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Ascensores com história
62 elevare
O Elevador panorâmico da Fajã dos Padres, Ilha da MadeiraO elevador panorâmico mais elevado de PortugalAntónio Vasconcelos
Engenheiro Especialista em Transportes
e Vias de Comunicação (OE)
O elevador panorâmico da Fajã dos Padres está situado na freguesia da
Quinta Grande, no concelho de Câmara de Lobos. A entrada para a estação superior deste aparelho é efetuada
através da Estrada Padre António Henriques Dinis.
Este aparelho é o único acesso por terra
ao complexo agrícola e turístico da Fajã
dos Padres, junto ao mar, dotada de uma
bela praia e de um conceituado restauran-
te. Localizado na escarpa, ao lado do Cabo
Girão, este Elevador panorâmico goza de
uma paisagem deslumbrante, efetuando
uma vertiginosa viagem com um desnível
de 254 m, facilitando imenso o acesso dos
turistas a esta Fajã.
Foi construído pela EFACEC - ELEVADO-
RES em 1997. Está equipado com todos
os sistemas de um elevador tradicional,
tendo no entanto a particularidade de não
possuir cabo de manobra (ligação elétri-
ca entre a cabina e a casa das máquinas).
Este cabo é substituído por um sistema de
comunicação, via rádio, entre os dois pon-
tos mencionados, com alimentação por
baterias, carregadas automaticamente
nos dois pontos de paragem, que também
asseguram a iluminação e o comando da
porta automática. Tal como os elevadores
tradicionais, dispõe de um contrapeso di-
mensionado para minimizar o consumo
de energia. A cabina é dotada de janelas
panorâmicas e tem uma capacidade de
16 passageiros.
A casa das máquinas situa-se num pequeno
edifício, situado na face superior da falésia e
os cabos de suspensão passam pelas rodas
de desvio apoiadas numa estrutura metáli-
ca de grande porte localizada no bordo da
falésia. O acesso dos passageiros à estação
superior do elevador é efetuado por vários
lanços de escadas, vencendo um desnível
de cerca de três dezenas de metros (esta
particularidade deve-se às difíceis condi-
ções de topografia do terreno, que não foi
possível ultrapassar).
A via do elevador e a escada de emergência
são apoiadas numa estrutura metálica qua-
se vertical, cravada no enorme rochedo.
Nessa estrutura está apoiada uma conduta
forçada que é bem visível nas fotos. A sua
função era conduzir a água para a Central
Hidroelétrica da Fajã dos Padres. Neste
momento esta Central está desativada por
terem sido desviadas as afluências para ou-
tro aproveitamento.
A construção deste elevador panorâmico
e inclinado, único em Portugal, obrigou a
resolver uma série de complexos proble-
mas técnicos, tais como o elevado curso
(quase da altura da Torre Eiffel em Paris), a
montagem exterior em ambiente marinho,
altamente corrosivo, a resistência ao vento,
a impossibilidade de montagem de cabo de
manobra, (cuja solução já foi explicada em
parágrafo anterior).
Por todas estas razões a cabina foi cons-
truída em aço inoxidável, com o teto exte-
rior inclinado e com um alçapão no teto, © Eng. Mario Jardim Fernandes
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Ascensores com história
de modo a facilitar o eventual resgate de
passageiros em caso de avaria ou acidente.
São cerca de 250 metros de desnível,
vencidos em 4 minutos de viagem, acom-
panhando a encosta da enorme falésia do
Cabo Girão até à Fajã dos Padres. O eleva-
dor possui janelas panorâmicas que permi-
tem apreciar cada momento da descida: a
costa sul da Ilha da Madeira até à Ponta do
Sol, a pequena baía da Fajã ou simplesmen-
te o mar, até onde a vista alcança.
A Fajã dos Padres situa-se na costa sul da
ilha da Madeira, próximo do famoso preci-
pício do Cabo Girão, com 589 m de altura,
o maior da Europa e o segundo mais alto
do mundo. Fajã significa “um terreno plano,
cultivável, de pequena extensão, situado à
beira-mar, formado de materiais desprendi-
dos da encosta”
O nome da Fajã deve-se ao facto de ter
pertencido aos Padres da Companhia de
Jesus, durante mais de 150 anos (preci-
samente entre 1595 e 1759). Na sua per-
manência na Fajã dos Padres, os Jesuítas
deixaram um marco notório, dos quais se
destaca a introdução da casta malvasia,
um dos vinhos mais apreciados da Ilha da
Madeira.
Antes da construção deste elevador o
acesso de pessoas só era possível por via
marítima ajudado por um pequeno cais de
acostagem. Atualmente diversas empre-
sas turísticas promovem viagens até à Fajã
dos Padres, entre as quais a embarcação
“Malvasia - Fajã dos Padres” que transporta
10 passageiros e faz ligações para o porto
vizinho de Câmara de Lobos. Atualmente a
Fajã dispõe ainda de um heliporto, que per-
mite o acesso por via aérea.
Refira-se no entanto que ainda está em ser-
viço um antigo elevador de carga, ao lado
deste elevador panorâmico, com capacida-
de para 300 kg, apoiado em cabos de aço
suspensos e construído em 1984.
Atualmente, a Fajã dos Padres é uma peque-
na estância turística que inclui um conceitu-
ado restaurante, excelentes condições para
fazer praia e para a prática de pesca, casas
de turismo de habitação para estadias de
curta duração.
Para além da cultura do vinho, esta zona
conta com condições climáticas excelentes
para o cultivo de papaia, manga, abacate, ba-
nana e outras frutas exóticas como a goiaba,
a pitanga, o araçal e o maracujá.
FICHA DA INSTALAÇÃO
Localização – Fajã dos Padres, Quinta
Grande, Câmara de Lobos, Ilha da
Madeira
Entrada em serviço – 1997
Atual Entidade proprietária – Socieda-
de Agrícola da Fajã dos Padres
Empreiteiro – EFACEC - ELEVADORES
Fornecedor – EFACEC - ELEVADORES
Curso – 254 m
Desnível – 250 m
Inclinação media – 98%
Cap. cabina – 16 passageiros/1200 kg
Peso estimado da cabina – 2200 kg
Sistema de tração – motor elétrico
assíncrono trifásico de 45 kW, ali-
mentado por um conversor eletró-
nico de variação de frequência aco-
plado a um redutor de velocidade.
Suspensão – 8 cabos de 15 mm de di-
âmetro
Velocidade – 1,0 m/s
Tempo de viagem – cerca de 5 minutos
O Autor agradece ao Eng.º Mário Jardim
Fernandes (Diretor da Sociedade Agrícola
da Fajã dos Padres) a revisão do texto e a
cedência de imagens e também ao Eng.º An-
tónio Garrido (Diretor da Liftech), a cedência
de imagens.
Ver também no livro Funiculares e Teleféricos
de Portugal, de Alberto Fonseca, António Vas-
concelos e Francisco Alba, nas páginas 106/107,
uma referência a este elevador
© Eng. Antonio Garrido
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