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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DE BOLONHA
2008/2009
DEZEMBRO 2009
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
2
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 3
1.1 Objectivos e estrutura do documento ........................................................................................................... 3
2. O INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL ............................................................................................................ 4
2.1 Oferta educativa ................................................................................................................................................ 5
2.2 Estudantes........................................................................................................................................................... 8
2.3 Docentes.............................................................................................................................................................. 9
3. O PROCESSO DE BOLONHA NO INSTITUTO POL ITÉCNICO DE SETÚBAL .....................................................10
3.1 Retrospectiva do processo de implementação no Instituto Politécnico de Setúbal ..........................10
3.2 Importância do processo para o Instituto e para a Região de Setúbal .................................................18
3.3 Ano Lectivo 2008/2009 ...................................................................................................................................20
3.3.1 Mudanças operadas a nível pedagógico ............................................................................................21
3.3.2 Medidas de apoio ao sucesso escolar .................................................................................................24
3.3.3 Medidas de apoio ao desenvolvimento de competências extracurriculares ..............................27
3.3.4 Medidas de apoio à inserção na vida activa.......................................................................................28
3.3.5 Internacionalização e Mobilidade ........................................................................................................30
3.3.6 Garantia da Qualidade ...........................................................................................................................31
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................32
5. RELATÓRIOS DAS ESCOLAS SUPERIORES E RELATÓRIOS DOS CURSOS (links)..........................................32
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Objectivos e estrutura do documento
O presente Relatório surge no contexto de cumprimento do Decreto-Lei 107/2008, de 25 de
Junho, que estabelece que as instituições de ensino superior elaborem, anualmente, um
relatório, sobre a concretização do processo de Bolonha, a publicar no sítio de Internet até 31
de Dezembro, seguinte ao término do ano lectivo a que se reporta. Paralelamente, visa dar
resposta à necessidade do Instituto Politécnico de Setúbal consolidar o seu conhecimento e a
sua análise, relativamente ao processo de concretização de Bolonha, nomeadamente no que
respeita à descrição das mudanças concretizadas, em termos curriculares e pedagógicos, que
suportam os grandes eixos de desenvolvimento do Modelo de Bolonha.
A realização deste Relatório constitui, pois, uma oportunidade privilegiada de auto-
conhecimento para o Instituto, permitindo-lhe um olhar crítico sobre o trabalho que tem vindo
a desenvolver, na área pedagógica, em geral e na concretização dos objectivos do Processo de
Bolonha, em particular. Nesse sentido, e possibilitando a identificação dos contributos
positivos e inovadores, inerentes ao próprio Modelo de Bolonha, a realização deste
documento, permite também a identificação de alguns problemas e de algumas fragilidades
que, sendo próprias de um processo desta natureza e desta dimensão, contribuirão,
inevitavelmente, para uma reflexão sobre o mesmo e, consequentemente, para a promoção
do aparecimento de novas respostas, mais adequadas e mais eficazes, com vista ao
cumprimento efectivo dos objectivos que subjazem o Modelo em referência.
Tendo cada uma das cinco Escolas Superiores realizado o seu próprio Relatório de
Concretização do Processo de Bolonha (assim como todos os Cursos que as integram),
procedemos, neste Relatório, a uma análise global e genérica da informação e dos indicadores
que evidenciam o progresso das medidas aplicadas e das mudanças introduzidas na instituição,
remetendo uma análise mais específica de cada Escola Superior e de cada Curso, para os
Relatórios produzidos em cada um desses níveis. Descrevemos, em seguida, a estrutura do
presente documento.
Começamos por fazer uma breve apresentação do Instituto, passando em revista a sua oferta
educativa, indicando os Cursos oferecidos pelas cinco Escolas Superiores que o constituem,
assim como uma breve análise sobre algumas estatísticas, relativamente aos estudantes e aos
docentes do IPS. Em segundo lugar, fazemos uma breve contextualização, descrevendo o
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historial de implementação do Processo de Bolonha no Instituto Politécnico de Setúbal,
nomeadamente no que refere à fase de preparação do referido Processo na instituição, na
qual se procurou fomentar o desenvolvimento de novas atitudes em relação ao processo de
ensino/ aprendizagem, o desencadear de alterações estruturais e a adopção de novos
conceitos, procedimentos e instrumentos, quer por parte dos docentes, quer por parte dos
estudantes. Nesta ordem de ideias, reflectimos também, noutro ponto, sobre a importância do
processo para o Instituto e para a região onde este integra a sua actividade.
Seguidamente, analisamos, de forma global, as mudanças operadas e as medidas introduzidas
a nível pedagógico, nas Escolas do IPS, durante o ano lectivo 2008/2009, assim como as
medidas que visam a promoção do sucesso escolar, o desenvolvimento de competências extra-
curriculares e o estímulo à inserção na vida activa. Por último, tecemos algumas considerações
finais sobre a implementação do Processo de Concretização de Bolonha nas cinco Escolas
Superiores, evidenciando a importância que este tem vindo a assumir ao nível da oferta
educativa do IPS e dos recursos que este tem vindo a disponibilizar aos seus estudantes, mas,
sobretudo, tentando reflectir sobre as potencialidades e as fragilidades do processo de
implementação, tentando, sempre, encontrar respostas mais adequadas às situações e às
realidades educativas, com que nos deparamos.
2. O INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL
No âmbito da criação da rede de ensino superior Politécnica em 1979, foi criado o Instituto
Politécnico de Setúbal (IPS) integrando as Escolas Superiores de Tecnologia de Setúbal e de
Educação. Actualmente o IPS engloba, para além destas, mais três Escolas Superiores –
Ciências Empresariais, Tecnologia do Barreiro e Saúde. Inclui, ainda, como unidades orgânicas,
os Serviços da Presidência e os Serviços de Acção Social (SAS).
Escola Superior de Tecnologia de Setúbal
O edifício da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal (ESTSetúbal) foi concluído em Setembro
de 1988, ano a partir do qual se iniciaram as actividades de formação no respectivo domínio.
Tendo iniciado apenas a sua actividade com dois cursos de Bacharelato, é actualmente a Escola
com maior diversidade de ofertas formativas.
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Escola Superior de Educação
A Escola Superior de Educação (ESE), iniciou a sua actividade de formação em 1985 na área de
formação de professores. Em 1993 a Escola inicia o desenvolvimento da sua actividade
educativa em edifício próprio, concebido pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira (Prémio Nacional
de Arquitectura 1993). Iniciou a sua actividade na área da educação, tendo progressivamente
diversificado a sua oferta formativa para outras áreas, incluindo a área inovadora da língua
gestual.
Escola Superior de Ciências Empresariais
Em Dezembro de 1994 é criada a Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE), com a
função principal de intervir em diversas áreas da gestão. A ESCE iniciou as actividades lectivas
em 1995/96 nas instalações da ESTSetúbal, mudando no ano seguinte para instalações criadas
de raiz. A ESCE ofereceu o primeiro curso em Distribuição e Logística em Portugal e foi a
primeira Escola Superior Pública a oferecer o curso de Gestão de Recursos Humanos.
Escola Superior de Tecnologia do Barreiro
A Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (ESTBarreiro) foi a quarta Escola a ser constituída,
tendo iniciado as suas actividades formativas no ano lectivo de 1999/2000, em instalações
provisórias e, em 2007/2008, mudado para novas instalações. A sua criação visou responder
ao interesse, demonstrado por vários concelhos da zona ribeirinha do Tejo, de ver instalada
uma instituição de ensino superior na sua zona de influência. A ESTBarreiro actua em áreas
científicas diferentes das da ESTSetúbal, designadamente, na área da engenharia civil.
2.5 Escola Superior de Saúde
Criada a 13 de Março de 2000, a Escola Superior de Saúde (ESS) é a mais recente Unidade
Orgânica do IPS. Este novo eixo de desenvolvimento da actividade do IPS, justifica-se pela
enorme carência de técnicos nesta área, face às necessidades actuais da sociedade
portuguesa, em geral, e da região de Setúbal, em particular. Funcionando nas instalações da
ESCE, aguarda a construção das suas futuras instalações, situação que tem restringido
fortemente o seu desenvolvimento.
2.1 Oferta Educativa
A principal oferta educativa do Instituto Politécnico de Setúbal é ilustrada na Tabela 1,
organizada por cada uma das suas Escolas ao nível do 1º e do 2º ciclo. A Tabela inclui ainda a
oferta ao nível de Pós-Graduações e Cursos de Especialização Tecnológica.
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Tabela 1 – Oferta Educativa do Instituto Politécnico de Setúbal
1º CICLO 2º CICLO PÓS-GRADUAÇÕES CET
ESCOLA SUPERIOR de
TECNOLOGIA de SETÚBAL
Engenharia Biomédica
Engenharia do Ambiente
Engenharia de
Automação, Controlo e Instrumentação
Engenharia
Electrotécnica e de Computadores
Engenharia Informática
Engenharia Mecânica
Tecnologia e Gestão
Industrial
Engenharia de Produção
Integração de Sistemas
Industriais
Engenharia Electrotécnica e de
Computadores
Energia Segurança e Higiene no
Trabalho - em colaboração com a Escola Superior de
Ciências Empresariais
Tecnologia Ambiental
Informática de Gestão Electrónica e
Telecomunicações
Climatização
Energias Renováveis em Edifícios
Engenharia e Gestão
Industrial e de Serviços
Instalações de Energia Eléctrica
Monitorização de
Sistemas Ambientais
Produção Integrada por Computador
Riscos e Saúde
Ambiental
Segurança e Higiene no Trabalho - em
colaboração com a Escola Superior de
Ciências Empresariais
Segurança de Sistemas de Informação
Engenharia Informática
de Gestão
Tecnologia Aeronáutica
Automação e Instrumentação
Industrial
Tecnologias e Programação de
Sistemas de Informação
Gestão de Oficinas
Automóvel
Sistemas Electrónicos e Computadores
Qualidade Alimentar
Qualidade Ambiental
Estudo e Projecto de
Sistemas de Refrigeração e Climatização
Desenho e Projecto de Construções Mecânicas Instalações Eléctricas,
Manutenção e Automação
Telecomunicações e
Redes
Electromedicina
1º CICLO 2º CICLO PÓS-GRADUAÇÕES CET
ESCOLA SUPERIOR de EDUCAÇÃO
Animação e Intervenção Sociocultural
Comunicação Social
Desporto
Educação Básica
Promoção Artística e
Património
Tradução e Interpretação de Língua
Gestual Portuguesa
Educação Pré-Escolar
Educação Pré-Escolar e
Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico
Ensino de Inglês e de
Francês no Ensino Básico - em parceria
com os Institutos Politécnicos de Castelo
Branco, Leiria, Portalegre, Santarém, Viseu e a Universidade
do Algarve
Ensino do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico
Ensino de Educação Musical no Ensino
Básico
Ensino de Educação Visual e Tecnológica no
Ensino Básico
Educação Musical Educação Visual e
Tecnológica
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1º CICLO 2º CICLO PÓS-GRADUAÇÕES CET
ESCOLA SUPERIOR de CIÊNCIAS
EMPRESARIAIS
Contabilidade e
Finanças (Diurno, Nocturno e Pós-
Laboral)
Contabilidade e Finanças (Regime
Nocturno)
Gestão da Distribuição e da Logística (Diurno e
Pós-Laboral)
Gestão de Recursos Humanos (Diurno e
Pós-Laboral)
Gestão de Sistemas de Informação
Marketing
Contabilidade e
Finanças
Sistemas de Informação Organizacionais
Segurança e Higiene no
Trabalho - em colaboração com a Escola Superior de
Tecnologia de Setúbal
Gestão Estratégica de Recursos Humanos
Ciências Empresariais
Gestão, Especialidade
em Empreendedorismo e Inovação - em
colaboração com a Universidade de Évora
Contabilidade Pública
Gestão do
Relacionamento e Comunicação com
Clientes
Gestão Logística
Gestão da Formação, do Conhecimento e das
Competências - em parceria com o Instituto
da Educação da Universidade de Lisboa
Fiscalidade
Segurança e Higiene no Trabalho – em parceria com a Escola Superior
de Tecnologia de Setúbal
Gestão na
Administração Pública
1º CICLO 2º CICLO PÓS-GRADUAÇÕES CET
ESCOLA SUPERIOR de TECNOLOGIA do
BARREIRO
Engenharia Civil (Diurno
e Pós-Laboral)
Engenharia de Conservação e
Reabilitação ( Diurno e Pós-Laboral)
Gestão da Construção (Diurno e Pós-Laboral)
Engenharia Química
Construção Civil
Construção e Obras
Públicas
1º CICLO 2º CICLO PÓS-GRADUAÇÕES CET
ESCOLA SUPERIOR de SAÚDE
Enfermagem
Fisioterapia
Terapia da Fala
Curso de Complemento
de Formação em Enfermagem
Desenvolvimento e
Perturbações da Linguagem da Criança -
em parceria com a Universidade Nova de
Lisboa
Fisioterapia - em parceria com a
Universidade Nova de Lisboa
Saúde Escolar
Controlo de Infecção e
Saúde
Dor Crónica
Fisioterapia no Desporto
Saúde Mental e
Psiquiatria
Médico-Cirúrgica
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2.2 Estudantes
Tabela 2 - Número total de estudantes IPS (1º e 2º Ciclos)
ESCOLAS
Estudantes
1º Ciclo 2º Ciclo
ESTSetúbal 1883 156 ESE 815 76 ESCE 1825 119 ESTBarreiro 638 - ESS 493 65
TOTAL IPS 5654 416 Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
Tabela 3 - Número total de Estudantes IPS 1º Ciclo (2008/2009 e 2007/2008)
Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
Tabela 4 - Número total de Estudantes IPS 2º Ciclo (2008/2009)
Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
Tabela 5 – Percentagem de Estudantes de 1ª Ciclo por Escola Superior
ESCOLAS
Estudantes
ESTSetúbal 33% ESE 15% ESCE 32% ESTBarreiro 11% ESS 9%
Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
%
M % M F % F 2008/09 2007/08 aumento
ESTSetúbal 1539 82% 344 18% 1883 1888 -0,3%
ESE 177 22% 638 78% 815 813 0,2%
ESCE 820 45% 1005 55% 1825 2166 -16%
ESTBarreiro 458 72% 180 28% 638 555 15%
ESS 94 19% 399 81% 493 515 -4%
TOTAL IPS 3088 55% 2566 45% 5654 5937 -5%
TOTAL
M % M F % F TOTAL
ESTSetúbal 145 93% 11 7% 156
ESE 31 41% 45 59% 76
ESCE 46 39% 73 61% 119
ESTBarreiro - - - - -
ESS 13 20% 52 80% 65
TOTAL IPS 235 56% 181 44% 416
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Tabela 6 - Número total de Estudantes IPS 1º e 2º Ciclos (2008/2009)
Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
Em complemento aos dados apresentados nas tabelas, parece-nos relevante acrescentar o
facto da maioria dos estudantes IPS dos cursos de licenciatura ter menos de 23 anos, possuir
nacionalidade portuguesa e estar inscrito no 1.º ano. Por sua vez, a maioria dos estudantes dos
cursos de mestrado situa-se entre os 24 e os 29 anos de idade e tem nacionalidade
portuguesa. Relativamente às modalidades de acesso, os dados de que dispomos indicam-nos
que quase todos os estudantes dos cursos de licenciatura do IPS (94%) entram através do
Concurso Nacional de Acesso (81%) e pelo regime de maiores de 23 anos (13%). O Concurso
Nacional de Acesso tem mais peso na Escola Superior de Saúde (98% do total dos candidatos) e
o regime de maiores de 23 anos tem mais peso na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal
(17% do total dos candidatos). O IPS preencheu 80% das vagas na 1.ª fase e 77% na 2.ª fase.
Em média, os estudantes entram com médias entre os 15,43 valores e os 11,85 valores. Em
geral, existe um certo equilíbrio entre géneros, devido à relativa simetria nas Escolas: a maioria
dos estudantes da EST Setúbal e EST Barreiro são do sexo masculino, ao passo que na ESS e na
ESE são do sexo feminino. Por último, os dados de que dispomos permitem-nos referir que a
maioria dos estudantes termina o curso durante o período previsto ou demora mais um ano.
2.3 Docentes
Tabela 7 - Número total de Docentes
Docentes
TOTAL IPS 479 Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
Tabela 8 – Percentagem de Docentes com Doutoramento por Escola Superior/Total IPS
ESCOLAS Doutorados
ESTSetúbal 24,1% ESE 26,4% ESCE 13,7% ESTBarreiro 17,1% ESS 15%
TOTAL IPS 20,3 Dados: Relatório de Actividades IPS 2008
ESCOLA TOTAL 1º %1º 2º %2º 3º %3º 4º %4º
ESTSetúbal 1883 1095 58% 547 29% 241 13% 0%
ESE 815 266 33% 212 26% 257 32% 80 10%
ESCE 1825 685 38% 573 31% 522 29% 45 2%
ESTBarreiro 638 319 50% 178 28% 113 18% 28 4%
ESS 493 131 27% 122 25% 113 23% 127 26%
IPS 5654 2496 44% 1632 29% 1246 22% 280 5%
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3. O PROCESSO DE BOLONHA NO INSTITUTO POL ITÉCNICO DE SETÚBAL
3. 1 Retrospectiva do processo de implementação no IPS 1
A implementação do Processo de Bolonha foi vista no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS)
como uma oportunidade única de inovação e de mudança de paradigma educacional. Daí que,
no ano lectivo 2004/05, a Presidência do IPS tivesse definido, com as direcções das suas cinco
Escolas, uma estratégia institucional que visava o desenvolvimento de novas atitudes em
relação ao ensino e à aprendizagem, o desencadear de alterações estruturais e a adopção de
novos conceitos, procedimentos e instrumentos, quer por parte dos docentes, quer por parte
dos estudantes. Tal estratégia consistiu na criação de cinco grupos de trabalho transversais às
Escolas, aos quais foram atribuídas, respectivamente, as seguintes temáticas:
A. Competências gerais transversais dos diplomados;
B. ECTS (European Credit Transfer System) e Suplemento ao diploma;
C. Aprendizagem ao longo da vida e creditação de competências;
D. Novas metodologias de ensino/aprendizagem e redução do insucesso;
E. Reestruturação curricular e definição de áreas comuns.
Pretendia-se que os grupos produzissem informação e orientações relevantes para a
reorganização pedagógica das Escolas, tendo como objectivos genéricos os seguintes:
Identificar as principais competências transversais aos alunos do IPS e a sua
relação com as estruturas curriculares;
Definir metodologias e procedimentos para a creditação de competências;
Conceber os princípios de aplicação do sistema de créditos ECTS no IPS;
Propor medidas conducentes à alteração do papel do estudante, tornando-o
mais activo e mais autónomo;
Fazer sugestões para as reformulações curriculares.
Apresentação de resultados e propostas dos grupos de trabalho
Os grupos produziram relatórios que foram posteriormente organizados num relatório final
comum intitulado Relatório de Compatibilização, disponibilizado à comunidade IPS em Maio
de 2005.
1 Cortes , Victória (Coord.), 2005. Estratégia Institucional: Eixo A – Criação De Um Espaço Europeu De Ensino Superior
- Relatório de Compatibilização. Setúbal, Insti tuto Politécnico de Setúbal.
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A. Competências gerais transversais dos diplomados
Foram tidas em conta as propostas do Projecto Tuning 2 embora se tenha adoptado um
conceito próprio de competências. Assim, definiu-se como competência: “saber mobilizar
recursos cognitivos disponíveis para decidir sobre a melhor estratégia de acção perante uma
situação concreta”.
Foram estabelecidas as seguintes competências:
1. Transversais (comuns a todos os alunos do Ensino Superior nesta instituição ou a
um conjunto alargado de alunos que estuda numa dada escola);
2. Específicas (dizem respeito a um conjunto de saberes específicos subjacentes a
uma profissão ou área profissional);
3. Complementares (de escolha pessoal e que podem não fazer parte do plano
curricular formal).
Os primeiros anos deveriam estar mais centrados nas competências transversais comuns e nas
competências transversais à família de profissões e à medida que o curso fosse evoluindo,
haveria uma maior incidência nos saberes específicos da profissão e, em consequência, o peso
das competências específicas seria maior. Ainda seguindo o Projecto Tuning, adoptou-se uma
tipologia que incluía, nas competências gerais transversais, competências instrumentais,
interpessoais e sistémicas, como a seguir, sumariamente, se enuncia:
Competências Instrumentais
1.Comunicar eficientemente usando a Língua Materna.
2. Comunicar eficientemente numa Segunda Língua (que tenha relevância no espaço europeu).
3. Usar os dados da literatura técnica e científica e contextualizá-los face à sua profissão.
4.Utilizar adequadamente as tecnologias de informação e comunicação*.
5. Recolher, analisar, problematizar e produzir informação.
6.Organizar e planear o trabalho.
* Correspondente ao nível B2 Vantage do Common European Framework 3 -
Competências Interpessoais
7. Compreender os princípios éticos e deontológicos da profissão e actuar com eles.
8. Conhecer-se a si próprio e reconhecer as suas capacidades e limites.
2 http://tuning.unideusto.org/tuningeu/
3 http://www.coe.int/T/DG4/Linguistic/CADRE_EN.asp
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9. Reconhecer as diferenças pessoais, sociais e culturais e reflecte sobre elas.
10.Saber trabalhar em equipa.
11.Compreender e analisar contextos sociais e organizacionais e procurar intervir neles.
Competências Sistémicas
12. Participar e/ou elaborar projectos de investigação e desenvolvimento.
13. Promover o seu próprio processo de aprendizagem ao longo da vida.
14. Gerar ideias e promovê-las.
15. Tomar decisões de forma adequada e contextualizada.
B. ECTS e Suplemento ao diploma
Foi considerado importante salientar a necessidade de dominar os seguintes conceitos/
instrumentos, contemplados na documentação, designadamente no Decreto-Lei Nº42/2005:
1. Formato de ficha de unidade curricular: a adaptação de um novo formato de ficha que
contemplasse a especificação das competências adquiridas e respectiva carga de
trabalho;
2. Estimativa da carga de trabalho associada a uma unidade curricular: incluindo todas
as formas de trabalho previstas, designadamente as horas de contacto e as horas
dedicadas a estágios, projectos, trabalhos no terreno, estudo e avaliação. Deveria,
ainda, ser realizada uma estimativa da carga de trabalho semestral para cada unidade
curricular;
3. 3. Atribuição de créditos ECTS semestral: considerando como referência um total de 60
créditos por ano (30 por semestre) e todas as unidades curriculares que fazem parte
do semestre; No programa de estudos, atribuir as unidades de crédito, admitindo que
25 horas de trabalho semanal correspondem a um crédito ECTS;
4. Atribuição de créditos ECTS à mesma unidade curricular: a atribuição de créditos a uma
unidade curricular será feita única, exclusivamente em função das horas de trabalho
executadas pelo estudante para adquirir um determinado conjunto de competências.
A uma unidade curricular, em mais de um curso do estabelecimento de ensino, deveria
ser atribuído o mesmo número de créditos independentemente do curso;
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5. Carga de trabalho semanal: admitir como referência um total de 40 horas de trabalho
por semana, a executar pelo estudante;
6. Atribuição de créditos para o programa de estudos total: A obtenção de um grau
correspondente ao 1º ou 2º ciclo de estudo deveria ser verificada tendo como
referência a obtenção de 180 ou 300 créditos respectivamente;
7. Realização de uma experiência piloto: o ajustamento da carga de trabalho inicialmente
estimada deveria ser realizada recorrendo a inquéritos aos alunos no fim do semestre;
8. Operacionalidade de alguns instrumentos fundamentais: o contrato de estudos, o
boletim de registo académico e o guia informativo do estabelecimento de ensino
deveriam ser implementados;
9. Suplemento ao Diploma: O sistema de créditos ECTS deveria ser complementado com
a emissão do Suplemento ao Diploma.
C. Aprendizagem ao longo da vida e creditação de competências
O Processo de Bolonha preconiza um modelo de ensino-aprendizagem centrado no
aprendente, com a utilização de um sistema de créditos baseado na carga de trabalho dos
estudantes e na definição das formações através dos objectivos ou resultados de
aprendizagem (learning outcomes). Uma vez definidos os objectivos de aprendizagem para
cada curso, estes constituiriam o referencial, não só para a organização das aprendizagens dos
alunos, mas também para a atribuição do grau correspondente, mesmo quando uma parte da
aprendizagem tenha tido lugar fora do contexto escolar. O princípio é o de que um grau ou
diploma de ensino superior é a forma de dar a conhecer à sociedade que o diplomado detém
um dado conjunto de conhecimentos, competências e capacidades, que constituem os
objectivos de aprendizagem, independentemente de terem sido adquiridos por via formal, não
formal ou informal.
D. Novas metodologias de ensino/aprendizagem e redução do insucesso
Identificaram-se algumas medidas que foram divididas em:
Medidas de curto prazo que dependem principalmente dos docentes responsáveis pelas UCs e
directores/coordenadores de cursos:
Aulas de apoio, onde o docente estará ao dispor dos alunos para tirar dúvidas.
Nestas aulas, o docente apenas responderá às necessidades dos alunos,
podendo, no entanto, actuar activamente em casos de insucesso detectados.
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De forma a tornar eficazes estas aulas, o tempo de docência deveria ser
contabilizado e os alunos deveriam ser motivados para assistirem às aulas, por
exemplo através da intervenção dos tutores, ou mesmo ponderações na sua
avaliação;
Estimular o trabalho autónomo antes de ser leccionada uma aula sobre um
determinado assunto, principalmente nos últimos anos dos cursos;
Avaliação que considerasse o trabalho autónomo realizado;
Integração dos trabalhos dos alunos em projectos de investigação,
desenvolvimento e consultoria que estivessem a ser desenvolvidos na
instituição;
Promover a articulação entre os conteúdos teóricos e a sua aplicação
prática/profissional, o que deveria ser claramente evidenciado nas primeiras
aulas sobre novos conteúdos e nas fichas da UC, de forma a motivar os alunos.
Medidas de médio prazo, envolvendo cada instituição no seu todo, ou o IPS de uma forma
concertada:
Metodologias pedagógicas baseadas na construção de conhecimento e na
prática efectiva dos conteúdos aprendidos;
Regimes de tutoria;
Incentivar as aulas teórico-práticas em vez de somente teóricas;
Tentar restringir o número de alunos por aula, permitindo uma maior
participação dos mesmos;
Criar uma UC extra-curricular de estudo acompanhado para o primeiro ano de
cada curso, leccionada por um monitor, com vista a identificar e colmatar
“deficiências base” da aprendizagem obtida no ensino secundário;
Implementar práticas de e-learning e disponibilizar on-line toda a informação
das UCS, criando também fóruns de discussão entre alunos e entre alunos e
docentes;
Incentivar de forma efectiva a realização de acções de formação pedagógica
para os docentes.
Medidas de longo prazo, envolvendo todo o Instituto Politécnico e entidades Governamentais:
Incrementar a ligação com escolas secundárias através de pequenos estágios e
acções de sensibilização para o estudo no ensino superior;
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Criar estruturas de apoio e de desenvolvimento de competências extra-
curriculares aos alunos (e.g., centros de assistência médica, residências, apoio
de informação financeira, jardins-escola, desporto, arte, lazer, tais como:
xadrez, fotografia, informática, dança, teatro, e outros), reforçando a ligação
com a instituição e a comunidade escolar;
Implementar o sistema ECTS;
Introduzir UCs integradoras, em regime de tutoria e com partilha de
competências entre Escolas, a fim de consolidar e integrar os conhecimentos e
as competências adquiridos em anteriores UCs do curso;
Promover uma melhor compreensão da profissão, proporcionar uma vivência
ética da mesma, melhorar a capacidade autocrítica sobre o próprio trabalho
(os docentes deverão pertencer a diferentes áreas científicas e reunir
periodicamente);
Introduzir UCs de opção, preferencialmente com estruturas modulares,
transversais ou não, comuns a diferentes Escolas;
Fomentar a Computer enhanced education, como uma ferramenta pessoal
para os docentes/alunos, que facilite e potencie as suas actividades de
leccionar/aprender.
E. Reestruturação curricular e definição de áreas comuns
O grupo considerou, inter alia, que se deveria desenvolver, criar, treinar e aperfeiçoar algumas
características e competências gerais/transversais a qualquer diplomado, o que originaria
“áreas/troncos comuns”, quer dentro de uma Escola, quer ao nível integrador do IPS. Foi
considerado que as “áreas comuns” deveriam formar as competências gerais ou transversais e
que essas poderiam ser trabalhadas através de:
- Unidades curriculares especificamente dirigidas para o efeito (UCs e áreas científicas);
- Sistemas de avaliação de desempenho dos alunos (ex: exigência transversal de trabalhos de
grupo);
- Metodologias e práticas pedagógicas (ex: basear as aulas no trabalho autónomo e de
pesquisa de alunos);
- Necessidade de concretização de projectos transversais ao semestre (multidisciplinares) ou
ao curso, ou de participação em simulações transversais;
- Funcionamento das aulas (ex: leccionação/materiais em idiomas estrangeiros);
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- Promoção da integração da vida académica com a vida extra-académica e “quotidiana” dos
alunos.
Ao nível da implementação do modo como deveriam ser transmitidas as competências de
formação para as “áreas comuns”, considerou-se que seria importante desenvolver-se um
conjunto de testes de diagnóstico que permitissem avaliar os alunos aquando da sua entrada
nos vários cursos do IPS, ao nível das suas competências em áreas que se considerem de base
para a sua formação, tais como o domínio de idiomas estrangeiros, comunicação oral e escrita
em português, cultura geral, informática, matemática básica. Com base nessa avaliação, os
alunos poderiam ser dispensados de frequentar módulos de aperfeiçoamento nessas áreas.
Em algumas áreas comuns, poder-se-ia fomentar a mobilidade de alunos e docentes entre as
várias escolas do IPS, através de unidades curriculares optativas e através da leccionação de
módulos/UCs comuns a todos os cursos na “área de conhecimento” de cada Escola. Eis os
exemplos:
ESTSetúbal/ESTBarreiro – tecnologias de informação;
ESE - Comunicação oral e escrita;
ESCE – Gestão;
ESS - Ética e deontologia.
Tal prática inovadora poderia ser entendida como “Tronco Comum/Áreas Comuns” a todas as
Escolas do IPS e pretenderia estimular e desenvolver nos estudantes, um conjunto de
competências básicas transversais a todas as Escolas (partindo das competências já
identificadas). Por fim, foi sugerido que (em cada Escola ou a nível do IPS) se construísse uma
matriz em que, para cada uma das “Competências Gerais Transversais” definidas, se
identificassem formas destas serem trabalhadas e ou desenvolvidas (ex: unidade curricular
especificamente dirigida para o efeito), os recursos que seriam necessários para tal e a sua
forma de organização.
IMPLEMENTAÇÃO
A. Reestruturação curricular e organização pedagógica ao nível das Escolas
Esta fase decorreu entre 2005 e 2008 e correspondeu à adopção dos novos planos de estudo e
ao período de transição para os alunos transitarem dos planos antigos para os novos. Nesta
fase, cada Escola trabalhou de forma individualizada, tendo em conta as suas especificidades.
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17
B. Reorganização funcional do IPS
A partir de 2006, a Presidência do IPS procedeu a alterações organizativas significativas, com
vista a promover novas atitudes, rentabilizar recursos, desenvolver uma maior coesão interna
e facilitar a implementação de medidas consonantes com o Processo de Bolonha, tais como:
Criação de unidades funcionais transversais às Escolas:
Centro para a Internacionalização e Mobilidade (CIMOB-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=25249
Centro Informático (CI-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=25787
Grupo de Apoio aos Recursos Documentais (GARDOC-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=26367
Gabinete de Imagem e Comunicação (GI.COM-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina =26747
Gabinete de Formação (GAFOR-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=25791
Oficina de Transferência de Tecnologia e Conhecimento (OTIC-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina ?p_pagina=28846
Unidade de Apoio à Investigação e Desenvolvimento (Unidade I&D-
IPS) http://www.ips.pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=28826
Unidade de Desenvolvimento, Reconhecimento e Validação de
Competências (UDRVC-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=25797
Unidade para a Avaliação e a Qualidade (UNIQUA-IPS)
http://www.ips .pt/ips_si/web_base.gera_pagina?P_pagina=27187
Unificação da imagem gráfica do IPS, das Escolas e dos SAS;
Centralização dos Serviços de Contabilidade e Finanças e de Recursos Humanos;
Elaboração de regulamentação comum às Escolas.
C. Aplicação de instrumentos do espaço europeu do ensino superior
O IPS aplica o sistema ECTS em todos os cursos e unidades curriculares, tem aprovada uma
Carta Universitária Erasmus (EUC extended), que permite mobilidade de estudantes para
estudos e para estágios, docentes e não docentes, bem como a participação em projectos
como os Programas Intensivos (IP).
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18
Estão em fase de conclusão os seguintes instrumentos:
Suplemento ao Diploma
Escala Europeia de Classificações
Guia Informativo do IPS (já disponível em grande parte)
D. Novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior
Decorrente do referido regime, o IPS elaborou e tem vindo a implementar novos Estatutos
para o Instituto e para cada uma das suas Escolas. Este processo visa, nomeadamente,
incrementar a eficácia da gestão das IES, a par da sua autonomia e de uma maior abertura às
partes interessadas. Neste aspecto em particular, foi criado o Conselho Geral do IPS, presidido
por uma personalidade exterior à instituição, incluindo na sua composição outras
personalidades não pertencentes aos corpos dos docentes, alunos ou funcionários.
3.2 Importância do processo para o Instituto e para a Região de Setúbal
A educação constitui-se como o sector mais determinante de uma sociedade, em termos
futuros. Essa importância aumenta com o nível de desenvolvimento do país ou da região,
nomeadamente porque a competitividade exige níveis de qualificação mais elevados, que não
são possíveis de alcançar sem que os processos de ensino-aprendizagem consigam dar
resposta às necessidades da comunidade. O processo de ensino-aprendizagem é um processo
de grande complexidade, quer pelo tempo do ciclo ou do curso em si, quer pelas interligações
de conhecimentos e de competências que envolve, quer ainda pelas várias fragilidades de
integração dos contributos dos diversos agentes educativos. Por essa razão, e dada a sua
complexidade, o processo de ensino-aprendizagem necessita de ser monitorizado,
nomeadamente através de alguns indicadores que permitam verificar o que acontece, em
termos dos percursos educativos dos estudantes, no sentido de entender eventuais desvios,
fornecendo elementos de análise e suportando a tomada de acções correctivas, preventivas ou
de melhoria.
Contudo, devemos reconhecer que esta área não é propícia a medidas taxativas (mais
adequadas para ambientes deterministas), razão pela qual em contexto de
ensino/aprendizagem, as medidas deverão ser mais de tipo orientativo, tendo em conta as
qualificações dos professores e a sua capacidade de planeamento de trabalho. As referidas
medidas deverão facilitar e promover a flexibilidade e a adaptabilidade de procedimentos
relativamente aos alunos, às suas famílias e a outros elementos da envolvente social e
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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económica em que escola se integra. Por outro lado, deverá também ser considerada a
globalização da economia e do saber, suportada pelas Tecnologias de Informação e
Comunicação e outros desenvolvimentos tecnológicos, que têm vindo a modificar o campo
competitivo e a adensar nuvens de incerteza, colocando novos e mais exigentes padrões de
resposta, por parte das instituições educativas.
O Ensino Superior Politécnico desempenha múltiplas actividades, todas elas com impactos
significativos na qualidade dos sistemas de ensino-aprendizagem. Em primeiro lugar,
desenvolve conhecimento, ao nível das áreas científicas que enformam as actividades lectivas.
Em segundo lugar, detém (ou deveria deter) os conhecimentos e a experiência de métodos e
de abordagens pedagógicas, necessários ao planeamento, à operação, à monitorização, à
avaliação e à melhoria contínua dos processos que suportam o ensino-aprendizagem. Por sua
vez, o Ensino Superior, de uma maneira geral, é muitas vezes questionado sobre o seu
eventual afastamento das necessidades mais operacionais das profissões e criticado pelo seu
enfoque exagerado na produção e transmissão do saber, sem preocupação suficiente
relativamente à aplicabilidade desse mesmo saber. Por essa razão, o Ensino Superior
Politécnico (de algum modo, em contraste com o Ensino Superior Universitário) deve assumir
características profissionalizantes, devendo também as suas actividades de investigação e
desenvolvimento centrar-se nas aplicações e na proximidade dos problemas e das
necessidades das organizações da sua envolvente regional.
O Processo de Bolonha, visando a criação de um espaço europeu de ensino superior, acarretou
a criação de dois ciclos de estudo para o ensino superior politécnico: 1ºciclo - Licenciaturas; 2º
ciclo – Mestrados. No que refere especificamente ao Instituto Politécnico de Setúbal, e como
se pode depreender do ponto 3.1, as orientações estabelecidas no IPS, incidem sobre um
ensino mais centrado no aluno e mais direccionado para a sua preparação profissional. O
primeiro ciclo é, na maioria dos ciclos de estudo, mais curto, comparativamente com as
anteriores licenciaturas e o segundo ciclo deve estar desligado do primeiro, visando uma
especialização profissionalizante, conforme os interessados e as necessidades de formação ao
longo da vida. Para além de outras considerações válidas, o encurtamento do 1º ciclo,
pressupondo uma nova concepção dos programas curriculares, antecipa a entrada no mercado
de trabalho e assume, necessariamente, que a evolução técnica e científica apela à formação
ao longo da vida, nomeadamente através do ensino formal.
A Região de Setúbal, com a qual o IPS procura manter uma forte ligação, necessita de
profissionais qualificados nas diferentes áreas da actividade. A proximidade de Lisboa e das
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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suas grandes Universidades, cria para o IPS uma grande oportunidade de oferta educativa
diferenciada daquelas Universidades, pautada pelo pragmatismo dos conteúdos
profissionalizantes dos seus cursos, claramente endereçados às organizações da sua
envolvente. Cremos que, desta forma, estaremos melhor integrados na rede nacional de
oferta, servindo melhor a Região de Setúbal. Tendo em conta os considerandos anteriores, o
IPS assumiu como posicionamento estratégico, a adopção da reforma de Bolonha nos prazos
mais curtos possíveis. Sabemos que o caminho é longo, estando muito e demasiado por fazer,
mas esperamos que este relatório contribua também para aproximar o IPS da comunidade,
esperando desta, incentivos, exigências, colaborações, participações e críticas, que
encararemos sempre como construtivas.
3.3 Ano lectivo 2008/2009
O ano lectivo de 2008/2009 representa a entrada plena de toda a oferta educativa no modelo
de Bolonha, sendo certo que uma parte significativa o fez no ano de 2006/2007.
Nesse sentido, e com o objectivo de promover uma harmonização da estrutura dos Relatórios
de Concretização de Bolonha, a realizar pelas cinco Escolas, procurou-se, ao longo do ano
lectivo de 2008/2009, desenvolver um trabalho conjunto entre os respectivos Conselhos
Directivos e a Unidade para a Avaliação e a Qualidade do IPS (UNIQUA-IPS), no sentido de
promover essa mesma harmonização.
O processo teve início no mês de Janeiro, com a proposta de um guião de realização dos
referidos Relatórios, comum às Escolas que, até ao mês de Junho, foi sendo discutido e
melhorado, com a participação e o envolvimento dos referidos intervenientes. Em Julho,
depois de disponibilizado o guião final e de definidas as pessoas responsáveis pela elaboração
dos Relatórios, em cada uma das Escolas, deu-se início ao processo de realização dos
Relatórios, propriamente dito, que decorreu até final do mês de Dezembro tendo, durante
esse período, sido realizadas várias reuniões de acompanhamento entre os representantes das
Escolas e a Unidade para a Avaliação e a Qualidade do Instituto.
Paralelamente, e com o objectivo de promover uma harmonização, também, ao nível do
instrumento de recolha de informação, de âmbito pedagógico, aos Responsáveis pelas
Unidades Curriculares, procedeu-se à concepção e realização de um inquérito (por
questionário) comum às cinco Escolas, resultado de um contributo de um grupo de docentes,
da Escola Superior de Educação. Este instrumento foi, posteriormente, integrado nos Sistemas
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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de Informação/Informáticos, disponíveis nas Escolas, de forma a possibilitar a resposta dos
Responsáveis pelas Unidades Curriculares e a consequente análise dos dados, por parte dos
Coordenadores de Curso, responsáveis pela realização dos Relatórios.
Para além da informação, de âmbito pedagógico, recolhida através do referido inquérito, a
informação disponibilizada nos Relatórios de Concretização de Bolonha realizados, foi
fornecida pelo próprio Sistema de Informação disponível, em algumas das Escolas e que,
conseguiu dar resposta a muitas das informações que se consideraram relevantes obter e
analisar, relativas a este ano lectivo e a anos lectivos transactos. Nesse sentido, e considerando
algumas fragilidades do referido Sistema, consideramos também que este foi (e será) uma
peça fundamental na disponibilização e actualização dos dados relativamente à generalidade
das Escolas. Nos casos em que não foi possível a obtenção de informação por essa via, foram
disponibilizados recursos e meios, a outros níveis, tendo como objectivo dar uma resposta, o
mais completa e actualizada possível, às solicitações do guião de realização dos Relatórios.
3.3.1 Mudanças operadas a nível pedagógico
Como referimos anteriormente, a reestruturação dos cursos de 1º ciclo do IPS, teve como
referência o resultado do trabalho desenvolvido por um grupo alargado de docentes de todas
as Escolas do IPS, que no ano lectivo de 2004/2005 procurou definir uma orientação
estratégica comum para o referido processo. O documento4 produzido a esse nível, com as
linhas orientadoras anteriormente referidas, foi, posteriormente, interpretado e concretizado
de forma diferenciada em cada uma das Escolas, tendo em conta as diferentes concepções de
organização curricular e decorrendo das especificidades dos cursos e das próprias Escolas.
Por essa razão e de uma forma geral, podemos afirmar que na generalidade das Escolas IPS,
assistiu-se, durante o ano lectivo de 2008/2009, a uma consolidação do paradigma educacional
que vem sendo utilizado durante os últimos anos lectivos e que assenta, fundamentalmente,
num processo de aprendizagem centrado nos estudantes e numa formação baseada no
desenvolvimento de competências por parte desses mesmos estudantes. Considerando que a
criação de condições necessárias a uma formação com essas características, pressupõe a
transição de um sistema de ensino baseado na ideia da transmissão de conhecimentos para
um sistema baseado no desenvolvimento de competências, consideramos também que essa
4 Cortes , Victória (Coord.), 2005. Estratégia Institucional: Eixo A – Criação De Um Espaço Europeu De Ensino Superior
- Relatório de Compatibilização. Setúbal, Insti tuto Politécnico de Setúbal.
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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transição pressupõe uma adequação permanente dos métodos de ensino/aprendizagem
utilizados, com vista ao desenvolvimento das referidas competências.
É nesse contexto, que destacamos a diversificação dos processos de trabalho, tanto na forma
de trabalho presencial, como em termos do trabalho desenvolvido autonomamente pelos
estudantes e o incremento de situações e actividades de aprendizagem que visam uma
dimensão mais prática, um maior contacto com contextos e realidades diversificados e um
aumento da experimentação e da aplicabilidade em contexto real/laboral. Falamos,
concretamente, das actividades que destacamos em seguida e que foram, na generalidade das
Escolas, utilizadas nas diferentes Unidades Curriculares, durante o ano lectivo de 2008/2009:
Discussão orientada de temas;
Estudos de caso;
Orientação tutória;
Prática simulada;
Realização de projectos de investigação/acção;
Realização de actividades de estágio (curricular);
Resolução de problemas;
Trabalho de campo;
Trabalho de projecto;
Trabalhos práticos/laboratoriais/de concepção e produção de materiais;
Seminários /conferências;
Visitas de estudo.
Nesse sentido, parece-nos também importante destacar o aumento das Unidades Curriculares,
na globalidade das Escolas, com situações e actividades de aprendizagem com recurso às TIC
(Tecnologias de Informação e Comunicação), como é o caso:
Da intensificação da utilização da plataforma Moodle como facilitadora da
comunicação virtual entre estudantes e docentes e como meio de divulgação da
informação e de apoio às actividades lectivas;
Da promoção da pesquisa e recolha de informação on-line;
Do aumento das intervenções em fóruns de discussão on-line e chats
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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Relativamente às aulas expositivas, constatamos que estas passaram a integrar uma maior
componente de interactividade com os estudantes, verificando-se, em muitas Unidades
Curriculares, aulas expositivas com recurso a outras metodologias e/ou materiais, sendo disso
exemplo as aulas expositivas com recurso a:
Interacção com os estudantes;
Exemplos da realidade;
Temas para debate;
Meios audiovisuais.
Nesse mesmo contexto, mas no que refere especificamente aos elementos de avaliação,
individual e em grupo, utilizados na generalidade das unidades curriculares, verificamos que,
também, a esse nível, houve alterações que merecem referência. Ou seja, assistimos a uma
consolidação da valorização do processo de avaliação contínua, assim como da diversificação
dos instrumentos utilizados nesse mesmo processo, dos quais destacamos os seguintes:
Apresentação oral de trabalhos;
Auto-avaliação pelos estudantes;
Avaliações inter-pares;
Desempenho de actividades práticas;
Participação dos estudantes nas actividades das aulas;
Participação em actividades "à distância";
Produção de materiais/modelos/objectos;
Produções escritas;
Projectos de investigação/acção;
Relatórios de actividades experimentais/práticas;
Relatórios de estágio;
Testes avaliação de conhecimentos;
Testes avaliação de conhecimentos e sua aplicação.
Remetendo uma análise mais detalhada das questões de âmbito pedagógico, no que refere à
sua aplicabilidade nos períodos pré e pós Bolonha, decorrentes das especificidades das
próprias Escolas e dos respectivos Cursos, para os Relatórios realizados a esses níveis, parece-
nos, ainda assim, importante destacar alguns dos elementos que integraram a generalidade
dos programas e das fichas das Unidades Curriculares, durante o ano lectivo de 2008/2009.
São eles: Número de créditos (ECTS), Número total de horas (de contacto e de trabalho
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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autónomo), Avaliação, Bibliografia, Competências a desenvolver, Conteúdos, Metodologia,
Objectivos e Competências de Formação geral/transversal, específica e profissionalizante.
3.3.2. Medidas de apoio ao sucesso escolar
Tendo por objectivo o aumento dos níveis de sucesso escolar, as Escolas Superiores do IPS
implementaram e consolidaram várias medidas e promoveram várias iniciativas, durante o ano
lectivo de 2008/2009, das quais destacamos:
Monitorização do sucesso e insucesso escolares;
Procura de uma maior interligação entre os aspectos teóricos da formação e as
práticas profissionais subjacentes;
Reforço da valorização do processo e progressão dos estudantes, tentando valorizar os
seus percursos de aprendizagem;
Reforço da adequação dos conteúdos programáticos e das práticas pedagógicas das
unidades curriculares, que apresentam maiores índices de insucesso escolar;
Diversificação dos processos de trabalho, tanto na forma de trabalho presencial, como
em termos do trabalho desenvolvido autonomamente pelos estudantes;
Valorização do processo de avaliação contínua;
Diversificação dos instrumentos utilizados nesse mesmo processo;
Reforço da articulação entre as diferentes unidades curriculares (partilha de produtos
e de avaliações), no sentido de evitar o exagerado volume de produtos de avaliação
requeridos por cada uma delas;
Inclusão de formas alternativas de trabalho de pesquisa;
Reforço da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no processo
de ensino-aprendizagem;
Consolidação da utilização da plataforma Moodle, como facilitadora da comunicação
virtual entre estudantes e docentes e como meio de divulgação da informação e de
apoio às actividades lectivas;
Continuação da promoção de práticas pedagógicas que se revelam eficazes;
Identificação e divulgação dessas mesmas práticas;
Incentivo à experimentação de novas metodologias;
Produção/disponibilização de novos materiais de apoio aos estudantes;
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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Elaboração de documentos orientadores para apoiar os trabalhos e as tarefas a
realizar pelos estudantes;
Maior detalhe na elaboração dos manuais de apoio às Unidades Curriculares;
Reforço do acompanhamento tutorial/orientação tutória aos estudantes (enquanto
espaço de acompanhamento e esclarecimento, nos domínios pessoal e académico),
por forma a dar resposta às principais necessidades e dificuldades sentidas;
Reuniões com estudantes para explicação sobre a organização e a estrutura do curso;
Seminários e apresentações técnicas, em áreas diversas, específicas e transversais;
Sistema de acompanhamento dos alunos de primeiro ano, com vista à sua integração
no modelo de aprendizagem utilizado.
Nas Escolas de Tecnologia, pelo facto dos cursos existentes pressuporem o domínio de áreas
de base como a Matemática, a Física ou a Química, verifica-se, nestes mesmos cursos,
sobretudo nas áreas referidas, a existência de problemas relevantes ao nível do insucesso
escolar. Por essa razão, as Escolas, dessa área de formação, têm procurado desenvolver
mecanismos de monitorização do insucesso, dos quais têm resultado propostas para minimizar
esse fenómeno.
Na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, destacamos a criação de planos de estudos
alternativos e a disponibilização de unidades curriculares de recuperação nas áreas da
Matemática e da Física e, na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, destacamos o “Ano
Preparatório” - curso que tem como objectivo melhorar as condições de sucesso dos futuros
candidatos ao ingresso nos Cursos de Licenciatura, nomeadamente aqueles alunos que
pretendem candidatar-se no âmbito dos regimes de maiores de 23 anos, bem como dotar os
alunos das diferentes Licenciaturas de um conjunto de conhecimentos ao nível da Matemática
e da Física considerados elementares para a frequência dos cursos da Escola. Ainda assim, e
pelo facto dos resultados não terem sido, até agora, os desejados, considera-se da maior
importância, continuar a desenvolver e consolidar o trabalho desenvolvido nesta área, uma
vez que é a este nível, que residem os maiores problemas, sobretudo nas áreas de formação
referidas, razão pela qual importa continuar a investir na mesma, como área prioritária.
Neste contexto, destacamos, também o facto de algumas unidades curriculares dos cursos da
Escola Superior de Tecnologia do Barreiro estarem integradas no projecto de Utilização de
Metodologias de Aprendizagem Activa e Cooperativa no Ensino da Engenharia, que visa o
desenvolvimento de uma ferramenta para acompanhamento das actividades propostas, com
Insti tuto Politécnico de Setúbal Relatório de Concretização de Bolonha 2008/2009
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vista a promover formandos activos e autónomos. Este projecto de investigação, no âmbito de
Ciências de Educação, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (com uma
duração de 3 anos) e tem vindo a ser implementado na ESTBarreiro/IPS e no Departamento de
Engenharia Mecânica do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Ainda neste âmbito,
destacamos a Licenciatura em Tecnologia e Gestão Industrial, da Escola Superior de Tecnologia
de Setúbal, um curso recente (com três anos de actividade), assente em novas metodologias e
em que o b-learning faz parte do plano curricular, aprovado em Diário da República.
A nível preventivo, parece-nos também importante referir o Programa de Apoio à Integração
do Estudante (PAIE), desenvolvido na Escola Superior de Saúde e que decorre no primeiro ano
do Curso de Licenciatura em Enfermagem 5 Apoiado na Carta de Princípios do Processo de
Ensino/Aprendizagem da Escola Superior de Saúde, o referido programa centra-se na atenção
personalizada às necessidades do estudante recém-chegado, sendo encarado como um meio
de atender à diversidade e diferenças individuais dos estudantes, de favorecer a equidade e
superar situações desfavoráveis que possam dificultar o desenvolvimento.
Ainda da Escola Superior de Saúde, parece-nos importante fazer referência ao projecto
(In)Sucesso Académico6, que tem vindo a ser desenvolvido pela Coordenação do Curso de
Fisioterapia, com o objectivo de identificar factores de insucesso, analisar as razões para o
mesmo e elaborar um conjunto de recomendações que sejam capazes de contribuir para
maiores níveis de sucesso académico dos estudantes do referido Curso. No desenvolvimento
deste projecto, existem alguns motivos que ultrapassam largamente a questão da taxa de
insucesso propriamente dita, reportando-se, por sua vez, à pessoa do estudante, à sua forma
de estar no curso, à sua relação com o contexto académico e, muitas vezes, ao modo como
lida com as situações de avaliação, entre outras.
Relativamente aos estudantes “maiores de 23”, e considerando que estes constituem um novo
público, com necessidades e características específicas, verifica-se que as Escolas do IPS
continuam a considerar algumas dessas especificidades no processo de integração desses
alunos. Ainda assim, e considerando que este é um processo relativamente recente,
constatamos a necessidade de reforço da adopção de estratégias diferenciadoras ao nível dos
curricula que permitam, a esses estudantes, o reforço de actividades em áreas identificadas
5 Ver http://www.ess.ips.pt/Quess/doc/REB09Enfermagem.pdf
6 Ver http://www.ess.ips.pt/Quess/doc/REB09Fisioterapia.pdf
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como deficitárias. Ainda assim, e em simultâneo com o reconhecimento e a acreditação de
competências desenvolvidas em ambiente não formal e/ou profissional, tem vindo a
privilegiar-se a oferta, em várias escolas e de acordo com os recursos disponíveis, de tempos
de contacto em regime pós-laboral para os estudantes maiores de 23 anos, assim como para
os trabalhadores estudantes, como é o caso dos cursos de Contabilidade Finanças, Gestão de
Recursos Humanos e Gestão da Distribuição e da Logística, da Escola Superior de Ciências
Empresariais. Nesse contexto, insere-se também o apoio disponibilizado, em algumas Escolas,
aos alunos com o estatuto de trabalhador-estudante, através da substituição de algumas
componentes de trabalho presencial por outros processos de trabalho alternativos, com valor
formativo equivalente.
Em termos futuros, e considerando que muito trabalho existe, ainda, por fazer e consolidar,
nesta área, sublinhamos o facto de existir um conjunto de medidas planeadas, no âmbito das
preocupações com o sucesso escolar, das quais destacamos o contínuo estímulo à formação
de docentes, de forma a melhorar as competências pedagógicas e científicas dos mesmos,
assim como a implementação e consolidação de medidas e acções, destinadas aos estudantes,
que visem, cada vez mais, o reforço da valorização do seu processo e da sua progressão,
tentando valorizar os seus percursos de aprendizagem.
3.3.3. Medidas de apoio ao desenvolvimento de competências extracurriculares
No que refere às medidas de apoio ao desenvolvimento de competências extracurriculares,
durante o ano lectivo de 2008/2009, destacamos o facto destas terem passado pela
dinamização de acções e eventos diversificados, em cada uma das Escolas Superiores, dos
quais destacamos:
Seminários, aulas abertas e workshops;
Eventos culturais e científicos organizados pelos estudantes;
Cursos de Inglês;
Jogos de gestão;
Business Week ;
Acções de voluntariado
Campos de Férias
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Destacamos, ainda, a Unidade Curricular Carteira de Competências da Escola Superior de
Educação de Setúbal7, integrada no sistema tutorial proposto pela referida Escola8 e destinado
aos cursos adequados ao processo de Bolonha. Esta Unidade Curricular, comum a todos os
planos de estudos da Escola Superior de Educação, tem como finalidade a aquisição de
competências extra-curriculares, a desenvolver em contextos não-formais e informais
(actividades de âmbito profissional, científico, social, etc.), desde que reconhecidas como
significativas e relevantes no âmbito das competências desejáveis para os licenciados dos
diferentes cursos. Esta unidade curricular permite valorizar e creditar participações em
actividades académicas, científicas (encontros ou seminários) ou sociais (voluntariado)
desenvolvidos ao longo do curso e oferecidos/desenvolvidos em situações não lectivas, pela
escola, por associações e organizações científicas e profissionais, etc., permitindo adquirir 5
créditos no âmbito do plano de estudos.
3.3.4. Medidas de apoio à inserção na vida activa
A adopção de uma organização curricular determinada por competências e a vocação
profissionalizante do Ensino Politécnico justificam a inscrição curricular de UC com uma
preocupação essencialmente profissionalizante, como é o caso daquelas que privilegiam as
actividades de Estágio ou de Projecto, permitindo a aplicação dos saberes em contextos reais
ou simulados. Nesse contexto, também o empreendedorismo é tema presente em algumas
unidades curriculares, tema que se constitui em objecto de análise e de refle xão,
proporcionando aos estudantes a possibilidade de desenvolverem competências no âmbito da
intervenção na sua futura área profissional.
Nesse âmbito, perece-nos igualmente importante referir ao facto das Escolas disporem de
estruturas próprias ou dinamizarem iniciativas no que refere ao acompanhamento dos seus
estudantes e ex-estudantes durante o processo de transição da vida académica para a vida
profissional. São disso exemplo as seguintes estruturas/iniciativas:
Gabinete de Integração Profissional (GIP) consolidação da actividade deste Gabinete, em substi tuição
da UNIVA (Unidade de Inserção na vida Activa , em funcionamento desde 1999, em parceria com o Insti tuto de
Emprego e Formação Profissional - Escola Superior de Tecnologia de Setúbal;
7 http://www.si.ips .pt/ese_si/web_page.inicial
8 SISTESE – Sistema tutorial da Escola Superior de Educação (ESE) de Setúbal
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Unidade de Inserção na Vida Activa (UNIVA), em parceria com o Insti tuto de Emprego e Formação
Profissional - Escola Superior de Educação;
Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais (GESP) - Escola Superior de Ciências
Empresariais;
Gabinete de Inserção na Vida Activa (GabIVA) - Escola Superior de Tecnologia do Barreiro
Workshops na área da Empregabilidade, em cada Curso, dinamizadas pelas respectivas Coordenações
de Curso - Escola Superior de Saúde
Durante o ano lectivo de 2008/2009, todas elas desempenharam funções importantes ao nível
da inserção na vida activa dos estudantes e diplomados de cada uma das Escolas,
nomeadamente no que refere ao desenvolvimento de actividades de divulgação (de
estudantes, diplomados e das próprias Escolas), de realização de feiras de emprego e
empreendedorismo, de angariação de estágios profissionais e da dinamização de Bolsas de
Emprego. Das actividades desenvolvidas, no ano lectivo de 2008/2009, destacamos as
seguintes:
Intensificação da divulgação dos CV dos diplomados das Escolas, junto de
empresas/instituições/outras entidades empregadoras (com vista à angariação de
estágios profissionais, não curriculares);
Realização de Feiras de Emprego e Empreendedorismo;
Dinamização de Bolsas de Emprego.
Visitas a entidades para apresentação/divulgação das Escolas (seus alunos e
diplomados)
No âmbito das medidas de apoio à inserção na vida activa e da empregabilidade, parece-nos,
também, importante fazer referência ao PoliEmpreende, uma iniciativa conjunta de todos os
Institutos Politécnicos do País, este ano na sua 7ª edição, que, ao envolver docentes,
estudantes e antigos alunos de cada Instituto, tem por objectivo a promoção de uma cultura
empreendedora no ensino superior, a fomentação da criação de empresas baseadas no
conhecimento e a contribuição para o desenvolvimento regional. Tendo uma componente
regional e outra nacional, este concurso desenvolve-se durante todo o ano lectivo, integrando
diversas fases e interacções com o objectivo de envolver verdadeiramente os participantes na
temática do Empreendedorismo e no fomento do espírito empresarial. No IPS a iniciativa é
promovida pela OTIC –IPS, em estreita articulação com os dinamizadores nas várias Escolas.
Destacamos, a este nível, a própria OTIC-IPS9 - Oficina de Transferência de Tecnologia e
9 http://www.ips.pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=28846
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Conhecimento do Instituto Politécnico de Setúbal, que visa identificar e promover a
transferência de ideias e conceitos novos e inovadores para o tecido empresarial, bem como
auscultar as necessidades empresariais e propor soluções com base nas competências
existentes no IPS. Esta estrutura tem como principais linhas de acção, as seguintes:
Divulgação da oferta tecnológica e científica do IPS e das suas unidades orgânicas;
Apoio técnico-científico às pequenas e médias empresas sediadas na região de
Setúbal;
Desenvolvimento de projectos I&D+I e de actividades de transferência de tecnologia
em parceria com as empresas;
Dinamização e promoção de ciclos de eventos dedicados ao empreendedorismo, à
transferência de tecnologia e à cooperação internacional (seminários, congressos,
reuniões);
Apoio e promoção do empreendedorismo, cujo principal instrumento é o
Poliempreende.
3.3.5 Internacionalização/Mobilidade
A nível internacional, o envolvimento do IPS tem-se centrado no estabelecimento de dezenas
de parcerias com instituições congéneres europeias no âmbito de programas comunitários
(designadamente desde 1997/1998 com o Programa SOCRATES-ERASMUS e, a partir de
2007/2008, com o Lifelong Learning Programme). Desde o ano lectivo de 2008/2009, conta
também com o Programa de Bolsas Luso-Brasileiras Santander Universidades, Programa
abrangido pelo Convénio assinado entre o Instituto Politécnico de Setúbal e o Banco Santander
Totta que prevê, entre outras medidas, a atribuição de bolsas de mobilidade de estudantes
para o Brasil com a duração de 1 semestre. A criação de um programa de apoio financeiro à
mobilidade internacional da comunidade IPS, bem como a entrada em funcionamento de uma
estrutura central exclusivamente dedicada ao desenvolvimento das relações internacionais
(CIMOB-IPS10), vieram contribuir para o aumento das taxas de mobilidade, durante os últimos
anos.
Tabela 9 – Evolução da Mobilidade Erasmus no IPS Estudantes em Mobilidade ERASMUS 2008/2009 2007/2008 2006/2007
Outgoing 38 67 47 Incoming 61 61 38
TOTAL IPS 99 128 85 Dados: CIMOB-IPS 2009
10
http://www.ips.pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=25249
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Destacamos, durante o ano lectivo de 2008/2009, a 2ª Semana Internacional do IPS11, em
Maio de 2009, que contribuiu para a consolidação da actual estratégia de Internacionalização
do Instituto e envolveu, de forma dinâmica, o conjunto das cinco Escolas Superiores. A
iniciativa teve como objectivos incentivar a mobilidade de estudantes e de pessoal (docente e
não docente), bem como a promoção do conhecimento mútuo entre as Instituições Parceiras.
Tendo recebido 17 Instituições oriundas de 11 países da Europa e do Brasil (Alemanha, Áustria,
Espanha, Polónia, Roménia, Bélgica, Holanda, Dinamarca, República Checa, Brasil e Reino
Unido) estiveram presentes, 28 conferencistas internacionais e estiveram envolvidos 372
participantes, entre os quais estudantes do IPS e estudantes incoming do Programa Erasmus.
Visando a promoção do diálogo entre Instituições e a troca de conhecimentos e de
experiências entre as mesmas, esta 2ª Semana Internacional contou com 21 apresentações em
sala de aula (workshops e aulas abertas) e 8 sessões de trabalho paralelas, em áreas como a
Tecnologia, Saúde, Fisioterapia, Educação, Justiça e Negócios. Integrada na iniciativa decorreu,
ainda, uma visita às 5 escolas do Instituto, tendo-se salientado a qualidade dos seus recursos
educativos, nomeadamente, laboratórios, equipamento informático, salas de aula, entre
outros.
3.3.6 Garantia da Qualidade
Para além do funcionamento dos órgãos de gestão, de acordo com as competências
legalmente estabelecidas, (assegurando níveis mínimos de qualidade), e tentando dar um
carácter sistemático e integrador às diversas iniciativas tomadas por cada Escola, o IPS tem em
curso um projecto de concepção e implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade que
passa pela criação de uma Unidade para a Avaliação e a Qualidade (UNIQUA-IPS12) que, desde
Setembro de 2008, coordena a concepção e implementação dos seguintes elementos:
- Um modelo de monitorização do desempenho do IPS, visando a recolha, o tratamento e a
disponibilização de dados e informações de forma sistemática e planeada para todo o IPS,
partindo da unidade curricular, mas permitindo a integração progressiva ao nível do semestre,
ano, curso, Escola e IPS;
- A elaboração de guias interpretativos de dois referenciais públicos de Garantia/Gestão da
Qualidade:
11
http://www.ips.pt/ips_si/web_base.gera_pagina?p_pagina=25249 12
http://www.ips.pt/ips_si/web_base.gera_pagina?P_pagina=27187
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- ENQA (2005), Standards and Guidelines for Quality Assurance in the European
Higher Education Area;
- IWA 2 (2007), Quality Management systems – Guidelines for the application of
ISO 9001:2000 in education.
- Um instrumento de caracterização sócio demográfica dos estudantes, com vista a potenciar o
planeamento e o desenvolvimento das actividades lectivas;
- Um instrumento de caracterização das causas de abandono escolar, com vista a identificar
áreas prioritárias de actuação;
- Projectos experimentais ao nível de algumas Escolas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração deste relatório foi considerada pelo IPS como uma oportunidade de melhoria dos
seus mecanismos de monitorização das actividades de ensino-aprendizagem e não como o
mero cumprimento das obrigações legalmente estabelecidas. Deste modo, o seu conteúdo
extravasa aquelas obrigações, integrando-se num projecto, já referido anteriormente, de um
modelo mais amplo que suporte a tomada de decisão interna, cobrindo outras áreas
relevantes do serviço prestado à comunidade, tais como a investigação e desenvolvimento e a
prestação de serviços. A sua divulgação pública constitui, ainda, o nosso comprometimento em
prestar contas às diversas partes interessadas: alunos, famílias, empresas, associações
empresariais, instituições de educação e de saúde, autarquias locais, órgãos da administração
pública central e regional, representantes da sociedade civil e outras organizações. Os dados
apresentados tencionam representar, quer os aspectos positivos, quer os aspectos negativos
das nossas actividades, no pressuposto de que só atitudes pró-activas e positivas podem
contribuir para a melhoria contínua de tudo o que constitui nossa obrigação fazer. Esperamos
contributos, que reputamos de muito importantes, para a melhoria dos serviços prestados à
comunidade.
5. RELATÓRIOS DAS ESCOLAS SUPERIORES/RELATÓRIOS DOS CURSOS
Para consultar os relatórios de Escola ou de Curso:
https://www.si.ips.pt/ips_si/WEB_BASE.GERA_PAGINA?p_pagina=28866
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