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EMPRESAS MODELO X EMPRESAS NÃO MODELO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM ESTUDO COMPARATIVO DE INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS NO PERÍODO DE 2001 A 2004
1. INTRODUÇÃO
O agravamento dos problemas sociais e principalmente ambientais à escala mundial
tem levado as empresas à um constante questionamento sobre o atingimento de
objetivos financeiros e preservação ambiental, o que gerou uma corrente
denominada desenvolvimento sustentável.
Nos últimos anos, as discussões sobre o desenvolvimento sustentável tem sido alvo
de empresas, governos, escolas e institutos de pesquisa. Os aspectos ambientais
têm participado intensamente da agenda de discussão dos diversos agentes da
sociedade, como por exemplo na convenção mundial sobre mudança climática na
ECO-92, no Protocolo de Kioto em 1997, no Pacto Global lançado pela ONU no
Fórum Econômico em Davos em 1999 e recentemente com um ex-vice-presidente
dos Estados Unidos ganhando o Prêmio Nobel da Paz de 2007 com a divulgação
mundial do documentário “Uma verdade inconveniente”, sobre o aquecimento global.
Neste contexto, a legislação ambiental tem-se tornado cada vez mais restritiva,
exigindo a responsabilização das pessoas, singulares e coletivas, pelos danos
ambientais causados ao planeta. Além disso, nota-se uma crescente pressão social
para que as empresas, principais agentes poluidores, internalizem os impactos
negativos das suas atividades sobre o meio ambiente, bem como a uma crescente
procura por produtos e processos de produção “verdes” e por investimentos
ambientalmente e socialmente responsáveis.
Tem se observado também, através dos meios de comunicação, uma crescente
preocupação das empresas divulgarem suas ações sociais e ambientais, em
propagandas de massa, mídia, televisão, revistas, jornais, etc. Tais fatores estão
dando fortes indícios de que as organizações têm assumido posturas mais
responsáveis quanto às questões ambientais, marcando o surgimento e
consolidação do conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), que, a
nível mundial, tem exigido das empresas uma atuação, foco e, conseqüentemente
prestação de contas nas esferas ambiental e social. Neste contexto, a RSE tem
passado cada vez mais pela integração voluntária das preocupações ambientais na
estratégia empresarial, através da implementação de Sistemas de Gestão Ambiental
(SGA) e da sua certificação de acordo com as normas internacionais ISO 14001 ou
européias EMAS, bem como pela elaboração e divulgação de informação sobre a
atuação, a performance e os impactos ambientais das atividades empresariais, tais
como Balanço Social, Demonstração de valor adicionado, demonstrações com base
na GRI, dentre outras formas de apresentação.
Uma inquietação acadêmica há já algum tempo, tem questionado se estas
atividades de natureza ambiental têm impactos consistentes, negativos ou positivos,
na performance econômica-financeira das empresas. Embora muitos estudos
científicos, em nível mundial, procuraram identificar a relação entre responsabilidade
social corporativa e desempenho financeiro, não encontraram uma resposta
definitiva à esta questão. A este respeito, duas correntes de pensamento têm sido
distinguidas: A corrente tradicional defende que as iniciativas tendentes a melhorar a
performance ambiental impõem elevados custos às empresas, contribuindo, desta
forma, para deteriorar a performance financeira das mesmas. Contrariamente, a
corrente contemporânea defende que aquelas iniciativas contribuem para aumentar
a eficiência e melhorar a imagem da empresa face aos seus stakeholders, podendo
constituir um fator de diferenciação e de competitividade e culminar na melhoria da
performance financeira. Define-se stakeholder com o grupo formado por acionistas,
empregados e outros indivíduos com uma participação nas atividades empresariais
que têm interesse no desempenho financeiro, na entrega dos resultados pretendidos
e na manutenção e viabilidade dos produtos e serviços da mesma.
Na perspectiva tradicional, acredita-se que, dados os custos de muitas iniciativas
ambientais, as empresas enfrentam um trade-off, pelo menos no curto prazo, entre a
performance ambiental e financeira. Os defensores desta linha de pensamento
argumentam que os investimentos na melhoria da performance ambiental
representam custos que geralmente não conferem os benefícios correspondentes às
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empresas, na medida em que tendem a repercutir-se na forma de preços mais
elevados dos bens e serviços para os consumidores, desvantagens competitivas
face à concorrência e, conseqüentemente, menor retorno para os acionistas. Nesta
perspectiva, os investimentos ambientais são vistos como custos extra para as
empresas. Como tal, o comportamento racional dos gestores das empresas levá-los-
ia a minimizar os custos discricionários, os gastos ambientais que não são
explicitamente exigidos pela lei, com o intuito de proteger os interesses dos
acionistas e maximizar a sua riqueza. Assim, dado que se acredita que a
performance ambiental só pode ser melhorada em contrapartida de maiores custos e
menores lucros para os acionistas, o nível ótimo de performance ambiental seria o
preconizado pela legislação ambiental.
Estudos têm apontado que problemas como miséria e destruição ambiental estão
tomando proporções alarmantes. O desenvolvimento da consciência ecológica em
diferentes camadas e setores da sociedade mundial acaba por envolver também o
setor empresarial. Os assuntos ligados à gestão ambiental estão crescendo em
importância para a comunidade de negócios, em termos de responsabilidade social,
do consumidor e do desenvolvimento de produtos.
Além disso, a crescente concentração de renda e o agravamento de outros
problemas sociais produzidos ao longo do século sensibilizaram os consumidores,
que passaram a exigir, cada dia mais, a adoção de padrões de conduta ética que
valorizem o ser humano e a sociedade. Conseqüentemente, as empresas passam a
se preocupar com a legitimidade social de sua atuação.
Uma questão que já vem sendo levantada há algum tempo é se as empresas que se
preocupam com tais questões teriam um melhor desempenho econômico-financeiro
em comparação às socialmente não responsáveis.
Para contextualizar o problema, temos um breve histórico da responsabilidade social
desde os seus primeiros passos até a sua difusão por todo o mundo.
De maneira geral, as empresas sempre tiveram como objetivo o lucro. Os sócios
faziam os seus investimentos e esperavam obter um retorno. Então, não havia
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grande preocupação com o que acontecia externamente, a menos que isso influísse
no lucro. Mas com o passar dos anos, essa visão foi se modificando, perdendo
força, e preocupações começaram a surgir. Alguns fatos ocorridos pelo mundo
influenciaram nessa mudança de pensamento com mais intensidade.
Um marco importante nessa história ocorreu em 1916, quando Henry Ford deixou de
distribuir parte dos lucros aos acionistas, revertendo esses lucros em prol da
realização de objetos sociais, através de capacitação de produção, aumento de
salários e em fundo de reserva para diminuição esperada de receita devido à
redução dos preços dos carros. A revolta e a resistência por parte dos acionistas
foram grandes, chegando a processos judiciais. Outras ações parecidas foram
sendo feitas por outras empresas pelo mundo inteiro.
Já na década de 80, depois de alguns alarmes sobre a degradação e os impactos da
ação do homem no meio ambiente, surge um novo conceito de atuação das
empresas: O desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade, que segundo
definição feita pelas Nações Unidas “é aquele que atende às necessidades das
presentes gerações sem comprometer a capacidade de as futuras gerações
satisfazerem suas próprias necessidades”.
A partir da tragédia de Chernobyl, na ex-União Soviética, ocorrida em 1986, quando
um reator nuclear explodiu na usina, matando instantaneamente 31 pessoas e
provocando várias mortes futuras por câncer devido à exposição à radiação e
causando um grande impacto ambiental, esse conceito de sustentabilidade ganhou
ainda mais força. Surgiu por todo planeta uma preocupação por parte dos
empresários que abrangia além dos funcionários, o meio ambiente e a população
em geral.
No Brasil, o processo foi mais lento que na Europa e nos Estados Unidos. O
movimento de apoio à responsabilidade social, ganha impulso a partir dos anos 90
com o surgimento de muitas ONG’s (Organizações Não Governamentais) e em face
de uma crescente cobrança por transparência, não bastando atuar de forma
responsável, mas sim mostrando resultados. Por isso, as empresas que realizam
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ações sociais, demonstram sua performance social em relatórios corporativos e
balanços sociais, aliando responsabilidade social e transparência.
Como destaque tem-se o impulso dado por Herbert de Souza (Betinho), a partir de
1996, sobre a campanha pela atuação das empresas com responsabilidade social,
convocando os empresários a um maior engajamento por meio da divulgação do
Balanço Social, como um instrumento de demonstração deste envolvimento.
Em 1998, foi fundado o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social pelo
empresário Oded Grajew. O Instituto serve de ponte entre os empresários e as
causas sociais. Seu objetivo é disseminar a prática da responsabilidade social
empresarial por meio de publicações, experiências, programas e eventos para os
interessados na temática.
O objetivo principal de todas essas ações seria, obviamente, a diminuição da
pobreza e das injustiças sociais, através da construção de uma cidadania
empresarial, ou seja, desenvolver uma sólida e profunda responsabilidade social nos
empresários e nas empresas, na busca por desenvolvimento humano, social e
ambiental mais justo.
Por isso, a expansão dessas campanhas é muito importante, para garantir que todas
as pessoas tenham direito as necessidades fundamentais para sobrevivência.
Segundo o Relatório Estado do Mundo, publicado pelo Worldwatch Institute (2004),
dos 6,2 bilhões de habitantes do planeta, apenas 1,7 consegue consumir além de
suas necessidades básicas; 1/3 da população não tem acesso à energia, como
eletricidade e combustíveis fósseis. No Brasil, verifica-se que 24,7 milhões de
pessoas são considerados indigentes, vivendo com menos de R$ 75 de renda
familiar por mês. O país é o quarto país em desigualdade de renda no mundo depois
da Namíbia, Lesoto e Serra Leoa. Essa é uma realidade que precisa ser mudada.
Supõe-se que o comportamento socialmente responsável das empresas seja um
fator que, além de ajudar a melhorar a situação do país, pode contribuir para a sua
evolução no processo que inclui o fortalecimento da imagem, da reputação e da
longevidade da empresa, podendo também gerar melhores resultados.
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A cada ano que passa aumenta o número de empresas instaladas no Brasil, nos
mais diversos setores e de todos os portes, nacionais e multinacionais, deixando a
concorrência acirrada. Segundo pesquisa publicada em Outubro de 2005 pelo
Cadastro Central de Empresas do IBGE, entre os anos de 1996 e 2003, o número
de empresas cadastradas subiu de 2,9 milhões para 4,7 milhões, um aumento de
62,1%.
A responsabilidade social no Brasil é amplamente discutida nos meios acadêmicos e
empresariais e seus defensores alegam que o comportamento socialmente
responsável é fator diferencial que ajuda a construir e a consolidar a marca
empresarial, representando um investimento para a sustentabilidade e o sucesso a
longo prazo. Supõe-se que as empresas que almejam maior participação no
mercado devem então assumir esse comportamento para obterem o seu diferencial.
Realizando ações que beneficiem os menos favorecidos e o meio ambiente, as
empresas se tornam mais próximas da população e da realidade que se encontra o
país. Há uma corrente, da qual fazem parte: TOMEI (1984), GUIMARÃES (1984) e
JONES (1999) que defendem que os problemas sociais devem ser resolvidos pelas
instituições governamentais, mas estas, por sua vez, não resolvem todos esses
problemas. E a sociedade encontra nos trabalhos sociais feitos pelas empresas,
oportunidades de melhores condições de vida. A empresa precisa da sociedade,
pois sem sua aceitação nenhuma empresa permanece no mercado.
O trabalho propõe, então, questionar se as empresas modelo de responsabilidade
social teriam um desempenho econômico financeiro superior ao das empresas não
modelo, com o objetivo principal de verificar se existiria diferença nos resultados
contábeis e financeiros obtidos por empresas brasileiras modelo e não modelo de
diversos portes e ramos de atividade no período de 2001 a 2004.
Estudos anteriores, como TSOUTSOURA (2004); ORLITZKY, SCHMIDT, RYNES
(2003); ARANTES (2006); já levantaram essa hipótese de que as empresas
socialmente responsáveis teriam resultados superiores aos das demais empresas
em função das suas ações sociais.
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Como objetivos específicos, apresentam-se: levantar quais são as empresas modelo
de responsabilidade social, segundo o guia Exame de Boa Cidadania Corporativa, a
cada ano, de 2001 a 2004; Categorizar essas empresas socialmente responsáveis
por ramo de atividade ao qual cada uma delas pertence; levantar dados contábeis e
índices de análise de todas as empresas por ramo de atividade, com base na revista
Balanço Anual da Gazeta Mercantil, durante esse mesmo período; separar os
índices das empresas socialmente responsáveis e depois compará-los com os das
empresas não socialmente responsáveis.
Escolheu-se abordar como tema desta pesquisa a responsabilidade social das
empresas por ser um assunto atual e amplamente discutido, principalmente em
meios acadêmicos. Ações sociais podem ser benéficas para pessoas de todas as
classes sócio-econômicas e ainda podem trazer melhores resultados para quem as
pratica.
E para comprovar se realmente a responsabilidade social é um diferencial de
competitividade, torna-se importante esse estudo, fazendo um comparativo
embasado em dados concretos, a partir da análise dos resultados e rendimentos
tanto das empresas socialmente responsáveis, quanto das não responsáveis nos
mais diversos setores da economia.
A partir disso, as empresas terão parâmetros para avaliar se é ou não viável assumir
essa postura socialmente responsável e se vale à pena fazer investimentos dessa
natureza.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Responsabilidade Social
Diante da complexidade do assunto e do processo de consolidação da definição do
que é Responsabilidade Social das empresas, temos o conceito do Instituto Ethos:
“Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal
maneira que a torna parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa
7
socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das
diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores,
consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no
planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas
dos acionistas ou proprietários.” (ETHOS, 2000)
(CERTO; PETER, 1993, p.279) definem responsabilidade social como “o grau em
que os administradores de uma organização realizam atividades que protejam e
melhoram a sociedade além do exigido para atender aos interesses econômicos e
técnicos da organização".
(OLIVEIRA, 1984, p.205) aponta responsabilidade social como:
“...a capacidade de a empresa colaborar com a sociedade, considerando seus valores,
normas e expectativas para o alcance de seus objetivos. No entanto, o simples
cumprimento das obrigações legais, previamente determinadas pela sociedade, não será
considerado como comportamento socialmente responsável, mas como obrigação
contratual óbvia, aqui também denominada obrigação social.”
Segundo Melo Neto e Froes (2004), o objetivo da responsabilidade social
corporativa é desenvolver a sociedade e a comunidade a partir de novas inserções e
parcerias envolvendo outros agentes, tais como: empresas, ONG's, entidades
filantrópicas, associações comunitárias e o próprio Estado. A ênfase é no exercício
da cidadania empresarial, sob a ótica da empresa-cidadã, socialmente responsável.
O foco é nos direitos humanos, sociais, políticos, culturais e econômicos,
envolvendo funcionários e seus familiares, fornecedores, acionistas, clientes,
parceiros, membros da sociedade e da comunidade.
Ainda na visão do Instituto ETHOS (2000), a responsabilidade social traduz-se na
prática pedagógica de levar as empresas de qualquer tamanho e/ou setor a
compreenderem e incorporarem um comportamento empresarial socialmente
responsável em suas gestões, assumindo suas responsabilidades através de
critérios éticos para o retorno a longo prazo sobre seus investimentos.
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No Brasil, a participação de empresas em ações de responsabilidade social
aumentou entre 2000 e 2004, passando de 59% para 69%. Em outras palavras, em
2004, cerca de 600 mil empresas atuavam socialmente de forma voluntária no país.
As conclusões são da Pesquisa Ação Social das Empresas, do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Ação Empresarial pela Cidadania
(AEC-PE) em Maio de 2006, 65% dos brasileiros acham que as empresas têm feito
bons esforços para construir uma sociedade melhor e mais justa, ou seja, o
brasileiro confia mais nas empresas que praticam ações de responsabilidade social.
Isso mostra que cada vez mais os consumidores se conscientizam da importância
que é a busca por melhores condições de vida para sociedade como também a
preservação do meio ambiente, que colaboram para que todos tenham uma vida
com mais qualidade. É uma forma da empresa se adaptar ao que o mercado pede.
A esse respeito, DUARTE (1986) acredita que a empresa é “moldada” pelo contexto
no qual está inserida:
“Deve-se notar que as organizações são entidades concretas, planejadas, criadas,
estruturadas e dirigidas para o desempenho de determinadas tarefas e não meras
abstrações formais ou construtos teóricos. Também não funcionam no vácuo. Inseridas
no ambiente, interagem nele e com ele, afetando-o e sendo por ele afetadas (DUARTE,
1986. p. 37).”
As empresas que, estrategicamente, estão voltadas à gestão da responsabilidade
social assumem uma função de relevante interesse social tratando de questões que
englobam o meio ambiente, portadores de necessidades especiais, educação,
saúde, idoso, criança e outros.
Para MELO NETO e FRÓES (1999, p.78), os principais vetores da responsabilidade
social são: “apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua; preservação do meio ambiente;
investimento no bem estar dos funcionários e seus dependentes, em um ambiente de
tratamento agradável, e em comunicações transparentes; retorno aos acionistas; sinergia
com os parceiros; e satisfação dos consumidores”.
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Todos esses componentes envolvidos nesse contexto da responsabilidade social, ou
seja, todos os públicos com os quais a organização possa interagir como clientes,
funcionários, fornecedores, acionistas, governo, sociedade e meio ambiente são
chamados os seus stakeholders1. As empresas, por meio das práticas sociais,
ampliam as formas de relacionamentos com seus stakeholders, buscando obter um
diferencial competitivo.
Segundo Berkowitz et al. (2003, p.112), a responsabilidade social para com o
stakeholder se concentra nas obrigações que uma organização tem para com
aqueles que podem afetar a realização de seus objetivos.
E se tratando de objetivos, Melo Neto e Fróes (2001, p.40), acham que o exercício
da responsabilidade social tem por objetivo a melhoria da imagem institucional da
empresa, o que se traduz na melhoria da sua reputação. São os ganhos
institucionais da condição de empresa cidadã que justificam os investimentos em
ações sociais.
E essa é uma questão sempre levantada, de quais seriam os motivos que levariam
uma empresa a agir de forma socialmente responsável, se isso traria algum retorno.
Muitos autores defendem a tese de que a responsabilidade social é um diferencial
competitivo no mercado.
Segundo De Luca (2005, p.25): no atual ambiente empresarial, a responsabilidade
social é vista como uma estratégia para aumentar o lucro e potencializar o
desenvolvimento das empresas a longo prazo, considerando as novas exigências da
sociedade.
Montana e Charnov (2000) afirmam que é do interesse das empresas melhorar a
comunidade na qual estão localizadas e fazem negócios já que tal melhoria
implicaria em benefícios para a própria empresa. Uma atuação socialmente
1 Stakeholder ou, em Português, parte interessada, refere-se a todos os envolvidos em um processo, por exemplo, clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade, etc.
10
responsável seria bem aceita em nossa sociedade pautada por valores judaico-
cristãos que encorajam a prática da caridade.
Uras (1999) afirma que, mesmo num momento de crise, a Responsabilidade Social
deve ser enfocada na gestão empresarial, cada vez com mais ênfase, não somente
por “considerações de natureza ética, mas também porque é um bom negócio”. O
autor cita os benefícios advindos de uma orientação empresarial ética e com
Responsabilidade Social:
“Uma organização ética ganha confiança do mercado e, no cenário atual globalizado a
reputação e confiança são grandes vantagens competitivas. As organizações confiáveis
atraem a lealdade de clientes, que deve ser um dos fatores mais procurados em qualquer
relacionamento. Internamente uma organização ética e com Responsabilidade Social
possibilita a criação de um ambiente que suporta e estimula a criatividade e a ausência
de medo para assumir responsabilidades, podendo responder mais rápida e
eficientemente às demandas dos clientes. Quanto às organizações estão perdendo com
as táticas que seus funcionários usam para proteger-se motivados pela falta de
transparência da alta direção e de confiança na gestão empresarial?” (URAS, 1999. p.59)
Ainda pertencendo a esse grupo, Rico (2000) acredita na importância da
Responsabilidade Social empresarial e, para a autora, existem alguns motivos que
estão mobilizando os investidores no Brasil: a exclusão social no País que acaba
atingindo os negócios das empresas; maior visibilidade das empresas; Imagem
Institucional e estabelecimento de um diferencial em relação às outras empresas; o
investimento educacional que proporciona em médio e longo prazo uma mão-de-
obra qualificada, de acordo com as exigências da economia global.
As empresas podem contribuir para que os governos elaborem estruturas
normativas e institucionais destinadas a eliminar obstáculos para o investimento
responsável do setor privado e desenvolvimento econômico local, emprego e meio
ambiente.
Mas nem todos os autores concordam que as empresas devem incorporar a
responsabilidade social à sua política administrativa, que isso não é uma coisa
11
importante e muito menos uma obrigação. Essa corrente diz que isso teria altos
custos e prejudicaria os lucros da empresa.
Segundo Friedman2, citado por Tomei (1984), “só há uma e apenas uma
Responsabilidade Social da empresa: utilizar recursos (para produção) e colocá-los
em atividades a fim de maximizar os lucros”. De acordo com este ponto de vista, a
“Responsabilidade Social é um comportamento de antimaximização de lucros,
assumido para beneficiar outros que não são acionistas da empresa”. Procedendo
com Responsabilidade Social, acredita o autor, a empresa está se autotributando e,
ao invés de ser elogiada, deveria ser processada.
Ainda nesse sentido, (GUIMARÃES, 1984. p.209), sustenta a opinião de que “...
somente as organizações monopolistas, aquelas que têm o domínio completo do
mercado, é que podem desenvolver programas sociais. Só elas poderiam manter
seus lucros elevados, transferindo gastos para o consumidor.”
Outro argumento contrário a essas ações baseia-se no conceito da função
institucional. (LEAVITT, 1958 citado por JONES, M. 1999) assume que outras
instituições como o governo, sindicatos, igrejas, organizações civis existem para
realizar o tipo de função requerida pela responsabilidade social. Outro ponto é que
os gestores de empresas de mercado não possuem habilidades e/ou tempo para
implementar ações de cunho público.
Alguns estudos semelhantes trazem resultados sobre assumir esse papel de
empresa com responsabilidade social corporativa.
Segundo pesquisa realizada por Tsoutsoura (2004), da Universidade de Berkeley,
na Califórnia, em 2004, analisando através de estudos empíricos a relação entre a
responsabilidade social incorporada e o desempenho financeiro das empresas entre
os anos de 1996 e 2000, num total de 422 companhias, chegou-se à conclusão que
a relação é positiva. O desempenho financeiro depende também de um bom
2 FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e liberdade. São Paulo: Arte Nova,1977.
12
desempenho socialmente responsável. As companhias socialmente responsáveis
têm uma imagem realçada e uma reputação positiva entre consumidores; têm
também a habilidade de atraírem mais empregados hábeis e sócios para seus
negócios. As companhias que adotam os princípios da responsabilidade social
corporativa são mais transparentes e têm menos riscos de eventos negativos como,
por exemplo, corrupção.
Outro estudo feito por Orlitzky, Schmidt, Rynes (2003), diz que podemos ter
confiança nessa associação entre desempenho financeiro e responsabilidade social
corporativa, mas justifica que elas se afetam mutuamente através de um ciclo
vicioso. As companhias mais bem sucedidas financeiramente gastam mais porque
têm recursos para isso, mas a responsabilidade social ajuda-lhes também a
transformar-se numa empresa mais bem sucedida.
Arantes (2006), em estudo sobre o Investimento em Responsabilidade Social e sua
relação com o desempenho Econômico das Empresas baseada na valorização das
ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em
comparação ao índice Dow Jones geral (DJGI), no período de Dezembro de 1993 a
Dezembro de 2005, concluiu sobre uma maior a valorização de ações das empresas
que investem em ações socialmente responsáveis, além de adotarem a
sustentabilidade como prática inserida no negócio. A conquista de mercados
internacionais e a preferência do consumidor por produtos fabricados por empresas
socialmente responsáveis são exemplos do retorno positivo e dos benefícios que o
investimento em responsabilidade social proporciona. Segundo a autora, ao investir
em responsabilidade social e no desenvolvimento sustentável, as empresas
contribuem não somente para reduzir as desigualdades sociais existentes e
minimizar os impactos negativos que suas atividades podem causar para o meio-
ambiente, mas também garantem a perenidade do próprio negócio ao conquistar a
preferência dos investidores e consumidores.
Tinoco e Costeira (2006, p.141-142) estudaram o desempenho econômico,
financeiro e social de empresas do setor alimentício brasileiro no período de 2000 a
2004. Os autores buscaram relacionar indicadores de desempenho, tais como
13
Retorno sobre o Patrimônio Líquido – RSPL; Retorno sobre o Ativo - RSA, Margens
Líquidas e Brutas; Estrutura, tais como: Participação de Capitais de Terceiros,
Endividamento, Índice de Cobertura de Pagamento, Imobilização de Recursos Não
Correntes; Indicadores de Liquidez; Indicadores de Atividade; outros indicadores
financeiros, como EBITDA, Alavancagem e a Demonstração do Valor Adicionado
com indicadores sociais. Como principal conclusão, evidenciou que a qualidade das
decisões de investimento e financiamento é que efetivamente determina a riqueza
dos proprietários. O exercício da responsabilidade corporativa gera retorno para a
empresa, aprimora os relacionamentos com seus diversos usuários e promove o
desenvolvimento sustentável do local onde a empresa está instalada.
Santana, Périco e Rebelatto (2006) estudaram a importância dos investimentos em
responsabilidade sócio-ambiental para o desempenho financeiro corporativo de doze
empresas distribuidoras de energia elétrica em 2003 e 2004. Os autores utilizaram a
ferramenta Análise por Envoltória de Dados (DEA) para calcular a eficiência das
empresas, sendo que um dos principais inputs utilizados foi o investimento em
responsabilidade sócio-ambiental. Os resultados alcançados identificam forte
correlação entre faturamento corporativo e investimento em responsabilidade
socioambiental, sendo possível concluir que o faturamento das empresas pode ter,
como um dos fatores explicativos, os investimentos em responsabilidade sócio-
ambiental. Nas conclusões, os autores reconhecem que investimentos em RSE não
são o único fator determinante de sucesso. Ressaltam que tais investimentos são
relevantes, mas é necessário considerar outros fatores também, de forma a explicar
o êxito de corporações. Há um mix de inputs que deve estar equilibrado para que a
14
empresa obtenha bons resultados financeiros. Contudo são fortes os indícios que há
associação entre RSE e o desempenho financeiro das empresas.
Borger (2001) estudou a influência da adoção dos conceitos e ferramentas da RSE
na gestão empresarial de três empresas brasileiras. A autora avaliou vários aspectos
ligados à gestão das empresas. Com relação ao desempenho econômico, encontrou
evidências de que o resultado econômico das empresas avaliadas foi afetado
positivamente pela atuação orientada pela RSE, e a autora supõe existir uma
relação positiva entre o desempenho financeiro e as práticas de RSE, conforme
ilustra o relato:
A inserção da RSE na estratégia geral e nas estratégias setoriais é um fator que diferencia as empresas e seu desempenho econômico. As três empresas incluíram a RSE na sua estratégia geral, pois é um diferencial competitivo, mas a Natura foi além,incluindo-a na sua estratégia de inovação, de comunicação e marketing, o que indica que a inclusão nas estratégias das empresas é um fator que afeta o desempenho econômico, senão no curto prazo, a longo prazo. (BORGER, 2001, p.243).
Kitahara (2007) pesquisou a existência de relações significativas entre o
desempenho financeiro de empresas e o seu nível de investimento em ações de
responsabilidade social no período de 2000 a 2004. O autor coletou informações de
897 Balanços Sociais publicados por 298 empresas brasileiras de diversos portes e
segmentos e buscou relação com indicadores de desempenho financeiro das
mesmas. Como principal resultado, verificou que há relação entre os indicadores
financeiros e indicadores de responsabilidade social, tanto para empresas que
operam com resultado positivo ou negativo, contudo esta foi influenciada pelo ramo
de atividade, porte da empresa e ano de publicação do Balanço Social.
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O estudo de Bernardo et al (2007) evidenciou, por meio de modelo econométrico,
que os investimentos em responsabilidade social criaram valor econômico agregado
(EVA) para empresas brasileiras de capital aberto que publicaram o Balanço Social
modelo IBASE, de 2000 a 2003, gerando indícios que os investimentos sociais
internos e ambientais representaram uma relação direta com a criação de valor para
o acionista. Nesta mesma linha o estudo de Borba (2005) verificou a relação entre
os desempenhos financeiro e social de empresas brasileiras no período de 2000 a
2002. Como principais resultados verificou a existência de correlação entre as duas
variáveis supra citadas.
2.2 Indicadores Econômico-Financeiros
Os indicadores econômico-financeiros procuram relacionar elementos afins das
demonstrações contábeis de forma a melhor extrair conclusões sobre a situação da
empresa. Existem diversos índices úteis para o processo de análise, sendo
metodologicamente classificados nos seguintes grupos: liquidez, operacional,
rentabilidade, endividamento e estrutura, análise de ações, dentre outros.
Neste trabalho procurou-se usar os seguintes indicadores: EBITDA, Giro dos Ativos,
NCG – Necessidade de Capital de Giro, Incidência Tributaria, Margem de Lucro,
Endividamento, e Retorno sobre o Capital. A justificativa para utilização dos
mesmos, reside no fato de que tais índices são calculados anualmente no periódico
“Balanço Anual da Gazeta Mercantil” no qual há uma classificação de empresas e
grupos/segmentos econômicos. Através da análise desses indicadores foi possível
obter um panorama da situação econômico-financeira das empresas modelos ou
não em responsabilidade social, traçando um paralelo entre elas, para testificar se a
prática da responsabilidade social influencia na obtenção de resultados. A seguir são
definidos cada um dos indicadores utilizados.
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1 EBITDA (Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization) (%)Em português, significa “Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e
Amortização”, também conhecido como LAJIDA. O Ebitda ou Lajida leva em conta
apenas o desempenho operacional da empresa e não reflete o impacto no resultado,
dos itens extraordinários, das despesas com investimentos e das mudanças havidas
no capital de giro. O cálculo do EBITDA é muito simples: ao Lucro Operacional
Líquido antes dos impostos adicionam-se os juros, depreciação e amortização.
(BALANÇO ANUAL, 2004)
Segundo ASSAF NETO (2001, p.207) o EBITDA revela, em essência, a genuína
capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa, ou seja, sua
eficiência financeira determinada pelas estratégias operacionais adotadas. Quanto
maior o índice, mais eficiente se apresenta a formação de caixa proveniente das
operações (ativos), e melhor ainda, a capacidade de pagamento aos proprietários de
capital e investimentos demonstrada pela empresa.
2 Giro dos Ativos (%)Quociente entre receita líquida e ativo total, como expressão da eficiência com a
qual os ativos são utilizados para gerar vendas de produtos e serviços. Mostra o
tamanho do ativo comprometido para sustentar um nível específico de vendas, ou
seja, os valores de vendas gerados por cada unidade monetária de ativos.
(BALANÇO ANUAL, 2004)
Para GITMAN (2001, p.138) o giro dos ativos “indica a eficiência com a qual a
empresa usa seus ativos para gerar vendas. Geralmente, quanto maior for o giro do
ativo total, mais eficiente será o seu uso”.
Já HELFERT (2000, p.86) diz que o giro dos ativos é “indica o tamanho do ativo
comprometido para sustentar um nível específico de vendas ou, reciprocamente, os
valores de vendas gerados por cada unidade monetária de ativos”.
3 NCG (Necessidade de Capital de Giro) (%)As saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, criando uma necessidade
permanente de aplicação de fundos, evidenciada pela diferença entre o valor das
contas operacionais do ativo circulante e das contas operacionais do passivo
17
circulante. Essas contas operacionais são também conhecidas como contas cíclicas.
O ativo circulante operacional (ACO) é o investimento que decorre automaticamente
das atividades de compra / produção / estocagem / venda, enquanto o passivo
circulante operacional (PCO) é o financiamento, também automático, que decorre
dessas atividades. Essas contas mantêm estreita relação com a atividade
operacional da empresa. São diretamente influenciados pelo volume de negócios
(produção e vendas) e características das fases do ciclo operacional. O cálculo da
NCG é feito através da equação: NCG = ACO – PCO. (BALANÇO ANUAL, 2004)
Segundo MATARAZZO (2003), a Necessidade de Capital de Giro é não só um
conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou
seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e
lucratividade.
4 Incidência Tributária (%)É a forma pela qual o ônus do imposto é dividido entre os participantes do mercado.
Quociente entre lucro líquido e lucro operacional, com base na premissa de que,
através de seu planejamento tributário, a empresa faria um esforço para conservar a
maior proporção possível de seu lucro operacional sob a forma de lucro líquido.
(BALANÇO ANUAL, 2004)
5 Margem de Lucro (%)A margem de lucro indica qual a porcentagem de lucro contida em cada unidade de
mercadoria vendida ou de serviço prestado. É o quociente entre lucro operacional e
receita líquida, para reconhecer a importância da rentabilidade das operações
básicas da empresa para o nível de retorno sobre o capital aplicado. (BALANÇO
ANUAL, 2004)
De acordo com REIS (2003, p. 156), a margem de lucro “indica qual a porcentagem
de lucro contida em cada unidade monetária de mercadoria vendida ou de serviço
prestado e, por complemento aritmético, o custo respectivo”.
18
6 Endividamento (%)Indica o grau de endividamento da empresa, ou seja, quanto do capital existente no
ativo está comprometido com o pagamento das dívidas. Quociente entre ativo total e
patrimônio líquido, como indicador do grau pelo qual a administração da empresa
conseguiu alavancar favoravelmente os níveis de rentabilidade e eficiência das
operações, ampliando assim o retorno sobre o capital. (BALANÇO ANUAL, 2004)
Na opinião de HELFERT (2000, p. 103), “esse índice descreve a proporção de
dinheiro de terceiros em relação ao total de direitos contra os ativos da empresa.
Quanto maior o índice, maior o risco provável para o credor”.
Sobre esse mesmo índice, GITMAN (2001, p. 139) diz: “a posição do endividamento
de uma empresa indica o montante de recursos de terceiros sendo usado com o
intuito de gerar lucros”.
7 Retorno Sobre o Capital (%)O retorno sobre o capital é um indicador que mede quanto o acionista receberá por
cada unidade monetária investida na empresa. Ele é obtido dividindo-se o
lucro/prejuízo líquido pelo PL (Patrimônio Líquido). (BALANÇO ANUAL, 2004)
GITMAN (2001, p. 143) afirma que “a taxa de retorno sobre o capital mensura o
retorno sobre o investimento dos proprietários na empresa. Quanto maior for esse
retorno, melhor para os proprietários”.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
A abordagem metodológica utilizada nesse trabalho baseia-se na pesquisa de
avaliação quantitativa, pois utilizou dados contínuos. È também a descritiva, pois
registrou, classificou e interpretou dados e fatos da realidade sobre um determinado
assunto, evidenciando esses dados, mas sem interferir ou modificar essa realidade.
19
Foram objetos desta pesquisa as empresas citadas como modelo de
responsabilidade social no “Guia de Boa Cidadania Corporativa” da Revista Exame
no período de 2001 a 2004. Essas empresas foram escolhidas através da análise
dos indicadores do instituto Ethos. Esses indicadores são uma ferramenta de
aprendizado e avaliação da gestão no que se refere à incorporação de práticas de
responsabilidade social empresarial ao planejamento estratégico e ao
monitoramento e desempenho geral da empresa.
Na coleta de dados foi utilizado a técnica de pesquisa documental. Como critério de
amostragem, foi feito um censo, limitado às informações do periódico Balanço Anual,
pois foram consideradas todas as empresas que tiveram os seus indicadores
publicados no referido periódico. Depois de selecionadas, as empresas foram
separadas pelo ano em que foram citadas e por setor de atividade a qual
pertenciam. Feito isso, foram retirados do periódico “Balanço Anual da Gazeta
Mercantil” os indicadores econômico-financeiros para se fazer uma comparação
entre as empresas consideradas ou não modelo de responsabilidade social. Esses
indicadores foram apurados pelo periódico através de uma avaliação que é feita com
base nos demonstrativos contábeis do último exercício das empresas. As análises
dessas demonstrações contábeis foram elaboradas consoantes às práticas
pertinentes à Legislação Societária e normas da Comissão de Valores Mobiliários.
Conforme indicado anteriormente, os indicadores utilizados foram: o EBITDA ou
LAJIDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), a
Necessidade de Capital de Giro, a Incidência Tributária, a Margem de Lucro, o Giro
dos Ativos, o Endividamento e o Retorno Sobre Capital.
Para efeito de comparação, foi aplicado o “teste t de Student”, (TRIOLA 1999;
FREUND & SIMON 2000). Esse teste é feito para testar afirmações sobre
parâmetros populacionais, relativos a Médias de Pequenas Amostras, ou seja,
amostras menores que 30 (trinta). Foi utilizado, pois analisa especificamente uma
amostra para distinguir entre os resultados que podem ocorrer facilmente e os que
dificilmente ocorrem. Podendo explicar a ocorrência de resultados altamente
improváveis dizendo que ocorreu efetivamente um evento raro, ou que as coisas não
são como supúnhamos.
20
Para este teste, foram levantadas duas hipóteses:
• A Hipótese nula (H0) representa que as médias das empresas modelo de
responsabilidade social são iguais às médias das empresas não modelo de
responsabilidade social.
• A Hipótese alternativa (H1) apresenta que as médias das empresas modelo de
responsabilidade social são diferentes das médias das não modelo de
responsabilidade social.
4. Apresentação e Análise dos Dados
Na apresentação e análise dos dados, serão analisadas as abordagens e técnicas
discutidas nos capítulos anteriores evidenciando a organização das informações em
tabelas e gráficos para ilustrar os resultados obtidos.
A construção da análise partiu dos resultados obtidos no teste t de Student. Para
aplicação do teste foram utilizadas planilhas do MS Excel onde foram levantados os
indicadores econômico-financeiros retirados do Balanço Anual da Gazeta Mercantil
para efeito de comparação das médias entre as empresas modelo de
responsabilidade social do Guia de Boa Cidadania Corporativa da Revista Exame e
as empresas não modelo de responsabilidade social encontradas no Balanço Anual
já citado.
O material documental usado nas pesquisas foi conseguido em no acervo da
biblioteca da FEA/USP – SP.
A apresentação dos dados será feita mostrando, primeiramente, as empresas
modelo de responsabilidade social em cada ano em que foram citadas, entre 2001 e
2004. Dentro da apresentação anual serão separadas pelo seu setor de atividade e
em seguida por índice.
Como já citado anteriormente, o teste t admite duas hipóteses. Na primeira, a
hipótese nula ou (H0), considera-se que as empresas modelo de responsabilidade
21
social têm médias iguais às das empresas não socialmente responsáveis. Na
segunda hipótese, a (H1), as médias das empresas modelo são superiores às
médias das demais.
Começando pelo ano de 2001, temos os seguintes dados:
No setor de Metalurgia, sub-setor de Aço, temos como socialmente responsáveis às
empresas Usiminas-MG, a Belgo Mineira-MG e a Belgo Mineira Part.-MG.
Comparando as médias dessas empresas com as demais empresas desse sub-
setor, chegamos ao resultado que o EBITDA aceitou a hipótese nula, ou seja, as
médias são iguais; a NCG rejeitou a hipótese nula, mostrando que as médias são
diferentes; na Incidência Tributária, a Ho foi rejeitada; na Margem de Lucro, a Ho foi
aceita; no Giro dos Ativos, a Ho foi rejeitada; no Endividamento, a Ho foi aceita; e no
Retorno Sobre o Capital, a Ho foi rejeitada.
No setor de Metalurgia, agora no sub-setor Artefatos de Aço, tivemos a empresa
Belgo Bekaert-MG como socialmente responsável, tivemos o EBITDA rejeitando a
hipótese Ho; a NCG também rejeitou Ho; a Incidência Tributária aceita Ho; a
Margem de Lucro rejeita Ho; no Giro dos Ativos, Ho é mais uma vez rejeitada; já no
Endividamento, Ho é aceita; e , finalmente, no Retorno Sobre o Capital, Ho é
rejeitada.
Ainda no setor de Metalurgia, sub-setor de Alumínio e Artefatos, temos como
empresa modelo de responsabilidade social a Alcoa-MG, que apresentou os
seguintes resultados: o EBITDA aceitou a hipótese Ho; a CNG rejeitou a Ho; a
Incidência Tributária também rejeitou Ho; já a Margem de Lucro aceitou a hipótese
Ho; o Giro dos Ativos também aceitou Ho; o Endividamento rejeitou Ho; e o Retorno
Sobre o Capital também rejeitou Ho.
No setor de Alimentos, sub-setor de Conglomerados Alimentícios, temos a empresa
Nestlé-SP como socialmente responsável. Segundo as médias levantadas desse
subsetor, o EBITDA rejeitou a hipótese Ho; a NCG também rejeitou a Ho; na
Incidência Tributária, Ho foi rejeitada; na Margem de Lucro, as médias foram
22
diferentes e rejeitou Ho; o Giro dos Ativos aceitou Ho; já o Endividamento rejeitou
Ho; e, finalmente, o Retorno Sobre o Capital rejeitou Ho.
No setor de Produtos de Higiene e Limpeza, sub-setor de Perfumarias, tivemos
nesse ano a Natura-SP como empresa socialmente responsável. As médias desse
subsetor tiveram o EBITDA aceitando a hipótese Ho; a NCG rejeitou a Ho; a
Incitência Tributária não obtivemos resultados em função da maioria das empresas
não socialmente responsáveis terem obtido nesse ano resultados operacionais
negativos, o que implicou a não Incidência Tributária; a Margem de Lucro rejeitou a
hipótese Ho; da mesma forma, o Giro dos Ativos também rejeitou Ho; no
Endividamento, Ho foi rejeitada mais uma vez; e no Retorno Sobre o Capital, Ho foi
aceita.
No setor de Química, sub-setor Diversos, tivemos no ano de 2001 a empresa
Henkel-SP como socialmente responsável, tendo as médias do EBITDA aceitando a
hipótese Ho; a NCG também aceitou Ho; da mesma forma, a Incidência Tributária
aceitou Ho; ainda aceitando Ho tivemos a Margem de Lucro; o Giro dos Ativos
aceitou Ho; o Endividamento rejeitou Ho; assim como o Retorno Sobre o Capital,
que também rejeitou Ho.
O quadro 1 mostra os resultados em 2001:
Quadro 1 - Resultados da comparação dos indicadores empresas modelo x não modelo de responsabilidade social 2001
EMPRESA SETOR SUBSETORINDICADORES
I.1 I.2 I.3 I.4 I.5 I.6 I.7Belgo Mineira Metalurgia Aço Ac Rj Rj Ac Rj Ac RJBelgo Mineira
Part.Metalurgia Aço Ac Rj Rj Ac Rj Ac RJ
Usiminas Metalurgia Aço Ac Rj Rj Ac Rj Ac RJBelgo Bekaert Metalurgia Artefatos de Aço Rj Rj Ac Rj Rj Ac RJAlcoa Metalurgia Alumínio Artefatos Ac Rj Rj Ac Ac Rj RJNestlé Alimentos Conglomerados Rj Rj Rj Rj Ac Rj RJNatura Higiene Limpeza Perfumarias Ac Rj --- Rj Rj Rj ACHenkel Química Diversos Ac Ac Ac Ac Ac Rj RJ
Legenda:
23
I.1 – EBITDA; I.2 – NCG; I.3 – Incidência Tributária; I.4 – Margem de Lucro; I.5 – Giro dos Ativos;
I.6 – Endividamento; I.7 – Retorno sobre Capital. “Ac”- Aceita; “Rj” – Rejeita.
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001)
Verificou-se que no ano de 2001, as empresas Usiminas-MG, Belgo Mineira-MG,
Belgo Mineira Part.-MG, Alcoa-MG, Natura-SP e a Henkel-SP aceitam a hipótese Ho
para o EBITDA, enquanto que a Belgo Bekaert-MG e a Nestlé-SP rejeitam a
hipótese Ho para o mesmo índice.
Para a NCG, as empresas apenas a empresa Henkel-SP aceita Ho. Em
contrapartida, Usiminas-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Mineira Part.-MG, Alcoa-MG,
Nestlé-SP e Belgo Bekaert-MG rejeitam Ho nesse índice.
Na Incidência Tributária, as empresas Belgo Bekaert-MG e Henkel-SP aceitam a
hipótese Ho. A Usiminas-MG, a Belgo Mineira-MG, a Belgo Mineira Part.-MG, a
Nestlé-SP e a Alcoa-MG rejeitam essa hipótese Ho. Na empresa Natura-SP não
houve o comparativo.
Para o índice Margem de Lucro, no ano de 2001, as empresas Usiminas-MG, Belgo
Mineira-MG, Belgo Mineira Part.-MG, a Alcoa-MG e a Henkel-SP aceitam a hipótese
Ho, enquanto que a Nestlé-SP, a Natura-SP e a Belgo Bekaert-MG rejeitam essa
hipótese Ho.
Para o Giro dos Ativos, tivemos a Nestlé-SP, a Alcoa-MG e a Henkel-SP que
aceitam a hipótese Ho. Já a Usiminas-MG, a Belgo Mineira-MG, a Belgo Mineira
Part.-MG, a Natura-SP e a Belgo Bekaert-MG rejeitam a hipótese Ho.
No Endividamento, as empresas Usiminas-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Mineira
Part.-MG e Belgo Bekaert-MG aceitam a hipótese Ho. As empresas Nestlé-SP,
Alcoa-MG, Natura-SP e Henkel-SP rejeitam essa hipótese Ho.
Por fim, no Retorno Sobre o Capital em 2001, somente a Natura-SP aceita a
hipótese Ho. Todas as demais empresas (Usiminas-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo
24
Mineira Part.-MG, Nestlé-SP, Alcoa-MG, Belgo Bekaert-MG e Henkel-SP) rejeitam a
hipótese Ho.
Pelos dados apresentados, podemos concluir que no ano de 2001, pelas empresas
analisadas, que em 29% dos índices apurados predominou o “aceita a hipótese Ho”,
ou seja, as médias das empresas modelo de responsabilidade social foram
estatisticamente semelhantes às das empresas não socialmente responsáveis. Em
71% dos índices predominou “rejeita a hipótese Ho”, mostrando que os resultados
das empresas modelo de responsabilidade social foram diferentes dos resultados
das empresas não modelo de responsabilidade social, como mostra o gráfico a
seguir:
71%57% 57%
17%33%
17%43%43%
83%57%
43%
67%83%
29%
EBITDA
NCG
Incid. T
ribut.
Margem
Lucro
Giro Ativ
os
Endivi
dament
o
Retorno
Capi
tal
Indicadores
% E
mpr
esas
Aceita Ho Rejeita Ho
Gráfico 1 – Médias do resultado da comparação dos indicadores em 2001
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001)
Observando o gráfico, supõe-se, que no ano de 2001 o investimento em
responsabilidade social tenha sido um fator vantajoso para as empresas que assim
agiram, trazendo resultados econômico-financeiros superiores aos das empresas
não socialmente responsáveis, confirmando o que afirma RICO (2000).
Procedendo a análise no ano de 2002, apresenta-se:
No setor de Metalurgia, sub-setor Aço, no ano de 2002, as empresas socialmente
responsáveis foram a Belgo Mineira-MG e a Belgo Mineira Part.-MG e o resultado do
EBITDA foi de aceitar a hipótese Ho; a NCG aceitou Ho; a Incidência Tributária, da
25
mesma forma, aceitou Ho; a Margem de Lucro também aceitou Ho; assim como o
Giro dos Ativos que também aceitou Ho; igualmente, o Endividamento aceitou Ho; o
Retorno Sobre o Capital rejeitou Ho.
Nesse mesmo setor, mas no sub-setor Diversos, se destacou como socialmente
responsável à empresa Belgo Bekaert-MG, com o EBITDA aceitando a hipótese Ho;
a NCG rejeita a Ho; a Incidência Tributária também rejeita Ho; a Margem de Lucro
aceita Ho; o Giro dos ativos rejeita Ho; já o Endividamento aceita Ho; assim como o
Retorno Sobre o Capital, que também aceita Ho.
No mesmo setor de Metalurgia, no sub-setor Alumínios e Artefatos, tivemos em 2002
a empresa Alcoa-MG. Os resultados foram o EBITDA aceitando a hipótese Ho; a
NCG aceita Ho; a Incidência Tributária aceita Ho; já a Margem de Lucro rejeita Ho; o
Giro dos Ativos aceita Ho; o Endividamento rejeita Ho; assim como o Retorno Sobre
o Capital, que também rejeita Ho.
No setor de Mineração, no sub-setor Ferrosos, a empresa Samarco Mineração-MG
apresentou que o EBITDA aceita a hipótese Ho; a NCG rejeita Ho; a Incidência
Tributária aceita Ho; a Margem de Lucro rejeita Ho; o Giro dos Ativos aceita Ho; o
Endividamento rejeita Ho; e o Retorno Sobre o Capital também rejeita Ho.
No setor de Auto Peças, sub-setor de Carroçarias tivemos como empresa
socialmente responsável a Marcopolo-RS, que apresentou o EBITDA aceitando a
hipótese Ho; a NCG rejeitou Ho; a Incidência Tributária também rejeitou Ho; a
Margem de Lucro rejeitou Ho; da mesma forma , o Giro dos Ativos, que também
rejeitou Ho; o Endividamento rejeitou Ho; o Retorno Sobre o Capitar aceitou Ho.
No setor de Energia Elétrica, sub-setor de Produção e Transmissão, a empresa
socialmente responsável foi a CPFL Geração-SP, e o EBITDA aceitou a hipótese
Ho; a NCG também aceitou Ho; assim como a Incidência Tributária, que também
aceitou Ho; da mesma forma, a Margem de Lucro aceitou Ho; o Giro dos Ativos
aceitou Ho; já o Endividamento rejeitou Ho; e o Retorno Sobre o Capital também
rejeitou Ho;
26
No mesmo setor de Energia Elétrica, mas no sub-setor de Distribuição, temos a
CPFL-SP e a CPFL Piratininga-SP como empresas socialmente responsáveis e os
testes de média apontaram que o EBITDA aceitou a hipótese Ho; a NCG aceitou Ho;
a Incidência Tributária aceitou Ho; a Margem de Lucro também aceitou Ho; o Giro
dos Ativos aceitou Ho; o Endividamento também aceitou Ho; o Retorno Sobre o
Capital rejeitou Ho.
No setor de Higiene e Limpeza, sub-setor de Perfumarias, tivemos mais uma vez a
Natura-SP como empresa socialmente responsável e os resultados foram que o
EBITDA rejeitou a hipótese Ho; a NCG também rejeitou Ho; não tivemos Incidência
Tributária em função dos resultados operacionais negativos das empresas não
socialmente responsáveis; a Margem de Lucro aceitou Ho; o Giro dos Ativos rejeitou
Ho; o Endividamento aceitou Ho; e o Retorno Sobre o Capital rejeitou Ho.
No setor de Serviços Especializados, sub-setor de Serviços Especializados, tivemos
como socialmente responsável a empresa Serasa-SP e apresentou como
resultados: o EBITDA rejeitou a hipótese Ho; já a NCG aceitou Ho; a Incidência
Tributária aceitou Ho; assim como a Margem de Lucro que também aceitou Ho; o
Giro dos Atvos rejeitou Ho; o Endividamento aceitou Ho; e o Retorno Sobre o Capital
rejeitou Ho.
No setor de Petroquímica, sub-setor de Produtos Petroquímicos, a Dow Química-SP
se destacou como empresa socialmente responsável e apresentou: EBITDA aceita a
hipótese Ho; a NCG também aceita Ho; já a Incidência Tributária rejeita Ho; a
Margem de Lucro aceita Ho; o Giro dos Ativos aceita Ho; já o Endividamento rejeita
Ho; assim como o Retorno Sobre o Capital que também rejeita Ho.
O quadro 2 mostra os resultados em 2002:
Quadro 2 - Resultados da comparação dos indicadores empresas modelo x não modelo de responsabilidade social 2002
EMPRESA SETOR SUBSETORINDICADORES
I.1 I.2 I.3 I.4 I.5 I.6 I.7Belgo Mineira Metalurgia Aço Ac Ac Ac AC Ac Ac Rj
Belgo Mineira Par. Metalurgia Aço Ac Ac Ac AC Ac Ac Rj
27
Belgo Bekaert Metalurgia Diversos Ac Rj Rj AC Rj Ac Ac
Samarco Mineração Ferrosos Ac Rj Ac RJ Ac Ac Rj
Marcopolo Auto Peças Carroçarias Ac Rj Rj RJ Rj Rj Ac
CPFL Geração Energia ElétricaProdução e
transm.
Ac Ac Ac AC Ac Rj Rj
CPFL Energia Elétrica Distribuição Ac Ac Ac AC Ac Ac Rj
CPFL Piratininga Energia Elétrica Distribuição Ac Ac Ac Ac Ac Ac Rj
Natura Higiene Limpeza Perfumarias Rj Rj --- Ac Rj Ac Rj
SerasaServ.
Especializados
Serv.
Especializados
Rj Ac Ac Ac Rj Ac Rj
Dow Química PetroquímicaProd.
petroquímicos
Ac Ac Rj Ac Ac Rj Rj
Legenda:
I.1 – EBITDA; I.2 – NCG; I.3 – Incidência Tributária; I.4 – Margem de Lucro; I.5 – Giro dos Ativos; I.6 –
Endividamento; I.7 – Retorno sobre Capital. “Ac”- Aceita; “Rj” – Rejeita.
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2002)
No ano de 2002, depois de apuradas todas as médias, verificamos que para o
EBITDA as empresas Alcoa-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Bekaert-MG, Samarco
Mineração-MG, Marcopolo-RS, CPFL-SP, CPFL Geração-SP e Dow Química-SP
aceitam a hipótese Ho. A Natura-SP e a Serasa-SP rejeitam a hipótese Ho para
esse índice.
Para a NCG, as empresas Alcoa-MG, Belgo Mineira-MG, CPFL-SP, CPFL Geração-
SP, Serasa-SP e Dow Química-SP aceitam a hipótese Ho. Já a Belgo Bekaert-MG,
Samarco Mineração-MG, Marcopolo-RS e Natura-SP rejeitam a hipótese Ho.
Na Incidência Tributária, no ano de 2002, aceitam a hipótese Ho as empresas Alcoa-
MG, Belgo Mineira-MG, Samarco Mineração-MG, CPFL-SP, CPFL Geração-SP, e
Serasa-SP. Rejeitaram a hipótese Ho para esse índice as empresas Belgo Bekaert-
MG, Marcopolo-RS e Dow Química-SP. A empresa Natura-SP não teve comparativo
nesse índice.
Com respeito à Margem de Lucro, tivemos que a Belgo Mineira-MG, a Belgo
Bekaert-MG, a CPFL-SP, a CPFL Geração-MG, a Natura-SP, a Serasa-SP e a Dow
Química-SP aceitam a hipótese Ho. Somente Alcoa-MG, Samarco Mineração-MG e
Marcopolo-RS rejeitam a hipótese Ho.
28
Para o Giro dos Ativos, os resultados foram: Alcoa-MG, Belgo Mineira-MG, Samarco
Mineração-MG, CPFL-SP, CPFL Geração-SP, e Dow Química-SP aceitam a
hipótese Ho. Belgo Bekaert-MG, Marcopolo-RS, Natura-SP e Serasa-SP rejeitam a
hipótese Ho para esse índice.
Nos resultados do Edividamento, as empresas Belgo Mineira-MG, Belgo Bekaert-
MG, Samarco Mineração-MG, Natura-SP, CPFL-SP e Serasa-SP aceitam a hipótese
Ho nesse índice. Já a Alcoa-MG, Marcopolo-RS, CPFL Geração-SP e Dow Química-
SP rejeitam a hipótese Ho para o Endividamento.
Concluindo o ano de 2002, o Retorno Sobre o Capital apresentou somente a Belgo
Bekaert-MG e a Marcopolo-RS que aceitam a hipótese Ho nesse índice. Enquanto
isso, Alcoa-MG, Belgo Mineira-MG, Samarco Mineração-MG, CPFL-SP, CPFL
Geração-SP, Natura-SP, Serasa-SP e Dow Química-SP rejeitam a hipótese Ho.
No ano de 2002, depois de analisados os índices, percebe-se que em 100% deles
predominou “aceita a hipótese Ho”, o que demonstra que nesse ano as médias das
empresas não modelo de responsabilidade social foram semelhantes as das
empresas que atuam com destaque na área da responsabilidade social, como
demonstra o gráfico:
60%60%60%80%
70%67%80%
20%40%40%40%
20%33% 30%
EBITDA
NCG
Incid. T
ribut.
Margem
Lucro
Giro A
tivos
Endivi
dament
o
Retorno
Cap
ital
Indicadores
% E
mpr
esas
Aceita Ho Rejeita Ho
Gráfico 2 – Médias do resultado da comparação dos indicadores em 2002
29
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2002)
Com base nos resultados mostrados pelo gráfico, observa-se no ano de 2002, que
os dados apresentados contrariaram a teoria de que a responsabilidade social
necessariamente traz melhores resultados e novamente e a atuação socialmente
responsável não fez com que as empresas que assim atuam obtivessem melhores
resultados frente às demais empresas dos mesmos setores. Diferente do que afirma
HERZOG (2004), que em artigo no “Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa”
afirma que a responsabilidade social “é politicamente correto e dá dinheiro”.
Politicamente correto até pode ser, mas não existe a certeza de que dá mais
dinheiro.
Procedendo a análise do ano de 2003, apresenta-se:
No setor de Metalurgia, sub-setor de Aço, as empresas Acesita-MG, Belgo Mineira-
MG e Belgo Mineira Part.-MG como empresas socialmente responsáveis e o
EBITDA aceitou a hipótese Ho; a NCG também aceitou Ho; a Incidência Tributária
aceitou Ho; da mesma forma, a Margem de Lucro que também aceitou Ho; o Giro
dos Ativos aceitou Ho; o Endividamento também aceitou Ho; assim como o Retorno
Sobre o Capital que também aceitou Ho.
No setor de Papel e Celulose, sub-setor de Papel e Celulose, a empresa
socialmente responsável foi a Suzano-SP e o EBITDA aceitou a hipótese Ho;
enquanto a NCG rejeitou Ho; a Incidência Tributária aceitou Ho; a Margem de Lucro
também aceitou Ho; assim como o Giro dos Ativos, que aceitou Ho; o Endividamento
rejeitou Ho; e o Retorno Sobre o Capital aceitou Ho.
No setor de Alimentos, sub-setor de Conglomerados Alimentícios, a empresa
socialmente responsável foi a Perdigão Agroindustrial-SP e o EBITDA rejeitou a
hipótese Ho; a NCG aceitou a Ho; a Incidência Tributária rejeitou Ho; da mesma
forma, a Margem de Lucro rejeitou Ho; o Giro dos Ativos rejeitou Ho; o
Endividamento também rejeitou Ho; e o Retorno Sobre o Capital rejeitou Ho.
30
No setor de Serviços Especializados, sub-setor de Serviços Especializados, a
empresa Serasa-SP que se destacou como socialmente responsável apresentou: o
EBITDA aceitou a hipótese Ho; a NCG também aceitou Ho; a Incidência Tributária
rejeitou a Ho; já a Margem de Lucro aceitou Ho; o Giro dos Ativos rejeitou Ho; o
Endividamento aceitou Ho; assim como o Retorno Sobre o Capital, que também
aceitou Ho.
No setor de Energia Elétrica, sub-setor de Distribuição, a empresa socialmente
responsável foi a CPFL-SP, e os resultados foram: o EBITDA aceitou a hipótese Ho;
a NCG aceita a Ho; a Incidência Tributária também aceita Ho; a Margem de Lucro
aceita Ho; o Giro dos Ativos também aceita Ho; O endividamento aceita Ho; e o
Retorno Sobre o Capital aceita Ho.
No setor de Higiene e Limpeza, sub-setor de Perfumarias, a Natura-SP foi a
empresa socialmente responsável e apresentou: o EBITDA aceita a hipótese Ho; a
NCG aceita Ho; a Incidência Tributária também aceita Ho; a Margem de Lucro aceita
Ho; assim como o Giro dos Ativos, que aceita Ho; o Endividamento, da mesma
forma, aceita Ho; e o Retorno Sobre o Capital também aceita Ho.
O quadro 3 mostra os resultados em 2003:
Quadro 3 - Resultados da comparação dos indicadores empresas modelo x não modelo de responsabilidade social 2003
EMPRESA SETOR SUBSETORINDICADORES
I.1 I.2 I.3 I.4 I.5 I.6 I.7Acesita Metalurgia Aço Ac Ac Ac Ac Ac Ac AcBelgo Mineira Metalurgia Aço Ac Ac Ac Ac Ac Ac AcBelgo Mineira
Par.Metalurgia Aço Ac Ac Ac Ac Ac Ac Ac
Suzano Papel e Celulose Papel e Celulose Ac Rj Ac Ac Ac Rj AcPerdigão Alimentos Conglomerados Rj Ac Rj Rj Rj Rj Rj
SerasaServ.
Especializados
Serv.
EspecializadosAc Ac Rj Ac Rj Ac Ac
CPFL Energia Elétrica Distribuição Ac Ac Ac Ac Ac Ac AcCPFL Piratininga Energia Elétrica Distribuição Ac Ac Ac Ac Ac Ac AcNatura Higiene e Limpeza Perfumarias Ac Ac Ac Ac Ac Ac Ac
Legenda:
31
I.1 – EBITDA; I.2 – NCG; I.3 – Incidência Tributária; I.4 – Margem de Lucro; I.5 – Giro dos Ativos; I.6 –
Endividamento; I.7 – Retorno sobre Capital. “Ac”- Aceita; “Rj” – Rejeita.
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2003)
No ano de 2003, depois de apuradas as médias, o EBITDA para as empresas
Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Mineira Part.-MG, Suzano-SP, Serasa-SP,
CPFL-SP e Natura-SP aceitam a hipótese Ho. Somente a empresa Perdigão
Agroindustrial-SP rejeita Ho para esse índice.
Nos resultados da NCG, as empresas Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Mineira
Part.-MG, Perdigão Agroindustrial-SP, Serasa-SP, CPFL-SP e Natura-SP aceitam a
hipótese Ho. Só a empresa Suzano-SP rejeita Ho.
Para a Incidência Tributária, aceitam a hipótese Ho, as empresas Acesita-MG, Belgo
Mineira-MG, Belgo Mineira Part.-MG, Suzano-SP, CPFL-SP e Natura-SP. Rejeitam a
hipótese Ho, as empresas Perdigão Agroindustrial-SP e Serasa-SP.
Na Margem de Lucro, a Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Mineira-MG, Suzano-
SP, Serasa-SP, CPFL-SP e Natura-SP aceitam a hipótese Ho. Somente a Perdigão
Agroindustrial-SP rejeita Ho para esse índice.
No Giro dos Ativos, as empresas que aceitam a hipótese Ho são: Acesita-MG, Belgo
Mineira-MG, Belgo Mineira Part.-MG, Suzano-SP, CPFL-SP e Natura-SP. Já as
empresas que rejeitam Ho para esse índice são: Perdigão Agroindustrial-SP e
Serasa-SP.
Com relação ao Endividamento, as médias apresentaram que as empresas Acesita-
MG, Belgo Mineira-MG, Belgo Mineira Part.-MG, Serasa-SP, CPFL-SP e Natura-SP
aceitam a hipótese Ho. As empresas Suzano-SP e Perdigão Agroindustrial-SP
rejeitam a hipótese Ho.
Para o Retorno Sobre o Capital, os resultados foram: Acesita-MG, Belgo Mineira-
MG, Belgo Mineira Part.-MG, Suzano-SP, CPFL-SP e Natura-SP aceitam a hipótese
Ho. Somente a empresa Perdigão Agroindustrial-SP rejeita Ho para esse índice.
32
No ano de 2003, em 100% dos índices econômico-financeiros apurados predominou
“aceita a hipótese Ho”, mostrando que os resultados das empresas modelo de
responsabilidade social foram semelhantes aos das empresas não modelo de
responsabilidade social, contradizendo DE LUCA (2005), que afirma que o
comportamento socialmente responsável traz melhor desempenho e econômico-
financeiro, como apontado no gráfico a seguir:
83% 83% 83%71% 71% 71% 83%
29%17%
29%29%17%17%17%
EBITDA
NCG
Incid. T
ribut.
Marg
em Lucro
Giro Ativ
os
Endivi
damen
to
Retorno
Capital
Indicadores
% E
mpr
esas
Aceita Ho Rejeita Ho
Gráfico 3 – Médias do resultado da comparação dos indicadores em 2003
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2003)
Pelo gráfico apresentado, percebeu-se que em 2003 as empresas não socialmente
responsáveis obtiveram médias semelhantes as das empresas socialmente
responsáveis, comprovando também nesse ano que a responsabilidade social não
foi um fator preponderante para alcançar maiores resultados econômico-financeiros,
pois as empresas que não se destacaram por essas ações conseguiram obter
médias semelhantes as das empresas modelo de responsabilidade social na maioria
dos índices analisados.
Procedendo-se a análise no ano de 2004, têm-se:
No setor de Metalurgia, sub-setor de Aço, as empresas Acesita-MG e Belgo Mineira-
MG foram destaques nesse ano e tiveram como resultados: o EBITDA rejeita a
hipótese Ho; a NCG aceita Ho; a Incidência Tributária também aceita Ho; já a
33
Margem de Lucro rejeita Ho; o Giro dos Ativos aceita Ho; o Endividamento rejeita
Ho; e o Retorno Sobre o Capital também rejeita Ho.
No setor de Higiene e Limpeza, sub-setor de Perfumarias, a empresa Natura-SP foi
destaque como socialmente responsável e obteve: EBITDA aceita a hipótese Ho; a
NCG rejeita Ho; a Incidência Tributária também rejeita Ho; a Margem de Lucro
aceita Ho; o Giro dos Ativos rejeita Ho; assim como o Endividamento, que também
rejeita Ho; o Retorno Sobre o Capital rejeita Ho.
No setor de Papel e Celulose, sub-setor de Papel e Celulose, destacou-se como
socialmente responsável a empresa Suzano-SP e o EBITDA apresentou resultados
que rejeita a hipótese Ho; a NCG aceita Ho; a Incidência Tributária rejeita Ho; a
Margem de Lucro aceita Ho; o Giro dos Ativos também aceita Ho; o Endividamento
rejeita Ho; e o Retorno Sobre o Capital também rejeita Ho.
No setor de Alimentos, sub-setor de Conglomerados Alimentícios, a Perdigão-SP foi
a empresa socialmente responsável e os resultados foram: o EBITDA rejeita a
hipótese Ho; a NCG aceita Ho; a Incidência Tributária rejeita Ho; a Margem de Lucro
também rejeita Ho; assim como o Giro dos Ativos, que rejeita Ho; o Endividamento é
outro que rejeita Ho; e, finalmente, o Retorno Sobre o Capital rejeita Ho.
No setor de Comércio Varejista, sub-setor de Supermercados, o Pão de Açúcar-SP
foi a empresa socialmente responsável em 2004 e apresentou: o EBITDA aceita a
hipótese Ho; a NCG rejeita Ho; a Incidência Tributária aceita Ho; já a Margem de
Lucro rejeita Ho; o Giro deos Ativos aceita Ho; o Endividamento também aceita H0; e
o Retorno Sobre o Capital rejeita Ho.
No setor de Química, sub-setor de Diversos, a Basf-SP foi a empresa socialmente
responsável e mostrou que: o EBITDA rejeita a hipótese Ho; a NCG aceita Ho; a
Incidência Tributária rejeita Ho; a Margem de Lucro também rejeita Ho; o Giro dos
Ativos aceita Ho; o Endividamento rejeita Ho; e o retorno Sobre o Capital aceita Ho.
O quadro 4 mostra os resultados de 2004:
34
Quadro 4 - Resultados da comparação dos indicadores empresas modelo x não modelo de responsabilidade social 2004
EMPRESA SETOR SUBSETORINDICADORES
I.1 I.2 I.3 I.4 I.5 I.6 I.7Acesita Metalurgia Aço Ac Ac Ac Rj Ac Rj RjBelgo Mineira Metalurgia Aço Ac Ac Ac Rj Ac Rj RjNatura Higiene Limpeza Perfumarias Ac Rj Rj Ac Rj Rj RjSuzano Papel e Celulose Papel e Celulose Rj Ac Rj Ac Ac Rj RjPerdigão Alimentos Conglomerados Rj Ac Rj Rj Rj Rj RjPão de Acúcar Com. Varejista Supermercados Ac Rj Ac Rj Ac Ac RjBasf Química Diversos Rj Ac Rj Rj Ac Rj AcLegenda: I.1 – EBITDA; I.2 – NCG; I.3 – Incidência Tributária; I.4 – Margem de Lucro; I.5 – Giro
dos Ativos; I.6 – Endividamento; I.7 – Retorno sobre Capital. “Ac”- Aceita; “Rj” – Rejeita.
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2004)
No ano de 2004, após apurar todas as médias, percebeu-se que para o EBITDA, as
empresas Natura-SP e Pão de Açúcar-SP aceitam a hipótese Ho. Enquanto isso, as
empresas Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Suzano-SP, CPFL-SP, Perdigão-SP e
Basf-SP rejeitam a hipótese Ho para esse índice.
Para a NCG, as empresas Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Suzano-SP, CPFL-SP,
Perdigão-SP e Basf-SP aceitam a hipótese Ho. Natura-SP e Pão de Açúcar-SP
rejeitam a hipótese Ho.
Na Incidência Tributária, aceitam a hipótese Ho: Acesita-MG, Belgo Mineira-MG,
CPFL-SP, Pão de Açúcar-SP. Rejeitam a hipótese Ho para esse índice as empresas
Natura-SP, Suzano-SP, Perdigão-SP e Basf-SP.
Com relação à Margem de Lucro, tivemos as empresas Natura-SP e Suzano-SP que
aceitam a hipótese Ho. As empresas Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, CPFL-SP,
Perdigão-SP, Pão de Açúcar-SP e Basf-SP rejeitam a hipótese Ho. Já no Giro dos
Ativos, aceitam a hipótese Ho as empresas Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Suzano-
SP, Pão de Açúcar-SP e Basf-SP. Rejeitam a hipótese Ho as empresas Natura-SP,
CPFL-SP e Perdigão-SP.
35
No Endividamento, somente o Pão de Açúcar-SP aceita a hipótese Ho. Todas as
demais empresas (Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Natura-SP, Suzano-SP, CPFL-
SP, Perdigão-SP e Basf-SP) rejeitam a hipótese Ho.
Para o Retorno Sobre o Capital, a CPFL-SP e a Basf-SP aceitam a hipótese Ho. A
Acesita-MG, Belgo Mineira-MG, Natura-SP, Suzano-SP, Perdigão-SP e Pão de
Açúcar-SP rejeitam a hipótese Ho.
Em 2004, apurados os índices econômico-financeiros, em 29% “aceita a hipótese
Ho”, ou seja, as empresas não socialmente responsáveis tiveram resultados
semelhantes às empresas modelo. Em 14%, estatisticamente o número de
empresas que aceitam Ho é igual ao número que rejeitam Ho. Nos 57% restantes,
predominou “rejeita Ho”, significando que as empresas modelo de responsabilidade
social tiveram resultados diferentes das empresas não modelo de responsabilidade
social, como demonstra o gráfico:
25%13%
63%
25%
75%
25%50%
75%87%
37%
75%
25%
75%50%
EBITDA
NCG
Incid. T
ribut.
Marg
em Lucro
Giro Ativ
os
Endivi
damen
to
Retorno
Capita
l
Indicadores
% E
mpr
esas
Aceita Ho Rejeita Ho
Gráfico 4 – Médias do resultado da comparação dos indicadores em 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2004)
Em 2004, observando o gráfico supões-se que, assim como em 2001, a
responsabilidade social pode ter sido um fator que levou as empresas que destacam
36
por essa atuação a terem resultados econômico-financeiros superiores aos daquelas
que não são modelo de responsabilidade social, como afirma TSOUTSOURA (2004)
em sua pesquisa.
Procedendo a análise de cada indicador, individualmente, e sua evolução ano a ano,
têm-se:
71% 80% 83%
25%29% 20% 17%
75%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceita Rejeita
Gráfico 5 – Médias do EBTIDA de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
Analisando o gráfico sobre as Médias do EBITDA observa-se que dos quatro anos
apurados, 75% desse período apresentaram a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as
médias das empresas socialmente responsáveis são semelhantes às médias das
empresas não modelo de responsabilidade social. Em 25% do mesmo período,
apresentou a hipótese “Rejeita Ho”, em que as médias das empresas socialmente
responsáveis são diferentes das médias das empresas não modelo de
responsabilidade social.
17%
60%
83%75%
83%
40%
17%25%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceit a Rejeit a
37
Gráfico 6 – Médias da NCG de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
Sobre as Médias da NCG observa-se que dos quatro anos apurados, 75% desse
período apresentaram a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as médias das empresas
socialmente responsáveis são semelhantes às médias das empresas não modelo de
responsabilidade social. Em 25% do mesmo período, apresentou a hipótese “Rejeita
Ho”, em que as médias das empresas modelo de responsabilidade social são
diferentes das médias das empresas não modelo de responsabilidade social.
33%
67% 71%
50%
67%
33% 29%
50%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceit a Rejeit a
Gráfico 7 – Médias da Incidência Tributária de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
O Gráfico das Médias da Incidência Tributária supôs que em 50% do período
analisado, apresentou a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as médias das empresas
socialmente responsáveis são semelhantes às médias das empresas não modelo de
responsabilidade social. Em 25%, as médias das empresas modelo de
responsabilidade social foram diferentes das demais, ou seja, apresentou a hipótese
“Rejeita Ho”. Nos 25% restantes, a avaliação ficou nula.
38
57%70% 70%
25%
43%30% 30%
75%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceita Rejeita
Gráfico 8 – Médias da Margem de Lucro de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
Com relação às Médias da Margem de Lucro, supõe-se que em 75% do período
analisado, apresentou a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as médias das empresas
socialmente responsáveis são semelhantes às médias das empresas não modelo de
responsabilidade social. Em 25%, as médias das empresas modelo de
responsabilidade social foram diferentes das demais, ou seja, apresentou a hipótese
“Rejeita Ho”.
43%
60%71%
63%57%
40%29%
37%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceita Rejeita
Gráfico 9 – Médias do Giro dos Ativos de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
O Gráfico das Médias do Giro dos Ativos mostra que em 75% do período analisado,
apresentou a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as médias das empresas socialmente
39
responsáveis são semelhantes às médias das empresas não modelo de
responsabilidade social. Em 25%, apresentou a hipótese “Rejeita Ho”, ou seja, as
médias das empresas modelo de responsabilidade social foram diferentes das
demais.
43%60%
71%
13%
57%40%
29%
87%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceit a Rejeit a
Gráfico 10 – Médias de Endividamento de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
Sobre as Médias do Endividamento observa-se que dos quatro anos apurados, 50%
desse período apresentaram a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as médias das
empresas socialmente responsáveis são semelhantes às médias das empresas não
modelo de responsabilidade social. Nos 50% restantes do mesmo período,
apresentou a hipótese “Rejeita Ho”, em que as médias das empresas modelo de
responsabilidade social modelo de responsabilidade social são diferentes das
médias das empresas não modelo de responsabilidade social.
17%
80% 83%
25%
83%
20% 17%
75%
2001 2002 2003 2004
Anos
% E
mpr
esas
Aceit a Rejeit a
Gráfico 11 – Médias Retorno Sobre o Capital de 2001 a 2004
40
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
A respeito das Médias do Retorno Sobre o Capital, supõe-se que dos quatro anos
apurados, 50% desse período apresentaram a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as
médias das empresas modelo de responsabilidade social são semelhantes às
médias das empresas não modelo de responsabilidade social. Nos 50% restantes do
mesmo período, apresentou a hipótese “Rejeita Ho”, em que as médias das
empresas socialmente responsáveis são diferentes as médias das empresas não
modelo de responsabilidade social.
A seguir, o gráfico consolidado das médias dos indicadores das empresas nos
quatro anos analisados:
53%47%
66%59% 57% 59% 59%
43%47%53%
41%41%34%41%
EBITDA
NCG
Incid. T
ribut.
Margem Giro
Endivi
dament
o
Retorno
Indicadores
% E
mpr
esas
Aceita Rejeita
Gráfico 12 – Médias gerais e consolidadas do resultado da comparação dos indicadores de 2001 a 2004
FONTE: ANUÁRIO BALANÇO ANUAL GAZETA MERCANTIL (2001, 2002, 2003, 2004)
Procedendo a análise do gráfico consolidado, observa-se que em 86% dos
indicadores avaliados, foi apresentada a hipótese “Aceita Ho”, ou seja, as médias
das empresas modelo de responsabilidade social foram semelhantes as das
41
empresas não modelo de responsabilidade social. Em 14%, foi apresentada a
hipótese “Rejeita Ho”, mostrando que as médias das empresas socialmente
responsáveis foram superiores as das empresas não socialmente responsáveis.
CONCLUSÃO E SUGESTÕES
O objetivo dessa pesquisa foi analisar e avaliar se o comportamento socialmente
responsável das empresas modelo faz com que essas obtenham resultados
econômico-financeiros superiores aos das empresas que não se destacam pela
atuação socialmente responsável. Essa análise se deu pela aplicação de um teste
estatístico, comparando-se as médias dos indicadores econômico-financeiros das
empresas já citadas.
Respondendo o objetivo e o problema, a pesquisa realizada, cujos resultados foram
mostrados ao longo do trabalho, verificou que, estatisticamente, as empresas
modelo de responsabilidade social não alcançaram um desempenho econômico-
financeiro maior que o das empresas não modelo de responsabilidade social durante
o período avaliado.
No total dos indicadores avaliados, 57% dos resultados apontaram médias
semelhantes entre as empresas modelo de responsabilidade social e as empresas
não modelo de responsabilidade social. Em 43% desses mesmos indicadores, as
empresas socialmente responsáveis tiveram médias superiores às demais
empresas.
Diante dos resultados, conclui-se, numa visão geral, que estatisticamente a
responsabilidade social não foi um fator diferencial para obtenção de melhores
resultados. Das hipóteses propostas pelo teste estatístico, foi aceita a hipótese “H0”,
que representa que as médias das empresas modelo de responsabilidade social são
iguais às médias das empresas não modelo de responsabilidade social.
42
Depois de observadas todas as conclusões referentes à pesquisa, e por estas terem
apresentado um resultado em que a responsabilidade social não influência
diretamente nos resultados das empresas, não poderíamos aplicar isso o fato de
que as empresas não devam investir em responsabilidade social.
A empresa socialmente responsável deve apoiar projetos sociais
independentemente dos resultados obtidos. Somente assim, tornam-se verdadeiras
empresas-cidadãs, gerando consumidores responsáveis e buscando continuamente
a solução ou, ao menos, a diminuição das carências sociais existentes.
É imprescindível que as empresas e as pessoas estejam dispostas a colaborar com
sua parte, para que todos tenham melhores oportunidades, garantindo o diálogo, a
participação e, conseqüentemente, o resgate da cidadania.
Para dar um prosseguimento aos estudos dessa pesquisa e como sugestões para
melhor avaliar os resultados obtidos poderiam ser feitos estudos futuros, tais como:
• Pesquisas com amostras maiores em períodos mais extensos;
• Pesquisas de campo com consumidores;
• Estudos de caso de empresas avaliando os resultados anteriores e posteriores
às práticas de responsabilidade social;
• Analisar diferentes indicadores de avaliação econômico-financeira como:
índices de liquidez, EVA e MVA;
• Analisar Balanços Sociais e DVA (Demonstração do Valor Adicionado);
• Análise dos benefícios sociais gerados pelas empresas cidadãs socialmente
responsáveis para a comunidade em que estão inseridas.
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