O suporte têxtil Breve introdução a suportes têxteis -

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Bibliografia - El soporte têxtil. NICOLAUS, Kunt. Manual de restauración de cuadros, 2003.

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“O SUPORTE TÊXTIL”Fábio Zündler

Pelotas

2013

Universidade Federal de PelotasInstituto de Ciências Humanas

Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais MóveisDisciplina de Conservação e Restauro de Pinturas I

INTRODUÇÃO

O suporte têxtil engloba na pintura os suportes de tecidos como linho, tela, cânhamo, seda, lã e materiais sintéticos. As primeiras obras sobre suportes têxteis se remontam a ameados do século 15, no inicio do século 16 o suporte têxtil desbancou a tábua e desde o século 18 é o suporte mais importante da pintura.

DETERIORAÇÃO E SUAS CAUSAS

Como todos os materiais orgânicos, os suportes têxteis também envelhecem, com isso ao longo do tempo perdem sua consistência, elasticidade e deixam de ter capacidade de sustentar as camadas da tela. No passado esse problema era resolvido com um reentelamento. Desde o começo dos anos 70 se tem procurado mediante investigação rigorosa as causas da deterioração e de novos procedimentos para restauração e conservação dos suportes têxteis.

PROPRIEDADES DA CELULOSE

“A celulose possui uma série de propriedades negativas”

Envelhece (sofre oxidação); Absorve radiação;Atacada por ácidos em forma de poluição;Atacada por micro-organismos;Sofre com tratamentos de conservação e

restauração;Sensíveis a cargas mecânicas mais fortes;É higroscópica.

OXIDAÇÃO

O linho entra em contato com o oxigênio do ar e oxida. É um processo que não temos como parar, no máximo atrasá-lo, com isso o linho perde a elasticidade e fica quebradiço. Esse processo de oxidação acelera quando é utilizado óleos secantes, que com a secagem absorvem oxigênio.

Foto: http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

Prejudicam todas as fibras naturais e algumas sintéticas, os raios são energias que chegam ao suporte têxtil. Uma U.R do ar alta e um catalisador aceleram a desintegração.

METAIS

Metais que entram em contato direto com o linho agem como catalisadores da oxidação.

IMPACTO AMBIENTAL:

A forte industrialização contribui para a deterioração. Os ácidos inorgânicos, os ácido sulfúrico e o ácido sulfuroso, que contaminam a atmosfera, decompõe a celulose. Por exemplo o ar de um museu em uma sala que se guarda ou exibe um quadro com dióxido de enxofre e partículas de pó. O ácido sulfuroso, que se forma a partir do dióxido de enxofre, origina a destruição das fibras. As partículas de pó, que se depositam atrás do quadro, nos espaços existentes entre o bastidor e o suporte reforçam o processo atuando como compressão..

MICRO-ORGANISMOS

O mofo e as bactérias desintegram a celulose, essa decomposição é parecida com a da oxidação, o tecido perde a consistência e elasticidade, ficando quebradiço e se desfaz

CARACTERÍSTICAS HIGROSCÓPICAS

As fibras dos tecidos absorvem a umidade do ar, incham, engrossam e encurtam. O aumento da U.R do ar da lugar a um aumento da espessura da fibra. O tecido que tem fios mais unidos entre si, se encolhe, ao sair essa umidade, o tecido se dilata e amolece.

http://www.xn--fernandezlabaa-2nb.com/restauracion_pintura.htm

A esquerda, distensão do suporte têxtil pela umidade, abaixo uma “tensão artificial” em consequência de uma incorreta tensão no bastidor e um remendo mal aderido por trás, certamente feito com adesivos muito fortes.

REAÇÃO A ÁGUA

A troca da U.R do ar modifica as propriedades de um suporte têxtil, ao aumentar o conteúdo de água, aumenta sua flexibilidade, sua condutibilidade térmica e sua dilatabilidade mas diminui sua consistência, sua dureza, sua estabilidade química e sua hermeticidade em relação ao vapor da água.

TENSÃO DA TELA

A tensão de uma tela é medida em newton/ metro. A tensão normal de uma tela é de 100-200 N/m ou 10-20 kg/m. Dificilmente se manterá ao longo do tempo, uma tela perde sua tensão e se afloxa em decorrência da U.R do ar e das mudanças de temperatura.

BOLSAS CLIMÁTICAS

Atrás dos quadros podem se formar bolsas climáticas. Entre a parede e o suporte têxtil, condicionado pela espessura do bastidor, há um pequeno espaço, com uma temperatura e U.R do ar diferentes do ar da sala onde a pintura está exposta. Isso pode variar de acordo com o tipo de parede, atrás do quadro a temperatura é mais baixa e a umidade mais alta, com isso pode formar craquelados, desprendimento da camada pictórica e deformações.

OPERAÇÕES GERAIS DE

OPERAÇÕES GERAIS DE

RESTAURAÇÃO

RESTAURAÇÃO

REVESTIMENTO DA CAMADA DO QUADRO – Faceamento

Trata-se de um processo de tratamento que visa a proteção das superfícies dos bens durante o processo de transporte, desmontagem ou tratamento. Serve como forma de evitar/minimizar eventuais danos que se possam vir a sentir na superfície. Trata-se da aplicação de uma fina camada de um material inerte (que não interaja com a superfície do bem a proteger) através da aplicação de um adesivo em baixas concentrações. Este adesivo deve ser totalmente reversível e não provocar nenhuma alteração na superfície. O faceamento deve ser realizado com a aplicação sobre a superfície de um material como o papel japonês, a gaze, ou outro, e o adesivo deve ser pincelado sobre este.

LIMPEZA DA PARTE DE TRÁS DO QUADRO

Geralmente, atrás de quadros antigos, não serão lisos e nem estarão limpos. A restauração a esses tipos de quadros é eliminar as possíveis irregularidades e a sujidade dos anos. Entre as irregularidades, resíduos e restos estão os defeitos do tecido, os nós da tela, as costuras, as imprimaduras originais que tenham passado através do suporte têxtil. As imprimaduras originais que passaram pelo suporte têxtil, as sujidades em qualquer de suas formas, os sedimentos que acompanham a fumaça de cigarro (alcatrão) restos de adesivos e micro-organismos. Cada tratamento da parte de trás de um quadro representa uma carga para a superfície do mesmo.

Marcas de uma intervenção anterior, restos de preparação sintética que atravessou o tecido.

Foto: http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html

NÓS E COSTURAS

Segundo a qualidade, a idade e as dimensões do tecido, o suporte têxtil e o reentelamento podem apresentar nós, fios mais grossos e costuras. Os nós, os engrossamentos dos fios, e as costuras são irregularidades das partes detrás de um quadro que com reentelamento penetram ao outro lado. Na superfície do quadro pode aparecer protuberâncias que correspondem aos nós e as costuras, para evitar isso deve –se preparar o suporte têxtil.

IMPRIMADURA

Algumas pinturas de cavalete apresentam uma fina camada colorida imediatamente sobre a camada de preparação. Supostamente, essa camada proporciona uma cor mais adequada ao desenvolvimento da pintura do que a cor da camada de preparação ou apresenta uma diferente absorção da tinta e para ela, em português, se encontram as designações de imprimidura, imprimatura, imprimação e impressão.

SUJIDADE

Segundo o tempo da obra e o local em que ela foi conservada, as telas acumulam sujidades. Geralmente se elimina a seco. Com um pincel retira-se a sujidade da superfície da tela, podendo recorrer a uma esponja ou borracha de apagar macia e após limpar as partículas desprendidas com um aspirador, da mesma forma podemos agir para limpar a na parte posterior da tela.

A limpeza é feita mecanicamente com escova, bisturi e sucção.

Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html

Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html

A medida que se realiza a limpeza mecânica o suporte vai recuperando a flexibilidade. A sujidade, pó e impregnação de adesivos provocam muita rigidez as fibras.

ADESIVOS

Os adesivos são produtos que originam uma união dos matérias, neste caso dos tecidos, o restaurador utiliza para fazer remendos ou nos reentelamentos. A utilização de adesivos pode causar uma superfície irregular, criar tensões no suporte, influenciam na elasticidade do suporte, alteram a difusão de vapor de aguá no quadro e podem ser higroscópicos. Adesivos aquosos podem ser atacados por microrganismos.

ELIMINAÇÃO

Os restos de adesivos não só estão na superfície do suporte têxtil como penetram profundamente no tecido. Os restos de adesivos se reduzem ou eliminam a seco com bisturi ou micro-abrasão ou molhado com bisturi e compressas, também pode se fazer um tratamento com enzimas.

ENZIMAS

As enzimas são substâncias proteicas, de formação intercelular e com moléculas de grande porte, que como biocatalizadores dirigem todas as reações químicas dos organismos. As reações químicas se desenvolvem rapidamente em meio aquoso. Nas restaurações de telas, em algumas ocasiões se recorre as enzimas para a limpeza de superfícies e para eliminar vernizes e colas. Segundo Knut Nicolaus, que propôs uma limpeza de um quadro com enzimas para eliminar cola, constatou o que as mesmas não só penetram a cola como também penetram na estrutura do quadro provocando reações não desejadas.

RETIRADAS DE REMENDOS E ETIQUETAS

Remendos são pedaços retangulares ou quadrados de tela que se colam por trás do quadro para fechar rupturas e buracos. Em certas ocasiões também utiliza-se papel como material adesivo (Papel japonês). Até os anos 70 colar rupturas e buracos por detrás da tela era o procedimento mais correto e a única alternativa ao reentelamento.

Etiquetas são rótulos colados na parte detrás de um quadro que geralmente contém informações sobre o mesmo.

Remendos e etiquetas podem marcar a parte detrás com protuberâncias, pregas e um craquelê específico.

Fotos:http://obrasrestauradasgaia.blogspot.com.br/2012/10/increible-restauracion-del-lienzo_30.html

REENTELAMENTO

O reentelamento consiste em fazer aderir um tecido protetor no verso da tela. Esta técnica ou intervenção só deve ser levada a cabo nos casos em que se considere absolutamente imprescindível. Caso contrário deverá optar-se sempre por técnicas que envolvam menor intervenção sobre a obra. Existem diversos sistemas para reentelar, alguns deles clássicos, enquanto outros foram recentemente desenvolvidos. Entre os processos clássicos destaca-se o reentelamento com branco de chumbo, com pasta de farinha ou goma, com cera-resina, ou cola aquosa.

ELIMINAÇÃO DO TECIDO DO REENTELAMENTO

Normalmente os suportes têxteis velhos são reentelados, ou seja, a elas são aderidos um outro suporte têxtil para sua estabilidade. Em algumas ocasiões devemos tirar o tecido do reentelamento, por exemplo, quando já não cumpre sua função ou o reentelamento foi feito incorreto e ainda quando o suporte têxtil está em deterioração.

TECIDOS DE REENTELAMENTO

Os tecidos de reentelamentos servem para estabilizar o suporte original e portanto para consolidar o quadro. Como suportes auxiliares se tem utilizado tecidos de linho, cânhamo, de seda e no século XX, algodão, de fibras sintéticas. PROPRIEDADES:

Devem ser estáveis em relação a poluição atmosférica e a luz, não afloxar, ter um bom comportamento isotrópico, pouca reação a troca de U.R do ar, ter uma boa relação de ligação com o adesivo escolhido e dispor de uma estrutura têxtil adequada. PREPARAÇÃO:

Todos os tecidos de reentelação devem ter sido lavados, estarem lisos e sem irregularidades. A estrutura têxtil que foi escolhida depende do suporte e o tratamento posterior estar relacionado com o adesivo e com o procedimento de reentelação.

ADESIVOS PARA REENTELAMENTO

As substâncias básicas cumprem a função de aderência e consistência, os aditivos servem para modificar as propriedades. No século XX somente se tinha, como substâncias básicas, de materiais naturais de procedência animal ou vegetal. Com descobrimento da resina sintética os restauradores puderam dispor também de dispersões de acetato de polivinil, soluções de resinas acrílicas e de ceras microcristalinas entre outros capazes de direcionar o processo de fixação e de endurecimento e de melhorar a instabilidade, a adesão, a flexibilidade e a resistência ao envelhecimento.

BIBLIOGRAFIA

- El soporte têxtil. NICOLAUS, Kunt. Manual de restauración de cuadros, 2003.

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