6
Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos Teologia da Libertação ________________________________________________________ Carla Geanfrancisco 2006 Página 1 de 6 Conteúdo Teologia da Libertação ........................................................................................................... 1 Aspectos positivos e negativos da Teologia da libertação ............................................... 3 1. Positivo: .......................................................................................................................... 3 2 Negativos: ...................................................................................................................... 3 Conclusão: ................................................................................................................................ 4 Avaliação aos tempos atuais ............................................................................................. 5 Bibliografia: ............................................................................................................................... 6 Teologia da Libertação A teologia da libertação é antes de tudo um conjunto de escritos produzidos a partir de 1971 por personalidades como Gustavo Gutierrez (Peru), Rubem Alves, Hugo Assmann, Carlos Mesters, Leonardo e Clodovis Boff (Brasil), Jon Sobrino, Ignácio Ellacuria (El Salvador), Segundo Galilea, Ronaldo Munoz (Chile), Pablo Richard (Chile, Costa Rica), José Miguel Bonino, Juan Carlos Scannone (Argentina), Enrique Dussel (Argentina, México), Juan-Luis Segundo (Uruguai) - para apontar apenas alguns dos mais conhecidos. Esse corpo de textos é, contudo a expressão de um vasto movimento social, que surgiu no começo dos anos 1960 muito antes das novas obras de teologia. Esse movimento compreendia setores importantes da Igreja padres, ordens religiosas, bispos - movimentos religiosos laicos Ação Católica, Juventude Universitária Cristã, Juventude Operária Cristão - comissões pastorais de base popular Pastoral Operária, Pastoral da Terra, Pastoral Urbana - e as comunidades eclesiais de base. Sem a prática desse movimento social que se poderia chamar de cristianismo da libertação não se podem compreender fenômenos sociais e históricos tão importantes na América Latina dos últimos 30 anos como a ascensão da revolução na América Central - Nicarágua, El Salvador - ou a emergência de um novo movimento operário e camponês no Brasil (o Partido dos Trabalhadores, o Movimento dos Camponeses Sem Terra, etc). (Cf. Löwy, 1998). A descoberta da teologia da libertação pelos cristãos progressistas não foi um processo puramente intelectual ou universitário. Seu ponto de partida foi um fato social incontornável, uma realidade sólida e brutal na América Latina: a pobreza. Muitos crentes escolheram a teologia da libertação porque ela parecia oferecer as

Carla geanfrancisco teologia da libertação

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Carla geanfrancisco   teologia da libertação

Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Teologia da Libertação

________________________________________________________

Carla Geanfrancisco 2006 Página 1 de 6

Conteúdo Teologia da Libertação ........................................................................................................... 1

Aspectos positivos e negativos da Teologia da libertação ............................................... 3

1. Positivo: .......................................................................................................................... 3

2 Negativos: ...................................................................................................................... 3

Conclusão: ................................................................................................................................ 4

Avaliação aos tempos atuais ............................................................................................. 5

Bibliografia: ............................................................................................................................... 6

Teologia da Libertação

A teologia da libertação é antes de tudo um conjunto de escritos produzidos a partir

de 1971 por personalidades como Gustavo Gutierrez (Peru), Rubem Alves, Hugo

Assmann, Carlos Mesters, Leonardo e Clodovis Boff (Brasil), Jon Sobrino, Ignácio

Ellacuria (El Salvador), Segundo Galilea, Ronaldo Munoz (Chile), Pablo Richard

(Chile, Costa Rica), José Miguel Bonino, Juan Carlos Scannone (Argentina), Enrique

Dussel (Argentina, México), Juan-Luis Segundo (Uruguai) - para apontar apenas

alguns dos mais conhecidos.

Esse corpo de textos é, contudo a expressão de um vasto movimento social, que

surgiu no começo dos anos 1960 – muito antes das novas obras de teologia. Esse

movimento compreendia setores importantes da Igreja – padres, ordens religiosas,

bispos - movimentos religiosos laicos – Ação Católica, Juventude Universitária

Cristã, Juventude Operária Cristão - comissões pastorais de base popular – Pastoral

Operária, Pastoral da Terra, Pastoral Urbana - e as comunidades eclesiais de base.

Sem a prática desse movimento social – que se poderia chamar de cristianismo da

libertação – não se podem compreender fenômenos sociais e históricos tão

importantes na América Latina dos últimos 30 anos como a ascensão da revolução

na América Central - Nicarágua, El Salvador - ou a emergência de um novo

movimento operário e camponês no Brasil (o Partido dos Trabalhadores, o

Movimento dos Camponeses Sem Terra, etc). (Cf. Löwy, 1998).

A descoberta da teologia da libertação pelos cristãos progressistas não foi um

processo puramente intelectual ou universitário. Seu ponto de partida foi um fato

social incontornável, uma realidade sólida e brutal na América Latina: a pobreza.

Muitos crentes escolheram a teologia da libertação porque ela parecia oferecer as

Page 2: Carla geanfrancisco   teologia da libertação

Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Teologia da Libertação

________________________________________________________

Carla Geanfrancisco 2006 Página 2 de 6

explicações mais sistemáticas, coerentes e globais sobre as causas dessa pobreza,

e porque ele era a única proposta suficientemente radical para aboli-la. Para lutar de

maneira eficaz contra a pobreza, é preciso compreender suas causas. Como disse o

cardeal brasileiro dom Hélder Câmara: “Durante todo o período em que eu pedia às

pessoas para ajudar os pobres, me chamavam de santo. Mas quando eu coloquei a

questão: porque existe tanta pobreza? Me chamaram de comunista...”.

O cuidado com os pobres é uma tradição milenar da Igreja, remontando até as

fontes evangélicas do cristianismo. Os teólogos latino-americanos se situam na

continuidade desta tradição que lhes serve constantemente de referência e de

inspiração. Mas eles se situam em ruptura profunda com o passado em um ponto

capital: para eles, os pobres não são mais, essencialmente, objetos de caridade,

mas os mestres de sua própria libertação. A ajuda ou assistência paternalista cede

lugar a uma atitude de solidariedade com a luta dos pobres pela sua auto-

emancipação. Neste ponto a teologia da libertação faz uma junção com o principio

verdadeiramente fundamental do marxismo, a saber “a emancipação dos

trabalhadores será feita pelos próprios trabalhadores”. Esta mudança constitui talvez

a novidade política mais importante e a mais rica de conseqüências trazida pelos

teólogos da libertação em relação à doutrina social da Igreja. Ela terá também as

maiores conseqüências no terreno da práxis social.

Em ultima instancia, porem, só teremos uma autentica teologia da libertação quando

os próprios oprimidos puderem alçar livremente a voz e exprimir-se direta e

criadoramente na sociedade e no seio do povo de Deus. Quando este povo for o

próprio agenciador de sua própria libertação.

Desde o inicio teólogos como Gustavo Gutierrez conspiravam para que a teologia da

libertação não caísse em uma auto satisfação intelectual, num tipo de triunfalismo

feito por eruditos, com suas novas visões do cristianismo. Só há uma coisa

realmente nova: acolher dia a dia o dom do Espirito que nos faz amar em nossas

opções concretas por construir uma verdadeira fraternidade humana, em nossas

iniciativas históricas por derribar uma ordem de injustiça, com plenitude com que

Cristo nos amou. Parafraseando o conhecido texto de Pascal, podemos disser que

todas as teologias políticas, da esperança, da revolução, da libertação, não valem

Page 3: Carla geanfrancisco   teologia da libertação

Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Teologia da Libertação

________________________________________________________

Carla Geanfrancisco 2006 Página 3 de 6

um gesto autentico de solidariedade com as classes sociais espoliadas, Não valem

um ato de fé de caridade e de esperança comprometido – de um modo ou de outro –

em uma participação ativa por libertar o homem de tudo o que o desumaniza e o

impede de viver segundo a vontade do Pai.

Aspectos positivos e negativos da Teologia da libertação

1. Positivo:

1 Embora não sendo original, foi o primeiro pensar teológico na América Latina, e

pode demonstrar a capacidade intelectual teológica, demonstrando que temos

homens em pé de igualdade com teólogos do mundo todo;

2 Sendo uma Teologia para o povo, foram criados gêneros literários que fossem

acessíveis ao povo, continuando a ser gêneros literários ricos e belos;

3 Proporcionou a teologia invadir todas as áreas das chamadas ciências humanas

e deixar de ser polemica somente entre intelectuais do mundo teológico;

4 Levou a todos a refletir a realidade na América Latina e no terceiro mundo em

geral e ampliar o evangelho as mesmas. O evangelho passou a ser algo

relevante ao homem de hoje e não apenas para a vida após o tumulo.

5 Foi possível assim introduzir a missiologia como tema central e objetivo básico do

pensar teológico contemporâneo, e o conceito de evangelização passaram a ser

mais amplo e abrangente.

6 Passou a ter um despertar entre cristãos sobre a importância da evangelização,

assim se organizando em congressos, eventos, etc...

2 Negativos:

1 A reflexão teológica a partir da práxis, e não da palavra de Deus pode levar a

heresias; por se dar predominância maior a primeira que a segunda, sendo o

inverso o correto. Pois a teologia desprovida do instrumental hermenêutico, fica

prisioneira da linguagem sócio-politica e de levar a palavra de Deus a anular-se

pela mesma linguagem.

2 Interpretações da Bíblia tendenciosas, sendo feitas através da ótica marxista;

Page 4: Carla geanfrancisco   teologia da libertação

Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Teologia da Libertação

________________________________________________________

Carla Geanfrancisco 2006 Página 4 de 6

3 Buscam doutrinas do pecado estrutural ou coletivo no antigo testamento, onde

deveríamos buscar no Novo Testamento, observando a linha evolutiva.

4 Interpretação da libertação em termos sócios políticos, confundindo o reino de

Deus com projetos ou sistemas humanos, especialmente o socialismo.

5 As escatologias evolucionistas e triunfalistas se esquecem do próprio sermão

profético de Jesus Cristo (Mt. 24), em que ele prevê problemas, mas prevê a

bonança. E devemos compreender o evangelho em seu todo. A vida eterna, para

o verdadeiro cristão, começa nesta vida (João 3:16; 1Joao 5:11-13).

6 A falta de ênfase na conversão individual, na necessidade que o ser humano tem

de arrepender-ser e crer no evangelho, passando pela experiência do novo

nascimento efetuado pelo Espirito de Deus, sendo que na teologia da libertação

o importante é a libertação coletiva, política, do pecado das estruturas opressoras

e escravizastes, vendo o capitalismo como o pecado a ser combatido, e instaura-

se o socialismo como a própria implantação do Reino de Deus. “Não adianta

mudar o regime se os homens não forem mudados interiormente pelo evangelho

de Jesus” (Daniel Guimarães, Teologia da Libertação);

7 O uso de instrumentos marxistas de analise da realidade;

8 A utilização errônea do termo “evangelização” para significador de esforços

humano para a libertação política, enfraquecendo o sentido bíblico original.

Conclusão:

A teologia da libertação que foi perseguida pela igreja católica foi denominada de

não teologia abriu-nos o olho para externarmos o nosso arrependimento por nossa

negligencia e por termos, às vezes, considerado o evangelismo e a ação social

como mutuamente incompatíveis. Embora a reconciliação do homem com o homem

não signifique a reconciliação deste com Deus, nem a ação social, evangelismo,

nem a emancipação política, salvação, contudo, o evangelismo e o envolvimento

sócio político são ambos parcelas do nosso dever cristão. Ambos são expressões

necessárias das nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, do nosso amor para

com o próximo e da nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação

Page 5: Carla geanfrancisco   teologia da libertação

Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Teologia da Libertação

________________________________________________________

Carla Geanfrancisco 2006 Página 5 de 6

implica uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, opressão e

discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer

que prevaleçam. Quando alguém recebe Cristo, nasce de novo no seu reino e,

conseqüentemente, deve buscar não somente manifestar como também divulgar a

sua Justiça em meio a um mundo ímpio. A salvação que afirmamos usufruir deve

produzir em nos uma transformação total, em termos de nossas responsabilidades

pessoais e sociais.

Avaliação aos tempos atuais

Passados aproximadamente 30 anos, onde podemos dizer seus “inicio”, ainda

vemos resquícios da chamada teologia da libertação. Que se realmente tivesse seu

centro em Deus, talvez teria sido uma “teologia”, e teria dado certo, claro como

acima avaliadas muitas coisas boas e ruins puderam ser extraídas e até o momento

aplicado.

Porem devemos deixar em ambos os campos, seja no espiritual ou no material, o

homem fazer a sua buscar, devemos sim orientá-lo, inspirá-lo e instrui-li, mas não

darmos a ele o que buscam, pois hoje o que vemos é a igreja, e o poder publico,

sendo assistencialista e não socialista, como o que buscavam.

Um dos grandes erros da humanidade é a atitude pendular. Um erro gera uma

reação extrema que leva a outro erro. A Teologia da Libertação cai nesse mesmo

tipo de tendência histórica. Muitas das alegações e ênfases merecem atenção, pois

são justas e apontam problemas reais. Todavia precisamos voltar nossa atenção

para as Escrituras Sagradas e tentar em cada geração derivar nossa teologia e

prática a partir da Bíblia. É uma pena que tanto esforço sincero, marcado por

enfoques importantes e válidos, tenha se deixado conduzir por filosofias e

tendências frágeis, reducionistas e passageiras. É muito possível que, em mais

algumas décadas, a Teologia da Libertação torne-se apenas um capítulo da história

teológica que não conseguiu mudar a história (seu alvo principal) nem perpetuar

uma tradição. Todavia, não nos esqueçamos de que os problemas que motivaram a

teologia da libertação permanecem e talvez sejam ainda mais graves em nossos

dias, do que nunca. Que a submissão à autoridade bíblica, motivada por uma

compaixão social verdadeira e um profundo respeito e amor ao ser humano, homem

Page 6: Carla geanfrancisco   teologia da libertação

Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Teologia da Libertação

________________________________________________________

Carla Geanfrancisco 2006 Página 6 de 6

ou mulher, negro ou branco, ocidental ou oriental, domine o nosso coração para que

glorifiquemos a Deus em nossa vida.

No âmbito espiritual, vemos pessoas buscando a teologia da prosperidade,

buscando as riquezas, a divisão de bens, vemos pessoas que desvirtuaram do

caminho “Jesus”.

A teologia da libertação poderia ter dado certo, se não tivéssemos pessoas a

utilizando, como jargão político, e não estivessem tão preocupadas com o estrelismo

e utilizassem o nome de Deus, para efetuar campanhas de autopromoção; ou então

não estivessem tão preocupadas em taxá-la como filosofia; batendo de frente com

as igrejas, sejam elas católicas ou protestantes.

Devemos ter cuidado em usar o nome de Deus, pois em nome de Deus muitas

atrocidades no passado já foram feitas e pode continuar se não definirmos as

nossas metas de verdades fundamentais da fé.

Bibliografia:

Nicodemus, Augustos Lopes. A hermenêutica da Teologia da Libertação: uma

analise de Jesus Cristo Libertador de Leonardo Boff.

Fedeli, Orlando. www.montfort.org.br, perguntas e repostas

Costella, Domenico. Filosofia e Teologia da Libertação, IFIL, 1997.

Guimarães, Daniel. Teologia da Libertação, 2ª ed. Juerp.

Gutierrez, Gustavo.Teologia da Libertação, 2ª ed. Juerp.

Lowy, Michael. O Marxismo da Teologia da Libertação.

Sayão, Luiz, Onde foi parar a teologia da libertação?, 2005.