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8º ano - Filosofia
Cap. 5 – Apostila 3
CORPO E MENTE
Na vida cotidiana também nos deparamos com questionamentos sobre o lugar da mente e do corpo
na constituição espécie humana.
Somos apenas matéria ou temos também algo espiritual, intocável e inacessível a terceiros?
Se nós somos o nosso corpo, nada mais há em nós a não ser corpo?
Se temos um corpo, então podemos ser mais do que o corpo que temos?
1. O dualismo corpo e mente
Filosofia da mente
área da Filosofia que discute
os problemas relacionados ao que se
costuma chamar de “mente” e sua relação
com o corpo físico.
Há uma série de visões e teorias sobre o tema.
O dualismo corpo e mente DUALISMO
Teoria que defende haver dois tipos de
propriedades as materiais ( o corpo)
e as imateriais (a mente).
Há dualismos mais radicais que põem em as dimensões material (o corpo) e imaterial (a mente)
em uma relação de dependência.
Colocando a alma em uma posição
superior ao corpo.
Na Antiguidade Grega Clássica
Sócrates e Platão
a essência humana encontra-se na atividade
racional e intelectual
Sendo o cultivo dessa dimensão
responsável por aproximar os seres humanos da divindade.
Em contrapartida:
A dimensão corporal ou sensível é aquela que nos une aos animais, tratando-se da parte inferior, que, por isso, deverá ser dominada e contida.
O homem virtuoso é aquele que possui a capacidade de dominar as paixões cegas, por meio de uma atividade racional, o que o torna livre.
Sobre essa possibilidade de relação entre corpo e mente, encontramos na obra do filósofo Platão a primeira teoria ou concepção filosófica a respeito do assunto.
PLATÃO
No trecho do Fédon , aborda a temática do corpo e mente pela perspectiva do conhecimento.
Através do personagem Sócrates, ele fornece uma argumentação a favor de que o conhecimento verdadeiro só pode ser atingido pela alma.
O filósofo grego aponta que as
sensações percebidas pelo corpo - pelos cinco sentidos
nos enganariam muito frequentemente,
e modo que elas não podem ser a base para o conhecimento.
PLATÃO
A alma – lugar legítimo da racionalidade do homem, é que deve buscar a verdade através do raciocínio, e não o corpo.
Aborda o corpo e mente como diferentes princípios do ser humano,
Ficou conhecido como uns dos fundadores de uma doutrina dualista em relação ao corpo e mente.
1.1. O dualismo moderno
René Descartes Filósofo francês representante e pai do dualismo moderno. O homem possui duas substâncias, ou seja, duas
naturezas que o constituem. Trata-se de essências diferentes, que são
independentes e também, de alguma maneira oposta
a alma o corpo (coisa pensante) ( coisa extensa)
Concepção filosófica chamada de dualismo substancialista. Ver p.5
De acordo com Descartes:
A consciência é distinta da matéria e é considerada a instância do “eu” – trata-se aqui, da alma.
Dar uma substância à alma que seja independente do corpo (sendo, inclusive, imortal) é o que leva os estudiosos a denominar a teoria cartesiana de dualismo substancialista.
Temos duas substâncias distintas, que poderiam existir por si mesmas, independente uma da outra:
o corpo e a alma
Cada alma representa:
• Uma consciência única,
• Individual,
• Inacessível a outras pessoas,
• Portanto, inacessível a qualquer pesquisa externa.
Diferentemente, o corpo:
• É considerado a dimensão física, de atuação prática no mundo.
Todo corpo é:
•Todo corpo é algo físico,
• que tem extensão,
•É palpável – perceptível pelos sentidos,
•Divisível em vários elementos.
Sendo matéria, o corpo não pensa, é exterior ao pensamento.
A alma, entretanto, é uma, ou seja, indivisível, e constitui a unidade própria do pensar, não sendo, assim, extensa ou passível de percepção sensorial.
Para Descartes,
Durante a vida humana, alma e corpo têm uma interação: apesar de distintos e independentes, a alma não está
somente alojada no corpo, ela se encontra unida a ele. No pensamento cartesiano:
o sujeito é a mente e o corpo é como o instrumento,
a máquina que a mente usará em sua atividade mundana.
Quanto ao conhecimento...
•Descartes afirma que ele só pode acontecer se tivermos ideias claras e distintas sobre as coisas, para que elas não nos enganem.
•Essas ideias claras e distintas pertencem à alma, a dimensão pensante do ser humano.
•Há também uma busca pelo conhecimento através do corpo, através dos sentidos, mas eles somente podem nos dar informações confusas e muitas vezes enganadoras, de modo que o conhecimento verdadeiro só é possível através do pensamento e da racionalidade, sendo atributo somente da alma, e não do corpo.
2. Mente é corpo físico: monismo ou fisicalismo
• Na reflexão sobre a relação existente entre a mente e o corpo, a concepção fisicalista, também chamada de concepção monista, afirma que:
• Assim, a consciência é apenas uma dimensão do físico, localizada no cérebro.
• Fisicalismo – considera como “físico” tudo o que comumente compreendemos como fenômeno “mental”.
• Nessa concepção, a mente é um produto do cérebro, assim como tudo o que existe no mundo espaço-temporal é um coisa física, sendo a esfera espiritual uma ilusão.
Somos uma coisa só, somos matéria, somos corpo.
•Para os fisicalistas existe uma conexão causal entre estados cerebrais e estados mentais, verificável pela experiência e comprovável pela ciência.
•Nessa abordagem, tudo o que acontece na nossa consciência depende do que acontece no nosso corpo, ou seja, a nossa consciência é fruto da configuração de nosso cérebro.
•Este é composto de células nervosas e qualquer alteração nessas células afeta a mente.
•A experiência de prazer e dor são um bom exemplo para tentar entender isso.
Saborear algo provoca movimento gostoso no cérebro devido à comunicação que existe entre os neurônios Se alguém estiver uma lesão com alguma lesão em
determinada parte do cérebro, o prazer aí não acontece e não se verifica esse movimento no cérebro.
A dor que se sente ao é resultado de alterações pisar num caco de vidro químicas e elétricas que acontecem nas células nervosas a partir de estímulos neurológicos transmitidos em nosso corpo físico
3. Corpo e mente: dualidade complementar.
• Até o momento, vimos:
Posição cartesiana que defende o dualismo corpo e mente, situando-os em posições opostas.
Por outro lado, a posição fisicalista que defende a teoria segunda a qual tudo o que existe é físico, inclusive o que chamamos de mente.
• Veremos agora a teoria do aspecto dual, que se posiciona de forma divergente às perspectivas fisicalistas e dualista.
• A teoria do aspecto diz que somos matéria e espírito (mente), duas substâncias diferentes.
• Diferentemente do dualismo cartesiano substancialista, entre o corpo e a mente há relações, há interdependências.
•Thomas Nagel (1937)
Filósofo americano;
É pensador que escreve sobre a teoria do aspecto dual.
para ele, o que acontece em nossa mente é diferente do que acontece em nosso corpo físico.
Uma pessoa nunca poderá sentir o que se passa na
mente de outra pessoa. Por exemplo: o que um cientista descobrirá no cérebro
de alguém quando essa pessoa está provando uma barra de chocolate?
Esse cientista, ao analisar a constituição e a configuração do cérebro dessa pessoa, jamais poderá sentir o sabor de chocolate experimentado por ela.
Embora nossas experiências mentais aconteçam no cérebro,
que é a sua fonte, nossos desejos e sentimento são algo distinto, diferente, que não se reduz às
coisas físicas. Em nosso cérebro há dimensões
mentais, não físicas. A experiência mental é sempre
subjetiva, vivenciada pelo próprio sujeito e nunca acessível a uma
outra pessoa.
“Mente sã em corpo são”
Mesmo considerando o fato de que mente e corpo possuem essências distintas, essa afirmativa reforça a noção de que entre
eles existe uma dialética relação de influência recíproca
4. O corpo humano e suas linguagens
• O corpo é um grande mediador por excelência.
Por meio dele estabelecemos nossa relação com o mundo e com a sociedade na qual estamos inseridos.
• A mediação estabelecida entre corpo e mundo, entre corpo e sociedade, entre corpo e natureza acontece por meio da comunicação, que chamamos de linguagem corporal.
• Cinésica – disciplina que estuda a linguagem corporal, as expressões e os possíveis significados dos movimentos corporais.
• Ela exerce um importante papel na decodificação das mensagens emitidas e recebidas nas relações entre sujeitos.
A linguagem corporal é um dos meios utilizados
para comunicação.
Comunicação verbal Comunicação não verbal
Mostra a dimensão social e cultural do ser humano
Manifesta-se por meio da linguagem corporal.
Deixa transparecer, implicitamente, as reações, os sentimentos e as emoções que acompanham o ser humano em suas relações com os outros.
É importante não esquecer o contexto no qual o ser humano está envolvido, pois os significados dos gestos corporais têm
relação com a cultura, que os reconhece.
• O corpo fala por meio dos gestos, das expressões faciais, dos tons de voz, do controle dos movimentos, sejam eles voluntários ou não.
Essas linguagens devem ser analisadas por diferentes perspectivas, sejam psicológicas, sociais ou culturais.
Nesse processo de comunicação acontece uma interação entre as pessoas, que compartilham sentimentos e emoções, ideias e convicções, com a
possibilidade de influenciar no comportamento do outro.
• O corpo emite sinais relacionados às diferentes experiências da vida:
Amor e ódio;
Saciedade e fome;
Serenidade e perturbação; etc
Esses sinais aparecem em todos os sentidos do
corpo humano.
• Você já deve ter percebido e analisado diferentes sinais do corpo. Emoções positivas e negativas.
A diferença entre um sorriso autêntico que
indica prazer e aprovação e um sorriso que indica
ironia, desprezo, superioridade, agressividade.
Palavras que afirmam algo que é negado pelo
corpo.
O corpo emite sinais relacionados às diferentes experiências da vida.
5. O corpo: um produto da cultura • Ser um ser humano implica, necessariamente em :
ser cultural;
Seres racionais - garante a habilidade de transformar o meio no qual vivemos; criando e transformando a cultura, ao mesmo tempo em que somos influenciados por ela.
• Antes mesmo do nascimento de um bebê, sua família organiza tudo para sua chegada.
• Na cultura ocidental: escolher roupas azuis e verdes para o menino, roupas rosas e lilás para as meninas.
• Nesse sentido, o sexo também vai influenciar a escolha da decoração do quarto, o corte de cabelo, o modo de educar, as práticas esportivas, etc.
• Hoje pouco se acredita nas determinações que o sexo exerce na criança.
• Quando falamos em gênero, ao invés de falar em sexo, estamos tratando dos elementos culturais que influenciam as ações femininas e masculinas.
• Trata-se do modelo de comportamento que se espera de um menino ou de uma menina, de um homem ou de uma mulher.
• Esse modelo muda de cultura para cultura e varia de acordo com o período histórico, determinado, por conseguinte, as modificações nas instituições sociais – política, religiosa e familiar.
5.1. o corpo feminino • Produtos anunciados e oferecidos pelo mercado publicitário é
comum estra presente o corpo feminino
• Seja presente nas propagandas que visam vender produtos que são culturalmente destinados aos homens , seja nas publicidades destinadas ao público feminino.
• As propagandas incentivam a construção de um modelo de beleza que estimula as pessoas a viverem em busca constante pelo corpo e pela vida perfeita.
• Iludidas pelo mundo fantasioso da publicidade e constante pressão da sociedade – muitas meninas e mulheres travam uma luta constante para alcançar o tão sonhado corpo perfeito, que nada mais é do que uma criação que utiliza poderosas tecnologias para tornar perfeita uma beleza natural.
• Tendo construído o ideal de beleza, a sociedade passa a criar domínios / espaços que incluem aqueles que minimamente preenchem os requisitos desse ideal e excluem aqueles que não preenchem.
• Nasce disso a exclusão, a depressão, os transtornos alimentares , frustração por não conseguir se adequar aos padrões.
• Como consequência a criação de estereótipos.
Esse corpo é levado a agir, a pensar e a ser conforme o que é imposto como referência de beleza pela publicidade.
• Que destrói as diferenças individuais, em busca de uniformização e conformismo ao modelo de beleza ocidental.
• Não devemos nos esquecer de que a publicidade trabalha com uma ideia de beleza mercantil, aquela que existe em função de um objetivo, de um produto.
• O corpo é usado como meio para que o produto apareça.
• O objetivo é o produto, como se fosse o senhor que comanda; o corpo, o escravo, o subordinado.
5.2. concepção ocidental e oriental de corpo
Culturas ocidentais Culturas orientais
Herdeiras do pensamento platônico, Predomina a perspectiva que entende mente e corpo como instâncias separadas e opostas A mente apresenta evidente superioridade.
Cultiva-se o pensamento que compreende a relação corpo e mente como harmônica, compondo um único todo, sem privilegiar uma dimensão sobre a outra.
Pensamento discursivo, racional, linear, técnico e científico.
O pensamento cultiva-se a dimensão intuitiva, que está ante ou depois da razão, do intelecto.
• Yin e Yang representam as duas forças fundamentais, opostas e complementares, presentes em tudo.
• O Yin é o princípio feminino, da escuridão e da absorção;
• O Yang é o princípio masculino, da luz e da atividade.
• Para os orientais, em cada ser existe esse movimento permanente de transformação.
• Na cultura ocidental, costuma-se separar essas realidades, atribuindo a um, separadamente, a passividade, e a outro, a atividade.
• Em nossa cultura dividimos em muitas partes ou facetas – pretendemos ter conhecimento separado de cada aspecto, para melhor dominar e explorar essa realidade.
• Como um oriental vê essa nossa forma de pensar?
• Pensar na mudança de paradigma faz-se necessário.
• Contra uma visão cartesiana, mecanicista e técnica, necessitamos cultivar um modelo de pensamento mais sistêmico, mais holístico, que articula todas as dimensões da grande realidade do universo.
• Novo paradigma ecológico-integral, no qual predomina a unidade entre os seres, entre o ser humano e toda a biodiversidade, entre a consciência e a matéria, entre o sujeito e objeto.
• Vem crescendo entre nós, aqui no ocidente, o cultivo de novas formas de cuidade com a saúde, por meio de trabalhos corporais alternativos, de origem oriental, como tai-chi-chuan, ioga, lian gong, zen shiatsu, acupuntura, etc
Busca maior qualidade de vida,
Resultam de uma concepção que leva em consideração a existência de uma relação de complementariedade entre o corpo e mente, de
influência recíproca.
• Existem muitas pessoas que abusam do corpo – intoxicando-o ou levando-o ao extremo do cansaço.
• De acordo com a concepção oriental, a mente não consegue se desenvolver, pois entre corpo e mente existe uma relação de interdependência.
• Ao mudarmos nossa formas de pensar, o mundo muda, pois nossas relações passarão a ser diferentes.
• A qualidade de vida tem relação com a forma de conceber a vida e a relação entre o corpo e mente.
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