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Juventude e Participação: Interação com as redes sociais
Stéfany Sidô Ventura
Graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do
Grupo de Pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”,
Universidade Federal de Minas Gerais.
stefanysido@gmail.com
Bárbara Monteiro de Barros da Gama
Graduanda em Ciências Sociais e pesquisadora do
Grupo de Pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”,
Universidade Federal de Minas Gerais.
bmbgama@gmail.com
Resumo
Os jovens ainda são uma incógnita para a política. Alguns defendem seu
comportamento transformador e outros alegam que são apáticos e descrentes
da política. No entanto, não se pode negar seu potencial para o aprendizado,
debate e atuação política. A partir dos dados da pesquisa “Jovens Eleitores e
Novas Tecnologias”, desenvolvida pelo grupo “Opinião Pública, Marketing
Político e Comportamento Eleitoral” (UFMG).
A proposta é compreender o comportamento dos jovens na internet, no que se
refere à participação política. Procura-se entender como os jovens se informam
sobre política na internet e, se e como eles participam, tendo como locus as
principais redes sociais. Como recurso metodológico, optou-se por considerar
dados de acesso à internet e tipificação, além da análise da interação dos
jovens nas redes sociais, através da utilização dos recursos próprios das
redes.
Resumo Expandido
Os jovens ainda são uma incógnita para a política. Alguns defendem seu
comportamento transformador e outros alegam que são apáticos e descrentes
da política. No entanto, não se pode negar seu potencial para o aprendizado,
debate e atuação política. A partir dos dados da pesquisa “Jovens Eleitores e
Novas Tecnologias”, desenvolvida pelo grupo “Opinião Pública, Marketing
Político e Comportamento Eleitoral” (UFMG), a proposta é compreender o
comportamento dos jovens na internet, no que se refere à participação política.
Procura-se entender como os jovens se informam sobre política na internet e,
mais ainda, se e como eles participam, tendo como locus as principais redes
sociais.
Como recurso metodológico, optou-se por considerar dados de acesso à
internet e tipificação, além da análise da interação dos jovens nas redes
sociais, através da utilização dos recursos próprios das redes. O segmento
escolhido para análise são os estudantes do ensino médio de escolas públicas
de Belo Horizonte, por considerar relevante a influência de aspectos
socioeconômicos, culturais e educacionais nesse contexto.
Palavras-chaves: política, juventude, internet, participação
Visões de juventude
Muito se tematizou e uma gama de conceitos acerca da juventude foram
formulados por pesquisadores e estudiosos ao longo dos tempos. Ser “jovem”
e estar incorporado à “juventude” não são fatores e muito menos conceitos
estáticos. Por estarem inseridos em contextos histórico-culturais, estes são
fluidos e maleáveis, apresentam nuances que podem ser produzidas e até
mesmo percebidas de acordo com a conjuntura temporal apresentada.
Em uma concepção sociológica, temos a juventude como uma noção social.
Um momento de transição entre infância e maturidade, onde o indivíduo é
incorporado ao mundo das responsabilidades, cristalização de valores e
integração social, marcando sua fase adulta.
“Por isso mesmo é um momento crucial para a continuidade social: é nesse momento que a integração do individuo se efetiva ou não, trazendo consequências para ele próprio e para a manutenção da coesão social.”
ABRAMO, pp. 29.
Notamos então ,segundo esta teoria funcionalista sociológica, o porquê da
recorrente interpretação da juventude como “problema”. Há certo pânico ao se
pensar nas possíveis disfunções e descontroles que uma juventude com déficit
na incorporação dos valores e das regras sociais podem causar ao bom
funcionamento e no processo da integração social.
Nos anos 50, a visão incorporada à juventude foi a dos “rebeldes sem causa”
onde, os jovens tinham pré-disposição e tendências à delinquência e
transgressão. Na década de 1960 e inicio da década de 1970, os jovens
apresentavam ameaça a ordem social, visto que estes eram demasiado críticos
ao governo, a cultura e a moral vigentes.
A apropriação e utilização de movimentos estudantis e sindicais por estes foi
massiva como forma de contestação e atuação política para mostrar à
sociedade seu descontentamento e crítica com a conjuntura política e social
que viviam.
“Foi somente depois, quando tais movimentos juvenis já haviam entrado num refluxo, que a imagem dessa juventude dos anos 60 foi reelaborada e assimilada de uma forma positiva, generalizando a ótica da minoria que neles depositava diferentes tipos de esperança: a imagem dos jovens nos anos 60 plasmou-se como a de uma geração idealista, generosa, criativa que ousou sonhar e se comprometer com a mudança social. Essa reelaboração positiva acabou, desse modo, por fixar assim um modelo ideal de juventude: transformando a rebeldia, o idealismo, a inovação e a utopia características essenciais dessa categoria etária.”
ABRAMO, pp. 31
A juventude da década de 1980 vista como oposta à das décadas anteriores.
Os jovens apresentavam características fortemente vinculadas à interesses e
posições individualistas, conservadoras , politicamente apáticos e indiferentes
aos assuntos públicos e sociais. As décadas de 1990 e 2000 apresentam uma
juventude que é globalizada e globalizante, que percebe as mudanças e
transformações sociais como uma utopia, talvez por isto, são apáticos e
desinteressados pela política, demonstram grande pragmatismo no cotidiano e
têm fortes valores hedonistas.
‘Descortina-se uma nova configuração do universo juvenil: a crise do espaço universitário como significativo para a elaboração das referencias culturais, o enfraquecimento da noção de cultura alternativa como modo de contraposição ao sistema, e a emergência de uma intensa vivencia, por parte dos jovens das camadas populares, no campo de lazer ligado à indústria cultural.’
MISCHE, apoud ABRAMO, 1994,82
Participação política e Juventude
Há uma crescente preocupação de diversos atores políticos com a participação
e mobilização da juventude nas instancias políticas formais e informais pois, o
que se percebe é a ausência dos jovens nestes canais de participação, baixa
adesão em organismos e movimentos políticos (partidos, movimento estudantil,
sindicatos, etc.).
Em uma pesquisa realizada por Telles (2010) com a participação de 500 jovens
entre 18 e 24, moradores de Belo Horizonte (MG), 82,4% dos entrevistados
afirmaram ter pouco ou nenhum interesse por política. Quando perguntados
sobre o grau de importância de alguns temas 44,4% dos jovens percebem a
política como nada ou pouco importante.
Tabela 2 - Participação Política
Discussão
política
Distintivo
político
Comício
ou
assembleia
Solicitar
dinheiro ou
contribuir
financeiramente
para causas
políticas
Escrever
blog
Greve
Nunca
participou
80,2% 83,6% 79,4% 97% 95,4% 92%
Já
participou,
mas não
participa
mais
14,6% 14% 18,4% 1,8% 2,2% 6,2%
Participa
atualmente
5,2% 2,4% 2,2% 1,2% 2,4% 1,8%
TOTAL 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: Pesquisa Juventude, participação e voto. DCP/UFMG/Fapemig/Ipespe.
Outro ponto interessante, apontado na pesquisa de Telles é que em uma
escala de 0 – 10 na qual zero significa nenhuma confiança e dez total
confiança, nenhuma das instituições: partidos políticos, o congresso nacional, a
assembleia legislativa e a câmara municipal atinge graus de confiança maiores
que 4,4 enquanto a Igreja e as ONG’s têm uma confiança média de mais de 6.
O projeto
Com o objetivo de fomentar a cidadania política, intensificar e qualificar a
participação, o grupo de pesquisa Opinião Púbica, Marketing Político e
Comportamento Eleitoral, sediado na Universidade Federal de Minas Gerais,
promove o diálogo entre a pesquisa e a realidade num projeto extensionista
denominado: Jovens Eleitores e Novas Tecnologias.
Por encontrar nos jovens um grupo com elevado potencial para a atuação e
aprendizado e por entender que a ciência política tem a capacidade não só de
compreender o comportamento deste ator da sociedade civil, mas também de
interferir em sua realidade, proporcionando informações balizadas para uma
atuação política efetivamente cidadã, o Projeto Jovens Eleitores e Novas
Tecnologias atua com os estudantes, de ensino médio, de escolas públicas
(municipais e estaduais) de Belo Horizonte.
Considerando a importância que o ambiente digital possui na vida dos jovens,
acreditamos que esta é uma ferramenta importante para a construção de novas
práxis políticas, servindo à ampliação dos espaços participativos para os jovens
socialmente vulneráveis com direito ao voto facultativo ou em vias de obtê-lo.
A proposta foi de utilizar as novas tecnologias, como twitter, sites de
relacionamento e blogs, com o intuito de despertar nos jovens o interesse para
a atuação política, estimulando a participação para além dos períodos
eleitorais, investigando suas formas de interação com a política em ambiente
digital e escolar.
Objetivos
Dentre os objetivos do projeto estão a promoção da participação e o fomento
ao interesse aos assuntos públicos, pelos jovens de, 15 a 18 anos, estudantes
de Ensino Médio da rede pública para que estes possam atuar politicamente,
de maneira qualificada, durante os interstícios eleitorais e no momento do voto.
O projeto visa investigar as formas de interação dos jovens e o ambiente
virtual, possibilitando a atuação e difusão de informações sobre política e afins,
visando este objetivo disponibilizamos o Portal Opinião Pública que é um
espaço de interação entre a Academia e a comunidade.
Tendo em vista o interesse que ferramentas com caráter interativo e dialógico
como o microblog twitter e as demais potencialidades da WEB 2.0 despertam
nos jovens, contribuindo para que a produção científica lhes seja acessível e
que estes possam fornecer material para pesquisas, acervos de fontes
primárias e secundárias, bem como bases de dados na área de opinião pública
e comportamento eleitoral.
Portanto, além do contato face a face entre membros do grupo de pesquisa,
alunos e professores do Ensino Médio nas oficinas, palestras, debates e
reuniões de trabalho que ocorreram no ambiente escolar, o projeto visa
fomentar o contato permanente entre esses atores no ambiente virtual,
utilizando as novas tecnologias e redes sociais para fazê-lo.
Metodologia utilizada
Para a realização das oficinas foi estabelecida uma parceria com as escolas de
Ensino Médio da Rede Pública em conjunto com a Secretaria Municipal de
Educação de Belo Horizonte e a Secretaria Estadual de Educação de Minas
Gerais, coordenações pedagógicas e professores, com objetivo de criar um
diálogo crítico sobre o cotidiano político, sobre as formas de participação
política e a apropriação das novas tecnologias e redes sociais para a
integração e principalmente para a atuação política.
- As oficinas
As oficinas são realizadas por bolsistas do Projeto Jovens Eleitores e Novas
Tecnologias. Nas oficinas instiga-se os alunos à falarem sobre suas
percepções sobre política e fazerem uma avaliação do que entendem da
atuação dos políticos, das instituições e logo após fala-se da importância do
voto e da participação política em geral.
Da possibilidade do uso das novas tecnologias e das redes sociais para se
fazer e informar sobre política. Anterior ao momento das oficinas, os
realizadores do projeto fazem contato com os professores que acompanham o
projeto nas escolas, e lhes é passado que os alunos deve fazer uma redação
com o tema “O que é política?”. A partir destas redações pode se notar o nível
de interesse/apatia e conhecimento que os alunos apresentam sobre o tema.
Dentro das oficinas os alunos são instigar a pensar e a debater sobre questões
políticas, dificuldade e possibilidades de participação, o papel das redes sociais
e das novas tecnologias como forma de ativismo político e a importância e a
qualidade das informações obtidas através da mídia. Também são aplicados
questionários com os estudantes, com perguntas referentes ao acesso e
utilização da internet e redes sociais, perguntas relacionadas ao seu perfil
socioeconômico e político.
Ao final das oficinas os alunos informam os e-mails que utilizam para acesso às
redes sociais e assim são incorporados as redes sociais utilizadas pelo projeto
(Twitter, Facebook e Blog) para que haja um contato permanente e um
intercambio de visões e conhecimentos.
Perfil dos Alunos
O foco do projeto desde o principio era abarcar uma amostra correspondente à
juventude referente às escolas públicas da cidade de Belo Horizonte. Foram
contemplados principalmente alunos entre a faixa etária de 15 a 18 anos,
incluindo também alguns alunos com a idade acima dessa média, sobretudo no
turno noturno.
Cabe traçar o perfil destes alunos para que seja possível mensurar as
conclusões a posteriori. Além do mais, é importante que seja considerada a
corrente sociológica por trás desta análise, corrente esta que aborda a ideia de
que o interesse, os valores e as crenças de um dado grupo categórico se
referem a determinadas divisões sociais (neste caso, o grupo categórico diz
respeito especificamente à jovens, de escolas públicas).
“...os indivíduos não possuem uma identificação
consciente, objetividade política organizada ou fins
específicos. Porém, seus membros são unidos em
função de determinados aspectos como sexo, faixa
etária ou condição educacional.”
TELLES, Em Debate, v. 2, 22-27, nov. 2010
Pode-se considerar factual, portanto, que a condição educacional interfere
significativamente na formação da opinião destes jovens. O contexto em que
estão inseridos molda especificidades para a formação de suas ideias,
opiniões.
“Assim, o ato de votar ou participar decorre da
centralidade do individuo e os mecanismos de
coação psicológica, lógica e social afetam as
escolas político-eleitorais e as condutas individuais.”
TELLES, Em Debate, v. 2, 22-27, nov. 2010
É importante considerar que os estudantes participantes do Projeto, integravam
em sua grande maioria classe média baixa. Foi aferida, através dos
questionários aplicados, alta porcentagem de acesso à internet na casa de
amigos e lan house o que indica que possuir internet em próprio domicílio ainda
não é uma realidade comum a todos.
Ao analisar o acesso nas escolas constatou-se que este é nulo. Mesmo que
não tenha sido aplicado questionário socioeconômico, através de observação
atenta da equipe que trabalho no Projeto, juntamente com análises dos
questionários (que mensurava, por exemplo, o tipo de ferramenta da internet
que estes jovens mais utilizavam) foi possível traçar através de tais indícios
que não se tratava de alunos com uma renda elevada.
Outro ponto importante que foi analisado foi o claro desinteresse pelo tema
abordado nas oficinas, a descrença e uma opinião pessimista em relação à
politica. O interesse por busca de informações, notícias e leituras diversas é
bastante reduzido, ainda que as escolas em sua maioria demonstre fazer
esforços para incentivar este tipo de interesse nos alunos.
Utilização da Internet
Um dos parâmetros para averiguar que tipo de conteúdo os jovens mais
buscam na internet, além das conversas durante as oficinas, foi a aplicação do
questionário.
Através deste, ficou claro o interesse destes jovens ao acessar a internet.
Percebeu-se que os estudantes não possuem o hábito de acessar a noticias e
a conteúdos informativos, sendo seu principal foco os sites de relacionamentos.
A partir disto, foram criados mecanismos para que pudéssemos efetivamente
participar da realidade destes jovens e proporcionar-lhes, através de meios com
os quais se identificassem, informações, e também despertar um possível
interesse sobre política.
O questionário foi importante também para a avaliação de onde o acesso à
internet era feito pelos estudantes. Segue abaixo gráfico que mostra tais dados:
Gráfico 1 - Acesso à Internet
Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias
Como é possível ver através do gráfico a grande maioria tem acesso à internet
de casa e o local onde menos utilizam a ferramenta é nas escolas. Muitas
vezes esse número reduzido de acessos nas escolas se dá devido a fatores
relacionados à infraestrutura, como, por exemplo, carência de espaço na
escola para aulas em laboratórios ou locais apropriados, ou até mesmo um
número suficiente de máquinas para a utilização de todos os alunos. Em alguns
casos, por mais que tenham o número suficiente, os aparelhos se encontram
em ruim conservação ou até mesmo nem funcionam.
É importante frisar também que por mais que tenha ficado claro o contínuo
esforço das escolas em fomentar o interesse pela leitura, essa prática não era
capaz de se concretizar no ambiente externo a ela, ou seja, no cotidiano destes
alunos. Aferiu-se assim que essas ferramentas de rede poderiam ser mais bem
aproveitadas também para este fim, uma vez que os jovens preenchem grande
parte de seu tempo livre com a utilização da internet.
Da utilização das redes
O tópico acima deixa clara qual a preferência dos jovens ao utilizar os meios de
comunicação através da internet. Sendo assim, foram criadas algumas redes
que pudessem efetivamente causar algum impacto na realidade destes jovens
e que pudesse fazer parte da visão passada nas próprias oficinas, onde se
destacava a participação para além do período eleitoral.
Foram criados perfis nas principais fontes de utilização dos alunos. É
importante deixar claro que ao longo do Projeto houve uma significativa
mudança na preferencia destes jovens por determinados tipos de rede. No
início, a rede mais utilizada era o site de relacionamento Orkut (isto no ano de
2010). De 2011 pra frente fica clara a migração da grande maioria para o
Facebook.
Dados revelam que esta migração não se deu somente em relação aos jovens
abordados na pesquisa e que na verdade abrange uma mudança em uma
escala maior. De acordo com dados divulgados em julho de 2012 pela Experian
Hitwise, o Facebook obteve 54,99% de participação no Brasil, em
contraposição aos 18,24% registrados no ano de 2011. Isso indica um
crescimento de 36,75 pontos percentuais.
A criação de um perfil foi feita onde aferiu-se maior interesse dos jovens.
Através dos questionários percebeu-se uma maior identificação com o
Facebook e o microblog Twitter. Principalmente no perfil do Facebook foi
constatado que não somente os jovens envolvidos na pesquisa seguiam a
página como também professores, perfis de movimentos sociais e por
pesquisadores da área de comunicação, ciência politica e educação.
Já em relação ao Twitter o interesse maior apresentado se deu por parte de
pesquisadores sobre o tema. E mesmo que não necessariamente utilizassem a
ferramenta “seguir” no perfil, jovens afirmaram que acompanhavam a página,
ainda que com baixa frequência.
Outra ferramenta criada pelo Projeto nas redes, foi o Blog. Este funciona como
um concentrador das principais informações referentes ao projeto, além de
oferecer noticias que fomentassem o interesse pela política. Além disso é
possível ter acesso a alguns vídeos desde os utilizados nas oficinas, quanto
outros, além de disponibilizar dicas de livros.
Interação com o Projeto
Através da análise específica de cada uma das redes sociais criadas para fim
de promove uma relação face a face com o público alvo, foi possível aferir o
grau de envolvimento dos alunos com o que estava sendo divulgado e exposto.
Dos 226 “amigos” ligados ao perfil do Facebook, por exemplo, grande parte se
referia a alunos da instituição de ensino UFMG, e a páginas de cunho cultural
ou político. Isso deixa claro que mesmo que o objetivo inicial da criação da
página tenha sido atrair os alunos das escolas visitadas, a página repercutiu
também em searas diferentes, incluindo um público mais abrangente.
Outra análise que tornou possível a constatação da interação do jovem com o
projeto, foi através da ferramenta “curtidas” presente também no site de
relacionamentos Facebook.
Segue abaixo gráfico que mostra tal interação no espaço de alguns meses de
pesquisa:
Gráfico 1 – Interação alunos / Facebook – “Número de curtidas”
Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias
Foi utilizada a mesma forma para mensurar a participação analisando a
ferramenta “compartilhadas”, também do site de relacionamentos Fcebook
Segue abaixo tabela que explicita os dados:
Gráfico 2 – Interação alunos / Facebook – “Compartilhadas”
Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias
As análises feitas no Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias deixa claro
o nível de interação dos jovens com as redes sociais. Mesmo que estas sejam
bastante utilizadas no cotidiano destes alunos, fica evidente que quando não se
trata de um assunto em voga entre eles, e que não é tema relevante para
apreciação, mesmo que estejam dentro de um meio bastante visualizado,
acessado, não agrega interesse. Os assuntos que mais despertam interesse e
geram maior repercussão ainda continuam sendo os relacionados à corrupção.
Tal ausência de uma reciprocidade por parte dos jovens nos leva a refletir
sobre a questão da aproximação da identidade e apropriação do perfil
enquanto ferramenta de interlocução entre estes e a rede.
Como observado anteriormente nos dados da pesquisa de Telles (2010), pode-
se dizer que a desconfiança nas instituições gera afastamento e pouco
interesse justamente por não ser algo sui generis da juventude utilizada como
público específico desta pesquisa.
Essa característica da desconfiança está presente independentemente da
classe etária ou econômica. Em suma, o que foi possível analisar é que por
mais que tenham sido pensadas especificamente como meio atrativo para este
público de jovens, a ausência de legitimidade atribuída por eles mesmos às
redes, gerou certo distanciamento. Este fato se reverberou nas análises das
demais redes , não somente no Facebook.
A conta no Twitter foi criada também com intuito de promover o diálogo com os
estudantes que integram o projeto. O Twitter @jovenseleitores possui 63
seguidores, sendo a maioria deles professores das escolas que participaram
das oficinas e também pesquisadores das áreas de política, juventude,
comunicação e redes sociais. Há também muitos perfis de ONG’s e outras
organizações.
O Twitter segue 86 perfis que possuem a mesma linha de perfis dos seguidores
mencionados anteriormente, porém, o grande diferencial está na quantidade e
diversidade de canais de notícias, informações políticas, instituições que
também alimentam o perfil do projeto com a possibilidade de retweets sobre
notícias e informações. Não foi marcado nenhum tweet como favorito bem
como lista.
Abaixo tabela que evidencia a reprodução da falta de aproximação dos jovens
com as redes criadas, através da análise dos tweets e retweets de alguns
meses do projeto no microblog Twitter:
Data Tweettado/ Retweettado
Se Retweetado, de quem?
Texto
15/jan/13 Tweettado - Facebook anuncia nova ferramenta de busca para conteúdo compartilhado na rede social http://folha.com/no1215176 via @folha_com
13/dez/12 Retweetado Estado de Minas @em_com
Mais de 36 mil jovens entre 12 e 18 anos poderão ser assassinados até 2016 no país http://bit.ly/SX11WV via @em_com
12/dez/12 Tweettado - Chuvas! http://jovenseleitoresnt.wordpress.com/2012/12/03/chuvas/ … Leia e deixe o seu comentário.
12/dez/12 Retweettado Prefeitura de H @pbhonline
Confira a programação que celebra os 115 anos de BH: http://ow.ly/g2cGX
12/dez/12 Retweetado Revista Educação @revistaeducacao
Como sua escola trabalha a inclusão? Participe da enquete em nosso site! http://www.revistaeducacao.com.br
27/nov/12 Tweettado -
Escola Municipal Mestre Ataíde: Luíza Glória autografa o livro iHistórias de Glóri...http://mestreataide.blogspot.com/2012/11/luiza-gloria-autografa-o-livro.html?spref=tw …
31/out/12 Tweettado -
Colóquio Internacional "Mídia, corrupção e novas tecnologias". MESA 1: Jovens Eleitores e Novas Tecnologias. http://opiniaopublica.ufmg.br/noticias_detalhe.php?id=168 …
08/out/12 Tweettado -
http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?&tagIds=382541&time=all&orderBy=mais-recentes&edFilter=editorial&video=eleicoes-no-brasil-sao-destaque-na-imprensa-internacional-0402CC1 3172D4993326 …
12/set/12 Retweettado Grupo OpiniãoPública @OpPublica
DOXA convida: mesa redonda sobre ELEIÇÕES MUNICIPAIS http://opiniaopublica.ufmg.br/noticias_detalhe.php?id=161 …
23/ago/12 Retweettado UFMG @ufmgbr
#UFMG publica edital de seleção para Colégio Técnico, Centro Pedagógico e Teatro Universitário. http://bit.ly/PIQXid
23/ago/12 Retweetado UO Política @UOLPolitica
Veja vídeos de várias cidades e os fatos mais importantes do horário eleitoral http://uol.com/bycF3m #UOL #Eleicoes2012
17/ago/12 Tweettado -
Quiz: você está por dentro do mensalão? TESTE SEUS CONHECIMENTOS! http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/1133419-quiz-voce-esta-por-dentro-do-mensalao.shtml …
09/ago/12 Tweettado - Dica para acompanhar as eleições municipais de Belo Horizonte http://eleicoes.uol.com.br/2012/belo-horizonte/ …
05/ago/12 Retweettado - Esta no ar a edição de julho do periódico Em Debate (UFMG): "Comunicação política e comportamento eleitoral"http://opiniaopublica.ufmg.br/edicaoAtual.php
25/jun/12 Tweettado -
TSE define regras para veiculação de propaganda eleitoral gratuitahttp://www.em.com.br/app/noticia/politica/2012/06/25/interna_politica,302190/tse-define-regras-para-veiculacao-de-propaganda-eleitoral.shtml …
18/jun/12 Tweettado -
Começam hoje inscrições para o Sisu; há mais de 30 mil vagashttp://www1.folha.uol.com.br/saber/1106280-comecam-hoje-inscricoes-para-o-sisu-ha-mais-de-30-mil-vagas.shtml …
11/jun/12 Tweettado -
FIT-BH apresenta três grandes espetáculos internacionais nesta terça-feira ::. 12/06 http://www.otempo.com.br/entretenimento/ultimas/?IdNoticia=27428 … via@otempoonline
11/jun/12 Retweettado c beleme er @cybelemeyer
Internet+segurança é tema p/ os professores da @EscolasdoAmanha na comunidade Ning http://migre.me/9p6W2 #amanhadigital Participe!
26/abr/12 Tweettado - Escolas participantes do projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias http://wp.me/P1G4lB-4G via @wordpressdotcom
24/abr/12 Tweettado - Dica da semana: vídeo "Intervozes - Levante sua voz - A Verdadeira história da mídia brasileira " : http://migre.me/8OnqB
17/abr/12 Tweettado - Os Jovens Eleitores também está no Facebook: http://migre.me/8Imht
16/abr/12 Retweettado log Educação @blog_educacao
Veja vídeos de várias cidades e os fatos mais importantes do horário eleitoral http://uol.com/bycF3m #UOL #Eleicoes2012
16/abr/12 Retweettado Grupo OpiniãoPública @OpPublica
Inscrições para Jovens Pesquisadores em Opinião Pública - V Congresso Latinoamericano da WAPOR - Bogotá 2012 http://www.opiniaopublica.ufmg.br/noticias_detalhe.php?id=144 …
Fonte: Projeto Jovens Eleitores e Novas Tecnologias
Através destas tabelas e gráficos. Além das várias análises a partir das oficinas
e dos dados gerados na realização do projeto, pode-se dizer que a relação
entre os jovens e a política na internet, seja na busca por informações ou na
participação, parece refletir seu cotidiano “offline”. Este comportamento nas
redes é congruente com a atuação e visão destes mesmos jovens estudantes,
que em sua grande maioria se vincula ao pessimismo em relação à política e
também à descrença frente a possíveis mudanças como reflexo de sua
participação no cotidiano fora do ambiente virtual.
Conclusão
A maior parte dos jovens apresenta forte interesse ao recorrer às chamadas
mídias tradicionais, por informações sobre entretenimento (esportes, música,
temas adolescentes encontrados em redes como blogs) e na internet isso se
reproduz.
Por mais que os dados mostrem que temas relacionados a política cheguem ao
conhecimento dos jovens, estes parecem ignorá-los. Isso mostra que se
informar ou não sobre o assunto não está associado ao dispêndio de recursos,
dado que o acesso a maioria das informações pela internet é livre e é
facilmente encontrado em redes disponibilizados por órgãos públicos como a
Câmara dos Vereadores, Assembleia Legislativa, Congresso Nacional entre
outros.
O que se percebe é que há uma facilidade de acesso a noticias e referencias
sobre temas políticos, mas esses não se encaixam no leque de interesses da
juventude retratada. É importante ressaltarmos que apesar dos jovens
reconhecerem a importância da política e da participação nela, há um
desconhecimento dos mecanismos presentes na internet para que possam
participar efetivamente do meio politico, seja através de redes sociais, portais
institucionais como os citados anteriormente e recursos como petições online,
por exemplo.
A respeito da interação dos jovens com as redes sociais criadas pelo projeto,
aferimos a baixíssima, quase inexistente, participação. Inicialmente o objetivo
dos canais era proporcionar meios para fomentar e possibilitar o diálogo. A
possibilidade da dupla via de informações foi o ponto central para a criação das
redes sociais do Projeto. Porém, com a baixa interação o objetivo modificou-se
para que se pudesse atingir os alunos de outras formas. As redes então,
tornaram-se canais para disponibilização de notícias, eventos, vídeos e
imagens.
No que tange à aplicabilidade da metodologia escolhida, que envolvia a
realização de oficinas nas escolas e aplicação dos questionários vis a vis, para
um contato direto com o objeto de estudo, foram encontrados alguns
problemas de ordem prática.
Além de muitas escolas não apresentarem um espaço físico apropriado e que
oferecesse os recursos para a realização das dinâmicas, havia também
ineficiência e insuficiência de materiais e recursos de informática para os
alunos (corroborando os dados apresentados anteriormente que revela que 0%
dos alunos acessa a internet pela escola) o que dificultava a execução. Muitas
escolas apresentaram interesse pelo projeto, mas a cobrança do Estado por
rendimentos dos alunos impossibilitava que as oficinas fossem inseridas no
cronograma de atividades da escola.
Faz-se necessário a publicização e o fomento à projetos, principalmente, de
extensão nesta área e com este público especifico, para que haja o
intercâmbio de conhecimento academia/sociedade e que este tenha como
objetivo a qualificação, a suscitação do interesse pelo tema e a possibilidade
de transformação política e social.
Referências Bibliográficas:
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