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A A L
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Fevereiro/ 2015Coordenação editorial: Depto. Desenvolvimento InstitucionalAutora: Auriciene Araujo LidórioCoordenadoria de Ensino a Distância: Gedeon J. Lidório JrProjeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. eixeiraRevisão: Éder Wilton Gustavo Felix Calado
Designer Instrucional: Wilhan José GomesImpressão: Artgraf
odos os direitos em língua portuguesa reservados por:
Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR 86055-670 el.: (43) 3371.0200
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SUMÁRIO
Unid. - 01 C .............................................09Unid. - 02 A - R .......17
Unid. - 03 O .......................................................................................................25
Unid. - 04 O ........................................33
Unid. - 05 O A ......................43
Unid. - 06 R .....................................................................................................51
Unid. - 07 V ........................................................57
Unid. - 08 P, ...........................................................73
Unid. - 09 F ...............................................83
Unid. - 10 P ...91
Unid. - 11 M ......................101
Unid. - 12 A ...................119
Unid. - 13 A ........................................................................................131
Unid. - 14 A ....................................145
Unid. - 15 S ..155
Unid. - 16 E - .....169
Unid. - 17 R ..........177
Unid. - 18O
.................187
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ACONSELHAMENTO PASTORAL
A D:
A disciplina de Aconselhamento Pastoral se propõea estudar os conceitos que podem elucidar o fazer doAconselhamento em um contexto cristão e que se baseia nateologia bíblica. Entende assim, portanto, que suas origenspodem ser traçadas a partir do ambiente dos tempos do
Novo estamento e, também, podemos perceber que suasinfluências partem de princípios que encontramos em todaa Palavra de Deus.
Desta forma, não é a repetição dos eventosbíblicos que o Aconselhamento Pastoral se propõe arealizar, porém, a partir do entendimento do princípiobíblico que nos incita a cuidar dos outros ao nosso redor
e também ter uma nova mentalidade acerca do sentido dacomunidade em que vivemos nos dias de hoje, segundoas demandas que a atualidade nos apresenta, realizar umalegítima compreensão do texto sagrado e manifestar essacompreensão em forma de missão na sua integralidade.
Entendendo, assim, que o principal chamadoda Igreja de Cristo é o ser sal da terra e luz do mundo, a
proposta da matéria ousa responder a esse chamado, nosentido de que preparar-se para ser uma comunidadeterapêutica e curadora não é somente o dizer-se da bocapra fora. Pelo contrário, que se constitui o encarar comseriedade os estudos sobre o tema e assim concretizar ematos somente o que a alma reflete e pensa-se a si mesma,demonstrando assim a relevância da mensagem pessoal e
coletiva.
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Embora o curso não contemple todos osassuntos que a área impõe pensar, pretende abordar osprincipais temas que estão ligados ao entendimento doAconselhamento Pastoral, distinguindo-o das psicoterapias
e atendimentos médicos, se lançando ao entendimento dasprincipais abordagens que fundamentam o pensamentopsicológico e teológico da área.
Desta forma, conceitos como autenticidade,formação e treinamento, maturidade emocional eespiritual são levados muito a sério para a formação doconselheiro que pretende fazer diferença na comunidade
cristã dos dias de hoje. Como também estar confortável emrefletir e levar os outros nesse sentido, no que tange aosassuntos sobre as questões que advém do vínculo de casal,do aconselhamento familiar que inclui o pensar os estilosparentais, os recursos que o aconselhamento em grupopode proporcionar, o aprofundamento do entendimentode situações traumáticas, como elaborar os lutos e as faltas
e como entender melhor sobre como pessoas resilientespodem ser mais estimuladas e servir de exemplos paraoutros.
E por fim, mas não menos importante, oentendimento do pastor/conselheiro no cultivo de suascapacidades e dos seus limites tem muito para oferecer paraa comunidade na qual está inserido e para a sociedade em
geral. Elucidando melhor, quanto mais se compreende sobrea sua própria humildade, mais se percebe que o cuidadodo ser humano na sua integralidade é compreendido pormuitas mãos e muitos olhares.
O fazer interdisciplinar é uma das propostas desseolhar e se coloca não como mutilação ou impedimento doserviço pastoral, mas pelo contrário como a transcendência
de um pensamento acerca do verdadeiro amor cristão.
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O D:
A disciplina visa apresentar ao aluno um panorama decompreensão e reflexão sobre o papel da igreja no mundoem termos de relevância enquanto comunidade terapêuticae, por isso, considera o preparo do líder/pastor como desuma importância;
Demonstrar consciência da importância de conhecera estrutura do psiquismo e comportamento humano,aliado ao empoderamento pessoal das linhas teológicas
que dão base ao aconselhamento, com vistas ao melhordesempenho da prática pastoral que se identifique comuma espiritualidade cristocêntrica e solidária diante dasmais diversas situações do cotidiano;
Possibilitar aos alunos um primeiro contatocom os fundamentos das teorias mais conhecidas doaconselhamento juntamente com a possibilidade dotrabalho de caráter criativo e contextualizado, esperando
também ser possível o diálogo com outras correntespsicológicas e pensar novas possibilidades teórico-práticasde atuação dentro de diversos contextos (Igrejas, escolas,empresas, ministérios, organizações de ajuda e etc.) atravésda discussão e abrangência de temas dos mais variadosassuntos que compreendem o aconselhamento pastoral.
Abraços a todos e bons estudos,
Profa. Auriciene P. de Araújo Lidório
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O
Quando falamos em aconselhamento, muitas vezes vemimediatamente à nossa mente a ideia de que uma pessoa vai tentar resolvera vida de outra pessoa através de conselhos. Por isso vemos que é dada uma
grande importância no meio eclesiástico à sabedoria dos provérbios paraesse tipo de envolvimento de duas pessoas. Não temos nenhuma dúvidada importância do livro de provérbios para o acréscimo de entendimentoda vida e do relacionamento com Deus. Porém queremos deixar nítido emnossas mentes que “dar conselhos” nem sempre é aconselhar.
Disso decorre que de acordo com Fred McKinney (s/dapud FRIESEN,2000, p.19) o “Aconselhamento é um relacionamento interpessoal em que oconselheiro assiste ao indivíduo em sua totalidade no processo de ajustar-se
melhor consigo mesmo e com seu ambiente”.Desta forma também nos perguntamos então, no que isso se difere
das psicoterapias? O que você acha disso? Essa resposta pode mudarem muito, tanto o rumo do nosso ministério como também o rumo demuitos aconselhamentos. Pois, muitas psicoterapias também se baseiamno aconselhamento. E com isso podemos perceber que as relações decuidado envolvem sempre o pressuposto da percepção do outro e doacompanhamento de pessoas em diversos níveis, como citado por Cawley
(1977, apud HURDING, 1985, p. 34) no qual ele demonstra que existemquatro níveis de psicoterapia e que o primeiro deles pode ser visto como orelacionamento do aconselhamento por conter os ingredientes certos paraque a pessoa que precisa desse processo receba do conselheiro o nível certode respeito e apoio.
O Aconselhamento se situa entre as especializações da Psicologiae constitui-se em uma área do saber que atende tanto na área social,experimental e industrial. Representa um apanhado de conhecimento
aplicado que se originam desde a orientação educacional até as psicoterapias.Já o termo cura d’almas aparece na obra de Platão chamada Laches,
quando já se indicava a terapia da alma (psyches terapeia) como umrecurso para as pessoas. Para Platão, os indivíduos deviam incluir em suaspreocupações a busca do melhor para a alma. Para isso, ensinava que oauto-conhecimento e autoexame se constituam em um processo de ajuda afim de alcançar o melhor estado da alma.
Assim, o aconselhamento é uma relação de ajuda, na qual, duas ou
mais pessoas interagem a partir de situações apresentadas pelo aconselhando
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(a) a um conselheiro (a). Ambos estão presentes ativamente nesse processo,no qual haverá possibilidade de que a pessoa que precisa de orientação/aconselhamento perceba os seus recursos próprios, entenda seus dilemas epasse a relacionar-se melhor com as dificuldades da vida.
Consideramos que pode ser chamado de aconselhamento, umrelacionamento interpessoal em que o (a) conselheiro (a) assiste ousimplesmente dá “escuta” ao indivíduo em sua integralidade no processode ajustar-se melhor consigo mesmo e com seu ambiente; podem ser emcircunstâncias que necessitem do uso de técnicas para ajudar-se a resolvermelhor seus conflitos e ajustar sua vida (FRIESEN, 2000, p. 19).
Do ponto de vista de Rollo May (1976, p.76), “o aconselhamento é maisuma técnica ou arte do que uma profissão e deve ser empregado como partede uma responsabilidade mais coerente com profissões cujo objeto principalsão as pessoas”.
Sendo assim, acreditamos que o aconselhamento leigo não pode ser um processo mecânico e cheio de fórmulas, mas um relacionamento interpessoal emque duas pessoas se engajam no processo de esclarecer os sentimentos e problemasde alguém visando o encaminhamento ao atendimento psicoterapêutico,
psicanalítico ou mesmo ao psiquiátrico quando das necessidades.Nisto também pontuamos que
“não é o conselheiro que decide o que é mais adequado para asituação e o problema tratado. A responsabilidade do conselheiroé ‘assistir’ ao aconselhando enquanto este busca os seus recursospara ajustar-se, para resolver os seus conflitos. ‘Assistir’ no sentidode estar presente, de auxiliar, de ajudar, de favorecer” (FRIESEN,2000, p. 19). Falaremos disso mais adiante.
Assim, podemos compreender que para o aconselhamento é necessário
haver disposição entre as pessoas envolvidas e uma atitude de ajuda em umambiente relacional.
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Quando tentamos entender o que seria mais importante para umapessoa em termos de acompanhamento terapêutico temos que perceber quetodos os níveis de processo psicoterapêutico tem sua importância. anto oaconselhamento como a psicoterapia feita por um psicólogo, como a intervenção
feita por um psiquiatra e também a análise feita por um psicanalista.É muito fácil e recorrente ver que as pessoas estão passando pormomentos difíceis. odos nós somos constantemente confrontados comuma realidade dura e cruel que nos atesta que estar vivo é uma luta constantediante da morte, das frustrações, das perdas, dos problemas e também deuma rotina e práticas culturais impostas a nós mesmo antes de nascermos.
Ninguém pode afirmar que nunca passou por problemas e que, portanto,não precisa de ajuda. O ser humano traz consigo, em sua história de vida,
efeitos das transmissões psíquicas transgeracionais (as heranças familiares) ena construção de sua trajetória, experiências que causam sofrimentos e dores.Assim, todos, em algum momento, necessitam de ajuda.
Encontrar, portanto, na hora certa a ajuda que pode fazer diferençana vida é que se torna o desafio do Conselheiro Cristão, sendo ele leigo oumesmo como pastor que está envolvido com os problemas de toda umacomunidade. Há uma metáfora que pode nos auxiliar na compreensão da
importância de um bom conselheiro, na verdade é uma vivência real deoutro profissional que podemos usar como axioma para entender melhoro papel daquele que atravessa vidas com suas atitudes e que também éatravessado por elas.
Esse profissional a que me refiro é o médico socorrista. Ele atravessa a vida de uma pessoa exatamente quando ela mais precisa, pois a continuidadeda vida dessa pessoa depende da sua postura e eficiência no trato com osprocedimentos de primeiros socorros e medidas extremas que barrem
a iminência de morte. udo tem que ser rápido e organizado, sem danospiores para o paciente que precisa o mais rápido possível chegar a umhospital, onde poderá ter um atendimento mais especializado e direcionadoàs suas necessidades.
O que podemos constatar é que não nos resta dúvida da potencialidadeque esse profissional tem para alguém que imediatamente precisa de socorromédico. Outra coisa que podemos observar, é que ele não é exatamente omédico que o atenderá e que possui todos os recursos para assegurar a “nãomorte”, mas ele tem sua utilidade entre o médico profissional juntamente
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com o hospital, e o momento de estabilização de uma pessoa, pois se nãotiver esses primeiros cuidados pode, com certeza, vir a morrer.
Podemos ver em toda a literatura e também em jornais e revistas comoum socorrista consegue através da sua função favorecer a muitas pessoas, sendo
que vários desses profissionais não são médicos já formados. Alguns sim, masoutros têm o curso de formação de socorrista que lhes fornecem o conhecimentonecessário para aquelas primeiras operacionalizações em favor da vida.
Portanto, utilizo desse exemplo para fundamentar e atestar a “função”que muitos cristãos fazem em suas igrejas, sendo pastores ou não e sedeparam com situações de perigo de outras pessoas, não na área do socorrofísico, no qual a pessoa sofre o perigo de morte, mas do socorro espirituale psicológico. É claro que nenhuma dessas pessoas é um psicólogo ou
psiquiatra formado e que tem todas as ferramentas psicológicas e médicaspara lidar com risco iminente diante de situações que envolvem desdedecisões pequenas da vida, como também estados doentios ou ideaçõessuicidas, tentativa de homicídio, destruição de lares e não só no âmbitodrástico de tomada de decisões, mas também no direcionamento da vidaque, por vezes, nos prega peças e nos remete a escolhas que exigem muitode nossa maturidade pessoal.
No contexto em que estamos inseridos, que é a Igreja cristã, deparamoshoje com lacunas imensas que se tornam intransponíveis quando falamossobre o cuidado de pessoas. Refiro-me aqui, ao mau entendimento que,muitas vezes, se torna um mal estar vivido entre o meio eclesiástico eo mundo das ciências, em especial das ciências da saúde, que de formaespecífica englobam as áreas da psiquiatria e da psicologia.
Sabemos que quando cada um de nós está doente fisicamente, vamosimediatamente ao médico especialista na área à qual precisamos de cuidado.
E isso mostra que agimos de forma correta quando não nos dirigimos aopastor da igreja, pois, precisamos na realidade de um ortopedista ou deoutro especialista que nos atenda com sua sabedoria adquirida através dosestudos e dos conhecimentos das pesquisas da tecnologia que atuam a favorda ciência e da saúde de uma forma geral.
Portanto, é de suma importância que tenhamos boa consideraçãotanto do pastor como do médico que se ocupam de áreas distintas e fazemo seu papel da forma mais acertada para cada objetivo. Sendo que nessesmeandros, reconheçamos que a ciência avançou muito e nós podemos
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inclusive distinguir que existem problemas que, através da formação pastorale teológica, foge ao objetivo alcançado pelas graduações na área de teologia.
Com o intuito de corroborar a ideia da Igreja sendo uma comunidadeterapêutica, vimos com esse curso promover a elucidação dos fatos que
concorrem para uma abertura maior no entendimento, importânciada aceitação e da boa utilização dos recursos da área da psicologia, daspsicoterapias psicanalíticas na área de família e casal e também outras queenglobam o bom uso do dinheiro, as abordagens que esclarecem sobre oporquê das compulsões e também a promoção do diálogo quanto a tantasdúvidas sobre sexualidade, sendo que objetivam favorecer a comunidadecristã e toda a sociedade.
Há muitos desafios para o nosso tempo e um dos principais tem
a ver com a posição como pessoas que nos encontramos e todos osdesdobramentos que isso proporciona ou sucede na vida de cada um denós em meio às percepções sócio construídas.
Vivemos em meio a uma cultura hedonista, na qual tudo precisaresultar em ganhos significativos – é preciso trazer: fama, conhecimento,riqueza, bem estar pessoal, satisfação de desejos etc.
A sociedade brasileira passa por um processo de urbanização (comum
ao mundo inteiro) invertendo o quadro apresentado o que é uma tendênciamundial – porém, esse processo, mesmo que aparentemente incontestável éculturalmente difícil de prever o resultado perante as concepções e vivênciasocial nas cidades – o que nitidamente se nota é que o Brasil urbano temcaracterísticas rural em sua formação cultural, religiosa e social. De acordocom o antropólogo brasileiro Ronaldo Lidório, a sociedade brasileira émarcada fortemente pela “presença de simbolismo” e que “dificilmenteobservam (os brasileiros) um valor a partir dele mesmo, mas sim a partir
dos fatos da vida” (Lidório, 2008) e assim nos dá a percepção de que mesmourbanos ainda somos uma sociedade com forte tendência a socializaçõesnos moldes mais rurais, segmentos culturais se seguem desde os temposde sua formação – tudo isso está em processo e com certeza quanto maisinstruída a população menos simbólico e simples ela é; isso se tem sentidomais em alguns lugares do país que em outros, mas é perceptível.
O ser humano, conquanto já na sua atitude pós-moderna, inclui-senuma barbárie de pensamentos soltos, desconexos e sem estrutura aparente,mas profundamente marcado pelas experiências que tem enquanto pessoa
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dentro de um contexto familiar e social o que reflete diretamente em como encaraesse mundo, seu mundo, o mundo de outros e aquilo ou aqueles que o cercam.
Dentro deste grande desafio em nossa época, agrega-se o fato de queestamos em uma época de atitudes pós-modernas. Um dos grandes autoressobre isso, Ernest Gellner conceitua da seguinte forma:
O pós-modernismo é um movimento contemporâneo. É forte e estána moda. E, sobretudo, não é completamente claro o que diabo eleé. Na verdade, a claridade não se encontra entre os seus principaisatributos. Ele não apenas falha em praticar a claridade, mas emocasiões até a repudia abertamente... A influência do movimentopode ser discernida na Antropologia, nos estudos literários,filosofia... As noções de que tudo é um “texto”, que o material básico
de textos, sociedades e quase tudo é significado, que significadosestão aí para serem descodificados ou “desconstruídos”, que anoção de realidade objetiva é suspeita - tudo isto parece ser parteda atmosfera, ou nevoeiro, no qual o pós-modernismo floresce, ouque o pós-modernismo ajuda a espalhar. O pós-modernismo pareceser claramente favorável ao relativismo, tanto quanto ele é capaz declaridade alguma, e hostil à ideia de uma verdade única, exclusiva,objetiva, externa ou transcendente. A verdade é ilusiva, polimorfa,
íntima, subjetiva... e provavelmente algumas outras coisas também.Simples é que ela não é... udo é significado e significado é tudo ea hermenêutica o seu profeta. Qualquer coisa que seja, é feita pelo
significado conferido a ela... (GELLNER, 1992)
O ser humano moderno crê firmemente naquilo que aprendeudesde sua tenra infância, quando criança em casa ou na sua igreja oumesmo com bons mestres que lhe incutiam a boa moral e ética. Boa é asua fé. Alentamos o fato de enxergarmos um pouco além do que vemos, na
teologia, na Bíblia e até em nossa fala diária. Quando saímos do âmbito daprédica e nos adentramos na razão de ser da vida, no dia a dia, de nossasdecisões, de nossa vontade, de nossos acertos com a vida, quer seja elasentimental, profissional, religiosa ou pessoal, enxergamos, porém que esta verdade não é vivida e que mentimos ao afirmá-la.
Em meio a tudo isso é que se dará nosso grande desafio nesse curso: ode ajudar-nos a entender melhor nosso campo de trabalho e estabelecer asbases de um aconselhamento que faça diferença para a vida, tanto daqueles
que serão cuidados, como dos cuidadores.
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R B
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FARRIS, J. R. Teologia Prática, cuidado e aconselhamento pastoral: umresumo da história recente e suas consequências atuais. In Estudos da Religião.São Bernardo: IEPG, Ano XI, nº 12, dezembro de 1996.
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SCHNEIDER-HARPPRECH, C. Aconselhamento Pastoral. In eologiaPrática no Contexto da América Latina. São Leopoldo: Sinal/Aste, 1998.
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GELLNER, Ernest. Razão e cultura. Lisboa: Teorema, 1992.
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A P
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ACONSELHAMENTO - R ELEVÂNCIA E OBJETIVOS
I
Nessa unidade estudaremos a relevância e importância
que o aconselhamento pastoral tem para a comunidadecristã, como também para outras pessoas em geral. Comisso demonstrando que a igreja que se considera um espaçode cura e de vivência saudável é aquela que pode concebera interdisciplinaridade de olhares no cuidado com o serhumano.
O
Esperamos que, após o estudo do conteúdo destaaula, você seja capaz de:
1. Compreender que quando a igreja entende o seu
papel no mundo ela é relevante;2. Refletir sobre a importância do trabalho
interdisciplinar da teologia, como atitude pastoral noaconselhamento, com outras ciências.
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Q
Certo dia ao ler a história a seguir, eu senti que não há nada maisesclarecedor do que uma parábola que nos revele a profundidade dossentimentos e a nitidez das instâncias que no mundo de hoje, muitas vezes,não conseguimos apreender, portanto vamos a ela:
“Numa perigosa costa, onde naufrágios são frequentes, havia, certavez, um tosco, pequeno posto de salvamento. O prédio não passavade uma cabana, e havia um só barco salva-vidas. Mesmo assim, osmembros, poucos e dedicados, mantinham uma vigilância constantesobre o mar e, sem pensar em si mesmos, saiam dia e noite, procurando
incansavelmente pelos perdidos. Muitas vidas foram salvas por essemaravilhoso pequeno posto, de modo que acabou ficando famoso. Algumas das pessoas que haviam sido salvas, além de várias outrasresidentes nos arredores, queriam associar-se ao posto e contribuir comseu tempo, dinheiro e esforço para manter o trabalho de salvamento.Novos barcos foram comprados e novas tripulações treinadas. O pequeno posto de salvamento cresceu.
Alguns membros do posto de salvamento estavam descontentes com
o fato de o prédio ser tão tosco e tão parcamente equipado. Achavamque um lugar mais confortável deveria servir de primeiro refúgio aosnáufragos salvos. Assim, substituíram as macas de emergência porcamas e puseram uma mobília melhor no prédio, que foi aumentado. Agora, o posto de salvamento tornou-se um popular lugar de reunião para seus membros. Deram-lhe uma bela decoração e o mobiliaramcom requinte, pois o usavam como uma espécie de clube. Agora, eramenor o número de membros ainda interessados em sair ao mar
em missões de salvamento. Assim, tripulações de barcos salva-vidas foram contratadas para fazer esse trabalho. O motivo predominantena decoração do clube ainda era o salvamento de vidas, e havia barcosalva-vidas litúrgico na sala em que eram celebradas as cerimôniasde admissão ao clube. Por essa época, um grande navio naufragouao largo da costa, e as tripulações contratadas trouxeram barcadasde pessoas com frio, molhadas e semi-afogadas. Elas estavam sujas edoentes, e algumas delas eram de pele preta ou amarela. O belo e novo
clube estava em caos. Por isso, o comitê responsável pela propriedade
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imediatamente mandou construir um banheiro do lado de fora doclube, onde as vítimas de naufrágios pudessem se limpar antes deentrar.
Na reunião seguinte, houve uma cisão entre os membros do clube. A
maioria dos membros queria suspender as atividades de salvamento por serem desagradáveis e atrapalhavam a vida social normal doclube. Alguns membros insistiram em que o salvamento de vidas eraseu propósito primário e chamaram a atenção para o fato de queeles ainda eram chamados “posto de salvamento” Mas por fim estesmembros foram derrotados na votação. Foi-lhes dito que, se queriamsalvar as vidas de todos os vários tipos de pessoas que naufragassemnaquelas águas, eles poderiam iniciar seu próprio posto de salvamento
mais abaixo naquela mesma costa. E foi o que fizeram.Com o passar dos anos, o novo posto de salvamento passou pelasmesmas transformações ocorridas no antigo. Acabou tornando-seum clube, e mais um posto de salvamento foi fundado. A históriacontinuou a repetir-se, de modo que, quando se visita aquela costahoje em dia, encontram-se vários clubes exclusivos ao longo da praia.Naufrágios são frequentes naquelas águas, mas a maioria das pessoasmorre afogada!” (WEDEL, 1953 apud CLINEBELL, 1998, p. 13).
É interessante ler essa parábola de Teodore Wedel e vermos bemexplícito o verdadeiro significado de relevância. E ainda de acordo com opensamento de Clinebell (1998) é interessante ver como fica em destaqueque o verdadeiro sentido do posto de salvamento é o de ficar a postos parasalvar pessoas dos naufrágios. Fazendo uma analogia com a Igreja cristã,nos perguntamos se a relevância desta não seria de estar também a postospara “as necessidades profundas das pessoas” (p. 14).
Muitas vezes sabemos que o alcance pode ser através da saída da igrejapara os campos missionários, porém o que mais observamos é que muitaspessoas em aflição vem ao encontro da igreja onde ela se encontra e essaspessoas não só esperam realmente serem salvas do perigo e da morte, mastambém que sejam acolhidas e recebidas por pessoas e lugares preparadospara isso e, ao mesmo tempo, sem se preocuparem se são e estão adequadasou não para cada local de salvamento.
É nesse sentido que o “ser” da igreja através do aconselhamento(capacidade de se dar autenticamente ao outro por entender que é da
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natureza da Igreja de Cristo ser bênção para as nações), é tão importantepara mostrar como apesar do mundo lá fora, imperar a frieza, outilitarismo, a cobiça e a concorrência, pode revelar a satisfação dessaspessoas por “relacionamentos significativos” (CLINEBELL, 1988 p. 14).
E não somente isso, mas podemos ver que é através dosrelacionamentos que a igreja pode se tornar relevante para esta difícilatualidade. Desta forma, pensando ainda como o autor acima citado,
[...] A poimênica e o aconselhamento pastoral são valiososinstrumentos através dos quais a igreja permanece relevante para anecessidade humana. Eles são formas de traduzir a boa-nova paraa linguagem de relacionamentos (a expressão é de Reuel Howe)– uma linguagem que permite (...) comunicar uma mensagem
de cura a pessoas que se debatem em alienação e desespero. Oaconselhamento pastoral é um meio essencial pelo qual uma igrejaé auxiliada no sentido de ser um posto de salvamento e não umclube, um hospital e um jardim da vida espiritual e não um museu.O aconselhamento pode ajudar a salvar as áreas de nossa vidaque naufragaram nas tempestades do nosso dia-a-dia (sic), que sedespedaçaram nos arrecifes ocultos de ansiedade, culpa e falta deintegridade. Um programa eficaz de poimênica e aconselhamento,
em que tantos pastores quanto pessoas leigas treinadas servem comopossibilitadoras de cura e crescimento, pode transformar o climainterpessoal de uma congregação, fazendo de uma igreja um lugarem que a integralidade é fomentada nas vidas das pessoas durante a
vida toda (p. 14).
Acerca disso também nos fala Albert Friesen (2000), em seu livro“Cuidando do Ser,” no qual ele faz uma referência às prioridades da
igreja e que essas devem levar em conta o principio básico da missão daIgreja que é considerar as “necessidades básicas e imediatas das pessoasquando seriamente em conta na elaboração de seus programas” (p. 40).
E ainda em relação à relevância do aconselhamento pastoral paraos dias turbulentos de hoje esse mesmo autor ainda nos diz,
[...] Facilmente perde-se de vista a dor mais primitiva, o sofrimentocruel da alma, a incapacidade de lidar com coisas básicas comoo matrimônio, a educação dos filhos e as angústias existenciais.
As doenças, a tensão que é gerada pelas dificuldades do trânsito
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nas grandes metrópoles e as próprias consequências trágicas deacidentes de trânsito, a constante insegurança, tudo submeteo ser humano a uma constante perda de qualidade de vida. Aluta pela sobrevivência não se resume mais em plantar e colher.Ela depende do desenvolvimento de habilidades altamente
sofisticadas para enquadrar-se numa estrutura socioeconômica, e,interagindo com ela, achar formas de ganhar o pão de cada dia. Épreciso estar constantemente atento para a questão da segurança,seja em relação ao próprio corpo, à garantia da continuidade da
vida financeira e também dos bens e do patrimônio. Ladrões,assaltantes e assassinos são palavras do cotidiano das pessoas,especialmente nas grandes cidades. E é ali que o conselheiro cristãotem seu campo de ação. Onde as pessoas desistem e esperam,
onde amaldiçoam e bendizem, onde buscam realização e ondeestão sedentas de verdadeira comunicação. É ali que o conselheirorecebe um campo pronto para semear a boa nova, onde o amorfaz sentido. É ali que o Aconselhamento Pastoral tem o seu lugar(FRIESEN, 2000, pp. 40-41).
Desta forma, podemos ver que não adianta querermos mudaras pessoas de onde elas estão e suas realidades, seja ela onde for para
uma realidade dos livros de antigamente, onde as pessoas tinhamoutro tipo de vida e conviviam em outras circunstâncias. Precisamosestar preparados para influenciarmos onde elas estão no meio do seuconvívio, assim como Jesus também o fez.
O
O que leva uma pessoa a buscar o aconselhamento pastoral, ou algum
tipo de aconselhamento? Sem dúvida, porque está enfrentando conflitosintrapessoais ou interpessoais. Suas vivências estão marcadas por eventosque lhe causa algum tipo de sofrimento. Sendo que é da ordem da neurose,estrutura psíquica à qual a maioria de nós está inserida, que vivamos oconflito de forma ordinária. Sendo esse conflito com o outro ou mesmocom os objetos internalizados do outro (complexo fraterno) transformandomuitas vezes as nossas vidas em repetições de relações já vividas, algumasprazerosas, outras não tão prazerosas assim, pelo contrário, até muito
traumáticas. Por isso, algumas pessoas resolvem buscar ajuda.
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Portanto, de acordo com Gary Collins (2004, apud MOLOCHENCO,2008, pp. 23-24), os objetivos do aconselhamento precisam passar pelaajuda ao aconselhando nos seus diferentes aspectos da vida, que são:
• Identificar padrões de pensamento que geram atitudes negativas e,
através dessas identificações, levá-lo a mudar as suas atitudes e seu modode vida;• Aperfeiçoar o seu modo de encarar e manifestar seus
relacionamentos interpessoais;• Auxiliar no desenvolvimento de seus comportamentos de forma
mais sadia;• Orientar em decisões difíceis;• Ajudar a mudar o seu modo de viver;
• Ensinar a mobilizar seus recursos internos nos momentos de crise.E ainda citando CAMARGO (1997, p. 48), podemos reforçar o
entendimento da importância do que estamos destacando aqui comoaconselhamento, sendo o processo de ajuda através do qual, chamado poreste autor de aconselhamento cristão, deve atender a proposta de:
• Ajudar o ser humano a construir um relacionamento verdadeiroconsigo mesmo, com o seu semelhante e com Deus;
• Possibilitar ao ser humano a tomada de consciência de si mesmo,de suas ações e se posicionar de forma criativa e confiante diante dasdificuldades naturais da vida e,
• Ajudar o ser humano a lidar sensatamente com seus instintos(paixões primitivas, tais como: apego egoísta a coisas e pessoas, ódio, inveja,agressividade, destrutividade, etc) e, através da ação do Espírito Santo,transformá-los em força de vida, de sabedoria e de esperança.
Para isso, precisamos estar muito bem preparados, pois a nossa
subjetividade é da ordem do complexo, todos nós herdamos característicasda família de origem e, também, recebemos uma carga muito forte sobreas experiências adquiridas no núcleo familiar e com os demais ambientessociais. Há quem tenha tido um bom “apego” (momento em que se originao primeiro vínculo das nossas vidas, com a mãe ou cuidador) e, por isso,se sente mais preparado para arriscar e ser criativo em todas as áreas dasua vida, estando com boa estrutura emocional e, portanto, pode lidarmelhor com as adversidades. Outros, entretanto, apresentam dificuldades
relacionadas à maturidade emocional. Veremos esse ponto mais adiante.
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Desta forma se pudermos entender e nos organizar da seguinte formano ambiente eclesiástico, poderemos perceber que as pessoas poderão estarmais bem cuidadas e todos poderão se sentir seguros nos seus lugares docorpo de Cristo.
Um boletim publicado há alguns anos pelo Conselho Regionalde Psicologia, orienta as pessoas a procurarem ajuda quando:
• em dificuldade para dormir;• roca o dia pela noite ou tem períodos de insônia;• Não tem vontade de fazer nada o tempo todo;• Quer ficar sozinho por longo tempo;• Afasta-se de amigos, do trabalho;• Fica agitado, parado ou varia entre esses dois estados;
• em dificuldade de aprendizagem, concentração ou para tomardecisões;
• Preocupa-se de forma exagerada com religião ou assuntos místicos; ficaagressivo, irritado ou mal-humorado;
• em medos e suspeitas, sem motivo reage mal quando é contrariado;• Descuida-se da higiene pessoal;• Escreve muito ou desenha de forma infantil e nenhum significado claro;• Apresenta maior sensibilidade ao barulho ou à luz;
• Usa palavras ou frases estranhas;• em comportamentos como: arrancar fios de cabelo ou pelos do
corpo; machucar-se por vontade própria; mudar a forma de vestir-se;• em dificuldades para realizar atividades já aprendidas.
anto estes como outros “sintomas” estão relacionados às emoçõesdo ser humano e necessitam de acompanhamento profissional. Há outrassituações de conflitos de natureza existencial e religiosa que exigem apresença e a atuação do aconselhamento para encaminhamento posterior aum profissional que dê os cuidados terapêuticos necessários.
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ORIGEM BÍBLICA DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO
Entendemos que o aconselhamento tem feito parte da história dahumanidade, sendo essa tarefa de troca de informações e orientações
dadas um fenômeno que tem acompanhado o desenvolvimentohumano (MOLOCHENCO, 2008).Ainda de acordo com o pensamento desse autor, temos registros
dessas ações atrelados à história do povo de Israel,
[...] Um dos grandes documentos da história que demonstra essa
atividade é a Bíblia. O Antigo estamento narra história do povo
de Israel, na qual encontramos exemplos de orientações usadas
até mesmo em Economia e Administração. Um desses casos énarrado no livro de Êxodo. Moisés exercia a tarefa de conselheiro,
assentando-se para julgar as questões do povo que caminhava no
deserto. Jetro, seu sogro, vendo a difícil tarefa do genro, orienta-o
a nomear e treinar pessoas para julgar causas menores. Depois de
pensar e refletir, Moisés designou líderes-juízes para os grupos e
subgrupos que aconselhariam e julgariam questões menores (Ex.
18:13ss – NVI).
O livro de Jó, o mais antigo da Bíblia, também trata de conselheiros.
Na hora da aflição de Jó e de todos os males que abateram sobre ele,
três amigos se posicionam diante dele. Num primeiro momento,
o sustentaram na dor mediante o silêncio. Diz a Bíblia: “os três
se assentaram no chão com ele, durante sete dias e sete noites.
Ninguém lhe disse uma palavra, pois viam como era grande o seu
sofrimento” (Jó. 2:13 – NVI) (MOLOCHENCO, 2008, p 29).
Esse relato do aconselhamento vindo junto com a formação dospovos e especialmente com o povo de Deus segue muito mais adiante,também visto na história de Samuel e Ana (I Sm. 1 – NVI), o Rei Davi e oprofeta Natã (II Sm. 7:2-17; I Cr. 17: 1-15 – NVI) e também na época dosJuízes. Vemos aí que sempre havia alguém capacitado e que levasse o povoa uma direção que sempre deveria ser a condução da vontade de Deus paraesse povo. E ainda,
[...] o Antigo estamento está repleto de exemplos de exemplos
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de bons homens e mulheres usados pelo Espírito Santo paraencorajar, guiar, suportar, sustentar, confortar, advertir e,por outros tantos caminhos, ajudar o povo de Deus emsuas necessidades. Jesus foi descrito como o “MaravilhosoConselheiro”. Seus seguidores foram destinados não somente a
pregar, mas a tratar das necessidades espirituais e psicológicasdos indivíduos (Mt. 10:7-8 – NVI). Mais tarde, as cartas doNovo estamento trazem grandes insights no que se refere àstécnicas de aconselhamento em seus escritos inspirados. Naera do cristianismo, líderes cristãos também se engajaram noque é chamado de quatro funções pastorais: curar, sustentar,conduzir e ministrar a reconciliação (COLLINS, 1981 apud MOLOCHENCO, 2008, p. 30).
Por isso podemos dizer que, no Antigo estamento, encontramosuma formação cultural sob a ótica do aconselhamento e lendo-o comesse olhar, temos base orientadora para a vida e, especialmente, paraos conselheiros que desejam através do conhecimento acumulado pormuitas gerações sobre várias facetas da condição humana.
Continuamos a ver isso no Novo estamento, nas ações de Jesusou dos apóstolos, dando continuidade à prática do aconselhamento
integral para a cura do ser humano. Nas curas e milagres efetuados porJesus vemos uma ação restauradora da vida integral demonstrando queé necessário nos utilizarmos de todas as ferramentas possíveis para acompreensão da condição humana e também no relacionamento comDeus.
Porém, um elemento novo e difícil surge no Novo estamento quealtera a compreensão antropológica do Antigo estamento, fruto dainfluência da filosofia grega, tanto do Gnosticismo como do Helenismo,
sendo que o primeiro teve influência de proporções desastrosas nomeio cristão. Agora, os valores da vida do reino priorizam o espiritualem detrimento do que é material, então o espírito é o que deve serinvestido nessa vida. A alma (mente) e o corpo não deviam ser alvo decuidados e investimentos, pois iriam apenas perecer.
De forma completamente contrária, podemos ver queCLINEBELL (1998) pontua que está também nas raízes bíblicas as seisdimensões da integralidade do ser humano no sentido do seu cuidado
que são:
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• Avivar sua mente;• Revitalizar seu corpo;• Renovar e enriquecer seus relacionamentos íntimos;• Aprofundar sua relação com a natureza e a biosfera;
• Crescer em relação às instituições significativas em sua vida;• Aprofundar e vitalizar o seu relacionamento com Deus (p. 29).
Logo em seguida, ele nos dá as “bases escriturísticas” queremontam à cultura hebraica e vai desde o cuidado com o corpobiológico, como também, por fim, a integralidade espiritual. Sendoque “a compreensão hebraica das pessoas era essencialmente não-dualística. Integralidade implicava a unidade de todas as dimensões
das pessoas – corpo, mente e espírito em comunidade” (CLINEBELL,1998, p. 49).
E ainda com essa visão holística, CLINEBELL descreve comoisso se dava, como veremos a seguir (p. 49-52):
• Em primeira dimensão - Imagens bíblicas que descrevemo corpo como o templo do Espírito Santo no sentido de glorificar a Deus no corpo – (I Co. 6: 19 em diante - NVI).
• Em segunda dimensão – Importância do aspecto cognitivo-intelectual quanto do aspecto emocional e espiritual denossas mentes. Amar a Deus de todo o entendimento poderia ser traduzido como o desenvolvimento contínuode nossas potencialidades mentais e emocionais atravésde um aprendizado vitalício. “Amar a Deus de todo o seuentendimento” (Mc. 12: 30 – NVI).
• Em terceira dimensão – Podemos ver que a integralidaderelacional é um tema constante na Bíblia. A integralidadeé vista como algo alimentado em relacionamentos. Umacomunidade, por si própria, pode ser sadia (facilitadora daintegralidade) ou doente. Essas percepções estão implícitasno conceito hebraico Shalom e no conceito neotestamentáriode Koinonia. Shalom que significa sadio, inteiro ousaudável (bem como paz), é alimentado numa comunidadede Shalom. Numa tal comunidade centrada no Espírito,a qualidade dos relacionamentos proporciona um meio
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ambiente dentro do qual as pessoas são encorajadas adesenvolver sua personalidade única. No Novo Testamento,a palavra grega Koinonia é usada para descrever a igrejacomo uma comunidade restauradora e transformadora,centrada no Espírito. Que são comunicados nos conceitos de
“uma só carne” (Gn. 2:24 – NVI) e no sentido de corpo deCristo com muitos membros (Rm. 12:5 - NVI).
• Em quarta dimensão – A integralidade ecológica também temraízes bíblicas. Atitude de respeito e mordomia em relação àcriação como um todo (o ecossistema) “E viu Deus que issoera muito bom” (Gn. 1:31 – NVI). Na perspectiva bíblica,nós, seres humanos, não somos proprietários do planeta, mas
os recebemos de Deus com um bem a nós confiado (Ex. 9:29- NVI).
• Em quinta dimensão – As formas pelas quais nossa relaçãocom as instituições estimula ou obstaculiza o desenvolvimentode nossas potencialidades. Uma preocupação apaixonada pelo impacto destrutivo de instituições opressoras ocupaum lugar central na tradição profética da Bíblia judaica. “Oespírito do Senhor está sobre mim(...)” (Lc. 4: 18-21 - NVI)
mostrando assim a inter-relação entre libertação e cura. Vejatambém: Jo. 8:32; Gl. 4: 31 – 5: 1; Rm. 8:2.
• Em sexta dimensão – A integralidade espiritual é sustentada
pelo próprio cerne da concepção bíblica de integralidade.
Assim como a vida, a integralidade é um dom do Espírito
criador do universo. Existe, em toda a Bíblia, uma aguda
consciência de que a realização de nossas potencialidades
dadas por Deus é apoiada e vitalizada pelo poder douniverso. É como se a atração gravitacional do universo
espiritual estivesse nos induzindo a nos tornarmos aquilo
que temos o potencial de tornar-nos (Rm. 8: 19). Nunca
estamos sozinhos quando nos engajamos no desenvolvimento
da plena imagem de Deus nas pessoas. A relação de
aconselhamento transforma-se num canal para a graça de
Deus, o amor transformador que é a fonte de toda salvação e
de toda integralidade (Gl. 2: 8; Rm. 3:23-41).
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Na idade média a prática do aconselhamento se dava através dascartas de consolação, processos auto investigativos e com penitênciascomo forma de purificação dos pecados, pois esses pensamentoslevavam as pessoas a entenderem que o pecado era que causava todos os
maus comportamentos e até algumas doenças, ignorando o biológico,o psicológico e até mesmo o ambiente social que é poderosamentecapaz de exercer grande influência na vida de cada indivíduo.
A Reforma Protestante, por sua vez, reconstrói o aconselhamentopor causa dos abusos cometidos pela Igreja na Idade Média, quandoas penitências eram aplicadas. Lutero, entendendo que os conceitos defé e graça são suficientes para restaurar o relacionamento com Deus,retira a carga produzida pelos atos penitenciais e passa a considerar
o que ele chamava de mutuum colloquium et consolatio, isto é, odiálogo mútuo e a consolação dos irmãos. Portanto, aqui, os agentesdo aconselhamento são todos os crentes, o que faz justiça à teologiabíblica defendida por Lutero com relação ao sacerdócio universal detodos os crentes.
Na modernidade, esse conceito de Lutero foi entendido comouma conversação pastoral praticada por um pastor, cuja tarefa era de
ajudar as pessoas a restaurarem seus ânimos e também de orientá-lasnas questões de natureza moral. Aqui, já se contava com o auxílio doconhecimento da medicina e da psicologia.
Por fins do sec. 19, a psicologia passa a ser reconhecida comociência, ao mesmo tempo em que surgia também a Psicanálise, cujospressupostos, para aquela época, eram liberais e racionais e, portanto,geraram conflitos com as concepções que priorizavam a Palavra deDeus como fonte de perdão e restauração do ser humano.
Entretanto, nas décadas de 20 e 30 do séc.20, com AntonieBoisen, surge o termo clínica pastoral que pretende um aconselhamentoterapêutico e uma formação clínica de teólogos. Esse movimento,se assim podemos chamar, possibilita um diálogo interdisciplinarentre psicologia e religião e, mais tarde, se une com o movimento dapsicologia pastoral.
Acerca disso, vale lembrar que a discussão interdisciplinarcomeça com Oskar Pfister e sua amizade com Freud. Pfister eraum pastor reformado interessado em como aplicar os conceitos da
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psicanálise ao trabalho pastoral. Para leitura e pesquisa sobre o OskarPfister, leia-se As cartas entre Freud e Pfister (1909-1939): um diálogoentre a psicanálise e a fé cristã e o O amor e seus destinos: a contribuiçãode Oskar Pfister para o diálogo entre teologia e psicanálise, ambos
traduzidos por Karin Wondracek em organização com outros autores.Como contribuição de uma vida rica de conhecimento e deliberdade de expressão diante da teologia, Oskar Pfister deixou umgrande legado,
[...] Entre 1909 e 1956, ano de sua morte, Pfister produz
inúmeros livros e artigos em que expõe observações e resultados
de pesquisas próprias, sobretudo sobre a técnica do método
psicanalítico, sobre o significado etiológico da sexualidade na
construção das neuroses, sobre religião e histeria, psicologia
da arte, filosofia e psicanálise, a cura analítica de almas (esta
seria a primeira aproximação entre psicanálise e cura de almas),
cristianismo e angústia, e temáticas relacionadas (FREUD;
MENG, 2009, p. 15).
Apesar de muitas pessoas pensarem que Freud eracompletamente contra a religião, ele se explica,
[...] A psicanálise em si não é religiosa nem antirreligiosa, mas
um instrumento apartidário do qual tanto o religioso como
o laico poderão servir-se, desde que aconteça tão somente a
serviço da libertação dos sofredores. Estou muito admirado de
que eu mesmo não tenha me lembrado de quão grande auxílio
o método psicanalítico pode fornecer à cura de almas, porém
isto deve ter acontecido porque um mau herege como eu está
distante dessa esfera de ideias (p. 17).
Finalizamos com um sentimento de muita admiraçãopela trajetória do conceito e prática do aconselhamento bíblicopercebendo-o como essência do verdadeiro Evangelho e um marcocentral de toda a comunhão com Deus no decorrer dos tempos.
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R B
FREUD, E. L.; MENG, H. (Orgs.) Cartas entre Freud e Pfister (1909-1939).(Karin Wondracek e Ditmar Junge, rads.) 3ª. Ed. Viçosa: Ultimato, 2009.MOLOCHENCO, S.Curso Vida Nova de Teologia Básica: Aconselhamento.São Paulo: Vida Nova, 2008.COLLINS, G. R. Aconselhamento Cristão. Edição Século XXI. São Paulo:Vida Nova, 2004.CLINEBELL, H. J. Aconselhamento pastoral: modelo centrado emlibertação e crescimento, São Leopoldo: Sinodal, 1998.BÍBLIA. Tradução da Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo: Vida,2001.
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Nessa unidade estudaremos o que não éaconselhamento, mas que, muitas vezes, a maioria dosconselheiros insiste em colocá-lo como parte da práticado Aconselhamento Pastoral. Sendo que o sentimento desolidariedade que podemos aprender a ter no meio da nossaconvivência com o outro é trocada pelo assistencialismo oumesmo outras formas de controle e colonização do outro.
O
Esperamos que, após o estudo do conteúdo destaaula, você seja capaz de:
1. Entender o que de fato não é AconselhamentoPastoral;
2. Compreender que significa o termo assistencialismo
e suas implicações, como também a importância do verdadeiro entendimento do significado de “solidariedadepor convivência”;
3. Refletir sobre a prática do aconselhamento comonão sendo em sua essência evangelismo, terapia psicológica,educação, adestramento, amizade, relacionamento pai/mãecom filho, e assistencialismo.
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Podemos perceber que mesmo que muitos estudos revelema incontestável frieza de relacionamentos do mundo atual, tambémnos defrontamos com inumeráveis demonstrações de solidariedade,e mais ainda de convocações a esse “ser solidário” que provavelmente
pode não existir dentro de nós ou se existe deve estar lá no fundo danossa alma, tais são os níveis de apelo que nos deixam poderosamenteconstrangidos.
De acordo com isso Mariasch (2010) nos diz,
[...] Ser solidário está na moda, é politicamente correto ese apresenta no cenário social como possível saída para asmazelas da humanidade em tempos de globalização imperial,de exclusão e crescente miséria. A visibilidade que o temada solidariedade apresenta hoje, através da proliferação deinúmeras campanhas para sua difusão, parece apontar para anecessidade de reconstruir as relações sociais e, a partir delas,o mundo.
Hoje convivem campanhas governamentais e não-governamentaiscontra a fome, para a erradicação da miséria, campanhas para colherdoações desde dinheiro até plasma, campanhas de assistência e ajuda
aos necessitados, aos excluídos, a algumas minorias. Ao mesmotempo, surgem apelos ao voluntariado, à responsabilidade civilde mega empresas capitalistas, campanhas para conscientização eresponsabilização social e ecológica. Estes apelos partilham o palcocom tickets mágicos, desfalques, rombos e muita impunidade, tudose misturando em nossas mentes e corações contemporâneos eglobalizados, gerando perguntas, questionamentos.
Podemos nos encaixar como Igreja no mover solidário tanto dos
de dentro do nosso convívio, como também nas grandes aclamaçõesque vemos no nosso mundo ao redor e muitas vezes o fazemos porbons motivos ou mesmo por um sentimento de culpa, outras vezesfazemos para ver se nossa voz interna se cala acerca da comoção e dosgritos incessantes que o nosso semelhante emite aos nossos ouvidos.Pensamos então que fazer uma pequena boa obra, pelo menos, podeparar de fazê-lo gritar mais um pouco.
[...] A imensa quantidade de campanhas para difundir a
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solidariedade parece querer nos dizer o “que deve ser feito”, e
parece apelar à responsabilidade da sociedade para com todos,
como maneira de preencher o campo social fragmentado e
esfacelado pelo liberalismo, numa tentativa de transformação
social.ambém pensamos na necessidade de reconstruir o mundo, mas
nos perguntamos se esta é a via mais apropriada. Questionamos
o sentido do conjunto das campanhas de solidariedade, como
um fato social com alta visibilidade hoje, que se nos impõe com
força modelar e normativa e tem como função, aparentemente,
tentar “ligar as individualidades” isoladas umas das outras,
ilhadas e sem contato (MARIASCH, 2010).
Desta forma, em igual nível temos a Bíblia como manualde despertamento para o cuidado com os outros e também comoordenança para suprirmos suas necessidades, muitas vezes nos vemosfazendo isso de forma mecânica ou mesmo de forma indiferentee muitas vezes até pior, tentando suprir a necessidade que achamosque tem que ser suprida de acordo com nossos pré-requisitos. Assim,tentando suprir um espaço que foi aberto na sociedade e precisa ser
preenchido. Mas podemos nos perguntar, que tipos de ajuda estamosdando quando o fazemos sem refletir como isso deve ser feito? O que você acha disso?
Antes de responder a essa pergunta, vejamos ainda o queMariasch (2010) ainda nos diz em contribuição a essa ideia quepretendo desenvolver junto com vocês.
[...] Através da desconstrução da “função” de tais campanhas
solidárias, elas se posicionam como um assistencialismoque atua como mero paliativo, reforçando em certo sentidoa aceitação da exclusão e da miséria, sem se orientar para atransformação de suas causas.
A “solidariedade por decreto”, como a denominamos, é a do“dever ser” e se apresenta, no nosso entender, como a maisclara declaração de ineficácia do antigo padrão “individualista”
que modelou as subjetividades, isolando-as umas das outras,
deturpando desta maneira sua “potência”.
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Hoje, o “individualismo” parece haver chegado ao limite do seu
próprio paradoxo: a individualidade, encurralada dentro de
rígidos e padronizados muros, “dócil e endividada”, precisa se
reinventar, recriar-se no contato com os outros. Para sobreviver,
precisamos nos “abrir” aos contatos, às trocas: tal parece sera mensagem inserida nas inúmeras ações de solidariedade que
vêm sendo impulsionadas hoje, obrigando quase a perceber “o
outro”, a “incluí-lo” como condição de continuidade da vida em
sociedade. Contemporaneamente, e em resposta à avassaladora
influência do mercado global sobre populações inteiras
condenadas à miséria e à morte (grifos nossos).
Portanto, o que o texto acima citado nos diz é que mais doque “assistencialismo”, que consiste em um modelo que busca sanaras necessidades das pessoas em termos de suprimento no âmbito dasaúde e do social.
Tal modelo não se preocupa em investigar as causas e trabalhar para preveni-las, conscientizando a população que precisa e ao mesmotempo transformando a cultura para que eles possam estar investidos eenvolvidos em um movimento de mudança que inclui a mudança pessoalde dentro para fora, com a ajuda dos de fora, mas ao mesmo tempo sesentindo investidos também por eles mesmos para essas mudanças.
Por isso, esse assunto vem corroborar com a nossa ideia deque os relacionamentos tem um valor poderoso no que tange aoentendimento não somente de atender ao clamor dos que precisamsuprindo suas necessidades imediatas. Os relacionamentos, e de
forma muito direta e evidente o aconselhamento pastoral, tem essaprerrogativa de “construir em pessoas” , não somente dizer a elas ocaminho a seguir, sem que saibamos se é realmente esse o melhorcaminho para aquela pessoa naquele momento, mas o fazemos porquepensamos ser o correto aos nossos olhos, mesmo que esse correto sejao assistencialismo.
Pensando assim, podemos inferir que muitas vezes fazemos algo
que pensamos que é um “bom” aconselhamento e na verdade vemos que
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ele não produz os resultados ou frutos permanentes em muitas pessoas.Quando as pessoas vêm ao nosso encontro elas vêm em profundos
conflitos, inseguranças, crises e desorientação pessoal. Muitas vezesnós nos perguntamos: por que essas pessoas não fazem as coisas do
modo certo? Por que não agem de forma correta para serem socorridase alcançadas? E isso é algo muito importante a ser respondido, poisnos revela que agimos com os outros na base do nosso olhar pessoale do nosso crivo. E isso nos convoca a um nível maior de paciênciacom eles, pois se eles estivessem completamente bem, não precisariamda nossa ajuda!!!!!
Essa forma de pensar, portanto, nos leva a outro ponto, que é a
espontaneidade dos relacionamentos e isso inclui o aconselhamento.Ou seja, olhar para cada pessoa de forma diferente e poder perceber, deacordo com as suas próprias características o que não devo fazer ao meutilizar do aconselhamento, quando me proponho a atender e cuidarde alguém que vem ao meu encontro de forma também espontânea e vulnerável.
[...] Observa-se, nestas manifestações de solidariedade surgidas
da convivência, uma capacidade efetiva do co-funcionamento,uma “simpatia” espontânea que surge da experiência da vida emcomum, da busca de objetivos comuns, como expressão de umanova ética e política, feitas de viver-com e postas a serviço de todos(DELEUZE, 2002; DURAN, 1961 apud MARIASCH, 2010).
Diante do sofrimento do outro que nos convoca e diante donosso anseio por sermos solidários muitas vezes cometemos muitos
erros no processo. E esses erros podem nos ajudar a pensar em comoajudar às pessoas de uma forma mais eficaz e podendo assim cumprira ordenança de “amar ao nosso próximo como a nós mesmos” (Mc.12:33 – NVI).
Em continuação desse mesmo pensamento, podemos então juntos pensar em quais tipos de ideias acerca do significado deAconselhamento Pastoral precisamos nos desvencilhar quando nos
envolvemos no processo de cuidado do outro que nos procura.
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P, :
1. EvangelismoO aconselhamento pastoral em muitos momentos, pode ir na
direção de orientar as pessoas para Deus, mas não pressupõe usar omomento de intimidade do relacionamento para fazer proselitismoe nem ficar pensando o tempo todo em ganhar aquela pessoa paraa Igreja. Pelo contrário, a atitude essencial do AconselhamentoPastoral é de caminhar junto em um encontro pessoal com pessoase, independente das suas escolhas futuras, poder construir em cadauma delas um olhar integral de cuidados. Para que a partir disso elapossa ter esse mesmo olhar para si mesma e se sinta abençoada se não
for da Igreja. Porém se essa pessoa já pertencer à igreja, essa parte daansiedade do (a) pastor (a) não necessitará ser despertada.
2. Terapia psicológicaComo vimos em abordagem anterior, apesar do Aconselhamento
Pastoral ser um tipo de terapia no sentido de que se dedica a cuidarde outro ser humano, devemos considerar que se assemelha mais aum encontro de duas pessoas no qual uma pode dar suporte e auxílio
a outra, pretendendo-se que esse outro, que solicita orientação ecuidados em momentos difíceis, possa então encontrar seu própriocaminho e nesse processo a partir dos seus próprios recursos, tenhano pastor alguém bem preparado para suportá-lo e confortá-lo comseu preparo teológico, vida autêntica e espiritualidade que permiteao aconselhando poder dar esse passos também em direção ao seupróprio crescimento espiritual.
3. EducaçãoPor mais que vejamos que algumas linhas de aconselhamentotransitam com os conceitos de educação, devemos ter em mente queo conceito de educação parte do ponto de vista do “ser humano ideal” ,por isso a educação se propõe a partir das suas técnicas e processospegar um ser humano que não está de acordo com o seu olhar e suasregras e envolvê-lo em um processo de transformá-lo em um serhumano de acordo com o ideal defendido.
Porém nós sabemos que os melhores processos terapêuticos
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partem do pressuposto de encontrar e aceitar o ser humano como eleé ou está e, através disso, permitir que ele se sinta aceito como serprimeiro e, somente depois, é que ele mesmo pode, através da fé emCristo na Palavra de Deus e, também, percebendo essa verdade na
vida do seu (a) conselheiro (a), possa ele mesmo dar os passos que lheforem possíveis para o seu próprio crescimento e transformação.Nesse sentido, quando o aconselhando encontra um (a) pastor
(a) que tem já de antemão um tipo ideal de como cada pessoa deve ser,ele sofre muito com cobranças de si mesmo por ainda não conseguiralcançar esse ideal e o processo de crescimento fica prejudicado emfavor somente da visão do (a) conselheiro (a) que parte do princípiode uma relação assimétrica, na qual uma parece saber mais do que o
outro.4. Adestramento
Desta forma, sendo uma relação assimétrica em todos ossentidos, é necessário ter-se em conta que o (a) pastor (a) não pode se valer da sua posição para se impor ao seu aconselhando abrindo mãodo privilégio de estar ao seu lado nesse caminho de descoberta pessoalem meio a crises, lutos, perdas tristezas, frustrações, desorientação,
indecisão, doenças, problemas familiares, financeiros e etc.Assim, o pastor não pode preferir adestrar ao seu aconselhando
não permitindo que ele pense por si só e descubra o seu caminho junto com Deus, desumanizando-o para que ele somente se permitaobedecer sem perguntas e assim não descubra seu real potencialcurador para esses e outros problemas futuros.
5. Amizade
Apesar de a amizade ser um dom maravilhoso e poder contemplartodas as relações dos seres viventes, e também poder estar bem presente noaconselhamento como um relacionamento de iguais, ela não é a essência doaconselhamento em si. Por isso, ela não pode interferir em momentos nosquais é extremamente necessário se dizer a verdade, poder falar livrementesobre certas responsabilidades que realmente nos fazem refletir toda anossa base e estrutura pessoal. Muitas vezes, os aconselhando não ouviráuma palavra de apoio de determinada circunstância que ele mesmo só
consegue ver pelo seu próprio filtro e visão de mundo, nesse momento de
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certo que um amigo o apoiaria incondicionalmente, mas o (a) conselheiro(a) eficaz pode lhe oferecer apenas uma escuta ativa e assim proporcionara esse aconselhando que ele mesmo se ouça falando de certa forma sobredeterminada coisa. De outro modo, se uma escuta não for suficiente, uma
assinalação de um olhar ou mesmo de um ponto de vista seja suficiente paraque essa pessoa perceba que precisa mudar seu caminho e invista recursosnessa mudança.
6. Relacionamento de pai/mãe com o filhoMesmo que muitas pessoas em momentos de dificuldade e
vulnerabilidade fiquem em estado de necessidade de maternidadee desejo por uma proteção paterna ou mesmo uma voz paterna que
lhe diga um “não” generoso, o conselheiro não deve se valer dessanecessidade inconsciente para ser para essas pessoas o exercício de talfunção somente por ser. Por mais que isso possa de fato acontecer emalguns momentos de sofrimento, de a pessoa que precisa poder ter ummomento ou momentos de acolhimento, o aconselhamento deve terum objetivo no encontro e percebendo a necessidade do aconselhandopara saber se caminha em torno da orientação espiritual e teológica ouse o encaminha a um outro profissional que possa cuidar melhor da
pessoa que precisa.7. Assistencialismo
Assim como pudemos ver na introdução dessa aula, o verdadeiroaconselhamento deve se basear na solidariedade por convivência enão na tentativa de suprimento da necessidade do outro de qualquerforma, sem se preocupar como isso pode ter acontecido e ignorar ahistória do aconselhando, pois essa história pessoal juntamente com
seus recursos pessoais tem muito a nos dizer em termos de conquistasfuturas e superações.
[...] A “solidariedade por convivência”, enquanto forma desubjetividade coletiva, é apresentada como base de transformação,de produção e re-criação da existência, baseada nas relações,nos agenciamentos, nas trocas, nos encontros. rata-se de umaexperiência que não reconhece fronteiras e se posiciona como apossibilidade de construção de um tecido reticular, na forma derizoma, expressando a dinâmica da vida MARIASCH, 2010.
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Podemos então concluir que o Aconselhamento Pastoral é de fatomuito benéfico quando o (a) pastor (a) pode então compreender essesdetalhes citados e assim refletir a sua conduta diante da inesperadariqueza que cada indivíduo tem em si mesmo e, ao mesmo tempo,
entender que o Espírito Santo é capaz de se utilizar de todo esseprocesso podendo ser para cada um, tanto o (a) pastor (a) como o (a)aconselhando (a) uma fonte inesgotável de recursos.
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MARIASCH, . L. Solidariedade por Convivência: Subjetividade e filosofiado desejo. Lugar Comum. N. 21-22, pp. 163-184, 2010.BÍBLIA. radução da Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo: Vida, 2001.
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Nessa unidade estudaremos o conceito deAconselhamento Pastoral e como surgiram as primeiras
menções a essa palavra. O significado de Poimênica e suasmais variadas aplicações. Como também o entendimentode como o (a) pastor (a) pode se utilizar de outrosinstrumentos que o capacitam no processo de cuidar eajudar pessoas dentro e fora da igreja.
O
Esperamos que, após o estudo do conteúdo destaaula, você seja capaz de:
1. Entender a origem do conceito de AconselhamentoPastoral;
2. Compreender que a psicologia, a psicanálise eoutras teorias do cuidado podem e muito auxiliar noAconselhamento Pastoral;
3. Refletir sobre a importância do trabalhointerdisciplinar no cuidado de pessoas dentro e fora daigreja, como ministérios de Aconselhamento Extramuros.
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A palavra Aconselhamento pastoral é originada do inglês pastoralcouseling (aconselhamento pastoral), como enfatiza Schneider-Harpprechet(1998, p.291) é uma dimensão da koinonia (palavra grega que indicacomunhão entre pessoas) e é uma forma específica do discurso humanoque se constitui com relação de solidariedade.
Mas também, como já foi enfatizado nas aulas anteriores, tem suasraízes na medicina, na psicanálise e no método psicoterápico de CarlRogers. Seus aspectos históricos, foram assinalados anteriormente e sãoencontrados na filosofia platônica, no Antigo e Novo estamentos, na IgrejaAntiga e Idade Média, na Reforma Protestante e na modernidade.
Há outros termos relacionados ao aconselhamento pastoral, sendo:a poimênica, que demonstra o agir pastoralmente; a clínica pastoral, queé o acompanhamento pastoral na área da saúde e psicologia pastoral, como sendo o aconselhamento pastoral que interpreta sob a perspectivapsicológica.
O poimenos é aquele que cuida das pessoas. Ele é o cuidador porexcelência da vida integral do ser humano. O termo “poimênica” vem dogrego “ poimen” que significa “pastor”. Na cultura semítica, o pastor de
ovelhas era aquele que cuidava, guardava e encaminhava para pastagensseguras. Essa metáfora serviu de orientação e descanso por séculos, porémhoje, em um contexto em que a pós-modernidade normatiza a ordem dosrelacionamentos, inclusive esse que cabe ao pastor/conselheiro (a), vemosque o utilitarismo herdado da idade moderna ainda molda essas relações.Percebemos também que o hedonismo, a secularização e os modismosevangélicos descaracterizam e deixam de justificar a posição adquirida com
tanto esforço de muitos verdadeiros “pastores” que sacrificaram suas vidaspor outras pessoas.Portanto, o poimenos é alguém que tem vocação para o cuidado e deve
receber treinamento para exercer seu ministério com eficácia e respeito, poislidará com pessoas em sofrimento causado pela vida. Na comunidade cristãa qual estamos inseridos, é onde se pode ver no nível físico, psicológico esocial, tanto as dificuldades da vida, como os grandes traumas do passadoadicionando a isso tudo também os grandes acidentes/incidentes que nos
pegam de assalto e transformam nossas vidas do dia para a noite.
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Essas situações problemas podem, às vezes, serrecorrentes ou emergentes: • Os problemas recorrentes são aqueles que já fazem parte da
trajetória da vida e que não foram tratados.• Os emergentes são aqueles surgidos repentinamente por não
estar sob controle. Exemplo disto pode ser uma súbita perda de ummembro da família ou um acidente que causa sequelas irreversíveis na vida de um indivíduo.
anto para os membros da comunidade ou para aqueles que aprocuram, o aconselhamento não é uma ação direcionada para darconselhos, por estranho que pareça.
Dar conselhos se constitui num aconselhamento absolutamente diretivo
que não ajuda as pessoas a entender suas questões e não as ajuda a colocar em
prática suas capacidades de enfrentamento da vida.
De uma forma mais clara, não contribui para o fortalecimento desua autoconfiança. Essa opção também põe em destaque tanto “o desejo de
fazer o bem” para os outros, como o próprio conceito de “Bem” que temos.O que na verdade é o bem para cada? O conceito de “Bem” é igual indepen-dentemente de cultura? Se todos nós somos singulares, o que nos leva a crerque alguém que não me conhece completamente pode saber exatamente o
que seria esse “Bem” para mim num momento de aconselhamento? Isso émuitíssimo importante!!!!!
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Portanto, todo conselheiro, mesmo sendo o (a) pastor (a) daigreja, deve estar apto a demonstrar suas habilidades em ofereceruma escuta ativa, na qual o próprio aconselhando, ao falar, pode irpor si próprio buscando dentro de si recursos para novos caminhos e
também, ao ouvir a si mesmo, sinta que teve um “insight ”, compreensãointerna da sua própria condição e ser remetido através da sua própriafala a novas formas de resolução dos problemas.
De outra forma, também é claro que encontramos pessoas queestão, por ocasião de alguma urgência ou trauma, completamenteparalisadas e bloqueadas ou mesmo com uma alta resistência quantoao seu futuro, seu presente, sua vida e por conta disso não conseguemtomar alguma atitude necessária ou mesmo pensar por si próprio eacerca de si mesmo.
Quanto a esses casos, tanto o terapeuta/psicólogo quanto opróprio conselheiro podem tentar discernir e ser para essa pessoacom um “alter-ego” (alguém que se torna para o outro como seu egoauxiliar, outro que suporta a carga que é dedicada com o objetivo deelaboração desses conteúdos que causam sofrimento) ajudando-o apensar de forma mais segura quanto à sua própria condição.
A atuação pastoral que podemos entender por “clínica pastoral”,que deve ser encarada com seriedade, pois carece de um corpo teórico,no que tange ao conhecimento e formação em comportamentohumano fora a teologia, quando o pastor não é um psicólogo formado,é conhecida como espaço de cuidado pastoral voltado para a saúdee exige do conselheiro algo mais do que uma formação teológica.O conselheiro neste caso, ao agir pastoralmente nos casos em que a
saúde do aconselhando é a “queixa” apresentada deve ter, no mínimo,conhecimentos elementares daquilo que é objeto do aconselhamento,isto é, a saúde do aconselhando.
Ao receber em sua sala alguém que está em sofrimento por causado diagnóstico de determinadas doenças, o conselheiro treinado serácapaz de oferecer ajuda a respeito das questões espirituais bem comoter consciência dos encaminhamentos psicológicos a serem feitos.
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FIGURA (CRABB, 1998 apud MOLOCHENCO, 2008, p. 53)
A psicologia pastoral é um campo recente do cuidado pastoral etambém vai além do aconselhamento, embora possa ser realizado emseu âmbito de atuação. Esse novo campo do serviço pastoral é possívelgraças à formação e treinamento de conselheiros – clérigos ou leigos, noconhecimento teórico e prático da psicologia que tem contribuído parao ministério de cuidado na igreja. Essa formação pode ser uma pós-graduação na área de Clínica Pastoral, Aconselhamento, Cuidado familiar,formação didática em Psicanálise ou mesmo uma outra graduação que dêcondição ao Pastor (a) de perceber as condições psíquicas do aconselhando.
Esses conselheiros com o conhecimento teórico e prático com basena psicologia, são capazes de interpretar o comportamento das pessoas eo que as levam a agir de determinadas maneiras, bem como conseguemexercitar a prática da escuta que é a identificação ou interpretação dascoisas/conteúdos que estão no nível da inconsciência do indivíduo. Sendopossível à pessoa que passa por esse processo ser apta a dar um próximopasso em direção a um processo terapêutico com um profissional ou
mesmo somente um momento de esclarecimento com alguém próximo e
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que é possuidor de tais habilidades.Essa nova forma de fazer aconselhamento pastoral pode trazer
algum conflito ou questionamento em virtude da truncada relação entrepsicologia e religião, ou entre fé e ciência. Contudo, ao longo das últimas
décadas, o diálogo interdisciplinar tem sido maior entre psicologia ereligião, e o que na verdade prefiro colocar em termos de psicologia eteologia. Uma aproximação que começou no final do século XIX comWilliam James em seu tratado chamado O estudo das variedades dasreligiões. A seguir, a Psicanálise e as várias abordagens em psicologia vêmdemonstrando interesse no estudo do fenômeno da experiência religiosa.
Assim, a psicologia pastoral vai ganhando espaço no trabalho doaconselhamento pastoral sem incorrer no erro de fazer uma psicologização
do evangelho e tornar o gabinete pastoral em um consultório ou clínicapsicológica. Contudo, a contribuição da psicologia pastoral, nos termoscolocados até aqui, tem sido fundamental a fim de que o aconselhamentopastoral seja eficaz e atenda às demandas do nosso tempo.
De acordo com W. Hume, (apud SALHER-ROSA, 1996, p.65),“O aconselhamento pastoral é o meio para cumprir o propósito essenciale tradicional da religião cristã: ajudar o ser humano a estar em paz com
Deus, consigo, com o próximo e com a natureza”.
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Essa proposta mostra que o aconselhamento pastoral trabalhanas dimensões teológica, psicológica, social e ecológica, dando-lhe umcaráter de serviço integral ao ser humano podendo assim conquistar o
status de “Missão Integral da Igreja”.
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Para FARRIS (1996, p.19)
O aconselhamento pastoral é o processo pelo qual um pastor,ou outro representante da igreja, trabalha com indivíduos,grupos ou famílias, num contexto relativamente estruturado,
com um programa de conhecimento emocional, psicológico eespiritual, tentando curar suas feridas.
Podemos por fim, considerando as definições apresentadas,entender o aconselhamento pastoral como prática e processo de ajudaao acolhimento incondicional feito a pessoas, casais, famílias e grupos,
para quem somos facilitadores da busca que fazem para aprenderema lidar com as questões da vida. É um fazer solidário e altruísticoao mesmo tempo. É solidário, porque somos vocacionados a isto noexemplo de Cristo. É altruístico, porque coloca em prática um conjuntode disposições que nos levam a dedicar nossa vida e tempo para os queestão em sofrimento.
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CAMARGO, C.. Aconselhamento Cristão: Desafios e perspectivas. InRevista eológica. Vol.58, set-dez/97,nº 47, p. 46-51COLLINS, G. R. Aconselhamento Cristão. Edição Século XXI. São Paulo:Vida Nova, 2004.FARRIS, J. R. Teologia Prática, cuidado e aconselhamento pastoral: um
resumo da história recente e suas consequências atuais. In Estudos daReligião. São Bernardo: IEPG, Ano XI, nº 12, dezembro de 1996.SAHLER-R0SA, R.. Aconselhamento pastoral e educação. In Estudos daReligião. São Bernardo: IEPG, Ano XI, nº 12, dezembro de 1996.SCHNEIDER-HARPPRECH, C. Aconselhamento Pastoral. In eologia Práticano Contexto da América Latina. São Leopoldo: Sinal/Aste, 1998.MAY, R. A arte do aconselhamento psicológico. Petrópolis. Vozes: 1976.
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CABRAL, N. A. A escuta terapêutica no diálogo. Disponível em: https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&ved=-0CD8QFjAB&url=http%3A%2F%2Fwww.espo.com.br%2Fartigo%2Fescuta_te-rapeutica.doc&ei=LlVHUazSJaPf0gHr_YDoAQ&usg=AFQjCNEpX_WbR- v4OygB4B0KuMF7ZjIc78g&bvm=bv.43828540,d.dmQ. Acessado em 18 demarço de 2013.JAKOBSON, R. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, radução de
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Nessa aula estudaremos o que de início podemoscompreender como requisitos necessários à pessoa doconselheiro (a), intentando obter assim um quadro inicialdo que seria um bom conselheiro que está preparado paraconter o inconsciente de outras pessoas que buscam tantosnas igrejas como na pessoa do (a) pastor (a) um espaço deajuda, descanso e orientação para inúmeros conflitos da vida.
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo destaaula, você seja capaz de:
1. Entender quais requisitos são inicialmentenecessários à pessoa do conselheiro (a) nos dias de hoje;
2. Compreender que a escuta e a empatia não podemestar dissociadas desse processo de aconselhamento;
3. Refletir sobre a importância da linguagem verbal ecorporal no decorrer do processo de aconselhamento.
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Uma comunidade terapêutica entende que ajudar as pessoas comseus problemas é um dever de todos, e mesmo que a capacidade paralidar melhor com essas demandas esteja a cargo de um profissionalexperimentado seja psicólogo, psiquiatra e até os assistentes sociais,porém, de um modo ou de outro, todos nós estamos envolvidos noaconselhamento, e isso todos os dias, passando a ser uma parte vital daobra da Igreja em alcançar os outros.
Pensando nisso, CAMARGO (1997, pg. 48-49) aponta o ato deaconselhar como atividade específica para a qual é necessário que osagentes do aconselhamento sejam portadores de algumas habilidades.
Na portabilidade dessas é que se deparam os desafios do aconselhamento.Para o referido autor, “o conselheiro cristão”:• Deve ter, sobretudo, o conhecimento bíblico do qual lançará mão
no processo de ajuda;• Que se tenha sensibilidade e respeito por quem procura ajuda e
ouvir com uma atitude desprovida e julgamentos ou preconceitos;• Deve procurar evitar respostas “prontas”, pois estas em nada
contribuem para o crescimento do indivíduo.
Quando desempenhamos funções profissionais e ministeriaisprecisamos ser eficientes e eficazes, no aconselhamento não é diferente!Precisamos de eficiência, isto é, como fazer certo, e precisamos deeficácia ao optar por fazer a coisa certa.
Portanto, consideramos a capacidade de ouvir como umdos dispositivos e fatores de promoção de cura no momento doaconselhamento. É sem dúvida, uma das habilidades mais exigidas nos
dias atuais. As pessoas da sociedade contemporânea, marcadas pelotempo da pós-modernidade, vivem numa condição de individualismo ede complexidades que as fazem sentir como órfãs e carentes de alguémque as ouça.
Existe uma grande demanda do ser humano na comunicação(ouvir-se e ser ouvido) e é através da fala que muitos dos problemase conflitos podem ter seu início de cura. Através da fala (associaçãolivre de ideias) o indivíduo pode colocar para fora os seus pesos e
questões que estão lhe causando sofrimento consciente e muitas vezes
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até inconscientemente. Os consultórios psiquiátri
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