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Suicídio e Dependência Química Leonardo da Cunha Guimarães¹ Luiza Dalla Corte¹ Priscila Souza¹ Tuane Santos¹ Ângela Kunzler Moreira² ¹ Discente do Curso de Graduação em Psicologia. Faculdade Cenecista de Osório (FACOS). Osório. Rio Grande do Sul. Brasil. ² Docente do Curso de Graduação em Psicologia. Faculdade Cenecista de Osório (FACOS). Osório. Rio Grande do Sul. Brasil.

Suicídio e Dependência Química

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Suicídio e Dependência

QuímicaLeonardo da Cunha Guimarães¹

Luiza Dalla Corte¹Priscila Souza¹ Tuane Santos¹

Ângela Kunzler Moreira²

¹ Discente do Curso de Graduação em Psicologia. Faculdade Cenecista de Osório (FACOS). Osório. Rio Grande do Sul. Brasil.

² Docente do Curso de Graduação em Psicologia. Faculdade Cenecista de Osório (FACOS). Osório. Rio Grande do Sul. Brasil.

Suicídio como uma Questão de Saúde

Pública• O suicídio é um grave problema de saúde pública

e pode ser visto como um comportamento humano complexo, incluindo comportamentos, atitudes e cognições, cujos limites são vagos e imprecisos.

• O suicídio sendo uma questão de saúde pública é imperativo preveni-lo. Para prevenir é necessário compreender, para compreender é necessário pesquisar, investigar em todas as dimensões, sem medos ou tabus.

Dados Estatísticos• Ao ano, quase um milhão de pessoas morrem em

decorrência de suicídio. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ato está entre as dez causas de morte mais frequentes em muitos países do mundo.

• Estima-se que a taxa global de suicídio seja de 16 casos para cada 100 mil indivíduos.

• A partir dos altos índices de suicídios cometidos em diversos países como países europeus, asiáticos, em nações da América Latina que se configura um importante e inquestionável problema de saúde pública.

Dados Estatísticos• O comportamento suicida exerce considerável

impacto nos serviços de saúde pública, e calcula-se que 1,4% da carga global ocasionada por doenças em 2002 deveu-se a tentativas de suicídio.

• O Brasil ocupa atualmente a quadragésima posição no ranking mundial em número de suicídios, estando entre os primeiros colocados os países do leste Europeu, Lituânia, Rússia e Bielorrússia.

Dados Estatísticos• Segundo o Sistema Nacional de Informações

Tóxico-farmacológicas, em 1999, constatou-se que 44% das intoxicações ocorridas no Brasil foram classificadas como tentativas de suicídio.

• Especialistas acreditam que esses números podem diminuir se aumentarem os debates sobre o assunto. A OMS estima que 90% dos casos podem ser evitados quando há oferta de ajuda.

Entendendo o Suicídio• Aspectos Filosóficos • Aspectos

Neuroquímicos

X

Alterações no Humor/Depressão Impulsividade

Suicídio

“Quão doce deve ser a morte(...)”

Possíveis Fatores Sociais Moduladores do Suicídio

Hipótese de Durkheim•Estabilidade Financeira e Familiar•Status Social•Possibilidade de Transferir a Cultura a um Descendente

Como a Dependência Química Influencia o

Suicídio?

• “A Dependência Química é uma doença multifatorial definida por um padrão mal-adaptativo do uso de uma substância, associado, necessariamente, a prejuízos ou sofrimentos clínicos e significativos do ponto de vista social”.

• (Garcia, Moreira & Assumpção, 2014)

Fatores Neurobiológicos/Genéti

cos

Fatores Psicológicos

Fatores Socioculturais

Dependênc

ia Quími

ca

Dependência Química

Alterações Neurais

Envolvidas no Humor e na

Impulsividade

Comprometimentos Pessoais e Interpessoais

Prejuízos na Manutenção e Conclusão de

Objetivos

Álcool e SuicídioInibição do SNC por

meio de sinapses GABAérgicas

Crises de abstinência com sintomas de

agressividade/impulsividade

Sintomas depressivos e até mesmo transtornos de humor

são comuns em pacientes alcoolistas

Cocaína/Crack e Suicídio

Sistema Dopaminérgico Mesocorticolímbico

Alto índice de abuso

Alterações no controle inibitório, funções executivas e aumento da impulsividade

Manejo Clínico/Abordagem

I – Proteja a Vida• O primeiro mandamento de uma tentativa de

suicídio é proteja vida, por isso qualquer tomada de decisão em âmbito de emergência deve observar estes seguintes cuidados:

• - A história clinica do paciente deve ser relatada também por seus familiares ou acompanhantes e não somente por ele;

• - Evitar discussões e oferecer ao paciente um ambiente calmo;

• - Conversar e tranquilizá-lo;• - Realizar avaliação imediata do estado mental;• - Solicitar avaliação clinica e/ou neurológica;

II - Não Minimizar a Tentativa

• O segundo mandamento é: não minimizar a tentativa, por não ter sido uma tentativa fatal não pode vir a ser desprezada e deve ser interpretada como um pedido de ajuda que necessita de atenção e entendimento, pois depois de tentar tantas vezes o suicídio ainda pode ser bem sucedido.

• - De 60 a 75% das pessoas que cometeram suicídio procuram de 1 a 6 meses antes profissional da saúde, então é papel deste investigar essa possibilidade;

• - O índice daqueles que cometem o suicido e avisam antes é de 90%;

• - As mulheres tentam mais suicídios do que homens, porém os homens tentam de formas mais graves, mais brutais e mais bem sucedidas;

• - É 30% maior a chance de tentar suicídio em pessoas que já fizeram uma tentativa;

III – Demonstre Empatia

• O terceiro mandamento é: demonstre empatia,

evite julgamentos e confirme certeza ao paciente que está disposto a ajudar e a escutar.

• Perguntar sobre ideação suicida não fornece ideias à pessoa!

O que não se deve fazer

• - Ignorar a situação e dar alta precocemente do serviço em que a pessoa esta em avaliação;

• - Ficar chocado, envergonhado ou em pânico; • - Falar que tudo vai ficar bem; • - Desafiar a pessoa a continuar em frente e

permitir fácil acesso a medicações, instrumentos cortantes, produtos químicos, ou grandes alturas sem grades de proteção;

• - Fazer o problema parecer trivial e não conversar com o paciente sobre o ocorrido;

• - Dar falsas garantias; • - Jurar segredo. • - Deixar a pessoa sozinha;

IV – Identifique Fatores de Risco e

Proteção• O quarto mandamento é: identifique fatores de

risco e de proteção, para pode melhor orientar a conduta a ser tomada. A internação estará indicada quando:

• - Existir ideação suicida com planejamento;• - Houver verbalização do plano suicida;• - Não houver ideação suicida no momento da

avaliação, mas vários fatores de risco presentes e falta de suporte familiar ou social adequado;

Fatores de Proteção

•Suporte Familiar•Religiosidade, Espiritualidade, Cultura e Crenças Étnicas•Envolvimento Comunitário•Vida Social Ajustada e Satisfatória•Integração Social por meio de emprego•Uso construtivo e saudável do tempo para o lazer•Acesso a Serviços de Saúde para DQ e Saúde Mental

Fatores de Risco

•Baixo Nível Socioeconômico e Educacional•Sentimentos de desesperança e baixa auto-estima•Perda de Emprego•Perdas Pessoais•Doenças Físicas e Crônicas•Traumas Decorrentes de Abuso Sexual

A polifarmácia vem sendo

apontada como indicadora de gravidade de

algumas patologias e associada ao aumento do número de

tentativas de suicídio!

ReferênciasBear, M. F., Connors, B. W., Paradiso, M. A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2008.

DURKHEIM, Émile. O suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Garcia, F.; Moreira, L.; Assumpção. Neuropsicologia das dependências químicas. In: Fuentes, D.; Mallyy-Diniz, L. F.; Camargo, C. H. P.; Cosenza, R. M. (Orgs). Neuropsicologia: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,

LARANJEIRA, R. (Org.). Dependência Química, Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.

Organização Mundial da Saúde. Prevenção do suicídio: um manual para médicos e clínicos gerais. Genebra: OMS; 2000