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Tecnologia Farmacêutica II

Sistemas dispersos 1_2016-

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Page 1: Sistemas dispersos 1_2016-

Tecnologia Farmacêutica II

Page 2: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Sistemas Dispersos

Preparações líquidas contendo fármacos não

dissolvidos ou imiscíveis (fase dispersa) que se

encontram uniformemente distribuídos em veículo (fase

contínua ou dispersante)

Page 3: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Por definição:

Dispersões coloidais: 1nm - 1µm

Dispersões finas: 0,5 – 10 µm (géis)

Dispersões grosseiras: 10 – 50 µm (suspensões e

emulsões)

Page 4: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Terminologia para caracterizar os vários graus de

atração entre as fases de uma dispersão coloidal:

Liofílico: com afinidade pelo solvente (fase dispersa

interage bastante com o meio dispersante)

Liofóbico: sem afinidade pelo solvente.

Hidrofílico e hidrofóbico se referem à existência ou não de atração

específica da substância pela água.

Page 5: Sistemas dispersos 1_2016-

Sol: termo genérico que designa a dispersão de uma

substância sólida em meio líquido, sólido ou gasoso.

Indicado com frequência para um sistema disperso

sólido-líquido (hidrossol; alcossol).

Aerossol: dispersão de um sólido ou líquido em uma

fase gasosa.

1. Introdução

Page 6: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Agentes Tensoativos

- Caráter anfifílico: tendência de acumular-se na interface

entre duas fases;

- o abaixamento interfacial entre as fases óleo e água

facilita a formação de emulsões;

- a adsorção de tensoativos em partículas insolúveis

permite que essas partículas sejam dispersas na forma de uma

suspensão;

- a sua adsorção em superfícies sólidas permite que essas

superfícies sejam mais facilmente molhadas.

Page 7: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Agentes Tensoativos

Normalmente incluem:

- detergentes, agentes dispersantes, agentes

emulsificantes, agentes espumantes, agentes molhantes.

No campo farmacêutico, os tensoativos são usados

especialmente como emulsificantes, solubilizantes e agentes

molhantes.

Page 8: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Agentes Tensoativos

A classificação dos tensoativos é arbitrária e a mais comum é

baseada na estrutura química.

Alguns tensoativos possuem uma região hidrofílica na

molécula, que pode conter uma carga positiva (catiônico) ou

negativa (aniônico).

O grupo dos não-iônicos difere daqueles justamente pela

ausência de carga na molécula (são os mais utilizados para

emulsões e suspensões farmacêuticas).

Há ainda os anfotéricos cujas propriedades dependem do pH.

Page 9: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Agentes Tensoativos

Em geral, os tensoativos catiônicos são tóxicos mesmo em

baixas concentrações. Possuem irritabilidade semelhante

aos aniônicos, sendo porém mais citotóxicos.

Os tensoativos não-iônicos são considerados os menos

irritantes e tóxicos.

Page 10: Sistemas dispersos 1_2016-

1. Introdução

Formação de Micelas

A razão primária para a formação de micelas é atingir um

estado de mínimo de energia livre.

A água possui um grau de estrutura relativamente alto

devido às ligações de hidrogênio entre as moléculas adjacentes.

Se um soluto iônico ou fortemente polar for adicionado à água,

ele irá romper essa estrutura, mas as moléculas de soluto podem

formar ligações de hidrogênio com as de água (compensando a

ruptura ou distorção das ligações de H existentes na água pura).

Materiais iônicos e polares tendem a ser solúveis em H2O.

Page 11: Sistemas dispersos 1_2016-
Page 12: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Conceito

É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios

ativos que consiste de um sistema de duas fases que envolvem

pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual um líquido é

disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa)

através de outro líquido (fase externa ou contínua). Normalmente

é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsificantes.

Farm. Bras. V, 2010

Page 13: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Fase dispersa (interna)

Fase contínua (externa)

Page 14: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

EMULSÕES FARMACÊUTICAS

Podem existir dois tipos principais: óleo em água

(O/A) e água em óleo (A/O), dependendo da fase

contínua ser aquosa ou oleosa.

Existem ainda as emulsões múltiplas (ex.: A/O/A –

gotícula de óleo envolvendo uma gotícula de água

dispersa em água) ⇒ interesse como sistemas de

liberação.

Page 15: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Microemulsões

São sistemas homogêneos, transparentes e

termodinamicamente estáveis. Formam-se de maneira

espontânea, quando os componentes são misturados

na proporção adequada. Podem ser O/A ou A/O, com

tamanho das gotículas entre 5 – 140 nm.

Page 16: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Microemulsões

Condição essencial para se formarem e

permanecerem estáveis: atingir tensão interfacial muito

baixa.

Necessária a adição de um co-tensoativo (geralmente

um álcool de tamanho de cadeia médio).

Requerem quantidades muito maiores de tensoativo

em sua formulação (restringe a escolha dos componentes

adequados)

Page 17: Sistemas dispersos 1_2016-

TEORIA DA ESTABILIZAÇÃO DAS EMULSÕES

Filmes Interfaciais

Quando 2 líquidos imiscíveis forem agitados em

conjunto, uma emulsão temporária será formada. A

subdivisão de uma das fases em pequenos glóbulos

resulta em grande aumento da área superficial (↑ energia

livre interfacial do sistema).

Sistema Termodinamicamente Instável

2. Emulsões

Page 18: Sistemas dispersos 1_2016-

Filmes Interfaciais

Primeiro, formam-se gotículas esféricas (forma de

mínima área de superfície) e, depois, ocorre a

coalescência dessas gotículas ⇒ separação de fases

(estado mínimo de energia livre interfacial).

I

II

I

II

2. Emulsões

Page 19: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Filmes Interfaciais

A adsorção de um tensoativo na interface do glóbulo

diminuirá a tensão interfacial, facilitando a emulsificação e

aumentando a estabilidade.

Considera-se que a formação de um filme interfacial é muito

importante na estabilidade das emulsões.

Page 20: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Filmes Interfaciais

Três tipos de substância permitem a manutenção do grau

de divisão dos sistemas por formação de filmes interfaciais:

- tensoativos: a natureza anfifílica permite um arranjo em

monocamadas na interface e ↓ a tensão entre as 2 fases;

- hidrocolóides: agem formando uma camada múltipla e

aumentando a viscosidade da fase contínua;

- partículas sólidas finamente divididas (adsorvidas na interface).

Page 21: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tipos de Emulsões

Quando um óleo, a água e um agente emulsificante

são agitados juntos, o que decide se será produzida uma

emulsão O/A ou A/O?

1) Os volumes das fases e as tensões interfaciais

determinarão o número relativo de gotículas produzidas, e

portanto, a probabilidade de colisão, de forma que a fase

presente em >>>> quantidade deverá tornar-se a fase

contínua.

Page 22: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tipos de Emulsões

2) Uma consideração mais importante é o filme interfacial

produzido pela adsorção de um emulsificante na interface óleo-

água. Tais filmes alteram a velocidade de coalescência, atuando

como barreiras físicas e químicas.

O/A →→→→ repulsão elétrica entre os grupos carregados ou repulsão

estérica das cadeias hidratadas dos polímeros;

A/O →→→→ porções não-polares ou de hidrocarbonetos do filme

interfacial.

Page 23: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tipos de Emulsões

Pode-se dizer portanto, de modo geral, que é o predomínio

das características polares ou apolares do agente emulsificante

que constitui a maior contribuição do tipo de emulsão produzida.

Regra de Bancroft:

o tipo de emulsão formada depende das características

polares-apolares do agente emulsificante, sendo função

da solubilidade relativa deste, e que a fase na qual ele é

mais solúvel é a fase contínua.

Page 24: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tipos de Emulsões

Os grupos polares são barreiras mais eficazes à

coalescência do que seus análogos apolares.

⇒ podem-se produzir emulsões do tipo O/A com

mais de 50% de fase dispersa, enquanto que do tipo

A/O são limitadas nesse aspecto e invertem-se (caso a

quantidade da água presente seja significativa).

Page 25: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo (EHL)

Escala de Griffin (1949)

Atribui-se um número de EHL a um agente

emulsificante, o qual é característico de sua polaridade

relativa.

Abordagem empírica, mas que permite a

comparação entre agentes emulsificantes de diferentes

tipos químicos.

Page 26: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

0

3

6

9

12

15

18

Hidrofílica(solúvel em água)

Hidrofóbica(solúvel em óleo)

Dispersível em água

Agente solubilizante (15-18)

Detergentes (13-15)

Agente emulsionante (8-16)

Agentes molhantes e de espalhamento (7-9)

Agente emulsionante (3-6)

Agente anti-espumante (2-3)

Escala EHL com classificação e função tensoativa

Page 27: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo (EHL)

Em geral:

EHL para emulsões A/O: 3 – 6

EHL para emulsões O/A: 8 – 16

Page 28: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo (EHL)

Mistura de tensoativos:

A mistura de altos e baixos valores de EHL resulta

em emulsões mais estáveis do que tensoativos

isolados. Além da possibilidade da formação do

complexo na interface, a solubilidade do tensoativo

tanto na fase dispersa quanto na contínua, mantém a

estabilidade da película na interface.

Page 29: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Viscosidade da Fase

O processo de emulsificação e o tipo de emulsão formada

são influenciados, em certa extensão, pela viscosidade das 2

fases. A viscosidade afeta a formação do filme interfacial, porque

a migração de moléculas do agente emulsificante à interface

óleo-água é controlada pela difusão.

O movimento de gotículas anterior à coalescência é

também afetado pela viscosidade do meio no qual as gotículas

encontram-se dispersas.

Page 30: Sistemas dispersos 1_2016-

Desenvolvimento Farmacotécnico de Emulsões

2. Emulsões

Page 31: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha do Tipo de Emulsão

Gorduras ou óleos destinados à administração

oral (como medicamentos ou como veículos para

fármacos lipossolúveis) serão invariavelmente

formulados como emulsões O/A (são mais agradáveis

ao paladar, podendo ser incluídos flavorizantes na fase

aquosa para mascarar sabores desagradáveis).

Page 32: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha do Tipo de Emulsão

As emulsões para administração intravenosa

também devem ser do tipo O/A, embora injeções

intramusculares também possam ser formuladas como

produtos A/O (sistema depósito).

As emulsões são mais amplamente utilizadas para

aplicação externas ⇒ podem ser encontrados ambos os

tipos de emulsão (O/A ou A/O).

Page 33: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha do Tipo de Emulsão

As preparações O/A são usadas para

aplicação tópica de fármacos visando um efeito local.

Não possuem o efeito gorduroso associado a

substâncias oleosas (são agradáveis ao uso e

facilmente removidas da superfície).

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2. Emulsões

Escolha do Tipo de Emulsão

As emulsões A/O possuem efeito oclusivo, com

hidratação das camadas superficiais do estrato córneo,

podendo afetar a velocidade de absorção de fármacos a

partir dessas preparações.

Também são úteis na limpeza de sujeiras solúveis em

óleo presentes na pele, embora sua textura gordurosa nem

sempre seja aceita do ponto de vista cosmético.

Page 35: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha da Fase Oleosa

Vaselina líquida, óleo de rícino, óleo de fígado de

bacalhau e óleo de amendoim são exemplos de substâncias

formuladas como emulsões para administração oral.

Óleo de semente de algodão, óleo de soja e óleo de

cártamo são usados em emulsões para nutrição parenteral

(elevado teor calórico)

Óleo de terebintina e benzoato de benzila estão

presentes em emulsões para uso externo.

Page 36: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha da Fase Oleosa

A parafina líquida é uma das substâncias oleosas mais

utilizadas para uso externo. Ela pertence ao grupo das

substâncias hidrocarbonadas (parafina sólida, vaselina sólida,

vaselina líquida), que podem ser usadas isoladamente ou em

associação, para controlar a consistência da emulsão.

A capacidade de formação de filme pode ser modificada

por meio da inclusão de ceras (abelha, carnaúba) ou de álcoois

graxos de cadeia longa.

Page 37: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha da Fase Oleosa

Os óleos extraídos de sementes ou frutos

geralmente são ricos em proteínas e contêm diversas

vitaminas e minerais de interesse (sendo com

frequência formulados como emulsões orais, devido à

ausência de toxicidade).

Page 38: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Consistência das Emulsões

As preparações A/O têm uma consistência mais

gordurosa e geralmente possuem uma viscosidade aparente

maior que as emulsões O/A.

O ideal é que as emulsões tenham propriedades

reológicas de plasticidade/pseudo-plasticidade e tixotropia.

Para reduzir a mobilidade da fase dispersa e manter a

estabilidade física das emulsões, é necessário que estas

tenham viscosidade aparente elevada.

Page 39: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Consistência das Emulsões

Contudo, é importante que esses produtos

apresentem fluxo livre quando agitados, vertidos a partir do

recipiente ou injetados por agulhas.

No entanto, essa alteração na viscosidade aparente

do produto deve ser reversível após certo tempo de repouso

(retardar a coalescência).

Page 40: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Consistência das Emulsões

Emulsões de uso externo: ampla faixa de consistência

tolerada.

A desvantagem de emulsões pouco viscosas é a sua

tendência à fácil separação de fases (principalmente se

formuladas com baixa concentração de fase oleosa)

Raramente é possível formular produtos A/O pouco

viscosos (consistência da fase oleosa).

Page 41: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Consistência das Emulsões

Os cremes são preparações semi-sólidas de uso

externo com elevada consistência e que normalmente

são acondicionados em tubos flexíveis de plástico ou

alumínio ou em frascos de vidro.

Page 42: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Proporção em volume da fase dispersa

A viscosidade de um produto como um todo pode ser

maior que a que a viscosidade da fase contínua por si só,

portanto, à medida que aumenta a concentração da fase

dispersa, aumenta também a viscosidade aparente do

produto.

Tomar cuidado para que a concentração da fase

dispersa não seja superior a 60% do total para que não

ocorra inversão de fases.

Page 43: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha de Agente Emulsionante

Considerações sobre toxicidade e irritabilidade

A escolha não depende somente da capacidade

emulsionante, mas também da via de administração e da

sua toxicidade.

A maioria dos tensoativos para uso interno é de

natureza não-iônica e tendem a ser menos irritantes e

tóxicos que seus correlatos aniônicos e principalmente os

catiônicos.

Page 44: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Escolha de Agente Emulsionante

A concentração de tensoativos iônicos necessária à

ação emulsionante pode causar irritações no TGI e ter efeito

laxativo ⇒ não devem ser usados em emulsões orais.

Em geral, tensoativos catiônicos são tóxicos mesmo

em baixas concentrações. Assim o cetrimida é de uso

restrito a preparações externas (ação anti-séptica).

Page 45: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Formulação pelo Método EHL

É sabido que a mistura de um agente

emulsionante solúvel em óleo com outro solúvel em

água permite obter emulsões com resultados mais

satisfatórios (presença de uma camada condensada de

emulsionante na interface óleo-água).

Page 46: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Formulação pelo Método EHL

Números elevados de EHL indicam tensoativos

predominantemente hidrofílicos, enquanto que valores

baixos indicam características lipofílicas.

Page 47: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Formulação pelo Método EHL

Se a formulação contém uma mistura de óleos,

gorduras ou ceras, pode se calcular o valor do EHL

requerido. Ex.:

Parafina líquida ....................... 35%

Lanolina .................................. 1%

Álcool cetílico .......................... 1%

Sistema emulsionante ............. 5%

Água ...............qsp................... 100%

Page 48: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Formulação pelo Método EHL

Total da fase oleosa: 37%. Proporção de cada componente

nessa fase:

Parafina líquida: 35/37 x100 = 94,6%

Lanolina: 1/37 x 100 = 2,7%

Álcool Cetílico: 1/37 x 100 = 2,7%

O valor de EHL necessário é obtido da seguinte forma:

Parafina líquida (EHL = 12) .............. 94,6/100 x 12 = 11,4

Lanolina: (EHL = 10) ........................ 2,7/100 x10 = 0,3

Álcool Cetílico: (EHL = 15) ............... 2,7/100 x 15 = 0,4

EHL = 12,1

Page 49: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Formulação pelo Método EHL

Essa formulação em particular necessitará de uma

mistura de emulsionante com um valor de EHL = 12,1,

para se obter um produto mais estável.

Presumindo como sistema emulsionante a mistura

de monooleato de sorbitano (Span 80), EHL 4,3; e

monooleato de polioxietileno sorbitano (Tween 80), EHL

15, teremos:

Page 50: Sistemas dispersos 1_2016-

Formulação pelo Método EHL

Sendo: A = Span 80 (EHL = 4,3) e B = Tween 80 (EHL = 15), teremos:

A + B = 100 ⇒ B = 100 – A e

EHLA x 0,01A + EHLB x 0,01B = EHLemulsão

4,3 x 0,01A + 15 x 0,01(100 – A) = 12,1 ⇒ A = 27,1

B = 100 – 27,1 ⇒ B = 72,9

Como a % total da mistura na formulação é = 5%, a porcentagem de

cada emulsionante será:

Span 80: 5 x 27,1/100 = 1,36%; Tween 80: 5 – 1,36 = 3,64%

2. Emulsões

Page 51: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES EMULSIONANTES

Grupos:

1) Agentes tensoativos sintéticos ou semi-sintéticos;

2) Substâncias de origem natural e seus derivados.

Divisão arbitrária e algumas substâncias podem ser

classificadas em mais de uma categoria.

Page 52: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

1) Tensoativos sintéticos e semi-sintéticos:

aniônicos; catiônicos, não-iônicos e anfóteros.

Tensoativos Aniônicos

Em solução aquosa, dissociam-se formando íons

carregados negativamente. Muito utilizados (↓ custo), mas

somente em preparações externas (irritação).

a) Sabões de metais alcalinos e de amônio: sais de Na+, K+, ou

amônia de ácidos graxos de cadeia longa. Ex.: estearato de

sódio.

Page 53: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

a) Sabões de metais alcalinos e de amônio (cont.):

Produzem emulsões O/A estáveis, mas em alguns casos

requerem emulsionante auxiliar não-iônico. São mais eficientes

em meio alcalino (precipitam em meio ácido, formando ácido

graxo livre). São incompatíveis com cátions polivalentes (causar

inversão de fases) ⇒ importante a utilização de água deionizada.

b) Sabões de metais divalentes e trivalentes: apenas os sais

de Ca2+ são corriqueiramente usados. Geralmente, formados in

situ: reação do Ca(OH)2 com um ác. graxo apropriado. Ex.:

Ca(OH)2 com ácido oléico ⇒ oleato de cálcio (creme de zinco).

Page 54: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsõesc) Sabões aminados: várias aminas formam sais com

ácidos graxos. Ex.: trietanolamina + ácido esteárico = estearato de

trietanolamina (formada in situ) ⇒ forma emulsões O/A estáveis. Sua

utilização é restrita a preparações de uso externo (embora pH

neutro). São incompatíveis com ácidos e ↑ [ ] de eletrólitos.

d) Compostos sulfatados e sulfonados: laurilsulfato de sódio é

amplamente usado para preparar emulsões O/A. Altamente solúvel

em H2O, sendo incapaz de formar filmes na interface óleo-água, é

normalmente usado com tensoativo lipossolúvel não-iônico. Os

sulfonados são menos utilizados (ex.: dioctilsulfosuccinato de sódio,

empregado como agente molhante – ação detergente).

Page 55: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Catiônicos

Em solução aquosa, dissociam-se formando íons positivos.

Os compostos de amônio quaternário representam o grupo mais

importante. Usados de forma ampla como desinfetante e

conservante, também são convenientes como emulsionantes

O/A. Se usados de modo isolado, produzem emulsões instáveis

(associar a emulsionantes auxiliares não-iônicos lipossolúveis).

Toxicidade: empregados somente em cremes anti-sépticos.

Incompatibilidade: emulsionantes aniônicos e ânions polivalentes.

Page 56: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Catiônicos

Cetrimida (brometo de cetiltrimetilamônio): mais

utilizado dos emulsionantes catiônicos. O creme de

cetrimida BP contém 0,5% de cetrimida e 5% de álcool

cetoestearílico.

Page 57: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

Compreendem substâncias lipossolúveis que

estabilizam emulsões A/O e substâncias hidrossolúveis

(para O/A). Comum a combinação de emulsionantes

hidrofílicos com lipofílicos: formação de filmes

interfaciais complexos ⇒ emulsões mais estáveis.

- ↓ taxa de toxicidade e irritabilidade ⇒ usados em

preparações orais e parenterais.

Page 58: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

- são menos sensíveis a alterações de pH e adição de

eletrólitos;

- tendem a ser mais caros.

Apresentam como partes principais:

- ácido ou álcool graxo (12 a 18 átomos de C): parte

hidrofóbica;

- álcool e/ou óxido de etileno: parte hidrofílica

Page 59: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

O melhor tipo de tensoativo não-iônico é o que

apresenta um equilíbrio entre grupamentos hidrofílicos e

hidrofóbicos (permanece na interface). Alternativamente,

podem-se usar 2 emulsionantes (hidrofóbico e

hidrofílico).

Page 60: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

a) Ésteres de glicerila e glicóis: monoestearato de glicerila é

fortemente hidrofóbico e forma emulsões instáveis. A adição

de pequenas quantidades de sais de Na+, K+ ou

trietanolamina de ácidos graxos leva à obtenção de

monoestearato de glicerila auto-emulsionante. Outros

exemplos incluem: monooleato de glicerila, monoestearato

de dietilenoglicol e o monooleato de propilenoglicol (puros

ou como auto-emulsionantes).

Page 61: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

b) Ésteres de sorbitano: produzidos pela esterificação

de uma ou mais OH- do sorbitano com um dos ácidos

láurico, oléico, palmítico ou esteárico. São lipofílicos e

tendem a formar emulsões A/O. Todavia, são bastante

usados com os polissorbatos formando tanto emulsões

O/A quanto A/O.

Page 62: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

c) Polissorbatos: derivados polietilenoglicólicos dos ésteres de

sorbitano. Possui uma série de produtos com diferentes

solubilidades em H2O ou em óleo.

São compatíveis com sustâncias aniônicas, catiônicas e

não-iônicas. Têm pH neutro, são estáveis ao calor, a alterações

de pH e a elevadas concentrações de eletrólitos. Indicados para

uso oral e parenteral (baixa toxicidade).

Polawax: base auto-emulsionante composta pela mistura

de álcool cetílico e éster de polioxietilen-sorbitano.

Page 63: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

c) Polissorbatos (cont.): possuem gosto desagradável. Podem

complexar alguns conservantes (inativando-os).

d) Éteres poliglicólicos de álcoois graxos: são produtos da

condensação de polietilenoglicol e álcoois graxos. O mais

utilizado é o éter cetoestearílico de macrogol (cetomacrogol

1000), que é um emulsionante hidrossolúvel bastante usado em

emulsões O/A (às vezes torna-se necessária a inclusão de um

emulsionante hidrofóbico auxiliar)

Page 64: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Não-Iônicos

e) Ésteres poliglicólicos de ácidos graxos: estearato de

polioxietileno 40 é solúvel em água e empregado junto com o

álcool esteárico na obtenção de emulsões O/A.

f) Álcoois graxos de cadeia longa: são bons agentes

emulsionantes auxiliares. Ex.: álcool cetoestearílico forma filmes

interfaciais com os agentes hidrofílicos: LSS, cetrimida ou

cetomacrogol 1000 e estabiliza emulsões O/A.

Page 65: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Tensoativos Anfóteros

Possuem grupamentos carregados positiva e

negativamente, dependendo do pH do sistema. São

catiônicos em pH baixo e aniônicos em pH elevado.

Seu uso como emulsionante não é muito

difundido, mas a lecitina é utilizada para estabilizar

emulsões lipídicas intra-venosas.

Page 66: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Substâncias de Origem Natural e derivados

Desvantagem: apresentam diferenças lote-a-lote

(composição) ⇒ nas propriedades emulsionantes.

Muitas são susceptíveis ao crescimento de

microrganismos.

Pouco usadas para produtos que necessitam de um

longo período de estocagem.

Page 67: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Substâncias de Origem Natural e derivados

Polissacarídeos:

Goma arábica: emulsionante mais importante dessa classe.

Estabiliza emulsões O/A pela formação de um resistente

filme multimolecular ao redor das gotículas oleosas

(presença de barreira hidrofílica entre as fases: retardar

coalescência). Baixa viscosidade ⇒ separação de fases.

Recomenda-se usar agentes suspensionantes (goma

adragante ou alginato de sódio).

Page 68: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Substâncias de Origem Natural e derivados

Polissacarídeos semi-sintéticos: sintetizados para reduzir

problemas de variações lote-a-lote. Aplicação como

estabilizantes ou emulsionantes O/A. Existem diversos

tipos de metilcelulose e carmelose sódica (ação

semelhante à goma arábica). Ex.: metilcelulose 20 –

usada a 2% para estabilizar emulsão oral de parafina

líquida.

Page 69: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesSubstâncias de Origem Natural e derivados

Substâncias contendo esteróis: cera de abelha, lanolina e

álcoois de lanolina.

Lanolina (anidra): composta por álcoois graxos de cadeia linear,

ésteres de ácido graxo do colesterol e outros esteróis. Forma

emulsões A/O, possui propriedades emolientes. Algumas pessoas

possuem reações de sensibilização. Possui odor característico e

necessidade de uso de anti-oxidantes (pouco usada). Pode ser

empregada como estabilizador de emulsões associadas a

emulsionantes primários (ex.: oleato de cálcio).

Page 70: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Sólidos Finamente Divididos

Certos sólidos finamente divididos podem ser adsorvidos na

interface óleo/água formando um filme que previne fisicamente a

coalescência das gotículas dispersas. Se as partículas são

molhadas preferencialmente pela fase aquosa, resultarão em

produtos O/A e vice-versa. Exs.: bentonita, silicato de magnésio e

alumínio e o dióxido de silício coloidal são utilizados

principalmente para uso externo.

Page 71: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Outros Adjuvantes de Formulação

Tampões: podem ser necessários para manter a

estabilidade química, controlar a tonicidade ou

garantir a compatibilidade fisiológica. Contudo, a

adição de eletrólitos pode afetar a estabilidade

física das emulsões e suspensões.

Page 72: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Outros Adjuvantes de Formulação

Modificadores de densidade: a partir da lei de Stokes

observa-se que quando fase dispersa e contínua possuem a

mesma densidade, não ocorrerá sedimentação.

Teoricamente, é possível modificar a densidade da

fase aquosa de uma emulsão por meio da incorporação de

sacarose, dextrose, glicerina ou propilenoglicol (viável a uma

estreita faixa de temperatura – método não usado na

prática).

Page 73: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Lei de Stokes

V =2r2 (d1 – d2)g

9ηηηη

V = velocidade de sedimentação das partículas dispersas;

r = raio das partículas dispersas;

d1 = densidade da fase dispersa;

d2 = densidade da fase contínua;

g = aceleração da gravidade;

η = viscosidade da fase contínua.

Page 74: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Outros Adjuvantes de Formulação

Agentes umectantes: glicerina, polietilenoglicol e

propilenoglicol são exemplos que podem ser incluídos

em emulsões com o objetivo de reduzir a evaporação da

água, tanto após a abertura do produto acondicionado

quanto após sua aplicação sobre a superfície cutânea.

Se aplicados sobre a pele, em elevadas concentrações,

podem remover a umidade da pele (desidratando-a).

Page 75: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Outros Adjuvantes de Formulação

Antioxidantes: butil-hidroxianisol (BHA); butil-hidroxitolueno

(BHT); ésteres propílico, octílico e dodecílico do ácido gálico.

A eficiência depende de muitos fatores: compatibilidade

com outros componentes, coeficiente de partição óleo/água, grau

de solubilização. Deve-se considerar que a escolha do

antioxidante e da sua concentração pode ser determinada apenas

testando-se sua eficácia (no produto final e na embalagem que o

produto será comercializado).

Page 76: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Outros Adjuvantes de Formulação

Aromatizantes, corantes e essências: considerar que

a inclusão desses adjuvantes pode alterar as

características físicas das emulsões.

Edulcorantes: sacarose, sorbitol, glicerina, etc.

Page 77: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Conservação das Emulsões

Os conservantes mais utilizados em emulsões incluem: ácidos

benzóico e sórbico e seus sais, ésteres do ácido p-

hidroxibenzóico, clorocresol, fenoxietanol, bronopol, compostos

de amônio quaternário.

Um único conservante não apresenta todas as propriedades

desejadas. Em muitos casos é preciso usar uma combinação de

conservantes – a mais amplamente usada é a mistura de metil e

propil-p-hidroxibenzoato.

Page 78: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Estabilidade das Emulsões

Emulsão estável: sistema no qual os glóbulos retêm

suas características iniciais e permanecem

uniformemente distribuídos por toda a fase contínua.

A separação de uma emulsão em seus constituintes é

denominada quebra.

Page 79: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Estabilidade das Emulsões

Fatores que levam à quebra de uma emulsão:

- adição de substância incompatível com o emulsificante (agentes

tensoativos de carga iônica oposta, ex.: cetrimida (+) com

oleato de sódio (-); adição de íons grandes de carga

oposta, ex.: sulfato de neomicina (+) a um creme aquoso

(aniônico); adição de eletrólitos (Ca2+, Mg2+) a emulsões

estabilizadas com tensoativos aniônicos.

Page 80: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Estabilidade das Emulsões

- crescimento bacteriano: materiais protéicos e

tensoativos não-iônicos são excelentes meios de

cultura para crescimento bacteriano;

- mudança de temperatura (aquecimento acima de 70oC

destrói a maioria das emulsões. O mesmo

acontece com o congelamento);

Page 81: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Estabilidade das Emulsões

Outras formas de Instabilidade:

Floculação: é provável a ocorrência da floculação, na maioria

das emulsões farmacêuticas (devido à interação de forças

atrativas e repulsivas). Os glóbulos não coalescem e podem ser

redispersos por agitação. Contudo devido à pequena distância de

aproximação das gotículas, caso ocorra qualquer

enfraquecimento dos filmes interfaciais, pode haver coalescência.

Page 82: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesEstabilidade das Emulsões

Outras formas de Instabilidade:

Inversão de fase: a proporção entre os volumes das fases é um

fator que contribui para o tipo de emulsão formada. Ostwald

sugeriu que uma emulsão que se assemelhasse a um arranjo de

esferas teria uma máxima concentração possível de fase dispersa

(o empacotamento mais denso de esferas uniformes ocupará

74,02% do volume total, não importando o tamanho das esferas).

Há uma tendência em emulsões que contêm mais que 70% de

fase dispersa em quebrar ou inverter.

Page 83: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesEstabilidade das Emulsões

Outras formas de Instabilidade:

Inversão de fase: além disso, qualquer adjuvante que altere o

EHL de um emulsificante pode alterar o tipo de emulsão (adição

de um sal de magnésio a uma emulsão estabilizada com oleato

de sódio causará a quebra ou inversão da emulsão).

Emulsões estabilizadas com emulsificantes não-iônicos

(polissorbatos) podem inverter sob aquecimento (quebra das

ligações de hidrogênio – valor de EHL é alterado e a emulsão

inverte).

Page 84: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesEstabilidade das Emulsões

Outras formas de Instabilidade:

Creaming: muitas emulsões formam creme sob repouso. A fase

dispersa, conforme sua densidade relativa à fase contínua, sobe

ou desce, formando uma camada de emulsão mais concentrada.

Não constitui um problema sério de estabilidade (uniformidade

retomada por simples agitação). Mas, o creaming é indesejável

do ponto de vista farmacêutico por ser deselegante na aparência,

possibilitando uma dosagem imprecisa e aumentando a

possibilidade de coalescência (glóbulos mais próximos entre si).

Page 85: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Estabilidade das Emulsões

Outras formas de Instabilidade:

Creaming: a velocidade de creaming será diminuída:

- pela redução dos tamanhos dos glóbulos;

- diminuição na diferença de densidade entre as fases;

- aumento da viscosidade da fase contínua.

Page 86: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesEstabilidade das Emulsões

Prevenção da floculação: como a floculação precede a

coalescência, qualquer fator que previna ou retarde a floculação

pode manter a estabilidade da emulsão.

A existência de uma alta densidade de carga sobre as

gotículas dispersas garante a presença de uma barreira de alta

energia, reduzindo a incidência de floculação, portanto deve-se

considerar os efeitos dos íons sobre o produto no início do

desenvolvimento da formulação.

Page 87: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesInstabilidade Química das Emulsões

Oxidação

A maioria dos óleos e substâncias lipofílicas usada em emulsões

é de origem animal ou vegetal e podem ser susceptíveis à

oxidação pela ação do O2 atmosférico ou de microrganismos.

A oxidação manifesta-se pela formação de produtos de

degradação de gosto e odor desagradáveis.

Page 88: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesInstabilidade Química das Emulsões

Contaminação microbiológica

Pode provocar problemas como a produção de gás, alterações de

cor, odor, lise de óleos e substâncias lipofílicas, alterações de pH

da fase aquosa e quebra da emulsão.

Emulsões O/A tendem a ser fontes mais suscetíveis ao ataque de

microrganismos que os produtos A/O, já que nesses últimos a

fase contínua oleosa age como uma barreira à propagação dos

microrganismos.

Page 89: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesInstabilidade Química das Emulsões

Condições adversas de armazenamento

• O ↑ da T oC causa ↑ na velocidade de creaming por causa da ↓

da viscosidade aparente da fase contínua;

• O ↑ da T oC também pode ↑ a velocidade cinética: faz com que

a barreira energética seja facilmente vencida, aumentando,

assim, o número de colisões entre as gotículas;

• Congelamento da fase aquosa: formação de cristais de gelo;

• Crescimento de microrganismos pode causar deterioração da

emulsão.

Page 90: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesTestes de Estabilidade da Emulsões

Métodos para avaliar a estabilidade

Exame macroscópico: a estabilidade física de uma emulsão

pode ser estimada pela análise dos graus de creaming ou

coalescência observados durante determinado período de tempo.

Análise do tamanho das gotículas: se o tamanho médio das

gotículas aumenta com o passar do tempo (acompanhado pela

diminuição do número de gotículas), pode-se presumir que a

causa é a coalescência. Análise microscópica ou por analisador

por difração a laser são os métodos mais utilizados.

Page 91: Sistemas dispersos 1_2016-

2. EmulsõesTestes de Estabilidade da Emulsões

Métodos para avaliar a estabilidade

Alterações de viscosidade: muitos fatores têm influência sobre

a viscosidade das emulsões e quaisquer variações no tamanho

ou número de gotículas e na orientação ou migração do

emulsionante durante um período de tempo podem ser

detectadas por meio de alterações na viscosidade aparente do

produto.

Page 92: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Tem-se observado que as emulsões que apresentam

boa textura e estabilidade física têm gotículas com

diâmetro médio entre 0,5 e 2,5 µm. A escolha do

equipamento adequado para o processo de

emulsificação depende da intensidade de cisalhamento

necessária para produzir o tamanho de gotícula ideal.

Page 93: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Podem ser introduzidos processos adicionais (uso de

homogeneizadores) de modo a reduzir ainda mais o

tamanho de gotícula. A mistura inicial pode ser feita em

pequena escala (gral + pistilo; homogeneizador). Um

cisalhamento maior pode ser conseguido utilizando-se

misturadores do tipo turbina (ex.: homogeneizador

Silverson®).

Page 94: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Os homogeneizadores normalmente são usados

após a mistura inicial (diminuir o tamanho das gotículas)

- intensa ação de cisalhamento operando sob o princípio

da passagem forçada pelos interstícios formados por

superfícies de metal colocadas muito próximas umas

das outras.

Page 95: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Homogeneizador Silverson ®

Page 96: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Os moinhos coloidais também são usados para

preparação de emulsões.

O intenso cisalhamento entre o rotor e o estator

(distância ajustável), produzirá emulsões com pequeno

tamanho de gotícula.

Page 97: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Moinho coloidal

Conjunto rotor-estator

Page 98: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Produção: normalmente a fase dispersa é adicionada à fase

contínua no estágio inicial da mistura. Os outros componentes

são dissolvidos na fase em que são solúveis, antes de serem

misturados.

As emulsões O/A são muitas vezes preparadas pela técnica

de inversão de fase, na qual a fase aquosa é lentamente

adicionada à fase oleosa durante a mistura = emulsões com

gotículas pequenas.

Page 99: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Caso algum componente oleoso, de consistência sólida ou

semi-sólida deva ser adicionado, este deverá ser primeiramente

fundido antes de ser incorporado à mistura.

É essencial que a fase aquosa seja aquecida à mesma T oC,

evitando-se a solidificação prematura da fase oleosa por efeito da

H2O fria (antes que a emulsão tenha sido formada).

Page 100: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Esse procedimento tem a vantagem de reduzir a

viscosidade do sistema, facilitando a transmissão das

forças de cisalhamento pelo produto. Porém, devido ao

elevado movimento cinético das moléculas do

emulsionante na interface, é necessário manter uma

agitação contínua durante o processo de resfriamento,

para evitar a demulsificação.

Page 101: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

PREPARO DE EMULSÕES

Componentes voláteis, incluindo essências e aromatizantes,

geralmente são adicionados após o resfriamento da emulsão.

Porém, devem ser fluidos o suficiente para garantir a

eficiência da mistura. Soluções alcoólicas ou eletrólitos devem ser

diluídos ao máximo antes de serem adicionados de forma lenta e

com agitação constante, pois podem influenciar na estabilidade

física das emulsões.

Page 102: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Métodos de Preparo de Emulsões

1) Método Continental (goma seca ou 4:2:1): adição da fase

contínua à fase interna contendo o agente

emulsificante:

4 partes de óleo: 2 partes de H2O: 1 parte de goma ⇒ preparação da emulsão

inicial (primária). A quantidade de H2O restante e os outros componentes da

formulação adicionados posteriormente. Em gral de porcelana (rugoso)

misturar óleo à goma (emulsificante O/A) – mistura homogênea. Adicionar H2O

e misturar até que a emulsão primária esteja cremosa e branca. Acrescentar

componentes finais, transferir para recipiente graduado e ajustar volume final.

Pode-se utilizar mixer ou batedeira (no lugar do gral).

Page 103: Sistemas dispersos 1_2016-

Métodos de Preparo de Emulsões

2) Método Inglês (goma úmida): adição da fase interna à fase

externa contendo o emulsificante:

Utilizadas as mesmas proporções que no método anterior. A ordem da

mistura é diferente: misturar a goma com 2 partes de H2O em um gral.

Adicionar o óleo aos poucos para emulsificá-lo. Misturar bem até

obtenção de uma preparação uniforme. A seguir, adicionar os outros

componentes.

2. Emulsões

Page 104: Sistemas dispersos 1_2016-

2. Emulsões

Métodos de Preparo de Emulsões

3) Método do Frasco (Forbes): reservado a óleos voláteis ou

óleos menos viscosos. Frasco: goma arábica + 2 partes de

óleo → agitar vigorosamente → adicionar volume de água

(= óleo) em porções e agitar a cada adição.

Não recomendado para óleos viscosos (não são agitados

adequadamente nos frascos).

Page 105: Sistemas dispersos 1_2016-
Page 106: Sistemas dispersos 1_2016-

3. Suspensões

Conceito

É a forma farmacêutica líquida que contém

partículas sólidas dispersas em um veículo líquido, no

qual as partículas não são solúveis.Farm. Bras. V, 2010.

Page 107: Sistemas dispersos 1_2016-

3. Suspensões

As partículas têm diâmetros, na sua maioria, maiores

do que 0,1µm e, com o uso de microscópio, pode-se

observar o movimento browniano de algumas partículas,

se a dispersão for pouco viscosa.

São importantes para a Farmácia na medida em que

oferecem uma forma mais palatável a substâncias

insolúveis, que apresentam, muitas vezes, gosto

desagradável.

Page 108: Sistemas dispersos 1_2016-

Proporcionam formas adequadas para aplicação de

substâncias dermatológicas na pele e nas mucosas e

para a administração parenteral de fármacos insolúveis.

3. Suspensões

Page 109: Sistemas dispersos 1_2016-

Uma boa suspensão deve apresentar certas qualidades:

- o material suspenso não deve sedimentar

rapidamente;

- as partículas que sedimentam no fundo do recipiente

não devem formar um compacto de difícil

redispersão;

- devem ser facilmente redispersas como uma mistura

uniforme mediante agitação do recipiente;

3. Suspensões

Page 110: Sistemas dispersos 1_2016-

- não devem ser muito viscosas a ponto de dificultar sua

saída da embalagem ou através da agulha da seringa;

- as de uso externo devem ser fluidas o suficiente para que

possam espalhar-se com facilidade sobre a área

afetada, mas não a ponto de escorrerem da superfície

na qual está sendo aplicada (devem secar

rapidamente formando um filme elástico protetor que

não sai pelo atrito; devem possuir cor e odor

agradáveis).

3. Suspensões

Page 111: Sistemas dispersos 1_2016-

A estabilidade física das suspensões pode ser

definida como a condição na qual as partículas não se

agregam, mas sim, permanecem uniformemente

distribuídas dentro da dispersão ⇒ situação rara ⇒ se

as partículas sofrerem sedimentação, elas devem ser

facilmente redispersas mediante agitação moderada.

3. Suspensões

Page 112: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Interfaciais das Partículas Suspensas

É preciso exercer um trabalho para reduzir sólidos

a pequenas partículas e poder dispersá-las em um meio

contínuo. A grande área de superfície das partículas

resultantes da cominuição está associada à energia livre

de superfície que torna o sistema termodinamicamente

instável.

3. Suspensões

Page 113: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Interfaciais das Partículas Suspensas

As partículas são altamente energéticas e tendem

a reagrupar-se de modo a diminuir a área total e assim

reduzir a energia livre de superfície.

Logo, as partículas em um líquido de suspensão

tendem a FLOCULAR (formar aglomerados leves e

porosos, unidos por ligações fracas do tipo van der

Waals).

3. Suspensões

Page 114: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Interfaciais das Partículas Suspensas

Sob certas condições, um sedimento compacto

pode ser formado. Por exemplo, as partículas podem

aderir-se por ligações fortes para formar os chamados

agregados. O denominado caking normalmente se

forma por meio de crescimento e fusão de cristais nos

precipitados que produzem um agregado sólido.

3. Suspensões

Page 115: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Interfaciais das Partículas Suspensas

A formação de qualquer tipo de aglomerado, seja

flóculos ou agregados, é tida como uma medida da

tendência do sistema em atingir um estado

termodinamicamente mais estável.

3. Suspensões

Page 116: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Interfaciais das Partículas Suspensas

Para aproximar-se do estado estável, o sistema

tende a reduzir a energia livre de superfície. Essa

condição é alcançada pela redução da tensão

superficial ou diminuição da área interfacial. A última

possibilidade, que leva à floculação ou agregação, pode

ser desejável ou indesejável em uma suspensão

farmacêutica.

3. Suspensões

Page 117: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Interfaciais das Partículas Suspensas

As forças na superfície da partícula afetam o grau

de floculação e aglomeração da suspensão. As forças

de atração são do tipo London-van der Waals. As forças

de repulsão surgem da interação entre as duplas

camadas elétricas que circundam cada partícula.

3. Suspensões

Page 118: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

Após a dispersão em um meio aquoso, as

partículas podem adquirir uma carga devido à ionização

de grupos funcionais da molécula do fármaco e/ou

devido à adsorção de íons na superfície da partícula.

3. Suspensões

Page 119: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

1) Ionização de Grupos Funcionais

Partículas de fármacos insolúveis podem possuir

grupos funcionais na superfície que irão se ionizar

em função do pH (ex.: COOH; NH2).

O grau de ionização é dependente do pKa da

molécula e do pH do meio.

3. Suspensões

Page 120: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

2) Adsorção de íons na superfície da partícula

Após a imersão em uma solução aquosa contendo

eletrólitos, os íons podem ser adsorvidos na

superfície da partícula.

Em seguida à adsorção, um fenômeno conhecido

como “dupla camada elétrica” é estabelecido.

3. Suspensões

Page 121: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

A Dupla Camada Elétrica

É dividida em 2 partes: a interior (fixa, Camada de Stern),

que pode incluir íons adsorvidos e a difusa, na qual os íons estão

distribuídos de acordo com as influências das forças elétricas e

do movimento térmico aleatório.

As 2 partes da dupla camada estão separadas por um

plano (Plano de Stern).

3. Suspensões

Page 122: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

A Dupla Camada Elétrica

Quando as partículas se movem no meio de

dispersão, a camada de Stern se move junto com elas.

As bordas dessa camada (Plano ou Superfície de

Cisalhamento) representam a fronteira de movimento

relativo entre o sólido e o líquido.

3. Suspensões

Page 123: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

A Dupla Camada Elétrica

Circundando a camada de Stern está a camada difusa,

que contém mais contra-íons do que co-íons. Os íons nessa

camada são relativamente móveis e, por causa da energia

térmica, eles estão em constante estado de movimento na fase

contínua.

A neutralidade elétrica ocorre onde a camada difusa

termina. Além da camada difusa, as concentrações de co- e

contra-íons são iguais.

3. Suspensões

Page 124: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

A Dupla Camada Elétrica

Ex.:

Íons (ex.: cátions) são adsorvidos na superfície da

partícula, deixando os ânions e os cátions remanescentes em

solução.

Os ânions são então atraídos eletrostaticamente para a

superfície (positiva) da partícula. A presença desses ânions irá

repelir a subsequente aproximação de mais ânions.

3. Suspensões

Page 125: Sistemas dispersos 1_2016-

A Dupla Camada Elétrica

3. Suspensões

Page 126: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

Potenciais Zeta e de Nernst

A diferença em potencial elétrico entre a camada real (ou

verdadeira) da partícula e a região eletroneutra é referida como

Potencial de Superfície (ou Potencial de Nernst ou

Eletrotermodinâmico).

A diferença potencial entre o plano de cisalhamento e a região

eletroneutra é conhecida como Potencial Zeta ou Eletrocinético

(ξ).

3. Suspensões

Page 127: Sistemas dispersos 1_2016-

Potencial Zeta

3. Suspensões

Page 128: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

Potenciais Zeta e de Nernst

Enquanto o potencial de Nernst tem pouca influência na

formulação de uma suspensão estável, o potencial Zeta terá um

efeito significativo.

O potencial Zeta governa o grau de repulsão entre as

partículas sólidas dispersas adjacentes similarmente carregadas.

3. Suspensões

Page 129: Sistemas dispersos 1_2016-

Propriedades Elétricas de Partículas Dispersas

Potenciais Zeta e de Nernst

Se o potencial Zeta é reduzido abaixo de um determinado

valor, que depende do sistema específico sob investigação, as

forças atrativas de van der Waals entre as partículas sobrepujam

as forças de repulsão e as partículas se unem formando flóculos

(floculação).

A magnitude dos potenciais de superfície e zeta está

relacionada com a carga da superfície e com a espessura da

dupla camada.

3. Suspensões

Page 130: Sistemas dispersos 1_2016-

Relação entre a distância de separação e a interação entre as partículas

A interação entre partículas suspensas em um meio líquido

está relacionada com a distância de separação entre as

partículas. Existem 3 possíveis estados de interação:

1) Nenhuma interação: as partículas são mantidas

suficientemente distantes umas das outras. Na ausência

de sedimentação este é o estado termodinamicamente

estável.

3. Suspensões

Page 131: Sistemas dispersos 1_2016-

Relação entre a distância de separação e a interação entre as partículas

2) Coagulação (aglomeração): as partículas formam um contato

íntimo umas com as outras. Isto resulta na produção de

uma formulação farmacêutica inaceitável devido à

incapacidade de se redispersar as partículas com agitação.

3) Fraca agregação (floculação): no qual há uma fraca

interação reversível entre as partículas, permitindo que

elas sejam redispersas com agitação.

3. Suspensões

Page 132: Sistemas dispersos 1_2016-

Relação entre a distância de separação e a interação entre as partículas

A interação (atração/repulsão) entre as partículas dispersas

em um meio líquido é descrita quantitativamente pela Teoria

DLVO (Derjaguin, Landau, Verwey and Overbeek): quando

dispersas em um meio líquido, as partículas irão experimentar

forças repulsivas (elétricas) e atrativas (London-van der Waals). A

energia total de interação entre as partículas (Vt) pode ser

descrita como sendo uma soma das energias de atração (Va) e de

repulsão (Vr) ⇒ Vt = Va + Vr

3. Suspensões

Page 133: Sistemas dispersos 1_2016-

Relação entre a distância de separação e a interação entre as partículas

- A energia de atração (Va) é devido às forças de London-van

der Waals e é inversamente proporcional à distância entre as

partículas. As forças atrativas entre partículas tendem a operar à

distâncias maiores do que as forças repulsivas.

- A energia de repulsão (Vr) é devido à superposição das ou

interação entre as duplas camadas elétricas de cada partícula e

opera a uma distância próxima a espessura da dupla camada.

3. Suspensões

Page 134: Sistemas dispersos 1_2016-

Representação da energia potencial de 2 partículas em função da distância de separação.

3. Suspensões

Page 135: Sistemas dispersos 1_2016-

Relação entre a distância de separação e a interação entre as partículas

1) Mínimo primário: região de alta atração entre as partículas.

Partículas que interagem à distâncias correspondentes a este

estado irão coagular irreversivelmente – formulação

fisicamente instável.

2) Máximo primário: região responsável pela repulsão entre as

partículas. Sua magnitude é controlada pelo potencial zeta no

plano de cisalhamento das partículas.

3. Suspensões

Page 136: Sistemas dispersos 1_2016-

Relação entre a distância de separação e a interação entre as partículas

3) Mínimo Secundário: região onde as forças atrativas

predominam; entretanto, a magnitude da atração é menor que

aquela no mínimo primário. Partículas no mínimo secundário

são chamadas de flóculos (floculação). Esta interação

aumenta a estabilidade física da suspensão prevenindo a

aproximação ao nível do mínimo primário. Esta interação pode

ser temporariamente desfeita por agitação (retirada da dose

correta). Este processo de obtenção de uma suspensão é

referido como floculação controlada.

3. Suspensões

Page 137: Sistemas dispersos 1_2016-

Sedimentação em Suspensões

Embora raramente seja possível prevenir por

completo a sedimentação por um longo período de

tempo, é necessário considerar os fatores que

influenciam na velocidade de sedimentação.

3. Suspensões

Page 138: Sistemas dispersos 1_2016-

1) Efeito do movimento browniano

Para partículas com diâmetro de cerca de 2 a 5 µm

(dependendo da densidade da partícula e da densidade

e viscosidade do meio de suspensão), o movimento

browniano opõe-se à sedimentação de forma

significativa à temperatura ambiente, mantendo o

material disperso e com um movimento aleatório.

3. Suspensões

Page 139: Sistemas dispersos 1_2016-

2) Sedimentação das partículas floculadas

Os flóculos tendem a sedimentar-se juntos, produzindo um

limite distinto entre o sedimento e o líquido sobrenadante. O

líquido acima do sedimento é claro porque até mesmo as

partículas pequenas estão associadas aos flóculos.

Esse não é o caso das suspensões defloculadas contendo

faixas de tamanho de partículas nas quais, de acordo com a lei

de Stokes, as partículas maiores sedimentam mais rapidamente

do que as menores.

3. Suspensões

Page 140: Sistemas dispersos 1_2016-

2) Sedimentação das partículas floculadas

Nesse último caso, não há formação de um limite

claro e o sobrenadante permanece turvo por um longo

período de tempo. O fato de o sobrenadante ser claro ou

turvo durante os estágios iniciais da sedimentação é um

bom indicativo de o sistema ser floculado ou defloculado,

respectivamente.

3. Suspensões

Page 141: Sistemas dispersos 1_2016-

2) Sedimentação das partículas floculadas

Obs.: quando a energia de repulsão é elevada, o potencial de

barreira também é elevado e a colisão entre as partículas é

neutralizada. O sistema permanece defloculado e, quando a

sedimentação é completa, as partículas formam um arranjo

bastante compacto com pequenas partículas preenchendo os

espaços vazios entre as grandes partículas.

3. Suspensões

Page 142: Sistemas dispersos 1_2016-

2) Sedimentação das partículas floculadas

Obs. (cont.): as partículas menores presentes no sedimento são

gradualmente pressionadas pelo peso daquelas localizadas

acima. Assim, a barreira energética passa a ser sobrepujada,

fazendo com que as partículas fiquem muito próximas umas das

outras. Para redispersar essas partículas, será necessário

superar esta elevada barreira de energia – formação de um

sedimento duro.

3. Suspensões

Page 143: Sistemas dispersos 1_2016-

3) Parâmetro de sedimentação

Dois parâmetros bastante úteis que podem ser obtidos do

estudo da sedimentação (subsidência) são o volume do

sedimento, ou altura, e o grau de floculação.

O volume de sedimentação (F) é definido como a razão

entre o volume final ou volume definitivo de sedimento (Vu), e o

volume inicial da suspensão (Vo), antes da sedimentação:

F = Vu/Vo

3. Suspensões

Page 144: Sistemas dispersos 1_2016-

Volumes de sedimentação mediante a adição de quantidades variadas de agente floculante

3. Suspensões

Page 145: Sistemas dispersos 1_2016-

3) Parâmetro de sedimentação

O valor de F é normalmente menor do que 1 e, nesse caso, o

volume máximo de sedimento é menor do que o volume original da

suspensão (fig. a: F = 0,5). Quando F =1 (fig. b) ocorre o “equilíbrio

de floculação” e o produto não apresenta sobrenadante quando fica

estacionário na posição vertical. Este é o mais aceitável

farmaceuticamente. F > 1 (fig. c) é porque a rede de flóculos formada

na suspensão é tão frouxa e leve que os flóculos podem ocupar um

volume maior do que aquele originalmente ocupado pela suspensão.

3. Suspensões

Page 146: Sistemas dispersos 1_2016-

3) Parâmetro de sedimentação

Um parâmetro mais adequado para a floculação é o grau de

floculação (β).

β= Vu / V∞

Vu – volume final de sedimento da suspensão floculada;

V∞∞∞∞ – volume final de sedimento da suspensão defloculada.

3. Suspensões

Page 147: Sistemas dispersos 1_2016-

Considerações sobre solubilidade e estabilidade

A formulação de suspensões torna-se geralmente

necessária quando o fármaco é insolúvel ou pouco

solúvel no solvente selecionado.

Ex.: gotas oftálmicas de hidrocortisona e de neomicina

são formuladas como suspensões devido à baixa

solubilidade da hidrocortisona no líquido selecionado

3. Suspensões

Page 148: Sistemas dispersos 1_2016-

Considerações sobre solubilidade e estabilidade

A degradação do fármaco em água também pode

impedir seu uso na forma de solução aquosa ⇒

sintetizar um derivado insolúvel que possa ser

formulado em suspensão.

Ex.: cloridrato de oxitetraciclina ⇒ rapidamente

hidrolisado em solução aquosa ⇒ suspensão do sal de

cálcio insolúvel

3. Suspensões

Page 149: Sistemas dispersos 1_2016-

Considerações sobre solubilidade e estabilidade

O contato prolongado entre as partículas sólidas do

fármaco e o meio de dispersão pode ser consideravelmente

diminuído preparando-se a suspensão logo antes da sua

administração ao paciente. Ex.: amoxicilina disponível

comercialmente na forma de sal triidratado e misturada a

outros componentes sólidos – reconstituída em água antes

da administração ao paciente (estável por 14 dias à 25 oC).

3. Suspensões

Page 150: Sistemas dispersos 1_2016-

Considerações sobre solubilidade e estabilidade

Fármacos hidrossolúveis podem ser suspensos

em veículos não-aquosos. O óleo de coco fracionado é

utilizado como veículo para algumas formulações de

antibióticos de uso oral.

3. Suspensões

Page 151: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

1) Controle do tamanho de partícula

É necessário garantir que o fármaco a ser

suspenso tenha tamanho de partícula bastante reduzido

⇒ assegurar que as partículas suspensas tenham baixa

velocidade de sedimentação. Partículas grandes (>5µm)

darão ao produto uma textura áspera e podem causar

irritação quando injetadas ou instiladas nos olhos.

3. Suspensões

Page 152: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

1) Controle do tamanho de partícula

A facilidade de administração de uma suspensão

parenteral pode depender do tamanho e da forma das

partículas, sendo provável que agulhas hipodérmicas

sejam obstruídas com partículas > 25µm.

3. Suspensões

Page 153: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

1) Controle do tamanho de partícula

Embora se pense que o tamanho de partícula do

fármaco seja pequeno no momento da preparação da

suspensão, sempre haverá crescimento de cristais durante o

armazenamento, principalmente se houver flutuações de

temperatura (↑ temperatura ⇒ ↑ velocidade de dissolução

do fármaco. Sob resfriamento o fármaco poderá se

cristalizar).

3. Suspensões

Page 154: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2) Uso de agentes molhantes

Alguns fármacos insolúveis podem ser molhados

com facilidade pela água, sendo rapidamente dispersos

na fase aquosa apenas mediante agitação fraca. Porém

a maioria dos fármacos apresenta graus variados de

hidrofobicidade, não sendo facilmente molhados.

3. Suspensões

Page 155: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2) Uso de agentes molhantes

Algumas partículas formam grandes aglomerados

porosos quando colocadas em contato com a água,

enquanto outras continuam na superfície, sendo atraídas

para a parte superior do recipiente. Assim, a espuma

produzida durante a agitação tenderá a desaparecer

lentamente – efeito estabilizante das pequenas partículas na

interface líquido/ar.

3. Suspensões

Page 156: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2) Uso de agentes molhantes

Para garantir uma molhabilidade adequada, a tensão

interfacial entre o sólido e o líquido deve ser reduzida de

maneira que o ar adsorvido na superfície do sólido possa ser

deslocado pelo líquido. Assim, as partículas serão facilmente

dispersas no líquido, em especial se a mistura for feita sob

forte agitação.

3. Suspensões

Page 157: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2) Uso de agentes molhantes

Se forem preparadas várias suspensões, cada

qual contendo uma faixa de concentração de agente

molhante, a concentração escolhida deverá ser a que

propiciar a molhabilidade adequada.

3. Suspensões

Page 158: Sistemas dispersos 1_2016-

Ângulos de contato líquido/sólido

3. Suspensões

Page 159: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.1) Agentes tensoativos

Tensoativos com valor de EHL de 7 – 9 podem ser

adequadamente utilizados como agentes molhantes. As

cadeias hidrocarbonadas serão adsorvidas na superfície

das partículas hidrofóbicas, enquanto os grupamentos

polares serão projetados para o meio aquoso, tornando-

se hidratados.

3. Suspensões

Page 160: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.1) Agentes tensoativos

A molhabilidade de um sólido ocorre devido à diminuição

da tensão superficial entre o sólido e o líquido, e em menor

proporção entre o líquido e o ar.

A maioria dos tensoativos é usada como agentes

molhantes em concentrações de até 0,1% aproximadamente,

incluindo os polissorbatos (Tweens) e os ésteres de sorbitano

(Spans) para uso oral.

3. Suspensões

Page 161: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.1) Agentes tensoativos

Para aplicação externa, podem ser utilizados o

laurilsulfato de sódio e o dioctilsulfosuccinato de sódio.

A escolha do tensoativo para a administração

parenteral é bem mais restrita, sendo principalmente

utilizados os polissorbatos e alguns do tipo Poloxamer

(polioxietileno/polioxipropileno) e a lecitina.

3. Suspensões

Page 162: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.1) Agentes tensoativos

As desvantagens desses tipos de agentes

molhantes incluem a formação excessiva de espuma e

a possível formação de sistemas defloculados, que

podem não ser de interesse.

3. Suspensões

Page 163: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.2) Colóides hidrofílicos

Compreendem substâncias como a goma arábica,

bentonita, goma adragante, alginatos, goma xantana e

derivados da celulose.

Comportam-se como colóides protetores,

revestindo as partículas hidrofóbicas sólidas com uma

camada multimolecular.

3. Suspensões

Page 164: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.2) Colóides hidrofílicos

Isto confere ao sólido características mais

hidrofílicas, favorecendo, desse modo, sua molhabilidade.

Também são usados como agentes

suspensionantes e podem produzir sistemas defloculados,

principalmente se usados em baixas concentrações.

3. Suspensões

Page 165: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.3) Solventes

Substâncias miscíveis em água (ex.: álcool,

glicerina e glicóis) reduzirão a tensão interfacial

líquido/ar. O solvente irá penetrar nos aglomerados

pulvéreos, deslocando o ar dos poros das partículas

individuais, promovendo, a molhabilidade por parte do

meio dispersante.

3. Suspensões

Page 166: Sistemas dispersos 1_2016-

REOLOGIA DAS SUSPENSÕES

É desejável que uma suspensão possua tixotropia, pois

assim é possível retardar a sedimentação, agregação e formação

de um sedimento compacto em virtude do elevado valor de

cedência, enquanto que, uma agitação vigorosa reduz a

viscosidade permitindo verter do frasco e, assim, dispensar a

dose correta. A viscosidade elevada pode ser restabelecida

rapidamente quando a suspensão voltar a ficar em repouso.

3. Suspensões

Page 167: Sistemas dispersos 1_2016-

REOLOGIA DAS SUSPENSÕES

As características reológicas a seguir são

indesejáveis para suspensões (reduzem sua

estabilidade física): pseudo-plasticidade (não há valor

de cedência), efeito dilatante (a viscosidade aumenta

com a agitação).

3. Suspensões

Page 168: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO E ESTABILIDADE DE SUSPENSÕES

Sistemas Floculados e Defloculados

Após a incorporação do agente molhante adequado, é necessário

determinar se a suspensão é floculada ou defloculada e decidir

qual desses dois estados é preferível. O fato de uma suspensão

ser floculada ou defloculada depende da magnitude das forças de

repulsão e atração entre as partículas.

3. Suspensões

Page 169: Sistemas dispersos 1_2016-

DEFLOCULADAS FLOCULADAS

1. as partículas existem como unidadesseparadas.

1. as partículas formam agregados.

2. a velocidade de sedimentação é lenta. 2. a velocidade de sedimentação é rápida

3. frequentemente o sedimento não seredispersa com facilidade.

3. o sedimento é facil de redispersar.

4. a suspensão mantem-se mais tempocom bom aspecto, o sobrenadantepermanece sempre turvo.

4. a suspensão desfaz-se maisrapidamente e o sobrenadante é límpido.

5. O potencial eletrocinético é alto. 5. O potencial eletrocinético é baixo ou quase nulo.

FORMULAÇÃO E ESTABILIDADE DE SUSPENSÕES

Sistemas Floculados e Defloculados

3. Suspensões

AULTON, M.E, 2007

Page 170: Sistemas dispersos 1_2016-

Sistema floculado

Sistema defloculado

Comportamento de sedimentação de suspensões floculadas e defloculadas

3. Suspensões

AULTON, M.E, 2007

Page 171: Sistemas dispersos 1_2016-

Sedimentação de suspensões floculadas e defloculadas

3. Suspensões

Physical Pharmacy, 2008

Page 172: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO E ESTABILIDADE DE SUSPENSÕES

Sistemas Floculados e Defloculados

Resumindo: os sistemas defloculados têm como vantagem a baixa

velocidade de sedimentação, que possibilita a retirada de doses

mais uniformes do recipiente. Mas, se ocorrer sedimentação, o

sedimento será compacto e de difícil redispersão. Os floculados

formam sedimentos mais frouxos e fáceis de redispersar, mas a

velocidade de sedimentação é rápida (risco de administração de

doses imprecisas) e o produto pode ter aparência pouco atrativa.

3. Suspensões

Page 173: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Floculação Controlada

É usual formular a suspensão de modo que seja

parcialmente floculada, para permitir uma redispersão

adequada quando necessário e com uma viscosidade

ajustada de modo que a velocidade de sedimentação

seja mínima possível.

3. Suspensões

Page 174: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Floculação Controlada

Um produto excessivamente floculado poderá parecer

pouco atrativo e, para minimizar a sedimentação, sua

viscosidade deverá ser de tal forma elevada que

qualquer tentativa de redispersão tornar-se-ia difícil.

3. Suspensões

Page 175: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Floculação Controlada

O controle da floculação normalmente é feito

combinando-se o controle do tamanho da partícula, o

uso de eletrólitos para controlar o potencial zeta e a

adição de polímeros que permitam a ocorrência de

reticulações entre as partículas.

3. Suspensões

Page 176: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Floculação Controlada

Alguns polímeros têm a vantagem de ionizar-se em

solução aquosa, podendo agir simultaneamente por

meio de efeitos eletrostáticos e estéricos. São

conhecidos como polieletrólitos.

3. Suspensões

Page 177: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Floculação Controlada

Ao usar-se o método da floculação controlada na

formulação de uma suspensão, é importante trabalhar

com uma faixa estreita de pH, ou com pH constante,

pois a magnitude das cargas nas partículas do fármaco

pode variar muito com o pH. Outros adjuvantes, como

os aromatizantes, também podem afetar as cargas das

partículas.

3. Suspensões

Page 178: Sistemas dispersos 1_2016-

Floculação Controlada

UMA FLOCULAÇÃO DO MÍNIMO SECUNDÁRIO É UM

ESTADO DESEJÁVEL PARA UMA SUSPENSÃO

FARMACÊUTICA.

3. Suspensões

Page 179: Sistemas dispersos 1_2016-

Floculação Controlada de uma suspensão de subnitrato de bismuto:

adição de fosfato monobásico de potássio (agente floculante).Adaptado de Physical Pharmacy, 2008

3. Suspensões

Page 180: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Agentes floculantes:

Em alguns casos, a suspensão pode se tornar

defloculada após a incorporação de agentes molhantes

não-iônicos, tanto devido à redução da tensão interfacial

sólido/líquido quanto devido à formação de uma camada

de hidratação ao redor de cada partícula, gerando uma

barreira mecânica à agregação.

3. Suspensões

Page 181: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Agentes floculantes:

Tensoativos iônicos usados para molhar as partículas

sólidas podem, dependendo da carga das partículas,

produzir sistemas floculados ou defloculados. Se as

partículas tiverem carga oposta ao tensoativo, ocorrerá

neutralização. Se as partículas suspensas tiverem uma

densidade de carga bastante elevada, ocorrerá defloculação

3. Suspensões

Page 182: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Agentes floculantes:

A adição de eletrólitos, tensoativos e polímeros

hidrofílicos pode promover a conversão de uma

suspensão defloculada para um estado parcialmente

floculado, quando necessário.

3. Suspensões

Page 183: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Eletrólitos:

A adição de eletrólitos inorgânicos a suspensões

aquosas alterará o potencial zeta das partículas

dispersas e, se esse valor for suficientemente baixo,

poderá ocorrer floculação.

3. Suspensões

Page 184: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Eletrólitos:

Os eletrólitos mais usados são os sais sódicos de

acetato, fosfato e citrato, em concentrações que

dependem do grau de floculação desejado. Ter cuidado

para não adicionar excesso de eletrólitos e ocorrer a

inversão de carga de cada partícula, formando

novamente, um sistema defloculado.

3. Suspensões

Page 185: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Tensoativos:

Tensoativos iônicos podem causar floculação por neutralizar

a carga das partículas ⇒ sistemas floculados. Os

tensoativos não iônicos têm um efeito negligenciável sobre a

densidade da carga das partículas, mas devido às suas

configurações lineares, são adsorvidos em mais de uma

partícula, formando uma estrutura floculada mais frouxa.

3. Suspensões

Page 186: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Agentes floculantes poliméricos:

Amido, alginatos, derivados da celulose, goma adragante,

carbômeros e silicatos são exemplos de polímeros que podem

ser usados para controlar a floculação. As cadeias lineares

ramificadas das moléculas poliméricas formam um retículo

semelhante a um gel e ficam adsorvidas sobre a superfície das

partículas dispersas, fazendo com que permaneçam no estado

floculado.

3. Suspensões

Page 187: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Agentes floculantes poliméricos:

Embora possa ocorrer alguma sedimentação, o volume

de sedimento será grande, permanecendo assim

durante um longo período de tempo.

3. Suspensões

Page 188: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Polissacarídeos:

Goma arábica – usada como agente suspensor em preparação

extemporânea. Não é bom agente espessante; age como colóide

protetor. Usada em combinação com outros agentes espessantes:

goma adragante, amido e sacarose. Com o armazenamento pode se

tornar ácida (ação enzimática). Raramente usada em preparações

de uso externo ⇒ propriedade adesiva.

3. Suspensões

Page 189: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Polissacarídeos:

Goma adragante – forma soluções aquosas viscosas. Propriedades

tixotrópicas e pseudoplásticas fazem dela um agente espessante

melhor que a goma arábica. Pode ser usada em preparações para

uso interno e externo. Também usada para suspensões

extemporâneas. Estável a pH 4 – 7,5. Requer alguns dias para

hidratar-se completamente ⇒ viscosidade máxima alcançada

apenas após esse tempo.

3. Suspensões

Page 190: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Polissacarídeos:

Alginatos – o ácido algínico é obtido de algas marinhas e seus sais

têm propriedades suspensionantes similares às da goma adragante.

Preparações contendo alginato não devem ser aquecidas acima de

60 oC, sofrem despolimerização e perda da viscosidade. Máximo de

viscosidade logo após a preparação. pH 5 – 9. O alginato de sódio é

mais usado, sendo aniônico. São agentes espessantes melhores

que a goma arábica.

3. Suspensões

Page 191: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Polissacarídeos:

Amido – raramente é agente suspensionante, mas é um dos

constituintes do pó composto de goma adragante e também usado

em combinação com a carmelose sódica.

Goma xantana – heteropolissacarídeo aniônico, solúvel em água fria

e um dos agentes suspensionantes mais utilizados para suspensões

extemporâneas orais. Utilizadas em concentrações de 2% e estável

em ampla faixa de pH.

3. Suspensões

Page 192: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Celuloses hidrossolúveis:

. Produzem dispersões coloidais viscosas - usadas como agentes

suspensores;

. Considerar comportamento reológico e solubilidade frente ao pH;

. Viscosidade: depende do grau de substituição, do tamanho da cadeia e do

grau de polimerização;

. Caráter iônico: avaliar incompatibilidades com outros componentes

iônicos;

Exs.: metilcelulose; hidroxietilcelulose; carboximetilcelulose sódica.

3. Suspensões

Page 193: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Silicatos hidratados:

Bentonita, silicato de alumínio e magnésio (Veegum®) e hectorita.

Hidratam-se facilmente. Podem absorver até 12 vezes seu peso em

água - formação de géis tixotrópicos.

Bentonita e hectorita (origem natural) podem estar contaminadas por

esporos (esterilização prévia).

3. Suspensões

Page 194: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Carbômeros (carboxipolimetileno)

Co-polímero sintético de ácido acrílico e alilsacarose. Usado em

concentrações de até 0,5% - aplicação externa (alguns tipos podem

ser usados internamente). Dispersos em água tornam-se ácidos de

baixa viscosidade, que se tornam bastante viscosos quando

ajustadas a pH entre 6 e 11.

3. Suspensões

Page 195: Sistemas dispersos 1_2016-

FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES

Modificadores da Viscosidade:

Dióxido de Silício Coloidal (Aerosil):

Forma rede tridimensional ao dispersar-se em água. Usado também

em suspensões não aquosas.

3. Suspensões

Vila Jato, 1997

Page 196: Sistemas dispersos 1_2016-

Conservação das Suspensões

A inclusão de um conservante apropriado é essencial,

principalmente, quando forem utilizadas substâncias de

origem natural. Ex.: bentonita - pode conter esporos de

C. tetani (esterilizá-la mediante aquecimento do pó a 60

oC/1h ou autoclavando as dispersões aquosas).

3. Suspensões

Exs.: nipagin, nipazol, benzoato de

sódio, ácido benzóico, etc.

Page 197: Sistemas dispersos 1_2016-

Estabilidade Física das Suspensões

- Determinação da velocidade de sedimentação;

- determinação do volume ou peso final do seu

sedimento;

- determinação da facilidade de redispersão do

produto.

3. Suspensões

Page 198: Sistemas dispersos 1_2016-

Preparação de Suspensões

- pó a ser suspenso com grau de subdivisão bastante fino;

- Escala laboratorial: o fármaco a ser pulverizado pode ser

misturado com o agente suspensor e uma pequena

porção do veículo em gral. Pode ser necessária a

adição de agente molhante;

- outros componentes solúveis: dissolvidos em uma porção

do veículo - misturar à suspensão concentrada –

ajuste do volume final;

3. Suspensões

Page 199: Sistemas dispersos 1_2016-

3. Suspensões

Preparação de Suspensões

- Escala industrial: fazer uma dispersão concentrada do agente

suspensor. Adicionar a substância lentamente ao veículo

sob agitação (misturadores com rotor ou do tipo turbina);

- mistura: garantir a completa desagregação dos aglomerados do

agente suspensor. Cisalhamento muito intenso pode

destruir a estrutura reticular;

- fármaco: adicionado lentamente junto com o agente molhante;

Page 200: Sistemas dispersos 1_2016-

Preparação de Suspensões

- outras substâncias podem ser adicionadas, de preferência já

dissolvidas em uma porção do veículo, e o volume final

pode ser ajustado quando necessário;

Em condições normais as suspensões aquosas podem ser

autoclavadas (desde que este processo não afete sua

estabilidade física ou química).

3. Suspensões

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