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Seminário 10 (A angústia): o inconsciente lacaniano em suas relações com o Real
Coordenação Alexandre Simões
ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de
autor reservados.
Lacan e a
Psicanálise:
interlocuções com a contemporaneidade
Em nosso último encontro acerca do Seminário 10 de Jacques Lacan
Fizemos uma aproximação do objeto a, buscando indicar que a construção do
mesmo leva a considerar que, no âmbito da subjetivação, nem tudo é da
ordem do significante.
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Hoje, daremos sequência ao exame do Seminário sobre a Angústia,
considerando os caminhos que levaram Lacan ao Real.
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Examinamos inicialmente uma afirmação que Lacan manterá ao longo de seu ensino, desde o instante em que ela surge em meio ao itinerário
do Seminário 10:
a angústia não é sem objeto
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O “não é sem”:
Indica-nos a condição obscura, imprecisa, tateante do objeto. O objeto para o qual a angústia aponta
se mostra como algo muito distante de ser óbvio ou evidente
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Além disto, este objeto manterá uma duplicidade
considerável:
ao mesmo tempo que ele será tomado como objeto relacionado ao desejo, será
apreendido também como objeto da angústia
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As faces do objeto a
Objeto causa-do-desejo
Vincula-se a uma falta
Objeto da angústia
Sobrevém quando a falta falta
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É nesta acepção que Lacan vai propor que a angústia orienta o analista quanto ao Real (a falta da falta)
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A captura nesta dimensão alienante, na qual a função desejante é posta fora de
operação,
comporta, ao ver de Lacan, um sinal ante o Real (cf. p. 178)
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Como Lacan localiza mais precisamente esta figura orientadora do objeto da
angústia (a falta da falta)?
Na angústia, o sujeito é capturado por sua própria perda frente ao desejo do Outro
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Nesta situação, estamos diante não exatamente de um sujeito
desejante, todavia, de um ‘sujeito do gozo’:
“Trata-se do sujeito do gozo, na medida em que essa expressão tenha sentido, mas, justamente, por razões
às quais voltaremos, não podemos de modo algum isolá-lo como sujeito, a não ser miticamente.” (Seminário 10, p.
194)
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Angústia como um termo médio:
gozo
angústia
desejo
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Este espaço fronteiriço da angústia, conduz Lacan a aprofundar sua exposição do objeto a:
a incidência do significante sobre o sujeito deve ser apreendida como uma operação de divisão (no sentido
aritmético do termo):
“O lugar desse real pode inscrever-se na operação a que chamamos, aritmeticamente, de divisão” (Seminário 10, p. 178)
Enfim, o objeto a funciona na medida em que se apresenta como um resto da operação
significante.
Este resto tem sua materialidade no pedaço de carne que se desprende na
experiência do vivo:
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“... a separação característica do começo, aquela que nos permite abordar e conceber a relação, não é a separação da mãe. O corte de que se trata não é o que se dá entre a criança e a mãe. (...) O corte que nos interessa, o que
deixa sua marca num certo número de fenômenos clinicamente reconhecíveis, e que, portanto, não podemos evitar, é um corte que, graças a Deus, é muito mais satisfatório para
nossa concepção do que a cisão da criança que nasce, no momento em que ela vem ao mundo.
Cisão de que? Dos envoltórios embrionários.
[continua ->]
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Basta remetê-los a qualquer livrinho de embriologia datado de menos de cem anos para que vocês percebam que, para terem uma ideia completa do conjunto pré-especular que é o a,
deverão considerar os envoltórios como um elemento do corpo da criança.”
(Seminário 10, p. 136)
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Além do recurso à operação de divisão, Lacan também proporá o problema da extração do objeto.
Ou seja, o objeto não é algo dado, porém, é efeito de uma operação, na qual alguma coisa haverá de
ser extraída do sujeito.
A “extração” do objeto a:
aquilo que é extraído da intimidade (daí, a “ex-timidade”), tendo como consistência a
experiência da queda:
o objeto que cai.
Objeto a:
Objeto a:
Como objeto destacável;
Caducidade do objeto;
Sem imagem especular;
Como objeto parcial: seio, fezes, olhar, voz;
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Prosseguiremos com o tema
Seminário 10 (A angústia): o não-todo na clínica
Até lá!
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