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Jan/Fev — Ano 1 - Nº 1
O planejamento da Cáritas é dinâmico e aberto para acolher os desafios e urgências que a
história impõe.
Cáritas Paraná
Em Ação
10º ENPJ Pág. 4
Informações
Pág. 8
Reflexão Pág. 7
CF 2012
Pág. 6
Ficha Limpa Pág. 7
Editorial Estamos avançando cada dia mais na
caminhada da Cáritas Brasileira Regional Paraná.
Lançamos o primeiro jornal “Cáritas Paraná em
Ação”, tornando realidade uma das demandas do
encontro de planejamento de Foz do Iguaçu.
Agora o desafio é manter a edição de um jornal
de oito páginas, bimestralmente.
Por meio deste instrumento de
comunicação queremos levar a todos as ações da
caminhada, reflexões, fatos e a caminhada da
Igreja.
Nesta primeira edição queremos tornar
público os resultados do Encontro de
Planejamento que aconteceu de forma
participativa, em Foz do Iguaçu, no mês de
fevereiro. O planejar significa tomar nossa história
nas mãos, saber para onde se quer ir. Esperamos
que este planejamento venha contribuir na
construção do Reino de Deus aqui e agora. Além
de: evidenciar o início da Campanha da
Fraternidade; o fruto da democracia participativa,
a Lei da Ficha Limpa; a história da Cáritas Paraná;
10º Encontro Nacional da Juventude de Maringá,
na oportunidade estávamos representados; a
mostra efetiva e afetiva de nossa proximidade
com a Juventude por meio da viabilização do
projeto Juventude e Economia Solidária.
Por fim, quero manifestar meu amor e
carinho por Dom Ladislau, que era bispo
referencial da Cáritas no Paraná. Ele sempre
animou e incentivou por meio de palavras, gestos
e ações. Que nós por meio da Cáritas possamos
dar continuidade ao compromisso profético com a
justiça.
Para realizar o mandato de Jesus Cristo:
“... Eu vim para que todos tenham vida, e a
tenham em abundancia”(Cf. Jo 10,10).
Pe. Zenildo Megiatto
Presidente do Conselho Gestor
Página 2
Agenda
12 a 14 de Março: Reunião do Con-
selho Nacional, em Brasília.
22 e 23 de Março: Coletivo de Juven-
tude, da Rede Cáritas Brasília.
13 de Abril: Reunião do Conselho
Gestor em Paranaguá.
História da Cáritas
Brasileira Regional Paraná
A Cári-
tas Brasileira
faz parte da
Rede Cáritas
Internationalis,
rede da Igreja
Católica de
atuação social
composta por
162 organizações presentes em
200 países e territórios, com sede
em Roma. Organismo da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), foi criada em 12 de No-
vembro de 1956 e é reconhecida
como de Utilidade Pública Federal.
Atua na defesa dos direi-
tos humanos e do desen-
volvimento sustentável solidário
na perspectiva de políticas públi-
cas, com uma mística ecumênica.
Seus agentes trabalham juntos
aos excluídos e excluídas, muitas
vezes em parceria com outras in-
stituições e movimentos sociais.
Hoje atua em quatro diretrizes
básicas: defesa e promoção de
direitos; incidência e controle so-
cial de políticas públicas; con-
strução de um projeto de desen-
volvimento solidária e sustentável;
fortalecimento de Rede Cáritas.
A Cáritas Brasileira Re-
gional Paraná, foi sendo pensada
desde 2004, por acasião da vinda
do Secretário Executivo da Cáritas
Brasileira, Magalhães, a Curitiba,
na Assembléia do Povo de Deus.
Na oportunidade falou sobre a
Campanha da Fraternidade, e se
iniciou as primeiras discusões so-
bre a possibilidade de criação da
Cáritas Brasileira Regional Paraná.
Com o surgimento de no-
vas Entidades Membros e diante
da necessidade de criar a Cáritas
no Paraná, em uma reunião reali-
zada em Maringá no ano de 2007,
foi escolhida uma comissão pro-
visória, contendo representante
das quatro provinciais eclesiásti-
cas do Paraná. A partir dai foram
três anos de
reuniões, plane-
jamento, articu-
lação e partici-
pação no Con-
selho da Cáritas
Brasileira em
Brasília.
A comissão promissória
eleita em Maringá convocou uma
Assembléia para o dia 22 de maio
2009, na cidade de São José dos
Pinhais, onde foi instituído o Re-
gional, momento onde foi eleito o
primeiro Conselho Gestor e o Se-
cretário Executivo.
O dia 4 de Dezembro de
2009, será lembrado, com felici-
dade, pela Cáritas Brasileira Re-
gional Paraná por ter recebido o
título de Membro da Cáritas Bra-
sileira, na cidade de Igarassu, no
Estado de Pernanbuco.
Hoje em 2012, podemos
olhar para trás e ver o avanço na
caminhada da Cáritas Brasileira
Regional Paraná. No entanto, sa-
bemos que para sermos mais fiéis
à sua história precisamos enri-
quecê-la com a colaboração dos
que fizeram parte da construção
desta história. Essa contribuição
poderá ser feita por meio de rela-
tos, fatos e fotos que fazem parte
desta história. O material poderá
ser enviado, até 15 de abril, pelo
seguinte e-mail:
amauriantoniom@gmail.com
A Cáritas longe dos
pobres e da luta por
políticas publicas esta
fadada a morrer.
Expediente
O informativo online Cáritas Paraná Em Ação é
elaborado e editado por Amauri Antonio
Mossmann.
Encontro de PMAS da Cáritas Brasileira Regional Paraná
Página 3 Jan-Fev
A mística de abertura já deu o tom
do encontro. Inspirados no Evangelho de
Marcos 7,14-23, os participantes foram
convidados a refletir as ações que estão
sendo realizadas a testemunhar com o
coração aquilo que vivenciam no cotidiano.
O encontro de PMAS
(Planejamento, Monitoramento, Avaliação e
Sistematização) da Cáritas Brasileira
Regional Paraná, aconteceu nos dias 8 e 9
de fevereiro de 2012, em Foz do Iguaçu e
teve a presença de 16 pessoas,
representando 7 Entidades Membros, 1
diocese em fase de constituição da Cáritas e
contou também com a presença do diretor
secretário da Cáritas Brasileira Pe. Evaldo,
do Espírito Santo.
O planejamento da Cáritas é
dinâmico e aberto para acolher os desafios e
as urgências que a história impõe. Por isso,
esse momento de planejamento foi de
grande importância para a Cáritas Brasileira
Regional Paraná, tendo em vista a
construção de uma ação qualificada e
inserida na realidade atual. Na avaliação dos
participantes, não foi só um momento de
planejamento, mas foi também de estudo e
integração entre os representantes das
Entidades Membros.
O encontro teve como objetivo
principal a elaboração da POA 2012
(Planejamento Operacional Anual). Este
sistema de trabalho é uma ferramenta
metodológica que contribuiu para o
aprendizado, sistematizando os avanços e
limites da sua ação transformadora e
libertadora da Cáritas. A assessoria foi de
João de Jesus da Costa, assessor da Cáritas
Brasileira, que conduziu muito bem os
diversos momentos do encontro: avaliação
da caminhada das entidades membros,
estudo da metodologia, confirmação da
Missão, prioridades, objetivos e atividades
que deverão ser implantadas neste ano de
2012 no Paraná.
A partir das discussões deste
encontro, ficou definido para a Cáritas
Brasileira Regional Paraná:
Missão: Testemunhar e anunciar o
evangelho de Jesus Cristo, defendendo e
promovendo a vida e participando da
construção solidária de uma sociedade
justa, igualitária e plural, junto com as
pessoas em situação de exclusão social.
Diretriz geral de ação: A Cáritas Brasileira se
compromete com a construção do
Desenvolvimento Solidário Sustentável e
Territorial, na perspectiva de um projeto
popular de sociedade democrática.
Prioridades Estratégicas, objetivos
estratégicos e suas atividades:
Prioridade 1: Promoção e fortalecimento de
iniciativas locais e territoriais de
desenvolvimento solidário e sustentável:
1.1. Promover a crítica e a denúncia sobre o
atual modelo de desenvolvimento capitalista
e seus efeitos socioambientais, subsidiando
a formulação de alternativas. Atividades
definidas: Segunda-feira sem carne, Brasil
sem agrotóxico, Rio +20 / Cúpula dos Povos
– Junho 15 a 23 e Trabalho em defesa da
não construção das Barragens do Rio Ivaí;
1.2. Contribuir para o desenvolvimento de
estratégias de convivência com os biomas e
seus ecossistemas, preservando e
defendendo os territórios das populações
tradicionais. Atividades para realizar tais
objetivos foram: Coleta de abaixo assinado
para que a Campanha da Fraternidade de
2015, o tema seja: Povos Tradicionais e
marcar reunião com a REDE DESERTO para
trabalhar a questão do tabagismo;
1.3. Fortalecer o desenvolvimento e a
articulação de iniciativas de economia
popular solidária. Atividades para realizar
tais objetivos foram: propor Educação
Ambiental (Focando a Educação da
Reciclagem), Farmácia da Partilha,
Seminário sobre Fundo Solidário e Dialogo
com a CRESOL e Lei da Economia Solidária;
1.4. Fortalecer a articulação de iniciativas
que apóiem e defendam as lutas pela vida
dos povos da Amazônia. Atividades para
realizar tais objetivos foram: campanha
combate a Madeira da Amazônia e de fontes
duvidosas.
Prioridade 2: Defesa e promoção de direitos,
mobilizações e controle social das políticas
públicas:
2.1. Promover e apoiar iniciativas de defesa
de direitos de populações em situação de
vulnerabilidade social e emergências, na
perspectiva do protagonismo dos excluídos/
as. Atividades para realizar tais objetivos
foram: Potencializar o trabalho com Crianças
(Ex. Foz do Iguaçu), Debater a Menoridade
Penal (campanhas), Estudo e debate do
Estatuto da Criança e Adolescente (ECA),
Intervir da aprovação do Estatuto da
Juventude e Defensorias Públicas;
2.2. Fortalecer a mobilização social e a
capacidade de incidência dos sujeitos das
práticas alternativas nas políticas públicas.
Atividades para realizar tais objetivos foram:
Utilizar a Campanha da Fraternidade para
capacitar agentes para participar dos
Conselhos de Saúde e que tenha voz e voto,
Apoiar rádios comunitárias e promover novas
rádios/Meio de Comunicação Social
Alternativas (Edu-comunicação) e Fortalecer
a inserção a redes sociais;
2.3. Contribuir com o processo de
articulação dos movimentos sociais,
pastorais sociais e organizações da
sociedade civil. Atividades para realizar tais
objetivos foram: Promover um debate que
trabalhe a 5ª Semana Social Brasileira e
Potencializar as Campanhas e bandeiras dos
movimentos sociais;
2.4. Fortalecer a capacidade da Rede Cáritas
para a construção e o controle social de
políticas públicas. Atividades para realizar
tais objetivos foram: Ampliar e propor
formação as atividades dos Conselhos
paritários.
Prioridade 3: Organização e fortalecimento
da Rede Cáritas:
3.1. Ampliar a sustentabilidade da Rede
Cáritas na base especial atenção as
dioceses que não tem Cáritas Diocesanas.
Atividades para realizar tais objetivos foram:
visitas as dioceses, incentivar e fortalecer o
ciclo de PMAS (Planejamento,
Monitoramento, Avaliação e Sistematização)
nas Entidades Membros e o POA (Plano
Operacional Anual) e RPS (Rede Permanente
de Solidariedade);
3.2. Operacionalizar a política de
comunicação. Atividades para realizar tais
objetivos foram: Jornal Eletrônico, elaborar e
editar folder Institucional;
3.3. Fortalecer a articulação da Cáritas com
Pastorais Sociais, organismos, CEBs e o
conjunto da Igreja. Atividades para realizar
tais objetivos foram: Seminário: 50 anos
Concílio Vaticano II (Pastorais sociais e
Cáritas) e perspectiva das questões sociais;
Mapeamento das ações sociais existentes
no Paraná;
3.4. Dinamizar a política do voluntariado em
toda a rede Cáritas. Atividades para realizar
tais objetivos foram: realização de seminário.
O desafio está posto, mãos à obra!
Juventude e Economia Solidária
Página 4
Como resposta aos
anseios dos próprios/as jovens
presentes no IV Congresso, em
Passo Fundo (RS), em
novembro de 2011, pedindo
uma atenção maior a vida da
juventude. Também levando
em conta os trabalhos que vem
sendo desenvolvendo em
muitas Entidades Membro e
inspirados num projeto da
Casa da Juventude de Goiânia
chamado “Juventude e
Economia Solidária”, a Cáritas
Brasileira em parceria com a
Cáritas Brasileira Regional
Paraná trabalha para que o
projeto Juventude e Economia
Solidária seja viabilizado no Paraná.
O objetivo é formar jovens com
foco na geração de renda e trabalho, a
partir dos princípios da Economia Solidária,
tendo como apoio pedagógico oficinas e
intercâmbios entre os grupos como espaço
de diálogo visando a autonomia dos
sujeitos a partir de sua realidade e a
construção de grupos com práticas
economia solidária.
O projeto quer trabalhar com
jovens nos diversos ambientes vitais de
participação, para o debate a
partir da temática de
violência e alternativas de
construção de uma cultura de
paz, através de coletivos que
gerem praticas populares de
economia solidária.
O Projeto Juventude
e Economia Solidária está em
fase de estudo e construção
no Paraná. A Cáritas
Brasileira Regional Paraná
quer promover o
protagonismo juvenil na
concretização de políticas
públicas e contro exterminio
de jovens.
10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude O Encontro Nacional é um
momento em que a Pastoral da Juventude
(PJ) se reúne em uma diocese para refletir,
partilhar e celebrar a vida e a caminhada
dos grupos de jovens. O evento acontece a
cada três anos e em 2012, em sua décima
edição, foi realizado pela primeira vez em
uma cidade da região sul do Brasil,
reunindo jovens e assessores de todas os
cantos e recantos do Brasil.
O 10º ENPJ aconteceu do dia 08 a
15 de janeiro em Maringá, tendo como
tema: “Somos Igreja Jovem”, lema: “Na
ciranda da vida, a nossa
missão é amar sem medida”
e iluminação bíblica extraída
do Evangelho de João, “Ele
tendo amado os seus, amou
-os até o fim” (Jo 13,1).
O encontro teve
inicio com a celebração da
Santa Missa que foi
presidida pelo presidente da
Comissão Pastoral para a
Juventude da Conferência
Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), Dom Eduardo
Pinheiro da Silva, na
Catedral de Maringá.
Baseado no tema, assessores e
especialistas conduziram com os jovens, no
decorrer do encontro, com reflexões
contemplando temas como o Concílio
Vaticano II, o projeto de revitalização da
Pastoral Juvenil da América Latina, políticas
públicas e direitos para a juventude, as
diretrizes da ação evangelizadora da Igreja
do Brasil, a Campanha Nacional contra a
Violência e o Extermínio de Jovens, entre
outros. A proposta foi de possibilitar um
amplo olhar sobre a realidade juvenil
brasileira a partir das experiências dos
grupos de jovens.
Além da marcante celebração de
abertura o encontro teve mais dois
momentos fortes:
A MISSÃO:
Os participantes foram
organizados em pequenos grupos para
visitor 12 paróquias da arquidiocese de
Maringá, onde tiveram a possibilidade de
conhecer as realidades locais e também
partilhar as experiências de ser Igreja de
outras regiões do país.
A MARCHA EM FAVOR DA
CAMPANHA CONTRA A
VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE
JOVENS:
os participantes realizaram uma
manifestação nas ruas do
centro da cidade em protesto
contra a violência e o extermínio
de jovens. O trajeto foi animado
por um trio elétrico e protestos
contra os índices de violência
que atingem a população juvenil
no Brasil.
“O jovem evangelizando o
próprio jovem”
Página 5 Jan-Fev
Faleceu no dia 13 (treze) de
fevereiro de 2012, Dom Ladislau Biernaski,
Bispo de São José dos Pinhais/PR. Deixou-
nos aos 73 anos de uma vida
comprometida com a verdade e a justiça.
Era um semeador de idéias e de exemplos
de vida, a serviço dos excluídos.
Dom Ladislau foi um grande
animador das Pastorais Sociais. Atuante, na
Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi eleito
como presidente nacional em 2009 e neste
mesmo período foi o bispo referencial da
Cáritas Brasileira Regional Paraná.
Mais do que cargos e funções,
Dom Ladislau era uma pessoa muito sábia,
humilde e simples que gostava de
conviver com os pobres e excluídos.
Tinha sempre a palavra certa, do
jeito certo, para o momento certo e
para as pessoas certas.
O senhor Jelson Oliveira,
Coordenador do Curso de Filosofia
PUC-PR e agente da CPT Paraná, ao
falar de Dom Ladislau se refere como
o “bispo da reforma agrária”.
Segundo seu depoimento, “Dom
Ladislau Biernaski era desses homens
apaixonados pela terra. Mãos calejadas e
unhas turvas, seu grande orgulho era
mostrar a horta que mantinha no quintal de
sua residência... Essa paixão pela terra,
herdada da família de imigrantes
poloneses, fez com que ele transformasse a
terra também numa causa evangélica e
política. Por ela freqüentou acampamentos
e assentamentos em nome da Igreja.
Muitas vezes deixou mitras e cátedras e foi
à praça do povo para celebrar esse
compromisso profético com a justiça. À
frente da CPT em nível estadual e nacional,
e das demais pastorais sociais que
acompanhou, Dom Ladislau foi um amigo e
companheiro. Soube como ninguém
entender e explicar a missão pastoral da
Igreja dos pobres e por esta clarividência,
participou de inúmeras mobilizações da luta
dos pobres paranaenses no campo e na
cidade”.
Na missa de sua posse, em março
de 2007, na nova Diocese, o bispo do povo
declarou que "no âmbito da justiça é que se
louva a Deus". Foi essa certeza que o
alimentou em tantos anos de vida e de
sacerdócio. Foi ela que o fez recusar os
sacrifícios inocentes ofertados a Deus com
o sangue dos trabalhadores e
trabalhadoras. Talvez por isso, sua
comovente simplicidade não o tornou
perfeito como homem, mas o fez buscar a
justiça como norma. Carregou suas cruzes e
sangrou suas próprias feridas. Em seus
olhos inquietos e miúdos sempre pudemos
encontrar aquela inquietude de um ser
inacabado. Teve seus erros, seus dramas e
suas noites insones, depois das quais,
louvava a Deus com um farto café da
manhã na mesa central de sua sala, para o
qual muitas vezes contava com a
companhia de amigos e companheiros de
luta. Partilhou o pão, a paixão e os estorvos
da luta.
Seu lugar era à mesa dos pobres,
como esperança, e às tribunas dos poderes
e das mídias, como advertência. Ouviu com
paciência. Amou com radicalidade. Falou
com admirável coragem das causas mais
difíceis, cujas feridas ainda sangram na
geografia da nação. Foi padrinho incansável
da campanha pelo módulo máximo para a
propriedade da terra no Brasil. Chorou a
morte de tantos trabalhadores sem terra
país afora. Denunciou o trabalho escravo.
Rezou por suas viúvas e abençoou seus
filhos. Acreditou incansavelmente na
agroecologia, na produção
sustentável, no respeito ambiental e
no comércio justo. Defendeu a
agricultura camponesa com o
entusiasmo que trouxe do berço.
Caminhou em romarias e marchas.
Deu entrevistas. Falou do Evangelho
com a cativante palavra da
esperança e da vida com a
evangélica força do testemunho.
Como tantos outros, Dom Ladislau
morreu sem que sua utopia se realizasse.
Mas dizem que a melhor forma de
homenagear uma vida que se foi é dar
continuidade aos seus projetos. Essa é a
forma como eu e você devemos lembrar
este homem cujo testemunho é, de tão
raro, inesquecível; e de tão simples,
profético. Nossa teimosia será sempre uma
forma de homenagem. Sua memória um
compromisso com a vida”.
Morre o bispo Referencial da Cáritas Brasileira Regional Paraná:
Dom Ladislau Biernaski, o bispo da Reforma Agrária
No âmbito da justiça é que se
louva a Deus. Dom Ladislau
Dom Ladislau Biernaski,
presente na caminhada!!!
Lançada a 49ª Campanha da Fraternidade
Página 6
A Campanha da Fraternidade (CF
2012) traz como tema A
fraternidade e a saúde pública e
o lema Que a saúde se Difunda
sobre a Terra (cf Eclo 38,8). Trabalhará com
o objetivo geral: “Refletir sobre a realidade
a realidade da saúde no Brasil em vista de
uma vida saudável, suscitando o espírito
fraterno e comunitário das pessoas na
atenção aos enfermos e mobilizar por
melhoria no sistema público de
saúde” (Texto base CF 2012).
O tema da CF 2012 dá
continuidade ao tema da CF 2011, que
refletiu sobre a Vida no Planeta. O texto
base apresenta a descrição da realidade da
saúde no Brasil, sua fundamentação bíblica
e espiritual e três conceitos importantes: 1)
o cuidado com o doente; 2) a prática de
hábitos de vida saudável; 3) a exigência de
melhorias no sistema público de saúde,
com atenção especial ao SUS.
O Texto-Base da Campanha da
Fraternidade reconhece os avanços do SUS
e que considerado um dos melhores do
mundo. Porém, para que isso se efetive
enquanto sistema amplo de promoção da
saúde, torna-se necessário investimentos
financeiros, materiais e de pessoal. A CF
2012 não quer deixar de indicar seus
limites e sugestões de melhorias, mas
pretente refletir sobre esta realidade em
vista de uma vida saudável, suscitando o
espírito fraterno e comunitário das pessoas
na atenção aos enfermos e mobilizando por
melhorias no Sistema Público de Saúde.
Como em todos os anos, a CF tem
seu lançamento na quarta-feira de cinzas.
Portanto, dia 22 de fevereiro tivemos o
lançamento da sua 49ª edição na sede da
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), com a presença do Ministro da
Saúde Alexandre Padilha. Antes da abertura
oficial da CF 2012, Maria Cristina dos
Anjos, Diretora Executiva da Cáritas
Brasileira, fez a prestação de Contas da
gestão do Fundo Nacional de Solidariedade
de 2011.
Maria Cristina abordou a
importância de dar visibilidade e
transparência para a Campanha da
Fraternidade e falou sobre os fundos
criados através do gesto concreto e de sua
força transformadora na sociedade. A
Cáritas Brasileira aprovou 320 projetos em
2011 em 3 eixos temáticos: formação e
capacitação; Mobilização para a conquista
e efetivação dos direitos; e Superação de
vulnerabilidade econômica e geração de
renda.
Dom Leonardo frisou: “A Cáritas
tem participado ativamente das campanhas
da fraternidade, ajudando a organizar e
depois, principalmente, no
encaminhamento dos projetos. Como a
própria palavra diz. “É um modo, um jeito
da igreja”. A Cáritas examina os projetos e
partilha o recurso recolhido, a oferta, o
gesto concreto feito. A Cáritas tem
desenvolvido um papel importante junto ao
Secretariado da CNBB e vai ajudar a levar e
ampliar os debates para as comunidades
mais distantes, por todo o país, a discutir e
a rezar. Vamos partilhar”
Na abertura foi lembrado também
por Dom Leonardo que: “com a CF 2012 a
Igreja deseja sensibilizar a todos e todas
sobre uma das feridas sociais mais agudas
de nosso país: a dura realidade dos filhos e
filhas de Deus que enfrentam longas filas
para o atendimento à saúde, a demorada
espera para a realização de exames, a falta
de vagas nos hospitais públicos e a falta de
medicamentos. Sem deixar de mencionar a
situação em que se encontra a saúde
indígena, dos quilombolas e da população
que vive nas regiões mais afastadas”.
Dom Leonardo acrescentou não é
exagero dizer que a saúde pública do país
não vai bem. Os problemas verificados na
área da saúde são reflexos do contexto
mais amplo de nossa economia de
mercado, hoje globalizada, que não tem,
muitas vezes, como horizonte os valores
éticos-morais e sociais. Preocupa a decisão
do governo de cortar cinco bilhões da área
da saúde, no atual exercício fiscal. E
frustrar, ao término da longa discussão da
Emenda 29, a expectativa por maior
destinação de recursos à saúde.
Como em todas as campanhas
somos instigados a fazer nosso gesto
concreto, ou seja tomar agir para melhorar
a realidade que vivemos. Destacamos
alguns gestos concretos que podem ser
assumidos: conhecer e divulgar a Carta dos
Direitos de Saúde à população e às
comunidades; participar dos Conselhos
Municipais de Saúde e/ou Conselhos
Locais de Saúde, na luta pela efetivação do
SUS e controle social; procurar ter hábitos
saudáveis, exercitando-se, consumindo
produtos naturais e fitoterápicos; fortalecer
o trabalho da Pastoral da Saúde nas
comunidades e paróquias.
Como sociedade organizada e
principalmente como Entidades Membros
da Cáritas somos convidados a nos integrar
e ajudarmos a alcançar o objetivo da CF
2012 de contruir melhores condições de
saúde a população.
Fonte: http://caritas.org.br/novo/2012/02/23/
lancada-na-cnbb-49a-campanha-da-fraternidade/
Página 7 Jan-Fev
C onta antiga lenda, que um jovem
com grande habilidade e rapidez
no corte da lenha, procurou o
mestre, o melhor cortador da
região e pediu para ser aceito com seu
discípulo a fim de aperfeiçoar seus
conhecimentos.
O mestre concordou e passou a
ensiná-lo. Não se passou muito e o
discípulo julgou ser muito melhor que o
mestre, desafiando-o para uma competição
em público. Tendo o mestre aceito o
desafio, tudo foi marcado, preparado e teve
início a competição... O jovem trabalhava na
corte da lenha sem parar, e, de vez em
quando, olhava para conferir como estava o
trabalho do mestre.
Para grande surpresa do jovem, o
mestre encontrava-se muitas vezes
sentado, tendo isto ocorrido durante toda a
competição. É isto fortaleceu ainda mais a
determinação do jovem, que continuou a
cortar lenha e a pensar - "coitado, o mestre
realmente está muito velho...”
Ao término da competição foram
medir os resultados, e o mestre havia
cortado mais lenha que o discípulo.
O jovem indignado disse: “não
consigo entender, não parei de cortar lenha
o dia todo, com toda minha energia, e cada
vez que olhava o senhor estava
descansando!”
O mestre respondeu: “Não meu
jovem, eu não apenas descansava... Eu
afiava o machado, você por estar tão
empolgado em cortar mais lenha, se
esqueceu desse pequeno detalhe... Afiar o
seu próprio machado!”
Todos nós, de tempos em tempos,
precisamos parar, rever nosso caminhada,
nossos métodos, sacudir o pó da rotina,
recomeçar com Espírito Novo. Precisamos
afiar o machado. Sempre há possibilidades
novas na vida da gente. Não esqueçamos
de rever a nossa missão, os nossos
objetivos, as nossas prioridades, as nossas
atividades, os métodos e resultados que
estamos tendo. Ao contrário cairemos no
mesmo erro do jovem lenhador. A Propósito
como anda a sua vida, sua Entidade
Membro?
Planejar… É o processo de tomar
decisões, saber para onde se vai, envolve
muita reflexão antes, durante e depois. É
um processo que não tem fim. É tomar a
caminhada, a história nas mãos e interferir
nela, sabendo aonde se quer chegar. Afiar o
machado deve ser uma atitude constante
em nosso ministério. Por isso companheiros
e companheiras mãos a obra ... tem muito
caminho a ser construído ... Vamos afiar
nosso machado.
(Texto adaptado)
É preciso afiar o machado!
Leia da Ficha Limpa Dos 11 ministros, 7 votaram a favor das regras para barrar candidatos
No dia 16 de Fevereiro, obtivemos
uma decisão histórica, o STF (Supremo
Tribunal Federal) considerou constitucional a
Lei da Ficha Limpa que valera para as eleições
municipais deste ano. Consideramos que seja
a vitória da democracia participativa, ou seja,
a Lei da Ficha Limpa foi de iniciativa popular,
pode ser resumida na declaração do ministro
Ayres Britto, do STF: “Essa lei é fruto do
cansaço, da saturação do povo com os maus-
tratos infligidos à coisa pública”. Afirmou,
ainda, “Uma pessoa que desfila pelo Código
Penal ou da Lei de Improbidade
Administrativa não pode se apresentar como
candidato. Candidato vem de ‘candidatu’,
isso é limpo. Candidatura quer dizer limpeza,
pureza e ética”.
Depois de dois dias de julgamento,
veio a conclusão do relator, o ministro do
STF, Luiz Fux: “Ninguém tem o direito
adquirido de ter tido uma vida desabonadora
e transitar livremente pela vida pública e pela
vida política”. Por 7 votos a favor e 4 contra a
lei da ficha limpa é constitucional.
A legislação nasceu de um projeto
de lei de iniciativa popular proposto pelo
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE), organização que reúne 51 entidades.
O texto chegou ao Congresso em 2009 com
apoio de 1,6 milhão de assinaturas.
Inicialmente a proposta previa que uma
condenação de 1º grau já pudesse gerar a
inelegibilidade, o que foi alterado na Câmara
dos Deputados. Após ser aprovado por
unanimidade na Câmara e no Senado, o texto
foi sancionado em 4 de junho de 2010. E
desde então vinha sendo alvo de
questionamentos no STF.
Hoje quem quiser ser candidato
não pode, por exemplo, ter sido condenado
por um colegiado da Justiça ou por órgão
profissional como Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e Conselho Federal de Medicina,
mesmo que ainda possa recorrer da decisão.
Nem pode ter renunciado ao mandato para
escapar de uma cassação. Também ficam
impedidos de participar da eleição os
políticos que tiveram contas rejeitadas e
demitidos do serviço público. Ficarão
impedidos de se candidatar por, pelo menos,
oito anos.
Os atuais mandatos de políticos que têm
ficha suja estão preservados. Nada muda.
Nesses casos, as regras vão ser aplicadas
quando eles forem se candidatar de novo, em
uma próxima eleição. A lei começa a valer
para todos na disputa de outubro, quando
serão eleitos prefeitos e vereadores.
É hora de mudança! Mudança da
cultura do Brasil, dos político, dos candidatos
vão ter mais cuidado ao se candidatar e os
próprios partidos deverão tomar mais
cuidado ao escolher os candidatos. Porém a
palavra final vai ser sempre nossa, do
cidadão, do eleitor. Cabe a nós votarmos
limpo. O Congresso e o STF fizeram a parte
deles.
Rua Saldanho Marinho, 1266
CEP.: 80430-160, Curitiba - PR
Tel: (41) 3224-7512
Cel.: (44) 9967-9213
Email: regionalparana@caritas.org.br e/ou
amauriantoniom@gmail.com
DOM HELDER CÂMARA Helder Pessoa Câmara nasceu em
Fortaleza/CE, em 1909. Tornou se bispo
católico, arcebispo emérito de Olinda e
Recife. Foi um dos fundadores da CNBB,
onde exerceu o cargo de Secretário
Geral, e grande defensor dos direitos
humanos durante o regime militar brasileiro. Pregava uma Igreja
simples, voltada para os pobres e para a não-violência. Fundador
da Cáritas Brasileira, em 12 de Dezembro de 1956, no sentido de
solidariedade, na perspectiva de “ser solidário é ser humano”.
Desempenhou inúmeras funções, principalmente em
organizações não-governamentais, movimentos estudantis e
operários, ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Foi
acusado por seus opositores de ser conivente com o marxismo,
ideologia considerada, em geral, pela hierarquia católica, como
sendo contrária aos princípios cristãos.
D. Helder Câmara é lembrado como um
Apóstolo, que soube honrar o Brasil e
usar o carisma de defensor da paz e da
justiça para os filhos de Deus. Por sua
atuação, recebeu diversos prêmios
nacionais e internacionais. Foi o único
brasileiro indicado quatro vezes para o
Prêmio Nobel da Paz.
O caminho se faz caminhando:
Amauri Antonio Mossmann
Secretário Executivo Cáritas Brasileira Regional
Brasileira
Expediente: segunda a sexta das 08h as 12h e
das 13h as 17h.
Ser solidário é ser
humano”
(lema da C.B.)
Conselho Gestor da CB Regional Paraná
Presidente: Pe. Zenildo Megiatto
Vice-Presidente: Diác. Flávio Antonio Pauluk
1º Secretário: José Carlos de Souza da Silva
2º Secretário: Rodrigo Eduardo Zambon
1º Suplente: Ir. Olinda de Jesus Barradas
Assessor: Roberto Mistrorigo Barbosa
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