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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC INSTITUTO UNIVERSIDADE VIRTUAL UFC VIRTUAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE SOBRAL 2016

Salade aula invertida e fórum moodle

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Page 1: Salade aula invertida e fórum moodle

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

INSTITUTO UNIVERSIDADE VIRTUAL – UFC VIRTUAL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS

SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA

APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE

SOBRAL

2016

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FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS

SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA

APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE

Monografia apresentada a Especialização

em Educação a Distância do

Departamento de Ciências Humanas da

Universidade Federal do Ceará, como

requisito parcial para a obtenção do Título

de Especialista em Educação a Distância.

Orientador: Prof. Dr. Gilvandenys Leite

Sales.

Co-orientadora: Prof. MSc Alexandra Joca

Gonçalves

SOBRAL

2016

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FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS

SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA

APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE

Monografia apresentada a Especialização em Educação a Distância junto ao Instituto Universidade Virtual - UFC Virtual, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Educação a Distância.

Aprovada em 17 de novembro de 2016, pela banca examinadora constituída pelos

professores:

Prof. Dr. Gilvandenys Leite Sales (Orientador)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Prof. MSc Alexandra Joca Gonçalves (Co-orientadora)

Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC)

Prof. MSc Eliana Alves Moreira Leite (SME)

Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza

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A Jesus Cristo, por sua Divina

Misericórdia em minha vida.

A meus pais, Vicente (in memorian) e

Dolores, por acreditar em minhas

potencialidades.

Page 5: Salade aula invertida e fórum moodle

AGRADECIMENTOS

Ao meu querido esposo Edmilson Farias, pelo incentivo e

companheirismo, aos meus filhos Gabriel e Enya, pelo amor gratuito.

À minha amiga Cilene Maria Freitas, pelos incentivos sempre e

contribuições em todos os meus trabalhos acadêmicos.

À todos os professores do Curso de Especialização em Educação a

Distância, em especial aos queridos Adriano Silveira Machado e Eliana Alves

Moreira Leite pelos conhecimentos proporcionados.

À coordenação do Curso de Especialização em Educação a Distância, em

nome do prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos e do prof. Nelson Vasconcelos.

À também querida profª Maria José Araújo Souza, pela disponibilidade e

conversas quando esta pesquisa ainda estava tão obscura em minha mente.

Aos meus queridos e companheiros de muitos trabalhos em colaboração

Alex Martins, Geórgia Clara, Neuton Júnior e Alemilda Aragão, pela troca de

saberes.

À Alexandra Joca, por sua gentileza e disponibilidade a cada solicitação e

à Siany Góes, por sua colaboração em dados da pesquisa.

Ao meu querido orientador, prof. Denys Sales, por seus incentivos e tão

sábias contribuições à minha pesquisa.

Page 6: Salade aula invertida e fórum moodle

―Se protegêssemos os cânions contra as

tormentas, jamais veríamos a beleza de

seus entalhes.‖ (Elizabeth Klüber-Rossi)

Page 7: Salade aula invertida e fórum moodle

RESUMO

Diante dos recursos atuais incrementados pelas tecnologias digitais, não se pode

mais conceber que em processos ensino-aprendizagem, estes não se façam

presentes, entretanto, faz-se necessário adequar metodologias às suas aplicações.

Nesta pesquisa propõe-se uma análise das Metodologias Ativas Sala de Aula

Invertida (Flipped Classroom) e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio,

que visam colaborar para o estudante perceber-se responsável pela construção do

próprio conhecimento, promovendo sua autonomia e mobilizando suas habilidades

cognitivas para transformá-las em conhecimentos conectados com a realidade em

que está inserido. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar o uso da Sala de Aula

Invertida como metodologia pedagógica na Educação a Distância - EaD,

exclusivamente no Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA Moodle, e foi realizado

junto à 1ª turma da Especialização em Educação a Distância da Universidade

Federal do Ceará - UFC. Os dados foram coletados por meio da disciplina Avaliação

Educacional em Educação a Distância no AVA Help Class Online, com maior

relevância às informações do fórum de discussão da Aula 3 - Concepções Atuais de

Avaliação, e da observação e participação da autora, como aluna da referida

disciplina. Os resultados possibilitaram reconhecer os referenciais teóricos da Sala

de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, bem

como os pilares/princípios que as sustentam (Ambiente Flexível, Cultura de

Aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado), e se os

mesmos foram empregados no planejamento e estruturação do fórum de discussão

abordado nesta pesquisa. Destacaram-se, ainda, as potencialidades e dificuldades

no uso destas Metodologias Ativas no processo ensino-aprendizagem na EaD. Por

meio deste estudo, pode-se verificar que o fórum de discussão analisado não

utilizou, em seu planejamento e estruturação, a Metodologia Ativa Sala de Aula

Invertida nem o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, pois não seguiu

os referenciais teóricos, nem os pilares pedagógicos, sugeridos por seus

idealizadores, mas sim, outros referenciais que não os expostos nesta pesquisa.

Palavras-chaves: Metodologia Ativa; Educação a Distância; Sala de Aula Invertida.

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ABSTRACT

Faced with all the current resources applied by the digital Technologies, It is not

acceptable anymore that in learning-teaching process, these resources are not used,

however, it is necessary to make some methodological adjustments when it is

applied. In this research it is proposed the analysis of Flipped Classroom

methodologies and Inverted method of learning, which it aims to encourage students

to notice that they are responsible for their own learning, providing their autonomy

and putting into practice their cognitive abilities in order to turn into connected

knowledge with the reality they are in. The research had as a goal to evaluate the

use of Flipped classroom as a pedagogical methodology in the Distance Learning

(EAD), mainly in the Virtual Interface of learning – AVA Moodle, and it was developed

with the first Specialization (course) group in Distance Learning from the Federal

University of Ceará (UFC). The information were taken through the Educational

Evaluation in Distance learning subject in the AVA Help Class Online, giving more

relevance to the information regarded to the discussion forum from class 3 – Current

conception of Evaluation, in addition involvement and observation of the subject

author. The results enabled to know the theories regarded to Flipped classroom and

its methods, as well as its principles (Flexible interface, learning culture, intentional

content or directed and qualified educator), and if the same were applied in the forum

planning developed in this subject. It is still highlighted the capabilities and difficulties

in the use of these methodologies in learning-teaching process in Distance learning

(EAD). It is possible to check out that in the forum discussion analyzed were not used

the Flipped classroom methodology neither the inverted method of learning, since the

theories were not followed, neither the pedagogical bases, which were suggested by

their creators, but rather, another references that are not exposed in this research.

Keywords: Active Methodology; Distance Learning; Flipped Classroom

Page 9: Salade aula invertida e fórum moodle

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Taxonomia de Bloom ................................................................................ 27

Figura 2 - Taxonomia de Bloom baseada no Modelo Invertido de Aprendizagem para

o Domínio ................................................................................................. 29

Figura 3: Objetivos de Aprendizagem para a Unidade Didática Teoria Atômica

utilizando a Taxonomia de Bloom............................................................. 30

Figura 4 - Apresentação da disciplina no AVA Help Class Online ............................. 41

Figura 5 - Apresentação da Aula 3 no AVA Help Class Online ................................. 42

Figura 6 - Mensagem enviada por Tutor 1 ................................................................ 44

Figura 7 - Mensagem enviada por Tutor 2 ................................................................ 44

Figura 8 - Estudantes inscritos na disciplina ............................................................. 45

Figura 9 - Divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum de discussão .... 46

Figura 10: Perguntas norteadoras do Fórum nos Pequenos Grupos ........................ 47

Figura 11: Perguntas norteadoras do Fórum Geral - Todos os participantes ............ 47

Figura 12 - Comentário do Aluno 1 do Grupo 11 ....................................................... 50

Figura 13 - Comentário do Aluno 2 do Grupo 9 ......................................................... 50

Figura 14 - Comentário do Aluno 3 do Grupo Fórum Geral ...................................... 50

Figura 15: Verbo de ação utilizado nas perguntas norteadoras nos Pequenos Grupos

........................................................................................................................ 56

Figura 16 - Verbo de ação utilizado no questionamento para o Fórum Geral - Todos

os participantes ............................................................................................... 57

Quadro 1 - Número de estudantes por grupo ............................................................ 45

Gráfico 1 – Número de participações do Tutor 2 nas discussões com os grupos ..... 54

Page 10: Salade aula invertida e fórum moodle

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 AS METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO ................................................... 16

3 A METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM)

............................................................................................................................ 20

3.1 Surgimento da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) ................................ 20

3.2 Caracterização da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) .......................... 22

3.3 A mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ............. 24

3.4 Aporte Teórico para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ........ 26

3.5 Pilares/Princípios Pedagógicos das Metodologias .............................................. 30

4 A SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) NA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA ............................................................................................................. 34

4.1 O Fórum de Discussão na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de

Aprendizagem para o Domínio .................................................................................. 36

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 40

5.1 Caracterização da Pesquisa ................................................................................ 40

5.2 A proposta da Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da Aula 3 ............. 43

6 ANÁLISE E DISCUSSÕES .................................................................................... 49

6.1 Análise do Fórum quanto aos Pilares/Princípios da Sala de Aula Invertida e do

Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ................................................. 49

6.1.1 Análise quanto a Flexibilidade do Ambiente ..................................................... 49

6.1.2 Análise quanto a Cultura de Aprendizagem ..................................................... 51

6.1.3 Análise quanto ao Conteúdo Intencional ou Dirigido ........................................ 52

6.1.4 Análise quanto ao Educador Qualificado.......................................................... 53

6.2 Análise do Fórum quanto aos referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom ..... 55

6.3 Identificação das potencialidades e dificuldades no uso da Sala de Aula Invertida

e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ......................................... 58

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 62

Page 11: Salade aula invertida e fórum moodle

10

1 INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo, o imediatismo, a globalização, a necessidade

de constante atualização, a enxurrada de informações, as modificações nos campos

social, político, cultural e econômico e a comunicação vêm provocando mudanças

nas relações entre os seres humanos e destes com o meio em que vive. Essas

relações são cada vez mais incrementadas e influenciadas pelo uso das Tecnologias

Digitais da Informação e Comunicação - TDIC, enfatizando a internet e suas redes

sociais.

Essas transformações no mundo globalizado acabam por exigir o perfil de

um profissional mais competente, mais informado e mais dinâmico, que possa

competir nesta sociedade. A internet vem possibilitando a inserção das tecnologias

na educação, interferindo no modo de aprender e ampliando o espaço da sala de

aula. Por meio dela podemos aprender em qualquer lugar, de variadas formas e com

a colaboração de diferentes pessoas.

Impulsionada pela internet, a Educação a Distância - EaD vem, cada vez

mais, conquistando espaço no cenário educativo. Modalidade esta que rompe com

os limites físicos e temporais do aprendizado e possibilita ao indivíduo buscar uma

qualificação profissional e/ou acadêmica, proporcionando inovações ao processo

educacional.

Através do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, a EaD no

Brasil é definida no:

Art. 1º. Para os fins deste Decreto, caracteriza--se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005)

A EaD, utilizando-se da internet e das TDIC, vem permitindo cada vez

mais transformar a educação, possibilitando ser realizada totalmente a distância ou

de forma híbrida - blended learning ou b-learning, ou seja, mescla momentos em

espaços presenciais e virtuais, utilizando-se, por vezes, de Ambientes Virtuais de

Aprendizagem - AVA. Essa forma de EaD, também intitulada b-learning ou

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aprendizagem híbrida, combina métodos de ensino-aprendizagem presencial e a

distância, caracterizando, assim, o ensino híbrido por:

(...) um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p.7).

No contexto atual, onde se vive e convive numa sociedade altamente

conectada, o modo como os indivíduos aprendem também vem se modificando. A

aquisição de conhecimentos não acontece de forma linear e formal, mas com a

interação e colaboração em rede.

O mesmo acontece com o ensinar, onde os espaços de aprendizagem

estão permeados por tecnologias. Cada vez mais o b-learning vem se fazendo

presente no cotidiano. Diante disso, faz-se necessário dinamizar o processo

educacional integrando novos modelos pedagógicos que estejam ancorados nos

quatros pilares da educação do século XXI que, segundo Delors (2012), são:

aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a

ser.

Mediante as competências e habilidades desenvolvidas no âmbito

educacional o estudante tem a possibilidade de construir seu conhecimento, como

também realizar mudanças comportamentais e atitudinais para a vida em

comunidade.

Dentre as possibilidades de tornar o processo de ensino-aprendizagem

mais próximo da realidade e que atenda as competências necessárias ao novo perfil

do estudante, faz-se necessário e urgente reelaborar novas práticas, por meio de

metodologias que instiguem à um sujeito mais proativo, mais autônomo, crítico e

reflexivo sobre os desafios impostos pela sociedade contemporânea, de onde se

identifica a necessidade da implantação de metodologias ativas.

Para tanto, a inserção de metodologias ativas aproximam a formação do

indivíduo com sua realidade de vida, transformando as informações adquiridas ao

longo do processo formativo em conhecimentos significativos, que colaboram para o

desenvolvimento de uma consciência crítica, articulando teoria e prática. Logo, as

Page 13: Salade aula invertida e fórum moodle

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metodologias ativas possibilitam ao estudante entrar em contato com problemas e

desafios cotidianos da realidade, em que o aluno é o protagonista central,

responsável pelo seu caminhar na busca do conhecimento. Já o professor,

manifesta-se como um facilitador das experiências referentes ao processo de

ensino-aprendizagem.

De acordo com Lopes (2015, p. 352),

O conceito de metodologia ativa está fundamentado nas ideias de John Dewey, desde a década de 1930, sobre aluno ativo e construção do conhecimento em situações que superem a tradicional aula expositiva, em que a finalidade é reprodução e memorização do conteúdo de ensino. O professor deixa de ser o centro do processo, o detentor do conhecimento, e passa a ser aquele que facilita a aprendizagem. O foco passa a ser o aluno, suas necessidades e interesses. A discussão sobre ―como se ensina‖ faz sentido apenas quando inserida em outra, mais ampla, sobre ―como se aprende‖.

Utilizar-se de metodologias ativas no contexto da EaD, em especial em

AVA, é fazer uso das ferramentas disponíveis com a finalidade de buscar um

aprendizado mais autônomo e inovador, onde a aprendizagem significativa é o ponto

de partida de todo o planejamento do processo de ensino-aprendizagem.

Os AVA proporcionam a interação e a colaboração dos indivíduos na

construção do conhecimento, formando uma rede de saberes. Para Santos (2005),

―um AVA é um espaço que proporciona a significação onde indivíduos e objetos

técnicos se relacionam, possibilitando a construção do conhecimento, e,

consequentemente, a aprendizagem‖.

Para Almeida (2003, p.331), os Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVA) são:

(...) sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte

de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação.

Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar

informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas

e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista

atingir determinados objetivos.

O AVA oferece suporte ao processo ensino-aprendizagem como

plataforma que integra ferramentas tecnológicas (síncronas e assíncronas) que

viabilizam o aprendizado. Como ferramentas síncronas, pode-se destacar o chat e a

Page 14: Salade aula invertida e fórum moodle

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videoconferência, e como ferramentas assíncronas tem-se a tarefa, o wiki, o correio,

o fórum de discussão, entre outras.

Dentre as diversas plataformas de educação a distância utilizadas em

instituições de ensino abordar-se-á o Moodle nesta pesquisa, que, segundo Costa

Neto (2013 apud Giraldo et al., 2013), é o AVA mais utilizado no Brasil e no mundo.

Citando Ribeiro e Mendonça (2007, p. 10),

O Moodle permite a adequação das necessidades das instituições e dos usuários, isto acontece por ser um ambiente open source que ao ser utilizado e modificado por várias pessoas do mundo recebe contribuições de melhorias e novas ideias de funcionalidade, ajudando para o aperfeiçoamento do sistema.

Na dinâmica diferenciada para construção do conhecimento a que se

propõem os AVA, a proposta de inserção da metodologia ativa Sala de Aula

Invertida ou Flipped Classroom, como metodologia pedagógica a ser utilizada em

fóruns de discussão, é abordada neste estudo.

De acordo com Santos (2005, p. 228), os fóruns de discussão

são interfaces de comunicação assíncrona, pois permitem o registro e a partilha das narrativas e sentidos entre os sujeitos envolvidos. Emissão e recepção se imbricam e se confundem permitindo que a mensagem circulada seja comentada por todos os sujeitos do processo de comunicação.

Por sua característica assíncrona e colaborativa, o estudante tem um

tempo de reflexão maior em suas postagens e possibilita a realização de pesquisas

que venham a contribuir com a construção e reconstrução do seu conhecimento.

A inserção da Sala de Aula Invertida na EaD possibilita utilizar-se dos

benefícios de uma metodologia já empregada no ensino presencial, como despertar

a curiosidade e pró-atividade do estudante, sua autonomia e aprendizagem

contínua.

Neste estudo, propõe-se analisar a utilização da Metodologia Ativa Sala

de Aula Invertida, ou Flipped Classroom, em um fórum de discussão do AVA

Moodle. Delimitou-se a pesquisa a partir da percepção dos alunos e professores da

Disciplina de Avaliação Educacional em Educação a Distância, do Curso de

Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará - UFC.

Page 15: Salade aula invertida e fórum moodle

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Considerando a contemporaneidade do uso dos AVA como suporte a EaD

e a inquietação em conhecer quais princípios e referenciais teóricos a Metodologia

Ativa Sala de Aula Invertida deve apresentar, visando potencializar o processo de

ensino-aprendizagem em fórum de discussão, justifica a realização do estudo.

Reconhecendo a importância da Sala de Aula Invertida para a construção

da autonomia do estudante, entende-se que a utilização adequada de seus

princípios potencializará o processo ensino-aprendizagem na EaD, de modo a

conceber condições favoráveis para que o estudante assuma o papel de

protagonista na busca do seu conhecimento.

Nesse contexto, o presente estudo busca responder aos seguintes

questionamentos: Por que inserir as Metodologias Ativas na Educação? Como

funciona a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom na EaD?

Quais os pilares dessa metodologia e os referenciais teóricos? Esses pilares e

referenciais teóricos foram seguidos na construção do fórum de discussão utilizando

a Sala de Aula Invertida?

Deste modo, a pesquisa apresenta como objetivo geral: Avaliar o uso da

Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom como metodologia pedagógica na EaD,

em especial, no fórum de discussão do AVA Moodle.

Como caminhos para se atingir tal meta, traçam-se os seguintes objetivos

específicos:

● Identificar como a metodologia funciona na EaD;

● Identificar os pilares e os referenciais teóricos da Sala de Aula Invertida;

● Descrever sua utilização em fórum de discussão no AVA Moodle;

● Descrever sua utilização no fórum de discussão da referida disciplina;

● Identificar potencialidades e dificultadores no uso da Sala de Aula Invertida

na EaD.

O envolvimento com a temática se deu na utilização das metodologias

ativas na docência de cursos técnicos, em experiências passadas de ensino e a

curiosidade de sua incorporação em cursos na modalidade EaD. Além disso, faz

parte do cotidiano de trabalho com a EaD, no que concerne em colaborar com o

planejamento e tutoria de cursos a distância e administrar o AVA Moodle da escola

em que se exerce funções de docente e administração do ambiente.

Page 16: Salade aula invertida e fórum moodle

15

Este trabalho está organizado em seis capítulos que serão,

resumidamente, apresentados a seguir:

No primeiro capítulo, delineia-se sobre a Metodologia Ativa, seu

surgimento e alguns autores que a defendem. Elencam-se, ainda, algumas

metodologias ativas empregadas na educação e em outras áreas, como a saúde.

No segundo capítulo, aborda-se sobre a Metodologia Ativa Sala de Aula

Invertida ou Flipped Classroom, expondo sobre seu surgimento e caracterização.

Aborda também sobre os pilares/princípios que sustentam a metodologia e o aporte

teórico utilizado para sua criação e sua transformação para o Modelo Invertido de

Aprendizagem para o Domínio.

A apresentação da utilização da Sala de Aula Invertida ou Flipped

Classroom na EaD faz-se no terceiro capítulo, bem como sua inserção no fórum de

discussão do AVA Moodle.

Visualizam-se os procedimentos metodológicos da pesquisa no quarto

capítulo, o qual mostrará a aplicação da metodologia Sala de Aula Invertida ou

Flipped Classroom em um dos fórum de discussão utilizado na disciplina Avaliação

Educacional em Educação a Distância, do Curso de Especialização em Educação a

Distância da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Discutem-se os resultados no capítulo quinto, o qual fará análises do uso

do referencial teórico abordado pelos seus idealizadores e a utilização de seus

pilares/princípios na implantação da metodologia pelo docente.

Por fim, no sexto capítulo, traz-se as considerações finais do trabalho e as

possibilidades de investigações posteriores.

Page 17: Salade aula invertida e fórum moodle

16

2 AS METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO

A educação contemporânea vem apontando que já não bastam somente

informações e conteúdos ministrados na escola para a formação do indivíduo de

forma integrada e efetiva para a vida em sociedade. Faz-se necessário o

desenvolvimento, no âmbito escolar, de habilidades e competências que englobem o

indivíduo como um todo, desenvolvendo sua capacidade cognitiva e o seu agir com

as informações recebidas ao longo do processo, transformando-as em

conhecimentos conectados com o mundo.

A formação do estudante visa a aplicação dos conhecimentos adquiridos

no ambiente educacional na resolução de situações em sua vida profissional e em

sociedade, onde as competências relacionadas ao profissional contemporâneo vem

se transformando rapidamente e os conhecimentos tornando-se defasados. Em

virtude disso, torna-se essencial a utilização de metodologias que proporcionem ao

estudante a busca de sua autonomia no aprender a aprender.

Visando reestruturar a educação com estratégias pedagógicas que

desenvolvam uma educação transformadora, que colaborem para a formação de um

sujeito autônomo, capaz de utilizar-se dos conhecimentos adquiridos para modificar

a sociedade em que está inserido, é que professores, que antes dominavam e

controlavam o conhecimento dentro do ambiente educacional, estão oportunizando

aos estudantes o papel de protagonistas do processo ensino-aprendizagem, por

meio de metodologias ativas.

Segundo Rosso e Taglieber (1992), ―as metodologias ativas são

processos que possibilitam fluir naturalmente o ímpeto e a energia, próprios do

desenvolvimento cognitivo e a vontade natural de aprender do estudante,

direcionando-o à aprendizagem‖.

De acordo com Berbel (2011), as bases para a utilização de metodologias

ativas surgem com a Escola Nova, proposta por John Dewey (1859-1952), filósofo,

psicólogo e pedagogo norte-americano. Segundo Dewey, o ideal pedagógico da

Escola Nova difunde que o estudante aprende pela ação, aprende fazendo, e

pregava métodos ativos de ensino e centrados no aluno.

Page 18: Salade aula invertida e fórum moodle

17

Rosso e Taglieber (1992) trazem a contribuição de Piaget para as

metodologias ativas, na obra intitulada Psicologia e Pedagogia (1980), onde o

psicólogo e filósofo faz a análise de novos métodos de ensino e indica a

necessidade de métodos ativos nos processos educativos.

Experiências realizadas há mais de 30 anos, no Canadá (em MacMaster)

e na Holanda (em Maastricht), em Escolas Médicas para países da África, Ásia e

América Latina, são exemplos exitosos de utilização das metodologias ativas na

formação de profissionais da área da saúde, em especial a metodologia

Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning - PBL). No Brasil,

a experiência na formação de Auxiliares de Enfermagem em Minas Gerais e no Rio

de Janeiro já vem ocorrendo há duas décadas (BERBEL, 1998).

A proposta de inserção de metodologias ativas na educação é tornar o

processo educativo mais dinâmico, atraente para os alunos e possibilitar novas

formas de desenvolver o processo de aprender, em que o estudante é protagonista

no seu processo de formação, sendo confrontado com experiências reais ou

simuladas, que vão exigir do mesmo a mobilização de seu potencial cognitivo à

busca de soluções.

Segundo Mitre et al. (2008, p. 2137) ―o estudante precisa assumir um

papel cada vez mais ativo, descondicionando-se da atitude de mero receptor de

conteúdos, buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos

objetivos da aprendizagem‖.

Paulo Freire (2006) e Berbel (2011) são defensores do uso das

metodologias ativas. Ressaltam que, por meio destas, o estudante desenvolve sua

autonomia, isto é, passa de sujeito passivo e receptor, para um sujeito ativo que

aprende superando desafios, resolvendo problemas e construindo novos

conhecimentos a partir de experiências previamente adquiridas ao longo de sua vida

escolar ou social.

Segundo Clemente e Moreira (2014), o pedagogo e filósofo Paulo Freire

(1983) defende a utilização das metodologias ativas na educação de adultos quando

percebe que é a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção

do conhecimento, ancorados a partir dos conhecimentos prévios do sujeito, que

impulsionam sua aprendizagem.

Page 19: Salade aula invertida e fórum moodle

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Em aparte aos conceitos abordados por Freire e a educação presencial,

verifica-se a estreita relação dos mesmos com a EaD, a qual, frequentemente, é

adotada como modalidade de ensino-aprendizagem do público adulto, reportando-se

à andragogia (ciência que estuda a educação do adulto) para apoiar seus métodos

pedagógicos e o desenvolvimento da autonomia, tão necessário ao estudante da

EaD.

Esses conceitos reforçam a inserção de metodologias ativas na promoção

de um aluno autônomo e ativo na construção de seu aprendizado, como os inferidos

pelos benefícios ocasionados pela inserção de problemas que remetam à situações

reais, onde são considerados os conhecimentos prévios do estudante.

Visando proporcionar uma aprendizagem mais autônoma aos estudantes,

Berbel (2011) propõe algumas metodologias ativas que atendem a esse propósito:

● Estudo de caso – Ao estudante são propostos problemas para análise

que levem a tomada de decisões;

● Método de projetos – Modalidade que associa atividades de ensino,

pesquisa e extensão, aproximando o aluno da sua realidade cotidiana;

● Pesquisa científica – Encorajada junto a estudantes de ensino superior,

onde os mesmos são inseridos como colaboradores em projetos de

professores, estabelecendo uma parceria que possibilita um

conhecimento mais elaborado;

● Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning - PBL) –

Modalidade que possibilita ao aluno estudar diversas situações buscando

se capacitar na aquisição do conhecimento autônomo para a resolução de

situações problemas reais. É uma metodologia formativa, pois estimula

uma atitude ativa do estudante em busca do conhecimento e não

somente a absorção de informações.

● Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez – Possibilita

colocar em prática uma pedagogia problematizadora, em que o estudante

vai seguindo etapas (observação da realidade e definição de um

problema, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à

realidade) para alcançar a capacidade de se tornar um agente

transformador da sociedade. A problematização estimula o estudante a

Page 20: Salade aula invertida e fórum moodle

19

fazer a relação prática-teoria-prática, considerando durante o processo

ensino-aprendizagem a realidade social.

As Metodologias Ativas citadas acima, dentre outras, a saber: gamificação

da sala de aula, Flipped Classroom e Peer Instruction- PI, objetivam aproximar o

discente de desafios e problemas que mobilizem seu poder cognitivo para o

enfrentamento de situações reais, formando-o para o pensamento crítico e reflexivo

e, consequentemente, um posicionamento ético em sociedade.

Na seção a seguir, delineia-se sobre o alcance da Metodologia Ativa objeto desta

pesquisa.

Page 21: Salade aula invertida e fórum moodle

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3 A METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED

CLASSROOM)

Nesta seção, aborda-se sobre a metodologia Sala de Aula Invertida ou

Flipped Classroom: surgimento, caracterização, a mudança para o Modelo Invertido

de Aprendizagem para o Domínio e seu aporte teórico e, por fim, os

pilares/princípios que a sustentam.

3.1 Surgimento da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)

Alguns autores trazem referências sobre as experiências iniciais com a

Sala de Aula Invertida. Fonseca et al. (2015) aborda, inicialmente, o princípio da

metodologia a partir da experiência de Walwoord e Johnson Anderson, que já em

1998, antecipadamente ao trabalho em sala, utiliza-se de ensaios e questionários

para a inserção do conteúdo em casa. Em sala de aula, o docente buscava uma

aprendizagem ativa dos estudantes, na análise e resolução de problemas.

Valente (2014) considera que a proposta inicial foi apresentada por Lage,

Platt e Treglia (2000) e designada de ―inverted classroom‖ e usada pela primeira vez

em 1996, numa disciplina de Microeconomia. Os resultados da experiência foram

publicados em 2000, entretanto a metodologia não foi disseminada. Um dos fatores

foi a dificuldade de preparação do material a ser utilizado pelo aluno quando se

encontrasse fora da sala de aula, atentando para os primórdios de desenvolvimento

e disseminação da tecnologia, na década de 90.

Trevelin et al. (2013), Cordeiro (2014), Schneider (2013) e Barbosa et al.

(2015) atribuem a proposta inicial da Sala de Aula Invertida à Jonathan Bergmann e

Aaron Sams, em 2008, com a nomenclatura Flipped Classroom.

Bergmann e Sams (2016), da escola de Química denominada Woodland

Park High School, no Colorado, Estados Unidos, começaram a utilizar outras

estratégias para recuperar aulas perdidas por alunos, os quais necessitavam

ausentar-se por um período de tempo maior. Os referidos professores começaram a

gravar aulas e disponibilizar para o acesso aos estudantes, que, dessa forma, não

seriam prejudicados e conseguiriam acompanhar o restante da turma. Após a

Page 22: Salade aula invertida e fórum moodle

21

visualização dos vídeos, os estudantes teriam um momento presencial para

encontro junto aos professores com o objetivo de sanar possíveis dúvidas

(SCHNEIDER et al., 2013).

A experiência inicial teve tanto êxito que Bergmann e Sams decidiram

inverter a lógica de suas aulas e disponibilizar os vídeos para todos os seus alunos.

Assim, os discentes acessariam o conteúdo da aula exposto por meio de vídeos, em

qualquer lugar e a qualquer momento, e, posteriormente, encontrar-se-iam com os

professores para abordar o conteúdo da aula de forma mais aprofundada e

complexa, aplicando-o em situações reais do cotidiano (SCHNEIDER et al., 2013).

A inversão da sala de aula, propriamente dita, pela utilização de vídeos

on-line, surge de uma reflexão de Sams sobre em que momento os estudantes

necessitavam essencialmente da presença física do educador, que acontecia com o

surgimento de dúvidas e, não, para a exposição do conteúdo em si. A partir de

então, os referidos professores passaram a sugerir os vídeos aos alunos para serem

assistidos em casa, e o tempo em sala de aula era utilizado para atividades práticas

de laboratório e trabalhos com resolução de problemas de ciências. Dessa proposta,

nasceu a Sala de Aula Invertida (BERGMANN; SAMS, 2016).

Percebe-se que surgiram experiências anteriores a Bergmann e Sams. A

Khan Academy (www.khanacademy.org), hoje uma instituição que disponibiliza na

internet vídeo-aulas de diversos conteúdos educacionais (matemática, física,

química, entre outros) para jovens e adultos, também surgiu com a iniciativa de seu

idealizador Salman Khan, em 2004, com gravações de vídeos que colaborassem

nos conteúdos escolares de sua prima, pois permitiria sua visualização por várias

vezes, para dirimir dúvidas (TREVELIN et al., 2013).

Porém, a percepção de visualizar a Sala de Aula Invertida como uma

nova estratégia no processo ensino-aprendizagem foi mesmo dos professores

Bergmann e Sams, inclusive fundando uma organização sem fins lucrativos (sítio na

rede mundial) para disseminar a metodologia: a Flipped Learning Network, que dá

indicações para docentes na utilização da Sala de Aula Invertida.

Page 23: Salade aula invertida e fórum moodle

22

3.2 Caracterização da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)

A ideia da Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom é, como a

nomenclatura sugere, justamente inverter a prática tradicional e expositiva da sala

de aula. Utilizam-se das TDIC para disponibilizar o conteúdo a ser estudado

anteriormente a explanação do professor, modificando a maneira do aluno aprender,

ou seja, invertendo-a.

A proposta colabora para a busca do conhecimento de maneira mais

autônoma e ativa, otimizando o tempo de encontro com o docente e seus pares, no

intuito de promover discussões mais complexas; como também realizar atividades

que remetam a situações reais, onde o estudante tem a possibilidade de colocar em

prática o conhecimento adquirido para a solução de problemas.

De acordo com a organização Flipped Learning Network,

A aprendizagem invertida é uma abordagem pedagógica em que a instrução direta se move da dimensão da aprendizagem em grupo para a dimensão da aprendizagem individual, transformando o espaço do grupo em um ambiente de aprendizado dinâmico e interativo no qual o facilitador orienta os alunos na aplicação de conceitos e envolvimento criativo com o conteúdo do curso.

Grande parte dos artigos referenciados neste estudo utilizam a

nomenclatura Sala de Aula Invertida (SCHNEIDER et al., 2013) (BARBOSA et al.,

2015) (VALENTE, 2014). Cordeiro (2014) opta pelo uso da Flipped Classroom como

Aula Invertida, e, Fonseca et al. (2015) a intitula de Aprendizagem Invertida.

Qualquer que seja a terminologia utilizada para fazer referência a

metodologia, a mesma só acontece se o processo educativo for centrado no

estudante. O professor não mais desempenha o papel de transmissor de

informações, agora ampara os discentes na busca ativa da construção do

conhecimento.

Apesar dos idealizadores utilizarem-se de vídeos para inverter a sala de

aula, professores podem se utilizar de outras mídias que busquem atingir os

mesmos objetivos: do aluno se apropriar do conteúdo anteriormente ao momento

presencial da aula com o grupo e com o professor. Dessa forma, o tempo de sala de

aula que seria para expor o conteúdo, agora, é utilizado para realização de

Page 24: Salade aula invertida e fórum moodle

23

atividades mais úteis e envolventes, visando centralizar a sala de aula na

aprendizagem e no aluno.

Por outro lado, a adoção da Sala de Aula Invertida possibilitaria, ainda,

aos estudantes ter mais tempo livre para criar seu próprio conteúdo - blogs,

produção de vídeos, criação de podcasts e outros produtos educacionais - e

demonstrar conhecimento adquirido sobre diversos tópicos, que revelem a aquisição

dos objetivos de aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016).

Devido ao aluno se apropriar, anteriormente, do conteúdo proposto pelo

professor, esse apoderamento acontece no seu ritmo, o que possibilita analisar de

forma mais minuciosa suas potenciais dificuldades, para no momento do encontro

com o grupo e com o professor, expor suas dúvidas e poder dispor da ocasião para

relacionar o conteúdo teórico a prática, ou seja, à situações reais de aprendizagem.

Essencialmente por esse intuito, a aprendizagem torna-se personalizável.

De acordo com Trevelin et al. (2013 apud BERGMANN, OVERMYER e

WILIE, 2012), para além de simples gravação e visualização de vídeos, a Sala de

Aula Invertida promove a interação entre docentes e discentes; promove a

autonomia dos estudantes, que passam a ser responsáveis por seu próprio

aprendizado; impulsiona a aprendizagem construtivista e oferece aos estudantes um

conteúdo que permite ser acessado quando e quantas vezes o mesmo sentir

necessidade.

Valente (2014 apud Educase, 2012) aponta que a Sala de Aula Invertida

proporciona ao aluno um estudo anterior ao momento da aula e, desse modo, torna-

a um ambiente de aprendizagem mais ativo, que pode ser utilizado para

aprofundamentos sobre o tema proposto e resolução de atividades práticas, ou seja,

tarefas que necessitem de maior carga cognitiva.

Corroborando com os autores citados acima, Bergmann e Sams (2016)

abordam algumas razões, dentre as várias expressas na obra intitulada Sala de Aula

Invertida: Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem (2016), pelas quais os

educadores devem inverter a sala de aula:

● O estudante aprende no seu próprio ritmo, principalmente se a

inversão da aula for realizada por meio de vídeo, pois o discente tem a

Page 25: Salade aula invertida e fórum moodle

24

possibilidade de retroceder e avançar a exposição do professor de

acordo com seu ritmo de aprendizado e necessidade;

● A metodologia intensifica a interação aluno-professor, na medida em

que há mais tempo para a aproximação entre eles no momento

presencial, possibilitando ao professor conhecer mais de perto as

dificuldades do aluno;

● A inversão permite realizar a diferenciação no aprendizado de cada

estudante, possibilitando aumentar ou diminuir a carga de atividades

de acordo com o conhecimento que já foi adquirido por ele.

A Sala de Aula Invertida ocasiona algumas modificações no processo

educativo. O professor, também, apresenta-se com outro perfil, ou seja, é

responsável por direcionar todas as suas iniciativas pedagógicas, visando promover

um ambiente que traga para o foco da metodologia a aprendizagem e o estudante.

E, sobretudo, sempre se questionar se os alunos estão aprendendo e o que ainda

há para ser realizado para ajudá-los no novo processo de aprender, sob

intervenções, caso necessárias.

3.3 A mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio

A Sala de Aula Invertida proporcionou a Bergmann e Sams (2016)

disseminarem a metodologia por todos os Estados Unidos e outros países, como

experiências relatadas na Coréia do Sul, que vinham transformando a forma de

ensinar do educador - que passou a focalizar suas estratégias pedagógicas para o

aluno e seu aprendizado - e de aprender do discente, trazendo resultados exitosos

se comparado ao método tradicional.

Tão grande foi o espanto dos autores ao realizar uma atividade com os

alunos que, ainda conseguindo excelentes resultados durante o ano letivo,

demonstraram que não dominavam os conteúdos essenciais estudados naquele

período. Mesmo invertendo a aula, refletiram que a imposição de um currículo com

objetivos de aprendizagem comuns a todos os alunos, a serem adquiridos sem

considerar o ritmo individual, talvez não proporcionasse o domínio dos temas

propostos.

Page 26: Salade aula invertida e fórum moodle

25

Então, a proposta de Bergmann e Sams, para atender as necessidades

dos discentes, foi adotar um novo modelo de Sala de Aula Invertida o qual

considerasse o ritmo de aprendizagem individual do aluno.

Para tanto, a metodologia foi reestruturada e passou, além de inverter a

sala de aula, a considerar elementos da Aprendizagem para o Domínio (Mastery

Learning), em que o estudante avança de acordo com o seu ritmo de aquisição de

conhecimentos, atingindo objetivos sequenciais de aprendizagem. Sendo assim,

surge o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio.

No Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio todos os

elementos da Sala de Aula Invertida são preservados e há uma individualização

ainda maior do processo educativo. Neste, o estudante só avança para o objetivo de

aprendizagem seguinte quando houver a aquisição do anterior, respeitando seu

próprio ritmo de aprendizagem.

No novo modelo, o ônus da aprendizagem é totalmente dos alunos. Para

ter êxito no processo, o estudante deve responsabilizar-se pela própria

aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016).

Não há mais um ritmo imposto por um currículo a cumprir num

determinado bimestre ou o ritmo imposto pelo professor, que sugere a atividade que

o aluno deve realizar para testar a aquisição dos objetivos educacionais. É o

estudante que impõe o ritmo de aprendizagem e, quando se sente capacitado, faz

avaliações que atestam se o objetivo foi atingido de maneira plena ou suficiente.

Somente a partir de então, o estudante vai em busca de alcançar um novo objetivo

de aprendizagem.

De acordo com Bergmann e Sams (2016), os principais componentes da

Aprendizagem para o Domínio são:

● Os estudantes trabalham em pequenos grupos ou de forma individual,

em ritmo adequado;

● Por meio de avaliações formativas, o professor avalia o nível de

compreensão dos estudantes;

● Quando o estudante sente-se seguro para testar a aquisição dos

objetivos de aprendizagem, realiza avaliações somativas. Se for

Page 27: Salade aula invertida e fórum moodle

26

constatado que tal objetivo não foi adquirido, possibilita-se ao aluno

meios de recuperação.

Ressalta-se que a Aprendizagem para o Domínio não é um método novo;

foi popularizada por Benjamin Bloom e utilizado como referencial teórico do Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio.

A seguir, fala-se mais sobre a utilização do método como aporte teórico

do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio.

3.4 Aporte Teórico para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio

O referencial teórico, utilizado por Bergmann e Sams, para o Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio surge da Aprendizagem para o Domínio,

que consiste na aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, obedecendo

seu próprio ritmo. Neste caso, o discente visa a aquisição dos objetivos de

aprendizagem não para realizar um determinado exame, mas por se responsabilizar

por seu aprendizado.

Os objetivos educacionais, seguindo o método, são alcançados por meio

da Taxonomia de Bloom, criada por Benjamin S. Bloom e seus colaboradores M. D.

Englehart, E. J. Furst, W. H. Hill e D. Krathwohl, em 1956, a pedido da Associação

Norte Americana de Psicologia (American Psycological Association) (FONSECA et

al., 2015; SCHNEIDER et al., 2013; FERRAZ; BELHOT, 2010). O objetivo era

discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos de processos educacionais

(FERRAZ; BELHOT, 2010 apud LOMENA, 2006).

Inicialmente, Bloom e seus colaboradores dividiram os objetivos

instrucionais em três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor. O domínio cognitivo

relaciona-se a aprendizagem, a aquisição de conhecimentos; o afetivo, a

sentimentos e posturas; e o domínio psicomotor, relaciona-se a habilidades físicas

específicas. Dentre os domínios discorridos, o cognitivo é utilizado por educadores

do mundo inteiro na elaboração dos objetivos de aprendizagem e, principalmente, na

elaboração de avaliações.

Para colaborar com o aprendizado de um grupo heterogêneo de

estudantes, buscando a aprendizagem de todos, seria necessário que as estratégias

Page 28: Salade aula invertida e fórum moodle

27

utilizadas pelos educadores e a organização dos processos de aprendizagem, para

estimular o desenvolvimento intelectual, fossem pautados numa mesma direção, ou

seja, com a utilização de uma taxonomia padrão para a classificação dos objetivos

de aprendizagem (FERRAZ; BELHOT, 2010).

A taxonomia de Bloom do Domínio Cognitivo é dividida em 6 categorias

com complexidades crescentes, onde o estudante parte da categoria mais simples

para a mais complexa. O nível consecutivo só é adquirido quando as habilidades do

nível anterior são atingidas. Conforme Ferraz e Belhot (2010, p. 424),

a taxonomia proposta não é apenas um esquema para classificação, mas uma possibilidade de organização hierárquica dos processos cognitivos de acordo com níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento cognitivo desejado e planejado.

Visualizam-se as categorias do domínio cognitivo que mostra que o

estudante vai adquirindo uma habilidade após a outra, do nível mais básico para o

mais complexo (Figura 1). Dessa forma, o professor pode planejar suas estratégias

de forma a colaborar com o discente no alcance das habilidades, propondo objetivos

de aprendizagem do mais simples para o mais complicado.

Figura 1 – Taxonomia de Bloom

Fonte: Elaborada pela autora com base em Ferraz e Belhot (2010)

Ap

ren

diz

ag

em

se

gu

nd

o B

loo

m

HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM SUPERIOR

Co

mp

lexid

ad

e C

rescen

te

Entender

Aplicar

Analisar

Sintetizar

Criar

Lembrar

HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM INFERIOR

Page 29: Salade aula invertida e fórum moodle

28

Apesar de alguns críticos atribuírem um enfoque tecnicista à taxonomia,

alegando o controle do comportamento individual a um ensino pré-definido, a

taxonomia de Bloom possibilitou a padronização da linguagem no meio acadêmico e

novas abordagens sobre os objetivos instrucionais (SCHNEIDER et al., 2013)

(FERRAZ; BELHOT, 2010).

A proposta do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio de

Bergmann e Sams é inverter a sequência de habilidades de pensamentos proposta

por Bloom em sua taxonomia.

Para isso, inicialmente, o educador definiria os objetivos de aprendizagem

de forma clara e utilizando os verbos da taxonomia, conforme o domínio cognitivo a

ser adquirido pelo estudante. Como na Sala de Aula Invertida, o discente inicia a

construção do seu conhecimento e, consequente, aquisição dos objetivos de

aprendizagem de forma autônoma e no seu próprio ritmo, por meio dos materiais

disponibilizados pelo professor.

Ao propor objetivos de aprendizagem que se utilizam dos verbos da

Taxonomia de Bloom, o professor possibilita ao estudante galgar e construir seu

conhecimento partindo dos objetivos de aprendizagem mais simples para o mais

complexo, garantindo dessa forma, uma sequência de objetivos que o levem

(discente) ao domínio das habilidades de ordem superior.

Apresenta-se, portanto, a inversão da Taxonomia de Bloom e a proposta

de Bergmann e Sams para a Sala de Aula Invertida (Figura 2).

Page 30: Salade aula invertida e fórum moodle

29

Estudo em sala com professor e pares

Estudo autônomo

Figura 2 - Taxonomia de Bloom baseada no Modelo Invertido de Aprendizagem para

o Domínio

Fonte: Elaborada pela autora com base em Ferraz e Belhot (2010)

Durante o processo de aquisição dos objetivos educacionais, faz-se

necessário que o professor acompanhe o aprendizado do aluno por meio de

avaliações formativas, sendo essencial uma avaliação somativa final para a

verificação plena ou suficiente da aquisição dos objetivos de aprendizagem.

Observa-se uma proposta de aplicação da Taxonomia de Bloom nos

objetivos de aprendizagem da Unidade Didática Teoria Atômica (Figura 3), utilizada

por Bergmann e Sams no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio

(BERGMANN; SAMS, 2016).

HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM SUPERIOR

Ap

ren

diz

ag

em

Invert

ida

Sintetizar

Analisar

Aplicar

Entender

Lembra

r

Criar

HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM INFERIOR

Page 31: Salade aula invertida e fórum moodle

30

Figura 3: Objetivos de Aprendizagem para a Unidade Didática Teoria Atômica

utilizando a Taxonomia de Bloom

Fonte: BERGMANN; SAMS (2016)

3.5 Pilares/Princípios Pedagógicos das Metodologias

Sugeridos por Bergmann e Sams, e em conformidade com a Flipped

Learning Network para o desenvolvimento das Metodologias Ativas Sala de Aula

Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, faz-se necessário

que o educador incorpore em sua prática pedagógica os quatro pilares a seguir:

Page 32: Salade aula invertida e fórum moodle

31

Flexible Environment – Ambiente Flexível

Learning Culture – Cultura de Aprendizagem

Intentional Content – Conteúdo Intencional ou Dirigido

Professional Educator – Educador Qualificado

Fonte: Adaptado do Site Flipped Learning Network

Nos parágrafos seguintes, explana-se cada um dos pilares citados:

Ambiente Flexível, Cultura de aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e

Educador Qualificado, no contexto da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido

de Aprendizagem para o Domínio.

Para que o estudante possa atingir os objetivos de aprendizagem pelo

Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ou pela Sala de Aula Invertida,

faz-se necessário que o educador crie um ambiente propício à aprendizagem. Isso

no que concerne a diversificação de estratégias pedagógicas e disponibilidade dos

meios utilizados para o estudo individual, ou colaborativo, no caso de trabalhos em

grupos, ou mesmo em ambientes onde os estudantes se ajudam e buscam construir

o conhecimento de forma coletiva e colaborativa.

Desenvolver esse Ambiente Flexível pode ocorrer pela estruturação de

atividades como a aprendizagem por projetos, criando uma sala de aula movida

pelos problemas trazidos pelos alunos ou de seus interesses; um ambiente que

estimule a criatividade por atividades assíncronas, onde os discentes têm a

possibilidade de trabalhar em tarefas diferentes, em momentos diferentes,

empenhados e engajados na própria aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016)

Além de flexível, esse ambiente educacional necessita também ser

acessível a todos os alunos. Ao pensar em se utilizar de uma ferramenta

Page 33: Salade aula invertida e fórum moodle

32

pedagógica, o educador deve se questionar se todos os estudantes terão o mesmo

acesso a ela. Caso o professor queira seguir utilizando a ferramenta, deve ser

criativo e utilizar-se de outros meios para que esta possa chegar até os estudantes,

permitindo a equidade no processo educativo.

Por exemplo, o educador pretende disponibilizar um vídeo on-line de um

certo conteúdo para o aluno, mas nem todos, por morar na zona rural, tem internet

de qualidade. A solução seria disponibilizar o tal vídeo também por mídia DVD para

ser visualizado em um computador ou mesmo numa televisão.

Modificar a cultura do professor como centro do processo educativo,

detentor de todos os saberes e responsável por transferir o conhecimento ao

discente, é o que preconiza a Cultura de Aprendizagem na utilização da metodologia

Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, que

centraliza na aprendizagem do estudante o processo educativo, apoiando-o no

protagonismo do próprio aprendizado.

Nessa nova Cultura de Aprendizagem, o tempo em sala de aula é

utilizado para explorar e aprofundar conhecimentos, de forma individual ou

colaborativa, onde o estudante é ensinado a aprender a aprender e busca alcançar,

com compromisso, os objetivos de aprendizagem - pois sua meta é aprender - e não

somente cumprir com as obrigações escolares e passar de ano.

Tanto na Sala de Aula Invertida como no Modelo Invertido de

Aprendizagem para o Domínio, o estudante vai adquirir o conteúdo teórico de forma

individualizada. Por esse motivo, esse conteúdo deve ser repassado pelo educador,

por meio de um vídeo ou qualquer outra ferramenta pedagógica, de forma

intencional a ajudá-lo a atingir os objetivos de aprendizagem, sempre no seu próprio

ritmo. Lembra-se que o momento presencial ainda pode e deve ser utilizado para

esclarecer possíveis dúvidas ou equívocos no entendimento sobre o conteúdo

estudado pelo discente.

Para que o educador faça a opção por inverter sua Sala de Aula ou

utilizar o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio deve, inicialmente,

apropriar-se da implementação das metodologias, observando sua peculiaridades e,

ao planejar suas estratégias pedagógicas, considerar todos os pilares/princípios

anteriormente apresentados.

Page 34: Salade aula invertida e fórum moodle

33

Nestas propostas de Metodologias Ativas, faz-se necessário a habilidade

de um professor reflexivo sobre sua prática docente, pois ajustes no processo serão

essenciais para ajudar aos estudantes a alcançarem os objetivos de aprendizagem.

Para isso, faz-se essencial a realização de avaliações formativas, visando

acompanhar o caminhar do discente no seu processo de aprender, garantido, por

meio do feedback, que esse estudante está obtendo progressos na formação e na

aquisição dos objetivos educacionais.

Acima de tudo, o educador que decide incorporar a Sala de Aula Invertida

ou o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio deve renunciar ao controle

do processo de aprendizagem, que passa a ser desempenhado pelo estudante, o

qual deve ser o foco de todo o processo educativo.

Page 35: Salade aula invertida e fórum moodle

34

4 A SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) NA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

Ao referir-se a implantação da Sala de Aula Invertida ou do Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio na EaD, cujas metodologias baseiam-se

em referenciais teóricos e pilares/princípios pedagógicos, esses terão que ser

respeitados, independente de sua utilização na educação presencial ou a distância.

Cordeiro (2014) traz uma reflexão interessante, que surge na inserção da

estratégia pedagógica Flipped Classroom na EaD. Na visão da autora, a modalidade

já segue a metodologia de ensino em que o estudante tem contato anteriormente

com o conteúdo, realizado por meio dos AVA, na maioria das vezes.

Dessa forma, como estruturar a Sala de Aula Invertida ou o Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio na EaD? Schneider et al. (2013) defende

que a inserção da Sala de Aula Invertida deve ser organizada como blended

learning, que mistura elementos das modalidades presenciais e a distância.

Para os autores, o estudante inicia seu auto-estudo por meio das mídias

sugeridas pelo educador (vídeo, hiperlinks e hipertextos, entre outros recursos),

onde adquire as habilidades de ordem inferiores; posteriormente, pratica a pesquisa

e a interação com os pares e professor por meio das ferramentas disponíveis no

ambiente virtual; e, por fim, adquire as habilidades de ordem superiores nos

encontros presenciais, onde terá a oportunidade de realizar ações de criar e

sintetizar.

Consensua-se com os autores que, os objetivos de aprendizagem

propostos pelo educador, em atividades que utilizam as ferramentas dos AVA,

devem levar o estudante a adquirir - no seu ritmo e buscando atingir os objetivos de

forma sequencial e progressiva, do mais simples para o mais complexo - as

habilidades de ordem superiores e não somente o nível de conhecimento, mas sua

aplicação e análise.

As diversas ferramentas síncronas e assíncronas podem ser utilizadas

para diversificar as estratégias pedagógicas do professor na tentativa de aquisição

dos objetivos educacionais pelo estudante, de forma individual ou colaborativa. O

educador pode disponibilizar uma vídeoaula, uma apostila instrutiva ou qualquer

Page 36: Salade aula invertida e fórum moodle

35

outro meio para o estudo individual do discente e aquisição das habilidades de

ordem inferiores, que é o Lembrar e o Entender.

Salienta-se que as mídias escolhidas pelo docente devem estar

acessíveis a todos os alunos e a todo momento, reforçando ainda mais o conceito

de Ambiente Flexível para o uso das metodologias Sala de Aula Invertida e Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio.

A Cultura de Aprendizagem já é inerente a EaD, pois tem o estudante

como centro do processo de aprendizagem e a cultura do aprender, que acontece

com suas próprias reflexões, com a vivência de seus pares e com a experiência do

educador. Nessa perspectiva, é interessante, para fomentar a Cultura de

Aprendizagem na EaD, a inserção de momentos presenciais, onde os discentes

podem interagir e trocar saberes de forma mais intensa com seus pares e professor,

valendo-se desse momento para a criação de laços entre o grupo de alunos e

docente.

Orientando-se pelos objetivos de aprendizagem, o educador deve

escolher, dentre as ferramentas disponíveis nos AVA (síncronas ou assíncronas), as

que possam contribuir para um melhor entendimento do Conteúdo Intencional

proposto para a etapa em que se encontra, visto que esse aluno vai, inicialmente,

estudar sozinho e no seu próprio ritmo. Então, a relação conteúdo e ferramenta no

ambiente deve ser bem planejada pelo docente para o êxito da aprendizagem do

estudante.

Além de conhecer as especificidades da EaD, o professor que vai

conduzir algum curso, disciplina ou unidade didática que adote as Metodologias

Ativas Sala de Aula Invertida ou Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio,

vai necessitar conhecer também sobre a utilização da Taxonomia de Bloom. Isto

deve-se a necessidade de propor objetivos educacionais que realmente façam o

estudante aprender, procurando trazer objetivos mais simples no início do percurso

da aprendizagem, e, posteriormente, objetivos mais complexos, que farão o discente

chegar a um domínio cognitivo mais à nível da criação, síntese e aplicação.

As ferramentas e recursos disponíveis no AVA podem auxiliar o professor

a fornecer o feedback tão necessário ao estudante no seu percurso de

aprendizagem, principalmente pela especificidade de estar sozinho, inicialmente,

Page 37: Salade aula invertida e fórum moodle

36

para a aquisição dos conhecimentos teóricos nessas modalidades. O feedback tem

cunho formativo e busca avaliar a trajetória do aluno na aquisição do objetivos de

aprendizagem.

Elenca-se o Quiz, que pode ser utilizado para medir a aquisição dos

conhecimentos no nível de ordem inferior (lembrar e entender), em que o feedback é

realizado automaticamente pelo próprio AVA; ou a ferramenta Tarefa, que pode

trazer um estudo de caso que mobilize os conteúdos adquiridos até aquele

momento, para a aquisição dos conhecimentos de ordem superiores, onde o

feedback é realizado de forma mais detalhada pelo educador, trazendo indícios

sobre a aquisição ou não dos objetivos de aprendizagem pelo discente.

Independentemente da ferramenta utilizada para fazer a verificação da

aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, o feedback fornecido por meio

delas deve ser realizado ao longo da jornada da aprendizagem, e não somente ao

final do processo.

O aluno é o centro do processo educativo e é o responsável por sua

aprendizagem na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de Aprendizagem

para o Domínio. Porém, para o êxito no uso das modalidades, que é o real

aprendizado do estudante, faz-se necessário que o professor conheça como as

metodologias devem ser implementadas, utilizando-se de seu referencial teórico e

dos pilares que as norteiam, no intuito de definir como empregar os recursos

disponíveis no AVA (suas ferramentas) para colaborar na aquisição dos objetivos de

aprendizagem.

Dessa forma, parte-se para a exposição da aplicação da Sala de Aula

Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na ferramenta do

AVA abordada neste estudo: o fórum de discussão.

4.1 O Fórum de Discussão na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de

Aprendizagem para o Domínio

De orientação construtivista e colaborativa, que sugere que o estudante

aprenda construindo seu aprendizado por meio da interação e troca entre os pares,

Page 38: Salade aula invertida e fórum moodle

37

o fórum de discussão é uma ferramenta assíncrona do AVA Moodle que legitima o

diálogo reflexivo entre os participantes.

Segundo Bicalho e Oliveira (2012 apud PALLOFF, PRATT, 2002), o fórum

de discussão é uma ferramenta de interação de orientação construtivista que é

utilizada nos modelos de EaD, a qual colabora na construção de comunidades de

aprendizagem online.

Por sua característica assíncrona, permite que os participantes postem

suas reflexões sobre o tema abordado, as quais ficam gravadas permanentemente

para o acesso e comentários do grupo durante o prazo de duração do respectivo

fórum, que pode ser por um prazo determinado pela coordenação, ou por todo o

período de realização do curso, de acordo com o planejamento realizado.

Essa ferramenta permite aos participantes um tempo maior para

realizarem pesquisas, que aprofundem seus conhecimentos em relação ao tema, e

elaborarem suas reflexões (por meio de postagens) de forma mais fundamentada,

relacionando suas ideias e agregando conhecimentos por meio da discussão com a

participação dos seus pares, assim como do professor.

Normalmente, um fórum em seu formato tradicional traz questões

norteadoras propostas pelo professor que, previamente, disponibilizou referências

(artigos, vídeos, hiperlinks, entre outras) para o embasamento teórico do estudante,

a fim de responder aos questionamentos. É estabelecido um prazo para a interação

do grupo, em que o aluno tanto responde às perguntas propostas como interage

com as mensagens postadas por seus pares e professor/tutor.

Caso a proposta do curso seja de avaliar o fórum de maneira somativa,

são estabelecidos critérios no planejamento e disponibilização de uma ferramenta

que informe como deve ser a participação do estudante: número mínimo de

postagens, critérios relacionados a qualidade das postagens, entre outros.

Fazendo um contraponto com o fórum tradicional, um fórum que atenda

aos referenciais teóricos e pilares/princípios da Sala de Aula Invertida e do Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio, inicialmente, deve possibilitar ao

discente ser agente ativo na construção do seu aprendizado, almejando sempre sua

autonomia e favorecendo uma Cultura de Aprendizagem. E como estimular a Cultura

de Aprendizagem dentro do fórum?

Page 39: Salade aula invertida e fórum moodle

38

Além de indicar os recursos (arquivo, vídeo, URL, livro, página) no AVA,

necessários para o estudante adquirir os conhecimentos teóricos referentes ao

objetivo educacional a que se propõe, o professor/tutor deve sugerir algumas fontes

confiáveis para estimular a pesquisa, criando a cultura da busca do aprender no

aluno, para agregar outros conhecimentos além dos trazidos pelo educador.

Enfatiza-se que, os recursos devem estar sempre disponíveis no ambiente virtual

para acesso do discente, primando pela equidade ao acesso de todos os

estudantes.

A grande diferenciação entre o fórum tradicional e o fórum utilizando as

Metodologias Ativas abordadas neste estudo parte de como o professor vai utilizá-lo

para a aquisição dos objetivos de aprendizagem. Se o objetivo de aprendizagem

proposto é somente lembrar ou entender determinado conteúdo, o professor pode

fazer uso de perguntas norteadoras que farão o estudante trazer em sua exposição

(postagem no fórum) o que aprendeu com o referencial teórico e suas pesquisas

sobre o tema abordado.

Inicialmente, o professor indicou um conteúdo específico e dirigido para o

embasamento teórico do estudante, no intuito de responder aos questionamentos

propostos. Ao utilizar-se somente de questionamentos, que necessita apenas que o

aluno lembre do que estudou para respondê-los, o professor estimulou no discente

as habilidades de ordem inferiores.

Se o objetivo de aprendizagem relaciona-se com a criação, síntese,

análise ou aplicação de determinado conteúdo, ou seja, as habilidades de ordem

superiores, o professor irá propor no fórum uma atividade mais complexa (análise de

estudo de caso, resolução de problema, construção de jogos, criação de objeto ou

artefato, entre outras), onde o estudante tenha que mobilizar os conhecimentos

adquiridos em seus estudos individuais para a realização da mesma, produzindo seu

próprio conhecimento.

Ressalta-se que o fórum é uma ferramenta assíncrona e colaborativa,

onde o professor pode propor ao aluno a execução de uma atividade que pode ser

realizada de forma individual e, a posteriori, haver a discussão com os pares.

Parte-se do princípio de que o fórum de discussão deve estar estruturado

para proporcionar a aquisição das habilidades de forma progressiva, onde o

Page 40: Salade aula invertida e fórum moodle

39

professor vai explorando, através dos objetivos de aprendizagem, os domínios

cognitivos, do mais simples para o mais complexo.

O educador, considerando a atividade proposta para a ferramenta fórum,

pode, de acordo com os níveis cognitivos já dominados pelos estudantes, propor

atividades a serem realizadas individualmente, que tragam discussões mais

complexas para o debate em grupo, avançando nos níveis e aquisição das

habilidades cognitivas. Sugere-se, ainda, a realização de encontros presenciais

durante o período de duração do fórum, onde o culminar dessas atividades possam

ser acompanhadas também de modo presencial pelo professor, na verificação da

aquisição dos objetivos educacionais.

De acordo com todas as características citadas acima, percebe-se que a

utilização de Metodologias Ativas, em especial a Sala de Aula Invertida e o Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio, necessita da ressignificação do papel do

educador, que deve transferir a autoria do processo de aprendizagem para o aluno,

que constrói seu próprio conhecimento.

Faz-se necessário ainda a qualificação em relação ao uso das

metodologias, para que proponha aos discentes atividades que estimulem essa

busca por si só e o faça com inserção de propostas pedagógicas que favoreçam a

aquisição dos objetivos de aprendizagem, em um Ambiente Flexível e em que

prevaleça a Cultura de Aprendizagem, estimulando o aluno a atingir habilidades de

ordem superior e, com isso, contribuindo para a formação de um indivíduo crítico e

transformador da realidade em que está inserido.

Page 41: Salade aula invertida e fórum moodle

40

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo, abordam-se os procedimentos metodológicos e

investigativos da utilização da Sala de Aula Invertida em fórum de discussão em

AVA utilizado pelos alunos da Especialização em Educação a Distância da

Universidade Federal do Ceará (UFC).

5.1 Caracterização da Pesquisa

Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem quanti-

qualitativa, com análise de TDIC, em especial o fórum de discussão do AVA Moodle.

Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva objetiva caracterizar determinado conjunto

de indivíduos ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre possíveis

variáveis. Já a investigação exploratória, possibilita um maior conhecimento do

objeto em estudo, visando torná-lo claro ou a constituir hipóteses.

O estudo foi desenvolvido com a 1ª turma da Especialização em

Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará, iniciada em 28 de agosto

de 2014, que encontra-se em andamento. Este curso, em nível de pós-graduação

Lato Sensu (Especialização) na modalidade semipresencial, é constituído por onze

disciplinas obrigatórias, com carga horária de 448 horas-aula, sendo 96 horas-aula

presenciais e 352 horas-aula a distância.

O curso tem como público alvo os professores e técnicos administrativos

de instituições públicas de ensino, tutores de programas governamentais e não

governamentais vinculados à área de Educação a Distância que sejam portadores

de diploma de graduação em qualquer área do conhecimento, desde que,

devidamente credenciado pelos Conselhos Nacional e/ou Estadual de Educação.

O ingresso dos alunos foi realizado através de seleção, constituída por

prova escrita sobre os conhecimentos do candidato acerca da Educação a Distância.

Foram disponibilizadas 66 vagas. Os momentos a distância foram realizados nos

AVA Solar e Moodle, alternando-os de acordo com os interesses das disciplinas.

Na matriz curricular do curso, a disciplina de Avaliação Educacional em

Educação a Distância apresenta carga horária de 48 horas-aula, onde 6 horas-aula

Page 42: Salade aula invertida e fórum moodle

41

seriam presenciais e 42 horas-aula a distância, mas não aconteceram encontros

presenciais durante o período da disciplina. Foi a oitava a ser ministrada no curso,

tendo seu início em 24 de agosto e término em 26 de outubro de 2015. A disciplina

foi ministrada utilizando-se o AVA Moodle Help Class Online, com acesso pelo

http://www.helpclassonline.com.br/moodle/, e com uma tela inicial da disciplina no

ambiente virtual Moodle (Figura 4).

Figura 4 - Apresentação da disciplina no AVA Help Class Online

Fonte: AVA Help Class Online

A disciplina foi dividida em quatro aulas: Aula 1 - O processo de Avaliação

da Aprendizagem em EaD; Aula 2 - Avaliação Institucional de cursos em EaD; Aula

3 - Concepções Atuais de Avaliação e Aula 4 - A Avaliação do Rendimento

Educacional e os Aspectos Legais em EaD. O fórum de discussão utilizando a Sala

de Aula Invertida analisado neste estudo foi realizado na Aula 3. Apresenta-se a

Aula 3 no AVA (Figura 5), onde está inserido o fórum que será analisado nesta

pesquisa.

Page 43: Salade aula invertida e fórum moodle

42

Figura 5 - Apresentação da Aula 3 no AVA Help Class Online

Fonte: AVA Help Class Online

Além de ser obrigatória, a disciplina foi utilizada como fonte de pesquisa

para mestrandos de cursos do Instituto Federal do Ceará (IFCE), de mestrados

profissionais e acadêmicos. Participaram da disciplina um professor titular, 10 tutores

Page 44: Salade aula invertida e fórum moodle

43

e 76 alunos inscritos na plataforma, número este maior ao número de estudantes

que informava o edital do processo seletivo. Como sujeitos da pesquisa, foram

considerados os participantes do fórum de discussão da Aula 3 que se propõem a

utilizar a metodologia da Sala de Aula Invertida, que são: o professor titular da

disciplina, dois tutores e os 76 alunos inscritos na disciplina.

Os dados foram coletados por meio da disciplina Avaliação Educacional

em Educação a Distância no AVA Help Class Online, em especial as informações do

fórum de discussão da Aula 3, e a observação e participação da autora como aluna

da referida disciplina.

5.2 A proposta da Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da Aula 3

O fórum de discussão disposto na Aula 3 da referida disciplina foi

planejado por uma aluna do Curso de Mestrado Profissional em Computação

Aplicada UECE/IFCE - MPCOMP, da 13ª turma, com início em janeiro de 2014, que

tem como objeto de pesquisa a inserção da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida

aplicada a um fórum de discussão integrando uma proposta de avaliação seguindo o

Modelo Learning Vectors1 de Sales (2010) ou, simplesmente, Modelo LV.

Conforme agenda do curso, que pode ser visualizada no lado esquerdo

(Figura 3), a Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação teve seu início em 6 de

setembro e previsão de término em 06 de outubro de 2015, mas as atividades do

fórum foram prorrogadas até 15 de outubro, como um período de ajustes da

atividade. Chamado de FÓRUM GERAL, o fórum de discussão foi dividido em dois

momentos. No primeiro momento, os 76 estudantes foram separados em pequenos

grupos e numerados sequencialmente de 1 a 11, onde estes grupos menores

discutiram sobre 4 questões norteadoras. A formação dos pequenos grupos havia

sido realizada em uma atividade da aula anterior, permanecendo sem alterações.

No segundo momento, um grupo nomeado de FÓRUM GERAL - TODOS

OS PARTICIPANTES foi criado e todos os alunos da disciplina responderam a um

questionamento único. Tanto os questionamentos feitos nos grupos menores quanto

1 O Modelo Learning Vectors (LV) propõe uma avaliação formativa mediada por uma linguagem

iconográfica e feedbacks constantes.

Page 45: Salade aula invertida e fórum moodle

44

o realizado no grupo onde todos os estudantes participavam, tinham relação entre si

e com o tema proposto para a aula (Concepções Atuais de Avaliação).

Previamente à abertura, os tutores (Tutor 1 e Tutor 2) enviaram

mensagens pelo AVA sobre o funcionamento diferenciado do fórum. Tais

mensagens foram automaticamente encaminhadas para o e-mail do estudante, no

início, cadastrado na plataforma (Figuras 6 e 7). Denominou-se Tutor 1, aquele, dos

dois tutores, que primeiro encaminhou a mensagem para os alunos.

Figura 6 - Mensagem enviada por Tutor 1

Fonte: E-mail da autora

Figura 7 - Mensagem enviada por Tutor 2

Fonte: E-mail da autora

Page 46: Salade aula invertida e fórum moodle

45

Percebe-se que os tutores tiveram o zelo de comunicar aos estudantes do

início do fórum, estimulando-os a participar, mas, não se visualiza nenhuma

informação sobre o uso da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped

Classroom. Informa-os sobre a divisão em pequenos grupos e, a posteriori, a união

de todos os participantes no grupo FÓRUM GERAL.

A divisão dos pequenos grupos, já realizada em uma atividade da aula

anterior, permaneceu com a mesma composição e número de alunos (Quadro 1).

Quadro 1 - Número de estudantes por grupo

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Grupo 11

Número de alunos

6 6 7 5 7 7 6 6 7 0 7

Fonte: AVA Help Class Online

Percebe-se que, a formação dos pequenos grupos (Quadro 1) totaliza 64

estudantes, dos 76 estudantes inscritos na disciplina (Figura 8). Faz-se necessário

uma ressalva quanto ao número de participantes. Deve-se excetuar, dos 76

inscritos, dois participantes que foram utilizados para teste do administrador do

Moodle. Não se tem informações sobre o Grupo 10 não alocar estudantes.

Figura 8 - Estudantes inscritos na disciplina

Fonte: AVA Help Class Online

Page 47: Salade aula invertida e fórum moodle

46

Apresenta-se (Figura 9) a divisão dos estudantes por grupos na

ferramenta fórum.

Figura 9 - Divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum de discussão

Fonte: AVA Help Class Online

As sugestões de leitura e o vídeo disponíveis para embasamento teórico

não se direcionam ao fórum em especial, mas utilizadas para toda a Aula 3. Os 4

(quatro) textos indicados referem-se a avaliação baseada em sistemas dinâmicos

não-lineares e o vídeo no Youtube aborda sobre o papel da avaliação na

aprendizagem.

Portanto, os questionamentos propostos no fórum de discussão, tanto as

perguntas nos pequenos grupos, como as perguntas no grupo geral com todos os

participantes, foram respondidas utilizando-se as referências citadas e os

conhecimentos prévios dos estudantes sobre avaliação. Visualizam-se as

referências disponíveis para acesso dos discentes (Figura 5).

Quanto às perguntas que nortearam os fóruns (pequenos grupos e geral -

todos os participantes), investigam o conhecimento dos estudantes acerca da

avaliação. Os questionamentos nos pequenos grupos (Figura 10) fazem um paralelo

entre a avaliação no ensino presencial e a distância; questionam também de que

Page 48: Salade aula invertida e fórum moodle

47

forma deve-se avaliar o estudante; se os atuais métodos de avaliação trazem

elementos suficientes sobre sua aprendizagem e se o sentido fundamental da ação

avaliativa é o motivo (avaliar a aprendizagem do estudante) ou transformação do

aluno em todos os sentidos.

Por conseguinte, os questionamentos instigam a discussão sobre o tema

avaliação, que pode ser realizada utilizando os conhecimentos prévios e faz

perguntas que necessitam que o estudante tenha realizado a leitura dos textos de

fundamentação teórica sobre os métodos não-lineares disponíveis para a Aula 3.

Figura 10: Perguntas norteadoras do Fórum nos Pequenos Grupos

Fonte: AVA Help Class Online

O questionamento do Fórum Geral (Figura 11) busca fazer uma reflexão

sobre como avaliar a participação do estudante em atividades na EaD: colaboração,

participação e empenho do aluno na realização das mesmas.

Figura 11: Perguntas norteadoras do Fórum Geral - Todos os participantes

Fonte: AVA Help Class Online

Page 49: Salade aula invertida e fórum moodle

48

Por fim, no capítulo a seguir, faz-se a análise dos resultados da aplicação

da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da disciplina

Avaliação Educacional em EaD, evidenciando os referenciais teóricos da Taxonomia

de Bloom e os pilares/princípios da metodologia propostos por Bergmann e Sams,

assim como a análise dos dados quantitativos e qualitativos coletados por meio do

AVA.

Page 50: Salade aula invertida e fórum moodle

49

6 ANÁLISE E DISCUSSÕES

Neste capítulo, analisa-se o fórum de discussão da Aula 3 - Concepções

Atuais de Avaliação da Disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância,

criado utilizando-se da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped

Classroom, à luz do referencial teórico abordado por Bergmann e Sams, bem como

os pilares/princípios necessários para sua implementação.

Antes de abordar a análise dos pilares/princípios das metodologias no uso

do fórum, salienta-se que, em momento algum do contato do professor titular da

disciplina ou dos tutores envolvidos, nem anteriormente ao início da disciplina, nem

no AVA durante sua realização, foi informado aos estudantes que a Metodologia

Ativa Sala de Aula Invertida seria utilizada no fórum.

6.1 Análise do Fórum quanto aos Pilares/Princípios da Sala de Aula Invertida e

do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio

6.1.1 Análise quanto a Flexibilidade do Ambiente

Para este tópico, tanto as indicações do site Flipped Learning Network

como em Bergmann e Sams (2016) abordam que o ambiente deve ser propício a

aquisição dos objetivos e respeitar o ritmo do estudante.

Como trata-se da análise do fórum, não há como diversificar no uso da

ferramenta, mas é possível estimular a criatividade dos estudantes quanto às suas

participações. Percebe-se que, no enunciado do fórum e em suas questões, não

houve o estímulo ao estudante de se utilizar de outras fontes de pesquisa ou outra

ação para aflorar sua criatividade e curiosidade. Essa observação vale tanto para o

fórum nos pequenos grupos (Figura 10) como no Fórum Geral - Todos os

participantes (Figura 11).

Porém, alguns alunos, tanto nos pequenos grupos (Figuras 12 e 13) como

no Fórum Geral (Figura 14), trazem artigos diferentes dos que foram propostos no

referencial teórico, com citações de autores, para complementar e enriquecer sua

fala.

Page 51: Salade aula invertida e fórum moodle

50

Figura 12 - Comentário do Aluno 1 do Grupo 11

Fonte: AVA Help Class On-line

Figura 13 - Comentário do Aluno 2 do Grupo 9

Fonte: AVA Help Class On-line

Figura 14 - Comentário do Aluno 3 do Grupo Fórum Geral

Fonte: AVA Help Class On-line

Page 52: Salade aula invertida e fórum moodle

51

Para atender a flexibilidade do ambiente, considera-se que o mesmo deve

respeitar que o estudante tenha seu ritmo de aprendizado e que o prazo para

participação do aluno no fórum deve respeitar esse ritmo. Julga-se que o prazo foi

suficiente, pois o fórum nos pequenos grupos iniciou com as perguntas norteadoras

do Tutor 1 no dia 12 de setembro e a última postagem de um aluno do Grupo 9 foi

realizada em 14 de outubro.

No Fórum Geral, os questionamentos propostos foram lançados em 16 de

setembro e as últimas postagens dos estudantes foram realizadas até 14 de

outubro. Observa-se que o período para o término das postagens que seria em 06

de outubro (Figura 4) foi excedido, apresentando indícios que o prazo foi prorrogado

para atender ao ritmo dos discentes.

Verifica-se que, o fórum aqui em estudo apoia-se em um dos

componentes da aprendizagem para o domínio, o qual sugere que os alunos

trabalham em pequenos grupos ou individualmente, em ritmo adequado

(BERGMANN; SAMS, 2016)

Quanto a disponibilidade das mídias para um Ambiente Flexível, como a

proposta do curso é ser híbrido ou b-learning, mesmo o aluno estando ciente de que

deverá ter acesso a internet para utilizar-se do ambiente virtual, seria condizente que

o referencial teórico, para embasamento da Aula 3, estivesse disponível também em

outra forma de acesso que não a on-line, em um CD-Rom ou DVD-Rom, por

exemplo.

6.1.2 Análise quanto a Cultura de Aprendizagem

Assim como na EaD, o fórum de discussão proporciona a Cultura de

Aprendizagem na medida em que coloca o estudante como centro do processo

educativo, facultando-lhe ser um sujeito mais autônomo e responsável por seu

próprio aprendizado, proporcionando a interação aluno-aluno e aluno-professor,

onde o estudante aprende com suas próprias reflexões e por meio da troca com o

outro.

Page 53: Salade aula invertida e fórum moodle

52

Este conceito relaciona-se diretamente com os objetivos de

aprendizagem, pois o estudante vai em busca da aquisição desses objetivos,

aprendendo sempre e em todo lugar, aprendendo a aprender.

A Cultura do Aprender, no fórum em estudo, teria sido ainda mais

estimulada se tivesse ocorrido pelo menos um encontro presencial, onde a troca de

saberes entre os pares e professores acontecesse de forma mais intensa, com

atividades que instigassem o estudante, fazendo-o mobilizar todos os

conhecimentos adquiridos até aquele momento, visando a resolução de tarefas ou a

realização de outras atividades propostas.

6.1.3 Análise quanto ao Conteúdo Intencional ou Dirigido

Há uma íntima relação entre os objetivos de aprendizagem e os

conteúdos a que o estudante terá acesso para fundamentação teórica no AVA. No

caso do fórum, objeto desta pesquisa, os objetivos de aprendizagem não foram

apresentados aos estudantes.

O conteúdo para embasamento foi disponibilizado somente no AVA. Um

dos materiais de referência foi um vídeo disponível no Youtube sobre o tema

Avaliação2, de forma bem generalizada, sem haver direcionamento para o tema

proposto pela Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação. O vídeo não apresentou

nenhuma informação sobre autoria. Constata-se não ser de nenhuma instituição de

ensino, pois não há créditos nem no seu início e nem no final. Neste, sugerem-se

ainda livros para leitura sobre aprendizagem escolar e avaliação, que apresentam-se

próximo a sua conclusão.

Os textos 1 e 2 (Figura 4) são capítulos da Tese de Doutorado de Sales

(2010), que abordam sobre a concepção e implementação do Modelo de Avaliação

não-linear Learning Vectors – LV.

O texto 3 (Figura 4), sobre a avaliação da aprendizagem em fórum de

discussão em AVA, porém voltada mais para uma ótica organizacional. O texto 4

(Figura 4), sobre a importância da linguagem para o ser humano e algumas

2 Vídeo O papel da Avaliação na aprendizagem, disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=NyV47Ty3JzA>. Acesso em: 11 out. 2016.

Page 54: Salade aula invertida e fórum moodle

53

distinções da ontologia da linguagem que contribuem para um melhor

relacionamento em comunidades, inclusive as virtuais.

Os dois últimos textos (3 e 4) fazem parte da dissertação de mestrado de

Araújo (2004), com o tema Uma aplicação da dinâmica não-linear para a avaliação

de desempenho de Comunidades Virtuais de Aprendizagem - Além da tela do

computador: Linguagem, Emocionalidade e Corporalidade.

Os textos apresentados na Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação

versam sobre o mesmo tema: avaliação não-linear, que é utilizada para avaliar a

aprendizagem dos estudantes nos AVA. Mas, se o estudante não conhecer nada

sobre as formas atuais de avaliação? Será que os textos indicados são suficientes

para o embasamento do estudante em relação ao tema proposto da aula?

Novamente, como não foi informado qual é ou quais são os objetivos de

aprendizagem para esta aula, identifica-se uma incógnita, em saber se os textos e o

vídeo sugeridos são intencionais e dirigidos para colaborar com o estudante na

aquisição do(s) objetivo(s) de aprendizagem.

6.1.4 Análise quanto ao Educador Qualificado

No que se refere ao Educador Qualificado, quanto às Metodologias

Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio,

percebe-se que o professor titular e os tutores que acompanharam os estudantes,

durante esta aula, ou não tinham muito domínio em relação às metodologias em

análise, não utilizando para o planejamento do fórum os referenciais teóricos da

Taxonomia de Bloom e os Pilares/princípios da metodologia propostos por

Bergmann e Sams, ou estruturaram o fórum utilizando outro referencial teórico que

não os abordados anteriormente. Portanto, não há como saber quais os referenciais

teóricos empregados, pois nada foi informado, nem por e-mail, nem no ambiente

virtual.

Para colaborar com o estudante na busca dos objetivos educacionais e

acompanhar seus progressos na formação, faz-se necessário ao professor fornecer

feedback constante durante a realização das atividades do fórum.

Page 55: Salade aula invertida e fórum moodle

54

Retomando-se a ferramenta fórum em estudo, o Tutor 1 lançou os

questionamentos e o Tutor 2 interagiu com os estudantes, tanto nos pequenos

grupos, como no grupo Fórum Geral - Todos os participantes. Percebe-se que o

Tutor 2 foi atuante, participando de forma efetiva nos pequenos grupos e no Fórum

Geral (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Número de participações do Tutor 2 nas discussões com os grupos

Fonte: AVA Help Class Online

Após análise dos grupos, identificou-se que, do total de participações do

Tutor 2 (103 postagens) e, considerando sua expertise na condução do processo de

ensino e sobre o conteúdo abordado, são considerados também feedback do

aprendizado dos estudantes. Para Bergmann e Sams (2016), o feedback deve ser

imediato e é um elemento crítico para os modelos Sala de Aula Invertida e Modelo

Invertido de Aprendizagem para o Domínio, uma vez que os estudantes devem

dominar o objetivo de cada módulo ou unidade para poder avançar para o seguinte.

Ocorre que, das 103 postagens, um total de 51,4% (ou seja, 53

postagens) foram realizadas fora do prazo de duração do fórum, tanto nos pequenos

grupos como no Fórum Geral. As postagens de feedback realizadas, mesmo fora do

0 30 60 90 120 150 180

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

Grupo 6

Grupo 7

Grupo 8

Grupo 9

Grupo 10

Grupo 11

Fórum Geral

Nº participações do tutor

Nº participações dosestudantes

Nº participações totais

Page 56: Salade aula invertida e fórum moodle

55

prazo, somente terão o efeito de corrigir erros ou omissões que impeçam o

estudante de dominar os objetivos de aprendizagem, se os mesmos ainda tiverem

acesso ao fórum, o que não aconteceu durante a disciplina, pois visualiza-se na

Figura 4 que uma aula abre somente após a conclusão da anterior.

6.2 Análise do Fórum quanto aos referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom

A ideia básica da Aprendizagem para o Domínio, que se utiliza dos verbos

da Taxonomia de Bloom para concretizar a metodologia, consiste na aquisição de

uma série de objetivos de aprendizagem numa hierarquia do menor para o mais

complexo e no ritmo de aprendizagem do estudante, ou seja, é o acompanhar do

educador naquilo que se espera que o estudante saiba ao final do processo

educativo.

A utilização da Taxonomia colabora na definição dos objetivos de

aprendizagem e possibilita ao educador criar, desde objetivos mais básicos, por

meios da utilização dos verbos de nível inferior, até os objetivos mais complexos,

fazendo o estudante adquirir as habilidades do nível superior.

Nesses casos, o professor direciona o aprendizado por meio do uso dos

verbos da taxonomia para a aquisição dos objetivos de aprendizagem. De acordo

com Galhardi e Azevedo (2013), apesar de ter sido formulada na década de 50, a

Taxonomia ainda é uma ferramenta útil e eficaz no planejamento e implementação

das aulas, na organização e criação das estratégias de ensino propostas na

aquisição dos objetivos educacionais.

No fórum deste estudo, os objetivos de aprendizagem não foram

apresentados para os alunos na plataforma, nem através de e-mail, o que não

proporcionou um maior direcionamento ao aprendizado. Em virtude disso, faz-se

uma análise dos verbos ou termos utilizados nas perguntas norteadoras do fórum

para buscar entender o que o professor titular da disciplina, ou os tutores,

esperavam que o estudante soubesse ao final do processo.

Costa et al. (2014) apresenta um estudo sobre os verbos da Taxonomia

de Bloom, oriundos da descrição de atividades realizadas em cursos ou disciplinas

ministradas por meio do AVA Moodle. Os autores criaram um algoritmo para ajudar a

Page 57: Salade aula invertida e fórum moodle

56

definir em que classificação cognitiva da Taxonomia as atividades propostas no

ambiente poderiam ser empregadas, através do verbo que se apresenta no

enunciado da atividade. Alicerçado neste, o professor pode definir em que nível

cognitivo encontram-se os objetivos de aprendizagem e, consequentemente, a ação

que se espera que o aluno execute.

Por meio deste estudo, Costa et al. (2014) conseguiram associar cada

ferramenta do AVA a uma classificação cognitiva da Taxonomia de Bloom. Nos

achados dos autores, a ferramenta Fórum de discussão compreende os níveis

cognitivos Compreensão e Aplicação.

Para além do estudo de Costa et al. (2014), a Aprendizagem para o

Domínio considera que o professor pode estimular o estudante na aquisição dos

objetivos de aprendizagem e, por conseguinte, dos níveis cognitivos de ordem mais

inferiores até os de ordem mais superiores, utilizando-se dos verbos da taxonomia

nas atividades propostas para o fórum. Estas podem, por exemplo, ser questões

norteadoras, que estão no nível da compreensão, ou a análise de um estudo de

caso, que envolve o nível da aplicação, como aborda os autores.

Observa-se que o verbo de ação utilizado no fórum nos pequenos grupos

(Figura 15) solicita ao estudante Discutir (grifo da autora) sobre os questionamentos

norteadores, onde o verbo discutir encontra-se no nível da compreensão (habilidade

de ordem inferior) na Taxonomia de Bloom, conforme Ferraz e Belhot (2010).

Figura 15: Verbo de ação utilizado nas perguntas norteadoras nos Pequenos Grupos

Fonte: AVA Help Class Online

Page 58: Salade aula invertida e fórum moodle

57

Espera-se que no Fórum Geral, o objetivo de aprendizagem seja mais

complexo, pois a habilidade de ordem inferior, que é compreender - verbo discutir -

sobre o tema abordado, já foi testado nas discussões nos fóruns dos pequenos

grupos, pois, lembrando Bergmann e Sams (2016), o aluno aprende no seu ritmo e

de forma progressiva, adquirindo as habilidades menos complexas e buscando

atingir as habilidades mais complexas.

Observa-se que o verbo de ação utilizado é Explicitar (grifo da autora)

(Figura 16), que não se encontra na Taxonomia de Bloom apresentada em Ferraz e

Belhot (2010). Porém, o verbo explicitar no Dicionário Mini Aurélio tem como

significado ―Tornar explícito‖ e a palavra ―Explícito‖ significa ―Explicado‖. Então, o

professor titular ou o tutor solicita para o estudante ―Explicar seu entendimento

sobre‖.

Figura 16 - Verbo de ação utilizado no questionamento para o Fórum Geral - Todos

os participantes

Fonte: AVA Help Class Online

Novamente, o nível do objetivo de aprendizagem posto pelo professor

titular da disciplina ou pelo tutor continua na habilidade da compreensão. Desta

forma, o estudante não foi estimulado a adquirir as habilidades cognitivas do nível

superior. Não houve um conhecimento progressivo e uma sequência didática de

aprendizagem, que é adquirido por meio de processos educacionais de níveis

cognitivos, do mais simples para o mais complexo.

Percebe-se como a Aprendizagem para o Método, por meio da

Taxonomia de Bloom, pode colaborar nas estratégias pedagógicas do professor

para que o aluno adquira os objetivos de aprendizagem propostos para a etapa em

que se encontra.

Page 59: Salade aula invertida e fórum moodle

58

6.3 Identificação das potencialidades e dificuldades no uso da Sala de Aula

Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio

De acordo com as vastas experiências de Bergmann e Sams (2016) com

as Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem

para o Domínio, e relacionando-as com o objeto de estudo desta pesquisa, que são

a modalidade EaD, os AVA e suas ferramentas, relacionam-se, a seguir, algumas

potencialidades no seu uso.

Identifica-se como uma importante potencialidade a centralização do

processo educativo na aprendizagem e no estudante, o que o faz responsabilizar-se

pela construção do seu próprio conhecimento.

Essa centralização já existe quando se fala sobre a modalidade EaD,

porém, pode ser mais incentivada com estratégias pedagógicas que colaborem para

que o discente alcance as habilidades de ordem superior e com a inserção de

momentos presenciais, em vista a fortalecer tanto o AVA como os encontros

presenciais, como espaços de aprendizagem onde o estudante traça, com a

colaboração do professor, um planejamento de como e quando dominar o conteúdo

e, consequentemente, atingir os objetivos de aprendizagem.

Salienta-se como outra potencialidade a personalização do processo de

ensino; na medida em que o professor elabora objetivos de aprendizagem e,

individualmente e no seu próprio ritmo, o aluno busca a aquisição dos objetivos

numa sequência didática de aprendizagem.

Pela inversão do processo educativo utilizando essas metodologias, o

estudante entra em contato com o material de estudo anteriormente. Porém, na EaD

essa inversão já acontece, em virtude do material didático estar disponível

previamente, na grande maioria das vezes, em ambientes virtuais.

O que deve diferenciar a utilização ou não das metodologias Sala de Aula

Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio é esse material

didático ter como alvo a aquisição dos objetivos de aprendizagem, não somente

abordando conteúdos instrucionais, mas os apresentando numa sequência lógica de

aprendizagem significativa, onde o discente tem a possibilidade de utilizá-lo a favor

da sua aprendizagem, podendo visualizá-lo por diversas vezes, em ritmo próprio.

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Outra diferenciação manifesta-se pela metodologia didática utilizada na

construção de um material que promova a compreensão e o aprofundamento.

Portanto, o estudante ter contato prévio com o material instrucional é outro ponto

positivo do uso das metodologias.

Como limitações, no uso da Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de

Aprendizagem para o Domínio, cita-se a dificuldade de implantação das

metodologias, pois o educador necessita, além de renunciar ao controle do processo

de aprendizagem, o que para alguns é doloroso, conhecer suas características e sua

implementação, que não se limita em disponibilizar material instrucional no AVA,

mas pensar em estratégias pedagógicas que levem o estudante a aquisição dos

objetivos de aprendizagem.

A isto, alia-se o uso dos verbos da Taxonomia de Bloom no intuito de

construir atividades que sejam progressivas no aprendizado do estudante,

proporcionando-o perpassar e adquirir habilidades tanto do nível inferior como as de

nível superior. Para essa implementação, sugere-se ainda a adoção dos

pilares/princípios propostos pela Flipped Learning Network.

Por empregar as TDIC e os AVA, pode-se tornar um dificultador se o

professor disponibilizar previamente o material instrucional somente por meio de

uma única mídia, um vídeo, por exemplo, causando muita dependência tecnológica.

Deve-se criar um ambiente justo e igualitário no que concerne ao acesso ao material

e ao aprendizado.

Dessa forma, confirma-se o que expõe Valente (2014) quando aborda

que, o estudante que tem acesso a informação de sua casa e dispõe de acesso à

tecnologia, encontra-se em vantagem em relação ao aluno que não dispõe desses

recursos tecnológicos.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No contexto atual, onde a velocidade das transformações sofridas pela

sociedade impõem um novo ritmo na formação e aquisição de conhecimento, faz-se

necessário modificações, também, no perfil do estudante do século XXI, o qual

tornar-se-á um futuro profissional para o mercado de trabalho.

Ademais, a utilização das Metodologias Ativas vêm colaborar para o

estudante perceber-se responsável pela construção do próprio conhecimento,

promovendo sua autonomia e mobilizando suas habilidades cognitivas,

transformando-as em conhecimentos conectados com a realidade em que está

inserido.

Cabe ao professor, ao utilizar-se das Metodologias Ativas, renunciar ao

controle do processo de aprendizagem, onde não há mais a presença de uma

instrução direta, mas há promoção de um ensino mais individualizado e estímulo a

pesquisa, respeitando o ritmo de aprendizagem do estudante.

Para utilizar-se da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de

Aprendizagem para o Domínio conforme os referenciais teóricos empregados por

Bergmann e Sams (2016), o docente fará uso dos verbos da Taxonomia de Bloom

no planejamento de suas atividades pedagógicas.

A finalidade da utilização dos verbos da Taxonomia é desenvolver

objetivos educacionais que proporcionem uma sequência pedagógica de

aprendizagem, onde o estudante aprende no seu próprio ritmo, adquirindo as

habilidades de forma sequencial, iniciando pela habilidades de ordem inferior

(Lembrar e Entender) e progredindo na aquisição dos objetivos de aprendizagem,

chegando a aquisição das habilidades de ordem superior (Aplicar, Analisar,

Sintetizar e Criar), perpassando, dessa forma, todo o conteúdo necessário para sua

formação.

Conforme apresentado em seções anteriores, para a incorporação da

Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na

prática do docente, faz-se necessário a adoção dos pilares pedagógicos sugerida

pela Flipped Learning Network: Ambiente Flexível, Cultura de Aprendizagem,

Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado, onde o educador deve ter

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sempre em mente que inverter a sala de aula é deslocar toda a dinâmica pedagógica

para o estudante e sua aprendizagem.

Por meio deste estudo, pode-se verificar que o fórum de discussão,

analisado na disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância, não

utilizou, em seu planejamento e estruturação, a Metodologia Ativa Sala de Aula

Invertida nem o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, pois não seguiu

os referenciais teóricos sugeridos por seus idealizadores, nem sequer os pilares

pedagógicos. Seu planejamento deve ter sido orientado por outros referenciais que

não os expostos nesta pesquisa.

Espera-se que este estudo possa colaborar como referencial para

docentes que queiram adotar as Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida e

Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, como forma de contribuir para a

formação de estudantes mais proativos e críticos sobre a sociedade em que estão

inseridos.

Como estudos futuros, pretende-se experimentar a metodologia, fazendo

uso dos referenciais teóricos abordados por Bergmann e Sams (2016) e dos pilares

pedagógicos nas ferramentas do AVA Moodle, no sentido de verificar sua eficiência

e os impactos no uso.

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