View
6
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
0
POLLYLIAN ASSIS MADEIRA
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS COMO RECURSO
TURÍSTICO: UM ESTUDO EM BARÃO DO MONTE ALTO – MG
Belo Horizonte
Centro Universitário UNA
2006
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
POLLYLIAN ASSIS MADEIRA
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS COMO RECURSO
TURÍSTICO: UM ESTUDO EM BARÃO DO MONTE ALTO – MG
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em Turismo e Meio Ambiente do Centro
Universitário UNA, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Turismo e Meio
Ambiente.
Área de Concentração: Turismo e Meio Ambiente.
Orientador: Dr. Nelson Antonio Quadros Vieira
Filho.
Belo Horizonte
Centro Universitário UNA
Setembro / 2006
2
3
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação ao povo da cidade de Barão do Monte Alto-MG por se
disponibilizarem em ajudar-me na construção deste trabalho.
Ao meu pai que é filho desta cidade e que fez-me valorizar a cultura montealtense.
E à minha mãe por ter-me proporcionado este sonho e ser sempre meu "dedo verde".
4
AGRADECIMENTOS
À Deus, dono da sabedoria e fornecedor do discernimento. Aos professores pelos
ensinamentos oferecidos. Ao professor Dr. Nelson Antonio Quadros Vieira Filho pelo
empenho em orientar-me. À minha mãe, por ter acreditado em minha vontade e
proporcionado este desejo. Ao meu pai, pelo apoio irrestrito e por ser a pessoa mais sábia
existente em minha vida. Aos meus irmãos: Pollyanna, Pollynne, Peter Mille e Pedro
Henrique, pelas alegrias, pela força e vibração em cada etapa vencida. Ao André, pelo
incentivo de sempre, pelo companheirismo e compreensão de algumas ausências. A todos
vocês que foram meus anjos, que me levantaram quando minhas asas tiveram problemas e me
lembraram como voltar a voar.
Agradeço também, à comunidade de Barão do Monte Alto, pela atenção, disponibilidade e
fornecimento de informações do histórico da cidade, para o desenvolvimento deste trabalho.
5
RESUMO
Esta dissertação tem como tema as manifestações culturais como recurso turístico e objetivou analisar os fatores que dificultam a potencialização e transformação dessas manifestações em produtos turísticos sustentáveis com base em estudo de caso realizado na cidade de Barão do Monte Alto – MG. Para tanto, buscou-se: 1) discutir o papel das manifestações culturais como recurso turístico na literatura e no planejamento turístico; 2) caracterizar as manifestações culturais do Município de Barão do Monte Alto – MG, em termos de sua evolução histórica e significado para os seus principais atores, como também para representantes do poder público e comunidade; 3) entender as razões que provocaram a decadência das manifestações culturais no município, na perspectiva desses atores; 4) diagnosticar as potencialidades como também as limitações que impedem a transformação dessas manifestações em produto turístico sustentável a partir das opiniões desses atores e análises precedentes; e, 5) por fim, propor sugestões para a superação desses entraves. A metodologia utilizada envolveu uma pesquisa documental sobre as manifestações culturais da cidade, uma pesquisa bibliográfica relacionada a manifestações culturais, identidade local e planejamento turístico, dentre outros temas; entrevistas abertas e semi-estruturadas, dirigidas aos responsáveis pelas manifestações culturais atuais e passadas, representantes do poder público (secretário de turismo e cultura, prefeitos atual e passados), igreja, líderes comunitários e moradores mais antigos do município. Dentre os vários motivos observados que ocasionaram a decadência das manifestações culturais na cidade de Barão do Monte Alto, o principal é a desvalorização da cultura local tanto por parte da comunidade quanto por parte do poder público, em paralelo ao efeito da reorganização do calendário de eventos efetivada e massificação de algumas dessas manifestações visando atrair um público maior, além da falta de incentivo financeiro. Por fim, foram propostas sugestões tanto dos atores sociais quanto da autora, de forma a colaborar para um possível retorno e melhor valorização das manifestações culturais locais, transformando-as em produtos turísticos sustentáveis. Palavras-chave. Manifestações culturais; recurso turístico.
6
ABSTRACT
This dissertation, based on a case study carried in the city of Barão do Monte Alto – in the State of Minas Gerais, has as subject the cultural manifestations as tourism resource and it aimed at analyzing the factors that make it difficult the enhancement and transformation of these manifestations in sustainable tourism products. Thus, it sought to: 1) discuss the role of the cultural manifestations as tourism resource based on the current literature and on the tourism planning; 2) to characterize the cultural manifestations of the city of Barão do Monte Alto, in terms of their historical evolution and meaning for their main social actors, as well as for the public representatives and the community; 3) to understand the reasons that provoked the decay of the cultural manifestations in the city, in the perspective of these social actors; 4) to identify, from the opinions of these actors and the preceding analysis, the potentialities as well as the limitations that hinder the transformation of these manifestations into sustainable tourist products; and 5) to consider suggestions to overcome these obstacles. The methodology involved a documentary research on the cultural manifestations of the city, a bibliographical research related to cultural manifestations, local identity and tourism planning, among other subjects; also non-structured and semi-structured interviews were directed to the ones responsible for the current and past cultural manifestations, public representatives (secretary of tourism and culture, present and former mayors), community leaders, church representatives and older residents of the city. Among the reasons observed that had caused the decay of the cultural manifestations in the city, the main one is the depreciation of the local culture both by part of the community and by the public representatives, in parallel to the effect of the reorganization of the calendar of events set and the massification of some of these manifestations, aiming at attracting a bigger public, besides the lack of financial incentive. Finally, both the author and the social actors have made suggestions to contribute to a possible return and better valuation of the local cultural manifestations, seeking to turn these into sustainable tourism products. Keywords. cultural manifestations; tourism resource.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Localização do Município de Barão do Monte Alto no estado de Minas
Gerais ............................................................................................................. 27
Figura 2 Municípios limítrofes e Distritos do Município de Barão do Monte Alto..... 27
Figura 3 Início da apresentação da Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de
Cristo .............................................................................................................. 33
Figura 4 Apresentação da Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo....... 33
Figura 5 Marias-béus. Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo ............ 34
Figura 6 Apresentação da Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo
no palco .......................................................................................................... 35
Figura 7 Boi do Mineiro-pau ........................................................................................ 36
Figura 8 Colombina personagem do Mineiro-pau e Boi .............................................. 37
Figura 9 Outros personagens do Mineiro-pau e Boi..................................................... 38
Figura 10 Mineiro-pau com apresentação de mulheres e crianças ................................. 39
Figura 11 Mineiro-pau.................................................................................................... 39
Figura 12 Mineiro-pau com roupagem diferente............................................................ 40
Figura 13 Representante de um dos Blocos Carnavalescos se apresentando com o
Mineiro-pau.................................................................................................... 42
Figura 14 Participante dos Blocos Carnavalescos .......................................................... 43
Figura 15 Abre-Alas e Mestre-Sala. Representantes dos Blocos Carnavalescos ........... 44
Figura 16 Rua enfeitada onde é montado o palco .......................................................... 45
Figura 17 Busto do Mestre Gama................................................................................... 70
Figura 18 Casa de Baile destruída .................................................................................. 70
Figura 19 Casa de Baile destruída .................................................................................. 71
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
1.1 Tema, problema e a relevância da pesquisa................................................................. 9
1.2 Objetivos.......................................................................................................................... 10
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 10
1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 10
1.3 Estrutura da dissertação ................................................................................................ 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 12
3 METODOLOGIA.............................................................................................................. 24
4 BARÃO DO MONTE ALTO E SUAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS ................ 27
4.1 Breve caracterização do Município............................................................................... 28
4.2 Manifestações culturais.................................................................................................. 32
4.3 Percepção dos atores sociais .......................................................................................... 45
4.4 Sugestões dos atores sociais ........................................................................................... 57
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 61
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 72
APÊNDICE ........................................................................................................................... 77
APÊNDICE A - ENTREVISTAS ABERTAS E SEMI-ESTRUTURADAS .................... 77
ANEXO .................................................................................................................................. 95
ANEXO A - MÚSICAS DO MINEIRO-PAU ..................................................................... 95
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema, problema e a relevância da pesquisa
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT) "o turismo compreende as atividades
que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno
habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou
outros" (SANCHO, 2001, p .38).
Uma grande característica do turismo, além de sua natureza terciária, é seu efeito
multiplicador de riqueza, desenvolvendo economicamente uma localidade. É importante
ressaltar que o turismo pode ocasionar impactos ambientais, sócio-econômicos e culturais
negativos e positivos, diretos ou indiretamente; por isso, suas principais características devem
ser levadas em consideração, quando se aplica o planejamento do desenvolvimento turístico,
para ajudar a prever a ocorrência de situações que, de algum modo, afetarão o plano de
desenvolvimento.
Vê-se que, no turismo há um grande interesse por patrimônio cultural, lugares históricos e
cidades que oferecem uma agenda cultural variada, surgindo novas perspectivas para a
economia urbana de uma localidade. E as autoridades municipais mostram um interesse cada
vez maior pelos recursos históricos e culturais, preocupando-se com a infra-estrutura, que
pode resultar num futuro desenvolvimento econômico (PEARCE & MOSCARDO, 2002,
p.112-113). O turismo cultural é visto como o segmento que mais cresce no mercado turístico
(RICHARDS, 1996).
O turismo também é visto como um meio de viabilizar a conservação de patrimônios culturais
e um incentivo para a inovação de atividades, podendo tornar-se uma força importante para a
defesa da herança cultural.
As manifestações culturais fazem parte da oferta turística e, normalmente, descritas e
avaliadas em suas características intrínsecas (local de ocorrência, formas de apresentação,
10
singularidade) e extrínsecas (acesso, transporte, existência de equipamentos e serviços
turísticos) na etapa do inventário da oferta turística, dentro do processo de planejamento
turístico (Vide BARCELOS, 2003). Mas essa descrição e avaliação são normalmente
superficiais, não captando as razões mais profundas, de ordem cultural, que podem dificultar
ou potencializar o uso dessas manifestações como recursos turísticos de forma apropriada.
Essa dissertação tem como tema as manifestações culturais como recurso turístico. Barão do
Monte Alto, em Minas Gerais, foi escolhida como foco de estudo por possuir riqueza cultural
e potencial turístico, como várias manifestações culturais e folclóricas que, com o passar dos
anos, entraram em decadência, tais como Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de
Cristo, Mineiro-pau e Boi e Blocos Carnavalescos. Deve-se ressaltar que, haviam também
outras manifestações culturais, como Caxambu, Folia de Reis e Festa Junina, mas, neste
trabalho será destacado apenas as manifestações que se apresentavam no período da Semana
Santa, pois são as de maior destaque na cultura da cidade.
A cidade de Barão do Monte Alto possui potencial turístico, mas necessitava de um estudo
mais aprofundado sobre o histórico de suas manifestações culturais, para se entenderem
melhor as razões pelas quais estas não são melhor aproveitadas turisticamente.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Analisar os fatores que dificultam a potencialização e transformação de manifestações
culturais em produtos turísticos sustentáveis na cidade de Barão do Monte Alto – MG.
1.2.2 Objetivos específicos
discutir o papel das manifestações culturais como recurso turístico na literatura e no
planejamento turístico;
11
caracterizar as manifestações culturais do Município de Barão do Monte Alto – MG, em
termos de sua evolução histórica e significado para os seus manifestantes, como também
para representantes do poder público e comunidade;
entender as razões que provocaram a decadência das manifestações culturais no
município, na perspectiva desses atores;
diagnosticar as potencialidades como também as limitações que impedem a transformação
dessas manifestações em produto turístico sustentável a partir das opiniões desses atores e
análises precedentes;
propor sugestões para superação desses entraves.
1.3 Estrutura da dissertação
No primeiro capítulo, apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre turismo, planejamento
turístico, manifestações culturais, folclore, entre outros fatores que permitem um melhor
esclarecimento e entendimento sobre as dificuldades e questões que impossibilitam o
desenvolvimento turístico e cultural de uma localidade. No segundo capítulo, descreve-se a
metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho, sendo detalhadas as pesquisas,
tanto bibliográfica quanto documental, e os procedimentos envolvidos na pesquisa junto aos
atores sociais, através de entrevistas abertas e semi-estruturadas. O capítulo seguinte mostra
uma breve caracterização da cidade pesquisada e suas manifestações culturais (Mineiro-pau e
Boi, Blocos Carnavalescos e Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo). Analisa-
se a percepção e sugestões dos atores sociais quanto às manifestações culturais do local,
detectando-se os motivos da decadência aparente e as dificuldades e questões que impedem a
potencialização e transformação dessas manifestações culturais em produtos turísticos
sustentáveis. No último capítulo, apresentam-se as considerações finais relativas à pesquisa
realizada e algumas sugestões, de forma a contribuir para um melhor desenvolvimento das
manifestações culturais da cidade e para a transformação das mesmas em produtos turísticos.
No apêndice, seguem os roteiros das entrevistas realizadas na cidade em pesquisa, e em
anexo, as músicas do Mineiro-pau.
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme Jafari (1981, p.15), o turismo envolve o "estudo de deslocamento humano para fora
de seu hábitat usual, da indústria que responde por suas necessidades e dos impactos que
ambos, ser humano e indústria, exercem nos ambientes sociocultural, econômico e físico".
Entende-se, então, que o turismo envolve tanto as pessoas que o praticam quanto o destino.
É importante também destacar outros pontos relacionados ao desenvolvimento do turismo,
como a análise das motivações das viagens e o preservacionismo. Tendo a consciência de que
a exploração inadequada pode trazer prejuízos irreparáveis às regiões geográficas e a grupos
sociais, tornou-se necessária a criação de legislações específicas, regulamentações turísticas,
serviços de fiscalização e programas de preservação e educação tanto para os turistas quanto
para os nativos das localidades receptoras. Estes aprendem que a conservação é necessária
para garantir a permanente exploração sustentável do local e que também, a preservação
ambiental e cultural estão unidos com o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida
dos seus habitantes. Essa preocupação de trabalhar o desenvolvimento de forma sustentável
implica não apenas a preocupação com o meio ambiente, mas também com a sociedade e a
economia local.
Segundo Barretto (2000, p.19-20), "turismo cultural" pode ser entendido como todo turismo
em que o principal atrativo não seja a natureza, mas algum aspecto da cultura humana,
podendo ser a história, o cotidiano, o artesanato ou qualquer outro dos inúmeros aspectos que
o conceito de cultura abrange. É também caracterizado pela Organização Mundial do
Turismo, como a procura por estudos, cultura, artes cênicas, festivais, monumentos, sítios
históricos ou arqueológicos, manifestações folclóricas ou peregrinações.
Pearce (2002, p. 116) explica algumas tipologias para turistas culturais. Há os turistas
culturalmente motivados, que selecionam um destino de férias como uma função dos seus
interesses específicos e das facilidades culturais oferecidas numa área do destino, que querem
aprender e se beneficiar com as oportunidades apresentadas e passarão vários dias num
destino especifico (cidade ou região), passeando bem preparados e com um guia turístico
13
profissional. Já Bywtaer (1993) diz que este tipo de turista representa uma pequena minoria
do mercado. Os turistas culturalmente inspirados são atraídos por assuntos culturais
especiais, visitando os locais de cultura bem conhecidos (exposições e festivais), viajam pelas
redondezas e colecionam experiências em muitos lugares, não permanecendo muito tempo
num só local. E os turistas atraídos pela cultura, que enquanto estão de férias em algum
balneário ou nas montanhas, realizam visitas ocasionais a uma cidade ou local histórico no
interior, a um museu, igreja ou monumento, sendo uma outra forma de diversão no programa
de férias (PEARCE, 2002, p.116).
Uma das propostas de turismo de interesse específico que pode ser praticada por um grande
número de pessoas sem se massificar é a do turismo baseado no legado cultural. Seus
apreciadores são os turistas que não dependem apenas da situação socioeconômica, mas
também, de sua escolaridade, formação e de seu histórico cultural, consumindo serviços,
comodidades, paisagens, encenações e cultura.
Os conceitos de cultura, memória, preservação e bem cultural são importantes para o
entendimento e desenvolvimento deste trabalho. Cultura pode ser definido como "um
conjunto de características espirituais, materiais, intelectuais e afetivas distintas, que
caracterizam uma sociedade ou um grupo social" (BRANT, 2003, p.3), ou de forma mais
resumida e abrangente, como sendo toda forma de criação e invenção humana (WAGNER,
1981). Já os conceitos de memória, preservação e bem cultural podem ser trabalhados na
perspectiva de Rangel (2002, p. 18). No entendimento do autor memória é uma forma de
reunir as lembranças, heranças ou elementos que constituem o imaginário comum de
determinada comunidade ligada por um passado comum, sendo um importante fator para a
construção de identidades coletivas e para o estabelecimento de relações entre o passado e
presente. A preservação é o melhor meio de dar continuidade física a um patrimônio
edificado, histórico ou ambiental, às coleções artísticas e aos mobiliários, aos jardins e aos
parques históricos, aos arquivos de interesse histórico, aos usos, costumes e manifestações
culturais, promovendo a melhoria da qualidade de vida das sociedades, através do bem-estar
material e espiritual e possibilitando o exercício da memória e da cidadania. Bem cultural é
todo e qualquer produto que possa visualizar as diferentes realizações de uma comunidade e
de um lugar, o qual devemos valorizar e proteger, pois é o elemento essencial da
personalidade de uma comunidade.
14
A palavra patrimônio pode ter vários significados, destacando-se o mais comum, que é o
conjunto de bens que uma pessoa ou entidade possui. Está ligado ao contato permanente com
as origens e à ética de determinada comunidade. Pode ser dividido em duas grandes classes: a
natural, representada pelas riquezas que estão no solo e no subsolo; e a cultural, que pode ser
material ou imaterial (BARRETTO, 2002, p. 9).
Há algumas ações como inventário e tombamento de bens culturais que ajudam na
preservação e conservação do patrimônio. É também importante a educação patrimonial, uma
vez que leva a comunidade a entender, valorizar e proteger seu patrimônio cultural.
Quando se fala da preservação do bem cultural, relaciona-se à utilização e também à sua
integração ao cotidiano da comunidade. Cabe ao poder público atuar normativamente, e a
preservação efetivamente, sendo partilhada com os grupos sociais coletivamente.
A história do patrimônio cultural pode ser entendida como a história das práticas dos homens
ao longo dos tempos, sua tentativa de preservar e valorizar sua própria história através dos
seus registros, monumentos, construções, tradições e formas de organização social.
Figueiredo (2002, p. 56) diz que patrimônio histórico-cultural refere-se à passagem do homem
pelo mundo, sua forma de produzir, de se relacionar, de construir, destruir e de interpretar o
que está ao redor. Refere-se às ações de caráter coletivo; não apenas ao homem
individualmente, mas a todos inseridos no mesmo espaço em um determinado tempo. São
várias as diversidades do patrimônio cultural. Abrange a diversidade das manifestações,
tangíveis ou intangíveis, consagradas ou não consagradas. Percebe-se então que patrimônios
não são apenas objetos e monumentos, mas também hábitos culinários de determinada
comunidade, suas festas, suas formas específicas de organização social, entre outros. Temos
como exemplos, praças, prédios, edificações, utilização de ervas para cura de determinadas
doenças, formas de vestir de algumas regiões, variedades nas expressões lingüísticas, as
especificidades da culinária, etc. Uma abordagem mais ampla de patrimônio cultural inclui as
suas manifestações imateriais, indicando uma diversidade maior de agentes, grupos sociais e
suportes.
Em 1972, definiu-se, na convenção da Unesco, patrimônio cultural como monumentos (obras
de arquitetura, escultura e pintura monumentais, elementos ou estruturas de natureza
15
arqueológica, inscrições, cavernas e combinações destas que tenham um valor de relevância
universal do ponto de vista da história, da arte ou das ciências); conjunto de edificações
(separados ou conectados, os quais, por sua arquitetura, homogeneidade ou localização na
paisagem, sejam de relevância universal do ponto de vista da história, da arte ou das ciências)
e sítios (obras feitas pelo homem ou pela natureza e pelo homem em conjunto, áreas que
incluem sítios arqueológicos que sejam de relevância universal do ponto de vista da história,
da estética, da etnologia ou da antropologia) (BARRETTO, 2002, p. 12).
Barretto (2000, p. 8), diz que, nos últimos anos, a compreensão de que a cultura material
também sofre degradação, se submetida a uma visitação excessiva e a um uso inadequado,
levou à tentativa de aplicar ao turismo histórico o modelo do desenvolvimento sustentável,
adotado pelos que trabalham a natureza como recurso principal, propondo o desenvolvimento
controlado e gradativo de atividades que melhorem o desempenho da economia dos lugares de
forma duradoura, mantendo o equilíbrio ecológico sem agredir a flora e a fauna locais,
considerando as tradições da população e respeitando a sua capacidade de acompanhar o
processo e introduzir-se nele.
O patrimônio cultural está sempre sendo ameaçado de destruição, tanto por fatores naturais,
como enchentes, erosão, respiração humana ou animal, emanações provenientes dos
escapamentos dos automóveis ou das chaminés de fábricas, vandalismo, como por mudanças
nas condições econômicas e sociais, onde há exploração turística (BARRETO, 2003, p. 13).
E, para proteger um patrimônio dessas ameaças, pode-se utilizar o tombamento, que é uma
medida legal e concreta. O tombamento consiste, segundo o mesmo autor (2003, p. 14), num
registro do bem num livro de tombo, onde ficam registrados os bens considerados valiosos e
sujeitos às leis de preservação1 do patrimônio, não podendo serem destruídos nem
modificados em seu aspecto externo ou em suas características essenciais, e também em seu
entorno num raio de 300 metros.
A palavra folk-lore foi criada por William John Thoms, em 1846, para explicar as maneiras de
pensar, agir e reagir das comunidades, cujo significado passou a ser o objeto da futura ciência 1"Preservar significa proteger, resguardar, evitar que alguma coisa seja atingida por alguma outra que lhe possa ocasionar dano. Conservar significa manter, guardar para que haja uma permanência no tempo. Desde que guardar é diferente de resguardar, preservar o patrimônio implica mantê-lo estático e intocado, ao passo que conservar implica integrá-lo no dinamismo do processo cultural. Isso pode, às vezes, significar a necessidade de ressemantização do bem considerado patrimônio, e é nesse terreno que se dá a discussão". (BARRETTO, 2003, p.15)
16
(DELLA MONICA, 2001, p. 18). E o fenômeno folclórico pode ser encontrado em todos os
níveis sociais, sujeito a processos de transformações.
Os fenômenos folclóricos podem ser classificados, segundo a autora acima, como arte,
artesanato, linguagem, antonomásia2, literatura, dança, folguedo folclórico ou auto popular3,
jogo, tipos populares, culinária, vestimenta e festas religioso-populares. No caso do presente
trabalho, os blocos carnavalescos poderiam ser classificados como "dança", já o folguedo
folclórico ou auto popular abrangeriam o "Mineiro-pau" e o "Boi", enquanto a Encenação da
Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo corresponderiam a festas religioso-populares.
Pellegrini Filho (1991) diz que o interesse do turismo por folclore pode ser um dos fatores de
mudança do mesmo. O crescimento do fenômeno turístico e a ligação entre folclore e o
turismo deve ser conduzido de modo a minimizar impactos. Martins (1991, p.47), diz que o
"Turismo e Folclore devem estar de mãos dadas, aliados, inseparáveis [...] o Folclore estimula
o Turismo, dá-lhe calor e vida. Em compensação, o aplauso do turista entusiasma o povo, dá-
lhe prestígio, alimenta o Folclore".
Para que essa união do turismo e folclore ocasione sucesso, não pode se esquecer de que as
ações de planejamento e organização necessárias devem ser feitos em conjunto com a
comunidade da localidade receptora.
Vê-se então a necessidade de um bom planejamento abrangendo de forma conjunta todos os
setores da atividade (BENI, 2003), para um melhor desenvolvimento integrado do turismo,
procurando a possibilidade de uma convivência harmoniosa entre turismo e cultura. Deve-se
trabalhar para que cidades históricas, prédios históricos, monumentos, manifestações culturais
tradicionais sejam utilizados de forma responsável como produto turístico, assim como o
turismo seja um estímulo às diversas expressões da identidade das populações receptoras.
Para a visualização de todos os setores da atividade turística, pode-se citar o Sistema de
Turismo (SISTUR), criado por Mário Carlos Beni (2003). É um instrumento de análise do
2 "Substituição do nome próprio por um comum ou por uma expressão que dê a entender o que se pretendia dizer. Exemplos: Olímpia – Capital do Folclore; Gramado – Cidade das hortênsias [...]" (DELLA MONICA, 2001, p. 31). 3 "Manifestação folclórica que possui letra, música, coreografia e representação teatral. Por exemplo: Congada: representa a luta entre mouros e cristãos" (DELLA MONICA, 2001, p. 33).
17
setor turístico brasileiro, aplicável na Teoria Geral de Sistemas, que serve para conhecer a
estrutura da atividade turística. Envolve subsistemas identificados nos três grandes conjuntos,
o das Relações Ambientais (ecológico, social, econômico e cultural), da Organização
Estrutural (superestrutura e infra-estrutura), das Ações Operacionais do Sistur (mercado,
oferta, demanda, produção, distribuição e consumo) que interagem para ser desenvolvido o
turismo. Esta interação dos subsistemas deve ser promovida de forma conjunta, harmoniosa e
equilibrada, para que se atinja o resultado desejado, fazendo crescer a economia local,
gerando empregos, valorizando e divulgando a localidade, enfim, desenvolvendo o turismo de
forma sustentável. Esses subsistemas são estudados em conjuntos, pois cada variável em um
sistema específico interage com todas as outras variáveis de um mesmo sistema e com as de
outros sistemas, que realizam operações de troca e de interação com ele.
Mas o turismo não é visto apenas como uma solução para cidades que procuram se
desenvolver, pois, o contato de sociedades, culturas e elementos diferentes podem trazer
mudanças tanto para aqueles que estão em busca do conhecimento de novas culturas em suas
viagens, como também para a cidade receptora.
Wall (1997, p. 138) afirma que o patrimônio deve ser conservado, melhorado e até utilizado,
sendo visto como um auxílio que pode ser administrado e compartilhado. A maior
preocupação é quanto à transformação do patrimônio em bem de consumo, que pode deixar
de ser valioso por sua significação na história ou na identidade local e passar a ser valioso
porque poderá ser vendido como atrativo turístico. Mas, Barretto (2000, p.34-35) diz que a
utilização dos bens como equipamentos turísticos, quando transformados em museus, por
exemplo, viabiliza economicamente a manutenção dos bens culturais, móveis ou imóveis,
podendo ser a melhor opção para a conservação do patrimônio e para evitar sua degradação ao
passar do tempo.
A revitalização da memória histórica pode levar não apenas ao fortalecimento da identidade,
mas também ao conhecimento do patrimônio e sua valorização por parte dos próprios
habitantes do local (BARRETTO, 2000, p. 47). Um exemplo disso é um monumento ou
prédio, que dificilmente será destruído por alguém que conhece seu significado e o que ele
representa para sua própria história como cidadão, pois se identificará com o mesmo.
Podemos também dizer que as culturas não são estáticas e a identidade dos povos e das
pessoas muda ao longo do tempo, pois nada e nem ninguém permanece absolutamente
18
idêntico a si mesmo para sempre.
Podemos insistir então, e acreditar que o planejador de turismo pode ser um ator importante
para fazer esse processo de conciliação de turismo e cultura de uma forma correta,
controlando permanentemente e replanejando sempre, para que o patrimônio e o turismo
possam ter uma convivência saudável.
Alguns antropólogos criticam a adaptação da história ao gosto dos turistas em alguns lugares,
como também a divulgação inadequada de rituais e costumes. Mas o planejador de turismo
deve então intervir para que o patrimônio, as tradições, entre outros fatores, possam ser
transformados conscientemente num produto turístico de qualidade, sendo usufruído também
pela comunidade local. Enfim, para qualquer desenvolvimento do turismo, deve haver uma
integração entre o planejamento e desenvolvimento.
Para integração, Butler (2002, p. 18) adota um significado amplo:
Podemos ver planejamento e desenvolvimento integrados como o processo de introdução do turismo numa área e de uma forma pela qual ele se misture com os elementos existentes. Compreendendo-se isso, torna-se implícito o fato de que esta introdução e essa mistura são feitas adequada e harmoniosamente, de maneira que o resultado final seja o sucesso de uma comunidade funcional e aceitável, tanto em termos humanos quanto ecológicos.
Pearce (2002, p. 25) afirma que o desenvolvimento do turismo é uma expressão que inclui não
apenas destinos, origens, motivações e impactos, mas também as ligações complexas
existentes entre todas as pessoas e instituições daquela engrenagem, isto é, o sistema global de
demanda e disponibilidade; e que "o campo do desenvolvimento do turismo ainda espera uma
base teórica sólida para apoiá-lo". Há um grande número de casos estudados de
desenvolvimento de destinos, mas estes tiveram como base uma fundação teórica superficial
(BUTLER, 1997, p. 121).
É interessante também a realização de um trabalho de pesquisa social, tentando detalhar e
examinar as atitudes da comunidade hospedeira diante do turismo e seus impactos,
promovendo um intercâmbio social, observando, portanto, os relacionamentos entre o turismo
e a comunidade.
19
Antes de abordarmos propriamente a conservação dos recursos culturais e o processo de
transformação em produtos turísticos é importante considerarmos a noção de produto
turístico. Este é citado por Beni (2003, p. 26), como sendo "o resultado da soma de recursos
naturais e culturais e serviços produzidos por uma pluralidade de empresas, algumas das quais
operam a transformação da matéria-prima em produto acabado, enquanto outras oferecem
seus bens e serviços já existentes [...]". Já Ruschmann (2001, p. 26) diz que o produto turístico
é "a amálgama de elementos tangíveis e intangíveis, centralizados numa atividade específica e
numa determinada destinação, facilidades e as formas de acesso, as quais o turista compra a
combinação de atividades e arranjos". As características gerais do produto turístico estão
baseadas no fator tempo, que é irrecuperável e não acumulável. Também não pode ser
transportado e nem transferido, sua matéria-prima não se agrupa, é extremamente dinâmico e
instável devido aos gostos, preferências, modas e opcional na escala de necessidades do
consumidor, fazendo com que sua demanda seja elástica (BENI, 2003, p. 170).
A comercialização do produto turístico dependerá da divulgação do mesmo e do trabalho de
marketing em particular. Para Jost Krippendor (1990), o marketing turístico é a
adaptação sistemática e coordenada da política das empresas de turismo, tanto privadas como do Estado; no plano local, regional, nacional e internacional, visando à plena satisfação das necessidades de determinados grupos de consumidores, obtendo, com isso, um lucro apropriado.
A conservação dos recursos culturais e o processo de transformação em produtos turísticos
podem ser incentivos reais para o processo de revitalização da identidade cultural. Esse
processo contribui para o seu desenvolvimento e incentiva investimentos em novos projetos
turísticos, sendo esta a atual necessidade do mercado do turismo que busca inovações e
diversificação (ASHWORTH, 1993). O mercado turístico precisa dos recursos históricos e
culturais para desenvolver produtos novos. Podem ser conciliados os interesses tanto da
cultura quanto do turismo, pois os produtos e facilidades podem acrescentar valor à
experiência turística, tornando-se inevitável o relacionamento de interdependência entre eles.
A cultura é vista pelo turismo, como um recurso que pode ser desenvolvido num produto
turístico. Toda cidade e cada monumento tem sua história, isso mostra que o potencial possa
ser ilimitado.
O processo de transformação dos recursos culturais em produtos turísticos não é
20
necessariamente um investimento caro, se comparado a outros projetos de infra-estrutura
turística, segundo Healy (1994). O interessante em casos de investimentos nos produtos de
cultura turística é o fato de que não existe licença para recursos históricos ou culturais, e
freqüentemente, não se pode questionar a propriedade, devido a muitos desses recursos serem
bens públicos.
Pearce (2002, p. 117) diz que, em alguns aspectos, o processo de desenvolvimento de
produtos turísticos a partir de recursos culturais e históricos pode ser comparado com um
processo de produção industrial, pois há um produto básico, um processo de transformação e,
por fim, é colocado um produto final em promoção no mercado. Mas a diferença é que o
produto final do turismo é a experiência vivida pelo turista, em que os atores e fatores
diferentes desempenham seus papéis.
Para a transformação de recursos culturais e históricos em produtos turísticos é importante um
procedimento de seleção, pois nessa etapa, os artefatos, os locais mais interessantes, a
atribuição de uma função e interpretação específica no processo de desenvolvimento e
planejamento de produtos turísticos são cruciais, e irreversíveis, muitas vezes. É de suma
importância um bom planejamento, desenvolvido com profissionais capacitados para se
atingir o resultado esperado.
Nos produtos turísticos encontramos os atrativos que são fatores que motivam o deslocamento
de pessoas com finalidades especificamente turísticas, criando fluxos de pessoas. Cooper et.
al. (2001, p. 327) caracterizam a atração turística como "um ponto de concentração de
atividade recreacional e, em parte, educacional, desenvolvida tanto pelo visitante de um dia,
quanto por aquele que permanece por mais tempo [...] e são compartilhadas com a
comunidade anfitriã".
Os mesmos autores dizem que os atrativos turísticos podem ser agrupados em naturais
(paisagem, clima, vegetação, florestas, e animais selvagens) e artificiais (produtos da história
e cultura, parques temáticos). Esta última (artificial) inclui, portanto, o objeto deste estudo,
que são as manifestações culturais, pois nas características artificiais encontram-se as
culturais (religião, cultura moderna, museus, galerias de arte, arquitetura e sítios
arqueológicos); as tradicionais (folclore, cultura animada e festas) e os eventos (atividades
esportivas e eventos culturais).
21
Encontramos ainda outras formas de classificação, como a citada por Goeldner et. al. (2002,
p. 152), em que os atrativos turísticos podem ser culturais (sítios históricos, sítios
arqueológicos, arquitetura, culinária, monumentos, pólos industriais, museus, shows, musicais
e teatro), naturais (paisagem, paisagem marítima, parques, montanhas, flora, fauna, litorais e
ilhas), eventos (megaeventos, eventos comunitários, festivais, eventos religiosos, eventos
esportivos, feiras comerciais e empresas), lazer (passeios, golfe, natação, tênis, trilhas,
ciclismo e esportes na neve) e entretenimento (parques temáticos, parques de diversão,
cassinos, cinemas, comércio, centros de apresentações artísticas e complexos esportivos).
Enfim, os atrativos turísticos são os principais motivadores do turismo e é algo que a cidade
receptora oferece para a atração dos turistas, como, por exemplo, montanhas, paisagens,
apresentações culturais como o folclore, história, entre outros fatores.
Richter (2002, p.135) afirma que, talvez, devido à palavra "histórico" soar grandioso e
importante é que existe a hipótese desse tipo de turismo ser bom, e que não deva ser
controverso seu desenvolvimento. Deve ser ressaltado que todas as motivações, expectativas,
negociações e problemas que envolvem qualquer forma de crescimento do turismo devem ser
fatorados no desenvolvimento de lugares históricos, sendo que, o desejo de avanço
econômico, empregos, receita de impostos, entre outros benefícios, são apenas uma parte da
luta pelo desenvolvimento histórico.
Este tipo de turismo parece ser potencialmente uma forma importante de desenvolvimento,
podendo ser exemplificado, como fonte de identidade nacional ou de comunicação e
socialização política.
Richter (2002, p. 153) diz, ainda, que há muitas hipóteses sobre quem ganha e quem perde
com esse tipo de turismo, mas também com poucos dados empíricos. Enfim, a questão
política mais importante acerca do turismo histórico é se uma intensa exposição torna um
indivíduo mais bem informado ou talvez mais tolerante, sendo observado, que esta tolerância
resulta da educação. Por isso a necessidade de se desenvolver nas localidades receptoras,
palestras e trabalhos, informando e conscientizando a comunidade local da importância de se
valorizar, conservar e preservar seus patrimônios e a própria cultura, fortalecendo assim a
identidade cultural local.
22
Há de se observarem os objetivos específicos do desenvolvimento do turismo que são: gerar
empregos e aumentar a receita local, por meio da oferta de oportunidades de participação
ativa da população local; estimular e preservar a herança cultural, como também o ambiente
natural, pois ambos podem ser atrativos turísticos importantes; promover a expansão de outros
setores econômicos por meio do desenvolvimento e da melhoria das ligações com esses
setores; reter uma proporção mais alta das despesas dos turistas para a economia local;
aumentar o nível de consciência turística entre o povo local; promover e aumentar o interesse
dos visitantes pelas fontes de mercado potencial e tradicional, entre outros (WSVB, 1996,
p.182).
Schluter (2002, p. 215) assegura que o turismo está contribuindo para o crescimento
econômico e para melhoria do padrão de vida de seus habitantes em relação à saúde, à
educação e a níveis de renda pessoal. Com isso, é importante a introdução do conceito de
turismo sustentável. A Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento (WCED,
1987), interpreta o desenvolvimento sustentável como um processo que habilita o
desenvolvimento sem destruir os recursos que viabilizam tal desenvolvimento.
Tanto Hunter (1995) quanto Mckercher (1993) notaram que o conceito de desenvolvimento
sustentável compreende dois aspectos diferentes, sendo que os conservadores defendem e
enfatizam que o ambiente não deve ser alterado, enquanto a indústria turística se posiciona
mais próxima do desenvolvimento. Em se tratando da indústria turística, os países em
desenvolvimento procuram acelerar seu crescimento econômico, para aumentar o bem-estar
da população, preservando o ambiente e produzindo bens para um mercado não tradicional. A
promoção do turismo não entra em conflito necessariamente com o crescimento econômico,
pois o desenvolvimento da economia é fundamental para combater a pobreza, para proteger o
ambiente e melhorar os padrões de vida de uma população.
Como já citado anteriormente, o turismo é uma fonte potencial para gerar novas
oportunidades de emprego, estimular a demanda por produtos e indústrias locais, promover
melhorias na infra-estrutura local, modernizar estradas, aeroportos, facilitar alojamentos,
acomodações, compras, entretenimento, comunicações, água e luz, serviços sanitários e de
saúde, entre outros. Mas não se pode esquecer de que, se o turismo acontecer
desordenadamente e em excesso, pode atuar negativamente para as culturas hospedeiras,
envolvendo atividades ilegais, situações inaceitáveis, dentre outros fatores. A capacidade que
23
o turismo tem de induzir mudanças numa sociedade hospedeira é uma função das
características dos visitantes e dos residentes no destino, além de outras características do
destino e das formas de intervenção do Estado e outros atores nesse processo (VIEIRA
FILHO, 2005).
Isso mostra que o desenvolvimento do turismo pode ameaçar exatamente o que os turistas
querem experimentar, que são as culturas e o ambiente local. Embora o turismo possa ser uma
fonte de renda importante para a população local, conforme mencionado anteriormente,
também podem ocorrer significativos impactos econômicos, sociais e ambientais nas áreas
dos destinos e nas comunidades hospedeiras. Por isso, a necessidade de se fazer uma análise
do impacto ambiental4 que o turismo poderá causar naquela localidade.
Essa análise é uma ferramenta valiosa para o planejamento ambiental, podendo ser usada para
formular políticas nacionais sobre o desenvolvimento, determinar as melhores alternativas
entre uma variedade de projetos propostos ou aprovados, minimizar os impactos indesejáveis
e destacar os impactos positivos.
Kim (2002, p. 324), sugere que o ideal seria que tanto os turistas quanto os residentes locais
tivessem a oportunidade de se conhecerem melhor e demonstrar seus próprios valores e
costumes, e que os turistas pudessem apreciar as atrações culturais do destino por meio do
contato com os residentes locais, promovendo a interação sociocultural.
Enfim, pode-se observar a necessidade não somente de um planejador de turismo, mas de
vários outros profissionais competentes, capazes de realizar um bom trabalho de
desenvolvimento turístico em uma localidade, de forma sustentável e consciente, respeitando
normas, leis, cultura, ambiente e a população.
4 O Conselho de Pesquisa e Avaliação Ambiental Canadense (1988) define a avaliação do impacto ambiental como um "processo que tenta identificar e predizer os impactos das propostas legislativas, políticas, programas, projetos e procedimentos operacionais sobre o ambiente biogeofísico e sobre a saúde e bem-estar humanos. Também interpreta e comunica informações sobre esses impactos e investiga e propõe meios para seu gerenciamento".
24
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa é caracterizada como estudo de caso, onde se procurou realizar um trabalho
detalhado, com a junção de várias evidências, como documentos, observações, entrevistas,
entre outras.
Esta pesquisa focalizou a cidade de Barão do Monte Alto – MG, por esta possuir um potencial
turístico nas suas manifestações culturais e folclóricas (Mineiro-pau e Boi, Blocos
Carnavalescos e Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo), as quais, com o
passar dos anos, entraram em decadência por diversos motivos que foram diagnosticados no
trabalho de pesquisa realizado nesta cidade.
Além da revisão bibliográfica, realizou-se também uma pesquisa documental sobre a cidade
de Barão do Monte Alto e suas manifestações culturais (do passado e presente), para uma
melhor caracterização da cidade pesquisada e de suas manifestações culturais.
Para tanto, consultou-se documentos da prefeitura e arquivos pessoais de moradores que
mantinham anotações, fotografias e outros tipos de documentos sobre as manifestações
culturais locais. Alguns dados sobre a população foram obtidos diretamente do Censo
Demográfico do IBGE de 2000.
Foi utilizada neste trabalho a pesquisa qualitativa, através de entrevistas abertas e semi-
estruturadas, de forma a captar melhor não apenas as principais características de Barão do
Monte Alto e suas manifestações culturais, mas também, diagnosticar os motivos que levaram
algumas dessas manifestações à decadência, impedindo que suas potencialidades se
transformassem em produto turístico sustentável. Também, através dessas entrevistas, foram
recolhidas sugestões dos atores sociais locais quanto às manifestações culturais do local, de
forma a contribuírem para um melhor desenvolvimento das mesmas.
Para atingir os objetivos propostos na construção deste trabalho, contou-se com a colaboração
dos atores sociais locais (população da pesquisa). As entrevistas foram realizadas com os
25
responsáveis pelas manifestações culturais atuais e passadas: o "Mineiro-pau e Boi" (Nilson
Augusto Alves, Edson Mauro Batista, Jaime Marques Ferreira e Sebastião Xavier da Silva); a
"Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo" (Edson Mauro Batista e Sebastião de
Campos Mantovani) e "Blocos Carnavalescos" (Conceição Aparecido Souza Rodrigues,
Rogério Antônio Cidrini, Carolina Roriz da Cruz Santos, Carlindo Lucas Tavares, Edson
Mauro Batista, José Pereira da Silva, Carmem Lúcia Duarte Vidon Silva e Jovelino Antônio
Pedro). Foram entrevistados também representantes do poder público: a Secretária de
Turismo, Cultura e Educação, Cristiane Mª F. Carvalho e os prefeitos atual, Carlos Augusto
Rosa (2000 - 2007) e passados, Eliezer Olivier de Paula (1963 - 1966) e João Batista Moreira
Duarte (1979- 1982). Em termos de representante da Igreja, foi possível entrevistar apenas o
padre atuante na comunidade desde 2005, Marcos Antônio Tavares Motta. Entrevistou-se
também moradores mais antigos do município (Vilson Dias Baía, Elza Andrade de Paula, José
Carlos de Abreu Filho e Jamel Marcos).
Devem ser ressaltados alguns fatores importantes, como a ausência de associações de bairro
ou líderes comunitários formalmente instituídos, o que permitiu ser entrevistado apenas
Anderson de Paula Barbosa, presidente da Associação Municipal Organizada, formada
recentemente com o intuito de legalizar uma rádio local. A presença apenas do Padre Marcos
Antônio Tavares Motta, pois os outros não mais residem no município, dificultou a aquisição
de informações na perspectiva da Igreja local, tendo em vista que este só iniciou seus
trabalhos na comunidade no ano de 2005. A ausência de informações do ex-prefeito Augusto
Carlos de Abreu Neto, que também não reside no local, foi mais um entrave para a pesquisa.
As entrevistas abertas e semi-estruturadas realizadas basearam-se em roteiros com algumas
perguntas diferenciadas (APÊNDICE A), de forma a abranger todos os atores sociais acima
especificados, em suas diferentes categorias, partindo de questionamentos básicos, que
possibilitaram atender aos objetivos propostos neste trabalho. Para facilitar e melhor
estruturar os conteúdos das entrevistas, estas foram agrupadas por temas (cada uma das três
manifestações culturais), e por visões diferentes dos atores sociais (padres, líderes e
participantes das manifestações culturais, moradores antigos, líderes comunitários, prefeitos,
poder público, etc.).
Os roteiros das entrevistas buscaram captar as percepções dos entrevistados sobre os seguintes
aspectos:
26
1. O histórico das manifestações culturais.
2. O significado das manifestações culturais para o entrevistado e para a comunidade.
3. Os problemas ou dificuldades que impossibilitam a transformação das manifestações
culturais em produtos turísticos.
4. Sugestões para um melhor desenvolvimento dessas manifestações culturais.
Todos os participantes eram informados sobre os objetivos da pesquisa, tendo os mesmos,
informalmente, consentido na citação de seus nomes nesta dissertação. As entrevistas eram
realizadas nas casas dos entrevistados e nos locais de trabalho, como, por exemplo, na
prefeitura da cidade, com duração média de 45 minutos.
Após a coleta e registro das respostas dos atores sociais, realizou-se uma leitura preliminar
das entrevistas, selecionando-se as respostas de maior interesse, definindo atentamente cada
unidade de informação. Por fim, foi feita a estruturação, agrupando o conteúdo em temas e
sub-temas para uma melhor visualização e compreensão dos resultados. Como forma de
ilustração e, na composição das unidades de percepção dos atores sociais e sugestões, fez-se
necessária a transcrição de trechos retirados das respostas dos entrevistados.
27
4 BARÃO DO MONTE ALTO E SUAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
FIGURA 1 - Localização do Município de Barão do Monte Alto no estado de Minas Gerais
Fonte: Instituto de Geociência Aplicada (IGA) em 10/05/1999.
FIGURA 2 - Municípios limítrofes e Distritos do Município de Barão do Monte Alto Fonte: Instituto de Geociência Aplicada (IGA) em 10/05/1999.
28
4.1 Breve caracterização do Município
Com 199,11 km2 de área, Barão do Monte Alto localiza-se no interior de Minas Gerais, na
região da Zona da Mata, a 24km da cidade de Muriaé. Cercada de serras por todos os lados,
coberta originalmente de matas, o clima do município é quente e úmido, com temperatura
máxima de 27ºC e mínima de 9ºC (PREFEITURA MUNICIPAL, s/d).
Tem como municípios limítrofes a cidade de Patrocínio do Muriaé (ao norte), Palma (ao sul),
Muriaé (a oeste) e o Estado do Rio de Janeiro (a leste). Há vários ribeirões, como Macuco,
Califórnia, Guarita e Monteiros (os mais conhecidos). Barão do Monte Alto é dividida em
apenas cinco bairros: Arraial Velho, Distrito, Centro, Califórnia e Fazendinha.
Até 30 de dezembro de 1962 a comunidade tinha o nome de Morro Alto, sendo distrito de
Palma. Em 31 de dezembro de 1962, a Lei nº 2.764 cria o município, e no dia 1º de março de
1963, oficializa o município Barão do Monte Alto, com três distritos: Barão do Monte Alto
(sede), Cachoeira Alegre e Silveira Carvalho (dados da prefeitura municipal). Por ter sido
governada durante muitos anos em regime de coronelismo, a política local é marcada por
grandes embates com seus habitantes em defesa fervorosa de seus partidos.
O nome da cidade originou-se em homenagem a um dos primeiros habitantes da região,
Antônio José de Paula, proprietário da Fazenda Monte Alto (hoje Califórnia). Este também
era comissário de café, pois, em longas caminhadas, transportava o produto no lombo de sua
tropa para a antiga capital do Império, a cidade do "Rio de Janeiro". Sua Majestade, o
Imperador D. Pedro I, o premiou com o título de "Barão do Monte Alto", devido ao nome de
sua fazenda.
Devido à emigração, a população do município declinou entre 1970 e 1991 e praticamente se
estabilizou desde então, contando em 2002 com 6.236 habitantes, segundo dados do IBGE5.
Segundo alguns moradores mais antigos da cidade, a economia de Barão do Monte Alto está
alicerçada na cultura cafeeira. Havia na região várias fazendas de café distantes umas das
outras e a cidade funcionava como centro para o comércio do café e escravos. Há relatos de
5 1970 - 7.357 habitantes; 1980 - 6.600 habitantes; 1991 - 6.212 habitantes; 2000 - 6.224; 2002 - 6.236 habitantes. Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo 2000.
29
que as centenárias fazendas locais foram construídas por carpinteiros trazidos da cidade de
Catas Altas, região de Ouro Preto; por isso se apresentam num mesmo estilo e até se parecem
com as construções antigas da região de Ouro Preto. Na cidade, há um antigo morador que
possui um registro de seu avô, com documento de compra de uma escrava chamada
Margarida, o que comprova o início da escravidão nas fazendas do município. Grande parte
da população é mulata, devido à miscigenação dos negros (escravos) e brancos.
Até meados do século XIX, o transporte de café do município para o porto do Rio de Janeiro
era feito através de burros, depois, no final do século XIX, passou a ser de trem, devido a
construção da Estrada de Ferro Leopoldina ligando Morro Alto aos centros do café, como o
Porto do Rio de Janeiro.
Quando ainda era Vila Morro Alto, havia construídos no local apenas uma capela, um
cemitério e uma casa de comércio de secos e molhados. No final do século passado, com a
construção da Estrada de Ferro Leopoldina, que se estendia até a Vila de Silveira Carvalho
(hoje Distrito de Barão do Monte Alto) e até a Fazenda Banco Verde, Morro Alto viveu a
melhor época de sua economia. Iniciaram-se as construções de casas mais próximas à Estrada
de Ferro, transferindo, então, a Vila Morro Alto para perto da Estação Ferroviária. Há relatos
de migração de pessoas de várias localidades e, até mesmo estrangeiros, neste período
transitório.
Um dos antigos moradores, Joaquim Moreira de Paula, que também cultivou café em suas
terras, relatou o motivo que levou à mudança na economia de Barão do Monte Alto. Em
meados de 1955 houve a queda na produção do café, devido à "broca do café", que afetou a
plantação. Em paralelo à produção do café, que continuou em menor escala, os fazendeiros
iniciaram o cultivo de arroz por volta de 1974. A família Rocha, uma das primeiras e mais
ricas produtoras de café, previu que o café iria cair e já havia iniciado a mudança para a
pecuária. Como eles eram grandes produtores, investiram na pecuária de leite, comprando
gado de lugares distantes e realizando as primeiras inseminações artificiais. O arroz ajudou
bastante na economia local, rendeu muito economicamente, mas o alto custo da mão-de-obra
e de outros investimentos impediram que eles se mantivessem na produtividade. Hoje a região
se destaca na produção do leite, fornecendo para as indústrias de produção, como GODAM
(situada na cidade de Patrocínio do Muriaé), entre outras.
30
Na verdade, a economia agropecuária do município não se encontra em boa situação,
produzindo apenas o suficiente para a própria subsistência e não permitindo outros
investimentos. Com essas constantes mudanças na economia, muitos habitantes rurais,
pequenos produtores, não conseguiram se manter, vendendo suas terras e mudando para a
zona urbana.
A produção do município é tipicamente rural. Com a decadência dos cafezais, a pecuária
expandiu-se, voltando-se sobretudo para a produção de leite. O rebanho de corte também é
expressivo para consumo e comercialização, destacando os rebanhos suínos (porcos), ovinos
(ovelhas), caprinos (cabras) e eqüinos (cavalos). Na agricultura, as lavouras de arroz, feijão e
milho têm destaque, além da produção de cana-de-açúcar e mandioca. Na área industrial,
além de laticínios, encontra-se também a cerâmica e micro-empresas de confecções. No
comércio, parte dos estabelecimentos estão ligados à agropecuária e outros pequenos
varejistas em diversos ramos.
Hoje, o sistema de transporte do município é predominantemente rodoviário, pois, em 1976,
foi desativada a rede ferroviária federal. Há linha de ônibus para atender a população, com
ligação ao município de Muriaé.
O sistema de comunicação de Barão do Monte Alto é ainda precário, com poucos telefones
particulares e quatro telefones públicos, não disponibilizando de comunicação a rádio.
Na área da saúde, a cidade dispõe de um Centro de Saúde e Postos de Saúde nos distritos de
Cachoeira Alegre, Silveira Carvalho e na Vila Vardiero, com 4 médicos e um dentista, que
dão assistência à população todos os dias, contando ainda com diversas farmácias.
A primeira escola que se tem notícia, aberta em data desconhecida, foi a Escola Particular da
Serra, que funcionava em regime de internato e atendia à clientela selecionada. Somente a
partir de 1928 foram encontrados documentos da instalação de escola pública localizada na
Vila Morro Alto com o nome de Escola Mista. Hoje, a cidade conta com treze unidades
escolares de ensino de primeiro grau, uma de segundo grau, uma biblioteca pública e três
creches municipais. Devido à carência escolar, as famílias procuram direcionar seus filhos às
cidades próximas, que possuem melhor qualificação educacional, como Muriaé, Juiz de Fora
e Rio de Janeiro.
31
Se houvesse um planejamento para o desenvolvimento turístico na cidade de Barão do Monte
Alto, esta cidade poderia gerar mais empregos e renda para a população.
A cidade interiorana oferece atrativos naturais, fazendas centenárias e tranqüilidade para
população. Com diversificadas religiões, espírita e protestante, mas predominantemente
católica, a cidade é muito conhecida por suas festas. A Semana Santa é comemorada quarenta
dias após o carnaval, com a Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Alguns
anos atrás, esta festa finalizava com o MICAREME, com bandas, apresentações folclóricas e
blocos carnavalescos, de forma mais participativa, no sábado de Aleluia e no domingo da
Páscoa. Hoje, essa festa ainda é comemorada, mas com apenas algumas apresentações como:
o "mineiro-pau" e "bumba-meu-boi" (às vezes se apresentam), procissão e algumas bandas de
expressão nacional.
Antes de iniciar o histórico das manifestações culturais e os relatos dos entrevistados, quanto
aos motivos da decadência aparente dessas manifestações na cidade de Barão do Monte Alto,
é necessário ressaltar alguns aspectos importantes.
A cidade não possui associações de bairro ou líderes comunitários formalmente instituídos,
fatores que auxiliariam e facilitariam trabalhos para o desenvolvimento da comunidade.
A ausência de um centro cultural (museu), que disponibilize materiais e registros históricos,
de um lado reflete o pouco caso dado a questão, em particular pelo poder público e, de outro,
dificulta para os moradores ou visitantes uma melhor identificação da cultura e história local.
Já foi criado um museu que funcionou por pouco tempo, pois não deram continuidade aos
trabalhos de manutenção. A cidade dispõe apenas de uma biblioteca e esta é deficiente de
informações. Os poucos materiais ou registros que a cidade possui, encontram-se separados
nas mãos de várias pessoas que não os disponibilizam, e na prefeitura não há nenhum registro.
Nesse contexto, fez-se necessário um estudo sobre as causas da decadência aparente (ou
término) de algumas manifestações culturais da cidade, e de como transformar essas
manifestações em produtos turísticos sustentáveis, afim de, valorizar as comemorações
festivas da cidade de Barão do Monte Alto, valorizar a identidade local, divulgá-la para atrair
mais visitantes, gerando empregos e renda.
32
4.2 Manifestações culturais
Havia várias manifestações culturais na cidade, como por exemplo Caxambu6, Folia de Reis7
e Festa Junina, mas serão destacadas apenas as manifestações tradicionais que ocorriam e/ou
ainda ocorrem no período da Semana Santa, em paralelo ao MICAREME.
O MICAREME é conhecido como um "carnaval fora de época". Esta palavra de origem
francesa, mi-carême, é a quinta-feira da terceira semana da quaresma. Uma festa tradicional
de vários séculos na França, criada para aliviar, com folia, os sacrifícios realizados na
quaresma (GIOVANNINI JUNIOR, 2005, p.66). Em Barão do Monte Alto, esta festa iniciou-
se a um pouco mais de 10 anos, com intuito de receber os montealtenses ausentes e outros
visitantes. É a de maior destaque da região, com presença de bandas de expressão nacional,
como Terra Samba, É o Tchan, entre outras. Mas a cidade não deixa de manter a tradição da
religiosidade e, às vezes, apresentações do Mineiro-pau e Boi.
Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo
Barão do Monte Alto mantém a tradição religiosa com a Procissão do Enterro, na noite de
Sexta-feira Santa, quando alguns personagens tradicionais se fazem presentes: as marias-béus8
(FIG. 5), os prisioneiros crucificados junto com Jesus, guardas, entre outros. Outra figura é a
da Verônica, que entoa o seu canto, enquanto desenrola o véu em que está "impresso" o rosto
de Cristo, quando ela lhe enxugou o sangue. As figuras 3, 4, e 6 ilustram momentos dessa
manifestação.
6 É um acontecimento lúdico e mágico próprio das fazendas de café, semelhante a batuques negros (lundu, jongo, umbigada e candombe) cujos participantes se reuniam em torno de uma fogueira e aos pés de tambores, dançavam e cantavam. Esta manifestação cultural foi uma das inspirações para o samba (GIOVANNINI JUNIOR, 2005, p. 12). Na cidade de Barão do Monte Alto era apresentado dia 13 de maio. 7 Inspiradas pelo acontecimento do nascimento do Menino Jesus, quando foi visitado pelos três Reis Magos, as folias de reis entoam versos narrando esse acontecimento bíblico. O primeiro dia em que se toca a folia é dia 25 de dezembro, e a partir do dia 31 de dezembro ou 1º de janeiro inicia-se a representação da viagem dos reis. Os devotos caminham de casa em casa durante seis noites, cantando em suas visitas, contando a história do nascimento do Filho de Deus, anunciando a "boa nova" (GIOVANNINI JUNIOR, 2005, p. 15). Em Barão do Monte Alto, é apresentado até dia 6 de janeiro. 8 Eram "ehús", sendo transformada em "beú", nome popular que vem das palavras iniciais dos cantos de lamentações entoadas durante o ritual da Semana Santa, representando as santas mulheres que acompanharam de perto a Paixão e a Morte de Cristo.
33
FIGURA 3 – Início da apresentação da Encenação da Paixão Morte e Ressurreição de Cristo Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
FIGURA 4 – Apresentação da Encenação da Paixão Morte e Ressurreição de Cristo Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
34
A Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo era a apresentação de maior
importância no período da festa comemorativa da Semana Santa. Ela era realizada por alguns
moradores da cidade e colaboradores da igreja.
A apresentação iniciava-se na igreja, passando nas duas ruas principais da cidade (rua de cima
e rua de baixo) e retornava ao morro da igreja, onde montavam um palco com as três cruzes
para a continuação da história. As pessoas assistiam e acompanhavam, cantando os cânticos
bíblicos. Com o passar dos anos, essa encenação se perdeu, restando apenas a procissão, que é
realizada na sexta-feira santa e no sábado. Esta é acompanhada pelos religiosos da cidade, que
demonstram toda a sua devoção a Cristo. Há dois anos, houve o retorno das apresentações da
encenação, mas com pouca colaboração tanto da comunidade quanto da prefeitura.
FIGURA 5 – Marias-béus. Encenação da Paixão Morte e Ressurreição de Cristo Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
35
FIGURA 6 – Apresentação da Encenação da Paixão Morte e Ressurreição de Cristo no palco Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
Antonio Pereira Madeira9 relatou alguns fatos que aconteciam no período da Semana Santa há
alguns anos atrás, ressaltando a religiosidade fervorosa do povo de Barão do Monte Alto.
Estes fabricavam um boneco grande de pano chamado Judas, com roupas e chapéu. O povo
então escrevia "pasquim", bilhetes em versos falando mal das pessoas, sem identificação dos
autores, que eram colocados no bolso do Judas. Quando no relógio da cidade marcavam 11h
do sábado de Aleluia, Judas era queimado na praça. Por outras vezes, eles amarravam Judas
no Expresso (trem de ferro), mandando-o ir embora com aqueles papéis. Havia um homem
chamado Getúlio Novaes, muito inteligente, que escrevia repentes sobre a vida das pessoas e
situações que ocorriam na cidade. Por esse motivo, as pessoas achavam que ele era o autor
daqueles papéis. O repentista, magoado com as acusações, decidiu parar de escrever seus
versos. O povo, sentido com a reação de Getúlio, decidiu parar de fabricar Judas e escrever os 9 Nascido na cidade de Barão do Monte Alto em 1942, apesar da dificuldade financeira, foi um dos poucos montealtenses que conseguiu sair da cidade quando jovem no ano de 1964 para tentar melhores condições de vida e estudar. Hoje, é um advogado conhecido e sempre visita a cidade no período da Semana Santa, juntamente com sua família.
36
papéis para colocar em seu bolso. Ficando mais velho, Getúlio Novaes decidiu voltar a
escrever, sem restrições de histórias e palavras e escreveu em forma de "repente" a história de
Antonio Pereira Madeira. Getúlio escreve, mas não consegue ritimizar, por isso passa seus
"repentes" para os músicos tocá-los. Tornou-se conhecido e apresentou-se em um dos
programas televisivos que destacam a cultura de nosso estado.
Mineiro-pau e bumba-meu-boi (boi)
É um bailado popular conhecido no Brasil inteiro. Uma armação de boi (FIG. 7), apenas com
cabeça e chifres, é colocada sobre uma ou duas pessoas.
FIGURA 7 – Boi do Mineiro-pau Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
Bumba-meu-boi é um folguedo do Nordeste, com variações em toda região. Seu enredo conta
a história de uma mulher que sente desejo de comer a língua do boi, e o marido procura
satisfazê-la, matando um animal pertencente ao seu patrão, um rico fazendeiro. Mas este quer
seu boi de volta e começa um conflito em que se envolvem muitos personagens, desde a
37
Virgem Maria, que, no final, consegue de seu filho a ressurreição do animal, passando pelo
cavalo, pelo cavalo-marinho, pelo doutor, pela cobra caninana, pela catarina, pelo Mateus,
pela ema, pelo urubu, pela garça, pelo bicho famaliá e por muitos outros (CÔRTES, 2000).
Essa ação folclórica é vivenciada em várias regiões do Brasil, diferenciando-se na
criatividade, roupagem e atitudes. E essa manifestação, no município, é denominada apenas
de "boi". Sebastião Xavier da Silva, responsável pelo mineiro-pau do Bairro Distrito, afirma
que essa manifestação surgiu da história de um homem montado numa mula ou burro,
portando um porrete. Se encontrasse um boi bravo, ele descia e lutava com o boi no porrete.
Por isso a apresentação do boi acompanha o mineiro-pau. A figura do boi é representada nesta
região de forma diferente do bumba-meu-boi. Além da figura do boi, há outros personagens
em destaque, como a Colombina (dona do boi, FIG. 8), a mulinha, o Jaguará, fantasma (visão
do pessoal do mato do tempo antigo) e o jacaré (FIG. 9). O entrevistado diz que ainda falta
um outro personagem que ele pretende acrescentar futuramente, o urubu (quando o cavalo
morre ele é o primeiro a visitar).
FIGURA 8 – Colombina personagem do Mineiro-pau e Boi Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
38
FIGURA 9 – Outros personagens do Mineiro-pau e Boi Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
O mineiro-pau (mineiro, em homenagem aos mineiros) ou maneiro-pau, também parecido
com Moçambique10 em outra região do Brasil, é uma apresentação realizada por velhos,
jovens, crianças, mulheres e famílias, reunidos ao som de uma música também criada por
eles. Batendo bastões de madeira (porretes, assim chamado por eles), de mais ou menos 70
cm a 80 cm de comprimento e 3,5 cm de diâmetro, decorados com fitas, que funcionam como
elemento de percussão, simulam guerras, sempre obedecendo a uma coreografia (FIG. 10, 11
e 12). O mesmo entrevistado citado anteriormente diz que os lugares onde batem os porretes
são para defender a perna (quando batem embaixo), o rosto e a cabeça (para protegê-los
quando batem em cima). Os instrumentos utilizados são: sanfona de oito baixos, reco-reco,
tamborim e zabumba. A roupagem e os instrumentos utilizados para as apresentações são
doados pela prefeitura e emprestados por alguns moradores.
10 "As Companhias de Moçambique, no Vale do Paraíba (SP), principalmente em Aparecida e Taubaté, apresentam-se para homenagear São Benedito e Nossa Senhora Aparecida. No desfile, há presença do Rei, Rainha e duas Damas que não dançam, apenas assistem às demonstrações. Os moçambiqueiros usam um bastão de madeira com o qual marcam o ritmo nos combates simulados, numa coreografia muito variada, como roda de guerra, ondas do mar, roda travalha, caminho do céu. Com os bastões fazem determinados desenhos como flor, escada, estrela. Usam paias, pequenos guizos fixados a uma correia que é presa junto aos tornozelos ou abaixo dos joelhos. São instrumentos musicais: sanfona, violino, pandeiro" (DELLA MONICA, 2001, p. 143).
39
FIGURA 10 – Mineiro-pau com apresentação de mulheres e crianças Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
FIGURA 11 – Mineiro-pau Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
40
O surgimento dessa manifestação, segundo Bastiãozão, deu-se com o artista Valdevino
Sabino da Gama, conhecido como Mestre Gama11, na fazenda do Zé Carvalho. Aquele saía
junto com Antonio Pocciano (tio de Bastiãozão – organizador do mineiro-pau do bairro
Distrito) e Augusto (pai do Nilson Augusto Alves – organizador do mineiro-pau do bairro
Arraial Velho), depois Olímpio e por último ele (Bastiãozão), o Jaime e o Nilson (chamado de
Buru). Como pode ser observado, o mineiro-pau é uma tradição, passada em continuidade de
família para família.
FIGURA 12 – Mineiro-pau com roupagem diferente Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
Mas há outra explicação para o mineiro-pau no livro "Folguedos da Mata: um registro do
folclore da Zona da Mata", escrito por Oswaldo Giovannini Junior (2005, p.63), em que relata
um fato contado por um dos moradores da região.
11 Homem importante para a história da cidade, que iniciou a manifestação cultural mais conhecida e importante da região da Zona da Mata, o Mineiro-pau. Lavrador, que trabalhava na fazenda Califórnia em Barão do Monte Alto, também era escultor (artes realizadas na madeira). Após alguns anos, mudou-se para a cidade de Embu, onde, em sua homenagem, foi criado Embu das Artes, um acervo na cidade de Embu, com suas obras em exposição e histórico de um artista importante representante da arte primitiva do país.
41
Outro costume, por nossas bandas, ainda se vê em pequenas vendas e bares nos arraiais aonde essa estradinhas vão dar. Às vezes, o carreiro de boi, ou o candeeiro, às vezes o andante mesmo, ou o peão do cavalo que apeia e chega até a porta da venda. Antes do cumprimento com a mão, nosso caipira costuma chegar sério, às vezes dando esbarrão, uma cutucada de lado, um tapa nas costas, como se tivesse bravo e, na brincadeira, mostrasse valentia. Depois um sorriso aberto, um golo de pinga e um torresmo de porco. Lá mesmo em Aventureiro, seu Arnaldo me contava ainda, que naquele tempo, com o porrete na mão, o caboclo dava era cacetada no outro. O amigo, ao receber o "singelo" cumprimento, tinha que ficar vivo para defender com seu pau na mão e daí mandar outra em cima dele. Nesse vai não vai, nesse cutuca não cutuca, nasceu um brincadeira que virou dança e ganhou o nome de mineiro-pau. Se é verdade eu não sei, só sei que foi assim que eu ouvi contar.
O mesmo autor (2005, p. 62), em suas observações, relata:
Andando pelas estradinhas de chão da Zona da Mata, do Centro-oeste, das Vertentes, do Sul e de outras regiões de Minas, não raro esbarrei com moradores das roças caminhando de chapéu de palha na cabeça, um embornal de pano pendurado no ombro e um porretinho na mão, assim meio escondido atrás das costas, quase despercebido. Às vezes era sujeito bem velhinho, mais ou menos envergonhado, olhando de banda por baixo da aba, às vezes um matuto forte, alto, de barriga grande, exibindo o porrete arrastado pelo chão.
Em Barão do Monte Alto, a apresentação é feita como forma de disputa entre os diversos
grupos, apresentando-se nas duas principais ruas da cidade. Esta manifestação cultural é
acompanhada por moradores de seus bairros específicos e visitantes, juntamente com um
cancioneiro (cantor da música) equipado com microfone ligado a um carro de som, cantando a
música criada por eles de acordo com seu bairro. Cada bairro faz sua apresentação, com os
paus e o boi, tudo ritimizado, numa seqüência que atrai pessoas pela beleza da apresentação.
Os diversos grupos de Mineiro-pau representavam os diferentes bairros e distritos, havendo o
representante do bairro Arraial Velho, dois do bairro Distrito, um o distrito Silveira Carvalho
e um Cachoeira Alegre (distrito). Após várias dificuldades, passaram a apresentar apenas um
do bairro Distrito (organizador Jaime Marques) e um em Cachoeira Alegre. Não se pode
deixar de citar, o que todos dizem, que "o mineiro-pau sem o boi não é mineiro-pau".
O Mineiro-pau apresenta-se no período da Semana Santa, pois é a data em que o município
recebe o maior número de visitantes para o Micareme. É convidado para apresentar-se
também em outros municípios em outras datas. Um fator importante, relatado por alguns
atores sociais, foi a interferência da igreja objetivando mudança na data das apresentações.
"Houve interferência da igreja, fazendo uma reunião para tentar mudar a data devido a
mistura da festa pagã com a festa cristã, mas não conseguiu devido a vontade do povo em ver
no período em que vem turista. A igreja pensa mais no lado religioso e via que as pessoas
42
deixavam de participar na religiosidade para participar de blocos" (Edson Mauro Batista –
participante do Mineiro-pau vestindo-se de Colombina).
Blocos Carnavalescos
O carnaval é uma festa brasileira popular, normalmente comemorada em fevereiro, em
diferentes lugares do Brasil, quando as pessoas saem às ruas fantasiadas para dançar, cantar e
pular, em blocos de foliões ou escolas de samba e ainda em carros alegóricos.
Na cidade em referência, o carnaval é comemorado no período da Semana Santa12, no sábado
e domingo, após as apresentações religiosas, em que é chamado de MICAREME.
FIGURA 13 – Representante de um dos Blocos Carnavalescos se apresentando com o Mineiro-pau
Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
12 Rememoração da vida de Jesus Cristo, obedecendo a três estratos intelectuais, sendo o primeiro o erudito (por meio dos rituais herdados da Idade Média, no interior dos templos católicos, como o sermão de descendimento da cruz, o lava-pés, o círio pascal); o segundo, de caráter popular (encenações da paixão e morte de Cristo, a procissão de encontro e a procissão de enterro); e o terceiro, o folclórico, estando ligado ao rompimento das aleluias que pode ocorrer no sábado ou domingo de Páscoa (evento popular no final da Semana Santa, sendo quase sempre carnaval ou folia do Divino) (MOURA, 2001, p. 43).
43
FIGURA 14 – Participante dos Blocos Carnavalescos Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
A entrevistada Conceição Aparecido Souza Rodrigues, filha do Antonio Augusto de Souza, o
primeiro e um dos maiores organizadores de blocos da cidade, diz que presenciou as primeiras
apresentações do pai em 1922, quando havia o "bloco do Boi" e só com mulheres, "Bloco da
Chita". Mas, como as mulheres daquele bloco não eram bem vistas pelo pessoal da cidade,
por serem mais velhas, o seu pai, então, criou o bloco chamado "Estrela do Oriente" para que
suas filhas (moças novas) pudessem desfilar na rua. Mas ainda não eram disputas, pois só
havia esse bloco. Depois surgiram outros blocos como o "Vê-se-pode" e "Bloco da Mocidade"
(organizado pelo Jaime). A entrevistada diz que todo o dinheiro que seu pai ganhava em suas
plantações, ele investia em seu bloco, passando às vezes por dificuldades em casa, para em
troca receber apenas as alegrias e envolvimento do povo. Ela deu continuidade à apresentação
cinco anos após o falecimento de seu pai, mas resolveu finalizar com as apresentações do
bloco devido à rivalidade entre as pessoas da comunidade, o que a fez perder muitos amigos.
Os últimos Blocos Carnavalescos (FIG. 13, 14 e15) eram apresentados como forma de disputa
entre as duas ruas principais, a rua de cima e a rua de baixo, uma representando a elite e a
outra o povo mais simples. Essas ruas eram todas decoradas. As fantasias eram doadas dos
blocos carnavalescos do Rio de Janeiro, outras eram fabricadas pelos próprios componentes
do bloco. O entusiasmo dos participantes, criando e confeccionando suas próprias fantasias e
44
músicas culminava com a resposta do povo ao bloco vencedor, que foi o mais interessante e
criativo. Havia também uma forma de contribuição, por carnês, que eram pagos todo mês
pelos componentes dos blocos. Os gastos com materiais para construção dos carros alegóricos
e enfeites eram muitos e dificultavam a participação de alguns.
FIGURA 15 – Abre-Alas e Mestre-Sala. Representantes dos Blocos Carnavalescos Fonte: Arquivo de moradores locais, 2005.
Com direito até a rainha de bateria, os blocos eram acompanhados por instrumentos num
ritmo de samba. Todo o povo acompanhava a apresentação, juntamente com os julgadores que
observavam durante todo o tempo o desfile. Após as apresentações, os jurados, que eram
escolhidos pela prefeitura ou pela própria comunidade, davam suas notas e a rua vencedora
ganhava um troféu. Para os que não ganhavam nada, apenas a participação do povo e a alegria
de ver um trabalho concluído já era considerado uma vitória.
Nas músicas e fantasias criadas por eles, aproveitavam para homenagear os ilustres da cidade,
falar do meio ambiente, da cultura, da política, denunciavam fatos, enfim, mostravam a
realidade do povo.
Os Blocos Carnavalescos já foram apresentados algumas vezes no carnaval em data nacional,
mas resolveram se apresentarem apenas no período da festa do Micareme (FIG. 14), pois, é a
data em que o município recebe o maior número de visitantes, e também, apresentando-se no
mesmo dia que o Mineiro-pau, fazendo com que os visitantes presenciem as manifestações
45
locais num mesmo período.
Hoje, os Blocos Carnavalescos foram extintos. Uns dizem que foi por falta de verba e falta de
contribuição do povo e dos governantes; outros falam que foi por desânimo da comunidade.
Mas a maioria justifica que foi por causa das brigas políticas, pois os organizadores dos
blocos aproveitavam para falar de seus partidos políticos e criavam inimizades até mesmo
entre famílias, por morarem em ruas diferentes. Sobraram apenas lembranças guardadas no
coração e memória do povo e algumas fotografias das belas fantasias que abrilhantavam as
ruas da cidade de Barão do Monte Alto.
FIGURA 16 – Rua enfeitada onde é montado o palco Fonte: Arquivo pessoal, 2003.
4.3 Percepção dos atores sociais
Através das entrevistas realizadas, os atores sociais (pessoas responsáveis pelas manifestações
culturais da cidade, poder público, líderes comunitários, padres, prefeitos passados e atual)
observaram alguns motivos que ocasionaram a decadência das manifestações culturais da
cidade.
46
Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo
Os entrevistados desta manifestação são participantes há mais ou menos 15 anos, quando
iniciaram apresentações teatrais ao vivo.
A maioria dos entrevistados justificou a decadência da Encenação por desinteresse da
comunidade, tanto por parte dos jovens, quanto pelo poder público. Poucos não observaram a
decadência desta e acreditam que, quando há condições de se apresentar, com a colaboração
da comunidade e participação dos jovens, a Encenação atrai a atenção de muitos.
Entre os vários fatores que levaram à decadência dessa manifestação cultural, foi relevante o
desinteresse de alguns religiosos, inclusive do atual padre do município. Este reconhece a
importância da manifestação, mas justifica a sua falta de iniciativa de organização do evento
devido tanto à sua não participação no passado como também a existência hoje de outras
pessoas (seminaristas) responsáveis pela condução da encenação. Houve alguns padres que
também não incentivaram, mas elogiaram a presença de seminaristas, pois quando estes estão
na comunidade, os jovens se interessam mais em participar.
Os moradores mais antigos, pessoas ligadas à igreja, entre outros entrevistados, mostraram-se
interessados em participar e colaborar financeiramente, mas não encontraram pessoas que
responsabilizassem por esta, com ensaios, coordenação, entre outros fatores.
A dificuldade econômica é apenas um dos problemas para aqueles que gostariam de contribuir
economicamente com essa manifestação. Outros entrevistados justificaram a falta de interesse
por defenderem outras concepções religiosas (espíritas e protestantes).
Alguns estão perdendo o interesse por falta de um melhor conhecimento sobre a religião.
"As roupas utilizadas nas apresentações eram obtidas através de festas que os grupos de jovens realizavam para arrecadar dinheiro" (Edson Mauro Batista).
As pessoas que já participaram da encenação e ainda participam, dizem também que os jovens
não se interessam mais, pois o Micareme modificou e agora só tocam bandas de fora e as
manifestações culturais da cidade não se apresentam. Os jovens não valorizam e nem se
47
interessam pela própria cultura, não sabendo muito da história local.
O poder público (Secretária de Turismo, Cultura e Educação), prefeito atual e prefeitos
passados pensam de forma diferente. Os prefeitos passados ajudaram muito. Mesmo a
prefeitura não dispondo de verba para ajudar no evento da encenação, eles contribuíam de
forma pessoal. A Secretária de Turismo, Cultura e Educação, quase só realiza trabalhos para a
Educação. Ela diz que a prefeitura não dispõe de verbas suficientes para atender o aspecto
turístico e cultural, pois a verba destinada a esse setor, apenas atende à educação e com muita
dificuldade. Diz ainda:
"Essas manifestações foram acabando por falta de incentivo, talvez por falta de verba, decadência por falta de assistência e a própria comunidade não valorizar o que tem" (Secretária de Turismo, Cultura e Educação).
O prefeito atual não concorda em disponibilizar verba para as manifestações culturais
relacionadas à igreja católica, justificando nunca ter sido solicitado para qualquer ajuda, e
também por motivo de lei. Afirma que a prefeitura não pode contribuir com manifestações
religiosas, nem mesmo direcionar verba específica para ajudar as manifestações culturais do
município. Diz que contribui, disponibilizando materiais para construção do palco, onde são
realizadas as apresentações. O entrevistado, Vilson Dias Bahia, foi o primeiro funcionário
registrado da prefeitura, após a emancipação do município. Era porteiro contínuo e depois
contador. Ele diz que, quando trabalhava naquele governo, fazia sempre a distribuição da
renda da prefeitura e, durante todo ano, separava e colocava uma verba destinada para a
cultura (manifestações culturais) que acontecia na cidade.
Para muitos entrevistados, a falta de inovação e criatividade na apresentação das cenas, como
também a participação das mesmas pessoas arrefeceu a curiosidade do público, que as achava
repetitivas. Os investimentos na festa do Micareme tornaram-na mais atrativa para os jovens,
fazendo-os desinteressar-se pelas comemorações da Semana Santa. Nesse sentido, a
implantação do Micareme, em data religiosa, parece ter contribuído sobremaneira para a
decadência das manifestações religiosas realizadas na mesma época.
A maioria dos entrevistados acredita e deseja que esta manifestação possa ser transformada
em produto turístico, justificando que esta encenação também acontece em outras localidades
48
e atraem multidões. Mas os problemas e/ou dificuldades estão na falta de verba e de infra-
estrutura, falta de propaganda, e ausência de incentivo e contribuição dos governantes e do
povo, principalmente dos jovens. Quando concordam com a transformação, justificam que irá
valorizar a cultura local, incentivará os jovens, haverá uma melhora econômica no município
e melhor divulgação da cidade e do povo. Os entrevistados que não concordaram muito que a
encenação possa ser transformada em produto turístico, justificaram que essa apresentação já
acontece e que é tradição em outras localidades, atraindo multidões, como Mariana e Ouro
Preto, o que dificultaria a atração de turistas para o município. Inclusive, um dos entrevistados
que não concordou, foi o prefeito atual, ao afirmar que essa manifestação tem dimensão
nacional e que já acontece com mais apuro em outras cidades, o que dificultaria a atração de
turistas para Barão do Monte Alto. E diz ainda:
"é importante contribuir com a encenação, mesmo achando que não tem retorno turístico, é interessante manter a chama da religiosidade do povo" (grifos da autora).
Depois, quando foi questionado se a prefeitura destinaria verba para essa manifestação, ele
disse que os responsáveis pela Encenação nunca o procuraram, mas ajudaria dentro da medida
do possível.
Os representantes dessa manifestação cultural se dispõem a contribuir para que a Encenação
aconteça com a devida valorização, ajudando na organização, nos ensaios, na participação,
entre outras funções. Já outros atores sociais, como os moradores mais antigos, preferem
ajudar financeiramente, mas alguns deles não contribuiriam, justificando a religião contrária
(protestantes). Como já citado anteriormente, o poder público diz não poder contribuir com
verba especificamente para religião, justificando a lei, mas disponibilizaria alguns materiais e
funcionários para construção do palco.
Tanto para os manifestantes da Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, quanto
para a maioria dos atores sociais, essa manifestação cultural tem um significado muito
importante para eles em particular e para a comunidade, pois é um meio de viver a paixão de
Cristo, catequizar, evangelizar, despertando a fé das pessoas e valorizando as manifestações
religiosas do município.
49
Mineiro-pau e boi
Os instrumentos utilizados nesta manifestação não estão em boas condições, como, por
exemplo, o carro de som antigo que não permite escutar nitidamente a música cantada pelo
cancioneiro durante a apresentação.
Houve mudança na roupagem da manifestação. Antes eles se apresentavam vestidos de
chitão. Hoje, quando se apresentam, vestem camisas de malha com propaganda da prefeitura e
o nome do prefeito. Apenas os bonecos utilizam outros panos. O responsável por essa
manifestação no Bairro Distrito, Jaime Marques Ferreira, justifica a modificação do estilo
pela necessidade de um bom material para a fabricação das roupas, de forma a ser mais
resistente para agüentar os movimentos bruscos feitos pelos participantes. Também o pano
deve ser forte e não transparente, pois as pessoas não podem ver as pessoas que ficam dentro
dos bonecos e dos animais.
Jaime Marques Ferreira critica a utilização de bebidas alcoólicas pelos componentes dessa
manifestação antes e durante as apresentações. Tal atitude atrapalha o desenvolvimento dos
movimentos da coreografia com os bastões, podendo causar acidentes e machucar os atores e
quem assiste. Esta manifestação exige muita atenção em seus movimentos.
O mineiro-pau apresenta-se em outras cidades também. Isso acarreta gastos, e a prefeitura só
libera verbas para a condução dos componentes da manifestação e, algumas vezes, para a
alimentação. Mas outras necessidades podem surgir como possíveis imprevistos. O
entrevistado Nilson Augusto Alves (responsável pelo mineiro-pau do Arraial Velho) diz
indignado:
"dá caminhão e comida eles dão, mas não é só isso. Eles precisam de um dinheiro para consertar os instrumentos quando estragam".
Um outro fator observado foi a interferência da igreja em um certo período. O entrevistado
Edson Mauro (representava a Colombina13) relatou em sua entrevista que a igreja realizou
uma reunião, há algum tempo atrás, para tentar mudar a data da apresentação do mineiro-pau,
por causa da mistura da festa cristã com a festa pagã, mas não conseguiram, devido à vontade
13 Boneco gigante, chegando a medir três metros de altura, podendo ser chamado também de Florentina (FIG. 8).
50
do povo em assistir e participar no período em que os turistas visitam a cidade. O entrevistado
diz ainda:
"A igreja pensa mais no lado religioso e via que as pessoas deixavam de participar da religiosidade para participarem de blocos carnavalescos e mineiro-pau".
Ele acredita que um dos motivos da decadência dessa manifestação possa ter sido causado, em
parte, pelos governantes que só estão pensando na infra-estrutura e esquecem da cultura.
Já o organizador do Mineiro-pau do bairro Arraial Velho, diz que os outros padres já
colaboraram com o mineiro-pau...
"era com a luz da igreja que nós ensaiávamos... a igreja apoiava e o padre gostava".
O prefeito atual, quando foi questionado se colaborou para que algumas das manifestações
culturais acontecessem, diz que com o mineiro-pau ele sempre colaborou, pois é interesse
dele. Mas apenas arrumando instrumentos, não podendo direcionar verba específica. Disse
ainda mais:
"Acho importante contribuir para retornar essas manifestações, o mineiro-pau e o boi, porque vai estar fazendo um investimento importante para a cultura da comunidade, mesmo se o retorno não for imediato...".
Disse ainda que a prefeitura estimula apenas o Mineiro-pau e o Boi, fazendo apresentações
fora, mas ainda está desorganizado. O entrevistado diz que o maior investimento do Mineiro-
pau é o "Boi":
"Se o boi crescer o mineiro-pau cresce também. Ele é 40% do Mineiro-pau".
A maioria dos entrevistados acredita que essa manifestação cultural pode ser transformada em
produto turístico, pois atrai turistas das cidades vizinhas e até mesmo do Rio de Janeiro.
Alguns dos problemas ou dificuldades para essa transformação estão em conseguir os
uniformes e os panos, e na conservação deles; a falta de participação e apoio do povo. Seria
51
bom para a comunidade porque traria renda e crescimento para a cidade, incentivaria a
participação dos jovens, tirando-os das drogas, entre outros fatores. O prefeito atual não vê
nenhum problema ou dificuldade, dizendo:
"o dinheiro não é tudo, o que falta no "mineiro-pau" e no "boi" é o interesse do povo em expressar mais o sentimento deles para executar".
A maioria dos entrevistados tem vontade de contribuir para que o Mineiro-pau se apresente
devidamente de forma a atrair turistas. Alguns, como os moradores mais antigos, preferem
ajudar com verbas; outros, como os manifestantes desta, ajudariam na organização,
participação, ensaios, etc.
Enfim, todos os manifestantes do "Mineiro-pau", como também os outros atores sociais
entrevistados, relatam que essa manifestação cultural tem um significado muito importante
para eles, pois faz parte da história de Barão do Monte Alto, por ter sido criado no município;
proporciona alegria aos expectadores e orgulho aos manifestantes.
"É a paixão da minha vida; estando triste, quando eu saio com mineiro-pau, eu transformo com alegria, cantando, fazendo música... continua no meu coração" (Sebastião Chavier da Silva – antigo organizador de outro Mineiro-pau do bairro Distrito).
Blocos Carnavalescos
Os entrevistados justificam o término dos Blocos Carnavalescos pela falta de renovação das
fantasias, falta de estrutura, descaso da maioria dos jovens, falta de incentivo da prefeitura,
falta de uma melhor organização, falta de pessoas que tomem frente nas lideranças, pessoas
sem vontade ou tempo de organizar e ajudar e os músicos começaram a querer cobrar para
tocar nos blocos.
Outro fator que contribuiu foi a utilização dos Blocos Carnavalescos para defender partidos
políticos, virando não apenas disputas entre as criatividades, mas também disputas políticas.
De cada bloco participavam apenas pessoas de um mesmo partido. Com isso, começaram as
discórdias e inimizades entre o povo, até, pai e filho não conversarem. Então, resolveram
52
encerrar com as disputas.
"Foi fracassando, entrou política no meio, aí achei melhor parar para não entrar em conflito. Até que acabou, porque começaram a surgir outros blocos, muito desorganizados e havia conflitos" (Conceição Aparecido S. Rodrigues, filha do Antonio Augusto de Souza, fundador do primeiro bloco carnavalesco da cidade e que deu continuidade após a morte do pai, com o bloco Estrela do Oriente).
Os entrevistados responsáveis pelas apresentações dos Blocos Carnavalescos relataram que as
disputas eram emocionantes. O entusiasmo dos participantes criando e confeccionando suas
próprias fantasias, músicas, e esperando a resposta do povo, ao ver qual bloco foi o mais
interessante e criativo. Mas ao mesmo tempo, os gastos com materiais para construção dos
carros e enfeites eram muitos e dificultavam a participação de alguns e a contribuição da
comunidade, pois um bloco contava com a participação de muitas pessoas e a disputa era
entre as duas ruas principais (rua de cima e rua de baixo).
"[...] dois não dá, o povo é pouca gente para muita coisa" (organizadora do bloco Estrela do Oriente).
É evidente o entusiasmo dos participantes, quando fazem parte de alguma manifestação
cultural da cidade, e o quanto se envolvem para o melhor desenvolvimento destas.
"Meu pai vendia o que tinha para ajudar os blocos, quase nada vinha para minha casa" (D. Conceição).
Alguns dos entrevistados, quando questionados sobre o que sabiam sobre as manifestações
culturais, contaram que o senhor Antonio Augusto participou do bloco mesmo no final de sua
vida, em uma cadeira de rodas.
O prefeito atual diz que, quando ele iniciou seus trabalhos na prefeitura, esta manifestação
cultural já havia acabado, por isso não colaborou para o desenvolvimento desta, mas ajudaria
na administração do dinheiro. Diz, ainda, que contribuiria com os blocos carnavalescos,
porque é investimento no turismo da cidade e traria também o povo que nasceu na cidade e
agora mora fora.
A maioria dos entrevistados acredita que os blocos carnavalescos poderiam retornar às ruas e
53
também serem transformados em produtos turísticos, pois antes atraíam muitas pessoas de
outras localidades, como também pessoas do Estado do Rio de Janeiro (cidade que doava as
fantasias das escolas de samba), São Paulo e ainda atraem para o Micareme. Mas o
desequilíbrio, desunião e disputa política são alguns dos problemas ou dificuldades que não
permitem essa transformação. Faltam pessoas que sejam ativas, com interesse em pesquisar,
que idealizem, com disponibilidade, falta de mão-de-obra e infra-estrutura, entre outros
fatores. Os entrevistados acreditam que essa transformação do Bloco Carnavalesco em
produto turístico seria bom para a comunidade, sendo uma forma de valorizar e resgatar a
cultura. O prefeito atual diz que será bom para a comunidade a transformação dos blocos em
produtos turísticos, e diz ser fácil de conseguir, mas o difícil para ele é a participação da
comunidade.
"Qualquer coisa que se faça em uma cidade com população pequena, onde não tem muita opção de divertimento e para atrair pessoas de fora é válido" (Rogério A Cidrini – criador de fantasias e letras das músicas, puxador do samba e que trazia fantasias da cidade do Rio de Janeiro para os blocos carnavalescos da cidade).
A maioria dos entrevistados mostram-se prestativos e sentem vontade de contribuir para o
retorno dessa manifestação cultural, para que volte às ruas a alegria e entusiasmo do povo, de
a forma atrair turistas. Mas, assim como o Mineiro-pau, alguns preferem ajudar com verbas,
como a maioria dos moradores mais antigos e alguns representantes de outras manifestações.
Outros, como manifestantes dessa, ajudariam na organização, participação, ensaios, criações
de fantasias e músicas, entre outros, pois não dispõem de boas condições financeiras. Há
também poucos moradores mais antigos que não concordam contribuir por causa da religião,
por serem protestantes.
Assim, como todas as manifestações culturais do local, essa também tem importante
significação para os montealtenses. Para aqueles que se apresentavam, o prazer em se
aprontarem, fabricar as fantasias e depois vestir seus trabalhos e sair na rua com samba no pé
era grande.
"Tinha impressão de que estava em grandes centros e não numa cidade de duas ruas e uma praça... nasceu daqui e não podia deixar acabar" (Carmem Lúcia Duarte Vidom Silva- colaboradora e bordava fantasias).
54
"Valorizava muito a realidade do povo, vivia as histórias e acontecimentos da época, denunciava coisas através da música e da fantasia. Durante os anos esse significado se firmava mais" (Edson Mauro Batista – organização dos carros e alegorias e desfilava de mestre sala). "Naquele tempo era uma maravilha para mim. Eles falavam que eu tinha voz boa para cantar e era coisa de outro mundo" (José Pereira da Silva – puxador de fila).
Para os expectadores era, além da alegria e animação, uma forma de observar a política com
as denúncias que eram feitas através das letras das músicas e das fantasias.
"[...] uma competição que esquentava a população, com isso a cidade enchia com muita gente de fora. Dava muito trabalho, mas em compensação era a festa máxima na época" (Jamel Marcos – moradora antiga).
De um modo geral, todos os entrevistados reclamam da falta de uma melhor organização para
o desenvolvimento de todas as manifestações culturais, como também a necessidade de
pessoas que se responsabilizem pela liderança, pela realização de ensaios com antecedência,
pela divisão de equipes de trabalho. Há falta de recursos e parcerias, de infra-estrutura
adequada, falta de colaboração dos governantes (a maioria os entrevistados mostraram
insatisfeitos com os governantes, quanto ao apoio cultural), falta de interesse e apoio do povo,
causando a desvalorização da própria comunidade. Enfim, sempre justificam o término ou a
decadência das manifestações culturais locais com a falta de dinheiro. Também há a
desvalorização dos próprios governantes, quanto à cultura da localidade, não incentivando o
acontecimento das manifestações culturais. Os outros prefeitos disseram que, em suas gestões,
contribuíram para o acontecimento das manifestações culturais, até mesmo do próprio bolso.
Atualmente, pode-se observar a indiferença dos governantes, de acordo com o depoimento
dos entrevistados. A maioria dos entrevistados afirma que o primeiro colaborador deveria ser
a prefeitura e que esta não se interessa muito por isso; o que provoca o desânimo do povo.
"Fiz campanha para o prefeito, mas acho que neste ponto ele está em falta com o povo" (organizador e criador das músicas dos blocos carnavalescos). "Barão melhorou muito, mas nesse fim não tem mais nada" (Carlindo Lucas Tavares – enfeitava o salão nos antigos bailes e era músico).
55
Outra insatisfação dos atores entrevistados é a falta de colaboração do comércio local, pois
poderiam fazer parcerias com os participantes e órgãos públicos para que as manifestações
acontecessem em suas datas devidas, atingindo o resultado esperado, que é a satisfação da
população local e dos visitantes.
A festa descaracterizou-se. O Micareme, na verdade a Semana Santa tradicional religiosa,
transformou-se num palco na rua, com bandas de músicas de expressão nacional. E um dos
fatores mais importantes que justificam esta data religiosa nem sempre é valorizado. Quando
é possível a Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo se apresenta, mas
raramente o mineiro-pau encontra-se em condições de apresentação nas ruas.
"Fico triste do Micareme ser apenas artista e sair desse lado cultural, mas o que dificulta é a falta de pessoas responsáveis. Não consigo administrar aqui e isso tudo também" (prefeito atual).
Observou-se após as entrevistas, que não só a festa principal da cidade juntamente com as
apresentações das manifestações culturais, como também a maior parte do setor cultural
entrou em decadência.
"Antes da emancipação, a cidade tinha cinema, exposição, restaurante, hotel... ao invés de evoluir, regrediu!" (participante da encenação).
Um dos fatores que pode ter contribuído para o fim do setor cultural local, são as constantes
mudanças na economia local. Os produtores locais deixaram de cultivar o café (por causa da
broca do café que afetou a produção em meados de 1955), passando para a produção de arroz
em 1974 e, posteriormente, para a pecuária de leite. As datas são aproximadas com o período
da emancipação, que aconteceu em 1963.
"O dinheiro acabou, porque o povo parou de plantar e só vê boi" (Nilson Augusto Alves, lavrador, e era organizador do mineiro-pau do bairro Arraial Velho).
Outro fator que alterou o modo de vida dos montealtenses, causando a decadência cultural do
município, foi o êxodo rural. Habitantes rurais passaram a sair de suas fazendas, por não
terem condições de mantê-las, após a crise do café. Procuraram o desenvolvimento, desejando
modos de vida urbanos, encontrando apenas dificuldades, para sobrevivência, sem condições
56
de se manterem. Segundo Beni (2003, p. 280), um dos fatores que pode causar mudança
cultural pode ser a modificação do espaço ecológico, mudança no habitat ocupado por uma
sociedade, provocando transformações indutoras de adaptações e alterações culturais.
A desativação da linha ferroviária trouxe dificuldades para o município, quanto ao transporte
e, até mesmo, para a economia.
"Quando havia o trem, as pessoas que moravam nas fazendas vinham aos sábados fazer suas compras na cidade, e isto era uma atração até mesmo para os moradores e uma forma de distração, pois o centro ficava cheio. Com a retirada do trem, tudo começou a modificar em Barão" (Jamel Marques, aposentada como diretora e moradora antiga).
Governada por muitos anos em regime de coronelismo, a política do município é marcada por
grandes embates entre seus habitantes em defesa fervorosa de seus partidos políticos. Sendo
este outro fator que atrapalha o desenvolvimento local, pois há dificuldade de colaboração dos
vereadores e do prefeito quando são de partidos contrários.
"A política estraga tudo em Barão" (Conceição Aparecido S. Rodrigues).
A maioria dos entrevistados reclama da falta de colaboração da prefeitura, que não
disponibiliza verba para o setor cultural. A prefeitura justifica essa falha, dizendo que há
carência em outras áreas como educação. O prefeito diz contribuir, quando é solicitado, mas o
que mais pode ajudar é disponibilizando funcionários, ou pequenas quantias para uniformes.
Alguns responsáveis pelas manifestações culturais dizem que os prefeitos passados
colaboravam mais. Mas os prefeitos passados justificaram que retiravam do próprio bolso a
ajuda monetária.
Observou-se também, além da falta de investimento, a ausência de planejamento para o
desenvolvimento local, principalmente no setor turístico. A cidade não tem à disposição uma
boa equipe de profissionais capacitados para realização de trabalhos no setor turístico do
município, como por exemplo trabalhos que contribuam para a valorização da cultura local.
"O problema é o investimento que será feito com o custo de um profissional no setor de turismo e cultura. Sai mais barato fazer uma festa do que ter um profissional. Na verdade teria que ser mais
57
voluntário da pessoa" (prefeito atual).
Enfim, a maioria dos entrevistados acredita que as manifestações culturais podem ser
transformadas em produtos turísticos para atrair turistas, mas vêem algumas dificuldades,
como as várias citadas anteriormente. Pôde-se observar também que o maior problema é a
falta de participação da comunidade e de verba da prefeitura.
"O problema ou a dificuldade seria a falta de apoio da prefeitura, não porque ela não queira, mas por falta de condições" (Secretária de Turismo, Cultura e Educação).
Acreditam que a transformação das manifestações culturais em produtos turísticos para atrair
turista será bom para a comunidade, pois divulgaria o município, preservaria e valorizaria a
cultura local, incentivaria novamente a comunidade a praticar a religiosidade, geraria emprego
e renda para o povo, entre outros motivos.
"Hoje a cidade é bonita, mas não tem a animação do passado" (Edson Mauro Batista – desfilava e enfeitava).
4.4 Sugestões dos atores sociais
Ao final das entrevistas, os atores sociais (responsáveis pelas manifestações culturais atuais e
passadas, representantes do poder público, moradores mais antigos, padre atual e os passados,
e líderes comunitários) deram várias sugestões, que deveriam ser analisadas pelo setor
público, e que, se desenvolvidas de forma adequada, poderiam contribuir para o retorno e um
melhor desenvolvimento das manifestações culturais locais, podendo até serem transformadas
em produtos turísticos sustentáveis. Ressalte-se que algumas sugestões foram dadas por mais
de um entrevistado:
Trabalhar curso de teatro com a comunidade, incentivando os jovens e alunos da escola a
participar, mudando os atores das apresentações da Encenação da Paixão, Morte e
Ressurreição de Cristo a cada ano (Sebastião de Campos Mantovani).
Modificar a apresentação das encenações, contando outras histórias da Bíblia, como por
58
exemplo a procissão do fogaréu14 (Jamel Marcos).
Criar uma escola de música, como forma de incentivo e valorização dos músicos locais
(Carlindo Lucas Tavares).
Realizar encontros das manifestações culturais (Anderson de Paula Barbosa – presidente
da Associação Municipal Organizada). A maioria dos entrevistados descreveram uma
festa do folclore que aconteceu na cidade uma única vez, em que se fizeram apresentações
do Mineiro-pau e Folia de Reis, simultaneamente.
Colaboração não só dos governantes, ao disponibilizar verbas, mas também da
comunidade (a maioria dos entrevistados mostraram-se insatisfeitos com os governantes
quanto ao apoio cultural) (sugestão da maioria dos entrevistados).
Buscar apoio do comércio local, pois a maioria dos entrevistados queixou-se da não
participação deste (Elza de Paula Andrade – moradora antiga).
Organizar melhor as atividades culturais, procurando pessoas responsáveis para liderar.
Realizar ensaios com antecedência para que aconteçam apresentações mais gabaritadas.
Dividir equipes de trabalho para não sobrecarregar apenas algumas pessoas (Edson Mauro
Batista).
Buscar recursos e parcerias (Anderson de Paula Barbosa).
Divulgar o evento com propagandas na região. Melhorar a infra-estrutura de forma a
atender os visitantes/turistas com mais conforto. (Sebastião de Campos Mantovani e
outros).
Desenvolver interesses da população local, com mais apoio do povo (Edson Mauro
Batista).
14 Apresenta-se na 4ª feira, no período da Semana Santa, em Goiás, simbolizando a busca e a prisão de Jesus Cristo.
59
Desenvolver um trabalho de conscientização cultural com a população local (jovens e os
participantes das manifestações) pois, como diz a Secretária de Turismo, Cultura e
Educação: "a própria comunidade não valoriza o que tem".
Reformar os instrumentos do mineiro-pau que não estão em boas condições, como, por
exemplo, o carro de som, para que o público ouça melhor a apresentação da música
(Edson Mauro Batista). Este mesmo manifestante sugeriu uma corda de isolamento entre
os participantes e o púbico que ele atrai, para que não se misturem ou atinja alguém com
os bastões utilizados nas apresentações.
Utilizar na roupagem do mineiro-pau pano forte e não transparente, pois os participantes
fazem movimentos fortes e as pessoas não podem ver as pessoas que ficam dentro dos
bonecos e dos animais (organizador do mineiro-pau do bairro Distrito). Outra sugestão
deste mesmo entrevistado é não consumir bebida alcoólica, antes e durante as
apresentações, pois atrapalha os movimentos realizados, podendo causar acidentes com os
participantes e até mesmo com o público. No entanto, merece ser melhor discutido com os
participantes, por ser um hábito tradicional desta manifestação15.
As brincadeiras do boi e da mulinha já machucaram alguns expectadores, devendo estes se
apresentarem com mais atenção, brincando cuidadosamente (Conceição Aparecido S.
Rodrigues).
Disputa entre os mineiros-paus, ganhando alguma coisa como prêmio. (prefeito atual).
Mas podem-se observar sérias dificuldades para esse acontecimento, partindo do
pressuposto que a própria prefeitura não pode disponibilizar verba para esse evento e os
participantes dessa manifestação não têm condições de manter a mesma.
Reunir os fundadores mais antigos para a participação do Mineiro-pau (José Carlos de
Abreu Filho – morador antigo).
As apresentações do Mineiro-pau fora da época do Micareme, pois as pessoas se
interessam mais pela festa do que participar das manifestações culturais do local (Vilson
15 No livro Folguedos da Mata: um registro do folclore da Zona da Mata, GIOVANNI JUNIOR (2005, p. 66) relata a concentração do grupo mineiro-pau, que é um ajuntamento de gente, sempre regado a muita cerveja, pinga e comida, na casa de alguém, rua ou no bairro do grupo.
60
Dias Baía – morador antigo).
Caso haja o retorno dos blocos carnavalescos, deveriam formar apenas um bloco com a
participação de todos, sem rivalidade. Não poderia haver disputa em nenhuma das
manifestações culturais (Conceição Aparecido S. Rodrigues, Carmem Lúcia D. V. Silva
entre outros). Isso resultaria também na diminuição de custo, facilitando o recebimento
das contribuições. Sugeriram também que os participantes pagassem uma mensalidade,
sendo uma forma de contribuição, como acontecia no passado (José Pereira da Silva).
Resgatar as pessoas mais antigas para participarem dos Blocos Carnavalescos. "A
prefeitura tem mais condições que antes, mas a população tinha o dobro do entusiasmo
antes" (prefeito atual).
Assim como já aconteceram algumas outras vezes, deveria retornar o encontro do
montealtense ausente, como forma de reencontrar os amigos que mudaram da cidade
(Carmem Lúcia D. V. Silva).
Uma boa equipe que valorize a cultura para haver o resgate das manifestações (Carolina
Roriz da Cruz Santos)
61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo maior deste trabalho é analisar os fatores que dificultam a potencialização e
transformação das manifestações culturais em produtos turísticos sustentáveis na cidade de
Barão do Monte Alto – MG.
Após as pesquisas tanto documental (das manifestações culturais da cidade do passado e do
presente) quanto bibliográfica (sobre manifestações culturais, identidade local, planejamento
turístico, etc.), entrevistas abertas e semi-estruturadas, dirigidas aos atores sociais
(responsáveis pelas manifestações culturais, poder público, secretário de turismo e cultura,
igreja, líderes comunitários e moradores mais antigos do município) e análise dos dados,
pôde-se entender os reais motivos que levaram à decadência das manifestações culturais
(Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, Mineiro-pau e Boi e Blocos
Carnavalescos) da cidade de Barão do Monte Alto.
Vários fatores contribuíram para a decadência das manifestações culturais locais, como, por
exemplo, o êxodo rural, a desativação da linha ferroviária, a história política, falta de
colaboração do comércio local, falta de organização para o desenvolvimento de todas as
manifestações culturais, falta de divisão de equipes de trabalho, falta de recursos e parcerias,
falta de colaboração dos governantes, falta de interesse e apoio do povo, entre outros fatores.
Observou-se, também, que a demanda turística na cidade de Barão do Monte Alto levou à
mudança no calendário das festas pagãs, fazendo-as coincidir com as festas religiosas, ambas
ofuscadas pelo Micareme. Os conflitos gerados contribuíram para a decadência de todas essas
manifestações.
Barretto (2002, p. 76) diz que um dos graves problemas do turismo cultural e histórico tem
sido a falta de planejamento. Cabe ao planejador de turismo a intervenção consciente e
profissional, para que tanto o patrimônio, quanto as tradições possam ser transformados séria
e conscientemente num produto turístico de qualidade, podendo ser usufruído também pela
comunidade local.
62
Há de se observar que em qualquer trabalho realizado na área do turismo, deve haver um bom
planejamento, com uma equipe multidisciplinar de profissionais capacitados (museólogos,
arquitetos, urbanistas, historiadores, cientistas sociais e turismólogos), os quais possam
desenvolvê-lo de forma sustentável, atendendo não apenas todas necessidades e desejos dos
turistas, mas também preocupando-se com o meio ambiente e com os atores da cidade
receptora. Nesse planejamento, devem-se relacionar todos os setores da atividade turística,
trabalhando o Sistema de Turismo (SISTUR) para conhecer a estrutura da atividade turística
da localidade. Devem-se envolver os subsistemas ecológicos, sociais, econômicos, culturais,
superestrutura e infra-estrutura, o mercado, a oferta, a demanda, a produção e a distribuição,
enfim, todos os setores que interagem para desenvolver o turismo.
Mas para que haja esse trabalho de planejamento na cidade de Barão do Monte Alto, a atitude
deveria partir inicialmente dos governantes. A conscientização do valor cultural e da
necessidade de uma boa equipe de profissionais capacitados para trabalhar o desenvolvimento
turístico local deve ser realizada não apenas com os atores sociais, mas, principalmente, com
o poder público.
Todos os trabalhos que envolvem a cultura, o folclore e histórico de uma localidade devem
ser desenvolvidos juntamente com a comunidade, e de forma sustentável, para não causar
impactos negativos, prejudicando a identidade cultural de um povo. A privacidade da
comunidade receptora deve ser preservada para que não leve à sua própria destruição pelo
turismo.
A cidade de Barão do Monte Alto possui potencial turístico, beleza natural, passado histórico
marcante e riqueza de folclore, destacando-se o Mineiro-pau. Pôde-se avaliar nas entrevistas
realizadas que a maioria dos entrevistados se preocupa com as manifestações culturais e sua
decadência, e entendem que elas constituem importantes aspectos da cultura local, que estão
se perdendo. Acreditam que as manifestações culturais possam ser transformadas em produtos
turísticos para atrair turistas, mas vêem algumas dificuldades: a falta de interesse político e da
comunidade, falta de verba e contribuição para o desenvolvimento das manifestações
culturais, entre outros fatores.
Há uma necessidade de melhoria na infra-estrutura e equipamentos turísticos da cidade para
melhor atender aos turistas (estrada, transporte, hospedagem, restaurante, etc.). Devem-se
63
fazer trabalhos de valorização da cultura local como forma de incentivo ao povo,
desenvolvendo a criatividade dos jovens, oferecendo cursos como teatro, aulas de artes e
músicas. Isso incentivaria a cultura e a continuidade do passado histórico da cidade, ao
aprimorarem as apresentações das manifestações culturais.
Deve-se promover a consciência preservacionista para uma exploração adequada da
localidade, sem trazer prejuízos irreparáveis à região e ao grupo local, criando legislações
específicas, regulamentações turísticas, serviços de fiscalização e programas de preservação e
educação para os turistas e para os nativos das localidades turísticas. Ações como inventário e
tombamento de bens culturais também ajudam na preservação e conservação do patrimônio.
O desenvolvimento sustentável do turismo deverá ocorrer com controle, pois a exploração
inadequada de qualquer aspecto causará degradação do meio ambiente. O crescimento
controlado proporcionará o desenvolvimento de atividades que melhorem o desempenho da
economia local, mantendo o equilíbrio ecológico, considerando as tradições da população e
respeitando a sua capacidade de acompanhamento do processo. O folclore é um dos fatores
que deve ser desenvolvido de forma sustentável, pois é crescente o interesse do turismo nesse
sentido. Além de serem inseparáveis, o folclore estimula o turismo, devendo então ser
conduzido de modo a minimizar impactos.
Mas, não se pode esquecer de que, em qualquer trabalho realizado, não apenas no setor
turístico, mas em qualquer setor que promova o desenvolvimento de uma localidade, há a
necessidade de um bom planejamento que abranja de forma conjunta todos os setores da
atividade, através da formação de uma equipe multidisciplinar.
É importante o processo de conservação dos recursos culturais e de transformação destes em
produtos turísticos, pois são incentivos para o processo de fortalecimento da identidade
cultural, contribuindo para o seu desenvolvimento e investimentos em novos projetos
turísticos.
Para que o produto turístico de uma localidade seja comercializado é necessária a realização
de um trabalho de divulgação do mesmo, cabendo então, o trabalho de marketing. O
marketing do produto turístico determinará a estratégia do lançamento e a sustentação dele no
mercado. Deve-se planejar o produto, informando aos turistas sobre a existência dele e de
64
suas apresentações. Como já citado anteriormente, o produto turístico da cidade de Barão do
Monte Alto são as manifestações culturais.
Para melhor valorização da cultura local é necessário desenvolver nas localidades receptoras,
palestras e trabalhos, informando e conscientizando a comunidade local da importância de se
valorizar, conservar e preservar seus patrimônios e a própria cultura.
Não se pode esquecer, também, da necessidade de uma análise do impacto ambiental que o
turismo poderá causar na localidade receptora, evitando ou amenizando os impactos negativos
e destacando os efeitos desejáveis.
Após análise dos dados das entrevistas realizadas com os atores sociais locais e o
levantamento de algumas recomendações a partir da revisão da literatura do turismo realizada,
seguem algumas sugestões complementares, para uma possível contribuição no retorno e
desenvolvimento das manifestações culturais locais da cidade de Barão do Monte Alto.
Pretende-se, também, conscientizar a comunidade de sua riqueza cultural como potencial
turístico.
Inicialmente, um trabalho de memória e revitalização cultural com a comunidade, com os
jovens e com os participantes das manifestações, para que haja uma melhor valorização e
conscientização da cultura local, visto que os entrevistados demonstram não saber muito
da origem das manifestações.
Identificação e fortalecimento de líderes comunitários ou associações de bairros no
município. Esses elementos, ausentes no município, auxiliariam e facilitariam trabalhos
para o desenvolvimento da comunidade e das manifestações culturais.
Melhoria na infra-estrutura, incluindo os meios de comunicação. Os meios de
comunicação são carentes, dispondo apenas de poucos telefones particulares e 4 telefones
públicos. Foi criada recentemente uma nova associação, mas ainda não autorizada, com o
intuito de desenvolver uma rádio local no município, pois esta não dispõe desse
equipamento de comunicação. E o presidente desta, quando entrevistado, dispôs-se a
realizar a divulgação não apenas das manifestações culturais, mas também de todas as
comemorações festivas da cidade. Para complementar o produto turístico, uma localidade
65
deve contar com, além de atrações (ambiente natural, cultural, eventos), facilidades (hotel,
restaurante, lojas de artesanatos, etc.) e as vias e meios de acesso (transporte, localidade).
A cidade de Barão do Monte Alto não possui meios de hospedagem, restaurante, enfim,
acomodações adequadas para receber o turista. Os governantes deveriam se empenhar na
infra-estrutura para atender o turista. Também, as vias de acesso à cidade são precárias: as
estradas de terra, quando chove, ficam intransitáveis, e o município só dispõe de uma
linha de ônibus.
Realizar trabalho de sensibilização da comunidade e suas lideranças sobre a importância
das manifestações culturais. Destaca-se também o caso do padre atual, que não participou
e nem assistiu à encenação religiosa no ano de 2005. Seu envolvimento seria muito
importante, pois despertaria um maior interesse da comunidade em participar das
atividades religiosas.
É necessário alterar o calendário das festas, buscando separar festas religiosas e profanas e
com isso eliminar conflitos gerados entre esses eventos e seus responsáveis. O Micareme
tradicional, na verdade, a Semana Santa tradicional religiosa do município de Barão do
Monte Alto, transformou-se num palco na rua, com bandas de músicas de expressão
nacional. E o fator mais importante que justifica essa data religiosa, nem sempre é
valorizado. A Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo apresenta-se
raramente, por causa de algumas dificuldades que já foram citadas. O Mineiro-pau, que se
apresentava no Micareme, não se encontra em boas condições de apresentação nas ruas.
Inicialmente, as primeiras transformações devem ser realizadas pelo poder público, com
criações de projetos, colaborando e incentivando mais a cultura local.
Desenvolver arquivos com registros e histórico dos fundadores das manifestações
culturais da cidade, destacando principalmente o criador do Mineiro-pau, Valdivino
Sabino da Gama, pois este tem uma grande importância cultural para a cidade, além de ter
sido filho de Barão do Monte Alto, e ser um grande escultor. As exposições desses
arquivos, além de valorizar a cultura local, atrairiam olhos dos turistas, motivados pela
cultura.
Construção de um centro cultural e oferecimento de cursos, que desenvolvam a
criatividade dos jovens (teatro, aulas de artes e de música) para que eles possam dar
66
continuidade às encenações e, possivelmente, formar bandas na cidade, para valorizar os
músicos locais e não as bandas de fora.
Os governantes deveriam dar mais atenção à sede do município (Barão do Monte Alto).
Tem-se o exemplo de governantes nascidos em um dos Distritos (Silveira Carvalho e
Cachoeira Alegre), que procuram apenas desenvolver trabalhos que atendam essas
localidades de forma a satisfazer apenas os seus eleitores. A sede é onde acontecia a maior
parte da cultura do município, mas é onde também se encontra em maior parte a
decadência cultural. Deveriam não apenas atender os seus eleitores, mas sim, observar que
a satisfação pelo desenvolvimento da cultura local é de todos. Enfim, governarem
atendendo ao todo e não apenas a determinados interesses da minoria. Alguns
entrevistados justificaram o desinteresse do prefeito em desenvolver um museu na sede,
pois este gostaria que o centro cultural fosse construído no distrito de Silveira Carvalho,
onde nasceu.
Realização de trabalhos e estudos sobre cultura nas escolas locais de forma a educar,
incentivar, identificar e fazer com que valorizem e preservem sua cultura e seus
patrimônios.
Apresentação do Mineiro-pau em outras cidades. Isso até poderia acontecer, mas os custos
que acarreta atrapalham sua transformação em produto turístico. Além de se procurar
diminuir o gasto com o transporte dos manifestantes para ir até outra cidade, o dinheiro
poderia ser investido em outras necessidades da manifestação cultural, atraindo visitantes
para a cidade de origem. Tal atitude reforça a teoria de Beni (2003, p. 26), quando ele diz
que "... produto turístico é produzido e consumido no mesmo local e o consumidor é que
se desloca para a área de consumo [...]".
No caso dessa manifestação, um dos pontos para se tornar produto turístico de forma a atrair
turistas, é fazer com que se apresente apenas na cidade de origem.
Utilização de equipamentos e materiais nas manifestações culturais, com menores custos.
67
Bastões ou porretes16, como são chamados por eles, utilizados nas apresentações são
matérias-primas baratas, retirados da natureza, o que facilita os custos. Pode-se também
pedir doação para os outros materiais, como os panos que cobrem os animais
representados (boi, mulinha, etc.), os bonecos, entre outros. Os instrumentos, bonecos e
animais utilizados nas apresentações deveram ficar sob responsabilidade de alguém de
confiança, ou na prefeitura, um local protegido, para uma melhor conservação dos
materiais e instrumentos, de forma a serem utilizados no ano seguinte, pois podem ocorrer
certos acidentes, causando a destruição desses materiais, como, por exemplo, um incêndio
que ocorreu na casa do Bastiaozão (organizador de um dos mineiro-paus do bairro
Distrito) queimando todo seu material, desde bonecos até os porretes enfeitados.
Realização de festas na comunidade para arrecadação de dinheiro não apenas para
colaborar na compra das roupas utilizadas na Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição
de Cristo, mas também com as outras manifestações culturais. Da mesma forma que os
grupos de jovens há alguns anos atrás realizavam festas para ajudar na compra de
materiais para a Encenação, poderiam retornar com essa ação hoje, pois, além de
arrecadarem dinheiro para contribuição nas manifestações culturais locais, iriam envolver
os jovens com a religião.
Disputa entre as manifestações culturais. Foi observado que todos os manifestantes se
sentem mais entusiasmados quando há rivalidade entre as manifestações, como por
exemplo as disputas dos Blocos Carnavalescos entre as duas ruas principais e as
apresentações de vários Mineiros-paus de bairros diferentes e dos distritos. Nota-se que a
disputa é uma das maiores características da cidade de Barão do Monte Alto, sendo um
incentivo para o envolvimento do povo e realizações de trabalhos. Mas observou-se,
também, de acordo com as entrevistas realizadas com os atores sociais, que este foi um
dos motivos que levaram à decadência das manifestações culturais. Além do que, a
existência de vários grupos de cada manifestação acarreta maiores custos, impedindo
maior participação da comunidade. Observou-se, nas entrevistas, que os ex-organizadores
não continuaram por falta de verba e justificaram que apenas o grupo organizado por
Jaime Marques recebe contribuição da prefeitura, pelo fato do mesmo trabalhar no local.
16 A fabricação dos porretes foi relatado por Nilson A. Alves (responsável pelo mineiro-pau do bairro Arraial Velho): "Cortava o pau no mato, sapecava e no dia de saí, entregava o porrete para cada um e eles enfeitavam do jeito que quisessem".
68
Poderiam reunir todos os organizadores dos grupos e discutir a sugestão de apresentarem
apenas um grupo com a participação de todos os organizadores (Jaime, Nilson e
Sebastião), formando apenas um Mineiro-pau na sede e um em cada distrito e, caso
quisessem realizar a disputa, que fosse entre a sede e seus distritos. Isso poderia facilitar a
participação de mais pessoas e a coleta da contribuição financeira destas, fazendo com que
não somente a cidade de Barão do Monte Alto, como também seus distritos (Cachoeira
Alegre e Silveira Carvalho) sejam visitados. Esta sugestão cabe também aos Blocos
Carnavalescos.
Remanejamento nos cargos e funções, em trabalhos realizados para o desenvolvimento da
cidade, pois na prefeitura da cidade há pessoas ocupando determinados cargos e
desenvolvendo outros trabalhos diferentes de sua função ou competência. Como, por
exemplo, o entrevistado Jaime Marques Ferreira, que trabalha nos serviços gerais, é um
dos principais organizadores da principal festa da cidade (Micareme), sendo que esta
deveria estar sendo organizada pela Secretária de Turismo, Cultura e Educação ou por um
outro profissional capacitado nesta área. No setor de Cultura, Turismo e Educação, há
outra dificuldade, que é a carência de profissionais específicos para cada função. A cidade
não dispõe de profissionais habilitados na área de turismo (turismólogo), ou qualquer
pessoa responsável para o desenvolvimento de trabalhos/projetos destinados ao
desenvolvimento do turismo ou cultura. Esse profissional, como, por exemplo, um
turismólogo, deveria desenvolver um projeto para a realização da festa, respeitando suas
tradições e incentivando a apresentação das manifestações culturais da cidade, com a
contribuição da prefeitura e da comunidade. A carência de um profissional capacitado na
área do turismo faz com que esse setor não se desenvolva corretamente, podendo até
mesmo causar impactos negativos para a cidade, se este não for trabalhado de forma
correta e sustentável. A Secretária de Turismo Cultura e Educação diz que mesmo
desenvolvendo trabalhos apenas para a Educação, esta se encontra carente, por falta de
verba, ou melhor, a verba não é suficiente para atender outros setores. Para que se possa
realizar esse remanejamento de cargos, atribuições de funções e contratação de
profissionais capacitados, deve haver conscientização dos governantes quanto às falhas do
sistema.
Dentre as ações de planejamento turístico necessárias, seria importante desenvolver tão
logo quanto possível, um inventário do potencial turístico da cidade, com dados dos
69
recursos naturais, históricos, manifestações culturais, entre outros produtos que possam
ser oferecidos como atração aos turistas, estando sempre atualizados, para serem
incorporados ao setor turístico da cidade. Este inventário é uma das etapas para a
realização de um bom trabalho de planejamento turístico, que também deveria ser
desenvolvido na cidade de Barão do Monte Alto, pelo profissional do turismo
(turismólogo).
Realização de parcerias entre o comércio local, os participantes das manifestações
culturais e os órgãos públicos e privados, para que as manifestações aconteçam em suas
datas devidas, atendendo suas necessidades (roupagem, instrumentos), de acordo com suas
características. O objetivo maior é a satisfação da população local e dos visitantes, e a
valorização da cultura local. É importante procurar as empresas regionais que possam
oferecer recursos para a realização das manifestações.
Criação de leis de preservação e conservação do patrimônio cultural e natural da
localidade, de forma a serem respeitadas pela população, empresas locais e visitantes. Isso
colaboraria até mesmo com as apresentações das manifestações culturais, pois a
comunidade reclama de algumas ações dos visitantes, como, por exemplo, ligar alto os
sons dos carros quando estão apresentando. Também seria a melhor forma de conservar e
proteger algumas construções antigas, como, o salão de bailes, onde se realizavam os
bailes de carnaval e algumas festas, e que hoje se encontra em péssimo estado de
conservação (FIG. 18 e 19), e até outros monumentos, como o busto do Mestre Gama17
(FIG. 17) que se encontra na praça da cidade.
17 Esculpido por um dos moradores da cidade, filho de Valdevino Sabino da Gama (criador do mineiro-pau) como forma de homenagem, e que se encontra danificado.
70
FIGURA 17 – Busto do Mestre Gama Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
FIGURA 18 – Casa de Baile destruída Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
71
FIGURA 19 – Casa de Baile destruída Fonte: Arquivo pessoal, 2005.
Essas recomendações pretendem contribuir para um melhor desenvolvimento e retorno das
manifestações culturais da cidade de Barão do Monte Alto. Com isso, estas poderão retornar
às ruas em melhores condições e mais valorizadas, promovendo a divulgação da história da
cidade, do povo e influenciando economicamente o seu desenvolvimento. Enfim, atingirá a
satisfação não somente dos manifestantes, mas também de toda comunidade local, podendo
então, posteriormente, transformá-las em produtos turísticos para atrair turistas,
desenvolvendo o turismo no local.
Com a realização deste trabalho, observou-se a multiplicidade e complexidade das questões
que podem dificultar a exploração do turismo sustentável das manifestações culturais de uma
localidade e que raramente são tratadas na literatura do turismo ou na de planejamento
turístico, como deveriam, isto é, através de procedimentos de investigação similares realizado
neste estudo. Dessa forma, através de um bom planejamento turístico, que aborde tais
questões, essas dificuldades poderiam ser superadas, com a ajuda de uma equipe de
profissionais de diferentes disciplinas, que desenvolva um trabalho que vise, atender não
apenas às necessidades dos turistas, preocupando-se com a cultura da localidade receptora e a
sustentabilidade do processo.
72
REFERÊNCIAS
ASHWORTH, G. J. Culture and tourism, conflict or symbiosis in Europe?. In: W. Pompl e P. Lavery (eds.) Tourism in Europe. Londres: Mansell, 1993. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em Turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
ANDRADE, José Vicente de. Turismo: fundamentos e dimensões. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. p.215.
BANDUCCI JUNIOR, Álvaro; BARRETTO, Margarita (Orgs.). Turismo e identidade local: uma visão antropológica. 3. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.
BARCELOS, Regina C. R. Classificação e avaliação dos recursos turísticos: um estudo metodológico. Universidade de Lês Illes Baleares/UM. Programa de pós-graduação em Turismo e Hospitalidade. Máster em Gestón de Actividades y Recursos Turísticos. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte: UM, 2002.
BARRETTO, Margarita. Turismo e legado cultural: As possibilidades do planejamento. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003.
BARRETO, Margarita; TAMANINI, Elizabete; SILVA, Maria Ivonete P. Discutindo o ensino universitário de turismo. Campinas: Papirus, 2004. Capítulo 2: Turismo e cursos de turismo (p.35-59) e capítulo 3: Discutindo o ensino universitário de turismo (p.61-87).
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 9 ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2003. 523p.
BRANT, Leonardo. Políticas culturais. Barueri, SP: Manole, 2003. v. I, p.142.
BUTLER, R. Modelling tourism development: evolution, growth and decline. In: S. Wahab e J. Pigram (eds.) Tourism, development and growth. The challenge of sustainability. Londres: Routledge, 1997. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
BYWATER, H. The market for cultural tourism in Europe, EIU Travel e Tourism Analyst v. 6, p. 30-46, 1993. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
CATANI, Afrânio M.; OLIVEIRA, João F.; DOURADO, Luiz F. Política educacional, mudanças no mundo do trabalho e reforma curricular dos cursos de graduação no Brasil.
73
Educação e sociedade. CEDES, Campinas, n.75, p.67-83, ago. 2001.
Conselho de Pesquisa e Avaliação Ambiental Canadense, citado por DOBERSTEIN, B. (1992) An evaluation of the use of environmental impact assessment for urban solid waste management in Denpasar, Bali, Trabalho de Estudante nº 12, Waterloo, Canadá: Consórcio Universitário de Publicações em Série sobre o Meio Ambiente, Universidade de Waterloo, 1992. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
COOPER, Chris. et al. Turismo, princípios e práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. p. 559.
CÔRTES, Gustavo. Dança Brasil!: Festas e danças. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000. p.187.
DELLA MONICA, Laura. Turismo e folclore: um binômio a ser cultuado. 2. ed. São Paulo: Global, 2001. (Coleção Global Universitária).
DIAS, Reinaldo. Planejamento do turismo: Política e desenvolvimento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas S.A., 2003.
DIN, K. Dialogue with the hosts: an educational strategy towards sustainable tourism. In: M. Hitchcock, V. King e M. Parnwell (eds.) Tourism in South-East Asia. Londres e Nova York: Routledge, 1993.
DUBAR, Claude. A sociedade: construção das identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Editora, 1997. Capítulo 7: Profissões, organizações e relações profissionais, p. 143-61.
FELIPE, Carlos; MANZO, Maurizio. O grande livro do folclore. Belo Horizonte: Leitura, 2000. p. 214.
FIGUEIREDO, Betânia Gonçalves. Patrimônio histórico e cultural: um novo campo de ação para os professores. Em Secretaria de Educação de Minas Gerais. Educação Patrimonial. Belo Horizonte, 2002. p. 56.
FRANÇA, Júnia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de; colaboração: Maria Helena de Andrade Magalhães, Stella Maris Borges. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004. p. 242.
FUNARI, Pedro Paulo; PINSKY, Jaime (orgs.). Turismo e patrimônio cultural. São Paulo: Contexto, 2001. p.103.
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo. Folguedos da Mata: um registro do folclore da Zona da Mata. Leopoldina: Do Autor, 2005. p.216.
74
GODFREY, K. B. Towards sustainability? Tourism in the Republic of Cyprus. In: L. C. Harrison e W. Husbands (eds.) Practising responsible tourism, Nova York: John Wiley & Sons, 1996. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
GOELDNER, Charles R.; RITCHIE, Brent; MCINTOSH, Robert W.; trad. Roberto Cataldo Costa. Turismo: princípios, práticas e filosofias. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002, p. 478.
GUIMARÃES, J Gerardo N. Guimarães. Repensando o folclore. Barueri: Monole, 2002. p. 199 .
HEALY, R. The 'Common pool' problem in tourism landscapes, Annals of Tourism Research, v. 21, n. 3, p. 596-611, 1994. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
HUNTER, C. "Key concepts for tourism and the environment". In: C. Hunter e H. Green (eds.) Tourism and the Environment. A sustainable relationship? Londres: Routledge, 1995. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O Brasil município por município. Censo de 2000. Disponível em: <www.ibge.gov.br.> Acesso em: 23 ago.2005.
JURDAO ARRONES, F. (Comp) Los mitos del turismo. Barcelona: Endymion, 1992.
KIM, Sang Um. Desenvolvimento em Turismo: temas contemporâneos. Impactos provocado por turistas coreanos sobre residentes coreanos no Havaí e em Queensland, na Austrália. São Paulo: Contexto, 2002.
KRIPPENDORF, Jost. Marketing im Fremdenverkehr, op. cit. In: RUSCHMANN, Doris van de Meene. Marketing turístico: Um enfoque promocional. Campinas, SP: Papirus, 1990. p. 25-50. (Coleção Turismo)
MARTINS, Saul Alves. Folclore em Minas Gerais. 2. ed. Belo Horizonte, UFMG, 1991.
MCCARTHY, J. Are sweet dreams made of this? Tourism in Bali and Eastern Indonesia. Austrália: Indonésia Resources and Information Program, 1994.
MCKERCHER, B. The unrecognized threat to tourism. Can tourism survive "sustainability"?, Tourism Management, v. 15, n. 2, p. 131-6, 1993. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
75
OWEN, R. E.; WITT, S. F.; GAMMON, S. Sustainable tourism development in Wales. From theory to practice, Tourism Management, v. 14, n. 6, p. 463-74, 1993.
PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Calendário e documentário do folclore paulista. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
PREFEITURA MUNICIPAL, Barão do Monte Alto, s/d.
RANGEL, M. M. Educação patrimonial: Conceitos sobre patrimônio cultural. Em Secretaria de Educação de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2002, p.18.
RICHARDS, G. (ed) Cultural tourism in Europe. Wallingford, Reino Unido: CAB Internacional, 1996. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
RICHTER, L. Tourism policy-making in South-East Ásia. In: M. Hitchcok, V. King e M. Parnwell (eds.) Tourism in South-East Asia. Londres e Nova York: Routledge, 1993. In: DIAS, Reinaldo. Planejamento do turismo: Política e Desenvolvimento do Turismo no Brasil. São Paulo: Atlas S.A., 2003.
RUSCHMANN, Doris van de Meene. Marketing turístico: Um enfoque promocional. Campinas, SP: Papirus, 1990. (Coleção Turismo)
RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo no Brasil: Análise e tendências. Barueri, SP: Manole, 2002, p. 165.
RUSCHMANN, Doris van de Meene. O planejamento do turismo e proteção do meio ambiente. São Paulo, ECA – USP, 1994, 268 p. (Tese de Doutorado).
SANCHO, Amparo. Introdução ao turismo. Organização Mundial do Turismo. São Paulo: Roca, 2001, p.371.
SHIGUNOV NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete S. B. Formação profissional nos cursos de turismo no Brasil: algumas reflexões à luz da LDB/96 e das diretrizes curriculares para os cursos de graduação. In: SHIGUNOV NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete S. B. Currículo e formação profissional nos cursos de turismo. Campinas: Papirus, 2002. p. 17-63
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. A sociedade pós-industrial e o profissional em turismo. Campinas: Papirus, 1998. Capítulo 1: O mundo pós-industrial e a pós-modernidade, p. 11-39 e capítulo 7: A educação e os novos tempos, p. 149-195.
76
URRY, J. The tourist Gaze, leisure and travel in contemporay societies. Londres: Sage Publications, 1990.
VAN DER BORG, J.; COSTA, P.; GOTTI, G. Tourism in European heritage cities. Annals of Tourism Research, v. 23, n. 2, p. 306-21, 1996.
WAGNER, Roy. The invention of culture. The University of Chicago Press: Chicago in London, 1981.
WALL, G. Linking heritage and tourism in an Asian City: The case of Yogyakarta, Indonesia. In: MURPHY, P. Quality management in urban tourism. Chichester: John Wiley and Sons. In: BARRETTO, Margarita. Turismo e legado cultural: As possibilidades do planejamento. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003. 1997.
WSVB. Annual Work Plan 1 July 1996 – 30 de June 1997. Apia: Birô de Visitantes a Samoa Ocidental, 1996. In: PEARCE, Douglas G.; BUTLER, Richard W (orgs.); [tradução de Edite Sciulli]. Desenvolvimento em turismo: temas contemporâneos. São Paulo: Contexto, 2002.
YÁZIGI, Eduardo; CARLOS, Ana Fani Alessandri; CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Turismo: Espaço, paisagem e cultura. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.
77
APÊNDICES
APÊNDICE A - ENTREVISTAS ABERTAS E SEMI-ESTRUTURADAS
Estas serão as perguntas centrais dirigidas aos responsáveis pelas manifestações culturais
atuais e passadas, pessoas ligadas à igreja, o poder público, secretário de turismo e cultura,
prefeito atual e prefeitos passados, líderes comunitários e os moradores mais antigos da
cidade. Outras perguntas serão feitas conforme as respostas dos entrevistados. Se o
entrevistado estiver de acordo, a entrevista será gravada como forma de registro.
Perguntas a serem dirigidas aos responsáveis pela realização do mineiro-pau e
bumba-meu-boi
Cargo ou função: ___________________________________________
Nome:_______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou o mineiro-pau e bumba-meu-boi na cidade?
2) Você sabe quais foram as pessoas que realizaram as primeiras apresentações do mineiro-
pau e bumba-meu-boi na cidade? Qual a motivação delas?
3) Quando começou o seu envolvimento com mineiro-pau e bumba-meu-boi na cidade?
Porque quis se envolver?
4) Qual era sua função ou sua colaboração nas apresentações?
4.5) Na sua opinião, ao longo do tempo, houve interferência da igreja nestas manifestações?
Como você avalia esta interferência?
78
5) O que ocorreu com essas manifestações com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
6) Elas sempre foram apresentadas no mesmo dia?
7) Elas sempre ocorreram na Semana Santa?
8) Qual o motivo das apresentações acontecerem no período Semana Santa e não em outra
época?
9) Como eram obtidas as roupagens e instrumentos para as apresentações? E hoje?
10) Que significado essas manifestações tem para você? Esse significado se alterou no
decorrer dos anos?
11) Há outras manifestações culturais na cidade? Quais são? Quando elas acontecem?
12) Você acredita que o mineiro-pau e bumba-meu-boi podem ser transformadas em produtos
turísticos, para atrair turistas?
13) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessas manifestações em
produtos turísticos sustentável?
14) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
15) Você tem vontade de contribuir para retornar essas manifestações e através dela atrair
turistas? sim não talvez
Por quê? Como?
16) Que sugestões você daria em relação ao mineiro-pau, bumba-meu-boi e outras
manifestações?
79
Perguntas a serem dirigidas aos responsáveis pela realização das apresentações dos
blocos carnavalescos
Cargo ou função: ___________________________________________
Nome:_______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou os blocos carnavalescos na cidade?
2) Você sabe quais foram as pessoas que realizaram as primeiras disputas / apresentações dos
blocos carnavalescos na cidade? Qual a motivação delas?
3) Quando começou o seu envolvimento com os blocos carnavalescos na cidade? Porque
quis se envolver?
4) Qual era sua função ou sua colaboração nas apresentações?
5) O que ocorreu com essas manifestações com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
6) Eles sempre foram apresentados no mesmo dia das outras manifestações culturais?
7) Eles sempre ocorreram na Semana Santa?
8) Qual motivo das disputas ou apresentações dos blocos carnavalescos acontecerem no
período Semana Santa e não em outra época?
9) Como eram obtidas as roupagens (fantasias) e instrumentos para as disputas/
apresentações?
10) Que significado essa manifestação tem para você? Esse significado se alterou no decorrer
dos anos?
80
11) Qual o real motivo das disputas dos blocos carnavalescos?
12) Quem elegia os blocos carnavalescos?
13) Qual era a premiação?
14) Há outras manifestações culturais na cidade? Quais são? Quando elas acontecem?
15) Você acredita que os blocos carnavalescos podem ser transformados em produtos
turísticos, para atrair turistas?
16) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessa manifestação em
produto turístico sustentável?
17) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
18) Você tem vontade de contribuir para retornar essa manifestação e através dela atrair
turistas? sim não talvez
Por quê? Como?
19) Que sugestões você daria em relação aos blocos carnavalescos e outras manifestações?
81
Perguntas a serem dirigidas aos responsáveis pela realização das encenações da
paixão, morte e ressurreição de Cristo
Cargo ou função: ___________________________________________
Nome:_______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou a encenação da paixão, morte e ressurreição de
Cristo na cidade?
2) Você sabe quais foram as pessoas que realizaram as primeiras encenações da paixão,
morte e ressurreição de Cristo na cidade? Qual a motivação delas?
3) Quando começou o seu envolvimento com a encenação da paixão, morte e ressurreição de
Cristo na cidade? Porque quis se envolver?
4) Qual era sua função ou sua colaboração nas encenações?
5) O que ocorreu com essa manifestação com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
6) Ela sempre foi apresentada no mesmo dia das outras manifestações culturais?
7) Ela sempre ocorreu apenas na Semana Santa?
8) Como eram obtidas as roupagens das encenações?
9) Que significado essa manifestação tem para você? Esse significado se alterou no decorrer
dos anos?
10) Há outras manifestações culturais na cidade? Quais são? Quando elas acontecem?
11) Você acredita que a encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo pode ser
transformada em produto turístico, para atrair turistas?
82
12) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessa manifestação em
produto turístico sustentável?
13) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
14) Você tem vontade de contribuir para retornar essa manifestação e através dela atrair
turistas? sim não talvez
Por quê? Como?
15) Que sugestões você daria em relação à encenação da paixão, morte e ressurreição de
Cristo e outras manifestações?
83
Perguntas a serem dirigidas ao o poder público (secretário de turismo e cultura),
prefeito atual e prefeitos passados, em relação as manifestações culturais da cidade
Nome:_______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou as manifestações culturais (mineiro-pau e bumba-
meu-boi, encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo e blocos carnavalescos) na
cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
2) Você colaborou para que algumas dessas manifestações culturais acontecessem? Como?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
3) O que ocorreu com essas manifestações com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
4) Que significado essas manifestações têm para você? Esse significado se alterou no
decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
84
4.5) Que significado essas manifestações tem para a comunidade? Esse significado se alterou
no decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
5) Você acredita que algumas dessas manifestações culturais podem ser transformadas em
produtos turísticos para atrair turistas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
6) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessas manifestações em
produtos turísticos sustentáveis?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
7) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
8) Você acha importante contribuir para retornar essas manifestações e através delas atrair
turistas? sim não talvez
Por quê?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
85
9) Que sugestões você daria em relação às manifestações culturais da cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
- Quando a entrevista for dirigida ao prefeito atual, será acrescentada:
9.5) A prefeitura estimula algumas dessas manifestações? Por quê?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
9.6) Se sim, o que tem sido feito nesse sentido?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
10) A prefeitura disponibiliza verba destinada ao setor cultural da cidade de forma a contribuir
para as apresentações das manifestações culturais da cidade?
- De que outra maneira a prefeitura atual poderá contribuir para o retorno e valorização das
manifestações culturais na cidade?
- Quando a entrevista for dirigida aos prefeitos passados:
9) Essas manifestações culturais aconteciam em sua gestão?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
86
blocos carnavalescos:
9.5) Durante a sua gestão, a prefeitura estimulou algumas dessas manifestações? Por quê?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
9.6) Se sim, o que foi feito nesse sentido?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
10) Em sua gestão, a prefeitura disponibilizou verba destinada ao setor cultural da cidade de
forma a contribuir para as apresentações das manifestações culturais da cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
87
Perguntas a serem dirigidas ao padre atual e aos padres anteriores da paróquia
Nome:_______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou as manifestações culturais (mineiro-pau, e
bumba-meu-boi, encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo e blocos
carnavalescos) na cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
2) Você colaborou para que as manifestações culturais acontecessem? sim não
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
3) O que ocorreu com essas manifestações com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
4) Que significado essas manifestações têm para você? Esse significado se alterou no
decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
88
4.5) Que significado essas manifestações têm para a comunidade? Esse significado se alterou
no decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
5) Você acha que todas as manifestações deveriam ocorrer no mesmo período da Semana
Santa? Por quê?
6) Você acredita que as manifestações culturais podem ser transformadas em produtos
turísticos para atrair turistas?
7) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessas manifestações em
produtos turísticos sustentáveis?
8) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
9) Você tem vontade de contribuir para retornar essas manifestações e através delas atrair
turistas? sim não talvez
Por quê? Como?
10) Que sugestões você daria em relação às manifestações culturais da cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
89
Perguntas a serem dirigidas aos moradores mais antigos da cidade
Nome:_______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou as manifestações culturais (mineiro-pau e bumba-
meu-boi, encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo e blocos carnavalescos) na
cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
2) Você colaborou para que algumas dessas manifestações culturais acontecessem? Como?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
3) O que ocorreu com essas manifestações com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
4) Que significado essas manifestações têm para você? Esse significado se alterou no
decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
90
4.5) Que significado essas manifestações tem para a comunidade? Esse significado se alterou
no decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
5) Você acredita que algumas dessas manifestações culturais podem ser transformadas em
produtos turísticos para atrair turistas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
6) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessas manifestações em
produtos turísticos sustentáveis?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
7) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
8) Você tem vontade de contribuir para retornar essas manifestações e através delas atrair
turistas? sim não talvez
Por quê? Como?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
91
9) Que sugestões você daria em relação às manifestações culturais da cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
92
Perguntas a serem dirigidas aos líderes comunitários da cidade
Associação: ___________________________________________
Nome: _______________________________________ Profissão: ___________________
Naturalidade: _________________________________
1) O que você sabe sobre quando começou as manifestações culturais (mineiro-pau e bumba-
meu-boi, encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo e blocos carnavalescos) na
cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
2) A associação colaborou para que algumas dessas manifestações culturais acontecessem?
Como?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
3) O que ocorreu com essas manifestações com o passar dos anos? Quais foram para você os
motivos das mudanças observadas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
4) Que significado essas manifestações têm para você? Esse significado se alterou no
decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
93
4.5) Que significado essas manifestações tem para a comunidade? Esse significado se alterou
no decorrer dos anos?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
5) Você acredita que algumas dessas manifestações culturais podem ser transformadas em
produtos turísticos para atrair turistas?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
6) Você vê algum problema ou dificuldade para a transformação dessas manifestações em
produtos turísticos sustentáveis?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
7) Você acha que será bom para a comunidade? Por quê?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
8) A associação tem vontade de contribuir para retornar essas manifestações e através delas
atrair turistas? sim não talvez
Por quê? Como?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
94
9) Que sugestões você daria em relação às manifestações culturais da cidade?
mineiro-pau:
bumba-meu-boi:
encenação da paixão, morte e ressurreição de Cristo:
blocos carnavalescos:
95
ANEXOS
ANEXO A – MÚSICAS DO MINEIRO-PAU
Despedida do Mineiro (Chora Chora)
Chora chora morena Chora chora morena
Chora chora morena Chora chora morena
O meu boi pintado morena Que já vai embora
Que já vai embora Que já vai embora
O meu boi pintado morena Chora chora morena
Que já vai embora. Chora chora morena
E vem meu boi
Lá vem meu boi E vem meu boi
E vem pegando fogo E vem pegando fogo
E vem meu boi E vem meu boi
E vem pegando fogo E vem pegando fogo
Ele vem lá de Barão
Para dar alegria ao povo
96
Vila Velha
No cavalo usa o arreio. Mineiro-pau Mineiro-pau
Na mula você usa a cela O povo de Vila Velha.
Aqui vai o abraço para o povo de Vila Velha.
Espírito Santo
Me vale nossa senhora Olha o mineiro pau
Que me cobre com seu manto Olha o mineiro pau
Vai um abraço apertado Olha o mineiro pau
Para cidade do Espírito Santo Bate palma pessoal
Canela Verde
Vi o amanhecer do dia Colombina Colombina
Deitado na minha rede Dança para as crianças
Trouxemos muita alegria Que você já foi menina
Para as crianças do Canela Verde
97
Com licença do prefeito
Com licença do prefeito Com licença do prefeito
Que eu acabei de chega Que eu acabei de chega
Vou mostrar para o povo Vou mostrar para o povo
A cultura popular A cultura popular
Chora mineiro pau Chora mineiro pau
Chora mineiro pau Chora mineiro pau
Chora mineiro pau Chora mineiro pau
Chora mineiro pau Chora mineiro pau
Papo amarelo
Este é o boi Belarmindo Esmeralda de tamanco
Fazendo de beveclerio veio E Colombina de chinelo
Duas moças bonitas O Jaguará mora na pedra e
Que tira os homens do sério Jacaré papa amarela
O Jacaré papa amarela
98
Mestre Gama
O Mestre Gama não morreu Mineiro pau
Ele está no meio de nós Mineiro pau
Onde tem mineiro pau
Mestre Gama está no meio.
Era Era
Eu sou aquele canário Me botaro na gaiola
Que cantou no seu terreiro E fizeram prisioneiro
Em frente de sua janela Me levaram pra cidade
Eu cantava o dia inteiro Me trocaram por dinheiro
Era era era era Era era era era
Era era era era Era era era era
99
M181m Madeira, Pollylian Assis 2006 Manifestações culturais como recurso turístico: um estudo em Barão do Monte Alto, MG/ Pollylian Assis Madeira. - 2006 98 f.: 19 il.
Orientador: Nelson Quadros Vieira Filho
Dissertação (mestrado) – UNA – Centro Universitário Una, 2006. Inclui bibliografia.
1. Turismo – Manifestações culturais - teses. 2. Turismo – planejamento – teses. 3. Turismo – Minas Gerais – teses. 4. Produto turístico – teses. I. Nelson Quadros Vieira Filho. II. UNA. III. Título.
CDU: 379:008
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo
Recommended