53
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL Projecto final de licenciatura em Engenharia Florestal Estimativa de carbono em uma área florestal em Mossurize Autor: Calisto Afonso Vilanculo Supervisor: Doutor Mário Paulo Falcão Maputo, Junho de 2015

Projecto final de calisto vilanculo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Projecto final de calisto vilanculo

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

Projecto final de licenciatura em Engenharia Florestal

Estimativa de carbono em uma área florestal em

Mossurize

Autor:

Calisto Afonso Vilanculo

Supervisor:

Doutor Mário Paulo Falcão

Maputo, Junho de 2015

Page 2: Projecto final de calisto vilanculo

ii

Estimativa de carbono em uma área florestal em Mossurize

Elaborado por:

Calisto Afonso Vilanculo

Supervisionado por:

Doutor Mário Paulo Falcão

Projecto Final submetido a UEM-FAEF como requisito para a obtenção

do grau de Licenciatura em Engenharia Florestal.

Maputo, Junho de 2015

Page 3: Projecto final de calisto vilanculo

iii

RESUMO

Os ecossistemas florestais são considerados reservatórios de carbono e têm sido apontados como

alternativas para redução de gases de efeito estufa, principais gases responsáveis pelas mudanças

climáticas globais. Este trabalho tem como objectivo estimar o carbono acima do solo sequestrado

numa área florestal em Mossurize, província de Manica. A recolha dos dados recorreu-se a

amostragem aleatória em que o número de parcelas foi seleccionado sobre uma grelha sistemática

de pontos. Definiu-se a utilização de 125 parcelas circulares simples com raio de 20 m (área de

1.256,64 m2), em cada parcela foram medidas todas as árvores com DAP≥5cm, em seguida

estimou-se as alturas e identificou-se os nomes das espécies. A área de recolha de dados foi

separada em diferentes classes de cobertura florestal, com cobertura arbórea entre: 10 a 30% da

superfície; 30 a 40% da superfície; e 40 a 50% da superfície.

Os dados de campo foram utilizados para determinar parâmetros da estrutura horizontal da

floresta, na qual a Diplorhynchus condylocarpon, Brachystegia spiciformis, Julbernardia

globiflora, Combretum fragrans apresentaram maior importância ecológica, isto devido maiores

frequências, maiores abundancias, maiores dominâncias e estas espécies são típicas da floresta de

miombo. O Índice de diversidade de Shannon foi de 3,345431. Para cálculo do carbono primeiro

determinou-se a biomassa segundo Brown (1997), e depois usou-se a proporção partindo do

pressuposto de que 50% de biomassa seca é constituída por carbono, neste caso, obteve-se da

floresta com cobertura arbórea entre 30 a 40% uma maior quantidade de biomassa de 60,48

ton/ha e carbono de 30,24 ton/ha, seguida por tipo florestal com cobertura de 40 a 50% com

biomassa com cerca de 11,14 ton/ha e 5,57 ton/ha de carbono, por último a classe com cobertura

entre 10 a 30% com cerca de 8,86 ton/ha de biomassa e 4,43 ton/ha de carbono.

Palavras-chave: Estrutura horizontal, Biomassa e Carbono

Page 4: Projecto final de calisto vilanculo

iv

DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho,

Aos meus pais, Afonso Tecane Vilanculo e Helena Luís Machohe pelo sacrifício, dedicação,

aposta na minha formação, que potenciou o sucesso nos meus estudos.

Aos meus irmãos Alzira, Anária, Emilia, Esperança, Hilton e Fiodosa, meus sobrinhos e primos,

pela força e inestimável apoio.

Aos meus tios António Simeão Vilanculos e Pascoal Simeão Vilanculos, pelos conselhos e

confiança.

Page 5: Projecto final de calisto vilanculo

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus todo-poderoso, pela vida e saúde.

Ao meu supervisor, Doutor Mário Paulo Falcão, por todo apoio científico e disponibilidade que

demonstrou, assim como pelas críticas, correcções e sugestões de modo a tornar este trabalho

uma realidade. ‘‘O meu muito obrigado’’

Aos meus colegas e amigos: Leovigildo Paulo, Gildo Chivale, Esmeraldo Nicumua, Macedo

Damas, Celso Naface, Hercilo Odorico, Bernabé Langa, Domingos Machava, Alismo

Nhanengue, Angelina Matsinhe, Vania Somar, Neri Varela, Cecilia Bié, Felício Guelume,

Saquina Mazoio, Marcela Sitoe, Sérgio Simão, Miguel Osório, Calisto da Paz, Egas Daniel,

Mouzinho Eduardo, Kondwane Enoque, Sérgio Noa, António Ricardo Húo e outros que aqui não

mencionei pelo apoio que proporcionaram durante a minha formação.

Manifesto aqui a minha gratidão a todos os meus familiares, amigos, docentes, investigadores

que directa ou indirectamente deram o seu contributo para a concretização do presente trabalho,

especialmente a turma dos florestais da geração de 2011.

Page 6: Projecto final de calisto vilanculo

vi

ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................................... iii

DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. iv

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... v

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. viii

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... ix

LISTA DE ANEXOS ...................................................................................................................... x

LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................... xi

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1 Antecedentes ..................................................................................................................... 1

1.2 Problema de estudo e justificativa .................................................................................... 1

1.3 Objectivos: ........................................................................................................................ 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 3

2.1 Estrutura horizontal ........................................................................................................... 3

2.2 Miombo ............................................................................................................................. 4

2.3 Efeito estufa ...................................................................................................................... 5

2.4 Ciclo de carbono ............................................................................................................... 5

2.5 Sequestro de carbono ........................................................................................................ 6

2.6 REDD+ ............................................................................................................................. 6

2.7 Biomassa florestal ............................................................................................................. 7

2.8 Métodos de quantificação de biomassa ............................................................................ 7

2.8.1 Métodos indirectos de quantificação de biomassa .................................................... 8

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 11

3.1 Descrição da área de estudo ............................................................................................ 11

3.1.1 Localização da área de estudo ................................................................................. 11

3.1.2 Clima e recursos hídricos ........................................................................................ 11

Page 7: Projecto final de calisto vilanculo

vii

3.1.3 Topografia e Solos ................................................................................................... 12

3.1.4 Infra-estruturas......................................................................................................... 12

3.1.5 Flora e Fauna ........................................................................................................... 13

3.1.6 Actividades sócio-económicas das populações ....................................................... 13

3.2 Recolha de dados ............................................................................................................ 14

3.3 Processamento de dados ................................................................................................. 14

3.3.1 Determinação de estrutura horizontal. ..................................................................... 14

3.3.2 Determinação de biomassa e carbono ..................................................................... 16

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 18

4.1 Parâmetros gerais da floresta .......................................................................................... 18

4.2 Distribuição dimétrica da floresta ................................................................................... 18

4.3 Estrutura horizontal ......................................................................................................... 19

4.4 Biomassa e carbono ........................................................................................................ 24

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 30

6 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................ 31

7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32

Page 8: Projecto final de calisto vilanculo

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Densidade de madeira de várias espécies nas três regiões tropicais. ............................... 9

Tabela 2: Descrição da estrutura Horizontal ................................................................................. 19

Tabela 3: Valores de biomassa e carbono. .................................................................................... 24

Page 9: Projecto final de calisto vilanculo

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização do Distrito de Mossurize. ............................................................. 11

Figura 2: Distribuição diamétrica da floresta ................................................................................ 18

Figura 3: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 10-30% de cobertura ............. 27

Figura 4: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 30-40% de cobertura arbórea. 28

Figura 5: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 40-50% de cobertura arbórea 29

Page 10: Projecto final de calisto vilanculo

x

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1. Lista de espécies ............................................................................................................ 37

Anexo 2. Ficha do campo .............................................................................................................. 41

Page 11: Projecto final de calisto vilanculo

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

C Carbono

CO2 Dióxido de carbono

DAP Diâmetro à Altura do Peito

FAO Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

GEE Gás Efeito Estufa

GPS Sistema de Posicionamento Global

g Gramas

Gt Giga toneladas

ha Hectares

INE Instituto Nacional de Estatística

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

ton Toneladas

tC/ha Toneladas de carbono por hectare

oC Graus centígrados

% Percentagem

MAE Ministério de Administração Estatal

REDD+ (Redução de Emissões do Desmatamento, Degradação florestal e aumento dos

estoques de carbono)

Kms Quilómetros

EN Estrada Nacional

Cm Centímetros

m Metros

m2 Metros quadrados

m3 Metros cúbicos

BEF Factor de expansão de biomassa

Frel Frequência relativa

Arel Abundância relativa

Page 12: Projecto final de calisto vilanculo

xii

Drel Dominância relativa

IVI Índice de Valor de Importância

Page 13: Projecto final de calisto vilanculo

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Antecedentes

Mudanças climáticas é resultado do acúmulo de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Estas

concentrações são provenientes das actividades industriais como a queima de combustíveis

fósseis e o desmatamento (IPCC, 2007).

Segundo Machoco (2008), a conservação de estoques de carbono nos solos, florestas e outros

tipos de vegetação, a preservação de florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas

agroflorestais e a recuperação de áreas degradadas são algumas acções que contribuem para a

redução da concentração do CO2 na atmosfera. As florestas, os sistemas agroflorestais e os solos

podem ser tanto reservatórios como fontes de carbono dependendo de como e com que motivos

são manejados e, como são utilizados seus produtos.

O conhecimento da biomassa florestal é importante para estudos da produtividade primária

líquida, ciclagem de nutrientes que por sua vez são utilizados para avaliar a dinâmica de alguns

elementos importantes tais como o CO2 (Sitoe e Tchaúque, 2007). Segundo Brown (1997), a

biomassa florestal e a sua medição fornece meios para cálculo de quantidade de dióxido de

carbono que pode ser removida da atmosfera por regeneração da floresta ou por plantação.

Moçambique é um dos países mais pobres do mundo com uma elevada taxa de desmatamento e

degradação de florestas. Contudo, ainda mantém uma proporção considerável da sua área coberta

com florestas naturais. Em 2008, Moçambique iniciou o processo de engajamento nacional em

REDD+ em resposta aos interesses globais para financiar esforços de redução das emissões do

desmatamento e degradação de florestas (REDD+) nos países em vias de desenvolvimento (Sitoe

et al., 2012).

1.2 Problema de estudo e justificativa

O aquecimento global é uma das grandes preocupações para a humanidade, uma vez que os seus

efeitos afectam a vida na terra. O aumento da concentração dos gases de estufa na atmosfera

principalmente o dióxido de carbono, tem sido apontado como uma das principais causas destas

alterações no clima, que terão impactos directos negativos sobre os ecossistemas terrestres, nos

diversos sectores socioeconómicos mundiais; na saúde pública e na qualidade de vida das pessoas

em geral (IPCC, 2007).

Page 14: Projecto final de calisto vilanculo

2

As florestas tropicais representam grandes reservatórios de carbono através do processo de

fotossíntese durante seu crescimento, armazenando grandes quantidades de carbono na biomassa

de folhas, galhos, troncos e raízes e, liberando oxigénio de volta na atmosfera, no entanto, elas

estão sendo desmatadas (Walker, 2011).

Segundo Walker (2011), na tentativa de manter as florestas tropicais e seus vastos estoques de

carbono intactas, a comunidade internacional está trabalhando para implementar políticas para

compensar nações dos trópicos que reduzirem suas emissões de carbono provenientes de

desmatamento e degradação florestal. Políticas bem-sucedidas irão exigir entre outras coisas o

desenvolvimento de sistemas de medições florestais operacionais e, de monitoramento para

acompanhar os ganhos e perdas de carbono florestal ao longo do tempo. Portanto em áreas

florestais de Mossurize existem poucos estudos de sequestro de carbono, assim surgiu a

necessidade de pesquisas que quantifiquem potencial de sequestro de carbono nestes

ecossistemas florestais.

1.3 Objectivos:

Geral:

Estimar o carbono acima do solo existente em uma área florestal em Mossurize.

Específicos:

Determinar a estrutura horizontal da vegetação arbórea;

Determinar o teor de carbono por grau de cobertura florestal.

Page 15: Projecto final de calisto vilanculo

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Estrutura horizontal

O inventário florestal utiliza a amostragem para a estimativa de características das florestas,

sejam estas quantitativas ou qualitativas. Entre as estimativas quantitativas são determinadas a

estrutura horizontal e a estrutura vertical, a estrutura horizontal diz respeito à ocupação espacial

de uma área florestal e, a análise desta deve ser baseada no inventário e na interpretação das

dimensões do indivíduo para servir de comparação entre diferentes florestas (Zavala, 2013). A

estrutura horizontal pode ser coetânea ou dissetânea. A primeira corresponde a uma floresta, na

qual a maior parte dos indivíduos de uma ou várias espécies pertencem a mesma classe de idade

ou tamanho, a segunda corresponde a uma floresta na qual os indivíduos se encontram

distribuídos em várias classes de tamanho, em forma de "J-invertida", uma distribuição típica das

florestas nativas (Louman et al., 2001, citado por Ribeiro, et al., 2002).

Segundo Coraiola (1997), a análise da estrutura horizontal deve quantificar a participação das

diferentes espécies em relação às outras, e verificar a forma de distribuição espacial de cada

espécie, podendo ser determinada pelos índices de abundância e frequência.

Para Lamprecht (1990), a abundância mede a participação das diferentes espécies na floresta.

Define-se a abundância absoluta como sendo o número total de indivíduos pertencentes a uma

determinada espécie e, a abundância relativa indica a participação de cada espécie e m

percentagem do número total de árvores levantadas na parcela respectiva, considerando o

número total igual a 100%.

Segundo Hosokawa (1986) a dominância é a medida da projecção total da copa da planta e que a

dominância de uma espécie é a soma de todas as projecções horizontais dos indivíduos

pertencentes a esta espécie. Embora definida originalmente como projecção total da copa

(Expansão Horizontal), utiliza-se a área basal dos fustes para representar a dominância, uma vez

que existe uma estreita correlação entre ambas e por apresentar maior facilidade na obtenção de

dados. Para Finol (1969), através da dominância pode se medir a potencialidade produtiva da

floresta, constituindo-se um parâmetro útil para a determinação da qualidade das espécies.

A Frequência exprime a percentagem de ocorrência ou ausência de uma espécie num

determinado lugar, este parâmetro dá uma ideia da distribuição das espécies no espaço de

amostragem, e varia entre 0 a 100 %. Valores altos de frequência (61% a 100%) indicam uma

Page 16: Projecto final de calisto vilanculo

4

composição florística homogénea e valores baixos (1% a 40%) significam alta heterogeneidade

(Zavala, 2013). Segundo Coraiola (1997), a frequência indica a dispersão média de cada espécie,

medida pelo número de sub-parcela da área amostrada. Para Lamprecht (1990), a frequência

absoluta de uma espécie é expressa pela percentagem das sub-parcelas em que ocorre sendo o

número total de sub-parcelas igual a 100%. A frequência relativa indica percentagem de

frequência de cada espécie em relação a frequência total por área.

O índice de Valor de Importância reflecte o grau de importância ecológica da espécie em

determinado local, revelando a posição sociológica de uma espécie na comunidade analisada e, é

obtido a partir da soma de cada espécie dos valores de abundância, dominância, e frequência em

termos relativos. (Júris Ambientis, 2012).

2.2 Miombo

O miombo é o principal tipo florestal de Moçambique, caracterizado pela dominância de árvores

de género Brachystegia, Julbemardia e Isoberlina (Campbell, 1996). Estas florestas apresentam

normalmente 1 ou 2 estratos arbóreas de essências decíduas ou sub-deciduas com essenciais

sempre verdes ou subperenifolias em fraca percentagem. O crescimento em altura não excede em

geral 20m, sendo o mais comum de 15 a 18m (Gomes e Sousa, 1996). Campbell (1996) descreve

para miombo que altura de árvores nalgumas regiões de clima húmido e sub-húmido a floresta

toma um grau de concentração mais elevada, com árvores de grande porte que podem alcançar

27m, neste tipo de florestas dominam as espécies como a Brachystegia speciformis,

Erythrophleum guineense, Lecontedoxa henriquesii, Albizia adinthifolia, entre outras.

O miombo corresponde a um tipo de vegetação dentro das formações de floresta aberta. A

densidade de árvores com mais de 2m de altura vária de 380-1400 árvores por hectare (Campell,

1996)

As florestas do miombo têm tendências a diminuir, isto porque apresentam muitas ameaças por

parte da exploração florestal, derrubas para a preparação de terras de cultivos, queimadas (Gomes

e Sousa, 1996). Segundo Campbell (1996), afirma que o desflorestamento do miombo tem

consequências no aquecimento do clima. A destruição do miombo causa remoção de carbono

aéreo e do solo de aproximadamente 21 t C/ha e 8.6 t C/ha respectivamente (Ryan, 2009) e o

desmatamento tem implicações claras na concentração de dióxido de carbono atmosférico.

Page 17: Projecto final de calisto vilanculo

5

2.3 Efeito estufa

Grande parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve a um aumento

nas concentrações de gases-estufa de origem antropogénicas (IPCC, 2007). O dióxido de

carbono tem sido apontado como o grande vilão da exacerbação do efeito estufa, já que

sua presença na atmosfera decorre em grande parte de actividades humanas

(Tolentino et al. 1998). As queimadas que acompanham o desmatamento determinam as

quantidades de gases emitidas não somente da parte da biomassa que queima, mas também da

parte que não queima (Fearnside, 2002). Outra fonte é o uso de combustíveis fósseis e a

contribuição em metano pode ser também considerada significativa (Tolentino et al.,

1998).

A Terra recebe radiação emitida pelo sol e devolve grande parte dela para o espaço.

Segundo Silva e Paula (2009), os gases responsáveis pelo efeito estufa, como vapor de água,

clorofluorcarbono (CFC), ozónio (O3), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), e dióxido de

carbono (CO2), absorvem uma parte da radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra

e irradiam, por sua vez, uma parte da energia de volta para a superfície. Como resultado a

superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera em comparação com a energia

recebida do sol, resultando em um aquecimento da superfície terrestre.

2.4 Ciclo de carbono

O dióxido de carbono (C02) circula entre quatro principais estoques de carbono: a atmosfera, os

oceanos, os depósitos de combustível fóssil e a biomassa terrestre e solo. Em sistemas ecológicos,

o carbono é retirado em forma de biomassa viva, matéria orgânica em decomposição, e solos,

estes jogam um papel importante no ciclo global de carbono. O carbono é trocado naturalmente

entre estes sistemas e atmosfera através da fotossíntese, respiração, decomposição e combustão.

As florestas são importantes para o equilíbrio do estoque de carbono global, pois armazenam em

suas árvores e no solo mais carbono do que o existente actualmente na atmosfera (Houghton,

1994 citado por Barreto et al., 2009). É muito importante ter presente que apesar de alguns

sistemas naturais constituírem grandes reservatórios de Carbono (como o oceano), a dinâmica do

seu ciclo é sobretudo controlada pelos sistemas que têm capacidade de o trocar activamente

com a atmosfera, como é o caso da vegetação e do solo. Por outro lado, a fotossíntese que

ocorre nas plantas terrestres é responsável pela retenção de carbono atmosférico no material

vegetal e, eventualmente, na matéria orgânica no solo. Assim, é claro que ecossistemas com

Page 18: Projecto final de calisto vilanculo

6

grande biomassa e com o solo pouco perturbado, como as florestas, retêm o carbono numa escala

temporal muito maior (Yu, 2004).

2.5 Sequestro de carbono

Sequestro de carbono na convenção de clima refere-se à mitigação biológica, ou seja, a forma

natural de sequestrar o gás carbónico pelos vegetais através da fotossíntese, cujo processo

permite fixar o carbono em forma de matéria lenhosa nas plantas (Fujihara e Lopes, 2009). O

sequestro de carbono constitui em outras palavras, o processo de crescimento das plantas. Quanto

mais for o porte das plantas maior biomassa se acumula, e consequentemente mais carbono é

fixado, sendo as plantas responsáveis por um estoque de 500 Gt C. A maior parte do carbono

terrestre está acumulada no solo florestal pela decomposição de matéria-prima acumulada durante

séculos sendo responsável por 2000 Gt C. A atmosfera estoca 760 Gt C. Portanto, as florestas

incluindo o solo estocam dois terços de carbono – 2500 Gt C, num total de 3260 Gt C na

superfície terrestre. Entre todo reino vegetal, as florestas proporcionam o mais longo estoque do

ciclo de carbono em forma de madeira e acumulação no solo por centenas de anos antes de

retornar à atmosfera através da respiração, decomposição, erosão ou queima (Yu, 2004).

A queima de combustíveis fosseis é responsável por mais de 80% de emissões de carbono no

mundo, o que significa um fluxo do carbono depositado e retido no subsolo a milhões de anos e

liberado novamente na atmosfera. O crescimento das plantas estaria realizando o processo

inverso desta queima através da fotossíntese, que captura o carbono da atmosfera estocando-o em

forma de biomassa viva (Yu, 2004).

2.6 REDD+

O REDD+ (Redução de Emissões do Desmatamento, Degradação florestal e aumento dos

estoques de carbono) é um mecanismo que foi acordado em Bali pela Conferência, no âmbito da

Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas. Este mecanismo visa

reconhecer o papel das florestas na mitigação do efeito das mudanças climáticas, e a necessidade

de compensar os países que contribuem para o efeito através de medidas que reduzam a

conservação destas florestas. Com efeito, o REDD+ vem reforçar outros instrumentos como o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) com relação a iniciativas de redução de emissões

Page 19: Projecto final de calisto vilanculo

7

de gases de efeito de estufa, através de actividades relacionadas com uso e cobertura da terra no

período pós-Quioto (Sitoe et al., 2012). Segundo Zolho (2010) e Havemann, (2009) os

mecanismos do REDD+ pretendem alcançar em simultâneo a redução das emissões, participar na

redução da pobreza conservação da biodiversidade e manutenção dos serviços do ecossistema.

Alguns dos desafios que o REDD+ enfrenta é a competição com outras formas de uso de terra

consideradas essenciais para o desenvolvimento socioeconómico do país, particularmente a

produção alimentar, biocombustíveis, expansão de infra-estruturas sociais, adiciona-se a estes

desafios a metodologia para a quantificação do volume de carbono que as florestas têm e que

pode ser conservado, que seria usada como base nas negociações (Gibbs at al., 2007).

2.7 Biomassa florestal

Sitoe e Tchaúque (2007) definem biomassa como sendo a quantidade de material orgânico que

constitui os seres de um ecossistema existente numa determinada área, e que pode ser expressa

em peso, volume, área ou número. Para Martinelli et al. (1994), biomassa é a quantidade expressa

em massa do material vegetal disponível em uma floresta, sendo que os componentes de

biomassa geralmente estimados são a biomassa viva horizontal acima do solo composta de

árvores e arbustos; a biomassa morta acima do solo composta pela serapilheira e troncos caídos, e

a biomassa abaixo do solo composta pelas raízes. A biomassa total é dada pela soma de todos

esses componentes. Russo (1983) relaciona seis factores que afectam a biomassa e a

produtividade: a idade do povoamento, a variabilidade genética, a nutrição, a altitude, a humidade

do solo e os desbastes. O total de biomassa acima do solo também varia por região geográfica,

tipo de região (húmida, encharcada ou seca), tipo florestal, estrutura florestal e grau de distúrbio

da floresta (Brown; Gillespie; Lugo, 1989).

2.8 Métodos de quantificação de biomassa

Para Sanquetta (2002), os estudos da biomassa florestal podem ser realizados por determinações

ou estimativas e podem ter diversas finalidades, como a quantificação do carbono fixado em uma

floresta. O autor distingue determinação de estimativa, sendo a determinação uma medição real

feita directamente na biomassa, e a estimativa é feita utilizando relações quantitativas ou

matemáticas, como razões ou regressões.

Page 20: Projecto final de calisto vilanculo

8

Para Higuchi e Carvalho Júnior (1994), os estudos para quantificação de biomassa florestal

dividem-se em métodos directos (ou determinação) e métodos indirectos (ou estimativas).

Métodos directos significam uma medição real feita directamente na biomassa, por exemplo, a

pesagem de um fuste inteiro por meio de um dinamómetro ou uma balança. Todas as árvores de

uma determinada parcela são derrubadas e pesadas, sendo feita em seguida a extrapolação da

avaliação amostrada para a área total de interesse.

2.8.1 Métodos indirectos de quantificação de biomassa

Métodos indirectos consistem em correlacioná-la com alguma variável de fácil obtenção e que

não requeira a destruição do material vegetal. As estimativas podem ser feitas por meio de

relações quantitativas ou matemáticas, como razões ou regressões de dados provenientes de

inventários florestais (dap, altura e volume), por dados de censoriamente remoto (imagens de

satélite) e utilizando-se uma base de dados em um sistema de informação geográfica (GIS).

Em geral, todos os métodos baseiam-se em informação gerada com base em métodos directos.

Isto é, requerem que haja equações com parâmetros ajustados para a área de estudo ou valores

médios de biomassa por tipo de vegetação ou tipo de cobertura vegetal. Para regiões onde não há

funções ajustadas será necessário iniciar com os métodos indirectos. O uso de parâmetros

estimados em outros lugares ou em modelos globais pode ser permitido para dar uma ideia geral

da distribuição de biomassa numa dada região, porém, pode resultar em dados não confiáveis

para a planificação de uso da biomassa (Sitoe e Tchaúque, 2007).

As estimativas de biomassa em áreas florestais são baseadas em dados de inventários florestais

empregando equações de biomassa e factor de expansão que transformam o diâmetro das árvores

em biomassa (Silveira et al.,2008). Somogyi et al. (2006) afirmam que avaliações de biomassa de

forma indirecta podem ser feitas por dois métodos quando se trabalha em campo: uma utiliza

dados de volume de árvores ou talhões e multiplica-os por um factor ou factores apropriados,

denominados factores de biomassa (BF), que convertem (expandem ou reduzem) as estimativas

de volume para estimativas de biomassa. Um exemplo do emprego desses factores em uma

equação para estimar biomassa acima do solo a partir de dados de volume pode ser visto da

seguinte forma, segundo Brown (1997):

Page 21: Projecto final de calisto vilanculo

9

BEFWDVB ..t /ha)(

Onde :

B = biomassa acima do solo;

V = volume por hectare;

WD = densidade média da madeira;

BEF = factor de expansão de biomassa.

Outra forma de se estimar biomassa de forma indirecta é realizando o ajuste de equações pelo uso

de técnicas de regressão. Segundo Koehler; Watzlawick; Kirchner (2002) é o procedimento mais

comum, no qual algumas árvores são amostradas, o peso de cada componente é determinado e

relacionado por meio de regressão com variáveis dendrométricas.

2.8.1.1 Factor de expansão de biomassa

Factores de expansão de biomassa são usados para converter o volume para biomassa florestal.

Vários factores devem ser usados em estimativas de biomassa dependendo dos dados disponíveis

(árvores ou talhões) e da estimativa desejada. Segundo Somogyi et al. (2006), onde é necessário a

estimativa total de biomassa, mas apenas dados de biomassa estão disponíveis, utiliza-se um

factor de expansão.

Brown (1997) fez um estudo para estimativa de biomassa florestal tropical bem como a sua

variação. Para estimativa de biomassa com base em informações de inventários florestais

existentes, uma das formas é baseada no uso de medidas de volume existentes (volume/ha)

convertidos para quantidade de biomassa (ton/ha) utilizando factores de expansão. O método

consiste na conversão do volume em pé do povoamento (m3/ha) conhecida a densidade das

madeiras (ton/m3) das espécies em causa, e para o efeito, são dados valores de densidade de

madeira de várias espécies nas três regiões tropicais.

Tabela 1: Densidade de madeira de várias espécies nas três regiões tropicais.

Região tropical N º de espécies A média Gama comum

África 282 0.58 0,50-0,79

América 470 0.60 0,50-,69

Ásia 428 0,57 0,40-0,69

(A partir de Reyes et al. 1,992 Citado por Brown 1997)

Page 22: Projecto final de calisto vilanculo

10

Lisboa (2014), estimando biomassa e carbono em floresta sempre verde de montanha, no distrito

de Sossundenga em Moçambique, determinou o factor de expansão de biomassa de 2,13.

Machoco (2008) determinou factor de expansão de biomassa para a Floresta de miombo no

Corredor da Beira, e teve a média de 2,03. Brown e Lugo (1984) aplicaram dois diferentes

valores para este factor (1,6 e 3,0), para uma estimativa de biomassa em florestas tropicais

abertas e fechadas respectivamente.

Page 23: Projecto final de calisto vilanculo

11

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Descrição da área de estudo

3.1.1 Localização da área de estudo

Distrito de Mossurize está localizado entre distritos de Sussundenga a Norte, Chibabava a

Nordeste e de Machaze a Sul. Toda a sua extensão ocidental é limitada por território da

República de Zimbabwe. A Vila de Espungabera, capital distrital de Mossurize localiza-se a sul

da capital provincial de Manica (MAE, 2005).

Fonte: O autor

Figura 1: Mapa de localização do Distrito de Mossurize.

3.1.2 Clima e recursos hídricos

O clima do distrito, segundo a classificação do Koppen, é do tipo temperado húmido, a

precipitação média anual é cerca de 1501mm de acordo com os dados da estacão meteorológica

de Espungabera, e a estacão chuvosa ocorre principalmente de Outubro a Abril com as maiores

Page 24: Projecto final de calisto vilanculo

12

precipitações de Dezembro a Março. A evapotranspiração de referência média anual é cerca de

1170mm, a temperatura média anual varia de 200C a 25

0C dependendo das regiões (MAE, 2005).

Apresenta um período de crescimento normal com ocorrência de um período seco de 95 dias de

duração, e um período intermédio de 120 dias, entre o período seco e húmido, tendo este 150 dias

de duração. O período húmido tem início na primeira quinzena de Novembro e termina na

primeira quinzena do mês de Abril. Dada a disposição do relevo do distrito, os cursos de água

que atravessam o distrito correm geralmente no sentido Oeste-Este. O distrito possui dois rios

importantes de regime permanente, nomeadamente, Búzi e Mossurize. Em termos de

potencialidades hídricas, o rio Búzi denota condições naturais para a montagem de uma barragem

hidroeléctrica (MAE, 2005).

3.1.3 Topografia e Solos

O relevo do terreno é caracterizado pela ocorrência de colinas e montanhas fortemente

dessecadas por muitos riachos que drenam a área juntando-se aos rios mais importantes, estas

formações são o prolongamento da escarpa de Manica, parte integrante dos montes Chimanimani.

Dentre as formações montanhosas do distrito destacam-se os montes Citatonga 1 e 2,

Chipungumbira, Macuiana, Alto Chinguno, Alto Mude, Matengane e Alto Buzi. A zona que faz

fronteira com o distrito de Machaza é composta por planicies de savanas abertas. (MAE, 2005).

O distrito de Mossurize é integrado as seguintes zonas agro-ecológicas: Terras altas e planaltos,

Área central e escarpada, zonas baixas e vales dos rios Mossurize, Morungwezi e Baixo Búzi.

Segundo a carta nacional de solos, predominam solos desenvolvidos nas rochas vulcânicas e do

soco do précâmbrico e três agrupamentos de solos se destacam neste distrito: Os argilosos

vermelhos, castanho-avermelhados, profundos e férteis, que dominam na maior parte do distrito;

Os basálticos vermelhos de textura argilosa, castanho-escuro de profundidades variáveis, que

ocupam maior parte da região de Garágua e de toda a zona Oeste do distrito e são aptos para a

cultura de algodão; e os líticos de textura franco-arenoso, pouco profundos sobre rocha alterada

(MAE, 2005).

3.1.4 Infra-estruturas

A rede rodoviária comporta somente estradas secundárias e terciárias, que após beneficiarem de

obras de reabilitação se encontram transitáveis numa extensão de 235Kms (MAE, 2005).

Page 25: Projecto final de calisto vilanculo

13

O distrito de Mossurize comunica-se com outros distritos da província, bem como com o resto do

país através da EN216 e ER412 (MAE, 2005). Uma das grandes dificuldades que o distrito

continua a enfrentar é o mau estado de algumas vias de acesso, originado pela falta de

manutenção e solos acidentados que têm sobretudo, dificultando a circulação de veículos de

grandes tonelagem e a comercialização de excedentes agrícolas. A situação do abastecimento de

água ainda está aquém de satisfazer as necessidades das populações, pois 57% dos habitantes do

distrito beneficiam de água potável. Em Mossurize há escolas, postos de saúde, igrejas e outros

serviços, contudo estes não são suficientes em quantidade e qualidade de serviços prestados

(MAE, 2005).

3.1.5 Flora e Fauna

O distrito possui uma diversidade de espécies vegetais, dos quais se destacam algumas como,

Afzelia quanzensí, Albizia versicolor, Cordila africana, Milletia stuhlmannii e Pterocarpus

angolenses, Diplorhynchus condylocarpon, Bauhimia galpinii, Combretum fragrans,

Julbernardia globiflora. Dentre os principais animais que constituem os recursos faunísticos do

distrito contam-se o elefante, a pala-pala, o hipopótamo, o cabrito cinzento e o macaco-cão

(MAE, 2005).

3.1.6 Actividades sócio-económicas das populações

Este distrito possui potencialidades agrárias, cuja exploração domina a actividade económica das

famílias. Dos 502 mil hectares da superfície do distrito, estima-se em cerca de 250 mil hectares o

potencial de terra arável deste distrito, dos quais só 19 mil são explorados pelo sector familiar

(8% do distrito). A forma mais comum de ocupação da terra é por herança. Muito embora a terra

seja um recurso disponível em Mossuríze, tem sido reportado conflitos pela sua posse entre os

pequenos agricultores (MAE, 2005).

O sistema de produção predominante nos solos de textura pesada e mal drenado é monocultura de

batata-doce em regime de camalhões ou matutos, enquanto nos solos moderadamente bem

drenados predominam as consociações de milho, mapira, mandioca e feijão nhemba. Algodão,

cana-de-açúcar, e girassol são culturas de rendimento, produzidas em regimes de monoculturas.

Este sistema de produção é ainda complementado por criação de espécies como gado bovino,

caprino, e aves. O comércio, a pequena indústria local (carpintaria e artesanato) e a pesca

Page 26: Projecto final de calisto vilanculo

14

artesanal surgem como alternativa à actividade agrícola, ou prolongamento da sua actividade.

(MAE, 2005).

3.2 Recolha de dados

O método seleccionado foi o de amostragem aleatória, em que o número de parcelas necessárias

foi seleccionado aleatoriamente sobre uma grelha sistemática de pontos (grelha regular com uma

malha de 250 m e orientação NS e EO) com origem aleatória. A utilização desta grelha

determinou, portanto, uma distância mínima de 250m entre parcelas. O número de parcelas a

medir foi determinado com base na variabilidade de biomassa existente, na estimativa da sua

extensão (área, ha), e num erro máximo definido em 20%, neste caso definiu-se a utilização de

125 parcelas circulares simples com raio de 20m (área de 1.256,64 m2), onde foram medidas

todas as árvores com DAP≥5cm, em seguida estimou-se as alturas e identificou-se os nomes das

espécies. Em cada parcela visitada foi realizada uma medição do grau de cobertura da mancha

homogénea onde se insere a parcela. O grau de cobertura arbórea florestal traduz o quociente

entre a área da projecção horizontal das copas das árvores florestais e a área de terreno, neste

caso, a estimativa do grau de cobertura foi realizada recorrendo a um densiómetro de copas e

adicionalmente foi também estimado visualmente. Com a medição de cobertura arbórea, a área de

recolha de dados foi separada em diferentes classes de cobertura florestal: 10 e 30% da

superfície; 30 e 40% da superfície e 40 e 50% da superfície.

3.3 Processamento de dados

3.3.1 Determinação de estrutura horizontal.

Os dados de campo foram utilizados para determinar a estrutura horizontal da floresta, na qual foi

estabelecida em função dos seguintes parâmetros (Hosokawa, 1986 e Lamprecht, 1990):

a) Abundância absoluta

A abundância absoluta foi determinada com base no número de árvores por hectare de cada

espécie (n/ha).

Page 27: Projecto final de calisto vilanculo

15

A

nAbsAb

.

Onde:

Ab.Abs = Abundância absoluta

A = Área em hectare

b) Abundância relativa

Este parâmetro exprime a participação de cada espécie no povoamento como se indica na fórmula

que segue:

haN

hanlativaAb

/

/(%)Re.

Onde:

n/ha = Número de árvores de cada espécie por ha

N/ha = Número total de árvores por hectare

c) Dominância

A dominância exprime a potencialidade produtiva do povoamento e expressa-se através da área

basal por hectare de cada espécie.

haAB

haespecieabRletivaDom

/

/..

d) Frequência

Este parâmetro exprime a distribuição de cada espécie sobre o terreno através da quantidade de

amostras nas quais ocorrem.

Page 28: Projecto final de calisto vilanculo

16

Fat

AbsolutaFreqlativaFreq

.(%)Re.

Onde:

Fat = frequência absoluta de todas as espécies

e) Índice de Valor de Importância

altivaFreqlativaDomlativaAbIVI Re.Re.Re.(%)

Em relação a biodiversidade, foi calculado o índice de diversidade comummente utilizado, o

índice de Shannon

H p pi i' ln

Onde H’ é o índice de Shannon,

pi é a proporção da espécie i na amostra

ln é o logaritmo natural

3.3.2 Determinação de biomassa e carbono

Para cálculo do carbono, primeiro determinou-se a biomassa e depois usou-se a proporção de que

50% de biomassa seca é constituído por carbono (Brown, 1997).

BEFWDVB ..t /ha)(

Onde:

B =biomassa aérea em (t / ha)

Page 29: Projecto final de calisto vilanculo

17

V = Volume da madeira em m3/ha

WD = Densidade média da madeira de várias espécies na região (WD =0,58 por Reyes et al.,

1,992 Citado por Brown 1997)

BEF = Factor de expansão de biomassa (BEF=2,03 Por Machoco, 2008)

Logo, determinou-se carbono da seguinte maneira:

FcB.C

Onde:

C =carbono em (t / ha)

Fc =factor de conversão de biomassa em carbono (Fc=0,5)

Page 30: Projecto final de calisto vilanculo

18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Parâmetros gerais da floresta

Na floresta foram medidas 5102 árvores e foram encontradas 132 espécies das quais 3 são

desconhecidas. O DAP médio foi de 13,31 Cm, altura média foi de 6m e a área basal média foi de

0.0227m2.

4.2 Distribuição dimétrica da floresta

O maior número de árvores na floresta em causa foi observado nas classes diamétricas inferiores

e a medida que os diâmetros aumentam proporcionam diminuição de número de árvores por

hectare (Figura 2).

Figura 2: Distribuição diamétrica da floresta

A curva da distribuição diamétrica da floresta em causa, segue a distribuição que é conhecida

como J invertida, o que segundo Schaaf et al. (2006), é um comportamento típico de florestas

nativas. A alta concentração de indivíduos nas classes menores de diâmetros pode indicar uma

comunidade estável e em regeneração (Oliveira et al., 1989; Oliveira-Filho et al., 1996). Sitoe

(1996) verificou que a distribuição diamétrica da mata nativa em Missavanhalo, em Guro

província de Manica, concorda com as características de distribuição das matas nativas do tipo J

234

51

23 10 4 2 1 1 0

0

50

100

150

200

250

]5-15[ [15-25[ [25-35[ [35-45[ [45-55[ [55-65[ [65-75[ [75-85[ [85-95[

Nu

mer

o d

e arv

ore

s p

or

hec

tare

Classes diametricas

Page 31: Projecto final de calisto vilanculo

19

invertida, que indica a presença de muitos individuos com tamanhos pequenos, e poucos com

tamanhos grandes como consequência da característica típica daquele tipo de formação florestal

que não atinge diâmetros muitos grandes.

4.3 Estrutura horizontal

A tabela 2 apresenta os valores da análise da estrutura horizontal da vegetação, estes estão

descritos por Frequências relativas, Abundâncias relativas, Dominâncias relativas e Índices de

Valor Importância. Contudo, cada espécie apresenta a sua contribuição na floresta em cada

indicador referido

Tabela 2: Descrição da estrutura Horizontal

Espécie Frel Arel Drel IVI

Acacia abissinica 0.16 0.16 0.09 0.40

Acacia nigrescens 0.24 0.24 0.43 0.90

Acacia sp. 0.06 0.06 0.02 0.14

Afzelia quanzensis 0.08 0.08 0.54 0.70

Albizia versicolor 0.18 0.18 0.22 0.57

Albizia adianthifolia 0.25 0.25 0.51 1.02

Albizia versicolor 0.10 0.10 0.30 0.50

Amblygonocarpus andongensis 0.61 0.61 3.01 4.22

Annona senegalensis 0.47 0.47 0.09 1.03

Anonaceae 0.04 0.04 0.00 0.08

Antidesma venosum 0.14 0.14 0.03 0.31

Artabotrys brachypetalus 0.94 0.94 0.18 2.07

Azanza garckeana 0.08 0.08 0.03 0.19

Bauhimia galpinii 5.19 5.19 0.81 11.19

Berchemia discolor 0.24 0.24 0.21 0.68

Brachylaena discolor 0.06 0.06 0.03 0.15

Brachystegia boehmii 0.06 0.06 0.14 0.26

Page 32: Projecto final de calisto vilanculo

20

Brachystegia glaucescens 2.63 2.63 6.13 11.38

Brachystegia spiciformis 5.06 5.06 17.93 28.05

Brackenaidgea zanguebarica 1.10 1.10 0.70 2.89

Breonadia salicina 0.24 0.24 1.68 2.15

Burkea Africana 0.04 0.04 0.01 0.09

Catunaregam spinosa 0.31 0.31 0.04 0.67

Combretum erythrophyllum 1.08 1.08 0.42 2.58

Combretum fragrans 5.84 5.84 3.51 15.19

Combretum molle 3.12 3.12 2.05 8.28

Combretum panicoi 0.73 0.73 0.18 1.63

Cordyla Africana 0.02 0.02 0.35 0.39

Crombretum fragrans 0.06 0.06 0.06 0.18

Crossopterix febrifuga 3.94 3.94 2.76 10.63

Dalbergia nyasea 1.08 1.08 0.20 2.36

Desconhecida 1 0.12 0.12 0.02 0.26

Desconhecida 2 0.04 0.04 0.00 0.08

Desconhecida 3 0.06 0.06 0.03 0.14

Diospyrus quiloensis 0.14 0.14 0.06 0.33

Diplorhynchus condylocarpon 20.82 20.82 9.58 51.21

Dracaena usamberensis 0.12 0.12 0.13 0.37

Erythrophleum africanum 0.12 0.12 0.51 0.75

Erythrophleum lasianthum 1.02 1.02 6.04 8.08

Ficus sp. 0.08 0.08 0.11 0.26

Friesodielsia obovate 0.08 0.08 0.02 0.18

Friodesia obovate 0.04 0.04 0.01 0.09

Gardenia volskei 0.27 0.27 0.04 0.59

Grevia cafra 0.08 0.08 0.01 0.17

Hibiscus canabinus 0.02 0.02 0.01 0.05

Page 33: Projecto final de calisto vilanculo

21

Hibiscus sp. 0.02 0.02 0.02 0.06

Hollarrhena pubescens 0.33 0.33 0.15 0.82

Hymenocardia acida 0.78 0.78 0.16 1.73

Julbernardia globiflora 7.64 7.64 9.21 24.50

Kaya nyasica 0.14 0.14 0.49 0.76

Lannea schweinfurthii 0.41 0.41 0.21 1.03

Lonchocarpus bussei 0.04 0.04 0.00 0.08

Lonchocarpus capensis 0.02 0.02 0.01 0.05

Markhamia obtusifolia 1.37 1.37 0.22 2.97

Markhamia zanzibarica 0.24 0.24 0.04 0.51

Maytenus heterophylla 0.04 0.04 0.03 0.10

Millettia stuhlmannii 4.33 4.33 5.18 13.84

Monotes glaber 0.08 0.08 0.04 0.20

Ormocarpum kirkii 0.04 0.04 0.01 0.09

Parinari curatellifolia 0.73 0.73 1.05 2.50

Pavetta sp. 0.31 0.31 0.03 0.66

Peltophorum africanum 0.02 0.02 0.03 0.07

Pericopsis angolensis 1.43 1.43 1.43 4.30

Piliostigma thonningii 3.70 3.70 2.41 9.82

Pseudolachnostylis maprouneifolia 1.86 1.86 2.38 6.10

Pteleopsis myrtifolia 1.86 1.86 2.44 6.16

Pterocarpus angolensis 0.61 0.61 0.70 1.92

Pterocarpus rotundifolius 3.35 3.35 4.81 11.51

Rhus chimindensis 0.08 0.08 0.01 0.17

Rhus natalensis 0.04 0.04 0.01 0.08

Sclerocarya birrea 0.31 0.31 0.74 1.37

Securinega sp. 0.12 0.12 0.05 0.29

Sporobolus panicoides 0.04 0.04 0.01 0.09

Page 34: Projecto final de calisto vilanculo

22

Strychnos coculoides 0.18 0.18 0.05 0.40

strychnos madagascariensis 0.98 0.98 0.49 2.45

Strychnos potatorum 0.96 0.96 0.19 2.11

Strychnos sp. 0.16 0.16 0.03 0.34

Strychnos spinosa 0.47 0.47 0.10 1.04

Strychnos usamborensis 0.02 0.02 0.01 0.05

Swartzia madagascariensis 1.29 1.29 0.56 3.14

Syzigium guineense 0.04 0.04 0.11 0.19

Tabernaemontana elegans 1.14 1.14 0.31 2.58

Tarenna supra-axillaris 0.08 0.08 0.01 0.16

Terminalia sericea 4.08 4.08 4.09 12.24

Terminalia stenostachya 0.02 0.02 0.01 0.04

Trema orientalis 0.29 0.29 0.07 0.66

Uapaca kirkiana 0.06 0.06 0.05 0.16

Vangueria infausta 0.35 0.35 0.06 0.76

Vernonia miriantha 0.04 0.04 0.00 0.08

Vitex doniana 0.73 0.73 0.54 1.99

Wrightia natalensis 0.06 0.06 0.02 0.14

Xanthocercis zambesiaca 0.14 0.14 0.70 0.98

Xeroderris stuhlmannii 0.86 0.86 1.23 2.95

Ximenia Americana 0.31 0.31 0.05 0.68

zizyphus sp. 0.71 0.71 0.22 1.63

TOTAL 100 100 100 300

Os resultados mostram que a Diplorhynchus condylocarpon apresentou maior frequência com

cerca de 20,82%, seguida por Julbernardia globiflora, Combretum fragrans, Bauhimia galpinii,

com 7,64%, 5,84%, 5,19%, respectivamente. Valores altos de frequência (61% - 100%) indicam

uma composição florística homogénea, valores baixos (1% - 40%) significam alta

Page 35: Projecto final de calisto vilanculo

23

heterogeneidade (Zavala, 2013). Tomo (2012), em floresta de Miombo, em Gondola, verificou

que as espécies mais frequentes são a Diplorhynchus condylocarpon e Pseudolachnostylis

maprouneifolia, que ambas foram encontradas em parcelas observadas com frequência relativa

por espécie de 4.8%, seguida da Brachystegia spiciformis e Pterocarpus angolensis, com 3.8% de

cada espécie.

A Diplorhynchus condylocarpon apresentou-se com maior abundância, cerca de 20,82%, seguida

por Julbernardia globiflora, Combretum fragrans, Bauhimia galpinii, com 7,64%, 5,84%,

5,19%, respectivamente. Matusse (2013), em Lugela na província da Zambézia, verificou que

abundância diminui à medida que as espécies se tornam raras, neste caso, constatou a

Brachystegia bohemii, Diplorhynchus condylocarpon, Combretum colinum como sendo as mais

abundantes. Tomo (2012), em floresta de Miombo, em Gondola, em todas as classes de uso e

cobertura verificou que a espécie mais abundante foi Diplorhynchus condylocarpon que

apresentou 16,6% do total das árvores medidas nas parcelas, seguindo a Albizia adianthifolia e

Cussonia arbórea com 8,9 % e 5,3 % respectivamente.

A espécie mais dominante foi a Brachystegia spiciformis com cerca de 17,93%, seguida de

Diplorhynchus condylocarpon, Julbernardia globiflora, Brachystegia glaucescens, com 9,58%,

9,21%, 6,13%, respectivamente. Matusse (2013), em um estudo em Lugela na província da

Zambézia verificou que espécies dominantes na floresta são Terminalia stenostachya (9%),

Diplorhynchus condylocarpon (8,1%) e Pseudolachnostrylis maprounefolia (7,3%) e são típicas

da floresta de miombo.

A Diplorhynchus condylocarpon apresentou-se como a mais importante na floresta em causa,

com maior índice de valor de importância, cerca de 51,21%, seguida por Brachystegia

spiciformis, Julbernardia globiflora, Combretum fragrans, com 28,05%, 24,50%, 15,19%

respectivamente. Matusse (2013), em Lugela na província da Zambézia mostrou que as espécies

mais importantes na área estudada são: Brachystegia boehmii, Diplorhynchus condylocarpon e

Pseudolachnostrylis maprounefolia, Terminalia stenostachya. Nos trabalhos realizados por

Giliba et al. (2011) encontrou espécies do género Brachystegia como as mais importantes, isto

mostra que as espécies deste género são um elemento muito importante no miombo. Ribeiro et al.

(2013), em estudo de Monitoramento da dinâmica da vegetação e densidade de estoque carbono

em florestas de miombo, encontrou como espécies importantes a Julbernardia globiflora,

Diplorhynchus condilocarpon, Brachystegia boehmii, Pseudolachnostylis maprouneifolia,

Page 36: Projecto final de calisto vilanculo

24

Sclerocarya birrea, Burkea africana, Diospyros kirkii, Pterocarpus angolensis,Terminalia

stenostachya.

O Índice de diversidade de shannon foi de 3,345431. De acordo com (Barbour et al., 1999), um

ecossistema com índice de Shannon (H’) maior do que 2 tem diversidade de espécies média a

alta. Guedes, (2004) em Moribane, Zomba e Maronga (Província de Manica) encontrou índices

de diversidade de 3,71 a 4,09. Williams et al., (2007) encontrara em Nhambita 2.7. Giliba et al.,

(2011) encontrara índice de diversidade (H’) igual a 4,27.

4.4 Biomassa e carbono

A tabela 3 apresenta os diferentes graus de cobertura arbórea e as variações de quantidades de

biomassa e carbono em toneladas por hectare. A quantidade de biomassa variou de 8,86 a 60,48

ton/ha e o carbono variou de 4,43 a 30,24 ton/ha. A floresta com cobertura arbórea 30-40%

possui maior quantidade de biomassa 60,48 ton/ha e carbono 30,24 ton/ha, seguida por floresta

com cobertura de 40-50% com biomassa de cerca de 11,14 ton/ha e 5,57ton/ha de carbono, por

último a floresta com cobertura de 10-30% apresentou menor quantidade de biomassa com cerca

de 8,86 ton/ha e 4,43 ton/ha de carbono.

Tabela 3: Valores de biomassa e carbono.

Grau de cobertura arbórea Biomassa em ton/ha Carbono em ton/ha

10-30% 8,86 4,43

30-40% 60,48 30,24

40-50% 11,14 5,57

Comparado o carbono determinado no local, verificou-se que o carbono encontrado na classe

com cobertura de 10 a 30% é menor em relação ao carbono obtido por Matusse (2013), que

estimou cerca de 16,02 ton/ha em Floresta com mesma cobertura arbórea de 10 a 30%. O carbono

obtido na classe com cobertura 30 a 40% é maior em ralação ao carbono obtido por Matusse

(2013), que estimou cerca de 18,63 ton/ha em Florestas com mesma cobertura de 30 a 40%. O

carbono obtido em florestas com cobertura arbórea de 40 a 50% é menor em relação ao carbono

obtida por Matusse (2013), em áreas com mesma cobertura arbórea, que teve cerca de 30,97

ton/ha. Este autor observou que a variação da quantidade de carbono nos três tipos de cobertura

Page 37: Projecto final de calisto vilanculo

25

florestal pode estar ligada a variação do grau de exposição da degradação do homem, diferença

de idade das espécies traduzida pela diferença de diâmetro e o tipo de miombo envolvido, neste

caso verificou que o género Brachystegia foi a que sequestrou maior quantidade de carbono, e no

estudo em causa o mesmo género Brachystegia sequestrou maior quantidade de carbono. No

entanto verificou-se ainda que as diferenças de teor de carbono obtido no presente estudo com o

carbono obtido por Matusse (2013) explica-se por diferenças de equações usadas para determinar

o carbono.

Em geral o carbono na floresta variou de 4,43 a 30,24 ton/ha, comparando com Williams et al.

(2007), que estudaram o sequestro de carbono e biodiversidade de regeneração de florestas de

miombo em Moçambique, na comunidade de N'hambita, nas proximidades do Parque nacional de

Gorongosa, na província de Sofala, estimaram valores de 8-19 ton/ha de carbono para tronco nas

florestas, Marzoli e Del Lungo (2009) encontraram 10,9 a 15,3 t /ha no miombo aberto e 14,6 a

20 t /ha no miombo denso, Ryan (2009) em miombo em Mocambique encontrou 1,4-21,3 ton/ha

de carbono.

Page 38: Projecto final de calisto vilanculo

26

A figura 3 apresenta o comportamento das espécies em termos de sequestro de carbono na

floresta com grau de cobertura arbórea 10-30%, neste caso, são ilustradas as espécies que se

destacaram maioritariamente pela sua capacidade de sequestro de carbono, portanto verificou-se

que a Brachystegia spiciformis, Erythrophleum lasianthum, Julbernardia globiflora contribuem

mais em termos de sequestro de carbono. Embora as espécies desta classe de cobertura arbórea

tenham contribuído para sequestro de carbono, verifica-se que espécies desta classe de cobertura

são as que têm menor potencialidade de sequestro de carbono em toda a floresta em causa.

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

Bra

chyst

egia

spic

iform

is

Ery

thro

phle

um

las

ianth

um

Julb

ernar

dia

glo

bif

lora

Scl

eroca

rya

bir

rea

Dip

lorh

ynch

us

condylo

carp

on

Mil

lett

ia s

tuhlm

annii

Pte

roca

rpus

rotu

ndif

oli

us

Alb

izia

ver

sico

lor

Ter

min

alia

ser

icea

Com

bre

tum

fra

gra

ns

Pse

udola

chnost

yli

s m

apro

unei

foli

a

Pil

iost

igm

a th

onnin

gii

Kay

a nyas

ica

Alb

izia

adia

nth

ifoli

a

Pte

leopsi

s m

yrt

ifoli

a

Cro

ssopte

rix f

ebri

fuga

Alb

izia

ver

sico

lor

Xan

thoce

rcis

zam

bes

iaca

stry

chnos

mad

agas

cari

ensi

s

Xer

oder

ris

stuhlm

annii

Sw

artz

ia m

adag

asca

rien

sis

Per

icopsi

s an

gole

nsi

s

Vit

ex d

onia

na

Tab

ernae

mon

tana

eleg

ans

Com

bre

tum

ery

thro

phyll

um

Par

inar

i cu

rate

llif

oli

a

Carb

on

o em

ton

/ha

Especies

Page 39: Projecto final de calisto vilanculo

27

Figura 3: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 10-30% de cobertura

Page 40: Projecto final de calisto vilanculo

28

A figura 4 apresenta o comportamento das espécies em termos de sequestro de carbono na

floresta com grau de cobertura arbórea 30-40%, neste caso, são ilustradas as espécies que se

destacaram maioritariamente pela sua capacidade de sequestro de carbono, portanto a partir do

gráfico verificou-se que a Brachystegia spiciformis, Julbernardia globiflora, Brachystegia

glaucescens contribuem mais em termos de sequestro de carbono, verifica-se ainda que a floresta

com este grau de cobertura arbórea, a Brachystegia spiciformis tem o potencial do sequestro de

carbono muito acentuado, isto se deve a maior contribuição de biomassa que a espécie em causa

possui, portanto a maior potencialidade destas espécies contribuiu bastantemente para que esta

classe seja a que sequestra maior carbono em toda floresta.

Figura 4: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 30-40% de cobertura arbórea.

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Carb

on

o e

m t

on

/ha

Especies

Page 41: Projecto final de calisto vilanculo

29

A figura 5 apresenta o comportamento das espécies em termos de sequestro de carbono na

floresta com grau de cobertura arbórea 40-50%, neste caso, são ilustradas as espécies que se

destacaram maioritariamente pela sua capacidade de sequestro de carbono. Portanto a partir do

gráfico verificou-se que a Breonadia salicina, Brachystegia glaucescens e Erythrophleum

lasianthum contribuem mais em sequestro de carbono nesta classe de cobertura arbórea. Embora

as espécies acima descritas tenham contribuído significativamente em sequestro de carbono,

mostra-se que a capacidade destas espécies é menor em relação aos das espécies da classe com

cobertura arbórea 30-40%, conforme são ilustradas na figura 4.

Figura 5: Espécies que contribuem mais em carbono na classe de 40-50% de cobertura arbórea

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

0.45

Carb

on

o e

m t

on

/ha

Especies

Page 42: Projecto final de calisto vilanculo

30

5 CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados e discutidos, em concordância com os objectivos deste

trabalho constatou-se que:

Quanto aos parâmetros da estrutura horizontal verificou-se que a Diplorhynchus

condylocarpon, Julbernardia globiflora, Combretum fragrans, Bauhimia galpinii,

apresentaram maiores frequências, e as percentagens ilustram que há alta heterogeneidade

da vegetação na floresta em causa. A Brachystegia spiciformis, Diplorhynchus

condylocarpon, Julbernardia globiflora, Brachystegia glaucescens, apresentaram-se com

maiores abundâncias, neste caso, verificou-se que abundância diminui à medida que as

espécies se tornam raras. As espécies mais dominantes foram a Diplorhynchus

condylocarpon, Bauhimia galpinii, Combretum fragrans, Julbernardia globiflora, e estas

espécies são típicas da floresta de miombo. As espécies mais importantes são a

Diplorhynchus condylocarpon, Brachystegia spiciformis, Julbernardia globiflora,

Combretum fragrans. A floresta tem índice de diversidade de espécie média a alta.

Quanto ao carbono verificou-se que, a quantidade de carbono variou de 4,43 a 30,24

ton/ha, da qual a floresta com cobertura arbórea 30-40% possui maior quantidade de

carbono 30,24 ton/ha, seguida do tipo florestal com grau de cobertura arbórea de 40-50%

com cerca de 5,57ton/ha de carbono, por último a classe com cobertura arbórea de 10-

30% apresentou menor quantidade de carbono de 4,43 ton/ha.

Page 43: Projecto final de calisto vilanculo

31

6 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se que ajuste-se uma equação local para estimativa de carbono, uma vez que

os coeficientes usados foram desenvolvidos em outros locais, logo surge a necessidade

que se desenvolva coeficientes locais de modo a estimar o carbono com maior precisão;

Recomenda-se que se faça estudo de estimativa do carbono sequestrado pelo solo, uma

vez que em florestas do miombo o solo sequestra mais carbono em relação as árvores, no

entanto há necessidade de conhecer o potencial de carbono sequestrado por solo.

Page 44: Projecto final de calisto vilanculo

32

7 REFERÊNCIAS

Barbour, M.T., Gerritsen, J., Snyder, B.D. & Stribling, J.B. 1999. Rapid bioassessment

protocols for use in streams and wadeable rivers: periphyton, benthic macroinvertebrates and

fish. 2a ed. E. U.S. Environmental Protection Agency, Office of Water, Washington.

Barreto, L. V.; Freitas, A. C. S.; Paiva, L. C. 2009. Sequestro de carbono. Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia. Brasil.

Brown, S. (1997) Estimating biomass and biomassa change of tropical forests. Forest

Resources Assessment Publication. A primer. FAO No 134. Roma. Italy.

Brown, S. and A. E. Lugo. 1984. Biomass of tropical forests: A new estimate based on forest

volumes.

Brown, S.; Gillespie, A. J. R.; Lugo, A.E. 1989. Biomass estimation methods for tropical

forests with applications to forest inventory data. Forest Science, Lawrence, 1989.

Caldeira, M. V. W. 2003. Determinação de biomassa e nutrientes em uma Floresta Ombrófila

Mista Montana em General Carneiro, Paraná. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) –

Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

Campbell B. 1996. The miombo in transition: Woodlands and welfare in África, CIFOR,

Bagor, Indonésia.

Coraiola, M. 1997. Caracterização estrutural de uma floresta estacional semidecidual

localizada no município de cássia. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná.

Curitiba.

Fearnside, P.M. 2002. Greenhouse gas emissions from a hydroelectric reservoir (Brazil’s

Tucurui Dam) and the energy.

Finol, U.H. 1969. Possibilidades de Manejo Silvicultural para las reservas Forestales de la

Region Occidental.

Frost, P. 1996. The ecology of miombo woodlands, in: Campbell, B. (ed), The Miombo in

Transition: Woodlands and Welfare in Africa, CIFOR, Bogor.

Fujihara, M. A.; Lopez, F. G. 2009. Sustentabilidade e Mudanças Climáticas. SENAC, São

Paulo.

Page 45: Projecto final de calisto vilanculo

33

Gibbs, H K., Brown, S., Foley.J. A and Niles, J.O. 2007. Monitoring and estimating tropical

forest carbon stocks: making REDD and reality. USA.

Gilibaba, R.A., Boon, E.K., Kayombo, C.J., Musamba, E.B.,Kashindye, A.M., Shayo, P.F.

2011. Species Composition, Richness and Diversity in Miombo Woodland of Bereku Forest

Reserve, Tanzania. Forest Training Institute, Olmotonyi, Tanzania.

Gomes e Sousa, A. 1967. Dendrologia de Moçambique. Instituto de Investigação Agronómica

de Moçambique. Imprensa Nacional de Moçambique. Lourenço Marques.

Guedes, B. S. 2004. Caracterização silvicultural e comparação das reservas florestais de

Maronga, Moribane e Zomba, Provincia de Manica. UEM/FAEF.Maputo

Havemann, T. 2009. Measuring and Monitoring Terrestrial Carbon. USA.

Higuchi, N.; Carvalho Jr., J. A. 1994. Fitomassa e Conteúdo de Carbono de Espécies

Arbóreas da Amazônia. Brasil.

Hosokawa, R.T. 1986. Maneio e economia da floresta. Roma. FAO

Intergovernamental Panel on Climate Change. (2007) Climate Change. Valencia.

Júris Ambientis. 2012. Complementação do Inventario Florestal, Levantamentos Florísticos

em Areas de Cerrados e Florestas Estacionais e Censo de Arvores Isoladas. Curitiba.

Koehler, H. S.; Watzlawick, L. F.; Kirchner, F. F. 2002. Fontes e níveis de erros nas

estimativas do potencial de fixação de carbono. In: Sanqueta, C. R. et al. (Eds.). As florestas e

o carbono. Curitiba:p. 251-264.

Lamprecht, H. 1990. Silvicultura Nos Trópicos. RFA. Eschborn

Larcher, W. 2001. Physiological Plant Ecology.

Lima, R. C. C.; Cavalcante, A. M. B.; Marin, A. M.P. 2011. Desertificação e Mudanças

Climáticas no Semiárido Brasileiro. Instituto Nacional do Semiárido, Campina Grande.

Lisboa, S. N. M. 2014. Estimativa de Biomassa e Carbono em Floresta Sempre Verde de

Montanha da Reserva Florestal de Moribane. Projecto final de Licenciatura. FAEF/UEM

Maputo.

Page 46: Projecto final de calisto vilanculo

34

Lorenzi, H. 2002. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas

nativas do Brasil. Brasil

Machado, E. L. M. et al. 2004. Análise comparativa da estrutura e flora do compartimento

arbóreo-arbustivo de um remanescente florestal na Fazenda Beira Lago, Lavras, MG. Revista

Árvore, v.28, n.4, p.499-516.

Machoco, R. de S. 2008. Factor de Expansão de Biomassa Florestal na Região do Corredor da

Beira. Projecto Final para o grau de Licenciatura em Engenharia Florestal. FAEF/UEM.

Maputo.

MAE. 2005. Perfil do Distrito de Mossurize Província de Manica. Maputo.

Marengo, J. 2006. Mudanças Climática Globais e Seus Efeitos Sobre Biodiversidade:

Caracterização do Clima Actual e Definição das Alterações Climáticas para o Território

Brasileiro ao longo do Século XXI. Brasília.

Martinelli, L. A. et al. 1994. Incertezas associadas às estimativas de biomassa em florestas

tropicais. Seminário Emissão X Seqüestro De Co2 – Uma Nova Oportunidade De Negócios

Para O Brasil, Rio De Janeiro. Anais...Rio de Janeiro

Marzoli, A. 2007. Relatório do inventário florestal nacional: Direcção Nacional de Terras e

Florestas. Ministério da Agricultura. Maputo.

Marzoli, A., Del Lungo, P. 2009. Evaluation of N’hambita Pilot Project. Mozambique.

Matusse, E. J. 2013. Quantificação de carbono em terrenos florestais: Estudo de caso de

Lugela, Provincia da Zambézia. Projecto de Licenciatura UEM/FAEF. Maputo.

Oliveira, P. E. A. M.; Ribeiro, J. F.; Gonzales, M. I. 1989. Estrutura e distribuição espacial de

uma população de Kielmeyera coriacea Mart. de cerrados de Brasília. Revista Brasileira de

Botânica, v.12, n.1, p.39-47.

Oliveira-Filho, A. T.; Camisão-Neto, A. A.; Volpato, M. M. L. 1996. Structure and dispersion

of four tree populations in an area of montane semi-deciduous forest in southeastern Brazil.

Biotropica, v.28, n.4, p.762-769.

Raven, P.H.; Evert, R.F.; Eichhom, S. E. 2001. Biologia Vegetal. 6a ed. Editora: Guanabara

Koogan.

Page 47: Projecto final de calisto vilanculo

35

Ribeiro, N. S.; et al. 2013. Monitoring vegetation dynamics and carbon stock density in

miombo woodlands. Department of Forest Engineering, Eduardo Mondlane University.

Maputo.

Ribeiro, N; Sitoe, A. A.; Guedes, B. S; Staiss, C. 2002. Manual de Silvicultura Tropical.

UEM. FAEF/DEF. Maputo.

Ribeiro, S. et al. 2010. Quantificação de biomassa e estimativa de estoque de carbono em uma

capoeira da zona da mata mineira, Brasil.

Russo, R. O. 1983. Mediciones de biomassa em sistemas agroflorestales. Turrialba: CATIE.

Ryan, C. M. 2009. Carbon cycling, fire and phenology in a tropical Savanna woodland in

Nhambita, Mozambique. PhD thesis, University of Edinburgh, Edinburgh.

Sanquetta, C. R. 2002. Métodos de determinação de biomassa florestal. In: Sanquetta, C. R. et

al. (Eds.). As florestas e o carbono. Curitiba.

Schaaf, L. B. et al. 2006. Alteração na estrutura diamétrica de uma floresta ombrófila mista

no período entre 1979 e 2001. Revista Árvore, v.30, n.2, p.283-295.

Silva, R. W.C., Paula, B.L 2009. Causa do aquecimento global: antropogénica versus natural.

Terra didáctica, Brasil.

Silveira, P., Koehler, H.S., Sanqueta, R.C. e Arce, J.E. 2008. O estado da arte na estimativa

de biomassa e carbono em formações florestais. Curitiba.

Sitoe, A. A.; Tchaúque, F. 2007. Medição de Biomassa Florestal Utilizando Informação do

Inventário Florestal. Maputo.

Sitoe, A.; Salomão, A.; Wertz-Kanounnikoff, S. 2012. O contexto de REDD+ em

Moçambique: Causas, actores e instituições. Maputo.

Somogyi, Z.; Cienciala, E.; Mäkipää, Muukkonen, P.; Lehtonen A.; Weiss, P. 2006. Indirect

methods of large forest biomass estimation. Europe Journal Forest Research.

Tolentino, M., Rocha-Filho, R.C. 1998. A química no efeito estufa.

Tomo, F. A. 2012. Estimativas de stock de carbono nas florestas de miombo em Gondola.

Projecto final de Licenciatura. FAEF/UEM Maputo

Page 48: Projecto final de calisto vilanculo

36

Walker, W. 2011. Guião de campo para Estimativa de Biomassa Florestal e Estoque de

Carbono. Centro de Pesquisas Woods Hole, Falmouth, Massachusetts, USA.

Williams, C. A.; Hanan, N. P.; Neff, J. C.; Scholes, R. J.; Berry, J. A.; Denning, A. S.; Baker,

D. F. 2007. Africa and the global carbon cycle. Carbon Balance and Management.

Yu, C. M. 2004. Sequestro florestal de carbono no brasil – dimensões políticas,

socioeconômicas e ecológicas. Tese de Doutoramento em Meio Ambiente e

Desenvolvimento. Curitiba.

Zavale, M. S. 2013. Caracterização Fitossociológica e Relações Hipsométricas da Plantação

de Chanfuta em Michafutene no Distrito de Maracuene . Projecto Final de Licenciatura.

UEM/FAEF Maputo.

Zolho, R. 2010. Mudanças Climáticas e as Florestas em Moçambique. Amigos da

Floresta/Centro de Integridade Pública. Maputo.

Page 49: Projecto final de calisto vilanculo

37

ANEXOS

Anexo 1. Lista de espécies

Nome científico

Acacia abissínica

Acacia nigrescens

Albizia adianthifolia

Albizia versicolor

Amblygonocarpus andongensis

Annona senegalensis

Antidesma venosum

Artabotrys brachypetalus

Azanza garckeana

Bauhinia galpinii

Berchemia discolor

Brachylaena discolor

Brachystegia boehmii

Brachystegia glaucescens

Brachystegia spiciformis

Brackenaidgea zanguebarica

Breonadia salicina

Catunaregam spinosa

Combretum erythrophyllum

Combretum fragrans

Combretum molle

Cordyla Africana

Crossopterix febrifuga

Cussonia arborea

Cymbopogon excavatus

Dalbergiella nyassae

Desmondium salicifolium

Dicrostachys cinerea

Page 50: Projecto final de calisto vilanculo

38

Diospyros mespiliformis

Diospyrus quiloensis

Diplorhynchus condylocarpon

Dracaena usamberensis

Entada rheedii

Eragrostis aspera

Eragrostis rigidon

Erythrophleum africanum

Erythrophleum lasianthum

Eugenia natalensis

Ficus sp.

Friesodielsia obovata

Friodesia obovate

Gardenia volskei

Grevia cafra

Hibiscus canabinus

Hollarrhena pubescens

Hymenocardia acida

Hyparrhemia filipendula

Hyparrhemia hirta

Indigofera sp.

Ipomeia aquatica

Julbernardia globiflora

Justica flava

Justicia betonica

Kaya nyasica

Kyphocarpa angustifolia

Landolphia kirkii

Lannea schweinfurthii

Lantana camara

Lippia javanica

Page 51: Projecto final de calisto vilanculo

39

Lonchocarpus bussei

Macaranga capensis

Markhamia obtusifolia

Markhamia zanzibarica

Maytenus heterophylla ou Gymnosponia heterophylla

Melhanea sp.

Millettia stuhlmannii

Mucuna coriacea

Nidorella sp.

Ormocarpum kirkii

Panicum coloratum

Panicum maximum

Panicum natalense

Parinari curatellifolia

Pavetta sp.

Peltophorum africanum

Percicopsis angolensis

Phyllanthus sp.

Piliostigma thonningii

Pseudolachnostylis maprouneifolia

Pteleopsis myrtifolia

Pterocarpus angolensis

Pterocarpus rotundifolius

Rhus chimindensis

Sclerocarya birrea

Securinega sp.

Senecio panduriformis

Senecio panduriformis

Setaria megaphylla

Sporobolus panicoides

Strychnos coculoides

Page 52: Projecto final de calisto vilanculo

40

Strychnos madagascariensis

Strychnos potatorum

Strychnos sp.

Strychnos spinosa

Strychnos usamborensis

Surilax anceps

Swartzia madagascariensis

Tabernaemontana elegans

Tabernaemontana ventricosa

Tarenna supra-axillaris

Tephrosia purpurea

Terminalia sericea

Terminalia stenostachya

Tinta lartabro

Trema orientalis

Uapaca kirkiana

Vangueria infausta

Vernonia centaureoisdes

Vernonia colonata

Vernonia myriantha

Vigna luteola

Vitex doniana

Wrightia natalensis

Xanthocercis zambesiaca

Xeroderris stuhlmannii

Ximenia americana

Zanthoxylum dugoense

Zauricurcas zacurifolia

Page 53: Projecto final de calisto vilanculo

41

Anexo 2. Ficha do campo

Província Posto administrativo_______________ .

Tipo de Floresta Parcela________________________ .

Lat: Log:_ Data /_ / .

Nome da Espécie DAP (cm) Altura (m) Obs.:

Científico Local