Argumentação

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ARGUMENTAÇÃOARGUMENTAÇÃO

““Mil e uma noites”Mil e uma noites”Cosette AlvesCosette Alves

ARGUMENTOARGUMENTO

• (...) razão, raciocínio que conduz à indução ou (...) razão, raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo;dedução de algo;

• prova que serve para afirmar ou negar um fato;prova que serve para afirmar ou negar um fato;• recurso para convencer alguém, para alterar-lhe a recurso para convencer alguém, para alterar-lhe a

opinião ou o comportamentoopinião ou o comportamento (...) (...)Fonte: Dicionário HouaissFonte: Dicionário Houaiss

Vem do latim Vem do latim argumentumargumentum, onde a raiz , onde a raiz arguargu- - significa significa fazer brilharfazer brilhar, , iluminariluminar..

PROCESSO DE COMUNICAÇÃOPROCESSO DE COMUNICAÇÃO

EMISSOR RECEPTOR

Alguém que fala/escreve (1ª pessoa)

Alguém que escuta/lê (2ªpessoa)

MENSAGEM

(O diálogo, texto)

Traz uma idéia, visão de mundo que o emissor quer

que o receptor faça ou acredite.

Construção ArgumentativaConstrução Argumentativa

ANÁLISE DE UM TEXTO ANÁLISE DE UM TEXTO ARGUMENTATIVOARGUMENTATIVO

Auditório: PARTICULAR Auditório: PARTICULAR (leitores do jornal “A folha de São Paulo”)(leitores do jornal “A folha de São Paulo”)

Palavras chave: Palavras chave: imprensa e corrupçãoimprensa e corrupção..

Determinação do pressuposto:Determinação do pressuposto:

““A imprensa tem de ser mais séria ao denunciar os A imprensa tem de ser mais séria ao denunciar os casos de corrupção”.casos de corrupção”.

Detecção dos ArgumentosDetecção dos Argumentos

Pressuposto inicial: Pressuposto inicial: Por que a imprensa não pode ser Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia casos leviana quando denuncia casos de corrupção?,de corrupção?,

1º parágrafo: Informação de como surgiu a história 1º parágrafo: Informação de como surgiu a história das das mil e uma noites.mil e uma noites.

“ “Era uma vez um sultão que descobriu que sua mulher o traía. Cortou-Era uma vez um sultão que descobriu que sua mulher o traía. Cortou-lhe a cabeça. Triste e infeliz, dedicou o resto da vida à vingança. Todas lhe a cabeça. Triste e infeliz, dedicou o resto da vida à vingança. Todas as noites, dormia com uma mulher diferente, que mandava matar no as noites, dormia com uma mulher diferente, que mandava matar no dia seguinte. Sherazade, jovem princesa, se oferece para dormir com o dia seguinte. Sherazade, jovem princesa, se oferece para dormir com o cruel sultão. Caprichosa, garante que tem um plano infalível que a cruel sultão. Caprichosa, garante que tem um plano infalível que a livraria da morte. Assim aconteceu. Passa mil e uma noites com o rei, livraria da morte. Assim aconteceu. Passa mil e uma noites com o rei, contando histórias de traições. O sultão enganado mudou seu destino. contando histórias de traições. O sultão enganado mudou seu destino. Esquece da vingança, ouvindo muitos outros casos iguais ao seu.” Esquece da vingança, ouvindo muitos outros casos iguais ao seu.”

2º parágrafo: Cosette pergunta o que teria acontecido com o sultão.

“O que aconteceu com o sultão? Conformou-se, pois a traição faz parte da vida? Sossegou ao saber que muitos outros também eram enganados? Perdeu a inveja dos homens felizes? Ou simplesmente ficou entretido com as histórias de Sherazade?”

3º parágrafo: Afirma que ninguém sabe o fim dele ou de Sherazade.

“Não se sabe como termina a história. O rei voltou a acreditar nas mulheres ou mandou matar Sherazade ao fim das mil e uma noites? Histórias emendadas umas às outras distraem, divertem e não fazem pensar. Anestesiam. As histórias têm certa magia”.

Os três primeiros parágrafos têm importância fundamental na estruturação do texto, colaborando de forma precisa para sua coerência.

4º parágrafo: Vemos com clareza o assunto a ser tratado – o descaso da imprensa nos casos de corrupção.

“Tenho pensado sobre os inúmeros casos de corrupção contados por jornais e revistas. Emendados uns aos outros, parecem histórias das mil e uma noites brasileiras”.

5º parágrafo: Trata do papel da imprensa ao denunciar os casos de corrupção.

“A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispõe a democracia para combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores. O caso Watergate foi o resultado de exaustivas investigações dos jornalistas do Washington Post. Coletaram dados levaram até o fim as suas suspeitas e correram o risco de suas acusações. Não foram notícias baseadas em diz-que-diz ou espalhadas nas páginas dos jornais por adversários políticos. Notícias divulgadas sem investigação jornalística mais profunda acabam sendo banalizadas”.

6º parágrafo: com a alusão às mil e uma corrupções brasileiras é que se cria um elo entre os três parágrafos introdutórios e o tema do artigo.

“A sociedade precisa ter acesso a fatos que a convençam. A esperada e saudável indignação não vão surgir com denúncias feitas sem provas. Histórias de corrupção em cores, fotos cruéis, denúncias vazias levam a quê? Será que com comédia e piadas é que se pretende apresentar fatos de tal relevância? Não há lugar para tanto sense of humor em um país onde a miséria seja tão grande como a nossa. Infelizmente, a hora não é para brincadeiras. Do contrário, as pessoas esperarão os jornais e revistas apenas ansiosas para o próximo capítulo da novela das mil uma corrupções brasileiras”.

7º parágrafo: As mesmas perguntas feitas em relação ao sultão, Sherazade e às histórias contadas, ela as faz agora em relação aos brasileiros, à imprensa (nossa Sherazade) e às histórias de corrupção.

“O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias de Sherazade?”

8º parágrafo: Afirmação que serve de transição entre o sétimo e o nono parágrafos. Constituído de uma só frase, serve, ao mesmo tempo, de pausa e gancho para a retomada do assunto.

“A corrupção não pode se tornar mais uma distração entre os brasileiros”.

9º parágrafo: A história de Sherazade entra como um recurso de argumentação. A autora faz uma analogia entre seu breve resumo de As mil e uma noites e o papel da imprensa brasileira. Fecha, desta forma, o artigo, retomando ao parágrafo inicial, dando coerência ao seu texto argumentativo.

“Corrupção faz parte da natureza humana. Para controlar, a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de provas. Só assim a sociedade pode reagir e a Justiça atuar. Os casos são contados muitas vezes apenas com insinuações e sem fatos. Muitos são esquecidos e substituídos por outros mais novos. Confundem as pessoas e levantam dúvidas sobre a veracidade da notícia. Não há tempo para se perder em histórias de mil e uma noites”.

Retomemos a pergunta:

Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia casos de corrupção?

Teremos como resposta:

1 – A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispõe a democracia para combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores;2 - a sociedade precisa ter acesso a fatos que convençam;3 – A corrupção não pode se tornar mais uma distração para brasileiros como acontece com as histórias contadas em As mil e uma noites.

Recorrendo a uma conjunção conclusiva, fica mais fácil ver como isso acontece:

1° argumento: A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispões a democracia para conhecer a corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores,

Por isso a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de

provas. 2° argumento: A sociedade precisa ter acesso a fatos que a convençam,

Por isso a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de

provas. 3° argumento: A corrupção não pode se tornar mais uma distração para brasileiros como acontece com as histórias contadas em As mil e uma noites,

Por isso a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de

provas.

TIPOS DE ARGUMENTOTIPOS DE ARGUMENTO

1) Argumento Dedutivo:1) Argumento Dedutivo:

• Se todas as premissas são verdadeiras, a Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira.conclusão deve ser verdadeira.

• Toda a informação ou conteúdo factual da Toda a informação ou conteúdo factual da

conclusão já estava, pelo menos implicitamente, conclusão já estava, pelo menos implicitamente,

nas premissas.nas premissas.

Ex: Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia Ex: Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia casos de corrupção?casos de corrupção?

R: A denúncia da imprensa é o instrumento mais R: A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispõe a democracia para combater a importante de que dispõe a democracia para combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores;bastidores;

• R: A sociedade precisa ter acesso a fatos que R: A sociedade precisa ter acesso a fatos que convençam;convençam;

• R: A corrupção não pode se tornar mais uma distração R: A corrupção não pode se tornar mais uma distração para brasileiros como acontece com as histórias para brasileiros como acontece com as histórias contadas em contadas em As mil e uma noitesAs mil e uma noites..

2) Argumento de Autoridade:2) Argumento de Autoridade:

• Citar autores renomados, autoridades num certo Citar autores renomados, autoridades num certo domínio do saber.domínio do saber.

• Usar citações mostra que o falante conhece bem Usar citações mostra que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o o assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre este assunto já pensaram outras que sobre este assunto já pensaram outras pessoas.pessoas.

Ex: “Ex: “O caso Watergate foi o resultado de exaustivas investigações dos jornalistas do O caso Watergate foi o resultado de exaustivas investigações dos jornalistas do Washington Post. Coletaram dados levaram até o fim as suas suspeitas e correram o risco Washington Post. Coletaram dados levaram até o fim as suas suspeitas e correram o risco de suas acusações. Não foram notícias baseadas em diz-que-diz ou espalhadas nas páginas de suas acusações. Não foram notícias baseadas em diz-que-diz ou espalhadas nas páginas dos jornais por adversários políticos. Notícias divulgadas sem investigação jornalística mais dos jornais por adversários políticos. Notícias divulgadas sem investigação jornalística mais profunda acabam sendo banalizadas”profunda acabam sendo banalizadas”

3) 3) Argumentos por Analogia:Argumentos por Analogia:

• Estabelecem uma semelhança entre dois casos e Estabelecem uma semelhança entre dois casos e inferem da semelhança de certos atributos que os dois inferem da semelhança de certos atributos que os dois casos serão também semelhantes noutro. A premissa casos serão também semelhantes noutro. A premissa implícita é que serem semelhantes numas coisas implica implícita é que serem semelhantes numas coisas implica que serão na outra. que serão na outra.

Ex: “Ex: “O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias de Sherazade?”de Sherazade?”

3) 3) Argumentos por Analogia:Argumentos por Analogia:

• Estabelecem uma semelhança entre dois casos e Estabelecem uma semelhança entre dois casos e inferem da semelhança de certos atributos que os dois inferem da semelhança de certos atributos que os dois casos serão também semelhantes noutro. A premissa casos serão também semelhantes noutro. A premissa implícita é que serem semelhantes numas coisas implica implícita é que serem semelhantes numas coisas implica que serão na outra. que serão na outra.

Ex: “Ex: “O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias de Sherazade?”de Sherazade?”

3) 3) Argumentos por Valoração:Argumentos por Valoração:

• Verdades que são de consenso geral. É o argumento

que utiliza conceitos e idéias respeitados e considerados

inquestionáveis, aceitos universalmente. • Temáticas que são representadas por esse tipo de argumento: paz, harmonia, respeito, liberdade,direito de ir e vir,coragem, bondade,etc.  Ex: “A denúncia da imprensa é o instrumento mais

importante de que dispõe a democracia para combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores.”

Figuras de RetóricaFiguras de Retórica

1) Antonamásia: “O caso Watergate foi resultado...”2) Citação: “...investigações dos jornalistas do Washington Post.”3) Prosopopéia: “História de corrupção em cores, fotos cruéis...”4) Sinonímia: “Será que com comédias e piadas...”5) Perífrase: “...a história de um país com 130 milhões de habitantes.”

Exemplos de figuras retiradas do texto:

1)1) InvençãoInvenção (heuresis) – Uso do Conto “As mil e uma noite” e das (heuresis) – Uso do Conto “As mil e uma noite” e das citações presentes no texto.citações presentes no texto.

2)2) DisposiçãoDisposição (taxis) – A autora optou por começar pelos argumentos (taxis) – A autora optou por começar pelos argumentos “mais fracos” e terminar com os “mais fortes”.“mais fracos” e terminar com os “mais fortes”.

3)3) ElocuçãoElocução (lexis) – figuras de estilo presente no texto como a (lexis) – figuras de estilo presente no texto como a comparação, que é a base do mesmo.comparação, que é a base do mesmo.

4)4) AçãoAção (hypocrisis) – Proferição do discurso com tudo o que ele pode (hypocrisis) – Proferição do discurso com tudo o que ele pode implicar em termos de efeitos de voz, mímicas e gestos, como veremos a implicar em termos de efeitos de voz, mímicas e gestos, como veremos a seguir:seguir:

As Quatro Partes da Retórica

Exemplo de argumentação, o filme, que traz já no Exemplo de argumentação, o filme, que traz já no

título a ironia como figura de linguagem, título a ironia como figura de linguagem,

agradecendo às pessoas por fumarem, apresenta – agradecendo às pessoas por fumarem, apresenta –

em níveis diferentes – a força do discurso.em níveis diferentes – a força do discurso.

““Obrigado por fumar” Obrigado por fumar” (Thank You for Smoking) (Thank You for Smoking)

Ano de lançamento ( EUA ) : 2006 Ano de lançamento ( EUA ) : 2006 Direção: Jason reitmanDireção: Jason reitman

Cena I

““Isso é negociar, não argumentar”Isso é negociar, não argumentar”

“ “ Se argumentar corretamente, nunca estará errado”Se argumentar corretamente, nunca estará errado”

Cena II

Cena III

Cena final – O julgamentoCena final – O julgamento

• VIANA, Antonio Carlos; VALENÇA, Ana; CARDOSO, Denise; MACHADO, Sônia Maria. Roteiro de redação; lendo e argumentando. Universidade Federal de Sergipe, 1998.

• Extratos do texto “Discurso e argumentação” de Ingedore Villaça Koch.

BIBLIOGRAFIA