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TERMO DE APROVAÇÃO
EVERTON LUIZ DA ROCHA MOSSATO
JOSÉ ARISTIDES PIRES
SITE PÊNDULO CULTURAL: O INTERCÂMBIO DE CULTURA ENTRE AS CIDADES
DE ARAUCÁRIA, COLOMBO, PINHAIS, SÃO JOSÉ DOS PINHAIS E CURITIBA
Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 10 como requisito parcial para
a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelas Faculdades
Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora composta por:
Prof. Paulo Roberto Ferreira Camargo e Presidente
Prof. Felipe Harmata Marinho
Prof. Rodolfo Stancki
Curitiba, 26 de Novembro de 2012.
FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UNIBRASIL
EVERTON LUIZ DA ROCHA MOSSATO
JOSÉ ARISTIDES PIRES
SITE PÊNDULO CULTURAL: O INTERCÂMBIO DE CULTURA ENTRE AS
CIDADES DE ARAUCÁRIA, COLOMBO, PINHAIS, SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
E CURITIBA
CURITIBA 2012
EVERTON LUIZ DA ROCHA MOSSATO
JOSÉ ARISTIDES PIRES
SITE PÊNDULO CULTURAL: O INTERCÂMBIO DE CULTURA ENTRE AS
CIDADES DE ARAUCÁRIA, COLOMBO, PINHAIS, SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
E CURITIBA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de grau de bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo das Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil. Orientador: Paulo Roberto Ferreira de Camargo
CURITIBA
2012
AGRADECIMENTOS
José Aristides Pires
A tarefa de agradecimento é ingrata, haja vista a quantidade de
contribuições diretas e indiretas que este trabalho recebeu, mas, elencarei as
principais. Em primeiro lugar agradeço à minha família, que teve paciência e
me deu todo o suporte necessário para concluir este trabalho. Agradeço a
todos os professores da Unibrasil, em especial ao professor Felipe Harmata
Marinho, nosso orientador na primeira fase desta empreitada e ao professor
Paulo Camargo nosso orientador na fase final.
Everton Luiz da Rocha Mossato
Agradeço primeiramente aos diversos desafios que se impõem frente ao
estudante ao longo da carreira acadêmica. Agradeço ao desafio porque ele nos
faz crescer perante as adversidades e nos tornam pessoas mais fortes e
confiantes.
Sou eternamente grato à minha querida família. Principalmente aos
meus pais, Izilda e Norberto, pessoas maravilhosas que me inspiram sempre.
Agradeço a eles pelo incondicional amor e bondade que depositam na minha
pessoa e pela prontidão que me estendem a mão.
Agradeço ao meu irmão Fabiano, pelo estímulo ao meu ingresso no
mundo acadêmico e enorme influência que teve na minha formação cultural e
intelectual. Ao meu irmão Wellington sou grato pela parceria em todos os
momentos e pela sua alegria de viver que contagia todos ao seu redor. Sou
grato também pelo apoio que me deu neste trabalho ao me acompanhar nas
coberturas e eventos.
À minha avó Ilda e meu avô Erasmo o meu muito obrigado pela energia
positiva, às orações e ao apoio e atenção que me dão em todos os momentos.
Ao meu avô João e minha avó Ludovina, pelas conversas que me transportam
a outros mundos, pela vitalidade e felicidade inspiradora e pelas tardes de
domingo que preenchem de alegria a lembrança da minha infância.
Mas tudo na vida perde a cor sem o amor. Por isso me sinto privilegiado
e muito feliz pela companhia da minha linda Dayana, que sempre está ao meu
lado. Que revisa meus textos e com brilho nos olhos se orgulha de mim. Que
me ama e recebe meu amor todos os dias. Agradeço por dividir comigo as
vitórias e conquistas do dia a dia na faculdade.
Agradeço a todos os meus professores e colegas nestes anos de
estudo na Unibrasil. Em especial aos professores Felipe Harmata, que
acreditou neste trabalho quando isto tudo era ainda apenas uma ideia incerta, e
Paulo Camargo, por compartilhar suas experiências e pelas orientações com
clima de redação.
Enfim deixo o meu muito obrigado ao José Pires que durante toda a
faculdade dividiu projetos e construiu uma grande amizade comigo e que agora
me honra com sua parceria neste trabalho final.
Resumo
O presente trabalho resultou em um site de jornalismo cultural. Tal
veículo pretende noticiar a produção artística das cidades de Araucária,
Curitiba, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais. Para abordar esse tema
foram pesquisadas a noção de cultura, conceitos de jornalismo cultural,
jornalismo online, cibercultura, jornalismo cultural online, a cultura das mídias,
movimento pendular, além de uma breve descrição das cidades eleitas para
pautar a produção do site. Foi realizada também uma pesquisa quantitativa
com o público alvo.
Palavras-chave: Site, jornalismo cultural, cultura, artes, região metropolitana.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 7
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA .................................................................... 9
2.1 Definições de Cultura ............................................................... 9
2.1.1 Importância da Cultura na Sociedade ................................ 11
2.2 Grande Curitiba, Movimento Pendular e eventos culturais .. 13
2.2.1 Movimento Pendular ........................................................... 14
2.2.2 Araucária ............................................................................ 15
2.2.3 Colombo ............................................................................. 16
2.2.4 Pinhais ................................................................................ 17
2.2.5 São José dos Pinhais ......................................................... 18
2.3 A Cultura das Mídias ................................................................ 19
2.4 Mídia Local ................................................................................ 22
2.5 Jornalismo online ..................................................................... 26
2.5.1 Portais ................................................................................ 28
2.5.2 Portal local .......................................................................... 28
3. PROBLEMATIZAÇÃO .......................................................................... 30
4. OBJETIVOS .......................................................................................... 31
4.1 Objetivo Geral ........................................................................... 31
4.2 Objetivos Específicos ............................................................... 31
5. JUSTIFICATIVA ................................................................................... 32
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 35
6.1 Cultura como formadora de identidades ................................ 35
6.2 Cibercultura ............................................................................... 36
6.3 Jornalismo Cultural .................................................................. 40
6.4 Gêneros do jornalismo cultural ............................................... 42
6.5 Jornalismo cultural online ........................................................ 43
7. METODOLOGIA ................................................................................... 46
7.1 Revisão da Literatura ................................................................ 46
7.2 Pesquisa quantitativa com o público ...................................... 47
7.2.1 Análise da Pesquisa Quantitativa ....................................... 49
7.2.1.1 Dados dos entrevistados ............................................. 49
7.2.1.2 Acesso a informações sobre cultura ........................... 52
7.2.1.3 Conteúdo e formatos ................................................... 56
7.2.1.4 Interatividade ............................................................... 57
7.2.1.5 Conclusão da análise dos resultados .......................... 61
7.3 Desenvolvimento do produto ................................................... 62
8. DELINEAMENTO DO PRODUTO ........................................................ 66
8.1 Formato ...................................................................................... 66
8.2 Editorias ..................................................................................... 66
8.3 Proposta ..................................................................................... 67
8.4 Linguagem ................................................................................. 67
8.5 Público Alvo .............................................................................. 68
8.6 Histórico do Produto e processo de produção ...................... 68
8.7 Resultados ................................................................................. 69
8.8 Custos e viabilidade do produto .............................................. 70
8.9 Concorrentes ............................................................................. 71
9. CONCLUSÃO ....................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 74
ANEXOS ...................................................................................................... 78
7
1. INTRODUÇÃO
Através deste trabalho pretende-se criar um site jornalístico com
conteúdo sobre cultura produzida nas cidades de Curitiba, Araucária, Colombo,
Pinhais e São José dos Pinhais. O foco principal será nas cidades que
pertencem à região metropolitana da capital.
Para isso, a principio pesquisou-se sobre a noção de cultura, palavra
que pode gerar diversas interpretações. Um povo pode ser conhecido por suas
práticas culturais, que atravessam gerações, ditam costumes, tradições e criam
uma identidade regional no sujeito. Para muitos, a cultura é um apanhado de
conhecimentos de diversas áreas como filosofia, história, literatura, dai o termo
sujeito culto. Através deste trabalho pretende-se explorar e discutir as
manifestações culturais, seus idealizadores e protagonistas. Os movimentos
desse nicho que são representados pelo teatro, cinema, música, dança e
outras manifestações artísticas.
Para isso, se discutirá a noção de cultura sob o ponto de vista de
alguns autores. Tomando como base Lucia Santaella (2006), Douglas Kellner
(1995), Roque de Barros Laraia (1986), Gisela Gonçalves e Denis Cuche
(1996), serão trazidas aqui diferentes noções do termo cultura e das diversas
maneiras como ele foi e é utilizado nas mais variadas áreas científicas.
Este trabalho terá como resultado um site jornalístico sobre cultura em
Curitiba, Araucária, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais. Para a escolha
desses municípios foram levados em consideração alguns quesitos. Primeiro, a
noção de movimento pendular, definido pelas ciências geográficas como o
deslocamento realizado diariamente pelos moradores de cidades da região
metropolitana para estudar e trabalhar na capital do estado. Por meio desse
fenômeno, os habitantes dessas regiões acabam consumindo cultura curitibana
e promovendo um intercâmbio cultural entre estas cidades. Assim além da
capital, foram escolhidos os quatro municípios com maior número de
habitantes, segundo o censo de 2010 do Instituto de Geografia e Estatística
(IBGE), para serem objeto de estudo deste TCC e também foco das matérias
produzidas no site.
8
O jornalismo cultural será também objeto deste estudo. Utilizando-se
das noções de Daniel Piza e José Salvador Faro, serão trazidas as visões
destes autores sobre o que é jornalismo cultural e qual sua importância para a
sociedade. Ainda dentro do nicho jornalístico será abordada também a mídia
local em seus diversos meios de comunicação como televisão, rádio, revistas,
jornais impressos e internet, bem como as abordagens desses veículos com
relação a assuntos culturais.
Como objetivos específicos o site pretende dar protagonismo aos
agentes culturais e aos produtores de cultura em cada cidade abordada. Além
disso, retratar criticamente a produção cultural, bem como as manifestações
populares nestes municípios.
Para ter uma visão dos hábitos de consumo informações relativas à
cultura local nas cidades de Curitiba e região metropolitana, foi necessário
realizar uma pesquisa com o público. A pesquisa também foi útil no sentido de
traçar um perfil do público-alvo em potencial para o consumo do produto
jornalístico resultado deste trabalho. Para isso, foi realizada uma pesquisa
quantitativa, aplicada na internet, por meio da ferramenta Formulário do Google
Docs. Foram disponibilizadas 12 questões fechadas de múltipla escolha que
ficaram disponíveis para resposta do dia 24 ao dia 29 de maio de 2012.
A escolha da realização da pesquisa exclusivamente na internet deve-
se ao fato de que o produto fruto deste estudo é um site. Assim entendeu-se
que a pesquisa deveria ser feita na mesma plataforma onde encontra-se o
público do projeto.
Estima-se que a pesquisa atingiu um raio alcance de 6.000 pessoas
pela internet. Somados redes sociais e e-mails. Deste total responderam a
pesquisa 200 pessoas. O que situa a pesquisa em uma amostragem não
probabilística, o que segundo Novelli (2005), a seleção é feita com base em
intencionalidade e conveniência por parte dos entrevistados.
9
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA
Com o objetivo de possibilitar uma melhor compreensão do objeto de
estudo e do assunto proposto, será feito um apanhado dos diversos aspectos
em que a cultura esta inserida, sobretudo no que diz respeito à problemática
apresentada que aborda uma falta de cobertura jornalística da produção
cultural das cidades em questão, bem como no sentido de atingir os objetivos
definidos para este trabalho.
Para isto, primeiramente, são apresentados alguns dos diversos
conceitos do termo cultura. Busca-se deste modo que o leitor se situe e
entenda qual sentido do termo cultura é utilizado neste estudo. A relevância da
cultura em uma sociedade organizada também é destacada. O histórico e
demais dados relevantes foram levantados para delimitar o objeto de estudo,
que é a região metropolitana de Curitiba. Especificamente as cidades de
Araucária, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais, são apresentados dando
ênfase aos aspectos culturais de cada local. Alguns aspectos de Curitiba
também são estudados, devido a sua relevância no âmbito cultural da região
metropolitana. O conceito de Cultura das Mídias, estudado por Kellner (1995) e
Santaella (2003), proporciona ferramentas para compreensão da cultura e sua
relação com a mídia.
Por fim, levando em conta que a produção local de cultura é a principal
vertente deste estudo, buscou-se apresentar um apanhado das características
fundamentais que formam o que entende-se por Mídia local.
2.1 Definições de Cultura
O termo cultura é objeto de uma vasta gama de conceitos. Segundo
Gonçalves (1998), “o fenômeno da cultura ocupa um espaço privilegiado em
todas as teorias sociais” (p1). Duche (1996) corrobora com a ideia de
pluralidade na definição do termo cultura. “Não seria possível, no contexto
desta obra [A noção de Cultura nas Ciências Sociais], apresentar todos os usos
que foram feitos da noção de cultura nas ciências humanas e sociais” (p15).
10
Dentro desta área de estudos, Gonçalves (1998) define que, acima da
pluralidade de conceitos, “há o entendimento geral de que se trata de um
domínio do sentido da atividade humana” (p1). Remetendo-se ao
Renascimento, no século XVI, a autora define o sentido figurado de cultura do
espírito.
A Antropologia, assim como as Ciências Sociais, definem o termo
cultura de uma maneira mais complexa. Levando em conta as atividades
humanas em suas varias formas. Laraia (1986) apresenta o termo germânico
Kultur, cunhado no final do século XVIII, ao qual era utilizado no sentido de
entender a espiritualidade de uma determinada comunidade. Fala de
determinismo biológico e geográfico, faz um apanhado pelos vários conceitos
adotados pela antropologia para definir cultura. Discute a cultura do homem e a
cultura do povo e traz à luz a discussão de teorias modernas sobre cultura
(segundo a antropologia). “A criança está apta ao nascer a ser socializada em
qualquer cultura existente. Esta amplitude de possibilidades, entretanto, será
limitada pelo contexto real e específico onde de fato ela crescer ”(p 62). Nas
palavras do autor, inspirado em Geertz, vemos o quão distinto é o conceito de
cultura para a Antropologia, se comparado ao que defende os pesquisadores
da Cultura da Mídia.
Kellner (1995) mostra que dentro da Cultura da Mídia, esta cultura do
espirito humano dá lugar a outros interesses. Uma definição mais pragmática
se apresenta. “A cultura da mídia é industrial, organiza-se com base no modelo
de produção de massa e é produzida para massa de acordo com tipos
(gêneros), segundo formulas, códigos e normas convencionais” (p 9).
Para este estudo é deixado de lado os entendimentos do termo cultura
propostos pelos Estudos Sociais e pela Antropologia. Adota-se as definições e
o uso que a Comunicação faz do termo cultura, sobretudo no que diz respeito à
Indústria Cultural. Opta, portanto, por entender a Cultura pela proposta dos
Estudos Culturais de Lúcia Santaella(2003) e Kellner(1995), a Cultura das
Mídias.
11
2.1.1 Importância da Cultura na Sociedade
São diversos os elementos que constituem uma sociedade, a cultura é
um destes elementos. Ela caracteriza e, além de distinguir os diferentes povos,
dá expressão e torna cada sociedade única.
Na sociedade contemporânea a cultura está intimamente ligada à
mídia. Kellner (1995) reconhece a relevância da cultura para a sociedade,
porém vê a cultura de mídia com um tom pejorativo no que diz respeito à
produção cultural, sobretudo no aspecto da relevância social.
A cultura, em seu sentido mais amplo, é uma forma de atividade que implica alto grau de participação, na qual as pessoas criam sociedades e identidades. A cultura modela os indivíduos, evidenciando e cultivando suas potencialidades e capacidades de fala, ação e criatividade (p 9).
Silva (2002) dentro da linha do cultural studies também define que a
cultura tem relevância social. Uma sociedade, segundo ele, de consumo e do
conhecimento. Assim como Kellner (1995), apresenta uma relação entre cultura
e mídia. Sobretudo sob o aspecto da quantidade de conteúdo produzido
atualmente, da enxurrada de informações disponíveis pelos inúmeros meios de
comunicação atual. Dentro deste contexto Silva (2002) vê na cultura um papel
central, permeando as demais áreas que compõe a sociedade. “A expressão
de ‘centralidade da cultura’ assinala aqui o modo como a cultura se entrelaça
com todos os aspectos da vida social contemporânea” (p5).
Kellner (1995) identifica esta relação mídia/cultura como algo recente
na atividade social. Salienta que o tempo destinado por parte dos
consumidores de cultura e entretenimento é demasiado em detrimento a outras
atividades da vida social. Nesse sentido o autor vê como negativo o
comportamento do receptor no consumo da cultura de mídia contemporânea.
Portanto, trata-se de uma cultura que passou a dominar a vida cotidiana, servindo de pano de fundo onipresente e muitas vezes de sedutor primeiro plano para o que ela converge nossa atenção e nossas atividades, algo que, segundo alguns, esta minando a potencialidade e a criatividade humana (p 11).
12
A fala de Kellner (1995) soa como pessimista ao delinear a cultura de
forma mais ampla e a contrapor com a cultura da mídia. Cultura essa que
influenciada pela mídia distorce a expressão cultural humana. Porém o autor
afirma também que esta mesma mídia que induz o individuo ao consumo e a
absorção dos valores e criação de identidade a partir de suas mensagens,
pode fornecer elementos para crítica, para novas leituras e outras formações
de identidade, diferentes das propostas pelos produtos veiculados nesta mídia.
Dando, com isso, força para uma contraposição a essa sociedade idealizada e
difundida nos meios de comunicação.
Já Silva (2002) defende que, impulsionado pelo avanço da tecnologia
de difusão da informação, vivemos perante a hegemonia dos meios de
produção, circulação e de trocas de cultura. Silva (2002) vê esse fenômeno em
escala global. Enxerga na cultura um ator de mudança social e política. Ele faz
uma reflexão da influência da cultura local na cultura global e sua repercussão
no mercado.
A cultura global alimenta-se das culturas locais para às converter num outro produto cultural para o mercado mundial. Por isso provoca reações como a do ‘nacionalismo cultural’ reafirmando o respeito pela tradição e herança cultural, que são respostas culturais conservadoras contra as forças da globalização cultural. Para o bem ou para o mal a cultura é hoje um dos mais dinâmicos e mais imprevisíveis- elementos de mudança histórica do novo milénio. (P 4 e 5)
O autor analisa de forma critica este novo papel da cultura, agora
distorcida e globalizada. Segundo o autor este processo torna a cultura
homogênea onde “um conjunto de produtos culturais padronizados corrói as
particularidades e diferenças locais produzindo em seu lugar uma cultura
mundial ocidentalizada” (p 4). Esta realidade reflete no âmbito politico, onde,
segundo ele, os conflitos pelo poder político assumem cada vez mais um
discurso simbólico, tencionando que o processo político sofra tal influência do
caráter cultural, adotando uma forma que ele chama de ‘política cultural’.
A cultura como manifestação artística expressada na forma de produto
é amplamente consumida, principalmente nos grandes centros urbanos, como
Curitiba e sua Região Metropolitana. Para o conhecimento dos processos de
produção, difusão e consumo de cultura nesta região em específico deve-se,
primeiramente, compreender a história, a presença das atividades culturais e
13
os dados concretos, como população, área e renda da capital paranaense e de
sua região metropolitana.
2.2 Grande Curitiba, Movimento Pendular e eventos culturais
A capital do estado do Paraná tem como data de fundação o dia 29 de
março de 1693. Na ocasião o Capitão Mor Matheus Martins Leme promoveu
uma votação na recém criada Câmara de Vereadores, atendendo às
exigências da Coroa Portuguesa e criou a Vila de Nossa Senhora da Luz dos
Pinhais.
Segundo Burmester (1974) no século XVII, a principal atividade
econômica da cidade era a mineração, aliada à agricultura de subsistência. O
ciclo seguinte, que perdurou pelos séculos XVIII e XIX, foi o da atividade
tropeira, derivada da pecuária. Tropeiros eram condutores de gado que
circulavam entre Viamão, no Rio Grande do Sul, e a Feira de Sorocaba, em
São Paulo, conduzindo gado cujo destino final eram as Minas Gerais. O longo
caminho e as intempéries faziam com que os tropeiros fizessem invernadas, à
espera do fim dos invernos rigorosos, em fazendas como as localizadas na
região da atual capital do Paraná.
A cidade ficou estagnada durante muito tempo vivendo apenas das
práticas agrícolas e comerciais. Até que no século XIX a vila sofreu profundas
mudanças. Em 1842, ascendeu à categoria de cidade, com o nome definitivo
de Curitiba, e em 1854 passou a ser a capital do Estado do Paraná. A nova
capital passou a ser um pouco europeia, com as imigrações em massa que
mudaram o aspecto português da cidade. Os alemães chegaram em 1833,
seguidos por poloneses, italianos, ucranianos e orientais no final do século.
Segundo Pereira (1996) a capital passou a ter acelerada urbanização a partir
de 1870. “A pequena vila transformada em capital de província em 1854 passa
a partir daí, e com maior intensidade a partir de 1870, por um acentuado
processo de urbanização e crescimento populacional”, (p, 15). O autor afirma
que a cidade sofre também, a partir do mesmo período, a ganhar cada vez
mais habitantes. “Curitiba tinha no Primeiro Recenseamento do Império 24.553
14
habitantes em 1890 e no Primeiro Recenseamento da República 50.124 em
1900”, (p, 15).
Hoje Curitiba tem, segundo o último censo de 2010 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.751.907 habitantes distribuídos
em 75 bairros. Já, incluindo a região metropolitana da cidade soma, segundo o
Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) em 2011, 3.168.980
habitantes. Destes, boa parte trabalha e estuda na capital todos os dias. Esse
fenômeno começa a ganhar forças no início da década de 1970 quando o
estado do Paraná passava por mudanças na pecuária, como a modernização
dos meios de produção agrícola, e com a industrialização de cidades mais
próximas à Curitiba. Nessa década, segundo Observatório das Cidades (2005,
p. 01) a capital paranaense recebeu grandes grupos industriais, especialmente
na Cidade Industrial e em municípios com São José dos Pinhais e Araucária.
Esses investimentos, feitos por empresas como a Petrobrás, por exemplo,
atraíram diversos trabalhadores vindos do interior do estado e de estados
vizinhos como Santa Catarina.
O crescimento da indústria passado pelo estado do Paraná à partir da
década de 1970 não foi sentido apenas em Curitiba, mas também nas cidades
da Região Metropolitana. Hoje a região é celeiro de diversas industrias e se
desenvolve em um ritmo acelerado.
2.2.1 Movimento Pendular
Em 1973 a Lei federal 14/73 criou a Região Metropolitana de Curitiba.
No inicio 14 municípios a compunham. Hoje 29 cidades formam a RMC e
abrigam juntas um total de 3.223,836 habitantes segundo o censo do IBGE de
2010.
Grande parte dos moradores das cidades da Região Metropolitana de
Curitiba trabalha na capital. Esse fenômeno, observado diariamente não só no
Paraná, mas também em diversos estados da federação, é chamado pelas
Ciências Geográficas de Movimento Pendular. Segundo Moura (2010, p. 02)
essa definição retrata os deslocamentos feitos por diversos trabalhadores de
15
um município metropolitanos para as grandes capitais. “Esses fenômenos são
definidos, principalmente, em termos de deslocamentos diários da casa para o
trabalho, relacionados a um sistema de assentamento orientado para a
produção”. (Moura 2010). A autora ainda classifica esse movimento e seus
protagonistas como um processo de migrações diárias ou temporárias.
Segundo Moura (2010, p. 53), mais de 400 mil moradores da Região
Metropolitana de Curitiba fazem o movimento pendular diariamente tanto em
direção à capital como para cidades. Nesse indicativo também existem os
habitantes que saem da capital em direção aos municípios vizinhos.
Entre os 29 municípios da Região Metropolitana de Curitiba quatro se
destacam pela quantidade de habitantes. Esses moradores, que diariamente
praticam o movimento pendular, são também consumidores de cultura e o
fazem não somente nos municípios onde vivem, mas também na capital
paranaense. Por essa razão, os habitantes destes municípios da região
metropolitana serão objeto de estudo deste trabalho. São eles Araucária,
Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais. Já Curitiba também será objeto de
estudo por influenciar a vida dos habitantes destes quatro municípios, no
entanto, terá papel coadjuvante neste trabalho, haja vista que as quatro
localidades citadas serão alvo do material produzido no site fruto desta
pesquisa.
2.2.2 Araucária
Uma das cidades economicamente mais desenvolvidas da região
metropolitana de Curitiba é Araucária. Com uma área de 460,85 km², o
município tem, segundo o censo de 2010 do IBGE, uma população de 116,683
pessoas.
Segundo o site da prefeitura de Araucária, os registros dos primeiros
habitantes da cidade remontam à metade do século XVII, mais precisamente
em 1668 quando Domingos Rodrigues da Cunha ganhou uma sesmaria na
região. Outras famílias também ganharam terras na região e começaram a
plantar e a criar animais em fazendas na localidade inicialmente chamada de
16
Tindiquera. No final do século XIX a região recebeu grande quantidade de
russos, poloneses e alemães, o local passou a se chamar então de Colônia
Thomaz Coelho. Em 1° de março de 1890 Araucária enfim se desmembrou de
Curitiba e recebeu o nome que tem até hoje.
Segundo Silva (2006) o município de Araucária passou a fazer parte da
industrialização pela qual passou o município do Paraná na década de 1970
com a instalação da petroquímica Repar. A partir da petroquímica a cidade
cresceu consideravelmente em nível de economia. “Neste contexto, Araucária
insere-se nas estratégias de desenvolvimento industrial da RMC, na medida
em que possuía a área com melhores características para a instalação da
petroquímica”, (p, 76). Hoje, Araucária é uma das principais economias da
Região Metropolitana de Curitiba. Seu PIB per capta anual é de 104.411
milhões, segundo o Ipardes.
No quesito cultura, a prefeitura da cidade através da Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo promove ações artísticas na Casa de Cultura
de Araucária e em outros pontos da cidade. Segundo o site da administração
são oferecidos à população diversos cursos como o de pintura, artesanato,
música entre outros.
As maiores manifestações de cultura em Araucária acontecem na
Praça São Vicente, no centro da cidade. No local, acontecem todos os meses
apresentações teatrais, de dança e também festivais e apresentações de
bandas locais. O espaço costuma reunir centenas de expectadores.
Araucária possui 59 bairros e faz divisa com as cidades de Campo
Largo, Balsa Nova, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Contenda e Mandirituba.
2.2.3 Colombo
Com uma população de 212.967 habitantes, segundo o censo do IBGE
de 2010 a cidade de Colombo tem uma área de 197, 805 km². Segundo o site
da prefeitura da cidade seu povoamento teve início no ano de 1878 quando
um grupo de colonos italianos, oriundos do município de Morretes, para ali se
mudou, recebendo terras e um pequeno subsídio que
17
o governo da província lhes ofereceu para iniciarem suas lavouras. O município
se desmembrou de Curitiba em 05 de fevereiro de 1890.
Colombo é também uma cidade com grande produção artística. A Casa
de Cultura existe no município há 22 anos. Segundo o site da prefeitura
municipal, no local são ministrados cursos de dança, música, artes plásticas e
teatro, entre outros. Lá, também são ministrados cursos, palestras, mostras e
exposições.
O maior evento cultural, que também é turístico, da cidade de Colombo
é a anual Festa da Uva. Os festejos acontecem há 49 anos e trazem para o
município milhares de turistas que são atraídos por diversas atrações musicais,
incluindo artistas internacionais.
Sua atividade econômica baseia-se nas indústrias extrativistas de cal e
calcário, e na agricultura, com a produção de hortifrutigranjeiros, com destaque
para uva. Outro fator determinante para o município de Colombo é seu roteiro
turístico. A cidade também foca no turismo explorando suas grutas, como a de
Bacaetava. O PIB per capta anual da região é de 7.547 milhões segundo o
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
A cidade de Colombo conta hoje com 42 bairros e faz limite com os
municípios de Campina Grande, Bocaiúva do Sul, Almirante Tamandaré,
Curitiba e Pinhais.
2.2.4 Pinhais
É o menor município em extensão territorial do Paraná com 60, 7 km².
Cidade da Região Metropolitana mais próxima de Curitiba Pinhais tem,
segundo o censo de 2010 do IBGE, 112.852 habitantes. A 12° economia do
estado tem um PIB per capta anual, segundo levantamento do Ipardes no ano
de 2012, de 20.129 milhões.
Pinhais é outra cidade da Região Metropolitana de Curitiba que
concentra vários movimentos artísticos. A cidade tem o Centro Cultural Wanda
dos Santos Mallmann que, desde o ano de 2006, oferece diversas oficinas
artísticas, entre elas estão a de cinema, teatro, pintura, música, artesanato e
danças. Lá também acontecem o Festival de Teatro Amador e Estudantil de
18
Pinhais (Fetaepi), o Festival da Canção de Pinhais (Fecapi), Mostras de Corais,
além de uma Companhia de Ballet.
Em Pinhais, destaca-se como evento cultural de grande vulto o Festival
de Teatro Amador e Estudantil de Pinhais (FETAEPI). O evento já teve seis
edições e acontece no mês de outubro. O festival abre espaço para grupos de
teatro amador inclusive de municípios vizinhos.
Segundo Xavier (2000), a colonização da cidade de Pinhais começou
depois que foi construída a estrada de ferro que liga a cidade de Curitiba a
Paranaguá e do surgimento de uma fábrica de cerâmicas no final do século
XIX. “A partir daí situamos um novo momento na história de Pinhais, quando se
formou o primeiro núcleo populacional nos arredores da Estação de São José
dos Pinhais e da Cerâmica”, (p, 27). Pinhais foi desmembrado de Piraquara em
1992, quando conquistou sua emancipação política, e é dono de um vasto pólo
industrial, com aproximadamente 2.500 empresas, 1.500 estabelecimentos
comerciais, se destaca principalmente na indústria de metal mecânica,
plásticos e prestação de serviços.A cidade tem 12 bairros e faz divisa com as
cidades de Colombo, Curitiba, Quatro Barras, São José dos Pinhais e
Piraquara.
2.2.5 São José dos Pinhais
Com a quinta maior área da Região Metropolitana de Curitiba, 944,208
km², São José dos Pinhais é um das mais importantes cidades do estado do
Paraná. Segundo o site da prefeitura municipal os primeiros colonizadores
chegaram à região no século XVII. Eram aventureiros em busca de ouro e
formaram uma colônia portuguesa chamada Arraial Grande. Rapidamente a
nova colônia se desenvolveu e em 1721 o Ouvidor Geral Raphael Pires
Pardinho solicitou uma eleição para a escolha das primeiras autoridades para a
Freguesia de São José.
Em 16 de julho de 1852 a lei n° 10 da então província de São Paulo
criou a Villa de São José dos Pinhais. E 27 de dezembro de 1897, a cidade foi
elevada à categoria de cidade.
19
Hoje São José possui, segundo o censo de 2010 do IBGE, 268,807
habitantes. A cidade tem um dos maiores índices econômicos do Paraná. É o
terceiro pólo automotivo do país, concentrando empresas como a Audi e a
Renault. A cidade é sede também do Aeroporto Internacional de Curitiba. Seu
Pib per capta anual é, segundo o Ipardes, de 41.217 milhões.
Na cidade há também centros que servem como polos culturais. Um
deles é o Museu Municipal Atílio Rocco, onde diversas exposições artísticas
são realizadas. Outros são a Biblioteca Municipal e a Casa de Cultura Murici
que oferta cursos em diversas áreas artísticas.
Em São José dos Pinhais destaca-se como um dos grandes eventos
culturais o São José Rock Festival. O festejo é independente e acontece há
quatro anos. Nele 20 bandas tocam em diversos bares da cidade durante dois
dias do mês de outubro.
São José dos Pinhais possui 37 bairros e faz divisa com as cidades de
Piraquara, Fazenda Rio Grande, Mandirituba, Tijucas do Sul, Curitiba, Pinhais,
Morretes e Guaratuba.
2.3 A Cultura das Mídias
Dado o fato de que o termo cultura recebe diversas significações, de
acordo com o campo de estudo ou mesmo do contexto que está inserido,
mostra-se relevante determinar sobre qual das culturas este estudo versa.
Utilizando-se dos conceitos de Kellner (1995) e de Santaella (2003), busca-se
delimitar o entendimento de cultural, pela visão da teoria da cultura das mídias.
Segundo Santaella (2003), a cultura das mídias não se confunde com a
cultura de massas, nem com a cultura digital (cibercultura). A autora a define
como uma cultura intermediária, entre as duas anteriormente citadas. A autora
entende que a cultura digital veio diretamente da cultura de massas. Para ela,
tudo faz parte de um processo maior, de produção, distribuição e consumo de
conteúdos comunicacionais. ”Esses processos são distintos da lógica massiva
e vieram fertilizando gradativamente o terreno sociocultural ora em curso” (p
13). Ou seja, da cultura das mídias.
20
Para compreensão de tais processos Santaella utiliza seis formações
culturais: A cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, a cultura de
massas, a cultura das mídias e a cultura digital. Segundo a autora, neste
processo, os suportes da comunicação, desempenham o papel apenas de
canais de transmissão de informações. Mas os conteúdos, as mensagens,
estas sim, têm a capacidade “não só de moldar o pensamento e a sensibilidade
dos seres humanos, mas também de propiciar o surgimento de novos
ambientes socioculturais”(p13). Sob este aspecto, entende-se que o
ciberespaço é um meio que dispõe de ferramentas que possam reproduzir e
difundir a expressão cultural em suas mais diversas formas.
Santaella (2003) vê essas seis divisões de cultura como eras que não
ocorrem isoladamente nem linearmente. Mas, sim, de forma simultânea. ”Uma
nova formação comunicativa e cultural vai se integrando na anterior,
provocando nela reajustamentos e refuncionalizações” (p 14). No decorrer
dessas eras e desse processo, alguns elementos e aparelhos desaparecem,
perdem sua função e são substituídos por outros meios mais eficazes. Sobre
isso a autora discorre da seguinte forma:
É certo também que, em cada período histórico, a cultura fica sob o domínio da técnica ou da tecnologia de comunicação mais recente. Contudo, esse domínio não é suficiente para asfixiar os princípios semióticos que definem as formações culturais preexistentes. Afinal a cultura comporta-se sempre como um organismo vivo e, sobretudo, inteligente, com poderes de adaptação imprevisíveis e surpreendentes (p14).
Ainda segundo a autora, cada era evolui isoladamente, porém exerce
influência e ganha uma nova significância em outra era e na cultura das mídias
como um todo, explica Santaella (2003):
Começaram a se intensificar cada vez mais os casamentos e misturas entre linguagens e meios, misturas essas que funcionam como um multiplicador de mídias. Estas produzem mensagens híbridas como se pode encontrar, por exemplo, nos suplementos literários ou culturais especializados de jornais e revistas, nas revistas de cultura, no radiojornal, telejornal etc (p15).
A mudança de comportamento no consumo desses conteúdos, a partir
dos anos 80, também se mostra relevante para o entendimento do conceito de
21
cultura das mídias defendido por Santaella (2003). Segundo a autora, neste
momento, o então receptor passa a ser mais ativo, ele sai da inércia da
recepção. Por meio das novas tecnologias disponíveis, esse novo receptor
muda a maneira de consumir cultura e se prepara para uma novo modo de ver
e interagir com a cultura. “Esses meio e os processos de recepção que eles
engendram que preparam a sensibilidade dos usuários para a chegada dos
meios digitais cuja marca principal está na busca individualizada da mensagem
e da informação” (p 16). Que é o que observamos atualmente, com relação ao
comportamento do usuário na internet, culminando no ato de “navegar”
literalmente pela rede.
Com relação ao propósito da produção cultural, Kellner (1995) defende
a ideia de que, nos países capitalistas, a mídia veicula cultura de forma
comercial, buscando lucro. O autor mostra um tom crítico sobre esta
massificação da cultura:
Em muitos casos, isso significa produzir um mínimo denominador comum que não ofenda as massas e atraia um máximo de compradores. Mais precisamente, a necessidade de vender significa que as produções da indústria cultural devem ser o eco da vivencia social, atrair grande publico e, portanto, oferecer produtos atraentes que talvez choquem, transgridam convenções e contenham critica social ou expressem ideias correntes possivelmente originadas por movimentos sociais progressistas (p 27).
Ainda segundo Kellner (1995), a cultura da mídia, por um lado,
promove os interesses das classes que dominam os meios de comunicação,
mas também seus produtos entram na esfera dos conflitos sociais entre grupos
concorrentes, veicula posições conflitantes, “promovendo às vezes forças de
resistência e progresso” (p 27). Enfim, não pode ser vista apenas como
“instrumento banal da elite dominante” (p 27). Na visão do autor a cultura da
mídia tem um papel relevante no cenário cultural moderno. Sobre isso ele fala
que:
22
Em certo sentido, a cultura da mídia e a cultura dominante hoje em dia. Substituiu as formas de cultura elevada como foco da atenção e de impacto para grande número de pessoas. Além disso, suas formas visuais e verbais estão suplantando as formas da cultura livresca, exigindo novos tipos de conhecimentos para descodifica-las. Ademais, a cultura veiculada pela mídia transformou-se numa força dominante de socialização: suas imagens e celebridades substituem a família, a escola e a igreja como arbítrios de gosto, valor e pensamento, produzindo novos modelos de identificação e imagens vibrantes de estilo, moda e comportamento (p 27).
Por fim, a autora faz a relação tênue entre pós-modernidade e a cultura
das mídias. É nesse contexto, e seguindo essas definições, que este estudo
busca entender o termo cultura e a relevância desta intepretação para a
comunicação contemporânea.
Para Kellner (1995), a relação mídia/cultura é relativamente recente.
Observando o cenário cultural que imperava nos Estados Unidos nos anos
1940, vê no cinema, no rádio, nas revistas, nos quadrinhos, na propaganda e
na imprensa os meios de disseminação de cultura nesta época. Defende que,
em outras democracias capitalistas, a força dominante das mídias sobre a
cultura só vieram com o advento da televisão, já no pós-Guerra. Força
dominante está tanto na cultura, quanto na socialização, na politica e na vida
social. Posteriormente, o desenvolvimento tecnológico proporcionou novas
técnicas, novos meios de difusão de conteúdo. De acordo com o autor, esses
novos aparatos “aceleraram a disseminação e o aumento do poder da cultura
veiculada pela mídia” (p 26).
Diante de tais explanações, vemos a influência da mídia na produção
cultural atual. Portanto a cultura das mídias, para este estudo, mostra-se a
corrente que mais se adequa para entendermos a produção cultural sob o olhar
da Comunicação Social.
2.4 Mídia Local
A partir dos anos 90 há uma tendência, por parte dos grandes veículos
de comunicação, de abrir espaços em sua produção aos conteúdos locais e
regionais. Este fenômeno, segundo especialistas e estudiosos da área, surge
como um dos fatores de sobrevivência para as emissoras de TV além de ser
23
uma forma de identificação com a audiência residente fora dos grandes centros
urbanos do país (Peruzzo, 2003).
Segundo a autora este movimento de ampliação dos espações nas
emissoras para divulgação de conteúdos regionais é algo indispensável e um
caminho natural para a chamada grande mídia.
É sabido o incomodo que é morar em cidades do interior dos estados, no Brasil de tão grandes diversidades, e ter que ficar assistindo somente noticiários de fatos ocorridos na capital, nas cidades mais importantes do país (...) Claro que tudo isso interessa, além de ser um tipo de informação necessária. Mas, não é só. As pessoas precisam e gostam também de saber e discutir sobre as realizações e acontecimentos que ocorrem ao seu redor (p 14).
No entanto, por vezes, a forma de produção e temáticas do jornalismo
local são utilizadas pelo jornalismo de veículos com maior potencial econômico,
dando assim um caráter de mídia local à produção. Isso se deve ao fato de
grandes emissoras buscarem uma relação de identificação com o público
regional, dando ao fenômeno um caráter de utilidade publica, cumprindo uma
distorcida função social. (Peruzzo, 2003)
Peruzzo (2003) define duas vertentes básicas na mídia local. Uma
movida por interesses de mercado e outra com base no desenvolvimento
comunitário. Reconhece ainda que mesmo este segmento do jornalismo é uma
realidade há algum tempo, há por parte do meio acadêmico uma escassa
produção sobre o assunto.
No entanto Peruzzo vê na primeira vertente o motivo maior do
crescimento da mídia local. Além das “modificações no cenário dos meios de
comunicação, motivadas pela valorização do local, tanto enquanto ambiente de
ação político-comunicativa cotidiana, como pela oportunidade mercadológica
que ele representa” (p 2).
A mídia local por vezes se entrelaça com a chamada mídia
comunitária. Porém há diferentes conceitos e características que às
diferenciam. A mídia local se ocupa de assuntos mais gerais, assim como
editorias encontradas nos grandes veículos, porém, neste caso, focadas no
local e regional. Segundo a autora “vias públicas, tragédias, violência urbana,
tráfico de drogas, política local, serviços públicos, problemas da cidade,
24
culinária regional etc” (p 2) são temáticas abordadas por este segmento do
jornalismo. Já na mídia comunitária vemos a predominâncias de “pautas de
interesse social, mais específicos (assuntos dos bairros, do trabalho, do
movimentos sociais, questões de violência, esclarecimentos quanto aos
perigos relacionados às drogas e outras problemáticas de segmentos sociais
excluídos” (p 2).
Como forma de diferenciação grosseira dos dois segmentos da
comunicação pode-se definir que: a mídia local tem como prioridade a
transmissão de informação enquanto a mídia comunitária visa a mobilização
social e educação informal.
Nas palavras de Peruzzo (2003) vemos esta relação entre mídia local e
grande mídia, tanto quando as motivações com que cada segmento trabalha
com os temas.
A mídia local tende a reproduzir a lógica dos grandes meios de comunicação, principalmente no que se refere ao sistema de gestão e aos interesses em jogo. Porém, diferencia-se quanto ao conteúdo ao prestar mais atenção às especificidades de cada região, enquanto a grande mídia utiliza como um dos critérios na seleção de conteúdos, aqueles assuntos que interessam a um maior número de pessoas possível, o que a conduz para temas de interesse nacional e internacional (p 10).
A autora afirma ainda, que a mídia local busca dar foco à questões que
de maneira ampla não encontram espaço na chamada grande mídia, ou seja,
os grandes veículos de imprensa e comunicação.
Este segmento da comunicação, com foco no conteúdo regional se
difere, obviamente, das demais formas de se fazer jornalismo e tem
características especificas. De acordo com Peruzzo (2003) um dos alicerces da
mídia local é potencial econômico e a busca de interesses mercadológicos. A
autora mostra que isso está intimamente ligado aos interesses do comércio
local, vendo na mídia local um elemento que preenche uma lacuna nas
relações comerciais em âmbito regional.
25
Descobriu-se que o pequeno e médio anunciantes de bairros e de cidades de interior dos estados não se interessam ou não lhes é viável pagar os altos preços cobrados pela mídia nacional ou estadual. Primeiro, porque consegue comunicar-se com o seu consumidor por meio da comunicação dirigida, promoção no ponto de vendas, mídia exterior, veículos de mídia local (quando existentes) etc. e, muitas vezes, nem lhe
interessa falar para consumidores em nível nacional ou estadual (p 16).
Ainda segundo a autora, em meio a esta realidade, de os temas locais
serem uma fatia de mercado a ser explorada comercialmente, há uma nítida
percepção do potencial retorno financeiro gerado por este exercício jornalístico.
Nesse contexto os temas locais funcionam como meio de auferir credibilidade e
identidade com o publico alvo. Há então, uma busca de conciliar a contribuição
para a cidadania com os interesses comerciais. Porém aí, nesta relação entre
produção de conteúdo e busca de retorno financeiro encontra-se uma fissão na
ética da comunicação. A mídia local sofre influências de interesses comerciais
e políticos regionais, tanto quanto a presença do poder econômico regional em
sua atividade. As fala de Peruzzo (2003) é esclarecedora neste sentido.
Matérias jornalísticas favoráveis a algumas correntes políticas, principalmente daquelas que estejam no exercício do poder, é algo trivial em jornais de cidades do interior. Além das matérias pagas, na forma de editais do setor público, que tendem a ocupar grande parte das páginas dos jornais do interior. No caso dos jornais de bairro da cidade de São Paulo, os anúncios publicitários enchem páginas e páginas, mais parecendo que são veículos para classificados e anúncios do que para jornalismo (p 14).
Por fim, como uma nuance que revela a forma de se fazer jornalismo
em termos de mídia local, Peruzzo (2003), observa um caráter que transcende
o papel do comunicador. Nesse meio, os formadores de opinião tendem a tratar
as questões que abordam como um agente social que interfere na realidade.
Cobrando soluções dos problemas abordados. “Isso ocorre quando se coloca o
locutor, o jornalista, o programa ou o meio de comunicação como agentes de
cobrança e no papel de protagonistas na solução de um problema social” (P
13).
Mesmo com uma tendência essencialmente comercial, sobretudo na
análise de Peruzzo (2003), a mídia local desempenha um papel fundamental
26
na comunicação social. Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes
veículos e contrapondo o conceito de comunicação globalizada.
2.5 Jornalismo online
O Jornalismo online é uma modalidade da comunicação social que
ocorre na internet. Segundo Pollyana Ferrari (2004), em 1995 surgem os
primeiros sites jornalísticos, porém neste momento sua função é apenas
reproduzir o que havia sido publicado no meio impresso. O Webjornalismo ou
Jornalismo Digital, como também é denominado, a partir de 2001 passa a
apresentar novas características, desenvolve uma linguagem própria e
incorpora as novas mídias. Neste momento deixa de apenas replicar o
conteúdo dos veículos impressos e passa a também produzir material
informativo. Porém, segundo Barbosa (2001), a linha editorial, linguagem e
formas de apresentação do conteúdo dos sites jornalísticos continuaram a
seguir os padrões do jornalismo impresso. Na busca por maior audiência os
grupos editorias e empresas jornalísticas passam a ofertar outros conteúdos
além das notícias da edição impressa. Surge aí a notícia em tempo real
objetivando criar o hábito do usuário para visitação da versão online dos
veículos. Para fidelizar este usuário os grandes grupos passaram a atuar na
internet, este novo passo vem de encontro à necessidade do aumento da
receita.
Este novo formato de jornalismo incorpora ferramentas do meio em que
está inserido. Deste modo apresenta características que o diferencia dos outros
modos de se fazer jornalismo. De acordo com Palacios (2002), a
multimidialidade, interatividade, hipertextualidade, personalização e a memória
são os elementos que dão forma ao jornalismo online.
Ferrari (2004) salienta que a instantaneidade desta nova forma de
jornalismo é sua mais forte característica. Barbosa (2001) coloca o hipertexto e
o link como elementos inovadores da escrita digital.
A multimidialidade, segundo Palacios (2002), consiste na convergência
dos formatos da mídias tradicionais incorporada a narrativa do jornalismo
online. Imagem, som, vídeo e texto se complementam formação da estrutura
27
desta modalidade de jornalismo. Aliado a isso o hipertexto e os links tornam o
que Lévy (1999) chama de informação em fluxo, num formato não linear, que
permite ao leitor acessar os conteúdos na ordem que bem entender. Esta
liberdade de acesso aos conteúdos por parte do usuário é vista como a
personalização ou customização por Palacios (2002). Deste modo o leitor
consome os conteúdos de acordo com seus interesses individuais, saindo da
posição de receptor passivo da mensagem que o usuário tem em outras formas
de comunicação, como a televisão e o rádio.
De acordo com o autor, o hipertexto é uma característica exclusiva do
jornalismo online. A interconexão por meio de links geram outras possibilidades
de relação com o texto noticioso. Proporcionando ao usuário maior chance de
análise e de conhecimento sobre o assunto.
Com o jornalismo na internet, a relação entre leitor e veículo se tornou
mais acessível. E-mail, comentários nos sites, fóruns de discussões e chats
com jornalistas são algumas das formas que propiciam a interatividade do
usuário com o emissor do conteúdo. Outra forma de interatividade são os
próprios links. Este conjunto de processos é visto como multi-interativo.
(PALACIOS, pg. 160).
João Messias Canavilhas (2004) corrobora com Palacios (2002) ao
falar da função da memória no jornalismo online. Esta característica ganha
papel de destaque na comunicação da sociedade atual, pós moderna,
sobretudo no que diz respeito à produção da memória na internet. Entende-se
por memória o sentido de memória como arquivo e não o aspecto fisiológico da
capacidade humana. Portanto, o jornalismo digital alimenta a memória da
internet, graças ao arquivo das notícias que diariamente são disponibilizados
na grande rede.
Além da interatividade, hipertextualidade, multimidialidade,
customização e memória, Barbosa (2001) enxerga outro potencial do
jornalismo online: A formação de comunidades. Para a autora este sentimento
de comunidade fica mais forte com o surgimento dos portais locais. “Cujo
interesse é ‘falar' de perto com determinada comunidade fornecendo conteúdo
digital original, além de serviços”.
28
2.5.1 Portais
Outra etapa importante para o jornalismo online foi o surgimentos dos
portais, criado e batizado pelos americanos em 1997. No Brasil, esse modelo
de site passou a ser adotado um ano depois, em 1998. Barbosa (2001) define
estes portais como “páginas que centralizam informações gerais e
especializadas, serviços de e-mail, canais de chat de relacionamento,
shoppings virtuais, mecanismos de busca na Web, entre outros, e cuja intenção
é ser a porta principal de acesso a orientar a navegação do usuário pela
WWW”.
No momento do surgimento dos portais, estudos indicavam que esta
forma de site teria tanto impacto na vida das pessoas quanto as grandes
cadeias televisivas. Este prognóstico não se confirmou, dado o grande número
de desconectados em todo o mundo. Porém, para o jornalismo online, o
surgimento dos portais, foi um marco, trazendo consigo uma nova categoria de
jornalismo, o jornalismo de portal. Estes portais geraram uma outra modalidade
dentro do jornalismo online: portais locais. (BARBOSA, 2001)
2.5.2 Portal local
Segundo Barbosa (2001) os norte americanos foram novamente os
precursores desta modalidade de site. Os primeiros portais locais apareceram
nos Estados Unidos em 1998. Assim, um ano depois, em 1999, estes sites
surgem no Brasil. Estas páginas não oferecem concorrência direta com os
grandes portais.
Por vezes os conteúdos locais, nacionais e internacional se encontram
no mesmo portal. Como o periódico norte americano, Washington Post
(www.washingtonpost.com) que foi um dos pioneiros nesta modalidade do
jornalismo online, conforme relata a autora:
29
O próprio jornal Washington Post (é um dos exemplos de empresa que atua no segmento de mídia tradicional e que, com seu site na Internet, implementou seções com conteúdos direcionados a determinadas cidades próximas à sua sede, numa iniciativa clara de percepção do uso das novas tecnologias para o local, intentando aproximar-se das comunidades. Nesse caso, tem-se, num só site, conteúdo que serve à uma comunidade mundial, nacional e local.
Na linguagem e linha editorial o jornalismo diário divide espaço com o
semanal. Como uma espécie de jornalismo de revista, alguns temas
permanecem mais tempo no ar. As editorias seguem o padrão dos jornais
impressos, a agenda cultural e guia de estabelecimentos da cidade também
tem seu espaço neste modo de jornalismo online. Quanto à forma do conteúdo,
as matérias normalmente têm poucos parágrafos, sempre acompanhadas de
links, fotos e por vezes vídeos, utilizando-se das ferramentas multimídia.
30
3. PROBLEMATIZAÇÃO
De que maneira um site jornalístico sobre cultura regional pode
promover as atividades e manifestações culturais produzidas na região
metropolitana de Curitiba?
31
4. OBJETIVOS 4.1 Objetivo Geral
Por meio de um site jornalístico promover a cultural local e proporcionar
intercâmbio cultural entre as cidades de Pinhais, Araucária, Colombo e São
José dos Pinhais.
4.2 Objetivos Específicos
Dar protagonismo aos artistas e ao universo cultural local e
independente da região metropolitana
Retratar de forma informativa e opinativa a produção cultural, bem
como as manifestações populares ocorridas nas cidades de Pinhais,
Araucária, Colombo, São José dos Pinhais. Assim como os eventos
culturais de Curitiba que exerçam alguma influência na atividade
cultural da região metropolitana.
Desenvolver um site pautado na linguagem do jornalismo
multiplataforma fazendo uso das ferramentas multimídias (fotos,
textos, áudios e vídeos).
Oferecer um serviço de agenda da produção cultural e de eventos
que exercem influência no consumo de cultura nas cidades de
Araucária, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais.
Criar um espaço de debate sobre cultura baseado nos conceitos e
ferramentas da Web 2.0 proporcionando ferramentas de interatividade
com o leitor.
32
5. JUSTIFICATIVA
A decisão de abordar o tema da cultura produzida na região
metropolitana, especificamente nas cidades de Araucária, Colombo, Pinhais e
São José dos Pinhais, justifica-se pelo fato de que há uma lacuna na cobertura
jornalística dessa área. Com base na pesquisa realizada em maio de 2012,
para este estudo, descobriu-se que há pouca cobertura jornalística destinada à
cultura na região metropolitana. Considerando Curitiba como cidade que
exerce influência no consumo e produção cultural dos municípios de sua região
metropolitana, a capital foi incluída na cobertura jornalística. No entanto, a
abordagem se restringe aos eventos de maior projeção e relevância, que, de
alguma forma, reflitam os interesses dos moradores da região metropolitana no
âmbito cultural. Devido à amplitude territorial da chamada Grande Curitiba, que
conta com 29 municípios, fez-se necessário um recorte no objeto de estudo a
ser trabalhado. Sendo assim, utilizou-se o critério populacional para definir
quais municípios seriam abordados. Segundo o levantamento do Censo de
2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Araucária,
Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais são os maios populosos da região
metropolitana de Curitiba, por isso foram eleitos para este trabalho.
O produto fruto deste trabalho pretende servir também como um
instrumento que possa contribuir para a formação e fortalecimento da
identidade cultural dos moradores das cidades citadas. Por meio dele
pretendemos divulgar os movimentos culturais e artísticos dessa região.
Proporcionar espaço e divulgação ao trabalho dos artistas locais é um
dos focos deste projeto. Assim pretende-se fomentar o consumo de cultura
dentro desses municípios. Bem como a troca de informações entre os agentes,
espaços e iniciativas de cunho cultural nessas cidades, promovendo um
intercâmbio cultural, outro traço de ineditismo deste trabalho.
Baseado no conceito da construção da cultura de Santaella (2003), em
que a ela é expressa por diferentes meios (texto, áudio, imagem, etc.), o site
mostra-se a melhor escolha para retratar as diversas faces da produção
cultural. Apresentando ao leitor uma cultura multimídia, reproduzida em textos,
fotos, áudios e vídeos.
33
Pesquisa, realizada pelo IBOPE em 2011, revela que 73,9 milhões de
brasileiros usam a Internet. Segundo a sondagem, 55,5 milhões de usuários
têm um computador ligado à rede em casa. Desses usuários, 18% procuram
informações em sites e blogs. Baseados nesses dados e nos demais
argumentos citados acima, este trabalho terá como resultado uma página na
web.
As escolhas teóricas, que pretendem sustentar este estudo envolvem
entre outros o jornalismo cultural, a Cibercultura e a questão da formação de
uma identidade cultural.
Em jornalismo cultural, o trabalho aborda as discussões propostas por
Daniel Pizza (2003) e José Salvador Faro (2007). A partir desses autores,
busca-se explicar em que consiste o jornalismo cultural, como surgiu e qual sua
importância, tanto para a comunicação, como para a humanidade.
A base teórica, no âmbito da comunicação, que norteia este estudo é a
de cibercultura, de Pierre Lévy (1999). Tendo em vista que essa teoria busca
entender os impactos das novas tecnologias na sociedade, sobretudo pelo viés
cultural. O autor busca compreender as novas formas artísticas, as
transformações na relação com o saber, as questões relativas à educação e
formação, a cidade e democracia, a manutenção da diversidade das línguas e
das culturas, os problemas da exclusão e da desigualdade. Através dela, este
trabalho pretende discutir como um blog, ou site jornalístico pode contribuir de
maneira decisiva na cultura local das cidades que são objeto de estudo.
Por fim, para entender os conceitos de identidade cultural, como ela é
formada e afeta decisivamente a vida de todos os sujeitos nos mais variados
grupos sociais, este estudo aborda a teoria da identidade cultural de Stuart Hall
(1992). Essa teoria será usada para fortalecer o entendimento de como as
manifestações artísticas podem contribuir na formação de uma identidade
regional do indivíduo.
Devido à escassez de dados sobre consumo de informações sobre a
produção de cultura local em Curitiba e região metropolitana, e no sentido de
ter uma visão ampla sobre este mesmo tema, foram realizadas duas
pesquisas, uma quantitativa e uma qualitativa para a realização deste estudo.
O embasamento teórico destas pesquisas deu-se com os conceitos de Gil
34
(1991), Duarte (2005) e Novelli (2005). Estas pesquisas também fornecem
subsídios para o desenvolvimento do produto.
35
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6.1 Cultura como formadora de identidades
Ajudar a fortalecer o sentimento de identidade dos moradores das
cidades de Curitiba, Araucária, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais
através da divulgação da cultura gerada nestes municípios e também por meio
do intercâmbio cultural entre eles é um dos objetivos desse projeto. Para
entender esse conceito neste trabalho será abordado o conceito de identidade
cultural na pós-modernidade de Stuart Hall.
Segundo Hall a concepção de identidade cultural está ligada a
nacionalidade do sujeito. “Ao nos definirmos, algumas vezes dizemos que
somos ingleses ou galeses ou indianos ou jamaicanos” (Hall, 1992 p. 47).
Segundo o autor esse conceito de identificação surge quando nascemos, mas
só o absorvemos por completo quando passamos a entender os costumes e
símbolos que diferem os nascidos em um país dos nascidos em outro, por
exemplo. Para ele a questão da identidade era imaginária, mas estava
intimamente ligada a uma concepção de símbolos e tradições, costumes e
crenças que uniam os sujeitos em um sentimento patriótico.
Para Hall as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o
mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e
fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.
As sociedade modernas são, portanto, por definição, sociedades de mudança constante, rápida e permanente. Esta é a principal distinção entre as sociedades ‘tradicionais’ e as ‘modernas’ (p. 14).
A chamada crise de identidade é vista como parte de um processo
mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos
centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que
davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.
Baseando-se nessa teoria este trabalho pretende descobrir oque forma
a identidade cultural dos moradores das cidades que são objeto de estudo do
36
presente projeto, ou seja, quais manifestações culturais desses municípios
ajudam o cidadão a se identificar com sua região.
Pretende-se identificar também como os trabalhos de artistas locais
ajudam nessa concepção de identidade. Que contribuição um livro de poemas,
uma canção, uma pintura em óleo sobre tela, um festival de teatro, de cinema
ou de música, se encaixam na teoria de Stuart Hall de que a concepção de
nacionalidade precisa de símbolos para formar uma identidade cultural.
6.2 Cibercultura
A base teórica, no âmbito da comunicação, que norteia este estudo é a
cibercultura, de Pierre Lévy (1999). Tendo em vista que esta teoria busca
entender os impactos das novas tecnologias na sociedade, sobretudo pelo viés
cultural. Especificamente, o autor busca compreender “as novas formas
artísticas, as transformações na relação com o saber, as questões relativas à
educação e formação, a cidade e democracia, a manutenção da diversidade
das línguas e das culturas, os problemas da exclusão e da desigualdade” (p
17).
Partindo do princípio que o meio internet é o suporte adotado para o
desenvolvimento dos objetivos apresentados anteriormente, mostra-se
imprescindível o conhecimento do conceito de ciberespaço, cunhado por Lévy
(1999). Na definição do autor o ciberespaço é a internet propriamente dita. Pois
ainda que a estrutura material, que viabiliza a interconexão mundial de
computadores, seja uma das bases deste fenômeno, o ciberespaço é “também
o universo oceânico de informações que ela [a estrutura] abriga, assim como
os seres humanos que navegam e alimentam esse universo” (p 17). Quanto ao
conteúdo veiculado no ciberespaço Moraes (2012) define que:
Produz-se para o Ciberespaço há pouco tempo, atualmente, começa-se a chegar perto da maturidade, assim faz sentido afirmar que o Ciberespaço é uma experiência nova, sobre a qual se tem muito a aprender, pois as novas ferramentas possibilitam uma maior troca de informações e conhecimento, aumentando dessa forma a capacidade individual, o que gera a coletividade (p 87).
37
Para que fique claro o entendimento destes termos é bom que se faça
a distinção entre cibercultura e ciberespaço. O ciberespaço como definido
acima, está inserido na cibercultura. Esta por sua vez é a teoria em si. Que se
apresenta como “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas,
de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem
juntamente com o crescimento do ciberespaço” (p 17). Portanto um termo
muito mais amplo e complexo, de acordo com Pierre Lévy (1999).
Dentro desta complexidade e amplitude da cibercultura, o autor
entende que o desenvolvimento das técnicas, das cibertecnoloigias, são
impulsionadas por ambições e interesses governamentais, militares, pela
competição econômica mundial entre empresas do setor de software e
eletrônica, e entre os grandes conjuntos geopolíticos. Porém, esta mesma
tecnologia acaba sendo utilizada e serve aos propósitos de indivíduos que
buscam aumentar sua autonomia e ampliar seu conhecimento. Como, por
exemplo, os produtores de cultura, sobretudo em nível de abrangência
regional, objeto deste estudo. Nas palavras de Lévy (1999) a tecnologia
analisada pela cibercultura:
Encarna, por fim, o ideal de cientistas, de artistas, de gerentes ou de ativistas da rede que desejam melhorar a colaboração entre as pessoas, que exploram e dão vida a diferentes formas de inteligência coletiva e distribuída. Estes projetos heterogêneos diversas vezes entram em conflito uns com os outros, mas com maior frequência (...) alimentam-se e reforçam-se mutualmente” (p 24).
Outro aspecto relevante dentro da teoria da cibercultura é a inteligência
coletiva, defendida pelo autor como um dos principais motores deste
fenômeno. A percepção é de que quanto maior o desenvolvimento da
inteligência coletiva “melhor é a apropriação, por indivíduos e por grupos, das
alterações técnicas, e menores são os efeitos de exclusão ou de destruição
humana resultantes da aceleração do movimento tecno-social” (p 29). O
ciberespaço, por sua vez, acaba por funcionar como um elemento de
comunicação interativo e comunitário e como um instrumento da inteligência
coletiva.
Ao trazer esta leitura para o cenário da produção da cultura local, a
inteligência coletiva por meio do ciberespaço torna-se uma potente ferramenta
38
de intercâmbio cultural e de compartilhamento de conhecimento. Por exemplo,
o site que abriga conteúdos de cultura local torna-se um ponto de encontro
entre a produção e o saber coletivo das cidades objetos deste estudo. Nas
palavras de Lévy (1999) vemos a aplicação prática do ciberespaço nos grupos
sociais:
As particularidades técnicas do ciberespaço permitem que os membros de um grupo humano (que podem ser tantos quantos se quiser) se coordenem, cooperem, alimentem e consultem uma memória comum, e isto quase em tempo real, apesar da distribuição geográfica e da diferença de horários (...) resumindo, a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma virtualização geral da economia e da sociedade (p 49).
Esta virtualização nos remete à maneira como este conteúdo é
apresentado neste chamado ciberespaço. Pois, além de influenciar no
comportamento social estas técnicas do ciberespaço e, portanto da
cibercultura, alteram o modo de relacionamento do indivíduo com a informação.
Para Moraes (2012), a possibilidade de relações que um indivíduo
pode desenvolver é potencializada na internet. O número de comunidades que
as pessoas podem participar é ampliado, tendo em vista a quebra da barreira
física nas relações. Com isso, ainda segundo o autor, cria-se um cenário
favorável para criação de identidades virtuais.
A natureza das relações estabelecidas através da Internet, a forma como elas são representadas pelos envolvidos, o desenrolar das historias, facilita a manipulação e criação de identidades virtuais. Antes da internet, as únicas comunidades das quais um indivíduo podia fazer parte eram aquelas que podia comparecer fisicamente, tendo que ser algo próximo das pessoas. Com a Internet, as pessoas podem simplesmente ingressar em uma comunidade na Internet que tenha afinidades, tornando um grande recurso para transmitir informação e unir seus usuários por um tema em comum (p 86).
Para Lévy (1999) o dispositivo comunicacional designa a relação entre
os participantes da comunicação. No caso, a internet tem potencialidade de um
meio multimídia, ou nos termos do autor, multimodal. Possibilitando ao usuário
diversas modalidades sensoriais, como visão, audição, etc. No aspecto da
relação com o usuário, o ciberespaço proporciona uma relação comunicacional
definida pelo autor como todos-todos, diferentemente do correio ou telefone,
por exemplo, onde a relação é um-um, ou ainda, das tradicionais mídias como
39
televisão, imprensa e rádio onde a relação é da comunicação de massa, um-
todos.
Numa relação entre a teoria com o objeto de estudo (produção cultural
local) e sua aplicação, percebe-se que a cibercultura oferece um recurso de
intercâmbio entre os agendes produtores e consumidores de conteúdo. Nesta
relação, em que todos falam com todos, o potencial de troca de informações se
torna relevante para o objetivo apresentado e transcende o potencial das
mídias tradicionais.
Portanto, no ciberespaço, este modo de relacionamento gera uma
consequência no que diz respeito à interatividade. Lévy (1999) define a
participação ativa do beneficiário de uma transação de informação como
interatividade. No entanto, para avaliar o grau de interatividade deve-se levar
em conta “a possibilidade de reapropriação e de recombinação material da
mensagem por seu receptor” (p 76).
Desta maneira, os chamados hiperdocumentos abertos acessíveis on-
line, frutos da escrita/leitura de uma comunidade, ou seja, os sites, permitem a
interrupção e reorientação do fluxo infomacional em tempo real, no que diz
respeito da relação com a mensagem e, proporciona um diálogo entre vários
participantes como dispositivo de comunicação. Apresentando assim um alto
nível de interatividade. (LÉVY, 1999. Quadro nº3)
Esta interatividade é vista por Moraes (2012) como uma característica
fundamental da cibercultura. Para ele esta liberdade de expressão dentro da
internet pode refletir em aspectos fundamentais na sociedade, influenciando
inclusive o cenário político.
(...) usada de maneira apropriada [a internet], pode fundamentalmente mudar a paisagem política. Os antigos centros do poder estão desmoronando. Recentemente, várias redes sociais foram utilizadas pela população egípcia como forma de mobilização para criar resistência e derrubar o regime do ditador Hosni Mubarak. O que se percebe é que os governos não têm formas de controlar a internet (p 88).
Este episódio, que marcou o início da chamada Primavera Árabe, mostra
a força de propagação de conteúdos proporcionada pelas redes sociais. No
âmbito do jornalismo este potencial vem sendo cada vez mais utilizado. Estas
novas ferramentas, provenientes do ciberespaço, alteram a lógica produtiva do
jornalismo e inserem outros atores no processo comunicacional. Para Primo
40
(2011) “As práticas jornalísticas de hoje envolvem um número maior de
produtores e distribuidores de notícias, sendo que uma importante parcela
destes não faz parte de organizações jornalísticas”. São as pessoas comuns,
sem a detenção dos meios de produção que entram em cena.
Neste novo cenário, também chamado de jornalismo em rede, os
tradicionais veículos se utilizam das redes sociais para difusão dos seus
conteúdos. Porém, segundo Heinrich (2011) “os veículos noticiosos tradicionais
perderam o controle total sobre o conteúdo, sendo hoje apenas mais uma voz
entre tantas no jornalismo em rede”. Neste jornalismo, praticado no
ciberespaço, as fontes alternativas auxiliam o trabalho jornalístico em meio ao
fluxo caótico de informações. Neste contexto Primo (2011) afirma que “quanto
maior a rede de colaboradores, melhor o resultado jornalístico”.
A respeito do comportamento do internauta no consumo de conteúdos
informativos, Primo (2011) define que:
O cidadão não se informa mais apenas através de veículos jornalísticos consagrados, nem aceita a definição de terceiros sobre o que é crível ou que tenha boa reputação. Um interagente na cibercultura consome toda e qualquer informação que tiver contato, segundo suas estratégias particulares de interação na rede. Além de sites jornalísticos, ele também se atualiza através de blogs, Twitter, sites de redes sociais (como Facebook), e-mail, etc.
Por fim o autor entende que o usuário é quem decide seus caminhos no
ciberespaço. Bem como a relevância de cada ator comunicacional, sejam eles
veículos tradicionais ou usuários comuns independes destes veículos. Primo
(2011) chama de Composto Informacional Midiático a visão de mundo que
emerge deste cruzamento de informações provenientes de diversificadas
fontes.
6.3 Jornalismo Cultural
O Jornalismo Cultural surgiu, segundo Daniel Piza, depois do período
renascentista no século XVI. “Um dos marcos do jornalismo cultural, não uma
data inicial é 1711. Foi nesse ano que dois ensaístas ingleses, Richard Steel e
Joseph Addison fundaram uma revista diária chamada The Spectator” (PIZA,
41
2003 p. 11). Esse periódico trazia críticas de peças de teatro, de óperas, de
livros, de festivais e da vida artística londrina. Segundo Piza essa publicação
tinha como objetivo. “Tirar a filosofia dos gabinetes e bibliotecas, escolas e
faculdades, e levar para clubes e assembléias e casas de chá e cafés” (p. 11).
Piza associa o surgimento deste estilo jornalístico ao crescimento dos centros
urbanos.
A Spectator se dirigia ao homem da cidade, ‘moderno’, isto é,
preocupado com modas, de olho nas novidades para o corpo e
a mente, exaltando diante das mudanças no comportamento e
na política (p. 12).
Já no século XX, o jornalismo cultural, foi disseminado através de
publicações culturais de prestígio internacional, como a revista norte-americana
The New Yorker. “Foi ali que Lilian Ross, num perfil de Ernest Hemingway, em
1950, fundou esse gênero de jornalismo moderno e abriu caminho para as
invenções do New Journalism” (p.23).
Com a industrialização da Europa no século XIX houve um incremento
substancial na atividade jornalística. Importantes nomes do jornalismo cultural,
como Dr. Johnson, descrito por Piza como o pai da crítica, surgiram em todo o
continente europeu e também nos Estados Unidos. Resenhas e críticas
culturais permeavam os folhetins como afirma Alzamora (2008). “Folhetim
designava uma parte do jornal: o rodapé da primeira página onde iam parar as
‘variedades’, as críticas literárias, as resenhas teatrais, junto com anúncios e
receitas culinárias”, (ALZAMORA, 2008, p. 01).
Segundo Piza, no Brasil, o jornalismo cultural tem como seu primeiro
expoente o escritor Machado de Assis. “O jornalismo cultural só ganharia força
no final do século XIX: e dele nasceria no nosso Henry James, Machado de
Assis (1839- 1908) que começou a carreira como crítico de teatro”, (p, 16).
Lopez e Freire (2007) afirmam que este estilo de jornalismo só começou a
ganhar força no país com a vinda da família real em 1808.
42
Como se sabe, esse processo só vai acontecer no Brasil, ainda
que de forma lenta, devido ao alto índice de analfabetismo,
baixa concentração urbana, além de outros fatores, a partir do
século XIX tendo como marco a vinda da família real ( LOPEZ
e FREIRE, 2007, p. 4).
Hoje, o jornalismo cultural tem papel de grande importância na
imprensa brasileira. Segundo Faro além dos espaços destinados às críticas
artísticas, muito comuns em veículos de grande circulação, desempenha
também papel relevante na divulgação de eventos e manifestações culturais e
na avaliação e reflexão em torno de tendências da arte e do pensamento
contemporâneo.
Para Faro (2007) apesar da grande quantidade de veículos que
noticiam cultura, poucas pesquisas acadêmicas dão conta de sua
complexidade.
Embora se possa afirmar que estamos diante de uma vaga,
dada a proliferação de livros, artigos, disciplinas em programas
de pós-graduação e nos próprios cursos de graduação, sites e
até comunidades virtuais que discutem o assunto, os estudos
existentes sobre o gênero, na maior parte dos casos,
enveredam por linhas de interpretação que diluem sua
natureza em explicações formalistas que, por sua simplicidade.
(p.02)
Segundo Faro o jornalismo cultural é um estilo que cobre, analisa e
relata os principais expoentes da produção cultural humana.
Esta vertente se propõe a cumprir a tarefa de cobrir, analisar e relatar
as principais criações da produção cultural do gênero humano, em áreas tão
diversas quanto dança, artes plásticas, teatro, música ou cinema e em regiões
que vão desde o sertão nordestino até as estepes russas.
6.4 Gêneros do jornalismo cultural
Segundo Lopez e Freire o jornalismo cultural no Brasil é conhecido
principalmente através de dois gêneros: a crítica e a agenda. “Esses são os
principais gêneros, já a crônica, o perfil, as notas e principalmente a grande
reportagem acabam sendo colocados de lado na grande imprensa brasileira”,
(p. 01). Para os autores um dos destaques deste estilo jornalístico é a
43
reportagem, que, apesar de geralmente não tratar de temas factuais, peca pela
falta de aprofundamento.
Tais reportagens geralmente não estão vinculadas à cobertura
em tempo real, e, ainda assim, são abordadas como ‘Hard
News’, sem os diferenciais de profundidade e multiplicidade
necessários (p. 6).
Outro gênero do jornalismo cultural é a resenha, que segundo José
Marques de Mello nada mais é do que a apreciação da produção artística. “É a
apreciação das obras de arte ou produtos culturais com a finalidade de orientar
a ação dos fruidores ou consumidores”, (MELO, 1994, p. 125). Destaca-se
também entre os gêneros das editorias de cultura a crítica, que segundo Lopez
e Freire se propõe a resumir e revelar o sentido da obra. “A crítica em uma
visão clássica, necessariamente, redutiva, se propõe a resumir o sentido da
obra e o estabelecimento de um juízo de valor sobre ela”, (p. 7).
Já a crônica é, não somente no jornalismo literário, um recorte da
realidade cotidiana sob a visão do jornalista ou escritor, como destaca José
Marques de Melo. “A crônica moderna gira permanentemente em torno da
atualidade, captando com argúcia e sensibilidade o dinamismo da notícia que
permeia toda a produção jornalística”, (p. 154). Há ainda a nota que segundo
Melo se destina aos acontecimentos que estão em processo de configuração.
A apresentação de um personagem e toda a sua dimensionalidade é, segundo
Lopez e Freire, o papel fundamental do chamado perfil.
O perfil, abundantemente utilizado no jornalismo cultural, não é
outra coisa, senão a apresentação rápida, esquemática e
informativa, de uma figura literária, artística ou intelectual,
sobre a que se deseja informar um público não especializado
(p. 7).
6.5 Jornalismo Cultural online
A internet ganha força na década de 1990 e os meios de comunicação,
aos poucos, se enquadram nessa nova realidade. Segundo Alzamora (2008)
com a internet dá-se a proliferação de websites não jornalísticos de conteúdo
cultural.
44
O desenvolvimento da internet 2.0 na primeira década dos
anos 2000 impulsionou a disseminação de formatos
colaborativos de informação, como blogs, flogs, vlogs e
podcasts, além de ambientes de compartilhamento de
informação, como Youtube. A informação cultural passou,
então, a circular intensamente por esses formatos emergentes,
que não apenas tencionam como também expandem as
perspectivas editoriais e de linguagem do jornalismo cultural
(ALZAMORA, 2008, p.3).
Para Anísio Teixeira a internet teve um impacto importante na
produção do jornalismo cultural. Segundo o autor os principais podem ser
enumerados em seis. “1)hipertextual; 2) multimidiático/convergente;3) passível
de atualização contínua; 4) personalizável;5) interativo e 6) passível de
incorporar memória”, (TEIXEIRA, 2007, p. 4). O autor se refere a hipertexto
como algo que não é uma novidade apresentada pelo suporte eletrônico-digital,
mas que com certeza foi potencializado por ele. Para Teixeira, os textos de
internet não têm apenas conexões com outros textos, mas também com
trechos de áudio e vídeo, podendo ser considerados hipermídias. O conceito
de multimidiático/convergente é, para o autor, algo que dá ao jornalismo digital
a possibilidade de fornecer uma plataforma não só de publicação, mas também
de distribuição de conteúdo. Ou seja, a uma convergência não só na
linguagem, mas também nas funções. Outra característica marcante, segundo
Teixeira é a atualização contínua que o jornalismo online oferece.
O jornalismo on line oferece um conteúdo que pode ser
atualizado continuamente. É a primeira vez na história da
comunicação que o texto impresso informativo alcança uma
velocidade para o relato de situações e fatos antes só possível
via rádio e TV (hard news). Ao mesmo tempo, porém, pode
manter o caráter de interpretação e análise que marcou o
conteúdo do jornalismo impresso (soft news) (p.4).
Outro impacto importante da internet sobre o jornalismo é, segundo
Teixeira, a característica de personalização. Para ele, o leitor, pode selecionar
o conteúdo de sua preferência e receber, via email, informações sobre o que
realmente lhe interessa, ou mesmo adicionar à sua pasta de favoritos os sites
que mais lhe agradam. Outro ponto importante do impacto da web é, segundo
45
o autor, a interatividade que os sites oferecem. Seria uma interação quase em
tempo real, em que o leitor pode sugerir, elogiar, ou criticar o conteúdo postado
através de emails e comentários. Por fim, a última importante transformação
citada por Anísio Teixeira é a capacidade de armazenamento de dados ou
memória. Para ele, essa competência das plataformas digitais fornece, não
somente ao leitor, mas também ao jornalista, a possibilidade de realizar
pesquisas sobre conteúdos postados na rede. O poder de compactação de
dados possibilita um acesso mais amplo às informações.
46
7. METODOLOGIA
O presente trabalho se valeu de dois meios principais para coleta de
informação em sua base argumentativa. Primeiramente, a revisão da literatura,
na qual, mediante pesquisa bibliográfica, autores defendem aspectos
relevantes que cercam o tema abordado. Por outro lado, a pesquisa empírica
se mostrou imprescindível para o desenvolvimento deste projeto. Tanto para o
entendimento aprofundado da realidade específica do objeto de estudo, a
cultura local nas cidades de Araucária, Pinhais, Colombo, São José dos
Pinhais e Curitiba. Como para entendimento da visão do público no que diz
respeito à cultura local, proveniente destas cidades. Por isso, foi realizada uma
pesquisa quantitativa com o público.
7.1 Revisão da Literatura
Para a compreensão e esclarecimento do leitor deste trabalho sobre o
termo cultura e sua ampla significação, nas diferentes correntes de estudos e
áreas das ciências, recorreu-se a autores como Gonçalves (1998), Duche
(1996), Kellner (1995) e Laraia (1986). No intuito de entender a importância da
cultura na sociedade utilizamos novamente Kellner (1995) e também Silva
(2002). Dados do IBGE e fontes oficiais das prefeituras das cinco cidades
estudadas foram essênciais para o entendimento da região que chamamos de
Grande Curitiba. Um dos pontos fundamentais deste estudo é o movimento
pendular, o conceito definido por Moura (2010) foi de grande relevância neste
aspecto. Na relação entre mídia e cultura os estudos de Santaella (2003) e
Kellner (1995) serviram de base, sobretudo no que diz respeito à chamada
cultura das mídias. Diante do fato de que produção cultural regionalizada é o
principal objeto de estudo, mostrou-se necessário a compreensão do que
Peruzzo (2003) chama de mídia local. O conceito de identidade cultural, de
Stuart Hall (1992) e a Cibercultura de Lévy (1999) acompanhada de leituras
atualizadas de Moraes (2012), Heinrich (2011) e Primo (2011) que também
contemplam a questão das redes sociais formam a fundamentação teórica
47
deste estudo, juntamente com os conceitos do jornalismo cultural de Piza
(2003), Faro (2007) e Mello (1994).
7.2 Pesquisa quantitativa com o público
Para ter uma visão dos hábitos de consumo informações relativas à
cultura local nas cidades da região metropolitana de Curitiba e da própria
capital, foi necessário realizar uma pesquisa com o público. A pesquisa
também foi útil no sentido de traçar um perfil do público alvo em potencial para
o consumo do produto resultado deste estudo. Segundo Gil (1991), a pesquisa
pode decorrer “do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais
eficiente ou eficaz” (p 19). No caso deste estudo, a pesquisa justifica-se pela
aplicação prática dos resultados no produto.
Ainda para o autor, quanto à classificação da pesquisa, foi eleito o que
Gil (1991) chama de levantamento.
As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. (p 56)
Por fim, o ator define o conhecimento direto da realidade, a economia e
rapidez e a possibilidade de quantificação dos dados as principais vantagens
desta modalidade de pesquisa.
A pesquisa foi aplicada na internet, por meio da ferramenta Formulário
do Google Docs. Foram disponibilizadas doze questões fechadas que ficaram
disponíveis para resposta do dia 24 ao dia 29 de maio de 2012.
A escolha de perguntas fechadas baseia-se no entendimento de Novelli
(2005), na qual este tipo de pergunta, na medida em que apresenta uma lista
de opções de respostas, mostra-se mais eficaz para a comparação das
respostas dos entrevistados. Ainda esta modalidade tem a vantagem de
colaborar com o entendimento por parte do entrevistado acerca da pergunta
proposta.
O link da pesquisa foi divulgado prioritariamente via rede social
Facebook. Além disso, foi feito um mapeamento em comunidades do Orkut das
48
cidades de Araucária, Colombo e São José dos Pinhais, no sentido de criar um
banco de dados com os e-mails dos usuários participantes destas
comunidades para, em seguida, convidá-los por e-mail, para responder o
questionário online. (ver em anexo Figuras 1 e 2)
Estima-se que a pesquisa atingiu um raio alcance de 6.000 pessoas pela
internet. Somados redes sociais e e-mails. Para a obtenção desse número,
foram somados todos os participantes das comunidades e grupos em que a
pesquisa foi divulgada, assim como os compartilhamentos da pesquisa no
facebook e o número de convidados para o evento criado para divulgação da
pesquisa, bem como o número de e-mails enviados diretamente para o grupo
focal residente nas cidades de Colombo, Pinhais, Araucária e São José dos
Pinhais.
Deste total responderam a pesquisa 200 pessoas. O que situa a
pesquisa em uma amostragem não probabilística, o que segundo Novelli
(2005), a seleção é feita com base em intencionalidade e conveniência por
parte dos entrevistados. De acordo com Gil (1991) a margem de erro para esta
quantidade de entrevistados situa-se na faixa de 7,5% no resultado.(Tabela 7.1
p 101)
A escolha da realização da pesquisa exclusivamente na internet deve-se
ao fato de que o produto fruto deste estudo é um site. Assim entendeu-se que
a pesquisa deveria ser feita na mesma plataforma onde encontra-se o público
do produto.
O questionário visa a compreender alguns pontos, como: público-alvo,
meios e veículos utilizados para acesso a informações de cultura, produtos que
atuam na mesma área de cobertura que o produto proposto por este estudo,
assuntos e formatos de maior interesse por parte do entrevistado e, por fim, o
grau de conhecimento e inserção do entrevistado no meio cultural de sua
cidade assim como os motivos pelo qual ele participa ou deixa de participar de
eventos ligados à cultura. O questionário na íntegra está disponível nos anexos
do trabalho.
49
7.2.1 Análise da Pesquisa Quantitativa
A pesquisa quantitativa com o público foi realizada entre os dias 24/05
a 29/05 de 2012. Responderam ao questionário 200 pessoas das cidades de
Curitiba e Região Metropolitana. Foram elaboradas doze perguntas no sentido
de compreender e mapear os hábitos de consumo de informações sobre
cultura, tendo enfoque na produção de cultura local na chamada Grande
Curitiba.
7.2.1.1 Dados dos entrevistados
As quatro primeiras perguntas do questionário revelam dados básicos
do entrevistado. Porém, relevantes para o conhecimento do perfil dos
interessados em cultura local. Neste primeiro grupo de questões foram
perguntados a idade, cidade onde mora, renda familiar e grau de escolaridade.
Idade
Observou-se que dos 15 aos 34 anos encontra-se uma faixa etária
expressiva dos entrevistados somando 81% dos participantes. Porém, levando
em conta as duas faixas mais representativas conclui-se que os participantes
de 20 a 29 anos podem ser considerados o público alvo desta pesquisa,
somando 55% dos participantes, com 109 pessoas num total de 200.
A pergunta relativa a idade foi subdividida em onze faixas etárias, cujo
resultado foi: até 14 anos (1%), de 15 a 19 (13%), de 20 a 24 (31%), de 25 a 29
(24%), de 30 a 34 (13%), de 35 a 39 (7%), de 40 a 44 (5%), de 45 a 49 (1%),
de 50 a 54 (4%), de 55 a 59 (2%) e por fim acima de 60 anos (1%), conforme
Gráfico 1.
50
Gráfico 1
Cidades
Partindo do principio de que o estudo bem como o produto terá foco em
cinco cidades da grande Curitiba, buscou-se descobrir onde reside o público.
Nesta segunda pergunta foram ofertadas 6 alternativas para resposta. O
resultado mostrou que: 54% vivem em Curitiba e 32% dos que responderam
moram em Pinhais. De acordo com os participantes da pesquisa, essas duas
cidades formam a maioria do público interessado no tema cultura local.
Seguidos de Colombo, com 6%, Outras cidades da Região Metropolitana
representaram 5%; São José dos Pinhais, 3%; e Araucária, apenas 1% dos
entrevistados.
Conforme foi apresentado na metodologia, buscou-se divulgar a
pesquisa de forma democrática entre as cidades estudo. As redes sociais,
sobretudo grupos e comunidades das cidades, assim como espaços dedicados
a temas relacionados à cultura, foram o foco da divulgação do questionário. No
entanto, a participação do público não se apresentou de forma equilibrada no
que diz respeito às cidades em que residem, conforme mostra o gráfico 2.
O resultado mostra onde pode-se encontrar um público com maior
interesse em assuntos de cultura local, porém, indica que há necessidade de
focar nos assuntos culturais das demais cidades no sentido de formar um
público para o produto.
51
Gráfico 2
Renda
Para o quesito renda foram apresentadas quatro faixas salariais em
que 45% dos participantes declararam ganhar mais de cinco salários mínimos,
36% estão entre três e quatro salários, 17% entre dois e três salários e 1%
declarou ganhar um salário mínimo.
Na definição do IBGE o público situa-se nas classes D (36%), C,B e A
(45%).
Gráfico 3
52
Escolaridade
O resultado da pergunta sobre grau de escolaridade apresentou que
prioritariamente o público é composto por universitários. Foram apresentadas 6
faixas de escolaridade abrangendo do Ensino Fundamental até Doutorado.
Entrevistados com apenas o Ensino Fundamental completo
representaram 2%, Pós Graduação (Especialização, Mestrado, Doutorado)
cursando foram 6% dos participantes, Pós Graduação completo são 11%,
Superior completo 22%, Ensino Médio 23% e os chamados Universitários
somam 38%, a maior faixa de escolaridade.
Gráfico 4
Com relação aos dados dos entrevistados pode-se definir que se trata
de universitários, jovens e adultos que vivem em Curitiba e Pinhais e
pertencentes às classes C e D.
7.2.1.2 Acesso a informações sobre cultura
Meios
No intuito de identificar os hábitos de consumo de informações
relacionados à cultura, foi perguntado onde (que meio) prioritariamente os
entrevistados buscam informações sobre este assunto. Foram expostos
exemplos do tipo de cultura pesquisada com a seguinte frase: Entenda por
cultura cinema, teatro, música, literatura, etc. Isto foi feito no sentido de mostrar
53
ao participante que se trata de uma cultura veiculada na mídia e não outro
entendimento deste termo tão amplo.
O meio internet foi o mais indicado pelos entrevistados, com
84%.Seguido por Televisão 6%, Jornal Impresso 4%, Revistas 4%, Rádio 2% e
a opção Outros também foi a escolha de 2% dos participantes. A opção Outro
foi acompanhada de uma caixa de texto onde o participante pode indicar qual o
outro meio que utiliza na busca de informações sobre cultura. O Guia Cultural
Oficial da Cidade de Curitiba assim como Livros foram indicados como outros
meios de acesso a informações de cultura por parte de 2% dos entrevistados.
Gráfico 5
Formatos de mídia online
Dentro dos formatos de apresentação de conteúdo na internet, o site foi
o escolhido pela maioria dos entrevistados, 67% deles buscam informações de
cultura na internet em sites, 20% por meio de redes sociais, 10% em blogs e
4% por cento em outros. Dentro da opção outros os participantes indicaram
todas as alternativas anteriores, sites específicos ou não indicaram outros
meios.
O resultado se mostrou positivo no que diz respeito às escolhas feitas
para o desenvolvimento do produto, que será um site, e tem atuação nas redes
sociais.
Gráfico 6
54
Mercado e concorrentes
Com o intuito de identificar outros produtos similares ao proposto por
este estudo, assim como sua viabilidade e ineditismo, foi questionado se o
entrevistado tinha conhecimento de algum site ou blog que traga informações
sobre a produção cultural e/ou movimentos e ações culturais das cidades da
Região Metropolitana de Curitiba. Como opções de respostas foram oferecidos
Sim e Não. No caso de Sim, o participante teve a possibilidade de indicar qual
o site ou blog. Com a análise das respostas verificou-se que apenas 3% dos
200 entrevistados soube indicar algum site ou blog sobre cultura local.
Sessenta e dois por cento dos participantes informaram desconhecer
algum site ou blog sobre cultura nas cidades da Região Metropolitana de
Curitiba. Este dado é visto como positivo indicando uma lacuna no mercado ao
qual este estudo se propõe, assim como o produto fruto deste estudo. Que é a
produção de cultura local, sobretudo nas cidades metropolitanas da capital
paranaense.
Trinta e oito por cento afirmaram conhecer algum site ou blog sobre
cultura. No entanto, deste total, que afirmou conhecer outros sites, 61%
apontaram sites de noticias em geral ou sites que abordam cultura de Curitiba,
fugindo do proposto que eram sites ou blogs sobre cultura da Região
Metropolitana. Nomes como Gazeta do Povo, Fundação Cultural de Curitiba,
Curitiba Cultura e Descubra Curitiba formaram estes 61%.
Destes mesmos 38% que responderam Sim, 9% (ou 3% do total)
indicaram sites relacionados à cultura local. São eles: O blog da festa de rap I
Love Cwbeats, evento de Curitiba. O site Em Cartaz, sobre cultura local,
sobretudo em Curitiba, traz também conteúdo da Região Metropolitana, porém
em proporção reduzida se comparado ao espaço dedicado a temas da cultura
55
nacional e internacional. O blog Revista de Vista, fala sobre teatro, moda e
cinema nas cidades de Pinhais e Curitiba. O blog Mofonovo, que apresenta
conteúdo sobre música produzida em Curitiba e Região. E, por fim, o grupo do
Facebook Som e Cultura, que fala de cultura com ênfase na cidade de Pinhais
e em âmbito nacional e mundial.
Ainda dentro dos 38% que responderam Sim, 10% se referiram a sites
oficiais das prefeituras das cidades da Região Metropolitana. Quatorze por
cento apontaram sites que não falam de cultura local, como Literatura Brasileira
e Tomodachi, sobre cultura japonesa. Por fim, 6% dos que afirmaram conhecer
algum site ou blog sobre cultura na Região Metropolitana indicaram o Portal
Pêndulo, blog teste deste produto.
Conclui-se com esta questão que de fato apenas 3% dos 200
entrevistados mostraram conhecer algum site ou blog sobre cultura local. No
entanto analisando o conteúdo destes veículos verifica-se que não se dedicam
inteiramente à cultura local ou quando o fazem se focam em apenas um gênero
cultural (como música ou teatro) e não abordam mais de uma cidade da Região
Metropolitana. Sendo assim, segundo a resposta dos entrevistados, não há um
site no mercado dedicado ao que o produto deste estudo se dedica, que é a
abordagem da produção cultural local em Curitiba, Araucária, Pinhais, Colombo
e São José dos Pinhais assim como o intercâmbio de cultura entre estas
cidades.
Gráfico 7
56
7.2.1.3 Conteúdo e formatos
Assuntos relacionados a cultura de maior interesse dos entrevistados
Nessa pergunta foi ofertadas aos entrevistados um leque de opções
relativos à cultura como formas de práticas artísticas, sendo que as respostas
eram de múltipla escolha. Os entrevistado puderam votar em todas essas
manifestações:cinema, teatro, música, artes plásticas, dança, literatura,
esculturas, quadrinhos e outros. A intenção dessa questão é identificar quais
assuntos e praticas artísticas são da preferência do público questionado. Isso
servirá, entre outros, para pautar o blog quanto a produção de conteúdo.
O resultado mostrou que cinema aparece como preferência em 84%
das respostas, teatro em 50%, música em 83%, literatura em 41%, quadrinhos
22%, dança 17%, artes plásticas 14%, esculturas 5% e outros somam 2%. Na
opção outros aparecem fotografia, artes digitais e esportes.
Pode-se avaliar pela resposta que o público entrevistado tem um gosto
variado em relação à produções culturais, mas percebe-se que a maioria dos
entrevistados tem interesse por cinema, música, teatro e literatura.
Gráfico 8
57
Sobre o formato dos conteúdos do blog ou site
Nessa pergunta os entrevistados foram questionados sobre como
preferem ver o conteúdo produzido por um blog ou site. Como opção foi dada
texto, fotos, vídeos e multimídia.
O resultado mostrou que os textos são a preferência estando presente
em 59% das respostas, seguido de multimídia (texto+imagem+vídeo+som) com
54%, fotos 51% e vídeos 36%. A resposta revela que o blog precisa primar por
todas essas opções, mas prioritariamente por conteúdo multimídia. As fotos
também são um bom atrativo.
Gráfico 9
7.2.1.4 Interatividade
Sobre os movimentos e eventos culturais
Eles foram questionados sobre se conhecem ou não os eventos
culturais das cidades onde moram. Na resposta 51% declararam que sim e
47% que não. Percebe-se a partir desse resultado que pouco mais da metade
sabe oque acontece no quesito cultura do lugar onde vive. Isso nos dá uma
noção da importância de um veículo com produção de conteúdo
jornalístico/cultural para essas regiões.
58
Gráfico 10
Na pergunta seguinte os entrevistados foram questionados sobre sua
participação nos eventos culturais das cidades onde moram. O resultado
mostrou que 66% participam ou já participaram de eventos culturais no lugar
onde vivem e 32% não.
A resposta, comparada com as da pergunta anterior, mostra que a
maioria das pessoas que conhecem os eventos artísticos de sua cidade,
participam ou já participaram deles.
Gráfico 11
Ainda sobre eventos culturais dos municípios dos entrevistados foi
levantada uma questão sobre o porquê da participação deles em tais eventos.
Foram dadas as seguintes opções de resposta: participo porque me interesso;
porque meus amigos vão; porque é barato; porque é perto; porque as atrações
são boas; porque sou informado que elas acontecem e outros, sendo que as
respostas eram de múltipla escolha e a margem de erro varia entre três e 5%.
O resultado mostrou que 75% dos entrevistados vão a eventos
culturais de sua cidade porque gostam. Outros 37% porque as atrações são
boas. Mais 17% porque são informado que elas acontecem, outros 17% porque
meus amigos vão, 11% porque é barato, 9% porque é perto e 5% outros.
59
A resposta dessa questão revela que a maioria dos entrevistados gosta
das atrações culturais de sua cidade. Mais de 30% porque consideram boas as
atrações ofertadas, outros tantos porque seus amigos também vão e porque
são informados de alguma maneira de que elas acontecem. A minoria revelou
preocupação a gastos financeiros e em relação aos eventos serem perto de
onde moram. Em outros encontramos como resposta: “Porque sou músico e
preciso ficar a par da cena local”; “por que acompanho minha filha que participa
de apresentações culturais”; “para valorizar os artistas locais”; “porque ajudo a
organizar eventos culturais”.
Gráfico 12
Ainda com relação aos eventos culturais de sua cidade, os
entrevistados foram questionados sobre porque não vão a eventos culturais
que acontecem no munícipio onde moram.
Nessa pergunta foram dadas como opção as seguintes respostas: não
participo porque não me interesso, porque meus amigos não vão; porque é
caro; porque é longe; porque as atrações são ruins; porque não sou informado
que elas acontecem e outros. Como resposta obteve-se: 46% dos
entrevistados disseram que não vão porque não são informados pelos eventos;
25% porque consideram caro; 22% porque é longe; 14% porque não se
interessa e 14% porque considera as atrações ruins; 7% outros e 6% porque
seus amigos não vão.
Participo porque me interesso
Porque meus amigos vão
Porque é barato
Porque é perto
Porque as atrações são boas
Porque sou informado que elas acontecem
Outro
60
Através destas respostas pode-se perceber que quase metade dos
entrevistados não vai aos eventos culturais de sua cidade porque não sabe
onde e quando eles acontecem. E uma boa porcentagem não comparece
porque os considera caro.
Gráfico 13
Sobre quais eventos culturais de Curitiba e Região Metropolitana os
entrevistados conhecem
Essa pergunta teve como objetivo descobrir quais os eventos artísticos
mais conhecidos dos entrevistados. Como opção de resposta foram dados os
seguintes eventos: Lupaluna; Festival de Teatro de Curitiba; Virada Cultural;
Psycho Carnival; Festa da Uva de Colombo; Festival da Canção de Araucária;
Festival de Teatro Amador e Estudantil de Pinhais; Festival de Teatro de
Colombo; Festival de Música de São José dos Pinhais; Zombie Walk e outros.
O resultado revelou que o Festival de Teatro de Curitiba é conhecido de 89%
dos entrevistados. O Lupaluna é conhecido de 85%; a Virada Cultural de 69%;
a Festa da Uva de Colombo de 62%; a Zombie Walk de 56%; o Psycho
Carnival 40%; Festival de Teatro Estudantil e Amador de Pinhais 21%; o
Festival de Teatro de Colombo e o Festival de Música de São José dos Pinhais
11% e outros 15%.
Na opção outros apareceram os seguintes eventos: Festival Ruído nas
Ruínas; Mostra de Dança; Parada Gay; Marcha das Vadias; Jedicon, Gibicon;
Não participo porque não me interesso
Porque meus amigos não vão
Porque é caro
Porque é longe
Porque as atrações são ruins
Porque não sou informado que elas acontecem
Outro
61
Picnic Vitoriano; Expotrek; Mead Fest; Orchestra Sinfônica do Paraná e
Festival de Cinema.
As respostas desta pergunta mostram que os eventos mais conhecidos
dos entrevistados são os que acontecem em Curitiba ou os que têm grande
repercussão na mídia. Aqueles no qual os grandes veículos de comunicação
estão envolvidos, tanto na divulgação, como na cobertura são os mais
conhecidos das pessoas que responderam à pesquisa. O Lupaluna é um bom
exemplo.
Gráfico 14
7.2.1.5 Conclusão da análise dos resultados
A análise dos resultados da pesquisa mostra que apenas 3% dos
entrevistados soube indicar algum site ou blog sobre cultura local. Portanto
quase a totalidade dos participantes desconhece um produto semelhante ao
proposto por este estudo. Ainda percebeu-se que 63% destes participantes já
foram alguma vez a algum evento cultural em suas cidades, mostrando que há
um interesse do público neste tema. A falta de informações sobre os eventos
62
culturais é o maior motivo da não participação dos entrevistados nas atividades
culturais locais.
Conclui-se ainda que o público alvo, segundo a pesquisa, é composto
por jovens e adultos, universitários, participantes das classes C e D, moradores
de Curitiba e Pinhais. Este público mostrou que acessa informações sobre
cultura prioritariamente na internet, sobretudo em sites. Desconhecem veículos
que abordem o tema cultura local, se interessam por Cinema, Música e Teatro
no formato de conteúdo multimídia. Conhecem eventos culturais de suas
cidades e já participaram deles alguma vez, quando participam é devido ao
interesse pelo tema, e quando não participam é por falta de conhecimento dos
eventos. Por fim o público que respondeu a pesquisa mostrou conhecer
eventos como Lupaluna e Festival de Teatro de Curitiba, justamente os eventos
com mais participação de parceiros comerciais e consequentemente maior
divulgação.
A pesquisa se mostrou relevante no sentido de conhecer os hábitos do
público quanto ao consumo de cultura local e mostrou que o produto proposto
tem viabilidade e ineditismo.
7.3 Desenvolvimento do produto
A ideia de realizar um estudo com foco na região metropolitana surgiu
no final de 2011, diante da observação da lacuna na cobertura de assuntos
desta região. A principio, buscava-se produzir conteúdo jornalístico em diversas
editorias dos 29 municípios da Grande Curitiba. O projeto intencionava a
produção de um site, que posteriormente se estenderia para versão impressa.
Uma revista ou mesmo um jornal. Porém, percebeu-se que o custo de
produção do material impresso seria elevado, inviabilizando o empreendimento
neste primeiro momento.
O conceito do movimento pendular, proveniente das ciências
Geográficas, deu nome ao estudo e ao produto. Em dezembro de 2011
publicou-se, na plataforma Blogger, um blog chamado Portal Pêndulo. A
matéria inaugural sobre um colecionador de livros de Almirante Tamandaré.
Posteriormente, em janeiro de 2012 retratou-se um grupo de 20 haitianos que
foram contratados por uma empresa de Pinhais. (ver figura 3 em anexo)
63
As matérias do blog versavam sobre diversos assuntos, porém a
produção sobre cultura se destacava. Com o inicio das orientações, em
fevereiro de 2012, o objeto de estudo foi se afunilando e decidiu-se por focar
em cultura local. Neste momento percebeu-se que a extensão territorial da
região metropolitana era um desafio além da capacidade de produção da
equipe. Portanto, optou-se por delimitar o tema nas quatro cidades mais
populosas, segundo o Censo 2010 do IBGE. As cidades escolhidas foram:
Araucária, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais, além de Curitiba.
Levando em conta o conceito de movimento pendular, no qual moradores da
região metropolitana consomem serviços, inclusive atividades culturais da
capital, a cobertura desta cidade mostrou-se relevante.
A intenção do blog era abordar eventos que não dispunham de
visibilidade na mídia tradicional. Como o Psycho Carnival e a Zombie Walk
Curitiba. Para este evento, foram confeccionados 1.500 flyers de divulgação do
blog. Convidando os participantes a conferirem textos, fotos e vídeos do
festival. Foram publicados dez posts relacionados ao assunto. Como retorno de
público obteve-se 6 mil visualizações de páginas (figuras 4 e 5 em anexo).
Incorporando a ideia de um veículo multimídia, a produção das pautas,
sempre que possível compunha texto, fotos e vídeos. Para isto, escolheu-se
criar um canal do Pêndulo no You Tube e todos os vídeos usados nas matérias
foram postados neste canal. Adotou-se esta ferramenta pelo seu fácil uso e
posterior incorporação dos vídeos nas postagens. O primeiro vídeo foi
adicionado ao canal no dia 20 de fevereiro. Até dia 24 de outubro adicionou-se
11 vídeos obtendo num total de 1.639 exibições.
Durante o primeiro semestre, todas as cidades eram tratadas da
mesma forma e tinham a mesma importância na cobertura. Nas orientações do
segundo semestre, com o professor Paulo Camargo, observou-se que a
originalidade e o ineditismo do produto estava em dar foco para a região
metropolitana, pois na capital já existem diversos veículos trabalhando com
este tema. Novamente a capacidade de cobertura da equipe foi posta em
xeque diante da vasta produção artística de Curitiba. Por estes motivos alterou-
se os objetivos, priorizando as cidades de Araucária, Colombo, Pinhais e São
José dos Pinhais. Abordando a capital somente nas manifestações culturais
64
que exercem influencia no consumo de cultura dos moradores da região
metropolitana.
A rotina produtiva sofreu uma evolução ao longo do processo de
criação do produto. As publicações, que no início se davam de maneira
experimental, sem preocupação com relação à periodicidade, passaram, no
segundo semestre, a buscar um ritmo mais profissional. Definiu-se, através da
orientação, a necessidade de uma rotina produtiva e de atualizações
constantes. Atingiu-se, nos meses de setembro e outubro, uma média de três
atualizações por semana, num total de 24 publicações.
Para a captação de pautas eram visitados, semanalmente, os sites das
prefeituras e entrava-se em contato por telefone com os setores de cultura dos
quatro municípios da região metropolitana. As redes sociais se mostraram
muito úteis na obtenção de temas para abordagem. Os dois membros da
equipe passaram a fazer parte de diversos grupos e assinar fanpages
relacionadas com a produção cultural local. Por fim, buscas por palavras-chave
foram realizadas constantemente com esta mesma finalidade.
As redes sociais, Facebook e Twitter, foram de fundamental
importância na divulgação do conteúdo produzido. Foi criada uma fanpage para
o blog, onde eram publicadas as atualizações. Até o dia 24/10 a fanpage
registrou 266 membros. Os mesmos grupos sobre cultura de onde eram
buscadas as pautas, também eram usados na divulgação. Na produção dos
textos eram utilizadas palavras-chave para obtenção de um resultado melhor
nas buscas orgânicas em sites de procura e indexação de conteúdo. Flyers
com dados do blog foram distribuídos em diversos eventos. O blog Portal
Pêndulo obteve, do dia 19 de dezembro de 2011 até 24 de outubro de 2012,
13.458 visualizações de página.
Percebendo as limitações que a plataforma Blogger oferecia, viu-se a
necessidade de migrar o produtor para um site. Elegeu-se a plataforma
Wordpress.org devido às suas diversas ferramentas e facilidade na criação da
estrutura do site e também de atualização dos conteúdos. No dia 22 de outubro
de 2012 foi feita a migração de todo o conteúdo do blog para o novo endereço:
pendulocultural.com. A mudança do nome Portal Pêndulo para Pendulo
Cultural deu-se pelo fato de acreditar-se que o produto não tinha as
características de um portal de internet. Com a adoção desta nova plataforma,
65
ganhou-se na apresentação do produto. Além de um visual mais agradável, o
Wordpress.org gera mais credibilidade. Dando ao produto um aspecto mais
profissional. Pois esta plataforma é amplamente conhecida e utilizada por
grandes empresas na internet, como o portal de notícias G1. (ver figura 6 em
anexo)
Para implantação do site foram utilizadas as ferramentas disponíveis
nesta plataforma de desenvolvimento web. O Wordpress.org oferece diversos
templates (estrutura do site) que são facilmente customizados. Além disso,
uma extensa gama de plugins, aplicativos também gratuitos, auxiliam no
desenvolvimento do site. O Wordpress.org conta também com um fórum de
discussões, no qual diversos desenvolvedores explanam suas dificuldades e
são auxiliados na resolução dos seus problemas. Esta ferramenta foi de
extrema importância na construção do produto.
66
8. DELINEAMENTO DO PRODUTO
O produto resultado deste estudo é um site jornalístico sobre a
produção local de cultura nas cidades de Araucária, Colombo, São José dos
Pinhais, Pinhais e Curitiba. O site leva o nome de Pêndulo Cultural. Que é uma
referência ao conceito das ciências geográficas do movimento pêndulo.
Movimento esse que é feito pelos moradores de cidades das regiões
metropolitanas que vão frequentemente às capitais em busca de diversas
necessidades da vida cotidiana que não são supridas em suas cidades de
origem. O endereço eletrônico do site é http://pendulocultural.com. (ver figura 6
em anexo)
8.1 Formato
Como escrito acima, o produto deste estudo é um site. Este formato foi
adotado por se adequar melhor na proposta do trabalho, que é a promoção,
intercâmbio e difusão da produção de cultura na região metropolitana. Na
primeira fase de produção utilizou-se a plataforma Blogger para desenvolver o
piloto do produto, um blog: http://portalpendulo.blogspot.com (ver figura 7 em
anexo). Com a evolução do produto e do processo produtivo foi realizada a
migração do blog para a plataforma Wordpress. Esta plataforma de publicação
de conteúdo foi eleita devido sua fácil utilização e a eficácia de suas
ferramentas. Com isso o Pêndulo Cultural tornou-se um site tanto no aspecto
visual quanto funcional.
8.2 Editorias
Optou-se por dividir as editorias seguindo a convenção adotada pela
mídia no que diz respeito à cultura. Deste modo Cinema, Música, Literatura,
Artes visuais e Teatro & Dança compõe as editorias principais do site. Na
pesquisa quantitativa realizada com o público, o tema cinema foi o apontado
como o de maior interesse. Por isso, mesmo sendo escassa a produção
cinematográfica da região objeto deste estudo e apenas as cidades de Curitiba
e São José dos Pinhais possuírem espaços de exibição de cinema, decidiu-se,
juntamente com o orientador do projeto, trazer aos leitores do site um guia com
67
a programação de cinema destas duas cidades. Esta seção ganhou o nome de
Filmes em cartaz. Também foi criado uma agenda cultural, reunindo em uma
página todos os eventos culturais das cinco cidades. Nesta página não
constam os filmes em cartaz, que são apresentados em uma seção isolada do
site.
As cidades foco deste trabalho também se apresentam como editorias.
Araucária, Colombo, Pinhais, São José dos Pinhais e Curitiba são uma opção
de navegação para o usuário do site. As editorias são apresentadas no menu
superior do site e também no rodapé da página. No rodapé acrescentaram-se
os marcadores Espaços Culturais, Eventos e Manifestações com o objetivo de
facilitar a navegação dos leitores.
8.3 Proposta
O Pêndulo Cultural tem como objetivo ser um referencial para os
assuntos ligados à cultural na região metropolitana, sobretudo nas cidades de
Araucária, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais, carentes de cobertura
jornalística na área da cultura. No site, são disponibilizados ao usuário matérias
e coberturas jornalísticas, bem como um serviço de agenda cultural com guia
de programação.
Todas as pautas buscam ser desenvolvidas sob o olhar do morador da
região metropolitana. A cidade de Curitiba é abordada nos momentos em que
suas atividades refletem os interesses e o ambiente cultural das cidades que a
cercam. Busca-se ainda, sempre que possível, na execução das pautas,
explorar as possibilidades que a cobertura multimídia fornece ao jornalismo.
Por fim, o produto se propõe a integrar-se com as redes sociais, isto tanto no
aspecto de divulgação como no processo e produção dos conteúdos.
8.4 Linguagem
O jornalismo cultural e jornalismo opinativo são o alicerce no qual a
linguagem do produto se baseia. A produção do conteúdo é apresentada nos
gêneros do jornalismo cultural. A crítica, na forma da resenha, a agenda, a
crônica, o perfil, as notas e a reportagem são os formatos da produção que
compõe o produto. Valendo-se das possibilidades de comunicação da
68
plataforma internet, textos dividirão o espaço com fotos, áudios e vídeos,
tornando o site um espaço multimídia, ou como define Lévy (1999) multimodal.
8.5 Público Alvo
O site é dirigido a todas as pessoas que se interessem por cultura em
Curitiba e Região Metropolitana. Os produtores e agitadores culturais irão
encontrar no Pêndulo Cultural um espaço que compactua com sua realidade,
sendo assim parte do público alvo do site. Por meio de pesquisa realizada com
o público constatou-se que o perfil dos usuários do produto é composto por
jovens e adultos, prioritariamente universitários, participantes das classes C e
D, moradores de Curitiba e Região Metropolitana. Que acessa informações
sobre cultura prioritariamente na internet, sobretudo em sites. Este público alvo,
definido com base na pesquisa quantitativa, desconhece veículos que abordem
o tema cultura local, se interessam prioritariamente por Cinema, Música e
Teatro no formato de conteúdo multimídia. Conhecem eventos culturais de
suas cidades e já participaram deles alguma vez, são interessados no tema
cultura. Quando não participam de eventos culturais, geralmente, é por motivo
de desconhecimento dos mesmos.
8.6 Histórico do Produto e processo de produção
No intuito de promover alguns testes em termos de linguagem, de
editorias, coberturas, relacionamento com o público e formato do produto, foi
produzido um blog que permaneceu no ar de dezembro de 2011 à outubro de
2012. Hospedado na plataforma Blogger, com o nome de Portal Pêndulo. Um
canal no You Tube, uma Fanpage no Facebooke um perfil no Twitter foram
criados para complementar o alcance do produto e ampliar o relacionamento
com os usuários.
A ideia inicial de colocar o nome Portal no produto foi refutada, tendo
consciência de que o conteúdo do site, inicialmente, não terá um caráter tão
abrangente como um portal. Diante disso Pêndulo Cultural foi o nome
designado para o produto. No dia 22 de outubro todo o conteúdo do blog Portal
Pêndulo foi migrado para a plataforma Wordpress no site Pêndulo Cultural.
69
Este site foi desenvolvido pela própria equipe deste trabalho, sem auxílio de
outros profissionais. Isto foi possível devido à utilização das ferramentas
disponibilizadas pela plataforma Wordpress.org. Com a instalação de templates
(estrutura do site) e plug-ins (aplicativos) e um conhecimento básico da
linguagem de programação para web HTML, CSS e PHP, foi possível
desenvolver o produto de forma que o mesmo atendesse às necessidades
funcionais e visuais do site.
A publicação do conteúdo também é realizada através do painel
administrativo do Wordpress. Este painel tem uma interface amigável, de
simples utilização. Diversos recursos automatizam a publicação e auxiliam na
apresentação e organização dos conteúdos no site. Para publicar com o
Wordpress o usuário não necessita de conhecimentos aprofundados. Basta
uma intimidade com navegação na internet e utilização de e-mail. Pois para
formatar textos e adicionar fotos e vídeos é feita toda a partir de botões, sem o
uso de código de programação.
A rotina de produção é contínua, os integrantes do trabalho, podem
atualizar o site a qualquer momento e de qualquer computador. A produção dos
conteúdos da agenda, filmes em cartaz e publicações de notas de serviço
foram feitas apenas com consulta à internet e contatos telefônicos. Já as
matérias, resenhas, crônicas e perfis foram realizadas ao longo de todo ano de
2012 visitando as fontes e comparecendo aos eventos.
8.7 Resultados
O blog experimental obteve, do dia 19 de dezembro de 2011 até 24 de
outubro de 2012, 13.458 visualizações de página. A presença nas redes sociais
se mostrou muito relevante na interação com o público e na divulgação do
veículo. A maior parte dos acessos do produto tem origem nas redes sociais. A
fanpage no Facebook possui 279 membros. Ao lado da busca orgânica,
otimizada pelas palavras chaves, o Facebook é a principal forma de divulgação
do site. Os vídeos produzidos para as matérias são postados no canal Pêndulo
do You Tube. Este canal obteve, entre 20/02/2012 e 28/10/2012, 1.656
visualizações para os 11 vídeos publicados. O site Pêndulo Cultural em sua
primeira semana de funcionamento (22 à 28/10/2012) teve 106 visitas, sendo
70
55 de visitantes únicos. Quanto à visualizações de páginas o site atingiu o
número de 4.531 com duração média de 22 minutos de navegação. Porém,
deve-se levar em conta que este foi o período de desenvolvimento do site. Boa
parte das visualizações se deve aos testes efetuados em tal processo. Por fim,
programas de parceria em publicidade foram adotados. Criou-se contas no
Google Adsense e Mercado Livre. Porém, a geração de receita por meio destas
parcerias foi irrisória.
8.8 Custos e viabilidade do produto
O produto, por estar na internet, teve um custo de produção modesto.
Na primeira etapa, com o blog experimental, foi utilizada uma ferramenta
gratuita que é o Blogger da Google. As formas de divulgação da internet
também não tiveram custo, pois veiculou-se basicamente nas redes sociais,
não tendo nenhuma campanha publicitária associada ao produto. Para
confecção dos flayers, usados em alguns eventos, teve-se um custo de
R$50,00. Para migração do produto, de blog para site, foi contratado um
serviço de hospedagem e registrado um domínio. A hospedagem tem o valor
de R$45,00 o trimestre e o domínio ficou em R$30,00 o registro por um ano.
Não foi adquirido nenhum equipamento para produção do site, câmeras
fotográficas, filmadoras e computadores usados no trabalho pertenciam aos
alunos. Nos deslocamentos para coberturas e entrevistas estima-se ter gasto
um valor de R$250,00. Para a criação do site não foi contratado nenhum
profissional nem gasto com a compra de nenhum aplicativo. Portanto, o
desenvolvimento do produto teve um custo total de R$ 375,00.
Por outro lado, estima-se que para determinar o custo real do produto
não se pode levar em conta a utilização dos equipamentos e a mão de obra
dos acadêmicos. Sendo assim, para atualização do site e produção de
conteúdo seriam necessários, no mínimo, dois jornalistas, acumulando as
funções de repórter, pauteiro e editor. Considerando o piso salarial da categoria
do Paraná, o custo para o pagamentos dos profissionais seria de R$ 3,458,52
cada, num total de R$ 6.917,04. Considerando que o desenvolvimento do
produto fosse realizado por um webdesigner, o custo médio para a produção
seria de R$ 2.000,00. Para compra de equipamentos, uma câmera fotográfica
71
digital reflex, uma filmadora digital Full HD e dois notebooks, estima-se o gasto
de R$ 6.200,00. Somando-se a isto o gasto de hospedagem de um ano (R$
120,00) mais os registros .com e .com.br (R$ 70,00) por também um ano
chega-se ao valor total de R$8.390,00 para implantação do projeto. Os custos
mensais ficam em aproximadamente R$7.000,00 sem levar em conta tributos
trabalhistas, investimentos em publicidade.
8.9 Concorrentes
O site Portal Pêndulo é pioneiro em sua atividade. Produzir conteúdo
jornalístico e um guia cultural das cidades de Araucária, Colombo, Pinhais e
São José dos Pinhais, concentrando a produção num mesmo site. O que se
encontra no segmento de cultura, que se aproxima deste produto, são blogs ou
sites que abordam uma das áreas da cultura. Muitos deles abordam a música
local ou o teatro, porém não se limitam apenas ao âmbito local, agregando
conteúdos de origem nacional ou internacional. Exemplo disto é o projeto Cena
Undergroud, de Colombo. O site traz diversas bandas amadoras de Rock, Hip
Hop e Reggae, porém vai além do seu município de origem, abrindo espaço
também para bandas de outros estados e cidades. Outro aspecto que o
diferencia da proposta do Pêndulo Cultural é que não trabalha com outras
modalidades de cultura, apenas com a música.
Nas buscas orgânicas as palavras chave cultura+”nome da cidade”
retornam nas primeiras posições as páginas das respectivas prefeituras do
município e não algum site exclusivamente sobre cultura. Este cenário se dá
quando se fala na região metropolitana. Para Curitiba o quadro é outro.
Diversos sites se dedicam ao tema cultura local. Estes seriam enquadrados
como concorrentes indiretos do Portal Pêndulo. Como exemplo deste veículos
temos o Guia Cultural da Gazeta do Povo, o Portal Descubra Curitiba, Curitiba
Cultura e até mesmo o site da Fundação Cultural de Curitiba.
Por fim, o resultado da pesquisa quantitativa feita para este estudo
mostrou que o público participante não soube indicar um site ou blog sobre
cultura da região metropolitana. Este índice, demonstra o caminho promissor
deste produto e o campo a ser explorado no segmento da produção da cultura
local.
72
9. CONCLUSÃO
O presente trabalho procurou abordar a noção de cultura e algumas de
suas interpretações, além do jornalismo cultural e sua importância na
divulgação da produção artística. O resultado deste estudo foi o site Pêndulo
Cultural. Este site buscou dar visibilidade para as noticias relacionadas à
cultura nas seguintes cidades: Araucária, Colombo, Pinhais, São José dos
Pinhais e Curitiba. Esta última tratada de maneira diferente, com menos peso
na cobertura, abordando apenas eventos que refletem no comportamento e
consumo de cultura dos moradores da região metropolitana.
Outra iniciativa deste trabalho foi promover o intercâmbio cultural entre
as cidades citadas. Para discutir a importância da troca de cultura entre os
moradores destes municípios recorreu-se a noção de movimento pendular
criada pelas Ciências Geográficas. E através de uma pesquisa quantitativa com
o público alvo do site, descobriram-se os nichos da cultura que são mais
procurados. Esta pesquisa deu base para o planejamento editorial.
Este estudo mostrou que o público da região metropolitana de Curitiba
tem interesse em participar e conhecer as atividades culturais de suas cidades.
Este público costuma frequentar estes eventos culturais e quando não vai,
principalmente, é porque não tem conhecimento da existência das atividades.
Percebe-se uma nítida lacuna na cobertura culturais nestas regiões, neste
sentido o Pêndulo Cultural é um veículo pioneiro em seu segmento e vem para
preencher esta lacuna de cobertura jornalística.
Um dos desafios na elaboração deste produto é a formação de uma
agenda de fontes e a periodicidade de atividades nestas cidades. A produção e
divulgação dos eventos ligados à cultura se mostrou incipiente e demandou
relevante esforço por parte da equipe na apuração das pautas. Porém, esta
constatação apenas reforça a necessidade de um produto tal qual o proposto
neste estudo.
De maneira objetiva foram conquistadas as metas estabelecidas neste
projeto. O Pêndulo Cultural é um espaço concentrador de informações relativas
a produção cultural destes quatro municípios da região metropolitana, bem
como as atividades culturais de Curitiba relevantes aos olhos do morador da
RMC. Em diversos eventos a equipe deste trabalho foi a única a comparecer
73
para fazer cobertura jornalística, essa exclusividade mostra o campo de
trabalho a ser explorado no segmento de cultura local.
As teorias estudas forneceram subsídios para reflexão e tomada de
decisões na cobertura das pautas para o site. O conceito de identidade e as
ferramentas da cibercultura funcionaram como linhas guias, ao lado dos
formatos do jornalismo cultural, na produção do material e maneira de
abordagem dos temas.
Por fim, entende-se que este produto tem relevância no mercado
editorial no segmento da cultura local nas cidades da região metropolitana de
Curitiba. A médio prazo estima-se que seja uma referência no tema cultura e
que promova o debate e a reflexão sobre esta atividade na RMC. O pioneirismo
e originalidade do produto esta na junção dos diversos temas que compõem a
produção cultural e unir o conteúdo de variadas cidades num mesmo espaço.
Promovendo com isso, o intercâmbio cultural dentre as cidades abordadas.
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