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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
- OBRAS
ALLINE NATALY BALBINO OLIVEIRA DA SILVA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PRODUZIDOS EM REDE DE SUPERMERCADOS SITUADA NA REGIÃO METROPOLITANA DO ESTADO DE ALAGOAS
MACEIÓ-ALAGOAS 2019/01
ALLINE NATALY BALBINO OLIVEIRA DA SILVA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PRODUZIDOS EM REDE DE SUPERMERCADOS SITUADA NA REGIÃO METROPOLITANA DO ESTADO DE ALAGOAS
Artigo apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Pós-graduação em Gerenciamento da Construção Civil – Obras, sob a orientação da professora Ma. Karla Maria Cardoso Silva Gomes de Mendonça Vasconcelos.
MACEIÓ-ALAGOAS 2019/01
ALLINE NATALY BALBINO OLIVEIRA DA SILVA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PRODUZIDOS EM REDE DE SUPERMERCADOS SITUADA NA REGIÃO METROPOLITANA DO ESTADO DE ALAGOAS
Artigo apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Pós-graduação em Gerenciamento da Construção Civil – Obras, sob a orientação da professora Ma. Karla Maria Cardoso Silva Gomes de Mendonça Vasconcelos.
Profa. Ma. Karla Maria Cardoso Silva Gomes de Mendonça Vasconcelos
APROVADO EM: ___/____/_____
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________ AVALIADOR
_________________________________________ AVALIADOR
_________________________________________ AVALIADOR
AGRADECIMENTOS
É difícil agradecer a todas as pessoas que de algum modo, nos momentos
serenos ou apreensivos, se fizeram ou fazem parte da minha vida, por isso agradeço
a todos, de coração.
Agradeço a minha mãe Estela, pela determinação e luta na minha formação.,
obrigada por todo sacrifício que fez em razão da minha educação e do meu irmão.
Agradeço ao meu irmão, Luiz Neto, que apesar de eu querer vender ele a cada 10
minutos, eu não daria nem por toda a riqueza do mundo (mas, todo mundo tem um
preço, né?).
Agradeço ao Sr. Joselito, o tio Lito, por tudo o que representa na minha vida,
apesar de tudo, estamos um ao lado do outro, para tudo.
Agradeço a todos que estiveram a minha volta, primos, amigos, em especial
aos meus companheiros de sala: Hellyomar, Wallacy e Yuri, que nunca me deixaram
enfraquecer e nem desistir de tudo isso.
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUZIDO GERADO EM REDE DE SUPERMERCADOS SITUADA NA REGIÃO METROPOLITANA DO ESTADO DE ALAGOAS MANAGEMENT OF THE SOLID WASTE PRODUCED IN SUPERMARKETS NETWORK IN THE METROPOLITAN REGION OF THE STATE OF ALAGOAS
ALLINE NATALY BALBINO OLIVEIRA DA SILVA Graduada em Engenharia Civil
a.balbino@live.com
RESUMO Com as mudanças na produção de resíduos sólidos decorrentes das alterações dos padrões de consumo criados pelos novos hábitos adquiridos pela civilização industrializada, a centralização da população urbana junto a evolução industrial trouxe consequências na produção de resíduos. Nos dias atuais, é imprescindível que exista uma modificação no perfil da sociedade e das empresas, que se preocupem e para que adotem uma postura que garanta melhorias no meio ambiente e a qualidade de vida em sociedade. A implantação de uma prática de gestão ambiental eficiente trará melhorias na qualidade ambiental, quando garantida uma mudança na postura da rede de supermercados que contribuirá com uma minimização da agressão ambiental, além de servir como estratégia de diferenciação, marketing ambiental e retorno financeiro. Desse modo, o presente trabalho expõe ganhos aliados a eficácia do sistema de gestão de resíduos sólidos, os benefícios adquiridos baseado na forma de adoção de descarte do resíduo e a geração de valor econômico.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão ambiental. Descarte. Sustentabilidade.
ABSTRACT With the changing in solid wastes production due to alteration of consumption patterns created by the news habits acquired by the industrialized civilization, the centralization of urban population associated with the industrial evolution has brought consequences in the waste generation. Nowadays, it is imperative that exists a modification in profiles of society and companies, that they must worry about and adopt a new posture which guarantees improvements in the environment and society’s life quality. The implementation of an efficient environmental management practice will bring improvements to environmental quality when guaranteed a changing in the supermarkets chain’s posture which will contribute to a minimization of the environmental aggression; besides that, it will serve as a strategy differentiation from others, a new environmental marketing strategy, and financial return from its use. Therefore, the present work exposes gains allied to the effectiveness of solid wastes management system, the acquired benefits based on waste disposal adopted method, and the economical value generation.
KEYWORDS: Environmental management. Disposal. Sustainability.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
2. METODOLOGIA .................................................................................................. 8
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 8
3.1. Classificação dos resíduos sólidos ............................................................. 13
3.2. Gerenciamento integrado de resíduos ........................................................ 14
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 18
5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 27
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
6
1. INTRODUÇÃO
Após as alterações geradas pela Revolução Industrial, que proporcionou
mudança na forma de coleta das matérias-primas, possibilitando a extração de
maior quantidade de materiais em menor espaço tempo, gerou um novo olhar
sobre a produção industrial. A facilidade em coletar matéria-prima, resultou em
uma maior produção maior em menor espaço tempo e de forma mais
econômica, ocasionando uma mudança no perfil de consumo da sociedade.
Os avanços tecnológicos, a busca pela melhoria de vida e as necessidades
de consumo, fez com que a população se centralizasse e como consequência
desta centralização da sociedade de consumo, ocorreu o crescimento na
produção de resíduo sólido de acordo com o aumento populacional.
Para controlar o aumento da geração de resíduo sólido, é preciso construir
um sistema de gestão direcionada a redução da produção desses resíduos,
além de implantar técnicas de reaproveitamento desses materiais, e também
conscientizar a população de como suas ações influenciam no meio ambiente,
além de incentivar a adoção de padrões de consumo e produção conscientes,
propiciando uma menor geração de resíduos e minimização da extração de
matéria-prima.
Demajorovic (apud BROLLO & SILVA, 2001), identifica três fases no
desenvolvimento da gestão dos resíduos sólidos nos países desenvolvidos. Na
primeira fase, que prevaleceu até o início da década de 70, priorizou-se apenas
a disposição dos resíduos. Por não considerar qualquer iniciativa na redução
do resíduo nas etapas do processo produtivo, teve como consequência o
crescimento acelerado do volume final dos resíduos a serem disposto. Os
maiores avanços deste período foram à eliminação da maioria dos depósitos a
céu aberto na Europa Ocidental e o encaminhamento do lixo a aterros
sanitários e incineradores. Ainda nessa fase, foram estabelecidas pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, na
Europa, novas prioridades para a gestão dos resíduos sólidos, como: redução
na quantidade de resíduos, reciclagem do material, incineração e
reaproveitamento da energia resultante e a disposição dos resíduos em aterros
sanitários controlados.
7
Já na segunda fase, durante as décadas de 70 e 80, caracterizou-se pela
priorização da recuperação e reciclagem dos materiais, através do
estabelecimento de novas relações entre consumidores finais, distribuidores e
produtores, para garantir ao menos o reaproveitamento de parte desses
resíduos, o que resultou num crescimento mais lento de consumo de recursos
naturais e do volume de resíduo a serem dispostos, graças ao
reaproveitamento dos materiais, que durante a primeira fase seria destinada
aos incineradores e aterros sanitários (BROLLO & SILVA, 2001).
A partir da década de 80, numa terceira fase, a atenção passa a concentrar-
se na redução do volume de resíduos em todas as etapas da cadeia produtiva.
Assim, antes de pensar no destino dos resíduos, pensa-se em como não gerá-
lo; antes de pensar na reciclagem, pensa-se na reutilização dos materiais, o
que demanda menos energia; e só então antes de encaminhar os rejeitos ao
aterro sanitário, procura-se recuperar a energia presente nos mesmos, por
meio de incineradores, tornando-os inertes e diminuindo seu volume. Outra
mudança está ligada a alteração na cadeia produtiva, que busca utilizar a
menor quantidade necessária de energia e matéria-prima (BROLLO & SILVA,
2001).
No Brasil, estas recomendações têm sido encampadas ao longo do tempo
pela legislação, mas após a implementação da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, definiu-se a ordem de prioridade para a gestão e o gerenciamento de
resíduos sólidos, como: não geração, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequadas dos rejeitos,
além de estimular a utilização de tecnologias que visem à recuperação
energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que se comprove sua
viabilidade técnica e ambiental, bem como da concessão de incentivos fiscais,
financeiros e creditícios para as instituições que promovam a reutilização e a
reciclagem destes resíduos (BRASIL, Lei Federal n° 12.305/2010).
Desta forma, o objetivo do trabalho foi detectar e levantar os resíduos
gerados pela rede de supermercados estudada dando ênfase a um sistema de
gestão de resíduos sólidos, buscando a destinação ambientalmente adequada
dos resíduos e práticas que busquem a melhoria na qualidade ambiental.
Assim, mensurar a quantidade dos resíduos gerados, identificar e se possível,
8
minimizar o dano ambiental gerado, além de demonstrar a capacidade de
rentabilidade vinda desses resíduos.
2. METODOLOGIA
A metodologia aplicada para a realização deste estudo foi baseada na
revisão bibliográfica com conteúdo que atendesse as necessidades de
pesquisas, e a obtenção de dados fornecidos pela empresa. Após a captação
desses dados, houve a seleção e compilação dos mesmos acerca do assunto
em estudo e posteriormente a interpretação de todas as informações que são
apresentadas no decorrer deste material.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A dinâmica ambiental da geração de resíduos sólidos (RS), em face de sua
complexidade e diversidade, constitui um sério desafio a ser enfrentado,
considerando-se que o crescimento populacional e o aumento da urbanização
não têm sido acompanhados com medidas necessárias para destinar
adequadamente o lixo produzido.
De acordo com a Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, Lei Federal n° 12.305/2010), que dispõe
sobre os princípios, objetivos e instrumentos, aliado as diretrizes relativas à
gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os
perigosos, é importante conhecer definições que se aplicam a esta normativa,
como:
VII – destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; VII – disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; X – gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos[...]; XV – rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
9
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede [...] nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviáveis o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água [...] (BRASIL, Lei Federal n° 12.305/2010).
Segundo Alves, Souza e Marra (2011), a evasão das áreas rurais (êxodo
rural) que teve seu auge entre as décadas de 70 e 80, chegando a transferir
para o meio urbano o equivalente a 30% da população rural existente em 1970,
cerca de 12,5 milhões de pessoas, enquanto, no período de 2000 a 2010,
migraram apenas 5,6 milhões de pessoas, o equivalente a 17,6% da população
rural em 2000. Esse êxodo ocasionou uma centralização da utilização de bens
de consumo, gerado a partir da crescente população nos centros urbanos.
Para atender as necessidades de consumo exigidas pela população, toda a
atividade econômica está passível de gerar impactos ambientais. Para suprir a
necessidade de bens de consumo dessa centralização populacional, o que
resulta em um grande volume de produtos, assim gerando uma grande
quantidade de resíduos sólidos, sabendo-se que parte das embalagens que
revestem esses produtos é simplesmente descarta após a compra ou o uso, o
que acarreta no aumento do volume de material destinado aos aterros
sanitários e despejos clandestinos (ABREU, 2005).
Em conformidade com Abreu (2005), os resíduos encaminhados para
aterros sanitários e despejos clandestinos não passam por nenhum tratamento
ou controle e somente pequena parcela é reciclada, isso traz uma preocupação
relativa aos resíduos sólidos urbanos, pois possuem alto potencial de
reciclagem sendo esses revestidos em benefícios como emprego, redução de
áreas de lixões e aterros sanitários, controle de limpeza urbana, redução dos
impactos ambientais, redução do gasto de produção primária e energia para a
sua fabricação, entre outros.
Como disposto na Lei n° 12.305/2010, na gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos, devem ser observadas a seguinte ordem de prioridades: não
geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e
10
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, Lei Federal n°
12.305/2010).
Figura 1 – Ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos.
Fonte: Grisa e Capanema (2018).
O grande objetivo estratégico da PNRS é destinar o mínimo possível de
resíduos para o aterro sanitário, ou seja, primeiramente reduzir o volume de
resíduos sólidos à menor fração possível, depois recuperar todo o material e
potencial energético aproveitáveis, dispondo apenas os rejeitos (GRISA;
CAPANEMA, 2018).
De acordo com Donaire e Maimon (apud CAMPOS, 2014), as empresas
são as principais usuárias dos recursos naturais e responsáveis pelo
desenvolvimento econômico mundial, por este motivo vêm se adequando e
procurando novas alternativas para transformar os resíduos em produtos nos
quais possa lucrar sendo uma empresa ambientalmente responsável.
O problema da produção e do consumo em bases não sustentáveis é
simples de ser entendido: não se pode extrair mais recursos naturais do que a
natureza pode repor quando se trata de resíduo renovável, e também não se
pode extrair de maneira descabida recursos não renováveis, finitos.
(MACHADO, 2014).
11
Ainda baseado nos conceitos de Machado (2014), além da preocupação
com a extração dos recursos, é de suma importância considerar o descarte,
pois a limite para a natureza assimilar esses rejeitos. E também sobre a
questão da produção “suja”, que vem sendo trabalhada desde os anos 60,
alertando sobre os efeitos nefastos da crescente poluição industrial e urbana e
sobre a necessidade de desenvolver legislações, marcos regulatórios e
agências de controle ambiental.
É sabido que a preocupação ambiental tem que ir além das ações
corretivas, é necessário repensar o consumo para possibilitar a prática de um
consumo consciente, para que ocorra uma redução na extração de matéria-
prima, no gasto energético no meio de produção, além de minimizar o descarte
de resíduos.
O Ministério do Meio Ambiente – MMA, desenvolve políticas públicas que
visam promover a produção e o consumo sustentável, que seja gerado uma
produção sustentável e a incorporado, ao longo de todo o ciclo de vida de bens
e serviços, as melhores alternativas possíveis para minimizar custos
ambientais e sociais. (BRASIL, Ministério do Meio Ambiente).
Já o consumo sustentável pode ser definido, segundo o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, como o uso de bens e
serviços que atendam às necessidades básicas, proporcionando uma melhor
qualidade de vida, enquanto minimizam o uso dos recursos naturais e materiais
tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes durante todo ciclo de
vida do produto ou do serviço, de modo que não se coloque em risco as
necessidades das futuras gerações.(BRASIL, Ministério do Meio Ambiente).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de acordo
com dados do Censo 2010, mais de 190 milhões de brasileiros vivem em
cidades e sua qualidade de vida depende de políticas públicas de diferentes
setores da administração, que levem em conta os aspectos ambientais (IBGE,
2010). A elaboração do PNRS foi o primeiro passo do planejamento da gestão
de resíduos sólidos no país, estabelecendo diretrizes, cenários metas e
programas de ação, onde foram previstas revisões, compatibilizadas com os
Planos Plurianuais de Investimentos - PPA do Governo Federal.
12
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo
Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito
Federal, Municípios ou particulares, com vista à gestão integrada e ao
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. Também
integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política
Nacional de Educação Ambiental, com a Política Federal de Saneamento
Básico e com Lei n° 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre as normas
gerais de contratação de consórcios públicos (BRASIL, 2010).
A Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 6.938, que entrou em vigor em
31 de agosto de 1981, tem como objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, objetivando a
educação ambiental a todos os níveis de ensino, incluindo a educação da
comunidade, capacitando-a para participação ativa na defesa do meio
ambiente, o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional de recursos ambiental, à difusão de tecnologias
de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais
e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de prevenção
da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico. (BRASIL, Lei n° 6.938/1981).
Segundo Brasil (2010), a Política Nacional de Resíduos Sólidos contém
instrumentos que permitem o país o enfretamento dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes à deposição inadequada dos
resíduos sólidos. Esta política prevê a prevenção e redução na geração de
resíduos sólidos, o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos
sólidos e a destinação adequada para cada rejeito específico e institui a
responsabilidade destes aos geradores de resíduos como fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes e ao cidadão e titulares de manejo
dos resíduos sólidos urbanos.
Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA,
em janeiro de 2017, avalia o potencial de reaproveitamento e reciclagem em
30% a 40% do volume de resíduo sólido urbano, enquanto estima que apenas
13% desses resíduos sejam encaminhados para a reciclagem (SILVA, 2017).
13
De acordo com Grisa e Capanema (2018), o descarte inadequado do
resíduo sólido urbano ocorre em todas as regiões do país, em 2016, cerca de
30% dos munícipios destinaram seus resíduos para lixões, um número maior
do que em anos anteriores, apesar da implantação da PNRS, além da
possibilidade de consequências futuras e danos a saúde dos cidadãos.
3.1. Classificação dos resíduos sólidos
A NBR 10.004 (ABNT, 2004) classifica os resíduos sólidos quanto aos seus
riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser
gerenciados adequadamente. A classificação dos resíduos envolve a
identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus
constituintes e características e a comparação destes constituintes com
listagens de resíduos de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao
meio ambiente é conhecido.
Os resíduos são classificados como:
Resíduos classe I – Perigosos;
Resíduos classe II – Não perigosos;
Resíduos classe IIA – Não inertes;
Resíduos classe IIB – Inertes.
Ainda de acordo com a NBR citada acima, são resíduos classe I caso
apresentem inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e
patogenicidade dentro das condições estabelecidas pela Norma. Os resíduos
classe II A não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água, e que não se enquadrem nas
classificações de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe IIB -
inertes. Resíduos classe IIB inertes são resíduos que não possuem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, e
que, também, se enquadrem segundo as normas NBR 10.006, que fixa os
requisitos exigíveis para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos
visando diferenciar os resíduos classificados na ABNT NBR 10.004 como
classe IIA – não inertes e classe IIB – inertes e a NBR 10.007, que fixa os
requisitos exigíveis para amostragem de resíduos sólidos.
14
3.2. Gerenciamento integrado de resíduos
Conforme Souza e Campare (2014), a gestão ambiental é um conjunto de
políticas e práticas administrativas e operacionais que se preocupam com
saúde e segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente por meio da
minimização ou eliminação dos impactos e/ou danos ambientais através de
planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação e/ou desativação
de agentes danosos em todas as fases do ciclo do produto.
Para a Lei n° 12.305/10, gestão integrada de resíduos sólidos é um
conjunto de ações voltadas para a buscas de soluções para os resíduos
sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental,
cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento
sustentável (BRASIL, 2010).
Segundo Castilhos Junior (2003), o gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos deve ser integrado, englobando etapas articuladas entre si, desde
ações visando a não geração de resíduos até a disposição final, compatíveis
com os demais sistemas de saneamento ambiental, sendo essencial a
participação do governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada.
De acordo com estudos de Seiffert (2005) e Rohrich (2004), dispõe que
para poder implantar um sistema de gestão ambiental, a empresa passa por
três grandes estágios típicos. No primeiro estágio, é a fase de adaptação da
empresa as regulamentações e exigências de mercado, onde se identifica e
monitora os pontos de geração dos resíduos sólidos, mas sem modificar a
estrutura e/ou processo do produto.
Já no segundo estágio é onde a variável ambiental é considerada já na
seleção da matéria-prima como nas escolhas dos fornecedores, nessa etapa é
onde inicia as modificações do produto e/ou processos com o objetivo de
prevenir a geração dos resíduos. Na última, a empresa trabalha com uma
postura que considera a antecipação aos possíveis problemas ambientais,
adotando uma postura proativa e a busca por uma eco-excelência empresarial
baseada na disseminação de atividades já avaliadas pela empresa (SEIFFERT,
2005; ROHRICH, 2004).
15
A implantação de um sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos deve
integrar todos os tipos de resíduos, também abrangendo o programa de coleta
seletiva e trabalhando de maneira integrada com as técnicas a serem adotadas
para o tratamento e destinação do resíduo. Independente da técnica ou da
combinação de técnicas, não se elimina a necessidade da existência do aterro
sanitário, que por menor que seja a parcela de rejeitos, eles existirão.
Segundo Silva e Oliveira (2014), o volume de lixo acumulado representa
ameaça para a saúde humana e ao meio ambiente. Percebe-se que quanto
mais avança a industrialização de um país, cresce também a utilização de
produtos, principalmente no nosso país, que pouco utiliza recursos de
tecnologias renováveis no tratamento adequado dos resíduos sólidos.
Segundo a NBR 8.419/96 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), aterro sanitário é a técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos
no solo sem causar danos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os
impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos na menor área possível e reduzi-los ao menor
volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de
cada jornada de trabalho ou a intervalos menores, se necessário. Em resumo,
o aterro sanitário é a forma de destinação final dos resíduos sólidos que
contempla os requisitos de proteção ambiental, como impermeabilização,
coleta e tratamento do chorume, coleta e queima de gases.
Os principais resíduos gerados em supermercados são: produtos orgânicos
passíveis de reaproveitamento, orgânicos não aproveitáveis, papelão,
embalagens tetrapak, plástico branco e colorido, PET, vidros, latas de aço e de
alumínios, madeiras de embalagens, sacos de embalagens, produtos vencidos,
resíduos especiais como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e outros não
aproveitáveis (CEAGESP, 2009).
Quando identificados, segregados e armazenados adequadamente, os
resíduos devem ser destinados de acordo com suas necessidades. Muitos
desses resíduos ainda possuem valor comercial, outros ainda possuem
propriedades que os permitem ser doados e outros impróprios para consumos
devem ser destinados a tratamentos como compostagem. E os resíduos que
apresentam danos ao meio natural, como os resíduos perigosos, devem ser
encaminhados para a logística reversa.
16
Para dar início ao processo de destinação final do resíduo, existem diversos
tratamentos mecânicos, bioquímicos e térmicos. O tratamento mecânico é
ligado a parte física do resíduo, no processo de separação que pode ocorrer
nas usinas de triagem para reciclagem, onde pode sofrer influências no
tamanho físico. O tratamento bioquímico utiliza-se a ação de seres vivos para
se alimentarem dos resíduos, quebrando as moléculas e as transformando de
acordo com o tipo de produto que se deseja. Já no tratamento térmico, os
resíduos são expostos a grandes quantidades de energia em forma e calor,
alterando as características, como por exemplo, na redução de volume
(MACHADO, 2013).
Um bom processo de reciclagem precisa contar com o envolvimento de
todos nos elos do processo. Deve ter início pela separação adequada do
material reciclável no ponto da sua geração, sendo mantida por todas as
etapas até seu destino final, ou seja, desde sua coleta até o processamento de
um novo produto (GRISA; CAPANEMA, 2018).
A matéria orgânica presente no lixo urbano é responsável pela produção de
chorume e gases de efeito estufa nos aterros. A compostagem da fração
orgânica do lixo pode contribuir, em cerca de 50%, para a redução da
quantidade de lixo destinada aos aterros, gerando composto orgânico, que é
ótimo condicionador de solos e fonte de nutrientes para as plantas. Quando
esse processo tem início no ponto de geração da matéria orgânica, evitando o
contato com microrganismo patogênicos, elementos tóxicos e metais pesados,
como pilhas, baterias, lâmpadas, embalagens de produtos tóxicos, reduzem as
chances do produto final apresentar índices inaceitáveis de contaminação
(GALBATI, 2012).
De acordo com Modesto et al (2017), a compostagem é um processo
biológico no qual os microrganismos deterioram a matéria orgânica
transformando-a em um composto rico mineral utilizado como adubo para
plantas. Este processo transforma um resíduo que iria ser descartado em um
produto com valor comercial. Quanto maior a variedade de matéria orgânica no
processo maior será a variedade de microrganismos atuando na
decomposição. O processo de compostagem inclui os seguintes processos:
Caracterização da matéria-prima, matéria-base e do processo de
produção;
17
Análise dos compostos físicos (densidade real e aparente, granulometria
e conteúdo de contaminantes) e químicos (micro e macronutrientes e
metais pesados);
E análises estatísticas para controle de qualidade e produção de
formulações.
Para montar uma composteira, as matérias necessárias são estrume ou
terra e o material orgânico a ser decomposto. O crescimento dos
microrganismos aumentará a temperatura do composto. É importante manter o
balanceamento de carbono e nitrogênio para que a decomposição ocorra de
forma integral (MODESTO et al, 2017). O resultado final é um composto
orgânico rico em minerais que pode ser vendido para uso agrícola.
Segundo Godoy (não disponibilizada), as principais vantagens na adoção
desses sistemas de reciclagem orgânica é a redução do lixo destinado ao
aterro, que consequentemente gera economia com os custos de operação de
um aterro sanitário e propiciando o aumento da sua vida útil, a reciclagem de
nutrientes para o solo e a não formação de CH4 (gás metano), gás nocivo ao
meio ambiente, por se tratar de um processo de fermentação aeróbico (que
ocorre na presença de oxigênio), que forma apenas CO2, H2O e biomassa
(húmus).
De acordo com a Lei 12.305/10 (BRASIL, 2010), logística reversa é o
instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,
em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada, atribuído aos produtos que possam danificar o meio
ambiente e causar danos à saúde humana. Os fabricantes, distribuidores e
comerciantes são obrigados a estruturar e implementar um sistema de logística
reversa, mediante o retorno do produto após o uso pelo consumidor,
independentemente do serviço público de limpeza urbana.
Para que seja possível minimizar o volume de resíduos sólidos e
rejeitos, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à
qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, pode-se
implantar uma cadeia de responsabilidades compartilhadas do ciclo de vida dos
18
produtos, como previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, que é o
conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,
distribuidores e comerciante, dos consumidores e dos titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo do resíduo sólido (BRASIL, Lei n°
1230.5/2010).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A quantificação dos resíduos foi realizada através do compartilhamento do
banco de dados alimentado e controlado pelo setor responsável pelo controle
de resíduos sólidos.
A rede de supermercados estudada está presente em 15 países e mais de
8.700 lojas em todo o mundo. Chegou ao país nos anos 90 e atua firmemente
até os dias atuais. São 13 lojas espalhadas pela região metropolitana do
estado de Alagoas e possui grande influência nas áreas populacionais no
entorno das lojas.
A mesma trabalha em prol de melhorias globais, possui metas de
sustentabilidade que o faz implantar lojas ecoeficientes, que minimiza o gasto
com o consumo de água, energia e emissão de gases do efeito estufa,
programa “Impacto Zero”, onde se é trabalhado o plano de gerenciamento de
resíduos sólidos, que age capacitando, implementando, monitorando os
processos para seja possível a redução de resíduos destinados aos aterros.
Analisando a realidade praticada no estado, as lojas e as empresas que
prestam os serviços de coleta de resíduos estão passando por modificações na
maneira como é realizada o manejo dos resíduos sólidos, para assim, introduzir
o programa “Impacto Zero”. As modificações iniciaram no ano de 2017, quando
a rede iniciou um processo licitatório com empresas do ramo de coleta de
resíduos sólidos e passou a exigir uma total cobertura de todas atividades
relacionadas aos resíduos, principalmente exigindo as destinações
ambientalmente adequadas, além de encontrar soluções para todas as
categorias de resíduos.
As empresas prestadoras de serviço, passaram a administrar, em forma de
responsabilidade compartilhada, com função de minimizar todo o possível dano
19
ambiental, assim fazendo parcerias com empresas que trabalhem com a
reciclagem de materiais como papel, papelão, plástico, e empresas que
intermediem a logística reversa para materiais nocivos à saúde humana como
pilhas, baterias, lâmpadas, além de empresas que processem resíduos
orgânicos para encaminhá-los para compostagem ou materiais como o sebo e
o osso que possuem características para serem utilizados na ração animal ou
transformado em farinha, no caso dos ossos, para regular o pH dos solos, por
ser rico em cálcio.
Nota-se, de acordo com que é citado acima, que existe uma preocupação
com o atendimento das leis ambientais vigentes no país e o cuidado com
possíveis danos, além do desejo em minimizar a geração de resíduos sólidos.
Com base nos dados fornecidos pelo setor responsável pelo controle de
resíduos sólidos e unificando todas as lojas do grupo, a produção média
mensal de resíduos sólidos da rede de supermercados na região metropolitana
do estado de Alagoas gira em torno de 21.516,73 kg, resultante do somatório
de todos os resíduos compilados na Tabela 1.
Tabela 1 – Quantificação dos resíduos sólidos gerados pela rede de hipermercados na região metropolitana de Alagoas.
RESÍDUO MASSA MENSAL DE
RESÍDUO (kg)
Papel/Papelão 6.055,40
Plástico 617,24
Madeira 400,16
Vidro 111,71
Metais 907,67
Isopor 3,56
Sebo/osso 603,08
PET 20,30
Pneus 2,26
Lâmpadas 8,60
Eletrônicos 14,25
Pilhas e baterias 8,67
Alimentos não passíveis de serem comercializados 8.138,62
Resíduos comuns 4.625,21
TOTAL 21.516,73
20
Fonte: Dados fornecidos pela empresa responsável pelo manejo dos resíduos.
Apesar do grupo conseguir quantificar os resíduos gerados dentro das lojas,
o descarte é feito integralmente nos aterros sanitários contratado para receber
os rejeitos. Todo resíduo gerado pelas lojas da região metropolitana de
Alagoas é destinado ao aterro sanitário localizado na capital alagoana,
licenciado pelos órgãos ambientais para receber todo o resíduo classe II.
A partir dos dados apresentados no Gráfico 1, vemos que a maior produção
de resíduos vem do setor de alimentos não passíveis de comercialização, essa
geração se dá em setores como hortifruti, restaurante, copa e panificação, além
de alimentos inaptos ao consumo humano que pode ser por estarem com datas
de validade ultrapassada, por problemas nas embalagens ou quando detectado
algum contaminante no lote.
Gráfico 1 – Perfil de geração de resíduos sólidos.
Fonte: Dados da Instituição.
Em comparação ao estudo realizado por Campos (2014), no Supermercado
Cereal - SC, vê-se uma redução na produção de resíduo orgânico, que totaliza
2.026,12 kg e um crescimento na produção de resíduos com valor comercial
como papelão, papel e plástico. Isso demonstra um aumento superior a 400%
na produção de resíduo orgânico, comparando com valor médio das lojas
estudadas.
21
Gráfico 2 – Perfil de geração de resíduos sólidos no Supermercado Cereal. Fonte: Adaptação de dados de CAMPOS, 2014.
Já quando comparamos com o estudo realizado por Roedel e Fantini
(2017), na cidade Brusque – SC, vemos outro cenário. Com o levantamento de
dados realizado no mês de outubro de 2017, é apresentada a quantidade, na
Tabela 2, em kg, de resíduos sólidos gerados.
Tabela 2 – Quantificação dos resíduos sólidos gerados pela no supermercado em Brusque – SC.
RESÍDUOS GERADOS QUANTIDADE (kg)
Plástico 330
Papelão 1.580
Sebo/Osso 871
Resíduos comuns 6.500
Orgânico 4.500
Fonte: ROEDEL; FANTINI, 2017.
Analisando o Gráfico 3, conclui-se que a principal produção de resíduo
neste supermercado em Brusque – SC, são os resíduos comuns, gerados em
setores como frente de caixa, como copos descartáveis e papéis, além de
resíduos como pilhas e baterias, que são entregue por clientes, mas a empresa
não possui nenhuma política para tratar desses resíduos e destina de forma
incorreta, na padaria, já que não ocorre a separação de materiais como,
embalagens PET, bandejas de isopor e papel. A predomonância desse resíduo
22
(resíduos comuns) acontece pela má gestão de resíduos que deveria ser
aplicada dentro dos setores.
Os resíduos como plástico, papelão e sebo/osso, que somam 20% do
montante produzido, é encaminhado para venda e os resíduos orgânicos são
doados. Isso, faz com que os resíduos: plástico, papelão e sebo/osso gerem
renda ao mercado.
Gráfico 3 – Perfil de geração de resíduos sólidos no Supermercado em
Brusque – SC. Fonte: ROEDEL; FANTINI, 2017.
As cooperativas atuantes no estado de Alagoas são os principais meios de
comercialização do resíduo reciclável. Segundo a Lei n° 12.690/2012, que
define cooperativa de trabalho como uma sociedade constituída por
trabalhadores para o exercício de suas atividades, com proveito comum,
autonomia e autogestão, a fim de obter melhor qualificação, renda, situação
socioeconômica e condições gerais de trabalho, como o direito de descanso
remunerado e férias.
Aproximando o cenário conhecido no estado de Alagoas e estudando o
cenário vivido pelas cooperativas de reciclagem atuantes em Maceió/AL, são
comercializados 131.694,00 kg/mês, com destaque na comercialização de
Papel/Papelão, com aproximadamente 58%, e o Plástico, com cerca de 30%,
do montante comercializado, de acordo com a Tabela 3.
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Tabela 3 – Quantidades comercializadas dos principais resíduos recicláveis coletados pelas cooperativas recicláveis de Maceió – AL.
RESÍDUOS TOTAL POR RESÍDUO (kg)
Metais
Alumínio 849,00
Cobre 143,00
Ferro e Aço 13.262,00
Papel/Papelão 75.843,00
PET 2.510,00
Plástico 39.087,00
Fonte: ALAGOAS (2016).
No Gráfico 4 é apresentado o perfil da geração de resíduos sólidos
coletados pelas cooperativas de recicláveis de Maceió/AL.
Gráfico 4 – Perfil de geração de resíduos sólidos com potencial econômico dos resíduos sólidos coletados pelas cooperativas de recicláveis de Maceió/AL.
Fonte: Autora, 2019.
Segundo o Plano Estadual de Resíduos Sólidos – PERS de Alagoas,
quando se fala em valor para comercialização, os preços variam de acordo
com cada cooperativa, com as análises realizadas entre agosto e setembro de
2014, nas principais cooperativas da capital, apresentados no Quadro 1.
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Quadro 1 – Preço dos principais resíduos comercializáveis coletados pelas cooperativas de materiais recicláveis de Maceió – AL.
RESÍDUOS
PREÇO MÉDIO MENSAL DE VENDA (R$/kg)
COOPREL Tabuleiro
COOPREL Benedito Bentes
COOPLUM COOPVILA Preço médio
Metais
Alumínio 2,70 3,00 2,00 3,00 2,68
Cobre 8,80 11,00 11,00 12,00 10,70
Ferro e Aço 0,23 0,14 0,14 0,22 0,18
Papel/Papelão 0,60 0,26 0,18 0,25 0,32
PET 1,50 1,50 1,00 1,00 1,25
Plástico 0,85 0,90 1,00 0,90 0,91
Fonte: ALAGOAS (2016).
Analisando os dados apresentados no Quadro 1, vê-se que a maior
variação está no preço do papelão praticado entre a COOPREL Tabuleiro e a
COOPLUM, o preço chega a um percentual de variação de quase 84%.
O potencial econômico que pode ser gerado pela comercializado desses
resíduos coletados pelas cooperativas, é demonstrado na Tabela 4. Essa
quantia gerada pela comercialização de todo o resíduo coletado é aplicada na
manutenção das cooperativas, além do pagamento de todos os associados das
cooperativas.
Tabela 4 – Potencial econômico gerado a partir da venda dos resíduos recicláveis coletados pelas cooperativas recicláveis de Maceió – AL.
RESÍDUOS TOTAL POR
RESÍDUO (kg) PREÇO
MÉDIO (R$) TOTAL (R$)
Metais
Alumínio 849,00 2,68 2.275,32
Cobre 143,00 10,70 1.530,10
Ferro e Aço 13.262,00 0,18 2.387,16
Papel/Papelão 75.843,00 0,32 24.269,76
PET 2.510,00 1,25 3.137,50
Plástico 39.087,00 0,91 35.569,17
TOTAL (R$) 69.169,01
Fonte: ALAGOAS (2016).
Um dos grandes desafios é agregar valor ao lixo, para torná-lo
economicamente viável. Para superar a questão dos resíduos, é necessário
instaurar práticas para que exista uma destinação ambientalmente adequada:
25
tratamento dos orgânicos para encaminhar para a compostagem, a segregação
para iniciar o processo de reciclagem.
Trabalhando o cenário apresentado pela Tabela 1, vemos que a quantidade
de resíduo que possuem alta capacidade de reuso e/ou reciclagem
(papel/papelão, plástico, vidro, metais, sebo/osso, PET), com práticas no
estado, é de cerca de 38,65%, totalizando 8.315,40 kg/mês. Com isso, possui-
se uma permissibilidade na redução de custos com movimentação e
destinação desse resíduo, além de reduzir o impacto ambiental na destinação
final.
Com valores informados por três empresas privadas do ramo da reciclagem
atuantes no mercado alagoano, principalmente na região metropolitana, e
adotando o valor médio, é possível estimar o potencial econômico de algumas
categorias de resíduos sólidos, explicitados na Tabela 5.
Tabela 5 – Precificação dos resíduos sólidos.
RESÍDUO PREÇO DE VENDA (R$/KG)
Papel/Papelão 0,21
Plástico 0,30
Metais 1,00
PET 0,60
Fonte: Dados fornecidos por empresas do ramo.
A destinação adequada desses materiais citados na Tabela 5, tem
capacidade de gerar valor econômico para a rede, pois além de possuir valor
comercial, ainda permite uma redução de até 35,32% na massa que é
destinada ao aterro sanitário, podendo chegar numa redução de até 7.600,61
kg/mensal.
Os recursos financeiros levantados, demonstrado pelo somatório dos
valores mencionados na Tabela 6, que podem ser arrecadados diante da
venda destas quatro categorias de resíduo, totaliza a quantia de R$ 2.376,65,
havendo a possibilidade de serem utilizados para a implantação na melhoria da
qualidade ambiental dos estabelecimentos, em práticas de conscientização e
educação ambiental, no marketing ambiental e até, na melhoria ou implantação
da coleta seletiva do grupo.
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Tabela 6 – Valor econômico gerado pelos resíduos sólidos.
RESÍDUO PREÇO DE VENDA
(R$/KG) MASSA ANUAL
DE RESÍDUO (kg) TOTAL (R$)
Papel/Papelão 0,21 6.055,40 1.271,63
Plástico 0,30 617,24 185,17
Metais 1,00 907,67 907,67
PET 0,60 20,30 12,18
TOTAL (R$) 2.376,65
Fonte: Autora, 2019.
Para minimizar as produções de resíduos sólidos, o grupo poderia atuar
utilizando artifícios que mostrem aos clientes e colaboradores sobre o impacto
ambiental gerado pelo consumo exacerbado e cobrar uma mudança no perfil
do consumidor para o consumo consciente como por exemplo: a utilização de
bolsas retornáveis ou caixas de papelão, ao invés das sacolinhas de mercado;
expor dados e mostrar que cada pequena mudança individual pode causar um
grande impacto no meio ambiental. Além de demonstrar práticas adotadas pela
empresa e que possam ser replicadas por seus clientes, como a prática da
coleta seletiva, e outras que incentivem a todos adotar, de acordo com a
realidade, meios que garantam a saúde ambiental e qualidade de vida para as
próximas gerações.
É necessário que se adote uma política de logística reversa para produtos
como pilhas, baterias e lâmpadas, que são produzidas no interior das lojas e,
também, são recebidas dos clientes, que se preocupam com a qualidade
ambiental e buscam uma destinação adequada desses materiais, por
possuírem metais pesados e quando destinados de maneira inadequada geram
riscos à saúde e ao meio ambiente.
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5. CONCLUSÃO
A gestão de resíduos sólidos proporciona uma melhoria na qualidade
ambiental, onde a gestão é uma prática socioambiental da empresa, além de
gerar retorno econômico com a venda de resíduos como por exemplo, papelão,
plástico, metais.
A aplicabilidade deste trabalho demonstra a entidade comercial, que é
possível criar processos, atender as normativas ambientais a partir do manejo
dos resíduos, como também conscientizar a população de como suas atitudes
podem modificar o meio ambiente, hoje sendo uma marca para a diferenciação
comercial.
Sendo implantado um sistema de gestão de resíduo sólidos baseado
nas premissas das leis ambientais vigentes e em acordo também as
normativas previstas em NBR, é possível reduzir os impactos ambientais,
minimizar o volume de resíduos destinados a aterros sanitários, trabalhar a
conscientização ambiental em clientes e colaboradores, além de gerar lucro
com a adoção de práticas como a venda de material para reciclagem.
As mudanças estruturais do setor de resíduos envolvem forte
componente de educação ambiental e dependem da mudança comportamental
da sociedade. Enquanto não houver a redução na quantidade de lixo produzida
pela população e o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável como um bem
econômico e de valor social pelas empresas, permanecerá a dificuldade de
gerenciar esse resíduo.
O grupo estudado deve implantar no estado um Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que atenda todos os tipos de resíduos
produzidos, além de impor aos seus fornecedores, práticas ambientais
corretas, as quais o próprio grupo deseja alcançar, expondo o impacto
ambiental gerado pelo ramo da atividade e demonstrar benefício sócio-
financeiro, quando é buscada a sustentabilidade.
Existindo uma busca pela sustentabilidade e uma preocupação
ambiental já no momento da aquisição da matéria-prima, bem de consumo ou
produto até o descarte, e sendo mantido em todas as fases do processo faz
com que seja possível uma redução de consumo/custo ambiental. Criando uma
28
gestão eficaz em todos os âmbitos da instituição, baseada na conscientização
e minimização de geração de resíduos sólidos em toda linha produtiva resulta
numa redução no volume de resíduo produzido, além de reduzir as
quantidades de matéria-prima que são extraídas na origem.
29
REFERÊNCIAS
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ALAGOAS. Plano Estadual de Resíduos Sólidos – PERS. Volume I (Técnico). Tomo II, 2016. Disponível em: < http://residuossolidos.al.gov.br/vgmidia/arquivos/316_ext_arquivo.pdf >. Acesso em: 09 abr. 2019.
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