TOSTÃO - Hugo Calderano · 2018. 4. 9. · Hoje édia de decisões noslongos estaduais. Alguém...

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Hoje é dia de decisões nos longosestaduais. Alguém disse que elessão muito curtos, pois, quando fi-cam bons, emocionantes, acabam.Nopassado, osestaduais eramos

principaiscampeonatosdopaís.emminha infânciaeadolescência, eu iaem quase todos os domingos commeupai, de ônibus, ao estádio Inde-pendência,sentado,aoladodajane-la,paravera festadas torcidas.elassecruzavam,semviolência.Noestá-dio, eu ficava no primeiro degrau daarquibancada,poucosmetrosacimadogramado,paraver,deperto,os jo-gadores com suas faces de tensão,alegriaetristeza.erafutebolaovivo.Muitas pessoas não entendem

comoerapossível em todos os clás-sicos ter torcidas igualmente divi-didas. Tambémnão compreendemcomodá para viver sem celular, in-ternet ou WhatsApp. Ainda man-tenho vários hábitos daquela épo-ca. Uso o celular apenas para fa-

zer e receber ligações, compro jor-nais na banca, converso com o ge-rente no banco, pego táxi na rua,sem aplicativo e tantas outras coi-sas que se tornaram obsoletas.Sobrevivo, com prazer, graças à

ajuda tecnológica de pessoas pró-ximas e queridas. Se eu chegar aos80 anos, serei expulso do planeta,por inadaptação aomundo virtual.Aos 16 anos, em 1963, comecei a

jogar os estaduais, já como titulardoCruzeiro.Apartir de 1965, comainauguraçãodoMineirão, oCruzei-ro foi pentacampeão mineiro. Te-nho saudades dessa época.oCruzeiro jogava comumvolan-

te (Piazza) e dois meias ofensivos

(eu eo cracaçoDirceuLopes). A se-leção, contraaRússia,atuouassim,com Casemiro de volante, mais osmeias Paulinho e Coutinho. Carpe-giani fez omesmo no Flamengo, aoescalar o volante Cuellar e os mei-as Diego e Paquetá. Teve algunsbonsmomentos, comonavitória so-breoemelec, quandoo time foibas-tante elogiado. emseguida, foi exe-crado, por perder do Botafogo. oManchester City também joga com

um volante (Fernandinho) e doismeias (De Bruyne e David Silva).Na derrota para o Liverpool, por

3 a 0, Guardiola surpreendeu e tro-cou o ponta aberto (Sterling) pormais um armador (Gündogan). De-ve ter ficado preocupado com a sa-ídadeboladadefesa,poissabiaqueo Liverpool pressionaria Fernandi-nho. Deu errado. o City ficou torto,sem um jogador pela direita, e nãoconseguiu trocarpassesdesdeade-fesa. o Liverpool, no primeiro tem-po, recuperouabola facilmente,per-to do gol. Como Guardiola é ummi-to, quase não foi criticado.omesmoocorrecomTite,nasele-

ção, e com Renato Gaúcho, no Grê-

mio.Mesmosefizeremalgumacoisaerrada, não serão criticados. Semcomparar a qualidade técnica deGuardiola e Renato Gaúcho nem aimportância que cada um tem paraofutebol,Guardiolaestáparaomun-docomoRenatoGaúchoestáparaatorcidadoGrêmio,doFlamengoedemuitasoutrasequipesbrasileirasquegostariamde tê-lo como treinador.oLiverpool, dirigidopeloalemão

jürgen Klopp, valorizado, mas nãotanto quanto Guardiola, deu umaaulapara os técnicos brasileiros decomo pressionar quem está com abola, com intensidade, em todo ocampo, sem fazer tantas faltas, semlevar cartões e sem tumultuar o jo-go. Isso não significa que todas asequipesdevemusaramesmaestra-tégia. Há várias maneiras de jogarbem e de vencer. o futebol é muitocomplexo.osqueachamquesabemtudo, ou os que não sabem nada,são que tentam simplificá-lo.

Futebol é complexoT O S T Ã O

Espero ver, nas decisõesestaduais, em todo o país,bons jogos, sem violênciae sem excesso de faltas

Marcelo lagunaDe sãopaulo

Aoficarcomovice-campe-onato do Aberto do Qatar detênis de mesa no início demarço,obrasileiroHugoCal-deranomudoudepatamarnamodalidade.Parachegarà fi-nal do torneio (equivalente aumGrandSlamno tênis), ba-teu dois rivais entre os qua-tro melhores do mundo, umdeles da China, país que háanos domina amodalidade.Por isso, não chegou a ser

uma surpresa sua presençana12ªposiçãonamais recen-te atualização do rankingmundial da ITTF (FederaçãoInternacionaldeTênisdeMe-sa), divulgada no último dia1º. É a melhor já alcançadaporumbrasileironahistória.E isso com apenas 21 anos.Considerado um prodígio

do tênis de mesa do país —vem sendo convocado paraseleções brasileiras desde os14 anos—, Calderano tem aconvicçãodeque logo estaráfigurandoentreasprincipaisestrelas damodalidade.“Sei quequantomais cedo

subirno ranking, estarei pre-parado para encarar os me-lhoresdomundo.Mashones-tamente, já jogo no nível dostop 10”, afirmou.Para ajudar a tornar seu

plano real, resolveu alteraraté sua dieta. Desde agostodo ano passado, Calderanotornou-se vegetariano.“Vi um documentário ex-

plicando várias coisas sobreovegetarianismoedecidimu-dar. Passei a me sentir maisdispostonos treinos”, afirma

prodígioAos 21 anos,HugoCalderanoaposta emdieta vegetariana, cubomágico etreinosnaAlemanhaparabrigar pormedalhanaOlimpíadade 2020

“ Vi umdocumentárioexplicando váriascoisas sobre ovegetarianismoedecidimudar. Passeiame sentirmaisdisposto nos treinos,mas aindanãoafetoudiretamentenomeudesempenhonaspartidas

Tenho aindaumlongo caminhopelafrente, preciso focarpara evoluir aospoucos. De qualquerforma, acreditoque terei chancesreais de buscar umlugar nopódionaOlimpíadadeTóquioHugOCalderanOMesa-tenista do Brasil

nomeHugo Calderano

nascimento e local22.jun.96 (21 anos), noRio de Janeiro (RJ)

altura e peso1,82m e 74 kg

Principais conquistasna carreira9º lugar na Olimpíada Rio-2016; ouro (individual eequipe) no Pan-Americanode Toronto-2015; bronze(individual) na Olimpíada daJuventude de Nanquim-2014

ranking atual12º lugar na lista daITTF (abril/2018)

raIo-XHugo Calderano

2009,na seleçãobrasileira, eque após a Olimpíada Rio-2016 seguiu com ele, destavez de forma individual.“Melhoreimuitodesdeque

começamos a trabalhar jun-tos. Acredito que ele me co-locou no caminho certo. OMounier trouxe uma menta-lidade diferente para o Bra-sil, umamentalidade de altonível”, afirma Calderano.Ao menos para ele, vem

dando certo.Após ficar em nono lugar

naOlimpíadaRio-2016, igua-lando omelhor resultado doBrasil na competição (quepertencia ao xará HugoHoy-ama, em Atlanta-1996), Cal-derano vem tendo uma as-censãoconstanteno rankingmundial, especialmente esteano. Foram cinco posiçõesconquistadasemapenasqua-tromeses, após ter iniciadoatemporada em 17º lugar.Se as projeções se confir-

marem, a expectativa é dechegar em condições de bri-gar pormedalhanaOlimpía-da de Tóquio, em 2020.“Tenhoaindaumlongoca-

minhopela frente,preciso fo-car para evoluir aos poucos.De qualquer forma, tenhoconfiança de que terei chan-ces reais de buscar um lugarno pódio”, diz o brasileiro.O candidato a novo ídolo

do esporte brasileiro diz tercomosonho tornaro tênisdemesa mais popular no país.“Lembrobemdasimagensdoginásio lotado na Olimpíadano Rio, com a galera torcen-do bastante. Eles viram queotênisdemesapodeseremo-cionante”, afirmaCalderano.

o brasileiro.Mesmoparaquemviveem

um país onde há uma forteculinária baseada em carnede porco, amudança não foitão traumática assim. “O im-portanteésabercomoconsu-mir os nutrientes necessári-os, como as proteínas. Op-ções sempre existem”, dizCalderano,queaindanãoviuos efeitos da nova dieta nascompetições.“Já ouvi alguns atletas ve-

ganosdizendoquesesentemcomamentemais clara,masainda não afetou diretamen-te nomeudesempenho”, ex-plica omesa-tenista.Além da dieta, Hugo Cal-

derano tambémtemumhob-by diferente para poder rela-xardas tensõesdaspartidas.Por influência do pai, apren-deu amontar cubosmágicos(quebra-cabeças coloridosque foramfebrenosanos80)aos dez anos de idade. Elecurtiu tantoobrinquedoqueseespecializouemmontá-lo,ouseja,deixar todosos ladosdamesmacor,nomenor tem-

po possível.“Hojeconsigofazeremcer-

cade 10s,masmeu recorde éde 6s”, revela, sem valorizartanto o feito. “Se você treinabastante, vira algoautomáti-co”, explica Calderano, quejá viu viralizar na internet al-guns vídeos seus montandocubos dos mais variados ta-manhos. Nem por isso ele seacha um “atleta nerd”.“Sempre fui bomaluno, ti-

nha facilidadeparaaprenderidiomaseáreadeexatas.Masnão ficava estudando o tem-po todo. Praticava vários es-portes na escola”, ressalta.

lOngE DE casaComumadosedeconfian-

ça que não deve ser confun-dida com arrogância, o cari-ocaHugoCalderano fogedospadrõesparaumatletadesuaidade. Uma prova disso foiabrirmãoda zona de confor-toda família eescolheraAle-manha como base para seustreinos e competições.Desde 2014, Calderano vi-

ve na pequena cidade alemã

de Ochsenhausen, com me-nos de dez mil habitantes elocalizadanosuldopaís, on-dedefendeoLiebherrOchse-nhausen na liga alemã e nascompetições europeias.A Alemanha é considera-

da, abaixo da China e ao la-do de alguns países da Ásia(Japão e Coreia do Sul, porexemplo), comoumadaspo-tências do tênis demesa.“No início, foi uma adap-

tação complicada, mas o fa-to de eu já ter morado trêsanosantes longedecasa [de-fendeu o São Caetano entre2011e14], ajudou”, relembra.Para atingir um nível ja-

mais alcançado por outrobrasileiro em sua modalida-de—atéentão,omelhor joga-dor do país havia sidoUbira-ci da Costa, o Biriba, 19º nomundo nos anos 60—, HugoCalderano não contou ape-nas com seu talento.Ele reconhece a importân-

cia do trabalho do treinadorfrancês Jean-René Mouniernaevoluçãodeseu jogo.Umaconvivência iniciada em

Douglas pingituro/Folhapress

Hugo calderanovive desde 2014 napequena cidade deochsenhausen (ale)

domingo, 8 de abril de 2018 ★ ★ ★ esporte b11ab

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