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Universidade Cândido Mendes Pós-Graduação “Lato Sensu” Instituto A Vez do Mestre Gestão em Recursos Humanos Aluna:Bárbara Silva de Castro Orientador:Carlos Alberto Cereja de Barros
A dependência química como realidade nas empresas
Rio,01/02/07
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A dependência química como realidade nas empresas
Apresentação de monografia à
Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para conclusão prévia do
curso de pós-graduação “lato Sensu” em:
Especialista de Gestão estratégica de
pessoas em Recursos Humanos.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Deus que tem sido
meu maior amigo, a minha amada mãe
que foi tudo para mim e vive eternamente
em meu coração. Agradeço aos
incentivos de meu pai. Ao
companheirismo e amor de minha irmã e
aos amigos.
SUMÁRIO
Introdução 2 Capítulo I:A dependência química na atualidade e seus principais
determinantes,
1.1Dependência Química aspectos gerais 6 1.2Apontamentos sobre algumas drogas lícitas
9
1.3 Apontamentos sobre algumas drogas ilícitas 12
Capítulo II: A dependência química nas empresas. 2.1 Breve Histórico da intervenção, no Brasil: Dependência Química na empresa. 15 2.2 A Empresa e o trabalhador 19
Conclusão 24
Introdução
A relevância do tema do uso de álcool e outras drogas está mais do que
atualizada. O uso dessas substâncias psicotrópicas tomaram proporção de
grave problema de saúde pública no país, encontrando ressonância nos
diversos segmentos da sociedade pela relação comprovada entre consumo e
agravos sociais e de saúde, que dele decorrem ou que o reforçam. O
enfrentamento desta problemática constitui uma demanda mundial de acordo
com Organização Mundial da Saúde (OMS): cerca de 10% da população dos
centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias
psicotrópicas, independentemente da idade, sexo, nível de instrução e poder
aquisitivo.
A procura por prazer e bem-estar é uma construção histórica,
reatualizada a partir da modernidade . O problema consiste em procurá-los
usando de forma nociva as drogas. Recorrer ao uso de forma freqüente a
despeito de conseqüências danosas pode ser um indício do convite ao
consumo; de que algo não vai bem com o indivíduo ou em suas relações. As
pessoas relatam motivações diversas para o uso de álcool e outras drogas:
busca do prazer; necessidade de pertencimento grupal; frustrações no âmbito
da família, na carreira profissional, ou na vida social.
De fato, não haveria problema algum com as drogas se o
comportamento de as consumir abusivamente não fosse altamente reforçado e
auto-reforçador. É inegável que o abuso pode encaminhar o indivíduo para a
dependência, mas se tal vivência fosse unicamente desagradável, não haveria
problema social algum.
Atualmente, o mundo vivencia de forma intensa o fenômeno da
globalização da economia, que sob uma ótica simplista pode ser vista como a
organização de empresas e economias em escala planetária. O problema
drogas também deve ser analisada nesse circuito de mercado globalizado,
embora não se constitua objeto da análise desse trabalho de conclusão de
curso.
A questão do uso do álcool ou das outras drogas não se constitui um
fenômeno só da órbita da relação do individuo com as substancias.
Segundo a Revista Brasiliano (2005), o estudo da Organização Mundial da
Saúde (Informe Mundial da Saúde, 2002-OMS) sobre os riscos de saúde
que incidem sobre a população mundial, reduzindo a expectativa de vida
saudável e aponta um dado que convoca à reflexão. Estima-se que de 15%
a 20% da vida dos brasileiros é passada em precárias condições de saúde.
Da expectativa de vida de 68,7 anos para o brasileiro (IBGE), tem-se que
56,7 anos são passados em condições de vida satisfatórias (OMS). Os
restantes (12 anos) são vividos em enfermidade crônica. E qual a droga com
maior risco apontado para a América Latina, que evidentemente, inclui o
Brasil? O álcool.
Já havia o conhecimento de que o álcool se trata de um dos mais sérios
problemas de saúde pública existente. Estima-se que 1 em cada 3 leitos
hospitalares no Brasil é ocupado em decorrência direta ou indireta do consumo
abusivo de álcool. Dados do I levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas
Psicoterápicas no Brasil (CEBRID, 2001), apontam que 5,2% dos brasileiros
fazem uso freqüente de álcool (9,1% dos homens) e que 11,2% são
dependentes de álcool (17,1% dos homens). Somados os números temos que:
16,4% dos brasileiros fazem uso regular dessa condição (e esse contingente
sobe para 26,2% - mais que ¼ - em se tratando de população masculina).
A pesquisa citada acima coloca, definitivamente, o debate sobre o modo
de uso etílico no Brasil na ordem do dia, pelo menos no que tange a questão
da saúde física dos brasileiros.
Porém, o cenário vai além. Não se esgota tal problemática apenas
abordando índices apegados a expectativa de vida ou às complicações clínicas
advindas de abuso prolongado ou intoxicação. E, aí, o álcool deixa de se
encontrar sozinho. Se de fato, outras substâncias psicoativas (cocaína,
anfetamina, maconha, solventes etc) ainda não encontram, em seus números,
representações alarmantes de impacto no universo da saúde pública, pode-se
afirmar trazem conseqüências que merecem destaque.
Segundo o Ministério da Saúde (2003):
“a relação entre o uso de álcool, outras drogas e os eventos acidentais ou situações de violência, evidencia o aumento na gravidade das lesões e a diminuição dos anos potenciais de vida de risco da população, expondo as pessoas a comportamentos de risco. Os acidentes e as violências ocupam a 2ª causa de mortalidade geral, sendo a primeira causa de óbitos entre pessoas de 10 a 49 anos de idade. Esse perfil se mantém nas séries históricas do sistema de mortalidade do M.S, nos últimos anos”.
Descrevo esse quadro para expor meu imenso interesse por esse tema
tão relevante na atualidade.O primeiro capítulo apresenta a dependência
química na atualidade e seus principais determinantes e o segundo capítulo
aborda a dependência química nas empresas.
Capítulo I – A dependência química na atualidade:
principais determinantes.
1.1) Dependência Química: aspectos gerais.
O abuso de drogas verificado nos últimos anos e suas conseqüências na
vida do indivíduo e da sociedade é considerado, hoje, um problema de saúde
pública.A situação vem se tornando cada vez mais alarmante e com grande
impacto social, reivindicando maior atenção dos profissionais de saúde e de
profissionais de demais áreas onde tal realidade se mostra presente, como por
exemplo, no trabalho. Como diz Bucher (1988:35), o problema espalha-se nas
sociedades industrializadas para atingir dimensões epidêmicas, transformando-
se num sintoma inquietante de um novo e profundo mal-estar na
civilização.Como se trata de uma ilusão, a entrega contínua ás drogas provoca,
após experiências iniciais de prazer, sensações de desprazer e dependência.
Na classificação internacional de doenças (CID10), são abordados os transtornos mentais por uso de álcool e outras drogas. Os
aspectos sociais e psicológicos, apresentados por uma pessoa com dependência química são trabalhados, mas de forma ínfima.
Ou seja, tais aspectos são pouco mencionados como critérios diagnósticos em comparação com os aspectos físicos. O CID 10
trabalha muito com a tradição de um conhecimento biomédico assentado nos sintomas do corpo, o que não revela a realidade
mais ampla do dependente químico. Isso porque, também, na maioria das vezes, os aspectos físicos já são considerados
sintomas finais da doença. Vejamos os fatores que indicam que existe dependência alcoólica segundo o CID 10.
“ *Uso continuado de álcool;
*Dificuldade em controlar o uso de álcool;
*Forte desejo de usar álcool;
*Tolerância (bebe grandes quantidades de álcool sem parecer
intoxicado);
*Abstinência (ansiedade, tremores, sudoreses após parar de beber);”
(CID10/1998:22)
As informações supracitadas serão trabalhadas no item 2.1.1. Podemos
observar a seguir que com relação as outras drogas, os fatores que identificam
existir a dependência química1 3 são muito semelhantes aos relacionados a
dependência alcoólica:
“*Uso pesado ou freqüente ;
*O uso de drogas causou dano físico(ex: ferimentos enquanto intoxicado), dano psicológico(ex: sintomas psiquiátricos
devido ao uso de drogas) ou levou a conseqüências sociais prejudiciais(ex: perda de emprego, problemas familiares graves).
*Dificuldade em controlar o uso de drogas;
*Forte desejo de usar drogas;
*Tolerância;
*Abstinência;”
(CID10/1998:24)
A dependência química é tipificada por um conjunto de sintomas
previsíveis ao preencher os critérios , fases e características especificas de
doença. O uso constante seria um sintoma, pois os dependentes passam a
querer resultados imediatos. Para tanto, muitos usam drogas compulsivamente,
sem qualquer consideração prévia do que lhes possa ocorrer. Este uso
recorrente pode envolver riscos, aumentando-os a medida que progride a
doença: os dependentes necessitam de mais drogas para que seja alcançado o
efeito desejado.
Outra característica da dependência química seria a “negação”, que
pode ser percebida como uma resistência psíquica que pode ser manifesta de
diversas formas, incluindo a minimização do problema, a racionalização e a
projeção. Há dependentes que demonstram todas elas, usam a minimização
1 A dependência química como dependência a substâncias psicotropicas é classificada pela Organização Mundial de Saúde como transtorno psiquiátrico. Caracteriza-se por um desejo incontrolável de consumir uma droga, apesar das conseqüências danosas.
para negar a progressão da doença, tanto para si próprios como para os
demais.
A racionalização se dá quando os dependentes se tornam incômodos
com o uso e acham motivos para justificar o porquê deste uso; já a projeção é
identificada pelos profissionais quando observam a tentativa do usuário em
negar a real situação e culpar os outros e, o que for emocionalmente
inaceitável ao dependente químico é atribuído a outra pessoa.
Alguns sinais são importantes para identificar a progressão da doença
como acontece quando o indivíduo começa a se preocupar muito com a droga,
sente uma necessidade de garantir o uso. Os dependentes terão preocupação
de se programar para poderem usar tranqüilamente a droga e evitar situações
que dificultem o uso.
A dependência química é um fenômeno de condição crônica e, se não
for tratada, progride, podendo levar a morte do indivíduo, como por exemplo,
nos acidentes de trânsito e suicídios.
É importante esclarecer alguns termos importantes para o âmbito da
empresa, segundo Vaissmam (2004/187):
*Bebedor moderado å Pessoa que utiliza a bebida alcoólica sem
dependência e sem problemas decorrentes de seu uso.
*Bebedor-problema å Pessoa que apresenta qualquer tipo de problema
(físico, psíquico ou social), relacionado ao uso de álcool.
* Abuso do álcool e ou outras drogaså Significa a ingestão do álcool
e/ou outras drogas esporádica ou repetidamente trazendo prejuízos pelos seus
efeitos orgânicos e/ ou conseqüências econômicas e sociais pelo seu uso.
*Dependente do álcool ou outras drogaså Pessoa que depende do
álcool e/ou de outras drogas para “funcionar”; precisa do uso de álcool e/ou
outras drogas constantemente para se sentir bem ou evitar o mal-estar.
* Síndrome de abstinência å Conjunto de sinais e sintomas
habitualmente encontrado nas pessoas dependentes do álcool e/ou outras
drogas, quando da interrupção ou diminuição de seu uso. Consistem em :
tremor matinal(mão, língua,pálpebras ), associado a náuseas, vômitos,
fraqueza, taquicardia, sudorese, aumento da pressão arterial, ansiedade,
depressão, alucinação , dor de cabeça e insônia.
O alcoolismo traz à sociedade uma enorme gama de conseqüências
indesejáveis e extremamente dispendiosas, que alcançam indivíduos de todas
as classes sociais. Desta maneira, faz se necessárias respostas políticas e
empresariais para o enfrentamento dos problemas decorrentes de seu
consumo. Uma vez que a magnitude do problema é enorme, no contexto da
saúde pública.
Não podemos esquecer que o uso/abuso de drogas esta presente em
muitos casos de homicídio, assalto, assassinato, roubos, violência doméstica e
com foco no trabalho as conseqüências está no absenteísmo, na baixa
produtividade, em brigas com os colegas de trabalho, o relacionamento fica
afetado, atrasos, saídas antecipadas, acidentes de trabalho, dentre outras.
1.2.) Apontamentos sobre algumas drogas lícitas
A partir do primeiro decênio do século XX, as drogas puderam ser
consideradas lícitas e ilícitas. O álcool é a substância cujo uso é estimulado
pelo mercado e pelo costume geral e tem penetração livre em quase todos os
ambientes sociais, enquanto o termo droga apresenta uso às “escuras”.
O álcool possui estrutura de produção e circulação, integrada ao sistema
econômico legal, associando ao seu consumo possíveis comportamentos
agressivos dos indivíduos. Já o mercado das drogas ilícitas se relaciona
diretamente com a produção de violência, uma vez que sua estrutura de
produção e de distribuição é ilegal . Se na aparência você tem um embate
contra forças institucionais a polícia e a Justiça, por outro, financia amplo
processo de corrupção constituinte dessas organizações.
Nesse cenário, o problema drogas recebe a intervenção da Justiça e da
saúde considerando os marcos legais e epidemiológicos respectivamente.
“O número de usuários e dependentes de álcool no Brasil (11,2% da população é dependente –CEBRID,2001) é muitas vezes mais que a soma do número de usuários e dependentes de outros tipos de substâncias psicoativas (3,3% da população é dependente de outras drogas- CEBRID,2001).” (Revista Brasiliano,2005.)
A conclusão desses dados é que boa parte dessa diferença é justificada
pelo acesso permitido, fácil e altamente estimulado ao álcool e pelo acesso
proibido e perigoso às drogas ilícitas. Temos fatores sociais de incentivo e
massificação do consumo de álcool (como exemplo as fortes propagandas
divulgadas pelas indústrias de bebida no Brasil), que são importantes
fomentadores do uso e até mesmo do abuso do álcool.
Ao longo da história o homem sempre tentou modificar o humor, as
percepções e sensações por meio de substâncias psicoativas, com finalidades
religiosas ou culturais, curativas, relaxantes ou simplesmente prazerosas. Na
antiguidade, esses usos faziam parte de hábitos sociais e era um meio de
integração dos indivíduos na sociedade através de cerimônias, rituais e
festividades.
No primeiro momento, as bebidas eram produzidas apenas pela
fermentação e, por isso, tinham baixo teor alcoólico. Mas com o
desenvolvimento do processo de destilação, começaram a surgir as primeiras
bebidas mais fortes e mais perigosas. Com a revolução industrial, a bebida
passou a ser produzida em série, o que aumentou consideravelmente os
números de consumidores e, por conseqüência, os problemas sociais
causados pelo abuso no consumo do álcool.
Na atualidade, um dos grandes problemas, dentre os muitos causados
pelo álcool, é a combinação bebida-direção. Por afetar consideravelmente a
coordenação motora e o tempo de reação do usuário, muitos acidentes fatais
ocorrem devido ao motorista estar sob o efeito do 4 2álcool ou estar a vítima
“embriagada” .
A pessoa que consome bebidas alcoólicas de forma excessiva, ao longo
do tempo, pode desenvolver dependência do álcool, condição esta conhecida
como “alcoolismo”.
A transição do beber moderado ao beber problemático ocorre de forma
lenta, tendo uma interface que, em geral, leva vários anos.Alguns dos sinais do
beber problemático são: desenvolvimento da tolerância, ou seja a necessidade
de beber cada vez maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeito;
o aumento da importância do álcool na vida da pessoa, a percepção do “grande
desejo” de beber e de falta de controle em relação a quando parar; síndrome
2 Dirigir sob o efeito de álcool é proibido por lei no Brasil da substância aceita no país é de 0,6 gramas por litros de sangue.
de abstinência (aparecimento de sintomas desagradáveis após ter ficado
algumas horas sem beber) e o aumento da ingestão de álcool é um quadro
que aparece pela redução ou parada brusca da ingestão de bebidas alcoólicas
após um período de consumo.
Abordarei agora sobre o tabagismo,que é considerado pela Organização
Mundial da Saúde(OMS) um problema de saúde pública global e a segunda
maior causa de mortes no mundo. O total de mortes devido ao uso do tabaco já
atingiu a cifra de cinco milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de
10 mil mortes por dia. No Brasil, cerca de 200 mil pessoas morrem anualmente
em decorrência do cigarro, segundo dados do Instituto Nacional do
Câncer(INCA).
“O crescimento do consumo do tabaco, produzido principalmente por empresas multinacionais, juntamente como o uso do álcool, constitui enorme gerador de lucros e impostos por meio de sua associação à sociabilidade e ao glamour”(2001:103).
O fumo é um fator de adoecimento, sendo uma das principais causas de
morte evitável no mundo. O Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional
do Câncer/INCA, tem diversas estratégias para reduzir o tabagismo em nosso
país. Uma delas é estimular, através dos profissionais de saúde e da formação
de agentes multiplicadores, a conscientização da população em geral sobre os
danos causados pelo tabaco.
Quando cigarros industrializados e de fumo-de-rolo, cachimbos e
charutos são acesos, algumas substâncias são inaladas pelo fumante e outras
se difundem pelo ambiente.Essas substâncias são nocivas à saúde.
Vale ressaltar que a ação das substâncias do cigarro ocorrem não só
sobre o fumante, mas também no não fumante exposto à poluição ambiental
causada pelo cigarro.
1.3) Apontamentos sobre algumas drogas ilícitas.
A cocaína é uma droga sintetizada, teve sua origem em meados do
século XIX e sua matéria prima é a folha de um arbusto denominado
erytroxylon /coca.
A cocaína pode ser consumida de várias formas, mas o modo mais
comum é “aspirando” a droga, que normalmente se apresenta sob forma de um
pó. Os efeitos da cocaína no corpo do ser humano dependem das
características da droga que está sendo consumida, pois durante o seu
processo de refino são misturados diversos produtos como cimento,pó de vidro
e talco.
Os primeiros indícios de utilização da folha de coca, matéria prima da
cocaína são encontrados há mais de 3 mil anos, quando era mascada por
povos que habitavam a região andina da América do Sul. Era utilizada para
inibir a fome e estimular longas caminhadas na altitude.
Já o crack é uma mistura de cocaína em forma de pasta não refinada
com bicarbonato de sódio. Esta droga se apresenta na forma de pequenas
pedras e pode ser até 5 vezes mais potente do que a cocaína. Sua principal
forma de consumo é a inalação da fumaça produzida pela queima da pedra.
Ao contrário da maioria das drogas, o crack não tem sua origem ligada a
fins medicinais: ele já nasceu como uma droga para alterar o estado mental do
usuário. Sua origem é recente, e , somente na década de 1990, surgem os
primeiros dados epidemiológicos referentes a ele.
As anfetaminas são diversas. O efeito que as caracteriza é o aumento
da capacidade física do usuário, ou seja, a pessoa sob efeito da droga é capaz
de praticar atividades que normalmente não conseguiria.São compostas por
um grupo de drogas que recebe vários nomes no mercado internacional. Hoje,
muitas pessoas começam inocentemente a toma-las abusivamente devido a
seu efeito excitante ou através da receita médica com a intenção da perda de
peso como no caso dos inibidores da fome.
Há mais de cinco mil anos a Papoula, planta de onde deriva a heroína, é
conhecida pela humanidade. Naquela época, os sumérios costumavam utiliza-
la para combater algumas doenças como a insônia .
A heroína é uma das mais prejudiciais drogas de que se tem notícia.
Além de ser extremamente nociva ao corpo, a heroína causa rapidamente
dependência química e psíquica.
Mais consumida do que a cocaína no país, a maconha é uma erva de
nome científico cannabis sativa. A forma de consumo varia desde a inalação da
fumaça, por meio de cigarro ou incenso, podendo ser ingerida também sob
forma de chá ou comprimido.A maconha tem um significado para os
jamaicanos pois estimula a mente , ajudando a relaxar o corpo nas horas de
descanso. Com o uso contínuo, alguns órgãos como o pulmão passa a ser
afetados mais seriamente pela maconha. Devido à contínua exposição com a
fumaça tóxica da droga, o sistema respiratório do usuário começa a apresentar
problemas como bronquite e perda da capacidade respiratória. Além disso, por
absorver uma quantidade considerável de alcatrão, presente na fumaça de
maconha, os usuários da droga estão mais sujeitos a desenvolver o câncer de
pulmão.
Capítulo II– A dependência química nas empresas
2.1) Breve Histórico da intervenção, no Brasil: Dependência química na empresa.
O uso e abuso de drogas como problema, e as motivações que levam
as pessoas a esta prática, não pode ser definido por um único fator,
considerando ter várias dimensões. Segundo Bucher(1988), o processo de
drogadição corresponde a uma dinâmica complexa, no qual intervém além da
substância, o contexto sociocultural e econômico e a personalidade do
usuário.É importante ressaltar que não é todo consumo de álcool e outras
drogas que provoca a dependência.
Hoje em dia é amplamente aceita a concepção de que a drogadição
decorra de uma conjunção desfavorável dos três fatores citados
anteriormente.É a partir daí que se chega a estados de dependência.
É importante abordar o aspecto do prazer para o uso da droga, pois,
sem tais sensações , não haveria um “problema de drogas”,talvez não haveria
drogaditos ou “viciados”. Ninguém de fato torna-se usuário ou dependente de
drogas não prazerosa, pelo menos no início todas o são.
Estudos indicam, que o indivíduo usa drogas porque está a procura de
“algo” a mais, para preencher uma falta, um vazio, que pode dizer respeito à
uma carência afetiva, à ausência de comunicação, de perspectivas para o
futuro, de valores éticos ou sagrados. Muitas vezes as drogas podem ser
utilizadas para diminuir estados de tristeza, euforia e angústia dos indivíduos.
Bucher afirma que as características de falta ou “sintomas
desconfortáveis” com certeza existem, mas não são exclusividade de usuários
de substâncias psicoativas, alguns deles tanto podem fazer com que se recorra
a drogas,como também serem já conseqüência do seu uso abusivo.
Na atualidade, vivemos em um contexto de aprofundamento de crises de
diferentes matrizes: sócio-cultural, econômica, política e ética. Em muitos casos
o abandono dos valores tradicionais, provocado pelas modificações rápidas
das relações familiares e comunitárias num contexto de crescimento da
valorização das forças de mercado, do consumismo, do imediatismo, do
individualismo, a competição, a falta de solidariedade, têm produzido entre
outras conseqüências perversas, uma ausência de referencial social. Todos
esses são fatores que podem contribuir para o uso de entorpecentes.Segundo
Cruz e Ferreira:
“A frustrante busca pelo consumo ilimitado prometido pelo mercado(legal ou ilegal)produz insatisfação e sensação de ser falho ou incapaz, para os consumidores falhos, a sensação de constante incompletude realimenta a busca de satisfação no consumo extasiado de bens de consumo,seja de drogas” (2001:99).
Tendo como conseqüência do uso e abuso do álcool e outras drogas,
problemas conjugais, sociais, financeiros, de relacionamento, acidentes de
trânsito,problemas psicológicos e ou psiquiátricos, homicídios, suicídios, brigas.
Veremos a seguir alguns fatores que segundo Vaissman, contribuem
para um maior risco profissional em relação ao consumo excessivo de
bebidas no trabalho.
“Disponibilidade do álcool, em certas formas de ocupação, o acaso ao álcool ocorre enquanto se trabalha. Tal disponibilidade pode ocorrer em eventos, festas promovidas pela empresa, assim como presença de cantinas internas que vendam tal produto”.
*Pressão social para beber. A autora afirma que existem profissões que há uma tradição quanto a se beber muito.
*Quando ocorrem situações de solidão ou de falta de suportes sócio- familiares.
*Alta ou baixa renda. Envolvendo indivíduos em pólos sociais extremos.
*locais de trabalho que proporcionem perigo, estresse e tensão, costumam facilitar o uso de bebidas.”
(2004:23),
Como vimos os fatores de risco ligados ao trabalho podem ter
relação com a função exercida, com as condições em que um determinado
trabalho é efetuado, com sentimentos de solidão, pressão social dentre
outros. Nesse sentido é que vão ser expressos no trabalho, alguns
“sintomas” que comprovam o consumo excessivo de álcool e outras
substâncias.
O absenteísmo é uma das características que podem resultar devido ao
uso de drogas,assim como os atrasos excessivos, saídas antecipadas. Outras
conseqüências resultantes do uso e abuso de drogas é a diminuição da
produtividade, a queda na qualidade do trabalho, falta a compromissos,
dificuldades na execução de tarefas complexas, mudanças nos hábitos
pessoais, relacionamentos ruins com os colegas de trabalho, condutas
agressivas, assim como também acidentes de trabalho. A partir desses
sintomas podemos nos questionar se eles seriam os fatores que motivam os
interesses do capitalista para investir em programa de dependência química.
Como podemos observar o uso, abuso são fatores que propiciam
diversas ações para o indivíduo como para quem está no seu ciclo de
convivência (na família, no trabalho, nas relações interpessoais).
Segundo Nascimento(2004), em entrevista realizada à Revista Proteção,
no Brasil 16 milhões de pessoas são dependentes do álcool, que é uma droga
socialmente aceitável. Este consumo é a terceira causa de absenteísmo, isto é,
ausência no trabalho, o que compromete quase 5% do Produto Interno Bruto-
PIB.
É neste contexto que se torna necessário a intervenção em tal
problemática tanto no âmbito público como no âmbito das empresas. Deterei –
me em abordar a seguir, a intervenção no âmbito da empresa que é meu objeto
de pesquisa.
Até meados da década de 1980, as informações sobre a situação do
consumo de drogas psicoativas no Brasil eram escassas, encontradas
principalmente em estatísticas policiais e hospitalares ou em ocorrências dos
Institutos Médico Legais. Bucher afirma haver maior ênfase às drogas ilegais
e seu tráfico, dedicando-se pouca atenção ao grave problema do uso de
drogas lícitas.O autor admite que a partir de 1986, desenvolveu-se uma nova
geração de investigações passíveis ao oferecer um mínimo de informação
necessária para um diagnóstico mais confiável dessa realidade. Isso se deve a
uma política de incentivo à investigação científica sobre o tema com apoio do
CNPq, da OMS e outros.
A empresa Johnson & Johnson foi pioneira no Brasil, na busca de
tratamento de empregados com alcoolismo/toxicomanias. Para tal, investiu em
capacitação de profissionais para que trabalhassem com esse problema no
quadro de funcionários da empresa.
Em 1982, a mesma empresa patrocinou junto com outras fundações
Internacionais (Halzeden e Almca), a criação da clínica de internação Vila
Serena, primeira clínica privada situada no Rio de Janeiro. A clínica foi a
primeira organização a desenvolver de modo estruturado suas atividades
terapêuticas e de treinamento de gerências e supervisores em programas
empresariais. Baseia nos 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos ou Modelo
Minessota, Estado que foram treinados nos EUA. Sua finalidade era oferecer
uma alternativa aos médicos e assistentes sociais das empresas.
Importante salientar que o setor privado teve suas ações anteriores a
ação pública, que somente surgiu no Rio de Janeiro em 1999, quando houve a
problematização da questão da dependência química no âmbito público e
sociedade civil, após o I Fórum Estadual Anti-drogas. Antes dessa data as
pessoas que tinham problema de dependência química eram assistidos nos
seguintes serviços.
• Em grupos de auto-ajuda
• Clínicas especializadas privadas
• Hospitais psiquiátricos conveniados ou públicos.
• Nas emergências dos Hospitais Gerais
• Comunidades Terapêuticas religiosas
Na atualidade, a prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas no
trabalho tem sido muito difundida, sendo foco de seminários, palestras,
oficinas, uma vez que se considera segundo Vaissman, que 70% a 80% dos
usuários de álcool e drogas estejam empregados.
Deste modo, o representante regional do Brasil e Cone Sul do escritório
das Nações Unidas Contra Drogas e Crime-UNODC3 6 ressalta que “quarenta
por cento dos acidentes nas empresas estão ligados ao uso de drogas”, e que
afeta diretamente a produtividade do trabalhador, e, nenhum ambiente de
3 Evento sobre prevenção ao uso de drogas no trabalho realizado em julho/2004, na cidade de Porto Alegre-RS.
trabalho está imune ao consumo de drogas, pois nas empresas também são
refletidos os problemas da sociedade.
Vaissman admite, que em vista das conseqüências com o aumento de
licenças médicas, o aumento dos riscos de trabalho, absenteísmo, queda na
produtividade, várias empresas4 7 brasileiras, sobretudo as de grande porte
como a Petrobrás e as de capital multinacional, passaram a desenvolver
programas de prevenção e tratamento de álcool e drogas no local de trabalho.
“...partindo-se de premissas tais como: para a relação custo/benefício é mais interessante implantar medidas preventivas do que meramente substituir o empregado da empresa, arcando-se com os custos de demissão, recrutamento, seleção e treinamento do novo empregado. (Vaissman,2004: 62)
A autora afirma que foi em 1980, que começaram a surgir os primeiros
programas de alcoolismo nas empresas. Já a partir de 1985, os programas
buscaram ampliar a ação de intervenção, estenderam a sua abrangência para
outras dependências químicas, seguindo recomendações da OMS de
desenvolver programas de prevenção e tratamento da dependência química no
ambiente de trabalho e na comunidade.
4 Os problemas relacionados ao uso/abuso de álcool e outras drogas nas empresas, representam uma das maiores preocupações desde a década de 80. Atualmente grandes empresas brasileiras como a Petrobrás, Furnas, Eletronuclear, Evolução Clínica & Consultoria se organizaram para realização do II Encontro Interativo de Empresas – Problemas relacionados às questões de álcool, tabaco e outras drogas no local de trabalho-durante os dias 10 e 11 de maio de 2005 no Rio de Janeiro.O objetivo foi refletir e trocar experiências pelos diversos segmentos da sociedade, proporcionando ações mais efetivas no campo da prevenção.
2.2)A Empresa e o trabalhador
A situação objetiva do trabalhador evidencia no desequilíbrio entre
salário recebido e a precária capacidade de consumo dos bens necessários à
sua manutenção. A reprodução da força de trabalho demonstra claramente
que o livre mercado de compra e venda da força de trabalho, nada tem de livre,
pois o trabalhador, por possuir apenas uma mercadoria, isto é, a força de
trabalho, é de fato obrigado a vendê-la ao preço médio instituído pelo
capitalista, sob pena de não poder sobreviver.
Além do processo de trabalho que se verifica no interior da empresa, o
capital tenta controlar também a vida externa, e, portanto privada do
trabalhador em função de sua necessidade técnica de ver renovada a energia
gasta no próprio processo de trabalho.
Dessa forma, o trabalhador, ao submeter sua força de trabalho ao
capital, subordina também seu próprio destino, pois cabe ao capital, perceber
se o trabalhador está atingindo os objetivos da empresa.
Na medida em que o processo de exploração do trabalho cria as
condições básicas para a valorização do capital, gera também situações de
pauperização dos trabalhadores que se manifestam nos “problemas sociais”.
Para não afetar a produção, mesmo não se sentindo responsável, a empresa
cria políticas assistenciais e de qualidade de vida, tentando manter em
equilíbrio a relação empregado/empregador.
Então, a partir das deficiências causadas pelo baixo salário, o
trabalhador acaba internalizando no processo de trabalho os chamados
“problemas sociais”, que afetam a produção dentre eles o uso abusivo de
drogas que afeta a produtividade direta do empregado e consequentemente
afetando a produção da empresa.
Vaissman traz um ponto utilizado pelo autor Von Wiegan (1992), onde ele
cita algumas hipóteses de trabalho para a utilização do álcool e/ou outras
drogas. Uma das hipóteses é a característica da estrutura do trabalho, que
produz estresse ou alienação, levando à ansiedade, aliviada com o uso abusivo
de álcool e/ou outras drogas. Outros fatores também podem estar associados
com o problema do uso abusivo de drogas: trabalhos de baixa complexidade,
falta de organização do trabalho, rotinização do trabalho, pressão sobre o
trabalhador, visibilidade do trabalho, pressão no que diz respeito aos horários e
metas a serem cumpridas.
As condições de trabalho a que os empregados são submetidos, são
fatores importantes para o seu desempenho no trabalho. Ou seja se as
condições da infra-estrutura, dos instrumentos utilizados e a forma como os
trabalhadores são tratados, forem adequadas e funcionais proporcionará ao
empregado uma condição favorável a realização das suas atividades. Mas se
ao contrário da condição favorável o empregado se deparar com condições
precárias desestimulantes, fará com que o mesmo não tenha prazer em
exercer a sua atividade.
Muitos empregados também temem perder o emprego, pois tem no salário
numerosas significações. Segundo Dejours (1992), as significações podem
ser concretas (sustentar a família, ganhar as férias, pagar as melhorias da
casa, pagar as dívidas), mas podem ser também abstratas, na medida em
que o salário contém sonhos, fantasias e projetos de realizações possíveis.
O autor afirma que o medo é conscientemente instrumentalizado pela direção para pressionar os trabalhadores e fazê-los
trabalhar. A exploração do medo aumenta a produtividade, exerce uma pressão no sentido da ordem social e estimula o
processo de produção, indispensáveis ao funcionamento da empresa.
É importante levar em consideração os trabalhadores inseridos em funções de destaque como a de diretor e chefia, pois, são
funções que também estão ligadas a agentes estressores por demandarem inúmeras responsabilidades. Esses agentes atuam
fisicamente e psicologicamente nos trabalhadores, o que poderá favorecer ou não o consumo abusivo de álcool e/ou outras
drogas.
Alguns trabalhadores, expressam suas decepções e frustrações para com o trabalho, já outros não demonstram qualquer ponto
de insatisfação muitas das vezes por temer perder o emprego. O medo de perder o emprego não é de se estranhar, diante da crise
em que vivemos.
De um lado está o empregado com seus anseios e frustrações e de
outro o capitalista com interesse nos lucros mas para isso o capital sempre
age de forma a controlar o empregado, tanto quando fornece um benefício de
plano de saúde, curso de capacitação, palestras educativas, cesta básica,
dentre outros. Como também quando cria estratégias de envolvimento e
competição entre os empregados.
A lógica do trabalho na atualidade é a organização do trabalho em
equipe, introduzindo a participação de todos os trabalhadores desde a área de
gerência até aqueles trabalhadores que ocupam os postos de execução das
tarefas.
São várias as políticas de integração, nas quais as práticas de
administração de RH são interligadas aos programas de qualidade e
produtividade, reduzindo os níveis de conflito entre capital e trabalho.
Esta abordagem com o trabalhador (colaborador) se processa de forma
que o operário se sinta parte integrante da empresa, sendo seu salário
flexibilizado por conta do seu merecimento, isto é, “se produzir mais vai ganhar
mais”.
“Algumas empresas referendam, em suas políticas de recursos humanos, a intenção de considerar e cuidar de
outros aspectos da vida do empregado, dentro e fora do ambiente de trabalho, como os problemas psicológicos, estresse, alimentação, familiares, treinamento físico, orçamento doméstico e financeiro e problemas legais. (Vaissman:2004/64)
De acordo com o foco deste trabalho que está no problema da
dependência química no âmbito empresarial, abordarei a seguir algumas
alternativas de intervenção sendo que a primeira é a mais trabalhada pelo
profissional de RH.
ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO
Abaixo encontra-se três níveis de prevenção:
Primária – Deve intervir antes e consiste num conjunto de ações de caráter
educativo, face à perspectiva de consumo de drogas. Essa opção é a mais
usada em empresas que focam em ações educativas.
Secundária – Intervém quando é detectado um problema inicial de consumo
de droga, tentando evitar o agravamento.
Terciária – Intervém quando o problema de dependência química já está
instalado e atua, antes, durante e após o tratamento.
Neste sentido cabe ressaltar que a opção que prevalece nas empresas é
a prevenção a nível primário pois o uso do álcool e de drogas se apresenta
como algo cultural, sendo permitido em quase todas as sociedades do mundo.
Informações sobre “saber beber com responsabilidade e as conseqüências do
uso inadequado de álcool”, ainda são insuficientes e não contemplam a
população de maior risco para o consumo, que são os adolescentes e os
adultos jovens estes que estão assumindo cargos em empresas.
Muitos usuários misturam produtos, em particular com o álcool. Os usos
descontrolados denotam sempre algum desequilíbrio pessoal ou dificuldades
de integração social. Portanto, o dependente de drogas deve ser considerado
como um doente. Ele necessita de ajuda e tratamento para entender as razões
do seu consumo, para iniciar sua reinserção social e para conseguir pôr fim ao
seu processo de autodestruição e ao seu meio de convivência. Nesse sentido a
prevenção seria o principal eixo para evitar toda essa análise feita.
Conclusão
Podemos concluir que as características da modernidade, como a alta
concentração urbana ou o poder dos meios de comunicação, modificaram
profundamente as interações sociais. Em conseqüência do êxodo rural, da
explosão de aglomerações urbanas e da pauperização, os novos modos de
convivência levaram muitas pessoas ou grupos ao isolamento. Por outro lado,
na onda do consumismo moderno, apregoa-se a posse material e o consumo
de bens e produtos. Isto também estimula o uso crescente de drogas. Produtos
antigos ou recentes, legais ou ilegais, conheceram novas formas de fabricação
e comercialização, indo ao encontro de novas motivações e novas formas de
procura. Em detrimento de modos saudáveis de vida, enfatiza-se, com
freqüência, certos ideais irreais de força, vigor e juventude, atrelados à idéia de
um prazer imediato e permanente na “curtição” da vida.
No Brasil, o conhecimento da situação do consumo de drogas,
sobretudo no âmbito do trabalho, explicita uma tendência de análise sobre o
conhecimento dos impactos e prejuízos causados às empresas. Segundo a
OMS, a dependência do álcool é a 3ª doença que provoca maior número de
mortes em todo o mundo, seja de forma direta, pela degeneração orgânica,
seja indiretamente por acidentes diversos. A dependência do álcool e outras
drogas estão relacionadas a aspectos físicos, psicológicos e sociais, que
devem ser considerados e compreendidos em qualquer nível de intervenção,
seja ela preventiva, terapêutica ou reabilitadora.
Vaissman cita Fauske(1998) que assinala que em relação ao programa
de álcool e drogas nas empresas, não adianta se o trabalho for desenvolvido
para um percentual pouco significativo de trabalhadores, considerando que os
grandes problemas decorrentes do abuso do álcool, como os acidentes e
outros prejuízos ao trabalho, ocorrem justamente naquela parcela que faz um
mal uso ou abusa, mesmo eventualmente do álcool. Esta parcela é a que
constitui a vasta maioria dos trabalhadores nas empresas.
Um dos fatores importante para o bom desempenho profissional do
trabalhador, segundo os interesse das empresas, é a manutenção de sua
qualidade de vida, traduzida no equilíbrio das diversas dimensões que o
envolvem, principalmente no que diz respeito a saúde.
Os Programas de Qualidade de vida no trabalho procuram identificar a
necessidade de priorizar fatores que visem o rendimento funcional, as
condições físicas e psíquicas dos colaboradores. Muitas empresas já tem
investido em programa de prevenção e tratamento da dependência química
pois como analisamos nesse trabalho é uma realidade que permeia toda a
sociedade e por isso está também dentro das empresas.
Como podemos perceber, o fenômeno do alcoolismo e das drogas na
empresa abala profundamente o que de mais caro a caracteriza: sua
capacidade produtiva. Por isso muitas empresas como já analisado
anteriormente nesse trabalho tem se preocupado desde a década de 80 nessa
problemática das drogas.
Hoje as organizações admitem, que para se manter no mercado
competitivo, não é necessário investir em equipamentos de última geração.
Sobreviver ao mercado é necessário investir no "potencial humano"ou seja na
qualidade de vida dos trabalhadores. Cabe ressaltar que esta monografia é
apenas uma contribuição diante dos inúmeros trabalhos desenvolvidos na área
de dependência química.A abordagem do tema suscitou alguns
questionamentos que estão abertos ao debate e ao aprofundamento,
considerando-se que cada um deles pode vir a se constituir objeto de
investigação.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
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cuidados primários/Organização Mundial de Saúde;trad.:Maria Cristina
Monteiro. – Porto Alegre:Artes Médicas,1998.
CRUZ, M. S. e FERREIRA, S.M.B. Determinantes sócio-culturais do uso
abusivo de álcool e outras drogas: uma visão panorâmica. In: Álcool e drogas:
usos, dependência e tratamentos. Rio de Janeiro: IPUB/ CUCA 2001;
Nascimento, Paulo. Drogas uma realidade.São Paulo.Revista Proteção
nº152/2004, Superintendente Nacional do SESI, pp28.
VAISSMAN, Magda. Alcoolismo no trabalho. Rio de janeiro: Garamond, 2004.
HEMEROGRAFIA
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se a dados de pessoas que são dependentes de álcool
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Godinho,UNODC lança relatório mundial sobre
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25.html.acessado em 11/05/05.
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Visitado em 11/03/2005.
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