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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA
FERNANDA DE SOUZA
A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA DETECÇÃO PRECOCE DE AGRAVOS À
SAÚDE DA MULHER: CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁXIS NA ATENÇÃO BÁSICA
NITERÓI
2016
FERNANDA DE SOUZA
A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA DETECÇÃO PRECOCE DE AGRAVOS À
SAÚDE DA MULHER: CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁXIS NA ATENÇÃO BÁSICA
Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação – Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.
ORIENTADORA: PROFª MSª MÁRCIA ISABEL GENTIL DINIZ
Niterói, RJ
2016
A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA DETECÇÃO PRECOCE DE AGRAVOS À
SAÚDE DA MULHER: CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁXIS NA ATENÇÃO BÁSICA
FERNANDA DE SOUZA
Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação – Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.
Aprovada em: 29 de julho de 2016
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________ Profª. Ms. MÁRCIA ISABEL GENTIL DINIZ (Presidente)
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
___________________________________________________________________ Prof. MAURO LEONARDO SALVADOR CALDEIRA DOS SANTOS (1º examinador)
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
___________________________________________________________________ Prof. Ms. RAÍ MOREIRA ROCHA (2º examinador) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
___________________________________________________________________ Prof. Ms. PEDRO PAULO CORRÊA SANTANA (Suplente)
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
Niterói 2016
S 729 Souza, Fernanda de.
A consulta de enfermagem na detecção precoce de agravos à saúde da mulher : contribuições para a práxis na atenção básica / Fernanda de Souza. – Niterói: [s.n.], 2016.
xx f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2016.
Orientador: Profª. Márcia Isabel Gentil Diniz.
1. Saúde da mulher. 2. Atenção primária à saúde. 3. Cuidados de enfermagem. I. Título.
CDD 613.0424
Dedico este trabalho à uma pessoa que amo, minha tia avó Zenith Siqueira, que recentemente foi diagnosticada com Câncer de Mama estágio IV.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer à DEUS, primeiramente, por ter sido minha base, sustento e
direção nessa caminhada e que a mim atribuiu desafios pelos quais já sabia que eu iria batalhar
e vencer.
À minha família, em especial, meus pais Luiz, Rosemere e minha irmã Lorena, por
lutarem incansavelmente para que eu chegasse até aqui. Pelo amor incondicional, apoio e por
acreditarem que, apesar das dificuldades, eu seria capaz de alcançar meus objetivos.
Ao meu namorado Leandro, que foi meu porto seguro durante toda a minha trajetória
na graduação, me apoiando e sendo meu ombro amigo nos melhores e piores momentos, para
que eu não desistisse dos meus sonhos.
Às minhas amigas de longa data, Caroline e Jéssica, que sempre estiveram do meu
lado nos momentos mais difíceis.
Ao meu amigo Ismael, que me abrigou em sua casa por inúmeras vezes em Niterói
quando precisei e que sempre se preocupou comigo.
Aos amigos da graduação, que estiveram comigo durante esses anos e juntos passamos
a acreditar e entender que vitória sem luta é triunfo sem glória.
À minha orientadora Márcia Gentil, que acreditou em mim; que ouviu pacientemente
as minhas considerações partilhando comigo as suas ideias, conhecimentos e experiências.
Quero expressar o meu reconhecimento e admiração pela sua competência profissional e pela
forma humana que conduziu minha orientação.
A todos os professores e enfermeiros pela convivência harmoniosa, pelas trocas de
conhecimento e experiências que foram tão importantes na minha vida acadêmica/pessoal e que
contribuíram para o meu novo olhar como profissional.
“Boa sorte, firme e forte, vai com a força da mente. Vai sabendo que não há nenhum peso que você não aguente.
Vai na marra, vai na garra, vai em frente. E se agarra no seu sonho com unhas e dentes.
Pra saber o que é possível é preciso que se tente conseguir o impossível, então tente! Sempre alimente a esperança de vencer.
Só duvide de quem duvida de você. ” Gabriel o pensador
RESUMO
A Atenção Básica configura-se através das Unidades Básicas de Saúde e das Estratégias da Saúde da Família e cabe aos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro, a partir do atendimento integral, empoderar a mulher quanto sua saúde e seu corpo. Com este entendimento o profissional, nas consultas voltadas a saúde da mulher, quanto o usuário possam ser capazes de detectar precocemente anormalidades da mulher que possa ser eventualmente a fase inicial do câncer de mama, por exemplo. A detecção precoce deve ser descoberta neste nível de atenção para evitar a detecção no estádio avançado, já que neste estádio favorece para a mortalidade por esta causa específica. Ainda mesmo neste nível de atenção a relação profissional-usuário de saúde se faz presente em condições que possibilita um vínculo sem necessariamente a mulher estar doente ou não, criando uma relação de corresponsabilidade e permitindo o protagonismo desta mulher perante a sua saúde. O levantamento dos dados para a pesquisa bibliográfica, foi feito através da exploração da base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), acessada através da Bireme. O recorte temporal consistia no período entre os anos de 2011 e 2015. Deste modo conclui-se que as ações do enfermeiro no rastreamento e detecção precoce ainda são frágeis devido à falta de sensibilização desses profissionais para a importância de se planejar de forma estruturada com relação à essas ações.
Descritores: Saúde da Mulher and Atenção Primária à Saúde and Cuidados de Enfermagem.
ABSTRACT
The Primary Care set up by the Basic Health Units and Health Strategies for Family and it is for health professionals, including nurses, from comprehensive care, empower women as your health and your body. With this understanding the professional, the consultations focused on women's health, as the user may be able to detect early woman abnormalities that might be the early stage of breast cancer, for example. Early detection should be discovered at this level of attention to avoid detection in advanced stage, since this stage favors for mortality for this particular cause. Yet even at this level of attention to health professional-user relationship is present in a position that allows a link without necessarily the woman being ill or not, creating a relationship of responsibility and allowing the role of the woman before her health. The survey data for bibliographic research was done by exploiting the Virtual Library database in Health (BVS), accessed through Medicine®. The time frame consisted of the period between 2011 and 2015. Thus it is concluded that the nurse's actions in screening and early detection are still fragile due to lack of awareness of these professionals to the importance of planning in a structured manner with respect to these actions.
Key Words: Women's Health and Primary Health Care and Nursing Care
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Cruzamentos dos descritores da pesquisa, f. 24
Tabela 2 Artigos selecionados para o estudo, f. 25
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 10
1.1 QUESTÃO NORTEADORA, p. 11
1.2 OBJETO DE ESTUDO, p. 12
1.3 OBJETIVO GERAL, p. 12
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 12
1.5 JUSTIFICATIVA, p. 12
1.6 RELEVÂNCIA SOCIAL, p. 12
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 13
2.1 CONSULTA DE ENFERMAGEM, p. 13
2.2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM, p. 14
2.3 A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO RASTREAMENTO
DE AGRAVOS À SAÚDE DA MULHER, p. 16
2.4 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO COMO EDUCADOR EM SAÚDE, p. 17
3 METODOLOGIA, p. 20
3.1 TIPO DE PESQUISA, p. 20
3.2 FASES PARA ELABORAÇÃO DA REVISÃO INTEGRATIVA, p. 20
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO, p. 23
3.4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS, p. 23
4 RESULTADOS, p. 24
5 DISCUSSÃO, p. 27
5.1 IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO RASTREAMENTO
PRECOCE DE AGRAVOS À SAÚDE DA MULHER, p. 27
5.2 IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO ENTRE O ENFERMEIRO E O USUÁRIO
DURANTE A CONSULTA DE ENFERMAGEM, p. 30
5.3 O ENFERMEIRO COMO EDUCADOR EM SAÚDE, p. 31
6 CONCLUSÃO, p. 33
7 OBRAS CITADAS, p. 34
8 OBRAS CONSULTADAS, p. 38
10
1 INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso se justifica pela importância de se
compreender o papel do enfermeiro que realiza a consulta de enfermagem e tem por objetivos
identificar as ações desenvolvidas pelos enfermeiros na atenção integral a saúde da mulher na
atenção básica como estratégia para detecção precoce de agravos à sua saúde.
O motivo pelo qual fui conduzida à escolha do tema, foi uma vivência em campo de
estágio, no quinto período, da disciplina de Saúde da Mulher I, no curso de graduação em
enfermagem bacharelado e licenciatura na Universidade Federal Fluminense. O estágio foi
realizado em uma Clínica da Família em Itaboraí onde a enfermeira exercia atividades técnicas
específicas de sua competência, administrativas e educativas visando à prevenção e a promoção
da saúde e melhoria da qualidade de vidas das mulheres, como a consulta de enfermagem,
especificamente o preventivo. A autonomia dos profissionais de enfermagem com os
pacientes/usuários na atenção básica despertou-me um interesse em reconhecer a importância
e os benefícios da consulta de enfermagem, onde o enfermeiro é capaz de identificar e intervir
na melhoria dos problemas que dificultam a implementação do cuidado pelo mesmo.
É de extrema importância avaliar a assistência do enfermeiro durante a consulta de
enfermagem, compreendendo sua relação com o usuário, tendo em vista seu importante papel
como mediador entre comunidade e o sistema de saúde.
Na consulta de enfermagem, o enfermeiro possui completa autonomia para o
desenvolvimento de estratégias de abrangentes cuidados para a promoção da saúde do cliente,
da família ou da comunidade.
Segundo Matumoto e cols. (2011) o processo de implantação do Sistema Único de
Saúde (SUS), direcionado por seus princípios e pelo conceito de saúde como produção social,
compõe o contexto de ressignificação do trabalho do enfermeiro no âmbito da atenção básica.
E, dentre suas atribuições, estão não só o trabalho de administração e de organização do serviço
de saúde e enfermagem, mas, também, a realização de ações clínicas de atenção direta ao
usuário.
De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem – COFEN (1993), na Resolução
n.º 159/1993, a consulta de enfermagem deve ser obrigatoriamente desenvolvida em todos os
níveis de assistência à saúde, tanto em instituições públicas quanto privadas. Isso inclui também
a Estratégia Saúde da Família – ESF, cujas normas prevêem a entrevista de enfermagem.
A consulta de enfermagem é uma rotina que apresenta incógnitas para o profissional
enfermeiro. Sendo assim, a entrevista de enfermagem é eficaz em ajudar os pacientes a
11
desenvolver hábitos saudáveis de autocuidado, principalmente quando inserida no Programa
Saúde da Família.
A consulta de enfermagem voltada para a saúde da mulher utiliza o Processo de
Enfermagem desenvolvendo atividades que visam melhorar a qualidade de vida e preparar a
mulher para o autocuidado. A consulta é de grande importância, pois permite ao enfermeiro o
desenvolvimento de condições para atuar de forma direta e independente, corroborando a
autonomia profissional. O acolhimento na consulta de enfermagem permite, para além da troca
de saberes entre enfermeiro e usuária, a escuta atenta, na qual ela pode expor medos, ansiedades,
preocupações ou dificuldades, exigindo do profissional uma percepção complexa sobre o
indivíduo, que culminará no planejamento de ações baseadas nas necessidades individuais de
cada paciente
A atuação do enfermeiro na Atenção Básica possibilita uma mudança no paradigma
do cuidado e atenção em saúde, conferindo um papel de destaque nas equipes multidisciplinar
propostas pelo Ministério da Saúde.
É importante ressaltar que pela atenção prestada de forma contínua e pautada na
territorialização, é possível diagnosticar as necessidades da comunidade, contribuindo para
resolver satisfatoriamente os problemas identificados. A atenção básica é considerada como a
porta de entrada do sistema de saúde, que prioriza o cuidado à saúde e não apenas a doença
(CARNEIRO et al., 2008).
O enfermeiro como um dos profissionais que integra a equipe de saúde da família,
além das atribuições comuns à equipe, tem a oportunidade de ultrapassar o conhecimento
biológico, estabelecendo relações entre o processo saúde-doença e o social, tendo como base
os dados epidemiológicos que subsidiam ações capazes de causar impacto positivo nas formas
de padecimento da população. É durante a consulta que se busca uma interação com a família
e o reconhecimento das especificidades de cada membro da mesma e, assim, proceder ou
dialogar com a família as formas de intervenção e/ou superação.
1.1 QUESTÃO NORTEADORA
Qual a importância da consulta de enfermagem para a detecção precoce de agravos
relacionados à saúde da mulher?
12
1.2 OBJETO DE ESTUDO
A consulta de enfermagem para a detecção precoce de agravos na saúde da mulher
1.3 OBJETIVO GERAL
Analisar a práxis dos enfermeiros nas consultas de enfermagem voltadas para a saúde
da mulher através das publicações científicas.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar os agravos que acometem a saúde da mulher;
• Descrever a atuação do enfermeiro na consulta de enfermagem à mulher.
1.5 JUSTIFICATIVA
Conhecer a práxis dos enfermeiros que atuam nas consultas de enfermagem na atenção
básica é importante, pois nos permite identificar as ações desenvolvidas por esses profissionais
na detecção precoce de agravos à saúde da mulher.
Sendo assim, este projeto está relacionado à prevenção, promoção da saúde e melhoria
da qualidade de vidas, preparando a mulher para o autocuidado.
Espera-se que este estudo permita visualizar a importância da consulta de enfermagem
direcionada a mulher e conhecer suas atribuições específicas conforme protocolos estabelecidos
nos programas do Ministério da Saúde e disposições legais da profissão, proporcionando um
embasamento teórico-metodológico dos procedimentos adotados pelos enfermeiros que atuam
na atenção básica.
1.6 RELEVÂNCIA SOCIAL
Fornecer subsídios para uma atuação segura e embasada na literatura que discute a
formação dos enfermeiros e contribuir para aperfeiçoar a práxis dos enfermeiros que atuam na
área, a fim de sensibilizar cada vez mais as mulheres que freqüentam as consultas de
enfermagem.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONSULTA DE ENFERMAGEM
Esta prática assistencial foi legalizada pela Lei nº 7.498/86 que regulamentou o
Exercício da Enfermagem e estabeleceu essa atividade como privativa do enfermeiro. Com isso,
tem sido alvo de diversas portarias e resoluções de diferentes instâncias, inclusive do Conselho
Federal de Enfermagem, como a Resolução COFEN/159 que estabelece obrigatoriamente a
realização da consulta de enfermagem em todos os níveis de assistência à saúde em instituição
pública e privada e regulamenta as ações do enfermeiro na consulta, prescrição de
medicamentos e requisição de exames.
Segundo Campos e cols. (2011), a consulta de enfermagem objetiva prestar assistência
sistematizada de enfermagem, de forma global e individualizada, filtrando os problemas de
saúde-doença, executando e avaliando cuidados que contribuam para a promoção, proteção,
recuperação e reabilitação de sua saúde. Sua realização engloba uma sequência sistematizada
de ações, como por exemplo: o histórico de enfermagem e exame físico, diagnóstico de
enfermagem, plano terapêutico ou prescrição de enfermagem, e avaliação da consulta.
A partir da implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), houve o avanço
da implantação da consulta de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde e esta atividade
passou a ser realizada de forma contínua a seus usuários, constituindo uma estratégia de
atendimento de caráter generalista, centrada no ciclo vital e na assistência à família. Apesar da
consulta de enfermagem ser atualmente uma prática prestada de modo sistemático aos usuários
assistidos pelas Equipes de Saúde da Família, observou, em nossa prática profissional, que nem
todos os enfermeiros percebem-se aptos, nem interagem tranquilamente com esta atividade
(CAMPOS et al., 2011).
Dentro desse processo, a ESF é um campo rico e de destaque, no qual a promoção da
saúde vem se inserindo gradativamente nos serviços de saúde. Profissionais e comunidade
passam a percebê-la como uma estratégia de saúde e qualidade de vida, assumindo suas
atribuições no cotidiano do trabalho e como ponto chave de suas ações. Nesse campo de
evidência, a enfermagem vem ocupando seu espaço e, através da Consulta de Enfermagem,
maior valorização e visibilidade profissional (DURAND, 2013).
De acordo com o anexo I da Portaria nº 648/2006 do Ministério da Saúde, alterada pela
portaria nº 1.625/2007 do mesmo órgão, ficam estabelecidas as atribuições privativas do
enfermeiro:
14
[...] IV- realizar consultas e procedimentos de enfermagem na Unidade Básica de Saúde e, quando necessário, no domicílio e na comunidade; V – solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão [...] (BRASIL, 2006).
É possível, segundo (CARNEIRO et al., 2008), perceber a grande contribuição
oferecida pelo programa na definição da prática do enfermeiro, voltada para a promoção da
saúde e bem-estar do ser humano em todo o seu ciclo vital.
A consulta de enfermagem é definida como: [...] o conjunto de ações realizadas pela
enfermeira, em uma sucessão ordenada, para conhecer a situação de saúde da clientela e tomar
decisões quanto à assistência a ser prestada, visando mudanças favoráveis à saúde [...]
(CASTILHO, 2006, p 428).
A consulta de Enfermagem é uma estratégia muito importante para a identificação
precoce de desvios de saúde e acompanhamento de medidas instituídas, as quais se dirigem ao
bem-estar das pessoas. Viabiliza o trabalho do enfermeiro durante o atendimento ao paciente,
norteando a identificação de problemas e as decisões a serem tomadas. Para tanto, deve ser
norteada pela Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), um método científico com
aplicação específica, de modo que o cuidado de Enfermagem seja adequado, individualizado e
efetivo.
Compreende-se a consulta de enfermagem como um espaço não apenas clínico, mas
também um espaço de aproximação e acolhimento ao usuário que busca o serviço e de
aproximação com a Saúde da Mulher. Um espaço de diálogo, reflexão e empoderamento da
mulher, para assumir o controle sobre sua saúde, estabelecendo hábitos saudáveis e
reivindicando seus direitos e o controle sobre os determinantes de sua saúde, de sua família e
fortalecendo sua autonomia sobre o seu ser e seu viver (DURAND, 2013).
Como profissional de saúde, entre as suas funções, o enfermeiro desempenha, o papel
de educador. É este o enfoque que deve ter o atendimento de enfermagem em nível de atenção
primária. Neste nível de atenção, a assistência deve ser integral, resolutiva, contínua e de boa
qualidade para atender as necessidades da população (GARCIA, 2012).
2.2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
A Sistematização da Assistência de Enfermagem é uma metodologia de planejamento,
organização e execução de ações sistematizadas, que são realizadas pela equipe durante o
período em que o cliente se encontra sob a assistência de enfermagem (NEVES, 2010).
15
O planejamento da assistência de Enfermagem é um dos meios que o enfermeiro
dispõe para aplicar seus conhecimentos técnicos científicos no cuidado com o paciente. A
aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem nas instituições de saúde apresenta
como aspectos positivos: a segurança no planejamento, na execução e na avaliação das condutas
de enfermagem; a individualização da assistência; e a visibilidade e autonomia para o
enfermeiro (LIMA, 2004).
A implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem passou a ser exigida,
para as instituições de saúde pública e privada de todo o Brasil, desde a Resolução do COFEN
nº 272/2002 (COFEN, 2000). Todavia, passados mais de dez anos, vem sendo aplicada em
apenas algumas instituições (CRUZ, 2008).
A Resolução do COFEN nº272/2002 define seis fases para a Sistematização da
Assistência de Enfermagem, que devem ser registradas no prontuário do (a) cliente. São elas:
(1) histórico de enfermagem (conhecer hábitos individuais e biopsicossociais, visando à
adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas); (2)
exame físico (inspeção, ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o
levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anotação das anormalidades
encontradas para validar as informações obtidas no histórico); (3) diagnóstico de enfermagem
(o enfermeiro após ter analisado os dados colhidos no histórico e exame físico, identificará os
problemas de enfermagem, as necessidades básicas afetadas e grau de dependência, fazendo
julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo e da família aos problemas, processos de
vida vigentes ou potenciais); (4) prescrição da assistência de enfermagem (é o conjunto de
medidas decididas pelo enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de enfermagem ao
paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção,
recuperação e manutenção da saúde); (5) evolução da assistência de enfermagem (é o registro
dos problemas novos identificados. Trata-se de um resumo sucinto dos resultados dos cuidados
prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subseqüentes); e (6) relatório de
enfermagem (é o registro feito pelo enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente)
(COFEN, 2000).
A possibilidade de aplicar a SAE no cotidiano dos diferentes cenários assistenciais
torna o enfermeiro capaz de exercer as suas funções privativas, sem relegar suas funções junto
a equipe. A SAE é um instrumento do cuidado e deve ser desenvolvida com vistas a qualificar
a assistência e minimizar os riscos aos usuários. Pode-se afirmar que a SAE destaca-se pelo
direcionamento da organização do cuidado e possibilita aos profissionais de enfermagem
exercer sua autonomia perante os demais trabalhadores da saúde (KRAUZER, 2015).
16
A SAE organiza o trabalho profissional quanto ao método, de pessoal e os
instrumentos metodológicos, tornando possível a operacionalização do Processo de
Enfermagem, que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática
profissional (KRAUZER, 2015).
2.3 A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO RASTREAMENTO
DE AGRAVOS À SAÚDE DA MULHER
No que diz respeito às ações previstas pelas políticas públicas de saúde para o controle
de câncer de mama na atenção primária, o enfermeiro possui um papel fundamental e encontra
um amplo espaço para o desenvolvimento das atividades diárias, pois mantém considerável
autonomia nas suas práticas. A ele são atribuídas as seguintes ações: realizar atendimento
integral às mulheres; realizar consulta de enfermagem (coleta de exame preventivo e exame
clínico das mamas, solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme
protocolo ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observadas as
disposições legais da profissão); realizar atenção domiciliar, quando necessário; manter a
disponibilidade de suprimentos; coordenar e supervisionar o trabalho dos agentes comunitários
de saúde e da equipe de enfermagem (CAVALCANTI et al., 2013).
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM, 2007) tem
como proposta enfatizar a importância do empoderamento das usuárias do SUS e sua
participação nas instâncias de controle social. A PNAISM destaca que o câncer de mama é
diagnosticado tardiamente em 60% dos casos e mudar essa situação é um desafio necessário já
que o diagnóstico precoce aumenta significamente a perspectiva e a qualidade de vida das
mulheres.
O diagnóstico precoce, segundo Leavell e Clark (1976), deve-se fazer tão logo o
processo da doença seja detectável, no início de patogênese. Para detecção precoce do câncer
de mama, recomenda-se rastreamento por meio do exame clínico da mama; rastreamento por
mamografia para as mulheres com idade entre 50 a 69 anos; exame clínico das mamas e
mamografia anual a partir dos 35 anos para mulheres pertencentes a grupos populacionais com
risco elevado de desenvolver câncer de mama e a garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento
e seguimento para todas as mulheres com alterações nos exames realizados (BRASIL, 2004).
A Atenção Básica à Saúde tem sido considerada um dos pilares da organização de
qualquer sistema de saúde, configurando-se como o primeiro contato do usuário com o sistema
de saúde. O nível básico de atenção à saúde tem um grande potencial de resolver parte
17
significativa das queixas/demandas apresentada (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2008).
A Política Nacional de Atenção Básica- PNAB (2006) apresenta em um dos seus
fundamentos, efetivar a integralidade, em seus vários aspectos, buscando a ação interdisciplinar
e em equipe. A integralidade nesse sentido é o cuidado integral, da promoção da saúde à cura e
à reabilitação permitindo que o usuário do Sistema Único de Saúde, obtenha além da atenção à
doença, um atendimento digno e atenção integral para caminhar em direção à promoção de
saúde. Essa preocupação deve estar presente no cotidiano de todos os profissionais de saúde em
qualquer nível de atenção e, em especial na atenção básica (GARCIA; EGRY, 2010).
Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (2006) cabe ao enfermeiro realizar a
assistência integral aos indivíduos e famílias em todas as fases de desenvolvimento humano.
A Atenção Básica configura-se através das Unidades Básicas de Saúde e das
Estratégias da Saúde da Família e cabe aos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro, a
partir do atendimento integral, empoderar a mulher quanto sua saúde e seu corpo. Com este
entendimento o profissional, nas consultas voltadas a saúde da mulher, quanto o usuário possam
ser capazes de detectar precocemente anormalidades da mulher que possa ser eventualmente a
fase inicial do câncer de mama, por exemplo.
A detecção precoce deve ser descoberta neste nível de atenção para evitar a detecção
no estádio avançado, já que neste estádio favorece para a mortalidade por esta causa específica.
Ainda mesmo neste nível de atenção a relação profissional-usuário de saúde se faz presente em
condições que possibilita um vínculo sem necessariamente a mulher estar doente ou não,
criando uma relação de corresponsabilidade e permitindo o protagonismo desta mulher perante
a sua saúde. Vale ressaltar que neste nível de atenção, a idéia de resolver não se restringe à
elaboração de um diagnóstico de doença ou disfunção no corpo e oferta dos tratamentos
correspondentes.
Sendo assim, a atenção básica visa também, além do manejo específico dos agravos,
ações de prevenção e promoção de saúde, identificação de necessidades que devem ser
respondidas por outros serviços que não os da rede de saúde, e a referência do usuário a níveis
mais complexos do sistema. Para que o nível básico de atenção à saúde seja capaz de oferecer
uma atenção integral é fundamental a interação ativa entre provedor e usuário (TEIXEIRA,
2005).
2.4 A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO COMO EDUCADOR EM SAÚDE
18
Embora o conceito de educação em saúde enalteça a interação dos profissionais com
os usuários, observa-se atualmente, no cotidiano dos serviços, que muitas das vezes o objetivo
desse tipo de educação não vem sendo alcançado (LALUNA et al., 2009).
Entretanto, esta prática educativa tem sido repensada no sentido de mudar os métodos
pedagógicos utilizados pelos profissionais, que dão ênfase às ações imperativas, negando a
autonomia dos sujeitos e direcionando a assistência para a dimensão individual com foco no
controle do agravo; esquecem-se da coletividade, bem como da prevenção de doenças e da
promoção de saúde.
Dessa forma, hoje é indispensável que o enfermeiro esteja capacitado para a
assistência integral e contínua dos usuários das unidades básicas de saúde, identificando
situações de risco e muito mais do que isso: que ele esteja preparado para desenvolver ações
educativas em parceria com a comunidade, para a melhoria do autocuidado dos indivíduos
(ALVES, 2005).
Na perspectiva de Oliveira, Andrade e Ribeiro (2009) a educação em saúde torna-se
essencial para a melhoraria das condições de saúde e de vida da população, sendo a prática
educativa um instrumento necessário para a realização de ações preventivas. Nesse sentido, a
prevenção implica um conjunto de ações antecipatórias que visam diminuir a probabilidade do
aparecimento de um acontecimento, ou seja, contribuir com o indivíduo, dotando-o de aptidões
para dar respostas mais funcionais e adequadas perante uma situação (CZERESNIA, 2003).
Assim, pode-se ressaltar que o enfermeiro utiliza a educação em saúde
constantemente, sendo o ensino, peça chave no que se refere a uma boa assistência em
enfermagem, pois através dele se modificam padrões de estilo de vida que predispõem pessoas
aos riscos de saúde. (ARAUJO; OLIVEIRA, 2009).
É necessário que a educação em saúde e a comunicação caminhem juntas, visto que
constituem em um importante instrumento capaz de estimular, informar, interligar os indivíduos
entre si, buscando alcançar o objetivo proposto sem prescrições imperativas. O Ministério da
Saúde (2001) reforça a ideia de que a relação dos profissionais com a comunidade deve ser de
criar nos indivíduos consciência da responsabilidade por sua própria saúde e a da comunidade
a que pertencem, através do comprometimento e corresponsabilidade entre os enfermeiros e a
população.
Assim sendo, buscam-se os serviços oferecidos, em resposta às suas necessidades de
prevenção, promoção de sua saúde e controle das doenças. Essas ações também podem
possibilitar uma melhor concepção do processo saúde-doença, uma vez que as pessoas terão
19
condições de confiar na equipe e procurá-la sempre que necessário, o que auxilia o processo de
construção ou reconstrução da realidade em que vivem.
Conforme Smeltzer e Bare (2005), o enfermeiro, quando planeja educação em saúde,
precisa estar disponível para o cuidado à saúde fora do ambiente convencional; por isso, precisa
pensar em estratégias alternativas que conscientizem a comunidade diferentemente das ações
preconizadas tradicionalmente. Nessa perspectiva, ressalta-se que os profissionais de saúde
podem utilizar várias ferramentas para executar as ações de educação em saúde, como palestras,
explicações, debates, sempre incluindo o usuário, fazendo com que ele participe, expressando
seus sentimentos e dúvidas.
Um bom programa de ensino é aquele no qual o usuário tem a oportunidade de
visualizar a prática apreendida e também realizá-la. A educação em saúde pode ser promovida
em qualquer momento e lugar (ZAMBOM; ZANOTTI; CRUZ, 2009).
Como se pode perceber, essa prática de saúde visa a integralidade da atenção e
reorientação do modelo assistencial. Por meio do bom entendimento dessa prática
transformadora da realidade social de uma comunidade, o enfermeiro contribui para a solução
dos problemas que afetam os usuários e, consequentemente, é reconhecido e respeitado pela
comunidade na qual desenvolve suas atividades (NADER; ABECG; KNAUTH, 2006).
20
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma revisão integrativa cujo objetivo foi analisar a práxis dos enfermeiros
que atuam nas consultas de enfermagem voltadas para a saúde da mulher na atenção básica
pelas publicações científicas.
Entende-se aqui baseado em Ferreira (2002) que pesquisas caracterizadas pela
denominação “estado da arte” ou “estado do conhecimento” são pesquisas de caráter
bibliográfico cujo desafio é mapear e discutir certa produção acadêmica em diferentes campos
do conhecimento tentando destacar os aspectos e dimensões que vem sendo privilegiadas em
diferentes épocas e lugares. Sendo reconhecidas por realizarem uma metodologia descritiva da
produção cientifica sobre o tema a ser investigado através de categorias que formam um
conjunto de idéias sob as quais o fenômeno passa a ser analisado.
A revisão integrativa se constitui em uma síntese de conhecimento e a incorporação
da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática. É a forma mais ampla de
abordagem metodológica referente às revisões por permitir a inclusão de estudos experimentais
e não-experimentais visando uma compreensão completa do fenômeno analisado, tal revisão
combina dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um amplo leque de propó-
sitos como a definição de conceitos e a revisão de teorias e evidências (SOUZA et al., 2010).
Devido à grande quantidade de material e do crescente leque de informações na área
da saúde, se faz necessário a escolha de um método capaz de delimitar as etapas a fim de
proporcionar uma melhor utilização das evidências dos estudos (SOUZA et al., 2010).
O levantamento bibliográfico será realizado por meio da internet, através da consulta
no sistema de bibliotecas online tais como: Medline, Lilacs e Scielo. Nos quais após lidos os
resumos serão selecionados e lidos na integra. A autoria teve facilidade de acesso aos artigos
na íntegra, visto que estão todos disponíveis online.
3.2 FASES PARA ELABORAÇÃO DA REVISÃO INTEGRATIVA:
Primeira etapa: elaboração da pergunta norteadora
A elaboração de uma revisão integrativa é algo que exige tempo e esforço
consideráveis do revisor. Sendo assim, é relevante a escolha de um tema que desperte o
21
interesse do revisor para que esse processo se torne mais encorajador, vale considerar também
a escolha de um problema vivenciado na prática clínica (MENDES et al., 2008).
Definir a questão norteadora é a fase crucial da revisão integrativa uma vez que
determinam os estudos que serão incluídos na amostragem, os meios adotados para identifica-
los alem de as informações a serem coletadas em cada estudo selecionado (SOUZA et al., 2010).
Nesta revisão a questão norteadora é: Qual a importância da consulta de enfermagem
para a detecção precoce de agravos relacionados à saúde da mulher?
As palavras - chaves utilizadas para a busca serão: Saúde da Mulher; Atenção Primária
à Saúde; Cuidados de Enfermagem
Segunda etapa: busca ou amostragem na literatura
Para realizar a busca dos artigos na literatura é necessária a delimitação de critérios de
inclusão e de exclusão. É importante que os critérios sejam estabelecida de maneira bem clara
e delimitada, pois uma demanda muito alta de estudos pode inviabilizar a construção da revisão
ou conduzir a erros nas próximas etapas (MENDES et al., 2008). Conforme Souza e cols. (2010)
os critérios de amostragem devem garantir a representatividade da amostra sendo indicadores
da confiabilidade e da fidedignidade dos resultados. Logo, a determinação dos critérios deve
ser realizada em concordância com a pergunta norteadora definida na primeira fase,
considerando os participantes, a intervenção e os resultados de interesse (SOUZA et al., 2010).
A seleção dos estudos para a avaliação crítica é fundamental, a fim de se obter a
validade interna da revisão, sendo essencial que todas as decisões tomadas frente aos critérios
de inclusão e exclusão da amostragem sejam documentadas e por vezes, justificadas na
descrição da metodologia da revisão (MENDES et al., 2008).
Terceira etapa: coleta de dados/ categorização dos estudos
A coleta de dados deve ser realizada através de um instrumento previamente elaborado
que assegure que a totalidade dos dados relevantes seja extraída além de minimizar o risco de
erros na transcrição e garantir a precisão na checagem das informações (SOUZA et al., 2010).
Conforme Souza e cols. (2010) os dados devem incluir a definição dos sujeitos, a
metodologia, o tamanho da amostra, a mensuração de variáveis, o método de análise e conceitos
embasadores empregados. Em suma, o objetivo nesta etapa é organizar e sumarizar as
informações de maneira concisa, formando um banco de dados de fácil acesso e manejo.
22
Visando alcançar os objetivos desta revisão, o instrumento de categorização dos
estudos consta com os seguintes itens: nome do periódico, ano de publicação, área do
conhecimento, pais de publicação, título, objetivo e principais achados dos estudos.
Quarta etapa: avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa
Essa etapa corresponde a analise de dados, no qual para garantir a validade os estudos
nos quais foram selecionados devem ser analisados minuciosamente de forma crítica a fim de
procurar explicações para resultados distintos. A competência clínica do revisor auxilia na
avaliação do estudo.
Quinta etapa: interpretação de resultados
Essa etapa representa a fase de discussão dos principais resultados. O revisor
embasado nos resultados da avaliação realiza a comparação com o conhecimento teórico, à
identificação de conclusões e implicações resultantes a revisão integrativa
(MENDES et al., 2008)
Sexta etapa: apresentação da revisão/ síntese de conhecimento
Na revisão integrativa devem estar incluídas informações que permitam o leitor avaliar
os procedimentos empregados na elaboração da revisão, os aspectos relativos aos tópicos
abordados e o detalhamento dos estudos incluídos (MENDES et al., 2008).
Para a compreensão da revisão faz-se necessário a explicação clara de cada
procedimento empregado em cada etapa anteriormente citada.
A proposta da revisão integrativa é reunir e sintetizar as evidências disponíveis na
literatura e as suas conclusões serão questionadas caso a sua construção seja baseada numa
metodologia questionável.
Esta etapa consiste na elaboração do documento que deve contemplar a descrição das
etapas percorridas pelo revisor e os principais resultados evidenciados da análise dos artigos
incluídos. É um trabalho de extrema importância já que produz impacto devido ao acúmulo do
conhecimento existente sobre a temática pesquisada. A importância da divulgação dos
resultados da investigação é incondicionalmente reconhecida, mas as formas de como divulgar
ainda são limitadas devido às exigências dos periódicos científicos, a necessidade de outro
idioma e dos recursos financeiros dispensados, apesar dos enormes avanços na tecnologia da
comunicação (MENDES et al., 2008).
23
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Os artigos serão selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
• Presença dos descritores escolhidos
• Artigos na integra disponíveis na internet;
• Produções com idiomas em português;
• Recorte temporal dos últimos 5 anos.
3.4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Após a definição dos itens a serem analisados nos artigos será elaborado um
instrumento para servir como base de agrupamento, categorização e análise dos estudos. Serão
seguidos os seguintes passos metodológicos: definição das informações a serem extraídas dos
estudos selecionados, definição do instrumento que consta o nome do periódico, ano de
publicação, área do conhecimento, país de publicação, título do artigo, objetivo e principais
achados.
As análises serão realizadas através de leitura e agrupamento de artigos em que se
encaixaram nos requisitos de inclusão e exclusão previamente estabelecidos.
A apresentação da revisão integrativa será feita através de quadros e explanação
descritiva do conteúdo. Esta etapa contígua contempla assim visualização dos dados, ou seja, a
conversão dos achados em uma forma visual. Os modos de visualização foram expressos em
uma tabela, na qual foi possível a comparação entre os estudos selecionados e, logo, a
identificação de padrões e diferenças, colaborando como parte da discussão geral.
24
4 RESULTADOS
Diante da precisão de se garantir uma prática assistencial embasada em evidências
científicas, a revisão integrativa tem sido assinalada como uma ferramenta ímpar na área da
saúde, pois abrevia as pesquisas disponíveis sobre determinada temática e sinaliza a prática
abalizada em conhecimento científico, apesar do fato de que ajustar dados de delineamento de
pesquisa diversos seja intricado e desafiador, a revisão integrativa, resulta na diminuição de
vieses e erros.
Deste modo, é mandatório se consolidar a revisão integrativa como instrumento válido
da Prática Baseada em Evidências, sobretudo no cenário atual da enfermagem brasileira.
Quanto ao estudo aqui realizado, assinala-se que a literatura disponível sobre a temática
é ampla, o que facilitou a busca de materiais que apresentassem importância significativa e
ajustada aos critérios sobre o tema nas bases de dados utilizadas.
Como já exposto previamente, os artigos escolhidos para aprofundamento do conteúdo
foram aqueles na íntegra, cuja discussão abordava questões de relevância. Para isso, foram
utilizados descritores, combinados juntos, para observar os resultados decorrentes. Após a
observância destes, foram excluídos 76 artigos, cujo título e resumo demonstravam que o tema
não contemplava o objeto deste trabalho, bem como artigos que não se coadunavam em critério
de inclusão na pesquisa.
Tabela 1 – Cruzamentos dos descritores da pesquisa
DESCRITORES ACHADOS FILTRADOS SELECIONADOS
Saúde da Mulher and Atenção Primária
à saúde and Cuidados de Enfermagem 303 15 8
*Desses 15 artigos filtrados, 7 foram excluídos por estarem duplicados nas bases de dados.
A seguir, desenhou-se um quadro com os artigos selecionados a fim de resumidamente
elucidar o material pesquisado e, posteriormente, proceder com o levantamento das principais
evidências.
25
Tabela 2 – Artigos selecionados para o estudo
IDENTIFICAÇÃO
DO ARTIGO
AUTORES ANO TÍTULO REVISTA
1 Eryjosy Marculino
Guerreiro; Dafne
Paiva Rodrigues;
Maria Adelaide
Moura da Silveira;
Nájori Bárbara
Ferreira de Lucena.
2012 O cuidado pré-natal
na atenção básica de
saúde sob o olhar de
gestantes e
enfermeiros.
Reme - Rev.
Min. Enferm
2 Maria Carmen
Simões Cardoso de
Melo; Franciane
Vilela; Anna Maria
de Oliveira
Salimena; Ivis
Emília de oliveira
Souza
2012 O Enfermeiro na
Prevenção do Câncer
do Colo do Útero: o
Cotidiano da
Atenção Primária.
Revista
Brasileira de
Cancerologia
3 Sirlei de Azevedo
Monteiro
Cavalcante; Fabiana
Barbosa da Silva;
Carla Andréia
Vilanova Marques;
Elisabeth Níglio de
Figueiredo; Maria
Gaby Rivero de
Gutiérrez.
2013 Ações do Enfermeiro
no rastreamento e
Diagnóstico do
Câncer de Mama no
Brasil.
Revista
Brasileira de
Cancerologia
4 Danielle Satie
Kassada; Sonia
Silva Marcon; Maria
Angélica Pagliarini
Waidman.
2014 Percepções e práticas
de gestantes
atendidas na atenção
primária frente ao
uso de drogas.
Escola Anna
Nery Revista
de
Enfermagem
26
5 Sebastião Junior
Henrique Duarte;
Eliane Pereira de
Almeida.
2014 O papel do
enfermeiro do
programa saúde da
família no
atendimento pré-
natal.
Revista de
Enfermagem
do Centro
Oeste
Mineiro
6 Eryjosy Marculino
Guerreiro; Dafne
Paiva Rodrigues;
Ana Beatriz
Azevedo Queiroz;
Márcia de Assunção
Ferreira.
2014 Educação em saúde
no ciclo gravídico-
puerperal: sentidos
atribuídos por
puérperas
Revista
Brasileira de
Enfermagem
7 Ana Luiza Barreto
Zapponi; Florence
Romijn Tocantins;
Octavio Muniz da
Costa Vargens.
2015 O enfermeiro na
detecção precoce do
câncer de mama no
âmbito da atenção
primária
Rev. enferm
UERJ
8 Carla Cardi
Nepomuceno;
Betânia Maria
Fernandes; Maria
Inês Gomes de
Almeida; Sandra
Carvalho de Freitas;
Fernanda Martins
Bertocchi.
2015
Autopreenchimento
Da Ficha Clínica No
Rastreamento Do
Câncer De Colo
Uterino: Percepções
Da Mulher
Revista de
Enfermagem
do Centro
Oeste
Mineiro
27
5 DISCUSSÃO
A escolha realizada foi baseada em material científico cujo tema tinha relação com a
proposta deste estudo. Diante dos resultados encontrados nos periódicos pesquisados foram
designados os seguintes eixos temáticos para a discussão:
5.1 IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO RASTREAMENTO
PRECOCE DE AGRAVOS À SAÚDE DA MULHER
A Atenção Primária à Saúde caracteriza-se por desenvolver um conjunto de ações que
abrangem promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Neste nível de atenção,
muitas atividades são oferecidas para garantir a saúde e a atenção integral à mulher, dentre as
quais destaca-se a consulta de controle do câncer do colo do útero (NEPOMUCENO et al.,
2015).
Essa consulta é recomendada pelo Ministério da Saúde (MS), sendo realizada por um
profissional médico ou enfermeira na Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS), e se inclui
no processo de prevenção da política do rastreamento, através de exames ou testes aplicados
em pessoas sadias, objetivando a garantia de “benefícios relevantes frente aos riscos e danos
previsíveis e imprevisíveis da intervenção.
O exame de prevenção do câncer cervicouterino, além de sua importância para a saúde
da mulher, é um procedimento importante de detecção precoce de lesões pré invasivas e,
consequentemente, instrumento essencial para a diminuição da mortalidade por esta patologia
(ZAPPONI et al., 2015).
Sob esta perspectiva buscou fundamentação para compreender o significado da ação
do enfermeiro na atenção à saúde, possibilitando analisar a perspectiva da detecção precoce do
câncer na assistência à saúde da mulher na atenção primária a saúde.
Pode-se dizer que obter a adesão das mulheres à consulta de controle do câncer do colo
do útero é um desafio para os serviços de saúde na atualidade, mais precisamente na UAPS,
sendo necessário ofertar uma assistência de qualidade que promova a aderência das mulheres a
essa consulta, cabendo aos profissionais de saúde empenhar-se para elaborar estratégias que
resultem no cumprimento das metas estabelecidas na consulta.
Kassada e cols. (2014), em sua pesquisa, afirma que a detecção precoce pelos
profissionais de saúde da atenção primária, permitirá que as mulheres sejam acolhidas
precocemente e isso poderá favorecer a adesão, minimizando as complicações clínicas e
28
obstétricas, além de promover a redução de danos e melhor qualidade de vida para a mulher e
o seu filho.
Entretanto, em seu estudo, Melo e cols. (2012), observou a dificuldade das mulheres
em procurar o serviço de saúde nos horários e dias por ele disponibilizados, afirmando ser um
obstáculo para comparecer na UAPS, pois a população feminina está cada vez mais inserida no
mercado de trabalho e suas ocupações são justamente no horário de funcionamento dos serviços
de saúde.
Vale ressaltar que muitas mulheres não procuram um atendimento pelo medo ou até
mesmo vergonha. É muito comum ouvir um “Eu não gosto de fazer estes exames, a gente tem
que expor o corpo na frente de quem nem conhece”. “Não vou atrás de fazer exame preventivo
ou mamografia, porque quem procura acha, tenho medo de descobrir alguma doença grave”. E
essas são só algumas das desculpas de algumas mulheres que relutam na hora de realizar exames
de prevenção necessários. Por isso, na maioria dos casos, essas doenças só são descobertas tarde
demais.
Verificou também, que as mulheres se sentem muito incomodadas quando falam sobre
sua intimidade, o que de certa forma as deixa nervosas: “É porque a pessoa perguntando, você
fica mais nervosa, às vezes fica até sem saber o que responder” (NEPOMUCENO et al., 2015).
Vale ressaltar que para uma atuação satisfatória, torna-se necessário que o profissional
de saúde conheça a cultura e a realidade da população em questão, pois o comportamento
preventivo está intimamente ligado também aos fatores sociais, psicológicos e ambientais.
O rastreamento do câncer de mama deve acontecer na relação entre a captação das
mulheres para a unidade básica de saúde, na atuação dos profissionais dessas unidades com as
usuárias do sistema único de saúde e no diálogo participativo entre as Unidades Básicas de
Saúde com a média e alta complexidade, colocando na prática a concepção da integralidade da
assistência (ZAPPONI et al., 2015).
Para o autor, na consulta de enfermagem busca-se criar um vínculo de confiança com o
cliente para facilitar a comunicação, mas muitas vezes os enfermeiros encontram dificuldades
relacionadas as condições de organização dos serviços de saúde.
Kassada e cols. (2014) em sua pesquisa já percebe a forma como a sociedade julga os
usuários de drogas, o que impede as gestantes usuárias de admitirem o problema durante as
consultas de enfermagem, tendo como consequência, a não procura por ajuda ou procura tardia
nos serviços de saúde e que foi possível perceber sob a ótica das gestantes, que as informações
sobre drogas de abuso oferecidas pelos profissionais de saúde da atenção primária durante a
assistência pré-natal são insuficientes. Ainda, segundo relatos das usuárias de drogas ilícitas,
29
além de se sentirem julgadas, não receberam apoio e nem acompanhamento adequado por parte
dos enfermeiros para o enfrentamento do problema.
Muito se escuta dizer: “Primeiro eu percebi um caroço na mama e só então procurei
fazer o exame. Eu tinha pouca informação sobre este assunto naquela época, por isso não me
preveni com exames e quando descobri já estava um pouco avançado”. Depois disso tudo, as
mulheres começam a perceber a importância da prevenção, frequentando as consultas e
realizando os exames preventivos.
Cabe ressaltar que Melo e cols. (2012), em seu estudo, salienta que para um melhor
resultado das ações do enfermeiro nas Unidades de Atenção Primária à Saúde, torna-se
importante um sistema de controle das mulheres da sua área de abrangência por meio de um
rastreamento e que sucesso desta ação está diretamente ligado a um número suficiente de
profissionais capacitados para realizar os exames, bem como o diagnóstico correto e o
tratamento das mulheres.
Por isso é essencial estimular as mulheres a comparecerem à consulta ginecológica e
principalmente, que o acesso a esse tipo de serviço seja facilitado.
Foi possível identificar situações distintas na pesquisa de Melo e cols. (2012) que
enquanto algumas entrevistadas se mostraram satisfeitas com suas ações no cenário de
prevenção do câncer, outras relataram dificuldades diversas para o efetivo exercício das
atividades pertinentes ao cotidiano de sua prática dentro da unidade de saúde.
A necessidade de focar em estratégias para ampliar o alcance de mulheres em idade e
comportamento de risco mostrou-se presente, uma vez que, segundo relato das entrevistadas,
ainda há muita resistência por parte deste público na realização do exame preventivo.
É evidente a preocupação de Zapponi e cols. (2015) com a relação profissional-usuário
de saúde que se faz presente em condições que possibilitam um vínculo sem necessariamente a
mulher estar doente (ou não), criando uma relação de corresponsabilidade e favorecendo o
protagonismo dessa mulher perante a sua saúde.
Observou-se então, que todos os autores se preocupavam com a importância do
profissional de saúde, em especial, o enfermeiro, na detecção precoce de agravos a saúde da
mulher. Porém, em seus relatos, observou-se que a adesão feminina aos programas de
prevenção não está diretamente associada à oferta dos serviços de saúde que disponibilizam tais
atendimentos.
Para se obter uma garantia de assistência integral e preventiva, é indispensável olhar o
outro sem pré-julgamentos de suas atitudes e concepções, acolhendo e propondo a prevenção
por meio de orientações que não visem somente o procedimento técnico. Isso porque o exame
30
em si causa ameaça e medo, gerando uma infinidade de reações na mulher, que muitas vezes
podem não ser expressas na fala, mas ser evidentes pela fuga do exame. As que nunca se
submeteram ao exame também fazem suas representações negativas pelas experiências de
outras pessoas e têm a conduta de não realizá-lo.
5.2 IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO ENTRE O ENFERMEIRO E O USUÁRIO
DURANTE A CONSULTA DE ENFERMAGEM
Nos artigos estudados, todos mencionam o papel do enfermeiro na consulta de
enfermagem como de fundamental importância. Colocam o enfermeiro como o vínculo
existente entre a mulher e o seu acompanhamento, com a escuta qualificada, criação do vínculo
profissional – paciente.
Guerreiro e cols. (2012) fala que as relações que se estabelecem entre profissionais e
usuárias nas atuais condições organizacionais e assistenciais oferecem limitadas possibilidades
de se estabelecer uma comunicação efetiva que possa contribuir para o entendimento da mulher
sobre sua condição de saúde, potencialidades e capacidades de mudanças pessoais e familiares.
Na Atenção Primária, a facilidade de acesso aos profissionais de saúde e o cuidado
longitudinal, no decorrer do tempo, fazem desse nível de cuidado um ótimo local para
estreitamento do vínculo com o paciente e busca de uma ótima ação terapêutica, quando
identificada alguma condição mórbida. Além disso, essa relação é fundamental para uma
almejada construção coletiva de cidadania e autonomia da pessoa.
Em seu estudo Duarte e Almeida (2014), dizem que a consulta de enfermagem
contribui para que a gestante enfrente esta etapa da vida com mais tranqüilidade, pois lhe
permite compreender e expressar os diversos sentimentos vivenciados. O vínculo com os
usuários do serviço de saúde amplia a eficácia das ações de saúde e favorece a participação do
usuário durante a prestação do serviço.
No âmbito da saúde da mulher, especificamente tratando-se da prática obstétrica, o
enfermeiro exerce um papel importante no que concerne à humanização da assistência, tendo
em vista que o processo gestatório e o período pós-parto sejam permeados por sentimentos de
medo e insegurança (GUERREIRO et al., 2012).
Deste modo, as relações de vínculo em muito podem contribuir para o processo de
adesão terapêutica do paciente, uma vez que este passa a entender a significância de seu
tratamento, a confiar nas recomendações dos profissionais que o atendem e seguir corretamente
31
as recomendações prescritas, do mesmo modo que os profissionais passam a desempenhar suas
ações, buscando o bem-estar do usuário do serviço e proporcionando uma assistência holística.
Seguindo esta linha de raciocínio, foi possível observar que Guerreiro e cols. (2012)
acreditam que os enfermeiros que realizam as consultas de enfermagem nas Unidades Básicas
de Saúde devem dar a devida importância à empatia que o profissional deve ter com sua cliente
para que essa se sinta acolhida. E que o cuidado humanizado é traduzido por meio da conversa,
da escuta, do olhar, do toque e, a partir daí as dúvidas são esclarecidas.
Sendo assim, o estabelecimento do vínculo entre o enfermeiro e o paciente parece ser
uma possibilidade de se construir uma nova prática que busque a melhoria da qualidade da
atenção à saúde. Para que se possa assegurar a qualidade do cuidado prestado, é necessário que
se tenha em mente as noções de vínculo e, consequentemente, da responsabilização da equipe
pelo cuidado integral à saúde coletiva e individual.
5.3 O ENFERMEIRO COMO EDUCADOR EM SAÚDE
Segundo o estudo de Guerreiro e cols. (2014), associar o cuidado com as ações
educativas objetiva compartilhar práticas e saberes em uma relação horizontalizada, onde o
enfermeiro possa exercer seu papel de cuidador e educador, agregando ao seu saber-fazer o
saber-fazer popular.
A partir disso, foi possível entender que para o autor, a educação em saúde é importante
para o cuidado de enfermagem, uma vez que ela pode determinar como os indivíduos e as
famílias são capazes de ter comportamentos que conduzam a um ótimo autocuidado.
Vale ressaltar que Zapponi e cols. (2015), em sua pesquisa, enaltece a importância no
âmbito da detecção precoce do câncer de mama, que as ações dos profissionais enfermeiros se
fazem mais do que necessárias pois o processo de trabalho que se observa nos dias de hoje
desconhece o sujeito pleno que traz consigo além de um problema de saúde, certa subjetividade,
uma história de vida, que são também determinantes do seu processo de saúde e doença.
Segundo o autor, o enfermeiro deve ter uma visão holística do cliente, fazendo
prevalecer a solidariedade e benevolência para com o próximo, fazendo com que a humanização
seja a base da profissão de enfermagem.
Para Guerreiro e cols. (2012), a educação em saúde é citada como necessária para um
pré-natal de qualidade, principalmente, em gestantes primíparas, tendo em vista que essas não
tenham experiência e careçam de muitas informações.
32
Foi possível compreender que o autor acredita na importância do enfermeiro como
educador em saúde, atuando no intuito de preparar o indivíduo para o autocuidado, respeitando
as individualidades dos sujeitos envolvidos.
Em sua pesquisa, Kassada e cols. (2014), entendem que o enfermeiro, como integrante
da equipe de saúde e como coordenador da equipe de enfermagem, está qualificado para
realização do acolhimento das gestantes usuárias de drogas de abuso e deve preparar a equipe
de enfermagem e os agentes comunitários de saúde para o enfrentamento deste fenômeno na
comunidade, visando à promoção da assistência à saúde e à redução de danos.
Cabe salientar que a realização da educação em saúde é referenciada como papel do
enfermeiro em grande parte dos relatos presentes no estudo. O conhecimento teórico, ou seja,
o saber científico que o enfermeiro possui, permite que ela desenvolva atividades educativas
mais detalhadas e aprofundadas, na obtenção de melhores resultados de prevenção de agravos
à saúde da mulher.
33
6 CONCLUSÃO
Considerando os resultados obtidos nesta pesquisa e com base na literatura utilizada,
pode-se dizer que embora as revisões integrativas possibilitem a síntese de resultados de
pesquisas relevantes, neste estudo foram encontradas poucas publicações que enfatizem às
ações realizadas pelos enfermeiros no rastreamento e nas detecções precoces de agravos a saúde
da mulher e as demais ações preconizadas pelo Ministério da Saúde.
Cita-se como limitação deste estudo a realização da busca em apenas duas bases de
dados. Em grande parte dos artigos selecionados para a discussão onde ação foi referida,
evidenciou-se a ênfase do papel educativo do enfermeiro no que diz respeito à orientação dessa
prática.
Observou-se, então, que esse profissional pouco o executa e, que quando o faz, não
segue todos os passos propedêuticos. Não houve menção de intervenções da enfermagem
relacionadas à busca ativa ou à mulher como fator de risco elevado para o câncer.
A análise dos dados permite concluir que as ações do enfermeiro no rastreamento e
detecção precoce ainda são frágeis devido à falta de sensibilização desses profissionais para a
importância de se planejar de forma estruturada com relação a essas ações. A inclusão de
saberes técnico-científicos faz-se necessária tanto nos cursos de graduação quanto nos
processos de educação permanente, de forma a valorizar as ações propostas pelo Ministério da
saúde para o controle desses agravos.
Dessa forma, é importante conhecer quem efetivamente é o sujeito do cuidado, para que
a assistência possa ser oferecida de forma eficaz e satisfatória. Sugere-se que o enfermeiro
assuma na sua prática assistencial a responsabilidade de participar na detecção precoce de
anormalidades como parte da sua atribuição e compromisso profissional com a saúde.
34
7 OBRAS CITADAS
ALVES, Vania Sampaio. Um modelo de educação em saúde para o programa saúde da família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface Comum, Saúde Educ., Botucatu, v. 9, n. 16, setembro-2004 / fevereiro-2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v9n16/v9n16a04>. Acesso em: 19 jun. 2016.
ARAUJO, Maria de Fátima Santos de; OLIVEIRA, Fabíola Moreira Casimiro de. A Atuação do Enfermeiro na Equipe de Saúde da Família e a Satisfação Profissional. CAOS - Revista Eletrônica de Ciências Sociais Número 14 – Setembro, 2009. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/n14/DOSSIE%20SA%C3%9ADE_TEXTO%20I_ATUA%C3%87%C3%83O%20DO%20ENFERMEIRO.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016.
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