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Em todas as classes de esporte, sempre existe alguém que desponta como um ídolo, idolatrado pelas multidões, e que deixa uma marca indelével. Entretanto, a duração do brilho destes astros tem o tempo da juventude. Praticamente não importa o tipo de esporte. A ascensão é rápida e o tempo de estrelato relativamente curto, considerando o esforço titânico que um atleta leva para atingir a fama. A mesma vibração e emoção com que os fãs idolatram a seus ídolos podem se transformar, de um momento para outro, em vaias, apupos, desprezo e até mesmo agressões físicas, quando o peso da idade, cansaço, doença ou outro fator negativo corrói a garra e a energia que coroa o sucesso dos campeões.

FABULOSO MANE GARRINCHA

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FABULOSO MANE GARRINCHA

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Em todas as classes de esporte, sempre existe alguémque desponta como um ídolo, idolatrado pelasmultidões, e que deixa uma marca indelével.

Entretanto, a duração do brilho destes astros tem otempo da juventude. Praticamente não importa o tipo

de esporte. A ascensão é rápida e o tempo de estrelatorelativamente curto, considerando o esforço titânico

que um atleta leva para atingir a fama.A mesma vibração e emoção com que os fãs idolatrama seus ídolos podem se transformar, de um momentopara outro, em vaias, apupos, desprezo e até mesmoagressões físicas, quando o peso da idade, cansaço,

doença ou outro fator negativo corrói a garra e aenergia que coroa o sucesso dos campeões.

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By Verinh@

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Tudo começou com uma portentosa cobertura da

imprensa. Sim, era ele em campo. O fabuloso Mané

Garrincha. O famoso jogador de futebol, que fazia os

estádios trepidaremcom seus desconcertantes

dribles. Ele, com suas pernas tortas, conseguia o que na linguagem futebolística se

chama de “entortar” o adversário. A bola às vezes

ficava parada. Garrincha passava por ela sem tocá-la.

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O adversário passa junto. A bola continuava no mesmo

lugar. Garrincha voltava sobre ela e o adversário enganado

passava junto. Garrincha então fazia que voltava e ficava no mesmo lugar fazendo o adversário

passar “lotado” de novo. A torcida vibrava e se retorcia.

Nessas alturas, a bola parecia que tinha aumentado de tamanho, enorme, estática

no meio do campo. A assistência atônita olhava para a bola como se fosse

uma mancha branca parada no repousante tapete verde.

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Em seguida, Garrincha aparecia como por mágica,

com a bola nos pés e o adversário “torto” olhando

surpreso. E láia Garrincha livre como um garoto, em direção ao gol e, com suas pernas tortas, chutava inapelavelmente,

desta vezenganando o goleiro que

nunca sabia o lado em que a bola ia entrar.

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Garrincha saía do campo ovacionado.

Grande. “- Ele égrande não? Viu o que

ele fez? Que coisa, como é que pode...”

Essas e outras eram as observações de

quando viam o rei dodrible em ação.

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Realmente, como é que pode, diziam todos aqueles quevibravam vendo

Garrincha jogar. O grande Mané ágil,

cheio de vida.

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Como é que pode, dizemos nós que presenciamos tudo

isso, e inclusive a única derrota do grande craque,

quando abandonadopor todos morre no

abandono, sendo velado por alguns torcedores leais que inclusive encomendaram e pagaram seu singelo caixão

de terceira qualidade.

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Amarrado em umcaminhão de Corpo de Bombeiros, Garrincha

seguiu comosempre, driblando

agilmente nas ruas do Rio de Janeiro com

destino ao último gol, em “Pau Grande”.

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Sócrates, “o doutor”, ídolo da juventude futebolística,

definiu na época, em poucas palavras, a miséria

e a tristezaque rondam a maior parte dos “Manés”. “ - A maioria

dos jogadores no Brasil (salvo honrosas exceções)

- disse ele,- vive e morre em

condições de verdadeira miserabilidade,

abandonados, sem nenhum recurso para eles e suas

famílias.”

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Garrincha morto é um exemplo vivo desses

pobres artíficesda alegria das massas

em nosso país.O enterro de Garrincha

foi aparentemente pomposo. A cobertura da imprensa fabulosa. Gastos homéricos na

divulgaçãode sua vida e morte.

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Um simples e triste fato, entretanto demonstra toda a

ilusão dos craques brasileiros de futebol. A

cova onde Garrinchafoi enterrado foi paga por

seu amigo e cantor Agnaldo Timóteo.

Quatrocentos e poucos cruzeiros. Foi quanto valeu

este extraordinário e inimitável jogador de futebol.

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Praticamente o preço de uma entrada com direito à cadeira para ver um jogo no estádio. Um jogo que se Garrincha

participasse daria milhões de cruzeiros aos dirigentes e

uma alegria sem preços aos aficcionados da arte de jogar.

A mesma arte que fez Garrincha o maior, o

transformou também no mais pobre astro do futebol

mundial.Triste realidade.

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Os pés de Garrincha

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Texto: Sady Ricardo dos Santos

Formatação: Vera Lúcia de Siqueira

[email protected]