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Thiago Flávio de Souza; Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo; Antonio Carlos Giuliani; Mario Sacomano Neto; Valéria Rueda Elias Spers
eGesta, v. 5, n. 4, out.-dez./2009, p. 1-24
eGesta - Revista Eletrônica de Gestão de Negócios - ISSN 1809-0079 Mestrado em Gestão de Negócios - Universidade Católica de Santos
Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais - Universidade de Santiago de Compostela 1
ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS INADIMPLENTES DE DUAS UNIVERSIDADES DO
INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMPARATIVE STUDY ON THE CHARACTERISTICS OF STUDENTS DEBTOR TWO UNIVERSITIES WITHIN THE STATE
OF SÃO PAULO Thiago Flávio de Souza Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Antonio Carlos Giuliani Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Mario Sacomano Neto Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP Valéria Rueda Elias Spers Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP
Resumo No segmento educacional a inadimplência possui diversas características e, dessa forma, tem motivado estudos que identifiquem as condições do cenário atual em confronto com as dificuldades e expectativas dos alunos, visando reduzir o seu crescimento e contribuir para a continuidade do estudante na instituição. Com objetivo de compreender o problema em questão, este trabalho buscou, por meio de pesquisa exploratória, identificar as principais características dos alunos inadimplentes, em duas IES do interior do estado de São Paulo. Acredita-se que ao conhecer algumas de suas características, é possível minimizar a inadimplência não só educacional, mas de diversos setores da economia. Palavras-chave Inadimplência, Aluno, Instituição de Ensino Superior.
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Abstract In the educational proceed the default own characteristic diverse, and of this form has motivated studies that identify the conditions of the current situation confronting with the difficulties and expectations of students, aiming to reduce their growth, contributing to the continuity of the student at the institution. With the objective of to understand the problem in issue, this study searched through exploratory research to identify the main characteristics of default students in two IES inside of São Paulo`s State. It is believed that understanding some features it possible to minimize the default not only educational, but of different sectors of the economy. Keywords Default, Student, Institution of Higher Education.
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ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS INADIMPLENTES DE DUAS UNIVERSIDADES DO
INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMPARATIVE STUDY ON THE CHARACTERISTICS OF STUDENTS DEBTOR TWO UNIVERSITIES WITHIN THE STATE
OF SÃO PAULO Thiago Flávio de Souza Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Antonio Carlos Giuliani Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Mario Sacomano Neto Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP Valéria Rueda Elias Spers Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP 1 Introdução
O mercado de instituições de ensino superior (IES) tem se tornado extremamente competitivo
devido à grande oferta de instituições e cursos superiores. As fusões e aquisições, aberturas de
capital, além das mudanças nas demandas do mercado profissional, cada vez mais frequentes
tornam ainda mais complexo o cenário e fazem com que uma gestão aprimorada seja um
diferencial para a sobrevivência e rentabilidade de uma instituição.
Há alguns anos as instituições de ensino superior estão convivendo com a inadimplência em
níveis jamais vistos. Embora a inadimplência represente grandes riscos para o
desenvolvimento do setor, pouco se vê estudos ligados ao tema que abordam sobre melhores
condições para a redução desses índices.
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Existem fatores que justificam esse momento pelo qual passam as universidades, sendo eles: a
concorrência, a legislação, o quadro econômico, a mídia, a qualidade do ensino e por fim a
própria gestão organizacional. Isso de certa forma torna a inadimplência conhecida como a
grande vilã das instituições educacionais.
No passado a inadimplência não apresentava riscos para as IES, pois o cenário era totalmente
diferente. Porém atualmente, a inadimplência ocorre por meio do não cumprimento do
pagamento, sendo na maioria das vezes caracterizada pelo descontrole financeiro por parte do
contratante.
Diante desse cenário, inicia-se o estudo das características dos inadimplentes do setor
educacional para se verificar, dentre outras particularidades, quais as suas preferências no
momento de executar seus pagamentos.
A pesquisa propõe verificar quais as características do aluno inadimplente em duas
instituições de ensino superior e tem como objetivo proporcionar maior conhecimento para a
gestão da inadimplência educacional, visto que os índices em questão alcançaram pontos que
tornam a pesquisa de extrema importância.
2 Inadimplência
Para Teixeira e Silva (2001, p.19), “inadimplência é a falta de pagamento; inadimplemento é
o termo jurídico utilizado, em regra, para designar uma situação de não cumprimento de
cláusula contratual; insolvência é a perda total de capacidade de pagamento”.
O aumento da inadimplência não tem a ver apenas com a grande dificuldade econômica atual,
mas também caminha por fatores como falta de planejamento durante a definição de créditos
e até mesmo nos processos que não possuem eficiência perante situações que podem
desencadear casos de inadimplência.
Os consumidores possuem dificuldades no controle financeiro de seus rendimentos,
provocando insuficiência no momento do pagamento de suas dívidas e contribuindo para o
aumento da inadimplência.
Em alguns casos os consumidores vivem na corda bamba financeira gastando tudo o que
possuem, ou até mais do que podem, sem sequer perceber que suas despesas consistentemente
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ultrapassam os seus rendimentos. (MAPOTHER, 1999)
As empresas, quando bem preparadas para os negócios e atentas às freqüentes mudanças do
mercado financeiro, devem ter consciência de que a inadimplência pode ser evitada, antes
mesmo de efetuada a venda, por meio de ações de caráter preventivo bastante simples.
A prevenção acaba sendo um excelente mecanismo para evitar o problema da inadimplência
crônica, pois os recursos necessários serão mínimos se comparados ao enorme prejuízo que
pode trazer um índice muito alto ocasionado por esse problema.
Considerando que a inadimplência é um fator prejudicial para a maioria das empresas e das
IES, é necessária a análise das características desses indivíduos, objetivando, com isso, evitar
que os índices no momento observado se elevem.
Diante do cenário brasileiro, muitos fatores poderiam justificar os altos índices de
inadimplência verificados nos diversos setores, mas o principal está ligado ao elevado nível
de desemprego, que para as empresas seria o resultado da grande crise mundial vivida
atualmente.
Dados da pesquisa sobre inadimplência realizada pela ACSP (2009) Associação Comercial de
São Paulo, durante o mês de março de 2009 revelou que a maior causa da inadimplência, está
no desemprego, com 42% das opiniões dos 823 entrevistados; o que intensifica a situação
retratada por diversos autores diante do momento atual do mercado financeiro.
Tabela 1: Outras causas da Inadimplência
Outras causas da inadimplência Mar/09 (%) Ficou desempregado 42% Alguém da família ficou desempregado 6% Doença em família 9% Descontrole do Gasto 12% Queda de renda 6% Ter sido fiador, avalista ou emprestou o nome 8% Atraso no recebimento de salários 4% Outros 13%
Fonte: Associação Comercial de São Paulo – ACSP (2009)
Outro índice em destaque está no descontrole do gasto com a ocorrência de 12%, sendo o
segundo do ranking das causas de inadimplência, demonstrando que a falta de conhecimento
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aliada à má administração dos recursos orçamentários acarretam no aumento do número de
inadimplentes.
2.1 Inadimplência nas IES
Nos encontros e congressos promovidos por sindicatos e empresas do setor educacional a
inadimplência vem recebendo uma importância jamais observada, porém isso não é uma
novidade. Esse problema tem atingido níveis preocupantes desde a década de 90, quando
outros agravantes econômicos e de mercado contribuíram para a reestruturação do setor
visando à retomada do crescimento.
Para Rodrigues (2004), no setor educacional, a inadimplência se configura pela falta de
pagamento das mensalidades em dia por parte do contratante do curso em que ele ou os seus
filhos estão matriculados.
Sendo assim a instituição só considera o aluno inadimplente após um determinado prazo, pois
antes dos trinta dias é considerado apenas um atraso na mensalidade, então dos trinta a
noventa dias ele está em débito e após os noventa é que é finalmente considerado
inadimplente. Este prazo existe por que se acredita que a inadimplência educacional ocorre
por fatos sociais e não má fé por parte do devedor.
De acordo com Marques (2006) “Dois fatores, no entanto, são os principais vilões do setor no
que diz respeito à inadimplência: a legislação, que protege o aluno, e a falta de adaptação das
instituições à nova realidade do mercado”.
As IES, na maioria das vezes, não utilizam critérios para verificar se existem condições
financeiras, por parte do aluno, para arcar com as mensalidades escolares, contribuindo para o
aumento da inadimplência e até mesmo da evasão.
Fuhrmann (2008, p. 32-34), cita em uma entrevista com o professor Roberto Lobo, ex-reitor
da USP, que relata: “quando o inadimplente não consegue formas de quitar seus débitos, ele é
um grande candidato à evasão”.
De acordo com Austin e Phillips (2001, p. 518), algumas empresas de cartões de crédito
americanas têm reconhecido a falta de conhecimento que os universitários possuem a respeito
de suas obrigações financeiras, com isso, propõem por meio de ações educativas aulas
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explicativas de como gerenciar e controlar os gastos visando melhorias na administração
financeira de seus futuros consumidores.
A inadimplência educacional poderia ser bem menor se as IES usufruíssem de recursos mais
contundentes contra os inadimplentes ou se possuíssem uma política de cobrança
transparente, com atendimento diferenciado e com punições bem definidas, não deixando de
agir fortemente contra uma situação de dívida ativa.
2.2 Cenário das IES Privadas
A crise financeira mundial invadiu até mesmo as salas de aula das universidades americanas,
refletindo em menos professores e mensalidades com valores maiores que o de costume. Tudo
isso está diretamente ligado ao desempenho ruim no último ano dos fundos de investimentos,
onde as universidades possuíam grandes aplicações, totalizando cerca de 42% de seus fundos
de doações. (MARANHÃO, 2009)
Como consequência desse processo internacional, a educação privada nacional vem sofrendo
grandes mudanças decorrentes da situação econômica da população. Também a abertura
elevada de novas instituições de ensino vem agravar ainda mais o quadro das condições
vividas atualmente nas universidades particulares.
Marques (2006) diz: “a atual crise no setor privado não é recente. Remonta há, pelo menos,
sete anos, desde que o número de instituições “explodiu”, a concorrência cresceu de maneira
gigantesca e os alunos começaram a rarear”.
Existe atualmente muita oferta para pouca demanda de alunos, devido ao extraordinário
número de novas IES que existem no país. Essa concorrência contribui para a ociosidade nas
matrículas, o que reduz o número de cursos ofertados pelas universidades e faculdades,
devido justamente ao não preenchimento das vagas.
A inadimplência no setor educacional nunca foi tão representativa, ocupa índices jamais
vistos e desperta preocupação por parte dos envolvidos no seguimento. Ela não poderia
aparecer em pior momento, uma vez que as faculdades e IES sem muitos recursos, estão
procurando meios para se manter no mercado e ainda obter destaque entre as concorrentes.
De acordo com pesquisa realizada pelo SEMESP (2007) sobre a inadimplência nas
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Instituições de Ensino Superior Privados do Estado de São Paulo, relativa ao 1º semestre de
2007, revelou uma vez mais, a grave situação que passa o setor no que tange os seus
recebimentos.
Tabela 2: Evolução da inadimplência total nas IES do Estado de São Paulo
Evolução da inadimplência total nas IES do estado de São Paulo Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Taxa 21% 22% 21% 24% 22% 20% 23% 23,2% Variação 4,8% -4,5% 14,3% -8,3% -9,1% 15% 0,8%
Fonte: SEMESP (2007)
Esse crescimento contínuo de inadimplentes representa uma forte crise pela qual as
universidades particulares estão passando. Isso se justifica pela falta de restrições ao crédito
dado pelas instituições no momento da matrícula, deixando que práticas básicas que
possibilitariam maior avaliação do aluno ou do responsável financeiro se passem por
burocracias desnecessárias.
2.3 Legislação Educacional
Existem diversos motivos que favorecem para que a inadimplência educacional seja tão alta, e
para Rodrigues (2004) um deles é sem dúvida a legislação atual, a lei nº 9.870/99, a qual tem
sido protecionista em relação aos pais, e o motivo central deste protecionismo é a política
adotada pelo Governo Federal, que visa fomentar ao máximo a educação para elevar o
conceito do país no cenário internacional, porém um dia esse protecionismo irá acabar.
Para o presidente do SEMESP (2008), Hermes Ferreira Figueiredo, é necessária a alteração da
lei nº 9.870/99, a chamada Lei do Calote, que não permite a aplicação de penalidades
pedagógicas quando o aluno está inadimplente até o fim do período letivo, que pode levar de
seis meses a um ano. A alteração deve ser feita para que os contratos de prestação de serviços
educacionais sejam feitos da mesma forma que os contratos de cobertura de saúde, onde após
dois meses de não-pagamento, o contrato é automaticamente rescindido.
Américo Martielo, diretor de operações da Veris Educacional, relatou em uma entrevista a
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Fuhrmann (2008, p. 32-34), que a lei acaba facilitando a inadimplência na medida em que fixa
juros e multas baixos e impede qualquer medida contra o aluno durante o período que cursa.
Para Rodrigues (2004 p. 103), “a legislação educacional está composta por dois grandes
grupos de leis, gerais e específicas. As leis gerais são compostas pela Constituição Federal,
pelo Novo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor, enquanto as leis específicas
são compostas por leis federais, portarias da Secretaria de Direito Econômico e por leis
esparsas”.
A legislação deve ser entendida pelas IES como uma fonte de apoio contra a inadimplência,
sendo que ela trará benefícios para a vida financeira da instituição, ao criar direitos e deveres
para cada uma das partes por meio do contrato de prestação de serviços educacionais.
Rodrigues (2004, p.92) destaca que o contrato de prestação de serviços educacionais é uma
das ferramentas a serem utilizadas pelas instituições privadas de ensino para reduzir a sua
inadimplência. Dessa forma o autor enfatiza que o contrato deve ser bem elaborado.
O consultor e advogado Carlos Monteiro em uma entrevista com Lopes (2006, p. 34-38), diz
que as implicações financeiras das ações movidas contra as instituições de ensino superior
podem representar uma média variável entre 25% a 30% da receita anual, se forem
considerados os questionamentos administrativos e judiciais, a inadimplência e a evasão.
2.4 Características do Inadimplente
Inadimplente, segundo o dicionário Larousse de Houaiss (1982), é todo aquele que não
cumpre devidamente um contrato. Inadimplemento é a falta de observância de um contrato ou
de qualquer de suas condições. E inadimplimir é deixar de cumprir no termo convencionado.
Para Teixeira e Silva (2001, p. 20) “o mau-pagador” pode ter vários perfis:
a) O “verdadeiro mau pagador”, definido como uma pessoa com intenções de lesar o credor
simplesmente, e recusa a pagar ou tenta prolongar ao máximo o pagamento;
b) O “mau pagador ocasional”, não teve a intenção de enganar o credor quando fez o pedido
de crédito, mas por algum motivo pessoal não tem condições de cumprir suas obrigações;
c) O “devedor crônico” é aquele que sempre atrasa, mas que acaba pagando. “Quando bem
administrados e controlados pelo credor podem ser excelentes fontes de lucro (por isso são
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bastante estimados pelos financeiros)”.
Morais (2008) revela em pesquisa realizada de inadimplência pela Associação Comercial de
São Paulo (ACSP), durante o mês de março de 2008, que a maioria dos inadimplentes são
homens, tem entre 31 e 40 anos, ganha mais de R$ 761 e possui um débito médio de R$
1.163,66. A maioria ficou inadimplente porque perdeu o emprego, mas informou que iria
quitar as dívidas nos próximos 30 dias, cortando gastos e com recursos do próprio salário.
Rodrigues (2004 p. 132) diz que, “quando nos deparamos com o devedor educacional,
identificamos que o principal motivo de sua inadimplência é a falta de recurso na data de
vencimento da mensalidade e não a intenção de prejudicar a Instituição de Ensino”.
De acordo com Curtis e Klapper (2005), um dos grandes problemas enfrentados pelos alunos
universitários, está na situação financeira particular e nos níveis de endividamento com as
universidades, o que aumenta significativamente o número de evadidos por dificuldades
financeiras.
Como método de prevenção as universidades e instituições de ensino especificamente
educacionais devem realizar um trabalho com seus alunos a fim de prepará-los para
administrar suas finanças pessoais para que não excedam aos limites de créditos concedidos
por instituições financeiras e administradoras de cartões de crédito. (Warwick e Mansfield,
2000)
2.5 Política de proteção ou cobrança
No geral para Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p.582), “a política de cobrança é um método
para lidar com contas vencidas; a primeira etapa é analisar o período médio de recebimento e
preparar um quadro de idades que relacionem tempo de existência das contas à proporção que
representam todas as contas a receber; a etapa seguinte é decidir quanto ao método de
cobrança e avaliar a possibilidade de recorrer a serviços de factoring, ou seja, à venda de
contas vencidas”. As empresas geralmente adotam os seguintes procedimentos no caso de
clientes em atraso:
1. Enviam uma carta informando o cliente de que a conta está vencida;
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2. Telefonam para o cliente;
3. Contratam uma agência de cobrança;
4. Movem uma ação contra o cliente.
Às vezes uma empresa pode negar-se a dar crédito adicional a clientes até que as contas
vencidas sejam pagas. “Isto pode irritar um cliente normalmente bom e revelar um conflito
potencial de interesses entre o departamento de cobrança e o departamento de vendas”.
Conforme Rodrigues (2004, p. 141) “a política de cobrança é o conjunto de medidas ou
procedimentos adotados pelas instituições de ensino, visando reduzir os índices de
inadimplência sem estimular a evasão escolar”.
Para Martin (2007, p.132) desenvolver uma metodologia de cobrança implica em conhecer o
público-alvo do estabelecimento, seus hábitos e valores pessoais. Fatores regionais,
financeiros e pessoais podem determinar o maior interesse de determinadas pessoas em
manter suas contas em dia. Por outro lado, não se pode destacar o poder da mídia, ao divulgar
excessivamente os direitos do consumidor, mas praticamente calando a respeito dos deveres
que assumem ao assinar um contrato.
O artigo 580 do Código de Processo Civil Brasileiro preceitua sobre o inadimplemento,
considerando como inadimplente o devedor que não satisfaz espontaneamente o direito
reconhecido pela sentença, ou a obrigação que a lei atribuir à eficácia de título executivo.
De acordo com Blatt (1999, p.119), ao se deparar com um problema de cobrança nas mãos, a
coisa mais importante é controlá-lo o mais rápido possível para alcançar bons resultados. A
chave é reconhecer quando o processo está sendo adiado, e preparar-se para utilizar uma
abordagem adequada cada vez que ocorre uma cobrança.
Rodrigues (2004, p. 144-158) defende que a política de cobrança se subdivide em quatro
fases, sendo:
1ª Fase – Matrícula: reconhecida como a porta de entrada do cliente nas instituições de
ensino, através dela inicia-se a relação entre contratante (aluno) e contratada (IES). A
matrícula está dividida em duas partes que são os requisitos pedagógicos e econômico-
financeiros. Quanto aos requisitos pedagógicos, as instituições possuem as melhores
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condições para esta análise. No entanto, quanto ao requisito econômico-financeiro, aconselha-
se que procure conhecer melhor quem as está contratando, e isso só é possível através do
preenchimento de uma ficha cadastral completa. Quanto melhor a instituição de ensino
conhecer o seu contratado, tanto menor será o seu índice de inadimplência, portanto é preciso
ser seletivo e rigoroso na seleção do seu parceiro, aumentando as chances de se ter uma
empresa saudável.
2ª Fase – Cobrança Interna: realizada pela própria instituição de ensino, através de alguém
que possua o perfil para realizar o trabalho de cobrança de inadimplentes, é aconselhável que
esse tipo de trabalho não seja desenvolvido pelos dirigentes da instituição, para evitar
problemas futuros. O ato da cobrança realizada pela instituição de ensino ao contratante em
débito poderá ser efetuado de diversas maneiras, através de boleto bancário, cartas, avisos de
débito e telemarketing. Essa cobrança poderá ser feita por até 30 dias após o vencimento da
mensalidade, dessa forma a instituição envia uma carta até uma semana após o vencimento,
informando que a mensalidade está em aberto. A cobrança interna se encerra quando se
esgotam os meios para recebimento das mensalidades, em atraso, no prazo definido pela
instituição, após essa etapa segue o processo de cobrança.
3ª Fase – Cobrança Externa: normalmente é efetuada por empresas especializadas, essas
podem estar dentro ou fora da instituição. Se a assessoria em cobranças for bem escolhida,
pode oferecer uma recuperação significativa dos débitos em aberto, melhorando inclusive a
relação aluno-instituição de ensino. No entanto, não sendo possível a liquidação, caberá
enviar o débito para a cobrança judicial logo após o término do ano letivo.
4ª Fase – Cobrança Judicial: deve ser realizada por escritórios de advocacia de confiança
das IES e que conheçam profundamente a legislação educacional. Vale ressaltar, que no
Brasil, tem se desenvolvido na última década um movimento forte de esclarecimento do
cidadão quanto aos seus direitos, porém nenhum cidadão é passível de direitos sem antes ter
cumprido com suas obrigações. Pela atual legislação educacional (lei nº 9.870/99), é facultado
ao contratante permanecer usufruindo os serviços apesar de não estar cumprindo
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integralmente com suas obrigações financeiras junto às IES. A ação judicial jamais poderá ser
utilizada como instrumento de coação e pressão, ela é mais uma ferramenta à disposição das
IES, mas que se mal utilizada poderá gerar ações de indenização de perdas e danos contra ela
própria.
Por meio da sistemática descrita pelo autor, é possível verificar diferentes tipos de ações que
podem trazer resultados favoráveis para as IES que buscam reduzir os índices de
inadimplência.
3 Metodologia
A pesquisa utilizada foi do tipo qualitativa e exploratória, pois a grande vantagem desse tipo
de pesquisa para o estudo das organizações é a riqueza dos detalhes obtidos (BRYMAN,
1989; TRIVIÑOS, 1987; GHAURI e GRONHAUG, 1995; YIN, 1994). A pesquisa
exploratória é realizada sobre um problema ou questão de pesquisa quando há poucos ou
nenhum estudo anterior em que se possa buscar informações sobre a questão ou problema
(COLLIS e HUSSEY, 2005 p. 24). A pesquisa também envolve alguns dados quantitativos
descritivos.
Para a realização da coleta de dados foi elaborado um questionário estruturado com base no
referencial teórico composto de nove perguntas sendo oito questões de múltipla escolha e uma
aberta envolvendo a descrição da característica do aluno em relação a sua política de consumo
e quais são as suas prioridades.
Esse questionário foi aplicado em duas IES, sendo que a IES A é da cidade de Lins, e foram
obtidos 117 questionários respondidos e a IES B, é da cidade de Ribeirão Preto, somaram-se
44 questionários respondidos, todos na semana do dia 24 a 28 de março no primeiro semestre
de 2009. As duas IES possuem alunos que trabalham no período diurno e estudam no período
noturno.
4 Análise dos Resultados
O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário, com questões baseadas no
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referencial teórico exposto, de forma que fossem compreendidas por todos os entrevistados da
mesma maneira, seguindo a disposição lógica desenvolvida nas perguntas. Na sequência
segue as respostas obtidas na coleta de dados e suas análises.
A pergunta número um identificou qual a faixa etária em que o aluno se encontra:
Tanto na IES A como na B a maior parte dos alunos se concentram na faixa de até 21 anos,
porém a pesquisa possibilitou identificar que a IES A tem uma característica de alunos mais
jovens do que a IES B.
Gráfico 1: Na primeira questão analisou-se a faixa etária dos entrevistados. Fonte: Elaborado pelos Autores.
Na pergunta dois procurou identificar quem é o responsável pelo pagamento das mensalidades
escolares:
Por meio da pesquisa verificou-se que a IES B possui um maior número de alunos
responsáveis pelo pagamento de suas mensalidades, são 75% contra 64% da IES A. Isso
acontece porque os alunos da IES B são mais maduros e por consequência possuem a
característica de serem seus próprios mantenedores financeiros. A pesquisa demonstra ainda
que na IES A as empresas da cidade e região possuem a política de contribuir na formação do
aluno, tornando-se responsáveis pelo pagamento da mensalidade, já na IES B essa forma de
incentivo não existe.
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Gráfico 2: Na segunda questão analisada buscou-se identificar qual é o responsável financeiro por quitar a mensalidade do aluno. Fonte: Elaborado pelos Autores. A questão três procurou verificar se as empresas em que os alunos trabalham costumam
atrasar seus salários:
Comparando as duas instituições verifica-se que as características não são muito diferentes,
mas o número de alunos que não possuem remuneração é maior na IES B sendo 11% contra
7% da IES A. A pesquisa possibilitou identificar que as empresas cumprem com suas
obrigações trabalhistas corretamente, porém cabe ao aluno administrar suas finanças pessoais.
Gráfico 3: A terceira questão analisada pretende saber se a empresa na qual o aluno trabalha costuma atrasar o pagamento de seu salário. Fonte: Elaborado pelos Autores.
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A quarta questão buscou descrever quais são as dificuldades que os alunos possuem para
quitar a mensalidade escolar em dia:
A pesquisa identificou que tanto a IES A como a B possuem alunos com falta de dinheiro
para o pagamento das mensalidades em dia, porém a IES B têm maior número de alunos que
não possuem dificuldades, sendo 61% contra 41% da IES A. Na IES A as dívidas excessivas
totalizam 10%, já na IES B são 5%, justificando que a IES A possui alunos com maior falta
de controle financeiro.
Gráfico 4: Na quarta questão analisada buscou-se identificar quais são as dificuldades encontradas pelo aluno em quitar sua mensalidade escolar em dia. Fonte: Elaborado pelos Autores. A pergunta de número cinco procurou saber se o aluno já teve a experiência de ser
inadimplente:
A pesquisa possibilitou identificar que a maioria dos alunos não possuiu a experiência de
serem inadimplentes, sendo 60% da IES A e 57% da IES B; já os que tiveram a experiência
somam 43% na IES B contra 40% na IES A.
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Gráfico 5: Na quinta questão foi analisado se o aluno já teve experiência de ser inadimplente. Fonte: Elaborado pelos Autores.
Na sexta questão buscou-se identificar o que facilitaria para o aluno quitar a mensalidade
escolar na data do vencimento:
Tanto para a IES A como para a IES B o pagamento via boleto bancário é o que possibilita
maior facilidade no momento da quitação das mensalidades, sendo 82% para os alunos da IES
B e 69% para os da IES A, o que demonstra aprovação dos alunos para esta prática, pois essa
é a forma atualmente utilizada pelas duas IES. As demais maneiras citadas não somaram
grande importância, porém uma das opiniões para outras atitudes que facilitariam, nas duas
IES o pagamento, foi sugerido a alteração na data do vencimento da parcela.
Gráfico 6: Na sexta questão buscou-se analisar alguns meios para facilitar o pagamento da mensalidade escolar. Fonte: Elaborado pelos Autores.
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A questão número sete buscou identificar se os alunos possuem ou não hábitos de reservar
dinheiro para a ocasião de dificuldades financeiras:
Nesta questão é evidente a divergencia de planejamento entre os alunos das duas IES, pois
66% dos alunos da IES B possuem hábito de reservar dinheiro, já na IES A apenas 44%
alegam ter essa atitude. Essa divergência pode ser justificada por meio do que foi identificado
anteriormente, uma vez que a característica da idade dos alunos da IES B é que possuem mais
maturidade e responsabilidade que os alunos da IES A, que por serem mais jovens, estes
ainda não a exercem. Assim, os alunos que não possuem o hábito de reservar dinheiro são
56% da IES A contra 34% da IES B.
Gráfico 7: Na sétima questão buscou-se analisar se os alunos possuem hábitos de reservar algum dinheiro para eventuais problemas financeiros. Fonte: Elaborado pelos Autores.
Na oitava questão verificou-se qual a ordem de prioridade dada pelos alunos no momento de
pagamento:
A pesquisa possibilitou identificar que a ordem de prioridade dada pelos aluno das duas
instituições modifica-se apenas nas primeiras alternativas. A IES B estabeleceu como
primeira prioridade a educação (29%), demonstrando o interesse dos alunos em manter em
dia a sua situação financeira com a IES, já a IES A elegeu a alimentação com (25%),
evidentemente por ser uma necessidade humana fundamental. Como segunda prioridade a IES
B enumerou a alimentação com (23%) e também com (23%) a IES A identificou o estudo. As
demais prioridades tanto da IES A como da IES B mantiveram a mesma sequência
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demonstrando que os alunos das duas IES possuem a mesma prioridade no momento de
pagamento das demais parcelas. Assim como terceira prioridade, (19%) da IES A e (18%) da
IES B escolheram a parcela de moto/carro, na quarta prioridade (17%) da IES A e (16%) da
IES B nomearam o celular e por fim como quinta prioridade a IES A com 16% e a IES B com
14% definiram a diversão.
Gráfico 8: Na oitava questão buscou-se avaliar qual a ordem de prioridade dada pelo aluno no momento de pagamento da mensalidade escolar. Fonte: Elaborado pelos Autores.
A questão de número nove procurou identificar a existência da característica “consumista”
nos alunos de IES:
Comparando as duas IES verifica-se que os alunos que não se consideram consumista somam
55% da IES B e 51% da IES A. A justificativa está no fato de terem o controle e compromisso
financeiro assumido, já os que se consideram consumista da IES A são 49% e da IES B 45% e
justificam como sendo motivados pelo impulso, pela falta de planejamento e controle.
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Gráfico 9: Na nona questão foi analisado se o aluno se consideram ou não “consumista” e o por quê. Fonte: Elaborado pelos Autores
5 Considerações Finais
Ao analisar as duas IES por meio da pesquisa realizada, percebe-se que as características em
alguns casos são semelhantes e fáceis de serem notadas, dessa forma é necessário uma
observação mais rigorosa dos dados coletados para que se possa ter melhores condições de
avaliá-las.
O objetivo que norteava a pesquisa era identificar as características dos possíveis alunos
inadimplentes das duas IES e realizar um comparativo por meio dos dados coletados. As duas
IES estão distantes aproximadamente 250 quilômetros uma da outra, no entanto o cenário da
inadimplência educacional é muito próximo e parecido o que preocupa ainda mais os gestores
educacionais.
Os alunos da IES B possuem algumas características relevantes, pois é perceptível um melhor
planejamento financeiro e prioridades mais bem definidas com relação à formação
profissional, isso possivelmente está ligado ao perfil dos alunos que são mais maduros e em
alguns casos já constituíram famílias. Já os alunos da IES A demonstram não possuir
planejamento de seus gastos o que dificulta o pagamento não só da mensalidade escolar, mas
também de outras despesas, ocasionando na maioria das vezes o endividamento; o que na
pesquisa foi identificado como a de um público mais jovem e com baixo controle financeiro.
A importância da pesquisa é evidente, pois quando um perfil é avaliado, pode-se trabalhar
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diretamente com suas dificuldades. O inadimplente do setor educacional, conforme os autores
citados na revisão da literatura, na maioria das vezes não possuem interesse em agir de má fé
para prejudicar a IES.
A grande questão está em melhores práticas na gestão da inadimplência, uma vez que as IES
privadas passarem a medir a inadimplência e procurarem métodos para minimizá-la como
orientação aos alunos para a administração dos gastos e planejamento financeiro por meio de
aulas, palestras e seminários, consequentemente se surpreenderão e reduzirão sua
inadimplência e o aluno sairá preparado para administrar e gerenciar sua situação financeira e
a da empresa em que ele trabalhar.
Sendo assim, uma das formas de minimizar a inadimplência educacional está em analisar os
pontos fracos que os alunos possuem, para então aplicar as soluções cabíveis na busca de
reverter o cenário em que as IES se encontram.
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Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Rua Bahia 1442 – Ipiranga – Ribeirão Preto – SP – 16-36225691 - 16-91026901 Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP e Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto - CUML shcamargo.ml@convex.com.br Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo – FEA-USP – Área de concentração Política de Negócios, Mestre em Administração pelo Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto, Pós-Graduada em Didática do Ensino Superior e Graduada em Ciências Contábeis e Administração. Docente do Programa de Mestrado Profissional em Administração da UNIMEP, e Professora Universitária e de MBAs no Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto. Antonio Carlos Giuliani Rodovia do açúcar, Km 156 – Taquaral – Piracicaba/SP – 19-31241609 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP giuliani.marketing@uol.com.br Doutor e Mestre em Administração Escolar (Unimep), professor de Marketing de cursos de graduação e pós-graduação da Unimep, atualização em Marketing pela University/Berkeley, coordenador do Curso de Mestrado Profissional em Administração e MBA em Marketing (Unimep). Consultor ad-hoc/INEP Ministério da Educação, autor de vários livros na área de Marketing. Mário Sacomano Neto Rodovia do açúcar, Km 156 – Taquaral – Piracicaba/SP – 19-31241609 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP msacomano@unimep.br Doutor em Engenharia de produção pela Universidade Federal de São Carlos. Visiting Schollar na Universidade de Chicago. Mestre em Engenharia de produção pela Universidade de São Paulo, bacharel em Administração de Empresas pela PUC. É professor do Mestrado em Administração da Universidade Metodista de Piracicaba. Valéria Rueda Elias Spers Rodovia do açúcar, Km 156 – Taquaral – Piracicaba/SP – 19-31241609 Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP vrueda@unimep.br Doutora em Ciências Sociais pela Pontíficia Universidade Católica de São Paulo. Atua na área de Administração, com ênfase em Cultura Organizacional. Em suas atividades profissionais interagiu com 43 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos. Coordenadora do curso de MBA em Gestão de Negócios – Unimep, professora do curso de Mestrado em Administração – Unimep.
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