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RESERVADOl
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CAPITULO II
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XVII
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...............
.........................
...............................
a o., _._u_ .. _.~_. _._ . , - .........
..........~.............................
O Partido Comunista do Brasil (PCB)
A Aliana Nacional Libertadora (ANL) ,
A aprovao d~ Internacional Comunista ..
A Intentona . ~I:
\
A vinda dos estrangeiros ~.~.~
7
8
9
A ase do obscurantismo e da indefinio .. ~. 11
As atividades do PC-SBle ~
A formao do PC-SBIC
__ ,_,"4"
J.. A mudana da linha da Te .. 1414
16
17
19
20
A INTENTONA COMUNISTA
~. A Internacional comunis~a
3. O Trabalho de Massa
2 .Os caminhos da revoluo :i
.2.
3.
-4.
...J.. Os objetivos da Revoluo Comunista
O ~ARTIDO COMUNISTA - SE9 BRASILEIRA DA INTEN~ACIONAL
.'"COMUNISTA(PC-SBIC) ,1. 1
- 'CAP1TULO III
~ PRIMEIRA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER
..A .:FONTE DA VIOL~NCIA
.- CAPITULO I "
" .
A VJ:O~NCIA EM T~S ATOS
~. Primeiro ato
.- la PARTE
, ._ .UMA EXPLICA!O NECESS~IA _ ' XIII
19 'VOLUME
.'
,, .
. _ J:NTRODU~O '.......................................... XVII
._--------.,-1 R" E S E R V A O OI,
SUMARIO
AS TENTATIVAS DE TOMADA DO PODER
~. Segundo ato XIX
3. Terceiro ato . XXII
~. Violncia, nunca mais~ XXVI
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II
!,I:.
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I.I;, .I
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, ,.I,[ ,
"r~':~~.. ------I~.E S ER.V A-;;;;AS TENTATIVAS DE TO~mnA DO PODER-- SUMRIO - Continua9o II
CAP1TULO IV
J. A violncia comunista . 33
2. Bernardino Pinto de Almeida e Afonso Jos dos San
'OS CRIMES DO PCB
A volta clandestinidade .
CAPITULO V
25
26
27
28
29
30
Janei~,o li " . .
Agostd" .. "
IV Congresso . 0
"Manifesto de
"Manifesto de
A legalizao do PCB
o PCB E O CAMINHO DA LUTA ARMADA
1. A reorganizao do PCB
2.
3.
4. O
5. O
6. O
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Ili!jII':I;
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tos ... ~..... '.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 34
3. "Elza Fernandes" 35
~. Ma~ia Silveira e Domingos Antunes Azevedo 38
2a PARTE
A SEGUNDA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER
CAPITULO I
AS DlVERG~NCIAS NO MOVIMENTO COMUNISTA
'I. A IV Internacional 422. O PORT quebra o exclusivismo do PCB 43
3. O XX Congresso do PCUS f' . 45
4. O V Congresso do PCB ~ ~ 46"
5. PC do B: a primeira grande ciso no PCB 48
6. POLOP: uma criao da esquerda independente 50
7. AP: uma criao da esquerda catlica 52
CAPTULO II
A At'1hOCOMUNISTA" '.Y"'"~ -.... -- ...--. -.---- -- ..- .. -L'.
. ~~O PCB e seus objetivos ...
Reforma ou Revoluo? ..:
As Ligas Camponesas .
As crises polticas de junho e julho de 1962
Jango obtem plenos poderes
1.
2.
3.
4.
-\-5.
'1- 6.
A explorao das dificuldades e das ambies 56
57
59
61
63
64
c:: ,: n \I ~ n n , 0 _
. I.,i \
f'. ~
...- .............. 124mandato presidencial
iniciais ' 122
desenyolvimento -:+23
o iderio da Revoluo de Maro ~ 117O Ato Institucional n9 1 , 118
~ .A eleio de Castelo Branco ~20
Os desencontros
S.A estratgia do
6. A prorrogao do
:1.
2.
3.
4.
CAP1TULO 111
CAPTULO IV
A'REVOLUO DEMOCRTICA DE 1964
~. Ascenso e queda de Goulart ~ 99
2. A'iniciativa da reao ..100
3. A'reao. no Campo Poltico ~__'.102
4. O apoio da imprensa ....103
5. Amplia-se a reao ~ ~104
6. As mulheres envolvem-se decididamente ~106,. I
7.A evoluo da posio ~os militares .~l07
8. A vitria da democracia .'111
9. O pronunciamento dos polticos ~112
O ASSALTO AO PODER
7. Crescem as'presses para muan~s 66
8. O Movimento Campons ~.69
9. Cedendo s pressoes ~~.~. 71
~. A rebelio dos sargentos de Braslia ' 74
2. O Estado de stio ~ ~ 77
3~ A frente 6nica ~~ 79
4. Os Grupos dos Onze ~ 80
5. O plano revolucionrio . 84
6. O comicio das reformas '................. 85
7. A rebelio dos marinheiros no Rio de Janeiro ~.86
.8. A.reunio no Automvel Clube . 89
.A TERCEIRA TENTATIVA DE TOl1ADA DO PODER
- CAPTULO I
,1964
-3a PARTE
!RESERVAOO
AS TENTATIVAS DE'TO~A DO PODER - SUMRIO - continuao II1
. -,.'V.-.
.~n E S E 'H V A O O1AS TENTATIVAS DE TOMFnA DO PODER - SU~\RIO- Co~tinuao IV
i\
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AS
~"\P!TULO II
1965
131
132
134
137
139
126
128
128
129
130
..................
......................
As eleies de governadores ~
O Pacto de Montevidu e a Frente Popular de Liber-tao (FPL) '. _. ~
Influncias marxistas na Igreja iI
Um mil novecentos e ses~enta e quatro
CUba e o foquisrno .
As pri~eiras denncias de torturas .
Pega ladr~o ~ 0 .
B i 1 "O - po t 1 11r zo a e a peraao ~n ass~ go
O PORT e suas ligaes com o Movimento Rural do ~rordeste e com Brizola 7
o Ato Institucional n9 2 O Movimento Estudantil inicia as manifestaes .
8. O PCS: uma linha radical
9. O PC do B: uma linha revolucionria .
A POLOP e a "Guerrilha de Copacabana"
7. O restabelecimento da ordem
I. A Revoluo estreita suas bases
2.
3.
4.
5.
6.
13.
14.
1.5.
16.
10.
11.
12.
7. Jefferson Cardin e as escaramuas das Foras Arma-das de.Libertao.Nacional (FALN).
8. O ~CB: mudana para a linha de massa :
9. A AP transforma-se numa organizao revolucionria1~. A POLOP e Brizola
11. Um mil novecentos e sessenta e cinco .............CPTULO III
1966. .~ .A continuidade da poltica Econmica 160
2. O~umprimento do calendrio eleitoral 161
3. Nova Constituio -; -~. 162,4. O Movimento Estudantil inicia o enfrentamento 164
~-----------I R F. S E R V AOO~~---------_...J'r
(~~) I
5. Cuba e a Tricontinental, a OLAS e a OCLAE
6. O Movimento de Resistncia Militar Ncionalista(MRMN) e a Resistncia Armada Nacionalista (RAN)
7. Brizo1a e o Movimento Nacionalista Revolucionrio
11I
II~
8. Acirramento da luta interna no PCB ...............
165
168
170
171
. .
. IRESERVADO
.AS TENTATIVAS DE :'TOMADADO PODER - SUM1\RIO - Continuao ~ V
9. O PC do B inicia a preparao para a luta armada 172
10. O PCR ea AV: duas' dissidncias '0.0 PC do B 174
11. A AP intensifica suas a~ividades ~.~ ~
12. O refluxo do PORT . 176
13. A POLOP consolida a sua doutrina . ~ 177
14. Um mil novecentos e sessenta e seis 177.
182
183
184
187
189 .
190
191
193
195
198
199
200
202
203
204
206
208
209
210
212
....................
CAPiTULO IV
1967
1. 'Inicia-se a volta norm~lid~de
7. O MNR, Capara e a Guerrilha do Tringulo Mineiro ~f~-::----=--:---:-- -----8. 1..s atividades da RAN '
9. As dissidncias e o VI Congresso doPCB ~~
10~ A Dissidncia de Niteri e o primeiro.MR-8
11. A.~ormao da Dissidncia da Guanabara .
~ 12. O Agrupamento Comunista de so Paulo
13. O "Encontro" da Corrente Revolucionria .~.~.. . .14. O PC do B fortalece a luta ideolgica .~
15. A Ala Vermelha do PC do B assume a posp foquis~a.
16. O Debate terico e ideolgico da AP .~
17. O IV Congreiso e os "rachas" da POLOP
~18. A Fora Armada de Liber~ao Nacional (FALN).~~
19. Atividades do clero na subverso ...1
20. Um mil novecentos e ses~en~a e sete w~
.3. A Frente Ampla _. ~
4. O aparente refluxo do Movimento Estudantil .~..5. A reorganizao do Movimento Operrio e S'indical
6 . A OLAS e a I COSPAL l
1. O "caminho das pedras" 216
2. A retomada do desenvo1vimento~ 218
3. As "pedras do caminho" ~ 218. .'
'4. O Congresso Cultural de Havana '221. ~ .
5. O Movimento Estudantil.de~encadeia o enfrentamento.g~neralizado _._,. 222
6. As manifestaes operrias . 230
2. As dificuldades polticas
RESERVA09
CAPTULO V
1968
~ \
I.I" 0-,
27. O surgimento do Movimento de Ao Revolucionria -(MAA) 27 6
305
307
308
310
311
278
281
283
286
295
259
257
232
234
Continuao VI
Bcvolucionria
.e
RESERVADO
Costa e Silva
.............4..............
fRE SE n V~~'
DE TO~mnI\DO PODER - SUMRIO -
eleio de um novo Presidente
eleio do Presidente Mdici e a.novaC':I11stituio.,
Movimento Estudantil entra em descenso
o Ato Institucional n9 5
o surgimento do Movimento popular de Libertao(MPL)
Atuao de padres estrangeiros na subverso
Expande~se pelo mundo a violncia estudantil
Um mil novecentos e sessenta e oito
o PCB estrutura-se para o Trabalho de Massa A formao do Partido Comunista Brasileir; Revolu-cionirio (PCBR)
2. O
3. A
4. A
5. O
~
1. Reflexos do AI-Simpedimentolde
CAPTULO VI
1969
29.
30.
31.
32.
28.
(VPR) 262
22. O assassinato do Capito Chandler ~ ; 266
23. A definio ideolgica da AP 270
24. Ncleo Marxista-Leninista (NML), uma dissidncia daAP 273
25. O surgiment~ da Frao Bolchevique Trotskista (FBT). 275
26. O surgimento da organizao Combate 19 de Maio (OC.19 Maio) . "................................. 276
21. Osurgimento da Vanguarda popular
9. Da Ala Marighela ao Agrupamento Comunista de soPaulo . 238
10. Frades dominicanos aderem ao Agrupamento Comunista. 244
11. AC!Spexpande-se alm do eixo Rio-so Paulo ~
12. O surgimento da Corrente em Minas Gerais 247
13. O PC do B recebe adeses 251
14. A Ala Vermelha do PC do B inicia os assaltos 253.15. O PCR tenta realizar trabalho no campo 254
16. O MR-8 estende suas atividades ao Paran 255
17. A DI/GB atua no Movimento Estudantil S~i . .
18. A Dissidncia da Dissipncia : 256
19. O surgimento do Partido Operrio Comunista ~
20. O surgimento do Comando de Libertao Nacional (CO-~INA) 0 ~ ~ ~
1_')7.'XII '.'~".8.. /
AS TEN'l'2'..'l'IVI\S
'.
"
- II
312
313
318
321
323
326
330
332
335
337
339
343
348
351
continuao VII
central .Preto/SI' e no Cear ~
, ,
na subverso ................
352
Marx, Mao, Marighela e Guevara - M3-G 354
O pc do B e a Guerra popularl 357
A consolidao da Ala Vermelha , 359
O surgimento do Movimento Revolucionrio Tiradentes'(MRT I 362
ALN: as a5es na Guanabara ~
ALN: as "quedas" em so Paulo .
Os dominicanos levam Marighela morte ~.
ALN: remanescentes reestruturam-se em so Paulo
FALN: a aproximao com a Igreja e o seu desmantel~men to ...... ,- . . .. ............. ..... .. ,
ALN em'Ribeiro
ALN no Planalto
Os dominicanos
'ALN: a guerra psicolgica .
6. O PCB desencadeia a "guer'rade papel"
7~ A fuga da penitenciria e a desarticulao do MAR
O PCBR inicia as a5es armadas~ .
O fim da Corrente .......... ~...
Ao Libertadora Nacional (ALN) ~
ALN - Ascenso terrorista em so Paulo
21.
22.
23.
24.
RESERVADO
125 O pCR atua no campo ~ 365
I 26. O fim do primeiro MR-8 .. J-L.A -&-a~-"'-~9-S- -'
I 27.'A DI/GB inicia as aes ~rmadas e assume a siglaMR~. n .
28. O sequestro do Embaixador Charles Burke Elbrick 370. .29. Os prenncios da ciso dQ pOC 379/----
l 30. O COLINA funde-se com a VPR . ~~~31. VPR: as "quedas" do primeiro trimestre e a fuso com
o COLINA . _ ~ . ,. '. ! 385AI" d -". . 388~32. A VAR-Pa mares e a ,gran,e aao ~,
~33. VAR-p: O "congresso do Racha" ~ 392
~4. A VAR-P encerra o seu I Congresso Nacional 396
35. O ressurgimento da VPR .~ 398
36. Resistncia Bemocrtica (REDE) 400,37. A "Corrente Dois'" da AP funda o partido Revolucio-
nrio dos Trabalhadores 403
38. A FBT estrutura-se em nvel nacional ~. 406,.
39. MPL: ~uta Armada x Conscientizao das Massas 40640. Do MNR surge o Grupo independncia ou Morte :. 410
41. Um mil novecentos e sessenta e nove .......,. 411 r,
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
\X18.19
.rx. 20.
IRESERVADO
AS ~ENTATIVAS DE'TOMADA DQ PODER - SUMRIO
-------------1' RESERVAOO1P""" I ,1--------------
lo!; TENTA'l'IV1\SDE TOMADA DO'PODER - 5UHRIO - Continuao... VIII
f\III
-CAPITULO VII
o ENGAJAMENTO DAS FORAS A~mnAS"1. A intranquilidade crescente
3. Moleque sabido . o ~
4. A revelao surpreenden~e .
5. A cilula subversiva do 49 RI ~ ~
6. O assalto ao 49 RI ...
458
418
418
420
421
423
426
428
431
434
437
439
443
448
452
453
...........................................2. O acaso
7. Inexperincia? ...................
8. O fio da meada ............9. Intensifica-se o trabalho' na Cia PE
10. Modificaes no esquema de segurana
11. ~ criada a "Operao Bandeirante" - OBAN
12. Dificuldades e desencontros
13. Os Cent~os de Operaes de Defes~ Interna - CODI . I .
14. Evoluo na estrutura d9sODI/DOI ~
15. A batalha perdida ~ :~.~
'ANEXO A- QUADRO DE EVOLUO DAS ORGANIZAOES'SUB-VERSIVAS NO BR1\SILATt: 1973 '.
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.....----------r~E S E R V A O O]r-- X_'V---,UMA EXPLICAAo NECESSRIA
No final dos anos sessenta, diversas organizae5 clandes
tinas de corte comunista iniciaram uma nova tentativa de tomada
do poder, desta vez por meio da lu:t-aarmada.
Ao iniciarmos as pesquisas para este trabalho, nosso obj~
tivo era estudar os fatos que compoem esse episdio entre os,
anos de 1967 e 1973. Pelo conhecimento que tnhamos, tal pero-
do enquadrava os anos em que a luta havia sido mais acirrada e
violenta.
Para a compreensao dessa luta,foram suscitadas muitas peE
guntas: Como se formaram? Qual a inspirao ideolgica? Quais
os objetivos das organizaes subversiv~s nela empenhadas? Qual
o carter da revoluo que pretendiam fazer? Quais as experin-
cias externas que pr~cu~aram apreender? Quais os modelos e mt~
dos revolucionrios que tentaram transplantar para nosso --~ais?
Como se estruturaram? Como se compunha sua infra-estrutura de
~poio, de inteligncia, etc.? Em!que segmentos sociais e de que
forma recrutavam seus quadros e 'como os formavam no Pas e no
exterior? O que buscavam ao perpetrar assaltos, seqestros, as-
sassinatos e outras formas cruentas de terrorismo? Que objeti-
vos alcanaram com essas aes?
As indagaes, porm, .no se esgotavam em torno dessas or-
ganizaes clandestinas. Envolviam o prprio Estado e o sistema
pol~tico vige~te. O nvel que as aes terroristas alcanaram
polocava em cheque o monoplio da fora armada organizada? Tir~
va do sistema poltico a sua caracterstica de universalidade e
a qualidade final de sua fora? O seu combate exigia o ~nvolvi-
mento das Foras Armadas? Era ~mprescindvel que provoc~sse a i
~estri~o da liberdade e que.,se suprimisse do pbliGO as infor- .
maes a que tem direito numa sociedade democrtica?
t,sabid9 que as'aoes ~mpreendidas acabaram por envolver,, '
as Foras Armadas, e a esse resp:ito outras questes tinham que
ser levantadas porque fazem ~arte da luta a ser exa~inada. Esta
vam as Foras, Armadas preparrdas.e estruturadas para esse comba
te inslito? Tiveram que pro~ov~r'alt~raes na sua estrutura,
na instruo, nos seus efetivos, na conduta das operaces?:,Que sacrifcios lhes foram impo~toS? Como atuaram? Venceram ai
~ .~); , ," -. j
'luta? Mas o fizeram' em todos os seus aspectos? 'i
Naturalmente saoamos que, para responder a es,saambicio-
sa lista de'indagaes e a outras que surgiriam no ~ecorrer do
----------1 R E S E R V A. O ,O l----'---------.::=====-:---::::_- --'.."
'I
li',I
I.
I,I
i. I
, I1. Ir," I
i,Ili
.-
o recuo ao passado colocou-nos diante de urnaoutra'viso:a do processo mais amplo da subverso que.se materializa em no~
so Pas, na seqncia dessas tentativas de tornadado poder pe-
los comunistas, nas suas diferentes formas. Se a extrapolao
do limite anterior do perodo inicilmente fixado mostrou-se im
portante, muito mais o seria no seu outro extremo, buscando urna
viso alm de 1974 -- urnaviso dO,hoje. Ai tivemos a percepao
ntida daquilo que consubstan~ia a quarta tentativa da tornadado poder.,
Essa tentativa de fato j teve incio h alguns anos. Ven
cida',na forma de luta que escolheU' -- a luta armada _" a es-
querda revolucionria tem buscado transformar a derrota militar
que lhe foi imposta, em todoswos qua~rantes do territ6rio nacio..nal, em vit6ria poltica.Ap6s a autocritica, urnaa uma ,das diferentes organizaes
envolvidas na luta armada, concluram Que foi um 'erro se lan-
----------.,--[~.~_sE nV A O O \ _._'-a:-:;"''J:Zr~F~
E~SE fi V A ~~ XV,Il
temtrabalho, teramos que ultrapassar os limites do perodo de
po, prevfarnente estipulado, como foco de nossa ateno.
Era de nosso conhecimento, por exemplo, que a primeira
das organizaes da esque~da revolucionria havia sU~gido em
1961 e que outras tiveram origem no perodo que medeia ess~ ano
e 1967. Sabillnos,tambm, que quase todas as organizaes haviam
surgido ou se formado em oposio linha poltica do PCB, ten-
tando ser, cada urnadelas, urnaalternativa a ele. Sabamos, pOE
tanto, que para conhecer as causas dessas divergncias e compr~
ender as disSidncias, cis?es e'fus?cs, que'caracterizaram o p~
rodo de que nos ocuparemos prioritariamente, teramos que re-
cuar no tempo, pelo menos at 1956 -- ano em que se realizou o
XX Congresso do Partido Comunista da Unio Sovitica (PCUS),que
foi a geratriz das mais srias discordncias no Movimento Comu-
nista Internacional. A rigor, esse entendimento teria que nos
fazer retroceder at o ano da fundao do Partido Comunis
ta - Seo Brasileira da Internacional Comunista (?C-SBIC).
Esse retorno no tempo, ainda que feito apenas a pontos es
senciais . comp'reenso da luta a;t"mad.a,que permanecia cornonos-
so objetivo prioritrio, permitiria que perpassssemos duas ou-
tras tentativas de tornadado poder pelos comunistas: a primeira,I ,
em 1935, pelo caminho da violncia, e a segunda, que culminou. .
com a Revoluo Democrtica de 1964, pela chamada via pacfica,
~ cujo limite anterio~, nao muito nitido, pode estar em 1961,1956 ou mesmo antes.
---~--------~-----
[~) XVIIR. ~ S f R V A O~ .
arem na aventura militarista, sem antes terem conseguido o
apoio de boa parte da populao. A partir desse momento, reini-'
ciaram a luta para a tomada do poder mudando de estratgia.
Ao op~arem por essa mudana, colocaram-se lado a lado com
a esquerda ortodoxa, de que divergia~ desde os 6l~imoi anos dadcada de cinqenta, vendo-se perseguindo os mesmos objetivos
tticos e valendo-se das mesmas tcnicas e processos. Nessa fa-
se, encontraram ainda um poderoso aliado, o clero dito "progre~
sistall, que pouco a pouco tirara a mscara e propugnava por urna
"nova sociedade", igualitria e sem classes, urnasociedade tam-
bm socialista.
Se esses fatores j nos induziam a fazer urnapequena modi
ficao na estrutura inicialmente imaginada para este livro,
dois outros nos levaram deciso definitiva., . I
O primeiro que, se boa partr dos possiveis,leitores deste livro viveu essas exp~rincias pass~das, muito~ deles, corno
ns mesmos, podero constatar cornonossa memria fraca. No en
~anto, o que nos preocupava .era o fato de a maioria da popula-
o brasileira ser formada por jovens de menos ~e 30 anos. Ob-
viamente, n~o eram nascidos quando se deu.a primeira experin-
cia, e, ou no eram nascidos ou eram muit9 jovens' quando ocor-
reu a segunda, que j conheceram deturpada ideologicamente.
O seg~ndo fato que concluimos que, se a terc~ira tenta-
tiva da tornada do poder - nosso foco de ateno - foi a mais
violenta e a mais nitida, nem por isso foi a mais perigpsa.
Assim, sem nos desviarmos da luta armada - 'a terceira
tentativa de tomada do poder, cuja histri.a ainda no fpi escri
ta --, faremos numa prime~ra e segunda par~es deste livro urna
ret~ospectiva dos pontos essenciais, respectivamente da primei-
ra e segunda tentativas de ~omaqa do poder. Alis, o fracasso
de uma tentativa sempre uma das causas'e o ponto de partida
para a tentat~va seguinte. DaI, tambm, a importncia d~ss~ co~
nhecimento anterior para a compreenso da luta armada. fin~lme~
te,' esperamos que as informaes que transmitiremos ao longo
deste trabalho e as concluses que comporao uma quarta par~e do,livro sejam suficientes para que o leitor faa a sua pr~ria
avaliao da quarta tentativa de tomada do poder, para nos a
maip perigosa e, por 'isso, a mais importante.
Se conseguirmos transmiti~ e~sa percepco final para nos-
sos leitores, teremos atingido nosso objetivo e ficarem.os com a
certeza de haver conse 'uldo prestar uma simples mas' a mais sig-
'., RESERVADO"
(REsERvAnol XV_l_I_I__ \
das homenagens que poderiamos oferecer aos companhei
ro~ que tombaram nessa luta, hoje esquecidos c at vilipendia-
dos. Suas m5es, esposas, filhos e amigos j no ter50 dvidas
de que eles no morreram em vo. Porque,. ao longo da histria,
temos a certeza de que a Ptria livre, democrtica e justa sera
reconhecida a todos os que se empenharam nesse combate.
o Coordenador da equipe de pesquisa e redao.
RESERVADO
R E S E .H V A O O XIX
INTRODUl\O
A VIOLENCIA EM TR~S ATOS
."V.6 na.o 0.6 ve.Jte..t.6 IIla.t.6, pOlLqlle. 0.6 VL
dOu.ILO.6 .6 e.lLo /IHl.t.tO 1I1a..t.6 v.tO.e.C?.H-tO.6, od.i.!!.,
. t . ".60.6, v~nga.. ~VO.6 ( 1 )
1.Primeiro ato
.O pblico e as autoridades j estavam reu~idos no. Parque-----'13 de Mai~, .aguardan~o o incio das comemoraoes que seriam le:
vdas a s pr~tiC"ados pelos lderes da Comuna de Paris.
. '
A~.~esmo te~po, u~a segunda exploso atingiu a residn-
cip.do comand~~-te;-do'IV Exrcito. Mais tarde, foi encontrada uma------ ..-...... -~--, ,
te~ceira bomba, falhrida,num vaso de flores da Cmara Municipal\' _" -de'Recife, onde havia_sido realiza6a uma sesso solene em come-
morao ao segundo aniversro' da Revoluo de'31 de'Maro. Es-~ . .-::; __ . ._.__ . __. _ __ !-- J_ .
...;. _. o. . _ .-""'-'
_,_Passados os primeiros momentos, quando a fuma,ase e~v.aiu,
os relgios registravam 8 horas e 47 minutos. J .podia~ s~r.vi~
tos, na parte externa do prdio, manchas negras, burac9s e fa-lhas de onde havia se desprendido o reboco,tal a viol~ncia da'
exploso. A enorme vidraa do.sexto andar do edifcio havia se
estilhaado com o deslocamento de ar provocado pel~ petardo de
alto teor.~~t_y'a_perpetrado.'o,.primeiro. atentado terr~~j..~_t.:::._~~._capi-
tal pernambucana
tabornba falhada deveria estar sendo vista como um parcial fra-
Para corrigi-lo, em 20 ~~~_io d~6_6, ~~~i--5 apos esse
ensaio geral, foram lanados dois coquet.i~olo.toyll e um pe.. - - -
tardo de dinami.t.e.__.contra os portes da Assemblia Legislativa--do Estado de Pernambuco.
' ..,.-.l.n.E S E R v A O 0)_. ,
As autoridades, desconcertadas, buscavam os autores dos
atos terroristas, sem sucesso. O Governo no dispunha de orgaos
estruturados para um eficiente c~~Eate .a.-.?_.~_errorisI)lo.A Nao,
estarrecida, vislumbrava tempos difceis que estariam por vir.
Em 25 de julho de 1966, nova srie de tr~s bombas, com as
mesmas caractersticas das anteriores, sacode Recife. Uma, na
sede da Unio dos Estudantes de Pernambuco (UEP), ferindo, com. . .escoriaes e queimaduras no rosto e nas mos, o civil Jos Lei
t.e.Outra, nos escritrios do Servio de Informaes dos Estados
Unidos (USIS), causando, apenas, dariosmateriais. A terceira
bomba, entretanto, acarretando vtimas fatais, passou a ser o
marco balizador do incio da luta terrorista no Brasil.
Na manh desse dia, o Marechal Costa e Silva, candidato
Presid~ncia da Repblica, era esperado por cerca de 300 pessoas
que lotavam a estao de passageiros do Aeroporto Internacional. .
dos Guararapes. s 8,30 hora~, poucos minutos antes da chegada
do Marechal, o servio de som anunciou que, em virtude de' pane
no 'avio, ele estava se deslocando por via terrestre, de joo
Pessoa at Recife, indo diretamen~e para o prdio da SUperinte~
dncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Esse comunicado
provocou o incio da retirada do pblico.
casso no planejamento terrorista.
!
"
,II
I:1
JI'I1
Ii
o guarda-civil Sebastio Tomaz de Aquino, o "Paraba", o~, .
trora popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu que uma
maleta escura estava abandonada junto livraria "SODILERIl, lo-
calizada no 'saguo do aeroporto. Julgando que algum a havia es
quecido, pegou-a para entreg-la no balco d~ Departamento de
Aviao Civil (DAC). Ocorreu uma forte ex~loso. O som ampliado
pelo. recinto, a 'fumaa, os estragos produzidos e os gemidos dos..feridos provocaram o pnico e a correria do pblico. Passados
os momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trgico saldo
de 15 vitimas. ;
Morreram o jornalista Edson Rgis de Carvalho~ casado e
IR E S. E H V A..O. O .
lO
2. Segundo ato
Em seus primeiros depoimentos, Lungaretti revelou a exis-
i, i
" I
I
XXIInESEnVJ\D~
-'( R E S E R V~-----------_--I
i
Ficaram, ainda, gravemente fetidos os advogados Haroldo
Collares da Cunha Barreto e Antonio Pedro Morais da Cunha, os
funcionrios pblicos Fernando Ferreira'Raposo e Ivancir de Cas
tro, os estudantes Jos Oliveira Silvestre e Amaro Duarte Dias,
a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciria Idallna
Maia, o guarda-civil Jos Severino Pessoa Barreto, alm de Euni
ce Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de ap~
nas 6 anos de idade.
O'acaso, transferindo o local da chegada do futuro Presi-
dente, impediu que a tragdia fosse maior. O terrorismo indis-
criminado, atingindo pessoas inocentes, inclusive mulhers e
criana~, mostrou a frieza e O.f~natismo de seus executores.
Naquela epoca, em Recife, apenas uma organizao subversi
va, o'P~rtido Comunista Revolucionrio (PCR), defendia a luta
armada como forma de tomada do poder. Entretanto " os inquritos
abertos nunca conseguiram prov~s para apontar os autores dos
atentados. Dois militantes comunistas, ento indiciados, vivem,
hqje, no Brasil. Um professor do Departamento de Engenharia
Eltrica de uma Universidade Federal. O outro, ex-canq'idatoa D~
putado Estadual, trabal~ava, em 1985, como engenheiro da pre!ei
tura de so Paulo.
,No dia 16 de abril de 1970, foi preso, no ~io de Janeiro,
Celso Lungaretti, militante do Setor de Inteligncia da VanguaE'
da popular Revolucionria (VRR) , uma das organizaes comunis-.tas que seguiam a linha militaris~a cubana.
pai de cinco 'filhos, com u~ rombo no abdmen, e o Almirante re-
formado Nelson Passos Fernandes, com o crnio esfacelado, doi-I
xando viva e um filho menor. O guarda-civil "Paraba" sofreu
ferimento lcero-contuso no fr~ntal e no maxilar, no membro in-
ferior esquerdo e na coxa direita, com exposio ssea, e que
resultou na amputao de sua perna direita. O ento'Tenente-Co-
ronel do Exrcito Sylvio Ferreira da Silva sofreu amputao
traumtica dos ,dedos da mo esquerda, fratura exposta no ombro
do mesmo lado, leses graves na coxa e queimaduras de primeiro
e segundo grau,s.
...!----,-----------
.-I~-;'S E R V fi O~ ~ ....I
"
tncia de uma rea de treinamento de guerrilhas, organizada e
dirigida pela VPR, localizada num sitio da reg~o de Jacupirn-
ga, prxima a Registro, no Vale da Ribeira, a cerca de 250 qui-
lmetros ao sul da Grande so Paulo.
Dois dias depois, foi presa, tambm no Rio de Janeiro, Ma
ria do Carmo Brito, militante da VPR, que confirmou a denncia
de Lungaretti.
Imediatamente, tropas do Exrcito e.da Policia Militar do
Estado de so Paulo foram deslocadas para a rea, a fim de apu-
rar a veracidade das declaraes dos dois militantes.
Desde janeiro de 1970, a VPR, com a colaborao de outras
organizaes comunistas, instalara essa area de treinamento sob
o comando de Carlos Lmnarca ex-Capito do Exrcito --, abri-
gando duas ba~es, num total de 18 terroristas vindos de.so Pau
lo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
As primeiras tropas, ao chegarem regio, em'20 de abril,
encontraram apenas 9 terroristas na rea, pois 1 j havia sa-
do no inicio do ms e os outros 8, inclu~ive um boliviano, reti
rarron-se na manh daquele dia,.poro~em de Lamarca, e~ decorr~
cia da priso de 'Flozino, um dos proprietr.lo,sda rea. Permane
ceram apenas os elementos necessrios para desativar as bases.
Na noite do dia 21, um tiroteio marcou o primeiro choque,
e, no dia seguinte, foram descobertas uma base e uma rea de. .
treinamento, encontrando-se armamento, munio, alimentos, medi
camntos, rdios-transmissores, materiaJ. de acampamento~ mapas,
f~rdamentos, bssolas, etc. I
Em 26 de abril, foi descoberta nova rea de treinamento.
Darcy Rodrigues e Jos Lavecchia haviam permanecido em um Posto
'de Observao, a fim de acompanhar os movimentos das tropas re-
gulares. Entretanto, a quebra de seu rdio-transmissor os isolou
dos demais terroristas, levando-os a tentar a fuga da rea cer- ~-
cada. No dia seguinte, ambos foram presos, 'quando pediam caro
na na BR-116.
A partir dai, alguns dias passaram sem que houvesse qual-
quer contato. Uma parte da ,tropa da Polcia Militar foi retira-
da; permanecendo, apenas, um .peloto~ Como voluntrio para co-
mand-lo, apresentou-se um jovem de 23 anos, o Tenente Alberto
MendesJnior. Com 5 anos de policial Militar, o Tenqnte Mendes
~--------~---JRESERVAOO
--
.-:-...,. .. ,- -.
'i
XXIII
R E S E R V A O .0
RESEHVADO
Um dos terroristas, com um golpe astucioso, aproveitando-
se daquele momento psicolgico, gritou-lhes para que se entre-
gassem. Julgando-se envolvido, o Oficial aceitou render-se, des
de que seus homens pudessem receber o socorro necessrio. Tendo
os demais componentes da patrulha permanecido cornorefns, o Te.. .
nente levou os feridos para Set~ Barras sob a intim~q de sus-
pender os bloqueios existentes na estrada.
De madrugada, a p e sozipho, o Tenente Mendes b~scou con
tato com os terroristas, preocupado que estava com o resta~te
de seus homens. Interrogado por Lamarca, afirmou que no havia
neQhum bloqueio na direo de Sete Barras. Todos, entq, gegui-
ra~ para l.'Prximo a essa localidade, foram surpreenqidQspor.-...-' .- . ' . ,um tiroteio. Dois terroristas, ~dmauro Gpfert e Jos ~rajo de
Nbrega, desgarraram-se do grupo (foram presos poucos dias de-';
po;is) e os 5 terroristas restan:tes'e61,brenharam-seno m~to~. le-:
va~do o Tenente da polcia Militar. Depois de andarem um dia e~ , "
rne~o, no.incio da tqrde do dia 10.de ma~o de 1970, pararam pa-, . ..
ra urndescanso. O Ten~nte.Mend~s foi'acusado de t-los' t~ado,
e responsabilizado pelo "d~saparecimento" dos seus c?mp~nhei-
ros. Por isso, teria que ser executado. Nesse momento, Carlos
II
..
o dia 8 de maio marcou a tentativa de fuga dos 7 terro-ristas restantes. Alugaram uma "pick-up"e, no final da tarde, ao
pararem num posto de gasolina, em Eldorado Paulista, foram abor
dados por seis policiais militares que lhes exigiram a identifii
cao. Apesar de alegarem a'condio de caadores, no consegui
ram ser convincentes. Os policiais desconfiaram e, ao tentarem
sacar suas armas, foram alvejados por tiros que partira~ dos ter
roristas que se encontravam na carroceria do veculo. Aps o ti
roteio, sem mortes, a "pick_up" rumou para Sete Barras.
era conhecido, entre seus companheiros, por seu esprito afvel
c alegre e pelo altrusmo no cumprimento das'misses. Idealis-
ta, acreditava que era seu dever permanecer na rea, ao lado de
seus subordinados.
Ciente do ocorrido~ o Tenente Mendes organi~ou uma patru-
lha, que, em duas viaturas, dirigiu-se de Sete B~rras para Eld~
rado. Cerca das 21 horas,. houve o encontro com os terro~istas.
Intenso tiroteio foi travadp. O Tenente Mendes, em dado momen-,
to, verificou que dversos de seus comandados estavam feridos
bala, necessitando urgentes socorros mdicos.
... XXIV
Dos 5 assassinos do Tenente Mendes, sabe-se que:
Ainda em setemb~-odo meSITOano, a VPR emitiu um comunicado "Ao
..Povo Brasiliro", onde tenta justificar o assassinato do Tenen-te Mendes, no qual aparece o seguinte trecho:
"A 6en~en~ de mo~~e de um T~ibunal Revoluclon~~i~ dev~6eJL cumplLid~ pOIL 6u~ilame.nto. Na entanto, I'lOJ.> encoltt~~vamo6' pIL
xim06 ao inimigo, dint~o de um ce~co ~ue p5de. be~ executado em
v~lLtude d~ exi~tnci~ de muita~ e~t~~daJ.> na lLegio. O Te.nenteMende.6 60i c.onden~do ~ ntolLlLelL~ c.olLonhada.6 de 6
uzil, e. a.6.6im o
fio)..,' .6ndo depdi.6 entelLlLado".
Alguns meses mais tarde, em 8 de setembro de 1970, Ariston
Oliveira Lucena, que havia sido preso, apontou o local onde o
Tenente Mendes estava enterrado. As fotografias tiradas de seu
crnio atestam o horrendo crime cometido.
~a"QQ. m~nutQS o~ols, QS trs terroristas retornaram, e,
';~:"""'~!!f''''.~~~t':f:f~!ti!di:! !?~ili" ;1,a;L, "o ~l)~ !;!'n" F~\l imore de s foa" hou-J:tl~ ~181:~fi~ag' iif6I!11! ~ lili eitM{~tt ~~~ill'~'1l2l1!'1~QIt- 1'''''' ~.... -.!:. .do e com a base do crnio partida, o Tenente Mendes gemia e con
torcia-se em dores. Digenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe ou-
troS golpes na cabea~ esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequena
vala e com seus coturnos ao lado da cabea ensanguentada, o Te-
nente Mendes foi enterrado .
Lamarca, Yoshitane Fugimore e Digenes Sobrosa de Souza afasta-
ram-se, ficando Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima
tornando conta do prisioneiro.
I
, _ i
_ o ex-Cap~tao Carlos: Lamarca morreu na tarde de 17 de se
tembro de 1971, no interior da Bahia, durante tiroteio com a
foras de segurana;_ Yoshitane Fugimore morreu em 5 de dezembro ~e 1970, em
so Paulo, durante tiroteio com as foras ~e segurana;
_ Digenes Sobrosa de Souza e Ariston Oliveira Lucena fo-
ram anistiados em 1979 e-vivem livremente no Brasil; e
_ Gilberto Faria Lima fugiu para o'e~terior e desconhece-
se o ,seu paradeiro atual./
3.Terceiro ato
A manh de 23 de maro de 1971 encontrou o jovem advogado
de 26 anos, srgio Moura Barbosa, escrevendo uma .carta; em seUc
RESERVADO ------'-
RESERVADO, xxv
quarto de pensa0 no bairro de Indianpolis,na capital de so
Paulo. Os bigodes bem aparqdos e as longas suas contrastavam
com o aspecto conturbado de seu rosto, que nao conseguia escon-
der a cris~ pela qual estava passando. I
.Trs frases foram colocadas 'em destaque na primeira folhada carta: liA Revoluo nao tem prazo e nem pressa"; "No pedi-
mos licena a ningum para prati:ar atos revolucionrios'; e "No I
devemos ter medo de errar. ~ prercrvel errar'fazendo do que na
da fazer". Em torno de cada frase,. todas de Carlos Marighela, o
jovem tecia ilaes prpriasp tiradas de sua experincia rcvolu
cionria corno ativo militante da Ao Libertadora Nacional (AIN).
Ao mesmo tempo, lembrava-se das profundas transformaes
que ocorreram em sua vida e em seu pensamento, desde 1967,quan-
do era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e estu-
dante de Sociologia Poltica da Universidade Mackenzie, em so
Paulo.Pensava casar-se com Maria Ins e j estava iniciando a
montagem de um apartamento na Rua da Consolao.
Naquela epoca, as concepoes militaristas exportadas por
Fidel Castro e Che Guevara empolg~vam os jovens, e Marighela
surgia como o lder comunista que os levaria tomada do poderatravs da luta armada.
Impetuoso, desprendido e idealista, largou o PCB e inte-
grou-se ao agrup~mento de Marighela, que, no incio ,de 1968, da-
ria origem ALN. ,Naquela manh, a carta servia como repo$it-
rio de suas dvidas: "Fao e~~e~ comen~~~o~ a p~op~~to da ~~_
~uaio em que no~ encon~~amo~: cornple~a de6en~~va e ab~olu~a
6al~a de ~mag~naio pa~a ~a~~mo~ dela. O d~~a6~o, que ~e no~ap~e~en~a no a~ual mornen~o ~.do~ rna~~ ~~~~o~, na med~da em que
e.6~: em jogo a plr..plr..~acon6~ana no m~~odo de luta. que ~dotamo~.:; .
O~mpa~~ e em que no~ encon~~amo~ ameaa COmpJLOme~e~ o mov~men~o
~evoluc~on~~o b~a.6~le~~o, levando-o, no mZn~mo, i e.6tagnao.... --".. .. .- - .. - ...e, no m:x~mo, i extino".
Esse ~om pessimista est~va muito longe das esperanas que
depositara nos mtodos revolucion~os cubanos. Lembrava-se de
sua priso, em fins de julho de 1968, quando f.ora denunciado
por estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba.~ '
Conseguindo esconder suas lig~9cs com a ALN, em pouco~ dias
foi liberado. Lembrava-s'e, taIT\bm,da sua primeira tentativa p~
ra ir a Havana, atravs de ROIt)a,quando foi detido, em ,6 de,.. ,a.. t '
I .._ , R E S E li V A D. O I
:
" RESERVADO XXVI
Com o crescimento de suas indecises, no aceitou, depro~
to, a funo que lhe foi oferecida de ser o cObrdenador da ALN
na Guanabara. Ao aceit-la, aps um perodo de reflexo, a pro-
posta j fora canc~lada. FOi,.ento, int,..eg:r::adoa um "Grupo de
Fogo" da ALN em so Paulo, no .qual participara de diversos as-
saltos~ ati aquela manh. Seu descoritentamento, entretanto, era
SERVADO
Codinome: nome falso usado pelos comunistas em suas.atividades rev~lu-cionrins.
agosto de 1968, no aeroporto do Galeo, no Rio de Janeiro. Con-
duzido Policia do Exrcito, foi liberado trs dias depois. F.!,nalmcnte, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos
,em Cuba, usando o codinome (2) de "Carlos". Aprendeu a lidar
com armamentos e explosivos, a executar sabotagens, a realizar
assaltos e familiarizou-se com as tcnicas de guerrilhas urbana
e rural .Em junho,de 1970, voltou ao Brasil, retornando suas li-gaes com a ALN.
Em face de'suainteli~ncia:.a~uda-e dos conhecimentos que
trazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, pas-
sando a trabalhar a nvel de sua Coordenao Nacional. Foi qua!!
do, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramen-
te a ALN, com a morte de seu lder Joaquim Cmara Ferreira, o
"Velho" ou "Toledo", quase um ano aps a morte de Marighel.a (em
novembro de 1969). 'Lembrava-:-seque, durante 4 meses,. ficou sem
ligaes com a organizao. Premido pela insegurana, no compa
receu a vrios pontos, sendo destitudo da Coordenao Nacio-
nal. No ~stava c6ncordando com a direo empreendida ALN e
escreveu, na carta, que havia entrado "em e~~endimento com ou-
~~o~ companhei~06 igualmente em de6aco~do com a conduc~o . dadaao nOd~o movimenton.
( 2)
No incio de fevereiro de 1971, foi chamado para urnadis-'
cussao com a Coordenao Nacional e, na carta, assim descreveu. .
a reunio: nAo toma~em conhecimento de m~u contato pa~alel9, o~
comp~nhei~o~ do Comando chama~am-me pa~a uma didriu6d~o, a q~al
tkan~cok~eu num.clima pouco amidt~~o, includive Com o .emp~ego,
pela~ dua~ pa~te~, de palavka~ inconveniente~ paka.uma di6CU~-
4~O polZtica. Con6e~~o que 6iquei ~Ukp~~~o c~m a keacio d06 co~
panhei~o~ po~ n~o denota~em quklque~ ~en~o de autoc~Ztica e ~o-i
men~e en~ende~em a minha condu~a cpmo um ~imple6 a~o de indi6ci
p.t..inanNo sabia, o jovem,'que a ALN suspeitava de que houves-
se trado o "Velho":--' _.'----...-..- ...
J.
1
XXVII
visi~l: "FuL Ln~egaado nea.e gaupo, eapeaando que, 6Lna
Lmente .'pudeaae taabaLhaa dentao de Uma eEll,~a 6aLxa de autonomLa e apLL
ca4 meu~ conhec~mento~ e tecn~ca~ em p40l do mov~mento. AZ pe~-. ~
manec~ po~ qua~e doi4 me~e~, e q~al nio 60i a minha decepao ao
ve4i6ica~ que.tambem a1 e~tava ~nulado ... Tive a ~en~ao deca4i _
t~aio polZt~ca". No ~abia, o jovem, que a ~LN estava conside-
rando o seu trabalho, nO"Grupo de Fo~o~ como desgastante e "ainda somado vacilao diante do inimigo".
No final da carta, Srgio, mantendo a iluso revolucio_nria, teceu comentrios acerca de sua sada da ALN:
UA~~im, ji nio hi nenhuma p044ibil~dade de cont~nua~ tole4ando o~ e4~04 e om~4~5e4 polZt~ca~ de uma di~ecio que ji tevea opo~tun~dade de ~e cO~~~9i~ e nao o 6ez.
.Em ~i con4c~~ncia, jamai4 pode4ei 4e~ acu4ado de a~~iV~4_
ta, opo~tun~4~a ou de~40ti4ta.
coe.~.No vacilo e nao tenho dida4 quanto -a4 m~nha~ conv.lc_Cont~nua4ei t4abalhando pela Revoluo, PO~4 ela e o meu
nico omp40m~~40.
P~Ocu4a~e~ onde p044a 4e~ e6et~vamente t~l ao movimente ~ob4e ~4to con0e~4a~emo4 pe440almente".
Ao final, assinava "Vicente", o codinome que haVia passa-do a usar depois de.seu regresso de Cuba.
i
It,I
III
i
(3) ~ICobrir um ponto": comparecer a um ponto de encontro (entre mil itantesde uma organizao comunista).
No final da tar~e, circulava, procedendo s costumeiras
evasivas, pelas ruas do JardimEu~opa, tradicional bairro pau-
listano. Na altura do nmero 405 da Rua Capava, aprpximou-se
um VOlkswagen gren, com dois ocupantes, que dispararam mais de
10 tiros de revlver 38 e pistola 9rnrn. Um Glaxie,com 3 elemen-\ ~
tos, dava cobertura ao. Apesar da reao do jovem, que che-
gou a descarregar sua arma, foi'atingido por 8 disparos. Morto
Terminada a redao, pegou o seu revlver calibre 38 e
uma lata 'cheia de balas com um pavio guisa de bomba caseira'e saiu para "cobrir um ponto" (3) com wn militante da A~N. No s~
bia que seria traido. No sabia, inClusive, que o deSCOntenta_
mento da ALN era tanto que ele j havia sido SUbmetido, e condenado, a um "Tribunal ReVOlucionrio".
r RESEnVAOQ
1-'
ma.,'t
nos quais a.
sugestivos os
Ao lado do corpo, ;foram jogados panfletos,
ALN assumia a autoria do "justamento" (5). so
seguintes trechos desse "Comunicado":
nA. Aco Li.bell..ta.doll.a.Na.c.i.ona..t (ALNl exec.u.tou, d1.a.23 de
co de 7977, Mll.c.i.o Lei..te Toledo.
E~~a. exec.uo .te~e o ni.m de ll.e~gua.ll.da.1l.a. oll.ga.ni.za.c.o.
~. 'Violncia, nunca mais!
... . .. ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..~ .
To!ell.nc.i.a. e c.onc.i.li.a.c;o ,.ti.vell.a.m une~.ta..6 c.on.6eqUnc.i.a..6, 'na Il.evo!uco bll.a~i.lei.Il.a..
1empell.a.- nOJ ~ ~a.bell. c.ompll.eendell. o momen.to que pa..6.6a. a.
guell.ll.a Il.evoluc.i.onll.i.a e no~~a. ll.e.6pon.6a.bi.li.da.de di.a.n.te dela. enoJ
~a palavll.a de oll.dem ll.evoluc.i.on.ll.i.a~
A.o M~wn.t ll.e".6pon.6abi.li.dad,!- na." oll.ga.ni.zaco c.ada. quadlto 'de
ve anal~all. ~ua. c.a.pac.i.dade e ~eu pltepalto.
~epoi..6 di.~.to no ~e peltmi..tem ltec.ao.6
.um Oll.ga.ni.za.c;.o ll.etlo.tuc.i.on.Il.i.a.,em gt'VVta. dec.la.ll.a.da., n.o PE-de pell.mi.;ti.1l.a. quem .tenha. uma. .6.Il.i.ede i.noll.ma.ce.6 c.omo a.~ que ,epo~~uZa., va.c.i.la.ce.6de~ta. e~p.c.i.e, mui..to meno.6 uma. deec.co de.6. ,-~e gll.a.u em ~ua~ i.lei.ll.a~
hESE'R~AD 0_1
na ~alada" seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresa de
ter reconhecido seus assassinos. Da ao faziam parte seus com-
panheiros da direo nacional da organizao subversiva Yuri X~
vier Pereira e Carlos Eugnio Sarmento Coelho da Paz (ltClnentelt),
este ltimo o autor dos disparos fatais. (4)
.4............................................................
.............- .... ~.............................................
so marcos como os descri tos fruto de mentes deturpa:-
das pela ideologia -- ~ue balizam o aminho sangrento e estril(4) Justiamento: homicdio qualificado, prat"icado pelos subversivos e ter
YQristas contra companheiros que tentam evitar uma ao ou que abando':"nam a organizao, ou, ainda~ contra os que, direta ou indiretamente,comhatcma subverso, ' .
(5) Participaram, ainda, da ao, dando-lhe cobertura: Antonio Srgio deMatos, Pnulo de Tal"so C(>1.L1C't-';:::c..,.1 . (:;,. . Jos Hilton Bnrbos.,.
.. /R E S E fi V.~ '>.. ~-,,--_ __ ,
Enterrado dias depois em ~auru, seu irmo mais velho, en-I
,to Deputado Federal por so Pablo, declarou sabe~' que ele ha-
via sido morto pelos prprios companheiros comunistas.
o jovem no era "advogado" e nem se chamava "Srgio Moura. .Barbosa", "Carlos" ou "Vicente".' Seu nome'verdadeiro era Mrcio
Leite Toledo.
XXIX
I, I
i,; ,
! I
do terrorismo, que por quase urna dcada enxovalhou a cultura
nacional, intranquilizando e enchendo, de dor a famlia brasilei
ra.
Essas aes degradantes, que acabam de ser narradas, saoi
tidas como atos herico~ pelos seguidores da ideologia que con-
sidera ~a viol~ncia como o motor da histria". Para essas pes-
soas, todos os meios so vlidos e justificveis pelos fins po
lticos que almejam alcanar. Acolitados por seus iguais, seus
nomes, hoje, designam ruas, praas e at escolas no Rio de Ja-
neiro e em outros locais qo Pas.
Os inquritos para apurao desses atos criminosos contra
a pessoa humana tambm transitaram na Justia l1ilitar entre
abril de 1964 e maro de 1979. Porm, e?sas pessoas mortas e fe
ridas onde se incluem mulheres e at crianas e, na maioria,,
completamente alheias ao enfrentamento ideolgico --, por serem
inocentes e'no terroristas, no esto incluldas' na categoria
daquelas protegidas pelos "direitos humands" de'certas sinecu-
ras e nem partilham de urna "humanidade comum" de certas igrejas.
Nem parece que a imagem de Deus, estampada na pessoa huwana, e
sempre nica.
A razo, porem, e m~i~o simples. Essa Igr~jaest sabida-
mente infiltrada, assim como o Movimento de Direitos 'Humanos do
minado, P?r agentes dessa mesma ideologia, como ficar documen-
tado ao longo deste livro.
Corno gostaramos de poder crer que esses atos cruis de
assassinatos premeditados, assaI tos a mo armada', ate~tados e
seqestros com fins pOlticos e qualquer tipo de v'iol~ncia pe~
soa humana nao viessem ~ ocorrer no Brasil, nunca mais!
--_.-- ..~.- --.- -.---~.~.
RESERVADO"
I/:
I!
~ S E fi V A O O)..
AEROPORTO DE GUARARAPES
!
It1I1
1 SOLIDAREDADE
NOSAGUf\O
CCM os FERIOOS
o JORNALISTA Rf:Grs DE CARVALHONfD
RESISTIRIA AOS FERIMENTOS
O TENENTE-CORONEL SYLVIO FERREIRA.DA SILVA AGUARDANIX> SOCORRO
o CORPO 00 J\I1.lIRANTE WILSCN ro- O GUl\r.J)~ CIVIL SEI3l\STrJi.O TCW\Z DEJ.m5 FERNANDES SENOO ru::rrRAOO m 1\OUTNn E"1 ESTAOODE CIlOQUE E l-lUrrI.J\OO
IRESEnVA~
---
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!Jli'I'iI
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\1
TEN MENDES JNIOR,M)RI'Q A CORO
NHADAS, AOS 23 AIDS DE IDADE.
N)S RESTOS HOIUJ\IS, ~ H1\RC1\ D~ VIOLENCIl\, -J~ E R VA 00
,,' ..JJ -'-':;~-" :!.;.:v~""'.;ls.;,:~;H..".;,..\.!-..'::1~;'7'.-;:~~. ~: __ ." Ir. - . ~I '''-i~ ~/.;.~~~, .,..:..: ~rr'~..--~~t' . v' '~-',..,' ,,~ " -' ~ ..~. "--'\ : ~ t :.." .. ~~ . '.,. I.y:i.-:~~. ~t.\:r:r~_~.~~-::#~ ~ ;c":--~~'."~'~'~'t' ".'~.i"~ -.,.~. -"' . '"' .. (1 t: '.:';::'''':'~'0'" '2r; ~ ' ,...J'! .:. ':".~',:,""'.-!". " ,'.,.. ,,';'tL
~.;.:.;:"~~n...r-_ i.-...../~:..-"'~~';''''''..~.'.:,,~;-:(\~-\ .. r-:).' :.r_' ~'~~Tft ," \ :I'\. ....v:.~..f# ~...,.... ~r" '. """" .... ~.. '.t'.(-:. '"i~;.". _ ~ \:" ' . ' .. "... . '* .. " ..- J ,r ~t.~' ".' .. "',1" '-/" .{;..'.. ;, " .....
.'.:. ".I~ }:~"'~;"'.f~':":;'.I."'r.' _~.;-.:,/r 00'1. ;-.' "' . .:.#.~.J~"1.a.,~~.i:~j;..,.~~ ._"~.,.. .,J", ~ ......\ .C.':~.; r:~ .. , ..." "~';"!"." . '._J ,r).,..f_' ., . ..,... '. \o.~'" ' . , .,.,..., , "\.4 ljI.~ .. \
110:, "t......:~1 :.1:-' :)1. .... ;.,r .',.', ..'' ,..,',.. _./.!.,... ~.. " . ,. .". . \ . I'" . '.. -.!!.... ~ --""...
IRE S E nv A O O]O CRIME DE SETE B~RRAS
SErE BARRAS, REGISTRO/SP: CENRIO DO ASSASSINATO 00 TE!'! PMSP ALBERI'O HENDES
JNIOR.
XXXII
, .
iPELA VIOL~NCIA DE SEUS COHPANIIEIROSMRCIO SURPREENDIDO
,
-------------1 R E S E n V A ~~r "JUS'fIAt-1.ENTO" DE Hi\RCIO LEITE TOLEDO
, I
R'E S E R V)
1A O O.
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1~ P A R T .E
~ .
A TENTATIVA DE TOMADA DO PODER
.
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I.. ..I i
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I ,
[n R V A O JE S E .0 I"
A PRIMEIR
---...-.-"-. _. .....- ..- .
A FONTE DA VIOLENCIA
os objetivos
- representado
O esquema, a seguir aprepentado, sintetiza
~s~leninistas, a partir da democracia
um tringulo em equilibrio instvel (1).
dos
por
(1) Embora se nos apresente paradoxal, a defesa, pelos comunistas, da demo-cracia, com as liberdades elevadas ao mximo, ela se justifica. ' Qu'antomais dbil e sem defesa a democracia, mais fcil sua dcsestabilizaco ea deflagrnio do processo de tom~da do poder. "
. I~_~__$ E R V A O ? I
..Os trotskistas, apesar de se considerarem ~stas-leni-
nistas, no advogam essa etapa intermediria para a implantao
da "ditadura do proletariado". Para eles.a revoluo, desde ~
inicio, ter carter socialista.
Fs E .~ V -A O OCAPITULO I
,Esta ~tapa ,do socialismo marxista~leninista, tambm chama
da de "socialismo cientifico", no deve ser confundida cemO:ltros
tipos de socialismo, ditos democrticos e no leninistas.
Mas, ainda antes de chegar ao socialismo ou ditadura do
proletariado, os comunistas de~endem a existncia de um objeti~
vo intermedirio, onde seria implantado um Estado do tipo "pro-
gressista", cujo governo seria Gomp~sto pelo proletariado~ pelo
campesinato e, ainda, por uma parcelcJ.da burgues'icJ. a p~quena
parcela'hacionalista~
Segundo essa ideologia, para a chegada ao objetivo final,
ter que ser atingido um estgio. anterior, transitrio, verda-
deiro trampolim para "o salto final".,t o estgio do socialis-mo, da destruio do Estado burgus, sobre cujas runas o prole
tariado erigir um Estado prprio,. caracterizado pela '~ditadutt
do proletaria~o" sobre as demais classes.
o objetivo final da revoluo marxista-leninista atin-gir o cammisrrD-"a ltima e grande sntese" -, urna sociedadesemEstado e sem classes. Sem classes e, portanto, sem a luta de
classes, o comunismo seriaa ~'sociedade perfeita ", onde, no ha-
vendo contradies, o materialismo ,histrico no seria aplicado.
1. Os objetivos da Revoluo Comunista
RE S E R V 1\
2. Os Caminhos da Revoluo
'Para atingir seus objetivos estratgicos, a violncia tem
sido o caminho apontado pelos idelogos comunistas. Na prtica,
a histria mostra ter sido a violncia a tnica de sua revolu-
o. Em nenhum pais do mundo os comunistas lograram alcanar o
poder por outra via.
Marx, referindo-se Comuna de Paris, disse que um dos
seus erros fundamentais "6o~.a magnan~m~dade de~~eeeJ~~~a do
p4ole~a~~ado: em vez de ex~e~m~na~ o~ ~eu~ ~n~m~go~, ded~eou-~ea exe4ee~ ~n6lu~ne~a mo~al ~ob~e ele~" (2).
Engels, seu dileto companheiro, complementou:
" v~ol~ne~a joga ou~~o papel na h~~~~~~a, ~em um papel~evolue~on~~o: ~, ~eguhdo a 6~a~e de Ma~x, a pan~~~na de toda
a velha ~oe~edade, ~ o ~n~~~umento eo~ a aj~da do qual o mov~-
men~o ~oe~al ~e d~nam~za e 4o~pe 604ma~ polZt~ea~ mo~ta~"(3).
Len~n, em seu famoso livro "O Estado e a Revoluo", di-
zia: " l~be~dade da "ela~~e ope~4~a n~o ~ po~~Zvel ~em uma 4e~uoluc~o ~ang4en~a" (4).
Com tais premissas, baseadas na lei fundamental marxista
da transformao e apoiadas nos seus conceitos de mo~al, compr~.
ende-se a fonte da violncia (5).
Embora Marx e Engels insistissem na necessidade universal
da violncia, chegaram a admitir, em.casos especiais, a possibi.lidade de uma mudana social por meio~ pacificos. Seria inacei-
tvel que inteligncias to lcidas no a admitissem. Suo Tzu
j nos ensinava h 500 anos A.C., e principio de guerfa cada
vez mais vlido, que no se faz uso da fora quando Se podeconguistar os objetivos al~ejados, a despeito do inimigo, sem
i~Z~-lo. Ademais, o emprego da fora apresenta sempre um risco
pel~ resposta violenta que necessariamente provoca.
Para Lenin, a base de toda'a doutrina de Marx e Eqgeb"es
t na necessidade de inculcar sistematiamentenas massas a idia'"
da revoluo violenta. No entanto, na sua obra antes citada, ao. \\
expor a do~trina marxista do Estado e as tarefas do proletaria-
(2) Marx, K.: "A guerra civil na Frana", 1933, pgina SO.(3) Engels, F.: liA DUhring", Ed. 'Sociales, Pat'is, 1950.(4) Lenin, V. L: "O Estado e 'a Revoluo", 1935, pgina 9.(5) O processo do emprcr,o da violncia para a tomada do poder 'c chamado, pe-
los comunis tas, .de "lu! . . rI R E S E Il V 1\ D. ,0 .
3
R E S E 'R V A O O
do na revoluo, examina a utilizao da violncia para a toma-
da do poder, mas considera, tambim, ~ possibilidade da passagem
pacifica para o socialismo, bem como trata da necessidade de 'um
estgio intermedirio, para a implantao da ditadura do prole-
tariado.
Assim reduzidos as suas formas mais simples, podem ser
sintetizados em dois os caminhos uti.lizados pelos comunistas p.!.
ra a tomada do poder: o uso da violncia (ou luta armada) e a
,"via pacfica".
Ao longo do tempo" os objetivos e a estratigia para con-
quist-los acabaram por transformarem-se nos po~tos fundamen-
tais de divergncia entre os comunistas. Em torno delas, Trotsky,
Stalin, Mao Tsetung, Kruschev e Fidel Castro, para citar apenas
os principais atores dessa histria, desenvolveriam suas pr-
prias concepes da r~voluo.
Essas concepes diferenciadas daro margem a um vasto es
pectro de organizaes, todas intituladas marxistas-leninistas,
com ~s quais travaremos contato no correr deste livro.
3. O Trabalho de Massa
As formas utilizadas pelos comunistas para alcanar 'seu
objetivo fundamental __o a tomada do poder' --, possivelmente por
ter.sido Lenin um estudioso de Clausewitz e ter ~ua prpria fi-o
losofia da guerra, assemelham-se muito s da conquista de um ob
jetiyo militar na guerra, o que nos oferece uma imagem propicia
para a compreenso do problema.
Para a conquista de um objetivo na gue!ra, h um rduo e
persistente trabalho de preparao a realizar. As tropas preci-
sam ser mobilizadas e organizadas; devem aprender tticas e tic
nicas de combate, durante um perodo relativamente longo.de in~
truo; precisam ser'equipadas e supridas de uma quase intermi-, "
nvel sr~e de artigos; necessitam de apoio de fogo~ de engenh~
ria, de comunicaes, de sade, etc Deixando de lado uma s-
rie de outras necessidades, tais como o conhecimento sobreocam
po de batalha, as info~maes sobre o inimigo, etc., devem, so-
bretudo, estar moralmente preparadas e possuir determinao e..vontade de lutar. Eis, ento,: que' se deslocam para o campo da
Iluta. Chegado esse momento -- o da batalha ~ o combate pode
ou nao se realizar. Se o inimigo est orgnizado, tem foras su
I. [RESERVADO
1.. .. '.
I
I-R-.-E, -S-E--R-V-'-A-O--'i o 1
ficientes e vontade de lutar, haver, fatalmente, o combate. Se
o inimigo, porm,' fraco ou est combalido, mal posicionado ou
sem determinaco, ele pode.entregar-se praticamente sem luta.Na
terminologia militar, nesta ltima situao, diz-se que o inimi
90 "caiu pela manobra". Sem ser necessrio o uso da fora, sera
atingido o mesmo fim: sua submisso~ vontade do 'ex~rcito que
empreendeu a opera~o.
Esses so, pois, os dois caminhos para a conquista do ob-
jetivo: o d violncia da luta armada -- e o da manobra. Es-
te ltimo, em relao' ao anterior, pode ser considerado "pacifi
co". O rduo trabalho prvio indispensvel para se utilizar
ambos os caminhos, porque se ele no existir, no haver,' no mo
menta do combate, a necessria desproporo de fora e de vonta
de, suficiente para qu~ a ao contra o inimigo seja bem suce-
dida ou o obrigue a render-se sem combater.
5
, -O trabalho de massa e a preparaao para o combate. Na horadecisiva da batalha,. a sociedade organizada pode re~gir e 1u-
Para tomada do poder pelos comunistas, tambm existe umtrabalho prviO, rduo e persistente, denominado por eles de trabalho de massa.O trabalho de massa consiste nas atividades de in
filtrao e recrutamento,' organizao, doutrinao e mobiliza-
ao, desenvolvidas sob tcnicas ~e agitao e pr~paganda, visan'
do a criar a vontade e as condies para a mudana raqical das
estruturas e do regime (6) (7).
O tr~balho de massa objetiva: incutir em seus alvos a ideo
.logia comunista como ,a nica soluo para todos os 'problemas;
m~nar a crena nos valores da sociedade ocidental ~ no regime;
enfraquecer as salvaguardas e os instrumentos 'juridico~ de'defe-
s~ do Estadoicontrolar a estrutura administrativa e influir nas
decises governamentais; e, at~ando sobre os diversos segmentos
sociais, re~duc-Ios, organiz~i~s, mobiliz-los e'o~ieryt-Ios
p~ra a tomada do poder.
I 11R E S E fi V ~ O/0 ,
Agitao (Dicionrio da lnguq russa, de Ojcgov)-atuao ~untQ s gra~des'massas, com o objetivo de inculcar algumas idias e lemas destinados .sua educao poltica e a atra-ls para a soluo dos deveres polticos c sociais mais importantes.Em todos os 'Partidos Comunista$ existe uma Seo de Agitao e Propagan 'da (SAP), que se encarregn ~de$saatividade. A teoria comu~istn distin=gue, por~m, uma ntividndeda outra: a agitao promove uma/_ou poucasidias, que apresenta fi mnssa popular; a propaganda, ao contrrio, ofe-rece muitas idias a uma ou poucas pessoas . /unbos so processos condi-
cionantes.
{7 )
n E S E"R V fi O O
-tar -- o ~ue e norm~l --, ou, se desmor~lizada e sem determin~_
o, pode, simplesmente, "ca~ pela man.obra", pacificamente.
,
~._-~._._- - ~
6
.'[R ,f S f R V A ~ O
CApITULO II
."
7
O PARTIDO COMUNISTA - SEO BRASILEIRA DA INTERNA_
CIONAL COlvIUNISTA (PC-SBIC)
1. A Internacional Comunista
o lanamento do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels situa-se no exato momento em que duas correntes vo chocar-se na
doutrina e nos fatos: 1848 , com efeito, o ano das revolues
europias. O brado lanado no Manifesto __ "p40let~~0& de to-
do& 0& paZ&e&" u.n~-VO&" - teria conseqUncia prtica. Em breve
seria ten~ada a unio dos operrios, acima das fronteiras nacio-
nais,para combater o capitalismo e impl?ntar o socialismo ..
O conceito de internacionalismo proletrio da derivado
deu origem formao das Internacionais, verdadeirasmultina_cionais ideolgicas, que, sob o pretexto de dirigir a luta em
nome da classe operria, passaram a fomentar a criao de parti
dos em vrios pases, que subordinariam seus programas partid-rios s resolues de seus Congressos.
..
em Londres a Associao Internacio_- .
(AIT)., que ficou Posteriormente conhecida
Reunia diferentes correntes ~o moviment~
Em 1864, foi fundada
nal dos Trabalhadores
como I Internacional.
operrio europeu, que se opunha ao capitalismo, clestacanc'lo-seen
tre elas a dos marxistas e anarquistas. ,No suportando as dis~
senses ode grupos anarquistas que no queriam se submeter au-
toridade centralizadora de Marx e ao processo da Comuna de Pa~~is, encerrou suas atividades em 1876 ..
A 11 Internacional surgiu em 1889 (1). Depois de depuradados anarquistas e dos comunista's e de ter passado por al\lun~p~
rodos de crise e recesso, reSSurgiu, em 1951, j Com o nome deInternacional Socialista.
(1) A.II Internacional perdurou ati a 1~ Guerra !~ndial. quando o nlciona
-lismo mostrou_se, na prtica, mais forte e decisivo do qucoo intemaeion~lismo.. _
rLRESERVAO"O
A IIr Internacional, tambm conhecida como Comintern Ou I!!~ernacional Comunista (IC), foi criada em 1919, por Lenin. Apro
- -veitando-se da base fsica 'cOnseguida cm a revoluo russa, em'1917, a IC pde colocar em prtica SUa doutrina de expanso mUn
dial do comunismo, aIicerada na ..c~perincia dos sovietcs: ~No. \seu Ir Congresso Mundial, ~ealizado em 1920, a IC aprovou ~eu
.~
,I
~],
8
a p~l.e~-
na '~ua
40cLal. Vevelt:que ..~em a. delt-dUaJunrunento11em
..............................................................."3~ - No~ paZ~e~ bu~gue~e~1 a aci~ legal deve.~e~ com6in!
da com a acio ilegal. Ne~~e~ paZ~eJ, deve~a ~e~ c~iada uma apa-
~elhagem clande~tina do Pa~tido, capaz de atua~ deciJivamenteno momento opo~tunoN.
........~ , ~ .. .
"14' - Tod04 o~ paAtido~ comuni4ta4 ~io obAigado~
taA ~odo o.auxZlLo nece~~:~io i~ Rep~blica~ ~ovL~tLca~1luta 6ace i cont~a-~evol~cio" .
"16~ - Tod04 o~ .paAtido~ comunL~ta~ ~io' ob~igado~ a obed!.
ceA i~ Ae~olu5e4 e deci~5eJ da rnt~~na~ional Comuni~ta, con~i-deAada como um paAtido mundial ~nico".
lL~ta~ e ~enuncLa~ ao p~t~Loti~mo e ao pacL6i~mc~e~ demon~t~ado ao~ ope~a~Lo~1 ~L4tematLcamente,'~ubada ~evolucLonALa do capLtalLJmo nao haveAapa~ mundLalN.
,
............................................................". ..
2. A formao do PC-SBlC
estatuto e estabeleceu as 2; condies exigidas para a filiao
dos diversos partidos comunistas, das quais algumas so trans-critas a seguir:
..................'. ................................. ...........
"4' VeveAa ~e~ 6eLta ampla campanha de agLtacio e P~Op!ganda na~ 0~g4nLzac5e~ mLlLta~e~1 pa~tLcula~mente no Ex~~cLtoN.
No Brasil, as duas primeiras dcadas deste sculo foram
marcadas por algumas poucas agitaes de cunh social.
O movimento operrio e sindical, por nove anos, desde1908,I
dirigido pela Confederao Operria Brasileira (COB), possuia
traos anarquistas e voltava-se, b~sicamente, para agitaes.contra a guerra mundial, inclusive, com ameaas degreve geral.
Essas condies, que espelhavam a rigidez da linha leni-
nista, proporcionaram ao Partido Comunista da Unio Sovitica
(PCUS) a oportunidade de expandir o Movimento Comunista Interna
cional (MCl), subordinando os interesses nacionais dos pa~es
submetidos aos dos soviticos e facilitando a interfernci~ nas
.polticas. internas das 'demais naoes.
!"-"-----.-------F S E H V ~ O ~
-------------[R ESERv~
IH!: ~ C H V A O ~~ _
.'o marxismo-Ieninismo, ainda pouco conhecido e freqente-
mente confundido com o anarquismo, procurava florescer em 7 ou
8 cidades brasileiras com a criao de alguns grupos que, ape-
sar de se intitularem comunistas, no passavam, na verdade, de
anarco-sindicalistas.
Foi quando, no inicio da d~cada de 20, a Internacional Co
munista (IC) e suas 21 condies de filiao chegaram ao nos-
so Pais, e nossos "comunistas" as assumiram, pressurosos.
Em 25 de maro de 1922, nas cidades do Rio de Janeiro c Ni
ter6i, num congresso que 'durOu trs dias, 9 pessoas fundaram o
Partido Comunista - Seo Brasileira da Internacional Comunista(PC-SBIC)
. ;3. As atividades do P-SBIC
De acordo com Haroldo Lima, atual Deputado Federal pelo
PC do B da Bahia:
e "...o COt1glr.eJ.>J.>o diJ.>cutiu e a.plr.Ovou dJ.>21 condicei-'de i!!:.glr.eJ.>J.>ona. lntelr.na.c.i.ona..e. Comuni.6ta., 'e.e.ege. uma. ' Com.i.J.>J.>.oCentlr.a..e..
, ,
Executiva., clr.iou um Comi:t~ de SOCOIr.Ir.Oa.O.6 F.e.a.ge.e.a.do.6. Ru.6.6o.6,.t1La..tou de que.6.t~~.6 plr..tica..6 e encelr.lr.OU .6euJ.> tlr.a.ba..e.hoJ.> entoa.ndo
o h.i.no in.telr.na.ciona..e. do.6 .t1r.a.ba..e.ha.dolr.eJ.>,a. lntelr.na.c.i.ona..e.",(2).
Desde o nome e a s~gla (PC-SBIC), obedecendo i 17~ condi~ao, at renncia ao pacifismo social, o novo Partido aceita-
va a ag~tao permanente e a tese da derrubada revolucionria,. ,das estruturas vigentes, renegava as regras de convivncia da
sociedade brasileira, propunha-se a realizar atividades legais li
e ilegais e subordinava-se s Repblicas Socia~istas Soviticas. II'
entidade civil.
da revQlta te-
desenvolvimento I'I
o PC-SBIC surgiu legal, registrado comoTrs meses depois, o estado e sitio,decorrente
nentista,colocava-o na ilegalidade e inibia o.- .. - .. '. . .... . .,de suas atividades de agita~o.
Em 1924, um fato viria repercutir no'PC-SBIC: a realiza-oI
ao do V Congresso da IC, em ju~ho/~ulho, j sob o impacto da :i
morte de Lenin. Nesse Congresso, rc, mudando de tti~a, pas- .::sou a adotar a da "Frente ~nica'" vista, por Zinoviev, como "um 'I'
------ .;/,1
. (2) Lima. H.: "Itinerrio das Lutas do PC do Brasil". 1981. pagina 4. WI;
rR E S E n v t. o"'0 I~.-- ..-------- ,t,!
H
rI' li
mtodo para agitao e mobilizao' das massasll (3).
No final de 1926, modificou-se o quadro poltico-institu-
cional, com o governo de Washington Lus trazendo ventos libera
lizantes, tendo o PC 'inclusive, um curto perodo de legalidade, de
19 de julho a 11"de agosto de 1927. Obedecendo aos ditames 'do VCongresso da IC, a direo do Partido lanou a palavra de ordem
"Ampla agitao das massas", justificada pela necessidade de "f~
zer surgir o Partido da obscuridade ilegal luz do sol da maisintensa agitao poltica".
Partindo da teoria prtica, criou o Bloco Operrio e Ca!,!!pons (BOC) como uma "frente nica operria", que, no por ac~
50, tinha, na sigla, as mesmas letras da conhecida e j extinta
COB.
Ainda seguindo a ttica de frente, o PC-SBIC iniciou um tra
balho de aproximao com Prestes, que se encontrava na Bol-
via (4).
Mas; o ano de 1928 foi marcado pela crise econmica mun-
dial. Pensando ~m aproveitar a mis~ria que adv~ria para os ope-..rrios, a IC realizou o seu VI Congresso, de julho a s~tembro,
mudando a ttica de IIfrente nica" para a de "classe contra
classe". O proletariado mundial, premido pela crise, poderia
ser arrastado para a revoluo. Era a oportunidade para os comu\
nistas isolarem-se e lutar contra todas as posies antagni-
cas, desde as burguesas at as operrias. A IC determinara o fim
da IIfrente". Na URSS, iniciava-se a "cortina de ferro".
Tal resoluo pegou o PC-SBrc de su~presa. Para as elei-
oes de outubro de 1928, j lanara candidatos atravs do BOC,
que, gradativamente, se vinha tornando o substituto legal do PC.Imediatamente, o PC-SBIC convocou o seu 111 Congresso,rea
lizado em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, em Niteri. Alm
de reeleger A;t~~jiid;'per~ira como secretrio-geral, o Congre~
so do PC-SBlC determinou a-intensificao do trabalho clandesti
no do PC,a fim de no ser ultrapassado pelo ~OC.Com tal, medi-
da, pensava acalmar os chefes moscovitas, que viam, no BOC, a
continuao da antiga ttica de IIfrenj:enica".
(3) Zinoviev foi o primeiro chefe do.Comintern e o.encarregado de expor, no.seu V Congresso, a estratgia que seria aplicada tanto "Frente nica"quanto s atividades das orGanizaes de frente.
(4) Prestes a essa poca ainda no se tornara comunista.
,R f. S E R V A O O
"
.'~'E S E R V A O ~.
, -11
Ledo engano. No compreendiam, ainda, os comunistas brasi
leiros, que a curvatura dos dorsos no era, apenas, temporria,
guisa de um ~umprimento. Ela teria que ser permanente, com aboca sujando-se de terra.
,Vivia~se, em Moscou, a plena poca dos expurgos. O poder~
so Stalin, com mao de ferro, mandava assassinar os princip~is
dirigentes do Comit Central (CC) e o fantasma do tr9tskismo
servia de motivo para o prosseguimento das eliminaes, tanto
na "p,tria-mo" como 'nos partidos satli tos.
A I Conferncia dos Partidos Comunistas da Amrica Lati-
na, realizado em junho de 1929, em Buenos Aires, condenou "a po
litica do PC-SBlC frente questo do Bloco Operrio e Camponse o seu atrelamento a este rgo" (5)
.O ano de 1930 foi decisivo para o PC-SBlC. Em fevereiro,
a IC baixou, a "Resoluo sobre a questo brasileira", com base
na Conferncia de Buenos Aires. Nesse documento, critica a poli
tica de frente ainda adotada pelo PC-SBIC e ironiza o BOCcomo
sendo wn "segundo partido' operrio". Ao mesmo tempo, induz o paE
tido a "preparar-se para a luta, a fim de 'encabear a insurrci-
ao revolucionria".
Os dias de Astrojild~ Pereira estavam contad~s. Em novem-bro de 1930., uma Conferncia do PC-SBlC expulsa o sec.r~trio-ge
ralo Em so Paulo, foi afastada uma dissidncia trtskista lide
rada por Mrio Pedrosa.
Numa guinada para a esque~da, o Partido encerra sua poli-
tica de alianas, expurga'os intelectuais de sua direo e ini~
eia uma fase de proletariza~o.
4. A fase do obscurantismo e da indefinio
O periodo comprerindido entre o final de 1930 e os medos
de 1934 caracterizou~se por um quase obscurantismo do PC-SBIC,
que, empreg~ndo uma linha dbia e equivocada, se emaranhava em
sucessivas crises. ,A agitao politica no Brasil,entretanto, foi i~tensa. Em
1930, ainda s~b influ~ncia dos ideais do tenentism~, formou-se
a Aliana Liberal, um agrupa~~nto de oposies~Em qutubro c no
(5' Carone, E.: "O PCB - 1922 a 1943"t Difel S.A.,RJ, 1982,' p~gina 9.I
'. I-----------. R E S E n V AO/O
),2DllStRVAGO
~o ac~t~~o o resultado das eleies presi-,
ladl~~a o p~ulista Jlio Pre~tes, a Aliana, a
do'am DOY!~~ntorevolucionrio, alou Getlio Vargas ao
INesse incio da dcada de 30, o prestgio de Luiz Carlos
Prestes, ento exilado no Prata, ainda era muito grande. As re-
percusses nacionais da sua Coluna faziam-no um dos mais respe!
tados lderes entre os tenentes. No entanto, era, ainda, um re-
volucionrio em busca de uma ideologia.
Em maio de 1930, Prestes criou a Liga de Ao Revolucion
ria (LAR), defininqo-se contra a Aliana Liberal. Em maro de
1931, aderiu, publicamente, ao comunismo. OPC-SBIC logo tentou
incorporar a LAR; Prestes, no entanto, com a fora de sua lide-
rana, tentava engolfar o PC-SBIC.
O maior lder comunista do Brasil no pertencia aos quadros'
do PC!
Essa inslita situao foi, aparentemente, resolvida com. .
uma inslita soluo: Prestes deixou a Argentina e foi residir
na URSS, para ser o representante brasileiro na Internacional
Conhi"n j.s ta.
Na rea internacional, a poltica de "classe contra clas-
seu revelara-se desastrosa para o PCUS. No houve a to deseja- .
da recesso mundial, e a fora de Hitler, aproximando-se, gra-. .dualmente, do Japo e da Itlia, aterrorizava os soviticos. E;?ses fatos marcaram uma nova linha poltica: ~oi aliviado o'iso-
lamento e retomado o dilogo com as naes ocidentais, culminan
do com o ingresso da URSS na Liga .das Naes em 1934.
A tudo isso assistia o PC-SBIC, atarantado. Debatendo-se
entre as ordens de Moscou, padecia de uma correta definio da
linha politica e era envolvido por sucessivas crises de direo.
Apesar do sectarismo obreirista, caracterstico d~sse pe-
rodo, a intensificao da atividade clandestina do PC-SBIC trou
xe-lhe um dividendo: o relativo sucesso no trapalho militar, de
infiltrao e recrutamento nas Foras Armadas.
Aproveitando o idealismo revolucionrio, e at certo pon-..to ingnuo, do movimento tenentista, cc;mseguiu a simpatia de mu!
tos militares. A atuao de mili~ares no Partido, cQmo Mauricio
Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregrio Bezerr~ ~gl!
fRESEI1VADO
berto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Darata e o prprio Prestes,.sao exemplos desse trabalho de infiltrao e recrutamento.
Esse trabalho militar foi decisivo para o advento da pri-
meira tentativa de tomada do poder pelos comunistas, por meio
da luta armada
.--- - --".- -
, .
"
...-.-~------- -.ER V A O O 14CAPITULO 111
A INTENTONA COMUNISTA
1. A mudana da linha da IC
Induzido pela Internacional Comunista, o PC-SBIC esfora-
ra-se por se inserir no processo revolucionrio brasileiro, que
teve incio no ano de sua fun~ao e que pass.a por 1924/26 e vai
desaguar em 1930. Esse perodo de revoltas e revolues tinha,
porm, como motivao, uma problemtica interna, voltada para
os problemas estruturais e sociais, mas essencialmente brasilei
ros~ Talvez por isso mesmo que as direes do PC-SEIC jamais
foram capazes de entend-los. Suas anlises estereotipadasviam,
em cada ocasio, apenas urna luta entre os "jmperialisrros"ingls e
norte-americano. Com esse dualismo mecanicista explicam tambm
a revoluo de 1932. Deste modo, por construrem suas anlises
sobre abstraes de carter ideo~gi~o, no conseguiram sintoni
zar o Partido com o processo revolu'cionrio em curso e acabaram
por perder o "bonde da histria". Essa frustrao iria'faz-los
desembocar na Intentona de 1935.
Vimos, no capItulo anterior, que a URSS, em 1934, mudara
Sua poltica externa, do isolamento para o dilogo com o oci-. .dente. As ameaas nazistas e fascistas contriburam para alte-
rar a linha poltica da IC.
A poltica de "classe contra classe" nao dera resultados
e levara ao ostracismo diversos partidos comunistas. Quase que
num "retorno s origens", a poltic~ d~ "frente" foi retomada,' __
modificando-se o termo "Gnica" pelo "popular".
De um modo geral, a frente popular pretendia englobar to-
dos os.individuos e'grupos numa luta contra o fascismo, indepe~
dentemente de "suas ideologias. E, ~ claro, aproveitar essa fren
te para ~omar o poder.
I'
2. A vinda dos estrangeiros
Concluindo que no Brasil j amadurecia uma situao revo-. ,..lucionria e que a nova polit~ca de "fren.tepopular" desencadea
ria a revoluo, a curto prazo, a IC decidiu enviar diversos "de
legados", todos especialistas,' a fim de acelerar o processo. Com
"-------...;...-----L~._E S E nv_~--.:---------- ...
v~io com sua
d~tilgrafa.
isso pretendia suprira falta de quadros dirigentes do PC-SDlC
que ,pudessem levar a tarefa a bom termo. Na realidade, a lC en-
viou um selecionado grupo de espies e agitadores profissionais.No inicio de 1934, chegou ao Brasil o ex-deputado alemo
Arthur Ernsf Ewert, mais conhecido com "Harry Berger". Tendo
atuado nos Estados Unidos, a soldo de Moscou, Berger veio acom-
panhado de sua mulher, a comunista alem Elise Saborowski, que
entrou no Pais com o nome falso de Machla Lenczycki. Berger acre
ditava que a revoluo comunista teria inicio com a criao de o'
uma "vasta frente popular antiimperialista", composta I?or oper
rios, camponeses e uma parcela da burguesia nacionalista. A ao
de derrubada do governo seria efetuada pelas "partes revolucio-
nrias infiltradas no Exrcito" e pelos' "operrios e camponeses
articulados em formae~ armadas", embrio de um futuro "Exrci
to Revolucionrio do Povo". O governo a ser institudo seria um
"Governo popular Nacional Revolucionrio", com Prestes a fren-
te
O mirabolante pIario de Berger, tirado dos comp6nd~os dou-
trinrios do marxismo-leninismo, no levava em conta, apenas, um
pequenino detalhe: a poltica brasileira, aquinhoada com uma no
va Constituio de fundo liberal e populista, es~ava cansada dos
mais de 10 anos de crise e ansiava por um pouco de paz e estabi .
lid,ade.
Outros agitado~es profissionais vieram para o Brqsil, ama~do de Moscou, durante o ano de 1934. Rodolfo Ghioldi e Car-
me~, um casal de argentin~s, vieram como jornalistas. Ghioldi,'
na realidade, pertencia ao Comit Executivo da .lC,era dirigen-
te do PC argentino e escpndia-se sob o nome falso de "Lqciano
Busteros". O casal Len-Jules Vale e Alphonsine veio da B~lgica.
para cuidar das finanas. A esposa de Augusto Guralsk,' seret-
rio do Bureau Sul-Americano qu~ a ~C mantinha em Montev~du! veio
pa~a dar instruo aos quadros do PC-SBle. Para com~niar-se
clandestinamente com o grupo, foi enviado um jovem omunista
nQrte-americano, Victor Allen Qarron. O especialista e~ sabota-
g~ns e explosivos no foi esqulfcido: Paul Franz Gruber;, alemo,I'
mulher, Erika, qu~ poderia servir como motorista e\\
: I
! I
I,i
(J)
,-Para maiores detalhes do plano revolucionrio de Bcrgcr, ver Arago, J.C.: "A Intentona Comunista", Biblicx,R.J., pg.inns 36 c 37.. -' ~
1(,iI .I {HESEH'lf.O 0\
O grupo de espies instalou-se no Rio de Janeiro. De acor \
do com o insuspeito Fernando Morais; "Uma. .i.den.t.i.da.de..c.Ontum o~
u.n.
\RESEHVAOO17
9
Comunista), usando a sigla PCD. Esse concltive mudou a linha po-
litica do Partido, segundo os ditames da sua matriz. A luta era
antifascista e deveria ser formada uma "frente popular contra os
integralistas".
o PCB, radicalizando-se, passou' a considerar-se corroa "vanguarda na transformao da atual crise econmica em .crise revo-
lucionria __ que j se processa -- encaminhando todas as lutas
para a revoiuio operria e camponesa". Conclamou os camponeses
tomada violenta das terras e sua defesa pelas armas.Exortoua luta das massas "em ampla frente Gnica, para transformao da
guerra imperialista em guerra civil, em luta armada das massas
laboriosas pela derrubada do feudalismo e do capitalismo". A l~
ta, segundo o PCB, deveria ser elevada !'ata tornada do poder,
instaurando o Governo Operrio e Campons, a Ditadura Democrti
ca baseada nos Conselhos de operrios, camponeses~ soldados..e
marinheiros". Com relao ao marxismo-leninismo, jactava-se o. I
Parti~o de que era o "Gnico neste pais que est baseado nessa
ideologia, a qual j levou. vitria o proletariado e as massas
populares da sexta parte do mundo, a Unio Sovitica" (3).
Em documento dado a pGblico logo depois da Conferncia, o
PCD, vislumbrando as eleies de outubro, criticou a via parla';'
mentar, sob ~ualquer forma ou rtulo com que se apre?entsse, ~,
firmando que "de modo alg4m re~olve a situao das mas~~s;' ,si-
tuao que s poder ser resolvida pela derruba~a vol~nta dos-, .
se governo e sua substituio p~lo gove~no dos soviets (c~nse-
lho) de operrios, camponeses, soldados e marinhei~os" (4)
.A nova lina politica do "povo PCB", .em agosto qe 1934, .pasou a ser a da insurreio aram~da para a derrubada do goveE
no e a tornada do poder. Os ~atos 090rridos no ano peguinte mos-
tr~riam se estava preparado para isso e se iria alcanar seu ob
je'tivo---..--- .. --\_. -- --.- -- ....--...
4. A Aliana Nacional Libertadora (ANL)
Traada a linha'poltica da "frente popular", faltava, ao
PB, a criao de uma organizao ,que a concretizasse e que pu-
desse congregar operrios, e:?tudantes, militares e intelectuais. II
"
IR E S E fi V A o;.;
"A Classe Operrin", 'jornal do 'pcn, de. 19 de agosto de 1934.Carone, E.: "O pcn - 1922 a 1943", Difel S.A., RJ, 1982, pginas 143 a159, transcreve onrtigo'A,posic;no do pcn frente s 'eleies", do CC/PCB.
(3 )(4 )
datada
".
1---------------f R E SER V 1\ O O laEm fevereiro de 1935, foi fundada essa frente, sob o nome
de Aliana Nacional Libertadora (ANL).
Em 19 de maro, pela primeira vez, rene-se a sua direto-
ria. Dos seis principais dirigentes, trs eram militares: o pre
sidente, Hercolino Cascardo, comandante da ~arinha; ovice-pres!
dente, Amorety Osrio, capito do Exrcito; e o secret5rio-ge-
ral, Roberto Henrique Sisson, tambm oficial da Marinha.
Entretanto, desses tr~, s o secretrio-geral, Sisson,
era do PCB, que pretendia, dk acordo com a poltica de frente,congregar o maior nmero possvel de liberais, escondendoa orien
tao do Partido. Mantinha para si, no entanto, a principal po-
sio daANL.
~rofi~al de maro, a Aliana promoveu a sua primeira reu-
nio pblica, no Teatro Joo Caetano, na cidade do Rio de Janei
ro. Neste evento, mais de mil pessoas ouvem o programa da:ANL e
aplaudem quando Prestes indicado como seu presidente de honra.
Uma 'carta de adeso do t1cava~eiro da Esperana",
de 3 de maio, d um grande impulso frente.
Com base e semelhana da estrutura clandestina do PCB,a ANL organizou-se com rapidez, apo~ada nas t~cnicas marxistas-
leninistas de agitao e propaganda e em dezenas de jornais di-
rigidos pelo Partido. Apesar de ser mais forte no Rio de Ja~ei-
ro, so Paulo e Minas Gerais, a Aliana propagou-se por todo o
Pais. Calcula-se que, em maio, j possua cerca de 100 mil mili
tantes, organizados em 1.600 clulas.
A frente progredia, escudada em bandeiras que empolgavam
as massas, os militarese os liberais. O PCB a orientava, crescen-
do sua sombra. A data de 5 de julho, comemorao dos 13 anosdo levante dos 18 do Forte e da revoluo tenentista, traou uma
linha demarcatria no desenvolvimento da Aliana . _a.a ..... ~" . ... '.
Prestes, que chegara ao Brasil em 15 de abril de 1935, ra
dicara-se no Rio de Janeiro, aps.curtas passagens po~ Florian
polis, Curitiba e so Paulo. Observando o des~volvimento da ANL,,concluiu que j estava na hora de fazer um pronunciamento mais
incisivo, definidor dos reais rumos da Aliana.
Em 5 de julho, lanou um manifesto contendo as bases do
"Governo popular nacionalista revolucionriol', acusando Getlio. .Vargas de fascista e de subordinado ao imperialismo e convocan-
"------------[ R E S E R V Ao O O I '"
fn.ESERVhOO 19
do os ex-revolucion5rios, militares, padres,jovcns e a pequena
burguesia a engajar-se na luta pela implantao de um "governo
popular". Em determinado trecho, Prestes afirma que "a situao
de guerra e cada um precisa ocupar o seu posto", conclamando:
"B~a6ilei~o6! O~9ani~ai o V0660 5d~o con~~a OA dominado~e6 ~~an6
6o~mando-o na o~ca -
6. A Intentona
r 11 E S E R V _~~ __ ..L-.- ";""-'"
Os ,senhores soviticos determinaram. Os cegos brasileiros
obedeceram.
20
R. J., 1980,
,I ~- E S E 11 V A O O
(6) Lcvinc, R.M.: "O Regime de Vargas", Ed. Nova Frontci,ra,prina 10t.
-Muito'j foi escrito sobre a Intentona Comunista de 1935.,.
Como sntese, basta-nos relembrar que os atos de terror tiveram
o prprio Dimitrov, dirigente blgaro da IC e encarregadode fundamentar a poltica de frente, teceu consideraes sobre
a ANL e incentivou a sua ao: "No BltallLe., o Palt.tJ.do CO/llu/1J.ll.ta,
que deu uma. boa ba~e ao de~envolvJ.men.ta de uma 6lten.te con.tlta o
i.mpvlJ.a'l.J.llmoao clti.altuma Al.i.anca de emancJ.paco naci.onal, deve
empenha.lt':"lle CO/ll .toda.!.>-~ ~UCL6 OIt.M .pa./ta.,-i.mpu.UJ.ol1a./t~.6a. 1Ite.l1.t e , con-qui.4tindo a me~ma, ~obltetudo o~ mi.th;e~ de campone~e~, e oltJ.en-
tando O' mOQi.me.n.to no ~entido da 60ltmaco dede~.tacamentoll de um
ExeltcJ..to Populalt RevolucJ.onltJ.o ex.t'Jle.mame.n.te d(l.votado, a.t qLLe
4ej~ alcancado o objetivo 6inal e no ~en.tJ.do da oltganJ.zaco do
podelL dell4a AlJ.anca Naci.onal LJ.belttadolLa".
Estava aprovada ,a ANL como instrumento de luta. As pondi-
es no inteiramente favorveis da situao b~asileira'no pa-
reciam preocupar os dirigentes da .IC.
Segundo Levine, "All oltdeli~ de Mo~cou palLa que o PCB
ag.l.4lle de qua.tquelL mane.l.lLa, a de~pe,.l.to do ll~U de~plLepalLo - con etltalt.l.avam qualquelt e~.tJ.ma.tJ.va ~enllata da lLea.tJ.dade blLa~J.leilta,
mall 04 6.l.eJ.ll,legal.l.~tall, obedeceltam cegamente all J.nlltlLuc5e.ll lLe
cebi.dall" (6). -- ...-.- .._----" .. -
rio-g?~al, Antonio Maciel Bqnfim, o "Miranda". Nesse Congresso,
Van Mine, delegado holands do Comit Executivo da IC para a
Amrica do ,Sul, em discurso de apoio "frente popular", apre-
sentou informaes alvissareiras sobre a ANL, afirmando .que era
uma "ampla e bem organizada associao" e que dela "j part~ci-
pava um grande nmero de oficiais do Exrcito e da Marinha bra-
sileiros".
Tal afirmao no deixava de ser verdade, em valores abso
lutos. Baseando-se nos dados exagerados levados por "Miranda",
os comunistas da IC tomavam o Brasil como uma "republiqueta sul!. -
americana" e pensavam que algu~as poucas dezenas de oficiais re
'presentassem "um grande nmero".
[n 1': S E n V 1\ ~~I- 2_01,
inicio na noite de 23 de novembro, em Natal, na manh
Recife, e na madrugada de 27, no Rio de Janeiro.
de 24, em
Apenas no Rio Grande do Norte, o levante ampliou-se, com
participao restrita de alguns setores da popula~o. Em Recife,
a participao foi extremamente reduzida e, no Rio de Janeiro,
a revolta restringiu-se a dois quartis, a Escola de Aviao,
na Vila Militar, e o 39 Regimento de Infantaria, na Praia Verme
lha.
Apesar do plano prever insurreio nas cidades e, depois,
a formao de colunas par tomar o interior, o levante confinou
se a trs cidades, isoladas entre si, pouco extravazando dos mu
ros de alguns quart~is ..No dia 27 de novembro, a Intentona per-
deu a impulso e fracassou.
tt As massas populares mostraram nao haver tomado conhecimento do quadro pi.ntado pelos comunistas. O lema da.1\NL, "po';'TeE
ra e Liberdade", no sensibilizou o proletariado. A rebeldia e
a mobilizao das massas s6 existiam na imaginao e no desejp
dos comunistas, vidos de.chegar ao
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