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DOS LIVROS PARA AS TELAS DE TVS A TRANSPOSIO DA LINGUAGEM
LITERRIA DAS CRNICAS DO GELO E FOGO NO ROTEIRO ADAPTADO DA
SRIE GAME OF THRONES
Mlker Queiros da Silva, acadmico.
Rafael Jose Bona, professor orientador.
Resumo
So muitas as adaptaes audiovisuais disponveis. Transformar um livro em uma minissrie
televisiva ou um longa-metragem algo que vemos acontecer todos os dias. Na srie Game of
Thrones(2011), adaptao produzida pela rede mundial de tv HBO, a histria antes disponvel
apenas em livros, agora pode ser expectada tambm na tela da televiso. Com o objetivo de
entender a relao que h na linguagem utilizada no seriado, buscou-se fazer uma anlise da
linguagem usada na adaptao audiovisual do primeiro livro das crnicas do gelo e fogo para
a primeira temporada do seriado de TV Game of Thrones. Para tal, foi feita uma pesquisa
exploratria descritiva e uma anlise do livro e dos episdios, numa amostragem
probabilstica intencional, analisando e interpretando o material coletado de acordo com os
autores descritos na fundamentao terica. Aps as anlises, pde-se identificar os pontos
identificar todos os pontos do roteiro mencionados por Comparato (2009). Tambm foi
possvel entender a relao entre o texto original e o roteiro adaptado e que na adaptao a
fidelidade ao original no obrigatrio, j que mudanas so essenciais para se fazer a
transio de uma mdia para outra.
Palavras-chaves: Linguagem literria, roteiro adaptado, crnicas de gelo e fogo, game of
thrones.
Introduo
As adaptaes existem h muito tempo, e so famosas por trabalharem com algo que
j possui pblico. So vrios os exemplos de obras literrias que serviram de inspirao para
diretores cinematogrficos.
Na televiso tambm temos muitos exemplos de adaptaes que fizeram histrias, um
exemplo de produo audiovisual para televiso no Brasil que fez muito sucesso, foi a
minissrie Capit (2008), que baseados no romance de Machado de Assis, Dom Casmurro
(1899), trouxe para o audiovisual toda a magia do livro, adaptando sua linguagem literria
para a linguagem audiovisual das telenovelas.
Muito antes de os livros existirem como objetos fsicos, os contadores de histrias
transmitiam dados essenciais s sucessivas geraes em forma de narrativa (EPSTEIN,
2002). Baseado nisso, possvel afirmar que o processo narrativo j existia desde os
primrdios da vida humana, mesmo antes do surgimento da escrita. O homem em sua
necessidade de exteriorizar e aludir histrias de seu universo, fictcio ou no, fazia desta
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prtica ancestral em forma de oralidade que mais tarde contribuiu na construo do universo
literrio presente na histria da humanidade.
Lanado em abril de 2011 pela rede de televiso a cabo norte-americana HBO, o
seriado Game of Thrones traz em seu enredo, estruturado de maneira multiplots (diversos
enredos que correm paralelamente), uma complexa trama ambientada em um universo
ficcional que mistura elementos de histrias de capa e espada com temas sobrenaturais e
fico histrica medieval.
O seriado baseado na saga As Crnicas de Gelo e Fogo, escritos por George R. R.
Martin, tambm produtor do seriado televisivo. O autor citado vendeu os direitos para a
emissora de TV paga HBO, que por meio da adaptao audiovisual transformou a histria, j
aclamada pelos leitores h quase 20 anos, em uma superproduo televisiva e to aclamada
quanto.
E no contexto da primeira temporada de Game of Thrones e no primeiro livro da saga
As Crnicas de Gelo e Fogo que este trabalho se insere, na busca de identificar a relao da
linguagem literria na transposio para a linguagem audiovisual utilizada na srie produzida
e apresentada pela rede de TV fechada HBO.
Adaptaes
Uma transcrio de um cdigo1 literrio ficcional para a linguagem audiovisual no se
d de forma simples. necessrio fazer uma adaptao da linguagem.
Comparato (1983, p. 206) diz que adaptao uma transcrio da linguagem:
mudamos o suporte lingustico usado para contar uma estria. J Maciel (2003, p.142) d a
origem da palavra: A palavra transcrio foi primeiramente criada por Haroldo de Campos
para designar o processo de traduo criativa de textos poticos tradues que eram
recriaes do original.
Adaptar uma obra literria para outros meios como cinema e televiso uma realidade
entre os roteiristas. Seger (2007) diz que tais adaptaes tem como origem contos, peas de
teatro, romances. Tudo isso possvel, embora passem por processos diferentes.
Por sua prpria natureza, a adaptao um processo de transio de uma mdia para
outra. Assim, o material original sempre oferecer resistncia adaptao, como se
dissesse: Me aceite do jeito que sou. Porm, a adaptao implica mudana. Implica
um processo que tudo seja repensado, reconhecido. (SEGER, 2007, p. 17)
1 Cdigo: conjunto de todos os elementos lingusticos vigentes numa comunidade e postos disposio dos indivduos para servi-lhes de
meios de comunicao; lngua. (Petter, 2002)
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Muito embora essas adaptaes estejam em variados meios, e esses meios preencham
parte do espao social ocupado pelo anterior, no caso o romance, vale dizer que a relao
entre eles deve ser vista mais pela tica da complementaridade que da substituio. Silva
(2002) afirma que os meios de comunicao ajudam a formar um conjunto de informao e
formao, deste modo, cada mecanismo no suplanta e sim complementa o outro. Segundo
Field (1995, p.174) diz que adaptar um livro para um roteiro significa mudar um para o outro,
e no superpor um ao outro.
comum verificar uma aparente superficialidade do produto audiovisual em relao
obra literria, que Rey (1989, p.59) explica que porque a cmera no tem a sutileza das
palavras. Ela capaz de criar, mas sua profundidade no vai alm da pele. Ela pode revelar o
sentido de uma obra literria, suas intenes, mas no o recheio nem a beleza ou a
singularidade do estilo.
O que mostrado na tela real para o espectador; os atores so as personagens, os
lugares e fatos so to reais quanto o cineasta consegue faz-los parecerem reais. J o leitor
evoca imagens de pessoas, lugares e fatos que ele prprio tem em mente e encanta-se com os
apartes e reflexes do autor. Essa invocao imaginosa e esse vagar sem pressa pela mente de
quem conta a histria so impossveis num filme, porque, necessariamente, o filme tem de
expor manifestaes visuais, enquanto o livro usa a imaginao do autor. (HAYWARD, 2000,
p.38).
Musburger (2008, p.206) escreve que criar, eliminar, combinar, alterar personagens e
at acrescentar, so algumas modificaes que podem ser feitas para, por exemplo, aprimorar
a estrutura dramtica e narrativa da histria, criando assim uma adaptao de um roteiro.
Para Rey (1989, p. 60) como o livro no foi criado para o audiovisual, ele no atende as
necessidades que o meio exige para se fazer um bom filme, como ritmo e linguagem, por
exemplo. No copie simplesmente um romance para o roteiro; faa-o visual, uma historia
contada em imagens. (FIELD, 2001, p. 176)
Seger (2007, p.25) defende que s existe um tipo de adaptao impossvel: aquela na
qual o escritor e o produtor no tenham licena criativa 2, pois mudanas so absolutamente
essenciais para fazer uma transio de uma mdia para outra..
Linda Hutcheon (2011) defende que as adaptaes, de qualquer espcie, esto em todo
lugar nos dias atuais. E ainda faz um importante debate sobre a prtica de classificar as
adaptaes como secundrias, como trabalhos derivados e, ao tentar entender a constante
2 Licena criativa ou licena literria: a necessidade do autor de modificar elementos da histria, seja retirando, condensando ou
acrescentando elementos, na busca de um roteiro mais com cara de audiovisual.
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critica de que, no cinema adaptado da literatura, as obras secundrias nunca chegam
consistncia artstica da obra literria.
Mas afinal: o que uma adaptao? Nas palavras de Hutcheon (2011), a adaptao
pode ser estudada em trs vertentes:
1. ENTIDADE OU PRODUTO 2. PROCESSO DE
RECRIAO
3. PROCESSO DE RECEPO
Entenderamos a adaptao como
transposio particular de um
trabalho ou trabalhos, uma espcie
de transcodificao. Pode-se ento
contar uma histria sob um ponto
de vista diferente ou ainda expor
(transpor) uma nova interpretao.
Processo de reinterpretao e
recriao, processo esse no qual
primeiramente apropria-se do texto
fonte para depois recri-lo, comum
na adaptao de obras literrias
cannicas para pblicos de faixa
etria jovem.
Processo de recepo entende-se a
adaptao como uma forma de
intertextualidade, o texto baseia-se
em outros textos para criar-se
existindo de modo intertextual com
os primeiros.
Tabela 1 - Tipos de adaptao na viso de Linda Hutcheon.
Para Hutcheon (2011), adaptao, pode-se considerar a converso do real pelo
ficcional, quando dramatizamos ou narramos acontecimentos histricos ou biografias
pessoais. Afirma ainda que adaptar no significa fidelidade, e fidelidade no deve ser um
parmetro de julgamento ou foco de anlise para as obras adaptadas. A autora ressalta que por
um longo tempo, esse foi um critrio comum ao se falar de obras adaptadas, principalmente
quando se lidava com obras reconhecidas.
Ao falar em fidelidade, Hutcheon assume primeiramente que a adaptao deve ser uma
reproduo do texto adaptado, porm a estudiosa manifesta-se contrria a essa suposio ao
classificar a adaptao como repetio, mas repetio sem replicao, e lembra ainda, que de
acordo com o dicionrio, adaptar refere-se a ajustar, alterar, o que pode ser feito de diferentes
maneiras.
Ao assumir a questo da fidelidade como essencial estaramos assumindo ainda, a
literatura como mais distinta, venervel e primordial do que o audiovisual. (STAM, 2000). A
justificativa para essa posio que pelas palavras, verbalmente, existiria uma sutileza maior
ao se expressar sentimentos e pensamentos. Porm, o autor ressalta exatamente o contrrio,
para ele os vrios recursos do audiovisual possibilitariam uma maior expresso para a
exposio das mais diferentes emoes, combinando o verbal com a densidade informacional
contida nas imagens, assim como fatores relacionados intensidade sonora: msica, rudos,
entonao, etc.
O conceito de fidelidade por si s j considerado problemtico pelo autor. No
podemos falar de exatido absoluta j que se admite que o processo de adaptao ocorra em
uma mudana de meio, o que denominado como diferenciao automtica.
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Por diferenciao automtica entendemos os processos ocorridos durante as filmagens
da obra audiovisual: ngulos so explorados, inseridos, suprimidos/ objetos em cena
ou detalhes da histria so esquecidos; ocorrem mudanas na edio, dentre outros
fatores que causam, automaticamente, divergncias entre a obra audiovisual e o texto-
base. (STAM 2000)
Ao examinar a perspectivada adaptao como leitura com o objetivo de discutir a
questo da fidelidade, apoiamo-nos na viso do texto como heterogneo, admitindo que
qualquer texto ou obra de arte, resulta de um processo de produo de sentidos
(CORACINI, 2005, p.33). Poderamos ainda usar as palavras da autora, afirmando que no se
pode falar em: [...] respeitar a unidade do texto ou da obra de arte, unidade esta que, alis,
no passa de uma falcia e de uma fico; no se trata de respeitar as ideias principais ou as
intenes do autor, que s fazem sentido no esquema racional, reduzindo tudo possibilidade
de controle, exercido por quem detm poder. (CORACINI, 2005, p.24).
A obra audiovisual parte, ento de uma leitura e torna-se o que Gardies (1998)
conceitua como uma transcritora. A leitura realizada pelos idealizadores do filme transcrita
em imagens, sons e palavras, levando em conta fatores intra e extratextuais. Nessa viso, o
autor considera o texto literrio como uma fonte na qual o realizador da obra cinematogrfica
busca aspectos que ele prprio julga necessrios para que sua leitura pessoal da obra possa ser
transposta para o novo discurso.
Ao classificar a obra audiovisual como discurso narrativo, o papel do espectador seria
tambm o de ler, interpretar, construir sentido em cima da obra, num exerccio de
reconhecimento e compreenso, prazer e fruir, j citados pelos trabalhos de Barthes (1999).
Considerando o ato de assistir a uma obra tambm como um ato de leitura, o expectador
estaria apto a criar sobre a obra assim construindo seu prprio sentido para o texto
lido/assistido.
Tendo aceitado que toda e qualquer adaptao uma leitura, exigir a fidelidade seria o
mesmo que exigir uma leitura nica e universal do texto literrio, e ao exigir esta leitura
universal estaramos causando a extino do literrio, j que a essncia do literrio s se
realiza com a leitura, fora isso o que h so traos negros sobre o papel. (SARTRE, 1948).
Roteiro Audiovisual
No muito comum que pessoas fora do meio das produes audiovisuais tenham tido
acesso a um roteiro, mas se questionadas sobre o que um roteiro, muito provavelmente,
pouqussimas no se arriscariam a responder, muitos talvez acertassem, porm poucos
poderiam dar uma definio mais profunda.
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Roteiro uma forma literria efmera, pois s existe durante o tempo que leva para
ser convertido em um produto audiovisual. No entanto, sem material escrito no se pode dizer
nada, pois isso um bom roteiro no garantia de um bom filme, mas sem um roteiro no
existe um bom filme. (COMPARATO 2009).
O roteiro uma rota no apenas determinada, mas decupada, dividida, por meio da
discriminao de seus diferentes estgios. Roteirizar significa sair de um lugar, passar por
vrios outros at atingir um objetivo final. Ou seja, o roteiro tem comeo, meio e fim
conforme Aristteles observou na tragdia grega como uma necessidade essencial da
expresso dramtica. (MACIEL 2003).
H diferentes formas para se definir um roteiro. A mais simples e direta, de acordo
com Comparato (2009) seria a forma escrita de qualquer projeto audiovisual. J Field
(2001) define como uma histria contada em imagens, dilogos e descrio, localizada no
contexto da estrutura dramtica. E, ainda completa, sobre uma pessoa ou pessoas, num
lugar ou lugares, vivendo sua coisa. Todos os roteiros cumprem essa premissa bsica. A
pessoa a personagem e viver sua coisa a ao.
Um projeto audiovisual, seja ele longa ou curta metragem, documentrio, videoclipe,
publicitrio ou programa para TV, nasce a partir de uma ideia, que se transforma em um
roteiro. A ideia nasce a qualquer momento, lugar e por diversas razes. A vida de nossos
amigos, contos, livros, sonhos, tudo que acontece em volta pode se transformar em ideia.
Para Carrire (1994) o roteirista est muito mais para o diretor e para a imagem do que
para o escritor. O roteiro o principio de um processo visual e no o final de um processo
literrio. Escrever um roteiro muito mais do que escrever. Em todo caso, descrever de
outra forma. Com olhares e silncios, movimentos e imobilidades, com conjuntos
incrivelmente complexos de imagens e de sons que podem possuir mil ligaes entre si, que
podem ser ntidos ou ambguos, violentos ou suaves. Podem impressionar a inteligncia ou
alcanar o inconsciente, se entrelaar, misturar ou at repudiar. Fazem surgir as coisas
invisveis... Comparato (2009) complementa dizendo que o romancista escreve, enquanto o
roteirista trama, narra e descreve.
Comparato (2009) ainda afirma que o roteiro deve possuir trs aspectos fundamentais:
LOGOS PATHOS ETHOS
A ferramenta de trabalho
que dar forma ao roteiro
e o estruturar a palavra.
O logos essa palavra, o
discurso, a organizao
Um roteiro contm uma histria que
provoca identificao, dor tristeza. Phatos
o drama, a poro dramtica para ativar a
ao. a projeo da vida em ao, o
conflito cotidiano que eclode em
A mensagem tem sempre uma
inteno. Tudo escrito para
produzir uma influencia, mesmo
que esta seja somente para divertir.
o ethos, a tica, a moral, o
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verbal de um roteiro, sua
estrutura geral. A lgica
intrnseca do material
dramtico.
acontecimentos. O phatos afeta os
personagens que, arrastadas por sua prpria
histria e drama, reagem aos fatos se
convertendo em heris ou vtimas, ou
inclusive em motivo de divertimento numa
comdia.
significado ltimo da historia, as
suas implicaes sociais, polticas,
existenciais e anmicas. O ethos
aquilo que se quer dizer, a razo
pela qual se escreve.
Tabela 2 - Aspectos fundamentais do roteiro. (Comparato, 2009)
Escrever um roteiro um processo passo a passo. Um passo de cada vez. Primeiro,
encontra-se um tema. Depois estrutura-se a ideia. Em seguida as personagens, mais
tarde procuram-se os dados que faa falta. Posteriormente estrutura-se o primeiro ato
em fichas e ento se escreve o roteiro. (COMPARATO 2009, p.29)
A prpria subjetividade da explicao anterior reflete o aleatrio da fragmentao do
processo. Na realidade, as fases que demonstram a composio de um roteiro provem de uma
experincia: do autor ou da empresa produtora. No existem receitas magistrais: apenas
talento e trabalho. Vamos nos propor a cobrir seis etapas no processo que nos leva ao roteiro
final.
Ideia
Um roteiro sempre parte de uma ideia, um fato, um acontecimento que provoca no escritor
a necessidade de relatar. A procura da ideia ou a sua descoberta so atividades nem sempre
fceis de abarcar. As ideias so por vezes sutil e difceis de alcanar. Isso exige o maior
cuidado para descobrir, isolar e definir ideias dramaticamente pertinentes.
Conflito
Mas a ideia audiovisual e dramtica deve ser definida por um conflito essencial. A esse
primeiro conflito, que ser a base do trabalho do roteirista, chamaremos conflito matriz.
Embora a ideia seja algo abstrato, o conflito matriz deve ser concretizado por meio de
palavras.
Personagens
Devem-se criar as personagens. H quem pense que so as personagens que do origem a
uma histria. Kit Reed (1991), recomenda que os roteiros sejam revistos com base nas
personagens: Comeo pela personagem, porque creio que as personagens se movem juntas para construir um argumento. J Seger 2003 diz Os crticos adoram dizer de um filme que as personagens no se desenvolvem, nem mudam... Uma personagem bem
desenhada ganha amide com sua participao no argumento, e um argumento ganha
alguma coisa com a implicao da personagem..
Ao Dramtica
a maneira como se contar o conflito bsico vivido por aqueles seres chamados
personagens. Ao o que, quem, onde e quando, juntados ento com o como. Como se
contar a histria? Com a ao dramtica. Para trabalhar a ao dramtica, o roteirista
obrigado a construir uma estrutura. A estrutura um dos fundamentos do roteiro e a tarefa
que maior criatividade exige de quem o escreve.
Tempo
Dramtico
A noo de tempo dramtico muito complexa. Pode-se dizer que dentro de uma cena se
desenvolve uma ao dramtica. Esta decorre num determinado tempo, que pode ser lento,
rpido, gil etc. Jackson (1987) observa que o tempo o segredo, no s para uma boa comdia, mas tambm para qualquer bom texto dramtico. Esse tempo dramtico, juntamente com a ao dramtica, d o sentido da funo dramtica. Tempo dramtico o
quanto, quanto tempo ter cada cena.
Unidade
Dramtica
Na unidade dramtica, trabalhar-se- as cenas. O roteiro final o guia para construo do
produto audiovisual. o momento em que a unidade dramtica, a cena, se torna realidade.
Segundo um dito tradicional, h trs erros que se podem cometer num produto audiovisual:
erro no roteiro, erro na direo ou erro na montagem.
Tabela 3 - Etapas de um roteiro por Doc Comparato 2009.
A vida real no exatamente igual vida no audiovisual. Na vida real, as nossas
reaes de carter variam de acordo com a situao e o momento. Numa produo
audiovisual, uma vez definido o carter de uma personagem, suas reaes sero sempre
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coerentes, ou o expectador ficar confuso. Uma personagem ambiciosa, amoral na
perseguio dos seus objetivos, ter sempre uma caracterstica de carter durante todo o
desenrolar da histria. No se deve confundir carter com personalidade. Uma personagem
pode ter uma personalidade simptica ou rabugenta, mas com carter diferente de sua
personalidade.
As crnicas de gelo e fogo o livro.
O primeiro volume da obra foi lanado em 1996 e hoje conta com 5 volumes
publicados e 2 ainda sem data marcada para publicao. Tal historia pica, se passa em um
reino onde h disputa por um trono, traies, alianas e jogos de poder. H um equilbrio entre
violncia verbal e fsica, intriga poltica, apelo sexual e elementos fantsticos, como drages,
gigantes, bruxos e wargs3.
A histria se passa no fictcio reino de Westeros, dividida em regies administradas
por famlias ou casas, como se fossem feudos. Em A Guerra dos Tronos, o primeiro livro, o
leitor conduzido para o norte do pas, para Winterfell, cujo senhor Eddard Stark, um nobre
com princpios e que se destaca por sua honra, tantas vezes aclamada ao longo da historia.
O livro dividido em pontos de vistas dos personagens e no em captulos. E so as
perspectivas de alguns deles que conduzem o romance, permitindo que o leitor seja facilmente
manipulado pelo narrador onisciente. Essa manipulao ocorre de forma natural, pois somente
o narrador sabe a verdade, e somente ele tem o poder de mostr-la na dose que deseja para a
compreenso do leitor.
O fenmeno Game of Thrones afetou e impactou o polissistema literrio4 e cultural,
redimensionando a obra literria em seu contexto original de produo e trazendo a obra para
o polissistema brasileiro.
O ttulo da srie, que tambm o titulo da primeira obra, Game of Thrones, j adquiriu
no contexto atual um significado de algo perigoso, politicamente complexo, entrando no
vocabulrio referencial do grande publico. No geral, diversas instancias do universo de Game
of thrones se transformaram em referencia tambm fora do universo ficcional.
Game of Thrones A srie.
Lanado em abril de 2011 pela rede de televiso a cabo norte americana HBO, a srie
Game of Thrones traz em seu enredo, estruturado de maneira multiplot5, uma complexa trama
ambientada em um universo ficcional que mistura elementos de histrias de capa e espada
3 Seres humanos que podem assumir e controlar o corpo de animais e at de outros humanos. 4 5 Diversos enredos que correm paralelamente
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com temas sobrenaturais e fico histrica medieval. At o momento j foram exibidas trs
temporadas compostas por dez episdios cada, a quarta temporada est em exibio semanal
na HBO.
Ambientada em um universo ficcional formado pelo continente de Westeros e pelas
cidades livres situadas do outro lado do Mar Estreito, a narrativa, que mistura esses elementos
fantsticos e fico histria medieval, tem como arco narrativo principal a disputa pelo poder
e pela possibilidade de governar os sete reinos do continente.
Uma caracterstica importante que marca a complexidade narrativa em Game of
Thrones o grande nmero de personagens, mais de 40 aparecem na primeira temporada,
alm daqueles que so citados durantes os dilogos, o que torna difcil definir uma
personagem que seja a principal, pois a inter-relao entre os enredos dificulta a definio de
um centro, alm de todos os arcos narrativos terem um papel de destaque no desenvolvimento
da narrativa.
Pde se identificar na srie certas estratgias arregimentadora de pblico. A rapidez na
progresso das tramas, os conflitos que surgem e so rapidamente solucionados, dando lugar a
novos conflitos, o que faz com que a narrativa progrida de forma rpida, esse ritmo de
desenvolvimento condiz com a realidade do homem contemporneo, que a cada dia dispe de
menos tempo para o lazer, ento, ao buscar a fruio num objeto cultural como as narrativas
seriadas, ele optar por aquele que identifique uma correspondncia com a sua realidade. Os
novos formatos demandam novas competncias de leitura por parte dos telespectadores.
(JOHNSON, 2012 p. 54).
Certas narrativas nos foram a pensar mais para alcanar uma compreenso ao passo
que outras so deixadas em suspenso e depois at somem. Parte do trabalho cognitivo que
vem dos mltiplos fios narrativos manter as linhas do enredo tranadas na cabea enquanto
se assiste srie. Mas outra parte envolve o espectador de modo que ele v preenchendo as
lacunas, tirando um sentido da informao que foi deixada obscura de propsito. Narrativas
exigem que o espectador insira elementos cruciais para a complexidade, num nvel mais
desafiador.
Todos esses elementos identificados na complexificao das narrativas seriadas,
especificamente no seriado Game of Thrones, despertam nos telespectadores a curiosidade
sobre os detalhes da trama, fazendo com que se tornem um pblico engajado, que busca
informaes e as dissemina, assumindo uma postura ativa.
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Metodologia
A metodologia empregada neste estudo foi exploratria, pois teve a inteno de
aprofundar o conhecimento sobre um determinado tema tendo como pano de fundo um estudo
de caso que, nada mais do que um estudo profundo de um ou de poucos objetos. A pesquisa
exploratria aquela que objetiva proporcionar maior proximidade com o problema. O
planejamento da pesquisa possibilita a considerao de vrios aspectos relativos ao tema
estudado. De acordo com Gil (2002), a grande parte das pesquisas exploratrias envolve
levantamento bibliogrfico, entrevistas com pessoas relacionadas ao objeto de estudo e a
anlise dos dados.
Alm de exploratria, a pesquisa tambm descritiva, pois as pesquisas descritivas
tm como objetivo primordial a descrio das caractersticas de determinada populao ou
fenmeno, ou ento, o estabelecimento de relaes entre variveis GIL (2002, p. 41).
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemtico que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que so propostos. (GIL, 2002 p. 41).
O universo estudado foram todos os episdios da primeira temporada do seriado Game
of Thrones. Para amostra da anlise foram coletados fragmentos de 02 minutos de 03
episdios da primeira temporada que, ao todo, constituda por 10 episdios, alm dos
captulos inerentes a esses episdios do primeiro livro da saga as Crnicas de gelo e fogo, A
Guerra dos Tronos.
Os episdios fragmentados e posteriormente analisados foram:
.Winter Is Coming. 2011 Primeiro Epsdio 00:00:11:00 00:00:13:00
The Wolf and the Lion 2011 Quinto Epsdio 00:00:31:00 00:00:33:00
Fire and Blood 2011 Dcimo Epsdio 00:00:47:00 00:00:50:00
Tabela 4 - Relao dos Epsdios e das cenas fragmentadas / tempo.
De cada Epsdio foi selecionada uma cena de dois minutos, decupada e em seguida,
analisadas.
Anlise do objeto
As Cenas foram descritas uma a uma para depois serem analisadas.
Fragmento Descrio
01 Um desertor da grande muralha capturado nas terras de Winterfell, Lorde Eddard Stark, o
protetor das terras do norte, rene seus filhos para presenciarem a execuo do desertor, j que
essa a pena para quem abandona seu posto na patrulha da noite.
02 Em Porto Real, o Rei Robert Baratheon se rene com seus conselheiros a fim de enviarem um
assassino alm-mar, assassinar a Jovem Daenerys Targaryen, filha do antigo rei, destitudo pelo
rei Robert. Ned Stark se recusa a participar da morte de uma criana, sob a premissa que ela no lhes causaria dano nem ameaa ao reinado de Robert. O Rei o obriga a aceitar a proposta do
assassinato, ento Ned retira o distintivo de mo do rei e diz que voltar ao norte, no mais querendo ocupar tal cargo, pois no compactuaria de tal crime. Robert grita com Ned e o
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destrata.
03 Nas terras alm-mar, a rainha dos Dothraki Daenerys Targaryen, se prepara para queimar o
corpo de seu filho, nascido morto e de seu esposo Khal Drogo, que esta em estado vegetativo.
Ela faz um discurso aos seus liderados, dizendo que quem desejar seguir outro caminho est
livre, e quem desejar segui-la que fiquem. Aps coloca a bruxa que matou seu filho na pira de
fogo e a acende. Enquanto queima a bruxa canta e os demais observam.
Tabela 5 - Descrio das cenas fragmentadas
As trs cenas selecionadas dentre os dez episdios foram analisadas sob a tica de
Hutcheon (2006), Comparato (2009) e Carrire (1994).
A primeira temporada de Game of Thrones, teve seu roteiro adaptado do primeiro livro
das Crnicas do Gelo e Fogo, a partir destra transposio de linguagem puderam-se extrair
trs pontos que Hutcheon (2006) define como as vertentes de uma adaptao.
ENTIDADE OU
PRODUTO
Na verso literria, a histria contada com muito mais detalhes, como se o narrador oculto
estivesse na cena. J na verso audiovisual a histria ganha uma sequencia mais lgica e o
expectador assume o papel do narrador, que agora observa de longe os acontecimentos.
PROCESSO DE
RECRIAO
O roteiro adaptado do livro ganha elementos inexistentes do livro, como aes suprimidas
da verso original e perde algumas explicaes importantes no livro, mas que no seriado
perde-se a importncia.
PROCESSO DE
RECEPO
O texto todo baseado na historia original, no foi identificado intertextualidade com outros
textos pr-existentes, apenas ao texto da histria original.
Tabela 6 - Anlise das Cenas na tica de Hutcheon (2006)
Alm destes pontos, as cenas tambm foram analisadas sob a tica de Comparato
(2009) que cita 6 passos do processo de criao de um roteiro.
Figura 1 - Cena do fragmento 01
IDEIA Anncio da histria, introduo do enredo que perdurar por toda a temporada.
CONFLITO O desertor corre para longe da muralha por ter medo dos White walkers, e por isso foge
para o mais longe que puder.
PERSONAGES Desertor, Lorde Eddard Stark, Bran Stark, Rob Stark, John Snow, Soldados do Castelo.
AO
DRAMATICA
A pena para quem foge da muralha a morte, e como a captura aconteceu em Winterfell,
o guardio das terras deve executar a ao.
TEMPO
DRAMATICO
O tempo acontece de forma lenta, para evidenciar a necessidade da execuo e dar tempo
de todos os personagens se fazerem entender da situao.
UNIDADE
TRAMATICA
O momento em que Lorde Eddard d a sentena e corta a cabea do acusado.
Tabela 7 - Anlise da Cena/Fragmento 01 na tica de Comparato (2009)
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Figura 2 - Cena do Fragmento 02
IDEIA O princpio da disputa pelos sete reinos.
CONFLITO Rei Robert temendo perder sua coroa para a filha de seu antecessor, pretende assassin-la.
PERSONAGES Rei Robert, Lorde Eddard, Lorde Varys, Mindinho, Henley Baratheon.
AO
DRAMATICA
A filha do rei assassinado por Robert casa-se com o lder dos Dothrakis, a mesma pretende
retomar o reinado tirado de seu pai. Robert tenta evitar que isso acontea.
TEMPO
DRAMATICO
O tempo acontece de forma rpida, quando Lorde Eddard nega participao na deciso de
enviar um assassino para matar uma Criana, Daenerys Targaryen.
UNIDADE
TRAMATICA
O momento em que Lorde Eddard abre mo do cargo de Mo do rei e causa a ira do rei
Robert.
Tabela 8 - Anlise da Cena/Fragmento 02 na tica de Comparato (2009)
Figura 3 - Cena do fragmento 03
IDEIA A morte do Lder dos Dothrakis e o nascimento da Rainha dos Dothrakis, me dos
drages.
CONFLITO Com a morte de seu filho e a demncia de seu esposo, causado por uma bruxa, Daenerys
resolve queim-los acreditando que a mesma no morreria, por ser a Nascida do Fogo.
PERSONAGES Daenerys Targaryen, Khal Drogo, a Bruxa, os guerreiros Dothrakis.
AO
DRAMATICA
Com a morte de seu lder, a maioria dos guerreiros deixa o grupo e vo embora. Daenerys
cria uma pira de fogo e coloca seu filho Natimorto e seu marido com demncia e a bruxa
que causou a morte de ambos.
TEMPO
DRAMATICO
O tempo lento, para evidenciar o sofrimento e esperana de Daenerys enquanto observa
seus entes queimar junto bruxa. Que canta sua dor.
UNIDADE
TRAMATICA
A bruxa cantando e queimando amarrada pira de fogo.
Tabela 9 - Anlise da Cena/Fragmento 03 na tica de Comparato (2009)
Diferente da produo audiovisual, no livro os captulos no seguem a lgica
identificada nos episdios.
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No livro, cada captulo aborda um personagem e seus feitos, alm de que todos os
acontecimentos so pela tica deste personagem. A ligao entre os captulos so feitos
atravs dos personagens que possuem alguma afinidade e/ou que estejam tratando do mesmo
tema dentro da histria maior.
Discusso e resultados
Em cada cena analisada, pode se identificar todos os pontos do roteiro mencionados
em Comparato (2009). Nas cenas, que uma vez fragmentadas, tomam, de certa forma, o
formato do identificado no livro.
No primeiro fragmento, no qual so apresentados os protetores da Grande Muralha, os
caminhantes brancos e posteriormente a famlia Stark, possvel identificar todos os pontos
citados por Comparato, pontos esses fundamentais na produo de um roteiro audiovisual.
A ideia, o conflito, as personagens, a ao dramtica, o tempo dramtico e a unidade
dramtica, so facilmente identificados em cada fragmento de cena. Tais elementos, por
exemplo, no fica to explicito nos captulos do livro, j que o tempo dramtico um pouco
mais lento.
Uma constatao simples que pode ser observada em todo o seriado, a fidelidade
encontrada nas cenas quando se relacionadas com o capitulo literrio. claro que para que os
elementos da cena tenham seu espao no roteiro, muitos outros elementos foram esquecidos
ou mesmo que estejam presentes, se encontram de forma subjetiva.
Hutcheon (2006) diz que a adaptaes esto em todo lugar, e que elas no precisam ser
totalmente fieis ao texto original, e isso podemos encontrar nos fragmentos analisados.
No fragmento nmero 2 por exemplo, quando o conselho do rei est reunido para
decidir o futuro de Daenerys, no audiovisual o foco principal a confiana que o Rei Robert
deposita em seu amigo e mo do rei Ned Stark, e na frustrao que este o causa ao negar
participao em tal deciso. J nos material literrio, a cena muito mais abrangente,
destacando cada participante do conselho, contando um pouco de sua origem e as atividades
que exercem no castelo do rei.
No fragmento 03, Daenerys est desolada com a morte de seu filho e esposo, tambm
tem dio da bruxa que foi a responsvel por tais feitos, mas no roteiro audiovisual, Daenerys
tem atividade e usa o momento de queimar os corpos como oportunidade para chamar os seus
contra os inimigos, que agora eram inimigos comuns. No material literrio, Daenerys, alm de
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sempre pensar em reconquistar seu reino, ela precisa conquistar seu povo e essas partes ficam
em segundo plano do audiovisual.
Logo ao comparar o texto do livro com a Decupagem das cenas identificado nos
fragmentos retirados dos episdios da primeira temporada, podemos ver que a adaptao no
necessariamente precisa ser fidedigna ao material original, mesmo que consigamos identificar
bastantes elementos praticamente idnticos, tais elementos foram adaptados para compor um
roteiro assertivo.
Assim como Stam (2000) que diz que ao exigirmos a fidelidade dos textos, estaramos
elevando a literatura a um patamar mais alto, deixando a linguagem do audiovisual em uma
posio inferior.
Nos episdios de Game of Thrones, existe sim certa fidelidade com o texto literrio,
porm essa fidelidade existe como uma essncia do meio de expresso estudada por Stam
(2000). No necessariamente fidedigna a ponto de trazermos os mesmos elementos da obra
literria para a obra audiovisual.
Consideraes finais
Escrever um roteiro um processo lento, gradual, um degrau de cada vez. Comparato
(2009) diz que depois de percorrer todos os passos da construo, revises e alteraes
necessrias, ai que se podem chamar de roteiro.
Um roteiro adaptado tambm muito trabalhoso e demorado, pois alm de ter todos os
cuidados em seguir todos os passos e inserir todos os elementos, o roteirista antes precisa ter o
cuidado de no deturpar a historia e deixa-la irreconhecvel para os espectadores.
Mesmo sendo visto como cpias, as adaptaes devem manter elementos da historia
original para no perder a sua essncia, assim como Amorim (2012) no deixa de frisar.
Neste trabalho, podem-se entender as semelhanas e as dessemelhanas entre uma
obra literria e um roteiro audiovisual adaptado. Pode-se tambm entender que para de
adaptar uma obra, no necessrio mant-la fiel em sua totalidade, pois muitos elementos no
caberiam na historia adaptada, outras nem sentido fariam.
Mesmo em uma mega produo audiovisual como a Srie Game of Thrones, no qual o
prprio escritor acompanha a criao dos roteiros, cenrios e filmagens, adaptaes so
necessrias e na maioria das vezes fundamentais. No extraindo assim o brilho j alcanado
da obra adaptada.
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Como Hutcheon (2006) j disse que o processo de adaptao algo livre e sem
necessidade de ser fiel, tambm o processo de criao do roteiro adaptado livre, desde que
siga os elementos fundamentais do processo citado por Comparato (2009).
O presente trabalho teve como principal intuito estudar essa relao entre o texto
original e o roteiro adaptado, a fim de entender se realmente necessrio haver uma maior
fidelidade entre os dois.
Enquanto nos livros os detalhes no apenas constroem ideias, fornecessem
informaes uteis e fascinantes por si s, j na adaptao o escritor e o produtor tem total
liberdade de mudar, pois as mudanas so absolutamente essenciais para se fazer a transio
de uma mdia para outra. (SEGER, 2007)
Sugestes de estudo
Sugiro que para os estudos futuros sobre o tema, outras vertentes sejam estudadas, tais
como o fenmeno que acontece entre os fs dos livros e srie, que se apaixonam de tal forma
que muitos at criam comunidades baseadas na histria ficcional.
Tambm poderia ser estudado o porqu de essa histria em especfico se destacar tanto
das demais histrias fantsticas existentes na literatura mundial. Qual o diferencial que esta
histria tem em relao s outras.
Referncias
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sob a tica do dialogismo-intertextual. Ed. Temtica, v. 01, p. 1-12, 2012.
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