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Pesquisa FAPESP - Suplemento Ed. 66
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INFRA-ESTRUTURA 3
A recuperacão dos laboratórios
de pesquisa
ESPECIAL
INFRA-ESTRUTURA 3
Casa equipada e em ordem A recuperação e modernização dos laboratórios tornou possível a pesquisa de ponta
uando a FAPESP decidiu, em 1994, criar o Programa Emergencial de Apoio à Recuperação e Modernização da Infra-Estrutura de Pesquisa do Estado de São Paulo, ou simplesmente Programa de Infra-Estrutura, a justificativa baseou-se no consenso de
que a situação de sucateamento das instalações de pesquisa do Estado, na ocasião, impedia o desenvolvimento normal da atividade. Ou seja, mesmo havendo recursos para financiar projetas de pesquisa, a falta de equipamentos e principalmente a inadequação dos laboratórios inviabilizavam ou comprometiam os seus resultados. Assim, a recuperação e a modernização dos laboratórios foram prioridades absolutas desde o começo do programa, em 1995. Do total de R$ SOO milhões aplicados pela FAPESP no Programa de Infra-Estrutura, R$ 244 milhões foram diretamente para os laboratórios, por meio dos módulos Infra Geral e Biotérios. O restante foi para os outros módulos do programa: Bibliotecas, Arquivos, Museus, Redes Locais de Informática, Equipamentos Multiusuários e FAP-Livros.
PESQUISA FAPESP
''Ao criar o Programa de Infra-Estrutura, a FAPESP rompeu com um paradigma: o de que as agências voltadas ao fomento da pesquisa não deveriam se ocupar da infra-estrutura, que seria responsabilidade das universidades e dos institutos': diz Jailson Bittencourt de Andrade, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Federal da Bahia e que acompanha, como consultor, o programa desde o seu início. E ele acrescenta: "Com o programa, reconheceu-se a infra-estrutura como parte da atividade normal de pesquisa':
Ainda é muito cedo para dimensionar o impacto do Programa de Infra-Estrutura na pesquisa científica e tecnológica paulista, mas já há resultados bastante visíveis, tanto no volume quanto na qualidade da pesquisa. Neste suplemento, o terceiro da série sobre o Programa publicado pela revista Pesquisa FAPESP, vamos mostrar as transformações ocorridas em laboratórios das áreas de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Saúde. As reportagens são de Cely Carmo, Lara Lima e Maria Aparecida Medeiros, a edição de Luiz Fernando Vitral e Maria da Graça Mascarenhas e a diagramação de Luciana Facchini.
Os alicerces do sistema
A atividade de pesquisa, para ter resultados e competitividade, não depende apenas da competência do pesquisador e da eficiência dos equipamentos. Esses, evidentemente, são pressupostos fundamentais, mas que não dispensam instalações com infra-estrutura adequada: rede elétrica e hidráulica, bancadas, ambientes climatizados, por exemplo. Coisas aparentemente prosaicas, mas que compõem o alicerce do sistema e para o qual, até o surgimento do Programa de Infra-Estrutura, não havia recursos.
"Para formar o tripé essencial à pesquisa- composto por bolsas, auxílios a projetos e infra-estrutura- faltava este último." Assim o pesquisador José Antonio Visintin, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, opina sobre o programa e tem a concordância da pesquisadora Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da USP. "Foi muito feliz a percepção da FAPESP de que não bastava investir na atividade de pesquisa, deixando a infra-es-
trutura dos laboratórios a cargo das universidades e institutos", diz ela.
As necessidades eram imensas. A falta de condições de trabalho, como pode ser observado nas reportagens e nos depoimentos dos pesquisadores e na própria demanda por recursos do programa, mostrada nas tabelas, que trazem dados globais, abrangendo laboratórios de todas as áreas do conhecimento. No primeiro edital, ou Infra I, as demandas dos pesquisadores foram direcionadas para dois módulos: Infra Geral, que compreendia os laboratórios em geral, exceto os Biotérios, que constituíam um módulo específico. Nos editais seguintes - Infra II, III e IV- os dois módulos foram reunidos em um só.
Para poder traçar um quadro da situação dos laboratórios anterior ao programa e informar sobre os primeiros impactos que se delineam com a recuperação dos ambientes de pesquisa, foram ouvidos pesquisadores de diversas instituições e de vários pontos do Estado, das áreas de Ciências Agrárias e Veterinárias, Biologia, Saúde, Física, Química, Engenharia e Artes e Ciências Humanas. Muitos não chegaram a ser ouvidos- afinal, para a recuperação dos laboratórios foram liberados recursos para 2.356 projetos. Outros tantos deram seus depoimentos, mas, no entanto, não têm seus nomes citados, por absoluta impossibilidade de contemplar a todos nos limites de uma reportagem. Es
(Situação em 30.06.01)
PROJETO$ INFRA FASE I INFRA FASE 11 INFRA FASE III INFRA FASE IV TOTAL
ses depoimentos, entretanto, foram fundamentais para que se resgatassem as condições anteriores de trabalho do pesquisador com o colorido das emoções envolvidas e os primeiros impactos após a sua recuperação.
INFRA-GERAL BIOTÉRIOS
Recebidos 1.005 98
Denegados 226 21
Aprovados 772 77
Cancelados 7
Concluídos 771 77
OS RECURSOS LIBERADOS (Situação em 30.06.01)
FASE DO W APROVADOS
PROGRAMA
INFRA BIOTÉRIOS
GERAL
lnfra Fase I 772 77
lnfra Fase 11 432
lnfra Fase III 494
lnfra Fase IV 581
Total 2.279 77
2
TOTAL
849
432
494
581
2.356
1.209
772
432
5
430
VALOR (R$)
939
441
494
4
482
1.051 4.302
465 1.925
581 2.356
5 21
532 2.292
INFRA BIOTÉRIOS TOTAL
GERAL
66.953.338,94 9.998.331,78 76.951.670,72
50.269.108,46 50.269.1 08,46
47.585.470,00 47.585.470,00
68.715.921,82 68.715.921,82
233.523.839,22 9.998.331,78 243.522.171,00
Este suplemento reúne reportagens sobre os laboratórios das áreas de Ciências Agrárias e Veterinárias, Biologia e Saúde. O próximo tra-tará das áreas de Física, Química, Engenharia e Artes e Ciências Huma-nas. E, embora seja ainda um pouco cedo para avaliar efetivamente os impactos do Programa de Infra-Estrutura na produção científica, as reportagens não deixam dúvidas de que eles, na verdade, já co-meçaram a aparecer.
PESQUISA FAPESP
Passado, presente e futuro
Ciências Agrárias e Veterinárias. Biologia. Saúde. Três áreas do conhecimento que sempre foram fortes na pesquisa paulista. Três áreas do conhecimento que possuem tradicionais instituições, algumas centenárias, responsáveis por pesquisas cujos resultados transformaram o panorama do Estado em questões fundamentais como a de saúde pública, atendimento médico, produção agrícola. Três áreas do conhecimento que contam com instituições jovens, mas já com importantes contribuições científicas. Todas elas, infelizmente,
cultiva e estuda fungos e sua aplicação na agricultura, na recuperação ambiental e na área de alimentos, constantemente viam todo o seu material ser contaminado por fungos indesejáveis que proliferavam nas paredes úmidas, devido a vazamentos.
Esses são apenas dois exemplos, que resumem a situação, qualificada pelo professor Eduardo Moacyr Krieger, do Instituto do Coração (Incor) e presidente da Academia Brasileira de Ciências, como "à beira da calamidade". Ao investir nos laboratórios, o Programa de Infra-Estrutura influiu nas condições de trabalho e no ânimo dos pesquisadores. Linhas de pesquisa que estavam paralisadas foram retomadas e outras novas foram criadas. As pesquisas aumentaram em quantidade e em qualidade, dizem os pesquisadores, que assinalam ainda, como conseqüências positivas, o incremento na publicação de resultados científi
com os seus ambientes de pesquisa comprometidos, em maior ou menor grau. Esse era o quadro antes do Programa de Infra-Estrutura.
INVESTIMENTO POR INSTITUIÇÃO
cos e do intercâmbio com pesquisadores de outras instituições do país e do exterior.
"Mesmo com uma equipe reduzida em relação aos anos anteriores ao Infra, conseguimos aumentar a produtividade e a qualidade das pesquisas, ampliar as linhas de pesquisa e o leque de exame de rotinas", diz o pesquisador Odair Zenebon, do Instituto Adolfo Lutz. Antônio Carlos Seguro, da Faculdade de Medicina da USP, faz a sua avaliação: ''A partir de 1996, ano em que os projetos do Infra começaram a ser concretizados, tivemos um aumento de pelo menos 100% no número de trabalhos publicados no exterior". E Carlos Martins Menck, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, destaca: "Só nos últimos três anos, o Departamento de Microbiologia dobrou sua produção científica. A reforma possibilitou também a vinda de novos professores e pesquisadores que estavam no exterior".
Juntas, essas três áreas receberam R$ 125,4 milhões para a recuperação de seus laboratórios. A maioria tinha as redes elétrica e hidráulica em ruínas, incapaz de suportar a instalação de um novo equipamento que demandasse energia elétrica. O professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, recordou, em seu depoimento, o seu primeiro dia de trabalho num local improvisado para ser o laboratório de neurociências. Ao ligar o ar-condicionado, causou uma pane no sistema elétrico do prédio, impedindo até que se completasse uma cirurgia que estava sendo realizada no Hospital das Clínicas. No Instituto de Botânica, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, os pesquisadores do laboratório de micologia, que
PESQUISA FAPESP
INSTITUIÇÃO W PROJETOS CONTRATADOS
USP
UNICAMP
UNESP
OUTRAS INST. ESTADO
708
451
586
366
212 INST. FEDERAIS
INST. PARTICULARES 32
INST. MUNICIPAIS
TOTAL 2.356
VALOR {R$)
109.940.035,58
32.307.589,36
40.473 .631 ,20
39.526.398,17
19.281.254,52
1.801.140,17
192.122,00
INVESTIMENTO POR ÁREA DE ATIVIDADE
ÁREA W PROJETOS CONTRATADOS VALOR {R$)
Agrárias 346 44.371 .015,15
Arquitetura 13 1.402.403,24
Astronomia 8 470.175,98
Biologia 265 27.857.028,77
Economia 9 878.396,98
Engenharia 470 40.908.657,60
Física 196 19.968.689,85
Geociências 92 7.561.347,41
Humanas e Sociais 144 15.437.447,86
Interdisciplinar 2 635.31 3,11
Matemática 43 7.007.319,68
Química 216 23.805.766,98
Saúde 552 53.218.608,39
Total 2.356 243.522 .171,00
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Reformas descentralizam • A • pesqu1sa agronom1ca
Instituições mais jovens se põem ao lado das mais antigas
Casa de vegetação: a recuperação dos laboratórios permitiu a retomada de pesquisas e o início de novas linhas
ências Agrárias e Veteririas sempre foram uma rea de tradição da pesquisa paulista. Os resultados de estudos reali
zados por instituições centenárias, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP,
, e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, modificaram e impulsionaram, ao longo do século 20, a atividade agrícola no Estado e no país. Por outro lado, instituições mais novas, como a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, a Facul-
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dade de Ciências Agronômicas de Botucatu e a de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, todas da Unesp, descentralizaram o ensino e a pesquisa agronômica de alto nível e deram importantes contribuições. Todas elas, entretanto, enfrentavam, na década passada, sérias dificuldades para dar prosseguimento às suas atividades. Algumas linhas de pesquisa estavam paralisadas. A aplicação de métodos e técnicas mais modernas, inviabilizadas pela falta de equipamentos e de condições estruturais dos laboratórios.
O Programa de Infra-Estrutura mudou esse cenário, com a injeção
de recursos da ordem de R$ 44,4 milhões. Reformas básicas como as das redes de energia elétrica e hidráulica, bancadas novas, adequação de espaço, climatização de ambientes, sistema de filtragem de ar, capelas para exaustão de gases tóxicos, pivôs de irrigação, casas de vegetação e estufas modificaram as condições de trabalho. No laboratório de Genética de Microrganismo, da Esalq, por exemplo, foram colocados vidros com proteção solar em 465 janelas, porque a insolação e o calor afetavam certas reações, informa a professora Aline Pizzirani Kleiner. As reformas no ambiente de pesquisa
PESQl:JISA FAPESP
foram complementadas com a aquisição de novos equipamentos.
Resultados visíveis - Os resultados não tardaram a aparecer. O Centro de Pesquisas em Sanidade Animal, uma unidade auxiliar da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, funcionava em condições precárias e hoje é citado como referência em revistas científicas internacionais. "Devido à estrutura que foi montada, firmamos convênios com empresas, que hoje garantem o nosso sustento': diz o professor Alvimar José da Costa, que coordena pesquisas para combater a cisticercose bovina, doença transmitida por um verme que pode contaminar o ser humano.
"Antes, quando acabava a luz, toda a cultura de embriões morria", conta José Antonio Visintin, do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. "Hoje, não ficamos devendo nada aos centros mais desenvolvidos de pesquisa." Com o espaço quatro vezes maior e novos equipamentos, o departamento refinou as pesquisas sobre clonagem de bovinos e avança nos experimentos de suínos transgênicos. No Departamento de Patologia, o setor de necropsia por anos impregnou corredores com o cheiro de animais mortos. "Não tínhamos câmara fria e os restos dos animais apodreciam em menos de 24 horas", relata o pesquisador Benjamin Malucell, do setor de microscopia. "Era comum encontrar nos corredores jibóias das pesquisas de Patologia Comparada, que escapavam das caixas onde ficavam, próprias para ratos", conta. Essas histórias estão na lembrança dos pesquisadores, uma vez que agora há uma sala adequada para a conservação das cobaias. Por sua vez, o biotério da faculdade, com novas instalações e equipamentos, recebeu recentemente a aprovação do Comitê Internacional de Ética Médica para importar duas linhagens transgênicas de camun-
PESQUISA FAPESP
dongo, usadas em pesquisas sobre câncer, informa o diretor da faculdade, José Palermo Neto.
A pesquisa agronômica também ganhou novo impulso. Na Esalq, em Piracicaba, os oito laboratórios do Departamento de Genética foram reestruturados. "Pudemos dar condições ótimas de trabalho aos pesquisadores': diz o professor Ricardo Antunes Azevedo, do laboratório de Genética Bioquímica. O Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da Esalq viveu readaptação semelhante. "Sem as reformas, não teríamos desenvolvido a tecnologia de produção in vitro do Trichogramma, na qual somos líderes na América Latina': afirma José Roberto Parra, que pesquisa o controle biológico de pragas agrícolas.
,
Agua e ar puros
Resultado: mais embriões
O Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootemia da USP regis
trou um aumento de 15% para 50% no desenvolvimento de embriões fecundados in vitro desde a conclusão das obras nos laboratórios, financiadas pelo Programa de Infra-
No IAC, a Divisão de Física do Solo pôde re1moar as suas pesquisas depois de passar por reformas e receber equipamentos, como um granulômetro a laser para realizar análises de amostras de solo e um novo sistema coletor de perdas por erosão. E o Projeto Seringueira, do Centro de Café e Plantas Tropicais do instituto, montou seus primeiros laboratórios com recursos do programa.
Estudos de fecundação in vitro de bovinos e suínos
Desde que foi criado, em 1992, as pesquisas eram feitas nas plantações. "Tudo na base do olho, observando as características externas da planta, o fenótipo': diz Paulo Gonçalves, coordenador do projeto, que agora pode acompanhar o desenvolvimento das seringueiras em laboratório. "O impulso à seringueira veio nos últimos seis anos", diz, referindo-se ao período pós-Infra. Os trabalhos do IAC certamente contribuíram para tornar o Estado de São Paulo, em 1999, o maior produtor nacional de borracha natural, com mais da metade das 85 mil toneladas produzidas no país.
Estrutura. Segundo o professor José Antonio Visintin, esse resultado, que tem evidente impacto nas pesquisas na área, foi possível depois que o laboratório passou a contar com gerador de energia, caixa d' água de 15 mil litros, sistema de refrigeração e filtragem de ar e, também, à reforma que separou os laboratórios de fecundação in vitro do de clonagem e transgenia animal.
"Trabalhamos com embriões, por isso precisamos de água e ar puros para evitar contaminações. Quando ocorria corte de energia, em segundos toda a cultura de embriões morria, e com ela, o trabalho
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de vários dias", relata José Antonio Visintin.
Antes da reforma, todas as atividades laboratoriais eram feitas em apenas dois ambientes. "Imagine preparar meios de cultura entre ovários de vacas e porcas." A aquisição de uma máquina para lavagem de materiais com água filtrada aumentou os padrões de higiene.
Novos espaços - Atualmente, o departamento mantém uma sala somente para o sistema de refrigeração, que distribui ar refrigerado nos ambientes com pressão suficiente para impedir que o ar externo invada os laboratórios. Com o espaço físico duplicado e mais bem adequado, novos laboratórios foram construídos e equipados, viabilizando a abertura de linhas de pesquisa. A montagem de um estábulo de suínos permitiu que o estudo da maturação de óvulos de porcas fosse complementado com pesquisas sobre espermatozóides e sua capacidade de fecundação. O centro cirúrgico construído ao lado, que realiza pesquisas de fecundação in vitro, já dispõe de toda a infra-estrutura para a implantação, em dois anos, de procedimentos de transgenia em porcas. Isto fechará uma linha de pesquisa com suínos, que inclui inseminação artificial, fecundação in vitro e clonagem.
Entre os outros novos laboratórios do Departamento de Reprodução Animal estão três de biologia molecular, um de fisiologia e um biotério. A ampliação e modernização do estábulo de bovinos, que antes abrigava todos os animais objeto das pesquisas, possibilitaram que se duplicasse o rebanho de touros e se incluíssem 15 vacas na criação. O lugar, que "era só lama': teve o chão concretado e ficou mais bem organizado com a instalação de cinco currais. No total, a Faculdade de Medicma Veterinária e Zootecnia recebeu, para reforma e modernização de seus laboratórios, aproximadamente R$ 5,1 milhões do Programa de Infra-Estrutura.
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Preparada para se manter na História
A centenária Esalq ganha novo fôlego
ola Superior de Agriculra Luiz de Queiroz Esalq), da USP, acaba de completar cem anos. Uma das mais antigas
instituições de ensino agrícola do país, a Esalq é também uma tradição na pesquisa agronômica. Hoje, a escola continua sendo um centro de excelência. Mas, para manter esse padrão, seus laboratórios receberam cerca de R$ 12,5 milhões do Programa de Infra-Estrutura, para recuperação e melhoria de instalações e aquisição de equipamentos mais modernos.
Os oito laboratórios do Departamento de Genética, por exemplo, foram todos reestruturados. "Só assim
pudemos dar condições ótimas de trabalho aos pesquisadores", diz o professor Ricardo Antunes Azevedo, do laboratório de Genética Bioquímica. Há 40 anos, lembra ele, quando o prédio foi construído, a manipulação de microrganismos era bastante restrita. "A estrutura antiga nos impedia de introduzir novas tecnologias:'
Controle biológico - O Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola viveu readaptação semelhante. Ali, os pesquisadores estudam e desenvolvem métodos de controle biológico de pragas agrícolas. Para isso, utilizam agentes naturais - vírus, bactérias, fungos ou
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mesmo insetos, como moscas e vespinhas - para o combate às pragas. Os insetos, chamados de parasitóides, são produzidos em laboratório: in vivo, isto é, criando juntos a praga e o seu inimigo natural, e in vitro, criando apenas o parasitóide, sem seu hospedeiro. "Sem as reformas, não teríamos desenvolvido a tecno-
Instalação do Departamento de Entomologia da Esalq: ali são realizados importantes estudos para controle biológico de pragas agrícolas
logia de produção in vitro do Trichogramma, da qual somos líderes na América Latina", diz José Roberto Parra, professor do Departamento. O parasitóide do gênero Trichogramma ataca e destrói ovos de outros insetos. Seu estudo permitiu a criação de outros parasitóides que atacam culturas diversas, como as de algodão, cana-de-açúcar, milho e tomate.
V árias outros departamentos da Esalq foram beneficiados com recursos do Infra, como o de Solos e Nutrição de Plantas e o de Epidemiologia de Doenças de Plantas.
PESQUISA FAPESP
Suporte microscópico
Embora integre o complexo de ensino e pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, o Núcleo de Apoio à Pesquisa em Microscopia Eletrônica Aplicada à Pesquisa Agropecuária (NAP/Mepa) dá suporte
Kitajima: acesso livre aos pesquisadores não apenas aos pesquisadores dos diversos departamentos da escola, mas, também, de outras instituições de vários Estados brasileiros e das mais diversas áreas. Com freqüência o Núcleo recebe estudantes e professores de odontologia, ciências agrárias, biomédicas e das áreas tecnológicas, além de atender ao seta r privado. O acesso aos equipamentos é franqueado aos pesquisadores. "Fazemos uma espécie de prestação de serviços. Eles podem vir aqui e executar seu próprio trabalho", diz o professor Elliot Watanabe Kitajima, coordenador do NAP/Mepa. Uma estimativa do Núcleo é que o uso dos seus aparelhos já permitiÚ o desenvolvimento de pelo menos 300 projetas de pesquisa.
Fundado em 1990, o Núcleo recebeu, inicialmente, recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para aquisição de parte dos equipamentos necessários. Em 1995, recursos da FAPESP para a compra de acessórios e alguns outros equipamentos permitiram que ele iniciasse as suas atividades. Posteriormente, recursos do Programa de Infra-Estrutura foram utilizados na melhoria da infra-estrutura do laboratório e na aquisição de novos equipamentos. Um deles foi um microscópio eletrônico de var-
redura de pressão variável - o Núcleo já dispunha de dois microscópios eletrônicos, um de transmissão e outro de varredura convencional.
Apesar de atuarem em diferentes áreas do conhecimento, os usuários do NAP/Mepa têm algo em comum: trabalham com materiais de proporções tão reduzidas que não podem ser observados em microscópio óptico, como por exemplo grãos de lipídios e fragmentos de célula, diz Kitajima. O microscópio de varredura destinase ao exame de superfícies. O microscópio eletrônico de transmissão permite a observação de amostras em suspensão ou cortes ultrafinos. Para preparar essas amostras, foi adquirido, com recursos do Infra, um ultramicrótomo, aparelho para cortar seções ultrafinas: 1/20.000 de milímetro - algo como cortar uma peça de 1 mm em 20 mil fatias. Outro aparelho adquirido com recursos do Programa de Infra-Estrutura foi o de criofratura, que permite o congelamento de um material biológico em temperaturas criogênicas (em nitro gênio líquido) e, em seguida, o fratura. Moldes das superfícies fraturadas podem ser feitos e observados no microscópio de transmissão.
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uando foi criado, em 1966, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) tornou-se a primeira instituição na América
Latina voltada exclusivamente para a utilização da energia nuclear na pesquisa agronômica. Entre as suas linhas de pesquisa estão o melhoramento de plantas, com a obtenção de novas linhagens por melhoramento genético, utilizando o bombardeamento de partículas como método de transferência genética, e por indução de mutações, a produção e a conservação de alimentos e o estudo dos ecossistemas tropicais. Para realizar essas pesquisas, o centro, que integra o campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), necessita de laboratórios e equipamentos modernos e seguros, já que trabalha com elementos radioativos.
Passados 35 anos de sua fundação, o Cena acumulava deficiências físicas que afetavam as pesquisas. A FAPESP, por meio do Infra, investiu R$ 4,1 milhões no centro, aplicados na reestruturação de 19 laboratórios, além da execução de obras e a aquisição de equipamentos. Foi realizada a reforma dos painéis de força, com substituição de disjuntares; o páraraios acabou com a freqüente queima de equipamentos; o telhado com infiltrações foi trocado, pondo fim às goteiras que inutilizavam os aparelhos de pesqfiisa; uma nova rede hidráulica oferece agora água limpa. Também a Casa de Vegetação central foi recuperada, assim como o depósito de rejeitos químicos, onde são armazenadas as sobras de todos os
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Mantida segurança no campo da energia nuclear
Cena avança no estudo em melhoramento de plantas
Laboratório de Carbono 14: estudo de paleovegetações
laboratórios. Este setor foi equipado com recipientes para classificação, armazenagem e reciclagem dos resíduos. "Os impactos do Programa de Infra-Estrutura foram e ainda serãÓ úteis por vários anos': diz o diretor do centro, Augusto Tulmann Neto. "Os reflexos foram altamente positivos na quantidade e na qualidade das pesquisas e nas atividades de extensão da instituição."
Carbono 14- Um dos 19laboratórios reestruturados foi o de Carbono 14, responsável por determinar a idade de amostras de solo, carvão, madeira, celulose, colágeno de ossos, conchas, corais e outra infinidade de materiais que contenham aquele elemento. Com base na presença de carbono -quanto menor, mais antiga é a amostra -, o laboratório reconstrói ambientes passados e pode até inferir mudanças sofridas pela vegetação e pelo clima de determinado lugar.
Sua principal linha de pesquisa é o estudo de paleovegetações brasileiras, desde o Sul do Brasil até a região amazônica. No mundo, poucos grupos de pesquisa realizam trabalho semelhante. No Brasil, apenas o Cena.
Segundo o professor Luiz Carlos Ruiz Pessenda, responsável pelo laboratório, cerca de R$ 800 mil, de R$ 1 milhão investidos nesse laboratório nos últimos anos, partiram do Programa de Infra-Estrutura. O restante foi repassado pela Agência Internacional de Energia Atômica, com sede em Viena, na Áustria. ''A linha de síntese de benzeno, que é o coração do laboratório, nunca parou, graças aos recursos da FAPESP", reconhece Pessenda. Entre 100 e 11 O amostras são datadas a cada ano. Cerca de 70% delas referem-se à pesquisa, principalmente básica, desenvolvida pelos pesquisadores do centro, e o restante atende a pedidos de arqueólogos e geólogos de universidades e empresas.
PESQUISA FAPESP
Dois tratares da década de 50, que até há poucos meses eram usados em todo tipo de serviço no campus Lageado
- uma das três fazendas da Facul-dade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, da Unesp -, foram parar no museu. Na última missão que cumpriram ajudaram a superar recentes dificuldades no cultivo de feno e legumes, itens necessários à produção de ração para os animais destinados à pesquisa.
O projeto de recuperação e renovação de máquinas e implementas das fazendas de ensino, pesquisa e produção da faculdade foi apenas um dos que a professora Eunice Oba, do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, encaminhou à FAPESP, há quatro anos, quando era diretora da unidade. A aprovação do projeto, no entanto, resultou em benefícios para toda a faculdade. Exemplo foi a recuperação da fábrica de ração, que, construída há quatro décadas, operava em ritmo lento nos últimos anos. Do total de aproximadamente R$ 1,5 milhão destinados pela FAPESP a projetas de pesquisa na faculdade, parte foi aplicada na renovação do maquinário e na modernização das instalações, na compra de dois tratares, de duas plantadoras- de capim e de milho-, de uma ensiladeira, entre outros equipamentos.
Resultado: hoje a fábrica atende a toda a demanda por ração, gastando apenas um terço dos valores despendidos anteriormente. Assessorada pelo setor de nutrição animal, a fábrica produz rações especí-
PESQUISA FAPESP
Da nutrição animal à pesquisa clínica veterinária
Na Unesp de Botucatu, o cuidado com a saúde da criação
Sistemas de climatização e iluminação induzem os ovinos à reprodução
ficas para bovinos, eqüinos, suínos, ovinos, caprinos, búfalos, coelhos e cães. "Hoje conhecemos a proporção de proteína bruta ingerida por animal", diz Eunice. Dados como esses aumentam o controle das pesquisas nas áreas de Reprodução Animal,
Cirurgia Veterinária, Clínica Veterinária e Higiene e Saúde Pública, realizadas a oito quilômetros dali, no campus Rubião Júnior.
O campus abriga as faculdades da Unesp em Botucatu, onde os investimentos do Programa de Infra-
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o outono e, assim, induzir os ovinos à reprodução. A estrutura do assoalho, com espaços entre as ripas, tornou o ambiente mais saudável. Até o final de 1999, nada disso existia. Não havia nem lugar próprio para o manejo dessas espécies. Coletas de sangue e sêmen, pesagem e ultra-sonografia de ovinos, caprinos, bovinos e eqüinos dividiam o mesmo espaço. ''As éguas se assustavam com o comportamento inquieto das ovelhas", conta o professor Dimas Bicudo. Ele e sua equipe perdiam tempo cercando bichos arredios.
Estrutura mudaram a realidade do ensino e da pesquisa. O Departamento de Reprodução Animal - um dos quatro da Medicina Veterinária- passou a contar com nove laboratórios. O que hoje é o Centro de Biotecnologia da Reprodução - instalado segundo padrões internacionais -não passava de um "barracão de madeira, de chão batido, com esgoto problemático, rede elétrica comprometida e completamente sucateado': segundo o professor Frederico Ozanam Papa, responsável pelo centro. Ali são feitas pesquisas e cirurgias em bovinos e eqüinos e, desde a conclusão das obras, no começo de 2000, o número de pós-graduandos que freqüenta o centro subiu de menos de dez para 50. Estudantes de vários Estados brasileiros e também de outros países da América Latina são atraídos pelo alto nível alcançado pelo curso. Na graduação, estudam cerca de SOO alunos.
Animais criados sob as novas condições atingiram maior peso
Pesquisa agrária- A Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu - que tem a maior parte de sua estrutura localizada nas fazendas, principalmente no campus Lageado -também recebeu recursos do Programa de Infra-Estrutura: cerca de R$ 1, 7 milhão para a reforma de seus laboratórios e de três
Ambientes integrados - A reestruturação dos ambientes do centro integrou a prática clínica, cirúrgica e de pesquisa. Antes, as diversas etapas de uma pesquisa eram feitas em lugares distantes: a coleta de sêmen, no campo; a colocação do corante na lâmina, num prédio; o congelamento do sêmen coletado, em outro. Agora, junto à nova área de coleta foi montado o laboratório didático, onde os alunos analisam as amostras recémcolhidas em microscópios eletrônicos conectados a uma câmera de vídeo. O setor de microscopia é um dos ambientes acrescentados pelareforma, assim como o laboratório de meios, onde são preparados os materiais de pesquisa, e o local onde são feitos exames de prenhez em éguas.
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O Laboratório de Ovinos e ca: prinos também foi reestruturado com verba do Infra-Estrutura. Pesquisa iniciada antes da reforma permitiu comparar um rebanho criado sob as condições antigas com outro, que cresceu nas novas instalações. Segundo o professor Sony Dimas Bicudo, os animais do segundo lote atingiram maior peso. "Ficamos empolgados. A qualidade dos experimentos depende da saúde dos animais." Mais funcional, o laboratório passou a contar com aparelho de laparoscopia para inseminação artificial, o que garante 70% de fertilidade contra os 30% da inseminação natural.
O estábulo de madeira deu lugar a uma construção de concreto, equipada com sistemas de climatização e iluminação que possibilitam simular
casas de vegetação, duas de Horticultura e uma de Defesa Fitossanitária. Nesta, os recursos permitiram torná-la três vezes maior, além de passar a contar com modernos sistemas de irrigação e dimatização. As pesquisas ali desenvolvidas buscam soluções para sanar doenças em culturas agrícolas com a utilização de agentes químicos, físicos, biológicos ou pela mudança no manejo.
"Vinte projetos tiveram suas etapas prejudicadas pela falta de espaço': conta o professor Antonio Carlos Maringoni, referindo-se ao período anterior à reforma. Ele exemplifica com o caso de experimentos com feijão e soja. Feitos em túneis plásticos, não permitiam o controle adequado do desenvolvimento da cultura e das doenças.
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uldade de ências Agráias e Veterinárias de Jaboticabal
Um hospital veterinário que é referência no Estado
Em ]aboticabal, a preocupação com a extensão
recebeu cerca de R$ 6,5 milhões do Programa de Infra-Estrutura, para reforma de seus laboratórios e instalações de pesquisa. Criada em 1964 e integrada à Unesp em 1976, quando do surgimento da universidade, a faculdade sempre teve atuação de destaque nas diversas linhas de pesquisa agronômica e veterinária, como nutrição animal e manejo das diversas espécies, sementes, plantas forrageiras, manejo de plantas dani-
A Clínica e Cirurgia Veterinária realiza 35 intervenções diárias em pequenos animais
nhas, controle biológico de pragas e genética.
A modernização dos laboratórios permitiu aos seus pesquisadores estar na linha de frente das mais avançadas pesquisas. Muitos participaram dos projetas Genoma Xylella, Genoma Xanthomonas citri e Genoma Cana-de-Açúcar, e continuam a participar da rede de laboratórios ligados ao projeto Genoma Funcional da Xylella fastidiosa, que visa obter informações sobre os mecanismos envolvidos no modo de ação dos genes da bactéria. A faculdade sedia também o Brazilian Clone Collection Center, o primeiro centro de estocageem de genes de bactérias e canade-açúcar.
Mas, desde a sua criação, a faculdade sempre se preocupou em levar
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o conhecimento gerado à comutlidade. O Hospital Veterinário pode ser citado como exemplo dessa integração entre ensino, pesquisa e extensão. Ali, os alunos têm aulas em salas integradas às atividades do hospital, que, por sua vez, com centros cirúrgicos modernos, pode pôr em prática novas técnicas e oferecer melhor atendimento.
Desde que foi construído, há 27 anos, o Hospital Veterinário é referência na região Nordeste do Estado de São Paulo. Suas instalações, contudo, eram inadequadas, segundo o professor Aparecido Antonio Camacho, do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária. Com os recursos do Infra, esse departamento e mais os de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal e
de Patologia Veterinária, que compõem a unidade do hospital, foram recuperados.
Na Clínica e Cirurgia Veterinária, 800 metros quadrados foram reconstruídos. Nesse departamento, que trata e faz cirurgias em pequenos animais, os atendimentos aumentaram 25o/o, atingindo a média diária de 35 intervenções. "O teta, de lã de vidro, tornava o calor insuportável nos dias mais quentes; o piso não era lavável; as redes hidráulica e elétrica estavam expostas, com risco de incêndio e de quedas freqüentes de energia", enumera Camacho. O departamento foi ampliado e recebeu novos ambientes, o que permitiu separar as práticas ambulatoriais das emergenciais e essas, dos atas cirúrgicos. A clínica odon-
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tológica, equipada para cirurgias, possibilitou o oferecimento de serviço inédito no hospital e criou um ambiente propício para o desenvolvimento de estudos.
Diagnósticos e cirurgias- Os recursos do Infra possibilitaram também a compra de aparelhos para anestesia e de facoemulsificação- este utilizado em cirurgias de catarata-, devidamente instalados numa ala exclusiva para cirurgias oftalmológicas em pequenos animais. Anteriormente à reforma, essa cirurgia era feita manualmenü~~ com índice de êxito 20% menor se comparado à nova técnica, pela qual a margem de sucesso chega a 90%. Pela facoemulsificação, o cristalino é fragmentado e aspirado de forma ultra-sônica.
Um outro equipamento, o de eletroretinografia, adquirido um ano antes, permanecia encaixotado por falta de instalações físicas apropriadas para instalá-lo, relata o professor José Luiz Laus, responsável pela oftalmologia. Único do gênero em escola pública na América do Sul, esse aparelho, que serve para diagnosticar doenças da retina, passou a examinar três animais por semana.
Antes da reestruturação, atendimentos cirúrgicos, emergenciais e de ambulatório eram feitos no mesmo espaço. "Não tínhamos a higiene necessária para cirurgias, havia alto risco de contaminação", salienta Camacho. Atualmente, além de sala para cirurgia oftalmológica, o hospital tem sala de cirurgia geral, também equipada com recursos do Infra. O setor de cardiologia, outra novidade viabilizada pelo programa, permitiu a expansão das pesquisas sobre doenças do miocárdio. Também o laboratório de emergência e de anestesiologia recebeu recursos do programa. "Com certeza, hoje conseguimos salvar mais vidas do que no passado", comemora Camacho, salientando ainda a melhoria de condições para realizar pesquisas sobre novos agentes anestésicos.
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Um patrimônio científico livre de ameaças
No IAC, linhas de pesquisa paralisadas foram retomadas
E m junho do ano passado, os 250 pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) comemoraram os 113 anos da
instituição com uma marca de 400 cultivares desenvolvidos e lançados no Estado de São Paulo e em outras regiões do país e relativos a cerca de 130 produtos agrícolas ali pesquisados. Há cerca de sete anos, contudo, todo o patrimônio científico, reunido no IAC em mais de um século de pesquisas, estava ameaçado, tal o estado de abandono e deterioração
dos laboratórios de sua sede e das estações experimentais. Muitas áreas e linhas de pesquisa estavam paralisadas. Para reverter esse quadro, desde a primeira fase do Programa de Infra-Estrutura os pesquisadores do instituto encaminharam projetas de reforma e modernização de seus laboratórios. No total das quatro fases, foram aplicados nos laboratórios do IAC cerca de R$ 6,1 milhões.
De início, foram recuperados 22 laboratórios instalados nos quatro prédios da sede e outros do Centro Experimental de Campinas. Divisó-
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rias de madeira foram substituídas por paredes de concreto, as redes elétrica e hidráulica foram reformadas, como também o teto. Bancadas foram renovadas e equipamentos fundamentais adquiridos. Em algumas áreas, isso possibilitou a retomada de atividades, como ocorreu na Física do Solo, desativada antes da reestruturação dos laboratórios de Análise de Estabilidade de Agregados no Solo, Curva de Retenção da Água no Solo e Análise Granulométrica. "Não se pode conceber a avaliação de um sistema de manejo sem a Física do Solo", diz a pesquisadora Sonia Carmela Falei Dechen, da seção de Conservação do Solo. ''A retomada permitiu acesso a informações preciosas e a parâmetros importantes no estudo do manejo." O granulômetro a laser, adquirido com recursos do Infra, analisa 100 amostras por hora; no processo manual, a média era de 50 determinações a cada mês.
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Enxurrada monitorada - Construído há 70 anos, o prédio que abriga a Física do Solo, localizado no Centro Experimental, em Campinas, passou a abrigar as cinco seções de pesquisa do Centro de Solos e Recursos Agroambientes. ''Atendemos à demanda de todo o Estado nessa área", salienta a pesquisadora. Ela destaca ainda a reforma total do campo de sistemas coletores de perdas por erosão, em área externa vizinha aos laboratórios. "Temos o único Sistema Coletor de Perdas por Erosão funcion.ando ininterruptamente na América Latina", orgulha-se. Talhões são plantações delimitadas por barreiras físicas, que fornecem dados para orientar o manejo do solo, com registras de perdas de água e terra de cada cultura, em enxurradas. No IAC, essas estruturas foram construídas em 1943 e nunca haviam recebido qualquer tipo de reparo. Além de reconstruir 80 dos 108 ta-
lhões- distribuídos nas estações experimentais de Campinas, Mococa e Pindorama -, o programa viabilizou a automação do sistema no Núcleo de Campinas.
''A principal vantagem da automação é que, agora, tenho a enxurrada monitorada minuto a minuto. Sei a que horas começou a chover e por quanto tempo, além de precisar o período crítico da enxurrada. Ou seja, tenho muito mais informações para indicar que tipo de cultura é melhor para cada solo': assinala Sonia Duchen.
Recursos genéticos - As obras deram estímulo também a outras atividades estratégicas do IAC. Na seção de Botânica Económica, o herbário foi protegido dos fungos e o Laboratório de Anatomia de Plantas recebeu novas bancadas e capela. No Laboratório de Biotecnologia, além das reformas, foram adquiridas duas autoclaves e uma estufa climatizada para as culturas de tecidos.
O Projeto Seringueira, desenvolvido pelo Centro de Café e Plantas Tropicais, conseguiu receber o seu primeiro laboratório. Criado em 1992, todas as pesquisas só eram realizadas no campo. De acordo com o coordenador do projeto, Paulo Gonçalves, foi apenas após o Infra que elas ganharam impulso. Também o intercâmbio de recursos genéticos foi intensificado com a construção de um novo quarentenário. Com a nova casa de vegetação, especialmente projetada para a quarentena de plantas, o instituto intensificou a troca de germoplasma com outras instituições de dentro e de fora do Estado. Os recursos do programa também serviram para materializar equipamentos que há muito se faziam necessários, como o sistema de irrigação com pivô central, capaz de irrigar 70 hectares, implantado no Núcleo Experimental de Campinas.
Plantio do Projeto Seringueira, do Centro de Café e Plantas Tropicais: primeiro laboratório montado
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N os principais centros de pesquisa em biociências no Estado de São Paulo, o ânimo dos pesquisadores está em
alta com o salto de competência ob-servado na área nos últimos anos. A principal evidência da mudança está nos recentes resultados da pesquisa genômica - iniciada, em 1997, com o projeto Genoma Xylella, realizado por uma rede de cerca de 200 pesquisadores de mais de três dezenas de laboratórios, no primeiro seqüenciamento completo de um fitopatógeno. O feito rendeu reconhecimento nacional e internacional à competência dos cientistas. Para a coordenadora do Centro de Genoma Humano da Universidade de São Paulo, Mayana Zatz, a conclusão daquele projeto mostrou, de forma muito clara, que é possível desenvolver pesquisa de ponta no Brasil.
Mas é consenso entre os pesquisadores que esse avanço científico não teria sido possível se alguns anos antes a FAPESP não tivesse começado a investir na recuperação dos laboratórios e instalações de pesquisa do Estado de São Paulo, por meio do Programa de Infra-Estrutura.
"Foi muito feliz a percepção da FAPESP de que não bastava investir na atividade de pesquisa, deixando a infra-estrutura dos laboratórios a cargo das instituições", afirma Mayana. A diretora-geral do Instituto Biológico, Vera Cecília Annes Ferreira, concorda e acrescenta: ''A maior parte da verba orçamentária das instituições é gasta com a folha de pagamento. No máximo, dá para fazer algum pequeno reparo, o que não é suficiente para manter em dia a estrutura de
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Um sopro de vida nos laboratórios de biologia Investimentos permitiram um salto de qualificação na área
Mayana: não basta investir na pesquisa
que os laboratórios necessitam': De fato, a situação da maioria
dos laboratórios de biologia até a metade da década de 90 era precária. As construções, sem reformas, estavam se deteriorando. Para que fossem desenvolvidas pesquisas faltava tudo: espaço, bancadas adequadas, energia elétrica, água, sistema térmico e de segurança e equipamentos. Mais grave: em muitos casos, havia problemas tão sérios que colocavam em risco a saúde dos pesquisadores ou comprometiam os resultados das pesquisas. Goteiras nos telhados ameaçavam os equipamentos e tornavam as paredes úmidas, que se tornavam hábitat para colônias de fungos. As infiltrações comprome-
tiam a estrutura de prédios inteiros e minavam o resultado das experiências. Além do risco de desabamento, havia ainda o perigo de incêndio, diante da fragilidade das instalações elétricas e das ligações improvisadas para que se mantivessem as atividades em andamento.
Passos de tartaruga - Esses problemas de infra-estrutura eram extremamente comuns e faziam parte do diaa-dia das pnne1pa1s universidades públicas do Estado - USP, Unicamp e Unesp - e de importantes centros de pesquisa do país, como os institutos Biológico, de Botânica e o Butantan. É evidente que essa precariedade comprometia os resultados das pesquisas. Apesar da persistência e da
boa vontade dos pesquisadores, a biologia no Brasil estava ficando para trás.
"A situação me deixava angustiada. Enquanto os pesquisadores lá fora estavam voando de jato, nós aqui andávamos a passo de tartaruga", compara Mayana. "Não tínhamos equipamentos e acabávamos pedindo emprestado dos outros. Andávamos quilômetros para analisar uma coisa aqui, outra lá", lembra a cientista.
A partir da aplicação dos recursos do Infra, começaram as mudanças. A FAPESP investiu nos laboratórios da área de Biologia R$ 27,8 milhões, beneficiando, entre outros, os institutos de Biociências da
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USP, em São Paulo, da Unesp em Botucatu e Rio Claro, o Instituto de Biologia, Letras e Ciências de São José do Rio Preto (também da Unesp ), o Instituto de Biologia da Unicamp e os institutos estaduais de pesquisa: Butantan, Biológico e de Botânica. O investimento permitiu reformar e modernizar laboratórios, que hoje estão em condições de atuar nas mais diferentes linhas de pesquisa.
Outro aspecto positivo dessas reformas, destaca Ivo Lebrun, do Departamento de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, foi o fortalecimento do intercâmbio entre os pesquisadores. "Aumentou a presença de pesquisadores de outras instituições, até do exterior, que se sentem animados porque o laboratório tem condições de desenvolver pesquisas mais avançadas", diz. E a comunidade científica comemora. Os laboratórios ficaram mais espaçosos - o que proporciona autonomia para as equipes de pesquisa, que, em alguns casos, criavam um rodízio informal para poderem ocupar assalas e usar os equipamentos em turnos - e já têm condições de receber também um número maior de alunos. "Acredito que vamos poder acomodar pelo menos mais três alunos de doutorado e pós-doutorado': afirma Mayana.
Com as reformas dos laboratórios, os pesquisadores passaram a trabalhar em ambientes mais limpos, arejados, seguros e, por conseguinte, mais agradáveis, o que trouxe reflexos importantes também sob o ponto de vista psicológico. "Nós vivíamos num ambiente escuro e deprimente. Hoje ficou tudo muito mais leve, melhorou o ânimo e, assim, também a produção", diz João Vasconcellos Neto, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Unicamp. A mudança que trouxe essa sensação de bem-estar, para Vera Cecília, pode ser resumida numa única frase: "Foi um sopro de vida".
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Biólogos festejam as boas condições de trabalho Crescem as pesquisas em áreas tradicionais e de ponta
Kerbauy: pesquisadores conviviam com falta de espaço e tubulação enferrujada
D epois de 40 anos, o prédio do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da USP, um dos
mais antigos do campus da Cidade Universitária, mostrava marcas do tempo e sinais de abandono. Entre as variáveis com as quais os pesquisadores deparavam estavam a falta d'água e um sistema elétrico inoperante. Os laboratórios inundavam depois das chuvas, o que era uma ameaça para os equipamentos. Sem verba para reformas, a saída era improvisar. "Quando um laboratório ficava sem água, puxávamos um cano lá de fora", conta Gilberto Barbante Kerbauy, vice-diretor do Instituto. Velha e enferrujada, a tubulação estava entupida; a rede elétrica, cheia de remendos e fios puxados de uma sala para a outra. "Para ligar um equipamento, precisava desligar outro." A falta de espaço era outra agravante: o pessoal de Biologia Molecular dividia o laboratório com a
equipe de Fisiologia Vegetal, por exemplo. ''As bancadas viviam ocupadas por docentes, pós-graduandos e estagiários, às vezes simultaneamente", conta Kerbauy. Nos corredores, armários, geladeiras e freezers bloqueavam a circulação. Todos esses fatores limitavam o volume e a qualidade das pesquisas.
"Mesmo com pessoal capacitado, faltava infra-estrutura para desenvolver pesquisas na qualidade desejada': avalia o pesquisador. A solução começou a ser desenhada na metade dos anos 90, com a construção pela universidade de um novo prédio para abrigar a graduação, liberando espaço para os pesquisadores. O Programa de Infra-Estrutura chegou nessa hora. Para Kerbauy, foi uma feliz coincidência. "Com a verba que recebemos pudemos expandir e modernizar todos os laboratórios. Foi a realização de um sonho de 20 anos."
Os recursos foram aplicados na ampliação e adequação dos laboratórios. Quatro casas de vegetação
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(estufas) ganharam sistema de climatização e foram criadas três salas de cultura de plantas de clima quente, com temperatura estável e umidade relativa do ar própria para espécies amazônicas em extinção.
dos, prejudicando os resultados dos estudos", diz Álvares Esteves Migotto, pesquisador do centro e responsável, no Biota, pelo censo dos cnidários, grupo que inclui águas-vivas e corais. No centro também se desenvolvem pesquisas aplicadas sobre substâncias bioativas e monitoramento da poluição marinha, entre outras. Suas dependências são ocupadas para aulas de graduação e pós-graduação, cursos de extensão universitária e simpósios.
Ainda no Departamento de Botânica, o Programa de Infra-Estrutura permitiu à pesquisadora Marie-Anne Van Sluys montar um laboratório de Biologia Molecular. Depois de adequado, foi esse laboratório o primeiro no Estado de São Paulo a instalar um seqüenciador automático. O laboratório participou dos projetos Genoma Xylella, Genoma Xanthomonas citri, e integra o projeto Genomas Agronômicos e Ambientais, que realizou o seqüenciamento genético da Leifsonia xili e de outras duas
Estação do CEBIMar: em breve, informações na Internet
As estações de meteorologia e de oceanografia completam as atividades ali desenvolvidas. Com intervalos de 10 minutos, os equipamentos registram a temperatura do ar, temperatura e salinidade do mar, direção e velocidade da corrente, nível do
variantes da Xylella. No total, o Instituto de Biociên
cias da USP recebeu do Programa de Infra-Estrutura, para reforma de laboratórios, cerca de R$ 4,2 milhões, que beneficiaram as pesquisas de outros departamentos, como os de Biologia, Fisiologia, Zoologia e Ecologia Geral, e também de um importante centro de apoio para estudos marinhos, o Centro de Biologia Marinha ( CEBIMar).
Laboratório à beira-mar- Inaugurado em 1954, o CEBIMar foi construído no litoral de São Sebastião quando ainda não existia a SP-55, trecho paulista da rodovia Rio-Santos. Modesto, mesmo depois de reformas e adaptações realizadas ao longo dos anos, o principal laboratório do centro continuava sujeito aos efeitos corrosivos da maresia e da umidade penetrante. Foi preciso demolir e reconstruir.
O novo laboratório é apoiado em pilares, o que evita o contato
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com a umidade do solo, facilita a ventilação e a manutenção das redes de água e luz, agora expostas sob a laje. Na parte interna, ar-condicionado e desumidificador ajudam a preservar os equipamentos,· como lupas e microscópios, sensíveis à ação de fungos. Para lidar com organismos marinhos, os pesquisadores contam hoje com água do mar encanada. As pias do laboratório têm duas torneiras, de água doce e outra de água salgada, fundamental para manter vivos os organismos marinhos.
A revitalização do CEBIMar, possível com os recursos do Infra -que liberou cerca de R$ 1,1 milhão para o centro-, acabou por beneficiar pesquisadores de outras instituições, como os da Unicamp e Unesp que atuam no Programa Biota, estudando organismos marinhos. "Sem laboratório à beira-mar, eles não teriam condições de manter vivos os organismos pesquisa-
mar e transparência da água. "São informações importantes para pesquisas de ecologia, que precisam de um monitoramento constante das variações ambientais", explica Migotto. Antes, os dados eram anotados à mão, duas vezes ao dia.
Sonho antigo - Ampliar e reformar o prédio do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Unicamp também era um sonho antigo dos seus pesquisadores. O departamento fora instalado de forma precária, num barracão de estrutura metálica, e já não comportava os cerca de 200 professores, funcionários, alunos e estagiários.
Havia infiltrações causadas por vazamentos de água e esgoto e a rede elétrica estava bastante danificada, com risco de incêndio. Os laboratórios não ofereciam condições mínimas de assepsia. Segundo João Vasconcellos Neto, professor do laboratório de Interações Animais e
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z
~ equipamentos à dispo-" sição, ele pode ousar " i mais nos seus projetas
de pesquisa", afirma.
Plantas, a quantidade de poeira e substâncias contaminantes era alarmante e prejudicava sua pesquisa, voltada para o controle biológico de pragas agrícolas. O trabalho corria bem em campo, mas derrapava no laboratório. Os recursos do Infra destinados ao Instituto de Biologia da Unicamp somaram cerca de R$ 3,4 milhões, aplicados na adequação de 70 laboratórios,
Laboratório de Biologia Molecular: seqüenciador automático
Pesquisa comprometida
- Um outro departamento do Instituto de Biologia da Unicamp beneficiado pelos recursos do programa de Infra-Estrutura foi o de Imunologia. Seus pesquisadores perceberam que a falta de condições dos seus
de diversos departamentos, o que permitiu novo ritmo às pesquisas.
Vasconcellos Neto tem novos planos de pesquisa. "Em zoologia, ainda há grupos inteiros que são totalmente desconhecidos. Temos muito trabalho pela frente." Outra que também está bastante animada com as novas instalações e condições de trabalho é a pesquisadora Fosca Pedini Pereira Leite. O laboratório de Biologia Marinha em que trabalha é sede da coordenação do Programa Biota para a área de organismos marinhos. Todos os meses eles fazem coletas em três áreas do Litoral Norte. O material coletado na areia e nos costais rochosos é levado para Campinas, onde é feita a triagem, catalogação e classificação. "Isso seria impossível sem espaços e bancadas adequadas."
Ousando mais - O único microscópio eletrônico de transmissão do Centro de Microscopia Eletrônica do Instituto de Biologia da Unicamp estava em atividade havia 30 anos. A sua capacidade original de aumento, de 60 mil vezes, acabou reduzida com o uso a 10 mil vezes. "Esse índice é muito baixo para quem lida com biologia celular e precisa de um aumento de no mínimo 50 mil vezes", explica Mary Anne Heidi Dolder, diretora do centro. A alternativa dos pesquisa-
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dores era usar microscópios de outras instituições, como faziam na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, em Piracicaba. ''A Unicamp dispunha de outros microscópios, mas era raro encontrar uma brecha para poder usá-los", comenta Mary Anne.
Do antigo centro ficou a estrutura do prédio. Dentro, tudo foi reformado: da instalação elétrica, que não suportaria a carga de novos equipamentos, até paredes, pisos e bancadas. Também foi preciso instalar um aparelho de ar-condicionado a fim de garantir a temperatura necessária para o funcionamento dos novos microscópios eletrônico~ de transmissão e de varredura. Foram equipadas ainda duas salas para o preparo de materiais para análise.
O centro agora realiza análises para pesquisadores de diversos departamentos e é procurado principalmente para estudos de biologia celular, histologia e anatomia, além de microbiologia, zoologia e botânica. "Hoje estamos equiparados aos melhores laboratórios e atendemos a pesquisadores de várias partes do país, que não têm os mesmos recursos em suas cidades", diz Mary Anne. Para o pesquisador Áureo Tatsumi Yamada, ex-diretor, a recuperação do centro fez mais do que atender a uma demanda reprimida. "Quando o pesquisador tem esses
dois biotérios estava comprometendo as pesquisas. Um estudo, coordenado pela pesquisadora Liana Verinaud, demonstrou que os animais ali mantidos estavam expostos a contaminações que interferiam nas respostas aos testes com patógenos específicos. "Vínhamos observando sérias alterações nos resultados das pesquisas: não eram repetitivos e de repente nos deparávamos com dados inesperados", diz Liana, que confirmou as suspeitas ao detectar um vírus que interferia em testes da doença de Chagas.
Foi preciso isolar áreas comuns de circulação daquela em que os animais são mantidos e submetidos a experimentações. A circulação do ar passou a ser controlada por meio de filtros e foi instalado um sistema de exaustão para dissipar odores. A temperatura passou a ser estável e todo o material que entra em cantata com as cobaias é esterilizado. "Reduzimos em quase 100% o nível de contaminação, o que nos dá um grau de certeza muito maior em relação aos resultados", diz Liana. Não é difícil avaliar a importância disso. Além da doença de Chagas -pesquisa desenvolvida com o Instituto Pasteur de Paris -, os estudos ali desenvolvidos buscam respostas para muitas dúvidas que ainda existem sobre inflamações, infecções por fungos e desenvolvimento de tumores.
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Atribuição que o InstituButantan - um centro
de excelência internacional em pesquisas e pro
dução de soros antipeçonhentos - já deu para o pa1s e inestimável. Criado em 1901, pelo médico Vital Brazil, para combater uma epidemia de peste bubônica no porto de Santos, em seus laboratórios foi desenvolvida a tecnologia de produção em larga escala devacinas e soros contra venenos animais e doenças que ameaçam o ser humano. Lá são fabricados atualmente 15 variedades de soros antipeçonhas, seis tipos de vacina simples e combinadas contra tétano, difteria, coqueluche, tuberculose e raiva e ainda o Anti CD3, usado na prevenção de rejeições em cirurgias de transplante. Todos os anos, ali são produzidos muitos milhões de doses para abastecer postos de saúde de todo o país.
Apesar do reconhecimento no campo científico e da importância para a saúde pública, seus pesquisadores enfrentavam dificuldades. Até 1984, a produção de soros era artesanal. Sem investimentos para a introdução de técnicas modernas, a produção de vacinas ficaria seriamente comprometida. Criouse então, naquela época, o Centro de Biotecnologia: a linha de produção passou a ser automatizada e foi lançada uma nova geração de produtos destinados ao sistema público de saúde. O investimento resultou na ampliação da linha de medicamentos: vacinas contra meningite C e hepatite B, a toxina botulínica e biofármacos, como a eri-
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Butantan equilibra linha de produção e pesquisa Recursos do Infra incentivam trabalho no laboratório
tropoetina (para pacientes que aguardam transplante de rim) e o surfactante pulmonar (usado no combate à síndrome de imaturidade pulmonar).
No entanto, o Butantan precisava suprir uma lacuna na área de pesquisas. Isso porque a maior parte do seu orçamento- verba governamental e faturamento com a venda de vacinas e soros - é prioritariamente destinada à produção. Por isso, os laboratórios conviveram com problemas de infra-estrutura, que minavam o desenvolvimento das pesquisas. Os prédios eram da época
da fundação da instituição e alguns foram construídos para abrigar animais, como as cocheiras que acabaram transformadas em laboratórios. Ivo Lebrun, do Laboratório de Bioquímica e Biofísica, lembra que as instalações estavam inadequadas à linha de pesquisas ali desenvolvida, que lida com o isolamento de toxinas de venenos de serpentes para identificação de princípios ativos com potencial de uso na área médica.
Totalmente modernizados com verba do programa de Infra-Estrutura da FAPESP, que investiu cerca de R$ 2,7 milhões no instituto, os la-
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boratórios passaram a operar com outro padrão de qualidade. As reformas no laboratório de Lebrun permitiram, por exemplo, adequar espaços e instalar os equipamentos necessários para o emprego de técnicas de biologia molecular. São técnicas fundamentais, pois permitem que as toxinas usadas nas pesquisas sejam produzidas no próprio labo-
!saias Raw: recursos beneficiaram vários laboratórios-fábrica do Centro de Biotecnologia, onde são produzidos medicamentos
ratório. Com isso, os pesquisadores não precisam mais ficar na dependênCia de alguma sobra de veneno. A técnica também evita a constante necessidade de extração de venenos dos animais, alguns bastante raros.
"A quantidade de veneno sempre foi um fator limitante, principalmente de animais como aranha e escorpião. Hoje temos a possibilidade de obter esse material em meio de cultura ou na bactéria na quantida-
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de que queremos e estudar com mais freqüência e com menos dificuldade", afirma Lebrun. O potencial é grande. "Esses venenos produzidos pela natureza oferecem uma série de compostos biologicamente ativos que ainda não passaram por um estudo mais intensivo", diz. Um bom exemplo disso é o recente registro de uma patente para um anti-hipertensivo originado do veneno da jararaca. O estudo foi desenvolvido no Centro de Toxinologia Aplicada do Instituto Butantan, que é um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento ( Cepids) criados pela FAPESP.
Outra linha importante das pesquisas é realizada no laboratório de Inflamação e Dor- uma área totalmente reformada e adequada para esse tipo particular de estudo. Lá os animais, geralmente camundongos, passaram a ser mantidos em salas com temperatura e luminosidade adequadas e à prova de ruídos, para evitar que o estresse provocado pelo movimento de pessoas e o cheiro de outros animais interfiram nos resultados dos testes. Eles são inoculados com vários tipos de toxinas e submetidos a testes mecânicos para avaliação do nível de dor ou de analgesia provocada pelo en.venenamento.
Antes das reformas, o laboratório funcionava junto com a Fisiopatologia, o que trazia sérios inconvenientes. "Estávamos constantemente perdendo resultados por interferências externas. Agora não temos mais que repetir tantas vezes os testes, então a pesquisa avança muito mais", diz Yara Cury, da Unidade de Dor. A expectativa aqui também é melhorar a eficácia dos soros, adicionando substâncias que possam reduzir a forte dor provocada pelo veneno da maioria dos animais peçonhentas.
O ambiente principal de trabalho na Fisiopatologia, que compreendia quatro salas, foi transformado num amplo laboratório, iluminado e com mais espaço para bancadas.
"Esperávamos por isso desde 1994", conta a pesquisadora Ida SanoMartins, que desenvolve experimentos em animais e pacientes envenenados para estudar os efeitos das toxinas e sua atividade biológica. Identificando mais detalhadamente a ação das toxinas no organismo, Ida acredita que seja possível melhorar a eficiência dos soros antivenenos. Para isso, ela conta com o apoio de centros médicos em todo o país.
No laboratório de Farmacologia, dificuldades também foram superadas. "Chovia e tínhamos que cobrir os equipamentos com plásticos", conta Catarina Teixeira, chefe do setor. Outro problema era observar as mudanças de comportamento dos animais nos testes com venenos que atuam no sistema nervoso central, uma das principais linhas de pesquisa do laboratório. Vários fatores colaboraram para as melhorias: um antigo banheiro deu lugar a um bem montado biotério, com sistema de exaustão e câmera de vídeo para observação. A sala de cultura foi construída em uma área ociosa de acordo com padrões internacionais; a parte elétrica também recebeu atenção especial que garante funcionamento ininterrupto da estufa e a qualidade no fluxo laminar para não comprometer as culturas.
Também no Centro de Biotecnologia, onde as pesquisas são dirigidas para a produção em larga escala, vários laboratórios-fábrica foram beneficiados. Um dos resultados dos investimentos do Programa de Infra-Estrutura foi a montagem do laboratório onde está sendo criada a linha de produção de surfactante pulmonar, motivo de comemoração para Isaías Raw, diretor do centro. Os pesquisadores também comemoram: cresceu a troca de informações e trabalhos em colaboração com colegas de outras regiões do país e do exterior. "Hoje as pesquisas são multidisciplinares e multiinstitucionais. Só é possível desenvolvê-las em condições materiais adequadas", diz Lebrun.
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odernização dos labotórios do Instituto de
Botânica já começa a produzir os primeiros frutos. As pesquisas
deslancharam num ritmo que surpreende até os pesquisadores e a preparação de trabalhos científicos para publicação também está mais acelerada. O laboratório de Ficologia, por exemplo, já reuniu mais de 3.500 amostras de algas de água doce e salgada, coletadas em quatro décadas de dedicação. O pesquisador Carlos Bicudo, que coordena no Programa Biota-FAPESP o levantamento das espécies de algas que ocorrem em São Paulo, está animado e afirma categórico: "Produzimos mais nestes últimos dois anos do que nos 40 anteriores". Com melhores condições de trabalhos e equipamentos mais modernos, os resultados estão aparecendo. O primeiro dos 13 volumes sobre a fauna de algas do Estado está pronto para ser publicado. "As pesquisas agora saem. É uma linha de produção", diz Bicudo.
Nem sempre foi assim. Criado em 1938 com o objetivo de desenvolver pesquisas na área de botânica para subsidiar a política ambiental do Estado e mantido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, os 18 prédios do instituto, que abrigam laboratórios, herbários, palinoteca (coleção de pólen), xiloteca (amostras de madeiras) e o Museu do Jardim Botânico, foram construídos nas décadas de 60 e 70 e há mais de 20 anos não recebiam nenhum investimento em infra-estrutura.
O apoio da FAPESP, cerca de R$ 2,2 milhões, permitiu recuperar a infra-
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Instituto de Botânica ganha espaço e dá aula de ciência Com novas instalações, cresceram as linhas de pesquisa
Maria Amélia, da seção de Dicotiledôneas, dispõe agora de quatro microscópios
estrutura de pesquisa, deteriorada após anos de adaptações, como ocorria no prédio do laboratório de Ficologia. Construído para abrigar um herbário, nada ali estava adequado ao estudo de algas. Em outros laboratórios, a umidade provocada por vazamentos e goteiras gerava a proliferação de fungos indesejáveis nas paredes, como no de Micologia, onde trabalha o pesquisador Adauto Ivo Milanez, que dirigiu o instituto de 1995 a 1999. Era uma ameaça constante de contaminação para outros fungos, cultivados com finalidades específicas. Na seção de palinologia, as pesquisas com pólen também estavam comprometidas. Enferrujados, os caixilhos das janelas não vedavam adequadamente e o pólen das árvores que circundam o instituto invadiam o laboratório na época da floração e contaminavam as amostras.
Os recursos do Programa de Infra-Estrutura foram utilizados para reforma dos ambientes de trabalho, recuperação de rede hidráulica e elétrica, instalações e equipamentos. E os resultados não se fizeram esperar, em quantidade de trabalhos produzidos e em qualidade. Maria Amélia Vitorino da Cruz Barros, chefe da seção de Dicotiledôneas, da Divisão de Fitotaxonomia, está entusiasmada. O laboratório adquiriu quatro novos microscópios, três comuns e um fotônico, acoplado a uma câmera e impressora. "O fotônico revolucionou nosso trabalho." O feixe de luz desse microscópio faz cortes que permitem visualizar e medir de forma precisa as estruturas das camadas do pólen, cujos grãos podem chegar a 2 micrômetros de diâmetro. Conectado a outros meios informatizados, o aparelho acelera a preparação de artigos científicos. "Um
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trabalho que antes levava três meses hoje é feito em apenas um mês", afirma Maria Amélia. Por permitir a identificação de espécies vegetais, o estudo do pólen tem grande aplicação em programas de preservação ambiental. A partir de amostras colhidas no solo de regiões já devastadas, os pesquisadores podem identificar as espécies que cresciam no local e até mesmo obter, por dedução, dados de clima, chuvas e indicar que animais habitavam a região.
No laboratório de Fisiologia e Bioquímica de Plantas, as cinco novas capelas (eram duas) e as condições de estocagem dos reagentes e solventes orgânicos resultaram no aumento de segurança. Climatizadas, as salas de cultura permitem avaliar melhor a resposta das plantas a estímulos que afetem o seu desenvolvimento e provoquem mudanças bioquímicas. Para o pesquisador Edson Paulo Chu, sem essas reformas, dificilmente o laboratório conseguiria dar conta dos projetos. Na linha de pesquisas com plantas medicinais, uma substância com atividade anticancerígena está praticamente pronta para ser testada em animais.
Livre do bolor e de outros obstáculos técnicos, Milanez ganhou mais um motivo para adiar a aposentadoria. Suas pesquisas com fungos também indicam resultados promissores. Especialista em fungos da Mata Atlântica, ele estuda agora os do Cerrado. "Queremos descobrir que fungos existem no solo e que papel eles podem desempenhar na agricultura", explica. Milanez acredita que algumas espécies poderiam ser eficientes agentes naturais contra pragas agrícolas ou para a recuperação de solos contaminados por resíduos industriais e exploração mineral.
Mas Milanez assinala outros resultados positivos do Programa de Infra-Estrutura. O Instituto de Botânica, agora, tem condições de receber mais alunos e já há interesse na criação de um curso de mestrado sobre biodiversidade.
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Biológico entra na era da pesquisa de fronteira Instituto, em São Paulo, supera a crise de infra-estrutura
Antes, águas entravam pelas janelas sobre os equipamentos
Desde 1927, quando foi criado com a missão de controlar a infestação da broca-do-café, qúe devastava os cafezais
paulistas, o Instituto Biológico fez história como centro de excelência em pesquisas voltadas à defesa sanitária animal e vegetal. Ali se desenvolveram vacinas contra a febre aftosa dos bovinos e a doença de Newcastle, que ataca as aves. Seus pesquisadores descobriram doenças que dizimam plantações e seus agentes, como o carvão-da-cana-de-açúcar, causado pelo fungo Ustilago scitaminea, e, em colaboração com pesquisadores franceses, a clorose variegada de citrus (CVC), causada pela bactéria Xylella fastidiosa.
Mas nem mesmo esse histórico repleto de feitos científicos foi capaz de livrar a instituição da escassez de investimentos em infra-estrutura
para pesquisa, que lhe permitissem acompanhar a evolução científica. O orçamento, repassado pela Secretaria da Agricultura, à qual o instituto está vinculado, consome-se integralmente com a folha de pagamento de funcionários e despesas de manutenção. Durante anos, reformar laboratórios ficou em segundo plano. "Nossa instituição vinha numa curva descendente", afirma Vera Cecília Anes Ferreira, diretora-geral da instituição.
Por trás da imponente fachada do prédio principal, construído nos anos 60, o que se via no Instituto Biológico era o efeito do tempo. Pouca coisa funcionava. Um vazamento de gás no jardim culminou no corte do fornecimento. A tubulação estava comprometida e exigiria uma reforma que consumiria vultosos recursos. A rede elétrica não suportava a carga exigida pelos equi-
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pamentos e os canos d'água estavam enferrujados, com pontos de vazamento. "Perdemos equipamentos e até um destilador, por causa da ferrugem", conta Joana D'arc Felício de Souza, pesquisadora do Laboratório de Produtos Naturais. Quando chovia, a água atravessava as janelas corroídas pela ferrugem, escorria pelas paredes e inundava bancadas. "As janelas tinham de ser forradas com plásticos e, para proteger os equipamentos da água, era preciso colocálos sobre caixotes de madeira': rememora Joana D'arc.
Além de embaraçosa, a situação era perigosa. Sem armários adequados, reagentes e solventes orgânicos ficavam em prateleiras ao longo dos corredores, sem qualquer proteção. Não havia acessórios de segurança, fundamentais em caso de acidentes com produtos químicos. E pior: as capelas de exaustão estavam quebradas. "Já não serviam nem para rezar", brinca Vera Cecília. Joana D'arc foi uma das que mais sofreram com o problema. Sua linha de pesquisa - química e farmacologia de produtos naturais - exige o uso constante de reagentes e solventes. Sem um sistema de exaustão adequado, os gases produzidos pela evaporação desses produtos contaminavam o ambiente. No final de um dia de trabalho, ela precisou ser internada em um hospital, com diagnóstico de bronquite, possivelmente ocasionada pela inalação de gases tóxicos.
A segurança é um assunto sério no Instituto Biológico, que conta com laboratórios de segurança, classes 2 e 3 (segundo a classificação de segurança, os níveis extremos são o 1 - de baixa periculosidade - e 4 - de alta periculosi-
pecial. "É fundamental tratar efluentes, separar área limpa e área suja e ter bons sistemas de exaustão", exemplifica Vera Cecília. "Sem esses cuidados, é muito arriscado trabalhar com zoonoses", diz.
Vida nova - Hoje, com 80% dos laboratórios totalmente modernizados, o ânimo voltou ao Instituto Biológico. O investimento da FAPESP- de R$ 2,7 milhões- foi suficiente para recuperar não apenas os laboratórios da capital, mas também os de outras 13 unidades em municípios do interior do Estado. Entusiasmada com a nova instalação de seu laboratório, Vera Cecília comenta: "É um laboratório de Biologia Molecular, mas parece uma casa de noiva".
Teto, piso, bancadas, armários, tudo foi reformado. Criaram-se assim as condições para que o laboratório pudesse receber seqüenciadores e participar do Projeto Genoma Xylella. "Se hoje estamos desenvolvendo pesquisas na fronteira do conhecimento, é porque tivemos antes apoio do Infra", reconhece Vera Cecília. Para ela, participar do projeto foi fundamental não apenas pelos resultados obtidos, mas, principalmente, por seus desdobramentos. "Hoje temos metodologia em biologia molecular para diagnósti"co das principais doenças na agricultura", afirma.
O trabalho do instituto para recuperar a sericicultura (cultura do bicho-da-seda), uma atividade familiar em franco declínio por problemas sanitários, é um exemplo desse avanço. As novas técnicas de biologia molecular podem identificar os patógenos que atacam essa cultura, facilitando o controle sanitário. O projeto conta com o apoio da indústria da seda e dos sericicultores.
No laboratório de Bacteriologia Geral e Micobacterioses, a pesquisadora Eliana Roxo também se mostra animada com o novo rumo das pesquisas. Eliana participa de um projeto de pesquisa, financiado pela FAPESP no âmbito do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, para avaliar o potencial de veiculação de agentes patogênicos no leite e derivados. Para identificar micobactérias responsáveis pela transmissão da tuberculose, sua equipe analisa amostras apreendidas pela Defesa Sanitária Animal do Estado. A contaminação do leite pode ocorrer tanto na origem, ou seja, a vaca doente, como no manuseio inadequado do produto. Em outra linha de pesquisa, Eliana busca métodos mais rápidos de diagnóstico para a tuberculose bovina, o que pode levar até seis meses. Sua meta, com novas técnicas, especialmente moleculares, é reduzir a identificação dos bacilos para um ou dois dias.
Os planos e as perspectivas do
dade), onde se trabalha com patógenos que ameaçam a saúde humana, como vírus da raiva e bacilos da tuberculose, o que exige uma infra-estrutura es-
Locais para pesquisa: espaços totalmente modernizados
Instituto Biológico são tão animadoras que Vera Cecília não se atém mais ao tempo em que precisava visitar os colegas de outros institutos apenas para centrifugar material de pesquisa. A sensação de desânimo provocada pela falta de condições de trabalho de Joana D' are também ficou para trás. No lugar dela, um sabor de vitória e reconhecimento pelo trabalho de quase uma vida. "Graças a esse investimento, estamos escrevendo uma outra his-tória", afirma.
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Programa de Infra-Estrutura destinou aos laboratórios das di-
Laboratórios essenciais para a saúde pública Recursos garantem melhor pesquisa e atendimento
versas instituições de pesquisa da área da Saúde R$ 53,2 milhões. Um recurso -testemunham em uníssono os pesquisadores da área -que chegou no momento limite, a tempo de evitar um colapso nas pesquisas. "As instituições públicas de pesquisa em geral, incluindo os laboratórios essenciais para o desenvolvimento da medicina e da saúde pública no país, estavam de tal forma deterioradas que, se não fosse o Infra, a maioria delas estaria hoje sem quaisquer con-
Bancada de ensaios no Hospital das Clínicas de São Paulo: alvenaria e equipamentos
dições para a realização das pesquisas." A afirmação é do diretor da Unidade de Hipertensão da Divisão de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca do Incor, ligado ao Hospital das Clínicas da USP, Eduardo Moacyr Krieger, presidente da Academia Brasileira de Ciências. Ele acrescenta: "A situação estava tão drástica, à beira da calamidade, que muitos laboratórios não dispunham nem da mais básica infra-estrutura, muito menos podiam contar com os recursos tecnológicos sofisticados, fundamentais para qualquer pesquisa séria':
As conseqüências se faziam sentir na pesquisa, mas, também, no atendimento à sociedade. Afinal, a maior parte dos resultados das pesquisas na área da saúde tem aplicabilidade imediata ou de médio e longo prazos. Isso para não falar nos estu-
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dos realizados nos hospitais de clíni.ca das faculdades de Medicina e em instituições como o Instituto do Coração (Incor), diretamente relacionados com o atendimento médico. Ou, ainda, situações como as do Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria de Saúde do Estado, e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, que desenvolvem trabalhos - como os de análise toxicológica de alimentos e a análise de composição de medicamentos - diretamente relacionados com a saúde pública.
Instalações e equipamentos - Os recursos do Infra beneficiaram instituições tradicionais, como a Faculdade de Medicina da USP, a Universidade Federal de São Paulo e o Adolfo Lutz, mas, também, instituições mais novas, mas não menos
importantes, como o Instituto de Ciências Biomédicas da USP, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicarnp e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp em Araraquara.
O primeiro passo foi investir na recuperação das instalações dos laboratórios. Os investimentos não ficaram restritos às reformas emergenciais de alvenaria, sistemas elétrico e hidráulico e à instalação de novos armários e bancadas. ''Antes do Infra, disputávamos espaço com baratas e cupins e sofríamos amargamente com as chuvas e inundações que atingiam o interior do prédio e os laboratórios': diz, empolgada, a pesquisadora Mileni Ursich, do Departamento de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da USP.
Os resultados foram quase que imediatos. "Ficou mais fácil traba-
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lhar. A qualidade das pesquisas melhorou em mais de 100%': avalia o professor do Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp Athanase Billis, depois que passou a usar o fotomicroscópio, adquirido com recursos do Infra, que, acoplado a um sistema de morfometria, permite analisar fragmentos de células de órgãos comprometidos de pacientes com câncer e doenças renais com maior acuidade.
Os biotérios, instalações indispensáveis à pesquisa na área, também foram beneficiados. "Um biotério com rígido controle dos parâmetros ambientais e com animais de origem estritamente confiável, em acordo com as linhagens aceitas e catalogadas pelos padrões internacionais, é de extrema importância para a qualidade das pesquisas, principalmente dos estudos em medicina", explica Maria Inês Rocha Miritello Santoro, responsável pela reforma geral do biotério de cria- -
Experimentos com drogas e terapias Biotérios ganham melhores condições de trabalho
ção, manutenção e experimentação Biotério credenciado: de acordo com o Comitê Internacional de Ética Médica que serve a todos os pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e do Instituto de Química da USP.
Maria Inês estuda a eficácia de filtros solares para a prevenção do câncer de pele. Para ela, o programa mexeu até com o lado psicológico dos pesquisadores, técnicos e estudantes em todos os laboratórios da faculdade beneficiados. "A meu ver, a melhoria da qualidade de vida do ambiente de trabalho, no qual todos passam a maior parte do dia, foi um dos fatores que influenciaram no ganho de produtividade."
Na Unesp de Araraquara, o Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas ganhou um laboratório de biossegurança nível P-3, para a pesquisadora Clarice Queico, da microbiologia, que trabalha com a Mycobacterium tuberculosis. O laboratório recebeu a certificação para trabalhar com organismos geneticamente modificados de alto risco.
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E xperiências em animais são úteis para que pesquisadores testem futuras técnicas terapêuticas e medicações. Por isso, ds
biotérios dos centros de pesquisa onde são criadas e mantidas as cobaias foram tambéu. contemplados com recursos d " Programa de Infré:l ·Estrutura. ''Antes, todos os procedi mentos com animais eram feitos dentro dos laboratórios e o cheiro era insuportável. Operávamos ratos no meio do corredor, em uma mesinha improvisada em lugar por onde circulam dezenas de pessoas", lembra a pesquisadora Helena Bonciani Nader, coordenadora do Instituto Nacional de Farmacologia (Infar), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp ), que recebeu cerca de R$ 860 mil.
No Laboratório de Experimentação Animal do Infar, criado com recursos do Infra, o biotério está sen-
do utilizado para o estudo do metabolismo hepático, com a investigação da ação das calicreínas - enzimas envo~ v idas nos processos de inflamação e coagulação-, depois depuradas no fígado. Outras linhas de pesquisa também se beneficiaram, como o estudo das plantas medicinais, da ação de várias drogas e das p1 oteínas envolvidas no processo de trombose. "Reformamos e espaço para receber o biotério, compramos estantes e gaiolas metabólicas e equipamentos necessários para isolar as diferentes linhagens de animais", conta Helena. A maior parte das pesquisas necessita de cobaias, especialmente ratos e camundongos.
Traumas e hipertensão - Parte dos cerca de R$ 720 mil destinados pela FAPESP à pesquisa ao Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da USP, foi aplicada na adequação do biotério para ser utiliza-
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do pelos pesquisadores dos grupos de choque, hipertensão, condicionamento físico, biologia vascular e aterosclerose e cirurgia toráxica. "Agora o Incor pode dizer que tem um biotério dentro do padrão de um centro de pesquisa", comenta Maurício da Rocha e Silva, chefe do Serviço de Fisiologia Aplicada e responsável pelo biotério.
Além das vantagens para a unidade de hipertensão e para outros grupos de estudo, o biotério trouxe benefícios para o projeto temático do professor Maurício da Rocha e Silva, que trabalha com fisiopatologia do choque circulatório. "Estudo as hemorragias graves causadas por traumas, para verificar como elas evoluem e quais os procedimentos iniciais que devem ser tomados': explica. Os traumas com hemorragia são causados principalmente por acidentes de automóveis e ferimentos criminosos. Todas as experiências são feitas em cães e ratos.
Araraquara - O campus da Unesp em Araraquara renovou pelo menos dois dos seus biotérios para pesquisas médicas, localizados nos departamentos de Ciências Biológicas e de Princípios Ati vos Naturais e de Toxicologia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas. A faculdade recebeu cerca de R$ 2,13 milhões do Infra.
O primeiro biotério ficou a cargo da professora Deise Pasetto Falcão e atende 12 pesquisadores do departamento de Ciências Biológicas, que inclui os segmentos de microbiologia, imunologia, saúde pública e parasitologia. Deise estuda uma bactéria patogênica intestinal, a Yersinia sp, e prepara anti-soros em coelhos para estudo. "Não tínhamos biotérios. Os animais ficavam dentro dos laboratórios ou nos porões da faculdade, em condições precárias e com alto risco de contaminação", conta Deise.
O professor Georgina Honorato de Oliveira, do Departamento de Princípios Ativos Naturais e Toxicologia, usou a verbas na construção
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de um biotério que atende aos laboratórios de farmacologia, farmacognosia, toxicologia e botânica. Esse biotério conta com uma sala de monitoramento de vídeo para pesquisas comportamentais.
"O novo biotério possibilitou aumento do número de pesquisas e ganho de qualidade. Também
ajudar os transplantes de córnea e a trazer novas informações sobre as alterações do olho provocadas por doenças, como diabetes", explica. Outro estudo desenvolvido no biotério aborda as modificações do comportamento de medo e defesa dos ratos frente a lesões no sistema nervoso central (SNC).
Biotério na Unifesp: estudo do metabolismo do fígado e de plantas medicinais
abrimos novas linhas, como trabalhos de neurotoxicidade a praguicidas, usando experimentos em galinhas", diz ele.
Ribeirão Preto - No Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, o professor Eduardo Miguel Laicine aplicou recursos do Infra na reforma total e modernização de um biotério de manutenção e experimentação. "Todos os projetas do departamento usam o biotério. Depois da reforma, já foram publicados 19 trabalhos, 18 deles no exterior. Impacto que mostra o ganho de qualidade que tivemos."
A pesquisa que coordena, sobre a biologia dos componentes glicoprotéicos do olho (vítreo e aquoso) e do sistema muscular liso da coróide do olho, é realizada em coelhos. "Essa pesquisa pode vir a
Para Reginaldo Ceneviva, professor do Departamento de Cirurgia e Anatomia, o novo biotério trouxe apoio inestimável para as pesquisas de 40 docentes, úteis para os médicos do H C. "Docentes dos departamentos de clínica médica, ortopedia, ginecologia, otorrino e oftalmologia também utilizam os animais do biotério:'
Ali, as cobaias são usadas para pesquisas ligadas a doenças cardiovasculares, como aterosclerose, transplantes de órgãos, função hepática e vários tipos de tumores.
A Faculdade de Ciências Farmacêuticas e o Instituto de Química da USP, na capital, também passaram a contar com um grande e moderno biotério de criação, manutenção e experimentação. Um dos destaques são os estudos para a produção de medicamentos na Fundação para o Remédio Popular (Furp ), que distribui remédios para a rede pública de saúde, realizados por pesquisadores das Ciências Farmacêuticas.
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quisadora Magda Maria les Carneiro Sampaio, o Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas
(ICB) da USP, isolou os anticorpos contidos no leite materno que defendem os recém-nascidos de diarréias e, agora, a sua pesquisa está na fase de encontrar uma vacina, usando lactobacilos geneticamente modificados. É uma pesquisa de grande impacto, que beneficia especialmente populações carentes, cujas crianças são as mais afetadas pelas diarréias. O Departamento de Imunologia foi um dos que receberam maior volume de recursos do Programa de Infra-Estrutura para a reforma e modernização dos laboratórios. No total, o ICB recebeu do Programa de Infra-Estrutura cerca de R$ 11,3 milhões.
Os recursos do Infra foram aplicados na recuperação da rede elétrica de dois prédios do ICB (ICB 1 e 2), favorecendo as pesquisas de seis departamentos (fisiologia, farmacologia, histologia, microbiologia, parasitologia e anatomia). O restante foi direcionado para o Departamento de Imunologia, para reformas estruturais, rede de abastecimento de água e mobiliário. Um novo espaço, mais amplo, passou a abrigar 20 laboratórios. Além da pesquisa sobre os anticorpos presentes no leite materno, outros estudos ligados ao mecanismo das doenças infecciosas foram beneficiados. "Os estudos nesse campo são relacionados à doença de Chagas, esquistossomose, leishmaniose e paracoccidioidomicose. Esta última, representa um enorme risco para pessoas imunodeprimidas", diz
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Um avanço na pesquisa das doenças infecciosas
Estudos do ICB beneficiam populações carentes
Imunologia no ICB: estudo de anticorpos
Magda. Outras linhas de pesquisa desenvolvidas no departamento referem-se à imunologia aplicada ao câncer, imunodeficiências congênitas e vários tipos de alergia e inflamações.
Parasitologia - Chefiado pelo professor Erney Felicio Plessmann de Camargo, o Departamento de Parasitologia do ICB da USP também contabiliza avanços em suas pesquisas. Camargo aplicou a verba do Infra para a reforma física da maioria dos laboratórios do departamento. São eles, o de biologia de desenvolvimento de nematóides, o de glicobiologia de parasitas, que estuda os
tripanossoma tídeos causadores da doença de Chagas e os agentes causadores do tifo e de doenças transmitidas por carrapatos. Também estão na lista o de bioquímica da Leishmania sp. e amebas de vida livre, associadas a meningoencefalite, infecções cutâneas e ceratites, o de leishmaniose e o de malária, que estuda a bioquímica do protozoário Plasmodium falciparum e decodifica o genoma do P. vivax, além dos laboratórios de hanseníase e mal de Chagas.
O laboratório do professor Camargo foi o único que ficou fora das reformas. Lá são feitas pesquisas de vigilância de doenças emer
gentes, como riquetsioses, erliquioses e borreliose. O laboratório conta com uma base no município de Montenegro, em Rondônia, onde foi instalado o Centro Avançado de Pesquisas do Departamento de Parasitologia do ICB. Esse centro serve às pesquisas de todos os docentes do departamento. "Rondônia é uma área de colonização recente, com grande agressão ao meio ambiente. O desequilíbrio ecológico resultante desse processo aumenta o risco de o homem desenvolver novas doenças, antes presentes apenas no ciclo silvestre", diz Camargo.
No Departamento de Microbiologia do ICB/USP, as reformas foram
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coordenadas pelos professores Sebastião Timo Iaria e Carlos Martins Menck. Iaria cuidoú da substituição das redes elétrica, hidráulica e de gás e de reformas gerais de alvenaria em todo o prédio do ICB 2, onde se situam diversos departamentos. Menck, professor da microbiologia, recebeu uma das alas reformadas e partiu para a montagem final de seu laboratório de DNA, instalando bancadas e armários, e na reforma de áreas afins, destinadas à lavagem de material, eletroforese de DNA, cultura de células bacterianas, bioquímica, aparelhos multiusuários e manipulação de substâncias radioativas. Também foi criado um laboratório de genoma, que participou dos projetas de seqüenciamento da Xylella, da Xanthomonas citri, da cana-de-açúcar e participa do seqüenciamento do Schistosoma mansoni (causador da esquistossomose) .
Fisiologia - No Departamento de Fisiologia e Biofísica, que reúne vinte laboratórios, além das reformas gerais foram adquiridos equipamentos e instrumentos indispensáveis à pesquisa como ultracentrífugas, freezers com temperaturas de até -85°C, para armazenamento de material vivo, capelas de fluxo para material radioativo. Também foram adquiridos aparelhos de PCR, técnica para duplicação de DNA, e equipamentos de Northen Blot e Western Blot - técnicas usadas para a separação de RNA, proteínas e para clonagem.
Os resultados do programa podem ser medidos pelo aumento da produção científica do instituto. ''A partir de 1995, o ICB teve um enorme salto em sua produção científica': diz Magda. Além do crescimento do número absoluto de trabalhos, as pesquisas ganharam em qualidade, a julgar pelo aumento do índice de publicação, medido a partir de dados do Institute for Scientific Information (ISI): o índice subiu de 0,8 trabalho por pesquisador para 1,3 trabalho.
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Faculdade de Medicina-USP: salto de 38% na produção científica
Nas artérias do velho prédio da Medicina Reforma total na rede elétrica e hidráulica
culdade de Medicina da niversidade de São Pauo, na capital paulista, iniciou um amplo projeto de restauro e mo
dernização de seu prédio, erguidç> entre 1928 e 1931 e tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico (Condephaat). O estímulo para a realização do projeto surgiu depois que o Programa de Infra-Estrutura investiu cerca de R$ 5,6 milhões na recuperação dos seus laboratórios e da infra-estrutura interna do prédio. Uma parte significativa desses recursos foi utilizada para trocar as redes elétrica e hidráulica, rede de esgoto e sistema de climatização da maioria dos 62 Laboratórios de Investigação Médica (LIMs) da faculdade. Os laboratórios foram reformados e ganharam equipamentos.
"Trocamos todos os encanamentos, separando os esgotos em duas redes isoladas: uma para pias e banheiros e outra, feita de material ade-
quado para dejetos químicos, exclusiva para os laboratórios", diz o professor Gregório Santiago Montes, chefe do Laboratório de Biologia Celular do Departamento de Patologia e que coordenou, como diretor dos LIMs, os projetas dirigidos ao programa. O sistema hidráulico também foi substituído, melhorando as condições de funcionamento dos laboratórios e permitindo a instalação de um sistema de ar-condicionado central movido por um fluxo independente de água gelada, que serve para a climatização dos laboratórios. Afinal, o fato de o prédio ser tombado impede intervenções na sua fachada, para instalação de aparelhos comuns de ar-condicionado.
Os efeitos de tudo isso não se fizeram esperar na produção de estudos e na sua maior visibilidade. "Em 1996, os resultados obtidos nos experimentos dos pesquisadores da faculdade renderam cerca de 420 artigos publicados em revistas científicas- 37% em publicações indexadas
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pelo Institute for Scientific Information (ISI). Em 2000, o número de artigos teve um salto de 38%, passando para 580 trabalhos, 51 o/o deles avalizados pelo ISI", compara Montes.
Lípides, hormônios e diabetes - Na área de Endocrinologia, quatro laboratórios passaram por reformas e os resultados já foram contabilizados. "A maior parte dos estudos realizados nesses LIMs são pesquisas clínicas, que têm conexão estreita com o Hospital das Clínicas (HC), o maior hospital da América Latina", diz o professor Éder Carlos Rocha Quintão. No LIM 42 - que realiza dosagens hormonais de rotina para o HC, além de pesquisas de biologia molecular - houve aumento de 26 mil para 38 mil no número de dosagens hormonais mensais. "Com a reforma, pudemos também desenvolver novas técnicas, como o Fish (Fluorescence in situ hibridation), que permite identificar mutações genéticas por meio de marcadores cromossômicos, melhorando o diagnóstico de doenças como a síndrome de Turner': informa Berenice Mendonça, chefe do laboratório.
No LIM 18, onde são realizados estudos de carboidratos e radioimunoensaios voltados a diabetes, novas linhas de pesquisa foram abertas. Entre elas, a professora Mileni Josefina Ursich destaca a de autoimunidade ao diabetes tipo 1, que ocorre em crianças. "Isto foi possível com a melhoria do biotério do laboratório e com a criação de novos espaços, como a sala de PCR e a de cultura de células", diz. Foram reformados também o LIM 1 O, de metabolismo de lípides e proteínas, e o LIM 25, de biologia molecular de diabetes e dos tumores glandulares, bioquímica do tecido adiposo e que participa do projeto Genoma Humano do Câncer.
Antônio Carlos Seguro, professor de Nefrologia e responsável pelo LIM 12, usou os recursos do programa para a reforma geral do laboratório e do biotério de manutenção.
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Eficiência no estudo das doenças neurológicas
Esquizofrenia e Alzheimer, alvos de pesquisa
Laboratório de neurociências: equipamentos e ampliação da área física
Em 1996, quando voltou da Alemanha, onde lecionou e dirigiu o setor de neurobiologia da Universidade de Heidelberg,
Wagner Farid Gattaz recebeu do Ins-tituto de Psiquiatria da USP um espaço de 300 m2 para iniciar suas pesquisas. "A área era um antigo depósito de colchões", conta. No primeiro dia de trabalho naquele laboratório improvisado, Gattaz ligou o ar-condicionado e causou uma pane no sistema elétrico do prédio. "Um paciente do HC que estava sendo operado na neurocirurgia foi transferido às pressas': lembra. Construído em 1952, o prédio praticamente mantinha a rede elétrica original, apesar do salto na demanda por energia para os delicados e numerosos aparelhos de pesquisa introduzidos nos últimos 50 anos.
O laboratório de neurociências foi um dos muitos da Faculdade de
Medicina da USP a receber recursos do Programa de Infra-Estrutura. Instalou, é claro, um novo sistema de ar-condicionado, mas adquiriu também equipamentos para análises neuroquímicas, de biologia molecular e de genética, além de um aparelho de eletroencefalografia digital de alta resolução. Depois que o laboratório passou a oferecer condições de trabalho, três outros cientistas se juntaram a Gattaz- Orestes Forlenza, Luís Basile e Homero Vallada- e os quatro apresentaram à FAPESP um projeto temático de pesquisa sobre o metabolismo de fosfolípides na esquizofrenia e na doença de Alzheimer. Com os recursos da reserva técnica, conseguiram ampliar a área física do laboratório de neurociências."
Criou-se um setor de neuroquímica, onde são feitas dosagens de neurotransmissores que podem servir como marcadores biológicos do sangue e do tecido cerebral, o que au-
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xilia a compreender a causa de doenças neurológicas e, assim, a detectar e diagnosticar as doenças antes que elas se manifestem. "Esse tipo de pesquisa é essencial para investirmos na prevenção': explica Gattaz. Abriuse também espaço para estudos de genética, criando-se áreas para pesquisas afins, como a que estuda neurônios isolados, com o uso de imagem de um espectrofluorímetro; a de cultura de neurônios; e a de DNA, com quatro máquinas para separação de amostras sanguíneas e purificação de enzimas e concentrados protéicos, os quais ajudam no estudo do metabolismo de fosfolípides das membranas das células nervosas.
Cerca de 22 pessoas, entre pesquisadores, pós-doutorandos, pósgraduandos e alunos de iniciação científica trabalham no laboratório de neurociências desde a sua inauguração, em 1999. Resultados de seus trabalhos já foram apresentados em Berlim, no Congresso Mundial de Psiquiatria Biológica, em junho, e em congresso no Brasil. Em um dos trabalhos, Gattaz e sua equipe mapearam o metabolismo de fosfolípides em diferentes áreas do cérebro de pacientes esquizofrênicos e concluíram que as principais alterações ocorrem no lobo frontal. A partir desses resultados preliminares, Gattaz concluiu também, por meio de outra pesquisa, que há uma redução do metabolismo de fosfolípides na membrana dos neurônios, o que supõe que esteja relacionada à formação das placas de amilóide. "Esses são achados neuropatológicos importantes da doença de Alzheimer': diz.
laboratório do sono- O professor Valentim Gentil também abriu novas frentes de pesquisa no Instituto de Psiquiatria. Numa área cedida pela faculdade, totalmente reformada e equipada, ele instalou dois novos laboratórios·- o de psicobiologia e o de eletrocardiograma- e deve concluir a montagem do laboratório de sono. "Temos cerca de dez docentes ligados a esses temas': diz Gentil.
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Unifesp ganha reformas e novos laboratórios
Impulso para estudos sobre envelhecimento e artrose
O estudo de fibras com colágeno e elastina contidas na matriz extracelular do tecido conjuntivo de todo o
organismo é o principal trabalho de-senvolvido pela pesquisadora Olga Toledo, do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp ). Essas pesquisas- e outras realizadas no departamento- ganharam impulso a partir da melhoria da infra-estrutura das instalações, que resolveu problemas graves e permitiu incorporar técnicas de ponta. Segundo ela, já houve reflexos no aumento do número de pesquisas, algumas delas ligadas a processos de envelhecimento e artrose e a doenças dos ossos e dentes. "Trabalhamos com substâncias perigosas, como o ósmio. Antes da reforma, os experimentos tinham que ser feitos ao lado das janelas, pois não tínhamos nem capelas adequadas", diz Olga.
No Instituto Nacional de Farmacologia e Biologia Molecular (Infar), três modernos equipamentos foram
adquiridos: um microscópio confocal com fonte multifóton (único no país), um citômetro de fluxo e um seqüenciador de DNA, aparelhos fundamentais para as pesquisas de ponta na área de farmacologia e biologia molecular. Foi criado, ainda, um laboratório de dicroismo circular e outro especialmente adequado para o uso de materiais radioativos.
As melhorias nos laboratórios atingiram 300 docentes e estudantes que usam as instalações comuns. No Departamento de Biofísica, os novos equipamentos auxiliam nas pesquisas ligadas a hipertermia maligna, doenças da medula óssea humana e função renal, pois permitem o estudo de peptídios vasoativos que agem nessas moléstias. Na área de bioquímica, o Infar ganhou reforço da técnica de dicroismo circular para o estudo de proteinases e inibidores que têm papel importante na coagulação do sangue e em doenças como a trombose. Os estudos ligados ao metabolismo hepático e à investigação de glicoconjugados relacionados com câncer e doenças causadas por fun
gos e parasitas também foram ampliados.
Olga: estudos em farmacologia e biologia molecular
Outra área essencial do Infar, a farmacologia, absorveu novas e modernas técnicas de pesquisa para o estudo da ação de fármacos na hipertensão e no diabetes; do metabolismo de cálcio no processo de contração muscular; no segmento de endocrinologia experimental; e no estudo farmacológico de plantas medicinais.
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almente, cerca de 12 mil mostras de alimentos, be
idas e remédios à venda no mercado chegam para análise no Instituto
Adolfo Lutz, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. "Como cada amostra é submetida a cerca de cinco exames, realizamos aproximadamente 60 mil exames por ano': contabiliza o pesquisador Odair Zenebon, chefe da Divisão de Bromatologia e Química. São análises indispensáveis para a detecção de alimentos contaminados e de remédios adulterados, que põem em risco a saúde do consumidor brasileiro, encaminhados pelos órgãos de fiscalização da secretaria e por entidades de defesa do consumidor. Além das análises bacteriológicas de produtos, o instituto desenvolve, ainda, pesquisas e fornece serviços de diagnóstico de doenças por vírus, bactérias, fungos e parasitas, exames para avaliação de surtos e epidemias e faz vigilância de campo para detecção de agentes infecciosos em animais reservatórios silvestres. É uma atividade essencial para prevenir e debelar epidemias.
Pela sua competência, o Instituto Adolfo Lutz é um reconhecido centro internacional de pesquisa na área de vigilância sanitária. Criado em 1892, com o nome de Instituto Bacteriológico, desde o início a sua atuação teve grande impacto na saúde pública. Há alguns anos, contudo, sua atividade estava comprometida pela falta de condições de seus laboratórios e de equipamentos mais modernos.
O Programa de Infra-Estrutura destinou ao Adolfo Lutz cerca de R$ 3,3 milhões, grande parte dos quais aplicada na Divisão de Bromatolo-
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Antes da boca, passa pelo Adolfo Lutz Comida, remédio e cosmético no crivo de dois centros
rio. O impacto já percebido foi que as análises de qualidade de alimentos que pleiteiam registro no Ministério da Saúde ganharam em agilidade e volume.
Testes na Divisão de Química: rigor na análise
Água para hemodiáliseOs recursos do Infra também permitiram a instalação de duas novas áreas no setor de Bromatologia: o laboratório de Análise Sensorial, para testes que simulam os sentidos humanos, especialmente tato, olfato e gustação; e uma Sala Limpa, totalmente livre de partículas e contaminantes usada para análise da água utilizada nos hospitais para hemodiálise.
gia e Química. O prédio fora construído em 1971 e nunca havia passado por uma ampla reforma. O primeiro passo foi instalar a nova rede elétrica que alimenta os cinco pavimentos da edificação. Laboratórios dos setores de Alimentos (microbiologia, microscopia, cromatografia, bebidas, óleos e gorduras, amiláceos, laticínios e doces), Química Aplicada (embalagens, cosméticos, águas, química biológica, aditivos e pesticidas residuais) e Medicamentos (química farmacêutica, antibióticos, farmacognosia e controle de esterilidade e pirogênico) ganharam reformas, com construção de bancadas e novo mobiliá-
Por meio de recursos de um outro módulo do programa, o de Equipamentos Multiusuários (depois transformado em programa autônomo ), foi possível a aquisição de equipamentos para uso comum de vários pesquisadores, como cromatógrafos a gás, com detectores de massa para identificar e quantificar contaminantes e fraudes nos alimentos; cromatógrafos líquidos, para a separação de partículas; e um espectrofotômetro de absorção atômica, que determina a presença de resíduos de metais em alimentos e amostras biológicas.
Farmácia da USP - Outra instituição também dedicada aos testes e análi-
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ses de produtos para uso da população é a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, que recebeu cerca de R$ 2,5 milhões do Programa de Infra-Estrutura. A pesquisadora Maria Inês Miritello Santoro, responsável pelo Laboratório de Controle Físico e Químico de Qualidade de Medicamentos e Cosméticos, foi uma das beneficiadas. Uma de suas linhas de pesquisa é o desenvolvimento de novos métodos analíticos para estabelecer as condições ideais de produção, transporte e armazenamento de medicamentos em climas tropicais, além de determinar os prazos corretos de validade, verificando o tipo de degradação química que ocorre com as substâncias terapêuticas.
"Essas pesquisas têm, entre outras finalidades, aplicação imediata na produção de medicamentos pela Furp (Fundação para o Remédio Popular)", diz Maria Inês. A Furp, da Secretaria de Saúde, produz mais de cem itens de medicamentos, de analgésicos e soluções salinas até os quimioterápicos, antivirais (como o AZT, usado contra a Aids) e antibióticos (amoxicilina, cefalotina e tetraciclina) para distribuição a pessoas carentes. Em 2000, a fábrica produziu 1,81 bilhão de unidades, distribuídas para 3.200 municípios brasileiros. Na área de cosméticos, a cientista dedica-se ao estudo da qualidade dos filtros solares, fundamentais para a proteção da pele contra os raios ultravioleta e infravermelho do sol e, conseqüentemente, para a prevenção do câncer de pele.
A verba do Infra permitiu ainda a instalação de um laboratório de ressonância magnética no setor de química farmacêutica, para o estudo de moléculas sintetizadas. Foi possível, também, modernizar o laboratório de microbiologia, que faz análises de rotina para a indústria farmacêutica e de cosméticos e recuperar o laboratório de farmacognosia, especializado em plantas medicinais.
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Mais pesquisa e ganhos no atendimento médico
Equipamentos elevam a produtividade de hospitais
Unicamp: medicina nuclear, neurologia, oncologia e assistência à mulher
s hospitais de clínica das faculdades de Ciências Médicas da Unicamp e de Mediei-· na da USP, em São
Paulo e Ribeirão Preto, desenvolvem atividade de pesquisa e de atendimento. A adequação dos laboratórios, complementada com a aquisição de equipamentos multiusuários, está promovendo um avanço nas duas atividades. Na Unicamp, as áreas de medicina nuclear, oncologia, neurologia, nefrologia, anatomia patológica e assistência à mulher da faculdade foram diretamente favorecidas com a compra de equipamentos de ponta. Na USP de São Paulo, o programa ampliou os recursos da Unidade de Hipertensão do HC, que atende milhares de pacientes. Na USP de Ribeirão Preto, foram as áreas de oncologia, cardiologia, gastroenterologia e transplante de medula que mais tiraram proveito do Infra.
Na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp os recursos do Infra - da ordem de aproximadamente R$ 5,7 milhões- foram usados principalmente em equipamentos, que já trouxeram resultados benéficos para os pesquisadores e para a população de Campinas e municípios da região.
A equipe do professor Edwaldo Eduardo Camargo, diretor do Serviço de Medicina Nuclear, foi uma das beneficiadas. Três novos equipamentos deram novo ritmo ao trabalho e são usados em tempo integral para exames nos pacientes do HC e para o desenvolvimento de 13 projetos de pesquisa de 27 cientistas das áreas de neurologia, radiologia e ortopedia. "De forma menos freqüente, os equipamentos também são usados por outros cem docentes dos departamentos de pneumologia, psiquiatria, nefrologia e medicina da mulher", diz Camargo.
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Avanço na pesquisa - Na câmara de cintilação híbrida PET /Spect são feitas tomografias com substâncias radioativas emissoras de pósitrons (Positron Emission Tomography ), para o diagnóstico de vários tipos de câncer e de infarto em pacientes que sofrem de miocárdio hibernante. Esse aparelho utiliza uma substância rara no país, o fluor-desoxiglicose (FDG), marcado com flúor 18, produzido apenas no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. "O aparelho ajudou a transformar a Unicamp em um dos centros de pesquisa e atendimento em radiologia mais avançados do país", comemora Camargo. O Serviço de Medicina Nuclear dispõe de quatro câmaras de cintilação, mas só a nova máquina permite o uso de FDG marcado com flúor 18. Anualmente são realizadas mais de 12 mil cintilografias do cérebro, do coração e do pulmão na universidade.
No Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher
metria- recurso antes inexistente no departamento- e ligado a um computador. O conjunto óptico do equipamento faz a medição exata das células contidas na área focalizada. "Com esse novo recurso, foi possível ampliar a oferta de exames e abrir novos campos de pesquisa", garante Athanase Billis, professor do departamento. "O único microscópio eletrônico do HC, usado em pesquisas e para exames de rotina de pacientes com câncer e doenças renais, estava quebrado e ficou quase três anos sem conserto", revela Billis.
( Caism) são realizadas cerca de 5.800 consultas por mês, Ressonância magnética: 2 mil exames mensais
em sua maioria de casos de complicações da gravidez. Com o novo aparelho de Ultra-som Bidimensional com Doppler Colorido as imagens permitem identificar lesões no útero e as condições do feto. Segundo o professor Ricardo Barini, da Obstetrícia, o Caism já possuía três equipamentos de ultra-sonografia, mas estavam ultrapassados tecnologicamente e em más condições de uso. Antes desse novo equipamento, o Caism realizava entre 800 e 1.000 ultra-sonografias por mês. Agora, além do ganho de qualidade, ultrapassa a marca de 2 mil exames mensms.
Um microscópio eletrônico e um fotomicroscópio mudaram a rotina do Departamento de Anatomia Patológica, que passou a oferecer 400 exames por ano. O fotomicroscópio é acoplado a um sistema de morfo-
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Transplante de medula- Aos labmatórios da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto o Infra destinou cerca de R$ 4,6 milhões, aplicados, em parte, em um equipamento que trouxe melhorias para o setor de atendimento de pacientes com leucemia e nas pesquisas de transplante de medula óssea no Hospital das Clínicas. O pesquisador Júlio César Voltarelli, da área de Clínica Médica e coordenador do grupo de Transplante de Medula Ossea, passou a contar desde 1995 com um citômetro de fluxo FACS Vantage, que está sendo usado por cinco grupos de pesquisa. Esse aparelho é o mais avançado para realizar nos pacientes a técnica de sorting (separação de células para a análise) da medula óssea.
No Departamento de Clínica Médica, um equipamento produz
imagens nucleares do coração e órgãos do tubo digestivo. Segundo José Antonio Marin Neto, professor de Cardiologia, o aparelho está causando um salto de qualidade nos tratamentos de cardiologia e gastroenterologia. "São feitas marcações de órgãos ou do sangue com elementos radioativos e, então, o paciente é examinado no aparelho, que permite visualizar a distribuição de sangue no interior do coração, checar seu funcionamento e obter diagnósticos de obstruções coronárias, duplicando a capacidade de atendimento."
Pesquisa no lncor - Dos R$ 720 mil destinados aos laboratórios do. Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, uma parcela foi aplicada na Unidade de Hipertensão da Divisão de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca, dirigida pelo pesquisador Eduardo Moacyr Krieger. Ele se empenhou na renovação da área física dos laboratórios de fisiologia humana e fisiologia experimental e para a criação do laboratório de biologia molecular. "Todos são usados em pesquisas de hi-
pertensão e servem também para o atendimento dos mais de 3 mil pacientes regularmente matriculados na unidade", diz ele.
Segundo Krieger, o número de pacientes beneficiados, de forma indireta, é ainda maior. ''As pesquisas realizadas aqui são prontamente aplicadas no tratamento e servem também aos médicos de outros hospitais da rede de saúde que cuidam de hipertensos."
Nos laboratórios da Unidade de Hipertensão são desenvolvidos estudos de epidemiologia e pesquisas visando ao tratamento, controle da doença e aplicação de métodos em cirurgias. ''As pesquisas são integradas e abrangem estudos de biologia molecular, experimentação animal e estudos clínicos nos pacientes': explica Krieger.
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