1ª aula SIMBOLO PSIC

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Psi (Ψ maiúscula, ψ minúscula) é a vigésima terceira, ou

penúltima letra, do alfabeto grego, vindo antes da letra Ômega.

Na língua grega, a letra indica um agrupamento do som das

consoantes P e S, representado por ps-, podendo ser usada para

a formação de uma sílaba com uma vogal, como em ψάρι

(psári, que significa peixe).

Em Latim, as palavras gregas iniciadas com a letra Ψ foram

transcritas usando ps-, dando origem a pronúncias diferentes para

línguas que vieram a adotar tais palavras. Um exemplo disso é a

palavra psicologia em português e a palavra psychology em inglês;

enquanto em português a letra P, do conjunto ps-, é sempre

pronunciada, em inglês, na palavra psychology, o P torna-se mudo.

A letra Psi pode ter se originado de uma contração das letras Sigma

(Σ maiúscula, σ minúscula e ς ao final das palavras, como em

Ὀδυσσεύς / Odisseus) e Pi (Φ maiúscula e φ ou ϕ como minúsculas),

combinadas em uma única letra; ou ainda da representação do

tridente do deus da mitologia grega, Poseidon, primogênito de

Cronos e Réia. É interessante notar, aqui, como a mitologia de

Poseidon remete à Psicanálise de Freud:

Cronos – que, em resumo, havia castrado seu pai, Urano, a pedido

de sua mãe, Gaia, dando origem à Afrodite, deusa do amor – era

casado com sua irmã Réia e devorava seus filhos, até o nascimento

de Zeus, que o obrigou a regurgitar seus irmãos, inclusive Poseidon,

e posteriormente o derrotou auxiliado por Réia. E Poseidon, que

havia sido criado pelos Telquines (demônios malignos), se apaixona

por Hália, uma ninfa que, em alguns relatos, pode ter sido sua meia

irmã.

Também em semelhança à Psicanálise, pode-se argumentar que,

na mitologia grega, com a vitória dos deuses do Olímpio sobre os

Titãs, o mundo foi dividido em três reinos: as águas e os oceanos,

os céus e a terra, e o inferno; cabendo a Poseidon o domínio sobre

as águas, os riachos, os lagos e as profundezas dos oceanos. É

nestas profundezas que está a associação de Poseidon com a

psiquê na tradição de Freud.

Na etimologia da palavra grega psiche, que quer dizer alma, está a

palavra grega psicheim, que significa “sopro” (o sopro de vida ou o

sopro d'alma), sendo mais um motivo, além das profundezas, para

associar os oceanos, que trazem os ventos, aos primórdios do

estudo daquilo que nos torna humanos.

Ainda em relação ao tridente do deus grego Poseidon e sua

associação à letra Psi, é possível encontrar alguma significância

em relação às três pontas superiores e às teorias

comportamentais, fenomenológicas e cognitivas, às forças do

comportamento, pensamento e personalidade, à hipótese

estrutural de Freud e o Id, Ego e Superego, à psicanálise de C.

Jung na representação da alma, do self e da mente, etc.

Mas possivelmente isso seria fruto de uma apofenia – a

tendência humana para identificar padrões em dados

aleatórios, parte integrante de toda significação dos

simbolismos e suas criações – quer alguma destas teorias se

confirme ou não, em sua participação na escolha de tal

símbolo.

Mais correto, acredito eu, seria creditar a escolha da letra Psi às

origens da palavra psicologia, que surge entre os anos de 1530 e

1590, seja na obra perdida do humanista croata Marko Marulić,

Psichiologia de ratione animae humanae – da qual resta apenas a

menção numa listagem de obras por um contemporâneo seu – ou

na obra Yucologia hoc est de hominis perfectione, anima, ortu, do

lexicografo alemão Rudolph Göckel.

Mesmo remetendo ao século XVI para descrever estudos

filosóficos da alma, a palavra psicologia só vem a torna-se

usual na Alemanha e na França no século XVIII, e na

Inglaterra no século XIX.

Uma vez tendo se popularizado o termo psicologia, oriundo das

palavras gregas ψυχή (psiche, alma) e λόγος (logos, estudo/saber),

em substituição às palavras “estudo d'alma” nos tratados

acadêmicos europeus que deram origem ao estudo da Psicologia

enquanto ciência independente, faz sentido a escolha da primeira

letra grega que forma o termo psicologia para ser o símbolo desta

ciência.

Explicação esta que, justamente por sua simplicidade,

está de acordo com a lei da parcimônia em

investigações científicas.

Estudar psicologia sem entender o significado profundo do seu

símbolo representativo significa perder um elemento essencial para

sua compreensão.

Inicialmente, é importante lembrar que o símbolo é também uma das

letras do alfabeto grego, correspondente ao fonema “psi” e ao numero

17. Embora este seja o começo da explicação sobre seu significado, não

podemos esquecer que a letra “psi” tem toda uma história e está

associada a realidades muito profundas expressas através da mitologia.

A letra y é o principal símbolo representativo de deus Possêidon (ou

Netuno em latim).

 Possêidon significa “senhor das águas”, é o deus das águas, mas

principalmente, das águas subterrâneas e submarinas. Após a vitória

dos Deuses sobre os Titãs, o universo, foi dividido em três reinos, uma

para cada irmão: Possêidon obteve o mar. Zeus,a maior autoridade do

Olímpo, ganhou domínio sobre o céu e a terra e Hades sobre os

infernos e o mundo subterrâneo e vulcânico.

Possêidon nem sempre foi muito dócil à superioridade e autoridade de

seu irmão Zeus.

 Possêidon percorria as ondas sobre uma carruagem tirada por seres

monstruosos, meio cavalos, meio serpentes ou por cavalos. Seu cortejo

era formado por peixes, delfins e criaturas marinhas de todas as

espécies. Ao Deus eram sacrificados touros que eram jogados vivos ao

mar.

Possêidon reina em seu império líquido, a maneira de um “Zeus

marinho”, tendo por cetro e por arma o tridente “psi”, que os poetas

dizem ser tão terrível quanto o raio.

Um Possêidon mais antigo é o “sacudidor da terra”, o que

corresponde a uma ação de baixo para cima, isto é, uma atividade

exercida do seio da terra por uma divindade subterrânea. Quando a

terra treme devido a força de Possêidon, tudo que está apoiado sobre

a terra é destruído.

O tridente era usado por Possêidon como arma de guerra: quando

ele o enfiava no coração do seu adversário ganhava poder sobre sua

alma. Para demonstrar sua força, Possêidon golpeava a terra com

seu tridente e fazia brotar um mar, ou segundo outras versões, um

cavalo.

Em sua cólera, Possêidon usava seu tridente para inundar ou secar

terras, bastava enfiá-lo na terra.

 As três pontas do Tridente representavam as três pulsões:

Sexualidade, Espiritualidade e NutriçãoSexualidade, Espiritualidade e Nutrição, fonte de todos os desejos

facilmente exaltados e da natureza imanente. A Sexualidade e a

Nutrição são forças indispensáveis para a vida, mas que também

representam o perigo da perversão e a fraqueza essencial que pode

possuir o homem.

Sobre o conceito de Espiritualidade como pulsão, Leonard Boff

em seu livro “A Águia e a Galinha” menciona textualmente o

seguinte: “A vida espiritual possui em nós o estatuto de uma

energia originária. De um instinto de saber, o instinto de poder,

o instinto de violar os tabus e o instinto de transcender.

Note-se, não se trata de um instinto qualquer, entre tantos.

Mas de um instinto fundamental, articulador de todos os

demais. A vida espiritual traduz um dado antropológico

objetivo, preexistente à consciência e independente de nossa

vontade. O ser humano possui naturalmente interioridade.

E essa interioridade é habitada por um Sol e pelo luminoso.

Os mestres espirituais e outros analistas das profundezas da

alma humana chamam a esta interioridade de Imago Dei

(Imagem de Deus). Os místicos ousam mais e dizem:

Temos Deus dentro de nós”.

A cada um destes aspectos do tridente

estavam associados os animais que fazem

parte do cortejo do Possêidon:

O cavalocavalo simbolizava os desejos exaltados, os instintos, a juventude.

Para Jung, o cavalo expressa o lado mágico do homem, a “mãe em

nós”. Os psicanalistas fizeram dele o símbolo do psiquismo

inconsciente ou da psique não-humana, arquétipo próximo ao da

mãe, memória do mundo. O cavalo pode ser montado pelo homem,

representando a sublimação do instinto. O cavalo engloba também as

noções de velocidade, imaginação e imortalidade.

O touro touro simboliza o desencadeamento da violência sem freios, o

irresistível, a forca e o arrebatamento. Também símbolo da forca

criadora e da fecundação, do espírito masculino e combativo.

Associado também à morte e a vida após a morte, em outras

palavras, ao renascimentorenascimento. À Crise que leva a que uma parte

nossa morra para que outra nasça. Para o bramanismobramanismo, simboliza

concretamente a energia sexual. O touro montado por um homem

significa o domínio e transmutação dessa energia através da

espiritualidade.

Os golfinhosgolfinhos representam as forcas de elevação e ascensão. O

golfinho, ou delfim, é o animal alegórico da salvação; das

transfigurações e da conversão.

É também símbolo da adivinhação, sabedoria e prudência.

Os peixespeixes são seres psíquicos, dotados de poder ascensional no

mundo inferior, quer dizer, no inconsciente. O peixe possui

natureza dupla, é símbolo de fecundidade que logo se transforma

em fecundidade espiritual e em doação absoluta, assim como das

“águas inferiores e da ‘confusão’. A palavra grega ‘ICHTUS’

que significa “peixe”, foi tomada pelos cristãos como as iniciais

das palavras que se traduzem como: I=Iesus, C e H = Christos, T

= Theou (Deus), U = Uios, S = Soter.

 A partir do mencionado, podemos concluir que o símbolo da

psicologia é essencialmente o símbolo das forças do mundo forças do mundo

inconscienteinconsciente, as quais podem levar-nos à morte, ou podem

elevar-nos até os planos mais perfeitos de doação e sacrifício

crístico.