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7/26/2019 Tem “china” na Avenida: um olhar antropológico sobre os chineses no centro de Salvador
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Tem “china” na Avenida: um olhar antropológico sobre os chineses no centro de
Salvador
Ana Claudia de Sá Teles Minnaert1
O trânsito de pessoas pelo globo não é algo novo. Elas sempre saíram de seu
lugar de origem por diversas ra!es" ou em bus#a de mel$ores #ondi%!es de vida" ou
&ugindo da guerra" ou mesmo para #oloniar novos territ'rios" ou simplesmente por
dese(o da mudan%a.
As migra%!es transa#ionais se dão em um mundo mar#ado por &ronteiras
geográ&i#as e políti#as" levando a substitui%ão das identidades territoriais por uma
identidade pr'pria )*+,A-/E0ASS+MO" 23124.
Segundo Ma e Cartier )23354" o pro#esso migrat'rio mundial &oi in#rementado a
partir do período entre 1678 a 1663" devido 9s mudan%as estruturais :ue o#orreram"
prin#ipalmente nos países em desenvolvimento" tais #omo; novas políti#as de migra%ão
adotadas pelas na%!es o#identais< meios de transporte mais e&i#ientes e mel$orias no
sistema de te#nologia de tele#omuni#a%!es :ue reduiram o tempo e o espa%o< uma
nova divisão interna#ional do trabal$o< o aumento da &luide espa#ial do #apital global
e o surgimento de uma produ%ão &le=ível e espe#ialia%ão da e#onomia global :ue
permitiu :ue pe:uenas unidades de produ%ão #ompetissem #om #orpora%!es
multina#ionais.
O termo diáspora tem sido #omumente utiliado #omo substituto da palavra
migra%ão. T>l>lian )16614 re&ere :ue estudiosos sobre dispersão popula#ional t?m
mudado sua terminologia de base" inserindo a palavra diáspora" a partir da dé#ada de
1673" para denominar #omunidades dispersas ou grupos e=ilados no e=terior ou :ue
perten#em a minorias étni#as ou ra#iais.
1 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Antropologia daUniversidade Federal da Bahia. Contato: venegeroles!ahoo."om
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*ara Ma Mung )23334" duas #ara#terísti#as mor&ol'gi#as de&inem uma diáspora;
a multipolaria%ão da migra%ão em um mesmo grupo na#ional" étni#o ou religioso entre
di&erentes países e a interpolaridade das rela%!es.
Este &en@meno é mar#ado pela perda do territ'rio de origem" :ue por não poder ser repli#ado em um espa%o &ísi#o delimitado e tangível" é" então" reproduido em um
espa%o imaginário e re#onstruído em es#ala interna#ional. Com isso" a ideia de na%ão
ultrapassa as &ronteiras territoriais e e=trapola o espa%o geográ&i#o e os indivíduos
ad:uirem uma visão de si mesmo em um tipo de e=traterritorialidade" #ompartil$ando
um sentimento de lugar na diáspora. A diáspora é" portanto" uma utopia" uma
auto#ons#i?n#ia do não lugar )MA M/," 23334.
O movimento de saída de um país pode ter #ara#terísti#as distintas. Cli&ord
)1664 salienta :ue nem todo movimento de migra%ão é uma diáspora. Algumas
#ara#terísti#as di&eren#iam os dois movimentos" #omo; os per#ursos de longas distân#ias
até o país $ospedeiro" muitas vees #om a estadia em territ'rios temporários< a situa%ão
de segrega%ão a :ue são submetidos os migrantes< a #one=ão de mBltiplas #omunidades
de uma popula%ão dispersa em um mundo em mudan%a são #ara#terísti#as de uma
diáspora.
*ara ele" o termo pressup!e longas distân#ias e segrega%ão" #omo uma &orma de
e=ílio. Ele também evo#a a #one=ão de mBltiplas #omunidades de uma popula%ão
dispersa em um mundo em #onstante trans&orma%ão. Empregado pela primeira ve para
designar a saída do povo (udeu" este #on#eito tem sido apli#ado" por alguns sin'logos"
para designar o movimento de trânsito dos #$ineses pelo globo.
A diáspora #$inesa é uma das mais antigas e a maior na era moderna.
+ni#ialmente" o &lu=o migrat'rio #$in?s alimentou a e=pansão do #apital imperialista"&avore#endo as planta%!es de algodão e #ana-de-a%B#ar na Améri#a atina" a e=tra%ão
de guano no *eru" as minas de ouro da Cali&'rnia" a #onstru%ão de &errovias e estradas
no Canadá" Estados /nidos e *anamá. *osteriormente" ele &oi tomando outros
#ontornos.
A C$ina tem sido a na%ão :ue tem apresentado uma das mais di&undidas e
#ontinuas séries de migra%ão. São apro=imadamente a 83 mil$!es de #$ineses
espal$ados por 136 países" distribuídos nos #in#o #ontinentes $*+,A-
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/E0ASS+MO" 23124. As #ara#terísti#as desses migrantes" bem #omo sua região de
origem são diversi&i#adas" #omo mostram Ma Mung )23334" Ma e Cartier )23354 e *ina-
uerassimo&& )23124.
Apesar de o#orrer em grupos :ue #ompartil$am uma mesma região e railinguísti#a" a diáspora #$inesa não é um movimento $omog?neo. O per&il do migrante" o
lo#al #om maior índi#e de migra%ão" o país de destino" o lo#al #om maior saída de
#$ineses são &atores :ue variam" de a#ordo #om #ada momento $ist'ri#o" #om as
ne#essidades individuais e &amiliares" #om as redes disponíveis" a políti#a do momento e
o #lima s'#io e#on@mi#o do lugar de origem e de destino.
A migra%ão #ontemporânea vem tomando novas &ormas" a migra%ão de trabal$o"
temporária" &oi sendo substituída por uma mais de&initiva. Di&erente dos coolies" os
novos apresentam mais autonomia na bus#a da sua rota e t?m o ob(etivo de se
estabiliar no novo territ'rio" depois de algum tempo )MA M/,"23334.
*ina-uerassimo&& )23124 argumenta :ue a renova%ão do &lu=o migrat'rio
#$in?s veio a#ompan$ada de um novo #enário políti#o. A C$ina ne#essitava do
poten#ial desses migrantes" #omo agentes transna#ionais" para estabele#er suas
mudan%as" o :ue &e a posi%ão desse grupo" antes visto #omo um traidor do sistema"mudar positivamente.
*ara ela" a imigra%ão interna#ional #$inesa tem sido &avore#ida por uma o&erta
#res#ente e diversi&i#ada de in&orma%!es" de atores e servi%os rela#ionados 9
mobilidade. Outros &atores também t?m atuado nesse sentido" a libera%ão das leis :ue
regulamentam a saída de pessoas" o alto nível de vida da popula%ão urbana" o
desenvolvimento de novas te#nologias de #omuni#a%ão e transporte" a integra%ão da
so#iedade #$inesa #om o sistema mundial" o estabele#imento de uma rede de #ir#ula%ãode in&orma%ão através da #ir#ula%ão de pessoas.
O movimento moderno apresenta-se muito mais #omple=o" se #onstituindo em
um &en@meno espa#ial :ue abrange inBmeras possibilidades. á di&erentes tipos de
diáspora para di&erentes tipos de migrantes transna#ionais" #ontudo todos t?m em
#omum as #ara#terísti#as espa#iais" áreas de e=peri?n#ia #om &ronteiras porosas" lo#ais
espe#í&i#os de en#ontro e redes" :ue &a#ilitam o movimento de pessoas" #apital" produtos
e in&orma%!es )MA e CA0T+E0" 23354.
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A migra%ão #$inesa para o Frasil não &oi muito mar#ante e é um &en@meno atual.
As primeiras tentativas de traer #$ineses para o país remontam de 1G3H" :uando o (ui
Ioão 0odrigues de Frito" e#onomista e membro da suprema #orte de Salvador" Fa$ia"
apoiou a entrada de #$ineses e indianos para trabal$ar nas &aendas de #ana-de-a%B#ar.
Segundo ele" os #$ineses eram Jnão s' bra%os laboriosos" mas ativos" industriosos e
peritos na práti#a das artes e agri#ulturaK ) apud ESSE0" 2331" p.364. Esse primeiro
es&or%o não &oi bem su#edido e um primeiro grupo de #$ineses" #er#a 33 ou 833 s'
#$egou ao 0io de Ianeiro" em 1G12" proveniente de Ma#au" sendo enviado para a
&aenda imperial e Iardim Fotâni#o" no 0io de Ianeiro" para o #ultivo do #$á )ESSE0"
23314.
Mais posteriormente" o#orreram outras tentativas de traer mão de obra #$inesa"#omo substituta dos es#ravos negros" no entanto" essas &oram barradas pelas ideias
ra#ialistas :ue permeavam o dis#urso migrat'rio no país. O #erne da dis#ussão estava no
modelo #iviliat'rio :ue se dese(ava #onstruir.
ima )23384 tra em seu trabal$o #omo a linguagem #ientí&i#a do determinismo
biol'gi#o &oi utiliada para #lassi&i#ar os imigrantes em L dese(áveis e Lnão dese(áveis.
O :ue &i#ou muito #laro no debate sobre a migra%ão #$inesa" denominado a Nuestão
C$inesa" onde esse migrante &oi asso#iado 9 imagem de uma ra%a imoral" degenerada e
ra#ialmente in&erior" portanto" inade:uada para um pro(eto de migra%ão.
Contudo" as pou#as $ist'rias de su#esso dos #$ineses migrantes voltavam para
C$ina e alimentavam o imaginário de (ovens :ue viviam nos pe:uenos povoados.
Através de uma rede de apoio" #om a parti#ipa%ão de #$ineses bem su#edidos da
Cali&'rnia e Mé=i#o" esses (ovens migravam para o Frasil e a:ui se instalavam 2"
trabal$ando para outros #$ineses. Ap's algum tempo de trabal$o árduo e vivendo na
#landestinidade" eles (untavam din$eiro" pediam empréstimos 9 rede de apoio e abriam
seus pr'prios neg'#ios. Muitos trabal$avam #omo vendedores ambulantes" pela
&a#ilidade no desempen$o dessa atividade. Com o din$eiro a#umulado" eles abriam
lavanderias e restaurantes )CA,-SE," 23124.
# Pol'ti"as restritivas nos (stados Unidos e Canad) impediam um *u+o
migratório para esses destinos, assim Peru, Cu-a, Brasil, /+i"o surgiam"omo uma -oa opção.
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O &lu=o migrat'rio de #$ineses para o Frasil passou a ser mar#ante a partir de
16H6" :uando os direitos de ir e sair do país" dos #idadãos da 0epBbli#a *opular da
C$ina )0*C4" passaram a ser respeitados. Os #$ineses :ue a:ui #$egaram" assim #omo
os primeiros grupos de imigrantes" ini#iaram sua tra(et'ria e#on@mi#a #omo vendedores
ambulantes e depois se tornaram proprietários de restaurantes e lo(as de produtos
importados )CA,-SE," 23124.
Entre 16G3-1663" devido 9 políti#a de abertura da C$ina" o nBmero de imigrantes
#$ineses da 0*C aumentou #onsideravelmente. ,a devolu%ão de ong-ong 9 C$ina"
em 166H" #$ineses dessa região emigraram para o Frasil )IPE< SP/< ME,EQES"
23364.
A migra%ão #$inesa para o territ'rio brasileiro apresentou duas &ases. /ma
ini#ial" #om pi#o no &inal de dé#ada de H3" dire#ionada :uase :ue e=#lusivamente para
São *aulo" #om #$ineses geralmente provenientes de TaiRan e da 0*C" :ue se
estabele#eram" prin#ipalmente" no #omér#io de produtos importados.
E uma segunda &ase" :ue se #ara#teriou por uma intensa migra%ão interna" #om
um &lu=o saindo de São *aulo e se dirigindo para outras regi!es do país" #omo Sul e
,ordeste" &aendo #om :ue" a partir de 1663" outras rotas migrat'rias despontassem nasredes da diáspora" #omo 0e#i&e e Salvador. Em 2312" os #$ineses o#upavam o H lugar
na distribui%ão de migrantes no país" #om 58.6855 indivíduos e o na emissão de vistos
de perman?n#ia.
*in$eiro-Ma#$ado )23374 salienta :ue" $istori#amente" os migrantes #$ineses
t?m se envolvido em atividades #omer#iais de produtos importados" assim" o #ontrole
mais rígido das &ronteiras t?m provo#ado altera%!es pro&undas no seu pro#esso
migrat'rio" levando a saída desse grupo para outros lo#ais" onde a vigilân#ia &ossemenos rigorosa. JO #ontingente :ue dei=a a &ronteira vai #ausando reordena%!es em
outros lugares e" assim" a #adeia interligada da diáspora vai se
trans&ormandoK)*+,E+0O-MACADO" 2337" p. 3H4.
Até o &inal do sé#ulo " Salvador não era #onsiderada um importante polo de
atra%ão de #$ineses. São *aulo e 0io de Ianeiro se #ara#teriavam #omo os prin#ipais
%Dados do site oestrangeiro.org. e adi"ionarmos os imigrantes de 2ong3ong $456 seriam %7.5&%imigrantes.
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Vong e M#Donog$ )23154 men#ionam :ue os restaurantes são &undamentais
para a so#iabilidade #$inesa" tanto #omo atividade #omer#ial" assim #omo so#ial. ,esses
espa%os" o#orrem os ban:uetes para #omemora%!es de &estas ou passagens da vida"
eventos so#iais ap's a igre(a" en#ontros &amiliares semanais. E é o restaurante o
prin#ipal neg'#io :ue tem sustentado o #$in?s ultramar.
A #omida sempre teve papel importante no pro#esso de inser%ão dos #$ineses em
um novo territ'rio" vários pes:uisadores sobre pro#esso migrat'rio #$in?s demonstram
#omo a #omida esteve no #entro da identidade #$inesa na diáspora )*ASTO0" 2333<
C//E< ,A< COEO" 2312< VO, e MCD,O" 2311< A/SE,T-
E00E0A" 2311< CE/, e V/" 23324
Vong e M#Donog$ )23154 #onsideram a #omida #omo algo bási#o na identidade
#$inesa. *ara eles" apesar de inBmeras varia%!es lo#ais" o alimento tem sido importante
para traer de volta o senso de #omunidade para o imigrante e para a representa%ão do
espa%o do #$in?s na nova so#iedade.
*ara Simmel )23384" as atividades #omer#iais são indi#adas para o estrangeiro
:ue penetra" desta &orma" #omo um elemento e=tra" em um #ír#ulo determinado" onde as
posi%!es e#on@mi#as (á se en#ontram plenamente o#upadas.
E os #$ineses veem nas atividades #omer#iais na área de alimentos algo mais
ade:uado a sua #ondi%ão de imigrante" pois e=ige menor investimento.
A gente pre&ere lan#$onete" por:ue abrir lan#$onete não pre#isa muito #apital
de giro. *ara outras #oisas" vo#? pre#isa mais #apital de giro )Iulia " #$inesa
de Cantão" proprietária de pastelaria no #entro4
,a dé#ada 16G3" lembro das lavanderias na Avenida Sete de Setembro8" duas"
uma na região das Mer#?s e outra mais pr'=ima do Campo rande. avia também uma
pastelaria na 0ua Carlos omes" :ue ainda &un#iona no mesmo lo#al. Além de um
restaurante de #omida #$inesa na Av. Sete" :ue (unto #om outro :ue $avia no Campo da
&9s nomes dos "hineses oram modi;"ados, "ontudo manteve<se um
pseud=nimo -rasileiro no "aso do entrevistado utili>ar nome -rasileiro e
"hin?s, "aso tenha se apresentado "om seu nome original.
0 A Avenida ete de etem-ro ser) "hamada a@ui de Av. ete, nome "omo /normalmente "hamada pela população lo"al.
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*'lvora eram os dois mais tradi#ionais da #idade. Esses restaurantes traiam na sua
de#ora%ão tra%os simb'li#os da #ultura #$inesa" #omo as lanternas vermel$as" o grande
a:uário de pei=es na entrada do salão" o #ardápio es#rito em duas línguas" os kuaizi6
sobre a mesa. Os gar%ons eram #$ineses" os pr'prios proprietários ou seus &amiliares" e
atendiam 9s mesas #om um portugu?s mal &alado. Esses restaurantes eram uma boa
op%ão" não tanto pelo e=otismo de sua #ulinária" mas pelo bai=o pre%o da #omida" :ue
era sempre saborosa e &arta" algo atrativo para &amílias e estudantes de bai=a renda.
Seguindo o modelo migrat'rio" #omo o#orria em outros lo#ais" os #$ineses :ue
#$egavam a Salvador vin$am ini#ialmente soin$os" primeiros os $omens" depois de
estabele#idos na #idade" traiam sua &amília.
Wim da C$ina direto para Salvador" vim #om min$a mãe< meu pai (á estava
a:ui. Weio eu e min$a mãe en#ontrar #om ele. A gente veio para &ugir da
pobrea" da &ome.Meus irmãos nas#eram a:ui" s' eu vim da C$ina )C$ang"
proprietário de um restaurante no #entro da #idade4.
C$eguei a:ui &a mais ou menos 53 anos" vim por #ausa do marido. Ele veio
primeiro por:ue o pai dele estava a:ui. O pai dele veio para a(udar o irmão
:ue tin$a restaurante a:ui. Ai" depois" o &il$o veio a(udar. Eu vim depois #om
meus &il$os" depois de tr?s anos.
A &amília do meu marido é dona do restaurante Tibet )na mesma rua4" mas ela
tá bem velin$a agora" a tia dele. Nuem &i#a lá são os empregados" ela vem
pou#o" por:ue tá vel$in$a.
*rimeiro" o pai dele )marido4 veio" depois ele veio pra a(udar o pai e eu vim
depois #om os &il$os. )ing" pro#edente de TaiRan" proprietária de
restaurante de #omida a peso4
Além dos restaurantes de #omida típi#a e lavanderias" os #$ineses dominavam o
#omér#io de produtos importados. embro das lo(as de presentes :ue $avia nas galerias
da unda%ão *olité#ni#aH" onde íamos pra #omprar lembran#in$as de aniversário e
,atal.
C$ang" #$in?s de Cantão" :ue reside em Salvador desde 16H3" retrata esse
#enário;
7ome "hin?s para os pau>inhos.
8Centro Comer"ial lo"ali>ado na Avenida ete de etem-ro.
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Meu pai #$egou a:ui em 1676 e em 16H3 #ome%ou a #onstruir a primeira
#asa e em 16H1 (á tin$a seu restaurante. Os #$ineses na:uela épo#a abriam
lavanderia" mas meu pai :uis restaurante.
C$in #$egou a Salvador #om dois anos" em 167G" a#ompan$ando seus pais :ue
saíram de TaiRan" &ugindo da situa%ão políti#a :ue vivia seu país" em bus#a de mel$ores
#ondi%!es de vida para seus dois &il$os. Ela lembra a rotina de sua &amília" :ue tin$a
uma pe:uena lan#$onete na unda%ão *olité#ni#a. O pai &ale#eu e a mãe retornou para
TaiRan" C$in e o irmão &i#aram em Salvador e adotaram outro rumo para sua vida
pro&issional.
Meus pais &i#avam o dia todo na lan#$onete" a gente s' #omia (unto de noite
em #asa" mas o dia a gente ia para es#ola e eles &i#avam na lo(a. A gente não
en#ontrava muito outros #$ineses" s' era meus pais" eu e meu irmão.)C$in"
#$inesa pro#edente de TaiRan" #$egou em Salvador :uando tin$a 2 anos
a#ompan$ando os pais.4
,a dé#ada de 1663" segundo Mao" imigrante proveniente de ong ong"
proprietário de restaurante #$in?s no Centro" a migra%ão #$inesa para o Frasil &oi
reduida" devido ao momento e#on@mi#o :ue o país vivia. Muito #$ineses :ue a:ui
estavam retornaram para a C$ina" &ugindo das altas ta=as de in&la%ão :ue predominavam
no país.
A partir do ano 2333" Salvador passava a #ompor a rota migrat'ria e=terna e
interna. Muitos #$ineses de São *aulo e 0io de Ianeiro vieram para essa #idade.
,os Bltimos oito anos #$egou muito #$in?s a:ui" não era assim :uando
#$eguei" agora #$egou muito mais do :ue antes. Eles v?m para #á por:ue tem
mais progresso" eles #$egaram a:ui e levantaram mais Salvador #om o
#omér#io" levantou o #omér#io da:ui. Onde os brasileiros &e#$am" eles abrem
as portas e movimentam o #omér#io ) C$ang" #$in? proveniente de Cantão"
0*C4
O novo &lu=o trou=e novos #ontornos para o #entro da #idade" :ue passou a ser
um polo de #on#entra%ão de #$ineses" :ue abriam #omér#ios de produtos importados"
a#ess'rios &emininos e prin#ipalmente alimentos" #omo seus per#ussores.
á apro=imadamente H3 estabele#imentos de #$ineses na região #entral de
Salvador" 73U destes são restaurantes ou pastelarias" mas este nBmero aumenta a #adadia. ,a Avenida Sete de Setembro e suas transversais $á a maior #on#entra%ão de lo(as
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de a#ess'rios &emininos. As mudan%as no #omér#io desta avenida v?m demonstrando as
mudan%as no &lu=o migrat'rio #$in?s para a #apital baiana.
2. Avenida Sete de Setembro8: uma chinatown soteropolitana
,as#i em Salvador" sempre vivi nesta #idade e &ui apai=onada pela sua região
#entral. Os #asar!es antigos" os pe:uenos #omér#ios" o ir e vir das pessoas observando
os produtos e=postos 9 venda nas #al%adas" os vendedores ambulantes" as &rutas
vendidas nas ruas" os #arrin$os de mingau e bolos" as pastelarias" os restaurantes
populares onde o #$eiro de #omida se mes#la ao burburin$o de pessoas :ue #onversam
sobre sua rotina de trabal$o" os Bltimos a#onte#imentos das novelas ou (ogos do
#ampeonato de &utebol" sempre me en#antaram.
O #entro da #idade de Salvador se #ara#teria #omo uma ona residen#ial"
#omer#ial e de es#rit'rios e &oi se modi&i#ando" 9 medida :ue a #idade se e=pandia.
randes edi&í#ios o#uparam os espa%os vaios" ou substituíram os antigos #asar!es"
resid?n#ias se trans&ormaram em áreas #omer#iais" lo(as so&isti#adas deram espa%o ao
#omér#io popular" a popula%ão se apropriou da rua e trans&ormou esse espa%o em lo#al
de trabal$o" de laer e de rela%!es so#iais e #omer#iais.
A Avenida Sete de Setembro se ini#ia no &inal da adeira de São Fento" pr'=imo
a pra%a Castro Alves"e termina no bairro da Farra" no arol" onde #ome%a a Avenida
O#eâni#a" são "H Xm de e=tensão. +naugurada em 1617" ela engloba a ladeira de São
Fento" argo de São Fento" São *edro" *iedade" 0osário" Mer#?s" Campo rande"
*ra%a da A#lama%ão" Wit'ria" adeira da Farra" *orto da Farra e arol. Sua #onstru%ão&e parte das a%!es de modernia%ão da #idade" adotadas pelo governador da épo#a Iosé
Ioa:uim Seabra" #om o apoio do *re&eito IBlio Frandão" do Ar#ebispo T$omé da Silva e
A Avenida ete de etem-ro vai do -airro da Barra at/ a Praça Castro
Alves, onde se liga ua Chile. Eoda sua e+tensão mede &,8 m e atravessa
os -airros da Barra, itória, Campo Grande, er"?s, Piedade, ão Bento,
"ontudo a população de alvador asso"ia o termo Avenida ete de
etem-ro ao tre"ho @ue vai do Campo Grande a praça Castro Alves, onde
est) o "om/r"io popular da "idade. A@ui, "onsiderarei Avenida ete deetem-ro "omo / "ompreendido pela população da "idade.
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do engen$eiro Arlindo Coel$o ragoso" se#retário e #oordenador da e=e#u%ão da obra.
O intuito era #one#tar o Centro ist'ri#o aos bairros mais novos" #omo a Farra" #riando
uma via de a#esso aos moldes de aussmann" :ue de&endia a demoli%ão de edi&í#ios e
$abita%!es para a #onstru%ão de grandes avenidas" :ue #ortariam a #idade #omo veias de
#ir#ula%ão. Assim" a nova avenida viria organiar o espa%o urbano e $igieniar a #idade"
a livrando das epidemias de#orrentes da viv?n#ia em ruas estreitas )0+SY0+O" 233<
*+,E+0O" 23324.
Santos )233G4" em sua obra O centro da cidade do Salvador, des#reve a Avenida
Sete de Setembro" no iní#io do sé#ulo " #om uma área de #omér#io de lu=o e
espe#ialiado. Mas aos pou#os" #om a abertura de s$oppings #enters" na dé#ada de G3 e
63" o #omér#io de lu=o &oi dando lugar ao #omér#io popular" :ue atualmente toma #ontada região. 0ua #entral" :ue liga a *ra%a Castro Alves ao bairro da Farra" as mudan%as
nesse espa%o re&letiam os #amin$os urbanísti#os" e#on@mi#os e demográ&i#os tomados
pela #idade.
Durante muito tempo"ven$o observando o #omér#io desta avenida e ten$o
notado uma mudan%a mar#ante no per&il dos proprietários dos estabele#imentos
#omer#iais. Muitos restaurantes &oram ad:uiridos por #$ineses" pastelarias passaram a
o#upar antigas lan#$onetes e pe:uenas lo(as &oram sendo o#upadas por #$ineses :ue
#omer#ialiavam produtos importados. Os restaurantes típi#os da #ulinária #$inesa não
e=istiam mais" assim #omo as lavanderias. A presen%a #$inesa passava a ser mar#ante no
#omér#io dos restaurantes populares" lan#$onetes" #omuns no Centro" e lo(as de a#ess'r.
,os Bltimos G anos #$egou muito #$in?s a:ui" não era assim :uando#$eguei" agora #$egou muito mais do :ue antes. Eles vieram para #á por:ueagora tem mais progresso. Eles #$egaram a:ui e levantaram mais Salvador #om o #omér#io" levantou o #omer#io da:ui. Onde os brasileiros &e#$am"eles abrem as portas e movimentam o #omér#io. )Vu" pro#edente de Cantão"
proprietário de uma #$urras#aria na ladeira da *ra%a4.
einonen )23384 demonstra em seu estudo sobre as dinâmi#as #omer#iais do
#entro vel$o de Salvador :ue as empresas mais antigas da região #entral de Salvador"
:ue eram de propriedade de espan$'is e portugueses" passaram a ser" mais
re#entemente" dominadas por #omer#iantes asiáti#os.
Mas as mudan%as não o#orreram apenas no #omér#io" o #enário #otidiano da
região #entral também &oi se modi&i#ando #om a #$egada dos novos imigrantes. *la#as
de #omida #$inesa e baiana indi#avam o #ardápio de pe:uenos restaurantes. O som de
7/26/2019 Tem “china” na Avenida: um olhar antropológico sobre os chineses no centro de Salvador
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mBsi#a #$inesa e#oava de pe:uenos aparel$os de som" &ol$as de (ornal es#rito em
#anton?s estavam sobre os bal#!es" imagens de santos #at'li#os #om ora%!es es#ritas
#om #ara#teres #$ineses estampavam as paredes de restaurantes e dividiam espa%o #om
&otos de Mao Tse Tung" e Joi #$inaK passava a ser um #umprimento normal entre
viin$os. Até :ue um dia me deparei #om o outdoor de uma tradi#ional es#ola da região
das Mer#?s" onde $avia a imagem de tr?s #rian%as" uma negra" uma bran#a e uma
#$inesa. Essa imagem me #$amou a aten%ão. *or:ue uma es#ola baiana iria traer a
imagem de uma #rian%a #$inesa #omo representante de seu alunadoZ
A mídia lo#al não &i#ou al$eia a esta mudan%a. ,o Iornal A Tarde de 15 de abril
de 231 &oi publi#ada uma reportagem #om o titulo J Centro de Salvador é o novo
LChinatown. ,o Youtube" Wi#ente de *aula Santos" (ornalista :ue mantém um blog #omvídeos e #omentários sobre temas :ue mar#am o #otidiano da #idade" publi#ou um
vídeo" onde &ala sobre o aumento do nBmero de #$ineses na região. Ele prop!e
trans&ormar o #entro da #idade em uma #hinatown" #omo o#orre em metr'poles do
mundo.
Algo estava mudando na #on&igura%ão demográ&i#a da região #entral. Mas essa
#on#entra%ão de #$ineses poderia ser denominada uma chinatown soteropolitanaZ
O #on#eito de #hinatown vem sendo estudado por alguns antrop'logos" :ue
pes:uisam a diáspora #$inesa. *ara M#Donog$)16GH4" essa &orma de aglomerado de
#$ineses #onstitui um lo#al de segrega%ão" no :ual esses imigrantes &i#am separados do
JrestoK da #idade. ,esses espa%os" eles mantém sua rede de apoio e reproduem a C$ina
imaginada no mundo diasp'ri#o. A&astados do espa%o da #idade" mesmo estando dentro
desta" esse lugar os mant?m inseridos e separados do novo #onte=to.
As chinatowns são regi!es :ue atendem o dese(o de separa%ão :ue vem dosdois lados. A popula%ão segrega os estrangeiros" se a&astando assim do des#on&orto
#ausado a partir da rela%ão de estran$amento #om o outro e os #$ineses t?m nesse
a&astamento uma &orma de proteger suas rela%!es #omer#iais" nem sempre legais" além
de #riar um ambiente propí#io para a #$egada de novos imigrantes" :ue se estabele#em
nesses espa%os #omo #landestinos" de &orma temporária ou de&initiva" trabal$ando para
outros #$ineses. Mas apesar de manter #ara#terísti#as similares e de serviram de base de
apoio para os imigrantes na nova #idade" este autor desta#a :ue esses bairros se
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di&eren#iam um dos outros" apresentando #ara#terísti#as :ue re&letem o #onte=to da
inser%ão do imigrante na so#iedade $ospedeira.
*ara ele" as chinatowns são $eterotopias :ue emergem e revelam &al$as nas
#idades. En:uanto $eterotopia" elas são espa%os de representa%ão" demar#ados por símbolos :ue representam uma visão #onstruída simboli#amente do territ'rio
abandonado. Através da representa%ão de uma C$ina ut'pi#a" a sensa%ão de
perten#imento é retomada. ,as chinatowns" os #$ineses voltam a se sentir perten#entes
ao grupo e os símbolos da chinesidade a(udam a superar a sensa%ão de ser estrangeiro.
*ara ou#ault )16G4" as $eterotopias são lugares #ompletamente di&erentes dos
demais :ue eles re&letem e" apesar de estar 9 parte" elas se rela#ionam e estão
#one#tadas a #idade" sendo - J#apa de (ustapor em um Bni#o lugar real" diversos
espa%os" diversos lugares :ue são eles mesmos in#ompatíveisK ) O/CA/T" 16G"
p.3H4.
e&ebvre )16614 entende $etero-topia #omo o lugar do outro" ou o outro lugar"
:ue é ao mesmo tempo e=#luído e imbri#ado. Assim" as chinatowns se #onstituem uma
$eterotopia" para a isotopia da #idade" mas um espa%o ut'pi#o para os #$ineses" :ue
bus#am aí re#onstruir a sensa%ão de perten#imento perdida #om o pro#esso de migra%ão"a &im de ameniar a sensa%ão de ser estran$o ao grupo. ,esse espa%o" a C$ina
imaginada é re#onstruída" a partir de símbolos de uma chinesidade ut'pi#a e o di&erente
passa a ser igual.
Mas" en:uanto utopia" esse espa%o se #onstr'i #omo um não lugar no mundo
diasp'ri#o" uma C$ina ultramar surge a partir de símbolos" imagens #onstruídas da vida
#otidiana dos #$ineses e não de elementos reais da sua #otidianidade.
Ao #$egar 9 nova #idade" o imigrante tra sua $ist'ria" sua $eran%a #ultural para
um lugar sem &amiliaridade" onde a mem'ria é inBtil. ,esse #onte=to" o ambiente
domésti#o torna-se lugar de resist?n#ia. As &ormas de &aer de Certeau )1664 traem o
sentido de perten#imento" ao mesmo tempo em :ue se #onstituem espa%o de #on&lito.
Ele se apropria de um espa%o :ue $istori#amente não l$e perten#ia" #u(os
símbolos não eram &amiliares. Assim" tenta reproduir aí a &amiliaridade perdida" para
retomar a sensa%ão de perten#imento. E é nesse #onte=to :ue a chinatown se ins#reve.
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,as chinatowns tradi#ionais" #omo é o #aso de ,ova PorX" ima" *aris" os
imigrantes se instalam em pe:uenos estabele#imentos de produtos importados" ou :ue
servem sua #ulinária tradi#ional. Os símbolos da J#$inesidadeK demar#am o espa%o"
#omo os grandes ar#os" pla#as em mandarim" os letreiros #om #ara#teres em mandarim"
as lanternas vermel$as iluminando as ruas" os leitores de sorte" prati#antes de artes
mar#iais #$inesa nos par:ues" o &orte #omér#io de produtos Jmade in #$inaK" de
utensílios e ingredientes para a #oin$a #$inesa" dentre outros.
Algumas #ara#terísti#as são #omuns a esse espa%o" #omo a o#upa%ão de onas da
#idade empobre#idas e#on@mi#a e &isi#amente< re#onstru%ão do #omér#io lo#al #om a
apropria%ão de pe:uenos estabele#imentos #omer#iais< altera%ão da dinâmi#a so#ial do
bairro" #om a instala%ão de novos pontos #omer#iais< o não #ontrole total sobre oespa%o< a lo#alia%ão em regi!es #om bom sistema de transporte e de &á#il a#esso" o
:ue &a#ilita a #ir#ula%ão de migrantes e da popula%ão lo#al< a presen%a de símbolos de
uma #$inesidade #onstruída" a partir do imaginário do :ue é ser #$in?s. As #hinatowns
não são espa%os $omog?neos" em seu interior" ela guarda os #on&litos e
$eterogeneidades :ue mar#am a diáspora #$inesa )VO, e MCDO,O" 23154.
Vong e M#Donog$ )23154 &risam :ue #ada ve mais os novos aglomerados
#$ineses se a&astam da #on#ep%ão tradi#ional das chinatowns e não são mais pontos de
atra%ão de novos migrantes" #omo o barrio #$ino em Far#elona. Apesar de ter a rede de
#ontatos" :ue sustenta o pro#esso de migra%ão e apoia os re#ém-#$egados" essa nova
&orma%ão de bairro #$in?s di&ere das tradi#ionais" pela aus?n#ia da segrega%ão espa#ial"
dos símbolos e de restaurantes de #ulinária #$inesa. ,o bairro #$in?s de Far#elona" a
presen%a #$inesa é mar#ante" $á pe:uenos neg'#ios de produtos #$ineses" restaurantes
:ue dividem espa%o #om bares espan$'is tradi#ionais" e o lo#al tem &avore#ido o
estabele#imento de novos imigrantes. Contudo" nesse modelo de apropria%ão não $á arepresenta%ão do espa%o perdido. O :ue se apro=ima mais do modelo de aglomerado
:ue o#orre no #entro de Salvador.
,essa #idade " os #$ineses re#ém #$egados pro#uram regi!es onde $á outros
#$ineses em bus#a de uma rede de apoio para o pro#esso de adapta%ão e inser%ão na
nova so#iedade. inrai" #$inesa proprietária de pastelaria no #entro de Salvador"
pro#edente de Cantão" a#redita :ue os #$ineses es#ol$em o #entro da #idade por $aver
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outros #$ineses" o :ue &a#ilita os neg'#ios e o pro#esso de adapta%ão na nova #idade.
Ela tem irmão" :ue tem um restaurante pr'=imo a sua pastelaria.
ing também es#ol$eu o #entro da #idade para abrir seu restaurante" por:ue
tin$a &amiliares na região. A tia de seu marido era proprietária de um estabele#imento a pou#os metros. Atualmente" ela se di adaptada 9 #idade" :ue (á #onsidera sua" pois tem
trabal$o e &il$os a:ui" #ontudo para ela" o pro#esso de adapta%ão &oi muito doloroso. Em
sua &ala" ela nos tra a dor do estran$amento :ue o imigrante so&re;
Nuando #$eguei a:ui" o povo &oi o :ue mais estran$ei. Eu #$orava muito.Tem gente boa" gente :ue a(uda muito" mas tem gente :ue ri da gente.O povo estran$ei" é di&erente" a língua é di&erente.Eu #$orei muito" por:ue o povo ol$ava pra gente e ria" ria muito e eu #$oravamuito.
Eles riam da gente e a gente não entendia nada" eu &i#ava presa em #asa#$orando.Tem pessoa :ue a(uda a gente a:ui" muitas :ue a(udam" mas também temgente :ue dá risada" &a pirra%a" gente :ue não #on$e%o" &i#o triste.+magina se eles #$egam em um lugar di&erente e o povo &i#a rindo" ninguémia gostar )ing4
Ao #riar um ambiente &amiliar e ao se &e#$ar no grupo domésti#o" os #$ineses
bus#am" além de apoio" uma sensa%ão de perten#imento. Os #$ineses :ue trabal$am no
#entro de Salvador relatam a di&i#uldade de adapta%ão no novo territ'rio e veem esta#idade" #omo atrasada e muito di&erente da sua terra de origem. ,o entanto" todos diem
ter se adaptado a:ui e #onsideram o #lima da região" um &ator positivo para essa
adapta%ão.
A vida lá é muito di&erente da:ui. Eu gosto mais de São *aulo" por:ue oambiente pare#e mais de TaiRan" o ritmo" o #lima" a #onviv?n#ia" a morada é
pare#ida #om TaiRan.
Eu amo o #lima da:ui. á eu não ia usar roupa assim ) uma blusa de te#ido
&ino4. ,ão #ostumo mais #om o #lima de lá. )ing4Min$a mãe &oi para Cantão para &i#ar 12 meses" #om 13 meses pediu paravoltar" não aguentou o &rio. Ela (á a#ostumou a:ui. O #lima a:ui" eu gostomuito" é todo dia igual. á não. Min$a mãe não :uer mais ir lá por #ausa do&rio. )Ana" #$inesa de Cantão" proprietária de restaurante de #omida a peso"no #entro da #idade4
A:ui é o &im do mundo" não tem nada" so&ri muito :uando #$eguei" &i#ava#alada. o(e me a#ostumei" mas a:ui é muito atrasado" não tem op%ão deverdura" de #oisa para #oin$ar. ) C$eung" #$inesa de Cantão proprietária derestaurante no #entro da #idade4
*ara eles" o #otidiano de Salvador di&ere muito da vida na C$ina. São *aulo
surge #omo uma #idade #om mais similaridades. Em São *aulo" são ad:uiridos os
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produtos ne#essários para manter a #ulinária #$inesa. Muitos diem :ue #ompram
ingredientes para preparo dos pratos $abituais #om &orne#edores desta #idade" :ue
enviam os alimentos através dos Correios.
A internet e os Correios &aem o elo de liga%ão para manuten%ão da mem'ria#ulinária. ,a internet bus#am-se re#eitas típi#as" mantem- se o #ontato #om a &amília
distante" sabe-se dos a#onte#imentos da terra natal e ad:uire-se produtos #otidianos"
:ue #$egam através dos Correios.
A iberdade6 não é #onsiderada uma chinatown" e sim um bairro oriental" onde a
presen%a (aponesa é mais mar#ante do :ue a #$inesa. Vong e M#Donog$ )23154
desta#am :ue apesar de ser um bairro oriental" esse espa%o &oi #onstruído a partir do
modelo ameri#ano de chinatown" #om a adi%ão de símbolos :ue re&or%avam a imagem
de uma área (apon?s-asiáti#o-brasileira dentro de uma metr'pole.
*ara os #$ineses do #entro de Salvador" a vida em São *aulo está mais pr'=ima
do seu #otidiano na C$ina. São *aulo povoa o imaginário desses imigrantes #omo um
espa%o mais pr'=imo do espa%o #on$e#ido e a disponibilidade de ingredientes e
utensílios de #oin$a tem papel &undamental na #onstru%ão dessa imagem.
Apesar da &a#ilidade no transporte" as visitas 9 C$ina não são #omuns" devido ao
alto #usto. Ap's a migra%ão" os #$ineses permane#em em torno de 13 a 23 anos sem
retornar a sua #idade natal. C$ang s' &oi a C$ina depois de 3 anos :ue saiu de lá" e isso
s' &oi possível por:ue as &il$as pagaram. Ana :uei=a-se :ue seu &il$o de 11 anos ainda
não #on$e#e sua &amília" :ue &i#ou lá.
Em rela%ão 9 língua" os #$ineses do Centro &alam portugu?s #om muita
di&i#uldade" mesmo a:ueles :ue residem em Salvador $á mais de 53 anos" o :ue
di&i#ulta muito a #omuni#a%ão. As #rian%as &alam mel$or" e se #omuni#am #om os pais
em #anton?s" mandarim ou taiRan?s13" :ue aprendem em #asa" no ambiente domésti#o" e
são elas :ue nego#iam #om os &orne#edores" #onversam #om os #lientes. Elas são a
liga%ão entre os dois mundos" o da #asa e o da rua.
4Bairro oriental de ão Paulo.
15egundo a origem lingu'sti"a h) tr?s grupos de "hineses na "idade osalantes de "anton?s, os de mandarim e os de taiHan?s.
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A diversidade linguísti#a do imigrante é um &ator :ue di&i#ulta a integra%ão do
grupo de #$ineses. Apesar de politi#amente todos serem re#on$e#idos #omo #$ineses" a
região de origem impli#a em di&eren#ia%!es :ue vão além das geográ&i#as. Ma Mung
)23334 &risa :ue grupos de imigrantes são de&inidos a partir de áreas de origem e rai
linguísti#a" sendo :ue a língua de&ine não apenas a rota migrat'ria" mas também a
instala%ão no novo territ'rio. Segundo Ana"
A gente não se dá #om os #$ineses de bolsa 11" por :ue eles são tudo de outro
lugar. Eles &alam mandarim e a gente &ala #anton?s" é di&erente. A gente não
entende eles e eles não entendem a gente. Aí a gente não se dá #om eles
)Ana4.
Os #$ineses proprietários de estabele#imentos do Centro dividem-se em 5grupos de origem; os de Cantão )0*C4" os de TaRian e os de ong ong. Eles di&erem
dos :ue trabal$am #om lo(as de produtos importados pela língua e região de origem" no
entanto" a sua distribui%ão no #entro da #idade segue o padrão #omer#ial da região.
Os estabele#imentos :ue #omer#ialiam alimentos são e=#lusivos para esta
atividade e são instalados em im'veis" onde anteriormente &un#ionava o mesmo ramo de
atividade. As lo(as de a#ess'rios o#upam a região das Mer#?s" (á os restaurantes estão na
Avenida Miguel Calmon" argo Dois de Iul$o" 0ua Carlos omes" 0ua C$ile e SãoFento" onas de #on#entra%ão de estabele#imentos :ue servem re&ei%!es denominadas
J#aseirasK. Iá as pastelarias estão mais espal$adas pelo #entro" distribuídas pela 0ua
C$ile" *ra%a da Sé" 0ua da A(uda" 0ua Carlos omes" argo Dois de Iul$o" Avenida
Ioana Angéli#a" 0ua I.I. Seabra" 0ua Direita da *iedade" 0ua do *araíso" 0ua orte de
São *edro.
,a Avenida Sete de Setembro estão 8"2GU dos estabele#imentos de #$ineses
:ue e=istem no #entro de Salvador. A maior #on#entra%ão en#ontra-se no tre#$o das
Mer#?s" onde se #on#entram as lo(as de produtos importados" H"2U do #omér#io lo#al
perten#em a #$ineses" se ol$armos esse per#entual na área de alimentos" os #$ineses
possuem 53"H U dos restaurantes e=istentes nesta avenida.
Segundo Ana" a região #entral da #idade é es#ol$ida por ter outros #$ineses" pela
&a#ilidade em ad:uirir im'veis a bai=o pre%o" devido a grande :uantidade de #asar!es
119s "hineses @ue tra-alham no "om/r"io de a"essórios emininos namesma região.
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vel$os" onde é possível trabal$ar e residir em um mesmo lo#al" o :ue redu o #usto de
instala%ão na nova #idade.
A#redito :ue outros &atores &oram determinantes para essa es#ol$a" #omo; a
presen%a de um #omér#io popular intenso na região" um bom sistema de transporte :ueliga a área aos demais pontos da #idade" a grande #ir#ula%ão de pessoas" a estrutura
institu#ional da região :ue &avore#e as #rian%as irem 9 es#ola e terem a#esso aos
re#ursos so#iais o&ere#idos pela #idade. Esses &atores t?m sido determinantes na es#ol$a
do lo#al de instala%ão da #omunidade #$inesa em outras #idades.
eralmente" os #$ineses :ue trabal$am no Centro residem ou no pr'prio lo#al
onde trabal$am ou em bairros muito pr'=imos. Outro &ator :ue #$ama a aten%ão é :ue
gera%!es di&erentes residem (untas. Os pais vivem #om os &il$os" mesmo depois :ue
estes se #asam e #onstituem &amília. Muitos dos #$ineses do Centro residem #om os
pais. Os av's são &undamentais no #uidado das #rian%as" :ue estão sempre #ir#ulando
nos estabele#imentos e interagindo #om os #lientes.
Membros de uma mesma &amília possuem o mesmo tipo de neg'#io" em uma
área pr'=ima. O dono do bar lo#aliado na Farra é irmão do dono da pastelaria da 0ua
do *araíso. Os proprietários dos restaurantes na região do São Fento são primos e umdeles tem esposa #om restaurante no largo Dois de Iul$o. A proprietária do restaurante
da região das Mer#?s é prima de outra #om restaurante no Dois de Iul$o e seu marido
possui restaurante na 0ua Direita da *iedade.
Segundo o pro#esso de migra%ão" $á :uatro per&is de #$ineses :ue v?m para
Salvador. /m primeiro grupo veio diretamente para esta #idade" #$egou a:ui por volta
de 1673. Alguns desse grupo retornaram para a C$ina" mas seus &il$os permane#em e
outros ainda vivem em Salvador" mas não trabal$am mais" ou os estabele#imentos&e#$aram ou estão sob a responsabilidade dos &il$os.
Meu pai #$egou a:ui em 1686 e se a#ostumou. Nuando a gente #$ega em umlugar a gente tem :ue saber viver" a viver #om as pessoas do lugar" saber tratar" amansar :uem é brabo.C$ina é bom" o Frasil é bom" depende do gosto"depende da gente gostar de um lugar" da gente saber viver ) C$ang4.
/m segundo grupo veio traido por esse primeiro grupo" #omposto por #$ineses
:ue #$egaram a:ui para trabal$ar para amigos ou parentes" &i#aram ilegais" trabal$ando
em #ondi%!es :uase es#ravas. Ap's um tempo de trabal$o" legaliaram sua #ondi%ão de
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migrante" trou=eram a &amília e abriram estabele#imentos #omer#iais" normalmente na
área de alimentos" :ue segundo eles" e=ige menor investimento.
Wim #om meus pais. Meu tio estava a:ui" ele é dono do Pan *ing e meu paiveio ser #oin$eiro dele e trabal$ava #omo es#ravo lá. Coin$ava para meu
tio" aí depois ele trou=e eu" min$a mãe e meus irmãos e #omprou orestaurante a:ui no #entro" onde meu irmão trabal$a $o(e" a:ui do lado. Meutio (á tin$a mais ou menos seis anos a:ui . Eles trabal$avam em restaurantena C$ina. Meu pai veio ser #oin$eiro de meu tio. )Ana4
/m ter#eiro grupo é &ormado por #$ineses :ue migraram ini#ialmente para 0io
de Ianeiro e São *aulo" trabal$aram lá" mas #omo o mer#ado estava saturado" bus#aram
novas áreas onde &osse mais &á#il investir< vieram" então" para Salvador" prin#ipalmente
por:ue (á tin$am #on$e#idos na #idade" perten#entes ao primeiro grupo.
Meu irmão morava a:ui )Frasil4 e eu estava sem trabal$ar. O meu pai estavaem ong ong. O meu pai veio para #á #om meu irmão e depois de $um anoa:ui" ele trou=e o resto da &amília.
Wim uma ve e &i:uei vinte anos no 0io de Ianeiro" lá trabal$ava #omrestaurantes. Depois voltei pra C$ina e &i:uei mais um tempo" &i:ueidesempregado" aí vim para Frasil de novo e es#ol$i Salvador" por:ue meuirmão estava a:ui.)Vilson" #$in?s de Cantão" proprietário de duas lo(as de
produtos para artesanato no #entro da #idade4
/m :uarto grupo veio diretamente para Salvador traido por parentes ou por
raão de #asamento.
Eu morava perto de ong ong" no sul da C$ina. Morei lá até os vinte e:uatro anos" aí #on$e#i meu marido :ue &oi pra C$ina estudar. Ele é baiano"&il$o de #$ineses e &oi &aer /niversidade na C$ina. Con$e#i ele na/niversidade. Casei e ele :uis voltar para Salvador e eu vim #om ele. )Maria"#$inesa de *e:uim" trabal$a em *astelaria no #entro" o esposo tem lo(a de
produtos importados na unda%ão *olité#ni#a4
Os #asamentos arran(ados ainda são uma práti#a" #omo C$ang :ue #asou #om
sua esposa #om o au=ílio de um intermediário" :ue ele #$ama de padrin$o. Ela residia
em São *aulo e ele em Salvador" para onde veio traido por seu pai :uando tin$a oito
anos. Segundo #onta" ele &oi a São *aulo &alar #om o pai dela" #om a interven%ão do
padrin$o" e #on$e#?-la< &i#aram #in#o dias (untos. 0etornou a Salvador" depois de seis
meses teve a resposta positiva ao seu pedido. Ela veio morar #om ele nesta #idade" onde
permane#e até $o(e" en:uanto seus pais retornaram para C$ina.
Em uma das min$as visitas a um dos restaurantes" o dono de um estabele#imento
visitou a proprietária de outro" onde eu estava e #omentou ;J:ueria #asar meu &il$o #om
sua &il$a" mas sua &il$a é baiana demais" não serve para meu &il$o. Wou na C$ina bus#ar noiva pra eleK.
7/26/2019 Tem “china” na Avenida: um olhar antropológico sobre os chineses no centro de Salvador
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#5
Outro tra%o mar#ante dos migrantes #$ineses é :ue a segunda gera%ão não
permane#e no mesmo tipo de neg'#io dos pais. ,ormalmente" #om uma es#olaridade
mais elevada :ue os pais" esse grupo é &ormado por pro&issionais liberais. Assim" 9
medida :ue vão envel$e#endo" os #$ineses abandonam suas lo(as ou passam para
imigrantes mais novos. São pou#os os :ue mant?m os neg'#ios da &amília" ap's a
aposentadoria dos pais" o :ue #ausa altera%!es na #omposi%ão do mapa de lo#alia%ão
dos estabele#imentos. ,o Centro" $á apenas dois restaurantes" onde os &il$os
trabal$avam #om os pais e uma #$urras#aria :ue &oi aberta por um migrante da primeira
gera%ão e :ue atualmente é #omandando pelo &il$o.
C$ang tem orgul$o de &alar de seus :uatro &il$os" uma promotora" uma médi#a"
uma :ue estuda direito e trabal$a no Tribunal de Iusti%a e o mais novo :ueestá#on#luindo o +FA12. Ele di :ue durante toda a vida trabal$ou J #omo es#ravoK
para :ue seus &il$os tivessem uma vida mel$or do :ue a sua.
A #ondi%ão de es#ravidão mar#a a vida dos #$ineses.Nuando assisto &ilmes
#$ineses ou mesmo leio roman#es ou livros sobre a $ist'ria da C$ina" per#ebo :ue a
$ist'ria desse povo sempre esteve asso#iada 9 e=plora%ão de seu trabal$o em #ondi%!es
es#ravas. Diversas vees na mídia surgem #asos de #$ineses em #ondi%!es de
es#ravidão" trabal$ando para outros #$ineses #omo #landestinos" prin#ipalmente em
restaurantes. Como o #aso de Pin Niang Nuan" (ovem #$in?s :ue &oi libertado de uma
pastelaria" no 0io de Ianeiro" em abril de 2315. igueira" Sunado e alvão )23154
dis#utem a #ondi%ão de es#ravidão dos #$ineses" no espa%o urbano do 0io de Ianeiro" a
partir do #aso desse (ovem" :ue o#upou os (ornais brasileiros" no iní#io de 2315.
Em min$as visitas aos restaurantes #$ineses do Centro sempre en#ontrava um
JprimoK ou JirmãoK re#ém-#$egado" trabal$ando no preparo da massa do pastel ou atrás
do bal#ão" #ontudo a di&i#uldade de #omuni#a%ão impedia um diálogo #om eles" :ue
sempre ol$avam des#on&iados e evitavam estar presente durante min$a visita" se
es#ondendo rapidamente ap's min$a #$egada.
Mesmo estando legalmente no país" eles se denominam es#ravos dos pais" de
outros #$ineses e :uando #onseguem se libertar e abrir seu pr'prio neg'#io" passam a
ser es#ravos dos &il$os" para :ue estes possam ter uma vida di&erente.
1#IFBA< Instituto Federal da Bahia, uma (s"ola E/"ni"a Federal.
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#1
Meus &il$os não trabal$am a:ui" eu nun#a:uis essa vida para eles. Eu disse
aproveitem de mim" a:ui sou es#ravo de vo#?s e de meu pai" aproveitem e
estudem. Me dei=em a:ui e aproveitem de mim para estudar. A:ui sempre &oi
es#ravidão" sempre &ui es#ravo de meu pai e agora de vo#?s" estudem para ter
outra vida.) C$ang4
*ara :uebrar o destino de es#ravidão" eles investem na edu#a%ão dos &il$os. As
#rian%as e adoles#entes #$ineses estudam nas es#olas religiosas mais tradi#ionais"
lo#aliadas no #entro da #idade. Apesar dos pais viverem &e#$ados na #omunidade
#$inesa" eles estão inseridos na #omunidade lo#al e são os #ausadores de mudan%as no
grupo &amiliar. Segundo Ana" seu &il$o mais vel$o de de anos é baiano; J ele é #omo
vo#?s" #ome dend? #omo vo#?s" ele adora dend?. Eles &aem o elo de #omuni#a%ão
entre os pais e a #omunidade lo#al - J meu marido aprendeu a #oin$ar #om dend? por #ausa de meu &il$oK. *or &alarem bem o portugu?s" geralmente" desde muito #edo" eles
estão envolvidos nos neg'#ios da &amília" mas :uando #on#luem os estudos seguem
outros #amin$os.
O pro#esso migrat'rio para Salvador segue o modelo :ue mar#a a diáspora
#$inesa. /m primeiro grupo migrou para a #idade" geralmente $omens" :ue ap's se
estabele#erem trou=erm sua &amília e posteriormente deram apoio a parentes e amigos
:ue moram na C$ina< estes #$egaram para trabal$ar #landestinamente para esse
J&amiliarK" depois de um tempo t?m &il$o ou &i#aram um tempo na #landestinidade" o
:ue permite o direito de permane#er no país. Talve se(a esta a raão da grande
:uantidade de #rian%as #ir#ulando nos estabele#imentos do Centro.
Os #$ineses diem :ue es#ol$em anos propí#ios" segundo o odía#o #$in?s" para
engravidarem. Mas #$amou min$a aten%ão" o &ato de #in#o proprietários de restaurantes
no Centro terem tido &il$os no mesmo período" #om menos de dois anos :ue $aviam
#$egado 9 #idade.
Di&erente de outros aglomerados #$ineses" os #$ineses do #entro de Salvador não
estão ligados a uma asso#ia%ão ou #omunidade lo#al. á uma Asso#ia%ão Cultural
C$ina-Fa$ia" :ue &oi lan%ada em 13 de (ul$o de 2313" sob a presid?n#ia de au *ing
uan" pro#edente de ong ong" :ue vive em Salvador desde 1676. ,o entanto" os
#$ineses do #entro não men#ionaram nas entrevistas esta asso#ia%ão" e diem não
estabele#er rela%ão #om outros #$ineses" além da:ueles ligados a seu grupo &amiliar.
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##
Mas &otos de alguns estavam estampadas no álbum do evento de lan%amento da
institui%ão.
O dono de um restaurante disse :ue deve ter #er#a de 2333 #$ineses vivendo na
#idade e :ue tentou #riar uma asso#ia%ão dos #omer#iantes #$ineses do Centro" #ontudo"teve di&i#uldade em reunir o grupo. Os #$ineses vivem &e#$ados no seu grupo &amiliar"
as rela%!es são estabele#idas a partir da &amília" :ue serve de apoio para a #$egada de
novos migrantes.
Nuando se estabiliam e#onomi#amente" eles dei=am o #entro da #idade e
residem em outros lo#ais" geralmente onas de #lasse média. Mas o Centro #ontinua
sendo o lo#al de neg'#ios e trabal$o. Esse &en@meno tem o#orrido #ada ve #om mais
&re:u?n#ia em outros aglomerados #$ineses. Nuando estáveis" eles bus#am onas de
#lasse média" onde a segrega%ão se(a menos mar#ante )VO, e MCDO,O" 2315<
MCDO,O" 16GH4.
Em rela%ão 9 pro#ed?n#ia" observo tr?s grupos" os #$ineses provenientes da
0epBbli#a *opular da C$ina" estes normalmente oriundos de Cantão< os provenientes de
TaiRan e os de ong ong. Apesar de todos serem identi&i#ados pelos brasileiros #omo
J#$inaK" para eles esta origem é um &ator de di&eren#ia%ão. *ara os pro#edentes de ongong e TaiRan" ser #$in?s é uma #ara#terísti#a depre#iativa.
Todo mundo a#$a :ue a gente é tudo #$in?s" mas não é" a gente é di&erente.Eu sou de TaiRan" a:ui a maioria é #$in?s" s' tem eu e Camila de TaiRan15. Agente é bem di&erente" vo#? v? logo :ue eles são di&erentes da gente. Eu#omo o :ue tem a:ui" o :ue vendo. Os #$ineses não"eles traem #omida de#asa" não #omem o :ue eles vendem" o gosto deles é di&erente.
*ra vo#?s" é tudo igual" mas é di&erente. ,a reunião mesmo 1" vo#? via os#$ineses tudo &alando rápido" #$eio de tititi" a gente é mais #alada. *are#eigual" mas não é. Cada um tem seu (eito" sua &orma de se #omportar" seu
gosto )ing" pro#edente de TaiRan4.
1%2) outros taiHaneses no "entro, mas ela só "ita uma. Como os "hineses
;"am presos no grupo amiliar e não h) atividades ou mesmo uma
asso"iação @ue promova a integração, as relaçJes são limitadas @ueles
pró+imos geogra;"amente, ou ligados por laços de parentes"o.
1&(vento promovido pela igilKn"ia anit)ria do Distrito anit)rio do Centro
2istóri"o para os "hineses propriet)rios de esta-ele"imento da )rea de
alimentos do "entro da "idade, in"luindo os -airro da Piedade, ão Bento,
a>ar/, Bai+a de apateiros, Pelourinho, /, Bai+a dos apateiros, CampoGrande e Centro 2istóri"o.
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#%
Ao observar os #$ineses :ue vivem nesta região" noto #omo a língua" as &ormas
de se #omportar" ou #omo diria Certeau )1664" as suas &ormas de &aer" são táti#as de
apropria%ão do seu espa%o neste novo territ'rio. Ion$ &ala um portugu?s mal pronun#iado #arregado de gírias e palavr!es" :ue dominam seu dis#urso" em uma
tentativa de mostrar :ue é um entendedor dos #'digos deste novo espa%o" de mostrar-se
perten#ente ao grupo. Apesar de não ter uma &lu?n#ia da língua" o uso do vo#abulário
#orrente das ruas e da popula%ão :ue &re:uenta seu bar &a #om :ue ele #ompartil$e #om
esta o mesmo espa%o" o tornando &amiliar em um ambiente estran$o; Jno espa%o da
língua )#omo no dos (ogos4 uma so#iedade e=pli#ita as regras &ormais do agir e os
&un#ionamentos :ue as di&eren#iamK )CE0TEA/"166" p.G4.
E a #omida também tem papel &undamental nesse pro#esso. *ara iard
)CE0TEA/< +A0D< MAPO "2311" p.21G4; Jas práti#as #ulinárias se en#ontram no
mais elementar da vida #otidiana" no nível mais ne#essário e mais despreívelK. A
#omida liga o vel$o e o novo. ,a prepara%ão de um prato" as lembran%as dos
ingredientes" dos aromas" dos sabores" do :ue &oi vivido estão presentes e se mes#lam
aos elementos novos" :ue são introduidos a partir da ne#essidade de adapta%ão"
determinada pelos novos #omedores" ingredientes disponíveis na:uele novo espa%o.
Assim" a #omida de um povo na diáspora representa o seu pro#esso de adapta%ão e
estratégiaspara manuten%ão de sua identidade e $eran%a #ultural.
Os restaurantes da Avenida Sete de Setembro são geralmente de #omida a peso e
apesar de ser de propriedade #$inesa e da #ulinária lo#al predominar" $á sempre uma ou
duas prepara%!es #$inesas" adaptadas ao paladar baiano"geralmente &rango =adre" uma
prepara%ão a base de #arne de &rango" #enoura" pimentão" #ebola" #ebolin$a #oidos em
mol$o de so(a engrossado #om amido de mil$o< yakisoba" prepara%ão a base de
ma#arrão" #enoura" a#elga" #ebola" pimentão e #arnes bovina" &rango e[ou #amarão
#oidos em mol$o de so(a e rolin$o primavera" um tipo de &ritura de uma massa &ina" na
versão mais tradi#ional re#$eada #om repol$o e #arne des&iada" e a versão de :uei(o"
uma adapta%ão lo#al.
Segundo ing" uma das entrevistadas" a #omida #$inesa vendida nos restaurantes
é adaptada ao paladar dos baianos" pois a #lientela tem resist?n#ia em a#eitar a #omida
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#&
#$inesa. Ela &ala :ue tentou introduir no #ardápio do restaurante algumas prepara%!es"
mas estas não &oram bem a#eitas.
We em :uando" eu #olo#o uma #oisa típi#a no bal#ão" pra vender a:ui " #oisa:ue o povo da:ui não #on$e#e" tem gente :ue gosta. /ma ve &i \aXisoba
#om 'leo de gergelim" teve duas mul$eres :ue #ome%aram a re#lamar" :ue a#omida tava ruim" o :ue eu &i" :ue não gostavam. Outras gostaram" masessas duas re#lamaram.
Nuando boto uma #omida di&erente a:ui" e=pli#o o :ue é" #omo &a" mas o povo da:ui não a#eita muito ) ing4.
O yakisoba e o pastel são as prepara%!es :ue mais t?m identi&i#ado os #$ineses
(unto 9 #omunidade lo#al.
,o Frasil" a imagem do pastel sempre esteve asso#iada aos #$ineses. ,ão $á
re&er?n#ias $ist'ri#as :ue e=pli:uem esta asso#ia%ão" a#redita-se :ue ele se(a uma
adapta%ão do rolin$o primavera" #ontudo a massa e o &ormato das duas prepara%!es são
di&erentes. á dois tipos de pastéis vendidos nas pastelarias #$inesas" o tradi#ional e um
tipo mais novo" denominado pastel #$in?s" :ue di&ere do primeiro por sua massa" :ue
apesar de ser também &rita em 'leo :uente" é preparada #om ovos" leite" &arin$a de trigo
e gordura" o :ue l$e #on#ede uma #onsist?n#ia di&erente e um sabor mais ado#i#ado.
Essa prepara%ão passou a #ompor os bal#!es das pastelarias a partir de 2315" mas (á era
#omum nas pastelarias #$inesas do 0io de Ianeiro.
Iáo yakisoba é algo mais re#ente no #ardápio dos baianos :ue &aem re&ei%!es no
#entro da #idade. Os #$ineses do Centro não identi&i#am essa prepara%ão #omo de sua
#ulinária" mas ela é servida em todos os restaurantes" in#lusive nas pastelarias e bares" e
é re#on$e#ida #omo #$inesa pelos soteropolitanos.
O yakisoba é uma versão brasileira do chow mein" prato #$ino-ameri#ano" mas
#om altera%!es :ue apro=imam seu sabor ao paladar lo#al" #omo a abundân#ia do mol$ode so(a" :ue #on#ede um sabor mais salgado ao prato" o #oimento da massa em água"
sem uma &ritura posterior< a adi%ão de amido de mil$o ao #aldo para :ue este &i:ue mais
#onsistente" são algumas altera%!es :ue o#orreram no pro#esso de prepara%ão do prato.
Ele &oi introduido no Frasil pela #omunidade (aponesa" #ontudo sua popularia%ão se
deu através dos #$ineses. á a versão #om #arne bovina" de &rango ou #amarão e &otos
desta prepara%ão estampam #artaes :ue são dispostos nas #al%adas" em &rente aos
estabele#imentos ou a#ima dos bal#!es" no intuito de atrair #lientes.
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#0
O \aXisoba da:ui é estilo (apon?s. ,a C$ina" é di&erente" usa lamen e mol$ode pei=e.
+sso :ue vo#?s #$amam de \aXisoba é ma#arrão re&ogado" #om s$o\o" #arne"legumes. á" o ma#arrão é di&erente" tem :ue pegar #aldo de pei=e &eito #omresto de pei=e. Wo#? #oin$a o pei=e e &a o #aldo" #olo#a #ombo ) um tipo de
alga marin$a4" peneira e &a o #aldo" assim vo#? &a o \aXisoba.Com este #aldo" a%B#ar" saX? mirim" a(inomoto" Xadas$o" so(a e dei=a o #aldomais #on#entrado )Vilson4
*ara os #$ineses" a #omida #$inesa servida em Salvador é mais ade:uada ao
paladar baiano" pois ela é destinada aos #omedores dessa #idade" di&erente de São *aulo"
onde a #omida é servida para #omensais #$ineses.Os #$ineses do Centro diem não
#omer em restaurantes #$ineses :uando saem para #omer &ora" pre&erem a #omida lo#al.
A #omida servida pelos restaurantes desta região é preparada por baianos e servida para
os #omensais lo#ais.
Y di&í#il por:ue são preparados )os pratos4 para o pessoal da:ui" no gosto baiano. ,o 0io" é mais o tempero ao gosto do 0io. Em São *aulo é di&erente"é mais pr'=imo da C$ina" por:ue os restaurantes lá são &re:uentados por #$ineses. Wo#? (á &oi em São *auloZWo#? v? algum brasileiro nos restaurantes #$ineses de láZY tudo #$in?s" :uem vende" :uem #oin$a" :uem #ome.)Vilson4
Esse &ato é um di&eren#iador do aglomerado #$in?s de Salvador" :uando
#omparado #om os aglomerados tradi#ionais" pois estes tem se #onstituído uma
re&er?n#ia #ulinária para os turistas e popula%ão de imigrantes" além de ser importante
na manuten%ão da $eran%a #ulinária desse povo" o :ue não tem o#orrido em Salvador.
Meus pais vieram uma ve me visitar" gostam da:ui" das pessoas" :ue sãosimpáti#as" mas &oram embora e não voltam mais por:ue não #onseguiram#omer a #omida da:ui" sentiram &alta das verduras de lá. Eles não sea#ostumaram #om a #omida da:ui" &i#avam #om &ome" mas não #onseguiam#omer. )Maria4
,o bairro #$in?s de ima" #omo em outras chinatowns" pode-se en#ontrar
mer#ados de produtos e utensílios #ulinários" além de uma variedade de restaurantes"onde são atendidos #omensais #$ineses e não #$ineses. C$ineses estão nas #oin$as"
geralmente re#ém #$egados ou &amiliares. Mas di&eren%as no pro#esso migrat'rio das
duas #idades o#asionaram di&erentes &ormas de aglomerados #$ineses e di&erentes usos
do alimento no pro#esso de inser%ão no territ'rio $ospedeiro.
Apenas nas pastelarias" os #$ineses estão na prepara%ão dos alimentos" nos
restaurantes eles &i#am nas atividades de #ai=a e administra%ão. O preparo dos pratos é
&eito por #oin$eiros baianos" mesmo :uando a prepara%ão é #$inesa.
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#7
Os proprietários dos restaurantes #omem a #omida :ue servem nos seus bal#!es"
os :ue trabal$am em lo(as" #omo residem perto" vão em #asa para se alimentar. Nuando
vão aos restaurantes da região" eles dão pre&er?n#ia 9s prepara%!es :ue estão mais
pr'=imas ao seu paladar" #omo arro" #arnes &ritas" prin#ipalmente &rango ou pei=e.
Mas" apesar da di&eren%a #om outros aglomerados #$ineses" o alimento também
entra a:ui #omo um elemento :ue engloba no novo grupo" no espa%o. Os restaurantes do
Centro de Salvador apresentam na entrada a pla#a J#omida #$inesa e baianaK" o :ue
denota a dualidade do espa%o vivido por seus proprietários" :ue #arregam uma $ist'ria"
uma $eran%a #ultural :ue não pode mais ser re&er?n#ia e bus#am neste novo lugar"
novos símbolos :ue permitam re#onstruir uma nova &amiliaridade" uma nova $ist'ria"
:ue passa a ser #onstruída a partir de sua #$egada.
O restaurante apresenta a #ontradi%ão do espa%o do imigrante" :ue pode ser
visualiado no bal#ão de e=posi%ão dos alimentos" onde na se=ta-&eira o #aruru" o
vatapá" a mo:ue#a dividem o espa%o #om rolin$o primavera" &rango =adre= e yakisoba.
Os símbolos #$ineses na parede" a &oto de Mao Tse Tung pr'=ima ao #ai=a" o deus da
#oin$a na &rente do bal#ão para proteger os proprietários" são símbolos do passado :ue
traem a &amiliaridade ao presente. Moderno e tradi#ional #onvivem neste espa%o" se
mes#lam e se reins#revem.
,o #otidiano" os imigrantes dei=am para trás sua $ist'ria e passam a ser su(eitos
ativos na produ%ão do seu espa%o. Mas a $ist'ria não se apaga" ela &i#a no #orpo" no
ol$ar" nas práti#as diárias" na &orma de reinterpretar o novo #otidiano" :ue passa a ser
#ompartido entre novas pessoas" &irmas e institui%!es" traendo para vida #omum a
#omple=idade inerente ao mundo atual.
!. Conclus"o
Nuando #$egam ao Frasil" os #$ineses dei=am a #ultura $erdada para adotar a
#ultura lo#al" eles se de&rontam #om um espa%o :ue não a(udaram a #riar" #u(a $ist'ria
des#on$e#em" :ue não $abita em sua mem'ria< eles tentam viven#iar este espa%o"
re#onstruí-lo" reinterpretando os símbolos" mantendo sua #ultura resistente 9s novas
in&lu?n#ias" ao mesmo tempo :ue são obrigados a se adaptar.
O sentimento de perten#imento ou identi&i#a%ão em uma so#iedade $ospedeirare:uer uma interpreta%ão sub(etiva de in#lusão ou assimila%ão. *re#isamos nos sentir
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#8
seguros e #on&ortáveis no novo grupo" por isto inserimos nele elementos :ue nos traem
9 mente a sensa%ão de &amiliaridade e perten#imento.
Apesar de não adotarem mais a de#ora%ão tradi#ional" #omo os primeiros
restaurantes estabele#idos na #idade" os #$ineses mant?m alguns elementos" #omo os painéis e adesivos #om ins#ri%!es #$inesas" os amuletos da sorte nos bal#!es" as &otos de
Mao Tse Tung para demar#ar o seu lugar no novo territ'rio" e mostram :ue a:uele
espa%o está sendo reins#rito #om novos símbolos. Fus#a-se" desta &orma" mais do :ue
uma &amiliaridade perdida" a rea&irma%ão de uma identidade em um novo espa%o.
O espa%o da J#$inesidadeK no Centro restringe-se ao nB#leo domésti#o e não
e=trapola o ambiente da rua. Di&erente de outros aglomerados" no #entro da #apital
baiana" os imigrantes #$ineses não bus#am a segrega%ão e sim a inser%ão" para :ue no
#otidiano" na rela%ão #om o outro" o des#on&orto do estran$amento se(a superado.
As #rian%as são a liga%ão entre o novo e o antigo. Elas viven#iam o ambiente
&amiliar" onde 9s tradi%!es são mantidas" onde a #ultura &amiliar tenta subsistir" mas
também são (ogadas no mundo novo" viven#iam" assim" os elementos do novo espa%o e
as lembran%as do vel$o.
A mem'ria é alimentada" através da língua" da #omida" das &ormas de &aer
trabal$adas por Certeau )1664. ,esse #onte=to" a #omida tem papel &undamental na
rea&irma%ão da identidade #$inesa" a partir de uma #$inesidade :ue surge na C$ina
ultramar.
A Avenida Sete de Setembro tem se #onstituído um espa%o de a#ol$imento para
a popula%ão #$inesa imigrante. Ela não se #on&igura uma chinatown" mas segue outro
modelo de aglomerado" onde $á a rede" o re#ebimento aos re#ém-#$egados" mas sem a
segrega%ão e a reprodu%ão de uma utopia.
Ela mostra :ue a #idade é #onstruída por pessoas" sons" aromas :ue emergem no
dia a dia" :ue &ervil$am e não a#eitam ser des#artados pelo ordem urbanísti#a. Esse
espa%o #onstitui uma $eterotopia para a #idade e os #$ineses :ue aí residem e trabal$am
são absorvidos e en#ontram seu lugar" #omo parte dele.
O lugar não é mais algo apenas lo#al" ele se mundialia" as &ronteiras passam a
ser derrubadas. A Avenida Sete de Setembro não é uma chinatown" mas é o espa%o
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#
prati#ado" vivido por todos a:ueles :ue #onstroem o #entro da #idade e gritam pelo seu
direito 9 #idade" se(am eles" baianos ou #$ineses.
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