 escolas de educação infantil;
- 545 escolas de ensino fundamental;
3.2. BAIRROS E ESCOLAS QUE COMPÕEM A DRE DE CAMPO LIMPO
A área de cobertura da DRE de Campo Limpo não cobre apenas as Unidades
Educacionais do bairro que leva o seu nome. Estão incorporadas nessa subdivisão
os bairros do Jardim Ângela e Jardim São Luís (pertencentes à subprefeitura do M
Boi Mirim); Capão Redondo e Vila Andrade (pertencentes à subprefeitura de Campo
Limpo). A seguir alguns dados das regiões que compõem a DRE2:
Região (Subprefeitura)
Distrito
Nº habitantes
Área total (km²)
Densidade Demográfica (Hab/Km²)
Campo Limpo
Campo Limpo 211.361 12,80 16513
Capão Redondo 268.729 13,60 19759
Vila Andrade 127.015 10,30 12332
M’Boi Mirim
Jardim Ângela 295.434 37,4 7899
Jardim São Luís 267.871 24,7 10845
Total 1.170.410 98,80 11846
São Paulo 11.253.503 1.509 7458
Tabela 2: Dados das regiões de Campo Limpo e M’Boi Mirim
Juntas, as regiões do Campo Limpo e de M‟Boi Mirim agregam cerca de 10,5% da
população e 6,5% da área total da cidade de São Paulo. A densidade demográfica,
que é o número de habitantes por quilômetros quadrados, supera a média da cidade
e chega a 11.846 hab/km².
A DRE de Campo Limpo está localizada na Avenida João Dias, altura do nº 3800.
Sob sua jurisdição estão 116.746 alunos e 9735 educadores3, entre professores e
funcionários. Também está sob sua coordenação um total de 313 Unidades
Educacionais, como vemos no mapa:
1 Informações retiradas do site da Secretaria Municipal de Educação. Data de referência: 31/08/2012 2 Dados do Site da Prefeitura de São Paulo e do IBGE (2010) 3 Dados do site da Secretaria Municipal de Educação. Data de referência: 31/08/2012.
47
A DRE cobre não apenas escolas de Ensino Fundamental e Infantil, mas outros tipos
de escolas também:
Figura 9: Mapa da área de cobertura e Unidades Educacionais da DRE de Campo Limpo. Taxa de proporção: 15%
Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo
48
No total, 42 escolas da DRE estão produzindo projetos educomunicativos. O autor
dessa monografia, com documento oficial de autorização emitido pela secretaria
municipal de Educação para pesquisa, foi até a escola municipal Fagundes Varella
investigar de que maneira o meio rádio pode estimular o processo de ensino
aprendizagem entre alunos e professores. Mas para isso precisamos conhecer a
escola que foi escolhida para análise, além de sua rádio.
3.3. A ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL FAGUNDES VARELLA
A EMEF Fagundes Varella está localizada na Avenida Augusto Barbosa Tavares, nº
716, no bairro Jardim Maria Sampaio, na região do Campo Limpo.
Sua escolha para esta monografia foi feita junta a DRE, já que a escola está aberta
a projetos extracurriculares e por possuir a radioescola há cerca de quatro anos,
tempo considerável para a realização da pesquisa, pois o projeto já está bem
concretizado.
Tabela 3: Relação das escolas por tipo da DRE de Campo Limpo. Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo
49
A escola oferece turmas de 1ª a 8ª séries nos períodos da manhã e tarde e no
período noturno oferece turmas de Ensino para Jovens e Adultos. São 1.150 alunos
e 80 educadores (entre professores e funcionários).
No total, são dezessete salas de aula, uma sala de leitura, uma sala de informática,
uma quadra e um estúdio de rádio.
3.3.1. Rádio Recreio
A radioescola da EMEF Fagundes Varella existe há quatro anos e tem como
responsável a POIE (Professor Orientador de Informática Educativa) Maria de
Fátima Barbosa Santos (mais conhecida entre professores e alunos como Fátima).
No início do projeto, a radioescola não tinha nenhum vínculo com o programa “Nas
Ondas do Rádio”. A proposta nasceu de um trabalho de intervenção na comunidade,
a pedido da Secretaria Municipal de Educação.
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Figura 10: Fotos da EMEF Fagundes Varella.
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“Era um projeto dentro de uma plataforma da internet e as crianças tinham que participar, montar o projeto e a partir daí eles tinham que montar uma proposta de intervenção na comunidade deles. Eles optaram por falar do lixo e aí nós levamos até o final e quando chegou ao final eles teriam de apresentar essa proposta de intervenção. E qual seria? Porque eles já tinham estudado tudo sobre a condição da escola deles, da comunidade deles, que precisava melhorar e como é que eles iam passar isso? Como eles iriam intervir? Algumas escolas fizeram levantamento de algum espaço próximo a escola e que estava ruim, entraram em contato com a subprefeitura, mas os nossos não. Os nossos inventaram a rádio.” (SANTOS, 2012, Informação verbal
4)
Após formatar o trabalho de intervenção em um programa de rádio, a professora e
os alunos gravaram a programação em um CD e apresentaram para a comunidade
escolar.
“Alguns alunos diziam: “- Ah não, nós vamos fazer rádio, porque daí a gente consegue falar através da caixa de som com os outros alunos para eles não sujarem, para eles manterem o espaço limpo”. Então a partir daí montamos a programação, que foi gravada em um CD e nós levamos um rádio para lá, com a caixa de som, e fizemos o primeiro dia de rádio. Foi isso. E aí foi muito interessante, porque as crianças queriam participar mais.” (SANTOS, 2012, Informação verbal
5)
O interesse e o fascínio dos estudantes pelo novo meio de comunicação da escola
foi crescendo, o que estimulou no segundo ano do projeto o diretor a montar um
estúdio só para as transmissões internas daquela que seria a radioescola.
4 Entrevista concedida ao autor em 03 de setembro de 2012 na EMEF Fagundes Varella. Entrevista na íntegra está em anexo a este trabalho. 5 Entrevista concedida ao autor em 03 de setembro de 2012 na EMEF Fagundes Varella. Entrevista na íntegra está em anexo a este trabalho.
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Figura 11: Estúdio de rádio da EMEF Fagundes Varella.
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Até então a radioescola não tinha um nome oficial. Por isso foi realizado um
concurso envolvendo a comunidade escolar para a escolha. Os alunos deixavam
sua opinião dentro de uma caixinha no pátio. O nome vencedor foi “Rádio Recreio” e
o aluno, que era da 6ª série, ganhou um prêmio, além de ter seu nome publicado no
blog da escola6.
Também foi produzido um logotipo para a Rádio Recreio e um novo concurso foi
promovido. Dessa vez um aluno da 8ª série foi o vencedor e o próprio desenhou um
grafite na parede do estúdio.
A cada ano o projeto crescia quando no ano de 2011 foi incorporado oficialmente ao
programa “Nas Ondas do Rádio”.
Atualmente 8 alunos de 5ªs, 7ªs e 8ªs séries fazem parte da equipe de produção e
são nomeados “alunos monitores”. O critério de participação desses alunos é o
interesse: no início do ano letivo o projeto é divulgado em toda a escola, e o aluno
que se sentir interessado e tiver disponibilidade de horário no contraturno é
6 http://www.emeffagundesvarella.blogspot.com.br
Figura 12: Logotipo da Rádio Recreio.
Imagem 12: Logotipo da Rádio Recreio.
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incorporado. A Rádio Recreio funciona nos períodos da manhã e da tarde,
exclusivamente durante os intervalos.
Não há uma grade de programação fixa e as temáticas dos programas giram em
torno de esportes, músicas e variedades. Os próprios alunos buscam a informação
em jornais, revistas e sites da internet. Há também um espaço na programação para
avisos e lembretes da direção, coordenação e secretaria, como eventos e reunião de
pais.
Os próprios alunos que fazem parte da produção da radioescola operam os
equipamentos. No estúdio encontramos um computador, microfones, mesa de som,
potência e uma caixa acústica para retorno.
Interligadas ao estúdio, seis caixas acústicas fazem a propagação dos programas no
pátio. Um ponto forte da EMEF Fagundes Varella é que o pátio onde os estudantes
ficam na hora do intervalo é separado das salas de aula, diferentemente de outras
escolas públicas que existem na cidade. Isso significa que o som reproduzido pelas
caixas da radioescola não interferem e, portanto, não atrapalham as aulas de outros
professores que não estão em intervalo.
Figura 13: Mesa de operação da Rádio Recreio.
53
O processo de criação dos programas é iniciado na sala de informática. Toda
semana existe uma reunião de pauta, sob a supervisão da professora Fátima. Os
alunos escrevem o roteiro em uma folha de papel e logo em seguida já a
transcrevem no computador, em um modelo de lauda radiofônica pré-existente. A
partir daí, com a lauda pronta, eles iniciam o processo de gravação e edição no
software Audacity7. Com o programa finalizado, os alunos salvam o conteúdo em um
dispositivo móvel e o levam até ao estúdio de rádio.
Há sempre um rodízio nas funções dentro deste projeto, que é marcado pelo
processo colaborativo, ou seja, todos são responsáveis pela criação e viabilização
dos programas veiculados e pelo funcionamento da Rádio Recreio como um todo,
processo esse fundamental para a construção de um projeto educomunicativo:
7 O Audacity é um software de edição e gravação de áudio 100% gratuito. O programa conta com recursos profissionais e vários efeitos, além de ser facilmente manuseado. Download em: http://audacity.sourceforge.net/?lang=pt
Figura 14: Planta do pátio da EMEF Fagundes Varella. Arte: Luiz Henrique Quarentani Junior
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“Para o projeto educomunicativo vale muito mais a pena você ter um estúdio de multimeios a serviço de uma comunidade e que todos trabalhem ali de forma colaborativa do que ter um conjunto de equipamentos na mão dos indivíduos, porque o conjunto de equipamentos na mão de indivíduos reforça a perspectiva do uso individual, da propriedade privada, enquanto que o trabalho coletivo vai na direção do consórcio, da solidariedade, da operação e especialmente da gestão democrática dessa área complexa que é a área comunicativa.” (SOARES, 2012, Informação verbal
8)
O aluno que monta a programação, também pode fazer a locução e também editar.
Há toda uma organização colaborativa entre eles mesmos, desde a pré-produção
até a veiculação dos programas, inclusive no gerenciamento do estúdio de rádio9:
8 Entrevista concedida ao autor no dia 15 de junho de 2012 no prédio central da Escola de Comunicações e Artes da USP. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho. 9 Cartaz está fixado na parede da sala de rádio e foi redigido pelos próprios alunos.
Figura 15: Regras para o uso do estúdio de rádio da EMEF Fagundes Varella.
55
Nesse projeto há uma proposta dialógica na qual o ouvinte é também coautor da
programação: os alunos receptores, ou seja, aqueles que não fazem parte da
produção efetiva da radioescola e são apreciadores da mesma também podem
participar por meio de declamação de poemas e por outras demais intervenções.
Um dos desafios a serem enfrentados pela equipe da Rádio Recreio é o
envolvimento por parte dos professores de outras disciplinas. Atualmente ocorrem
participações esporádicas e em datas específicas. O projeto não está restrito aos
discentes, ou seja, é desejável a participação efetiva dos professores de diferentes
disciplinas. Afinal, isso vai ao encontro com o que nos explica o Dr. Ismar de Oliveira
Soares:
“Se uma escola quer adotar a Educomunicação ela tem que pensar na relação entre direção-professores-alunos, alunos-direção, por exemplo, todo esse conjunto e a comunidade no entorno. Então pensar Educomunicação é pensar as práticas de relacionamento na escola, por isso que nós falamos na área da administração, na área da didática dos conteúdos e na área interdisciplinar que são as áreas próprias da didática, porém que não estão incluídas em áreas específicas do conhecimento, mas são transversais. A questão do meio-ambiente é uma questão transversal, a questão da ética é uma questão transversal. Na verdade a educação se dá muito mais nos termos transversais do que nos termos curriculares. E a Educomunicação vai trabalhar justamente esses três universos: curricular, transversal e administrativo.” (SOARES, 2012, Informação verbal
10)
Outro ponto é a divulgação dos programas produzidos. A comunidade em torno da
escola não consegue acompanhar os programas. Porém para resolver este
problema os alunos já estão criando uma midiateca e toda a programação estará
disponível no blog da escola. Uma saída que podemos apontar é a criação de uma
radioescola na rede mundial de computadores. Além de não exigir licenças de
órgãos federais, as webrádios têm custo reduzido, abrangência ilimitada e múltiplas
ferramentas de interação e compartilhamento.
3.4. A PESQUISA
A pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella foi realizada durante os meses de
agosto e setembro de 2012. O objetivo geral foi investigar de que maneira o meio
rádio, caracterizado por uma radioescola, dentro de um ambiente de ensino
10 Entrevista concedida ao autor no dia 15 de junho de 2012 no prédio central da Escola de Comunicações e Artes da USP. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho.
56
pertencente à DRE de Campo Limpo pode estimular o processo de ensino-
aprendizagem de alunos e professores por meio dos conceitos da Educomunicação.
Além disso, os objetivos específicos pretenderam analisar a relação dos alunos e
professores em contato com a Rádio Recreio, verificar e compreender de que
maneira uma radioescola melhora a comunicação interna e verificar a eficiência da
mesma a partir de um exemplo concreto de ensino-aprendizagem.
Utilizou-se a metodologia mista, ou seja, a aplicação de métodos quantitativos e
qualitativos durante a pesquisa de campo. Alguns autores defendem que a pesquisa
quantitativa também, de certo modo, pode ser qualitativa:
“a pesquisa moderna deve rejeitar como uma falsa dicotomia a separação entre estudos „qualitativos‟ e „quantitativos‟, ou entre ponto de vista „estatístico‟ e „não estatístico‟. Além disso, não importa quão precisas sejam as medidas, o que é medido continua a ser uma qualidade”. (GOODE; HATT, 1973 apud RICHARDSON, 2011, p. 79)
Além disso, Richardson também analisa que:
“O aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente até mesmo nas informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos, não obstante perderem seu caráter qualitativo quando são transformadas em dados quantificáveis, na tentativa de se assegurar a exatidão no plano dos resultados” (RICHARDSON, 2011, p. 79)
Foram selecionados alunos e professores da escola, já que são o foco desta
pesquisa. Para colher dados de todos os pesquisados foi escolhida a técnica de
aplicação de questionários. Para Antônio Carlos Gil:
“Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.” (GIL, 1999, p. 128)
Para Richardson (2011), há uma série de vantagens por optar na aplicação de
questionários em pesquisas: atinge um grande número de pessoas
simultaneamente, garante o anonimato e mais facilidade e rapidez na tabulação dos
dados.
Para aplicá-los, optou-se pela ferramenta Docs do Google. Ela permite que sejam
elaborados questionários online, que podem ser abertos simultaneamente em vários
57
computadores. Após o questionário ser finalizado pelo entrevistado, as respostas
são enviadas diretamente para a sua conta do Google e os dados são
automaticamente tabulados em uma planilha do Excel. Enfatiza-se aqui a rapidez e
sustentabilidade, uma vez que suprimiu a necessidade de impressão dos
questionários e permitiu agilidade na tabulação dos dados colhidos. No caso desta
pesquisa, todos os questionários foram respondidos na sala de informática da
escola, sob a supervisão do autor.
Em sua construção, foram utilizados três tipos de questões: abertas, fechadas e
dependentes. Para Gil (1999):
Nesse sentido, foram aplicados na escola três questionários:
a) Alunos produtores: avaliar se houve melhora na aprendizagem a partir do
contato desses alunos por meio da radioescola;
b) Alunos ouvintes: avaliar se o que é produzido pela radioescola é absorvido e
aprovado pelos demais alunos;
c) Professores: observar se para eles o uso dos meios de comunicação nas
aulas é relevante, além de avaliar o uso coletivo da radioescola para trabalhos
interdisciplinares;
Com todos os dados colhidos, chegou a hora de fazer as análises. Por se tratar de
uma escola com mais de mil alunos e oitenta educadores, configurou-se um desafio
na aplicação dos questionários aos alunos ouvintes e professores, já que muitos
estavam em aula e por isso não tinham disponibilidade para responder. Por isso foi
feita uma amostragem não probabilística. Para a pesquisadora Manolita Correia
Lima:
Perguntas Abertas Perguntas Fechadas Perguntas Dependentes
- Apresenta-se a pergunta e
é deixado um espaço em
branco para que a pessoa
escreva sem restrição.
- Apresenta-se um conjunto de
alternativas preestabelecidas
para que seja escolhida a que
melhor representa uma
situação ou ponto de vista.
- Quando é apresentada
uma questão que depende
da resposta dada a outra
questão anteriormente
respondida. Podem ser
abertas ou fechadas.
Tabela 4: Definição de perguntas para um questionário.
58
“Nas pesquisas de campo, as amostragens não probabilísticas são frequentemente utilizadas em virtude da inacessibilidade do pesquisador ao universo total que compõe a população-alvo da pesquisa. Nesse caso, o pesquisador baseia-se nos resultados de uma pesquisa exploratória, que lhe permite estabelecer critérios capazes de justificar as razões que determinaram a escolha dos elementos que irão compor a amostra.” (LIMA, 2008, p. 106)
Ainda segundo Lima (2008, p. 106), as amostragens não probabilísticas estão
divididas entre intencional e por conveniência. Para esta pesquisa, pelos motivos
anteriormente citados, foi utilizada a por conveniência, “cujos elementos da pesquisa
são selecionados de acordo com a conveniência do pesquisador (pessoas que estão
ao seu alcance, dispostas a responder o questionário, por exemplo)”.
Por isso, para não interferir nas atividades da escola, o questionário dos alunos
ouvintes foi aplicado no início das aulas de informática de algumas séries e em datas
que estivessem em consonância com a disponibilidade do autor. Assim os alunos
respondiam o questionário, cada um em seu computador. Em relação aos
professores, foi realizado o mesmo processo, porém o questionário foi aplicado a
aquele que se dispusesse a respondê-lo, sempre no início das reuniões
pedagógicas que acontecem semanalmente na escola.
Os resultados da pesquisa de campo foram esses:
3.4.1. Alunos produtores
O primeiro questionário foi aplicado a todos os oito alunos que fazem parte da atual
produção da Rádio Recreio. Foram feitas doze perguntas, sendo oito fechadas e
quatro abertas:
I) Qual a sua idade?
12%
12%
25%13%
38%
10 anos
11 anos
13 anos
14 anos
15 anos
Figura 16: Gráfico de respostas à pergunta I.
59
II) Em qual série você estuda?
III) Há quanto tempo faz parte da Rádio Recreio? (pergunta aberta)
Podemos observar que a série e a idade dos alunos que fazem a produção da Rádio
Recreio são bem diversificadas. Os alunos que estudam no período da manhã, que
são os de 7ªs e 8ªs séries, são responsáveis pela radioescola no período da tarde; já
os alunos que estudam no período da tarde, que são os de 5ª série, são os
responsáveis no período da manhã.
A maioria dos estudantes possui certa vivência em, pois 63% estão nesse projeto há
cerca de um ano ou mais. Isso também revela que o projeto é estimulante, já que
eles participam voluntariamente da Rádio Recreio, de segunda a sexta, por todo
esse tempo.
Outro apontamento: ausência de alunos no projeto que pertencem ao ciclo I do
Ensino Fundamental, ou seja, de 1ª a 4ª série. A Rádio Recreio é aberta a todos os
estudantes da escola, e seria interessante a participação dos mesmos já nessa fase
escolar, para se familiarizarem com esse tipo de mídia.
24%
38%
38% 5ª série
7ª série
8ª série
38%
62%
Menos de 1 ano
1 ano ou mais
Figura 18: Gráfico de respostas à pergunta III.
Figura 17: Gráfico de respostas à pergunta II.
60
IV) De um modo geral, suas notas melhoraram após sua entrada na Rádio
Recreio?
Para 62% dos alunos, o contato com a radioescola fez com que suas notas
melhorassem. Para 38% não. Isso revela que para a maioria dos alunos a Rádio
Recreio beneficiou na aprendizagem e isso refletiu nas avaliações. Porém esse
poderia ser maior, já que para 3 alunos o convívio no projeto não auxiliou e não deu
um suporte necessário para que suas notas progredissem.
V) Depois de fazer parte do projeto da Rádio Recreio, você passou a
acompanhar mais as notícias que se passam ao redor do mundo?
Todos os alunos declararam que estão acompanhando mais as notícias, já que eles
precisam estar bem informados para compartilhar a informação com outros alunos.
Cria se neste sentido uma nova relação com os meios de comunicação, entende-se
que a leitura, a escuta ou a navegação torna-se crítica.
62%
38%
Sim
Não
100%
0%
Sim
Não
Figura 20: Gráfico de respostas à pergunta V.
Figura 19: Gráfico de respostas à pergunta IV.
61
Um exemplo disso é o caso de programas esportivos produzidos. Em uma das
visitas deste autor até a escola, pode-se observar que durante o processo de
elaboração do programa sobre esportes os alunos estavam eufóricos: procuravam
notícias sobre a rodada do Campeonato Brasileiro de futebol que havia terminado e
discutiam sobre as publicações da mídia. Tudo isso para relatarem com exatidão e
imparcialidade o que havia acontecido. Essa busca pela informação, quase que
diária, cria-se o hábito de estarem conectados com o mundo e compartilhar com
outras pessoas aquilo que, para eles, é relevante.
VI) Você encontra mais facilidade para escrever textos e redações?
O resultado apontou que a maioria encontrou mais facilidade ao escrever textos e
redações depois que entrou em contato com a radioescola. Ao falar em público, o
aluno produtor que fica responsável pela locução se preocupa em falar
corretamente, e para isso acontecer, ele precisa ter um bom domínio na escrita, já
que isso refletirá em sua oratória:
“Quando o educando participa como emissor e receptor simultaneamente da Radioescola, como agente ativo desse suporte pedagógico, ele próprio vai se preocupar em ler e falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência verbal. A fluência verbal poderá ser adquirida pelo educando, através da prática da locução. Essa prática será prazerosa para ele, porque os colegas dele estão o escutando. Para falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência, ele precisa saber escrever o texto, utilizando as normas gramaticais corretas, sinônimos das palavras, concordâncias (verbal e pronominal) corretas; frases com sujeito + verbo + predicado, etc. Assim, a cultura escolar será mais satisfatória por parte do alunado.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal
11)
11 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. Íntegra em anexo.
87%
13%
Sim
Não
Figura 21: Gráfico de respostas à pergunta VI.
62
VII) As habilidades que você desenvolve participando na rádio melhoraram os
seus estudos?
Para 62% dos alunos a participação no projeto desenvolve de alguma forma
habilidades que melhoram seu desempenho escolar. Isso significa que as horas
investidas em pesquisas, elaboração de pautas, redação de textos, organização de
horários, planejamento de futuras transmissões, além da responsabilidade,
seriedade e comprometimento, refletem durante a hora de estudar, seja na classe ou
em casa.
Não podemos deixar de lado o índice dos alunos que responderam que as
habilidades desenvolvidas na radioescola não refletem nos estudos: 38% deles não
revertem essa prática que desenvolvem no projeto ao modo que estudam. Mas isso
não significa que o aluno sairá prejudicado ou que a radioescola atrapalhe nesse
sentido.
VIII) Você se sente mais estimulado para participar das atividades da escola?
62%
38%
Sim
Não
100%
0%
Sim
Não
Figura 23: Gráfico de respostas à pergunta VIII.
Figura 22: Gráfico de respostas à pergunta VII.
63
Todos os alunos responderam que se sentem mais estimulados a participarem das
atividades propostas pela escola. A Rádio Recreio, por se tratar de uma atividade
diferenciada e tem o papel de ensinar, possibilita ao aluno desenvolver trabalhos
escolares fora do ambiente de sala de aula:
“A Radioescola não é aula. Os alunos não estão sentados um atrás do outro. A Radioescola possibilita mobilidade dos alunos no espaço físico. A programação é construída em equipe, onde todos falam, todos discutem a programação. O professor não precisa “cobrar” leitura e escrita correta. Essas habilidades fluem com os conhecimentos que vão adquirindo com o cotidiano “radiofônico”. Os próprios alunos se “policiam” sobre seus erros gramaticais. Eles mesmos se “cobram” e “cobram” do colega a vez de falar, de discutir. Há interesse por parte deles, em mostrar maior quantidade de produção radiofônica. O inverso ocorre em sala de aula, onde não há interesse com as atividades. O trabalho com a Radioescola possibilita o desenvolvimento de outras habilidades: atenção com as tarefas/cumprir metas; saber ouvir os colegas; saber escutar a programação; análise crítica da programação e da própria tarefa; respeitar a vez de falar; sociabilidade; responsabilidade; iniciativa própria; companheirismo; espírito de equipe.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal
12)
IX) O seu relacionamento com colegas, professores e demais pessoas da escola
melhorou após participar do projeto?
Para a maioria, o relacionamento com colegas, professores e funcionários melhorou.
Por se tratar de uma atividade diária, que exige que o aluno fique um turno inteiro ao
convívio de outros alunos e de professores, faz com que o seu relacionamento se
estreite e com isso cria-se vínculos afetivos entre eles.
“A radioescola imita a mídia radiofônica, ao se valer de um dos cinco sentidos do corpo humano: a audição. Porém, na Radioescola, aluno e
12 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. Íntegra em anexo.
87%
13%
Sim
Não
Figura 24: Gráfico de respostas à pergunta IX.
64
professor vão além de ouvir, como ocorre na mídia radiofônica. Eles aprendem ou aprimoram a habilidade de escutar “a programação”. Ao escutar estarão compreendendo o que produziram. Ao atuarem (professor e alunos) como emissores e receptores ativos dessa comunicação, perceberão de que o trabalho em grupo, a equipe é relevante, então precisarão ser parceiros nessa interface mídia-educação. Não se faz nenhum produto midiático (programas para a Radioescola) sem equipe que „fale a mesma língua‟. Ou seja: cooperação de todos.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal
13)
Portanto, é imprescindível que em um trabalho colaborativo como este haja
harmonia de ambas as partes para que, além das relações interpessoais se
intensifiquem e melhorem, haja um produto final satisfatório.
X) O que o atraiu para participar da Rádio Recreio?
ALUNO RESPOSTA
A respostas e perguntas
B as palhaçadas
C a professora estava divulgando no começo do ano ai eu me
interessei
D o que me atraiu a participar da rádio recreio foi saber que eu
poderia ajudar as outras pessoas e passar notícias para outras
pessoas.
E As pessoas falaram que era legal e interessante aí eu resolvi
entrar na radio.
F eu ouvi dizer que era interessante aí foi que surgiu a ideia de
vir fazer a Rádio Recreio.
G Porque todos em minha volta me incentivaram a fazer parte do
projeto. Fiz um teste vim o primeiro dia e gostei.
H quando vi ao redor do meus amigos todos quizerao participar
e me comvidarao e eu quis esperimentar.
Na segunda pergunta aberta deste questionário, os alunos puderam justificar o
porquê fazem parte deste projeto atualmente. Muitos optaram por fazer parte da
radioescola porque outros colegas disseram que era “legal” e “interessante”.
Analisando as respostas, a maioria das experiências aponta que o ambiente da
13 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. Íntegra em anexo.
Tabela 5: Respostas abertas da pergunta X.
65
radioescola é divertido, estimulante, prazeroso e didático. A soma desses fatores
resulta na participação e permanência dos alunos neste projeto.
XI) O que tem a dizer sobre a Rádio Recreio?
ALUNO RESPOSTA
A musicas e piadas
B Nada
C que um ambiente legal de se trabalhar, muito agradável e
aprendi muito com a radio
D Foi e é uma coisa boa, me ajudou em muitas coisas me
ajudou a enxergar o mundo de outra maneira de uma forma
diferente.
E A radio Recreio é muito interessante gosto muito de participar
da rádio é muito legal.
F A radio Recreio é ótima adoro fazer a programação e é ótimo
ser aluna monitora e poder fazer a rádio.
G É um projeto que é diferente e bom para a minha auto estima.
H o projeto bom.
Na terceira pergunta aberta do questionário, os alunos puderam escrever livremente
sobre o que acham da radioescola da qual eles fazem parte. A maioria diz ser que é
“bom”, “diferente” e que gostam muito de participar. Interessante observar a resposta
do aluno C: ele enxerga a participação dele na rádio a uma atividade natural e
rotineira como uma ocupação, ao utilizar o verbo “trabalhar” em sua resposta.
XII) Se não estivesse participando do projeto, o que você estaria fazendo neste
horário?
ALUNO RESPOSTA
A Lição
B as tarefas de casa a lição
Tabela 6: Respostas abertas da pergunta XI.
66
C iria fica em casa sem fazer nada
D Estaria fazendo curso de "aventura selvagem".
E Estaria cuidando da minha ou estaria em casa mexendo no
computador ou na rua.
F Eu estaria em casa na rua ou mexendo na internet.
G Treino de futebol.
H dormindo ou jogando futebol.
Na última pergunta aberta do questionário os alunos responderam onde estariam se
não participassem do projeto hoje. Muitos deles estariam com o tempo vago, sem
fazer nada, a ponto de estarem dormindo ou utilizando o computador. A proposta da
radioescola alicerçada nos fundamentos educomunicativos é justamente essa:
reaproximar o jovem da escola, com atividades estimulantes, e ao mesmo tempo
afastá-lo da violência, já que o tempo em que ele passaria na escola no contraturno
aprendendo e desenvolvendo atividades pertinentes ao projeto radioescola é o
mesmo tempo em que ele poderia estar nas ruas em contato com a violência.
3.4.2. Alunos ouvintes
O segundo questionário foi aplicado aos alunos ouvintes, ou seja, aqueles que não
fazem parte da produção da Radio Recreio efetivamente, que acompanham o que é
transmitido e fazem participações esporádicas. No total, 121 alunos de ambos os
sexos se dispuseram a responder este questionário. Foram realizadas oito
perguntas, sendo seis fechadas e duas dependentes abertas:
XIII) Qual a sua idade?
3%
23%
60%
9%3% 2% 10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
Figura 25: Gráfico de respostas à pergunta XIII.
Tabela 7: Respostas abertas da pergunta XII.
67
Os alunos que se dispuseram a responder se enquadram na faixa dos 10 aos 15
anos de idade, ou seja, de diferentes séries. O questionário foi aplicado para os
alunos que estudam nos dois períodos em que a radioescola funciona (manhã e
tarde), podendo assim aferir a efetividade da radioescola em sua totalidade.
XIV) Você conhece a rádio interna que existe em sua escola?
Dos 121 alunos, 117 conhecem a Rádio Recreio. Os outros 4 alunos, como não
conhecem ou nunca ouviram a rádio, finalizaram o questionário. A partir deste ponto,
a pesquisa terá como base a resposta dos 117 alunos que conhecem a radioescola.
XV) Você acompanha a programação da rádio?
Dos 117 alunos que conhecem a Rádio Recreio, 82% deles acompanham a
programação. Durante os intervalos eles, além de fazerem suas refeições,
acompanham aquilo que é propagado pelas caixas acústicas, seja no formato de
3%
97%
Não
Sim
82%
18%
Sim
Não
Figura 27: Gráfico de respostas à pergunta XV.
Figura 26: Gráfico de respostas à pergunta XIV.
68
música ou de notícia. Isso significa que o aluno, mesmo realizando outra atividade,
presta atenção naquilo que é divulgado, característica fundamental e exclusiva do
rádio: a versatilidade, ou seja, ao acompanhar a programação radiofônica, o ouvinte
pode realizar outras atividades. Assumpção, em entrevista para esta monografia, dá
exemplos dessa “mobilidade” do rádio, só que em outras categorias: a dos
caminhoneiros, taxistas e motoristas de ônibus. Esse nicho profissional utiliza o
rádio, enquanto dirigem, como uma espécie de companhia, além de não os deixarem
dormir. Eles estão dirigindo grandes veículos ou transportando vidas e estão ouvindo
rádio, tudo ao mesmo tempo, e mesmo assim conduzem seus veículos sem
nenhuma interrupção visual, já que utilizam apenas a audição para escutar o locutor.
Diferentemente de utilizar outra tecnologia ao dirigir, como smartphones e tablets, o
que causaria fatalidades, já que o motorista para acessar essas tecnologias
precisaria desviar a atenção, mesmo que por poucos segundos, para as telas
desses aparelhos.
XVI) Você aprova a programação da rádio?
Na quarta pergunta, os alunos responderam se aprovam ou não a programação da
rádio, independentemente de acompanharem efetivamente ou não a programação.
A grande maioria entrevistada aprova o conteúdo que é divulgado, revelando assim
que o trabalho realizado pelos oito alunos produtores, com orientação da professora
Fátima, é satisfatório. Os 15 alunos que não aprovam foram direcionados a
responder a primeira pergunta dependente aberta do questionário, portanto tiveram
liberdade para expressar aquilo que o desagrada na programação.
87%
13%
Sim
Não
Figura 28: Gráfico de respostas à pergunta XVI.
69
XVII) O que mudaria na Rádio?
ALUNO RESPOSTA
A por que o son da rádio é muito baixo e as músicas são meio chatas poderia ser mais legais.
B colocaria mais volume e mais musica
C Sem resposta.
D as musicas porque sao muito chatas e sao muito repitidas.
E As músicas, as programações, as informações e as pessoas.
F eu queria que alguns monitores fossem em cada sala pergutarem qual musica vocÊ preferia;;; é que pasasse mais rock
G pq eu nao monitoro
H O SOM
I Sem resposta.
J as musicas
K AS MUSICAS ...
L QUE PASSASE AS MUSICAS QUE A GENTE EMSAIA NA SALA COM A PROFESSORA BRUNA
M Eu mudaria as musicas de Rock.
N TEM UMS TIPO DE MUSICAS QUE NAO ROLA
O nada;
Se eles não aprovam, então o que mudariam? A maioria das respostas se referiu ao
estilo de música que é veiculada. Por ser uma escola com mais de mil alunos,
existem diferentes gostos de estilos musicais, passando pelo rock „n roll e indo até o
funk. Uma das respostas que vale a observação é do aluno “F”. Ele sugere à equipe
a realização de uma pesquisa em cada sala para averiguar qual o gosto musical de
cada aluno. Cabe aos alunos produtores realizar essa investigação, a fim de
conhecer e traçar uma programação que contemple os anseios da audiência sem
perder de vista os propósitos da Rádio Recreio, aumentando ainda mais o número
de alunos que aprovam a programação e tornar a radioescola mais democrática.
Tabela 8: Respostas abertas da pergunta XVII.
70
XVIII) Você colabora, de alguma forma, com as produções de programas para a
rádio?
A maioria dos alunos conhece a Rádio Recreio, aprovam sua programação, porém
não participam de forma ativa. Só 33 alunos que responderam o questionário fazem
algum tipo de participação, seja na declamação de poemas ou em participações
esporádicas, como na produção de programetes. Os outros 84 alunos cumprem a
função de receptores, já que ouvem o que é transmitido na radioescola, mas não se
manifestam.
XIX) Por que não participa de forma efetiva?
Os 33 alunos que colaboram de alguma forma responderam o motivo pelo qual não
participam de forma efetiva na segunda pergunta dependente do questionário. E as
justificativas foram diversas: muitos deles não têm tempo (por estarem fazendo
curso ou cuidando de algum parente), não há interesse ou simplesmente não
28%
72%
Sim
Não
21%
25%
18%
21%
15%
Outros
Não sou aluno monitor
Não tenho interesse
Não tenho tempo
Não sabem/Não responderam
Figura 30: Gráfico de respostas à pergunta XIX.
Figura 29: Gráfico de respostas à pergunta XVIII.
71
responderam. Relevante apontar que 25% afirmam não participar por não serem
monitores. Isso revela a percepção funcionalista da comunicação, ou seja, há
sempre um emissor para muitos receptores que devem apenas receber e assimilar a
informação. No entanto, como sinalizou Bertold Brecht, o rádio é um meio de mão
dupla, ou seja, quem recebe também é um emissor:
“E para ser agora positivo, quer dizer, para descobrir o positivo da radiodifusão, uma proposta para mudar o funcionamento do rádio: é preciso transformar o rádio, convertê-lo de aparelho de distribuição em aparelho de comunicação. O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele.” (BRECHT, 2005, p.42 )
XX) Já ficou sabendo de eventos da escola pela rádio?
A última pergunta do questionário teve como objetivo detectar se a Rádio Recreio
cumpria o papel de meio de informação, ou seja, quis saber dos alunos ouvintes se
eles já se informaram de eventos realizados pela escola, como: reunião de pais,
festas diversas e funcionamento da escola em horários especiais. A maioria
respondeu que sim. Esses comunicados geralmente são impressos em bilhetes, o
que gera gasto de recursos, como tinta de impressora e papel, além de tempo, já
que um funcionário fica responsável por levar esses bilhetes em cada sala de aula.
Com a divulgação dessa informação pelos microfones da Rádio Recreio não há esse
tipo de gasto, além de poder repassar o comunicado para um grande número de
alunos ao mesmo tempo, já que os mesmos de encontram no horário do intervalo.
Isso ressalta a importância de uma comunicação interna efetiva, revelando uma das
características do rádio: o imediatismo. Para o jornalista Emílio Prado, o rádio
75%
25%
Sim
Não
Figura 31: Gráfico de respostas à pergunta XX.
72
“possui características como instantaneidade, a simultaneidade e a rapidez. Todas elas contribuem assim para fazer do rádio o melhor e mais eficaz meio a serviço da transmissão de fatos atuais. Em vista de tudo isso, é fácil concluir que o rádio é o meio informativo mais adequado.” (PRADO, 1985, p. 18)
3.4.3. Professores
O terceiro questionário foi respondido por nove professores de diferentes disciplinas
e ambos os sexos. Foram realizadas onze perguntas, sendo sete fechadas, duas
abertas e duas dependentes fechadas.
XXI) Há quanto tempo ministra aulas nesta escola? (pergunta aberta)
PROFESSOR RESPOSTA
A 4 anos
B 12 anos
C 26 anos
D 13 anos
E 20 anos
F 3 anos
G 20 anos
H 4 anos
I Há quase 24 anos
A primeira pergunta tem como objetivo detectar há quanto tempo os professores
lecionam na EMEF Fagundes Varella. Vale observar aqui que quase a metade dos
entrevistados leciona na escola há 20 anos ou mais. Isso significa que esses
profissionais vivenciaram todas as mudanças físicas, pedagógicas e administrativas
que a escola percorreu nas últimas décadas. Também permite cogitar que é um local
agradável para trabalhar, já que estão por todo este tempo ministrando aulas no
mesmo lugar.
Tabela 9: Respostas abertas da pergunta XXI.
73
XXII) Trabalha com meios de comunicação em suas aulas?
Todos os entrevistados afirmaram que usam algum tipo de meio de comunicação
nas aulas, seja vídeo (trechos de filmes, noticiários, programas de TV), áudio
(trechos de músicas e programas de rádio), impressos (jornais, revistas, panfletos) e
a própria internet. Tal prática, como explica a jornalista Ynaray Joana da Silva, indica
que a educação formal nos dias de hoje já não pode mais prescindir o uso dos
meios de comunicação de massa:
“Já não é mais possível ignorar a presença dos meios de comunicação na vida dos estudantes. Trata-se de uma realidade para a qual a escola começa a despertar. A sociedade moderna habituou-se a obter informação através da televisão, do rádio, do jornal ou da internet, muito mais do que pelos livros. Como exigir que o jovem – que, no seu cotidiano, tem seus sentidos todos estimulados e interage com as mais diversas linguagens – canalize sua atenção para aulas exclusivamente expositivas?” (SILVA, 2001, p.135)
XXIII) Considera importante o uso das mídias (rádio, jornal, televisão e internet)
na educação?
100%
0%
Sim
Não
100%
0%
Sim
Não
Figura 33: Gráfico de respostas à pergunta XXIII.
Figura 32: Gráfico de respostas à pergunta XXII.
74
Todos os entrevistados consideram que o uso das mídias na educação é importante.
Os próprios professores afirmam isso com base na pergunta feita anteriormente, já
que todos eles utilizam os meios de comunicação nas aulas e das mais variadas
formas. Portanto seu uso é indispensável e torna-se essencial no mundo midiático
que os jovens de hoje estão imersos.
XXIV) Considera importante a escola utilizar de uma rádio como mais uma
estratégia pedagógica para educar crianças e adolescentes?
Todos os entrevistados julgam importante a escola onde lecionam utilizar-se de uma
rádio como mais uma estratégia para educar os estudantes. Dispor de mais uma
ferramenta no espaço de trabalho, que acrescente conhecimento de forma
prazerosa e estimulante, como a Rádio Recreio fomenta, é fundamental para criar
alternativas que reaproximem o jovem da escola.
XXV) Conhece a rádio interna que existe em sua escola?
100%
0%
Sim
Não
100%
0%
Sim
Não
Figura 35: Gráfico de respostas à pergunta XXV.
Figura 34: Gráfico de respostas à pergunta XXIV.
75
A Rádio Recreio é conhecida por todos. Todos tem ciência de sua existência, já que
8 dos 9 entrevistados lecionam na escola há 4 anos ou mais, tempo em que a
radioescola está implantada. Portanto, a maioria deles acompanhou o nascimento e
a concretização do projeto.
XXVI) O(A) senhor(a) participa dos projetos da rádio de sua escola?
A partir de respostas obtidas anteriormente e diante do resultado acima obtido, uma
pergunta se impõe: se todos os professores trabalham com meios de comunicação
nas aulas, consideram o seu uso importante na educação e apoiam o uso de uma
rádio na escola como mais uma estratégia para educar os estudantes, então por que
78% dos entrevistados não participam dos projetos da Rádio Recreio? Segundo o
pesquisador Marcos Baltar, para que um projeto radiofônico na escola dê certo e
tenha continuidade, é indispensável à colaboração de todos. Além disso, a rádio
escolar também pode transformar a maneira de ministrar aulas com atividades
diversificadas:
“É importante destacar que a rádio escolar deve ser desenhada a partir da participação democrática de toda a comunidade escolar, que pode sugerir tipos de programas e quadros de seu interesse. É interessante também que os professores da escola vejam a rádio escolar como possibilidade de dar um tratamento diferenciado aos conteúdos de suas disciplinas, de preferência no âmbito tridimensional: conceitual, procedimental e atitudinal.” (BALTAR, 2008, p. 572)
22%
78%
Sim
Não
Figura 36: Gráfico de respostas à pergunta XXVI.
76
XXVII) O(A) senhor(a) usa os programas de rádio produzidos na escola como parte
de suas aulas?
Os professores afirmaram que usam os meios de comunicação em sala de aula,
entre eles o rádio, porém a maioria respondeu que não usa os programetes
produzidos pelos alunos da Rádio Recreio. Também não produzem seus próprios
programas para a radioescola como uma atividade diferenciada. Os 22% que usam
os programetes produzidos existentes ou criam os seus próprios foram direcionados
a responder a primeira pergunta dependente do questionário.
XXVIII) Observou melhora no processo de ensino-aprendizagem?
Dos 22% que afirmaram usar os programetes da Rádio Recreio durante as suas
aulas foram questionados se houve melhora no processo de ensino-aprendizagem.
Para todos eles, houve sim.
22%
78%
Sim
Não
100%
0%
Sim
Não
Figura 38: Gráfico de respostas à pergunta XXVIII.
Figura 37: Gráfico de respostas à pergunta XXVII.
77
XXIX) Já foi convidado para dar entrevista na rádio?
Interessante observar a partir desta questão é que nenhum professor foi convidado a
participar de algum programa produzido na Rádio Recreio. Vimos em respostas
anteriores que o professor não procura a radioescola para executar nenhum tipo de
atividade, porém nesta pergunta analisamos que os alunos produtores também não
procuram seus professores para que participem da programação.
XXX) E se fosse convidado a participar da programação, aceitaria o convite?
A segunda pergunta dependente questiona se o professor que fosse convidado
participaria da programação. Todos eles afirmaram que participariam. O que
podemos analisar seria talvez a falta de iniciativa de ambas as partes. O professor
procurar a radioescola para desenvolver atividades, mas também os alunos
produtores irem atrás de seus mestres para incentivá-los no uso coletivo da Rádio
Recreio e também para se familiarizarem com o projeto.
0%
100%
Sim
Não
89%
11%
Sim
Não
Figura 40: Gráfico de respostas à pergunta XXX.
Figura 39: Gráfico de respostas à pergunta XXIX.
78
XXXI) Qual sua opinião sobre a Rádio Recreio da EMEF Fagundes Varella?
PROFESSOR RESPOSTA
A MUITO BOA!
B É uma grande iniciativa, desenvolvida pela POIE Fátima e os alunos monitores e que tem sido importante para os alunos; infelizmente ainda não foi apropriada pelos demais professores da UE em suas respectivas disciplinas ou em um projeto coletivo.
C Acho maravilhoso! É um momento de total interação.
D Acredito que está pautada muito em músicas, pois não há um envolvimento da sala de aula com a Rádio. Muitos professores dizem sobre a importância, mas resistem e se negam a trabalhar de forma mais estreita. Caso fosse considerada importante, seria um dos pilares do Projeto Pedagógico e não o é. Sequer há material necessário para o desenvolvimento adequado dessa atividade no laboratório.
E Sem resposta.
F É bem legal, pois proporciona a integração entre os alunos.
G Tenho uma posição muito positiva quanto ao conteúdo e quanto ao desempenho dos alunos de ciclo II envolvidos no projeto, inclusive no ano passado tivemos bons resultados o que contribuiu para avanços significativos também no Ensino Médio e na vida pessoal dos alunos.
H É um excelente projeto que envolve todos os alunos e favorece a melhoria da qualidade da aprendizagem.
I Na aprendizagem por projetos, os alunos são protagonistas, atuam como co-autores. Criam autonomia para compartilhar conhecimentos.
A última pergunta do questionário foi aberta e teve como meta conhecer a opinião
dos professores sobre a Rádio Recreio. A maioria das respostas foram positivas, ou
seja, muitos acham o projeto bom, excelente, maravilhoso e importante.
No entanto, algumas observações são necessárias. Primeiro a resposta do
entrevistado “B”: ele acredita que o projeto é bom para os alunos, porém afirma que
o mesmo não foi apropriado para os demais professores da escola. Como vimos
anteriormente, a radioescola é democrática, seu uso é livre por todos os membros
da unidade escolar e quem vai apropriar e determinar seu uso para a disciplina é o
próprio professor interessado em utilizá-la em consonância com os alunos
produtores e a professora Fátima.
O entrevistado “D” faz uma crítica a radioescola ao afirmar que o foco são as
músicas, e por este motivo, a sala de aula não se envolva tanto com o projeto. Outra
crítica é em relação aos professores, já que para ele muitos colegas de trabalho
consideram o projeto importante, porém não o utilizam da forma que deveriam. Se
Tabela 10: Respostas abertas da pergunta XXXI.
79
esse envolvimento fosse estabelecido, seria uma das bases fundamentais para
tornar o projeto mais consolidado.
O entrevistado “G” observa o bom desempenho dos alunos do ciclo II, de 5ª a 8ª
série, envolvidos no projeto. Cita que no ano de 2011 obtiveram bons resultados que
contribuíram até na vida pessoal dos alunos e no prosseguimento dos estudos nas
séries subsequentes. Um exemplo disso é o ex-aluno Rubens Rocha14, que
atualmente cursa o 1º ano do Ensino Médio. Ele participou como aluno produtor da
Rádio Recreio no ano de 2011 e essa participação fez com que desenvolvesse
diversas habilidades. Atualmente ele estuda em outra escola, e lá participa na
criação de peças teatrais e no manuseio de aparelhos eletrônicos em diversos
eventos. O carinho e a fascinação que Rubens Rocha criou pela Rádio Recreio
foram tanto, que neste ano, mesmo não estudando mais na EMEF Fagundes
Varella, teve que pedir permissão ao diretor da escola e para a professora Maria de
Fátima Barbosa a retornar ao projeto da Rádio Recreio e auxiliar os demais oito
alunos que fazem parte da produção atualmente.
Por fim, e analisando as respostas dadas para esta questão, vale a pena refletir
naquilo que diz o pesquisador Adilson Citelli:
“Enquanto o ritmo das aulas e o tempo dos discursos didáticos insistem na adoção de procedimentos discursivamente fechados, de pouca ou nenhuma plasticidade signica, orientados na perspectiva do que poderíamos chamar, respeitada a força da metáfora, de “mundo industrial”, os alunos dialogam crescentemente com as linguagens não-escolares, referentes a “revolução digital”, desenvolvendo, em consequência, outras formas de perceber, ver e sentir as coisas: desenha-se um novo tipo de sensorium.” (CITELLI, 2004, p. 161)
Importante lembrar que, durante os quatro anos em que a radioescola está
implantada, esta é a primeira pesquisa que foi realizada e que ouviu alunos e
professores para saber suas opiniões sobre a Rádio Recreio. Por este motivo, o
autor desta pesquisa se comprometeu a enviar todos os dados obtidos nesta
pesquisa de campo para a coordenação pedagógica e para a professora Fátima, a
fim de avaliarem o andamento da radioescola existente e buscar alternativas, a partir
desta pesquisa, para melhorarem o seu desempenho e uso pelos demais membros
da comunidade escolar.
14 Entrevista concedida para o autor em 03 de setembro de 2012 na sala de informática da EMEF Fagundes Varella. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho.
80
Essa nova relação do jovem com o rádio, sobretudo na escola, reforça a
necessidade de resgatar as origens desse meio de comunicação e a partir dessas
práticas pedagógicas inclusivas, transformá-lo:
“O rádio, como suporte, considerando todas as características de consumo midiático de parte dos jovens, pode somar-se a qualquer outro suporte multimídiatico. Na verdade, já está presente em boa parte dos modernos smartphones que saem da indústria. Talvez o grande problema no relacionamento rádio e jovens venha a ser o tradicional modelo de distribuição de conteúdo, linear, com decisão centralizada de programação, sem possibilidade de interação ou exposição pessoal mínima. Possivelmente dessa provocação do grupo jovem, que ainda desconhece seu poder nesta sociedade do consumo, possa começar o processo de reinvenção do rádio.” (CUNHA, 2010, p.185)
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pudemos observar ao longo desta pesquisa, o meio rádio passou por diversas
reinvenções ao longo do tempo para poder se adaptar a sociedade altamente
midiática que vivemos atualmente. Como visto, não durou nem uma década para o
rádio deixar de lado sua essência educativa para se tornar um produto
mercadológico.
Os anos se passaram, mas a educação sempre vinha de alguma forma se
relacionando com o rádio: o Movimento de Educação de Base, o projeto Minerva, as
rádios educativas e universitárias são exemplos disso em diferentes momentos da
história do país. A importância de levar o rádio pra dentro da escola também foi
observada. A radioescola é um projeto que hoje está multiplicado em várias escolas
do país e faz um resgate as origens do rádio.
A proposta adotada pela Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo,
desde o ano de 2004, prova que o rádio vem ganhando força, principalmente entre
os jovens dentro do ambiente escolar. A sua utilização como prática de inclusão,
seja na parte pedagógica, quanto na parte comportamental, vem estimulando
educadores e educandos a desenvolver inúmeras competências.
A partir da pesquisa de campo realizada na EMEF Fagundes Varella, que é uma das
várias escolas que desenvolvem práticas educomunicativas a partir da lei EDUCOM
na cidade, concluímos que a radioescola é uma atividade diferenciada, tem o poder
de despertar diversas habilidades em toda a comunidade escolar e torna o processo
de ensino-aprendizagem muito mais estimulante.
A começar pelos alunos produtores da Rádio Recreio: eles são os que mais se
beneficiam com o projeto. Estão na escola em tempo integral aprendendo, já que se
soma o tempo em que ele estuda normalmente em sala de aula mais o tempo em
que ele se dispõe ao projeto. Podemos observar também que para maioria dos
participantes, que está há um bom tempo produzindo a Rádio Recreio, houve
melhora significativa das notas nas avaliações. Eles estão percebendo,
acompanhando e compartilhando aquilo que é notícia, não só na sua região, mas no
mundo. Também possuem mais facilidade ao escrever textos e redações, se sentem
muito mais estimulados a participarem das atividades propostas pela unidade
escolar, já que o sentimento de pertencer à escola torna-se mais evidente e com
82
isso o seu relacionamento com os diversos membros da comunidade escolar
melhoraram.
Os alunos ouvintes, que de longe não podemos chamar mais de receptores, pois
não cumprem o papel apenas de receber a mensagem, também são estimulados a
participarem da programação. Eles sabem da existência da radioescola, da sua
importância, do que é transmitido e alguns muitas vezes participam da produção
esporadicamente. Também são informados sobre acontecimentos que ocorrem
dentro dos próprios muros da escola e isso evidencia a importância de uma
comunicação interna efetiva: saber o que se passa dentro da escola, das atividades
que são propostas e dos eventos que são produzidos. Percebemos aqui que se
quebra o modelo funcionalista da comunicação, quando um grupo pequeno de
emissores transmite informação para muitos receptores. A comunicação deixa de ser
unidirecional e passa a ser dialógica, ou seja, quem recebe a informação também
pode participar democraticamente das transmissões.
Mas há também um contraponto: apesar da Radio Recreio promover todas essas
transformações sociais e educativas dentro do espaço escolar, ela ainda não chega
a ser um veículo de comunicação que abrace todos os personagens da escola. Um
exemplo disso são os professores. Eles, por sua vez, possuem uma importante
ferramenta de ensino ao seu dispor, porém não a utilizam como deveriam ou
desconhecem o seu potencial. Por meio dos resultados obtidos na pesquisa
entendemos que há uma contradição: todos os entrevistados trabalham com meios
de comunicação em suas disciplinas, mas a maioria não se utiliza da Rádio Recreio
nas aulas.
Mas a radioescola também pode chegar fora dos muros da escola. O acesso a
computadores com internet banda larga na sala de informática somada à facilidade
de criação de sites e blogs na rede faz com que todo o conteúdo divulgado na Rádio
Recreio seja acessado por qualquer usuário no planeta. Isso significa que não só os
próprios alunos, parentes dos alunos, ex-alunos, professores e funcionários da
escola possam acompanham a programação, mas pessoas de diferentes cidades
podem ter uma visão interna de como é a EMEF Fagundes Varella, saber de
projetos que a escola promove, e partir disso interagir e trocar experiências.
Visando essa divulgação e do importante retorno daquilo que é promovido para a
comunidade escolar, os alunos produtores, após as visitas do autor a escola,
83
retomaram as publicações no blog oficial. Já podemos encontrar não só fotos e
notícias dos eventos que ocorrem, mas algumas produções radiofônicas também.
Podemos observar também a importância que a administração pública dá ao projeto,
quando foram realizadas na metade do ano duas audiências públicas para atualizar
a lei que rege o programa “Nas Ondas do Rádio”. Foram ouvidos representantes de
escolas, da USP e da sociedade em geral. Isso revela a vontade de continuar com o
projeto e poder cada vez mais aprimorá-lo.
Com o exemplo da radioescola, não se deve mais deixar de não falar em utilizar as
tecnologias da informação e comunicação na escola. Os jovens de hoje vivem em
um universo digital paralelo e isso precisa ser explorado no cotidiano da sala de
aula. A partir do contato com uma mídia como o rádio, pouco utilizada pelo jovem
perante as outras mídias como a televisão e internet, faz com que ele se familiarize
com o meio, possa extrair conhecimento dele e até mesmo buscar novas formas de
como utilizá-lo e reinventá-lo.
84
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91
ANEXO II
CARTA DE AGRADECIMENTO DA PARTICIPAÇÃO NO EVENTO
EDUCOM.RADIO I
São Paulo, 31 de Maio de 2012. Carta de Agradecimento Prezado Luiz Henrique Quarentani Junior,
Agradecemos a todos(as) pela participação no Encontro sobre EDUCOM.RÁDIO: atualização da Lei nº 13941/04 (24/05/12). Aproveitamos a oportunidade para reiterar a continuidade dos trabalhos no próximo dia 22 de Junho de 2012, sexta-feira, das 13:30 às 17:00 horas, na Câmara Municipal de São Paulo, Auditório Prestes Maia – 1º andar.
Lembramos, ainda, que as propostas de alteração da Lei nº13941/04 poderão ser encaminhadas até 15 de Junho, para o Gabinete do Vereador Carlos Neder (vereadorneder@terra.com.br).
Certo de contar com sua participação, aceite, antecipadamente, protestos de estima e consideração.
Carlos Neder Vereador - PT
96
ANEXO VII
LEI Nº 13.941, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2004
PROGRAMA “EDUCOMUNICAÇÃO PELAS ONDAS DO RÁDIO”
(Projeto de Lei nº 556/02, do Vereador Carlos Neder - PT)
Institui o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio, no Município de São Paulo, e dá outras providências.
MARTA SUPLICY, Prefeita do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 16 de dezembro de 2004, decretou e eu promulgo a seguinte lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio, no âmbito da Administração Municipal.
§ 1º Para os fins da presente lei, entende-se por educomunicação o conjunto dos procedimentos voltados ao planejamento e implementação de processos e recursos da comunicação e da informação, nos espaços destinados à educação e à cultura, sob a responsabilidade do Poder Público Municipal, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e órgãos envolvidos.
§ 2º Visa o Programa instituído por esta lei ampliar as habilidades e competências no uso das tecnologias, de forma a favorecer a expressão de todos os membros da comunidade escolar, incluindo dirigentes, coordenadores, professores, alunos, ex-alunos e demais membros da comunidade do entorno.
§ 3º O Programa de que trata esta lei e o conceito de educomunicação contemplam a análise crítica e o uso educativo-cultural, não apenas do rádio mas de todos os recursos da comunicação, garantindo-se, para tanto, uma gestão democrática de tais processos e recursos, de forma a facilitar a aprendizagem e o exercício pleno da cidadania.
Art. 2º Os objetivos do Programa são:
I - desenvolver e articular práticas de educomunicação, incluindo a radiodifusão restrita, a radiodifusão comunitária, bem como toda forma de veiculação midiática, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da administração municipal;
II - incentivar atividades de rádio e televisão comunitária em equipamentos públicos, nos termos da legislação vigente;
III - capacitar, em atividades de educomunicação, os dirigentes e coordenadores de escolas e equipamentos de cultura do Município, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e órgãos envolvidos, assim como professores, estudantes e demais membros da comunidade escolar;
97
IV - incentivar atividades de educomunicação relacionadas à introdução dos recursos da comunicação e da informação nos espaços públicos e privados voltados à educação e à cultura;
V - capacitar os servidores públicos municipais em atividades de educomunicação;
VI - incorporar, na prática pedagógica, a relação da comunicação com os eixos temáticos previstos nos parâmetros curriculares;
VII - apoiar a prática da educomunicação nas ações intersetoriais, em especial nas áreas de educação, cultura, saúde, esporte e meio ambiente, no âmbito das diversas Secretarias e órgãos municipais, bem como das Subprefeituras;
VIII - desenvolver ações de cidadania no campo da educomunicação dirigidas a crianças e adolescentes;
IX - aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas ações de prevenção de violência e de promoção da paz, através do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a comunicação.
Art. 3º Para implementar o Programa instituído por esta lei, caberá ao Poder Executivo a constituição de um Comitê Gestor, cuja composição e competências específicas serão definidas em decreto.
§ 1º Fica assegurada a participação no Comitê Gestor das diversas Secretarias afetas ao programa, de representantes de universidades que desenvolvam pesquisas e práticas de educomunicação, de grêmios estudantis das escolas municipais e demais entidades representativas da comunidade escolar, do Sindicato dos Jornalistas, do Sindicato dos Radialistas e de entidades voltadas ao desenvolvimento da prática da comunicação educativa.
§ 2º A composição do Comitê Gestor deverá observar a paridade entre a representação da sociedade civil com relação aos demais segmentos.
Art. 4º Fica autorizado o aporte de recursos de instituições públicas ou privadas, interessadas em financiar o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio.
Art. 5º As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
Art. 6º Esta lei será regulamentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua publicação.
Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 28 de dezembro de 2004, 451º da fundação de São Paulo.
MARTA SUPLICY, PREFEITA
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LUIZ TARCÍSIO TEIXEIRA FERREIRA, Secretário dos Negócios Jurídicos
LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, Secretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico
MARIA APARECIDA PEREZ, Secretária Municipal de Educação
CELSO FRATESCHI, Secretário Municipal de Cultura
Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 28 de dezembro de 2004.
RUI GOETHE DA COSTA FALCÃO, Secretário do Governo Municipal
99
ANEXO VIII
DECRETO Nº 46.211, DE 15 DE AGOSTO DE 2005
Regulamenta o Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio, instituído no Município de São Paulo pela Lei nº 13.941, de 28 de dezembro de 2004.
JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,
D E C R E T A:
Art. 1º. O Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio, instituído no Município de São Paulo pela Lei nº 13.941, de 28 de dezembro de 2004, será implementado nos termos deste decreto.
Art. 2º. Para os fins deste decreto, considera-se educomunicação a inter-relação entre processos e tecnologias da informação e da comunicação e as demais áreas do conhecimento e da vida social, ampliando as habilidades e competências e envolvendo diversas linguagens e formas de expressão para a construção da cidadania.
Art. 3º. A prática educomunicativa será desenvolvida por meio de projetos destinados a:
I - possibilitar a alfabetização midiática da população;
II - ampliar o acesso da população atendida pelo sistema de educação e cultura do Município às tecnologias da informação e da comunicação;
III - promover a gestão dos estúdios de rádio ou de multimeios disponibilizados tanto nas unidades educacionais quanto nos equipamentos de cultura da Prefeitura do Município de São Paulo, propiciando que a população colabore com o Poder Público na difusão de informações de interesse da educação, saúde, esporte, cultura e meio ambiente;
IV - capacitar crianças e adolescentes para o uso da linguagem radiofônica e dos demais recursos da comunicação, considerando as particularidades das comunidades envolvidas, respeitada a legislação em vigor;
V - incentivar especialmente a prática da radiodifusão de interesse público, mediante projetos nas áreas de rádio e televisão comunitárias;
VI - implementar formas coletivas de expressão como as festas populares e folclóricas e a dança, que resgatam a identidade coletiva, expressa na cultura popular.
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Art. 4º. Compete às Secretarias Municipais de Educação, Cultura, Saúde, Esportes, Lazer e Recreação e do Verde e Meio Ambiente, bem como aos demais órgãos municipais e às Subprefeituras:
I - incluir as práticas educomunicativas em seus planejamentos anuais;
II - designar funcionários devidamente capacitados para implementá-las e coordená-las;
III - destinar recursos financeiros para as despesas decorrentes.
Art. 5º. No caso específico da Secretaria Municipal de Educação, o Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio será desenvolvido precipuamente nas unidades educacionais, articulado ao seu projeto pedagógico, na perspectiva de se instalar uma rede de comunicação que estimule a utilização de diferentes linguagens, em especial a radiofônica, na formação da competência comunicativa e da construção da leitura e da escrita.
Parágrafo único. As atividades do Programa EDUCOM deverão integrar o Programa "São Paulo é uma Escola", sendo desenvolvidas prioritariamente em horário extra-escolar.
Art. 6º. Incumbe, ainda, à Secretaria Municipal de Educação:
I - assegurar o equipamento de produção e transmissão radiofônica às escolas municipais já beneficiadas pelo programa em desenvolvimento;
II - ampliar, gradativamente, o número de escolas envolvidas no programa, abrangendo os membros da comunidade escolar e do entorno, inclusive os diretores, coordenadores pedagógicos, professores, servidores, alunos e ex-alunos;
III - assegurar a manutenção do equipamento que produz e transmite os programas radiofônicos nas escolas municipais já beneficiadas e nas que virão a fazer parte do programa;
IV - promover, por meio da Diretoria de Orientação Técnica da Secretaria Municipal de Educação, cursos de formação inicial e continuada a todos os envolvidos;
V - acompanhar e avaliar, por intermédio das Coordenadorias de Educação, as atividades desenvolvidas no programa.
Art. 7º. As Secretarias e órgãos envolvidos poderão firmar convênios ou acordos de cooperação com instituições públicas ou privadas para a viabilização do Programa EDUCOM.
Art. 8º. Fica constituído, no âmbito da Prefeitura do Município de São Paulo e vinculado à Secretaria Municipal de Educação, o Comitê Gestor encarregado da implantação e implementação do programa de que trata este decreto.
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§ 1º. No prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da publicação deste decreto, o Comitê Gestor será constituído, devendo ser integrado, por 1 (um) representante de cada uma das seguintes Secretarias, segmentos e entidades da sociedade civil, na seguinte conformidade:
I - Secretaria Municipal de Educação;
II - Secretaria Municipal da Saúde;
III - Secretaria Municipal de Cultura;
IV - Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação;
V - Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente;
VI - instituições de ensino superior com experiência em docência e pesquisa na área de educomunicação;
VII - grêmios estudantis das escolas municipais;
VIII - professores da Rede Pública Municipal de Ensino;
IX - Sindicato dos Jornalistas;
X - Sindicato dos Radialistas;
XI - entidades voltadas ao desenvolvimento da prática da comunicação educativa.
§ 2º. Cada representante contará com um suplente.
§ 3º. O Comitê Gestor elegerá seu Presidente, Vice-Presidente e Secretário Executivo para mandato de 1 (um) ano, renovável por uma vez.
§ 4º. O mandato dos demais membros do Comitê Gestor será de 2 (dois) anos, renovável por uma vez.
§ 5º. O Comitê Gestor reunir-se-á, ordinariamente, uma vez a cada 2 (dois) meses e, extraordinariamente, quando convocado por seu Presidente.
§ 6º. As atividades do Comitê Gestor não serão remuneradas.
Art. 9º. São competências do Comitê Gestor:
I - definir diretrizes gerais para a implantação e implementação do programa;
II - sugerir ações educomunicativas a serem promovidas pelas Secretarias e órgãos municipais;
III - credenciar instituições prestadoras de serviço ou universidades candidatas às ações de formação;
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IV - acompanhar e avaliar os programas desenvolvidos pelas Secretarias e órgãos municipais, objetivando seu redimensionamento;
V - estabelecer contatos com a Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, a fim de viabilizar o desenvolvimento do programa.
Art. 10. As despesas decorrentes da execução deste decreto correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
Art. 11. Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 15 de agosto de 2005, 452º da fundação de São Paulo.
JOSÉ SERRA, PREFEITO
JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI, Secretário Municipal de Educação
Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 15 de agosto de 2005.
ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO, Secretário do Governo Municipal
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ANEXO IX
PORTARIA 5792/09 DE DEZEMBRO DE 2009
Define normas complementares e procedimentos para a implementação do “Programa nas Ondas do Rádio”, nas Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs, Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEFs, Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos – CIEJAs, Escolas Municipais de Educação Especial – EMEEs, Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio – EMEFMs , e dá outras providências
O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais e,
CONSIDERANDO:
- o disposto na Lei Federal nº 9.394/96, em especial, no inciso X do art. 3º ;
- o contido na Lei Municipal nº 13.941/04 que institui o “Programa Pelas Ondas do Rádio”, regulamentada pelo Decreto nº 46.211/05 ;
- a possibilidade de articulação do Programa com outros de natureza curricular que integram a Política Educacional da Secretaria Municipal de Educação;
- a necessidade de desenvolver ações que promovam o protagonismo infanto-juvenil, por meio da Comunicação Midiática e o uso das tecnologias para produção midiática;
RESOLVE:
Art. 1º - O “Programa nas Ondas do Rádio”, desenvolvido sob a coordenação de educadores das U.E que mantêm a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, adotará as seguintes estratégias de implementação:
I- Incentivo à elaboração de projetos Educomunicativos nas Unidades Educacionais que envolvam a linguagem impressa (jornal, mural, jornal comunitário, fotografia, fanzine, história em quadrinhos), radiofônica (rádios escolares), audiovisuais (cinema, vídeo) e digitais (blog, podcast), além de outras formas de comunicação que atendam a evolução tecnológica;
II – Formação dos participantes do programa, por meio de cursos e formação continuada envolvendo professores, alunos e funcionários de cada Unidade Educacional.
III – Produção de material didático e demais recursos utilizados e produzidos nos cursos e formação continuada.
Art. 2º - São objetivos gerais do “Programa nas Ondas do Rádio”, além dos contidos na pertinente legislação em vigor:
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I – Promover o protagonismo infanto-juvenil por meio das tecnologias da informação e da comunicação;
II – Contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e escritora e das expressões comunicativas dos alunos;
III – Possibilitar o desenvolvimento da expressão comunicativa;
IV – Contribuir para a integração entre professores, alunos e comunidade.
Art. 3º - São objetivos específicos do “Programa nas Ondas do Rádio” no que se refere às expectativas de aprendizagem:
I – Na Educação Infantil:
a) Contribuir para a apropriação das diversas linguagens que circulam no meio sociocultural, tanto as verbais quanto as artísticas;
b) Contribuir para a exploração de recursos tecnológicos e midiáticos;
c) Contribuir para o desenvolvimento da expressividade e da exploração da linguagem verbal das crianças por meio da vivência de experiências com as linguagens midiáticas;
II – No Ensino Fundamental/EJA e Médio:
a) Contribuir para o desenvolvimento das competências leitora e escritora e da expressão comunicativa dos alunos;
b) Contribuir para o desenvolvimento de competências para o uso das tecnologias na comunicação;
c) Ampliar o universo cultural e intelectual do participante proporcionando atividades de pesquisa em diferentes fontes de produção de textos e de informação;
d) Desenvolver atividades e projetos voltados para a inclusão midiática e tecnológica dos alunos.
III – Na articulação com as áreas do conhecimento:
a) Possibilitar o aperfeiçoamento da leitura e da escrita por meio de atividades voltadas à produção colaborativa de pautas para as produções envolvendo as várias linguagens da comunicação;
b) Promover o desenvolvimento das competências comunicativas, do trabalho em equipe, da vivência ética e do uso das tecnologias informatizadas;
c) Contribuir para a formação global no desenvolvimento de produções que possibilitem a inclusão dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares
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Nacionais, a saber: Meio Ambiente, Orientação Sexual, Saúde, Pluralidade Cultural, Ética e Trabalho e Consumo.
IV – Na Informática Educativa:
a) Promover ações voltadas a conscientizar os diferentes públicos das Unidades Educacionais no uso educativo e ético da produção cultural disponibilizada na Internet;
b) Desenvolver projetos que utilizem softwares nas produções midiáticas (editor de texto, áudio, vídeo, fotografia, etc.);
c) Promover a publicação das produções da comunidade educativa em meios digitais, tais como blogs, podcast, videocast;
d) Desenvolver atividades de pesquisa de conteúdo na internet para produção de pautas para programas de rádio, produções em vídeo, textos para blog e para publicações impressas tais como (jornal mural, fanzine, jornal comunitário).
V – No desenvolvimento de atividades com alunos com necessidades educacionais especiais:
a) Capacitar professores e alunos para o uso das linguagens e recursos para o desenvolvimento de produção midiática no espaço escolar e para publicação de conteúdos e produções desenvolvidas pelos alunos na internet.
Parágrafo Único – O “Programa Nas Ondas do Rádio”, terá suas atividades desenvolvidas em consonância com o Projeto Pedagógico das Unidades Educacionais e com as Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal de Educação.
Art. 4º - As Unidades Educacionais interessadas em aderir o “Programa nas Ondas do Rádio” deverão elaborar seus Projetos Especiais de Ação – PEAS como parte integrante do Projeto Pedagógico da Escola, contendo:
I- Justificativa;
II – Objetivos;
III – Conteúdos e articulação com o Projeto Pedagógico;
IV – Procedimentos metodológicos;
V – Cronograma das turmas;
VI – Recursos materiais;
VII – Acompanhamento e avaliação;
VIII – Referências bibliográficas;
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IX – Parecer da Equipe Técnica;
X – Homologação do Supervisor Escolar
§ 1º - Poderão desenvolver o “Programa nas Ondas do Rádio”:
Professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, Professor de Ensino Fundamental II e Médio e demais funcionários da Unidade Educacional;
§ 2º - As atividades dos projetos pertencentes ao “Programa nas Ondas do Rádio”, poderão ser desenvolvidas dentro do horário regular de aulas ou em ampliação ao tempo de permanência do aluno na escola, nas suas várias especificidades e linguagens conforme segue: rádio escolar, jornal mural, jornal comunitário, fotografia, cinema e vídeo; blog, podcast;
§ 3º - As escolas poderão desenvolver o projeto Agência de Notícias Imprensa Jovem para atividades de cobertura de eventos, produção e publicação de conteúdo informativo para a comunidade escolar que poderá ser veiculado nos rádios escolares, jornal mural, blog, entre outros;
§ 4º - Os projetos vinculados ao “Programa nas Ondas do Rádio”, nas suas várias especificidades e linguagens desenvolvidas em horário complementar ao das aulas regulares, observarão as seguintes orientações:
a) Poderão ser formadas uma ou mais turmas na Unidade Educacional;
b) Cada turma será formada, preferencialmente, com no mínimo de 15 (quinze) alunos;
c) As atividades com as turmas deverão ser distribuídas no decorrer da semana, perfazendo um total de 4 (quatro) a 10 (dez) horas-aulas semanais, para o atendimento às turmas;
d) Poderão ser organizados ambientes próprios tais como estúdios de rádio para o desenvolvimento das atividades propostas;
e) Caberá à Equipe Técnica oferecer as condições de infra-estrutura para o desenvolvimento das atividades e incentivar a integração do Programa às diferentes Áreas de Conhecimento e espaços pedagógicos;
f) Os participantes do “Programa nas Ondas do Rádio”, terão acesso ao Laboratório de Informática Educativa em horários pré-estabelecidos pelo Diretor da Escola para realização de pesquisa, produção e publicação de textos.
§ 5º - O Professor será remunerado a título de Jornada Especial de Trabalho Excedente – TEX, nos termos da legislação vigente.
Art. 5º Caberá:
I – Ao Diretor de Escola da Unidade Educacional:
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a) Encaminhar o projeto ao Conselho de Escola para apreciação e aprovação por seus membros e enviá-lo a DRE para análise e homologação do Supervisor Escolar;
b) Assegurar, acompanhar e avaliar em conjunto com o Coordenador Pedagógico e o Professor envolvido, a efetiva realização do projeto na Unidade Educacional, considerando sua importância como instrumento pedagógico complementar;
II – Ao Coordenador Pedagógico:
a) Orientar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento do projeto na Unidade Educacional;
b) Encaminhar anualmente dados estatísticos do projeto à Diretoria Regional de Educação – Divisão de Orientação Técnico-Pedagógica, contendo as seguintes informações: Professores e demais Funcionários participantes e sua habilitação; número total de alunos da Unidade Educacional; número de alunos envolvidos no projeto.
III – Ao Professor e demais Educadores envolvidos:
a) Construir em conjunto com o Coordenador Pedagógico, instrumentos de registro que possibilitem o acompanhamento e avaliação do projeto;
b) Participar de congressos e eventos quando convidado pela Diretoria Regional de Educação ou por DOT/SME, desde que não haja prejuízo para o desenvolvimento das atividades cotidianas da Unidade;
c) Acompanhar as turmas envolvidas no “Projeto Imprensa Jovem Agência de Notícia” integrante do “Programa nas Ondas do Rádio”, em eventos de cobertura jornalística realizados na Cidade de São Paulo, desde que hão haja prejuízo para o desenvolvimento das atividades cotidianas na Unidade.
Art. 6º - Os casos omissos ou excepcionais não contemplados nesta Portaria, serão resolvidos pela Equipe Técnica da Unidade Educacional em conjunto com o Supervisor Escolar, ouvida, se necessário, a DOT/SME.
Art. 7º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
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ANEXO X
PORTARIA 2750/11 DE 27 MAIO DE 2011
Regulamenta o Decreto nº 52.342 de 26/05/11 que institui o Programa “Ampliar” nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino e dá outras providências.
O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais e,
CONSIDERANDO:
- o disposto no Decreto nº 52.342, de 26/05/11, que institui o Programa Ampliar nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino;
- o compromisso da Administração Municipal de ampliar, gradativamente, o tempo de permanência dos alunos nas escolas, disposto no Programa de Metas da Cidade de São Paulo – Agenda 2012, estabelecida pela Emenda nº 30 à Lei Orgânica do Município de São Paulo;
- o compromisso da Administração Municipal com o alcance das metas de aprendizagem para os alunos do Ensino Fundamental estabelecidas no Plano Plurianual do Município de São Paulo (Lei e artigo);
RESOLVE:
Art. 1º - O Programa “Ampliar” nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino, instituído pelo Decreto nº 52.342, de 26/05/11, observará os dispositivos constantes na presente Portaria.
Art. 2º - O Programa “Ampliar” deverá ser implantado gradativamente nas Unidades Educacionais terá como objetivos:
I – ampliar o tempo de permanência do aluno na escola, por meio de ações sistematizadas de caráter educacional que promovam:
a) a melhoria do desenvolvimento e das aprendizagens dos alunos;
b) o protagonismo dos alunos;
c) o enriquecimento curricular;
d) a melhoria do convívio.
II – assegurar momentos de organização de estudos de recuperação paralela para os alunos com aproveitamento insuficiente;
III – potencializar o uso de todos os recursos e espaços disponíveis ampliando os ambientes de aprendizagem para alunos e professores.
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Art. 3º - O Programa “Ampliar” será constituído de atividades curriculares de caráter educacional envolvendo, com prioridade, atividades de recuperação de aprendizagem, bem como atividades de cunho social, esportivo ou cultural, articuladas ao Projeto Pedagógico da escola.
Art. 4º Deverão integrar o Programa Ampliar, os programas e projetos já existentes na Rede Municipal de Ensino, em especial:
I – Projetos envolvendo os Laboratórios de Informática Educativa;
II – Projetos envolvendo as Salas de Leitura;
III – Programa de Estudos de Recuperação;
IV – Bandas e Fanfarras;
V – Esporte Escolar;
VI – Xadrez;
VII – Nas Ondas do Rádio;
VIII – Aluno Monitor
Parágrafo Único – Além dos programas e projetos mencionados no “caput” deste artigo, as Unidades Educacionais poderão optar por projetos próprios, de caráter educacional, desenvolvidos a partir de uma necessidade apontada no Projeto Pedagógico.
Art.5º - O Programa Ampliar destina-se, prioritariamente, aos alunos matriculados nas Escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino, organizadas em dois turnos diurnos ou dois turnos diurnos e um noturno, e consiste na oferta de atividades curriculares em ampliação ao seu tempo de permanência na Escola para, até, 7 (sete) horas diárias.
§ 1º – Nas atividades de enriquecimento curricular programadas para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com aproveitamento insuficiente será priorizado o atendimento aos matriculados nos 4ºs anos do Ciclo I ao 4ºs anos do Ciclo II do Ensino Fundamental.
§ 2º - As turmas do Programa “Ampliar”, serão formadas com, no máximo:
a) 20(vinte) alunos, nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental e de Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as disposições específicas vigentes;
b) 05(cinco) alunos, nas Escolas Municipais de Educação Especial;
§ 3º – As atividades serão oferecidas em horário diverso ao da escolarização, caracterizando-se como contraturno e poderão variar de uma a cinco sessões semanais com uma ou duas horas de duração cada.
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§ 4º - Para os alunos envolvidos a duração das atividades será computada em horas-relógio, incluindo a organização das turmas, alimentação, higienização, fluxo de entrada e saída.
§ 5º - As Unidades Educacionais com três turnos diurnos ou quatro turnos poderão ampliar o horário de atendimento aos alunos mediante projetos específicos a serem aprovados pelo Conselho de Escola, com manifestação da Diretoria Regional de Educação – DRE.
§ 6º - O Programa “Ampliar” poderá ser realizado nas Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs, mediante justificativa fundamentada da Unidade Educacional e aprovação do Conselho de Escola, ficando condicionado à autorização prévia da respectiva Diretoria Regional de Educação – DRE e da Secretaria Municipal de Educação – SME – DOT.
§ 7º - As Unidades Educacionais vinculadas aos Centros Educacionais Unificados – CEUs integrarão o Programa “Ampliar”, observadas as normatizações e especificidades próprias desses equipamentos.
Art. 6º - O Programa “Ampliar” será estruturado em 5(cinco) Etapas a saber:
I – Etapa 1 – Diagnóstico das necessidades dos alunos, levantamento dos projetos oferecidos pela Unidade e condições para sua continuidade para implantação de novos;
II – Etapa 2 – Gerenciamento do Programa e levantamento dos professores interessados na sua adesão, bem como da necessidade de contratação de especialistas das áreas envolvidas;
III – Etapa 3 - Planejamento das Ações com definição dos projetos que terão continuidade ou serão desenvolvidos na Unidade Educacional;
IV – Etapa 4 - Execução e acompanhamento do Programa;
V – Etapa 5 – Avaliação e possíveis readequações do Programa.
Art. 7º - Caberá a cada Unidade Educacional, de acordo com as suas necessidades e possibilidades, organizar os horários e as atividades propostas para os Ciclos I e II do Ensino Fundamental, sintetizando-as em um único Programa, que deverá conter:
I – Justificativa;
II – Objetivos Gerais do Programa “Ampliar” na U.E.;
III – Metas Gerais do Programa “Ampliar” na U.E.;
IV – Indicação dos Projetos que comporão o Programa;
V – Carga Horária do Programa e de cada Projeto;
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VI – Cronograma das turmas;
VII– Recursos materiais e humanos;
VIII – Previsão trimestral de gastos;
IX - Referências bibliográficas;
X – Parecer da Equipe Técnica;
XI– Aprovação do Conselho de Escola;
XII – Manifestação do Supervisor Escolar;
XIII – Homologação do Diretor Regional de Educação.
Art. 8º - Em conformidade com as disposições vigentes, as atividades que compõem o Programa “Ampliar” serão ministradas por:
I - “Professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental I” e “Professores de Ensino Fundamental II e Médio”, interessados e em exercício na Unidade Educacional, em horário além da sua carga horária regular, percebendo a remuneração das horas-aula correspondentes como Jornada Especial de Horas-Aula Excedentes – JEX, respeitados os limites previstos na Lei 14.660, de 26/12/07 e observadas as disposições do Decreto nº 49.589, de 09/06/08.
II – Professores designados para as atividades relativas aos programas oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação nos termos do artigo 4º desta Portaria.
III – Especialistas dos CEUs;
IV - Especialistas para as demais atividades curriculares mencionadas no artigo 4º desta Portaria, observada a legislação aplicável, mediante credenciamento com regras a serem definidas oportunamente.
Parágrafo Único – Para os docentes mencionados nos incisos I e II deste artigo, a discussão e elaboração do Programa, bem como as atividades de formação docente serão remuneradas como Jornada Especial de Trabalho Excedente – TEX, não devendo exceder a 4 (quatro) horas-aula mensais para o professor em Jornada Especial Integral de Formação – JEIF e 6(seis) horas mensais para o professor em Jornada Básica do Docente - JBD, observado o limite previsto na Lei nº 14.660/2007.
Art. 9º - Caberá à Equipe Gestora da Unidade Educacional a implantação e o acompanhamento do Programa em todas as suas etapas, em especial:
I – elaborar o plano de adesão ao Programa que atenda a todos os critérios, articulando o desenvolvimento das atividades programadas com o Projeto Pedagógico;
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II – divulgar o Programa à comunidade escolar, em especial, ao corpo docente com o objetivo de ampliar sua participação na realização das atividades complementares;
III – inscrever os alunos em consonância com os critérios estabelecidos para o Programa;
IV – encaminhar os profissionais que atuarão no Programa para a formação específica, assegurando o seu constante aprimoramento;
V – controlar a freqüência diária dos alunos inscritos no Programa;
VI – assegurar os registros de cada uma das etapas bem como a avaliação periódica e final dos resultados, visando ao redimensionamento do Programa.
Art. 10 - Definida a adesão ao Programa “Ampliar”, cada Unidade Educacional deverá enviá-lo à respectiva Diretoria Regional de Educação, que terá, dentre outras, a incumbência de:
I – cadastrar os Projetos de cada Unidade Educacional no sistema EOL, observadas as regras estabelecidas pela SME;
II – acompanhar a sua implantação e implementação;
III – avaliar semestralmente seus resultados, propondo, se necessário, os devidos ajustes;
IV – manifestar-se sobre a continuidade ou não dos Projetos em execução para o ano subseqüente;
V- Informar a DRE, por meio de memorando, até o final do ano letivo as decisões quanto à manutenção e continuidade dos programas e a definição de quais não terão continuidade.
VI – propor atividades de formação dos profissionais envolvidos.
Parágrafo Único – O Supervisor Escolar, após análise, deverá emitir parecer favorável ao Programa com posterior homologação do Diretor Regional de Educação.
Art. 11 - A Secretaria Municipal de Educação apoiará as Diretorias Regionais de Educação na implantação e desenvolvimento do Programa, bem como na formação dos profissionais envolvidos.
Parágrafo Único – Caberá ao Centro de Informática –SME/CI a criação e orientação quanto aos mecanismos necessários para assegurar o cadastro dos programas de cada Unidade Educacional envolvida.
Art. 12 – Os professores participantes dos Projetos farão jus a certificado que será computado para fins de Evolução Funcional desde que as horas sejam cumpridas no
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decorrer de, no mínimo, 08 (oito) meses, perfazendo um total de 144 (cento e quarenta e quatro) horas anuais.
§ 1º - Serão consideradas horas efetivamente trabalhadas aquelas destinas à formação específica, somadas às de desenvolvimento de atividades com alunos.
§ 2º - Excepcionalmente no ano de sua implantação, poderão ser emitidos certificados relativos a projetos que totalizarem 06 (seis) meses e 60 (sessenta) horas.
Art. 13 – Os Centros Educacionais Unificados – CEUs – participarão do Programa “Ampliar” por meio da integração de suas atividades às programadas pelas Unidades Educacionais que o compõem e/ou do entorno.
Parágrafo Único – Compete às Equipes Gestoras dos equipamentos educacionais envolvidos, a articulação de seus planos de trabalho, visando a efetivação das atividades do Programa.
Art. 14 - Ficam mantidos até o término de sua vigência os editais e contratos para desenvolvimento de atividades em Unidades Educacionais, firmados sob a égide do Decreto nº 46.210/05.
Art. 15 – Os casos omissos ou excepcionais serão resolvidos pelas Diretorias Regionais de Educação, ouvida a Secretaria Municipal de Educação.
Art. 16 – Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
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ANEXO XI
PROJETO DE LEI Nº 293/2012
PROJETO DE LEI Nº 293/2012
Dispõe sobre o Programa EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação no Município de São
Paulo, e dá outras providências..
A CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO DECRETA:
Artigo 1º - Fica instituído o Programa EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação no âmbito
da Administração Municipal.
§ 1º - Para os fins da presente lei, entende-se por Educomunicação o conjunto de
ações e procedimentos voltados ao planejamento e implementação de processos e recursos
tecnológicos e midiáticos da comunicação e da informação, nos espaços destinados à
educação, cultura e sustentabilidade das políticas públicas, sob a responsabilidade do Poder
Público Municipal, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e Órgãos
envolvidos no Programa.
§ 2º - Visa o Programa instituído por esta lei promover a educação, cultura, cidadania,
sustentabilidade e ampliar as habilidades e competências no uso de tecnologias de
comunicação e informação, de forma a favorecer a expressão de todos os dirigentes,
coordenadores, educadores, demais servidores e membros da comunidade escolar,
incluindo alunos, ex-alunos e membros das comunidades do entorno, das Unidades da
Secretaria Municipal de Educação e de outras Secretarias e Órgãos envolvidos.
§ 3º - O Programa de que trata esta lei e o conceito de Educomunicação contemplam a
análise crítica e o uso educativo, cultural e social de todos os recursos de tecnologias da
comunicação e informação, garantindo-se, para tanto, o fortalecimento do protagonismo
infanto-juvenil e uma gestão democrática de tais processos e recursos, de forma a facilitar a
aprendizagem e o exercício pleno da cidadania em todos os espaços educativos, formais e
não-formais.
Artigo 2º - Os objetivos do Programa são:
I - desenvolver e articular práticas educomunicativas por meio da radiodifusão, mídias
audiovisuais, digitais, impressas, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da
administração municipal;
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II - incentivar atividades audiovisuais, digitais, impressas, de radiodifusão e televisão
comunitária em equipamentos públicos, nos termos da legislação vigente;
III – capacitar de modo continuado em conceitos de Educomunicação, uso de tecnologias e
atividades educomunicativas, os dirigentes, coordenadores, educadores, demais servidores
e membros das comunidades envolvidos no Programa na educação básica e nas políticas
públicas
desenvolvidas no âmbito das diversas Secretarias e Órgãos participantes, inclusive das
Subprefeituras.
IV - capacitar outros servidores públicos municipais interessados em atividades de
Educomunicação para o desenvolvimento das ações de que trata esta Lei;
V - incorporar, na ação educomunicativa, a relação da comunicação e da informação com os
eixos temáticos previstos na legislação vigente, nos parâmetros curriculares e nos planos
das Secretarias e Órgãos participantes do Programa;
VI - apoiar a prática da Educomunicação nas ações intersetoriais e comunitárias, em
especial nas áreas de educação, cultura, saúde, esporte e meio ambiente, no âmbito das
diversas Secretarias e Órgãos municipais, incluindo as Subprefeituras, bem como nas
mídias comunitárias;
VII - desenvolver ações educomunicativas voltadas ao fortalecimento da cidadania e do
protagonismo infanto-juvenil, que contemplem as preconizadas no Estatuto da Criança e do
Adolescente;
VIII - incentivar atividades de Educomunicação relacionadas às linguagens impressas
(jornal, jornal comunitário, mural, fotografia, fanzine, história em quadrinhos), radiofônica e
televisiva (rádios e televisões escolares), audiovisuais (cinema, vídeo), digitais (blog,
podcast) e a outras formas de comunicação e informação que atendam à evolução
tecnológica, a fim de incentivar a introdução e o uso efetivo desses recursos nos espaços
públicos e da sociedade.
IX - aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas
ações de prevenção de violência, de promoção da cultura de paz e da sustentabilidade
sócio-ambiental, por meio do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a
comunicação;
X - manter intercâmbio, trocar experiências e desenvolver atividades conjuntas, de cunho
intersetorial, com outros conselhos gestores que atuam em políticas públicas no âmbito de
cada subprefeitura.
Artigo 3º - Para implementar e acompanhar o Programa instituído por esta lei, caberá ao
Poder Executivo a constituição de um Conselho Gestor Municipal do EDUCOM, cuja
composição e competências específicas serão definidas em decreto.
116
§ 1º - Fica facultada a possibilidade de constituição de Conselho Gestor Local do
EDUCOM, vinculado a cada uma das subprefeituras, observando-se o disposto nesta lei e
em seu decreto regulamentador.
§ 2º - Fica assegurada a participação no Conselho Gestor Municipal do EDUCOM de
dirigentes, coordenadores, educadores, demais servidores e membros das comunidades
envolvidos no Programa, incluindo estudantes da rede municipal de ensino e demais
entidades representativas da comunidade escolar, na educação básica e nas políticas
públicas desenvolvidas no âmbito das diversas Secretarias e Órgãos participantes, de
representantes de universidades que desenvolvam pesquisas e práticas de
Educomunicação, de sindicatos de trabalhadores e de
entidades e movimentos da sociedade cívil voltados ao desenvolvimento da prática da
comunicação educativa, bem como de representação dos Conselhos Gestores Locais de
que trata o parágrafo anterior.
§ 3º - A composição do Conselho Gestor Municipal e dos Conselhos Gestores Locais do
EDUCOM deverá observar a paridade entre a representação da sociedade civil com relação
aos demais segmentos.
Artigo 4º - O Executivo manterá atualizado Cadastro de membros do Conselho Gestor
Municipal e de Conselhos Gestores Locais do EDUCOM e promoverá, periodicamente,
Encontro Municipal do EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação, com a finalidade de
propiciar a troca de experiências e de recolher sugestões para a melhoria das políticas
públicas afetas ao Programa, na forma a ser estabelecida em decreto.
Parágrafo único – O Encontro Municipal do EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação,
previsto no caput deste artigo, poderá ser precedido de encontros regionais com o mesmo
caráter.
Artigo 5º - Fica autorizado o aporte de recursos de instituições públicas e privadas
interessadas em financiar o EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação, em atividades de
formação, em ações educativas e na realização de eventos, outras atividades e ações
relacionados ao Programa.
Artigo 6º - As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão por conta das dotações
orçamentárias próprias das Secretarias e Órgãos participantes, suplementadas se
necessário.
Artigo 7º - Esta lei será regulamentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua
publicação.
117
Artigo 8º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário, em especial a Lei n.º 13.941, de 28 de dezembro de 2004.
Sala das Sessões,
Às Comissões Competentes.
CARLOS NEDER
Vereador – PT
118
ANEXO XII
TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO
INDIVIDUAL: ISMAR DE OLIVEIRA SOARES
119
ANEXO XIII
TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO
INDIVIDUAL: VEREADOR CARLOS NEDER
120
ANEXO XIV
TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO
INDIVIDUAL: PROF. MARIA DE FÁTIMA BARBOSA SANTOS
121
ANEXO XV
TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO
INDIVIDUAL: ALUNO RUBENS ROCHA
130
APÊNDICES
APÊNDICE I
PRÉ-PROJETO DE TCC (APRESENTADO A PRÉ-BANCA EM 19/06/2012)
1. Tema
Educomunicação nas escolas públicas de São Paulo: o uso do rádio como
ferramenta pedagógica no processo ensino-aprendizagem.
2. Descrição
O trabalho de conclusão de curso será na modalidade de monografia. O autor vai
investigar de que maneira o rádio atua no processo de ensino-aprendizagem nas
escolas municipais de São Paulo. Para isso, serão utilizadas as metodologias de
pesquisas bibliográfica e de campo, além de entrevistas e eleição de uma escola
municipal para análise.
3. Problema
Segundo pesquisa sobre os Motivos da Evasão Escolar1, de 2009, produzida pelo
Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base nos dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior motivo que afasta o
jovem da escola na cidade de São Paulo é o desinteresse. O resultado é que o
aluno não se sente motivado e acaba deixando os estudos como a segunda opção.
Para eles, a escola continua com a mesma proposta pedagógica clássica, sem algo
que possa atraí-los de volta aos estudos, como por exemplo, a não utilização de
novas tecnologias no ensino.
A região do Campo Limpo, selecionada para desenvolver a pesquisa desta
monografia, está inserida na região sul da cidade de São Paulo e encontra-se como
um local considerado violento. Segundo dados divulgados pela Secretaria de
1 Disponível em: http://www.fgv.br/cps/tpemotivos/ (acesso em 05/04/2012 às 15h00)
131
Segurança Pública de São Paulo2, no segundo trimestre de 2011 a região liderava o
ranking de maior índice de vítimas de homicídio doloso da cidade, além de figurar
em segundo lugar em número de roubos, tráfico de entorpecentes, estupro e lesão
corporal dolosa. Os jovens têm contato com as drogas, criminalidade e a
prostituição.
A grande questão é como a escola pode lançar mão de estratégias pedagógicas que
possam fazer o jovem se interessar pela escola e ao mesmo tempo se afastar da
violência. O rádio na escola, inserido como política pública na cidade de São Paulo
desde 2004, é uma forma de reaproximação desse jovem com a unidade escolar.
Portanto, o problema dessa pesquisa é: como o rádio dentro de uma escola
municipal pertencente à Diretoria Regional de Ensino do Campo Limpo pode
estimular o processo de ensino-aprendizagem de alunos e professores?
4. Hipótese
Em relatório anual das atividades da Secretaria Municipal de Educação de 2009,
elaborado pelo secretário da pasta na época, Alexandre Schneider, revela a
satisfação e aprovação do mesmo em utilizar o meio rádio como ferramenta de apoio
nas instituições de educação do município.
Segundo a pesquisa citada anteriormente sobre os Motivos da Evasão Escolar, os
jovens desinteressados pela escola apontam que uma solução para atraí-los
novamente ao espaço escolar seria a ampliação do Ensino Técnico
Profissionalizante e a inclusão das tecnologias da comunicação e informação nas
escolas. Portanto, a hipótese é: o rádio, como meio tecnológico de comunicação e
informação, demonstra que sua utilização no ambiente escolar desenvolve a
formação de um senso crítico, faz com que o sujeito tenha mais acesso à informação
e à cultura, reaproxima este jovem da escola e faz com que o processo de ensino-
aprendizagem fique muito mais estimulante.
2 Disponível em: http://www.estadao.com.br/especiais/geografia-do-crime-em-sao-paulo,143380.htm (acesso em 06/05/2012 às 11h25)
132
5. Hipóteses Secundárias
1) O rádio melhora a comunicação interna. Todas as ações produzidas no espaço
escolar são reproduzidas na rádio. Assim, há uma integração com todos os
membros da escola;
2) O rendimento do aluno melhora. A partir do momento em que o estudante entra
em contato com o rádio, seja na produção ou na recepção dialógica, ele amplia seu
conhecimento, uma vez que torna-se sujeito atuante de um processo de efetiva
comunicação;
3) Novas formas de aprendizagem. Com o uso de uma nova tecnologia como o
rádio, os educadores dispõem de mais uma forma de ensinar.
6. Objetivo Geral
Investigar de que maneira o meio rádio dentro de um ambiente escolar pertencente
à Diretoria Regional de Campo Limpo pode estimular o processo de ensino-
aprendizagem de alunos e professores por meio dos conceitos da Educomunicação.
7. Objetivos Específicos
1) Analisar a relação dos alunos e professores em contato com o rádio inserido no
ambiente escolar;
2) Verificar de que maneira um rádio melhora a comunicação na escola;
3) Verificar a eficiência do rádio no processo de ensino-aprendizagem.
8. Justificativa Social
Segundo a pesquisa “Geração Interativa na Ibero-América: crianças e adolescentes
diante das telas”3 realizada pela Fundação Telefônica em 2009, aponta que o jovem
brasileiro tem seus próprios meios de construir a comunicação, seja criando blogs ou
perfis em redes sociais. Essa comunicação é produzida fora da escola por meio de
tecnologias digitais e revelando assim que a maioria das escolas não incentiva o
3 Disponível em: http://www.educared.org/educa/arquivos/web/biblioteca/LivroGGII_Port.pdf (acesso em 16/04/2012 às19h15)
133
protagonismo juvenil e o acesso à informação. A grande questão é trazer essa
comunicação para dentro da escola, utilizando-se dos princípios educomunicativos.
Na obra “Mídia e Escola: Perspectivas para Políticas Públicas”4, resultado de uma
pesquisa do jornalista Fernando Rossetti com parceria da Unicef5, aponta que
“em projetos de Educomunicação nas escolas os jovens ampliam ainda mais o vocabulário e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação; desenvolvem competências para trabalho em grupo, para negociação de conflitos e para planejamentos de projetos e melhoram o desempenho escolar.” (ROSETTI, 2005, p.31)
Portanto, dentro de uma escola e através dos princípios de Educomunicação, o meio
rádio é um importante exemplo de como estreitar a relação dos jovens com a
educação e ao mesmo trazer a comunicação para o ambiente escolar.
A maioria das pesquisas sobre o tema escolhido são, em sua maioria, voltadas para
a área da Pedagogia, neste sentido, uma pesquisa como essa na área do
Radialismo é de importante contribuição para o universo da Comunicação Social.
9. Justificativa Pessoal
Escolhi o tema pois me identifico com os campos da comunicação e da educação.
Em um primeiro momento, foi pensado fazer uma monografia em relação a
Educomunicação num todo, discorrendo sobre blogs, rádios e jornais no ambiente
escolar.
Conversando com alguns professores, e principalmente com a minha orientadora,
Júlia Lúcia, decidi focar no veículo rádio. Descobriu-se que na cidade de São Paulo
há uma lei que aprova o uso do rádio na escola. Intitulado de “Nas Ondas do Rádio”,
o programa está presente em diversas escolas municipais. A região escolhida para a
pesquisa foi a de Campo Limpo, por ser de fácil acesso, por estar inserida em uma
das zonas da cidade onde há altos índices de evasão escolar e por ser pouco
estudada no mundo acadêmico.
4 Disponível em: http://www.redecep.org.br/publicacoes/midia_escola_web.pdf (acesso em 16/04/2012 às 20h20) 5 Fundo das Nações Unidas para a Infância (do inglês United Nations Children’s Fund)
134
10. Referencial Teórico
Os autores consultados para a pesquisa inicialmente são: Luiz Arthur Ferraretto
(2001) que dentre outros assuntos, analisa na obra “Rádio: o veículo, a história e a
técnica” a chegada do rádio no Brasil na década de 20 e suas primeiras relações
com a educação, que foram iniciadas com Edgar Roquette-Pinto. Também aborda
os outros caminhos que o meio rádio seguiu na educação nas décadas de 50 a 80,
como a Rádio Universitária da Universidade Federal de Porto Alegre e o programa
educativo federal “Projeto Minerva”.
Outro autor consultado será Jorge Antonio Rangel que na obra “Edgar Roquette-
Pinto”(2010) fala das relações de Roquette-Pinto com a educação, dando ênfase a
criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e evidenciando que esse é o embrião
do que seria hoje a radioescola.
A obra “Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação” (2011) de Ismar de
Oliveira Soares nos fornecerá os conceitos para conhecer e analisar os princípios da
Educomunicação, sua prática na construção de ecossistemas comunicativos abertos
nos espaços educativos e a sua participação como política pública na cidade de São
Paulo. Na obra também encontramos diversas pesquisas na área da
comunicação/educação que dão suporte no desenvolvimento desta monografia. O
autor Adilson Citelli e sua obra “Comunicação e Educação: a linguagem em
movimento” (2005) aborda a abertura da escola para a utilização de novas
tecnologias da informação e comunicação.
Para fomentar o contexto da Educomunicação, a obra “Mídia e Escola: Perspectivas
para políticas públicas” (2005) do jornalista Fernando Rossetti evidencia como
projetos educomunicativos beneficiam o processo de ensino-aprendizagem no
espaço escolar.
A autora Zeneida Alves de Assumpção e sua obra “A rádio no espaço escolar”
(2009) também será consultada, pois analisa o rádio como ferramenta interdisciplinar
de ensino, possibilitando ao educando o conhecimento das linguagens midiáticas,
das culturas e da construção da realidade. Outra obra de Assumpção será
“Rádioescola: uma Proposta para o Ensino de Primeiro Grau” (1999) que propõe a
implantação do rádio em circuito interno nas escolas do Ensino Fundamental6 com o
6 A partir da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) o Ensino Fundamental, juntamente com o Ensino Médio, passam a compor a Educação Básica, que tem como finalidade assegurar aos alunos sua formação comum indispensável para o exercício da cidadania. Leia mais em:
135
objetivo de que a comunicação educativa prepare o aluno através da produção e
execução de uma programação radiofônica, para o exercício da cidadania.
Outras obras que darão suporte a pesquisa são: “A informação no rádio: grupos de
poder e a determinação dos conteúdos” (1985) de Gisela Ortriwano e “Rádio:
Oralidade Mediatizada” (1999), de Júlia Lúcia de Oliveira.
Para a produção da pesquisa que será realizada na escola, será utilizado como
referência a obra “Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade” (2002) de Maria
Cecília de Souza Minayo. Outra obra que também irá contribuir para o
desenvolvimento da pesquisa é “Elaboração de Projetos de Pesquisa” (1987) do
autor Antônio Carlos Gil.
11. Procedimentos e Técnicas Metodológicas
O autor, com documento oficial de autorização da Secretaria Municipal de Educação,
vai a uma escola da rede municipal pertencente à Diretoria Regional de Educação
de Campo Limpo investigar de que maneira o rádio influenciou na melhoria do
processo de ensino-aprendizagem de professores e alunos.
Para isso, será aplicado um questionário com alunos e professores e será feita uma
análise qualitativa dos dados colhidos.
Também serão entrevistados a atual secretária de Educação do município de São
Paulo, Célia Regina Guidon Falótico; o coordenador do projeto “Nas Ondas do
Rádio”, Carlos Lima; a coordenadora local do projeto “Nas Ondas do Rádio” da
região de Campo Limpo, Cristina Massei; o coordenador dos núcleos de
Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo, Ismar de Oliveira Soares
e o vereador que criou o projeto “Nas Ondas do Rádio”, Carlos Neder.
Andamento das entrevistas já agendadas:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/es_tempointegral/escola_ferias_pt02.pdf (acesso em 02/05/2012 às 11h05)
136
Entrevistado Breve currículo Data e Local
Cristina Barroco
Massei Fernandes
Possui graduação em PEDAGOGIA pela Universidade
de São Paulo (1994). Pós Graduação em Tecnologias
na Aprendizagem, no SENAC SP (2010). Atualmente é
formadora de professores e gestores da Diretoria
Regional de Educação Campo Limpo. Tem experiência
na área de Educação, com ênfase em Tecnologias na
Aprendizagem.
29/06/2012
DRE
Campo
Limpo
Marciel Consani
Doutor em Ciência da Comunicação pelo CCA (Centro
de Comunicação e Artes) da ECA-USP, com Mestrado
(IA-UNESP, 2003) e graduação em Artes/Música, possui
Licenciatura Plena em Educação Artística e
Especialização em Tecnologia da Educação (PUC-SP).
Atualmente é professor de Produção Audiovisual da
Fundação dos Rotarianos de São Paulo (Faculdades
Integradas Rio Branco), coordenador da equipe de
formadores do Programa “Nas Ondas do Rádio” da
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e
participa dos projetos de EaD desenvolvidos pelo NCE
(Núcleo de Comunicação e Educação) da ECA-USP.
Tem experiência em produção de materiais didáticos nas
áreas de Mídia e Artes e atua, principalmente, na
formação de educadores.
15/06/2012
ECA-USP
Carlos Neder
Possui graduação em Medicina pela Universidade de São
Paulo (1979) e mestrado em Saúde Coletiva pela
Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é
especialista em saúde - médico da Prefeitura do Município de
São Paulo, afastado de suas funções para o exercício de
mandato de vereador. Tem experiência na área de saúde
coletiva, com ênfase em administração pública. Foi Secretário
Municipal de Saúde de São Paulo, no Governo Luiza Erundina
(90/92), Vereador e Deputado Estadual. Autor do projeto
“Educom.Rádio”.
22/06/2012
Câmara
Municipal
de São
Paulo
Bacharel em Geografia e Licenciado em História pela
Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de
Lorena, SP (1965). Jornalista formado pela Faculdade Casper
Líbero (1970). Mestre (1980) e Doutor em Ciências da
137
Ismar de Oliveira
Soares
Comunicação (1986) pela Universidade de São Paulo, com
pos-doutorado, em 2000, pela Marquette University
Milwaukee,WI, USA. Coordena, desde 1996, o NCE- Núcleo
de Comunicação e Educação da ECA-USP. Atualmente, é
avalista de projetos de pesquisa da FAPESP, na área da
Educomunicação. É professor titular da Universidade de São
Paulo. Membro de Comitê Gestor da Lei Educom da Prefeitura
do Munícipio de São Paulo e Supervisor do Projeto Mídias na
Educação do Ministério da Educação, no Estado de São
Paulo. Coordena a implementação da Licenciatura em
Educomunicação junto à Escola de Comunicações e Artes da
USP.
15/06/2012
ECA-USP
Os demais entrevistados, até o fechamento deste pré-projeto, estão em fase de
agendamento de entrevista, devido a problemas de agenda.
145
APÊNDICE VI
ENTREVISTA TRANSCRITA COM DR. ISMAR DE OLIVEIRA SOARES
Nome do contato: Ismar de Oliveira SOARES
Cargo ocupado: Coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da USP e
professor titular da ECA-USP
*** Entrevista realizada em 15/06/2012 no prédio da ECA-USP
Link da entrevista no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=VPjSDiu9ZLo
LUIZ - O termo Educomunicação passou a ser difundido no fim dos anos 90
aqui no Brasil pelo senhor. De lá para cá, mais de uma década se passou. Qual
análise você pode fazer em relação à evolução processual do conceito de
Educomunicação em nosso país?
ISMAR – Bom, o que não deixa de ser extraordinário foi o fato de que a conclusão
de uma pesquisa feita entre 1997 e 1999 que foi difundida por uma revista que se
editava na época em Brasília alcançasse uma repercussão tão forte no país, de
forma a permitir que 10 anos após a divulgação da pesquisa já estava sendo criado
na própria USP uma licenciatura, um curso profissionalizante voltado para este
conceito. Simultaneamente no nordeste, em Campina Grande, se criava uma
bacharelado em uma Universidade Federal e em Santa Catarina, na Universidade
Estadual de Santa Catarina, se criava uma licenciatura a distância. Isso pra dizer
que o mundo universitário, que é muito crítico, ele trabalha como um elefante branco
né, toma com muita rapidez uma decisão muito forte de reconhecer a existência de
um campo profissional e de, portanto, começar a formar pessoas para a aplicação
desse conceito nas várias áreas em que ele já está presente na sociedade, então
esse é um fato importante. Agora, por que isso aconteceu? Na verdade, não se trata
exatamente da divulgação de um conceito pela USP que alcança o país e a própria
universidade a se rever. A prática educomunicativa já estava na sociedade, ela já
vinha sendo implementada desde a metade do século XX em diante por um
movimento social com prática chamadas alternativas, tanto de educação, como de
educação, e isso que é forte, mas que estava fragmentado em experiências de um,
de outro e de outro, experiências numerosissímas, mas cada um dando um nome
para essa experiência. O que aconteceu em 1999 foi uma articulação dessas
experiências a partir de um referencial teórico. Então a pesquisa disse que faz-se na
América Latina e no Brasil tais tipos de práticas, que tem tais fundamentos e produz
tais consequências e isso merece ter uma designação e merece ser considerado um
fato social novo. Então o que a USP fez e a pesquisa do NCE foi reconhecer uma
realidade dada, difundir esses reconhecimento e permitir que as pessoas no país
passassem a se encontrar já com essa denominação, e aquilo que era fragmentado
146
e isolado passou a ser articulado. Então imediatamente em 2004 cria-se uma rede
chamada “CEP”, constituída por doze organizações. Ela adota a Educomunicação e
começa a trabalhar a partir dela e isso em todos os cantos do país. E tem uma
atuação tão forte que chega a influenciar o Ministério da Educação num programa
chamado “Mais Educação”. Então neste momento nós temos no Brasil 3.500 escolas
públicas que desenvolvem 5.500 projetos usando o rádio, vídeo, historinhas em
quadrinhos e tendo como referência o manual de educomunicação preparado pela
rede CEP. Nós estamos assistindo a difusão do conceito de várias formas. Temos
uma revista chamada “Comunicação & Educação”, editada pela USP e que já tem 17
anos, e que além de ter esse tempo de permanência ininterrupta, tem sido um
espaço de divulgação e discussão da interrelação comunicação e educação. Então
são muitos fatores e entre esses fatores eu agregaria, o último deles, que o fato de
uma área fora do meio educacional formal, mas que trabalha com a educação não
formal, que é o Ministério do Meio-Ambiente, havia adotado a Educomunicação
também, especialmente para as 330 áreas de preservação ambiental do país. Eles
organizando Educomunicação ali eles vão discutindo com as camadas populares
moradoras dessas regiões esses conceitos. Então essas são algumas das razões
pra difusão dessa prática pelo país e o reconhecimento dela.
LUIZ - Segundo a pesquisa do IBOPE sobre o uso da internet no Brasil,
divulgada no último dia 11 de junho, revelou que o número total de pessoas
com acesso a internet em qualquer ambiente ( domicílios, trabalhos, lan-
houses, escolas e outros locais) chegou a marca histórica de 82,4 milhões.
Isso se dá pela popularização do acesso a internet e também pelo uso de
dispositivos móveis para conexão, como tablets e smartphones. Como os
projetos de Educomunicação estão se preparando para acompanhar a
expansão desse acesso?
ISMAR – As tecnologias elas estão na base da proposta educomunicativa
independentemente da sua qualidade. A Educomunicação vai se preocupar com
práticas educomunicativas e o início foi o mimeógrafo. O início foi a dança. O início
foi o canto. E claro que com as tecnologias avançando, em termos de acessibilidade,
em termos de interatividade, ela vem trazendo mais possibilidades de engajamento
de grupos de pessoas. Então hoje nós temos ampla possibilidade de acesso a
tecnologias anteriormente reservada a poucos, isto é, houve uma democratização do
acesso as tecnologias e isso tem permitido a partir de 2000, e isso veio ampliar a
difusão das práticas educomunicativas, com o ingresso de um novo sujeito social
que eram os tecnólogos que eram as pessoas, nas próprias escolas, por exemplo,
eram encarregadas de trabalhar com as novas tecnologias e anteriormente a
tecnologia foi pensada como um instrumento a favor da prática do docente. No
entanto, a educomunicação trouxe essa tecnologia para a prática discente, isto é,
professor e aluno juntos trabalhando. No caso, a gente vem afirmar que a
popularização da internet e das tecnologias digitais favorecem a prática
147
educomunicativa e por outro lado coloca uma questão pra ser debatida: trata-se das
questões de políticas públicas. As políticas públicas estão favorecendo a difusão das
tecnologias, mas nem todas as políticas públicas tem uma preocupação de um
impoderamento social dessas tecnologias. Um projeto muito interessante é o projeto
de um computador por aluno, por exemplo. Ele reforça muito o uso individual do
equipamento, é uma tecnologia a serviço de um individuo, de um cidadão, quando a
Educomunicação trabalha sempre o coletivo. Para o projeto educomunicativo vale
muito mais a pena você ter um estúdio de multimeios a serviço de uma comunidade
e que todos trabalhem ali de forma colaborativa do que ter um conjunto de
equipamentos na mão dos indivíduos, porque o conjunto de equipamentos da mão
de indivíduos reforça a perspectiva do uso individual, da propriedade privada,
enquanto que o trabalho coletivo vai na direção do consórcio, da solidariedade, da
operação e especialmente da gestão democrática dessa área complexa que é a
área comunicativa. Então a tecnologia favorece de um lado, mas cria um problema
do outro e esse problema é um problema de confrontação ideológica a respeito da
tecnologia da sociedade contemporânea.
LUIZ - O uso de ferramentas comunicacionais nas escolas vem crescendo
através da Educomunicação: sites, blogs, murais, rádios e até projetos em
vídeo. Como você vê isso?
ISMAR – Bom, essa proliferação ela faz parte do destino que a sociedade vem
dando para as tecnologias. Essa aproximação da sociedade com relação a
tecnologia se dá de muitas formas. Existe uma primeira forma que a gente chama de
midiatização: essa midiatização torna em mim, em você e em todos nós
consumidores de mídias. Então nós cumprimos um papel: consumir. E os
vendedores desses equipamentos vão, naturalmente, motivar-nos e darão sempre
benefícios. Nós temos muitos benefícios que a interatividade que os equipamentos
proporcionam para entretenimento, por exemplo, para o uso do mercado, para
compras e vai ser nesse sentido que a sociedade vai incentivar o uso individual para
que mais equipamentos sejam vendidos e também o mercado fique mais ágil e
cumpra, portanto, um papel social determinado: são os funcionários das tecnologias.
Existe no segundo capítulo que é a tecnoinformação. Ela é aquela que permite que
nós conheçamos os equipamentos e sejamos experts neles. Esse entendimento
pode ser dado pela escola, ela tem condições de fazer isso. Mas existe um terceiro
capítulo que é a Educomunicação. A Educomunicação não se contenta na
tecnoinformação, mas ela pensa no empoderamento dos grupos sociais a partir de
metas estabelecidas e as metas sempre diz respeito a prática da cidadania. Então
diante das tecnologias eu posso ser um simples consumidor com amplo acesso e
brincar. Eu posso ser um conhecedor dessas tecnologias e estar a serviço delas, até
ser um promotor delas. E eu posso ingressar no mundo da Educomunicação,
quando eu me apodero socialmente delas pra dar um destino de práticas cidadãs.
148
LUIZ - Você faz parte do comitê gestor da Lei EDUCOM aqui na cidade de São
Paulo. Por que usar o meio rádio como ferramenta no processo de ensino-
aprendizagem?
ISMAR – Quando se instituiu o EDUCOM.rádio em 2001 havia a hipótese de
iniciarmos o trabalho com a informática e com a internet. No entanto nós
vislumbramos naquele momento que nós estaríamos reforçando atividades
individuais, celebrando e fazendo aulas a capacidade individual de competição entre
os dominadores dessas tecnologias. Então nós preferimos uma tecnologia muito
mais antiga, que exigira o trabalho coletivo, especialmente a valorização de
instrumentos imediatos da comunicação: uma delas é a voz. Segundo: a mixagem
da voz da criança com a voz do professor, a voz do especialista, a voz do produtor
cultural, do músico. Então esses dois contextos, a valorização do individuo
trabalhando grupalmente, e o rádio nós sempre imaginamos como um trabalho
grupal, e a mixagem de sentidos e vozes numa produção, era aquilo que permitiria
alcançarmos o objetivo do EDUCOM que era reduzir a violência. Nós não entramos
na prefeitura de São Paulo na área pedagógica, para melhorar a aprendizagem dos
conteúdos, nós entramos pra melhorar a aprendizagem comportamental. Pra isso o
rádio é muito melhor do que outros meios, do que o próprio vídeo, do que a própria
internet e assim por diante. O que aconteceu com o EDUCOM.radio ao longo do
tempo foi uma aproximação entre a linguagem radiofônica e a informática através da
webradio, por exemplo. Então nós tivemos a continuação do EDUCOM dentro da
perspectiva da mixagem midiática e hoje a prefeitura continua trabalhando de uma
forma muito adequada através de distintos projetos e continuando como meta a
redução da violência, especialmente agregar professor e aluno em projetos
colaborativos, hoje até envolvendo a própria educação infantil.
LUIZ - Em seu livro “Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação”
você relata que uma educação eficiente precisa inserir-se no cotidiano dos
estudantes e não ser apenas um simulacro. Que para fazer sentido para eles,
deve partir de um projeto de educação que caminhe no mesmo ritmo que
acompanhe e que entenda o jovem. Você acredita que a partir de um projeto
educomunicativo um estudante, principalmente de uma escola pública, possa
se sentir estimulado, possa ser mais participativo e possa assimilar mais
aquilo que está aprendendo?
ISMAR – A experiência tem demonstrado que sim. Na verdade quando nos
encontramos com agentes que tem contato direto com as escolas, por exemplo,
minutos antes de iniciarmos essa entrevista eu me encontrei com um cidadão que
veio participar de uma banca aqui na ECA e ele dizia “Professor, lá na EMEF
Florestan Fernandes lá na Zona Sul nós temos um projeto originário do EDUCOM
em que se trabalha com rádio, se trabalha com vídeo, se trabalha com informática e
149
tal e é modelo para uma rede de escolas do Brasil inteiro e grupos do Brasil inteiro
têm vindo a essa escola na Zona Sul, na periferia de São Paulo”. Bom, isso está
mostrando a autonomia que os grupos infantis e juvenis alcançam com o domínio
dessa área. No caso de São Paulo, chegamos até num interregno de administração
logo depois que a Marta Suplicy deixou o poder e o Serra assumiu houve dois anos
de avaliação do projeto e nesses dois anos um grupo de escolas reuniu professores
e alunos e criou uma ONG pra cuidar da Educomunicação pra cuidar daquela região,
já que a prefeitura estava um pouco hesitante em trabalhar e eles mesmos
(professores e alunos) criaram a organização para oferecer a formação entre eles.
Então se você vier a São Paulo, por exemplo, na feira do livro e Campus Party você
vai encontrar grupos de adolescentes da prefeitura, vestidos com suas camisetas,
fazendo a cobertura educomunicativa. Então a gente tem visto, não só na prefeitura
de São Paulo, mas no Brasil inteiro essa realidade: crianças e adolescentes se
apoderando, ganhando autonomia e quando eles ganham autonomia, eles não se
confrontam com os adultos, eles se tornam colaborativos e a partir disso eles
acabam influenciando todo o processo de uma escola. O Ministério da Educação e o
Ministério do Meio-Ambiente tem um projeto chamado “Conferência Infanto-Juvenil
pelo Meio-Ambiente” que reúne, a cada 2 anos, 50.000 adolescentes pelo Brasil
inteiro e a união deles se faz pela Educomunicação. O objetivo deles é chegar a
Brasília, depois de 2 anos de trabalho nos municípios, nos estados e na União para
fazer propostas de mudanças em favor do ambiente permeado pela
Educomunicação, então isso ficou muito evidente.
LUIZ - No mesmo livro você propõe que a Educomunicação na escola seja
planejada em três âmbitos diferentes: no âmbito da gestão escolar, no âmbito
disciplinar e no âmbito transdisciplinar. Quanto um projeto educomunicativo
melhora as relações interpessoais em uma escola?
ISMAR – As relações interpessoais na escola elas estão num contexto do lugar que
as pessoas ocupam na escola, porque cada indivíduo necessita sentir-se bem
acolhido no espaço que lhe cabe. Então professor entre os professores, aluno entre
os alunos, os professores na relação com os alunos e se estabelece hierarquias
esses processos e essas hierarquias tem poder de motivar ou dissuadir. Motivar a
aprendizagem e dissuadir a indisciplina. Na verdade a escola é um jogo de poder, de
influências, de pressões e jogo de realizações também. No caso, nós não podemos
imaginar a Educomunicação só na relação professor-aluno. Se uma escola quer
adotar a Educomunicação ela tem que pensar na relação entre direção-professores-
alunos, alunos-direção, por exemplo, todo esse conjunto e a comunidade no
entorno. Então pensar Educomunicação é pensar as práticas de relacionamento na
escola, por isso que nós falamos na área da administração, na área da didática dos
conteúdos e na área interdisciplinar que são as áreas próprias da didática, porém
que não estão incluídas em áreas especificas do conhecimento, mas são
transversais. A questão do meio-ambiente é uma questão transversal, a questão da
150
ética é uma questão transversal. Na verdade a educação se dá muito mais nos
termos transversais do que nos termos curriculares. E a Educomunicação vai
trabalhar justamente esses três universos: curricular, transversal e administrativo.
Portanto dizer se uma escola é mais ou menos educomunicativa somente poderá ser
afirmado depois de examinar esses três contextos.
LUIZ – E pra finalizar, a última pergunta é: você acredita que a
Educomunicação deveria ganhar mais espaços nas universidades? Não só
como cursos de licenciatura e bacharelado, mas também presente na grade de
cursos como Pedagogia?
ISMAR – Sim, a Pedagogia pra você ter uma ideia, um curso de Pedagogia tem ao
redor de 3800 horas. Dessas 3800 horas, a média dos cursos de Pedagogia de
licenciatura é que se dê apenas 80 horas para as tecnologias. As tecnologias não
ocupam mais do que 2,5% da grade de formação de um professor. Se nós
entendermos que os alunos vivem na era da informação, na civilização midiática e
os professores também, nós vamos perceber que esse fato já é um conteúdo
escolar. No entanto a escola oculta isso aos alunos, entendendo que esse universo
é o universo do entretenimento. Dentro desse universo do entretenimento existe
algumas coisinhas pra aprender né: como ligar um televisor, como usar um data-
show, são algumas questões pequenas, mas a educação não assume a cultura que
o mundo vive hoje. Ela ainda está vivendo a cultura do século XIX, do iluminismo e
isso é um fato, que foi o mundo da desfragmentação dos conteúdos, por exemplo. E
nesse sentido, faz-se necessário hoje uma revolução na prática da formação de
professores, e na verdade o estado brasileiro e os conselhos estaduais de educação
ainda não descobriu isso e isso se torna nesse momento um grande espaço de
discussão. Nesse momento, por exemplo, neste ano o conselho estadual de
educação de São Paulo aprovou uma diretriz pra formação de educadores.
Desconhece completamente essa realidade, porque os formatadores desses
processos são educadores que se formaram no século XX e eles ainda tem aquela
visão iluminista de educação. De tal forma que o profissional de educomunicação, o
licenciado em educomunicação, são pessoas que vão ingressar num universo ainda
adverso, muitas escolas ainda não sabem pra que serve esse educomunicador. No
entanto, eu acredito que a sociedade vai fazer a educação enxergar diferente,
caberá a sociedade dizer pro sistema educacional que ele tem que mudar, não são
os educadores, Para os educadores, quando eles olham pro sistema, eles olham a
partir dos seus próprios olhares, antigos olhares. É a sociedade, são os jovens que
vão ter que dizer pro mundo universitário que mudanças tem que ter na formação
dos futuros professores. Nós entendemos que todo professor tinha que ser um
educomunicador. O profissional de educomunicação será um assessor a mais,
porém é o professor do cotidiano que tem que ter a prática educomunicativa.
Imaginamos que essa é a batalha para os próximos 10 anos.
154
APÊNDICE IX
ENTREVISTA COM A DRA. ZENEIDA ALVES DE ASSUMPÇÃO
(POR EMAIL)
Nome do contato: Zeneida Alves de ASSUMPÇÃO
Cargo ocupado: Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Paraná)
*** Entrevista realizada em 30/07/2012 por email.
LUIZ - Na obra “A rádio no espaço escolar” você enumera as habilidades que
uma radioescola desenvolve nos alunos, tantos os emissores, quanto os
receptores. Ao entrar em contato com esse projeto pedagógico, os
professores também desenvolvem algumas habilidades? Quais?
ZENEIDA - Sem dúvida, a Radioescola poderá também desenvolver diversas
habilidades nos professores, inclusive a de saber escutar. Por que isto ocorre? A
radioescola imita a mídia radiofônica, ao se valer de um dos cinco sentidos do corpo
humano: a audição. Porém, na Radioescola, aluno e professor vão além de ouvir,
como ocorre na mídia radiofônica. Eles aprendem ou aprimoram a habilidade de
escutar “a programação”. Ao escutar estarão compreendendo o que produziram. Ao
atuarem (professor e alunos) como emissores e receptores ativos dessa
comunicação, perceberão de que o trabalho em grupo, a equipe é relevante, então
precisarão ser parceiros nessa interface mídia-educação. Não se faz nenhum
produto midiático (programas para a Radioescola) sem equipe que “fale a mesma
língua”. Ou seja: cooperação de todos. A divulgação de notícias e de temas
educativo-culturais exige responsabilidade de todos. Essa responsabilidade, esse
espírito de equipe permeia o cumprimento da pauta, pesquisa, entrevista, locução,
produção, edição, veiculação, etc. Essas habilidades poderão contribuir com a
cultura escolar, através da mediação Radioescola e práticas pedagógicas,
priorizando a crítica social do aluno e também do professor em consonância coma
as culturas e escolar e midiática.
LUIZ - Na mesma obra você reserva um capítulo para falar a respeito da
oralidade e da escrita. Você acredita que essas são as bases iniciais e
fundamentais para que o aluno, a partir delas, possa desenvolver outras
habilidades?
155
ZENEIDA - A criança antes de andar, ela começa a balbuciar “palavras”. Há uma
disputa na família (mães, pais, avós, tias) para que ela pronuncie primeiramente
esses substantivos. Se a criança balbuciar mama. Essa palavra (mama) já se
transformou em “Mamãe”, na concepção do imaginário da mãe da criança. O que
isso significa? Que todos estão preocupados (primeiramente) com a fala da criança.
A fala/oralidade é um dos fatores importantes na nossa cultura. A nossa cultura é
oral. A escrita e a leitura não ficam para trás ou, em menor, consideração. Dá-se
valor imenso para a alfabetização e à escrita. Nesse sentido, considero a
Radioescola de capital relevância para a educação escolar. Com ela, é possível o
professor articular as duas culturas: escolar e midiática. Por que a considero
importante? Primeiramente quanto ao aspecto da cultura escolar e segundo quanto
ao aspecto da cultura midiática. A cultura escolar é o escopo da escola. A escola
como instituição social do saber instituído e legitimado alicerça-se nessa cultura (não
é sem razão, que nas escolas existem: projetos políticos pedagógicos, conteúdos
programáticos, ementas de cursos, avaliação, o discurso pedagógico. O controle
comportamental/disciplina dos alunos, através de uma carteira atrás da outra; 20 a
40 alunos por sala).
Nessa cultura, o educando precisa saber “trabalhar” a oralidade. É exigido dele,
leitura de textos didáticos (em voz alta para que toda a turma ouça a fluência verbal
dele); a leitura silenciosa (para que ele possa interpretar e compreender o texto). A
leitura vem engajada com a escrita. Preconiza-se, na cultura escolar, que quem sabe
ler, sabe escrever. Haja vista o velho adágio popular: “Escreveu, não leu, pau
comeu!” Com a Radioescola como projeto pedagógico, o professor poderá explorar e
desenvolver mais aprimoradamente estas duas habilidades: oralidade e escrita. De
que forma? Quando o educando participa como emissor e receptor simultaneamente
da Radioescola, como agente ativo desse suporte pedagógico, ele próprio vai se
preocupar em ler e falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência verbal. A
fluência verbal poderá ser adquirida pelo educando, através da prática da locução.
Essa prática será prazerosa para ele, porque os colegas dele estão o escutando.
Para falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência, ele precisa saber escrever
o texto, utilizando as normas gramaticais corretas, sinônimos das palavras,
concordâncias (verbal e pronominal) corretas; frases com sujeito + verbo +
predicado, etc. Assim, a cultura escolar será mais satisfatória por parte do alunado.
Embora, haja uma cobrança para o aluno por parte do professor sobre essa cultura
escolar, ela se concretiza na Radioescola de forma mais sedutora e agradável. A
Radioescola não é aula. Os alunos não estão sentados um atrás do outro. A
Radioescola possibilita mobilidade dos alunos no espaço físico. A programação é
construída em equipe, onde todos falam, todos discutem a programação. O
professor não precisa “cobrar” leitura e escrita correta. Essas habilidades fluem com
os conhecimentos que vão adquirindo com o cotidiano “radiofônico”. Os próprios
alunos se “policiam” sobre seus erros gramaticais. Eles mesmos se “cobram” e
“cobram” do colega a vez de falar, de discutir. Há interesse por parte deles, em
mostrar maior quantidade de produção radiofônica. O inverso ocorre em sala de
156
aula, onde não há interesse com as atividades. O trabalho com a Radioescola
possibilita o desenvolvimento de outras habilidades: atenção com as tarefas/cumprir
metas; saber ouvir os colegas; saber escutar a programação; análise crítica da
programação e da própria tarefa; respeitar a vez de falar; sociabilidade;
responsabilidade; iniciativa própria; companheirismo; espírito de equipe.
LUIZ - Diante de um cenário onde os supercomputadores e o smartphones são
os maiores produtos de consumo entre os jovens, por que utilizar o meio
rádio, que é quase um veículo centenário no Brasil, para educar?
ZENEIDA - Nenhuma tecnologia envelhece ou será substituída por outra. O mesmo
ocorre com rádio hertziano. Essa mídia foi criada no mundo há mais de cem anos
(1896) e no Brasil (1923), há mais de 70. O rádio, apesar de seus 126 anos,
continua um “velhinho” prazeroso por despertar a imaginação em seus ouvintes, em
fazê-los sonhar. Essa é uma das características que ele jamais perderá, além da
mobilidade. Embora centenário, o rádio está presente em qualquer lugar.
Ele não me atrapalha, se eu sintonizá-lo dirigindo o meu carro, por exemplo. O
mesmo já não ocorre com o computador, internet e/ou celular. Essas tecnologias
embora recentes, não me permitem acessá-las, enquanto dirijo o meu carro pelo
centro de Curitiba e/ou pela rodovia, destino Ponta Grossa, onde trabalho. Seria
uma irresponsabilidade minha tentar o acesso a essas “novas” tecnologias, dirigindo.
Com o rádio, isso é possível. Eu posso ouvir músicas, noticiários, prestação de
serviços, enquanto percorro os 110 km da rodovia, entre Curitiba e Ponta Grossa.
Ele não causará nenhum problema a mim e nem a terceiros. Ao contrário, a voz dos
locutores/apresentadores espantará o meu sono, impedindo-me dormir ao volante.
Basta prestar atenção nos caminhoneiros, taxistas, motoristas de ônibus (pequenas
e grandes distâncias) e demais profissionais noturnos. Para esses profissionais, o
rádio além de companhia, não os deixa dormir. A programação radiofônica noturna
privilegia esse nicho profissional.
Para a educação escolar (que se alicerça na cultura escolar, seja presencial e a
distância) o rádio é uma das mídias de grande valor e facilidade. Ele acompanhou
as tecnologias. Temos hoje rádios on-line e webradios. A primeira, sem nenhum
custo para a escola que queira acessá-lo. Basta ligar o computador e acessar sua
programação, selecionando o que interessar à prática pedagógica. As rádios
educativas (Rádio MEC-RJ, é uma delas) e as rádios universitárias brasileiras
também. Elas oferecem excelente programação cultural e educativa. As rádios
Deutsche-Welle (Alemanha) e Nederlan (Holanda) produzem programações de
ótima qualidade. Os documentários poderiam ser trabalhados interdisciplinarmente
em sala de aula. Essas emissoras estão on-line. Para ter acesso a elas,
necessitam-se apenas de um computador, vontade e interesse do professor.
157
Outra modalidade são as webradios. Com elas há possibilidade da participação e
interatividade do internauta-rádio. O aluno e o professor poderão interagir com elas.
Ou, então, criar uma webrádio nos espaços escolares e fazer a mediação
pedagógica. Sabe-se que as escolas (a maioria delas possui sala de informática).
Montar um estúdio de webradioscola é algo muito fácil. Basta adquirir um
computador, uma mesa de áudio entre oito a 16 canais, microfones. As APMs
(Associação de pais e mestres) ou o MEC, através do Projeto Mais Educação,
poderão contribuir nesse “empreendimento educativo”.
LUIZ - Difundido pelo Dr. Ismar de Oliveira Soares, o termo “Educomunicação”
vem crescendo constantemente nas escolas do Brasil. Projetos envolvendo
música, dança, teatro, fotografia e o audiovisual são as bases para aproximar o
jovem do ambiente escolar e afastá-lo da violência, bem como melhorar o
processo de ensino-aprendizagem. O que uma radioescola pode extrair dos
conceitos da Educomunicação?
ZENEIDA - Prefiro o termo mídia-educação, também denominado pela UNESCO,
em 1960, por educação para as mídias. Segundo a UNESCO: “Por educação para
as mídias convém entender o estudo e a aprendizagem dos meios modernos de
comunicação e expressão; considerados como parte de um campo específico e
autônomo de conhecimentos na teoria e na prática pedagógicas, o que é diferente
de sua utilização como auxiliar para o ensino e aprendizagem em outros campos de
conhecimentos tais como as matemáticas, a ciência e a geografia” (Éducation sux
medias. Paris, UNESCO, p. 1984, 7 apud livro: Mídia e Educação, autor Jacques
Gonnet, Edições Loyola, 2004).
A mídia-educação se faz presente na educação escolar há muito tempo e anterior às
indicações da UNESCO (1960), mediante os trabalhos pedagógicos do psicólogo e
educador francês Célestin Freinet e do médico-educador polonês Janusz Korczak.
Freinet foi o mentor do jornal escolar (década de 1920). Os trabalhos desses dois
educadores foram alicerçados na Pedagogia da Escola Nova. Ambos defensores
dela.
A Escola Nova ou Escolanovista surgiu na Europa, em 1920. Essa nova concepção
pedagógica veio contrapor a Pedagogia Tradicional, que considerava o aluno como
mero executor das tarefas determinadas pelo professor. A Escola Nova apresenta o
aluno como partícipe da educação, valorizando a criatividade dele, inclusive através
da pesquisa educacional realizada por ele. O ensino- aprendizagem busca apoio
através do estudo do meio. O espaço físico de estudo deixa de ser apenas o da
escola, aliando-se ao espaço físico da comunidade.
O jornal escolar criado por Freinet vem atender ao apelo dessa Nova escola. Da
mesma forma ocorre com os alunos de Korczak. Enquanto, os alunos de Freinet
produziam jornais escolares por meio de pesquisas na comunidade, na aldeia, onde
158
se localizava a escola; os alunos de Korczak construíam notícias para “três jornais:
Semanário; A Pequena Supervisão e Maly em Przeglad” (ver em Liana Gottieb, 2001
– “O educomunicador Janusz Korczak).
Ao trabalhar a Radioescola numa visão de mediação (cultura escolar e cultura
midiática), alunos e professores precisam entender de que as mídias (rádio,
televisão, jornal, revista), consideradas bens simbólicos, estão sujeitas à venda,
porque são mercadorias. Elas vendem respectivamente: tempo e espaço por
pertencerem a grandes grupos econômicos/empresas jornalísticas. Assim, se
valem das Teorias do Jornalismo: Teoria da Agenda; Newsmaking; Gatekeeper e
outras.
Os participantes da Radioescola (alunos e professores) precisam compreender que
a Radioescola (representando a mídia radiofônica), embora não venda tempo, está
alicerçada na cultura escolar (a qual norteia a educação escolar). Transportando as
Teorias do Jornalismo para a Radioescola, teríamos o seguinte quadro: o trabalho
radiofônico (Radioescola) do aluno deverá contemplar pauta com temas
relacionados à educação escolar (há uma agenda; um agendamento do que é mais
importante veicular na Radioescola, sobre o conteúdo escolhido dessa educação
escolar). Para o desenvolvimento desses temas, o aluno deverá fazer um
planejamento, pesquisa, saber ler, escrever, falar, ter espírito de equipe (ou seja: a
produção/newsmaking). Por último, os temas construídos pelos alunos antes da
transmissão pela Radioescola, deverão ser submetidos à supervisão do professor da
turma e/ou coordenador da Radioescola. Ocorre então, o gatekeeper (porteiro). Ou
seja: “os porteiros” poderão ser: professores da turma; coordenador da Radioescola
ou gestores da escola. Essa equipe que terá o poder decisório sobre a edição e
sobre a transmissão da produção dos alunos. Resumindo: alunos e professores
“utilizam-se” as Teorias do Jornalismo, mesmo sem conhecê-las.
Ao compreender esse processo produtivo da programação da Radioescola, o
estudante compreenderá também os processos produtivos e o “fazer jornalístico”
das emissoras radiofônicas, demais mídias e das empresas jornalísticas que
mantém essas mídias. A mediação radioescola e cultura escolar permitirão o
desenvolvimento da crítica social dos participantes da Radioescola.
LUIZ - Em 2004, na cidade de São Paulo, foi homologada a lei “Nas ondas do
rádio”, que autoriza o uso do rádio nas escolas municipais, como projeto
pedagógico de ensino. A lei em 2012 chega ao seu 8ª ano e tem a adesão da
grande maioria das escolas da rede. O exemplo da cidade de São Paulo,
porém, não foi seguido nas demais capitais do país. Diante desse cenário
midiático que vivemos hoje, você acredita que há algum tipo de resistência, ou
até mesmo preconceito por parte de alguns educadores que impossibilitem o
uso de mídias na educação?
159
ZENEIDA - Eu conheço essa proposta. Antes do surgimento dela, a Prefeitura
Municipal de Curitiba, através da Secretaria Municipal de Educação implantou a
Radioescola, no início de dezembro de 1994, um mês após minha defesa de
Mestrado intitulada: Radioescola: uma proposta para o ensino de primeiro grau, que
se transformou num livro.
Na época, eu era assessora de imprensa da Prefeitura de Curitiba, atuando na
Secretaria de Educação. Eu estava afastada de minhas atividades trabalhista tanto
da UEPG, quanto da Prefeitura de Curitiba para a conclusão de pesquisa de
Mestrado. Ao retornar às minhas atividades rotineiras em ambas as instituições, a
Secretaria de Educação solicitou minha autorização para implantar a minha
proposta defendida no Mestrado nas escolas municipais. A Radioescola foi
implantada inicialmente em três escolas. Ela era arrojada por contemplar a
interatividade simultânea entre escolas. Essa interatividade é proporcionada por
linhas LSP (linhas de som permanente). A programação produzida por alunos no
estúdio (estação geradora) da Radioescola sob orientação de professores, era
transmitida simultaneamente a outras escolas que também tinham radioescolas em
circuito fechado, em horários determinados. Ocorria, então, comunicação simultânea
entre os microfones dessas rádios, que eram localizadas nas escolas de diversos
bairros. Essa proposta pedagógica ficou atuante até 2000 (pesquisa em lato sensu
originou o um dos meus livros: A Rádio no espaço escolar).
Acredito que não há resistência por parte dos professores contra a radioescola. Para
você ter a ideia da não resistência, esse ano (2012), professores de ensinos:
fundamental e médio, município de Ponta Grossa, há 110 km de Curitiba (capital do
Estado do Paraná), onde se localiza a Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG), da qual sou docente do Departamento de Comunicação (Jornalismo), me
procuraram para eu auxiliá-los a criarem radioescolas. Outro detalhe: Estive esse
ano (2012) proferindo palestras sobre radioescola em dois eventos nos municípios
de Ponta Grossa/PR e Santa Maria/RS sobre: Mídia Educação. Nesses eventos,
muitos professores apresentaram e discutiram trabalhos sobre radioescolas que
estão coordenando. Há, portanto, interesse por parte deles, em trabalhar com
radioescola como prática pedagógica.
O problema não está com os professores. O problema está na descontinuidade
administrativa tanto das escolas quanto do poder público. Nas minhas pesquisas
sobre radioescola (especialmente a de Mestrado) a descontinuidade administrativa é
o primeiro problema para a desarticulação de quaisquer projetos.
Acredito, que a radioescola é uma das propostas que mais atrai professores por ser
uma proposta prazerosa tanto para os alunos, quanto para os próprios professores,
porque a radioescola contempla as culturas: escolar e midiática. Através dela, o
aluno tem prazer em falar e escrever melhor. O aluno (criança, adolescente ou
jovem) gosta de “soltar” a imaginação, gosta de “brilhar como holofotes”. A
radioescola e a idade permitem ao alunado “esse brilho imaginativo”.
160
APÊNDICE X
ENTREVISTA TRANSCRITA COM VEREADOR CARLOS NEDER
Nome do contato: Carlos Alberto Pletz NEDER
Cargo ocupado: Vereador no município de São Paulo
*** Entrevista realizada em 13/08/2012 no gabinete do próprio vereador
LUIZ – Como surgiu a ideia de criar o projeto de lei 556/02 que instituiu o rádio
como ferramenta pedagógica de apoio nas escolas municipais?
NEDER – Bom, a iniciativa primeiro foi do poder executivo durante a gestão da ex-
prefeita Marta Suplicy, foi feito um acordo com a USP, sobretudo com a ECA e por
meio desse acordo se implantou um programa inovador na cidade de São Paulo
chamado EDUCOM: Educação e Comunicação pelas ondas do rádio. Por meio
desse acordo, que era um convênio guarda-chuva com a USP, que contemplava
possibilidade de vários termos aditivos, foram contratados profissionais que deram
assessoria a formulação da proposta em âmbito do executivo municipal, inclusive
para a capacitação de professores, trabalhadores e alunos interessados em
desenvolver o programa. O que nós fizemos, e o nosso mérito se resume a isso, foi
ter consolidado a proposta na forma de um projeto de lei que depois acabou sendo
aprovado e sancionado pela prefeita, de tal maneira que mudanças de governo e
orientação político-partidárias não interferissem na continuidade do programa. Então
nós entendemos que foi importante a apresentação do projeto e sua transformação
em lei em 2004 com essa característica, embora o mérito inicial tenha sido do
executivo na sua relação com a USP.
LUIZ – Qual a importância do meio rádio no processo de ensino-
aprendizagem?
NEDER – O rádio foi um instrumento importante no processo de incentivo a prática
cidadã em diferentes momentos da história do país, como fator de mobilização,
conscientização e de discussão de políticas públicas, mas ele foi utilizado muito
precariamente com essa característica de participação da sociedade civil na
definição de sua linha editorial. Vem daí todo o movimento que nós fizemos para
regulamentar as rádios comunitárias do município de São Paulo. Eu inclusive
aprovei a lei que instituiu a rádio comunitária no município, junto com um vereador
do PSDB, mas infelizmente depois o governo ingressou com uma ação de
declaração de inconstitucionalidade, dizendo que esse tema só poderia ser tratado
161
no Congresso Nacional. Nós defendemos a ideia de que é preciso democratizar a
questão da proposta de marco legal hoje no país, fazendo com que os Estados e os
Municípios assumam crescentemente um papel na regulamentação do uso desses
instrumentos de comunicação, entre eles o rádio, mas também a TV comunitária e
outras modalidades, e que também possam contribuir pelo processo de fiscalização
para que não se deturbe esse caráter comunitário que nós pretendemos pra rádio,
TV e outros instrumentos de comunicação, mas isso pensando na cidade e
pensando nos bairros e nas regiões. A ideia de você trazer o rádio também como
instrumento pra dentro da escola é exatamente em função das próprias
características da escola. Então se a escola é um espaço por excelência de ensino
formal e de você constituir novas lideranças, nada mais acertado que utilizar esse
instrumento para propiciar aos professores, aos educadores, aos trabalhadores e
alunos de modo interativo, discutir a grade curricular, discutir a inserção ou não da
escola naquele ambiente em que ela está, inclusive discutindo as causas da
violência e ao mesmo tempo propiciando o surgimento de novas lideranças que
vejam na democratização dos meios de comunicação e atuação em um novo
mercado que vai se constituir no país. Então foi correto pensar a rádio num primeiro
momento com essa característica de uma rádio analógica, só que de 2004 para
2012 transcorreram 8 anos e houve toda uma mudança do enfoque, o surgimento de
novas tecnologias, o barateamento, inclusive, daquilo que poderia ser ofertado nas
escolas, de tal maneira que isso nos levou a repensar o programa para além da
questão do rádio e da rádio analógica e veio daí a perspectiva nossa de atualização
da lei.
LUIZ – Diante de um cenário que temos hoje com tablets, smartphones e
computadores, por que optar pelo rádio como política pública?
NEDER – Eu acho que se nós analisarmos a redação que foi dada ao projeto, e o
projeto deu entrada agora no mês de junho, e uma das mudanças inclusive que
foram discutidas exaustivamente com participação de representantes da secretaria
municipal da educação, com representantes dos alunos, com trabalhadores e com o
pessoal que está nas escolas, inclusive interagindo com o conceito do CEU, que é o
Centro Educacional Unificado, que articula política de educação com cultura,
esportes, lazer, recreação e futuramente com outras políticas públicas, foi nós não
nos prendermos a questão do rádio. Inclusive em decorrência disso mudou-se a
proposta da denominação do programa, antes era EDUCOM: Educomunicação nas
ondas do rádio e nós evoluímos para EDUCOM, quer dizer, a Educomunicação
como sendo o centro do enfoque da política, não nos prendendo mais a tecnologia
do rádio. Então a proposta é que nós continuemos com o rádio, mas que outras
tecnologias, como essas que você citou, sejam incorporadas no dia a dia das
escolas, porque essa é a tendência natural: inclusão digital, trabalhar com o conceito
das redes sociais, desenvolver o protagonismo infantojuvenil, formar novas
lideranças, fazer com que a legislação hoje existente no país seja efetivamente
162
aplicada, inclusive que nós tenhamos massa crítica para uma forte pressão sob o
Congresso Nacional e futuramente para outras instâncias do Poder Executivo, para
que haja essa democratização dos meios de comunicação no país, aumentando o
papel dos Estados e Municípios na gestão dessas políticas de Educação e
Comunicação democráticas.
LUIZ – Como você enxerga o projeto hoje 8 anos após a sua implementação?
NEDER – O projeto é vitorioso, evidente que você depende da vontade política do
Poder Executivo de fazer isso numa escala maior, eu acho que nós vencemos uma
etapa inicial que a iniciativa partia só do Poder Executivo. Hoje você tem
protagonismo juvenil que há alunos, inclusive, demandando a implantação desse
programa em várias outras escolas e equipamentos sociais e nós temos uma
tendência a que se exija agora do próximo governante a ser eleito, independente da
sua filiação partidária, que esse projeto seja implantado em todas as unidades da
rede da Educação, mas não apenas da rede Educação, mas nós gostaríamos que
outras secretarias pudessem se apropriar desse potencial que está contido no
projeto. Veio daí a ideia de nós termos não só um Conselho Gestor que integre as
diferentes políticas públicas e secretarias em âmbito municipal, mas que isso seja
feito também em cada uma das subprefeituras com a criação de Conselhos
Gestores em âmbito regional e local. Então esta integração de cultura com
educação, esportes, lazer e recreação, saúde, combate a violência, isso tem uma
tendência a acompanhar um movimento pela descentralização da gestão das
políticas e do orçamento na cidade e a expectativa nossa é que esse novo projeto,
que começa a tramitar agora na câmara, ele nos ajude a fazer com que essa política
não fique confinada na área da Educação e em alguns equipamentos educacionais,
mas nós queremos que isso chegue ao conjunto da rede da Educação e das demais
secretarias, mas pra isso vai ter de ser uma política de governo e não apenas algo
que dependa da vontade do secretário/secretária de Educação.
LUIZ – Você comentou de um projeto em parceria com um vereador do PSDB
de municipalização das rádios comunitárias de São Paulo. Isso tem alguma
relação com projeto EDUCOM?
NEDER – Eu acho que isso é uma tendência de médio/longo prazo. E foi um
vereador do PT e outro do PSDB apresentando juntos. Infelizmente o governo em
uma gestão acabou inviabilizando a aplicação na prática desse projeto, entrando
com uma ação de declaração de inconstitucionalidade no STF arguindo que esse
tipo de política deveria ser definida no Congresso Nacional e não poderia ser de
iniciativa parlamentar, mas há muita controvérsia. Nós apresentamos o projeto
naquele momento, já sabendo que uma das contribuições que ele poderia dar era
incentivar o debate sobre que medida a Câmara Municipal e os municípios poderiam
163
legislar sobre esse tema, e nós vamos continuar pressionando para que na mudança
do marco legal que se discute hoje em Brasília, em relação às concessões de rádio,
televisão com fins muitas vezes de uso por religiões, por igrejas, por políticos ou com
fins privados lucrativos, que haja um controle maior por parte da sociedade na
destinação desses recursos que em última instância são de interesse do conjunto da
sociedade e não só daqueles segmentos ou grupos econômicos que foram se
apropriando dessas propostas.
165
APÊNDICE XII
ENTREVISTA COM A PROFESSORA MARIA DE FÁTIMA BARBOSA SANTOS
Nome do contato: Maria de Fátima Barbosa SANTOS
Cargo ocupado: Professora na EMEF Fagundes Varella
*** Entrevista realizada em 03/09/2012 na EMEF Fagundes Varella
LUIZ - Quantos alunos a escola possui?
FÁTIMA - Segundo site da secretaria municipal de Educação, são 1150 alunos.
LUIZ - Quantos anos o projeto “Nas ondas do Rádio” está implementado nesta
escola?
FÁTIMA - 4 anos. Acho que mais ou menos 4 anos.
LUIZ - Como ele surgiu?
FÁTIMA – Isso que foi interessante, nós desenvolvemos o projeto que era de SME (Secretaria Municipal de Educação). Era um projeto dentro de uma plataforma da internet e as crianças tinham que participar, montar o projeto e a partir daí eles tinham que montar uma proposta de intervenção na comunidade deles. Eles optaram por falar do lixo e aí nós levamos até o final e quando chegou ao final eles teriam de apresentar essa proposta de intervenção. E qual seria? Porque eles já tinham estudado tudo sobre a condição da escola deles, da comunidade deles que precisava melhorar e como é que eles iam passar isso? Como eles iriam intervir? Algumas escolas fizeram levantamento de algum espaço próximo a escola e que estava ruim, entraram em contato com subprefeitura, mas os nossos não. Os nossos inventaram a rádio. “Ah não, nós vamos fazer rádio, porque daí a gente consegue falar através da caixa de som com os outros alunos pra eles não sujarem, pra eles manterem o espaço limpo” então a partir daí montamos a programação, que foi gravada em um CD e nós levamos um rádio pra lá, com a caixa de som, e fizeram o primeiro dia de rádio. Foi isso. E aí foi muito interessante, porque daí as crianças queriam participar mais. No segundo ano o diretor da escola montou a sala de rádio e aí que veio o projeto “Nas Ondas do Rádio”: quando tinha que formalizar mesmo, porque esse projeto já estava rolando há algum tempo e não tava com uma proposta, não tinha passado por ninguém: nem por conselho de escola, nem supervisão, por ninguém. Então no ano passado eu montei o projeto oficial pro “Nas Ondas do Rádio” e foi assim que aconteceu. A rádio não possuía um nome, então fizemos o concurso pro nome. As crianças tinham que deixar o nome dentro de uma caixinha e o vencedor ganhou um prêmio e também uma publicação no blog, nos meios de comunicação da escola. Depois nós fizemos outro concurso que foi do
166
grafite da sala de rádio. Aí outra criança da 8ª série na época, e que já não estuda mais aqui, ele que venceu e o mesmo fez o grafite. Porque eles montaram na sala de informática uma ideia do que seria, daí nós avaliamos, e quem avaliou? Os meninos da rádio “Ah esse aqui tá legal, então vamos escolher este”. Nós compramos as tintas e o próprio aluno vencedor fez o grafite.
LUIZ - Quantos alunos atualmente o projeto possui? Qual a idade deles e de
que série são?
FÁTIMA - Tem uma média de 8 alunos. Eles são de 5ªs, 7ªs e 8ªs séries.
LUIZ - Qual o critério de escolha para os alunos participarem do projeto? Os
melhores são escolhidos ou os que estão mais afim?
FÁTIMA - Aqueles que estão mais afim. No começo do ano nós divulgamos o projeto e aqueles que estão interessados participam.
LUIZ - Qual o nome da rádio? Como foi feita a escolha do nome?
FÁTIMA - Rádio Recreio. A escolha do nome foi feita através de um concurso com todos os alunos da escola e um garoto da 6ª série foi o vencedor. Na ocasião ele ganhou um prêmio.
LUIZ - Quais os tipos de formato de programas são produzidos? Notícias?
Musical? Variedades?
FÁTIMA - Notícia, musical, esportes... Eles colocam poemas também, eles colocam informações, informativo da escola né...
LUIZ - Existe uma grade de programação?
FÁTIMA - Não há.
LUIZ - Como são elaborados os programas? Existe uma reunião de pauta?
FÁTIMA - Existe. É, como eles estão fazendo agora (alunos no momento da entrevista estavam na frente do computador). Eles sentam, montam a pauta do programa no papel e já montam a pauta no computador . Depois eles já começam a gravar no Audacity. Aí eles pegam um arquivo de música, coloca e apresenta essa música. É feito assim.
LUIZ - Como os programas são produzidos? Em estúdio próprio ou na sala de
informática? E quem faz a edição?
FÁTIMA - São produzidos na sala de informática e os próprios alunos fazem a edição, com o auxílio da professora.
167
LUIZ - Como são reproduzidos os programas? Na hora do intervalo ou em
outros horários? Tem programa ao vivo?
FÁTIMA - Somente na hora do intervalo. Não tem programa ao vivo, mas tem participação ao vivo, de repente eles usam o microfone pra fazer uma participação, mas um programa em si não há.
LUIZ - A comunidade tem acesso para poder acompanhar os programas da
rádio? Como por exemplo: blog, facebook, youtube...
FÁTIMA - Não. Pra blog sim, mas nosso blog hoje está parado.
LUIZ - A rádio conta com a participação de outros professores?
FÁTIMA - Há uma participação esporádica, ela não é constante, mas em algumas datas específicas eles participam de alguma forma.
LUIZ - Muitos alunos desistiram do projeto ou acontece o contrário: muitos
querem participar? Por que?
FÁTIMA - Então, a demanda no início é grande, muitos alunos querem participar, porém é assim: como não é uma atividade só lúdica, porque eles precisam escrever, eles precisam ler, então muitos alunos deixam de participar. E também há a questão do horário, por ser pós aula ou pré aula, então acho que inviabiliza muitas vezes também. Mas quem fica são aqueles que tem muito interesse e disponibilidade de tempo.
LUIZ - Há um rodízio de funções entre os alunos?
FÁTIMA - Ah isso gera até briga (risos). Hoje mesmo foi a briga, mas no bom sentido, porque quem vai fazer a programação dos pequenos, quem vai fazer a programação dos grandes. Eles se organizam assim “Oh, hoje nós vamos fazer a programação dos pequenos, depois dos grandes” e quem vai gravar né. Tem uns que dizem “Ah num dá, sua voz não dá, então é melhor que eu fale”, mas eles se organizam sim.
LUIZ - O modelo da radioescola se assemelha ao das rádios comerciais?
FÁTIMA - Acho que bem pouco, sabia... Nós usamos como exemplo algumas coisas, mas acredito que eles tenham o jeito deles.
LUIZ - De que forma a rádio melhorou a aprendizagem dos alunos?
FÁTIMA - Então, na aprendizagem especificamente, eu nunca ouvi muito aqui sobre isso, dos outros professores. O que a gente ouve é na questão do comportamento. Mudou muito o comportamento. A postura dele como monitor, como aluno da rádio
168
em relação aquilo que ele era antes. Agora, ele fica mais prestativo, então efetivamente isso vai aparecer na aprendizagem. É dessa forma que eu vejo. Tem alguns relatos que os meninos avançaram, e que estão mais atentos.
LUIZ - Você observou nos alunos se melhorou o trabalho em grupo?
FÁTIMA - Sim, eles conseguem até resolver conflitos. Até questão de conflito entre o grupo dele e outro grupo ele já tem outro olhar.
LUIZ - Qual o maior desafio para manter o estímulo nesses alunos a continuar
participando do projeto?
FÁTIMA - O projeto por ser uma atividade diferente do que eles fazem em outro período, em sala de aula, então acho que por isso ele já convida a esses meninos a participarem. Por ser rádio, por eles poderem usar o computador, usar a internet, então isso já é um meio. Outra coisa: por conta desse poder de liderança, porque ele adquire dentro do grupo dele. Porque ele é o monitor , ele se sente diferente e isso faz com que ele continue, porque é interessante pra ele também. O aluno que está na rádio como aluno monitor também pode ser mestre de cerimônia. E na escola nós precisamos de mestre de cerimônia né. Interessante são esses alunos no dia da apresentação deles. É que é assim: eles precisavam ler a pauta pra saber o que iriam falar. E foram morrendo de medo, um até disse “Não vou conseguir chegar lá na frente, eu vou travar”. Resultado: fizeram excelentemente. Na hora que terminou, o aluno me disse “Olha professora, se a gente tivesse que fazer denovo a gente fazia”. Então quer dizer, eles evoluem muito né, é uma aprendizagem pra vida, profissionalmente, você não acha? E eles estão aprendendo né. Eles estão ali brincando de fazer rádio, vamos pensar assim né, mas eles estão passando informação, eles estão escrevendo, porque o objetivo geral aqui da nossa escola é leitura e escrita. Então ele é obrigado a ler e a escrever. E eu tenho alunos não alfabéticos na rádio e que fazem rádio. Por isso é muito interessante.
169
APÊNDICE XIII
ENTREVISTA COM O ALUNO RUBENS ROCHA PEREIRA
Nome do contato: Rubens Rocha PEREIRA
Cargo ocupado: Ex-participante do projeto “Nas Ondas do Rádio” na EMEF
Fagundes Varella
*** Entrevista realizada em 03/09/2012 na EMEF Fagundes Varella
LUIZ – Qual a sua idade?
RUBENS – 15 anos.
LUIZ – Qual série você estuda atualmente?
RUBENS – 1º ano do Ensino Médio.
LUIZ – Com quantos anos você entrou nesse projeto da rádio?
RUBENS – Na época eu tinha 14 anos e estava na 8ª série.
LUIZ – E por quanto tempo você ficou nesse projeto?
RUBENS – Foi cerca de 8 meses.
LUIZ – E como era o dia a dia aqui da rádio?
RUBENS – Era bem legal, todo mundo tinha amizade, então todo mundo conseguia falar um com o outro bem, nos comunicávamos bem.
LUIZ – E qual era sua função aqui na rádio?
RUBENS – A gente tinha o projeto que era o “Jornal Mural”, que produzia notícias pra ficar semana toda no mural e também fazia a programação.
LUIZ – E você fazia a locução, a pauta, como é que era?
RUBENS – Eu fazia a pauta.
LUIZ – Então você era o responsável por fazer tudo? Aí você pesquisava?
RUBENS – Sim eu pesquisava, as vinhetas, assuntos...
170
LUIZ – E você gostava?
RUBENS – Gostava. E até porque se eu não gostasse não faria.
LUIZ – Como eram as suas notas antes de entrar no projeto? Eram baixas ou
eram boas?
RUBENS – Minhas notas sempre foram boas. E mesmo participando todos os dias
na rádio elas permaneceram boas.
LUIZ – E você observou alguma melhora pra escrever textos e redações?
RUBENS – Melhora. Ajuda né, porque antes eu tinha até dificuldades pra me comunicar e pra escrever um texto a gente precisa nos comunicar direito e ir atrás. Agora melhorou.
LUIZ – Por que você entrou no projeto?
RUBENS – Eu entrei no projeto por que eu me interessei, tive interesse desde quando começou, só que quando começou eu não tinha chances de entrar porque eu estudava a tarde. Depois eu fiquei sabendo que abriu vaga, pedi pra me avisarem o dia que abriu, aí eu me interessei e entrei.
LUIZ – E o que você tem a dizer sobre essa rádio?
RUBENS – O que eu tenho a dizer é que foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo na escola. E também foi a das melhores que eu participei. Pelo pouco que eu vi nas outras escolas, essa foi a melhor que eu pude ver. Porque aqui tem toda uma estrutura boa.
LUIZ – E se você não tivesse nesse projeto da rádio, aonde você estaria? O
tempo que você passou aqui fazendo rádio, em qual lugar você estaria?
RUBENS – Certamente eu estaria em um estúdio. Eu toco guitarra. Ou também estaria jogando bola, estaria gastando tempo com outra coisa.
LUIZ – E o que essa rádio proporcionou na sua vida?
RUBENS – Muita coisa. Proporciona muitas coisas: novas amizades, pude conhecer mais sobre a área que eu quero fazer, que é Rádio e TV, um monte de coisa interessante que tá me ajudando hoje também. Na escola onde estou atualmente, nós fizemos teatro, a gente precisou de mexer com equipamentos de som. Eu escrevi também uma peça, então me ajudou com muitas coisas, está me ajudando e vai me ajudar em muita coisa.
171
APÊNDICE XIV
RESULTADOS DA PESQUISA COM ALUNOS PRODUTORES
1)
Qu
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10 anos
5ª série 1 ano Não Sim Sim Não Sim Sim
respostas e perguntas
musicas e piadas lição
11 anos
5ª série 1 ano Não Sim Sim Sim Sim Não
as palhaçadas nada
as tarefas de casa a lição
15 anos
8ª série 4 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim
a professora estava divulgando no começo do ano asi eu me interessei
que um ambiente lega de se trabalhar, muito agradável e aprendi muito com a radio
iri fica em casa sem fazer nada
15 anos
8ª série 2 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim
O que me atraiu a participar da Rádio Recreio foi saber que eu poderia ajudar as outras pessoas e passar notícias para outras pessoas.
Foi e é uma coisa boa, me ajudou em muitas coisas me ajudou a enxergar o mundo de outra maneira de uma forma diferente.
Estaria fazendo curso de "aventura selvagem".
14 anos
8ª série 2 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim
As pessoas falaram que era legal e interessante aí eu resolvi entrar na rádio.
A Rádio Recreio é muito interessante, gosto muito de participar da rádio é muito legal.
Estaria cuidando da minha ou estaria em casa mexendo no computador ou na rua.
172
1)
Qu
al a
su
a id
ade
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2)
Em
qu
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ocê e
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3)
Há
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13 anos
7ª série
9 meses Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Eu ouvi dizer que era interessante aí foi que surgiu a ideia de vir fazer a Rádio Recreio.
A Rádio Recreio é ótima, adoro fazer a programação e é ótimo ser aluna monitora e poder fazer a rádio.
Eu estaria em casa, na rua ou mexendo na internet.
15 anos
7ª série
9 meses Sim Sim Sim Não Sim Sim
Porque todos em minha volta me incentivaram a fazer parte do projeto. Fiz um teste, vim o primeiro dia e gostei.
É um projeto que é diferente e bom para a minha auto estima.
Treino de futebol.
13 anos
7ª série
9 meses Não Sim Não Não Sim Sim
quando vi ao redor do meus amigos todos quizerao participar e me comvidarao e eu quis esperimentar.
o projeto bom.
dormindo ou jogando futebol.
173
APÊNDICE XV
RESULTADOS DA PESQUISA COM ALUNOS OUVINTES
1)
Qual a s
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2)
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rádio
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3)
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14 anos Não
11 anos Sim Não Sim Não Sim
11 anos Sim Sim Sim Não
Sim
11 anos Sim Sim Sim Não
Sim
11 anos Sim Não Sim Não Sim
13 anos Sim Sim Sim Não
Sim
12 anos Não
11 anos Sim Sim Sim Não
Não
12 anos Sim Sim Sim Não
Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim por tem varias musicas que eu gosto Sim
174
12 anos Sim Sim Sim Não
Não
12 anos Sim Sim Sim Não
Sim
10 anos Sim Sim Sim Não
Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim
porque eu nao fui chamada e tanbem tenho vergonha de faser Não
10 anos Sim Sim Sim Não
Sim
11 anos Sim Sim Não
por que o son da rádio é muito baixo e as músicas são meio chatas poderia ser mais legais. Sim
por que já tem produtores para a rádio. Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim porque eu esto sempre estudando Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim por que nao sou aluno munitor Sim
12 anos Sim Sim Não
colocaria mais volume e mais musica Não
Sim
11 anos Sim Sim Sim Não
Não
11 anos Sim Sim Sim Não Não
11 anos Sim Sim Sim Não Não
11 anos Sim Sim Sim Sim porque eu não sou aluno munitor Sim
10 anos Sim Sim Sim Sim porque eu nao fui chamada Não
11 anos Sim Sim Sim Sim por que nao tenho tempo Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Não
11 anos Sim Sim Sim Não Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim eu nao sei Sim
12 anos Sim Sim Sim Sim eu nao sei Sim
11 anos Sim Sim Sim Sim
porque nao faço proguama de radio
Sim
12 anos Sim Sim Sim
Sim Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Não
12 anos Sim Não Sim Não Não
13 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Não Não Não Não
10 anos Sim Sim Não
as musicas porque sao muito chatas e sao muito repitidas. Não Sim
12 anos Sim Não Não
As músicas, as programações, as informações e as pessoas. Não Não
11 anos Sim Sim Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
13 anos Sim Sim Sim Sim por que eu estou,estudando no horario da radio Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
175
13 anos Sim Não Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Não
eu queria que alguns monitores fossem em cada sala pergutarem qual musica vocÊ preferia;;; é que pasasse mais rock Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Não
11 anos Sim Sim Sim Não Sim
13 anos Sim Não Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
11 anos Sim Sim Não pq eu nao monitoro Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Sim por que estou em sala de aula no horario da radio Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Não
13 anos Sim Sim Não OS SOM Sim PORQUE EU NÃO ERA DA RÁDIO Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Sim por que a radio é para os monitores Sim
12 anos Sim Sim Não
eu acho a radio muito legal,eu nao mudaria nada. Não Não
12 anos Sim Não Sim Sim PRQR QUE EU NAO SOU DA RADIO Sim
12 anos Sim Sim Sim Sim Não
13 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Não Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Sim porque eu nao tenho tempo Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
11 anos Sim Sim Não nada; Sim porque nao gosto -' Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Sim NÃO Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Não
11 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
11 anos Sim Sim Não as musicas Sim eu nao gosto Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Sim Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
13 anos Sim Sim Sim Sim PQ EU NÃO GOSTO Não
12 anos Sim Sim Sim Sim SIM. Sim
11 anos Sim Sim Sim Não Sim
9 anos Sim Sim Sim Não Não
11 anos Sim Sim Sim Não Sim
13 anos Sim Não Não AS MUSICAS ... Não Sim
11 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
176
12 anos Sim Não as musicas Não
12 anos Sim Sim Sim Sim porque eu nao posso Sim
14 anos Sim Não Sim As musicas Não Sim
15 anos Sim Sim Sim Sim NÃO. Sim
12 anos Sim Não Sim as musicas Sim por que nao; tenho tem po Sim
12 anos Sim Não Sim Não Não
12 anos Sim Não Sim Não Sim
12 anos Sim Não Sim Não Sim
12 anos Sim Não Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
13 anos Sim Sim Sim Sim NÃO Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
13 anos Sim Sim Sim Sim
PORQUE NÃO EU NÃO QUERO E NEM ADIANTA ME OBRIGAR Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
15 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Sim porque não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Não
12 anos Sim Sim Não
QUE PASSASE AS MUSICAS QUE A GENTE EMSAIA NA SALA COM A PROFESSORA BRUNA Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Não Sim Não Não
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Sim Não
Eu mudaria as musicas de Rock. Não Não
12 anos Sim Não Não
TEM UMS TIPO DE MUSICAS QUE NAO ROLA Não Sim
14 anos Sim Sim Sim Sim sim Sim
12 anos Sim Sim Sim Não Sim
12 anos Sim Não Sim Sim por que não Sim
177
APÊNDICE XVI
RESULTADOS DA PESQUISA COM PROFESSORES
1)
Qual dis
cip
lina o
(a)
se
nhor(
a)
lecio
na?
2)
Há q
uanto
tem
po m
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esta
escola
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3)
Tra
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s?
4)
Consid
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5)
Consid
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educar
crianças e
adole
scente
s?
6)
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rádio
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7)
O(A
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?
8)
O(A
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nho
r(a)
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rogra
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rádio
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os n
a e
scola
co
mo p
art
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e
suas a
ula
s?
9)
Obse
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elh
ora
no p
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e
ensin
o-a
pre
ndiz
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m?
10)
Já f
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ado p
ara
dar
entr
evis
ta n
a
rádio
?
11)
E s
e fosse c
onvid
ado a
part
icip
ar
da
pro
gra
maçã
o, aceitaria o
convite
?
12)
Qu
al sua o
pin
ião s
obre
a R
ádio
Recre
io
da E
ME
F F
agund
es V
are
lla?
INGLÊS 4 ANOS Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim MUITO BOA!
geogreafa
12 anos Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim
É uma grande iniciativa, desenvolvida pela POIE Fátima e os alunos monitores e que tem sido importante para os alunos; infelizmente ainda não foi apropriada pelos de mais professores da UE em suas respectivas disciplinas ou em um projeto coletivo.
178
recuperação paralela.
26 anos. Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim
Acho maravilhoso! É um momento de total interação.
ENSINO FUNDAMENTAL I
13 ANOS Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim
Acredito que está pautada muito em músicas, pois não há um envolvimento da sala de aula com a Rádio. Muitos professores dizem sobre a importância, mas resistem e se negam a trabalhar de forma mais estreita. Caso fosse considerada importante, seria um dos pilares do Projeto Pedagógico e não o é. Se quer há material necessário para o desenvolvimento adequado dessa atividade no laboratório.
Leitura e Polivalência
20 anos Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim
historia 3anos Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não
é bem legal pois proporciona a integração entre os alunos
Leitura e Polivalência
20 anos Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim
Tenho uma posição muito positiva quanto ao conteúdo e quanto ao desempenho dos alunos de ciclo II envolvidos no projeto, inclusive no ano passado tivemos bons resultados o que contribuiu para avanços significativos também no Ensino Médio e na vida pessoal dos alunos.
Professor Polivalente 4 anos Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim
É um excelente projeto que envolve todos os alunos e favorece a melhoria da qualidade da aprendizagem.
179
Português
Há quase 24 anos Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim
Na aprendizagem por projetos, os alunos são protagonistas, atuam como co-autores. Criam autonomia para compartilhar conhecimentos.
180
APÊNDICE XVII
MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS PRODUTORES
Link do questionário na web: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGdQQzVLQjRlb3lreW9RWVZMTFNvYVE6MQ
1) Qual a sua idade? *
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
16 anos
17 anos
181
2) Em qual série você estuda? *
1ª série
2ª série
3ª série
4ª série
5ª série
6ª série
7ª série
8ª série
3) Há quanto tempo faz parte da rádio? *
4) De um modo geral, suas notas melhoraram após sua entrada na Rádio Recreio? *
Sim
Não
5) Depois de fazer parte do projeto da Rádio Recreio, você passou a acompanhar mais as notícias
que se passam ao redor do mundo? *
Sim
Não
6) Você encontra mais facilidade para escrever textos e redações? *
Sim
Não
7) As habilidades que você desenvolve participando na rádio melhoraram os seus estudos?*
Sim
Não
8) Você se sente mais estimulado para participar das atividades da escola? *
Sim
Não
182
9) O seu relacionamento com colegas, professores e demais pessoas da escola melhorou após
participar do projeto? *
Sim
Não
10) O que o atraiu para participar da Rádio Recreio? *
11) O que tem a dizer sobre a Rádio Recreio? *
12) Se não estivesse participando do projeto, o que você estaria fazendo neste horário? *
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183
APÊNDICE XVIII
MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS OUVINTES
Link do questionário na web: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGRKQkRYSGpPbm5URy05TTJ0WXI3YlE6MQ
1) Qual a sua idade? *
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
16 anos
17 anos
184
2) Em qual série você estuda? *
1ª série
2ª série
3ª série
4ª série
5ª série
6ª série
7ª série
8ª série
3) Você conhece a rádio interna que existe em sua escola? * Rádio Recreio Fagundes Varella. (Se você não conhece a rádio, não é necessário mais responder este questionário. Desça até ao final da página e clique em "Enviar".)
Sim
Não
4) Você acompanha a programação da rádio?
Sim
Não
5) Você aprova a programação da rádio? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 7. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 6.)
Sim
Não
6) O que mudaria na rádio?* (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido NÃO na pergunta nº 5.)
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7) Você colabora, de alguma forma, com as produções de programas para a rádio? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 8. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 9.)
Sim
Não
8) Por que não participa de forma efetiva?*
(Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido SIM na pergunta nº 7.)
9) Já ficou sabendo de eventos da escola pela rádio?
(Exemplo: comunicados da direção, reunião de pais, eventos da escola, etc.)
Sim
Não
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APÊNDICE XIX
MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
Link do questionário na web: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dFJ6ekEwYjhHT3hBM2VseXRkSG8tSVE6MQ
1) Qual disciplina o(a) senhor(a) leciona? *
2) Há quanto tempo ministra aulas nesta escola? *
3) Trabalha com os meios de comunicação nas suas aulas? * Exemplo: vídeos com trechos de filmes, músicas, programetes de rádio, imagens, etc.
Sim
Não
4) Considera importante o uso das mídias (rádio, jornal, televisão) na educação? *
Sim
Não
187
5) Considera importante a escola utilizar de uma rádio como mais uma estratégia pedagógica para educar crianças e adolescentes? *
Sim
Não
6) Conhece a rádio interna que existe em sua escola? * (Rádio Recreio Fagundes Varella. Caso não conheça a rádio, não é necessário mais responder este questionário. Desça até o final da página e clique em "Enviar".)
Sim
Não
7) O(A) senhor(a) participa dos projetos da rádio de sua escola?
Sim
Não
8) O(A) senhor(a) usa os programas de rádio produzidos na escola como parte de suas aulas? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 9. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 10.)
Sim
Não
9) Observou melhora no processo de ensino-aprendizagem? (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido SIM na pergunta nº 8.)
Sim
Não
10) Já foi convidado para dar entrevista na rádio? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 12. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 11.)
Sim
Não
11) E se fosse convidado a participar da programação, aceitaria o convite? (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido NÃO na pergunta nº 10.)
Sim
Não
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12) Qual sua opinião sobre a Rádio Recreio da EMEF Fagundes Varella?
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APÊNDICE XX
CRONOGRAMA ANUAL DE TRABALHO
2012
ATIVIDADE mar abr mai jun jul ago set out nov dez Levantamento Bibliográfico
X X X
Leitura e Fichamento das Obras
X X X
Elaboração de Projeto de Pesquisa
X X X
Revisão Bibliográfica
X X X
Análise Crítica do Material
X X X
Entrevistas e Pesquisa de
Campo
X X X X X
Redação X X X X X X X Pré-Banca X
Defesa X Orientação
Programada X X X X X X X X
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