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Face aos recentes movimentos do Brasil a AYR Consulting Worldwide lança a sua análise ao significado do que se está a passar. Disponível para download.
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Trend Note – 26/06/2013
©2013AYR Consulting. All rights reserved. The concepts and ideas submitted herein are the intellectual property of AYR Consulting.
RAIVA, DESCONFIANÇA E REVOLUÇÃO: UM VÉRTICE DA CIDADANIA AMPLIADA DESPONTA NO BRASIL
As recentes manifestações no Brasil – provavelmente as mais amplas desde o impeachment de Fernando Collor de Mello em 1992 – representam algo muito maior do que apenas um protesto pontual contra um aumento de passagens de transportes públicos.
Na verdade, elas representam o despertar dos Brasileiros para a necessidade cada vez maior de uma ampla reforma na forma como as autoridades se relacionam com o trato da “coisa” pública e, em última análise, com a população em geral.
E para quem pudesse crer que o crescimento excepcional do Brasil dos últimos anos pudesse servir como um tipo de “anestesia” para reinvindicações populares de ordem moral, o fato é que ele serviu – através do justo orgulho do progresso e das conquistas que ele traz – como elemento catalizador de uma série de exigências, justamente para que este progresso possa continuar de forma sustentada e não necessariamente espetacular. Isto quer dizer que uma Macro-‐trend mundial, estudada pelo Trends Research Center (unidade académica da AYR Consulting Worldwide, chamada “Raiva, Desconfiança e Revolução” – que até então se notava de forma mais intensa e constante na Europa e nos Estados Unidos, devido aos efeitos duradouros da crise financeira – começa e impor-‐se também no Brasil e, pelos vistos, de forma transversal à sociedade e com efeitos que se esperam duradouros, num país em contraciclo de crescimento ao verificado na Europa e nos Estados Unidos.
Trend Note – 26/06/2013
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Ela é uma tendência que reflete uma mentalidade de descontentamento e decepção da sociedade nos seus poderes, na medida em que as pessoas estão cansadas de sentir a traição pelos governos, políticos e instituições financeiras, tornando sua presença quase insuportável e prevendo um futuro incerto. Todo este cenário desencadeou raiva e cinismo em relação aos governantes e demais instituições.
O que ela mostra com relação ao Brasil é que há verdadeiramente um sentimento e uma necessidade de mudanças profundas no poder, fruto de uma descrença enorme nas velhas práticas e no status quo, e tem um fundo predominantemente moral – ou seja, a necessidade de haver lideranças reais que se firmem, sejam conduzidas ao poder e, sobretudo, atuem quando no poder ou fora dele, baseados em princípios morais e éticos verdadeiros, duradouros e demonstráveis. Isto faz com que as recentes manifestações com relação à subida dos preços das passagens de ônibus sejam nada mais de uma vertente mais tópica de uma série de causas e problemas que a população quer ver resolvidos de maneira permanente.
Não é por acaso que o site www.causabrasil.com.br, à data de 24 de Junho de 2013, tem na lista de causas mais mencionadas:
Causa % do total de menções
1. Preços das passagens 14% 2. Governo Dilma Roussef 10.52% 3. Combate à corrupção 9% 4. Segurança 8.19% 5. Saúde 6.49%
Trend Note – 26/06/2013
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6. Papel dos Partidos 5.98% 7. Educação 5.46%
E o que isto coloca é a necessidade da população saltar da Raiva, Desconfiança e Revolução, que é um sintoma do problema, para um modelo que lhe permita o tratamento dele. Este modelo – como vem sendo estudado na Europa e nos EUA pela Ayr Consulting Workdwide e pelo Trends Research Center, desde 2010 – passa justamente pela transformação destes sentimentos em correntes de ação e de pensamento, estruturando-‐se como no modelo a seguir:
Ação
• “Fortalece, suporta e dá
voz ativa à raiva...”
Exigência
• “Impõe a população como
decisora, e eu sou parte
dela...”
Esperança
• “Vou fazer mais para
resolver...”
• “Reclamo. Mas não
resolve...”
Raiva
• “Reduz o meu poder de
pensar e decidir...”
Desconfiança
• “Vou lutar por
mudanças...”
Revolução
Sentim
ento In
dividu
al M
assificado
“Não há nada que eu po
ssa fazer senão recla
mar...”
Sentim
ento Coletivo Organiza
do e Dirigido
“H
á muito que pod
e ser feito para melho
rar...”
Área de Problema Área de Solução
Caso isto ocorra – e não há nenhuma razão para que não deva ocorrer – então a “Raiva, Desconfiança e Revolução”, através da “Ação, Exigência e Esperança”, servirá como catalisadora de uma enorme mudança para melhor e duradoura no Brasil. Como indicávamos na nossa Research Note de 14 de Setembro de 2011, intitulada “Brasil: continuando a erguer-‐se do seu berço esplêndido” (e que anexamos) esta “Raiva, Desconfiança e Revolução” assenta em 3 outras Macro-‐trends que oferecem pistas, tanto para governantes e politicos bem como para as Marcas que queiram tirar o melhor partido deste imenso potencial, a saber:
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1. “Cool Compassion” : Para reduzir as imensas diferenças a problemas sociais que ainda abundam no Brasil e que: a. Exige cooperação verdadeira entre as autoridades locais, forças de segurança e,
sobretudo, as comunidades cujas vidas se quer mudar para melhor – em outras palavras “deixem os seus egos do lado de fora”, bastante claro nos movimentos apartidários que temos visto assumirem este movimento, que além do apartidarismo “proíbem” em suas manifestações presenças partidárias e politicas (bem diferente do que se assiste em outros países) – o Brasil está, por isso, dando uma lição de cidadania no mundo;
b. Necessita a medição e divulgação de resultados, para gerar credibilidade e não perder momento;
c. Pede uma visão de longo prazo – a integração leva tempo, mas representa a transformação de um mercado informal e opaco, onde o dinheiro fica nas mãos de bandidos, em um mercado transparente e fiscalizável, onde o dinheiro e os lucros ficam com quem investe e trabalha;
d. Oferece bons ou excelentes níveis de aceitação e retornos potenciais para Marcas que queiram fazê-‐la parte das suas estratégias. Áreas de particular potencial para isto são: i. Educação e Treinamento; ii. Saúde, Preparação Física e Esportes; iii. Água, Luz, Gás ; iv. Comunicações v. Construção.
2. “Total Transparency”: Para dotar esta massa de gente de ferramentas educacionais e de conhecimento de consumo que permitam a realização plena do seu potencial. Isto coloca de manifesto a importância vital do e-‐learning e da TV Social aplicada à educação – conforme postulado numa outra Research Note da Ayr Consulting Worldwide, de Janeiro de 2013 sobre a TV Social e o futuro do Brasil, apresentada no “Social TV Summit 2013”, em Miami. A validade deste ponto é confirmada pelo relatório do Congresso de e-‐learning de 2010 no Brasil, que informa que:
a. 640 organizações no Brasil já têm feito uso do e-‐learning nos últimos 10 anos;
b. O valor dos benefícios gerados excede 6.4 bilhões de Reais/2.8 bilhões de Euros;
c. Investimentos da ordem de 3 bilhões de Reais/1.3 bilhões de Euros tiveram retorno em 6 meses.
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3. “Cidadania Ampliada”: O resultado da conjugação das 2 Macro-‐Trends acima é
catalizado pela “Ação, Exigência e Esperança”. Isto não quer dizer ações ecológicas ou de responsabilidade social – que já existem e de forma bastante ampla e profunda – mas sim a real capacidade e poder da população de exigir e gerar mudanças para melhor pelos seus próprios meios:
a. Uma população com melhores níveis educacionais e maior conhecimento de consumo e compra inevitavelmente se traduzirá num eleitorado mais informado e consciente nas suas escolhas. E num país ainda assolado pelo “clientelismo” e “caciquismo” políticos, isto quer dizer que o voto popular será, então, uma arma realmente poderosa e eficaz para eleger candidatos sérios e honestos e, ao mesmo tempo, expulsar ou barrar a entrada aos demagogos e corruptos que só temem uma coisa: perder os seus mandatos pela via do voto.
b. Isto também capacita a população menos favorecida a expor problemas e lutar por causas ela mesma (algo que em grande parte ainda é feito por terceiros).
É impossível prever por quanto tempo a “Raiva, Desconfiança e Revolução” terá esta faceta tão visível no Brasil quanto agora. Mas o importante não é estarmos focados nela – e muito menos termos medo do que ela traz – mas sim olharmos para o seu potencial e trabalharmos para a sua transformação, ordenada, profunda e, sobretudo, sustentada, para a “Ação, Exigência e Esperança”. Os meios existem para tal, bem como a vontade de uma população que não está lutando mais apenas pela sobrevivência mas sim, e felizmente, pela continuidade de um progresso e desenvolvimento que lhes despertou para o seu potencial e também para as suas obrigações e direitos. Portanto, quanto mais esta consciência for exercida, melhor para o Brasil.
Anexo:
BRASIL: CONTINUANDO A ERGUER-‐SE DO SEU BERÇO ESPLÊNDIDO
(Research Note)
Lisboa, 14 de Setembro de 2011
Trend Note – 26/06/2013
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BRASIL: CONTINUANDO A ERGUER-‐SE DO SEU BERÇO ESPLÊNDIDO
(Research Note)
Lisboa, 14 de Setembro de 2011
Trend Note – 26/06/2013
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Resumo executivo:
1. Esta é a 1ª Research Note da Ayr Consulting Worldwide, 100% focada no Brasil, e na sua gênese estão 3 fatores extremamente importantes:
a. O extraordinário crescimento do país nos últimos anos que o colocou na “1ª Divisão mundial” por qualquer critério que se queira aplicar, aliado à transformação da sua sociedade;
b. Os riscos que este crescimento traz no seu bojo; e c. O imenso potencial ainda não ativado que o país tem para eliminar/minimizar
esses riscos e conseguir um crescimento sustentado para as próximas décadas.
2. Nela, apontamos 3 Macro-‐trends da Science of the Time, bem como os insights delas derivados que oferecem pistas para as Marcas que queiram tirar o melhor partido deste imenso potencial, a saber:
a. “Cool Compassion”: Para reduzir as imensas diferenças a problemas sociais que ainda abundam no Brasil e liberar o potencial que reside na imensa massa de gente que compõe as suas classes C e D/E;
b. “Total Transparency”: Para dotar esta massa de gente acima mencionada de ferramentas educacionais e de conhecimento de consumo que permitam a realização plena do seu potencial;
c. “Cidadania Ampliada”: Para colocar em prática, por eles e para eles, conceitos e ações que garantam boas práticas empresariais, políticas e de cidadania para a sociedade como um todo e a longo prazo.
3. Na sua preparação, recorremos às seguintes fontes de informação:
a. McKinsey b. Observador Cetelem/Ipsos 2010 c. CCEB/ABEP (in “Observador Cetelem/ Ipsos 2010”) d. IBOPE e. IBGE f. Transparency International g. Fundação Getulio Vargas/Ernst & Young h. Small Arms Survey i. Internet World Stats j. Trendwatching k. O Globo l. Relatório do Congresso Brasileiro de e-‐learning de 2010 m. The Daily Telegraph
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I. Muito já se tem escrito e falado sobre o Brasil e como tem-‐se erguido do “berço esplêndido”, expressão do hino nacional muito usada como metáfora – há até não muito tempo atrás – para simbolizar o subdesenvolvimento permanente ao qual o país parecia estar condenado.
1. Nos últimos anos, a Classe D/E, que durante muito tempo perfazia a maioria da população, teve uma fuga de quase 28 milhões de pessoas, que migraram para aumentar os números da Classe C:
20.015.5
22.0
40.644.6
53.0
39.5 39.9
25.0
2006 2008 2010
Evolução % das Classes SociaisFonte: CCEB/ABEP
Classe A/B Classe C Classe D/E
2. Este crescimento da Classe C reduziu os enormes níveis de pobreza do Brasil e gerou – talvez pela primeira vez em toda a sua história – uma verdadeira Classe Média, ávida de ter acesso a muitas coisas que até então lhe haviam estado fora do seu alcance e,
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com isto, um mercado interno vibrante, aparentemente estável e que tem recebido grandes níveis de investimentos locais e internacionais.
20.015.5
22.0
40.644.6
53.0
39.5 39.925.0
2006 2008 2010
Evolução % das Classes SociaisFonte: CCEB/ABEP
Classe A/B Classe C Classe D/E
3. Esta nova riqueza gerou um otimismo tangível que, por sua vez, deu uma maior dimensão e impulso ao “orgulho de ser Brasileiro” que se manifesta, hoje mais do que nunca, através da utilização de matérias-‐primas, cores, e sabores genuinamente nacionais em áreas tão diversas como as artes, moda, culinária, engenharia, arquitetura, manufatura, etc. E um sentimento de que o país deixou de ser “um eterno subdesenvolvido”, como se reflete no quadro abaixo, retirado do “Observador 2010”, da Cetelem/Ipsos:
6.2
4.8 4.5 4.1 4.23.7 3.7
6.85.8
4.84.1 4.0 3.7
2.6
Brasil Alemanha Reino Unido
França Itália Espanha Portugal
Numa escala de 0 a 10, que nota dá ao seu país?Fonte: Observador Cetelem/Ipsos + Cetelem França
2009 2010
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4. E se o acima reflete o presente, a população em geral antecipa um futuro ainda
melhor, utilizando palavras como “Otimismo” e “Entusiasmo” para descrevê-‐lo:
42
29
17
73
46
29
148
3
44
29
17
5 3
37
30
18
10
3
Otimismo Preocupação Entusiasmo Revolta Resignação
Que palavras mais descrevem o que sente com relação ao futuro?Fonte: Observador Cetelem/Ipsos 2010
Total A/B Class C Class D/E Class
5. No entanto – e por melhor que os indicadores presentes augurem para o futuro, o Brasil ainda tem de superar algumas provas muito duras para poder manter este crescimento:
a. Gestão cuidadosa de recursos financeiros, materiais e, sobretudo, humanos, para evitar uma subida de preços e custos que lhe reduza competitividade externa e interna
b. E como indica a McKinsey, no documento ”América Latina: um foco de luz no meio da pós-‐recessão global”, as grandes cidades Brasileiras bem como as emergentes, como Curitiba e Florianópolis, têm que preparar o futuro através de planos de expansão baseados em:
i. Transparência na propriedade imobiliária e de zoneamento urbano; ii. Infraestruturas e redes de transporte entre cidades de confiança; iii. Segurança pública e ensino público de qualidade; iv. Moradias acessíveis e transportes urbanos eficientes; v. Parcerias entre os setores público e privado para melhor acesso a
serviços públicos e gestão sólida e transparente da coisa pública. c. Embora as medidas anteriores possam parecer difíceis e de longo-‐prazo, elas
são perfeitamente viáveis e, principalmente, vitais para a manutenção de um crescimento sustentado e ordeiro para o Brasil, já que:
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i. Embora a Classe D/E tenha encolhido, existem ainda cerca de 48 milhões de pessoas vivendo em condições ou de pobreza o pobreza extrema, o que desvia recursos enormes e contribui pouco para a economia, seja porque elas estão no desemprego ou porque fazem parte da “economia invisível”, que continua a ser uma parte sensível da realidade Brasileira.
.
32,809 29,37742,195
66,71684,621
101,651
64,86275,822 47,948
2006 2008 2010
Evolução numérica (000) das Classes SociaisFonte: CCEB/ABEP
Classe A/B Classe C Classe D/E
ii. O Brasil ainda tem níveis altos de analfabetismo, predominantemente na Classe D/E, o que dificulta a sua melhor qualificação e uma maior migração para a classe C:
5
10
20
Regiões Sul e Sudeste Nacional Região Nordeste
Níveis % de analfabetismo (População com mais de 15 anos) Fonte: IBGE 2010
7.5 7.310.2
13.9
29.4
7.53.3
6.29.0
12.1
10-‐19 20-‐29 30-‐39 40-‐49 50-‐59
Evolução % dos níveis de analfabetismo por faixa etária Fonte: IBGE 2010
2000 2010
• Particularmente na Região Nordeste; • Particularmente na população com entre 30 e 49 anos;
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• E ao acima junta-‐se, ainda, um nível não identificado de “analfabetismo funcional”, que é definido por educadores como “alguém que foi à escola e tirou um diploma, mas que não consegue entender o que está escrito nele”.
iii. O Brasil ainda sofre de níveis inaceitavelmente altos de corrupção,
como indica a edição de 2010 do “Corruption Perceptions Index” que ainda coloca o país na faixa extremamente perigosa “3-‐3.9”.
3.9 3.9
3.7
3.3
3.5 3.5
3.7 3.7
33.13.23.33.43.53.63.73.83.94
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Corruption Perceptions Index 2003 -‐2010 Fonte: Transparency International
Embora tenha havido melhoras aparentes nos níveis brasileiros dos últimos 4 anos, e o país esteja se encaminhando para o escalão superior da faixa, a verdade é que ele ainda está muito longe da faixa “7-‐7.9”, o que o coloca numa posição que:
• Mina em grande parte a confiança internacional; • Ajuda a perpetuar práticas como a corrupção e
suborno de funcionários públicos e políticos; • Desencoraja empresários locais a investirem mais,
devido aos custos extras que tais práticas acarretam; • Mantém grandes somas de dinheiro escondidas em
paraísos fiscais -‐ que poderiam e deveriam ser reinvestidas na economia.
iv. E mais importante ainda é se dar conta de que o enorme crescimento e mobilidade social que estão acontecendo no Brasil foram criados, em grande parte, por programas sociais como o “Bolsa Família”, que subsidia famílias menos favorecidas através da transferência
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condicional de fundos governamentais para suplementar as suas rendas. E não importa o quanto programas como estes possam ser bem-‐sucedidos a curto prazo, a verdade é que basta olhar para o que está acontecendo na Europa para ver que eles não podem -‐ e muito menos devem -‐ ser mantidos indefinidamente.
d. Assim, e tendo passado para a “1ª Divisão” pelo seu próprio esforço – e por quaisquer critérios de análise que queiramos aplicar – o Brasil tem agora uma oportunidade única de consolidar e expandir este feito notável:
i. Combatendo a acomodação e o excesso de confiança em igual medida; ii. Enfrentando os problemas sérios e profundos que são a corrupção
disseminada, o analfabetismo e a falta de segurança; iii. Evitando e reduzindo políticas sociais e protecionistas que, mais cedo
ou mais tarde comprometerão seriamente a sua competitividade interna e externa;
iv. Investindo fortemente em mudar os novos membros da sua crescente Classe Média de”passageiros do boom” a “catalistas do progresso”, para poder ajudar os restantes 48 milhões que ainda vivem em condições de pobreza ou até sub-‐humanas a tornarem-‐se membros integrais de uma sociedade ordeira, estável e competitiva.
e. As necessidades listadas no ponto anterior revestem-‐se de especial importância na medida em que em apenas 10 anos o Brasil terá cerca de 60% da sua população na faixa acima dos 30 anos, e com uma expetativa de vida na casa dos 74.7 anos, uma situação similar à de vários países Europeus de hoje – com todos os imperativos de criação de emprego e gestão da previdência social que exigem para evitar os imensos problemas com os quais hoje a Europa hoje se defronta neste campo, justamente por falta desta antevisão.
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25.6 29.8 32.536.445.7
60.066.3
72.4 74.7
1990 2007 2017 Est
Movimentação demográfica -‐ 1990 a 2017Fonte: FGV/Ernst & Young
Média de idade População com mais de 30 anos (%) Expectativa de vida
6. Portanto, o “País do Futuro” (um slogan dos governos dos anos 70 e 80 e alvo de muita incredulidade e até chalaça) chegou à maioridade. E se o presente é bom, o momento certo de olhar para o futuro é agora.
Agora DEVEMOS
Sim, PO
DEMOS
Agora TENHO QUE
Sim, PO
SSO
Coletiva
Individual
Recuperação de crescimento
Criação e manutenção de
crescimento
Mas não se pode conceber um futuro baseado em programas e subsidios governamentais. Os Brasileiros já provaram que “Sim, podemos…”, e a população como um todo tem de imbuir-‐se do espírito do “Agora devemos…”
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E as Marcas que quiserem crescer no e com o Brasil pelas próximas décadas – e não só pelos próximos anos – podem utilizar as tendências do consumidor da Science of the Time para ajudá-‐las a desenvolver estratégias e articular ações e programas que possam dar o máximo a uma enorme massa de consumidores presentes e potenciais e, portanto, a também colher o máximo de resultados com isso.
II. Aplicando as tendências identificadas pela Science of the Time para gerar crescimento adicional no Brasil:
1. A Science of the Time identificou e monitora há anos 10 Mega-‐tendências que terão enorme impacto no comportamento do consumidor pelos próximos anos e, baseados nelas e na análise anterior feita neste documento, a matriz exposta abaixo indica aquelas que mais potencial têm para gerar insights e dar-‐nos pistas sobre o que deve ser feito para maximizar o potencial de crescimento – para o Brasil e no Brasil.
Resultado-chave
Resultado adicional(Mais nas grandes
cidades e entre as
classes mais altas)
Catalizador
Agentes de mudançaCool Compassion
EmpowerMe
Total Transparency
Realidade
Social Ampliada
Disponibilidade e
acesso a informação
relevante e
enriquecedora
sempre à mão
Conhecimento de
Produtos Ampliado
Uma dimensão adicional à
informação que
recebemos de pessoas:
Informação sobre os
produtos que compramos
Cidadania Ampliada
CoolNostalgia
Tender Urbanity
Eco Cool
2. O catalista da mudança é, sem dúvida, “Empower Me”, definida pela Science of the Time como:
“Todos nós chegamos a este mundo com potenciais e capacidades. E cada produto, cada Marca, cada ser humano que nos dá o poder de fazer com que estes potenciais e
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capacidades se realizem terá o nosso carinho e a nossa preferência. Isto, é claro, não é nada de novo. Muito pelo contrário, é universal e eterno. E na sociedade contemporânea, com a sua competitividade, tensão e desejo de melhoria pessoal permanente, o ‘empowerment’ é mais importante do que nunca”.
E, no caso do Brasil, “Empower Me” é nada mais, nada menos que: a. Dar mais meios à população em geral para continuar a se desenvolver,
profissional e pessoalmente; e b. Criar condições para que os pobres e menos privilegiados possam realizar
o seu potencial como seres humanos, cidadãos e consumidores, permitindo assim liberar o seu enorme potencial de progredir – para eles mesmos, o país e as Marcas que eles vejam como estando ao seu lado nesta progressão.
“Empower Me”, em resumo, é fundamental para promover crescimento adicional no Brasil, ao mesmo tempo em que dá suporte e relevância absolutos a “Cool Compassion” e “Total Transparency”. Estes, por sua vez, farão com que “Eco Cool” e “Tender Urbanity” sejam muito mais exequíveis e viáveis, na medida em que terão sido entendidos e adotados por mais e mais pessoas, e com muito mais convicção do que se poderia esperar. 3. “Cool Compassion” também pode ser chamado de “Compaixão em Ação” – o que
quer dizer muito mais do que apenas ter e demonstrar compaixão pelos menos favorecidos, tratando-‐se, na verdade, de motivar os espetadores e interessados de passar das palavras ou dos sentimentos às ações. Ações que “apertem os botões certos nas pessoas certas” e gerem as mudanças para melhor desejadas. E não estamos falando aqui de “maratonas de caridade” na TV ou coisas semelhantes, mas de ações verdadeiramente criativas e que rompam as fronteiras até aqui impostas. E no caso do Brasil, com os seus profundos e complexos problemas sociais, o que estamos falando é da inclusão na sociedade dos seus bons elementos e – uma característica Brasileira que se aplica a este caso – à exclusão dos maus elementos que escravizam os bons e negam-‐lhes a realização do seu potencial.
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3442
55
36 393645
3740
3333
52
28
4334
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-‐Oeste Média mundial tolerável
Homicídios por 100,000 habitantes (Capitais Regionais) Fonte: Small Arms Survey
2003 2005 2007
A ONG Suíça “Small Arms” monitora há anos o número de homicídios por 100.000 habitantes em vários países, e o Brasil ainda é um dos países com níveis muito acima daqueles que poderiam ser considerados “aceitáveis”, segundo os seus padrões. E como pode ser visto no quadro acima, tem havido mudanças consideráveis nos índices por região:
a. O Sudeste, que tradicionalmente tinha os índices mais altos de homicídios de todo o Brasil, tem tido uma queda acentuada nos mesmos, mas que ainda se encontram bem acima dos “níveis toleráveis”;
b. O Nordeste e o Sul (este último tradicionalmente uma das regiões menos violentas do país, proporcionalmente) têm tido subidas acentuadas nos seus níveis de homicídios.
36.6 36.4
27.1
44.340.1
24.420.0
45.5 47.3
19.5
Curitiba Porto Alegre Florianópolis Média mundial tolerável
Homicídios por 100,000 habitantesFonte: Small Arms Survey
2003 2005 2007
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No tocante ao Sul, os aumentos mais dramáticos nos índices de homicídios notam-‐se em Curitiba – um modelo de planejamento urbano e que tinha níveis de qualidade de vida comparáveis aos Europeus – e Porto Alegre, com Florianópolis conseguindo baixá-‐los.
56.1
41.935.7
52.4
28.3
17.420.0 20.0 20.0
2003 2005 2007
Homicídios por 100,000 habitantesFonte: Small Arms Survey
Rio São Paulo Média mundial tolerável
c. As maiores surpresas, no entanto, vêm do Rio e de São Paulo – esta então com níveis de homicídios abaixo dos “toleráveis”, segundo a última edição do estudo da Small Arms. Estas 2 capitais, com a sua imensidão territorial e populacional, diferenças sociais extremas, profundas e até mesmo chocantes e inúmeras favelas foram – e ainda são, não convém exagerar – verdadeiros focos de tráfico de drogas, de armas e níveis ainda intoleráveis de violência urbana, com os seus assaltos, sequestros, tiroteios, extorsão e até mesmo, em alguns casos e particularmente no Rio, desafios abertos dos traficantes às autoridades que, da segurança dos seus esconderijos nas favelas, chegam a dar ordens de fechamento do comércio em certas áreas e em certos dias, apenas como demonstração da sua autoridade e controle face à impotência da polícia e dos cidadãos.
Trend Note – 26/06/2013
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d. Mas esta situação parece que está mudando para melhor, não somente devido à maior intervenção das forças de segurança pública mas, principalmente devido ao seu entendimento que:
i. Elas precisam trabalhar juntas e coordenadas; ii. Não adianta “limpar” uma favela num dia apenas para deixá-‐la no
outro e, assim: • Permitir a reinstalação dos traficantes; e • Justica a relutância dos moradores – esmagadoramente honestos mas impotentes face ao poder das armas e da intimidação – em pararem de acobertar os traficantes e/ou ajudar mais ativamente as forças de segurança a limparem as suas comunidades do tráfico que apenas os escraviza e isola do resto da população.
e. Portanto, foi necessário desenvolver uma estratégia nova e cuja força residisse exatamente em estar enraizada na comunidade, e foi assim que em 2008 surgiu a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), uma idéia da Capitã da PM do Rio de Janeiro Pricilla Azevedo, uma jovem policial militar que viu que a única maneira de erradicar os traficantes das favelas era a de instalar unidades policiais ali de maneira permanente e, principalmente, trabalhar com e para a comunidade local e, com isso, fazer com que eles se sentissem como cidadãos de pleno direito – e que, portanto, têm o dever de reciprocar este estatuto com uma postura de não submissão ativa ao crime e mesmo trabalhar conjuntamente com as forças de segurança para ajudá-‐las a erradicá-‐lo das suas comunidades.
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Quando a Capitã Pricilla Azevedo assumiu o controle da Unidade localizada no Morro de Dona Marta, em Dezembro de 2008, ela teve de lidar com a herança negativa deixada pela Polícia Militar que, 2 meses antes, invadiu a favela com o apoio de carros blindados e helicópteros, mas com tal grau de violência que os residentes consideraram aquela ação apenas uma das muitas – e odiadas, pela sua brutalidade – operações de rotina contra as drogas.
Mas desta vez as coisas ocorreram de forma diferente, e após 2 meses de luta para expulsar os traficantes a Polícia, em vez de abandonar o morro, permaneceu lá, com a Capitã Pricilla chefiando a primeira Unidade de Polícia Pacificadora do Rio. Conjuntamente com isto, o governo e as autoridades locais embarcaram numa campanha de obras públicas que consumiu alguns milhões: ruas foram pavimentadas, casas pintadas em cores vibrantes e um novo centro de saúde foi construído na subida para a favela. Isto “empurrou” os chefes do tráfico para fora da favela, e os seus subordinados que decidiram ficar lá, mudaram de profissão e hoje têm trabalhos honestos.
“Estamos tentando mudar a cultura daqui”, disse a Capitã em entrevista ao Daily Telegraph em 2009. “O mais importante não é somente livrar-‐se dos criminosos, mas convencer os moradores de que não vale a pena conviver com o crime. Se alguém convive com o crime por muito tempo passa a vê-‐
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lo como algo normal e até bom, já que não tem outra. O que estamos tentando fazer aqui é mostrar à população que é possível ter uma ocupação legal, com um salário digno e viver de forma honesta. Inicialmente encontramos alguma relutância, mas depois e gradualmente a comunidade passou a respeitar o nosso trabalho, o que já é uma mudança para melhor enorme”.
f. Os resultados foram tão encorajadores que a iniciativa espalhou-‐se a outras 17 favelas (representando cerca de 3.5% do total de favelas do Rio) nos 4 anos seguintes, com a erradicação total ou praticamente total -‐ neste caso restando apenas alguns poucos bandidos de pouca importância, mas que cedo ou tarde serão expulsos pela própria pressão da comunidade – do tráfico.
1
5
13
18
0.2 1.02.5 3.5
2008 2009 2010 2011 (até a data)
Projeto Unidade de Policia PacificadoraFavelas com tráfico completamente/praticamente erradicado
Fonte: Wikipedia/IBGE
Nº de favelas % do total de favelas no Rio
g. As UPP também geraram muitas ações e iniciativas complementares, com o objetivo de “abrir as portas” das favelas para o mundo lá fora, para que os não-‐favelados possam ver e entender quem são e conhecer, mais e melhor, a gente esmagadoramente trabalhadora, educada e simpática que nelas vive – muitos dos quais sendo, sem que eles saibam, colegas de trabalho… Estas ações vão de reuniões da comunidade a palestras a shows de música e até mesmo a empreendimentos como o “Labirinto/TheMaze”, uma pousada criada e gerida por Bob Nadkami, um Inglês que se apaixonou pelo Rio e pala gente das suas favelas, de onde os hóspedes e visitantes podem ter uma das melhores e mais bonitas vistas do Rio. Isto
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tem atraído mais visitantes – brasileiros e estrangeiros – às favelas, incluindo estudantes da Harvard Public Policies School, impressionados por esta combinação de políticas infraestruturais e sociais que trouxeram tantas mudanças positivas.
h. A população percebeu então que algo bom, duradouro e merecedor de apoio estava começando a acontecer, já que beneficia a muitos e pode beneficiar a muitos mais. E o cerco e tomada do “Complexo do Alemão”, levado a efeito pela Polícia, o Exército e as Forças Especiais em Novembro de 2010 não somente conseguiu eliminar, expulsar ou prender a maioria dos bandidos que ali operavam e se escondiam, mas também – e possivelmente pela 1ª vez em muito tempo – as forças de segurança contaram com o total apoio da população do Rio em geral e do “Complexo do Alemão” em particular que, durante as operações:
i. Ajudou, no terreno de operações, as forças de segurança dando indicações sobre os esconderijos, armazéns de guarda de drogas e fortalezas dos bandidos;
ii. Além disso, houve mais de 500 chamadas numa só noite ao “Disque Denúncia”, com informação adicional sobre a topografia e características de algumas áreas menos conhecidas e como chegar lá, bem como informação sobre outras atividades e negócios ilegais que aconteciam no seio da comunidade;
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iii. E como um dos muitos resultados desta ação, uma ONG está ensinando jovens moradores a fazerem um mapa digital interativo detalhado do “Complexo do Alemão”, para servir de guia para moradores e visitantes sobre as ruas, becos, vielas, lojas e demais pontos, e ensiná-‐los a circular melhor e mais livremente na sua própria comunidade e, principalmente, “abrindo as suas portas” para o mundo exterior , ajudando a derrubar barreiras e preconceitos e gerando e alimentando o entendimento entre 2 mundos que viviam lado a lado mas que pareciam estar a léguas de distância um do outro.
“Cool Compassion” para o Brasil, portanto, é muito mais do que somente ajudar. É o derrubar uma divisão social insidiosa que ainda impede a milhões de pessoas o seu direito ao exercício de atividades legais, produtivas e geradoras de impostos que, por sua vez, poderão liberar ainda mais o enorme potencial adicional que apenas espera ser aproveitado.
e. Exige cooperação verdadeira entre as autoridades locais, forças de segurança e, sobretudo, as comunidades cujas vidas se quer mudar para melhor – em outras palavras “deixem os seus egos do lado de fora”;
f. Necessita a medição e divulgação de resultados, para gerar credibilidade e não perder momento;
g. Pede uma visão de longo prazo – a integração leva tempo, mas representa a transformação de um mercado informal e opaco, onde o dinheiro fica nas mãos de bandidos, em um mercado transparente e fiscalizável, onde o dinheiro e os lucros ficam com quem investe e trabalha;
h. Oferece bons ou excelentes níveis de aceitação e retornos potenciais para Marcas que queiram faze-‐lo parte das suas estratégias, particularmente aquelas com maiores necessidades de mão-‐de-‐obra e que certamente terão entre os seus funcionários muitos residentes das favelas, e que certamente gostarão muito de ser os seus “embaixadores” junto às suas comunidades que, em troca, certamente reciprocarão através da preferência àquelas Marcas que ajudem na melhoria das suas condições e na sua integração na sociedade. Áreas de particular potencial para isso são:
a. Educação e Formação; b. Saúde, Preparação Física e Esportes; c. Água, Luz, Gás ; d. Comunicações
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e. Construção.
4. “Total Transparency” representa a vastidão do poder da Internet e como ele pode aproximar o que é importante para muitos e fazer tudo mais claro para todos: o que ocorre na nossa vida social; o que se passa no mundo físico ao nosso redor; o que acontece nos mundos da política e das empresas; e, sobretudo, o que podemos fazer para nós com isso. Ela é extremamente relevante para a consecução de um crescimento sustentado para o futuro, na medida em que 2 das suas manifestações indicadas no quadro abaixo vão diretamente de encontro à necessidade e à oportunidade de liberar o potencial extra que se encontra aos milhões, na população ainda menos favorecida – e que são, como vimos antes e para todos os efeitos, ainda cidadãos restritos ou de 2ª classe -‐ através da sua transformação e para levar-‐lhes a oportunidade de praticarem uma “Cidadania Ampliada”:
Total Transparency
“SEI MAIS”
=
“FAÇO MELHOR”
“FAÇO MELHOR”
=
“COMPRO MELHOR”
Conhecimento de
Compra Ampliado
Uma dimensão adicional à
informação que
recebemos de pessoas:
Informação sobre os
produtos que compramos
Realidade
Social Ampliada
Disponibilidade e
acesso a informação
relevante e
enriquecedora
sempre à mão
Alcance nacional e mais focado nas classes C e D/E
Cidadania AmpliadaAlcance nacional e
a todas as classes sociais
CoolNostalgia
Tender Urbanity
Eco Cool
Mais nas grandes cidades e
entre as classes mais altas
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a. “Realidade Social Ampliada” quer dizer “Sei Mais” para dezenas de milhões de cidadãos, através do e-‐learning, seja através de educação e conhecimento adicionais àqueles que já têm, seja o acesso à educação e conhecimento básicos, particularmente num país cujas dimensões continentais e cuja malha de transporte público ainde é deficiente em muitos casos: a. Via ensino básico – Uma necessidade vital, para que os cerca de 19 milhões de analfabetos ou analfabetos funcionais possam receber alfabetização ou em casa ou no local de trabalho. Ou ainda ter a sua escolaridade básica complementada e ampliada.
b. Via treinamento e formação -‐ Outra necessidade vital, seja para complementar o ensino básico já recebido e/ou prover treinamento, técnicas e ferramentas profissionais mais avançadas.
A validade do que se coloca acima é confirmada pelo relatório do Congresso de e-‐learning de 2010 no Brasil, que informa que:
• 640 organizações no Brasil já têm feito uso do e-‐learning nos últimos 10 anos;
• O valor dos benefícios gerados excede 6.4 bilhões de Reais/2.8 bilhões de Euros;
• Investimentos da ordem de 3 bilhões de Reais/1.3 bilhões de Euros tiveram retorno em 6 meses.
Em suma, o potencial existe, e deve ser encarado como um caso de ”copo meio cheio”, como os 2 quadros abaixo exemplificam e suportam:
1,419.6
1,002.7
426.6234.0
90.1
480.8
1039.0
Evolução % da penetração da Internet 2000/2011 Fonte: Internet World Stats 2011
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• O aumento da penetração da Internet no Brasil é muito acima ao dos seus concorrentes diretos na América do Sul e das médias mundial e sul-‐americana.
37.4
66.054.8
82.0 78.2
30.240.7
Penetração da Internet (% da população) Fonte: Internet World Stats 2011
• Mas os níveis de penetração ainda estão muito abaixo dos concorrentes diretos na América do Sul, abaixo da média sul-‐americana e apenas ligeiramente acima da média mundial.
O acima, em resumo, postula e indica que o crescimento pessoal e do PIB no Brasil é também e indissociavelmente ligado ao crescimento da penetração da Internet, para que seja usada como uma ferramenta extremamente poderosa e importante neste sentido. A parte mais fundamental desta equação já existe: uma população maioritariamente motivada e otimista, contente com a caminho que o país vem trilhando e provando os primeiros frutos desta nova prosperidade – e, portanto, desejosa de mais progresso e que verá com bons olhos a possibilidade de evoluírem através de mais educação e treinamento, seja em casa, seja no local de trabalho. Pela mesma moeda, ninguém pode duvidar de que tal empreitada pede níveis de investimento enormes de infraestrutura bem como de software e hardware de acesso, mas, se os números do Congresso de e-‐learning de 2010 nos dizem algo é que este é certamente um caminho a trilhar e, portanto, haverá recompensas vultuosas para os que tiverem a vontade e os meios de investir numa área com resultados garantidos e com níveis de retorno rápidos.
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b. “Conhecimento de Compra Ampliado” quer dizer “mais e melhores consumidores”: a. Maior acesso a comparações de produtos e preços, para mais; b. Melhor informação sobre créditos e condições de pagamento, para mais;
c. Maiores alternativas de comprar bens e serviços onde a sua distribuição ou presença física ainda não chega;
Mas as compras pela Internet ainda se encontram em fase embrionária no Brasil, como atestam os números do Observador Cetelem/Ipsos 2010 abaixo…
1618
15
18 19 20
2005 2006 2007 2008 2009 2010
Compras online -‐ evolução % nacionalFonte: Observador Cetelem/Ipsos 2010
A segurança transacional parece ser o fator mais importante para gerar um crescimento organico de peso na penetração de compras pela Internet , conforme indica o quadro abaixo onde a “Segurança transacional” é o fator mais importante para a lealdade a uma loja virtual. Ou seja, quanto mais seguro seja o processo de compra on-‐line, maiores serão as chances da sua expansão.
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80
55 53 4637
2819 16
Compras online -‐ Fatores mais importantes para lealdade a uma loja virtual -‐ Fonte: Observador Cetelem/Ipsos 2010
Um aumento na penetração da Internet no Brasil também pode contribuir imenso para um melhor conhecimento sobre crédito e taxas de juros, um fator crucial para evitar níveis excessivos de endividamento pessoal e inadimplência, bem como para encorajar maiores níveis de poupança. Numa economia em crescimento saudável, é normal existirem níveis moderados de inflação trazidos pela criação de aumento da demanda e de crédito, mas que não devem levar a um “superaquecimento” do sistema, particularmente quando cerca de 45% da população declara que “Nunca pediu qualquer tipo de informação sobre crédito e condições de pagamento” – e isto num país onde as compras pelo crediário são quase uma instituição nacional…
4541
31
20
6
Informações mais pedidas sobre créditos e financiamentosNacional -‐ Fonte: Observador Cetelem/Ipsos 2010
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Portanto, o “Conhecimento de Compra Ampliado” também se traduz em mais e melhores poupadores, seja pelo pagamento de melhores preços por um mesmo produto depois de haver pesquisado on-‐line (um processo, sem qualquer dúvida, mais rápido e menos cansativo do que o off-‐line), mas, também, por um melhor conhecimento de como as taxas de juros cobradas irão afetar o orçamento de cada um e, em última análise, a capacidade de realizar desejos e preencher necessidades sem sair das possibilidades de cada um. O quadro a seguir mostra justamente como a nova e emergente Classe C tem poupado menos do que as Classes A/B (com mais posses e mais conhecimento de consumo e de juros) e a D/E (que vê no aumento da sua renda disponível uma possibilidade de, finalmente, poder poupar algo). Isto é também complementado por matéria recente (09/08/11) de “O Globo”, que informa que, mesmo tendo visto uma redução nos níveis de inadimplência nacionais nos últimos 12 meses, o Banco do Brasil decidiu aumentar em 15% a sua provisão para devedores duvidosos para os próximos 12 meses…
528584
256
407
633
150121
-‐49
106
Classe A/B Classe C Classe D/E
Quanto poupou durante o período anterior (em R$)Fonte: Observador Cetelem/Ipsos 2010
2010 2009 Diferença 2010/2009
O ponto anterior é reforçado e suportado ainda mais pela discrepância notada entre as Classes A/B e C no que toca aos níveis de compras a crédito e de colocação de dinheiro na poupança, segundo o Observador Cetelem/Ipsos 2010.
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1012
58
68
63
5 43 2 1 1 2
Comprou mais coisas a crédito
Colocou dinheiro na Poupança
Retirou dinheiro da Poupança
Pagou contas em atraso
Pagou débitos no todo ou em
parte
Gastos e/ou Poupanças (%) durante o período anteriorFonte: Observador Cetelem/Ipsos 2010
Classe A/B Classe C Classe D/E
Finalmente, o “Conhecimento de Compra Ampliado” é uma ferramenta altamente eficaz para dar maior poder ao consumidor, com os consequentes maiores níveis de performance para as Marcas mais competitivas e orientadas para eles, já que libera o enorme potencial – positivo ou punitivo – das recomendações feitas diretamente de consumidor a consumidor, uma tendência identificada em 2009 pela Trendwatching e cada vez mais disseminada onde a Internet tem mais penetração:
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c. A “Cidadania Ampliada”e tendências derivadas:
Total Transparency
Conhecimento de
Compra Ampliado
“FAÇO MELHOR”
=
“COMPRO MELHOR”
Realidade
Social Ampliada
“SEI MAIS”
=
“FAÇO MELHOR”
Cidadania AmpliadaAlcance nacional e
a todas as classes sociais
CoolNostalgia
Tender Urbanity
Eco Cool
Mais nas grandes cidades e
entre as classes mais altas
a. Se “Total Transparency” obtiver fundações sólidas, então será de esperar sem sombra de dúvida que a “Cidadania Ampliada” se arraigue e expanda. “Cidadania Ampliada” não quer dizer ações ecológicas ou de responsabilidade social – que já existem e de forma bastante ampla e profunda – mas sim a real capacidade e poder da população de exigir e gerar mudanças para melhor pelos seus próprios meios:
• Uma população com melhores níveis educacionais e maior conhecimento de consumo e compra inevitavelmente se traduzirá num eleitorado mais informado e consciencioso nas suas escolhas. E num país ainda assolado pelo “clientelismo” e “caciquismo” políticos, isto quer dizer que o voto popular será, então, uma arma realmente poderosa e eficaz para eleger candidatos sérios e honestos e, ao mesmo tempo, expulsar ou barrar a entrada aos demagogos e corruptos que só temem uma coisa: perder os seus mandatos pela via do voto.
• Isto também capacita a população menos favorecida a expor problemas e lutar por causas ela mesma (algo que em grande parte ainda é feito por terceiros), bem como acabar com
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práticas monstruosas como o trabalho escravo, como indica um jovem advogado em cujo blog se pode ler “Menos campanhas, mais ações”.
b. “Eco Cool” e “Tender Urbanity” continuarão a se afirmar, na medida em que uma melhor gestão de recursos mais e mais se afirma como vital para a sobrevivência e a deterioração da qualidade de vida nas mega cidades como São Paulo e Rio começa a alastrar-‐se para as de porte médio como Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba, colocando assim a necessidade urgente de:
• Passar da “monumentalidade” à “praticidade” – enquanto a magnífica e 100% sustentável Tocha Olímpica que será construída na entrada da Baía de Guanabara é um símbolo da cidade e do país como anfitriões das Olimpíadas de 2016 e do seu compromisso de preservar recursos naturais, soluções muito mais simples, práticas e de aplicação mais imediata devem ser encontradas para enfrentar problemas prementes -‐ como a da habitação, por exemplo, como demonstra uma técnica pioneira desenvolvida em Portugal, que recicla garrafas de vidro para uso no lugar de tijolos:
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• Passar da” impermanência sonhadora” à “durabilidade que agrada” – enquanto movimentos como o que vários artistas plásticos de São Paulo fizeram para humanizar o “Minhocão” em São Paulo remediam temporariamente os problemas que ele causa para quem vive ao seu redor, a integração de urbanismo, beleza e funcionalidade permanentes encontrada no projeto do novo Museu da Imagem e do Som em Copacabana aponta um caminho que, ao mesmo tempo estende o âmbito dos passeios pelas calçadas à beira mar, convida à visita ao museu e devolve à orla marítima de Copacabana, de maneira permanente, um pouco da sua beleza arquitetônica de outras épocas.
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c. E, finalmente, “Cool Nostalgia” arraigar-‐se-‐á mais e mais nas cidades grandes e medias – e particularmente nas suas áreas de classe Alta e Média, fruto da inevitável mudança e “igualitarismo” trazidos pelo progresso mas que também reduz os níveis de exclusividade (mesmo que relativa) e de serviço que eram o apanágio e fonte de glamour de alguns tipos de serviços no passado. Um bom exemplo disto é o Retrô, um cabeleireiro da Rua Augusta, em São Paulo, que procura resgatar o tipo de decoração, glamour e serviço que abundavam naquela área que foi, nos anos 50 e 60, o verdadeiro emblema de tudo o que era mais chique e aspiracional.
E tendo decidido fechar esta Research Note com “Cool Nostalgia”, é importante ressaltar que isto não indicia qualquer tipo de negatividade ou reserva com relação ao futuro do Brasil. Ao contrário – como postulado pela Science of the Time e confirmado por um estudo quantitativo feito pela Universidade de São Francisco, “Cool Nostalgia” é uma verdadeira plataforma para o futuro alicerçada em valores sólidos, duráveis e que, se aplicados consistentemente e com um otimismo cauteloso, trazem apenas estabilidade e progresso sustentáveis. E o que o Brasil precisa, hoje mais do que nunca para um futuro ainda melhor, é disso, e as tendências do consumidor podem ajudar-‐nos a chegar lá, seja através do traçado de grandes linhas, seja através de uma antecipação e gestão mais micro de oportunidades e necessidades e que só podem trazer bons resultados para muitos mais.
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Sobre a AYR Consulting Worldwide
Fundada em 2009, a “AYR -‐ Trends, Consulting and Innovation” é especializada em desenvolvimento da inovação e consultoria de negócios com base nas Tendências e Mentalidades do Consumidor, estudadas através do Trends Research Center. A Ayr Consulting Worldwide conta com escritórios em Lisboa, São Paulo e Miami e é também sócia-‐fundadora do Global Trends Observatory, uma rede mundial de empresas e instituições dedicadas ao estudo e análise de Tendências e Mentalidades, com presença em São Paulo, Londres, Amsterdam, Bruxelas, Bucareste, Genebra, Helsinki, Lisboa, Melbourne, Miami, Lisboa, Nova Iorque, Estocolmo e Varsóvia. 24 de Junho de 2013 Para mais informações, por favor contate Luís Rasquilha em luis.rasquilha@ayrww.com
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