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NVEL TECNOLGICO E COMPETITIVIDADE DA PRODUO DE MEL DE
ABELHAS (Apis mellifera) NO CEAR
Dbora Gaspar Feitosa Freitas
Dissertao submetida Coordenao do Programa de Ps-Graduao em Economia Rural, do
Departamento de Economia Agrcola do Centro de Cincias Agrrias, como requisito parcial
para obteno do ttulo de Mestre.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR
FORTALEZA CEAR
2003
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ii
ii
Esta dissertao foi submetida Coordenao do Programa de Ps-Graduao em
Economia Rural, como parte dos requisitos necessrios obteno do Ttulo de Mestre em
Economia Rural, outorgado pela Universidade Federal do Cear, e encontra-se disposio
dos interessados na Biblioteca do Departamento de Economia Agrcola da referidaUniversidade.
A citao de qualquer trecho desta dissertao permitida, desde que seja feita em
conformidade com as normas estabelecidas pela tica cientfica.
___________________________________Dbora Gaspar Feitosa Freitas
Dissertao aprovada em 24 de Fevereiro de 2003
____________________________________
Prof. Ahmad Saeed Khan, Ph.D.
Orientador
_____________________________________
Prof. Lcia Maria Ramos Silva, D.L
_____________________________________
Prof. Maria Goretti Serpa Braga, Ph.D.
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minha famlia,
em especial, ao meu Pai
Feitosa,
DEDICO
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iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo.
Universidade Federal do Cear, e em especial ao Departamento de Economia
Agrcola pela oportunidade de realizao deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), pela
concesso de financiamento, atravs da bolsa de estudos durante o curso.
Ao Professor Ahmad Saeed Khan pelo estmulo, orientao e dedicao.
A Professora Lcia Maria Ramos Silva, pelas sugestes, apoio e interesse no decorrer
deste trabalho.A Professora Maria Goretti Serpa Braga pelas valiosas contribuies e incentivo desde
o perodo da Graduao.
Aos demais professores do Departamento de Economia Agrcola, bem como a todos os
funcionrios, sem exceo.
Ao Professor Breno Magalhes Freitas do Departamento de Zootecnia da UFC, pelas
informaes tcnicas prestadas.
A Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Cear (EMATERCE), Sedesde Mombaa e Pacajs, pela receptividade e prontido em auxiliar na pesquisa de campo.
A Maria Aparecida Silva Oliveira e ao Jos Nilo de Oliveira Jnior pela
importantssima ajuda na coleta de dados no campo. Cida, tambm pela amizade e
companheirismo; e em especial, ao Nilo pelo precioso apoio em vrias fases deste trabalho.
Aos outros amigos do curso de Mestrado em Economia Rural: Gabriela, Sandra,
Monaliza, Snia, Rafael, Francisco de Assis, Fabiano, Celso, Josemar, e Otvio, pelas nossas
alegrias compartilhadas no decorrer do curso, principalmente s meninas pela nossa amizade.
Aos produtores de mel dos Municpios de Mombaa, Pacajus e Chorozinho, pela
imensa contribuio realizao deste trabalho.
A todos que contriburam de alguma forma para a realizao de mais uma etapa de
minha vida.
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SUMRIO
Lista de TABELAS viii
Lista de FIGURAS xiLista de TABELAS do APNDICE xii
Lista de FIGURAS do ANEXO xiii
RESUMO xiv
ABSTRACT xv
1 INTRODUO 01
1.1 O Problema e sua importncia 011.2 Objetivos 05
1.2.1 Objetivo geral 05
1.2.2 Objetivos especficos 05
2 ASPECTOS CONCEITUAIS 06
2.1 Consideraes sobre tecnologia 06
2.2 Competitividade 08
2.3 Consideraes sobre a Apicultura 10
2.3.1 Caractersticas do mel de abelhas 11
3 METODOLOGIA 13
3.1 rea geogrfica de estudo 13
3.2 Justificativa da rea de estudo 133.3 Levantamento de Dados 14
3.4 Tamanho da amostra 14
3.5 Definio e operacionalizao das variveis 15
3.5.1 Anlise de tecnologia 15
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vi
3.5.1.1 Equipamentos 16
3.5.1.2 Manejo 19
3.5.1.3 Colheita 25
3.5.1.4 Ps-colheita 263.5.1.5 Gesto 28
3.6 Mtodos de anlise 30
3.6.1 Anlise Tabular descritiva 30
3.6.2 Determinao do nvel tecnolgico 30
3.6.3 Competitividade 33
3.6.3.1 Determinao dos custos 343.6.3.2 Caracterizao das receitas 37
3.6.3.3 Anlise de rentabilidade 38
3.6.4 Relao entre nvel tecnolgico e competitividade 41
4 RESULTADOS E DISCUSSO 42
4.1 Caractersticas socioeconmicas 42
4.1.1 Idade 42
4.1.2 Escolaridade 43
4.1.3 Local de residncia 44
4.1.4 Orientao sobre a criao 45
4.1.5 Participao em organizaes sociais 46
4.1.6 Financiamento 47
4.1.7 Tempo de exerccio da atividade 48
4.1.8 Objetivo da atividade 494.1.9 Nmero de colmias 49
4.1.10 Sistema de criao de abelhas 50
4.2 Nvel tecnolgico 52
4.2.1 Tecnologia de uso de equipamentos 53
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vii
vii
4.2.2 Tecnologia de manejo 55
4.2.3 Tecnologia de colheita 58
4.2.4 Tecnologia de ps-colheita 61
4.2.5 Tecnologia da gesto 634.2.6 ndice tecnolgico geral da produo de mel 65
4.6.2.1 ndice referente s tecnologias de uso de equipamentos, manejo e
colheita (IG1) 65
4.2.6.2 Contribuio de cada tecnologia na composio do ndice (IG1). 66
4.2.6.3 ndice referente s tecnologias de uso de equipamentos, manejo,
colheita e ps-colheita (IG2). 68
4.2.6.4 Contribuio de cada tecnologia na composio do ndice (IG2). 684.2.6.5 ndice referente s tecnologias de uso de equipamentos, manejo,
colheita, ps-colheita e gesto (IG3) 70
4.2.6.6 Contribuio de cada tecnologia na composio do ndice (IG3). 70
4.2.7 Consideraes sobre o nvel tecnolgico empregado na produo
de mel 72
4.3 Determinao da receita e dos custos 75
4.4 Determinao dos indicadores de rentabilidade 78
4.5 Anlise de competitividade 81
4.6 Relao entre nvel tecnolgico e competitividade 85
5 CONCLUSES 87
6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 90
APNDICE 95
ANEXOS 99
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viii
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA Pgina
1 Variveis relativas tecnologia de uso de equipamentos 19
2 Variveis relativas tecnologia de manejo 24
3 Variveis relativas tecnologia de colheita 26
4 Variveis relativas tecnologia de ps-colheita 27
5 Variveis relativas tecnologia da gesto 29
6 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao idade 2002. 43
7 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao grau de
instruo - 2002. 44
8 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao local de
residncia 2002. 45
9 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao
orientao na criao de abelhas 2002. 46
10 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao
participao em organizaes sociais 2002. 47
11 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao obteno
de financiamento 2002. 48
12 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao tempo
que exerce a atividade 2002. 4813 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao
principal objetivo da atividade 2002. 49
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ix
ix
TABELA Pgina
14 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao nmero
de colmias - 2002. 50
15 Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao sistema
de criao de abelhas - 2002. 51
16 Distribuio relativa dos apicultores, segundo o padro
tecnolgico referente ao uso de equipamentos. 55
17 Distribuio relativa dos apicultores, segundo o padro
tecnolgico referente a manejo. 58
18 Distribuio relativa dos apicultores, segundo o padrotecnolgico referente colheita. 60
19 Distribuio relativa dos apicultores, segundo o padro
tecnolgico referente ps-colheita. 62
20 Distribuio relativa dos apicultores, segundo o padro
tecnolgico referente gesto. 65
21 Contribuio das tecnologias de equipamentos, manejo e colheita
na composio do ndice geral (IG1). 67
22 Contribuio das tecnologias de equipamentos, manejo, colheita
e ps-colheita na composio do ndice geral (IG2). 69
23 Contribuio das tecnologias de equipamentos, manejo, colheita,
ps-colheita e gesto na composio do ndice geral (IG3). 71
24 Variaes dos nveis tecnolgicos, segundo os ndices obtidos
para as tecnologias em estudo nos Municpios de Mombaa,Pacajus e Chorozinho. 74
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x
x
TABELA Pgina
25 Receita e custo de produo (100 kg) de mel de abelhas (Apis
mellifera). 77
26 Indicadores de rentabilidade da produo de 100 kg de mel de
abelhas(Apis mellifera). 80
27 Indicadores relacionados competitividade entre os produtores de
mel nos Municpios de Pacajus e Chorozinho 2002. 82
28 Indicadores relacionados competitividade entre os produtores de
mel no Municpio de Mombaa - 2002 84
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xi
xi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA Pgina
1 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices
relacionados ao uso de equipamentos, no Municpio de Mombaa. 53
2 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices
relacionados ao uso de equipamentos, nos Municpios de Pacajus
e Chorozinho. 54
3 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes tecnologia de manejo, no Municpio de Mombaa. 56
4 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes
tecnologia de manejo nos Municpios de Pacajus e Chorozinho. 57
5 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes
tecnologia de colheita, no Municpio de Mombaa. 59
6 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes
tecnologia de colheita, nos municpios de Pacajs e Chorozinho. 60
7 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes
tecnologia de ps-colheita, no Municpio de Mombaa. 61
8 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes
tecnologia de ps-colheita, nos Municpios de Pacajs e
Chorozinho. 62
9 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes tecnologia da gesto, no Municpio de Mombaa. 63
10 Freqncia relativa dos produtores, segundo os ndices referentes
tecnologia da gesto, nos Municpios de Pacajus e Chorozinho. 64
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xii
LISTA DE TABELAS DO APNDICE
TABELA Pgina
A1 ndices tecnolgicos dos produtores de mel no Municpio de
Mombaa. 96
A2 ndices tecnolgicos dos produtores de mel nos Municpios de
Pacajus e Chorozinho. 97
A3 Regresso do lucro operacional em funo do nvel tecnolgicodos produtores de mel de abelhas. 98
A4 Regresso do lucro operacional em funo do nvel tecnolgico
dos produtores de mel de abelhas. 98
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xiii
xiii
LISTA DE FIGURAS DO ANEXO
FIGURA Pgina
A1 Apirio. 100
A2 Apicultores manejando a colmia. 100
A3 Partes de uma colmia. 101
A4 Desoperculao dos favos de mel. 101
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xiv
RESUMO
O presente estudo procurou analisar a apicultura no Estado do Cear, enfocando a produo demel de abelhas (Apis mellifera) nos principais Municpios produtores do Estado, mais
precisamente fazendo uma anlise do nvel tecnolgico empregado na produo, bem como
avaliando a rentabilidade da atividade e a competitividade em termos de eficincia dos
produtores, e, por fim a relao do nvel tecnolgico com a competitividade. A pesquisa se
realizou atravs de coleta de dados primrios por meio de entrevistas diretas com os
produtores nos Municpios de Mombaa, Pacajs e Chorozinho Estado do Cear Brasil -
no ms de outubro de 2002. Para avaliao do nvel tecnolgico, dividiu-se o sistema de
produo de mel em cinco componentes: uso de equipamentos, manejo, colheita, ps-colheita
e gesto; da foram desenvolvidos ndices tecnolgicos para cada um separadamente e para o
conjunto deles, com base na respectiva tecnologia recomendada, sendo que, quanto mais
prximo da tecnologia recomendada, maior o valor deste ndice e, portanto, melhor o nvel
tecnolgico. A avaliao da rentabilidade foi feita utilizando-se a metodologia do Sistema
Integrado de Custos Agropecurios CUSTAGRI, e a competitividade teve a abordagem onde
utilizou-se os indicadores de eficincia como preos, custos e lucratividade. Para verificar a
relao entre o nvel tecnolgico e a competitividade utilizou-se uma regresso simples pelomtodo dos mnimos quadrados ordinrios MQO, onde a competitividade foi analisada
como varivel dependente do nvel tecnolgico. Os principais resultados obtidos mostram que
o nvel tecnolgico dos produtores de mel considerado bom, sendo que na ps-colheita
apresenta melhores ndices, enquanto na gesto foram encontrados os mais baixos ndices. No
que se refere a rentabilidade, a produo de mel uma atividade muito rentvel, envolvendo
baixos custos e podendo chegar a elevados ndices de lucratividade. Os nveis tecnolgicos
influenciam positivamente a competitividade.
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xv
xv
ABSTRACT
The present study aimed to analyze the beekeeping in the State of Cear focusing the honey
production in the main municipal districts producing of the State, precisely making an analysis
of the technological level employed in the production, as well as evaluating the profitability of
the activity and the competitiveness in terms of efficiency of the producers, and finally the
relationship of technological level and competitiveness. The research took place through
collection of primary data through direct interviews with the producers in the municipal
districts of Mombaa, Pacajs e Chorozinho State of Cear, during October 2002. Toevaluate technological level, the honey production system was separated in five technologies:
equipments, management, harvest, after-harvest and administration; then technological
indexes were developed separately for each technology and for their group, based on the
respective recommended technology, where the more close of the recommended technology,
higher is the value of this index and, therefore better the technological level. The evaluation of
the profitability was made by using the methodology of the Integrated System of Agricultural
Costs - CUSTAGRI, and for competitiveness analysis it was used the efficiency indicators as
prices and costs, and profitability indicators as operational profit and profitability index. To
verify the relationship between the technological level and the competitiveness a simple
regression it was used by the method of the Ordinary Square Minimum - MQO, where the
competitiveness was analyzed as variable dependent of the technological level. The main
obtained results shows that the technological level of honey production is considered good,
and the technology of after-harvest presents better indexes, while in the technology of
administration, was found the lowest indexes. Concerning to the profitability, the honey
production is a profitable activity, involving low costs and could arrive high profitabilityindexes. The technological levels influence the competitiveness positively.
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1 INTRODUO
1.1 O Problema e sua Importncia
Assim como no Brasil, o Cear vem desenvolvendo novas relaes de trabalho no meio
rural, onde atividades no agrcolas so combinadas com as atividades agropecurias, como
forma de manuteno do homem no campo, aumentando sua renda e ocupao.
O emprego em atividades antes tidas como hobbies, como piscicultura, apicultura,
floricultura, turismo rural, entre outras, ganha nova dimenso nesta ltima dcada e assumeimportante papel na reduo da pobreza e desenvolvimento no meio rural (GRAZIANO DA
SILVA, 1996).
A apicultura uma atividade de grande importncia, pois apresenta uma alternativa de
ocupao e renda para o homem do campo. uma atividade de fcil manuteno e de baixo
custo inicial em relao s demais atividades agropecurias.
Esta atividade desperta muito interesse em diversos segmentos da sociedade por se
tratar de uma atividade que corresponde ao trip da sustentabilidade: o social, o econmico e o
ambiental. O social por se tratar de uma forma de gerao de ocupao e emprego no
campo.Quanto ao fator econmico, alm da gerao de renda, h a possibilidade de obteno
de bons lucros, e na questo ambiental pelo fato de as abelhas atuarem como polinizadores
naturais de espcies nativas e cultivadas, preservando-as e conseqentemente contribuindo
para o equilbrio do ecossistema e manuteno da biodiversidade (PAXTON, 1995).
A apicultura uma atividade agropecuria que se refere criao racional5 de abelhas
do gnero Apis. No Brasil, a atividade vem sendo desenvolvida desde o sculo XIX, no
entanto, apenas em meados do sculo XX, ela toma um novo rumo com a introduo da abelhaafricana pelo cientista Dr. Warwick Kerr (WIESE, 1985) e na dcada de 1970, com o
desenvolvimento de novas tcnicas de manejo e introduo de novos equipamentos, a
5 A apicultura racional se refere atividade de criao de abelhas, onde se h um manejo conservador dessesanimais, ao contrrio da apicultura extrativa (predatria), que no adota nenhuma tcnica de preservao e cujaprincipal finalidade a extrao dos produtos advindos da colmia (VILELA, 2000).
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2
atividade passa a ter maior capacidade produtiva, marcando assim o incio de um trabalho
voltado prioritariamente para o mercado.
Os principais produtos obtidos e comercializados da atividade apcola so o mel, a
cera, a prpolis, a gelia real e o veneno (apitoxina). H tambm um segmento da apiculturaque vem se desenvolvendo ao longo dos ltimos anos, que o de servios de polinizao, em
que as colmias so alugadas para produtores de outra cultura agrcola com a finalidade de
aumento da produo desta cultura (FREITAS, 1998).
O mel considerado o produto apcola mais fcil de ser explorado, sendo tambm o
mais conhecido e aquele com maiores possibilidades de comercializao. Alm de ser um
alimento, tambm utilizado em indstrias farmacuticas e cosmticas, pelas suas conhecidas
aes teraputicas.Por ser um produto de origem natural, o mel vem a cada dia despertando mais o
interesse de consumidores que buscam uma alimentao saudvel e livre de contaminaes,
principalmente dos adeptos de produtos orgnicos.
Por essas razes, e ainda pelos bons preos alcanados pelos produtos apcolas e pela
facilidade de manejo da atividade em relao s demais atividades agropecurias, a apicultura
vem se expandindo a cada ano, principalmente na regio Nordeste do Brasil, onde o clima e a
vegetao nativa favorecem a atividade (SEBRAE, 1999).
O Brasil um grande produtor de mel, mas possui ainda enorme potencial a ser
explorado, o que o coloca em 10 lugar no ranking da produo mundial no ano de 2001,
quando sua produo chegou a 20 mil toneladas. Os principais produtores so, por ordem de
volume de produo: a China, que produziu 200 mil toneladas; Unio Europia, com 132 mil
toneladas; Rssia, produtora de 125 mil toneladas, e a Argentina, com 80 mil toneladas. A
China exporta quase metade do mel produzido, e a Argentina comercializa para fora do pas
quase toda a produo. Estes dois pases so os principais fornecedores de mel no mercado
internacional.O mercado apcola nacional movimenta cerca de 360 milhes de dlares anuais e h
estimativas, com o crescimento da atividade de que, num curto prazo, este setor movimente
mais de 1 bilho de dlares anuais.
No primeiro semestre do ano de 2002, constatou-se que no Brasil, os grandes Estados
produtores ainda concentravam-se nos trs estados do sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina
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e Paran que apresentam maiores volumes de produo (CONFEDERAO BRASILEIRA
DE APICULTURA, 2002). No entanto, a regio Nordeste apresenta grande potencial
produtivo, principalmente em virtude das condies climticas e de vegetao, e vem
recebendo investimentos da ordem de 70 milhes de reais para o desenvolvimento daapicultura; o Banco do Nordeste (BNB), vem investindo na atividade como uma alternativa de
gerao de renda no campo.
O Estado do Cear aparece nas estatsticas do IBGE como o segundo maior produtor
de mel de abelhas da regio Nordeste, participando com cerca de 25 % da produo, e ainda
com grande potencial de crescimento, ficando atrs do Estado do Piau que detm quase 50%
da produo na Regio nordestina.
No Cear, destacam-se como principais municpios produtores em volume deproduo: Alto Santo, Santana do Cariri, Limoeiro do Norte, Crato, Chorozinho, Pacajus,
Mombaa. Alguns destes municpios tiveram um incremento na produo nestes ltimos cinco
anos, em decorrncia dos incentivos recebidos atravs de financiamentos de algumas
instituies para incio e desenvolvimento da atividade melfera, apoiados pelo Projeto
Rainha6, o qual tinha como principais objetivos incentivar a criao de abelhas e a produo
de mel no Estado.
No ano de 2002, o Estado do Cear destacou-se entre os demais por exportar o mel
para alguns pases da Europa, principalmente para a Alemanha, que afirmou acordo com
alguns municpios do Estado. Essa maior insero no mercado internacional decorreu
principalmente do aumento da demanda de mel neste mercado, ocasionado pela rejeio do
mel proveniente da China e Argentina, os principais fornecedores no mercado internacional,
em razo do produto estar contaminado. Desta forma, o mel brasileiro ganhou mais espao no
mercado internacional e principalmente o nordestino, por se tratar de um mel proveniente de
floradas silvestres livres de agrotxicos.
Alm da maior demanda e pelos bons preos alcanados pelo produto no ltimo ano, aatividade desperta grande interesse por se tratar de uma atividade que no exige muito tempo,
6 O Projeto Rainha era uma parceria entre a Cooperativa dos Criadores de Abelhas Melferas do Cear COOPERMEL, o SEBRAE-CE, e o Banco do Nordeste do Brasil - BNB. Considerado um grande programaapcola atuou em cerca de 50 municpios do Estado, proporcionando financiamento por meio de convnio doBNB com associaes comunitrias. Tratava-se de um programa que tinha por objetivos transformar o pequenoprodutor rural em produtor racional de mel, gerando renda e emprego no campo (SEBRAE, 1999).
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4
nem requer muita sofisticao em termos tecnolgicos. Apesar de existirem inovaes de
equipamentos e tcnicas, que sem dvida ajudam bastante na melhoria da atividade, a
produtividade na apicultura est relacionada principalmente ao manejo adequado e s
condies da flora apcola e, adicionada s novas tcnicas e eficincia na comercializao, afazem destaque dentre as atividades agropecurias.
Segundo VILELA (2000), seguindo-se a tecnologia recomendada na produo e
comercializando o mel de maneira adequada, espera-se alta rentabilidade na atividade
principalmente se comparada aos demais negcios agropecurios.
Tendo em vista a importncia e a potencialidade da apicultura no Estado, considera-se
importante a realizao de estudos que permitam conhecer e avaliar o nvel tecnolgico dos
produtores de mel nos principais municpios produtores no Estado do Cear, seu perfilsocioeconmico, a rentabilidade da atividade e analisar a competitividade destes produtores.
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Estudar a produo de mel de abelhas no Estado do Cear.
1.2.2 Objetivos Especficos
a) Caracterizar os produtores de mel nos municpios selecionados no Cear.
b) Verificar o nvel tecnolgico empregado pelos produtores de mel no Estado.
c) Determinar a rentabilidade da apicultura no Cear.
d) Analisar a competitividade entre os produtores de mel no Cear.
e) Verificar a relao entre competitividade e nvel tecnolgico da produo de mel.
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2 ASPECTOS CONCEITUAIS
2.1 Consideraes sobre Tecnologia
A tecnologia desempenha importante papel dentro da linha de pensamento econmico
ao longo do tempo. As teorias que procuram explicar sua importncia para o crescimento
econmico no so recentes, pois, desde a poca dos economistas clssicos, a teoria
econmica j refletia tal fato, revelando que as inovaes tecnolgicas so um condicionante
fundamental do desenvolvimento econmico.
ADAM SMITH (1983) em seu livroA Riqueza das Naes, enfatizou que as mudanas
tecnolgicas associadas ao processo de diviso do trabalho so fatores determinantes doaumento da produtividade, sobretudo na manufatura. Ainda que no setor agrcola, tambm
fosse possvel esse aprimoramento, na viso de Smith, eles so de menor intensidade do que
nas manufaturas.
J o outro economista clssico, DAVID RICARDO, mostrou-se a princpio um tanto
pessimista quanto s possibilidades de crescimento da economia, por no acreditar que os
progressos tecnolgicos pudessem trazer impactos significativos e sustentveis na
produtividade agrcola, embora mais tarde Ricardo tenha observado que umas das
possibilidades da economia escapar da estagnao fosse o progresso tecnolgico, que poderia
aumentar tanto a produtividade do trabalho como da terra (SILVA, 1995).
MARX considera que a adoo das inovaes tecnolgicas motivada pela
competio entre os capitalistas e responsvel pela dinmica do processo de acumulao,
sendo a manufatura e a indstria as maiores beneficirias, pois apresentam maior dinamismo
do que a agricultura nesse progresso tecnolgico, no sentido de alterar substancialmente seu
processo produtivo (SOUZA, 2000).
Na Teoria do Desenvolvimento Econmico, SCHUMPETER defende a tecnologiacomo elemento essencial da dinmica capitalista, e analisa o processo de transformao que
essa economia aufere quando se introduz uma inovao tecnolgica radical em seu processo
de produo (SILVA, 1995). O autor declara que a tecnologia a responsvel por mudanas
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no comportamento dos agentes econmicos, realocao de recursos, destruio dos mtodos
tradicionais de produo e mudana qualitativa na estrutura econmica.
Entre essas mudanas, Schumpeter mencionou que a inovao tecnolgica um
fenmeno puramente econmico da histria do capitalismo, e elaborou a teoria da inovao,que em linhas gerais defende que, para que esta transforme o sistema econmico, necessrio
que os empreendedores surjam em blocos e no distribudos de maneira uniforme ao longo do
tempo; revela ainda que o xito do empreendimento que induzir o ingresso de outros
empreendedores, difundindo, assim, a inovao, o que caracterizou a diviso da teoria em trs
etapas: inveno, inovao e difuso.
J a Teoria Neoclssica no se aprofundou nos assuntos relacionados tecnologia at
meados da dcada de 1950, quando os autores em seus modelos de crescimento econmicoenfatizavam a terra, capital e trabalho, e, apesar de reconhecer o progresso tecnolgico, este
no era includo formalmente no modelo. HICKS citado por SOUZA (2000), tratou da
inovao tecnolgica em relao ao trabalho, acreditando que no haveria razo para achar
que as inovaes fossem por elas mesmas poupadoras de trabalho, mas que os empresrios
tenderiam a buscar inovaes que lhes poupassem mo-de-obra para compensar aumentos nos
seus custos; tambm formulou uma teoria em que as inovaes eram consideradas como
induzidas pela escassez relativa dos fatores de produo.
Nos trabalhos de Schumpeter e Hicks, destacaram-se importantes conceitos, como
inovao transformadora da estrutura produtiva e inovao induzida, caracterizando os
chamados modelos pontuais. De igual importncia foram os modelos de economia dual, que
colocaram a modernizao do setor agrcola atravs da adoo de inovaes tecnolgicas
como condio necessria ao desenvolvimento da economia.
A dualidade tecnolgica consiste no fato de existir, numa mesma regio, produtores
que empregam modernas tcnicas de produo, enquanto h outros com reduzido nvel
tecnolgico.A adoo de novas tecnologias pode elevar os nveis de produtividade de uma empresa,
seja ela agrcola ou no, beneficiando positivamente a economia. Embora as novas tecnologias
sejam de conhecimento dos produtores, nem todos a adotam, muitas vezes por fatores
socioeconmicos relacionados (KHAN et all, 1991).
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Nos ltimos anos, a revoluo tecno-cientfica ocorrida principalmente no ramo das
Telecomunicaes e Informtica, Qumica e Gentica, revolucionou todos os ramos da
Economia, principalmente a atividade agrcola (MIRANDA, 2001).
A atividade agrcola tambm foi alvo de impactos diante da incorporao de inovaesmecnicas, qumicas e genticas na sua base produtiva. Essas inovaes refletiam nas
empresas, onde foram observadas a substituio de equipamentos e incorporao de novos
modos de administrao de trabalho e organizao da produo.
De acordo com MIRANDA (2001), h tambm uma linha relativamente nova de
pensamento que enfoca que as empresas em geral contam com um processo inovativo em
tecnologia, quando implementam aes estratgicas, expressando a incorporao tecnolgica
em termos de eficincia produtiva, diversificao de produtos, gesto, controle de qualidade eplanejamento estratgico.
H ainda uma linha de pesquisa que trata da capacidade das empresas em se apropriar
de avanos tecnolgicos como forma de estratgia de competitividade nos mercados,
considerando que a constante inovao tecnolgica em uma empresa determina a criao ou
manuteno da competitividade desta numa regio (op. Cit.).
Segundo FARINA e ZYLBERSZTAJN (1998), a capacidade de ao estratgica e os
investimentos em inovao de processo e produto determinam a competitividade futura, pois
esto associados preservao e melhoria das vantagens competitivas dinmicas.
CALDAS (2000) admite que medida que se geram novos produtos, processos e
servios, inovam-se os j existentes e criam-se bases para promover a competitividade. Dessa
forma, para o autor, a freqente introduo de inovaes tecnolgicas e organizacionais em
uma empresa constitui fator determinante da criao e manuteno da competitividade de uma
indstria ou regio econmica.
2.2 Competitividade
Como a competitividade no um conceito esttico, ou seja, vem sendo redefinida de
acordo com as transformaes ocorridas nos mercados ao longo dos tempos, diversos autores
tm a maneira prpria de defini-la.
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Segundo AHEARN et al. (1990), no h uma teoria geral da competitividade, porque
este no um tema estritamente econmico, porm a competitividade possui um elemento-
chave no conceito econmico de comrcio, que a vantagem comparativa.
O conceito de vantagem comparativa muito utilizado em comrcio internacional, eest associado ao de utilidade social e medida da eficincia econmica com a qual um bem
produzido. Tambm h uma associao na anlise de vantagens comparativas com base nos
custos comparados, em que de acordo com o economista clssico Ricardo, cada pas deve se
especializar nas atividades produtivas em que a sua produtividade relativa, ou comparada, seja
maior.
No comrcio internacional, de acordo com o teorema de Heckscher-Ohlin-Samuelson
(H-O-S), que incorpora o conceito ricardiano de vantagens comparativas, a noo deprodutividade aparece como um prolongamento das vantagens comparativas e em geral so
sinnimos de competitividade internacional (SEREIA, 2002).
KUPFER (1991) define competitividade como a adequao das estratgias adotadas
pela firma em relao ao padro de concorrncia vigente na indstria considerada.
PERKINS (1987), citado por STULP (1993), atribui competitividade a capacidade de
dominar uma parcela do mercado. Dessa forma um pas ou empresa mais competitivo se
consegue aumentar a sua participao no mercado.
Segundo POSSAS e CARVALHO (1994), a noo de competitividade internacional
est limitada aos preos e custos, podendo estes ser tomados como indicadores, ou mesmo
fatores da competitividade internacional. Ressaltam ainda que, para que uma firma seja
competitiva, no suficiente deter vantagens estticas, mas preciso manter-se sempre
frente, recriando tais vantagens, devendo portanto ter conhecimento de tecnologia, investir em
pesquisa, em pesquisa e desenvolvimento (P&D), recursos humanos de alto nvel, etc.
Estudos da CEPAL (1995) classificaram os indicadores de competitividade em trs
grupos: preos relativos e custos unitrios de produo; participao das exportaes nosmercados externos e taxa de penetrao nos mercados internos; e comrcio, onde avaliada a
balana comercial.
HAGUENAUER et al (1996) definiram a competitividade como a capacidade de uma
empresa formular e implementar estratgias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou
conservar, de forma duradoura, uma posio sustentvel no mercado.
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FARINA e ZYLBERSZTAJN (1998) afirmam que, sob o ponto de vista das teorias de
concorrncia, a competitividade pode ser definida como a capacidade de sobreviver, ou
crescer em mercados correntes ou novos mercados, ou seja, a competitividade, de acordo com
essa definio, uma medida de desempenho das firmas individuais. Custos e produtividadeso indicadores de eficincia que explicam em parte a competitividade.
A definio microeconmica, segundo PAGANO (2001), associa a competitividade
aptido de uma empresa na produo e venda de determinado produto.
No enfoque macroeconmico, a competitividade est associada capacidade de
economias nacionais apresentarem resultados econmicos relacionados ao comrcio
internacional, como aceitabilidade dos produtos nacionais no mercado externo, aliados ao
desempenho e eficincia dos produtos nestes mercados.O conceito de eficincia, atravs dos indicadores de preos, custos e lucratividade foi o
utilizado neste trabalho.
2.3 Consideraes sobre a Apicultura
A apicultura a atividade correspondente criao racional de abelhas do gnero Apis,
da qual se pode obter vrios produtos, entre eles, o mel. Embora o mel de abelhas possa ser
obtido de vrias espcies de abelhas diferentes, aquele produzido por Apis mellifera constitui
quase que a totalidade do mel produzido e comercializado no Brasil e no Mundo. Isso decorre
da grande produtividade dessa espcie de abelha, da sua disperso pelo Globo e da excelente
adaptao s diversas condies climticas do Pas e do exterior (FREE, 1982; FREITAS,
1991).
A atividade melfera pode ser caracterizada em dois tipos: a extrativa e a racional. A
primeira consiste na extrao do mel de colnias silvestres, localizadas em troncos de rvores,
cupinzeiros e outros abrigos em seu ambiente natural, sem a preocupao em se preservar asabelhas. J a atividade conhecida como apicultura racional consiste na criao econmica de
abelhas em uma colmia, desenvolvida para esta finalidade, mas que procura aproximar-se dos
requerimentos naturais encontrados no habitat destes insetos, e cuja principal finalidade
explorar a produo de um ou mais produtos das abelhas; mel, cera, plen, prpolis, gelia
real, apitoxina (WIESE, 1985; VILELA, 2000).
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A atividade apcola requer baixo investimento inicial7 e de fcil instalao, bastando,
portanto, ter-se levado em considerao a escolha do local, o pasto apcola, facilidade de
acesso, fontes de gua, distribuio das colmias, sombreamento e outros detalhes que se no
observados podero comprometer a produo na apicultura (WIESE, 1985, COUTO &COUTO, 2002).
O sistema de produo de mel simples e pode ser divido em cinco partes:
equipamentos, manejo, colheita de mel, ps-colheita e gesto da produo. O processo
produtivo relaciona-se diretamente com o manejo, ou seja, os trabalhos realizados na colmia.
ele, juntamente com o pasto apcola, que influenciar diretamente na produo do mel. As
demais etapas correspondem proteo dos apicultores e cuidados aps a retirada dos
produtos que podero influenciar na comercializao e, portanto, na competitividade(SEBRAE, 1999).
A comercializao do mel feita diretamente do produtor ao consumidor, ou ainda
atravs de um intermedirio, que compra do produtor e repassa ao consumidor final. Entre
esses intermedirios podem ser citadas as cooperativas, que recebem o produto de vrios
produtores e, como detm maior volume de produo facilita a comercializao. O mel pode
ser vendido e comercializado de formas diversas: in natura, em favos, adicionados a ervas,
dentre outras, variando na sua apresentao de acordo com a embalagem (SEBRAE, op.cit).
2.3.1 Caractersticas do Mel de Abelhas
O mel um produto de origem natural obtido a partir do nctar das flores, que
elaborado e processado pelas abelhas, atravs da digesto dos acares e desidratao parcial
do nctar. Para as abelhas, o mel funciona como fonte de energia, por isso armazenado na
colmia. Elas o depositam nos alvolos dos favos e, quando o mel amadurece (retirada doexcesso de umidade), ele operculado (quando as abelhas fecham com uma capa de cera)
(FREITAS, 1999).
7 Se comparada a outras atividades agropecurias, a apicultura requer um baixo investimento inicial, em torno deR$ 10.000 para 100 colmias, e uma taxa esperada de retorno de 277% em 6 anos (VILELA, 2000).
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Quando o mel est operculado, j se pode colh-lo, garantindo-se que no fermentar, a
menos que no ocorram condies de higiene adequadas. A colheita de mel simples: em uma
colmia, aps a verificao de grande parte dos alvolos operculados (no mnimo 2/3),
retiram-se os favos da melgueira, os quais so levados para um local de extrao, para seremdesoperculados, em seguida centrifugados, filtrados e decantados.
Esse o procedimento ideal para melhor aproveitamento do mel produzido na colmia.
Considerado de alto valor nutritivo, o mel de abelhas um alimento composto
principalmente de acares - sacarose, frutose e glicose - contendo tambm sais minerais,
aminocidos, enzimas e algumas vitaminas. Como sua composio de quase 80% de
acares, de alto valor energtico, pois cada quilo corresponde a 3.395 calorias (COUTO &
COUTO, 2002).Em sua forma lquida, o mel possui um teor de umidade que varia de 13 a 20% . Sua
densidade de 1,40 a 1,44, a 20 C, portanto, como a unidade comercializada do mel
normalmente quilogramas (kg), importante a cincia da sua densidade, sendo desta forma
1 litro de mel correspondente a 1.400 kg.
O sabor e o aroma do mel variam de acordo com a florada, sendo tambm classificado
pela fonte principal de onde a abelha coletou o nctar. A classificao tambm pode ser pelo
teor de umidade e limpidez.
O mel pode cristalizar, o que muitas vezes no o torna bem aceito pelos consumidores,
que no sabem que a cristalizao uma caracterstica inerente ao mel, e que influenciada
principalmente pela temperatura, que, quando muito baixa, em torno de 15C , propicia a
ocorrncia desta caracterstica. No entanto o mel pode voltar a sua forma lquida, quando
aquecido em banho-maria a 50C-60C, sem alterar seu valor nutritivo (NORONHA, 1997).
O consumo de mel no Brasil considerado baixo, cerca de 100 a 200 gramas de mel
por pessoa por ano, se comparado a pases como Canad, onde o consumo de 1.000 gramas
por pessoa (COUTO, 2002).
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3 METODOLOGIA
3.1 rea Geogrfica de Estudo
Para a realizao deste trabalho, foram selecionados trs municpios do Estado do
Cear: Chorozinho e Pacajus, ambos localizados na mesorregio norte do Estado, e Mombaa,
situado na regio centro-sul .
De acordo com dados obtidos do IPLANCE (2002), Pacajus possui uma rea de 241,90
km2, uma populao residente de 43.830 habitantes, sendo, portanto a densidade demogrfica
de 181,94 hab/km2. Da populao residente, 77,78% urbana, enquanto os 32,22%
concentram-se no meio rural.O Produto Interno Bruto (PIB) do Municpio de R$ 305 milhes, ficando com uma
renda per capita de R$ 7.754,15. O setor agropecurio contribui com 5% do PIB, a indstria
com 79,27% e o setor de servios produz uma parcela de 15,73%.
J o municpio de Chorozinho possui um Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao de
Pacajus (R$ 27,5 milhes), bem como a sua renda per capita, de R$ 1.695; no entanto, a
participao do setor agropecurio de 9,17%, da indstria de 16,32% e o setor de servios
corresponde a 74,51% do PIB do Municpio.
Chorozinho tem uma rea geogrfica de 308,30 km2 e uma densidade demogrfica de
60,97 habitantes/km2, contando assim com uma populao residente de 18.711 habitantes,
distribudos quase que igualmente metade na zona rural e metade na zona urbana.
Mombaa um municpio bem maior em termos geogrficos, com uma rea em torno
de 2.114 km2 , no entanto seu PIB total de 48 milhes de reais, mostrando-se inferior ao do
Municpio de Pacajus. A populao do Municpio predominantemente rural, pois cerca de
61% dos 41.215 habitantes se encontram na zona rural.
3.2 Justificativa da rea Geogrfica de Estudo
Foram escolhidos os Municpios de Pacajus, Chorozinho e Mombaa para o
desenvolvimento da pesquisa, porque so municpios que apresentaram, de acordo com dados
obtidos na Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) 2002, nos ltimos anos, uma produo
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representativa no setor apcola, destacando-se entre os dez municpios do Estado do Cear
com maior produo de mel.
3.3 Levantamento dos Dados
Foram utilizados dados primrios obtidos atravs de entrevistas diretas com os
produtores nos municpios mencionados, no ms de outubro de 2002.
As informaes referentes tecnologia recomendada foram obtidas junto ao
Departamento de Zootecnia, Setor de Apicultura, da Universidade Federal do Cear (UFC).
Foram utilizados dados bibliogrficos disponveis em instituies de ensino e
pesquisa, bem como dados estatsticos secundrios encontrados em rgos especializadoscomo: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), Instituto de Planejamento do
Cear (IPLANCE), Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Cear
(EMATERCE), Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Banco do Nordeste do Brasil
(BNB), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA), Food and Agriculture
Organization (FAO), dentre outras. Foi tambm realizada a consulta de dados disponveis pela
internet.
3.4 Tamanho da Amostra
Foi utilizada uma amostragem aleatria simples, cuja determinao do tamanho seguir
o mtodo para amostras de populaes finitas, conforme FONSECA e MARTINS (1996) :
n =
qpN
Nqp
zd
z..)1.(
...22
2
+
onde:
n= tamanho da amostra para populaes finitas
z2 = abscissa da normal padro
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p = estimativa da proporo da caracterstica pesquisada no universo
q = 1 p
N = tamanho da populao
d = erro amostral
Assim, de acordo com o clculo da amostra em funo do tamanho da populao em
estudo, foram entrevistados 33 produtores de mel de abelhas no Municpio de Mombaa, e 9
produtores dos Municpios de Pacajus e Chorozinho, tomados aleatoriamente.
3.5 Definio e Operacionalizao das Variveis
3.5.1 Anlise da Tecnologia
De acordo com informaes obtidas junto ao Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal do Cear e seguindo as referncias de vrios autores na rea de
apicultura, como WIESE (1985), COUTO & COUTO (2002), FREE (1982), FREITAS
(1998), pode-se descrever a tecnologia recomendada para a produo de mel.
Para a identificao do nvel tecnolgico, sero consideradas os seguintes componentes
do sistema de produo na apicultura:
1. Equipamentos
2. Manejo
3. Coleta e Processamento de Mel
4. Ps-colheita de Mel
5. Gesto
3.5.1.1 Equipamentos
O item equipamentos abrange o material bsico para o desenvolvimento da atividade,
quais sejam: indumentrias, fumigador, formo, vassourinha, colmia Langhstroth padro,
centrfuga, mesa desoperculadora, tambor de decantao, filtros para mel.
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a) Indumentrias
Correspondem s vestimentas necessrias para proteo do apicultor no manuseio com
as abelhas. So elas: luvas, macaco, mscara, chapu e botas.
Atribuiu-se o valor zero no-utilizao dos equipamentos de indumentrias doapicultor, um (1) se o apicultor utiliza algum dos equipamentos e dois (2) se todos os
equipamentos forem utilizados.
b) Fumigador
O fumigador indispensvel na manipulao das colmias. Seu objetivo produzir
fumaa com a finalidade de acalmar as abelhas para que se possa manipular as colmias,reduzindo a agressividade dos animais.
importante que o material utilizado para promover esta fumaa e a quantidade a ser
aplicada sejam adequados, a fim de surtir o efeito desejado sem prejudicar as abelhas.
Se a fumaa produzida for feita com material inflamvel como combustvel (leo
diesel, gasolina) atribuiu-se o valor 0 (zero), se com esterco de animal, que melhor para as
abelhas do que o diesel, deu-se o valor 1 (um), e se forem utilizados produtos de origem
vegetal, que o menos prejudicial s abelhas, conferiu-se o valor 2 (dois).
c) Formo
uma ferramenta principal e indispensvel utilizada em quase todas as manipulaes.
Tem como principais finalidades: desgrudar peas da colmia, separar as caixas, raspar resinas
e prpolis acumuladas, dentre outras. Atribuir-se- o valor zero caso no haja utilizao deste
equipamento, e valor 1(um) se o equipamento for utilizado, e valor 2 (dois), se for utilizado o
formo com saca-quadros, que um modelo mais moderno e que j facilita o trabalho do
apicultor.
d) Vassourinha ou Espanadores
Feito de material animal ou sinttico, tem a finalidade de varrer as abelhas dos quadros
sem feri-las. aconselhvel dar preferncia aos espanadores de origem sinttica, pois irritam
menos as abelhas do que os de origem animal. Por isso, conferiu-se o valor zero ao no-uso da
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vassourinha, o valor 1 (um) ao uso de vassourinha feitos de origem animal, e o valor 2 (dois)
ao uso de vassourinha de origem sinttica.
e) ColmiaLangstroth padroExistem diferentes tipos de colmias.Atualmente a que considerada como padro
para um melhor proveito do trabalho das abelhas a Langstroth. Suas vantagens so: melhor
distribuio e aproveitamento de espao e fcil acesso pelas abelhas, o que proporciona maior
produo, fcil manipulao do apicultor, dentre outras, porm, para que essas vantagens
sejam alcanadas, necessrio que a colmia esteja alm do modelo, nas medidas-padro
respeitadas. Seus componentes so: tbua de pouso, suporte, fundo, alvado, redutor de alvado,
ninho, quadros, melgueiras, tela excluidora e tampa. Assim, a no-uso de uma colmia do tipoLangstroth foi atribudo valor 0 (zero), utilizao da colmia, mas fora do padro, foi
atribudo valor 1 (um) e dentro dos padres valor 2 (dois).
f) Equipamentos em ao inoxidvel
Pelo fato de o mel se tratar de um produto que absorve odores, sabores e umidade com
grande facilidade, importante que os equipamentos com os quais o mel entra em contato
sejam confeccionados em material inerte, tais como inox, fibra de vidro, etc. Destes, o ao
inoxidvel o material recomendado pelo Ministrio da Agricultura para o processamento de
mel. Ento, foi atribudo zero se no utilizado equipamento em inox, 1 (um) se apenas
alguns dos equipamentos forem em inox, e 2 (dois) se todos forem em ao inoxidvel.
g) Centrfuga
um equipamento utilizado na extrao do mel, onde os quadros da melgueira so
colocados, e, atravs da rotao, o mel extrado. Se o mel no extrado atravs da
centrfuga, atribuiu-se valor zero, se for a centrfuga manual concedeu-se valor 1 (um), e 2(dois), no caso da utilizao da eltrica.
h) Decantador
Como o mel possui densidade maior do que as partculas presentes em seu meio
(partculas de cera, bolhas de ar,etc.), o decantador serve para o mel ficar em repouso por uns
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dias para separar as impurezas existentes. Atribuiu-se zero para no-utilizao e 1(um) para a
utilizao do equipamento.
i) Peneiras ou filtrosA utilizao das peneiras para a filtragem das impurezas do mel, tais como restos de
cera e de abelhas. Atribuiu-se zero para no-utilizao e 1(um) para a utilizao.
j) Bombas para elevao de mel
So bombas que levam o mel diretamente de um reservatrio para outro, no caso, da
centrfuga para o decantador. A atribuio de valores semelhante do item imediatamente
anterior.
l) Homogeneizador de mel
um equipamento usado para misturar mis de floradas de origens diferentes,
considerando que o mercado consumidor exige mis homogneos para permanncia no
mercado. Atribuiu-se valor zero para no-utilizao e 1(um) para a utilizao do equipamento.
m) Descristalizador de mel
Todo mel puro cristaliza, porm a cristalizao no bem aceita pelos consumidores.
O descristalizador de mel um aparelho que aquece o mel at a temperatura ideal para que o
produto mantenha suas caractersticas. Dessa forma, atribuiu-se zero para no-utilizao e
1(um) para a utilizao deste equipamento.
n) Tela excluidora de rainhas
um equipamento utilizado para se evitar a fuga da rainha ao se manipular a colmia.
Atribuiu-se zero para no-utilizao e 1(um) para sua utilizao.
o) Carretilha para incrustao de cera
um equipamento que serve para fixar a cera nos quadros. Muitos apicultores utilizam
a bateria eltrica para a fixao, no entanto a eficincia da carretilha superior. Assim, atribui-
se valor zero para a no utilizao da carretilha e valor 1(um) para sua utilizao.
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De acordo com a descrio dos equipamentos relacionados, podemos elaborar a
seguinte tabela para a tecnologia referente aos equipamentos :
TABELA 1 Variveis relativas tecnologia de uso de equipamentosVALOR
VARIVEIS UTILIZA NO UTILIZA0
1X1 Indumentrias:
alguns itenstodos os itens 2
01
X2 Fumigador: com combustvelcom esterco de animalcom prod. orig.vegetal 2
1 0X3 Formo: simplescom saca quadros 2
01
X4- Vassourinha:origem animal
origem sinttica 20
1X5- ColmiaLangstroth:
fora do padrodentro do padro 2
01
X6 Equipamentos em ao inox:alguns dos equipamentos
todos os equipamentos 20
1X7 Centrfuga:
manualeltrica 2
X8 Decantador 1 0X9 Mesa desoperculadora 1 0X10 Peneiras 1 0X11 Bombas p/ elevao de mel 1 0X12 Homogeneizador de mel 1 0X 13 Descristalizador de mel 1 0X14 Tela excluidora de rainhas 1 0X15 Carretilha para incrustao de cera 1 0
3.5.1.2 Manejo
O manejo, foi subdivido em manejo em relao produo e manuteno. No que
respeita produo tm-se os seguintes itens: alimentao estimulante, troca de rainhas, troca
de cera alveolada, controle de enxameao, diviso de enxames, desobstruo dos ninhos e
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abertura de espao para armazenar mel (melgueiras). Para manuteno, relacionou-se os
seguintes itens: deixar reserva de alimento, cuidados e combate a traas e formigas,
alimentao artificial, ventilao, sombra e gua.
a) Alimentao estimulante
a introduo de alimentao a fim de estimular a rainha para aumento da postura nos
dias que antecedem a florada, para uma melhor populao de abelhas campeiras nas flores, e
consequentemente maior produo. So exemplos de alimentao estimulante: gua com
acar, xarope e farelo de soja.
Atribuiu-se valor 0 (zero) se no for utilizado esse tipo de alimentao, e valor 1 (um)
caso seja utilizado.
b) Troca de rainhas
A rainha das abelhas pode viver at trs anos, porm, aps 18 a 24 meses, a sua
capacidade de postura e de produo de feromnios cai consideravelmente. A troca dessa
rainha por outra jovem permite manter alta produo de crias na colmia, e d condies de
manter a colmia com alta produtividade.
As rainhas prprias geradas na colmia, normalmente, possuem o mesmo material
gentico existente no plantel, possuindo pouco potencial para aumentar a produtividade mdia
do apirio, enquanto que, quando se adquire rainhas de fora, normalmente procura-se comprar
aquelas oriundas de processo de seleo que visam a melhorar a produtividade e/ou
resistncias s doenas. Dessa forma, atribuiu-se valor 0 (zero) quando no feita a troca de
rainhas, 1 (um) quando feita a troca de rainhas utilizando rainhas prprias, e valor 2 (dois),
quando a troca feita com rainhas compradas de terceiros.
c) Troca de cera alveoladaCom um tempo, os favos de cria (do ninho) tornam-se escurecidos e perdem a
profundidade, levando rejeio de postura pela rainha, e os favos de mel tornam-se duros,
secos e quebradios, dificultando a desoperculao. Portanto, necessrio trocar a cera usada
por cera alveolada, no mximo a cada dois anos. Se essa troca foi feita todos os anos, atribuiu-
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se valor 2 (dois) , se feita a cada dois anos conferiu-se valor 1 (um) e se no feita a
substituio da cera alveolada, valor zero.
d) Controle de enxameaoA enxameao um fenmeno natural e instintivo das abelhas, que corresponde a
sada ou abandono da colmia por parte da colnia. Quando se tem uma colmia para fins
comerciais, normalmente, faz-se necessrio o controle da enxameao a fim de evitar que as
colmias fiquem despovoadas e o fato reflita negativamente na produo de mel. Dessa forma,
atribuiu-se o valor 0 (zero), quando no se utilizou o controle da enxameao e valor 1(um)
quando se fez esse controle.
e) Diviso de enxames
A diviso de enxame pode ser utilizada tanto para aumentar o nmero de colnias no
apirio como para controlar a enxameao.
Atribuiu-se valor 0 (zero), quando essa diviso de enxames no foi feita e 1 (um)
quando foi realizada.
f) Desobstruo do ninho
A rea de ninho deve ser ocupada por uma grande quantidade de crias para assegurar
colmias populosas e potencialmente produtivas. Em certas pocas do ano, as operrias podem
depositar no ninho grandes quantidades de plen e/ou nctar, obstruindo a rea de postura e
levando ao enfraquecimento da colmia pelo nascimento de um menor nmero de operrias.
H necessidade de desobstruir essa rea para permitir a postura normal da rainha. Da a
atribuio dos seguintes valores: 1 (um) se foi feita ou zero se no foi feita a desobstruo dos
ninhos.
g) Abertura de espao para armazenar mel (melgueiras)
Quando a colnia fica suficientemente forte para produo de mel, preciso criar
espaos vazios para a deposio desse mel, colocando-se melgueiras. Caso isso no seja feito,
as operrias podem obstruir a rea de postura da rainha com esse mel ou levar a colnia a
enxamear. O ideal , ao se colher o mel , j abrir novos espaos para deposio de mais mel.
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Dessa forma, atribuiu-se valor 0 (zero) se no foi feita uma abertura de espao para
armazenar mel; valor 1(um) se foi feita, e valor 2 (dois), se foi feita logo aps a colheita de
mel.
h) Reserva de alimento
Durante a poca de escassez de alimento no campo para as abelhas, ou seja, durante a
escassez das flores, as abelhas no encontram a quantidade de alimento suficiente para sua
sobrevivncia, portanto necessrio que, ao final da estao de produo de mel, o apicultor
deixe uma certa quantidade de mel na colmia para que as abelhas possam utilizar quando
necessitarem. A falta de reserva na colmia pode levar a colnia a abandon-la. Assim,
atribuiu-se zero se no foi deixada essa reserva de mel, valor 1(um) se deixou-se reserva demel no ninho ou melgueira, e 2 (dois) se foi deixada reserva em ambos - ninho e melgueira.
i) Cuidados e combate contra traas e formigas
As traas Achroia grisella e as formigas do gnero camponotus so importantes
inimigos das abelhas, atacando colnias fracas, especialmente na poca de escassez de
alimento. importante que o apicultor combata esses inimigos para evitar perda de colnia.
Atribuiu-se o valor zero quando nenhum controle deste tipo foi feito, 1 (um) quando se
combateu ou as traas ou as formigas, e 2 (dois) quando ambas foram combatidas.
j) Alimentao artificial de subsistncia
Quando no so deixados reservas de mel e plen na colmia, ou elas se acabam
durante a poca de escassez de flores, necessrio alimentar-se artificialmente a colnia para
evitar o abandono da colmia ou a morte por inanio.
Atribuiu-se o valor zero se nenhuma alimentao suplementar foi introduzida, 1 (um)
se foi introduzida uma alimentao protica ou energtica, e 2 (dois) se ambos os tipos dealimentao foram introduzidos.
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l) Ventilao
A temperatura ideal dentro da colmia de 33 C a 36 C , o que, nas condies
nordestinas, facilmente superado se as abelhas no tiverem condies de arejar o ninho.
Portanto, importante que o apicultor tome providncias para facilitar o trabalho de ventilaopelas abelhas, como, por exemplo, criar brechas para o vento circular na colmia. Dessa
forma, foram atribudos os seguintes valores: zero, se no foram criadas brechas; e 1(um), se
foram feitas brechas na colmia para ventilao.
m) Sombra
Semelhante ao item anterior, a colocao da colmia em locais ensombreados
importante para manter a temperatura interna ideal. A atribuio de valores d-se da mesmaforma do item anterior.
n) gua
As abelhas utilizam bastante gua em sua colnia, principalmente na poca seca do
ano, sendo, portanto, importante a proximidade de fontes de gua, tanto para o consumo das
abelhas quanto para que elas coletem gua para refrigerar a colmia. Desta maneira, foram
atribudos os seguintes valores: zero, se a distncia das colmias foi superior a 500 m; 1 (um),
se a distncia situou-se entre 100 m e 500 m; e 2 (dois) se essa distncia foi inferior a 100m.
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De acordo com as caractersticas do manejo utilizado na apicultura pode-se elaborar a
seguinte tabela referente tecnologia de manejo :
TABELA 2 Variveis relativas tecnologia de manejoVALOR
VARIVEIS UTILIZA NO UTILIZAX16 Alimentao estimulante 1 0
01
x17 Troca de Rainhas:rainhas prprias
rainhas compradas 20
1x18 Troca de cera alveolada:
troca de 2 em 2 anostroca todo ano 2
X19 - Controle de enxameao 1 0X
20 Diviso de enxames 1 0
X21 Desobstruo do ninho 1 00
1X22 Abertura de espao p/ armazenarmel (melgueiras): faz
faz s quando colhe mel 20
1X23 Reserva de alimento:
deixa s no ninhodeixa no ninho e melgueira 2
01
X24 Combate s traas e formigas:combate um ou outro
combate ambos 20
1
X25 Alimentao artificial:
protica ou energticaambas 2X26 Ventilao 1 0
01
X27 Sombreamento:artificial
natural 2
0
1
X28 Distncia da gua:maior do que 500mentre 100m e 500m
menos de 100m2
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3.5.1.3 Colheita
Essa tcnica compreendeu os itens: uso da fumaa, a tcnica de coleta, a casa do mel, otransporte do mel colhido casa do mel.
a) Uso da fumaa
Como se mencionou no item equipamentos, a fumaa importante ao se manusear com
a colmia, pois ela permite que as abelhas se distraiam durante o manuseio. Dessa forma, foi
atribudo o valor zero se o apicultor no se utilizou dessa fumaa e 1(um) se ele fez uso desta
fumaa ao manusear as abelhas.
b) Tcnica de coleta
A coleta de mel da colmia ocorre pela retirada das melgueiras com os favos de mel
removendo-se deles as abelhas. O ideal que isso seja feito com delicadeza e sem irritar as
abelhas para evitar reaes agressivas da parte delas. Atribuiu-se zero se a tcnica usada foi
bater as melgueiras; 1 (um) se se chacoalham os favos; e 2 (dois) se foi utilizada a vassourinha
para remoo das abelhas dos favos.
c) Casa do mel nos padres do Ministrio da Agricultura
Para que o mel possa ser comercializado em todo o Territrio nacional, necessrio
que sejam atendidas as normas do Ministrio da Agricultura, que incluem a extrao e
processamento do mel em instalaes certificadas por este rgo. Atribuiu-se valor zero
quando o produtor no dispunha de uma casa do mel; valor 1(um), quando disps de uma casa
do mel fora dos padres exigidos pelo Ministrio da Agricultura, e valor 2 (dois), quando se
teve da casa do mel dentro dos padres.
d)Transporte das melgueiras
Aps a retirada das melgueiras da colmia, faz-se necessrio auxlio para o seu
transporte at a casa do mel, em razo do seu peso. comum a utilizao de carrinhos de mo,
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algum veculo ou at mesmo animais, para este transporte. importante um transporte seguro,
para no danificar as melgueiras e comprometer a qualidade do mel.
De acordo com o mencionado, foi elaborada a seguinte tabela:
TABELA 3 Variveis relativas tecnologia de colheita de mel
VALORVARIVEISUTILIZA NO UTILIZA
X29 Fumaa 1 0X30 Escape-abelha 1 0
01
X31 Tcnica de coleta:bate a melgueira
chacoalha os favosusa a vassourinha 2
X32 Garfo desoperculador 1 001
X33 - Casa do Mel:fora do padro
dentro do padro 2
01
X34 Transporte das melgueiras:na mo ou usando algum animal
no carrinho de mono veculo 2
3.5.1.4 Ps-colheita
Destacam-se neste item as principais normas de higiene ao se manipular com o mel,
armazenagem e recipientes.
a) Higiene
Como ocorre com todo alimento, importante observar certas normas de higiene,
principalmente na manipulao do mel. Cita-se como material na manipulao: luvas, touca,bata, etc. Portanto, atribuiu-se zero quando nenhum equipamento de higiene foi utilizado ao se
manipular o mel, valor 1 (um) quando apenas alguns itens foram usados, e 2 (dois) quando
todos os itens foram utilizados.
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b) Armazenagem do mel aps a colheita
O mel um alimento cujas propriedades ou qualidades so fortemente afetadas por
exposio umidade e ao calor. Dessa forma, o mel deve ser armazenado protegido de
umidade e temperaturas elevadas. Atribuiu-se valor zero se o mel no era armazenado nestascondies e valor 1 (um) se era armazenado nestas condies.
c) Recipientes para armazenar o mel aps a colheita
Visando a manter a qualidade de mel, esse deve ser armazenado em recipientes
adequados que evitem que o produto adquira sabores e odores indesejados, ou tenham suas
qualidades nutricionais afetadas pelo calor e umidade. Dessa forma foram atribudos valores
zero, se no utilizou recipientes nos padres recomendados pelo Ministrio da agricultura e
1(um) se foram utilizados.d) Fracionamento do mel
Atualmente h equipamentos automatizados que fracionam o mel, com muita rapidez;
alm de mais higinico esse procedimento evita perdas que ocorrem com o fracionamento
manual. Assim foi atribudo valor 1 (um) para o fracionamento automtico e zero para o
fracionamento manual.
TABELA 4 Variveis relativas tecnologia de ps-colheita
VALOR
VARIVEIS UTILIZA NO UTILIZA
01
X35 Equipamentos de higiene:algum dos itens
todos os itens 2
0
1
X36 - Armazenagem:sem proteo
protegido do calor ou umidadeprotegido de ambos
2
01
X37 Recipientes para armazenagem:fora do padro
nos padres2
X38 Fracionamento do mel :
manual 0
automtico 1
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3.5.1.5 Gesto
O indicador referente gesto est ligado tanto produo de mel como sua
comercializao. Para todas as variveis deste indicador foi atribudo valor 1 (um) para o casode sua utilizao e valor zero pela no-utilizao.
a) Prestao de servios
A produo, a comercializao, ou a prpria gesto podem envolver servios
terceirizados, como, por exemplo, a contratao de servios de contabilidade.
b) Tendncias de mercadoAssim como qualquer outro produto, interessante a obteno de informaes sobre as
tendncias de mercado, sobre preos, etc, para o produtor manter-se atualizado quanto as
perspectivas deste mercado.
c) Treinamento de funcionrios
A existncia de funcionrios devidamente qualificados e treinados para a funo
importante para o bom desempenho da atividade.
d) Controle de qualidade
O controle de qualidade do mel inicia-se desde a produo at o transporte, extrao,
limpeza, e envasamento, tudo o que se destina a preservar a qualidade natural do mel.
e) Parcerias em pesquisa
As parcerias em pesquisas propiciam aos produtores o conhecimento das mais recentes
inovaes tecnolgicas relativas atividade.
f) Comercializao
A parceria na comercializao, seja atravs de cooperativas ou por meio de
atravessadores, permite ao produtor maiores possibilidades, ou seja, mais opes de
comercializao.
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g) Marketing
A utilizao do marketing ou propaganda para a comercializao do produto tambm
indica maiores possibilidades de conhecimento do produto e, portanto, pode atrair maior
nmero de consumidores.
h) Informtica
O uso do computador ou da microeletrnica para automao da coleta, manipulao e
processamento de informaes, permite maior flexibilidade e rapidez na obteno de
informaes.
TABELA 5 Variveis relativas tecnologia da gestoVALOR
VARIVEIS UTILIZA NO UTILIZA
X39 Contrato de prestao de servios 1 0
X40 Informaes sobre tendncias de mercado 1 0
X41 Treinamento de funcionrios 1 0
X42 - Controle de qualidade 1 0
X43 Parceria: pesquisa 1 0
X44 Parceria: comercializao 1 0X45 Marketing 1 0
X46 Informtica 1 0
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3.6 Mtodos de Anlise
3.6.1 Anlise Tabular Descritiva
Nesta anlise, pretende-se descrever a caracterizao dos produtores de mel, no que se
refere s principais caractersticas pessoais e socioeconmicas dos produtores.
Essas caractersticas sero estudadas atravs das seguintes variveis: idade,
escolaridade, local de residncia, orientao sobre a criao, nvel organizacional (participao
em cooperativas, associaes etc), tempo de exerccio da atividade, objetivo principal da
atividade, uso de financiamento e sistema de criao de abelhas.
3.6.2 Determinao do Nvel Tecnolgico
Para proceder a uma anlise quantitativa dos diferenciais tecnolgicos, considerado
cada um dos itens descritos anteriormente no sistema de produo na apicultura.
Na avaliao do nvel tecnolgico, determinado inicialmente um ndice tecnolgico
para cada produtor em cada um dos componentes que formaro o referido nvel, conforme
MIRANDA, 2001:
Inj = =
m
yi n
i
w
a(1)
sendo , wn= Max =
m
yiia e dessa forma , 0 1 jIn .
Onde:
Inj = ndice de cada Tecnologia n do produtorj;
i =Variveis utilizadas;
n = Tecnologia utilizada;
[y, m] = variveis dentro do segmento i referentes tecnologia n;
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ai = representa o valor da adoo do elemento xi da tecnologia n;
Assim ,n
i
w
arepresenta o peso de cada elemento xi na constituio do ndice
tecnolgico especfico n, e
para a tecnologia de equipamentos, n = 1, i = [ 1; 15] e w1 = 22;
para a tecnologia de manejo, n = 2, i = [16; 28] e w2 = 21;
para a tecnologia de colheita, n = 3, i = [29; 34] e w3 = 9;
para a tecnologia de ps-colheita, n = 4, i = [35; 38] e w4 = 7;
para a tecnologia da gesto, n = 5, i = [39; 46] e w5 = 8.
O ndice tecnolgico mdio especfico para o conjunto de produtores dado pelo
somatrio dos ndices especficos dos produtores individuais dividido pelo nmero de
produtores entrevistados, demonstrado pela equao:
ITn = =
z
j Injz 1
1
(2)
Onde:
J= Nmero de produtores ( variando de 1 a z)
n = Tecnologia utilizada
O ndice tecnolgico para o produtorj foi calculado considerando trs possibilidades:
a) incluindo as trs primeiras tecnologias, que so constitudas por: uso de equipamentos,
manejo e colheita; ou seja, o ndice foi obtido considerando a mdia do somatrio dos trs
primeiros ndices individuais especficos (1):
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IP1j = 3
13
1Inj (3)
b) de forma similar, considerou-se as tecnologias mencionadas e, adicionando-se a ps-colheita, o ndice por produtor pode ser especificado pela equao:
IP2j = 4
14
1Inj (4)
c) por fim, o ndice tecnolgico geral de um produtor, incluindo-se todas as tecnologias, pode
ser obtido da seguinte forma:
IP3j = 5
15
1Inj (5)
Assim, o ndice tecnolgico da produo de mel na rea de estudo, considerando-se
todos os produtores ser expresso como a seguir:
Para as trs primeiras tecnologias (uso de equipamentos, manejo e colheita):
IG1=J
1
j
1
IP1 (6)
Para as quatro tecnologias, englobando: uso de equipamentos, manejo, colheita e ps-
colheita:
IG2=J
1
j
1
IP2 (7)
Para todas as tecnologias em anlise:
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IG3=J
1
j
1
IP3 (8)
Com base nos valores obtidos dos ndices (que variam de zero a um), determina-se o
nvel tecnolgico dos produtores de mel, considerando-se que quanto mais prximo do valor
mximo (um), melhor ser o nvel tecnolgico dos respectivos produtores.
3.6.3 Competitividade
Na anlise de competitividade, utilizada uma anlise que relaciona aos conceitos de
eficincia (SEREIA, 2002). Dessa forma, feita uma anlise dos custos de produo de mel
atravs do levantamento feito com os produtores, bem como avaliao das receitas e
efetivamente clculo dos lucros, e, a partir da, feita uma comparao de indicadores entre os
produtores.
No que se refere avaliao de competitividade, foram utilizadas os seguintes
indicadores econmicos:
1. Preo mdio recebido pelo produtor
2. Custo unitrio de produo do mel
3. Indicadores de rentabilidade financeira
A determinao dos custos e dos indicadores de rentabilidade que foram utilizados tem
como base os conceitos utilizados no Sistema Integrado de Custos Agropecurios
(CUSTAGRI) desenvolvido pelo Instituto de Economia Agrcola (IEA), em parceria com oCentro Nacional de Pesquisa Tecnolgica em Informtica para a Agricultura (CNPTIA
EMBRAPA) e citado por MARTIN et. al.( 1998).
3.6.3.1 Determinao dos custos
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O termo custo na anlise econmica corresponde compensao que os donos dos
fatores de produo, utilizados por uma firma para produzir determinado bem, devem receber
para que eles continuem fornecendo esses fatores mesma (HOFFMANN, 1981).A determinao dos custos neste estudo tem por base os conceitos utilizados por
MARTIN et al.(1998), onde o Custo Total de Produo formado pelo somatrio do Custo
Operacional Total mais a remunerao administrativa, conforme demonstrado a seguir:
A) Custo Operacional Efetivo (COE)
Representa o custo efetivamente desembolsado pelo produtor para produzirdeterminada quantidade de um produto. Neste custo incluem-se as despesas com operaes,
que so custos com mo de obra, custo com mquinas e equipamentos (DO); despesas com
operaes realizadas por empreita (DE); e despesas com material consumido, ou insumos (I) .
COE = DO + DE + I
Onde:
COE = Custo operacional efetivo (R$);
DO = Despesas com operaes (R$);
DE = Despesas com empreita (R$);
I = Despesas com Insumos (R$).
B) Custo Operacional Total (COT)
o custo que o produtor emprega no curto prazo para produzir e repor seus
equipamentos e continuar produzindo. Representa a soma do custo operacional efetivo (COE),acrescido dos demais custos operacionais (E), como depreciao, manuteno, seguro,
encargos financeiros, outras despesas operacionais.
COT= COE + E
Onde:
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COT = Custo Operacional Total (R$);
COE = Custo Operacional efetivo (R$);
E = Outros custos operacionais (R$).
No clculo dos outros custos operacionais, foram considerados os seguintes itens:
( i ) Depreciao
Corresponde ao custo necessrio para repor os bens de capital quando tornados
inteis pelo desgaste fsico (depreciao fsica) ou quando perdem valor com o decorrer dos
anos em virtude de inovaes tcnicas (depreciao econmica ou obsolescncia). Ser
calculada atravs do mtodo linear, que consiste em dividir o custo inicial do bem pelonmero de anos de sua durao provvel (HOFFMANN, 1981).
( ii ) Manuteno
Foi considerado um percentual de 1% sobre o valor do capital empatado na atividade,
conforme CARVALHO (2000).
(iii) Seguro
um custo anual para cobrir danos imprevistos, parciais ou totais, que o bem de
capital pode sofrer (roubo, incndio etc). Foi calculado com base em uma taxa percentual de
2,9% (CARVALHO, 2000) sobre o valor das inverses efetivamente realizadas na produo
(COE).
(iv) Encargos financeiros
Foram estimados um valor percentual (6%) sobre o custo operacional efetivo (COE)
mdio, no ciclo de produo (CARVALHO, op.cit.).
(v) Outras despesas operacionais
No clculo deste custo foi estimado um percentual de 5% sobre o valor do custo
operacional efetivo (COE), de modo a cobrir outras taxas e/ou dispndios pagos pela atividade
e que eventualmente no venham a ser computados no estudo.
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No Municpio de Mombaa, em especial, foram acrescidas a este valor as despesas
com equipamentos comunitrios, calculadas atravs do custo horrio para cada equipamento
utilizado pelos produtores.
Nos Municpios de Pacajus e Chorozinho, foi computado o valor percentual de 5% doCOE, acrescido do clculo dos encargos diretos, considerando-se que os produtores utilizam
mo de obra contratada.
C) Custo total de produo (CTP)
Representa o custo total da atividade adicionada da remunerao administrativa.
Permite a avaliao da taxa de rentabilidade. o somatrio dos custos operacionais totais(COT) acrescidos dos outros custos fixos (Ocf).
CTP= COT + Ocf
Onde:
CTP = Custo Total de Produo ( R$)
COT = Custo Operacional Total (R$)
Ocf = Outros custos fixos (R$)
No clculo dos outros custos fixos (Ocf), considera-se:
(i) Remunerao do Capital (RC), que equivale a uma taxa de juros sobre o valor
mdio do capital empatado.
(ii) Remunerao da Terra (RT), que corresponde a uma alquota sobre o valor mdio
de um hectare de terra nos municpios em estudo.
D) Custo unitrio (CU)
quanto o produtor gasta para produzir um quilo de mel e calculado pelo custo total
de produo (CTP) dividido pelo volume total produzido.
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CU= CTP/Q
Onde:
CTP = Custo total de produo (R$)Q = Quantidade produzida (Kg)
3.6.3.2 Caracterizao das Receitas
Receita Bruta (RB)
A Receita Bruta representa o valor monetrio obtido com a venda da produo. Ser
calculada de acordo com a produo de mel e com o preo de venda do produto:
RB = Pv x Q
Onde:
RB = Receita bruta (R$);
Q = Quantidade produzida de mel (kg);
Pv = Preo de venda do produto (R$/kg).
3.6.3.3 Anlise de rentabilidade
a) Margem Bruta em Relao ao Custo Operacional Efetivo (MBCOE)
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a margem em relao ao custo operacional efetivo (COE), isto , mostra o
percentual de recursos que sobra aps o produtor pagar o custo operacional efetivo,
considerando o preo unitrio de venda do produto e sua produo. Ou seja:
MBCOE = ((RB COE)/COE) x 100
Onde:
RB = Receita Bruta (R$);
COE = Custo Operacional Efetivo (R$);
b) Margem Bruta em Relao ao Custo Operacional Total (MBCOT)
Calculada como a anterior, mas, neste caso, em relao ao custo operacional total
(COT), ou seja, mostra o que sobra aps o produtor pagar o custo operacional total. Assim:
MBCOT = ((RB COT)/COT) x 100
Onde:
MBCOT = Margem Bruta em relao ao COT;
COT = Custo Operacional Total (R$).
Assim, essa margem indica qual a disponibilidade de recursos que cobrir a
remunerao ao capital, a remunerao terra e a remunerao capacidade empresarial do
proprietrio, aps o produtor haver pago todos os custos operacionais.
c) Margem Bruta em Relao ao Custo Total de Produo (MBCTP)
O clculo dessa margem idntico aos anteriores e, neste caso, relativo ao custo total
de produo (CTP). Logo:
MBCTP = ((RB CTP)/CTP) x 100
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Onde:
MBCTP = Margem bruta em relao ao custo total de produo (R$)
CTP = Custo Total em Produo (R$)
Neste caso, indica qual a margem disponvel para remunerar a capacidade
empresarial do proprietrio, aps o pagamento de todos os custos de produo.
d) Ponto de Nivelamento (PN)
Nesta pesquisa foram considerados tambm indicadores de custo em termos deunidades de produto, como o ponto de nivelamento em relao ao custo operacional efetivo
(COE), em relao ao custo operacional total (COT) e em relao ao custo total de produo
(CTP):
Ponto de Nivelamento (COE) = COE/Pv
Ponto de Nivelamento (COT) = COT/Pv
Ponto de Nivelamento (CTP) = CTP/Pv
Onde:
Pv = preo unitrio de venda do produto (R$/kg).
Estes indicadores mostram, para um determinado nvel de custo de produo, qual
deve ser a produo mnima para cobrir esse custo, dado o preo de venda unitrio do produto.
Permitem tambm calcular quanto est custando a produo em unidades de produto, e se
comparada produo, quantas unidades de produto esto sobrando para remunerar os demais
custos de produo.
e) Lucro Operacional (LO)
Esta medida ser obtida atravs da diferena entre a receita bruta e o custo
operacional total (COT).
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LO = RB - COT
Onde:
LO = Lucro Operacional (R$)
RB = Receita Bruta (R$)COT = Custo Operacional Total (R$)
O indicador de resultados lucro operacional (LO) mede a lucratividade da atividade
no curto prazo, mostrando suas condies econmicas e operacionais.
f) ndice de Lucratividade (IL)
Foi obtido mediante a relao entre o lucro operacional e a receita bruta, em
percentagem. Esse indicador mostra a taxa disponvel de receita da atividade, aps o
pagamento de todos os custos operacionais. Ou seja:
IL = (LO / RB) x 100
Onde:
IL = ndice de lucratividade (%);
LO = Lucro operacional (R$);
RB = Receita bruta (R$).
3.6.4 Relao entre nvel tecnolgico e competitividade
Para relacionar o nvel tecnolgico com a competitividade, foi feita uma regresso
simples, utilizando o mtodo dos Mnimos Quadrados Ordinrios (MQO), onde acompetitividade foi considerada como varivel dependente do nvel tecnolgico.
Para representar a competitividade foram utilizados o Lucro Operacional (LO) e o
ndice de Lucratividade (IL), como variveis. Na representao do nvel tecnolgico foram
utilizados os ndices tecnolgicos gerais dos produtores representados porIG3.
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Espera-se uma relao positiva na anlise de regresso, ou seja, espera-se que o nvel
tecnolgico v influenciar positivamente na competitividade, considerando que, quanto maior
o nvel tecnolgico, maior seja a competitividade.
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4 RESULTADOS E DISCUSSO
Nesta seo do trabalho, apresenta-se o resultado da pesquisa. A primeira parte a
apresentao das caractersticas socioeconmicas dos produtores de mel entrevistados. A
segunda mostra as anlises referentes ao nvel tecnolgico. Posteriormente, demonstrada a
determinao de custos, receitas e indicadores de rentabilidade dos produtores. Sero tambm
discutidas a competitividade e a relao desta com o nvel tecnolgico dos produtores de mel
nos Municpios de Mombaa, Pacajus e Chorozinho. Os dois ltimos municpios so
analisados em conjunto, dada a proximidade geogrfica, ou seja, por estarem na mesma
mesoregio.
4.1 Caractersticas Socioeconmicas
4.1.1 Idade
De acordo com as informaes apresentadas na TABELA 6, observa-se que a faixa
etria que corresponde maior parte dos produtores de mel no municpio de Mombaa situa-se
entre 31 e 40 anos, seguida da faixa etria situada entre os 51 a 60 anos. Poucos so os
produtores que tm entre 20 e 30 anos e tambm pequeno o nmero de produtores com 60
anos e mais. Embora observada a correspondente faixa etria dos produtores, constatou-se
tambm um grande envolvimento familiar na atividade, pois filhos e cnjuges participam do
trabalho neste municpio, principalmente no perodo referente colheita.
Com relao aos Municpios de Pacajus e Chorozinho, verifica-se que a distribuio de
freqncia em relao faixa etria dos produtores bem homognea, sendo que 11,11% dos
produtores entrevistados se encontraram-se na faixa dos 20 a 30 anos; 22,22 % situaram-se na
faixa dos 31 a 40 anos; 33,34 % estavam na faixa de 41 a 50 anos, e 22,22 % correspondem
aos produtores com idade compreendida entre 51 e 60 anos; e 11,11 % equivalem a produtores
com mais de 60 anos. Neste dois ltimos municpios, no se observou um grande
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envolvimento familiar como acontece em Mombaa, e sim uma boa parcela de produtores que
utilizam mo-de-obra contratada para a atividade.
Em relao amostra total, observa-se maior freqncia na faixa etria correspondente
a 31 / 40 anos.
TABELA 6:Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao idade 2002.
MunicpioIDADE (anos)
Mombaa (%) Pacajus e Chorozinho (%) Amostra total (%)
20 a 30 3,04 11,11 4,76
31a 40 45,45 22,22 40,48
41 a 50 15,15 33,34 19,05
51 a 60 27,27 22,22 26,19Mais de 60 9,09 11,11 9,52
TOTAL 100,00 100,00 100,00
FONTE: Dados da Pesquisa
Segundo HOLANDA JNIOR (2000), provvel que a idade possa influenciar na
administrao da propriedade, pois o produtor mais jovem pode apresentar expectativas
diferentes, principalmente no que se refere s mudanas, sendo teoricamente mais receptivo a
elas.
4.1.2 Escolaridade
Conforme se observa na TABELA 7, o nvel de instruo dos produtores de mel no
Municpio de Mombaa baixo, sendo que quase 80% dos produtores no possuem nem o
ensino fundamental completo, e nenhum dos entrevistados possui nvel superior.
J nos Municpios de Pacajus e Chorozinho, verifica-se que 11,11 % dos entrevistados
possui nvel superior completo, no entanto, o nvel de escolaridade para estes municpios ainda
pode ser considerado baixo, pois mais de 50% dos produtores s tm o ensino fundamental
completo. Os produtores que tm o ensino mdio completo correspondem a 22,22% do total.
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A caracterstica de baixo nvel de instruo verificada por grande parte dos
agricultores nordestinos, de acordo com SOUZA (2000) e MONTE (1999), em estudos no
Estado do Cear, uma grande percentagem dos chefes de famlia tem baixo grau de instruo.
TABELA 7: Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao grau de instruo 2002.Municpio
Grau de InstruoMombaa
( % )
Pacajs e Chorozinho
( % )
Amostra Total
(%)
Analfabeto ou Semi-Analfabeto 39,39 11,11 33,33
Ensino Fundamental Incompleto 39,39 22,22 35,72
Ensino Fundamental Completo 6,06 33,34 11,90
Ensino Mdio Completo 15,16 22,22 16,67
Nvel Superior Completo - 11,11 2,38TOTAL 100,00 100,00 100,00
FONTE: Dados da Pesquisa
A amostra total indica que, em geral, o nvel de escolaridade dos produtores de mel
baixo, pois quase 70,00 % destes no possuem o ensino fundamental completo. O nvel de
escolaridade uma varivel importante para se determinar a capacidade de adaptao do
produtor aos novos cenrios do mercado, e pode determinar a capacidade em se decodificar as
informaes pertinentes s novas tecnologias e prticas de cultivo segundo a
CONFEDERAO NACIONAL DE AGRICULTURA (1999).
4.1.3 Local de Residncia
De acordo com os dados obtidos, pode-se verificar na TABELA 8 que 78,79% dos
entrevistados no Municpio de Mombaa residem na propriedade onde criam as abelhas,
15,15% residem em uma vila prxima da propriedade e apenas 6,06% residem na Sede doMunicpio. Nenhum dos produtores reside na capital, Fortaleza. Este fato pode ser justificado
haja vista que a maioria dos produtores de mel, principalmente de agricultores e tm a
apicultura como um complemento de renda.
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Em relao situao de moradia, nos Municpios de Pacajus e Chorozinho, pode-se
constatar que 55,56% dos entrevistados residem na propriedade onde tm a produo de mel,
e 44,44% residem na sede dos municpios.
TABELA 8: Freqncia relativa dos produtores de mel, em relao ao local de residncia - 2002.
Situao de Moradia Mombaa
(%)
Pacajs e Chorozinho
(%)
Amostra Total
(%)
Reside na Propriedade 78,79 55,56 73,81
Reside em uma Vila mais
Prxima da Propriedade
15,15 - 11,90
Reside
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