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2ª Visita
Ensaio da Festa
17/09/2006
Cheguei ao ensaio, que acontecia após o almoço num domingo,
junto com pessoas da comunidade do Buieié, que tinham vindo até o
Fundão para o ensaio. Vanuza, moradora desta comunidade, disse-
me haver um grande número de pessoas do Buieié que participam
da Festa do Rosário. Junto dela estavam seu filho; Seu João de Deus,
dançador antigo do Congado, de setenta e um anos; e Seu Antônio
Cornélio, de sessenta e seis anos.
Quando cheguei ainda eram poucas pessoas na casa de Seu Zeca.
Estas, a medida em que iam chegando cumprimentavam os
presentes com um “Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo”.
Enquanto o ensaio não começava pude conversar com algumas
pessoas. Perguntei a Dona Ana, esposa de Seu Zeca, se ela também
participava do ensaio, ela respondeu-me que “só os homens dançam
o Congado, tem é que fazer uma banda só de mulher”.
.
Seu João de Deus disse que o pessoal do Buieié sempre
participou da Festa do Rosário, “num ano a Santa ficou lá em casa,
lá no Buieié, foram lá buscar ela pra trazer pra Igreja no dia da
Festa”.
Numa conversa entre Seu Dola e Seu João de Deus, que estavam
próximos à mim,
Seu João de Deus contava que foi convidado para ir a uma Festa
de outro Congado, Seu Dola aconselhava: “O outro Congado eu até
vou assistir, mas dançar eu não danço não. Tavam querendo te
levar pra dançar em outro lugar?”. Seu João de Deus respondeu
que o Congado dele era aquele dali.
Seu João de Deus, morador do
Buieié, antigo participante da
Festa do Rosário no Fundão.
Os nomes de Seu João de Deus e seu parente Antônio Cornélio, constam numa lista de presença que possui uma grande
quantidade de nomes. No dia do ensaio haviam cinquenta presentes: trinta adultos e vinte crianças.
Chamou-se por quatro mulheres: Dona Maria José Lauriano (Rainha Congo) e as três porta bandeiras. Dona Maria e uma dentre as três
portas bandeiras estavam presentes.
Após a chamada foi
anunciado que um
membro pediu para
deixar a irmandade.
Foi anunciada
também a entrada
de Bruno, de sete
anos, que foi
advertido que
naquele dia poderia
dançar sem o
casquete
(chapeuzinho), mas
da próxima vez não.Seu Dola, que fez a chamada, tem anotado a data de entrada e saída
de todos os participantes.
João Décimo disse estar muito feliz com minha presença para
conhecer a Festa de Nossa Senhora do Rosário. Começou sua
fala no ensaio dizendo: “Que bom que esse menino vem ver
nosso movimento e vai levar para frente”.
Ao conversar comigo, ele disse ser “engraçado como que com o
passar do tempo as pessoas vão ficando com vergonha,
perdendo a fé e deixando o movimento. Parece que os jovens só
participam dos movimentos da Igreja para aparecer. Aqui no
Fundão até pra fazer as coisas na Igreja tá ficando difícil; nas
Igrejas do Silvestre e da Cachoeirinha os ofertórios são uma
beleza, só cê vendo; aqui no Fundão não se faz mais nada disso
direito. A bíblia pede isso, não foi inventada agora, é do princípio
do mundo. O pessoal do Congado é quase todo mundo da nossa
família e não se pode ter vergonha da família. Tem dia que não
tem nem as três meninas pra carregar o mastro de Nossa
Senhora”.
O ensaio começou com a reza de um Pai Nosso e uma Ave Maria.
Combinou-se que a partir daquele dia o Rei Congo rezaria a primeira
parte das rezas e o grupo responderia o restante. Organizou-se após
a reza uma fila por ordem de altura, mas sempre com o violeiro
(João Décimo) a frente. Se tivesse mais uma viola também viria a
frente, se tivesse cavaquinho também.
Ao começar o ensaio, Seu Zeca e
Seu Dola propuseram cantar
músicas que seriam entoadas na
festa.
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