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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ADRIEL ROBERTO FERREIRA DE LIMA
PREPARAÇÃO E CARATERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS HÍBRIDOS
MULTIFUNCIONAIS DE POLIANILINA/YVO4 DOPADO COM TERRAS
RARAS
Recife
2019
ADRIEL ROBERTO FERREIRA DE LIMA
PREPARAÇÃO E CARATERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS HÍBRIDOS
MULTIFUNCIONAIS DE POLIANILINA/YVO4 DOPADO COM TERRAS
RARAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica do Departamento de Engenharia Mecânica, Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos parciais para obtenção do título de doutor em Engenharia Mecânica.
Área de concentração: Engenharia de Materiais e Fabricação.
Orientador: Profº. Dr. Kléber Gonçalves Bezerra Alves
Coorientador: Profº. Dr. Celso Pinto de Melo
Recife
2019
Catalogação na fonte Bibliotecária Valdicéa Alves, CRB-4 / 1260
L732p Lima, Adriel Roberto Ferreira de.
Preparação e caraterização de compósitos híbridos multifuncionais de
polianilina/yvo4 dopado com Terras raras / Adriel Roberto Ferreira de Lima
- 2019.
110folhas, Il.; Tab.; Abr.;Sigl.; Símb. e Med.
Orientador: Profº. Dr. Kléber Gonçalves Bezerra Alves.
Coorientador: Profº. Dr. Celso Pinto de Melo.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, 2019.
Inclui Referências Apêndices.
1. Engenharia Mecânica. 2. Compósito. 3. Polianilina. 4. Ortovanadato
de ítrio. 5. Elevador de frequência. 6. Sensores. I. Alves, Kléber Gonçalves
Bezerra (Orientador). II. Melo, Celso Pinto de(Coorientador). III.Título.
UFPE
621 CDD (22. ed.) BCTG/2019-160
ADRIEL ROBERTO FERREIRA DE LIMA
PREPARAÇÃO E CARATERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS HÍBRIDOS
MULTIFUNCIONAIS DE POLIANILINA/YVO4 DOPADO COM TERRAS
RARAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica do Departamento de Engenharia Mecânica, Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos parciais para obtenção do título de doutor em Engenharia Mecânica.
Aprovada em: 28/ 01/ 2019
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________ Profº. Dr. Kleber Gonçalves Bezerra Alves (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________ Profº. Dr. Flávio José da Silva (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________ Profª. Drª. Nadège Sophie Bouchonneau da Silva (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________ Profº. Dr. Fausthon Fred da Silva (Examinador Externo)
Universidade Federal da Paraiba
_________________________________________________ Profº. Dr. Gilvaldo Gentil da Silva (Examinador Externo)
Universidade de Pernambuco
Dedico esse trabalho aos meus filhos Jamilly e Lucas, legítimos
representantes de uma geração ávida por conhecimento e novas experiências.
AGRADECIMENTOS
A Jesus Cristo por dar significado a minha existência, fazendo-me contemplar
o belo, admirar a natureza e conhece-la em suas minúcias.
A minha esposa Luciana por caminhar junto e ser co-participante deste
empreendimento.
Aos familiares e amigos por emprestarem suas vidas no compartilhamento
deste projeto.
Ao prof. Dr. Kléber Alves, meu orientador, quem me fez acreditar que seria
possível.
Aos professores doutores César Andrade (Bioquímica-UFPE) e Flávio José
(PPGEM-UFPE) pelas contribuições ao projeto na fase de qualificação.
Ao IFPE campus Caruaru, na pessoa da diretora Prof. Dra. Elaine Rocha, por
assegurar-me um tempo de qualidade para o exercício desta pesquisa.
À equipe do laboratório de Polímeros Não Convencionais (PNC-DF-UFPE)
chefiada pelo prof. Dr. Celso de Melo, pela paciência e empenho em conduzir-me
nos primeiros passos.
À equipe do BSTR (DQF-UFPE) chefiada pelo prof. Dr. Severino Júnior,
representada na pessoa do Dr. Leonis da Luz, por jamais ter medido esforços para
garantir o desenvolvimento da pesquisa naquelas instalações.
Ao prof. Dr. Marcus de Araújo (DEMEC – UFPE) pela importante contribuição
na obtenção das imagens termográficas de um dos compósitos desenvolvidos.
Aos técnicos de laboratório envolvidos na etapa de caracterização do material
pesquisado, dentre os quais destaco Sérgio Santos (MEV – DF – UFPE) e Elaine
Silva (Central Analítica – DQF – UFPE).
“Embora a meta da ciência possa ser diferenciada de outras metas e avaliações epistemológicas distintas de outras avaliações, a atividade científica encerrada na busca dessa meta não pode estar separada de outras atividades que servem a outros objetivos” (CHALMERS, 1994, p. 152)
RESUMO
Buscando atender um anseio contemporâneo por novos materiais com
características multifuncionais, apresentamos neste trabalho, o desenvolvimento de
dois compósitos híbridos, orgânico/inorgânico, baseados em polianilina e
ortovanadato de ítrio (YVO4) co-dopado com Érbio e Itérbio trivalentes. Ambos, com
propriedades elétrica e ótica, sensíveis à vapores de HCl e NH3. Empregamos as
técnicas de polimerização micelar e por emulsão para síntese da polianilina utilizada
em cada compósito respectivamente. Para caracterização dos compósitos
empregamos as técnicas de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV),
Espectroscopia de absorção na região do infravermelho (FTIR), Difração de Raios X
(DRX), Espectroscopia de impedância, Espectroscopia de fotoluminescência,
Imagens termográficas e Curva de corrente vs tensão elétrica. O primeiro compósito
consiste de nanofibras processadas com álcool polivinílico (PVA) através da técnica
de eletrofiação. Medimos a variação da impedância desse material quando exposto
ao vapor de HCl e registramos uma diminuição significativa no seu valor. Também
registramos um forte aumento da luminescência do compósito quando irradiado com
laser de 980 nm durante a exposição ao mesmo vapor. Verificamos ainda que
durante luminescência, o material alcança elevada temperatura, próxima de 100°C,
sem sofrer alterações em suas características físicas macroscópicas. O segundo
compósito consiste de uma membrana de Poliestireno recoberta com polianilina
oxidada pelo ortovanadato de ítrio. Através das medidas elétricas do material
confirmamos sua característica de condutor ôhmico. Medimos seu comportamento
ôhmico quando exposto ao vapor de NH3 e registramos uma acentuada elevação no
valor da resistência. Da mesma forma medimos a luminescência do material quando
exposto ao mesmo vapor e registramos uma diminuição significativa da intensidade.
Confirmamos que tanto o comportamento elétrico quanto ótico, observados nos 2
compósitos, são reversíveis, uma vez que as medidas foram realizadas em ciclos
sucessivos de adsorção/dessorção do gás. A pesquisa aponta para possíveis
aplicações na área de sensoriamento, como também abre caminho para
investigações em outras áreas de aplicação tais como remediação de sistemas
aquosos e esterilização de microrganismos patogênicos.
Palavras-chave: Compósito. Polianilina. Ortovanadato de ítrio. Elevador de
frequência. Sensores.
ABSTRACT
In order to meet a contemporary longing for new materials with multifunctional
characteristics, we present in this work the development of two organic / inorganic
hybrid composites based on polyaniline and yttrium orthovanadate (YVO4) co-doped
with trivalent Erbium and Ytterbium. Both with electrical and optical properties,
sensitive to HCl and NH3 vapors. We used micellar and emulsion polymerization
techniques to synthesize the polyaniline used in each composite, respectively. In
order to characterize the composites, we used the techniques of Scanning Electron
Microscopy (SEM), Infrared Absorption Spectroscopy (FTIR), X-Ray Diffraction
(XRD), Impedance Spectroscopy, Photoluminescence Spectroscopy, Thermal
Imaging and Current vs. Electric tension Curve. The first composite consists of
nanofibers processed with PVA through the electro-spinning technique. We
measured the impedance variation of this material when exposed to HCl vapor and
recorded a significant decrease in its value. We also recorded a strong increase in
luminescence of the composite when irradiated with 980 nm laser during exposure to
the same vapor. We also verified that during luminescence the material reaches high
temperature, close to 100°C, without altering its macroscopic physical characteristics.
The second composite consists of a polystyrene membrane coated with polyaniline
oxidized by yttrium orthovanadate. Through the electrical measurements of the
material we confirm its characteristic of ohmic conductor. We measured its ohmic
behavior when exposed to NH3 vapor and recorded a marked increase in the
resistance value. In the same way we measured the luminescence of the material
when exposed to the same vapor and recorded a significant decrease of the
intensity. We confirm that both the electric and optical behavior, observed in the two
composites, are reversible, since the measurements were carried out in successive
gas adsorption/desorption cycles. Thus, the research indicates possible applications
in the area of sensing, but also opens the way for investigations in other areas of
application such as remediation of aqueous systems and sterilization of pathogenic
microorganisms.
Keywords: Composite. Polyaniline. Yttrium orthovanadate. Up conversion. Sensors
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema ilustrativo do nível de energia do elétron de
uma molécula orgânica de bifenil. (a) Estado
fundamental, molécula do tipo "benzóide" (b) Estado
ionizado, molécula do tipo "quinóide"................................. 30
Figura 2 – Ilustração para representar a formação de Bipolaron e a
propagação de Sóliton no Poliacetileno............................. 31
Figura 3 – Estequiometria da oxidação da anilina utilizando
Persulfato de amônio ......................................................... 32
Figura 4 – Esquema do processo de polimerização da anilina .......... 33
Figura 5 – Estrutura química da polianilina ……….............................. 34
Figura 6 – Esquema de polimerização micelar da anilina utilizando
SDS .................................................................................... 35
Figura 7 – Representação do deslocamento de Stokes ..................... 38
Figura 8 – Mecanismo de transferência de energia do ligante (T1)
para o íon Lantanídeo (N1) ................................................ 39
Figura 9 – Demonstração do processo de emissão Anti-Stockes
num cristal diamante .......................................................... 40
Figura 10 – Diagrama dos níveis de energia para emissão UC em
sistemas co-dopados com Er3+ e Yb3+. ........................... 42
Figura 11 – Parte superior: diagrama esquematizando síntese do
compósito PAni-YVO4(Er2%,Yb8%)-PVA ......................... 50
Figura 12 – Esquema do aparato utilizado para eletrofiação ............... 52
Figura 13 – Parte superior: diagrama esquematizando síntese do
compósito PAni-YVO4(Er2%,Yb8%)-PVA. Parte inferior:
imagem da solução (A) antes e (B) depois da primeira
agitação por 24 horas......................................................... 50
Figura 14 – Esquema do aparato utilizado para eletrofiação ............... 54
Figura 15 – Esquema ilustrativo de montagem do aparato para
medida de impedância ....................................................... 55
Figura 16 – Ilustração do aparato para medida de fluorescência na
presença de vapor................................................ 56
Figura 17 – Ilustração do tratamento térmico empregado à membrana
de PS ................................................................................. 58
Figura 18 – Imagens em sequência da reação de poli condensação ... 56
Figura 19 – Imagem do pó obtido após a primeira calcinação (a).
Após adição de KCl e segunda calcinação (b). ................. 58
Figura 20 – Esquema ilustrativo do aparato para recobrimento do PS.
a) antes b) depois da polimerização .................................. 59
Figura 21 – Imagem de uma membrana real antes (a) e depois do
recobrimento (b).................................................................. 59
Figura 22 – Imagem de microscopia eletrônica de varredura das
fibras produzidas no método I. (a) 300X, (b) 4000X .......... 63
Figura 23 – Imagem de microscopia eletrônica de varredura das
fibras produzidas através do método II, amostra 1. (a)
1000X, (b) 10.000X com distribuição de diâmetros........... 65
Figura 24 – Imagens de microscopia eletrônica das produzidas
através do método II, amostra 2, com indicação das
contas. (a) 1000X, (b) 10.000X .......................................... 67
Figura 25 – Imagens de microscopia eletrônica das fibras produzidas
através do método II, amostra 3 com destaque para
formação de fitas. (a) 1000X, (b) 10.000X......................... 68
Figura 26 – Imagem de microscopia eletrônica de varredura das
NF_PYP. (a) 5000X, (b) 15.000X com distribuição de
diâmetros e indicação de formação de fitas. ..................... 70
Figura 27 – Imagem de microscopia eletrônica de varredura do
tamanho de partícula do YVO4 [Er 2%; Yb 8%] com
distribuição de tamanhos ...................................................
71
Figura 28 – Espectroscopia de absorção no UV-visível para PAni e
PYP .................................................................................... 72
Figura 29 – Espectroscopia de Infravermelho. (a) da PAni sintetizada.
(b) da NF_PYP sintetizada ................................................ 73
Figura 30 – Medidas de espectroscopia de impedância das NF_PYP:
em ambiente livre, sem vapor (a), submetidas ao vapor
de HCl de 0 a 10 KHz (b), na faixa de 0 à 100 Hz (c),
retorno ao ambiente livre, sem vapor, na faixa de 0 a 100
Hz(d).................................................................................. 77
Figura 31 – Espectro de fotoluminescência da NF_PYP com laser de
980 nm em diferentes potências........................................ 78
Figura 32 – Espectro de fotoluminescência da NF_PYP excitada com
laser de 980 nm em 2500mW, com e sem exposição ao
vapor de HCl...................................................................... 79
Figura 33– Espectro de temperatura para amostras expostas ao
laser de 980 nm com respectivas imagens termográficas.
NF_PP (a), NF_PYP (b), NF_HPY (c), NF_HP (d) ............ 81
Figura 34 – Imagem de MEV da NW_PS. a) 5000X com distribuição
de diâmetros b) 80000X...................................................... 83
Figura 35 – Imagem de MEV da NW_PS após tratamento com
plasma de ar. a) 5000X com distribuição de diâmetros b)
80000X............................................................................... 84
Figura 36 – Imagem de MEV da PAni_YVO4 (Ln). a) 5000X b)
105000X.............................................................................. 85
Figura 37 – Imagem de MEV da NW_[PS]PAni_Y*. a) 20000X b)
50000X................................................................................ 86
Figura 38 – DRX do pó obtido da PAni_YVO4(Ln)................................ 87
Figura 39 – Espectro de FTIR do YVO4(Ln), PAni_YVO4(Ln) e
NW[PS]PAni_Y*................................................................. 89
Figura 40 – Curva de corrente vs tensão (I-V) para NW[PS]PAni_Y*... 90
Figura 41 – Comportamento da corrente elétrica em função da tensão
durante o ciclo 1 de exposição ao vapor de NH3.
Imediatamente exposto (A). Após 2 minutos de exposição
(B). Imediatamente após retirado (C). Após 2 minutos da
retirada do vapor (D)........................................................... 91
Figura 42 – Comportamento da corrente elétrica em função da tensão
durante o ciclo 2 de exposição ao vapor de NH3.
Imediatamente exposto (A). Após 2 minutos de exposição
(B). Imediatamente após retirado (C). Após 2 minutos da
retirada do vapor (D)........................................................... 91
Figura 43 – Variação da resistência elétrica da NW[PS]PAni_Y* na
presença de amônia........................................................... 92
Figura 44 – Fotoluminescência da NW[PS]PAni_Y* exposta ao fluxo
contínuo de NH3................................................................. 94
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela 1: Compósitos de PAni aplicados como sensor de
gás ................................................................................... 24
Tabela 2 – Comparação entre alguns compósitos utilizados como
sensor de gás ......................................................................
25
Tabela 3 – estados de oxidação da Polianilina ..................................... 32
Tabela 4 – Propriedade dos reagentes utilizados na síntese das
NF_PYP ............................................................................... 45
Tabela 5 – Quantidade de reagentes utilizados nos métodos de teste
para obtenção da solução polimérica .................................. 46
Tabela 6 – Amostras obtidas através do método II de síntese .............. 46
Tabela 7 – Descrição dos reagentes e suas quantidades para síntese
da polianilina ........................................................................ 48
Tabela 8 – Equipamentos utilizados para caracterização das
NF_PYP ............................................................................... 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APS Persulfato de amônio
BC Banda de condução
BNC Conector “Bayonet Neill Concelman”
BV Banda de valência
DDP Diferença de potencial
DMF Dimetilformamida
DNA Ácido desoxirribonucleico
DRX Difração de raios X
FTIR Espectro de infravermelho por transformada de Fourier
HOMO Orbital molecular ocupado de maior energia
HUD “Head up display”
ICT Transferência de carga intermolecular
LUMO Orbital molecular desocupado de menor energia
MEV Microscopia eletrônica de varredura
NIR Próximo ao infravermelho
NC_PYP Nanocompósito de Polianilina com ortovanadato de ítrio e
álcool polivinílico
NF_PYP Nanofibras de Polianilina com ortovanadato de ítrio e álcool
polivinílico
NW_[PS]PAni_Y* Membrana de poliestireno recoberta com polianilina oxidada
pelo ortovanadato de ítrio dopado com lantanídeos
NW_PS Membrana de poliestireno
PAni Polianilina
PAni_YVO4(Ln) Polianilina oxidada pelo ortovanadato de ítrio dopado com
lantanídeos
p/v Peso por volume
PET Politereftalato de etileno
PTFE Politetrafluoretileno
PMMA Polimetilmetacrilato
PPi Polipirrol
PS Poliestireno
PVA Álcool polivinílico
SDS Dodecil Sulfato de Sódio
UC “Up Conversion”
UV Ultravioleta
Vis Visível
vs versus
LISTA DE SÍMBOLOS
(C2H4O)n Álcool polivinílico
(NH4)2S2O8 Persulfato de amônio
[n]S2O8 Óxido a base de enxofre
Al Alumínio
C12H25NaO4S Dodecil sulfato de sódio
C6H5NH2 Anilina
C6H8O7 Ácido cítrico
Er(NO3)3 Nitrato de érbio
Er3+ Érbio trivalente
Et3N Trietilamina
Gd Gadolínio
HCl Ácido clorídrico
KBr Brometo de potássio
KCl Cloreto de potássio
La Lantânio
Lu Lutécio
NaYF4 Tetrafluoreto de ítrio e sódio
NF_PP Nanofibras de polianilina com PVA
NF_HPY Nanofibras de PVA com YVO4(Er 2%; Yb 8%)
NF_HP Nanofibras de PVA
Sc Escândio
V2O5 Óxido de vanádio (V)
Y Ítrio
Y(NO3)3 Nitrato de ítrio
Yb(NO3)3 Nitrato de itérbio
Yb3+ Itérbio trivalente
YVO4 Ortovanadato de ítrio
YVO4(Er 2%; Yb 8%) Ortovanadato de ítrio co-dopado com 2% de érbio e 8% de
itérbio
YVO4(Ln) Ortovanadato de ítrio dopado com lantanídeos
λ Comprimento de onda
LISTA DE UNIDADES DE MEDIDA
°C Grau célsio
µA Microampere
µL Microlitro
µm Micrômetro
cm-1 Por centímetro
CPS Ciclos por segundo
eV Elétron-volt
g Grama
GΩ Giga ohm
h Hora
Hz Hertz
kHz Quilohertz
kV Quilovolt
kΩ Quilo ohm
M Molar
mg Miligrama
min Minuto
mL mililitro
mm Milímetro
mmol Milimol
mW Miliwatt
MΩ Mega ohm
nm Nanômetro
rpm Rotação por minuto
s Segundo
S.cm-1 Siemens por centímetro
Ton. Tonelada
V Volt
Ω Ohm
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 22
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................. 26
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 26
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................. 28
2.1 POLÍMEROS CONDUTORES ............................................................ 28
2.2 MECANISMO DE CONDUÇÃO EM POLÍMEROS ............................. 28
2.3 A POLIANILINA (PANI) ....................................................................... 31
2.4 MATERIAIS COMPÓSITOS ............................................................... 35
2.5 COMPÓSITO HÍBRIDO ...................................................................... 36
2.6 COMPÓSITO DE PANI ....................................................................... 36
2.7 FOTOLUMINESCÊNCIA .................................................................... 37
2.7.1 Emissões Anti-Stokes ...................................................................... 37
2.7.2 O efeito “Up Conversion” ................................................................ 40
2.7.3 Uso do YVO4 dopado com Terras Raras na emissão UC ............. 43
2.8 ASSOCIAÇÃO DA PANI COM YVO4 DOPADO COM LANTANÍDEOS ...................................................................................
43
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................. 45
3.1 PREPARAÇÃO DAS NANOFIBRAS DE PANI-YVO4(ER 2%; YB 8%)-PVA .............................................................................................
45
3.1.1 Materiais ............................................................................................ 45
3.1.2 Pré testes de produção .................................................................... 46
3.1.3 Síntese do YVO4 (Ln) ....................................................................... 46
3.1.4 Síntese da PAni ................................................................................. 48
3.1.5 Síntese das NF_PYP ......................................................................... 51
3.1.6 Caracterização .................................................................................. 52
3.2 PREPARAÇÃO DA MEMBRANA DE POLIESTIRENO
RECOBERTAS COM PANI OXIDADA POR YVO4(LN) .....................
56
3.2.1 Materiais ............................................................................................ 56
3.2.2 Preparação da membrana de Poliestireno (NW_PS) ..................... 57
3.2.3 Síntese da NW_[PS]PAni_Y* ............................................................ 58
3.2.4 Caracterização .................................................................................. 60
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 62
4.1 PRÉ TESTES ...................................................................................... 62
4.2 ANÁLISE DA NF_PYP ........................................................................ 69
4.2.1 Morfologia .......................................................................................... 69
4.2.2 Absorção em UV-visível (UV-Vis) .................................................... 71
4.2.3 Absorção na região do Infravermelho (FTIR) ................................. 73
4.2.4 Espectroscopia de impedância (EI) ................................................ 74
4.2.5 Fotoluminescência ........................................................................... 78
4.2.6 Comportamento Térmico ................................................................. 80
4.3 ANÁLISE DA NW_PANI[PS]_Y*.......................................................... 82
4.3.1 Morfologia .......................................................................................... 82
4.3.2 Difração de raios X (DRX) ................................................................ 87
4.3.3 Absorção na região do Infravermelho (FTIR) ................................. 88
4.3.4 Comportamento elétrico .................................................................. 89
4.3.5 Fotoluminescência (FL) .................................................................... 93
5 CONCLUSÕES ................................................................................... 96
6 PERSPECTIVAS ................................................................................ 98
REFERÊNCIAS .................................................................................. 99
APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO EM PERIÓDICO INTERNACIONAL .............................................................................
109
APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO NOS ANAIS DO 14°CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍMEROS EM OUTUBRO/2017 ................................................................................
110
22
1 INTRODUÇÃO
A busca por novos materiais que agreguem o maior número de
funcionalidades com baixos custos de produção e eficiência energética, tem sido um
dos principais objetivos da ciência aplicada nos últimos anos (TRASSIN, 2016).
Materiais que apresentam comportamentos incomuns, tais como: sensitividade a
variação de temperatura, de pressão ou de deformação, capacidade para detectar
um problema, memorizar processos repetitivos, e iniciar uma apropriada ação para
preservar a integridade estrutural enquanto continua a realizar suas funções básicas,
são chamados de “materiais inteligentes” (SYNYTSKA, et al., 2012) (GALANTAI, et
al., 2012). Numa definição simples, material inteligente é aquele que possui
propriedade funcional de sensor e/ou atuador. A exemplo disso temos ligas com
memória de forma (YASUHIRO, et al., 2016), cristais piezelétricos utilizados como
sensores de vibração e ultrassom (KALIAPAN; MENZEL, 2015), fibras óticas na
transmissão de dados (HECHT, 2012), fluidos eletro e magneto reológicos aplicados
para o amortecimento de vibrações através da variação do campo elétrico ou
magnético (GHAFFARI, et al., 2015), substâncias orgânicas utilizadas para monitorar
taxas de elementos no sangue, liberar fármacos, mapear tumores e auxiliar na
destruição de células cancerígenas (SIEGEL, 2014).
O emprego da nanotecnologia no desenvolvimento de materiais elevou
significativamente o alcance nas aplicações destes (KIS, et al., 2002). Isso porque
ela torna possível manipular estruturas em escala atômica e molecular atribuindo-
lhes funções coordenadas que responderão com enorme eficiência no plano
macroscópico. As aplicações vão desde a computação quântica até a medicina
biomolecular (HE, et al., 2014). Já tornou-se uma realidade a introdução de
dispositivos eletrônicos em roupas (SUH, et al., 2014), o que se denomina tecidos
inteligentes (CHOI, et al., 2013), vidros que escurecem sob a incidência de luz solar,
fachadas de vidro que também funcionam como células fotovoltaicas (LUGO-
LOREDO, et al., 2014), tintas capazes de detectar microfissuras em uma estrutura
(NELSON, 2012), entre outras.
Uma das classes de materiais investigados nesta pesquisa é a dos polímeros
condutores intrínsecos. Enquanto a maioria dos polímeros convencionais (PET, PS,
23
PTFE entre outros) tem condutividade inferior a 10-13 S.cm-1, os polímeros
condutores representam uma classe de materiais poliméricos com propriedades
eletrônicas, eletroquímicas e óticas interessantes, tais como: estabilidade química,
processabilidade, eletrocromismo, condutividade elétrica e reversibilidade em seus
processos eletroquímicos, que os capacitam para diversas aplicações possíveis.
Essa nova classe de materiais, denominada também de “Metais Sintéticos”, pode
combinar as propriedades mecânicas e processabilidade dos polímeros
convencionais com comportamento elétrico, ótico e magnético semelhante aos
metais ou semicondutores inorgânicos.
Os Polímeros Intrinsecamente Condutores (PICs) têm como característica a
presença de ligações π conjugadas em sua estrutura, ou seja, alternância de
ligações simples e duplas ao longo da cadeia, requisito necessário para o processo
de condução (MATTOSO, et al., 1994). Há algum tempo, PICs, tais como a
polianilina (PAni) e o polipirrol (PPi) tem atraído bastante atenção de pesquisadores
devido às diversas aplicações tecnológicas (MACDIARMID, 2002), devido a suas
propriedades as quais podemos destacar: estabilidade ambiental, facilidade de
processamento, elevada condutividade e baixo custo. Desde que a incorporação
desses polímeros em revestimentos orgânicos oferece uma eficiente proteção de
ligas metálicas contra corrosão (SELVARAJ, et al., 2010), a síntese de novos
compósitos híbridos orgânico/inorgânico tem atraído bastante atenção devido ao fato
dos mesmos exibirem propriedades físicas distintas dos dois ou mais constituintes
na forma isolada (CARUSO, et al., 1998).
A PAni já foi utilizada em compósitos híbridos empregados no sensoriamento
de diferentes gases. Os exemplos descritos na Tabela 1 tem em comum o fato da
propriedade elétrica da PAni se destacar como elemento sensível.
24
Tabela 1: Compósitos de PAni aplicados como sensor de gás
Compósito Gás Referência
ZnO/PAni NH3 (DHINGRA, et al., 2013)
PS-PAni Etanol, HCl e NH3 (YANGA & LIAU, 2009)
PAni/Fe/Al CO (DIXIT, et al., 2005)
PAni/TiO2 NH3, Tolueno, Etanol, Acetona, Tricloro metano, Etil acetato
(QI, et al., 2014)
PAni/Pd Metanol (ATHAWALE, et al., 2006)
PAni/Cu Clorofórmio (SHARMA, et al., 2002)
PAni/Au/Al2O3 Acetona (DO & WANG, 2013)
PAni/SnO2 Etanol, Acetona (GENG, et al., 2007)
Fonte: O Autor
Outros elementos que merecerão nossa atenção neste trabalho são os Terras
Raras: elementos químicos que podem funcionar como elevadores de frequência
(DANTELLE, et al., 2014). Geralmente incorporados numa rede cristalina, os
lantanídeos absorvem energia de baixa radiação e emitem radiação no espectro de
luz visível (CUI, et al., 2012). Tal propriedade fotoluminescente tem atraído bastante
atenção dos pesquisadores na área de engenharia de materiais (MAHATA, et al.,
2014).
Em 2011, pesquisadores demonstraram o primeiro caso de transferência
eficiente de energia de poli-ligantes para íons de Térbio trivalentes, através de uma
solução de siloxano reticulado. Após uma reação de hidrólise com HCl, a solução
passava a emitir luz verde intensa quando excitada na região do UV (254 nm)
(WANG, et al., 2011). Outro importante trabalho, publicado em 2012, demonstrou
que a PAni dopada com Terras Raras apresentava elevação de sua condutividade e
emissão fluorescente. Os pesquisadores adicionaram à PAni-EB (não condutora)
diferentes quantidades de íons Terras Raras trivalentes, obtendo amostras de Eu-
PAni (Európio com Polianilina), Tb-PAni (Térbio com Polianilina) e Y-PAni (Ítrio com
Polianilina). As medidas confirmaram que o aumento na proporção dos íons
aumentou a condutividade da amostra. A presença dos íons também resultou em um
significativo aumento da fluorescência da PAni em 410 nm (ZHANG, et al., 2012).
25
A proposta de um material compósito é combinar as diferentes propriedades
dos elementos que o constituem. Assim, um mesmo material pode desempenhar
mais de uma função por conta de suas diversas propriedades. Trabalhos recentes
tem revelado o potencial promissor de materiais multifuncionais em áreas tais como
optoeletrônica (CAI, et al., 2017) e mecânica (CHO, et al., 2018), dentre outras.
Na tabela 2 apresentamos alguns exemplos de compósitos pesquisados nos
últimos 5 anos e apresentados como sensores de gases. Existem aqueles cuja
propriedade elétrica é explorada para o sensoriamento enquanto outros exploram a
propriedade ótica como elemento sensor.
Tabela 2: Comparação entre alguns compósitos utilizados como sensor de gás
Compósito Morfologia Gás analito Sensor
Referência Elétrico Ótico
ZnO/PAni Pastilha NH3 X (DHINGRA, et al., 2013)
PAni/TiO2 Membrana
NH3, Tolueno, Etanol, Acetona, Tricloro metano, Etil acetato
X
(QI, et al., 2014)
PAni/Au/Al2O3 Acetona X (DO & WANG, 2013)
Argila/
Quitosana/Európio Filme Et3N, HCl
X (YANG, et al., 2016)
Bodipy-TPA-R Filme HCl X (ZHANG, et al., 2016)
RbTPE Solução HCl, NH3 X (YANG, et al., 2016)
Fonte: O autor
É consistente afirmar que a associação da Polianilina com Terras Raras pode
proporcionar o desenvolvimento de materiais cujas propriedades elétricas e óticas
possam ser exploradas para sensoriamento de gases tais como HCl e NH3, algo
bastante incomum nas pesquisas recentes. O HCl é um produto primário da queima
de combustíveis e pela incineração de plásticos que contém cloro. O HCl não só
danifica a troposfera diminuindo o ozônio ali presente, como também se torna fonte
de chuvas ácidas. Já o NH3 é um gás exalado na decomposição de matéria orgânica
26
animal. Esse gás é resultado da atividade biológica das bactérias pseudômonas na
decomposição dos aminoácidos presentes na proteína animal.
1.1 OBJETIVO GERAL
Preparar e caracterizar nanocompósitos híbridos de polianilina e ortovanadato
de Ítrio dopado com Terras Raras (PAni)/YVO4(Ln3+), testando os mesmos como
sensores de gases.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Sintetizar nanocompósito de PAni-YVO4(Er 2%; Yb 8%)-PVA através da
técnica de polimerização micelar in situ;
2. Sintetizar nanofibras de PAni-YVO4(Er 2%; Yb 8%)-PVA (NF_PYP) através da
técnica de eletrofiação;
3. Caracterizar morfologia dos materiais obtidos, bem como sua absorção na
faixa do UV-Vis-NIR e na região do infravermelho;
4. Caracterizar impedância elétrica e fotoluminescência do material obtido;
5. Examinar o comportamento da impedância elétrica e fotoluminescência das
NF_PYP quando submetidas ao vapor de HCl;
6. Examinar o comportamento térmico das NF_PYP durante a fotoluminescência
através de imagens termográficas;
7. Testar síntese da Polianilina com oxidação direta pelo YVO4(Ln);
8. Sintetizar membrana de Poliestireno (NW_PS) através das técnicas de
eletrofiação, tratamento térmico e plasma de ar;
9. Recobrir membrana de Poliestireno com PAni_YVO4(Ln) através da técnica
de polimerização em emulsão;
10. Caracterizar morfologia, planos de difração de raio X, absorção na região do
infravermelho, curva de corrente vs tensão elétrica, e fotoluminescência da
membrana obtida;
27
11. Examinar o comportamento elétrico da membrana recoberta
(NW_[PS]PAni_Y*), quando exposta ao vapor de NH3;
12. Examinar o comportamento fotoluminescente da membrana recoberta
(NW_[PS]PAni_Y*), quando exposta ao vapor de NH3.
28
2 REVISÃO DE LITERATURA
Para que se possa compreender as bases deste trabalho, faremos a seguir
uma breve exposição de temas fundamentais, tais como: história dos polímeros
condutores, mecanismo de condução, o caso da polianilina, materiais compósitos,
compósito híbrido, compósito contendo polianilina, fotoluminescência e associação
da polianilina com o ortovanadato de ítrio dopado com Terras Raras [YVO4(Ln)].
2.1 POLÍMEROS CONDUTORES
Embora a ideia de que sólidos orgânicos pudessem apresentar elevada
condutividade elétrica tenha sido proposta na década de 1940, somente em 1976,
por acidente, no Laboratório do Instituto de Tecnologia de Tóquio, ocorreu a
descoberta dos polímeros condutores de forma intrínseca. Na ocasião, um estudante
ao tentar sintetizar o poliacetileno, utilizou uma quantidade de catalisador 1000
vezes maior que a necessária e produziu um lustroso filme prateado. Pouco tempo
depois se observou que após a dopagem do poliacetileno com iodo, o filme tornava-
se uma folha metálica dourada tendo sua condutividade elétrica aumentada
sensivelmente (FAEZ, et al., 2000).
As pesquisas seguintes concluíram que polímeros tais como o poliacetileno, a
polianilina, o polipirrol e o politiofeno podem passar do estado de isolante a condutor
elétrico através do processo de oxidação ou redução. O polímero neutro isolante é
convertido num par iônico que consiste em um cátion ou ânion polimérico e o seu
contra-íon (forma reduzida do oxidante ou oxidada do redutor). Quando um agente
oxidante é utilizado, o processo é denominado dopagem tipo p enquanto o agente
redutor realiza uma dopagem tipo n. Os primeiros processos de dopagem
conseguiam alcançar condutividades da ordem de 10³ S.cm-1 para o poliacetileno
(BRÊDAS; STREET, 1985).
2.2 MECANISMO DE CONDUÇÃO EM POLÍMEROS
A condução de carga numa cadeia polimérica está relacionada com a
densidade de impurezas bem como dos defeitos estruturais presentes no polímero.
Na ausência de defeitos químicos ou físicos, o transporte se dá pelas interações
29
elétron-elétron ou elétron-fónon (energia vibracional associada a rede cristalina)
(SKOTHEIN; REYNOLDS, 2007).
Os polímeros, onde ocorre o deslocamento de elétrons na cadeia por reações
de Redução ou Oxidação (REDOX) com a vizinhança (impurezas adicionadas), são
denominados Polímeros Condutores Intrínsecos ou simplesmente polímeros
REDOX. Quando a oxidação de um polímero é realizada em meio ácido ocorre a
protonação, ou seja, prótons (H+) se distribuem ao longo da cadeia polimérica
(INZELT, 2008).
Assim como em cristais semicondutores inorgânicos, os polímeros possuem
em sua rede um nível de energia ocupado por elétrons, denominado banda de
valência (BV) e um nível de energia, vazio, para onde poderá ser transportado
elétrons, denominado banda de condução (BC). O tamanho da diferença entre as
bandas de valência e condução é o que vai determinar a condição de condutor ou
isolante para o polímero. Deve-se observar, no entanto, que uma banda de energia
corresponde ao conjunto de vários níveis discretos de energia associados aos
orbitais eletrônicos. Assim, no estudo dos semicondutores orgânicos, ao
considerarmos um elétron na banda de valência, passamos a tratar a energia de
vários orbitais dentro da banda, onde esse elétron pode transitar. O orbital
denominado HOMO, do inglês Highest Occupied Molecular Orbital (Orbital Molecular
Ocupado de Maior energia), é aquele ocupado pelo elétron antes de saltar para
banda de condução. Já na banda de condução, o orbital LUMO, do inglês Lowest
Unoccupied Molecular Orbital (Orbital Molecular Desocupado de Menor energia) é
aquele de menor energia dentro da banda que se encontra vazio.
O processo de dopagem a fim de tornar um polímero condutor, consiste
simplesmente em tornar a diferença entre BV e BC o menor possível, de tal modo
que o elétron do HOMO mova-se para o LUMO.
BRÊDAS e STREET (1985) ilustram o processo de ionização da molécula
orgânica Bifenil (Figura 1). Quando em seu estado fundamental a molécula
apresenta geometria do tipo “benzoide”. Já no estado ionizado, a molécula possui
geometria do tipo “quinoide”, o que causa a distorção na rede cristalina
proporcionando o transporte de carga.
30
A figura 1-a ilustra os níveis de energia orbital de uma molécula orgânica em
seu estado fundamental, onde EIP-v corresponde à diferença de energia entre o
estado fundamental e o estado ionizado. Na figura 1-b temos a representação da
molécula em estado de ionização. Note que o orbital de maior energia (HOMO)
dentro da banda de valência se eleva enquanto o orbital menos energético (LUMO)
dentro da banda de condução diminui, tornando a diferença entre eles menor. Isto
ocorre pelo emprego de uma energia para distorcer a geometria molecular a qual
denominamos Edis. Como se pode perceber na figura, a diferença de energia
associada a um elétron no orbital de maior energia na passagem do estado
fundamental para o estado ionizado (EIP-v – EIP-d) é definida como ∆ԑ. Logo, quando
∆ԑ > Edis temos favorecida a permanência do estado ionizado na molécula orgânica.
O surgimento do íon radical na cadeia polimérica é denominado “Polaron”. A energia
de ligação de um polaron é definida pela diferença entre ∆ԑ e Edis (∆ԑ - Edis). Por
exemplo, a energia de ligação para o polaron do Polipirrol é de 0,12 eV.
Figura 1: Esquema ilustrativo do nível de energia do elétron de uma molécula orgânica de bifenil. (a) Estado fundamental, molécula do tipo "benzóide" (b) Estado ionizado, molécula
do tipo "quinóide"
Fonte: adaptado de BRÊDAS, J. L.; STREET, G.B., 1985
31
Quando dois íons se formam na cadeia polimérica tem-se um Bipolaron.
Neste caso a interação dos íons com a rede é maior que a repulsão Coulombiana o
que preserva a integridade da cadeia. Como está ilustrado na figura 2, se as duas
cargas se propagarem ao longo da cadeia sem alterar a energia de distorção da
rede (Edis), forma-se uma espécie de onda solitária, a que se denomina Sóliton
(BRÊDAS; STREET, 1985).
Figura 2: Ilustração para representar a formação de Bipolaron e a propagação de
Sóliton no Poliacetileno
Fonte: BRÊDAS; STREET, 1985
2.3 A POLIANILINA (PANI)
Desde que descoberta suas propriedades de condução elétrica nos anos de
1980, a PAni, dentre os polímeros condutores, vem se destacando nos últimos anos
por sua versatilidade nas mais diversas aplicações, das quais destacamos eletrodos
para componentes eletrônicos (CHAUDHARI, et al., 2012), dispositivos para
blindagem eletromagnética (SUCHEA, et al., 2015), revestimentos anticorrosivos
(LU, et al., 2003), sensores de gás (FRATODDI, et al., 2015), atuadores na remoção
de DNA (MEDINA-LLAMAS, et al., 2014), remoção de corantes orgânicos em meios
aquosos por atividade fotocatalizadora (BAJAJ, et al., 2013), dentre outras.
A PAni apresenta diferentes estados de oxidação e protonação conforme
demonstrado na Tabela 3 (FAEZ, et al., 2000).
32
Tabela 3: Principais estados de oxidação da Polianilina
Estado de Oxidação Estrutura Cor* Característica
Leucoesmeraldina
Amarela
310
Isolante
Completamente reduzida
Sal de esmeraldina
Verde
320, 420, 800
Condutora
Parcialmente oxidada
Base esmeraldina
Azul
320, 620
Isolante
Parcialmente oxidada
Pernigranilina
Púrpura
320, 530
Isolante
Completamente oxidada
*Os valores numéricos referem-se aos comprimentos de onda (em nanômetros) em que a absorção é máxima.
Fonte: FAEZ et al (2000)
Para obtenção da PAni é utilizado oxidante do tipo [n]S2O8, em meio ácido. A
acidez e o pH do meio reacional têm forte influência na oxidação da anilina. A
obtenção de polímero com condutividade > 10-3 S.cm-1 ocorre em meio fortemente
ácido com pH < 2,5. Nestas condições, a polimerização oxidativa da anilina é uma
reação em cadeia. A reação tem uma fase inicial lenta, período chamado de
indução, onde os produtos de baixo peso molecular são formados, seguida de uma
fase exotérmica de rápido crescimento da cadeia polimérica de PAni (figura 3)
(SAPURINA; STEJSKAL, 2008).
Figura 3: Estequiometria da oxidação da anilina utilizando Persulfato de amônio
Fonte: SAPURINA; STEJSKAL, 2008
Inicialmente a anilina perde dois elétrons e um próton para formar um íon
nitrênio (figura 4-a) que ataca subsequentemente a anilina por substituição
eletrofílica (figura 4-b) de modo que a propagação seja realizada de forma
33
semelhante por oxidação da amina primária final de uma crescente cadeia de
polímero (figura 4-c), seguido por substituição eletrofílica (figura 4-d). O processo
tem sido referido como polimerização em cadeia por reativação, para destacar o fato
de que no final da cadeia formada, depois de cada adição de anilina, a mesma deve
ser reativada com um íon nitrênio obtido por oxidação e protonação. O produto final
da polimerização consiste numa cadeia carregada com carga positiva no estado de
Sal de Esmeraldina apresentado na figura 3 (ODIAN, 2004).
Figura 4: Esquema do processo de polimerização da anilina
Fonte: ODIAN, G., 2004
A estrutura da PAni apresenta unidades repetitivas representadas na figura 5,
a amina-fenileno (dímero benzenóide), unidade reduzida (y), e a imina-quinona
(dímero quinoide), unidade oxidada (1-y). A quantidade destas unidades na cadeia
determina o estado de oxidação da PAni. No estado leucoesmeraldina existem
apenas unidades reduzidas enquanto no estado pernigranilina, apenas unidades
oxidadas. No estado em que a PAni é condutora, sal de esmeraldina, ocorre a
presença das duas unidades, todavia com a protonação dos nitrogênios imínicos da
polianilina (-N=) presentes no dímero quinoide.
34
Figura 5: Estrutura química da polianilina
Fonte: (SKOTHEIN, T.A.; REYNOLDS, J.R, 2007)
Dentre os agentes oxidantes, o persulfato de amônio (NH4)2S2O8 é um dos
mais utilizados na síntese da polianilina (MAC DIARMID, et al., 1987), embora outros
oxidantes como dicromato de potássio (BAYRAMOGLU, 2011), cloreto de ferro (III)
(BLÁHA, et al., 2011), peróxido de hidrogénio (WANG Y., 2007) e óxido de vanádio
(LI, et al., 2009) também já tenham sido empregados com sucesso na obtenção do
estado de sal esmeraldina.
Os métodos empregados neste trabalho para obtenção da PAni foram, o de
polimerização em emulsão direta (ÖSTERHOLM, et al., 1994), e através de micelas
formadas por um surfactante (KURAMOTO; GENIÈS, 1995). Na técnica de
polimerização micelar, o surfactante age como nanoreatores durante a oxidação da
anilina (Figura 6).
35
Figura 6: Esquema de polimerização micelar da anilina utilizando SDS
Fonte: KURAMOTO; GENIÈS, 1995
Kuramoto e Geniès (1995) descrevem o esquema de polimerização micelar
da anilina utilizando o SDS (Dodecil Sulfato de Sódio). Através da figura 6 é possível
entender como ocorre a formação da micela. A anilina solubiliza no surfactante que
forma micelas com um núcleo hidrofóbico e uma interface hidrofílica (KIM, et al.,
2000). A estabilidade das micelas se dá por forças coulombianas. É na superfície
das micelas onde ocorre o processo de oxidação da anilina e posterior formação das
cadeias poliméricas. Comprovou-se que a utilização do SDS contribui para
aceleração da polimerização da PAni (YU, 2003).
2.4 MATERIAIS COMPÓSITOS
Um material compósito é aquele formado por mais de uma fase que exibe
proporcionalmente as propriedades de cada uma, tendo contudo uma melhor
combinação destas (CALLISTER, 2000). Assim, um mesmo material pode
apresentar propriedades que só poderiam ser observadas separadamente em
materiais distintos.
36
Vale ressaltar a existência de uma variedade de compósitos naturais tais
como: a madeira, formada por fibras de celulose envolvidas por lignina, e o osso,
formado por colágeno recoberto de apatita.
É importante destacar que em um material compósito, cada fase deve ser
quimicamente diferente, além de possuir uma interface entre elas, o que exclui a
maioria das ligas metálicas e muitos materiais cerâmicos. Na maioria dos casos
estes materiais são compostos por duas fases, uma contínua chamada Matriz, a
qual envolve a segunda, denominada geralmente fase dispersa (CALLISTER, 2000).
Em geral, os polímeros são utilizados como materiais da fase Matriz, pois é
desejável que o material compósito seja dúctil. Como exemplo de compósitos de
matriz polimérica destacam-se a fibra de vidro, a fibra de carbono e a fibra aramida.
2.5 COMPÓSITO HÍBRIDO
Quando uma fase matriz é composta por dois ou mais tipos de fibras
diferentes, o compósito é denominado híbrido. Este apresenta melhor combinação
global de propriedades quando comparado ao tipo que contém apenas um tipo de
fibra em sua matriz. Talvez o exemplo mais popular deste material seja o híbrido
vidro-carbono que consiste na incorporação de fibras de vidro e de carbono no
interior de uma resina polimérica resultando num material com alta resistência e
baixo custo de produção. Alguns materiais compósitos híbridos são reforçados com
uma mistura de particulados e fibras (MATTHEWS; RAWLINGS, 1994) tais como
novos materiais empregados em caneleiras de jogadores que contêm fibra de vidro
com micropartículas de sílica e cimento (TORRES, 2013).
2.6 COMPÓSITO DE PANI
A maioria dos métodos empregados para obtenção de compósitos contendo
PAni são geralmente baseados em dois tipos de processo: (i) uma etapa de
polimerização em que as reações REDOX e a formação de partículas ocorrem
simultaneamente, ou (ii) na polimerização in situ, onde partículas previamente
sintetizadas são misturadas ao monômero seguida por transformação química ou
eletroquímica de polimerização (SEN, et al., 2016).
37
2.7 FOTOLUMINESCÊNCIA
Abordaremos neste tópico a teoria que fundamenta a propriedade ótica do
material desenvolvido com a pesquisa.
2.7.1 Emissões Anti-Stokes
Em 1852, George Gabriel Stokes observou uma fluorescência numa solução
de quinina quando submetida à radiação UV. Em 1922, o físico indiano C.V. Raman
publicou em seu trabalho sobre Difração Molecular da Luz aquilo que posteriormente
viria a ser conhecido como espalhamento inelástico da luz. Quando um sistema, seja
uma molécula ou átomo, absorve um fóton, ele ganha energia e entra em um estado
de excitação. Uma maneira para o sistema relaxar é emitir um fóton, perdendo assim
a sua energia (outro método seria a perda de energia na forma de calor). Quando o
fóton emitido tem menos energia do que o fóton absorvido, esta diferença de energia
é denominada deslocamento de Stokes (Figura 7). Quando o fóton emitido possui
energia maior temos uma emissão anti-Stokes (AUZEL, 2004).
Até a década de 1960 pouco se conhecia sobre as emissões anti-Stokes
senão pelas definições de termoluminescência, onde armadilhas na estrutura
cristalina eram esvaziadas por excitação de energias da ordem de kT, e super
excitação, onde um elétron já excitado pelo estado de absorção era levado a um
nível ainda maior (AUZEL, 2004).
38
Figura 7: Representação do deslocamento de Stokes
Fonte: O Autor
Em 1942, Weissman e colaboradores estudando as propriedades de
derivados de dibenzoilmetano com os íons trivalentes de Al, Sc, Y, La, Gd e Lu,
foram os primeiros a reportarem a fotoluminescência de compostos contendo íons
lantanídeos (III). Foi observado um deslocamento de Stokes em que, excitando no
ultravioleta (comprimento de onda onde os ligantes absorviam), havia uma emissão
característica do íon lantanídeo (III) central. O processo de transferência de energia
entre um ligante, chamado de sensibilizador (o qual pode ser um íon ou molécula), e
um íon lantanídeo (chamado de ativador), ficou conhecido como “efeito antena” e é
composto por uma série de três etapas: na primeira, o sensibilizador é excitado por
uma fonte externa, em seguida a energia absorvida pelo sensibilizador é transferida
para o ativador por um processo eletrônico de conversão interna (intramolecular) e,
por fim, o ativador emite a radiação característica do mesmo. Este processo de
transferência de energia é ilustrado na figura 9, na qual se mostra um mecanismo de
transferência de energia em que o ligante é excitado do seu estado fundamental
singleto (S0) para o estado singleto excitado (S1), que então decai de forma não
radiativa para o estado tripleto (T1). Em seguida, o elétron é transferido por
conversão interna para o estado excitado do metal (N1), de onde decai para o estado
fundamental do metal, com a emissão de radiação (de MELO, et al., 2013).
39
Figura 8: Mecanismo de transferência de energia do ligante (T1) para o íon Lantanídeo (N1)
Fonte: (de MELO, et al., 2013)
A explicação da física moderna para uma emissão anti-Stokes está na
existência de fônons que correspondem a energia vibracional de uma estrutura
cristalina. Quando o fóton absorvido consegue liberar fônons da estrutura cristalina,
então o fóton emitido tem maior energia (LEE, et al., 2012) (SANTORI;
BEAUSOLEIL, 2012).
LEE et al (2012) demonstraram a emissão Anti-Stokes em uma rede cristalina
(figura 8) fazendo incidir sobre um diamante um pulso polarizado de 808 nm e após
um tempo um segundo pulso, de mesmo comprimento, polarizado ortogonalmente
em relação ao primeiro. No primeiro pulso observou-se a emissão de um fóton
Stokes e após o segundo pulso constatou-se a emissão de um fóton Anti-Stokes
(LEE, et al., 2012).
40
Figura 9: Demonstração do processo de emissão Anti-Stockes num cristal diamante
Fonte: SANTORI; BEAUSOLEIL, 2012
2.7.2 O efeito “Up Conversion”
“Up-conversion” (UC) fluorescência é um processo de anti-Stokes que
absorve dois ou mais fótons de ondas longas e, em seguida, emite um fóton de onda
curta (MAO, et al., 2014).
As pesquisas aplicadas ao efeito UC utilizam radiação de absorção no
espectro próximo ao infravermelho (NIR) com emissões que podem chegar até o
azul. Tradicionalmente os cristais utilizados são fluoretos e oxi-fluoretos dopados
com terras raras que funcionam como ativadores. Os fluoretos tais como NaYF4
possuem estrutura hexagonal e apresentam características favoráveis a novos
arranjos químicos (CUI, et al., 2012) (ZHANG, et al., 2011). Contudo, os óxidos
veem tornando-se uma alternativa a emissão de UC com vantagem sobre os
fluoretos por apresentarem melhor cristalinidade, melhor estabilização química e
dispersão aquosa mais fácil (DANTELLE, et al., 2014).
No presente trabalho utilizamos um par de íons ativadores de Yb3+ e Er3+ cujo
mecanismo de emissão UC é descrito a seguir.
41
Neste sistema os processos de transferência de energia estão relacionados
com a ocorrência de relaxação não radiativa, energia de fónon da estrutura cristalina
do ligante e emissão UC. Como descrito por Zhang et al (ZHANG, et al., 2010),
elétrons excitados no infravermelho em 980 nm saltam do nível de energia 2F7/2
(Yb3+) para 2F5/2 (Yb3+) e daí para os níveis 4I11/2(Er3+) e 4I13/2(Er3+). Já nos íons de
Érbio, elétrons saltam do estado fundamental 4I15/2(Er3+) para 4I11/2 (Er3+), e deste
para o nível 4F7/2(Er3+), decaindo, em seguida, não radiativamente, para os níveis
2H11/2(Er3+) e 4S3/2(Er3+), quando então decaem destes níveis para o estado
fundamental emitindo luz verde. A presença do Yb3+ contribui para aumentar a
eficiência da emissão UC devido seu alto coeficiente de absorção e ocupação do
nível 4I11/2(Er3+), o que favorece mais elétrons dos íons de Er3+ saltarem para o nível
4F7/2 (figura 10). Para garantir que o estado 4I11/2 do Er3+ tenha sempre uma boa
ocupação, a proporção do Yb3+ deve ser maior em relação ao Er3+ (ZENG, et al.,
2005). Um estudo recente otimizou a relação de proporcionalidade em 8% de Yb3+
para 2% de Er3+ associados ao ortovanadato de ítrio (YV04) alcançando uma
eficiente taxa de transferência de energia (SHYICHUK, et al., 2016).
42
Figura 10: Diagrama dos níveis de energia para emissão UC em sistemas co-dopados com Er3+
e Yb3+.
Fonte: adaptado de ZENG, et al., 2005
A associação de polímeros com nanocristais para efeito UC se dá pelo fato
dos polímeros apresentarem excelentes propriedades mecânicas, boa transmissão
dentro do espectro de luz visível e baixo custo de produção, o que os torna atraentes
matrizes para os nanocristais dopados com terras raras.
O emprego da nanotecnologia para obtenção do efeito UC aumentou
significativamente o número de possíveis aplicações além de conferir maior
eficiência ao mecanismo de emissão. Os recentes estudos apresentam técnicas que
melhoram ainda mais o efeito UC em nano estruturas tais como o mecanismo core-
shell (CUI, et al., 2012) (ZHANG, et al., 2011), técnica de recozimento (DANTELLE,
et al., 2014), concentração de terras raras (SOBCZYK, 2012) e testes com novos
polímeros (MA, et al., 2015).
As pesquisas envolvendo emissão UC em nanomateriais apontam para
aplicações tais como triagem de alto desempenho em Engenharia genética e
diagnóstico médico, bio-sondas, reconhecimento e separação de moléculas alvo
43
(GAO, et al., 2004), sensores químicos e biológicos, melhoramento de Lasers e
amplificadores luminosos (SCHEIFE, et al., 2004), painéis fotovoltaicos (RICHARDS,
2006), telas transparentes para desenvolvimento de “Head Up Display” (HUD) (HSU,
et al., 2014), dentre outras.
2.7.3 Uso do YVO4 dopado com Terras Raras na emissão UC
Entre os ligantes sensibilizadores relatados para luminescência UC, tem se
dado considerável atenção ao ortovanadato de ítrio (YVO4) devido às suas
potenciais aplicações em muitas áreas tais como no desenvolvimento de células
solares (de WILD, et al., 2011), biosensores multifuncionais (SHI, et al., 2013),
bioimagem para exames diagnósticos (LIM, et al., 2009) e na remoção de corantes
orgânicos por atividade fotocatalizadora (WANG, et al., 2014).
O YVO4 é um óxido cujo sistema cristalino é tetragonal de corpo centrado com
os seguintes parâmetros de rede: a = b = 0,71192 nm, c = 0,62898 nm (JEONG, et
al., 2007). Nesta estrutura o Y3+ é propenso a ser substituído por outros íons de
Terras Raras trivalentes sem compensação de carga. Dentre os íons ativadores
estudados, o Yb3+ e o Er3+ são considerados os melhores íons elevadores de
frequência, e quando associados ao YVO4 são classificados como promissoras
partículas para emissão UC. Neste sistema onde o YVO4 é dopado com Yb3+ e Er3+,
íons Yb3+ atuam como um sensibilizador que pode aumentar a absorção e transferir
eficientemente a energia de excitação para íons Er3+. Isso é devido ao fato do
coeficiente de absorção do Yb3+ ser muito maior do que o do Er3+ para um
comprimento de onda de excitação de 980 nm. Além disso, o YVO4 [Er3+; Yb3+] possui
estabilidade química e não é tóxico (CHENG, et al., 2014). Quando comparado ao
NaYF4, uma solução de nanopartículas de YVO4 dispersas em meio aquoso mostrou
muito melhor desempenho no efeito UC, do que nanocristais do fluoreto (MIALON, et
al., 2010).
2.8 ASSOCIAÇÃO DA PANI COM YVO4 DOPADO COM LANTANÍDEOS
A proposta de unir as propriedades elétricas da PAni com as propriedades
óticas do ortovanadato de ítrio (YVO4) em um único material ainda não foi muito
explorada. Há trabalhos que relatam a possibilidade de associação desses
44
elementos com o objetivo de degradar corantes orgânicos em meios aquosos por
atividade fotocatalizadora (BAJAJ, et al., 2013). Tal atividade se dá pela ativação do
elétron no orbital 3d do Vanádio quando submetido à luz visível (MOHAMED, et al.,
2012). Para Bajaj et al, por ser uma matriz condutora, a polianilina melhora ainda
mais a eficiência fotocatalítica de um compósito a base de vanadato (BAJAJ, et al.,
2013). Contudo, segundo Shiraishi et al, a atividade fotocatalítica do YVO4 concorre
com sua atividade fotoluminescente. Assim, quando a concentração da dopagem de
terras raras aumenta, a atividade fotocatalizadora diminui (SHIRAISHI, et al., 2015).
Quanto a atividade fotoluminescente de emissão “up conversion” produzida
por compósito a base de polímero e óxido, foi identificado na literatura um trabalho
associando o polimetilimetacrilato (PMMA) com o óxido de ítrio (Y2O3) dopado com
érbio trivalente (Er3+), onde se confirmou que nano cristais incorporados numa matriz
polimérica tendem a preservar suas propriedades óticas (ANDERS, et al., 2012).
Quanto ao uso da PAni para obtenção do efeito UC não foram localizados
trabalhos com tal proposta. Todavia a polianilina é empregada em pesquisas sobre
fotoluminescência (“down conversion”) onde está associada com fluoretos na
composição de materiais multifuncionais (YIN, et al., 2015) e como material foto
condutor sob a incidência de luz UV (GRIESSER, et al., 2012).
Por tudo já exposto até aqui, concluímos que um trabalho voltado para
elaboração de um compósito contendo PAni e YVO4 parece interessante, promissor
e de enorme potencial inovador no desenvolvimento de novos materiais.
45
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho resultou no desenvolvimento de dois materiais distintos. O primeiro
constituído de nanofibras de polianilina e ortovanadato de ítrio co-dopado com érbio
e ytérbio, processados com PVA. O segundo, formado por fibras de poliestireno
recobertas com polianilina oxidada pelo YVO4(Ln). A escolha do poliestireno se deu
pelo fato de planejarmos um material que não fosse hidrossolúvel e apresentasse
fases bem definidas em sua camada externa, já que o PVA era solúvel em água e
revestia a PAni e o ortovanadato.
3.1 PREPARAÇÃO DAS NANOFIBRAS DE PANI-YVO4(ER 2%; YB 8%)-PVA
Todas as etapas de preparação que vão desde os reagentes utilizados até a
caracterização do material obtido, são descritas a seguir.
3.1.1 Materiais
Para o preparo das NF_PYP utilizamos os reagentes ácido clorídrico (HCl –
Dinâmica, Brasil), dodecil sulfato de sódio (SDS – C12H25NaO4S – Sigma Aldrich,
EUA), persulfato de amônio (APS – (NH4)2S2O8 – Sigma Aldrich, EUA), álcool
polivinílico (PVA – (C2H4O)n – Sigma Aldrich, EUA), ortovanadato de ítrio co-dopado
com érbio e itérbio (YVO4 [Er 2%; Yb 8%], sintetizado em laboratório) e o monômero
anilina (C6H5NH2 – Nuclear, Brasil) purificada por destilação à vácuo. Na tabela 3
são listadas algumas propriedades desses reagentes.
Tabela 4: Propriedade dos reagentes utilizados na síntese das NF_PYP
Reagente Peso Molecular (g/mol)
Densidade (g/cm³) Pureza (%)
Anilina 93,1 1,0217 99
SDS 288,4 1,01 99
APS 228,2 1,98 98
HCl 36,5 1,49 37
PVA 44,05 1,19 98
YVO4 203,8 4,22 *Ni
*Ni – Não informado
Fonte: O Autor
46
3.1.2 Pré testes de produção
Até chegar no processo de síntese considerado ideal, realizamos alguns
testes para síntese da PAni e produção das fibras, adotando inicialmente dois
métodos para obtenção da solução polimérica, como descrito na Tabela 5.
Tabela 5: Quantidade de reagentes utilizados nos métodos de teste para obtenção da solução polimérica
Método I Método II Reagente Quant. (mmol) Quant. (mmol)
SDS 1,39 2,29
APS 1,75 0,092
HCl 408 1020
Anilina 2,19 0,46
PVA 7% (p/v) 10% (p/v)
Fonte: O Autor
Para as amostras obtidas através do método II produzimos fibras fazendo
variar a taxa de infusão e a distância entre a agulha e a placa coletora, como
descrito na tabela 6.
Tabela 6: Amostras obtidas através do método II de síntese
Amostra Distância (cm) Taxa de infusão (mL/h)
1 12 0,3
2 18 0,3
3 8 0,1
Fonte: O Autor
3.1.3 Síntese do YVO4 (Ln)
Obtivemos o YVO4 [Er 2%; Yb 8%] através da técnica descrita por Kolesnikov
et al. fazendo a dopagem com Er3+ e Yb3+ (KOLESNIKOV, et al., 2016). Primeiro
preparamos 3mL da solução estoque de Ln(NO3)3 obtida pela adição de 2,7 mmol de
Y(NO3)3 + 0,24 mmol de Yb(NO3)3 + Er(NO3)3 em 3mL de água deionizada ultra
purificada. Em seguida, para obter a REAÇÃO 1, misturamos a solução estoque de
Ln(NO3)3 a 3 mmol de ácido cítrico (C6H8O7) solubilizado em 3mL de água ultra
purificada. Em um béquer a parte contendo 10mL de água ultra pura sob agitação,
adicionamos 0,5 mmol de V2O5 seguido de 2,5 mmol de ácido cítrico (C6H8O7)
47
solubilizado em 10mL de água ultra pura, para obter a REAÇÃO 2. Ao béquer da
reação 2 adicionamos o conteúdo da reação 1, mantendo sob agitação e
aquecimento de 100°C, adicionando em seguida 77 μL de etileno glicol. A reação de
poli condensação inicia, resultando em um polímero citrato na forma de gel (Figura
11).
Figura 11: Imagens em sequência da reação de poli condensação
Fonte: O Autor
Levamos o gel para calcinar a 600°C por 1h a fim de remover os
componentes orgânicos. Finalmente, maceramos o pó amorfo obtido, com adição de
cloreto de potássio (KCl) na relação de peso 1:1, e depois calcinamos pela segunda
vez a 950°C por 12h (figura 12).
48
Figura 12: Imagem do pó obtido após a primeira calcinação (a). Após adição de KCl e segunda
calcinação (b).
Fonte: O Autor
3.1.4 Síntese da PAni
Sintetizamos a polianilina através do método de polimerização por oxidação
química no sistema micelar (KURAMOTO; GENIÈS, 1995). Para obtenção do
compósito, empregamos a técnica de polimerização in situ (SEN, et al., 2016). No
diagrama apresentado na figura 13 (blocos azuis) descrevemos as etapas do
processo para obtenção da PAni. Nesta fase adotamos os reagentes descritos na
tabela 7.
Tabela 7: Descrição dos reagentes e suas quantidades para síntese da polianilina
Reagente Quant. (mmol)
SDS 2,29
APS 0,092
HCl 1020
Anilina 0,46
Fonte: O Autor
Inicialmente, em um balão de 50 mL com fundo redondo, colocamos 2,29
mmol de SDS e em seguida adicionamos 23 mL de HCl 0,1 M. Os componentes
foram agitados por 60 min. para formação das micelas. Após este tempo
49
adicionamos o YVO4 [Er 2%; Yb 8%], obtido pela técnica de combustão (BARROS,
et al., 2006), na proporção de 1% (p/v) da solução e mantivemos sob agitação por
mais 60 min. Em seguida adicionamos 4,6x10-1 mmol de anilina ao balão da reação
e mantivemos sob agitação por mais 60 min. Finalmente adicionamos lentamente
9,2x10-2 mmol de APS dissolvido em 2mL de HCl 0,1 M.
50
Fonte: O Autor
Figura 13: Parte superior: diagrama esquematizando síntese do compósito PAni-
YVO4(Er2%,Yb8%)-PVA. Parte inferior: imagem da solução (A) antes e (B) depois da
primeira agitação por 24 horas.
51
No início da reação a solução apresentou-se com aspecto transparente, no
entanto, após 24 horas adquiriu uma coloração esverdeada bem escura
(característica da forma Sal esmeraldina). Para fins de caracterização, realizamos
uma síntese sem adição do ortovanadato de ítrio.
3.1.5 Síntese das NF_PYP
Após síntese da PAni, adicionamos à solução o PVA na proporção de 6%
(p/v) (ZHANG, et al., 2005). Em seguida mantivemos a reação por 24 horas sob
agitação magnética (blocos verdes da figura 13). Após este tempo, retiramos uma
alíquota da solução para caracterização e submetemos a amostra à técnica de
eletrofiação para preparação das nanofibras (ZHANG, et al., 2005). Para realização
da técnica utilizamos, uma seringa de 3 mL com agulha de 25 x 0,7 mm com
extremidade reta, uma bomba de infusão (New era pump systems, Inc. NY, USA) e
uma fonte de alta tensão contínua (0 a 24 KV) de fabricação manual. Colocamos na
seringa 1 mL da solução PAni-YVO4[Er 2%; Yb 8%]-PVA e a instalamos na bomba
de infusão calibrada numa taxa de 0,2 mL/h. As nanofibras foram produzidas através
de uma DDP de 14,0 KV numa distância de 12 cm entre a agulha e a placa metálica
coletora (figura 14). A produção ocorreu a 18°C de temperatura e umidade relativa
do ar em 55%.
52
Figura 14: Esquema do aparato utilizado para eletrofiação
Fonte: O Autor
3.1.6 Caracterização
Os equipamentos utilizados para caracterização das NF_PYP estão descritos
na tabela 8.
Tabela 8: Equipamentos utilizados para caracterização das NF_PYP
Medida Fabricante - Equipamento
Microscopia Eletrônica de Varredura TESCAN - Mira 3
Absorção no UV-Vis SHIMADZU - UV-2600
Absorção no Infravermelho PERKIN ELMER – Spectrum 100 SHIMADZU – IRTracer-100
Espectroscopia de impedância SOLARTRON – Sl 1260
Fotoluminescência HORIBA SCIENTIFIC – FL-1057 DMC equipment - LASER TOOL
Imagem termográfica FLIR – T450sc
Fonte: O Autor
Para obtenção das imagens de MEV recortamos as amostras de fibra sobre o
papel alumínio em formato retangular e depositamos em suporte de alumínio, presas
por fita de carbono dupla face. Em seguida metalizamos as amostras em atmosfera
53
de ouro utilizando um Sputter Coater marca/modelo Bal Tec (SCD-050
Liechtenstein). As condições de análise obtidas em câmara evacuada foram, uma
distância de trabalho que variou entre 1,73 e 14,5 mm e uma tensão entre 10 e 20
KV. Para auxílio na análise das imagens e medida do diâmetro médio das fibras
utilizamos o software ImageJ (National Institutes of Health, USA).
Obtivemos os espectros de absorção na região ultravioleta visível (UV-Vis)
das amostras com passo de 2,0 nm e faixa de varredura de 200 a 1000 nm.
Realizamos as medidas utilizando cubetas de quartzo com um caminho ótico de 10
mm. Para o preparo das amostras diluímos um volume de 100 μL da solução
coloidal em 2 mL de água deionizada que utilizamos como referência.
Para espectroscopia de Infravermelho (FTIR) foi necessário obter PAni em pó.
Assim, diluímos a solução coloidal em abundante quantidade de Metanol (10:1) a fim
de que as micelas fossem quebradas e o nanocompósito precipitasse (KIM, et al.,
2000). Em seguida, dispersamos o precipitado decantado novamente com Metanol e
centrifugamos (4000 rpm por 5 min.). Após centrifugação levamos o precipitado à
dissecadora por 24 horas. Para efetuar a medida, separamos as amostras, cada
uma, maceramos com KBr e prensamos em pastilhas (2 Ton.).
Obtivemos os espectros de impedância através da aplicação de uma
voltagem alternada de 0,1 V numa faixa de frequência de 1Hz à 10 KHz em uma
amostra de fibra depositada sobre uma lâmina de vidro com terminais conectados
com uso de tinta de prata. Instalamos terminais do tipo BNC na tampa de vedação
de um recipiente de vidro. Em cada terminal soldamos fios com garras do tipo
“jacaré” na extremidade. Utilizamos as garras para prender a lâmina de vidro nos
contatos da tinta de prata. Realizamos a conexão com o analisador de impedância
através dos conectores BNC (figura 15). As medidas foram efetuadas com e sem a
presença de HCl no interior do recipiente.
54
Figura 15: Esquema ilustrativo de montagem do aparato para medida de impedância
Fonte: O Autor
Obtivemos os espectros de fotoluminescência excitando a amostra de
NF_PYP com radiação de comprimento de onda λ=980 nm, cuja potência variou de
500 a 3000 mW. O espectro analisado compreende a faixa de 510 nm à 570 nm,
com incrementos de 0,2 nm. O tempo de integração do sinal foi de 0,5 s. O
fluorímetro foi calibrado com fenda de entrada e saída do sinal no tamanho de 1 nm.
Medimos a fluorescência do material com e sem a presença de vapor de HCl 0,1M
em fluxo contínuo de 4 L/min. O aparato utilizado para as medidas está ilustrado na
figura 16.
Figura 16: Ilustração do aparato para medida de fluorescência na presença de vapor
Fonte: O Autor
55
Colocamos uma amostra da NF_PYP no interior de uma cubeta de quartzo
com entrada e saída de ar canalizado por dutos interligados a uma bomba de ar e
recipiente contendo HCl. O fluxo de ar foi direcionado através de válvulas.
Instalamos a cubeta no fluorímetro e efetuamos as medidas de fluorescência. Na
figura 17 temos a imagem real da montagem para realização das medidas.
Figura 17: Figura 17: Imagem da medida de fluorescência da NF_PYP na presença de vapor de
HCl. (a) Visão panorâmica. (b) Interior do fluorímetro.
Fonte: O Autor
Colhemos imagens termográficas durante a radiação, utilizando câmera
térmica com resolução de imagem 320x240 pixels, e espectro para infravermelho de
7,5 a 13 µm, em intervalos de 15 segundos. Além da NF_PYP, produzimos pela
mesma técnica de eletrofiação, fibras contendo apenas polianilina com PVA
(NF_PP), apenas YVO4[Er2%;Yb8%] com PVA (NF_HPY) e apenas PVA (NF_HP).
As fibras foram submetidas ao laser de 980 nm com potência de 2500 mW,
posicionado a 10 mm da amostra, num ambiente com 60% de humidade relativa e
temperatura de 25°C (figura 18).
56
Figura 18: Imagem do monitoramento térmico do material quando exposto ao laser de 980 nm
Fonte: O Autor
3.2 PREPARAÇÃO DA MEMBRANA DE POLIESTIRENO RECOBERTAS COM
PANI OXIDADA POR YVO4(LN)
Todas as etapas de preparação que vão desde os reagentes utilizados até a
caracterização do material obtido, são descritas a seguir.
3.2.1 Materiais
Utilizamos os reagentes: poliestireno (MW~280.000 by GPC, Sigma Aldrich,
USA), N, N-dimetilformamida (DMF – Dinâmica, Brasil), ácido clorídrico (HCl –
Dinâmica, Brasil), ortho vanadato de ítrio co-dopado com érbio e itérbio (YVO4 [Er
2%; Yb 8%], sintetizado em laboratório) e o monômero anilina (C6H5NH2 – Nuclear,
Brasil) purificada por destilação à vácuo.
57
3.2.2 Preparação da membrana de Poliestireno (NW_PS)
Solubilizamos PS em DMF na concentração de 20% (p/v). Em seguida
inserimos 2 mL da solução numa seringa de 3 mL com agulha 18G de extremidade
reta, e submetemos à técnica de eletrofiação para preparação da membrana
(ZHANG, et al., 2005). Para realização da técnica, utilizamos uma bomba de infusão
e uma fonte de alta tensão contínua. Ajustamos a bomba de infusão numa taxa de
0,5 mL/h. Produzimos a membrana através de uma DDP de 17,0 KV numa distância
de 15 cm entre a agulha e a placa metálica coletora aquecida por luz infravermelha.
O aquecimento da placa foi uma medida encontrada para secagem rápida da
membrana em formação, evitando aglomerados de fibras. As condições foram 17°C
de temperatura e umidade relativa do ar em 50%. Após formação de uma membrana
sobre uma folha de alumínio localizada na placa coletora, deixamos secar por 8 h
em temperatura ambiente. Posteriormente colocamos a membrana de PS entre duas
folhas de alumínio formando um sanduíche e mantivemos em estufa à 80°C por 24
h, comprimida por um corpo de massa 250 g. Empregamos este tratamento térmico
para facilitar a descamação da membrana na folha de alumínio (ver figura 19). Em
seguida, cortamos a membrana em discos com diâmetro de 22 mm e a destacamos
das folhas de alumínio. Submetemos os discos a um tratamento com plasma de ar
durante 3 minutos utilizando o PDC-002 plasma cleaner (Harrick, U.S.A.)
(ALCARAZ-ESPINOZA, et al., 2015).
58
Figura 19: Ilustração do tratamento térmico empregado à membrana de PS
Fonte: O Autor
3.2.3 Síntese da NW_[PS]PAni_Y*
Em um béquer de 50 mL, colocamos 15 mL de uma solução de HCl a 1 M sob
agitação magnética. Colocamos um disco da membrana de PS imerso na solução e
fixado através de um dispositivo. Adicionamos 0,32 mmol de anilina. Após 15
minutos seguidos pela adição de 29,2 mg do YVO4 [Er 2%; Yb 8%] solubilizado em 5
mL de HCl 1M com auxílio de vórtex. Mantivemos sob agitação por 24 horas
enquanto ocorria a polimerização e o recobrimento do PS (figura 20).
59
Figura 20: Esquema ilustrativo do aparato para recobrimento do PS. a) antes b) depois da
polimerização
Fonte: O Autor
Após a polimerização da anilina retiramos a membrana de PS recoberta com
PAni e YVO4 [Er 2%; Yb 8%] que passamos a denominar NW_[PS]PAni_Y*, lavamos
com água deionizada seguida de metanol e levamos ao dessecador por 24 horas
(figura 21).
Figura 21: Imagem de uma membrana real antes (a) e depois do recobrimento (b)
Fonte: O Autor
a) b)
60
Para fim de caracterização, sintetizamos a PAni com YVO4 [Er 2%; Yb 8%]
em outro béquer sem a fibra de PS. O pó obtido foi lavado com água deionizada,
metanol, e em seguida posto para secar em temperatura ambiente. Denominamos
essa amostra como PAni_YVO4(Ln).
3.2.4 Caracterização
Estudamos a morfologia das estruturas com o auxílio das imagens de MEV
obtidas no TESCAN-Mira 3 (Czech Republic). Determinamos o padrão de difração
do cristal pela medida de DRX através do difratômetro Rigaku SmartLab. A amostra
foi medida na faixa de 10°≤ 2ϴ ≤ 80° usando radiação Cu-Kα (1,5405Å) no modo
passo, com uma largura de passo de 0,02 deg e tempo de varredura do passo de
1,0s. Registramos o espectro de absorção na região do infravermelho (FTIR) na
faixa de 4000 a 400 cm-1 (Modelo Spectrum 400, Perkin Elmer – USA).
Analisamos o comportamento elétrico do material através de medidas da
função corrente vs tensão elétrica contínua, utilizando o eletrômetro Source Meter
Keithley model 2400. Depositamos a NW[PS]PAni_Y* sobre uma lâmina de vidro e
fizemos dois terminais nas extremidades da fibra, distantes 1 cm, utilizando tinta de
prata. A tensão elétrica aplicada, variou de 0 à 10 V em intervalos de 1V.
Realizamos as medidas elétricas com a amostra imediatamente exposta ao vapor
estático de amônia (M1), após 2 minutos de exposição (M2), imediatamente após
retirado vapor (M3) e após 2 minutos da retirada do gás (M4). Realizamos 2 ciclos
de medidas em sequência sem purgar o sistema, tomando como valor de referência
da resistência elétrica R0, aquele medido antes da primeira exposição ao vapor.
Aplicamos uma interpolação linear aos resultados de cada medida com o objetivo de
obter uma reta cuja inclinação correspondesse à resistência elétrica do material.
Estudamos a luminescência nas amostras de NW_[PS]PAni_Y* através das
medidas de fluorescência com o fluorímetro Horiba Scientific – FL-1057 (Scotland).
Submetemos uma amostra à radiação de comprimento de onda λexc=980 nm para
avaliar a emissão UC na presença de amônia, adotando a mesma metodologia
empregada com a NF_PYP (figuras 14 e 15). Inicialmente medimos a luminescência
da amostra em ambiente livre de qualquer vapor. Em seguida medimos a
luminescência sob fluxo contínuo de vapor de amônia, imediatamente (NH3), após 1
61
minuto (+ 1 min.), 2 minutos de exposição (+ 2 min.), e finalmente após retirada
imediata do gás (retirado) mantendo-se um fluxo de ar puro. Realizamos uma
sequência de 2 ciclos de medida sem purga entre os ciclos.
62
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma vez caracterizados, passamos à etapa de análise dos resultados de
cada material bem como a discussão sobre suas aplicações como sensor de gás.
4.1 PRÉ TESTES
Como já mencionado anteriormente, empregamos uma série de testes para
obtenção das melhores condições para produção das fibras. O método I adotada
para síntese resultou na produção das fibras apresentadas na figura 22.
63
Figura 22: Imagem de microscopia eletrônica de varredura das fibras produzidas no método I.
(a) 300X, (b) 4000X
Fonte: O Autor
64
Nas imagens da figura anterior podemos notar a formação de contas ao longo
das fibras espalhadas por toda a amostra. Isto pode estar relacionado a partículas
não transformadas durante o processo de enlongação e secagem, mas também
pode indicar uma viscosidade da solução insuficiente para uma boa
processabilidade da fibra (CHAUDHARI, S. et al., 2012). Na figura 22-a podemos
constatar alguns ajuntamentos na formação das fibras o que, associado com o
excesso de contas, justificou a necessidade de um novo método de síntese.
As imagens das fibras obtidas através do método II foram agrupadas por
amostra (ver tabela 5). Na figura 23 temos as fibras da amostra 1.
Notamos uma melhor distribuição das fibras na amostra observada, quando
comparada ao método I, como também uma diminuição significativa na formação de
contas, o que pode estar associado ao aumento da concentração de PVA no método
II (ZHANG, 2005), responsável por garantir a processabilidade da fibra. Na figura 23-
b observamos fibras com diâmetro médio de 260 ± 103 nm.
65
Figura 23: Imagem de microscopia eletrônica de varredura das fibras produzidas através do
método II, amostra 1. (a) 1000X, (b) 10.000X com distribuição de diâmetros
Fonte: O Autor
66
Nas imagens da amostra 2 notamos o aumento da formação de contas, o que
pode estar associado com o aumento da distância entre a agulha e a placa coletora
(figura 24). Tal fenômeno pode ser explicado pela diminuição da força elétrica
empregada pelo campo, exigindo um acúmulo de carga maior para que possa
ocorrer a descarga entre a agulha e a placa coletora (TAYLOR, 1969).
Na figura 25 temos as imagens da amostra 3. Com a diminuição da distância
entre agulha e placa coletora, e da taxa de infusão da solução, não percebemos a
ocorrência de contas, contudo as fibras pareceram em alguns lugares juntarem-se
uma a outra formando uma fita. O ajuste da distância e da taxa de infusão é
determinante para formação de fibras homogêneas. Neste sentido é necessário
avaliar o tempo para que o solvente seja evaporado antes que a fiação ocorra
(WANG, 2004; ZHANG, et al., 2005; YUAN, et al., 2004). Fatores ambientais tais
como a umidade do ar podem interferir na secagem das fibras (JACOBS, 2009), o
que foi controlado nas produções seguintes.
67
Figura 24: Imagens de microscopia eletrônica das produzidas através do método II, amostra 2,
com indicação das contas. (a) 1000X, (b) 10.000X
Fonte: O Autor
68
Figura 25: Imagens de microscopia eletrônica das fibras produzidas através do método II,
amostra 3 com destaque para formação de fitas. (a) 1000X, (b) 10.000X
Fonte: O Autor
69
4.2 ANÁLISE DA NF_PYP
A seguir apresentamos os resultados obtidos na caracterização da NF_PYP,
a variação de suas propriedades elétricas e óticas quando exposta ao vapor de HCl,
como também o comportamento térmico do material durante a emissão UC.
4.2.1 Morfologia
Observamos na figura 26 as fibras obtidas através da eletrofiação. É possível
observar uma distribuição uniforme das fibras na superfície (figura 26-a). A formação
de fitas (figura 26-b) se deve à baixa concentração de PVA no processo de síntese
(ZHANG, et al., 2005). Mesmo assim o efeito pode ser minimizado com aplicação de
pequenas taxas de fluxo (YUAN, et al., 2004).
A baixa concentração de PVA também reflete o diâmetro das fibras (ZHANG,
et al., 2005), o que também pode ser conferido na figura 26-b onde observamos
fibras com diâmetro médio de 89 ± 40 nm.
Utilizando o software imageJ, avaliamos o tamanho de partícula do YVO4 [Er
2%; Yb 8%] usado na preparação do material. Observamos uma distribuição de
tamanho bem irregular, com partículas variando de 28 nm até partículas com mais
de 3 µm de diâmetro (figura 27).
70
Figura 26: Imagem de microscopia eletrônica de varredura das NF_PYP. (a) 5000X, (b) 15.000X
com distribuição de diâmetros e indicação de formação de fitas.
Fonte: O Autor
71
Figura 27: Imagem de microscopia eletrônica de varredura do tamanho de partícula do
YVO4 [Er 2%; Yb 8%] com distribuição de tamanhos
Fonte: O Autor
4.2.2 Absorção em UV-visível (UV-Vis)
Através dos espectros de absorção das amostras retiradas após síntese,
confirmamos a dopagem da PAni, com a presença do PVA e do ortovanadato de
ítrio (PYP) e sem a presença dos mesmos (PAni), característica do estado de Sal
Esmeraldina (figura 28). Como referido na literatura, a dopagem da PAni apresenta
três bandas de absorção características, a 320-360, 400-420 e 740-800 nm de
comprimento de onda. A primeira banda de absorção surge a partir da transição de
elétrons no sistema π-π* nos anéis benzenóides. A segunda e terceira bandas de
absorção estão relacionados a nível de dopagem e formação de polaron,
respectivamente. As primeiras duas bandas são frequentemente combinados em um
único pico plana ou distorcida com um local máximo entre 360 e 420 nm (KIM, et al.,
72
2001). A melhora no sistema de conjugação π após dopagem é responsável pela
condutividade elétrica. Esta melhora é refletida na diferença entre a absorção em
610 nm e a faixa próximo ao infravermelho (STEJSKAL; KRATOCHVÍL, 1993).
Assim, uma maior diferença de absorção entre estes pontos indicará maior
condutividade elétrica.
Figura 28: Espectroscopia de absorção no UV-visível para PAni e PYP
Fonte: O Autor
Uma outra medida extraída do espectro de absorção no UV-visível diz respeito à
razão estimada entre unidades quinoides e benzenóides (Q/B) presentes na cadeia
polimérica. Tal medida é estimada pela razão entre as intensidades de absorção em
800 e 350 nm (ALCARAZ-ESPINOZA, et al., 2015). A incorporação do PVA e do
óxido, para a produção das nanofibras, praticamente não altera o perfil da curva de
absorção embora notemos uma diminuição da condutividade elétrica.
73
4.2.3 Absorção na região do Infravermelho (FTIR)
Na amostra de PAni sintetizada sem o ortovanadato de ítrio (figura 29-a),
identificamos nos resultados de FTIR a presença de picos entre 600 e 1700 cm-1. O
estado de sal esmeraldina se configura pela absorção em 1145 cm-1 que é atribuída
a vibração da estrutura –NH+= a qual é formada por protonação, o que indica a
distribuição de cargas positivas na cadeia polimérica (STEJSKAL, 2001).
Figura 29:Espectroscopia de Infravermelho. (a) da PAni sintetizada. (b) da NF_PYP sintetizada
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tra
nsm
itâ
ncia
(%
)
Numero de onda (cm-1)
a)
b)
3368
29
30
17
17
14
37
12
58
10
96
83
5
59
0
15
60
14
90
13
00
11
45
80
0
Fonte: O Autor
O espectro da NF_PYP (figura 29-b) é característico do PVA, isso se deve
pela presença do PVA no processamento das nanofibras, o que torna as bandas de
absorção na região do infravermelho do PVA mais intensas que as bandas de
absorção da PAni e do óxido. No espectro correspondente, localizamos as bandas
em 1731 cm-1 e 1715 cm-1 associadas ao estiramento das ligações do grupo
carbolina (C = O). A banda de forte absorção em torno de 3500 cm-1 é devido ao
estiramento de ligações O-H associadas a presença do PVA; além destas bandas, a
vibração de ligações C-H e CH2 do PVA aparecem na região entre 3000 cm-1 e 2700
cm-1 (NICHO; HU, 2000). Mesmo assim, a presença dos picos em 835 cm-1 e 590
74
cm-1 podem estar relacionados a presença de ligações V-O do grupo V𝑶𝟒𝟑−, o que
sugerem a incorporação do óxido ao material (MAHATA, et al., 2014; LI, et al.,
2009).
4.2.4 Espectroscopia de impedância (EI)
A impedância do material em ambiente livre de qualquer vapor foi da ordem
de GΩ para frequências inferiores a 100 Hz, caindo a ordem de MΩ para frequências
superiores a 3 KHz (figura 30-a).
Medimos a impedância das fibras imediatamente após expostas ao vapor de
HCl, decorridos 5 min. e 10 min. Logo após contato com o vapor de HCl as fibras
apresentaram significativa redução da impedância com valores que variaram de 2,5
a 4,0 MΩ no espectro de frequência (figura 30-b), permanecendo praticamente
constante em 3,0 MΩ na faixa de 1 a 100 Hz (figura 30-c). A redução de impedância
continuou a ser observada com o decorrer do tempo de exposição ao vapor de HCl.
Após 5 min. o valor medido de 1,1MΩ foi praticamente constante ao longo do
espectro de frequência. Decorridos 10 min. o valor de impedância alcançou 900 KΩ
mantendo-se quase que constante ao longo do espectro de frequências.
Quando novamente colocamos as NF_PYP em ambiente livre do vapor,
medimos a impedância de 50 MΩ e após 5 min. o valor aumentou para 120 MΩ
(figura 30-d).
As diferenças mais notáveis em todas as curvas de impedância Z(f), quando a
amostra foi submetida ao vapor de HCl, aparecem no espectro de baixas
frequências. Isso indica uma influência de processos de superfície relacionados com
adsorção de gás essencialmente pelo movimento lento de portadores de carga
presentes na cadeia polimérica (FEDOROV, et al., 2015). As cadeias de PAni que
resultam da polimerização oxidativa da anilina são compostas por duas unidades
estruturais, uma reduzida [B-NH-B-NH] e uma oxidada [B-N=Q=N-], que se repetem
ao longo da cadeia, onde B corresponde a um anel benzenoide e Q corresponde a
um anel quinoide. Esses anéis transformam-se um no outro através de processo
redox. A cadeia de PAni protonada está eletricamente condutiva somente quando
B:Q = 1:1. Depois que um gás interage com a cadeia polimérica ele pode alterar sua
condutividade elétrica, tanto modificando a estrutura do polímero como sendo
75
adsorvido na sua superfície (FRATODDI, et al., 2015). Em especial, o mecanismo de
resposta à exposição do vapor de HCl consiste na protonação da cadeia da PAni
(VIRJI, et al., 2004).
76
Figura 30: Medidas de espectroscopia de impedância das NF_PYP: em ambiente livre, sem
vapor (a), submetidas ao vapor de HCl de 0 a 10 KHz (b), na faixa de 0 à 100 Hz (c), retorno ao
ambiente livre, sem vapor, na faixa de 0 a 100 Hz(d)
77
Fonte: O Autor
78
4.2.5 Fotoluminescência (FL)
Medimos picos no espectro de luminescência em 525, 543 e 553 nm ao
excitar a NF_PYP com laser de 980 nm (figura 31). Esse resultado é característico
da emissão “up conversion” (UC). A maior intensidade registrada foi para uma
potência de laser correspondente a 2500 mW. Os picos verificados entre 520 e 540
nm correspondem aos íons de Er3+ na transição 2H11/2→4I15/2. Já os picos entre 540 e
560 nm correspondem a transição 4S3/2→4I15/2. A luz emitida como resultado é um
verde claro intenso (ZENG, et al., 2005) (LIANG, et al., 2012).
Figura 31: Espectro de fotoluminescência da NF_PYP com laser de 980 nm em diferentes
potências
Fonte: O Autor
Quando irradiada outra amostra com laser de 980 nm a 2500 mW e exposta a
um fluxo constante de vapor de HCl (500 ppm), a medida da intensidade de
luminescência com e sem vapor de HCl sofreu variação (figura 32).
79
Figura 32: Espectro de fotoluminescência da NF_PYP excitada com laser de 980 nm em
2500mW, com e sem exposição ao vapor de HCl
Fonte: O Autor
Com base nos resultados apresentados na figura 32 podemos afirmar que a
luminescência da NF_PYP aumenta sensivelmente na presença do vapor de HCl. O
pico em 525 nm teve a maior elevação (89%), o que representa maior transição de
íons Er3+ entre os níveis de energia 2H11/2→4I15/2.
Sabemos que quando a estrutura da PAni é dopada com Terras Raras
trivalentes, ocorre o fenômeno denominado por Zhang et al como pseudo-
protonação (ZHANG, et al., 2012). Neste caso, os nitrogênios imínicos da cadeia
polimérica se ligam aos íons de Terras Raras. Também sabemos que as unidades
quinoides exibem uma significativa taxa de transferência de carga intermolecular
(ICT) e são bastante sensíveis à prótons. Nestas unidades, o par de elétrons no
nitrogênio, que tornam as aminas básicas e nucleofílicas, são excelentes receptores
de íons de hidrogênio (H+) (ZHANG, 2017). Uma vez que o Er3+ contido na superfície
80
das partículas de YVO4 (Er2%, Yb8%) está complexado aos nitrogênios nucleofílicos
da PAni (EB) (ZHANG, et al., 2012), observamos uma redução da fluorescência do
núcleo emissor de Er3+ (figura 32), já que o polímero complexado com o íon Terra
Rara pode promover novos canais de decaimento não radiativo para o sistema PAni-
YVO4(Er2%, Yb8%). No entanto, quando a PAni está na forma ácida (obtida pela
dopagem com HCl), protonada, os nitrogênios eletrofílicos são incapazes de
complexar o Érbio trivalente da superfície do óxido. Assim, observamos um aumento
na intensidade de luminescência quando as nanofibras estão expostas ao HCl.
4.2.6 Comportamento Térmico
A partir dos resultados exibidos na figura 33 concluímos que a presença da
PAni contribuiu para elevação da temperatura no material irradiado pelo laser.
É sabido que a Polianilina é um reconhecido agente fototérmico empregado
em diferentes estudos tais como para destruição de células cancerígenas (YANG, et
al., 2011), ou mesmo na detecção de 2,4,6-trinitrotolueno (TNT) (HUANG, et al.,
2015). Além disso a PAni mantém suas propriedades elétricas mesmo em
temperaturas em torno de 100°C por longo tempo, o que revela sua estabilidade
térmica (WANG & RUBNER, 1992).
81
Figura 33: Espectro de temperatura para amostras expostas ao laser de 980 nm com
respectivas imagens termográficas. NF_PP (a), NF_PYP (b), NF_HPY (c), NF_HP (d)
Fonte: O Autor
82
4.3 ANÁLISE DA NW_PANI[PS]_Y*
A seguir apresentamos os resultados obtidos na caracterização da membrana
de PS recoberta com PAni e YVO4 [Er 2%; Yb 8%] (NW_PAni[PS]_Y*), bem como a
variação de suas propriedades elétrica e ótica quando exposta ao vapor de amônia.
4.3.1 Morfologia
Observamos na membrana de poliestireno (NW_PS), antes do tratamento
com plasma de ar, uma distribuição homogênea de fibras com diâmetro médio de
1,465± 0,398 μm (histograma inserto na figura 34). Através das imagens de MEV
notamos também que as fibras da membrana apresentam superfície regular e bem
definida (figura 34).
Na figura 35 temos a imagem da membrana após o tratamento com plasma
de ar. Observamos uma diminuição de aproximadamente 18% no diâmetro médio
das fibras (1207 ± 0,398 μm). Também notamos a formação de fissuras na superfície
da fibra, o que contribui para tornar a fibra hidrofílica e melhorar a adsorção de
outros elementos (ALCARAZ-ESPINOZA, et al., 2015).
Com relação a PAni sintetizada com ortovanadato de ítrio (PAni_YVO4(Ln))
observamos que a mesma tem a forma de pequenos cristais recobertos com a
polianilina (figura 36).
Na figura 37 observamos a fibra após o recobrimento. É possível notar a PAni
na superfície da fibra, bem como a presença dos cristais de óxido.
83
Figura 34: Imagem de MEV da NW_PS. a) 5000X com distribuição de diâmetros b) 80000X
Fonte: O Autor
84
Figura 35: Imagem de MEV da NW_PS após tratamento com plasma de ar. a) 5000X com
distribuição de diâmetros b) 80000X
Fonte: O Autor
85
Figura 36: Imagem de MEV da PAni_YVO4 (Ln). a) 5000X b) 105000X
Fonte: O Autor
86
Figura 37: Imagem de MEV da NW_[PS]PAni_Y*. a) 20000X b) 50000X
Fonte: O Autor
87
4.3.2 Difração de raios X (DRX)
A figura 38 traz os resultados da medida de DRX para estrutura cristalina da
PAni_YVO4(Ln). O resultado foi comparado com o padrão para estrutura tetragonal
do YVO4 (JCPDS n° 17-0341) correspondendo aos planos de difração indexados.
Figura 38: DRX do pó obtido da PAni_YVO4(Ln)
10 20 30 40 50 60 70 80
Inte
nsid
ade (
u.a
.)
JCPDS N° 17-0341
(51
2)
(22
4)
(20
4)
(33
2)
(42
0)
(40
0)
(31
2)
(32
1)
(10
3)
(30
1)
(20
2)
(22
0)
(11
2)
(20
0)
PAni_YVO4(Ln)
(10
1)
Fonte: O Autor
O tamanho do cristalito foi calculado usando a equação de Debye-Scherrer
dada por:
𝐷 =0,9. 𝜆
𝛽. cos 𝜃
onde D é o tamanho do cristalito, 0,9 é a constante de Scherrer para forma do
cristalito, λ é o comprimento de onda da radiação, β é a medida da largura total do
88
meio-máximo do pico de difração causada pelo refinamento do grão e distorção
microscópica da estrutura (full width at half-maximum, FWHM), e ϴ é o ângulo de
Bragg .
O tamanho médio calculado do cristalito foi de 0,655 ± 0,161 nm, o que é bem
menor que o observado nas imagens de MEV. Logo, é possível concluir que as
partículas observadas nas imagens de MEV contém vários cristalitos.
4.3.3 Absorção na região do Infravermelho (FTIR)
Os espectros de absorção na região do infravermelho são mostrados na
figura 39. No YVO4(Ln) encontramos duas bandas, uma em 807 cm-1 e outra em 560
cm-1, que caracterizam a presença de ligações V-O do grupo V𝑶𝟒𝟑−na amostra
(MAHATA, et al., 2014) (LI, et al., 2009). Após oxidação da anilina e formação do
complexo PAni_YVO4(Ln), surgem bandas características da PAni entre 1567 cm-1 e
1149 cm-1, com destaque para a absorção em 1149 cm-1 que caracteriza o estado
Sal Esmeraldina (ES) atribuído a vibração da estrutura -NH+= formada por
protonação, o que indica presença de cargas positivas ao longo da cadeia polimérica
(STEJSKAL, 2001).
89
Figura 39: Espectro de FTIR do YVO4(Ln), PAni_YVO4(Ln) e NW[PS]PAni_Y*
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
NW[PS]PAni_Y*
Tra
nsm
itância
Numero de onda (cm-1)
807
560
YVO4_Ln
PAni_YVO4_Ln
756
1149
1290
1490
1567
69
65
39
75
5
83
614
93
14
52
16
01
29
22
30
26
Fonte: O Autor
Notamos no espectro de absorção da NW[PS]PAni_Y* o surgimento das
bandas características dos grupos funcionais do Poliestireno as quais são em 2922
cm-1 e 3026 cm-1 referente à vibração de alongamento da ligação C-H (YOVANI,
2008), um pico em 1601 cm-1 que corresponde à vibração de alongamento aromática
C=C, os picos em 1493 cm-1 e 1452 cm-1 associados à vibração da ligação C-H, em
836 cm-1 correspondendo ao anel benzeno 1,4-substituído, e finalmente em 696 cm-1
devido à vibração de anel aromático monosubstitído fora de fase (ALCARAZ-
ESPINOZA, et al., 2015).
4.3.4 Comportamento elétrico
A função de corrente vs tensão elétrica (I-V) medida no material é
característica de um condutor ôhmico, onde a variação da corrente é proporcional à
90
variação da tensão aplicada ao condutor. Na figura 40 observamos que o valor da
resistência elétrica R0 pode ser obtido através da inclinação da reta.
Figura 40: Curva de corrente vs tensão (I-V) para NW[PS]PAni_Y*
0 2 4 6 8 100,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
Curr
ent (µ
A)
Voltage (V)
NW[PS]PAni_Y*
Fonte: O Autor
Também observamos o comportamento ôhmico do material quando o mesmo
foi exposto ao vapor de NH3 durante os dois ciclos de adsorção e dessorção (figuras
41 e 42). As pequenas distorções na reta podem estar associadas às mudanças na
estrutura química das cadeias poliméricas bem como aos efeitos de superfície que
estão acontecendo devido à presença do NH3, uma vez que as medidas foram
realizadas durante exposição ao vapor em fluxo contínuo.
Os resultados da interpolação linear de cada função nos permitiram definir o
valor da resistência elétrica do material em cada situação.
91
Figura 41: Comportamento da corrente elétrica em função da tensão durante o ciclo 1 de
exposição ao vapor de NH3. Imediatamente exposto (A). Após 2 minutos de exposição (B).
Imediatamente após retirado (C). Após 2 minutos da retirada do vapor (D)
0 2 4 6 8 100,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
Co
rre
nte
(µ
A)
Voltagem (V)
imed
+2
ret imed
+2
D
A
B
C
Ciclo 1
Fonte: O Autor
Figura 42: Comportamento da corrente elétrica em função da tensão durante o ciclo 2 de
exposição ao vapor de NH3. Imediatamente exposto (A). Após 2 minutos de exposição (B).
Imediatamente após retirado (C). Após 2 minutos da retirada do vapor (D)
0 2 4 6 8 100,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
Corr
ente
(µ
A)
Voltagem (V)
imed
+2
ret imed
+2
A
B
C
DCiclo 2
Fonte: O Autor
92
Quando exposta ao vapor de amônia no ciclo 1, a NW[PS]PAni_Y* teve sua
resistência elétrica (R) aumentada imediatamente para 8,61xR0 (M1) e após 2
minutos de exposição (M2) registramos um aumento maior medindo 14,65xR0.
Quando o vapor foi retirado, o valor de R diminuiu imediatamente chegando à
4,66xR0 (M3), e após 2 minutos registrou 2,34xR0 (M4). No ciclo 2, a resistência
alcançou 5,25xR0 imediatamente quando a amostra foi exposta à amônia, e após 2
minutos seu valor foi de 7,35xR0. Quando retirado o gás, o resultado diminuiu
imediatamente para 3,05xR0, e após 2 minutos chegou a 1,40xR0 (figura 43).
Figura 43: Variação da resistência elétrica da NW[PS]PAni_Y* na presença de amônia
Fonte: O Autor
De um modo geral, a razão entre a resistência elétrica após e antes da
exposição ao gás (R/R0), corresponde a sensitividade do material àquele vapor.
Todavia esta medida depende especificamente de fatores como a concentração e a
constante de equilíbrio de adsorção do gás, do coeficiente de difusão no material e
da espessura do filme ou membrana utilizada como sensor (FRATODDI, et al.,
2015). Os filmes de polianilina obtidos por técnicas tradicionais apresentam melhora
na sensitividade e no tempo de resposta ao gás, a medida em que sua espessura
diminui. Já as nanofibras apresentam resposta mais rápida e maior sensitividade
quando comparada aos filmes (VIRJI, et al., 2004).
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
M1 M2 M3 M4
R/R
0
M1-M2 Adsorção M3-M4 Dessorção
Ciclo 1 Ciclo 2
93
Um gás pode interagir com uma cadeia polimérica modificando sua estrutura
química, como também pode ser adsorvido na superfície para alterar sua
condutividade elétrica. Pesquisas demonstram que a polianilina é bastante sensível
à amônia (PAWAR, et al., 2011), um composto volátil muito comum em processos de
decomposição orgânica (MATINDOUST, et al., 2017). Segundo Pawar e Matindoust,
isto deve-se a elevada afinidade eletrônica entre as estruturas. Quando na superfície
da PAni, a amônia age na desprotonação das bases diminuindo a condutividade
elétrica (FRATODDI, et al., 2015).
4.3.5 Fotoluminescência (FL)
O espectro de luminescência com picos em 525, 545 e 553 nm (figura 44),
corresponde o perfil já identificado para o YVO4[Er2%; Yb8%] anteriormente. Os
picos verificados entre 520 e 540 nm correspondem aos elétrons dos íons de Er3+ na
transição 2H11/2→4I15/2 enquanto os picos entre 540 e 560 nm corresponde a
transição 4S3/2→4I15/2. A luz emitida como resultado é um verde claro intenso
(ZENG, et al., 2005) (LIANG, et al., 2012). Com relação a presença de NH3, notamos
no primeiro ciclo, que imediatamente após exposição (NH3), todos os picos
diminuem bastante (em torno de 70% da intensidade) mas no decorrer do tempo,
voltam a crescer (+1min. e +2min.), e quando a amônia é retirada (Retirado), a
intensidade torna-se bem maior que a inicial. Já no ciclo 2 apenas o pico em 525 nm
sofre uma diminuição significativa (em torno de 50% da intensidade) permanecendo
com intensidade constante durante a exposição, até que após retirada do vapor de
amônia este pico volta a crescer. O pico em 525 nm representa maior transição de
elétrons nos íons de Er3+ entre os níveis de energia 2H11/2→4I15/2.
94
Figura 44: Fotoluminescência da NW[PS]PAni_Y* exposta ao fluxo contínuo de NH3
510 520 530 540 550 560 570
0
2
4
6
8
10
12
excnm
Inte
nsid
ade (
10
3 C
PS
)
Comprimento de onda (nm)
Sem vapor
NH3
+1 min.
+2 min.
Retirado
Ciclo 1
510 520 530 540 550 560 570
0
2
4
6
8
10
12
excnm
Inte
nsid
ade (
10
3 C
PS
)
Comprimento de onda (nm)
Sem vapor
NH3
+1 min.
+2 min.
Retirado
Ciclo 2
Fonte: O Autor
95
Já demonstramos anteriormente a relação de protonação da PAni com o
efeito UC de luminescência. Quando a estrutura PAni é dopada com terras raras
trivalentes, os átomos de nitrogênio imínicos da cadeia polimérica se ligam aos íons
Terras Raras, num processo denominado pseudo-protonação. Logo, temos em
nosso material a complexação do Er3+ das partículas de YVO4(Ln) nas unidades
quinoides da PAni. No entanto estas unidades também são altamente sensíveis aos
prótons (H+) o que permite as reações de protonação/desprotonação. O que
observamos na figura 44 tem relação com a desprotonação da cadeia polimérica
efetuada pelo NH3. A adsorção da amônia contribuiu para diminuição dos canais de
decaimento não radiativo do sistema PAni_YVO4(Ln), resultando na diminuição da
intensidade de luminescência. Já na dessorção do gás, o sistema volta a ficar
protonado, o que aumenta o decaimento de ions de Er3+, resultando no aumento da
intensidade de luminescência.
96
5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho permitem-nos concluir que os objetivos
relacionados à produção das NF_PYP foram alcançados. A síntese desenvolvida
conferiu ao material uma morfologia bem definida cujo aspecto correspondeu a uma
teia de fibras com diâmetro médio de 89 ± 40 nm. O material manifestou propriedade
elétrica com uma diminuição significativa de sua impedância quando exposto ao
vapor de HCl, reduzindo em 1000x seu valor. Sua propriedade ótica foi destacada
com o aumento da emissão UC quando o material foi exposto ao vapor de HCl,
quase dobrando sua intensidade. As variações observadas, tanto elétrica quanto
ótica, são reversíveis, o que foi confirmado em sequência de ciclos de adsorção e
dessorção do vapor. Tais características potencializam o material desenvolvido
como promissor na área de sensoriamento de HCl uma vez que esse gás pertence a
uma categoria de gases ácidos que oferecem perigo a vida humana.
Também devemos destacar o comportamento térmico das NF_PYP durante a
emissão UC. A membrana alcançou temperatura próxima de 100°C sem sofrer
degradação aparente durante 6 minutos. Assim, esse material pode ser classificado
como multifuncional, podendo atender outros interesses tais como de esterilização
física.
Quanto ao desenvolvimento da membrana de PS recoberta com PAni oxidada
pelo YVO4(Ln), o que denominamos NW_PAni[PS]_Y*, consideramos seus objetivos
plenamente alcançados. A técnica empregada para produção da membrana conferiu
a mesma uma morfologia capaz de adsorver bem em sua superfície a polianilina e o
óxido. Registramos como inovadora a oxidação da PAni através do YVO4 co-dopado
com Terras Raras trivalentes, o que não somente atribuiu condutividade elétrica à
PAni como também luminescência (emissão UC). O recobrimento da membrana de
PS com esta PAni, permitiu a construção de um material que respondeu
positivamente aos testes como sensor de amônia (NH3). O material se comportou
como um condutor ôhmico quando submetido a tensões elétricas contínuas (VDC).
Na presença do vapor de NH3, o material registrou um aumento da resistência
ôhmica em quase 15x após 2 minutos de exposição. O comportamento reversível foi
observado em ciclos sequenciados de adsorção/dessorção do vapor. Já com relação
97
à luminescência, medimos a diminuição na intensidade quando a NW_PAni[PS]_Y*
foi exposta ao vapor de NH3, com redução em torno de 70% no primeiro ciclo. As
medidas cíclicas também confirmaram o caráter reversível desta propriedade. Assim
também, o material desenvolvido pode ser destacado no campo de pesquisa em
sensoriamento de amônia, um gás presente, por exemplo, na decomposição de
matéria orgânica.
98
6 PERSPECTIVAS
Além de ampliar a gama de gases e compostos orgânicos voláteis (VOCs)
testados com esses materiais, tanto a NF_PYP como a NW_PAni[PS]_Y*
apresentam características que podem ser úteis em outras áreas de pesquisa
aplicada. O emprego destes como filtro, na remoção de contaminantes aquosos ou
esterilização de microrganismos patogênicos, no campo de sensoriamento de outros
gases ou mesmo como bio-sensor, está condicionado a outros estudos que
possibilitem testes específicos para análise de cada potencial aplicação. Caberia
ainda como desdobramento da pesquisa, investigar com maior profundidade a
interferência entre as propriedades já destacadas, ou seja, como o comportamento
luminescente afeta o comportamento elétrico e vice-versa, como as duas
propriedades podem ser combinadas em tais aplicações e quais vantagens traria
frente aos materiais adotados atualmente. Outra possibilidade a ser investigada é o
efeito que a presença da PAni causa na luminescência do material, verificando se a
mesma tem contribuição positiva, negativa ou neutra na intensidade da emissão UC.
Há também a possibilidade de investigar a relação entre o comportamento mecânico
da fibra e sua propriedade elétrica, ou seja, verificar se ocorre variação de
impedância elétrica quando as fibras são tensionadas.
99
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108
109
APÊNDICE A – ARTIGO PUBLICADO EM PERIÓDICO INTERNACIONAL1
1 Periódico internacional avaliado no quadriênio 2013-2016:
0167-7322 JOURNAL OF MOLECULAR LIQUIDS (PRINT) ENGENHARIAS II B1
0167-7322 JOURNAL OF MOLECULAR LIQUIDS (PRINT) ENGENHARIAS III B1
110
APÊNDICE B – ARTIGO PUBLICADO NOS ANAIS DO 14°CONGRESSO
BRASILEIRO DE POLÍMEROS EM OUTUBRO/2017
NANOFIBRA MULTIFUNCIONAL DE POLIANILINA/YVO4(Er2%;Yb8%)
Adriel R.F. de Lima1*, Kléber G.B. Alves2
1 – Instituto Federal de Pernambuco, Campus Caruaru, adriel.lima@ifpe.caruaru.edu.br 2 - Departamento de Engenharia Mecânica (DEMEC), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife,PE
Resumo: O presente trabalho consiste na síntese da Polianilina (PAni) combinada com Ortho Vanadato de Ítrio co-dopado com Érbio e Itérbio
(YVO4 [Er 2%; Yb 8%]) para produção de nanofibras através da técnica de eletrofiação. Para caracterização do material foram empregadas as
técnicas de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Espectroscopia de absorção na região UV-visível, Espectroscopia de absorção na região
de IR (FTIR), Espectroscopia de fotoluminescência e Espectroscopia de Impedância(EI). As imagens obtidas por MEV demonstram a obtenção
de fibras com diâmetro médio de 260 nm, cujos valores de EI diminuem em 3 ordens de grandeza quando submetido ao vapor de HCl, e que é
possível emissão de uma luz verde intensa (λ=525 nm) quando excitado com laser de λ= 980 nm. Os resultados preliminares sugerem aplicações
deste material como atuador na remoção de contaminantes aquosos, sensoriamento de gases, bio-sondas, dentre outros. A pesquisa em
desenvolvimento tem a perspectiva de investigar a influência entre as propriedades elétrica e óticas dessa classe de material.
Palavras-chave: Polianilina, Vanadato de Itrio, sensor de gás, “up conversion”, eletrofiação.
Multifunctional polyaniline/YVO4 (Er2%; Yb8%) nanofiber
Abstract: The present work consists of the synthesis of polyaniline (PAni) combined with Ortho Vanadato of Yttrium co-doped with Erbium and
Ytterbium (YVO4 [Er 2% and Yb 8%]) for the production of nanofibers through electrospinning technique. To characterize the material, the
following techniques were employed: Scanning Electron Microscopy (SEM), Absorption spectroscopy in UV-visible region, IR spectroscopy (FTIR),
Photoluminescence spectroscopy and Impedance Spectroscopy (EI). The images obtained by MEV demonstrate the obtaining of fibers with an
average diameter of 260 nm, whose EI values decrease by 3 orders of magnitude when subjected to HCl vapor, and that it is possible to emit an
intense green light (λ = 525 nm) when excited with λ = 980 nm laser. Preliminary results suggest applications of this material as an actuator in the
removal of aqueous contaminants, gas sensing, bio-probes, among others. The research in development has the perspective of investigating the
influence between the electrical and optical properties of this class of material.
Keywords: Polyaniline, Vanadato of Yttrium, gas sensor, up conversion, electrospinning.
Introdução
Neste trabalho apresentamos uma nanofibra de compósito polimérico a base de PAni dopada com
Vanadato de Itrio co-dopado com Terras Raras [YVO4(Er2%;Yb8%)] processada em PVA para obtenção da fibra
pela técnica de eletrofiação. Este material apresenta propriedades elétricas e óticas, colocando-se como
potencial candidato em aplicações de sensoriamento de gases.
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