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A PENÍNSULA IBÉRICA
PRIMEIRAS COMUNIDADES RECOLETORAS
Há muitos, muitos milhares de anos, grupos humanos, vindos provavelmente do Norte de
África, fixaram-se na Península Ibérica. Os gelos cobriam grande parte da Península, pelo
que o Homem teve de lutar duramente para conseguir sobreviver.
O Homem primitivo caçava, pescava e recolhia aquilo que a Natureza lhe dava - folhas,
raízes e frutos silvestres; por isso se diz que era caçador recoletor. Caçava, não só pequenos
animais, como os de grande porte, construindo, para isso, armadilhas e instrumentos de
pedra que depois também utilizava para lhes tirar a pele e partir os ossos.
Quando os alimentos escasseavam, o Homem tinha de deslocar-se para outras regiões;
por isso diz-se também que era nómada. Vivia ao ar livre ou construía a sua casa com paus,
ramos de árvores e peles de animais.
Durante o Inverno, abrigava-se nas cavernas, onde ainda hoje se encontram marcas da
sua existência. É o caso das pinturas rupestres, que representam geralmente animais e cenas
de caça.
Existem também marcas da presença humana em desenhos gravados ao ar livre.
Sabemos que este Homem primitivo já conhecia o fogo, utilizando-o para cozinhar os seus
alimentos, aquecer-se e afastar os animais ferozes.
A PENÍNSULA IBÉRICA
PRIMEIRAS COMUNIDADES AGROPASTORIS
Com o passar dos tempos, o clima da Península tornou-se mais quente e seco, o que
provocou modificações na vegetação. A alteração do clima e o desaparecimento dos grandes
herbívoros, que constituíam uma parte importante da alimentação do Homem, levaram-no a
alterar o seu tipo de vida; embora continuasse a caçar, começou também a domesticar e a
criar alguns animais. E começou igualmente a cultivar os campos, principalmente junto aos
vales dos grandes rios, onde a água era abundante e a terra fértil. Surgiram, assim, a pastorícia e
a agricultura. Como lançou as sementes à terra, teve de esperar pelas colheitas. Tornou-se
então sedentário, ou seja, passou a viver permanentemente no mesmo lugar. Construiu
habitações mais resistentes para suportar os difíceis meses do Inverno. Surgiram, assim, os
primeiros aldeamentos que eram cercados para as comunidades melhor se defenderem dos
animais selvagens e dos grupos inimigos. Fabricou novos utensílios como a enxada, o arado e a
foice e inventou novas atividades como a cestaria, a olaria e a tecelagem. Com a invenção da
tecelagem, aproveitando a lã dos animais, protegeu-se do frio.
Como agricultor e sedentário, o Homem estava muito dependente da Natureza. Com efeito, a
chuva, o sol e o vento podem ser benéficos ou destruir as culturas. Começou então a adorar
essas forças da Natureza, prestando-lhes culto e oferecendo-lhes animais e produtos.
A PENÍNSULA IBÉRICA
CASTROS OU CITÂNIAS
Os povos da Península da época celtibera estavam organizados em tribos e viviam em
aldeias fortificadas, situadas no cimo dos montes, praticando alguma agricultura, mas
sobretudo a pastorícia.
Destas aldeias, chamadas castros ou citânias, existem vários vestígios no norte e centro da
Península.
A PENÍNSULA IBÉRICA
A HERANÇA ROMANA
Às mudanças introduzidas pelos Romanos na Península Ibérica e à volta de todo o mar
Mediterrâneo chamou-se romanização. Progressivamente, as populações do Império foram
adquirindo os hábitos, a forma de vida e a própria língua dos Romanos.
A presença romana na Península Ibérica deixou vestígios tão marcantes que ainda hoje
são visíveis. Dada a sua solidez e a sua utilidade, muitas construções erguidas no período
romano continuaram a ser usadas muito tempo depois, o que aconteceu com estradas e
pontes. Algumas destas construções, pela raridade e pelo valor artístico que possuem,
integram hoje o nosso património histórico, como é o caso do Templo de culto ao imperador
(Évora) e os mosaicos ainda presentes nas ruínas de Conímbriga.
A PENÍNSULA IBÉRICA
A HERANÇA MUÇULMANA
Os Muçulmanos permaneceram na Península Ibérica cerca de 800 anos e por isso
influenciaram muito a população local. Grande parte dos habitantes peninsulares chegou
mesmo a converter-se ao Islamismo, a falar o idioma árabe e a aceitar totalmente os seus
costumes.
Nas cidades, os Muçulmanos construíram importantes mesquitas e palácios decorados
com mármores e bonitos azulejos.
As casas construídas pelos Muçulmanos tinham açoteias (terraços no cimo das casas),
pátios interiores e eram caiadas de branco.
A agricultura também beneficiou muito. Os Muçulmanos deram a conhecer processos de
rega aí desconhecidos – a nora, a picota, o açude – e generalizaram o uso de moinhos de
vento.
Cultivaram novas plantas, como a laranjeira, o limoeiro, a amendoeira, a figueira e
desenvolveram o cultivo da oliveira.
Trouxeram para a Península Ibérica novos conhecimentos científicos e há também na
língua portuguesa cerca de 600 palavras que são de origem árabe.
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