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BOA VONTADE Agosto de 2004 BOA VONTADE A REVISTA DA ESPIRITUALIDADE ECUMÊNICA • ANO XXII • Nº 192 • AGOSTO DE 2004 • R$ 7,90 Educação Não perca! Lars Grael Espírito Olímpico Paiva Netto O Capital de Deus: A função civilizadora do comércio 107 anos de ABL 50 anos sem Getúlio Vargas para a Paz Pelo fim da pobreza Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade Parcerias de sucesso Emagreça comendo bem A Educação pela ótica do Desem- bargador Cármine Savino Filho Fórum Mundial de Educação discute novas propostas Denise Frossard, Domingos Meirelles e Amicucci Gallo visitam Centro Comunitário da LBV Saúde Fernando Barbosa Lima e ainda... Fábio Konder Comparato Patrick Drouot Ronaldo Rogério Mourão José Gomes Talarico Terceiro Setor LBV na ONU

Revista Boa Vontade, edição 192

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A Revista Boa Vontade tem por objetivo levar informações por meio de matérias que abordam temas voltados à cultura, educação, política, saúde, meio ambiente, tecnologia, sempre aliados à Espiritualidade como ferramenta de esclarecimento, auxílio, entendimento e compreensão.

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Page 1: Revista Boa Vontade, edição 192

B O A V O N T A D EAgosto de 2004

BOA VONTADEA RevistA dA espiRituAlidAde ecumênicA • AnO XXii • nº 192 • AgOstO de 2004 • R$ 7,90

Educação

Não perca!

Lars GraelEspírito Olímpico

Paiva NettoO Capital de Deus:A função civilizadora do comércio

107 anos de ABL

50 anos sem Getúlio Vargas

para a Paz

Pelo fim da pobrezaSemana Nacional pela Cidadania e Solidariedade

Parcerias de sucesso

Emagreça comendo bem

A Educação pela ótica do Desem-bargador Cármine Savino Filho

Fórum Mundial de Educação discute novas propostas

Denise Frossard, Domingos Meirelles e Amicucci Gallo visitam Centro Comunitário da LBV

Saúde

Fernando Barbosa Limae ainda...

Fábio Konder ComparatoPatrick DrouotRonaldo Rogério MourãoJosé Gomes Talarico

Terceiro Setor

LBV na ONU

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Gratidão de pai

Não tenho palavras para descrever a alegria de ter dois filhos estudando na LBV, e tudo isso, graças a Deus e ao senhor (Paiva Netto). Sou uma pessoa privilegiada por eles estarem num ambiente tão bom, em todos os sentidos. Que Deus lhe dê muita saúde, paz, felicidade e muitos anos de vida!

Edivaldo Ferreira da SilvaSão Paulo/SP

Dia do Amigo

Em 20 de julho, Dia do Amigo, considerada uma data muito especial para os argentinos, nós lhe dedicamos estas simples palavras (ao Presidente da LBV), que demonstram um pouco do carinho e respeito que temos pelo senhor. “Quando Deus abriu a porta do céu, e perguntou-nos: Qual o seu desejo para o dia de hoje? Então, Lhe respondemos: Senhor, por favor, cuida bem da pessoa que está lendo esta mensagem, pois é nossa amiga.” Feliz Dia do Amigo!

Luci, Juliana e Edson TeixeiraBuenos Aires/Argentina

Aula de comunicação

Venho dar os parabéns a Paiva Netto pelos 48 anos de trabalho dedicados às Instituições da Boa Vontade e trazer o meu sincero agradecimento pelos momentos emocionantes vividos durante o 29o Con-gresso Internacional do Jovem da Boa Vontade de Deus, em 3 de julho, na cidade de Goiânia, quando fomos presenteados com uma verdadeira aula de comunicação.

Rafael GuedesEstudante (17 anos)

Campo Grande/RJ

O tema do Congresso Jovem desse ano foi muito importante. Os meios de comunicação deveriam transmitir paz, amor, verdade, trabalho, justiça, esperança, amizade, caridade e respeito ao próximo. Mas o que mais temos visto são guerras, violência, prostituição, doenças e ódio. Paiva Netto está co-

laborando para mudar isso, e a juventude também com o programa Ação Jovem LBV, no rádio, na TV, na internet, na música, no esporte...

Guilherme Leonardo CeganaEstudante (11 anos)

Ribeirão Preto/SP

Por um Mundo melhor

A LBV, desde a sua origem, acredita na Solida-riedade e na Fraternidade Ecumênica, vivenciando-as em suas Obras de Promoção Humana e Social. Por confiar nesse ideal e no poder da comunicação é que as Instituições da Boa Vontade possuem sites, matérias em jornais, a Rede Boa Vontade de Rádio, a Rede Mundial de Televisão e a revista BOA VON-TADE, que já é um grande sucesso.

Valdéia PinheiroDivulgadora

Belford Roxo/RJ

“Rasgar o véu de Ísis” Fizemos uma leitura apreciativa do brilhante

artigo “Rasgar o véu de Ísis”, do escritor Paiva Netto, publicado na edição 190 da revista BOA VONTADE. O texto realmente nos chamou a aten-ção e, em sua profundidade, certamente despertará o interesse das mentes mais atiladas. Os fundamentos teóricos foram utilizados de forma a falar a céticos e crentes com muita eficácia, e destacamos também a elegância e inteligência do conteúdo, que ilustrando a todos a ninguém fere. Certamente, será muito bem-acolhido pelos leitores da revista BOA VONTADE, especialmente, pelos formadores de opinião. É, também, por si mesmo, um documento valioso para o Fórum Mundial Espírito e Ciência (FMEC)*, visto que atua diretamente em seu caráter permanente e da melhor forma possível, pois a escrita permanece.

Paulo Alziro Schnor Apresentador de TV

São Paulo/SP

______________*O leitor refere-se à Segunda Sessão Plenária do FMEC, que ocorrerá entre os dias 20 e 23 de outubro, no Parla-Mundi da LBV, em Brasília/DF.

Não perca tempo! Seu produto ou serviço podem ser anunciados na revista BOA VONTADE. Ligue agora para (11) 3358-6800 ou mande um e-mail para [email protected].

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Cartas

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CartasAtualidades

História

4612

Abrindo o Coração 14Ecumenismo 16

Educação 18O Capital de Deus 22

TBV e ParlaMundi 26Viver é Melhor 28

Espírito e Ciência 30Acontece 32

Cursos 40

7 Metas do Milênio

Evento Nacional mobiliza so-ciedade para os objetivos traçados pela ONU.

14 Lars GraelA trajetória do esportista que fez história no iatismo mundial.

22 O Capital de Deus

Paiva Netto afirma que o comércio possui exercício

civilizador, expandindo o conhecimento dos povos.

8 ComemoraçãoABL completa 107 anos de dedicação à Língua Portuguesa.

29 De bem com a balançaÉ possível emagrecer ingerin-do seis ou mais refeições por dia?

33 Parcerias de Sucesso

Feira fortalece trabalho do Terceiro Setor, na geração de

desenvolvimento justo.

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Diretor responsável: Francisco de Assis Periotto (RMT nº 19.229/RJ)Editora: Débora Verdan (RMT no 27.870/SP)Supervisor de texto: Paulo Alziro SchnorProdução editorial: Equipe ElevaçãoProjeto gráfico: Equipe Elevação Revisão: Equipe Elevação Fotos da capa: Instituto de Educação da LBV, em São Paulo/SP: Daniel Trevisan; e, Lars Grael: Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo.BOA VONTADE é uma publicação mensal das IBVs, editada pela Editora Elevação. Endereço para correspondência: Av. Rudge, 938 — Bom RetiroCEP 01134-000 — São Paulo/SP — Tel.: (11) 3358-6868Caixa Postal 13.833-9 — CEP 01216-970 Internet: www.boavontade.com / E-mail: [email protected] revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos emitidos em seus artigos assinados.

Expediente

Pedagogia do Cidadão Ecumênico

Ao leitorNesta edição, o leitor poderá entrar em contato com dois as-

suntos que, cada vez mais, estão interligados: Educação e Esporte. Quanto ao primeiro, destaque para a experiência da LBV, com sua Pedagogia do Cidadão Ecumênico, uma metodologia inova-dora, que traz para a formação de crianças e jovens os valores da Espiritualidade, o gosto pela prática da Solidariedade, de forma que estes indivíduos passem a contribuir para a melhoria contí-nua do ambiente social. Em importante artigo, o Desembargador Cármine Savino Filho fala também deste aspecto, ao pedir novos processos didáticos e pedagógicos, e de outros, como o cuidado com o corpo docente e, por conseqüência, do resultado dessa ação nos alunos e no próprio País.

Na seqüência, o Esporte surge no amplo leque de atuação que ele tem hoje, ao lado do conhecimento intelectual e do espiritual, lembrando o famoso conceito do mens sana in corpŏre sano (mente sã e corpo são), no qual é apresentado o exemplo de um dos grandes desportistas brasileiros e mundial: Lars Grael, cuja trajetória identifica-se plenamente com os ideais de superação e paz deste mês de agosto, quando nações de todo o Planeta reu-niram-se para realizar a 28a edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, na cidade de Atenas, na Grécia. Boa Leitura!

Índice

12 História50 anos sem Getúlio Vargas

Bolo com Pudim 36Ação Jovem LBV 38

Os Editores

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www.boavontade.comA T U A L I D A D E S

A propósito das eleições de outubro, que se aproximam, merece atenção a série Con-versando sobre Política, editada pelo Núcleo de Memória Política Carioca e Fluminense, fruto de um convênio firmado, em maio de 1997, entre a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e a Fundação Getúlio Vargas. Como já afirmava o orador e pensador ro-mano Cícero (106-43 a.C.), “A História é a mestra da vida”. Assim, conhecer o passado político recente do Brasil ajuda, e muito, a entender os rumos atuais do País.

Entre os volumes já publicados da cole-ção, destaque para o depoimento do jornalista e membro do Conselho Deliberativo da As-sociação Brasileira de Imprensa (ABI) José Gomes Talarico (391 páginas), cujo trabalho de organização ficou a cargo do também jornalista Américo Freire.

A obra resgata a história política dos últimos 50 anos no Brasil e no Rio de Janeiro, acompa-nhando as marchas e contramarchas do trabalhismo nacio-nal, de que Talarico foi expoente.

Amigo de lon-ga data da LBV, o jornalista enviou ao seu dirigente um exemplar do livro, com a mensagem: “Ao Paiva Netto, mestre, ilustre confrade e companheiro de horas difíceis, exemplo de honradez, de dignidade e de amor huma-no, a homenagem e o preito de profundo respeito”.

Referência na astronomia brasileira

Os desafios, a intimidade, a escolha da vocação, o ambiente de trabalho, os mentores, bons e maus momentos, enfim, tudo que levou Ronaldo Ro-

gério de Freitas Mourão a ser um dos maiores astrônomos brasileiros, o leitor poderá encontrar no livro O que é ser astrônomo — Memórias pro-fissionais (144 páginas). Nele, o jornalista Jorge Calife apresenta o perfil do cientista.

A obra, além de trazer curiosidades de uma profissão pouco conhecida no dia-a-dia, constitui guia para jovens que se interessam pelo assunto.

Vale dizer que Rogério Mourão, um dos gurus da astronomia brasileira, é autor de diversos trabalhos de sucesso, como o Atlas Celeste, que há mais de 20 anos é referência para localizar as principais constelações no Rio de Janeiro. Possui também um asteróide, o de no 2.590, descoberto em 22 de maio de 1980, batizado com o nome de Mourão em sua homenagem pelo “trabalho sobre estrelas duplas, pequenos planetas e cometas”, conforme registrou, em 2 de julho de 1985, o periódico científico Minor Planet Circular. Publicou mais de 70 livros e escreve para revistas internacionais especializadas.

A noite de autógrafos da obra ocorreu em julho próximo passado, na capital fluminense, e contou com a presença de representantes da Legião da Boa Vontade, que lhe levaram o abraço do dirigente da Instituição. O astrônomo fez questão de deixar registrado seu carinho a ele, autografando um dos exemplares do título, com a seguinte dedicatória: “Para José de Paiva Netto, um afetuoso abraço do Ronaldo Rogério de Freitas Mourão”.

Por sinal, semanas depois, durante solenidade de aniversário da ABL (Leia texto na p. 8), em 22 de julho, o astrônomo encontrou-se

novamente com m e m b r o s d a Organização e recordou-se do Fórum Mundial Espírito e Ci-ência (FMEC), promovido, em 2000, pelo Par-lamento Mun-dial da Frater-nidade Ecumê-nica, o Parla-Mundi da LBV, localizado na capital federal.

Ele ainda fa-lou de sua expectativa para a Segunda Sessão Plenária do evento, que se realizará entre os dias 20 e 23 de outubro, do qual será pa-lestrante: “Participar dos fóruns da Legião da Boa Vontade é sempre um objetivo meu, porque neles a gente encontra a possibilidade de discutir livremente e com as idéias abertas, lutando contra os preconceitos que se criam. Essa é uma idéia muito boa do nosso Paiva Netto, de querer uma harmonia; e ela é fundamental para o Brasil. Além dessas questões, a LBV tem uma importância social muito grande. Eu já visitei Brasília, mas também aqui (no Rio de Janeiro) há uma escola dedicada às crianças. O trabalho do Paiva Netto nessa parte social de educação de jovens e de crianças é muito importante”.

(por Leila Marco)

Conversando sobre Política

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Ronaldo mourão

José gomes talarico

Astrônomo Rogério Mourão, durante sua conferência no Fórum Mundial Espírito e Ciência (FMEC), que ocorreu, em 2000, no ParlaMundi da LBV. O cientista já confirmou presença na Segunda Sessão Plenária do FMEC em outubro deste ano.

Em nome do dirigente da LBV agradecemos ao Presidente da Asso-ciação Brasileira de Im-prensa, Maurício Azêdo, o encaminhamento do opúsculo Prudente, Ins-piração. Barbosa, Para-digma., em que consta seu discurso de posse na ABI.

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Discurso de posse de Maurício Azêdo na ABI

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As oito Metas de Desen-volvimento do Milênio (MDMs) estabelecidas pela Organização das Na-

ções Unidas (ONU) e subscritas por cerca de 190 países, inclusive o Brasil,

constituíram o principal tema da primeira edição da Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade, evento realizado entre 9 e 15 de agosto em todo o País. O propósito da Semana foi o de estimular ações sociais que envolvam, cada vez mais, os brasileiros em iniciativas de Cidadania e de Solidariedade — vetores essenciais para atingir objetivos que englobam desde a erradica-ção da pobreza e da fome até a preservação do meio ambiente.

Uma campanha publicitária de uso livre foi criada voluntariamente pela agência McCann Erickson Brasil. Intitulada “Oito jeitos de mudar o Mundo” e com o slogan “Nós Podemos”, a campanha representa as MDMs por meio de oito ícones de fácil visualização e compreensão.

A idéia é fazer toda a sociedade entender e se comprometer com os desa-fios que garantirão a sobrevivência do Planeta e da Humanidade. Para tanto, não apenas governos e empresas, mas toda a sociedade civil precisa estar mobilizada. As organizações do Terceiro Setor, que promovem atividades para melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem em situação de risco social, também estão desenvolvendo esse trabalho, comprovando que para mudar qualquer cenário todos devem fazer-se protagonistas.

Atuante há mais de meio século na construção de uma Sociedade Solidária, a Legião da Boa Vontade também participa desse movimento. Durante a Semana, todas as sessões de atendimento da LBV desenvolveram atividades ligadas às metas: palestras, encontros e atividades de engajamento social, e essa agenda deve continuar por vários anos.

Na cidade de São Paulo/SP, a Semana foi oficialmente aberta no Par-lamento Latino-Americano (Parlatino) e contou com a participação de diversas autoridades e personalidades. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o compromisso que o Estado tem para com o desen-volvimento social brasileiro: “O dado concreto é que temos uma meta a cumprir, um compromisso, as coisas para fazer, e temos de fazer”. Ele ainda sugeriu a criação de um prêmio para reconhecer políticas públicas eficientes na América Latina.

Reconhecimento

Maurício de Sousa, cartunista e criador da Turma da Mônica, em depoimento à revista BOA VONTADE, ressaltou a ação pioneira da LBV: “A Legião da Boa Vontade já se antecipou. Vocês, desde o início, falam em Solidariedade, em inclusão social. Estão de parabéns! Juntamos nesta Semana um monte de gente importante com os mesmos propó-sitos e objetivos da LBV. A proposta da Instituição sempre foi essa e, agora, se propagou. Estamos pensando da mesma maneira. Parabéns a

todos, fico muito feliz de estar aqui. Penso que quando o Povo é ouvido, estamos com o mesmo propósito, a mesma Boa Vontade, somos todos da Legião”, finaliza o cartunista.

O Senador Eduardo Suplicy (PT/SP), também presente ao acontecimento, afirmou que acha fundamental analisar as atividades e iniciativas de organizações, para que todas as pessoas possam contribuir para uma sociedade mais justa, e acrescentou: “É importante que a LBV possa estar na realização desse trabalho com toda força”.

Já o Senador Romeu Tuma (PFL/SP) chamou a atenção para a importância do en-contro: “É um prazer poder falar com vocês da Legião da Boa Vontade, principalmente com aqueles que trabalham com bastante intensidade em prol dos menos favorecidos. Estamos numa hora que se expressa pela Cidadania e pela Solidariedade. E isso falta tanto no mundo que a participação de vocês da LBV, com esta comunidade e com o Pre-sidente da República, tem um valor imenso. Isto, sim, vai melhorar; e se Deus quiser, o Brasil terá mais tranqüilidade com essas campanhas de Solidariedade”, manifesta o Senador.

Os países-membros das Nações Unidas assinaram, em se-tembro de 2000, durante as reuniões da Cúpula do Milênio, um compromisso no sentido de priorizar a eliminação da pobreza e contribuir para o desenvolvimento sustentável do Planeta. Dentro desse contexto, oito metas foram estabelecidas:

- Erradicar a pobreza extrema e a fome;- Atingir o ensino básico universal;- Promover igualdade de gênero e autonomia das mulheres;- Reduzir a mortalidade infantil;- Melhorar a saúde da gestante;- Combater HIV/aids, malária e outras doenças;- Garantir a sustentabilidade ambiental;- Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

metas do milênio

Semana Nacional populariza metas do Milênio da ONU

Cidadania e Solidariedade

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(por Rodrigo Oliveira)

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www.boavontade.comATUALIDADES

ABL107 anos

“A A c a d e m i a , t r a b a l h a n d o p e l o conhecimento [...], buscará ser, com o tempo, a guarda da nossa língua.” Essa assertiva de Machado de Assis

(1839-1908), o primeiro Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), continua a ser o grande desafio dessa Casa, que completou, em 20 de julho, 107 anos de fundação.

O próprio Machado sabia das dificuldades da missão. “Caber-lhe-á então defendê-la daquilo que não venha das fontes legítimas, — o povo e os escritores, — não confundindo a moda, que perece, com o moderno, que vivifica. Guardar não é impor; nenhum de vós tem para si que a Academia decrete fórmulas. E depois, para guardar uma língua, é preciso que ela se guarde também a si mesma, e o melhor dos processos é ainda a composição e a conservação de obras clássicas”, disse em discurso no dia 7 de dezembro de 1897.

Ao longo destes anos, autores, historiadores, críticos literários, cientistas sociais, jornalistas, políticos e cientistas, que são referência em nosso país, incorporaram esse desiderato ao serem eleitos para assumir as tradicionais quarenta cadeiras da Academia, preservando também a história nacional, no reconhecimento a seus maiores vultos.

Alguns eventos foram preparados para comemorar o aniversário. Em 22 de julho, ocorreu, na sede da ABL (localizada na capital fluminense), uma cerimônia especial de entrega de prêmios aos destaques na área de literatura. O encontro foi aberto com a palavra do seu Presidente, o jornalista, poeta e ensaísta Ivan Junqueira, que fez um resumo das atividades da Casa. “Esta não é só a glória que eleva e consola; é a glória que desperta, que estimula, que convida”, disse em seu discurso, incentivando os escritores condecorados naquela ocasião a integrar as ações desse templo do conhecimento e da identidade nacional. Na seqüência, a tribuna foi assumida pelo orador e acadêmico Alberto da Costa e Silva.

Em seguida, deu-se a entrega dos prêmios, em diversas categorias, a saber: Ficção: João Gilberto Noll (Mínimos, múltiplos e comuns) e Ruy Câmara (Contos de outono — O romance de Lautréamont); Ensaio: Wanderley Guilherme dos Santos (O cálculo do conflito — Estabilidade e crise na política brasileira); Poesia: Astrid Cabral (Raso d’água) e Alexei Bueno (Poesia reunida); Literatura infantil: Bartolomeu Campos de Queirós (Até passarinho passa); Tradução: Bruno Palma (Amers — Marcas marinhas — de Saint-John Perse) e Marcos Santarrita (pelo conjunto da obra tradutória); e Machado de Assis: Francisco de Assis Brasil.

O Secretário-Geral da ABL, o professor e escritor Evanildo Bechara, acredita que a festa representou “o grande anseio da Academia de que as letras no Brasil — em todas as suas manifestações de poesia, de tradução, de ficção — continuem”.

Muitos dos presentes relembraram um pouco da história da Casa. O acadêmico, escritor e jornalista

ABL: 107 anos na defesa da língua pátria.

(por Leila Marco)

professor evanildo Bechara

carlos Heitor cony

murilo melo Filho

Dr. Pedro Paulote de Paiva, representando seu pai, o Diretor-Presidente da LBV, cumprimenta o Presidente da ABL, Acadêmico Ivan Junqueira.

Fotos: Amicucci Gallo

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107 anos Carlos Heitor Cony afirmou ser muito bom assistir a uma instituição que nasceu pobre crescer e tornar-se, hoje, “um patrimônio. Poder continuar dando prosseguimento ao sonho dos fundadores, que era de preservar e incentivar a literatura e a cultura brasileiras como um todo”.

Na mesma linha de pensamento, exaltou o jornalista, escritor e também acadêmico Murilo Melo Filho: “Há 107 anos e ra inaugurada a ABL. Naquele momento não tinha sequer onde se reunir. Ficou paulatinamente passando de escritório em escritório, até que veio a se estabelecer neste Petit Trianon (construído no ano anterior para abrigar o pavilhão da França na Exposição Internacional comemorativa do centenário da Independência do Brasil), doado pelo governo francês, que é uma réplica do prédio Petit Trianon de Versailles. Estamos desde 1923 reunidos permanentemente neste local”.

Outro importante acadêmico, que já ocupou a presidência da ABL, o professor, escritor e Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Arnaldo Niskier, falou da “responsabilidade primacial de cuidar da língua e da literatura do nosso País”. E concluiu: “Nisso nós temos nos esmerado, realizando concursos, cursos e seminários”.

Para a Primeira Secretária-Geral da entidade, a escritora Ana Maria Machado, “a entrega de prêmios a escritores que não estão dentro da Academia é uma forma de apostar na renovação sempre”.

Para o acadêmico, jorna l i s ta e escritor Cândido Mendes “a estrutura e dimensão da Casa só tem comparação no mundo com as atividades da Academia

Francesa*”. Quanto às condecorações daquela noite, acredita que refletem, “primeiro, a vastidão dos prêmios, a democracia do reconhecimento, com noção da identidade de mérito. E, segundo, a preocupação de premiar pessoas de todo o Brasil”.

Diversas personalidades compareceram ao evento, que lotou as dependências do Salão Nobre Petit Trianon. O Diretor-Presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, foi representado por um de seus filhos, o advogado Pedro Paulote de Paiva. Também prestigiaram a solenidade o escritor e Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Cármine Antônio Savino Filho e o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, entre outros. ___________________* Academia Francesa — Serviu de modelo à Academia Brasileira de Letras. Foi fundada, em 1635, por iniciativa do Cardeal Richelieu (1585-1642), que obteve do Rei Luís XIII (1610-1643) autorização para o funcionamento da entidade, com o principal objetivo de tornar a língua francesa “pura, eloqüente e capaz de tratar das artes e ciências” (fonte: site www.academia.org.br).

Homenagem

Ana maria machado

Arnaldo niskier

cândido mendes

O escritor e crítico literá-rio Antonio Carlos Secchin tomou posse, no dia 6 de agosto, na Academia Brasi-leira de Letras, da cadeira de número 19, a qual tem como patrono o professor e diplomata gaúcho Joaquim Caetano da Silva. A cátedra estava ocupada por Marcos Almir Madeira, educador e sociólogo, que faleceu em outubro de 2003.

Durante o seu discurso, reafirmou o compro-misso pelas causas literárias brasileiras. Em um dos trechos do pronunciamento, Secchin falou sobre a maior premiação que um escritor pode receber. “O mármore, o cimento e o bronze não são os melhores materiais para imortalizar um escritor. O grande monumento que se pode erguer à sua memória é de natureza mais modesta e frágil, cabe na palma da mão. Este monumento, que em sua precarieda-de física se sobrepõe a todos os outros, se chama livro”, ressalta.

Vários acadêmicos que acompanharam a ceri-mônia destacaram a felicidade da escolha do novo imortal para a ABL. Em entrevista à BOA VONTA-DE, Arnaldo Niskier, Secretário Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, comentou: “Nós, da Casa de Machado de Assis, ganhamos muito com a presença de Antonio Carlos Secchin, porque é o dinamismo além da competência”.

Para Cândido Mendes, trata-se de uma figura importante para a literatura nacional. “Ele vem dar essa força na raiz, na medula da Academia, en-quanto poeta e grande crítico literário sobretudo”, observa.

Já Murilo Melo Filho afirmou que “ele vai ajudar muito a administrar esse projeto cultural em plena expansão, que é a Academia Brasileira de Letras. E isso nos anima muito a recebê-lo de braços aber-tos”.

O Presidente da ABL, Ivan Junqueira, destacou o fato da união entre a experiência dos outros aca-dêmicos e do jovem Secchin. “É muito importante eleger um homem de letras ainda muito moço. Aqui é uma Casa de pessoas mais idosas e o nosso Secchin já declarou que está absolutamente disposto a cola-borar com nossas atividades. Ele dará sangue novo a um processo de renovação que vem ocorrendo já há alguns anos”, destaca.

Secchin, o mais jo-vem imortal da ABL.

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Sempre é válido ressaltar o esforço das pessoas que se comprometem a transformar o mundo

para melhor. Uma delas, sem dúvida, é Fernando Barbosa Lima, veterano jornalista e professor universitário. Entre-vistado pela equipe da revista BOA VONTADE, ele contou um pouco de sua trajetória nos

meios de comunicação no Brasil, nos idos de 1956 — quando a televisão ainda era em preto-e-branco —, na TV Rio, sediada na capital fluminense. Passados quase cinqüenta anos, as cores dessa mídia revelam, além do profissionalismo, um homem que respeita o telespectador.

O gosto pelo trabalho visual e pela redação vem de longa data, ainda no início de sua carreira. Primeiro, em uma agência de publicidade, pôde desenvolver-se como desenhista. Logo depois, conseguiu emprego de redator em um periódico pau-listano.

Forte ícone das produções de cunho jornalístico e inves-tigativo, fez história em nossa TV, destacando-se como um dos criadores dos programas Canal Livre, Cara a cara e Sem Censura, da TV Educativa, do Rio de Janeiro.

Para ele, os meios de comunicação têm de estar em cons-tante evolução. “A verdade é esta: na televisão, tem de se estar renovando todo dia. Ela não pode estar estagnada, parada.” Destacando a ação da LBV no País, comentou: “Vocês estão preocupados com o nosso povo, com o bem-estar do brasileiro. (...) Pena que não têm mais espaço na televisão. Deviam ter muito mais espaço na TV e no rádio”.

Todo esse empenho e cuidado com o conteúdo exibido na programação brasileira têm origem certa: a convivência com o pai, Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000), que, segundo o próprio Fernando define, foi fundamental para sua formação jornalística, intelectual e política. “Era uma pessoa da mais alta significação nesse sentido. Um homem que tinha uma vida muito ativa: viveu 103 anos e trabalhou até o último dia (...). Agora, eu estou fazendo um DVD sobre ele”, revela.

O relato do apresentador mostra também o respeito paterno pela Instituição. “O meu pai, por exemplo, tinha uma grande admiração pela LBV. (...) Ele sempre se colocou à disposição dela, porque sabia que vocês estavam fazendo um trabalho interessante, que é importante para o nosso povo. (...) Vocês estão preocupados em dar educação e novas esperanças para o brasileiro”, disse.

Fernando Barbosa Limafala sobre seu trabalho na TV e revela que está fazendo um vídeo em homenagem ao pai

(por Rodrigo Oliveira)

Fernando Barbosa lima

Fato HistóricoBarbosa Lima Sobrinho foi um dos mais notáveis jornalistas do País. Pre-

sidiu por longa data a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Além disso, sempre atento às causas humanitárias, apoiava iniciativas que favorecessem a comunidade, como ocorreu ao se tornar Presidente do Conselho de Honra para a construção do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da Legião da Boa Vontade (SGAS 915, Lotes 75/76, Brasília/DF), ou, ainda, quando foi padrinho de uma das mais importantes campanhas realizadas na história da Instituição: a Bem-vindo, Ano 2000!, que comemorou o seu jubileu de ouro. Ao aceitar a tarefa, o combativo Dr. Barbosa afirmou: “Tenho o maior prazer em tomar parte nos 50 anos da LBV, que tem prestado grandes serviços ao Brasil. Desejo que ela prossiga agindo no mesmo sentido. É a minha solidariedade para com o movimento que se faz agora, festejando meio século de uma entidade que demonstrou, neste período, a sua grande utilidade ao País”.

Vale mencionar também que o Presidente da ABI recebeu, em 1996, a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, na categoria Co-municação, outorgada pelo ParlaMundi. O prêmio foi entregue na residência do eminente jornalista, no Rio, por crianças atendidas pela Obra. Ao agradecer a honraria, ele assim se expressou: “O fato de ter sido destacado, pela comenda, por José de Paiva Netto para representar a área da comunicação me conforta muito, porque até deixo um pouco de lado a minha atividade de escritor. Faço questão de ser considerado jornalista, que é uma maneira de reconhecer exata-mente os deveres que me cumprem nesta atividade, que venho exercendo há 70 anos. (...) Neste fim de século, é muito confortador ser homenageado por crian-ças que representam o futuro de nosso Brasil. Se Deus permitir, quero assistir à chegada do ano 2000, transformando-me num dos raros homens desta terra que conseguiram viver em três séculos diferentes, já que nasci em 1897”.

Por ocasião do seu centenário (1997), o Dr. Barbosa Lima Sobrinho foi cumprimentado pelo escritor Paiva Netto. O Presidente da ABI estava acompanhado por sua simpática esposa, Dona Maria José (centro), e pela então Presidente da Academia, a escritora Nélida Piñon. Depois que o jornalista voltou à Pátria Espiritual, Paiva Netto declarou: “Se tivemos durante 103 anos um Dr. Barbosa, é porque ele teve uma Dona Maria José”.

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Há quem afir-me ser quase impossível a participação

da sociedade civil nas elaborações de propostas para o Senado Federal. Certamente, a Comissão de Legislação Participati-va (CLP), presidida pelo Senador Magno Malta (PL/ES), foi criada para provar o contrário, já que o objetivo do órgão é servir como canal entre a sociedade e seus representantes no Congresso Nacional.

Por isso, cabe à CLP receber as sugestões de cunho legislativo, apresentadas por associações, órgãos de classe, sindicatos e en-tidades organizadas da sociedade civil, com exceção de partidos políticos. As idéias que tiverem parecer favorável da Comissão

serão transforma-das em proposi-ção legislativa e encaminhadas para tramitação.

Esse mesmo órgão solicitou, no dia 10 de ju-lho, “proposições do interesse da Legião da Boa

Vontade (LBV) e da Fundação José de Paiva Netto (FJPN), que possam introduzir aprimoramen-tos no arcabouço legislativo brasileiro”, em ofícios assinados pela Secretária da Comissão, Maria Dulce Vieira.

A FJPN tem a missão de transmitir, por meio da Co-municação Social, Educação e Cultura com Espiritualidade, promovendo a Cidadania Ecu-mênica.

Comissão de Legislação Participativa do Senado Federal

Magno Malta

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No centro, Paiva Netto e Lucimara Augusta aparecem ladeados pelo famoso vocalista do grupo Cidade Negra, Tony Garrido, a bela esposa Regina e as lindas filhas do casal, Victória (que está junto ao cantor) e Isadora, no colo da mãe. O feliz encontro ocorreu em 22 de agosto, na capital fluminense.

Feliz encontro

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www.lbv.orgL E G I Ã O D A B O A V O N T A D Ewww.boavontade.comHISTÓRIA

Um dos mais importantes líderes políticos da História do Brasil nasceu na cidade de São Borja/RS, em 19 de

abril de 1882. Formado em Direito exerceu o cargo de promotor público em Porto Alegre e advogou posterior-mente em sua terra natal. Tendo sofri-do forte influência do Positivismo, de Augusto Comte (1798-1857), iniciou carreira política ligado a Borges de

Medeiros (1863-1961). Foi eleito Deputado Estadual quatro vezes e líder da bancada federal de seu partido. Vargas, no governo Washington Luís, foi nomeado Ministro da Fazenda, mas renunciou para governar o seu Estado em 1928. Lide-rou a Revolução de 1930, que se opunha à política do café-com-leite, e procurou um novo caminho para tirar o Brasil da crise econômica mundial que o atingiu em 1929. Tendo assumido como chefe provisório do governo, postergou o retorno do país à normalidade democrática, fato que suscitou a Revolução Constitucionalista (1932). Ainda no mesmo ano, aprovou um novo código eleitoral, que dava às mulheres o direito ao voto. A primeira participação delas nas eleições ocorreu em 1934. Neste ano, já com uma nova Carta Magna, Getúlio foi eleito Presidente Constitucional pelo Congresso Nacional Brasileiro.

Mas num cenário de instabilidade nacional e internacio-nal, por meio de um golpe, tornou-se ditador de 1937 a 1945, quando foi obrigado a renunciar. Neste perío-do, realizou importantes inovações, beneficiando os trabalhadores e iniciou o de-senvolvimento da indústria de base brasileira.

Getúlio Vargas foi um político de extraordinário carisma popular. Por essa razão, tendo deixado o po-der de forma conturbada, foi eleito Senador pelo Rio Grande do Sul e São Paulo, e Deputado Federal por seis Estados, como permitia a legislação da época. Em 1950, com o entusiasmo do movimento queremista, volta ao poder consagrado pelas urnas. Em sua atuação como Presidente da Repú-blica, adotou uma posição nacionalista, o que provocou

forte oposição ao seu gover-no.

Quase qua-tro anos depois, no auge de uma crise política, Getúlio tiraria a sua própria vida. Para se ter uma idéia do que significou para a popula-ção a perda do estadista, vale lembrar trechos do artigo “A eli-te do Brasil é o seu Povo”, do escritor Paiva Netto, publicado na antiga revista Manchete, edição no 2.505, de 22 de abril de 2000. Nele, o autor relembra o estado emocional das pessoas durante aquele episódio e dá, também, uma grande lição:

“Chegamos aos 500 anos. E o Brasil, como o mundo, não se acabou… Indignar-se contra o erro é uma coisa. Descrer de um futuro, que nem chegou ainda, é outra. Pode matar a Esperança. E isso é fatal!

“Eu era um adolescente. Saía cedo para a escola. Um dia, de súbito, uma professora, com os olhos esbugalhados, irrompe sala adentro. Chorosa, grita:

“— Aconteceu uma coisa

horrível! Getúlio se suicidou!

“Um raio caiu sobre todos nós, meninos e meninas que ali estudá-vamos. As classes foram dispen-sadas. No País, salvo as exceções de praxe, paixões e baixezas polí-ticas, provisoriamente esquecidas. Os homens lembraram-se de que são humanos. Fui andando pela Dias da Cruz, no subúrbio cario-ca do Méier, enquanto pensava, como pensava um menino de treze anos naquele tempo... Havia uma indescritível angústia no ar. Aque-la rua tão bela quedava sombria, apesar da claridade matutina. Era a consternação das almas, naquele 24 de agosto de 1954.

Getúlio Dornelles Vargas

O saudoso Presidente Vargas, tendo ao lado a filha Alzira Vargas do Amaral Peixoto, que, certa vez, enaltecendo o trabalho da LBV, afirmou: “Paiva Netto está fazendo o que Getúlio Vargas também desejou: que cada brasileiro se emanci-passe”.

Fotos: Arquivo LBV

O corpo de Getúlio foi sepultado no Cemitério de São Borja, sua terra natal, no Rio Grande do Sul. Muitos oradores se manifes-taram, tais como Tancredo Neves e João Goulart. No momento da foto, fala, emocionado, o saudoso Chanceler Oswaldo Aranha (1894-1960), um dos disparadores da Revolução de 1930, que levou Getúlio ao governo nacional.

�0 anos sem Getúlio Vargas

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(por Leila Marco, Rodrigo Oliveira e Paulo Alziro Schnor)

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Nasceu no município de Cepa Forte, hoje, Jandaíra/BA, em 30 de setembro de 1891. Iniciou-se no Espiritismo e, após radicar-se na cidade de Nova Iguaçu/RJ, fundou com sua esposa o albergue noturno Allan Kardec e o Lar de Jesus para meni-

nas órfãs. Como educador criou uma das mais conceituadas instituições de ensino daquela região, o conhecido Colégio Leopoldo. Foi jornalista, professor, escritor, poeta, compositor, pregador e polemista.

Entusiasmado com a proposta ecumênica da Legião da Boa Vontade, em 7 de janeiro de 1950, participa como orador da Cruzada das Religiões Irmanadas, dirigida por Alziro Za-rur (1914-1979), no salão nobre da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Empolgado com o espírito universalista da Legião da Boa Vontade, declarou abertamente, pelo rádio e pela im-prensa, que nunca houve Instituição igual, em cujo seio confraternizam todas as religiões e filosofias existentes no mundo. Como prova, aí está seu livro A Caravana da Fraternidade. Cogno-minado o Legionário da Boa Vontade no 2, dedi-cou à LBV uma de suas mais belas produções poéticas “O Anjo expul-so retorna à Terra”. É de sua autoria também a “Prece da Criança Boa”. Desencarnou em 22 de agosto de 1957.

Leopoldo Machado Barbosa Pietro Ubaldi

Filósofo monista e sociólogo, nasceu em Foligno, na região da Úmbria, Itália, em 18 de agosto de 1886. Formou-

se em Direito pela Universidade de Roma. Concluído o curso fez extensa viagem com a finalidade de conhecer pormenorizadamente a sociedade dos Estados Unidos da América. Ubaldi sempre possuiu uma índole voltada para a cultura e um forte interesse por assuntos espirituais. Dotado de grande inteligência, era de natureza estóica. No entanto, foi criado em família nobre e muito abastada da qual herdou enorme fortuna. Casou-se com Maria Antonieta Solfanelli e teve três filhos. Aos seus entes queridos entregou os seus bens e optou por uma vida de caráter franciscano.

Aos 41 anos, resolveu sustentar-se trabalhando como professor do ensino médio na cidade de Módica na Sicília. Em 25 de dezembro de 1931, escreveu importante texto por inspiração da entidade espiritual denominada “Sua Voz”. No ano seguinte, iniciou o livro A Grande Síntese, considerado fundamental para a compreensão de seu pensamento, concluído em 1935. Em 1951, com a repercussão de seus escritos, foi convidado a realizar palestras no Brasil, e, um ano depois, mudou-se definitivamente para nosso país, considerado por ele “o berço da nova civilização do Terceiro Milênio”. Visitou e palestrou na Legião da Boa Vontade. Após analisar a proposta da Instituição, concluiu que “a LBV é um movimento novo na História da Humanidade. Colocará o Brasil na vanguarda do mundo”.

A obra ubaldiana é formada por 24 volumes, sendo os dez primeiros escritos em seu país de origem e os demais no Brasil. Desencarnou na cidade de São Vicente/SP, no ano de 1972.

Alziro Zarur comanda a primeira reunião ecumênica da Legião da Boa Vontade, realizada no Salão do Conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janei-

ro/RJ, da qual Leopoldo Machado foi um dos oradores.

“Tudo passa, mas o Povo permanece.

“Quantas vezes o Povo expressa mais refinado sentimento do que os seus conduto-res! Muitos rostos apareceram chorando pelas calçadas. E eu pensava, como pensava um menino de treze anos naquele tempo...

“— Que será do meu País daqui pra frente?!

“Depois de vários minutos meditando sobre a tristeza geral e a dor da família Vargas, olhei para o alto e disse de mim para comigo mesmo:

“— Por mais cruel que seja o sofrimento, a vida continua!... Por mais importante que seja um homem, não é maior do que a sua pá-tria. Tudo passa. Mas o Povo permanece”.

Currículo extenso — Entre suas realiza-ções, coloca-se em relevância o fortalecimen-to do Exército, da Marinha, e o surgimento da Aeronáutica. Com essa ação, integrou o território nacional em um patamar mais

sólido. Vargas instituiu, em âmbito público, concursos (capacitando servidores para melhor atender à população), os sistemas de saúde e escolar (gratuito, universal), sendo obrigatório o ensino fundamental, e estabe-leceu as universidades federais.

Em seu currículo contabiliza-se tam-bém a consagração dos direitos dos trabalhadores, com o surgimento da Justiça do Trabalho, a consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e o Ministério do Trabalho.

Criou, ainda, a Força Expedicionária Brasileira; o Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE); o Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômico, a que mais tarde foi acrescida a palavra So-cial, tornando-se o BNDES; a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); a Indústria Petrolífera — Petrobrás; a Companhia Na-cional de Álcalis; e, projetou as Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), além de fundar a Companhia Vale do Rio Doce. Construção da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta

Redonda/RJ.

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Lars Grael, um dos mais bem-sucedidos atletas brasi-leiros, é o exemplo vivo do espírito de garra e supe-ração que o esporte produz. Apesar do acidente, em 6 de setembro de 1998, no qual perdeu a perna direita,

amputada pela hélice de uma lancha desgovernada, ele não de-sanimou.

Na Grécia, este bicam-peão olímpico (medalha de bronze em Seul, em 1988, e em Atlanta, nos Jogos de 1996, êxito este comemorado junto ao seu Proeiro Kiko Pellicano, como pode ser observado na foto principal) esteve presente como Coorde-nador Técnico da nossa seleção de vela.

Logo após o acidente, a caminho do hospital para receber os primeiros socorros, Lars sofreria duas paradas cardíacas. A situação parecia irre-

versível. Contudo, ele reagiu e venceu. Superou a brutalidade da tragédia, os meses e meses de difícil recuperação, a dependência química causada pelos fortes analgésicos usados pelos médicos para diminuir os quadros de dor que iam “além do suportável”. Como afirma o jornalista Paiva Netto em seu artigo “Olimpía-das, Paz, Ecumenismo (II)”, publicado em setembro de 1988, o esporte é importante não apenas pelo respeito ao corpo, mas também para harmonizar matéria e Espírito, pois, tendo-se essa parte eterna sadia, é possível suplantar tudo.

Em recente visita ao Instituto de Educação da LBV*, na capital paulista, o iatista, hoje Secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer de São Paulo, relembrou momentos de quando criança e do início no esporte ao lado dos irmãos Torben — que competiu pelo Brasil nos Jogos Olímpicos deste ano — e Axel. “Tive uma infância boa. Minha mãe, Ingrid Schmidt, vem do lado viking da família, do mundo da vela; meu pai, o Coronel do Exército Di-ckson Melges Grael, ensinou-nos muita disciplina e uma paixão esportiva intensa. Era um patriota e soube passar o valor da honra à pátria, de poder lutar. Então, nos instantes que mais pesavam de uma c o m p e -tição es-port iva, a gente p u x a v a a q u e l e s e n t i -mento de patriotis-m o , d e dignificar o País”, conta.

Colecionando medalhas

Os fundamentos da vela e as noções básicas de marinharia foram transmitidos pelo avô materno a bordo de um antigo ve-

Lars GraelEspírito Olímpico

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Texto de Angélica BeckEntrevista à RMTV por Leilla Tonin

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Foto histórica. Durante os Jogos de 1996, Lars, medalha de bronze, aparece ao lado de Oscar e do também velejador Robert Scheidt (último à direita), medalha de Ouro, em Atenas/2004.

O iatista Lars Grael em visita ao Centro Educacional da LBV no Rio de Janeiro/RJ

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leiro, e, já na sua primeira regata, em 1972, Lars Grael, aos 8 anos, chegou em terceiro lugar. “Lustrava a medalhinha com um orgulho muito grande. Aí começou a minha carreira na vela”, recorda. “E aos 19 anos, inexperiente, mas muito dedicado e perseverante, consegui, na eliminatória, surpreender e classificar-me para os Jogos Olímpicos de Los Angeles (EUA). A minha estréia em Los Angeles, em 1984, com 20 anos, e a sétima colocação obtida tiveram um gosto de vitória. A medalha mesmo apareceu na Olimpíada seguinte, em Seul (Coréia do Sul).”

O especial gosto da vitória

Ele ainda relembra: “Torben e eu fomos para o Mundial em 1981 achando que poderíamos ganhar e tivemos uma frustração no resultado final. Fomos os terceiros colocados. Mas a gente pôde aprender com aquilo e fomos campeões mundiais em Portugal, dois anos depois. Foi a primeira glória”. Para Lars, aquele desafio “ia além”. “Naquela época, não existia patrocínio em vela, um esporte eminentemente elitista, e meu pai era um funcionário público. Seu idealismo familiar era impulsionar a carreira dos filhos, mas sem condições, sem meios para isso. Ele nunca comprava roupa para ele, não viajava; o carro dele era velho. Tudo o que conseguia era para ajudar a gente a comprar uma vela para o barco, integrar o dinheiro para fazer uma viagem. Assim era a nossa sobrevivência no esporte.”

O esportista conta que, na fase dos Jogos Olímpicos de Seul, seu genitor já sofria de câncer, estando na fase terminal da doença. “Eu e meu irmão estávamos com o espírito muito forte de luta; a gente queria homenageá-lo. E voltamos de Seul, ele com a medalha de bronze na Classe Star, em dupla com Nelson Falcão, e eu com o bronze na Classe Tornado, em dupla com Clínio Freitas. Voltar da Olimpíada, reencontrar o nosso pai e oferecer a ele aquelas medalhas era retribuir tudo aquilo que a gente recebeu ao longo

de tantos anos.”

Espírito olímpico

Em sua opinião, “aprender com a derrota e saber vencer sem humilhar o derrotado é um espírito que o esporte, de maneira geral, traz ao Ser Huma-no, à Humanidade. Vai muito além da competição: promove a coesão social, a tolerância entre povos, raças, etnias, cre-dos”. Exemplificando essa tese, ele recorda os episódios de trégua passados durante a Guerra Fria (1949-1991): “O primeiro ato diplomático de união da China Comunista com os Estados Unidos foi um desafio de tênis de mesa, e o Good Will Games (Jo-gos da Amizade), de Moscou, em 1986, do qual tive a honra de participar, foi a primeira distensão entre o bloco soviético e o capitalista americano”.

Mérito à Solidariedade

Em outubro de 2000, Lars Grael foi um dos agraciados com a Comen-da da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, uma condecoração outorgada pelo Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o

ParlaMundi da LBV (SGAS 915, lotes 75/76, Brasília/DF), a qual destaca pessoas e instituições promotoras de ações solidárias em diversas áreas do saber humano. O iatista, que recebeu a láurea na categoria Esporte, relembra, com carinho, aquele momento: “Foi uma homenagem especial, um ato maravilhoso no meio de impor-tantes personalidades do nosso país. Grandes nomes do esporte nacional já haviam sido homenageados, como Pelé, Zico, Nilton Santos, Oscar Schmidt. Para mim, foi uma distinção muito grande, uma vontade de continuar trabalhando intensamente nesse conceito do esporte em favor da sociedade”.

O atleta ressaltou o papel das atividades desportivas como ele-mento de valorização da juventude, servindo para incentivar valores morais, éticos, de disciplina, de espírito coletivo e, principalmente, de combate à ociosidade do jovem. Nesse particular, diz que pôde conferir de perto na LBV a aplicação dessa máxima: “A Legião da Boa Vontade oferece, e pude presenciar em São Paulo e no Rio de Janeiro, além do esporte, informática, laboratório, línguas, biblio-teca, lazer, ou seja, o esporte tem de ser visto como componente da ação social, de chegar na comunidade, de prevenir a violência, sendo capaz de fazer uma transformação na sociedade. A formação do indivíduo vem pelo lado intelectual (do conhecimento), físico e espiritual. Isso é fundamental, e a LBV trabalha muito bem, na po-sição do Ecumenismo, da tolerância e do respeito a todos os credos religiosos aliado à formação da Espiritualidade sem distinção”.

Finalizando, Lars Grael deixou seu total apoio à iniciativa: “Contem comigo; afinal, Boa Vontade depende apenas de nosso empenho em servir ao próximo — o que a LBV define e defende muito bem. Após uma visita tão prazerosa, vendo esta escola, esta obra aqui em São Paulo, acho que inspira a gente a poder abrir o coração e passar um pouco daquilo que nós pensamos e agimos. É um trabalho exemplar e gratificante, que traz uma energia muito boa para a gente”.

___________________________* Instituto de Educação da LBV — Uma das escolas modelares da Legião da Boa Vontade que atende mais de mil alunos em situação de risco social, desde o berçário ao ensino médio, com a aplicação da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, criada por Paiva Netto. O estabelecimento de ensino está localizado na Av. Rudge, 700, Bom Retiro, São Paulo/SP — tel. (11) 3225-4500.

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Em outubro de 2000, Lars Grael recebe das mãos do ex-atacante da Seleção Brasileira de Vôlei Paulão a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica na categoria Esporte, do ParlaMundi da LBV, localizado em Brasília/DF.

Irmão de Lars, Torben Grael tornou-se o atleta brasileiro que mais faturou medalhas em Olimpíadas, sendo cinco no total. A última dele veio em Atenas, quando foi campeão na classe Star, ao lado do compatriota Marcelo Ferreira.

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O programa Ecumenismo* teve o prazer de receber, em seus estúdios, um dos mais destaca-dos juristas do Brasil e batalhador pelos direitos humanos, Fábio Konder Comparato. Constam também do currículo do professor títulos como: doutor honoris causa pela Universidade de Coim-bra (Portugal), doutor em Direito pela Univer-sidade de Paris (França) e professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Nesta edição da revista BOA VONTADE, o leitor poderá acompanhar partes desta entrevista. Boa leitura!

BOA VONTADE — Professor Fábio, é um prazer recebê-lo. Começamos nossa conversa agradecendo ao senhor a presença no ambiente das Instituições da Boa Vontade.

Fábio Konder — Eu me sinto honrado em estar aqui, porque sei que esta é uma organização que promove a Solidariedade. A Humanidade precisa encontrar cami-nhos para superar a divisão, que se estabelece de forma cada vez maior, entre as nações ricas e as pobres; entre os dominantes e os que sofrem a dominação. O grande problema a ser resolvido é a falta de Solidariedade.

BV — Ao pensarmos na grande trajetória que propõe no seu livro A Afirmação Histórica dos Direitos

Humanos, gostaríamos que falasse um pouco sobre a questão da dignidade humana, porque tudo começa aí: a afirmação da dignidade humana.

Fábio Konder — Foi um processo longo, mas contínuo, de tomada de consciência do fato de que nós, Seres Humanos, somos diferentes dos animais e vivemos uma aventura singular. Somos os únicos seres no mundo capazes de amar, de identificar a verdade e de criar a beleza. Isso levou certo tempo até ficar claro na mente de todos. Mas, com essa percepção, ocorreu o progressivo conhecimento de que somos todos es-sencialmente iguais, ou seja, nascemos com a mesma dignidade, e as diferenças, ou melhor, as desigualdades entre os Seres Humanos são criações nossas, não estão na nossa natureza.

Quando entramos na vida, temos essencialmente a mesma dignidade, sejamos ricos, pobres, brancos, índios, negros, e, portanto, o reconhecimento da nossa intrínseca igualdade mostra que é contra a própria natu-reza humana considerar que um indivíduo é superior a outro, que um sexo é superior a outro, que uma nação é superior a outra, ou que uma religião é superior a outra. Isso nos conduz necessariamente à Solidariedade, ou seja, nós formamos um todo único, coeso.

Uma parte expressiva da Humanidade — 800 milhões de pessoas — vive com menos de um dólar por dia, ou seja, recebendo por ano, praticamente, dois salários

Entrevista do Dr. Fábio Konder Comparato ao programa Ecumenismo, da RMTV.

resolvido é a falta de

Fábio Konder comparato

O grande problema a ser

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(por Paulo Alziro Schnor)

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mínimos brasileiros, e isso significa que, na prática, não existe Solidariedade.

Foi esse o grande caminho percorrido na história hu-mana. No início, as pessoas consideravam-se superiores às outras politicamente. Pela relação de sangue, nasciam nobres ou eram filhos de reis; então, nasciam para mandar, e os outros, para serem mandados. Hoje, o que predomina, em todo o mundo, é uma desigualdade fundada na riqueza. As crianças têm a sorte ou o azar de nascer em família ou nascer sem família, debaixo da ponte. Em um caso, elas não só nascem com a perspectiva de uma vida cheia de comodidades, cheia de facilidades, mas também já nascem com poder: o poder sobre os outros Seres Hu-manos que a riqueza dá. No caso daqueles que não tiveram essa sorte, a vida é toda feita de combates, uma luta constante contra o abandono.

As pessoas nascem pobres como se fossem detritos da Natureza, como se fossem resíduos. Ainda não há uma consciência aguda desse escândalo, sobretudo em um país como o nosso, que abriga há muito tempo uma das maiores desigualdades do mundo. Mas nós temos de empunhar este estandarte da igualdade, lutar constantemente para abrir os olhos de todos. A grande revolução no mundo é esta: abrir o coração e a mente de todos para o fato de que somos

iguais e, portanto, solidários. A miséria de uns prejudica necessariamente os outros. O fato de nós não respeitar-mos no outro Ser Humano a sua dignidade fundamental significa que não nos estamos respeitando.

BV — Nós sempre solicitamos aos nossos convida-dos que deixem uma frase, um pen-samento, uma reflexão. Eu gostaria que o senhor nos deixasse também essa reflexão.

Fábio Konder — Que pensem e sintam que somos todos iguais, que devemos comportar-nos e viver como uma família solidária. Ninguém tem direito de se impor aos outros. Per-tencemos a uma mesma família. A tradição é judaico-cristã, e a própria tradição muçulmana, ou seja, as três grandes religiões do livro ensinam-nos que somos filhos do mesmo Pai, portanto irmãos.”

“Q u a n d o e n -t ramos na vida, temos essencial-mente a mesma dignidade, seja-mos ricos, pobres, brancos, índios, negros (...).

* O programa Ecumenismo é exibido de segunda a sexta-feira, na Rede Mundial de Televisão — RMTV.

A TV da Educação, da Cultura e da Cidadania com Espiritualidade!, às 12 horas, com reprise às 4 horas da manhã. Aos domingos, o telespectador pode acompanhar o programa às 17 horas. Para saber como sintonizar a emissora, acesse o site www.redemundial.com.br ou ligue para (11) 3358-6800.

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Educação no Brasil

As discussões sobre a Edu-c a ç ã o n o Brasil quase

sempre seguem as vere-das de seus problemas estruturais e perdem-se em tecnicismos, aliás importantes, mas não prioritários: a qualifi-cação profissional dos educadores, a sua baixa remuneração, a ausência

de recursos institucionais modernos, o uso de processos didáticos e pedagógicos já ultra-passados.

Para nós, estas são questões menores, como também menores são as discussões sobre surradas dicotomias: ensino público X ensino privado, ensino religioso X ensino laico, pre-valência do primeiro grau sobre o segundo. Mesmo o ensino universitário, para alguns de 3o grau, não consegue cumprir todas as etapas de seu clássico papel de ensino, de pesquisas e de extensão. Mas a discussão destas questões — meramente operacionais e, portanto, sim-ples conseqüências de decisões mais amplas — faz lembrar a preocupação com as doenças e não com o doente. As doenças da Educação revelam algo mais sério, mostram um grande, um imenso doente — a nação.

Neste quadro, as questões políticas emer-gem como prioritárias sobre as estruturais e as operacionais. Deve a Educação ser massiva, privilegiando antes seu aspecto de instrução, em face de um quadro de agudo analfabe-tismo? Deve enfatizar a formação mecânica de técnicos e assim tornar-se o instrumento eficiente de nossa tecnologia? Ou a Educação deve ser utilizada como poderosa ferramenta de distribuição de oportunidade e, portanto, de redistribuição de renda? Qual o espaço que a Educação reservará a seu variado leque de educandos, desde o analfabeto adulto até o superdotado?

Esta abordagem política, ainda que antece-dente aos critérios estruturais e operacionais, ainda não se configura como a gênese da pro-blemática educacional brasileira.

Educação é conduzir, guiar. Mas para onde?

Foi Lewis Carrol, em um diálogo entre Alice e o Coelho no País das Maravilhas, que lembrou: “Quando não se sabe para onde ir, qualquer cami-nho serve”. A grande e perturbadora questão é que a Educação não sabe para onde ir, porque a própria nação, de resto, não sabe para onde se guiar. Falta-lhe um projeto de construção de si mesma e, por conseqüência, um projeto educacional adequado à sua formação, ou seja, sem um claro projeto de construção nacional, qualquer caminho que a Educação venha a trilhar é igualmente bom e mau, aleatoriamente. Levará a qualquer parte e, portanto, a parte alguma.

E é exatamente aí que a questão se torna complexa. Um projeto educacional pode ser o condutor do projeto de construção nacional. E que projeto é este? Que tipo de sociedade queremos

construir? Quais os valores éticos sobre os quais estabeleceremos as raízes de nossa cidadania? Qual a simbiose e em que proporção cultuaremos as imposições do progresso e da tecnologia diante das aspirações humanísticas, da vocação da Paz, do relacionamento do Homem com a Terra, da convivência com os povos, dos valores suprana-cionais? Afinal, aonde queremos chegar? A partir daí, saberemos que caminho tomar: as questões de política educacional e de sua operacionalidade (até mesmo as verbas orçamentárias e sua destinação) serão mera decorrência desta discussão maior.

Esta abordagem traz, contudo, implicações igualmente complexas. A quem caberia definir o grande projeto de construção nacional, gênese de todos os caminhos? À sociedade como um todo, é claro. Mas como? Sugerir-se um “amplo debate” significa agarrar-se a um modismo político de palavras ocas. No caso da Educação, por exemplo,

Desembargador Cármine Antônio Savino Filho*

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Alunos realizam atividade recreativa na ampla praça do Instituto de Educação da LBV, na capital paulista, que atende, diariamente, mais de mil jovens e crianças. Na fachada do local, Paiva Netto fez colocar esta máxima de Aristóteles: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”. Foto de capa da RBV 192.

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Juliane Nascimento

quem discutiria as grandes diretrizes de um projeto que se pretende adequado aos objetivos do país? Seriam os políticos profissionais, com suas prioridades eleitorais? Seriam os vários segmentos profissionais e sociais, e, portanto, corporativistas e mantenedores do Status Quo? Seriam os inteiramente lei-gos, que mal distinguem a instrução da Educação? Seria a figura abstrata do “povo”, eterna massa de manobra da relação do poder, principalmente em face da ação dos meios de comunicação? Seriam os profissionais da Educa-ção, com suas deformações profissionais que quase sempre lhes dificultam a visão holística da questão nacional, densa floresta na qual a Educação é apenas uma árvore?

Alguém já disse que a guerra é muito importante para ser deixada a cargo dos generais. Pois é. A questão educacional também é muito importante para ser deixada para os educadores. Não será demagógico o exercício de uma democratite ao atribuir à sociedade uma responsabilidade que deve e tem de ser dela, mas que interesses outros lhe impedem na prática o desempenho?

Mas alto lá!

A distância que separa Antares de Betelgeuse é menor que a que nos separa da simples sugestão de que se deva sub-rogar a função decisora da sociedade para a jurisdição de pessoas ou de grupos. Quem há de substituir a sociedade (ainda que inviabilizada em seu papel em razão do predomínio de alguns de seus segmentos) na construção do Projeto Nacional? Ninguém. Não há de ser qualquer um condutor quem outorgará esse Projeto, qual Moisés a receber de Jeová as Tábuas da Lei no Monte Sinai.

Chegamos agora ao que acreditamos ser a essência do problema, não apenas educacional, mas de todo o momento nacional: primeiro, não há como substituir a Nação na decisão do projeto de sua autoconstrução; segundo, as várias vontades do pluralismo nacional estão, em sua maior parte, aprisionadas em conjunturas e injunções político-econômicas que lhe viciam o exercício da própria vontade; terceiro, há que se educar a sociedade para a consciência de sua própria vontade decorrente de suas necessidades naturais, não impostas; quarto, esse processo de educação pressupõe a existência prévia de um pro-jeto de definições de objetivos, ou seja, a educação da sociedade pressupõe definições que somente podem ser tomadas por meio da educação. Estamos rodando em círculos, como em toda petição de princípios.

E agora?

Agora, não sabemos. Oxalá soubéssemos. Sabemos, isto sim, que é inócuo discutir a embalagem da educação se não conhecemos seu CON-TEÚDO. Temos em mente que a educação é uma das mais fortes fontes de poder e, por isto justamente, difícil de alcançar sem reequacionar as relações de poder. Sabemos também — como sustentam os técnicos em heurística — que conhecer claramente o problema é estar a meio caminho da solução. E temos consciência da predominância do aspecto teleológico da abordagem filosófica sobre as contingências da realidade política do exercício institucio-nal e quotidiano das relações do poder (seja estatal, corporativo ou pessoal), para a tão sonhada adequação da Educação aos rumos do justo estamento da Nação Brasileira.

A violência no Brasil está estreitamente ligada ao sistema educacional que temos. O Brasil de hoje, submerso em ondas de violência, criminalidade e marginalidade, necessita, mais do que nunca, encontrar suas reais definições para poder achar um programa nacional de Educação Sistêmica, construindo um cenário para o estabelecimento de prioridades, visando cuidar dos proble-mas que afligem a todos, por intermédio de um extenso programa sinergético, no sentido de impor à Nação um ambiente de maior segurança, por meio de uma nova postura pedagógica, nova consciência e ações coletivas.

___________________(*) Cármine Antônio Savino Filho é Desembargador Titular da 6a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça / RJ.

Porto Alegre

Mais de 22 mil pessoas, segundo dados dos organizadores, participaram do Fórum Mundial de Educação, FME, ocorrido entre os dias 28 e 31 de julho, em Porto Ale-gre/RS. Representantes dos mais diferentes segmentos

da sociedade, principalmente profissionais da área educacional, vindos de várias partes do mundo, abordaram, por meio de conferências,

debates temáticos, atividades culturais e auto-gestionadas o tema “Educação para um Outro Mundo Possível”, com objetivo de contribuir com idéias para a construção da Plataforma Mundial de Educação.

O acontecimento, que já está na sua terceira edição, vem se destacando pela facilidade de reunir indivíduos tão distantes territorialmente, mas preocupados com o futuro da educação mundial. Segundo a Secretária Executiva do Conselho Internacional do III Fórum Mundial, Salete Valesan Camba, o encontro melhora a cada ano: “Dos três que já ocorreram, este é o maior em termos de público e também de participação de outras nações. Passamos 2003 e 2004 estimulando muito a integração dos países, a discussão nos seus locais de origem, e isso ajudou no processo todo e também na presença de 150 países nesse Fórum”.

De acordo com o Secretário de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, José Alberto Reus Fortunati, o evento é fundamental para a estruturação do maior patrimônio de um povo: “A construção de um novo mundo só será possível se nós consolidarmos, especialmente, a escola pública, de forma que tenha condições de dialogar com todos os segmentos sociais, fazendo com que eles possam ter uma educação pública de qualidade”.

Além de fazer parte do comitê organizador do FME, a Legião da Boa Vontade, que há mais

de meio século luta para a construção da Sociedade Solidária e pela valorização do Ser Humano e seu Espírito eterno, realizou, durante o encontro, uma oficina sobre o tema “Pedagogia do Cidadão Ecumênico — Educando com Espiritualidade”, da qual participaram educadores, autoridades e público em geral.

A atividade contou com a palestra da pedagoga e consultora para os Ministérios de Educação e de Relações Exteriores Vera Viana, que falou sobre “A Espiritualidade na Educação”. Durante seu pronun-ciamento, ressaltou o pioneirismo da LBV nesse trabalho. Sérgio de Oliveira e Silva, economista e especialista em gestão de Terceiro Setor, analisou o “Papel da Educação no Desenvolvimento Social”.

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Fotos: Fabiano da Conceição

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Uma pedagogia que alia cérebro e coração

Na oportunidade, o representante da LBV Danilo Parmegiani apresentou os princípios da Pedagogia do Cidadão Ecumênico — me-todologia criada pelo dirigente da Instituição, José Paiva Netto, e aplicada, com sucesso, nas escolas da Instituição em todo o País e Exterior —, que tem como objetivo aliar o intelecto ao sentimento. Uma pedagogia fundamentada nos valores nascidos do Amor universal, dispondo o indivíduo para viver a Cidadania Ecumênica, firmada no exercício pleno da Solidariedade planetária.

Diversas autoridades e o público em geral visitaram o estande da Legião da Boa Vontade e conheceram um pouco mais a respeito de suas atividades nas áreas da Educação e da Promoção Humana e Social, em especial, as do Lar e Parque Alziro Zarur, no município de Glorinha/RS, que atende, em período integral, meninos de 6 a 18 anos.

O Prefeito de Porto Alegre, João Verle, em entrevista à Rede Mundial (RMTV), deu os parabéns à Instituição pela presença no FME: “Quero cumprimentar a LBV pelo magnífico trabalho que vem fazendo e, oportunamente, estarei visitando vocês em Glorinha, porque sei que é uma ação magnífica”.

A equipe da RMTV registrou o aconteci-mento e colheu a opinião de diversas personalidades, a exemplo do Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Gaudêncio Frigotto, que desejou sucesso à iniciativa da LBV em fomentar a reeducação da sociedade, resgatando valores morais, sociais e espirituais: “A batalha dos valores não é pequena, o tecni-cismo, o cientificismo, o capitalismo predatório, negam esses valores e incutem a competição. A própria pedagogia das competências tem um duplo sentido, formar gente competente e competitiva. A perspectiva de formar sujeitos solidários, que acreditem em com-partir a média das coisas, é melhor do que tem sido apresentado, uma sociedade que deixa milhões sem-terra, milhares sem-teto; é uma sociedade economicamente mais sadia. Então, a batalha dos valores é prioritária, ou seja, se a gente transige dela, perde o resto. Espero que o protagonismo do projeto de educação inclusiva da LBV, cooperativa, solidária, tenha prosperidade”.

Por fim, a palavra de Eliezer Pacheco, Presidente do Instituto Nacional de Pesquisas, que ressaltou a importância da Fraternidade propagada pela LBV: “A Solidariedade é fundamental, precisamos entrar numa nova era de paz, de solução pacífica para os problemas internacionais, de Solidariedade entre as pessoas e os povos, e, nesse sentido, este tipo de programação é fundamental. Nós já temos tido vários diálogos, e quero reconhecer a contribuição que a LBV tem dado, não só para esse Fórum, mas para todos os eventos que se inserem nessa linha de construção de um mundo mais solidário, humano e justo”.

Vale destacar que o FME é articulado com o Fórum Social Mundial e sustenta-se em dois pilares básicos: a construção de uma alternativa ao projeto neoliberal e o pluralismo de idéias, métodos e concepções. É um espaço plural, não-confessional, não-governa-mental e não-partidário, verdadeiramente planetário.

João Verle

Gaudêncio Frigotto

Eliezer Pacheco

Já é notório, mas é sempre bom lembrar, que cuidar da criança e do jovem significa investir num futuro promissor. No Centro Educacio-nal, Cultural e Comunitário da Legião da Boa Vontade, localizado na capital fluminense, essa assertiva é levada muito a sério e, mais do

que isso, seus fundamentos são colocados realmente em prática. Situado em meio a diversas comunidades carentes, tornou-se um oásis na região. O prédio (Av. Dom Hélder Câmara, 3.059, Del Castilho, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro) conta com mais de 5.000 m² de área construída. Nesse espaço há 22 salas de aula, berçários, consultórios médico e odon-tológico, laboratórios de informática e refeitórios; além de possuir ampla quadra poliesportiva, biblioteca (com três mil títulos) e brinquedoteca, que atendem não somente aos alunos, mas também a suas famílias.

Conhecer de perto este trabalho mexe com as pessoas, e foi isso o que ocorreu com três ilustres visitantes no mês de agosto.

Extraordinária demonstração de Amor ao próximo

Uma tarde repleta de alegria. Poderíamos resumir, assim, os momentos vividos pelo jornalista, apresentador de TV e diretor social da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Domingos Meirelles, no órgão da LBV.

Conheceu o refeitório (no qual são servi-das quatro refeições diárias), compartilhou do ambiente tranqüilo de um grupo de pequeni-nos que estava na hora do sono e esteve nas salas de aula quando conversou com alguns dos estudantes a respeito do que achavam da escola e quais eram suas pretensões para o

futuro. Foi o caso do aluno João Gabriel da Cunha, 9 anos, da 3a série do ensino fundamental, que ao ser indagado pelo jornalista sobre suas notas, respondeu: “Eu estou bem nas notas e penso ser várias coisas”.

Ao chegar na brinquedoteca, deixou registrado no “Livro do Coração” suas impressões: “Parabéns à LBV pelo excelente trabalho que realiza em defesa dos excluídos, manifestando extraordinária demonstração de Amor ao próximo. Com a admiração do Domingos Meirelles”.

Aproveitando a visita para uma conversa descontraída com os repre-sentantes da Instituição, quando pôde falar acerca da sua vida profissional, da juventude no Méier (bairro da Zona Norte do Rio) e do período em que freqüentou uma das escolas mais tradicionais do Brasil, o Colégio Pedro II — Seção-Norte, afirmou ser uma feliz coincidência o dirigente da LBV, José de Paiva Netto, ter também estudado no mesmo estabelecimento de ensino.

O apresentador ainda confraternizou num almoço com adminis-tradores da Instituição.

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Milhares de famílias carentes da Zona Norte do Rio recebem apoio socioeducacional na LBV

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(por Leila Marco e Simone Barreto)

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Exemplo a ser seguido

Alguns dias antes, o Centro Edu-cacional havia recebido também a vi-sita do premiado repórter fotográfico Amicucci Gallo, que ficou encantado com o que viu. Membro da ABI e profissional respeitado, Amicucci foi ganhador do Prêmio “Esso de Jornalismo”, na década de 1970.

Ao ser entrevistado pela revista BOA VONTADE, destacou que a obra é um modelo na área educa-

cional: “As impressões são as melhores possíveis, vi a qualidade do prédio e do ensino, o carinho que as crianças têm aqui e que em outros lugares não se encontra. Foi muito prazeroso estar com vocês. Este lugar é um exemplo para vários governos”.

Quem também esteve por lá e, da mesma maneira, emocionou-se com a garotada ali atendida, foi a Deputada Federal e Juíza Denise Frossard. Uma recepção especial a esperava: o Coral Infantil LBV, com seu canto singelo e de Paz. A Juíza retribuiu cada um dos integrantes do Coro pelo carinho com abraços e beijos. “Esse contato com as crianças, essa troca de energia, faz muito bem pra nós”, afirmou.

Em seguida, passou às dependências do colégio, percorrendo todos os seus ambientes, e, em cada espaço, demonstrava ainda maior interesse pela Instituição e seu Presidente, principalmente quanto às questões de Cidadania e de Solidariedade.

Ao final do encontro, Denise Frossard ressaltou o exemplo que a Orga-nização representa para todos os que querem construir um País mais justo e melhor: “Vejo este trabalho como uma saída. Aqui se gosta do Ser Humano, porque se sabe que a grande riqueza de um país é o seu nacional, ou seja, o seu Povo*. (...) Este é o exemplo de Solidariedade a ser seguido”.

A Juíza ainda falou da ação de base promovida pela Obra: “Quando me convidam para fazer palestras sobre ética, eu pergunto: em qual berçário? A ética e a moral nós aprendemos no berço. Isso é o mais importante, o mundo está carente desses valores. Essa raiz dada na LBV é muito importante, é inestimável por este aspecto, pela formação ética e pela Espirituali-dade. Paulo Apóstolo, na Primeira Carta aos Coríntios (6:12), afirma: Apesar de todas as coisas me serem lícitas, nem todas me convêm; isso é ética. Outra lição vem do próprio Jesus (Evangelho do Cristo, segundo Mateus, 7:12), quando diz: Fazei aos outros o que gostaríeis que vos fizessem. Quem não tem esses princípios, essa Espiritualidade, que é Ecumênica, talvez enlouqueça, perca o sentido da vida ou nunca saiba o seu sentido. Isso é fundamental, mais do que isso, vital. (...) Educação sem ética é até perigosa. Um ser educado sem esses princípios é complicado, pode até enveredar para o mal. Se não falarmos em ética, não falaremos em educação. (...) Parabéns à Legião da Boa Vontade por esse serviço, gostaria de voltar aqui mais vezes. Contem comigo!”, finalizou.

Vale ressaltar que recentemente no lançamento de sua autobiografia, que faz parte da Coleção Gente, a Deputada autografou um dos exem-plares da obra para o dirigente da LBV, com os seguintes dizeres: “Ao Sr. José de Paiva Netto, com o meu abraço”.

________________*A Deputada Federal e Juíza Denise Frossard faz, aqui, uma alusão ao

pensamento do escritor Paiva Netto: “A riqueza de um país está no coração do seu Povo”.

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Centro Educacional, Cultural e Comunitário da LBV, no Rio de Janeiro/RJ. Av. Dom Hélder Câmara, 3.059 — Del Castilho — Tel. (21) 2501-0247

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www.paivanetto.com.brO CAPITAL DE DEUS

A função civilizadorado comércio

Nesta edição, o escritor Paiva Netto apresenta com exclusividade a Vocês, leitoras e leitores da revista BOA VONTADE, trechos do capítulo VII de sua obra O Capital de Deus, nascidos de seus improvisos no rádio e na televisão. Boa leitura!

Com saudade, vêm-me à memória ensina-mentos que o meu saudoso pai, Bruno Si-mões de Paiva (1911-2000), me transmitia, quando ainda eu era jovem. Uma das coisas

que nunca esqueci foi a menção à famosa Rota da Seda, conhecida desde os tempos dos romanos, sendo uma das mais importantes durante a Idade Média. Com mais de 6 mil quilômetros de comprimento, viabilizava o comércio entre o Ocidente e o Oriente.

Esse antigo roteiro comercial acabou tornando-se também um corredor para a troca de idéias entre as duas faces do mundo. (...) Os Irmãos budistas não perderam a oportunidade: expandiram o pensamento do Sakya-Muni*1 para outros povos por meio das condições favoráveis que o formidável caminho lhes oferecia*2. Das eras mais remotas da História chega-nos o preceito de que o comércio possui um exercício civilizador. Basta ver que os negociantes fundaram inúmeros povoados ao longo dos trajetos, o que lhes proporcionou conseqüentemente o aumento dos seus ganhos, como nas viagens marítimas dos fenícios que inauguraram feitorias por onde passa-vam. No Brasil, temos o exemplo das Entradas e Bandeiras. Infelizmente, tudo regado a sangue, no grande banquete da violência. O Ser Humano ainda

trilha caminhos distanciados, até que entenda constituir, ele próprio, o Capital de Deus.

Os efeitos de conhecer a Espiritualidade Superior

Trata-se de trabalho de longo prazo, mas se, por um lado, a atividade mercantil estabeleceu, em várias épocas, pequenas comunidades que, mais tarde, se tornariam até mesmo grandes metrópoles, por outro, não pode deixar de ela própria (a atividade mercantil) sofrer um processo urgente de civilização com Espiritualidade Celeste, para que não se veja, em algum momento, alvo desta parábola em que Jesus reprova a avareza (Evangelho, segundo Lucas, 12:13 a 21):

A parábola do rico insensato*3

13 Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão Lhe falou: “Mestre Jesus, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança”.

14 Mas Jesus lhe respondeu: “Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?”.

15 Então lhes recomendou: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza, porque a vida de um Homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”.

16 E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: “O campo de um homem rico produziu com abundância.

17 “E ele arrazoava consigo mesmo: ‘Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos?’.

18 “E disse: ‘Farei isto: destruirei os meus celeiros, os reconstruirei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.

19 “‘Então direi à minha Alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te!’.

20 “Mas Deus então lhe disse: ‘Louco! Esta noite te pedirão a Alma; e o que tens preparado para quem será?’.

21 “Assim acontece a quem entesoura para si, e não é rico diante de Deus”.

Como espiritualizar, porém, a atividade humana sem que os Seres Humanos reconheçam a veracidade do Mundo Espiritual e suas Leis? O Plano Invisível*4 é ainda insondável (mas deixará de ser) aos restritos sentidos físicos, pois constitui uma realidade, um Poder Ético Transcendental, que Alziro Zarur (1914-1979) descreve no seu

O Deus que é a Perfeição, e que [ora eu tentoCantar em versos de sinceridade,Eu nunca o vi, como em nenhum [momentoVi eu o vento ou a eletricidade.

José de Paiva Netto, jorna-lista, radialista e escritor, é Presidente das Instituições da Boa Vontade.

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Poema do Deus Divino

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Mas esse Deus, que é o meu eterno alento,Deus de Amor, de Justiça e de Bondade,Eu, que o não vejo, eu o sinto de verdade,Como à eletricidade, como ao vento. (...)

Nanotecnologia e crença

Nestes tempos de nanotecnologia*5, não é tão neces-sário ver para acreditar, mesmo cientificamente. Leucipo (460-370 a.C.) e Demócrito (470-370 a.C.) enunciaram a existência do átomo, mas nem por isso o enxergaram, o tocaram ou sentiram o seu cheiro.

Assim acontece, ainda hoje, relativamente ao Reino de Deus, que, antes de ser registrado pelos nossos olhos, deve ser pressentido por nosso coração. Disse o Cristo:

— O Reino de Deus está dentro de vós (Evangelho, segundo Lucas, 17:21).

Aliás, o órgão — considerado no Ocidente como re-presentativo do sentimento — alcança, vezes bastantes, mais prontamente aquilo que o cálculo demora a concluir. Grande avanço para a Humanidade será o dia em que coração esclarecido e mente percebida da Mecânica Espiritual caminharem juntas.

Como afirmou o Papa João Paulo II:

— Na realidade, todas as coisas, todos os aconteci-mentos, para quem os sabe ler com profundidade, encerram uma mensagem que, em definitivo, aponta para Deus.

Evidentemente, o Pontífice fala do Deus que é Amor, defi-nido por João Evangelista em sua Primeira Epístola, 4:8:

— Aquele que não ama não conhece Deus, porque Deus é Amor.

Certa vez, escrevi que a Ciência iluminada pelo Amor eleva o Ser Humano à conquista da Verdade.

In medio virtus est, ponderam os antigos, desde Aristó-teles (384-322 a.C.), em Ética a Nicômano. Realmente, a virtude encontra-se no equilíbrio, e não somente no campo moral, porém em todos os demais, que este deve iluminar.

Sentimentos bons e eficiência

Os sentimentos bons, representados pelo Amor-Solidariedade, são eficientes, mesmo quando nos descobrimos diante dos maiores desafios da Vida, cuja superação exige inteligência, pertinácia e, justamente, equilíbrio, ou, melhor dizendo, bom senso.

Você, homem prático, até pode achar que isso pouco tenha a ver com o tema principal desta palestra em defesa do Capital de Deus. Contudo, um dia desses, observando certas manifestações na mídia, comentei, no meu programa de rádio, que alguns apressados querem fazer crer às novas gerações que o Amor Fraternal, para o progresso do indivíduo e/ou da coletividade, é algo descartável. Ah, é?! Que desejam, então? A morte do sentimento?!

No Congresso da Boa Vontade de 1969, quando Alziro Zarur lançou oficialmente o Centro Espiritual Universalista, o CEU da Religião de Deus, a Religião do Amor Universal, ao me ser dada a palavra, assim me expressei:

“Fraternidade não é coisa abstrata. Fraternidade, além de tudo aquilo que entendemos como relacionamento cordial entre as criaturas humanas, expressa-se no campo objetivo das soluções efetivas dos problemas nacionais e mundiais, como Solidariedade: escolas para instruir e educar, emprego para as multidões que todos os anos invadem o mercado de trabalho, a solução do problema dos aposentados, o uso dos meios de comunicação para esclarecer, e não para engazopar as massas com uma realidade falsa de fartura cinematográfica e televisiva, pois de mesas vazias; e isto ocorre na enormidade de lares em que se padece de fome pelos países afora. Também, e principalmente, Fraternidade é o esclarecimento espiritual das massas, de preferência em Espírito e Verdade à luz do Novo Mandamento do Cristo, pois o mundo só conhecerá a Paz quando vivenciar o Amor Espiritual e compreender a Realidade Divina.

“Disse Jesus, o Grande Libertador:

“— Conhecereis a Verdade (de Deus), e a Verdade (de Deus) vos libertará (Evangelho, segundo João, 8:32).

“(...) Prega a Política Divina que é essencial viver a Fraternidade inter-classes para que surja a Sociedade Solidária, cujo alicerce maior é o Manda-mento Novo do Ideólogo Celeste, ou seja, realizar uma genuína Revolução Espiritual, firmada na ética que a Humanidade precisa praticar para que possa sobreviver:

“— Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Nisto reconhece-rão todos que sois realmente meus discípulos, se tiverdes Amor uns pelos outros. (...) Não há maior Amor do que este: dar a sua própria Vida pelos seus amigos. (...) Porquanto, assim como o Pai me amou, Eu também vos tenho amado. Permanecei no meu Amor (Evangelho de Jesus, segundo João, 13:34 e 35; 15:12, 13 e 9).

“(...) Trata-se da Lei de Solidariedade Humana e Social, um fio milagroso que une as partes anacronicamente separadas do organismo sociedade, razão por que incluímos aqui esta avançada afirmativa de Zarur:

“— Religião, Ciência, Filosofia e Política são qua-tro aspectos da mesma Verdade, que é Deus.

“E esta admoestação do escritor inglês Gilbert Keith Chesterton (1874-1936):

“— Estamos todos num mesmo barco, em mar tempestuoso, e devemos uns aos outros a maior lealdade.

Fraternidade dinâmica

“A função do CEU (Centro Espiritual Universa-lista) da Religião de Deus é, pois, desbastar arestas, para harmonizar os Seres Humanos em conflito, e derrubar bastilhas, para o que são imprescindíveis a ação da Fraternidade — que é energicamente dinâmica, na forma de Solidariedade — e o apoio do Mundo Espiritual — que existe, apesar de não ser percebido pelos fracos sentidos humanos.”

E assim terminei a minha palavra naquele sába-do festivo, já bem distante, de 1969.

Por isso, corretíssimo se encontrava Zarur ao pregar a união das Duas Humanidades: a da Terra com a do Céu, a do Céu com a da Terra, a exemplo do que também preconizou Léon Denis (1846-1927).

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Harmonia e Transformação

A respeito de harmonizar as criaturas em sua vivência, não de despersonalizá-las, escrevi em Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (1987):

“Existe a harmonia que adeja sobre todas as coisas. E sempre que alcançada é fator de sobrevivência para a Humanidade. Rege os contrários. É vital a consciência de que essa Harmonia existe do micro ao macrocosmo, de forma que possamos viver sua sintonia. Todos os grandes reformadores, transformadores da Hu-manidade, de uma forma ou de outra, sabendo ou não, receberam o seu banho lustral... Deus é essa Harmonia”.

É claro que não me refiro ao deus antropo-mórfico, responsável por guerras e misérias seculares.

Vencer o retardamento espiritual

Este não é ainda um mundo ideal. Mas, se pensarmos apenas dentro dos limites físicos, que o constringem, como se nada mais houvesse além do reino físico, quando a Ciência já vem desmon-tando essa prisão, que nos tolheu o raciocínio e nos feriu a consciência pelos milênios, que mais seremos senão retardados espirituais a atra-sar o progresso das gerações, que esperam dos seus antecessores os fundamentos para uma existência mais digna?

Base de uma economia altruísta: Solidariedade.

Na Economia da Solidariedade Humana, componente da Estratégia da Sobrevivência — que há tantos anos pregamos —, aprendemos que a maior vocação do Ser espiritualmente esclarecido é servir ao Criador, no amparo de Suas criaturas. Para ilustrar, poderíamos dizer que, no trabalho de apoio instrutivo, educativo e social dos cidadãos, o melhor não é o suficiente. (Esta deveria tornar-se regra abraçada por todos, políticos e educadores, acrescida do item espi-ritual, pois nada se pode fazer de efetivo neste mundo se não conhecermos a nossa verdadeira origem, visto que, se estamos provisoriamente carne, somos eternamente Espírito). Portanto, não percamos ocasião de realizar o Bem. Isso nos renova sempre e impulsiona o indivíduo em sua jornada em busca do aprimoramento pessoal, como proclama o Corão Sagrado (A Família de Imran), 3a Surata:

92 Jamais alcançareis a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes. E sabei que, de toda cari-dade que fazeis, Deus bem o sabe.

Caridade e Política

A Caridade, na sua expressão mais profunda, deveria ser um dos principais estatutos da Políti-ca, porque não se restringe ao simples e louvável ato de dar o pão. É um sentimento que — ilumi-nando a Alma do governante, do parlamentar e do magistrado — conduzirá o Povo ao regime em que a Solidariedade é a base da Economia, entendida no seu mais amplo significado. Isso exige uma reestruturação da Cultura, por meio da Espiritualidade, como disciplina acadêmica. Estaríamos, assim, erigindo o império da Boa Vontade*6 neste mundo, o estado excelente para o Capital de Deus, que circula por todos os cantos e que não aceita especulação crimi-nosa. Recordo-me de uma antiga marchinha do querido Lamartine Babo (1904-1963), tio do Sargentelli, que se cantava assim:

Já amei demaisno OcidenteSó me falta umgrande Amorque me oriente. (...)

É o que anda faltando, senho-res pragmaticíssimos, para que vigore a Paz entre Oeste e Leste: um grande Amor-Solidariedade que nos oriente. Senão, ao toque da Sexta Trombeta (Apocalipse de Jesus, 9: 13, 14, 15 e 16) será ouvida

13 (...) uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus,

14 a qual dizia ao sexto Anjo, o mes-mo que tem a trombeta: Solta os quatro Anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates.

15 Foram, então, libertados os qua-tro Anjos que se achavam prontos para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens.

16 O número dos exércitos da cavala-ria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número: duzentos milhões.

(...)

Anotaram bem? Rio Eufrates, cujas águas secaram para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol (Oriente). (...) E os ajuntou num lugar que em hebraico se chama Armagedom (Apocalipse, 16: 12 e 16 — O Sexto Flagelo). Diante de alguns fatos atuais, muito sugestivas mesmo essas passagens do Livro da Revelação.

Ora, pessoas diferentes podem ecume-nicamente atuar juntas, desde que o bem

comum seja colocado acima de atavismos e idiossincrasias (as Olimpíadas são um modelo). Todos devemos entender que a nossa vida de-pende da preservação da nossa morada coletiva, isto é, o Planeta Terra.

De certa forma, o sorridente Lalá, sabendo ou não, estava propondo, por meio da sua saltitante composição carnavalesca, um caminho diplomá-tico a ser percorrido para que Ocidente e Oriente venham a se amar de verdade, de modo economi-camente solidário, portanto, de maneira que não sejam massacradas as suas melhores tradições. A cultura popular costuma ver mais adiante do que a compreensão intelectual de grandes pensadores. Tolice?! As sendas, até agora transpostas, nos têm conduzido por estágios de incertezas, como este da globalização excludente. Não sou contra o mundo globalizado, mas não concordo com qualquer sistematização desumanizadora.Todavia, reconheço, como já declarei, que — enquanto não prevalecer o ensino eficaz por todos os de bom senso almejado, qualquer nação padecerá cativa das limitações que a si própria se impõe. (...) Há, ainda, um outro pormenor a ser permanentemente destacado: precisamos de Educação e Cultura, mas também de muita Espiritualidade.

Muito além da compreensão comum de Espiritua-lidade

Quando falo em Espiritualidade, como de certa maneira já expliquei, envolvo aqueles que nos antecederam na marcha para o Mundo da Verdade, porque os mortos estão de pé*7. Duvida?! Todavia, sempre há um momento em

Lamartine Babo

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Em 1987, numa de suas visitas à Sede Mun-dial da Legião da Boa Vontade, em São

Paulo/SP, Oswaldo Sargentelli conversa com seu velho amigo Paiva Netto, sendo observa-

do pelo Legionário Walter Periotto. Em certa correspondência, encaminhada pelo saudoso sambista ao Presidente da LBV, destacou: “O

Zarur gostava de mim, do meu espírito boê-mio, espírito brincalhão, mas, sincero, amigo.

E por isso não foi à toa, modéstia à parte, que ele me escolheu para ser locutor do seu programa Jesus Está Chamando! Paiva, fica

com Deus, meu Irmão! Fé em Deus! Quando eu trabalhei com o fundador da LBV, me

considerei promovido a ‘Tenentelli’, e você, que eu conheci na Mundial em 1957, já está

promovido a Marechal. Vá em frente!”.

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que pensamos, no recôndito de nossa mente e de nosso coração — sem que ninguém, a não ser nós mesmos, o saiba — , naquilo que pode vir de-pois que nosso Espírito, na hora exata determinada por Deus, abandone as fronteiras da vida humana. Pode ser o menor dos cidadãos, o sacerdote mais alçado, o político mais conhecido, o juiz togado, o presidente da República, um rei ou imperador: ninguém foge ao fenômeno da morte. Que tal criar coragem e enfrentar o único fato inafastável da existência do Ser, porque não há potência terrena que o possa impedir nem há dinheiro no mundo que corrompa uma Lei Universal?

Os poderes terrestres têm o limite de sua fa-tuidade. Os mortos aí estão, atuantes, e não são assombrações. Mas, na verdade, seres vivos que merecem respeito e que interferem em nossa vida, saibamos ou não.

Espíritos Preventivos

O Dr. Bezerra de Menezes (1831-1900), em seu livro Reflexões sobre Jesus e Suas Leis (Edi-tora Elevação), esclarece:

— Constantemente somos influenciados por forças benignas ou malignas. Entre-tanto, se estamos querendo a Coerência

Divina, os Espíritos de Deus serão os nossos inspiradores. São os que nos orientarão nos momentos de angústias e dores. Trata-se dos Espíritos Preventivos (nossos Anjos da Guarda). Ora, se andarmos com os Espíritos de Luz da Prevenção contra o erro, quem nos deterá?

Quando o Homem se purifica, tudo melhora à sua volta. Passa a receber maior proteção do Plano Invisível. A esse respeito, escrevi

em Somos todos Profetas que “o mundo físico não mais evoluirá sem o amparo flagrante do Mundo Espiritual. Eis o grande ensinamento que as nações aprenderão no transcurso do Terceiro Milênio”.

Encontra-se em pleno desenvolvimento, para os que têm “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, a Revolução Social dos Espíritos de Luz, sem o auxílio da qual nenhuma reforma humana terá bom termo. Não se esqueçam do que já lhes declarei que a efetiva reforma social é oriunda do Mundo Espiritual. Nunca estamos sós. O ato de orar é uma demonstração disso.

Ciência e Sabedoria Espiritual

Um dia, a Razão e a Fé, após um comovente amplexo, finalmente cantarão as belezas da Ciência Divina. O amadurecimento dos Seres Humanos é fato inarredável, que lhes permitirá condição superior de vida. Nessa época primo-rosa, o sucesso virá para todos, de acordo com as próprias obras de cada um (Evangelho de

Jesus, segundo Mateus, 16:27). Por isso, tantos não vêem com bons olhos a instrução e a educação das massas, pois, quanto menos informados esti-verem dos seus direitos (e deveres), mais facilmente dominadas padecerão, já que poucas e ineficientes serão as suas obras, a co-meçar pelas espirituais, ou seja, aquelas que decidirão sua verdadeira felicidade, nesta ou na Outra Vida. A fortaleza do Ser Humano está no poder ima-nente de sua consciência em paz consigo mesma. Afora isso, sem a justiça do prêmio pelas boas realizações, estabelece-se o clima absurdo da iniqüidade como regra cínica de uma sociedade que a si própria se condena. Advertiu o Divino Educador: À hora que não esperais (pois só cuidais dos prazeres humanos) voltará vosso Senhor! (Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 12:40).

Manter viva a Fraternidade

Deus nos concede o conhecimento das Leis Universais. Jesus nos ergue com a sabedoria das Leis Morais. Sem a noção dessas e daquelas, torna-se difícil a vivência de melhores tempos na Terra, porque é preciso que a chama da Fraterni-dade não murche nos corações humanos nem nos dos Espíritos, que nos acompanham nas andanças por este plano físico. O Mundo Espiritual não é uma abstração.

Aos que se arrepiam à simples alusão destes postulados, esta máxima do filósofo e matemá-tico francês (Blaise) Pascal (1623-1662):

— Aquele que duvida e não investiga, diante de uma dú-vida, torna-se não só infeliz, mas também injusto.

E podemos ousar acrescer às sábias palavras do velho Blaise (Pascal) esta consideração: a de ser injusto consigo mesmo (ou injusta consigo mesma), porque fechar a si a porta de novos continentes de sabedoria jamais vistos é crime inafiançável perpetrado contra o próprio futuro.

Ontem, o Ser Humano se arrastava pela terra; hoje, voa pelos céus. Agora, a mente ra-cional, acostumada ao imperativo da prova para proclamar a realidade de qualquer fenômeno, declarada ou timidamente, procura Deus a fim de compreender mistérios para os quais o cálculo não encontra explicação.

Para terminar este papinho com Vocês, nada melhor do que trazer esta excelente dissertação de Max Planck (1858-1947), o enunciador da Teoria Quântica:

— Como físico, portanto, como homem que dedicou a sua vida à insípida Ciência, à investigação da matéria, estou certo de não dar margens a ser considerado um irresponsável. E assim, após as minhas pesquisas do átomo, posso dizer o seguin-te: não existe matéria isoladamente! Toda matéria consiste e se origina somente pela força, que põe em vibração as partículas atômicas e as coliga nos minúsculos sistemas solares do átomo. Uma vez que em todo o Universo não há uma força abstrata inteligente e eterna, devemos conseqüentemente admitir a existência de um Espírito Inteligentíssimo.

Touché!_____________ *1 Sakya-Muni – Assim também é conhecido o Buda. Sakya é a região de onde proveio; Muni quer dizer “O Sábio”.*2 “(...) que o formidável caminho lhes oferecia” – No seu livro Voltamos, Paiva Netto refere-se às novas e boas estra-das de Portugal (onde se encontra a sede da Legião da Boa Vontade na Europa), pois as vê como ponto de partida, já que fazem conexão com a Espanha e dali para os demais países, sendo, assim, forte instrumento para a expansão da fraterna Doutrina da Religião de Deus, Religião do Amor Universal, a Religião do Terceiro Milênio. A respeito dela escreveu seu Proclamador, Alziro Zarur (1914-1979): “A Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, é mais que toda a Religião: é toda a Ciência, é toda a Filosofia, é toda a Política e toda a Moral, todo o progresso humano, unido ao progresso de todos os mundos, de todas as Humanidades Siderais – O Amor Universal na apoteose ao Criador Onipotente, Onisciente e Onipresente, o nosso Deus, o nosso Pai!”.*3 A parábola do rico insensato – Essa passagem do Evan-gelho de Jesus, segundo Lucas, 12:13 a 21, está comentada num dos próximos capítulos do livro O Capital de Deus (lançamento da Editora Elevação).

*4 Plano Invisível – Equivale a Mundo Espiritual.*5 Nanotecnologia – Consiste na habilidade de manipular a matéria em escala atômica, compondo estruturas de tamanho ínfimo, utilizando-se, para isso, átomos como peças fundamentais. Pela reduzida escala em que atua, esta tecnologia é invisível aos olhos desprovidos de aparelhos especiais.O nanômetro, unidade de comprimento, é a bilionésima parte do metro.*6 Proclamação da Boa Vontade – Zarur nos esclarece nos itens XI e XII de Boa Vontade de Jesus: “Nossa Boa Vontade não é, absolutamente, a boa-vontade que se

vulgarizou nos banquetes das futilidades humanas. A nossa é a Vontade Boa de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquela que sabe discernir entre o Bem e o mal, entre a Verdade e o erro, entre o Fato e as aparências do fato. Atingir o equilíbrio é a meta suprema. O Bem nunca será vencido pelo mal. Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra aos Homens e às Mulheres da Boa Vontade de Deus!” (Paiva Netto, Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, vol. 3). *7 Os mortos estão de pé – Para melhor compreensão do assunto, leia o Apocalipse de Jesus, segundo João, e os livros da Editora Elevação: As Profecias sem Mistério, Somos todos Profetas e Apocalipse sem Medo, que fazem parte da coleção O Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, da autoria de Paiva Netto, e que já venderam mais de 600 mil cópias. Leia também O Brasil e o Apocalipse, vol. 3, especialmente o capítulo “A abrangência do TBV”, também do mesmo autor.

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TBV E PARLAMUNDIwww.tbv.com.br

Ao assumir, no início deste ano, a Pre-sidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Distrito Federal, Estefânia Viveiros, que é doutora

em Direito Civil, tornou-se a primeira mulher a alcançar esse cargo. Vale dizer que na época da eleição, em 2003, estava com 31 anos, portanto é também a mais jovem de todo o Brasil, dos 27 Estados, a ser Presidente.

Além de quebrar um tabu, de chegar a um posto antes só ocupado por homens, Estefânia demonstra garra e muita responsabilidade na nova função. Durante visita ao Templo da Boa Vontade (TBV), em Brasília/DF, falou à reportagem do programa Brasil Democrático, da Rede Mundial de Televisão, de sua preocupação com os cursos de Direito, que proliferam em todo o País, sem que haja um controle de qualidade, e da árdua tarefa assumida por ela de coordenar a OAB na capital federal.

Na entrevista, a Dra. Estefânia Viveiros também manifestou sua alegria em visitar o monumento da LBV: “É fantástico. Eu

tive essa oportunidade de conhecer mais de perto tudo isso. Está justificado por que esse conjunto arquitetô-nico e o trabalho dessa Instituição, de um modo geral, são os mais visitados no Distrito Federal. Soube que mais de um milhão de pessoas, por ano, comparecem ao Templo. Realmente me sensibilizou bastante e, de fato, acho que a Paz, a Saúde e o Amor, exatamente gestos de carinho com o próximo, são fundamentais na vida de todos”.

A Presidente da OAB/DF recordou-se também da I Conferência Distrital de Direitos Humanos, realizada, em maio último, no Parlamento Mundial da Fraterni-dade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, erguido ao lado do TBV (SGAS 915, lotes 75/76).

O encontro promovido pela Secretaria de Estado de Ação Social, por meio da Subsecretaria de Direitos Humanos e Cidadania, teve como objetivo elaborar propostas de políticas públicas, de forma articulada e concreta, tendo como meta principal a criação de um Sistema Distrital e Nacional dos Direitos Humanos. “A OAB/DF esteve participando da primeira conferência relacionada aos

Uma mulher na

Presidência da OAB/DF(por Leila Marco, Mariene

Mattos e Sônia Sabatine)

Estefânia Viveiros

www.tbv.orgTBV E PARLAMUNDI

Conjunto Ecumênico: à esquerda, o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (ParlaMundi da LBV); ao centro, a sede administrativa; à direita, o Templo da Boa Vontade, monumento mais visitado de Brasília/DF, Brasil.

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Direitos Humanos, sediada no ParlaMundi da LBV; foi, naquela ocasião, uma chance valiosa também de um contato direto com a sociedade, tratando de tema tão importante. Então, gostaria de parabenizar todos vocês da Legião da Boa Vontade por essa oportunidade que nos deram. E convido também a todos: que venham até o Templo e ao ParlaMundi para conhecerem real-mente essa Instituição, a LBV”.

Na capital federal, um encontro com a Paz e a Espiritualidade.

Pela sua ambiência especial e Ecumenismo Irrestrito, o Templo da Boa Vontade, também chamado a Pirâmide dos Espíritos Lumino-sos, tem se tornado um ponto de encontro de todos os que trabalham pela melhoria das rela-ções humanas. Muitos visitantes destacam

essa nobre missão, como ocorreu com o Embaixa-dor da República Islâmica do Paquistão no Brasil, Khalid Khattak, que esteve recentemente no local. “As pessoas deveriam vir ao Templo por ser um monumento erguido em nome da Paz; não há pre-conceito de religião, raça. Isso é uma coisa muito interessante”, comentou.

Na mesma ocasião, o Deputado Federal Maurício Rabelo (PL-TO) também expôs suas considerações a respeito do TBV, em entrevista à Rede Mun-dial de Televisão: “Es-tar no Templo da Boa Vontade é estar num lugar cheio de Paz, de Espiritualidade. Venha aqui buscar Deus, a energia positiva, e você

sairá totalmente renovado”. Ele ainda aproveitou a oportunidade para mani-

festar sua simpatia pelo dirigente da LBV: “Sou um admirador do trabalho de Paiva Netto e de Alziro Zarur (1914-1979), que foi o precursor de tudo. A obra de José de Paiva Netto é pura Solidariedade, Boa Vontade, literalmente falando. Ele faz muito bem em procurar despertar em cada um de nós esse sentimento. Devemos prestar muita atenção em suas mensagens”.

Embaixador do Paquistão no Brasil, Khalid Khattak.

Deputado Federal Maurício Rabelo (PL-TO)

Templo da LBV recebe visita de jornalista da imprensa norte-americana

Débora Verdan

O Templo da Boa Vontade recebeu, em 6 de agosto, a visita do jornalista norte-americano Bill Donahue, que estava de férias em Brasília/DF, e aproveitou a oportunidade para conhecer o local. Encantado com o que presenciou, se sentiu motivado a escrever uma matéria sobre o TBV para a revista que é encartada no tra-dicional periódico americano The Washington Post.

Bill é colaborador de importantes órgãos de imprensa dos Estados Unidos, como The New Yorker, The New York Times Magazine, Double Take. Reiterou sua admiração, em entrevista

à Rede Boa Vontade de Comunicação ao falar de suas impressões: “É um Templo lindo, sua arquitetura é surpreendente, há uma grande Espiritua-lidade”. Indagado sobre qual dos ambientes mais lhe chamou atenção, foi categórico: “Gostei mais da Sala Egípcia, porque ali você pode se sentir como se estivesse no Egito; é tranqüila, um ótimo lugar para a reflexão. Eu vim ao Templo para conhecer um pouco sobre esta Espiritualidade, e ver coisas diferentes. Foi um grande prazer estar aqui”.

Em recente edição, a revista D&F Desenvolvimento e Futuro, uma pu-blicação da Secretaria de Estado da Fazenda do Distrito Federal, comprovou em matéria intitulada “Uma capital cosmopolita”, que o Templo se destaca como o monumento mais visitado de Brasília, tendo recebido, em 2003, mais de 1.250.000 pessoas.

Por isso, vale a pena conhecer de perto o Templo da LBV. Dirija-se ao SGAS 915, lotes 75/76, tel. (61) 245-1070. Visite.

Bill donahue

Às vésperas de um dos maiores eventos brasileiros no exterior, o Brazilian Day Festival (Dia do Brasil), que ocorre todo dia 5 de setembro, em Nova York/EUA, a LBV entregará a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica para três personalidades que têm se destacado na comunidade brasileira local.

Os premiados serão: o subcônsul Dario Campos, do Con-sulado Geral do Brasil em Nova York; o criador da Fundação Icla da Silva, que realiza trabalho em benefício das crianças com leucemia, Alcyr Silva; e João de Matos, fundador da Little Brazil Street, designação oficial dada à Rua 46.

A cerimônia se realizará durante um jantar especialmente preparado para os artistas e autoridades da cidade, no dia 4. Na próxima edição da revista BOA VONTADE, você acompanhará cobertura completa do acontecimento.

Seção especial da Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica

em Nova York(por Conceição Malaman)

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Quiropraxia. O nome pode parecer estranho para quem lê pela primeira vez, mas, para os que experimentam os seus benefícios, logo vem a curiosidade para conhecer um pouco mais sobre esse tipo de massagem, que a maioria dos

brasileiros desconhece.Derivadas do grego, as palavras significam

habilidade com as mãos (quiro = mãos; prâxis = realização, atividade). Os pontos presentes nessa técnica já eram encontrados nos escritos de Hipócrates, Galeno e mesmo em antigos manuscritos egípcios, indianos e até chineses. Entretanto, ela só se transformou em profissão no fim do século XIX, nos Estados Unidos, onde Daniel David Palmer formulou os seus princí-pios e cunhou o termo “quiropraxia”.

Destacada entre as três maiores profissões da área da saúde atual em países desenvolvidos, a prática dedica-se à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento de disfunções do sistema neuro-músculo-esquelético, ou seja, preocupa-se em

tratar problemas nas articulações, nos músculos, além de outras estru-turas do corpo humano.

O Diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Quiropraxia, Jasol Gilbert, em entrevista à revista BOA VONTADE, explicou que

“essa é uma parte da medicina que trata a ‘raiz’ do problema, por meio das manobras articulares, devolvendo, dessa forma, o funcionamento nor-mal do corpo”. De acordo com ele, “os problemas mais comuns podem ser tratados com a quiropra-xia, tais como dor de cabeça, hérnia de disco, dor ciática, problemas nas articulações, restrições à movimentação, cólica infantil, rigidez na coluna e até estresse”.

No Brasil, essa prática ainda está “nascendo”: chegou ao País há apenas dez anos e tem 40 qui-ropraxistas atuando, enquanto no mundo o total de profissionais da área é de 70 mil.

Mais informações sobre a técnica podem ser obtidas pelo site da Associação Brasileira de Quiropraxia (www.quiropraxia.org.br).

Saúde Conheça uma técnica que faz sucesso em todo o mundo

(por Rodrigo Oliveira)

Se a pessoa estiver com dores nas costas, qual a melhor posição para dormir?

É importante tomar alguns cuidados. Por exemplo, ao deitar de barriga para cima, é interessante colocar uma almofada embaixo das pernas. Para deitar de lado, o ideal é pôr a almofada entre as pernas, na altura do joelho. Quando for levantar, o indivíduo deve, primeiramente, manter-se de lado e, então, usar o próprio corpo como um pêndulo, empregando o contrapeso das pernas para elevar o tronco.

pelas mãos

Calendário de VacinaçãoAté os 2 meses BCG e DTPAos 2 meses de idade VAP2 meses depois DTP - 2a dose VAP - 2a dose 2 meses depois DTP - 3a dose VAP - 3a doseAos 15 meses VASPR Dos 18 aos 24 meses DTP - 1o reforçoDos 5 aos 6 anos DTP - 2o reforço VAP - 2o reforço BCGDos 11 aos 13 anos VAT - 3o reforço da Vacina Antitétano VASPR - 2a dose BCGde 10 em 10 anos VAT (reforço)

Como diz o ditado, é melhor prevenir que remediar. Pensando nisso, a revista BOA VONTADE traz o calendário de vacinas para o leitor ficar atento aos períodos e dosagens de cada uma. Em caso de atraso, deve-se procurar o posto médico mais próximo da residência.

Legenda:DTP — vacina contra difteria, tétano e tosse convulsa

VASPR — vacina contra sarampo, papeira e rubéolaBCG — vacina contra tuberculoseVAP — vacina contra poliomielite

VAT — vacina antitétano

www.boavontade.comVIVER É MELHOR!

Alô, mamãe!

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É redundante afirmar que o consumo de álcool é prejudicial à saúde. O que as pessoas não sabem, ou não querem saber, é que essa substância pode ser fatal. Uma pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) demonstra que os males do fígado são a segunda causa mortis dos homens entre 35 e 59 anos. Entre eles, o álcool é o responsável por mais da metade dos óbitos.

Para surpresa de muitos, o alcoolismo é considerado a maior doença social destes tempos. A grande razão para o aumento desse problema está no fato de que ninguém se torna alcoólatra porque quer. A dependência é gradativa, imperceptível e pode atingir qualquer indivíduo. Os familiares têm de estar atentos ao primeiro sinal de consumo de bebida.

Na atualidade, o índice de alcoólicos está crescendo entre as mulheres e, principalmente, entre os jovens. Isso se dá, em parte, por fatores gené-ticos, tendo como agravante a predisposição de cada um.

Como a bebida muda o estado de consciência das pessoas, em geral se parte dela como meio de fuga dos problemas. “Beber para esquecer e relaxar” é a frase mais dita pelos consumistas de álcool, sem saber do perigo a que se expõem.

Apesar disso, grande número dos alcoólatras não admite que usa o recurso da bebida como escape, porque não é consciente da necessidade, isto é, da dependência cada vez maior. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adota alguns critérios para determinar a síndrome de dependência do álcool, como o aumento da tolerância (precisar de doses progressi-vamente) e sintomas repetidos de abstinência (ocorrem sempre que há interrupção do consumo).

Não existe tratamento eficaz enquanto a pessoa não reconhece a própria doença. Nesse caso, a atenção e o apoio familiares são fundamentais.

Por que o alcoolismo já é considerado uma das maiores doenças sociais

Vício silencioso

Fique de OlhoLimpe seu ar-condicionado

Muitas doenças, além de problemas alérgicos e respiratórios, são desencadeadas por meio dos sistemas de ar-condicionado e ventilação, uma vez que fungos, bactérias e outros microorganismos nocivos encontram ambiente propício à sua proliferação nesses redutos.

Por isso verifique se o ar-condicionado que está próximo a você passa por limpeza e manutenção freqüentes.

Poeira que causa doençaOs objetos domésticos e de uso diário podem

conter poeira prejudicial à saúde humana. Pelo menos é o que indica o relatório “Substâncias químicas tóxicas na poeira de lares e de am-bientes de trabalho no Brasil”, da organização não-governamental Greenpeace.

Assim, é muito importante manter o ambiente arejado e limpo diariamente. Para mais informações, basta acessar o site www.greenpeace.org.br.

Não é somente a quantidade de alimentos inge-rida que faz com que uma pessoa emagreça, mas, sobretudo, observar a qualidade destes no cardápio escolhido. Estudos confirmam que fazer cinco ou seis refeições moderadas por dia, com substâncias que contenham baixos níveis de gordura, é melhor que apenas ter café da manhã, almoço e jantar reforçados.

Ao alimentar-se em demasia, o indivíduo faz com que o coração trabalhe mais para levar uma quantia extra de sangue aos órgãos responsáveis pela digestão. Assim, quanto mais o organismo se nutre, maiores são a gordura ingerida e o esforço do coração.

Tal fato foi concluído pelos pesquisadores após estudo com pessoas que realizaram número superior a seis refeições diárias. Observou-se que o nível de colesterol delas era menor se comparado ao daquelas que ingeriam três “gordas” refeições em um único dia. Segundo alguns especialistas, o hábito de alimentar-se com pequenas porções reduz o colesterol em 8% e o risco de ataque cardíaco em 16%.

Para fazer cinco ou seis refeições diariamente, o ideal é dividir em duas etapas e em diferentes horá-rios a mesma quantidade de alimentos consumidos

em uma refeição. Dessa forma, vários nutrientes que antes eram deixados de lado, a exemplo dos encontrados nas frutas e hortaliças, passam a ser absorvidos com maior facilidade.

Sem descuidar das normas de toda alimen-tação saudável, que deve ser completa, equili-brada e variada, é possível lutar contra excesso de peso, problemas cardíacos e muitos outros transtornos.

Emagreça comendo bemDébora Verdan

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(por Elaine Ruivo)

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www.forumespiritoeciencia.com.brESP ÍR ITO E CIÊNCIA

No documento que dirigiu aos participantes da Primeira Sessão Plenária do Fórum Mundial Espí-rito e Ciência (FMEC), o escritor e jornalista Paiva Netto escreveu, no item “Desintegrar preconceitos”:

“Albert Einstein (1879-1955), em 1940, dirigindo-se à Confe-rência sobre Ciência, Filosofia e Religião, no Seminário Teológico Judaico da América, em Nova York, declarou: ‘A Ciência só pode ser criada por aqueles que estão

totalmente imbuídos de aspiração à verdade e à compreensão. A fonte deste sentimento, no entanto, emana da esfera da Religião. A ela também per-tence a fé na possibilidade de que as regras válidas para o mundo da existência sejam racionais, isto é, compreensíveis à Razão. Eu não posso conceber um cientista genuíno sem esta Fé profunda.’”

A partir deste conceito podemos entender a repercussão do trabalho do físico, Patrick Drouot, fundador do Instituto de Pesquisa e Consciência de Paris, que pesquisa há mais de vinte anos junto aos xamãs da bacia Amazônica, da América do Norte e da Polinésia.

O respeitado escritor francês, durante a Primeira Sessão Plenária do FMEC, realizou duas concorridas conferências que reproduziremos em nossas páginas.

Creio que todo sonho que se realiza é sempre o sonho de um homem, no início. E queria cumprimentar esse homem por ter realizado um sonho. Queria agradecer a Paiva Netto pela realização do Fórum Mundial Es-

pírito e Ciência. Agora, vou falar dos fenômenos espirituais em relação à físi-

ca quântica. Para falar de ciências do futuro, de física quântica, como os colegas que me precederam fizeram, é preciso falar um pouquinho da física do passado.

A ciência moderna, ou dita moderna, começou a partir de 1543, quando o cônego polonês — Copérnico (astrônomo polo-nês Nicolau Copérnico (1473-1543) —, em seu famoso tratado, explicou que a Terra era redonda).

Já a física clássica nasceu no século XVII e transmutou o Cos-mo vivo do tempo dos gregos e dos tempos medievais, porque até a alta Idade Média os povos pensavam que o Universo fosse vivo, dotado de uma finalidade e de uma inteligência, movido pelo Amor de Deus. Mas, com o advento do que poderíamos chamar de novo pensamento, novo código, os novos costumes do século XVII, o Cosmo tornou-se uma máquina inerte, dotada de um mecanismo de relojoaria.

A revolução copernicana já havia tirado da Terra, e, por conse-guinte, dos Seres Humanos, o lugar que eles ocupavam no centro do mundo. E depois, houve as leis do movimento de Newton e seu modelo mecânico do sistema solar que desproveu o mundo de vida; as coisas eram animadas porque elas respeitavam regras fixas e imutáveis e, um silêncio frio, dominou os céus onde antes fervilhava a vida. Os Seres Humanos, seus combates, a consciência em seu conjunto e a própria vida foram vistos separados de qualquer relação com o funcionamento da máquina universal. E nessa física, privada de vida, nos tornamos como robôs num Universo que funcionava como um reló-gio. Não havia lugar para a consci-ência, não havia espaço para o acaso, nem para o probabilismo ou, nem mesmo, para a improbabilidade.

Progresso da Ciência:O Fenômeno Espiritual à luz da física quântica no século XXI

Parte I

Conferência do físico francês Patrick Drouot no ParlaMundi da LBV

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Mas, ao longo de nossa História, buscamos nossas concepções do Homem e de seu lugar no seio do Universo, na teoria física em vigor. Muitas vezes, fala-se da postura dos grandes sacerdotes, mas os cien-tistas transformaram-se em grandes sacerdotes da nova ciência. Mas que eles sejam físicos ou não, cientistas ou não, o fato é que eles viram o Ser Humano, durante os três últimos séculos, sempre sob a ótica dessa filosofia, dessa visão newtoniana do Universo, tanto suas fi-losofias pessoais quanto suas noções de identidades e da relação com o outro.

As leis da História, as forças da psique de Freud vão assim ser explicadas por meio de princípios mecanicistas. Os princípios freudianos, por exem-plo, encontram suas explicações na física cartesia-na, e elas impregnaram tão profundamente nossa consciência, que cada um se encontra, de alguma forma, refletido num espelho, no espelho da física newtoniana.

Como se sabe, muitas pessoas falaram do fim do século XX. Referem-se a uma dissolução geral em todos os níveis: moral, espiritual, estético; nossa cultura parece estar sendo atravessada por tensões. E muitos velhos valores, convicções estabelecidas, perderam seus caracteres incontestáveis. Pouco a pouco nos enraizamos num solo que não chega a

ser mais profundo que nós mesmos. Perdemos nossas raízes, desperdi-çamos conhecimento dos tempos antigos e a maioria das pessoas se viu obrigada a adotar um novo modo de pensar; um pensamento baseado no objetivo, no observável, no quantificável, no repetitivo; tudo devia

ser explicado. “Prove it” diziam os outros: “prove-o”.

Dizem que um outro mundo exis-te? Provem-no, então. Pouco a pouco aquilo virou um diálogo de surdos, um Universo-máquina e um Ser Humano que funciona como uma mecânica, como um relógio também. E a influ-ência newtoniana, então, se fez sentir em nossas relações uns com os outros. Na física clássica, não há interconexão entre mim e você, entre ele e ti. En-tão, aquilo que eu faço não tem tanta importância. Viramos seres cortados de nossas fontes, de nossas raízes, de nossas culturas.

João

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Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica (o ParlaMundi da LBV) — Brasília/DF — SGAS 915, lotes 75 e 76 — Tel.: (61) 245-1070.

O físico francês Patrick Drouot, na entrada da nave do Templo da Boa Vontade (TBV).

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No início deste ano, trinta organizações não-go-vernamentais brasileiras e da América Latina

reuniram-se no Parlamento Mun-dial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da Legião da Boa Vontade, para discutir meios de combater a fome e a pobreza no mundo. O resultado desse semi-nário foi apresentado em um dos mais importantes encontros abertos à sociedade civil do Alto Segmento do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) das Nações Unidas, ocor-rido recentemente, na sede da ONU, em Nova York, EUA.

Delegações ministeriais, ONGs, imprensa e membros dos comissa-riados internacionais debateram o tema “Mobilização de recursos e parcerias para a erradicação da po-breza no contexto de implementação de um programa de ação para os países menos de-senvolvidos”. Após a exposição dos ministros no plenário, foi a vez de as organizações não-governamentais contribuírem com seu relato.

Assim, a representante da LBV, Conceição Malaman, fez um resumo das propostas elaboradas no Brasil e falou da experiência bem-sucedida da Instituição no amparo às populações que vivem em risco social, sob o lema Educação e Cultura, Alimentação, Saúde e Trabalho com Espiritualidade. Ela ainda ressaltou — recordando citações do dirigente da Obra, José de Paiva Netto — o papel da mulher no desenvolvimento da So-ciedade Solidária e ecumênica.

A apresentação foi recebida com muita simpatia pelos participantes do evento e consta do seu relatório oficial, bem como o documento redigido pelas ONGs brasileiras e latino-americanas, que mereceu destaque e foi traduzido nos seis idiomas da ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo). O material também pode ser lido no site da LBV (www.lbv.org).

Alguns foram pessoalmente levar seu apoio à iniciativa, como Virginia Swain, do Instituto de Liderança Global, de Mas-sachusetts, EUA. “Parabéns pela coragem!

Veja quantas mulheres vieram cumprimentá-la, porque dentro delas há esses valores espirituais citados pela LBV”, declarou.

Cecile Molinier, representante e coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Desenvol-vimento (PNUD) na Mauritânia, país que se localiza no noroeste da África, felicitou pela ênfase dada “ao trabalho em parceria”. E concluiu: “Quero continu-ar recebendo informações da LBV”.

A Embaixadora do Suriname, Irma E. Loemban Tobing-Klein, convidou a Instituição a firmar parceria com o movimento lide-rado por funcionários da ONU, o Global Watch (Vigilância Glo-bal), para a divulgação das metas do milênio.

Metas do milênio

Acabar com a pobreza, especialmente nos países menos desenvolvidos, é a primeira das

oito metas estabelecidas durante a reunião da Cúpula do Milênio promovida pelo Secretá-rio-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000. Na ocasião, cerca de 190 países se comprometeram a diminuir pela metade, até 2015, os índices de pessoas abaixo da linha de pobreza, ou seja, com renda inferior a um dólar por dia. Para tanto, não apenas gover-nos, mas todos os setores da sociedade têm sido mobilizados para atingir objetivos tão importantes.

LBV na ONU(por Danilo Parmegiani e Leila Marco)

Cecile Molinier

Socorro às vítimas de incêndio no Paraguai

(por Luis Carlos Marquiza, correspondente no Paraguai)

Assunção, Paraguai — As vítimas do in-cêndio que atingiu um supermercado localizado na periferia da capital paraguaia no início de agosto receberam medicamentos, alimentação e a palavra amiga de voluntários da Legião da Boa Vontade.

Para o auxílio dessas pessoas, a Instituição montou um posto de arrecadação e distribuição de medicamentos tanto em Assunção (no Jar-dim de Infância e Pré-Escolar da LBV) como também na cidade de Fernando de la Mora, onde funciona a sucursal da Entidade no país.

LBV NO MUNDO

A Embaixadora do Suriname Irma E. Loemban Tobing-Kleina (E) e a representante da LBV na ONU, Conceição Malaman.

www.lbv.orgACONTECE

Virginia Swain

Além disso, os voluntários da LBV serviram alimentação aos familiares das vítimas e aos profissionais que atuam no lugar.

S.O.S. Paraguai Quem desejar contribuir para esta ou outras

obras da Legião da Boa Vontade no Paraguai pode enviar suas doações à Calle José Asunción Flores, 3.438, Bernardino Caballero, Asunción, ou tele-fonar para (0059521) 224-545. Em Fernando de la Mora, o endereço é Ruta Mariscal Estigarribia, 1.534, km 9, tel. (0059521) 520-630.

Fotos: Mariana Malaman

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LBV

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Representantes de organizações não-governamen-tais e autoridades do Poder Público reuniram-se, entre 21 e 24 de junho, em Belo Horizonte/MG, para participar do II Encontro do Terceiro Setor

Minas Gerais. O principal objetivo do evento foi o de for-talecer as parcerias e atividades desse segmento social, já que a edição de 2004 teve como tema “Fórum e Feira de produtos multiplicando horizontes”.

Presente ao acontecimento, o Ministro do Desenvolvi-mento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, falou da importância deste para as entidades do setor. “Eu respeito e valorizo o trabalho de todas as organizações governamentais e não-governamentais que es-tejam contribuindo nesse esforço, que é o mesmo do Presidente Lula: o esforço das pessoas de bem e de Boa Vontade para que nós possamos construir um país desen-volvido e justo”, disse durante entrevista à im-prensa.

A Feira, além de pro-por discussões sobre as atividades do Terceiro Setor, abriu espaço para que as ONGs expusessem seus produtos confeccionados artesanalmente, a fim de difundir a idéia de criar fontes de recursos alter-nativos.

A Legião da Boa Vontade também marcou presença no encontro, apresentando em seu estande trabalhos manuais de alunos que participam dos cursos profissionalizantes e das senhoras do Grupo de Convivência da Terceira Idade da Instituição, que funcionam no Centro Comunitário e Educacional, ambos na capital mineira (Av. Cristiano Ma-chado, 10.727, Planalto, tel. (31) 3494-3232).

A participação da LBV foi ressaltada também pelo Procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional ao Terceiro Setor (Caots) do Ministério Público de Minas Gerais, Tomáz de Aquino Rezende: “A Legião da Boa Vontade é uma entidade que tem envolvido pessoas muito sérias com trabalhos importantes. Tem sido uma daquelas instituições que reduzem as diferenças sociais e promovem ações de cidadania. (...) Eu conto com a ajuda de vocês, da LBV, para a gente continuar nesse trabalho, para que o encontro seja um índice para as nossas ações no decorrer do ano”.

O Presidente da Fede-ração Mineira de Funda-ções de Direito Priva-do (Fundamig), Cássio Eduardo Rosa Resende, também deu os parabéns à Instituição: “Acompa-nho essa ação há muitos anos, e dou o meu tes-temunho da seriedade e da relevância dela para o desenvolvimento es-piritual, emocional e social do País e de toda a sociedade. Parabéns à LBV e ao apóstolo, esse

homem dinâmico, que é o líder José de Paiva Netto”.Outra meta da feira foi propagar e expandir a idéia do vo-

luntariado e da Solidariedade. Para Dom Ivan Dutra Moraes, Arcebispo Metropolitano da Diocese de Santa Edwiges, “O Terceiro Setor exerce um papel muito importante. Nós, como religiosos, estamos sempre falando do Evangelho, da caridade, do apoio fraterno e do trabalho da própria LBV, que sempre foi altruístico, de benemerência, e se vem desenvolvendo de maneira muito bonita, sóbria, consistente. Paiva Netto faz isso com muita sabedoria. Esse lado cristão, construtivo, que ele tem desenvolvido é realmente digno de todo aplauso”.

Parcerias de sucessoFeira do Terceiro Setor reúne personalidades em Minas Gerais

Juliane Nascimento

Tomáz Rezende

Patrus Ananias

Dom Moraes

Cássio Resende

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demais fotos: Arquivo lBv

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Em reconhecimento aos 25 anos de bons serviços prestados pela Legião da Boa Vontade na cidade de Joinville/SC, a serem completados em 16 de dezembro próximo,

a Câmara Municipal de Vereadores, antecipando-se à data, realizou, no dia 9 de agosto, sessão solene para saudar a LBV, que, durante todos esses anos, vem transformando, para melhor, a vida de milhares de famílias que vivem em situação de risco social na região, por meio de programas socioeducativos. Destacando também a ação da Obra em todo o País há mais de meio século.

A iniciativa da homenagem partiu do Presidente da Câmara, Darci de Matos (PFL/SC), e a LBV foi re-presentada, na ocasião, pelo advogado Pedro Paulote de Paiva, um dos filhos do dirigente da Instituição, José de Paiva Netto.

Na Casa Legislativa, per-sonalidades e o povo em geral, que superlota-va o local, acompanharam o acontecimento, a exemplo do jornalista Antônio Neves, que deu os parabéns ao líder da Boa Vontade pelo seu trabalho à frente da Obra. “Acompanho sem-pre os pronunciamentos do Paiva Netto, seus textos, seu modo sempre ético e correto de orientar a juventude, as pessoas, as famílias. Por isso, não poderia deixar de vir prestigiar este evento tão significativo para a nossa ci-dade. Ele é um homem predestinado, trouxe

um novo alento, uma nova mensagem para todo o Brasil. E o seu exemplo de vida, de trabalho, com certeza, marcam e marcarão a sociedade brasileira como um todo”, afirmou.

O Segundo Sargento Rosendo João Maria, Comandante do 18o Grupo da Polícia Rodoviária Estadual, ressaltou o mérito da Campanha pela Paz no trânsito, promovida pela Instituição. “É muito gratificante estar em uma homenagem tão brilhan-te como essa, na qual todos os seus colaboradores também são reverenciados. Somos parceiros da LBV há muito tempo. E destaco a importância da Campanha Vá sem pressa, faça uma prece!, pois a comunidade é a única que sai vencendo, se conseguirmos, com essa ação, evitar um acidente que seja. A LBV e a Polícia Rodoviária do Estado de Santa Catarina ficam muito contentes que vidas são salvas com iniciativas desta natureza”.

Vale ressaltar que a solenidade foi divulgada no site da Câmara de Vereadores, que publicou nota intitulada: “Câmara faz homenagem aos 25 anos da LBV”.

Em Joinville, centenas de famílias são atendidas diariamente pelo Centro Comunitário e Educacional mantido pela Obra — na Rua José do Patrocínio, 64, Saguaçu. No local, são oferecidos cursos de capacitação profissional e de alfabetização para adultos, atendimento jurídico e social. Além disso, por meio de um grupo de Convivência, proporciona à população idosa um espaço para o crescimento pessoal, de forma a construir soluções para os proble-mas do dia-a-dia.

saúda a SolidariedadeJoinville

www.lbv.orgACONTECE

Juliane Nascimento

Dr. Pedro Paulote de Paiva

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Diversas organizações e personalidades recebe-ram, no último 30 de julho, em Juiz de Fora/MG, o certificado “Amigos do Bairro Santo Antônio”, en-tre os homenageados estava o Centro Comunitário e Educacional da LBV. O prêmio, instituído pelo Comitê de Ação da Cidadania contra a Miséria e a Fome, tem por objetivo reconhecer ações sociais que dão certo.

Segundo o Coordenador do comitê e líder co-munitário do bairro Santo Antônio, Júlio César dos Santos, “o movimento nasceu com o intuito de con-tribuir com a sociedade, amenizando o sofrimento das pessoas menos favorecidas e, isso, tem muito

a ver com a Legião da Boa Vontade, com Paiva Netto. Esta modesta comenda distingue as pessoas que têm colaborado com o desenvolvimento da região. Estamos juntos com a LBV”, afirmou.

O empresário Carlos Henrique Daniel, que também foi agraciado com o certificado, falou da alegria de ver o reconhecimento da ação da Obra na cidade: “A LBV realiza um trabalho muito importante aqui, principalmente com as crianças, ela merece essa láurea”.

O Centro Comunitário da Instituição está lo-calizado na Rua Francisco Fontainha, 83, Santo Antônio, tel.: (32) 3216-1406.

Muito ainda tem de ser feito para que haja uma sociedade mais justa e solidária. Por isso a Legião da Boa Vontade continua realizando

em todo o País suas ações socioeducativas, que visam formar cidadãos ecumênicos e conscientes dos seus direitos e deveres. E não é diferente na capital pernambucana, conhecida como a “Veneza brasileira”, uma cidade-ilha, erguida entre a água do mar e a mata tropical, famosa por seus inúmeros canais e pontes.

Na cidade, o Centro Comunitário e Educacional da LBV, desenvolve o programa Criança: Futuro no Presente!, em que dezenas de crianças recebem complementação escolar, acompanhamento médi-

co e psicológico, além de participar de atividades que colaboram para uma boa vivência familiar e social.

Outro projeto de sucesso é o curso de al-fabetização, em parceria com a Prefeitura de Recife e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Segundo a assistente social Karla Lima, o curso abriu nova oportunidade àqueles que o freqüentam. “São pessoas, na faixa etária dos 16 aos 70 anos, com situação socioeconômica precária que encontram na LBV uma forma de mudar sua vida e ingressar no mercado de trabalho”, explicou.

Em Recife, a LBV está localizada na Rua dos Coelhos, 219, Boa Vista, tel. (81) 3413-8600.

Boa Vontade na “Veneza brasileira”

Recife/PE

Juliane Nascimento

Amigos do bem(por Stella Souza)

Juiz de Fora/MG

Cuiabá/MT

(por Pedro Antonio Reis)

O bairro Dom Aquino, localizado na periferia de Cuiabá/MT, abriga cerca de 35 mil moradores e é seriamente prejudicado com o crescimento desor-denado, do qual se originam inúmeros problemas sociais. O Centro Comuni-tário e Educacional da LBV, em parce-ria com a Associação dos Moradores do Bairro, têm oferecido inúmeras opções no bem, para a melhoria da qualidade de vida dessas famílias, a exemplo dos cursos profissionalizantes de informá-tica, corte e costura, pintura em tecido, cabeleireiro, tricô e crochê.

A idéia é dar a estes indivíduos meios para que possam ter oportuni-dade no mercado de trabalho ou uma fonte de renda alternativa.

Para o morador Francisco Ne-pomuceno Pinto (43), a Instituição modificou suas expectativas de cres-cimento pessoal: “Nunca pude fazer informática e, muito menos, dar essa chance aos meus filhos Kétima da Silva Pinto (19) e Volney da Silva Pinto (12) e, graças à LBV, concluímos o curso básico de microcomputador. Com esse conhecimento teremos mais opções de trabalho”.

Vale destacar que essas atividades contam com o apoio de voluntários, como a costureira Sandra Maria Lino (42), que ministra aulas de tricô, pintu-ra em tecido e confecção de camisetas: “Estava meio ociosa, me sentindo mal por não fazer alguma coisa de útil. Cadastrei-me como voluntária e mi-nha vida transformou-se para melhor, conheci o ambiente sagrado da LBV e contagiei-me, não quero mais me afastar, foi um novo estímulo”.

Saiba mais sobre a LBV, ligando para o tel. (65) 623-0008.

Cursos melhoram a qualidade de vida

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www.soldadinhodedeus.com.brBOLO COM PUDIM

Qual dos peixinhos é igual ao indicado?

Leve Tico ao pé de jambolão

Uma forte seca alterara a vida de muitos animais, entre eles a de uma colméia de abelhas, porque as flores secaram, e não havia como fabricar mel.

Abel, o Anjo da Guarda da col-méia, ficou muito preocupado com a situação. Decidiu, então, mobilizar alguém para procurar flores em uma outra região não afetada pelo forte calor. Sara, uma abelhinha sempre atenta às dificuldades de sua casa, ao adormecer, teve um sonho dife-rente, no qual um Anjo lhe passou a

responsabilidade de ir em busca de pólen em outro lugar. Ao acordar, deu início a uma grande aventura, sempre guiada pelo Anjo Abel que, mesmo invisível aos seus olhos, a incentivava a ir em frente.

Será que nossa amiguinha en-controu o que procurava? E como será que ela resolveu os desafios que sua jornada lhe proporcio-nou?

Não perca o próximo lançamen-to do selo Bolo com Pudim Edito-rial, A abelhinha corajosa.

LançamentoBOLO COM PUDIM

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Complete a abelhinha ligando os pontos

Agradecemos a correspondência do Soldadinho de Deus Lucas Conceição Libório, de 10 anos, que escreveu uma cartinha, após a leitura do livro A Formiga Preguiçosa:

“Achei ótimo, porque traz uma lição muito importante. Eu aprendi que nós sempre vamos ter uma obrigação, por menor que seja, e não devemos ter preguiça, pois só colhemos o que plantamos”.

A abelhinha corajosa

Desenhos: Gesiel Luz

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www.soldadinhodedeus.com.br S O L D A D I N H O S D E D E U S

Soldadinho de Deus Samuel Augusto Freitas Brandão, de São Paulo/SP, com 4 meses.

Soldadinho de Deus Ana Laura da Silva Dias, de Araraquara/SP, com apenas 5 meses de vida.

Galeria de ArteSoldadinhos

Jaqueline Galvão Malaquine, 9 anos, de São Paulo/SP.

Graziely Moura Sardinha, 12 anos, Goiânia/GO.

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cultuar a Boa vontade em todos os

momentos da vida.(Alziro Zarur)

�o Mandamento dos Soldadinhos de Deus

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www.acaojovemlbv.comA Ç Ã O J O V E M L B V

A vida humana não se resume — como muitas vezes restringimos — a al-gumas décadas de existência. Assim como ocorre no ciclo terrestre, o

Ser Humano passa por diversos processos que o conduzem à purificação. Tal ciclo se repete e a Terra armazena sua água no ar, na superfície, e também nos lençóis subterrâneos. Uma mesma água que o Planeta possui desde a estabilização de seus elementos propiciou a habitação do orbe pelas mais diversas mani-festações de vida.

Assim como o precioso líquido, o Homem sofre com sua íntima contaminação, mas isso não quer dizer que seja o fim, pois como afirma o Diretor-Presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto: “Todo dia é dia de renovar o nosso destino”. Portanto, a conti-

nuidade ou o fim dos padecimentos depende de nós, uma vez que, assim como a água sobe aos céus na forma de vapor, depois se condensa, caindo já sob outra forma, que fertiliza o solo e alimenta a terra, recarregando os aqüíferos,

nós também podemos nos livrar das limitações das características que assumimos na matéria e difundir a prosperidade que fertiliza as almas e os corações, trazendo assim o equilíbrio.

A vida é dotada de uma harmonia “inacessí-vel à humana indagação falibilíssima”* e mo-vida por uma extraordinária força. E essa força não seria Deus, que processa perfeitamente a vida no macro e no microcosmo, na matéria como no Espírito, que é a essência da existên-cia? Assim sendo, ser algum, independente de espécie, deve se distanciar da sua origem, o Espírito, Deus, que é a expressão máxima do Amor, até porque a condição humano-material é transitória e evolui para a espiritual._______________________* Versos do Poema do Deus Divino, de autoria do fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979).

Pais ausentes, Alziro Paiva (24 anos) — Juventude Ecumênica

da Boa Vontade de Deus (São Paulo/SP)

Eu estava pensando sobre o que escrever. Tinha em mente várias opções. Mas resolvi abordar um tema muito importante, de que as pessoas andam

se descuidando demais. Esse assunto é a base da vida de qualquer Ser Humano: a Família. Afinal, todos têm a sua.

Então como começar a dissertar sobre ela?Todas têm algo em comum e um valor imenso

para cada um de nós. Hoje em dia, a família anda perdendo os seus valores e alicerces. Infelizmente, muitos acham mais fácil deixar as crianças serem educadas pela televisão do que dar a elas a atenção necessária.

É também comum presenciarmos casais dando dinheiro para que o filho possa se divertir e, desta forma, ficarem mais tempo sozinhos.

Gastam-se fortunas com psicólogos, terapeutas e tudo o mais para cuidar de um adolescente. Por quê? Porque simplesmente não se deu a devida atenção à criança quando foi necessário. Atualmente, alguns pais não escutam ou não querem escutar os seus filhos; eles preferem pagar para alguém ouvir os problemas dos menores, em vez de eles mesmos “perderem” alguns minutos de seus “preciosos” dias para conversar e saber mais sobre a vida do próprio filho, sobre as dificuldades, as aflições e as necessidades.

Por causa desse descuido, começam a despontar dramas como drogas, violência, gangues, entre outros.

Graças a Deus, eu sempre tive um Pai e uma Mãe presentes em minha vida. Eles constantemente estiveram ao meu lado para me ouvir e dar conselhos em todos os momentos. Mas e aqueles que, ao mesmo tempo em que possuem pai e mãe, não têm ninguém?

Seria cômodo jogar a responsabilidade em cima dos pais. Contudo, isso não é culpa somente deles, mas, sim, da sociedade

e da cultura em geral. O mundo está se modificando, as empresas exigem mais de seus empregados, o que se reflete nas famílias. Porque os pais passam mais tempo pensando no que fazer para levar o alimento para suas mesas e deixam de lado os valores morais e

espirituais, esquecendo-se de participar do desenvolvimento dos filhos.

O mundo está evoluindo depressa, mas o modo de educar uma criança não alcança o mesmo ritmo.

Eu falo porque é muito mais comum ver uma criança ser educada por uma televisão do que contando aos pais por que tirou nota baixa em Matemática.

Portanto, pais, dêem mais atenção para os seus filhos hoje. Passem cinco minutos pelo menos ouvindo o que eles têm a dizer, brinquem com eles, divirtam-se e entrem no mundo das crianças e dos adolescentes, porque assim vocês afastarão muitos problemas futuros.

Pais e Mães, pensem um pouco mais sobre o que almejam: que seus filhos possam ser criados por pessoas ou por “máquinas”, que não têm nenhum vínculo de amor familiar com eles? Ou preferem que seus filhos sejam criados por quem esperou por meses, trazendo alegria para dentro de casa.

Agradeço a Deus os Pais que eu tenho por sempre estarem ao meu lado.

E não se esqueçam: Passem mais tempo com seus filhos! Este texto foi publicado na página 7, do jornal Espaço Vip 10 anos, da primeira quinzena de agosto de 2004. O periódico circula na Grande São Paulo e região.

Homem, Água e Deus.Alexandre Herculano Rueda (18 anos) — Juventude

Ecumênica da Boa Vontade de Deus (Brasília/DF)

máquinas presentes.

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OPINIÃO

JOVEM

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A cada dia, os institutos de pesquisa revelam números tristes do mapa da violência no Brasil. Em contrapartida, a sociedade realiza frentes de ação para diminuir o problema e esses índices sociais. Um grande exemplo disso foi a Caminhada pela Paz, Cultura e Meio Ambiente, na qual jovens da região metropolitana de Salvador saíram às ruas para manifestar-se contra a violência.

Pensando nisso, a Juventude Ecumênica partici-pou do evento carregando faixas com pensamentos

da Dialética da Boa Vontade, dos quais se destacam: “Se queres a Paz, prepara-te para a Paz” e “A des-truição da Natureza é a extinção da Raça Humana”, ambos temas de importantes campanhas desenvol-vidas pela LBV há décadas.

Quem quiser juntar-se aos jovens da Boa Vontade de Deus na capital baiana para realizar diversas ações que promovem a Cultura de Paz pode dirigir-se à Rua Constâncio Alves, 2, Saúde, ou ligar para o tel. (71) 326-0677.

Caminho da Paz

Partindo do princípio de que a Paz depende da mobilização interior das criaturas, a ponto de elas participarem da reforma do destino da Humanidade, todos os projetos culturais que valorizam a vida são bem-vindos. Certamente, uma dessas iniciativas é a biblioteca da Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus. O espaço visa incentivar o jovem a investir em sua formação intelectual e nos valores humanos e espirituais. Além das publicações de interesse geral, disponíveis aos jovens, o lugar realiza debates sobre os mais variados assuntos.

Essas oportunidades, proporcionadas pela Legião da Boa Vontade, foram ressaltadas por Thiago Bezerra, 21 anos, ex-aluno do Instituto de Educação da Enti-dade, localizado em São Paulo/SP: “A LBV é a casa do jovem que almeja um futuro melhor!”. Por isso a Juventude convida você a tomar parte dessa e de outras iniciativas do movimento. Uma ação, por exemplo, é colaborar para manter o trabalho da biblioteca doando livros e outras obras editoriais e radiofônicas. Para isso, basta entrar em contato pelo tel. (11) 3358-6805 ou acessar o site www.acaojovemlbv.com.

Incentivo à leituraJuventude cria biblioteca para facilitar acesso a livros

Paula Schnor (19 anos) — Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus (São Paulo/SP)

LBV Cultural

Natália Lombardi (18 anos) — Juventude Ecumênica da Boa Vontade de Deus (Salvador/BA)

A Juventude Ecumê-nica da Boa Vontade de Deus do Estado do Rio promoveu em 1o de agosto, na cidade de Duque de Ca-xias, região metropolitana, o Encontro LBV — Viver é melhor. O evento reuniu diversos jovens para dis-cutir medidas eficientes de combate às drogas.

Várias atividades foram desenvolvidas acerca do tema, como dança, peças teatrais e apresentações musicais. Outro fato mar-cante foi o debate sobre os versículos 13 a 16 do capítulo 5 do Evangelho de Jesus, segundo Mateus, “O discípulo é a Luz do mundo”, e o capítulo “O equilíbrio como objetivo”, que consta do livro Somos todos Profetas, do escritor Paiva Netto. Além disso,

na ocasião, todos os presentes realizaram uma poderosa corrente ecumênica de oração em favor dos que sofrem de dependência química.

Ao discutirem o problema das drogas entre as pessoas, os jovens reconheceram a importância de uma boa informação sobre o assunto, e isso deve fazer parte dos trabalhos de prevenção realizados no País. Por esse motivo a Legião da Boa Vontade recebeu o “Diploma de Mé-rito pela Valorização da Vida”, uma homenagem da Secretaria Nacional Antidrogas pelo trabalho preventivo ao uso de qualquer tipo de agente químico, e a Campanha Não use drogas, Viver é Melhor! continua sendo o principal instrumento de combate ao vício, levando ao mundo a cons-ciência de valorizar as pessoas como seres providos, em primeiro lugar, de sentimentos.

Diante dos dados positivos dessa Campanha, realizada há décadas pela LBV no País e no Exterior, a Juventude convida todos a conhecer outras atividades que a Instituição desenvolve no Estado do Rio de Janeiro. Para isso, basta entrar em contato pelos tels. (21) 2501-2446 ou 2501-2503.

Ação contra as drogasRoberta Machado (25 anos) — Juventude Ecumênica

da Boa Vontade de Deus (Rio de Janeiro/RJ)

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Esperanto

Português

Inglês

Espanhol

Dando continuidade aos nossos estudos da gramática da língua inglesa, trazemos nesta edição as formas nega-tiva e interrogativa do verbo TO BE no tempo presente (present tense). Iniciaremos com a forma afirmativa para revisar a estrutura base. Let’s go! (Vamos lá!)

Verb TO BE — Present Tense

Affirmative form

I am (Eu sou, estou)You are (Você é, está)He is (Ele é, está)She is (Ela é, está)It is (Ele/ela é, está)We are (Nós somos, estamos)You are (Vocês são, estão)They are (Eles/elas são, estão)

Negative form Interrogative form

I am not Am I?You are not Are you?He is not Is he?She is not Is she?It is not Is it?We are not Are we?You are not Are you?They are not Are they?

Viu como é simples? Na forma negativa, é só acrescen-tarmos a palavra not depois do verbo e, na interrogativa, o passamos para o início da frase. Vá praticando e... até a próxima aula!

Raquel Bertolin

Crase (continuação) Na edição anterior da revista BOA

VONTADE iniciamos nosso estudo sobre a crase. Relembrando: crase é o nome do fenômeno que se dá quando há a junção de dois “a”. O acento usado nessa fusão chama-se acento grave. Agora, vamos destacar outras regras práticas para empregá-lo.

No caso de lugar , deve-se substituir a preposição “a” por “para”. Se a substituição resultar em “para a”, é sinal de que ocorre crase, devendo, então, ser usado o acento grave. Exs.: Foi à França (Foi para a França); Irão à Colômbia (Irão para a Colômbia). Pode-se igualmente empregar a forma voltar de, ou outro verbo semelhante. Se a preposição “de” se transformar em “da”, há crase; mas, se não se alterar, o fenômeno não ocorre. Um modo simples e interessante de fixar essa regrinha é por meio dos seguintes versos: “Se vou a e volto da / Crase há. / Se vou a e volto de / Crase pra quê?”. Assim, Fui à Bahia (Voltei da Bahia); Fomos a Roma (Voltamos de Roma); Voltou à Argentina (Voltou da Argentina); Retornou a Curitiba (Retornou de Curitiba).

A c o m b i n a ç ã o d e o u t r a s preposições com o artigo “a” (para a, na, da, pela e com a, principalmente) também indica se existe crase. Exs.: Emprestou o livro à (para a) amiga; Chegou à (da) Inglaterra; Os convidados virão às (pelas) 9 horas; Estava às (nas) portas da morte; À (Na) saída.

Veja outros exemplos: a) Alziro Zarur inaugurou a Hora

da Boa Vontade, na Rádio Globo do Rio de Janeiro, em 4 de março de 1949, pregando o Livro das Profecias Finais. Esse programa deu origem à Legião da Boa Vontade, fundada em 1o de janeiro de 1950.

b) “Hoje, os homens práticos estão indo ao encontro daqueles considerados visionários, dizendo que o perigo está aí, às portas! E está mesmo!” (Paiva Netto, Mãezinha, deixe-me viver!).

No próximo número, voltaremos a abordar a crase, trazendo outros casos em que o acento grave deve ser utilizado.

Adriane Schirmer

4a Lição 4a LiçãoNa seqüência de nossas lições,

vamos à pronúncia das seguintes letras do alfabeto do Esperanto: k, l, m e n.

O k tem o som do c (em português) antes de a, o e u. Por exemplo, kato: lê-se “cato” e quer dizer gato. O l tem o som da letra l mesmo. Ex.: li, que significa ele. Quando em fim de palavra, o l deve ser articulado levando-se a ponta da língua ao véu palatino (que é a forma correta). Ex.: al, que significa “a” (preposição). Já o m e o n são pronunciados como em português. Ex.: mapo, cuja acepção é mapa; e nomo, que quer dizer nome. Essas duas

letras conservam os seus sons também depois das vogais, no fim das sílabas e das palavras, porque em Esperanto não há sons nasais. Ex.: kampo, o qual se lê “campo”, é campo; kiam lê-se “quiám” e significa quando; Esperanto lê-se “esperánto” e é o nome desta língua internacional.

Esperamos que tenha ficado clara esta lição e que você possa estar acompanhando bem tudo o que foi ensinado até aqui. Na próxima aula, daremos continuidade ao estudo do alfabeto do Esperanto. Não perca!

Maria Aparecida da Silva

(Cuarta Lección)(Kvara leciono)

Prosseguindo com o alfabeto espanhol, vamos conhecer as pronúncias das letras r/rr, s e t.

A letra r/rr é pronunciada de várias formas: 1a) quando é articulada entre vogais, é suave (como em português). Ex.: cara (cara, rosto); 2a) quando no início da palavra, é forte e vibrante. Ex.: rey (rei); 3a) quando é dupla (rr), também é forte e vibrante. Ex.: perro (cachorro). Já a letra s

soa como o ss do português. Ex.: casa (casa) pronuncia-se “cassa”. A letra t pronuncia-se quase sempre como em português. Ex.: tía (tia) lê-se “tia” (não tchia!); tiempo (tempo) lê-se “tiempo” (não tchiempo!).

Na edição seguinte desta revis ta , cont inuaremos estudando o alfabeto do idioma espanhol. Até lá!

Maria Aparecida da Silva

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Nesta edição da revista BOA VONTADE, apresentamos a última parte da exposição introdutória constante do livro Pedagogia do Cidadão Ecumênico — Estudo sobre um Paradigma Educacional Emergente, mostra-do pioneiramente pelo escritor Paiva Netto em seus artigos publicados no Brasil e no Exterior. Em leituras anteriores estudamos o desenvolvimento de um novo paradigma, o ecumênico. O estudo de hoje mostra-nos a necessidade de uma Educação Ecumênica, que possibilite a formação de seres verdadei-ramente fraternos, aptos a construir e viver em uma Sociedade Solidária.

Boa leitura!

Consideramos importante registrar as palavras do educador Ruy Cezar do Espírito Santo, em seu livro Pedagogia da Transgressão,

página 10:

Quando a física, em particular, e posterior-mente a psicologia, a biologia e mesmo a medicina passaram a verificar que o carte-sianismo não mais servia de paradigma às novas questões colocadas pelos cientistas e passou-se, então, a questionar um novo paradigma para as ciências, a educação, como um todo, permaneceu vinculada ao velho modelo, salvo a forma própria de fazer pedagogia de alguns educadores.Na verdade, não se trata aqui de atirar no “lixo” da história as conquistas da ciência e mesmo desconhecer o avanço significado pelo cartesianismo. O que ocorre é que a evolução da humanidade nos conduz sem-pre ao esgotamento de velhos modelos e à construção de novos (grifos nossos).

O professor Moacir Gadotti, na apresen-tação da História das Idéias Pedagógicas, 5a edição, página 18, explica:

(...) Apontando as possibilidades da educa-ção, a teoria educacional visa à formação do homem integral, ao desenvolvimento de suas potencialidades, para torná-lo su-jeito de sua própria história e não objeto

dela. Além disso, mostra os instrumentos que podem criar uma outra sociedade. (...) A partir dessas diretrizes, a teoria da educação tem por missão essencial subsi-diar a prática (grifos nossos).

No capítulo “Perspectivas Atuais”, da mesma obra, o professor registra os paradig-mas holonômicos, incluindo nesta tendência as reflexões de Edgar Morin, que nos desafia com as seguintes questões, usando T.S. Eliot:

Onde está o conhecimento que perdemos na informação? Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Os conheci-mentos fragmentados só servem para usos técnicos e não conseguem alimentar um pensamento capaz de considerar a situação humana no âmago da vida, na terra, no mundo e de enfrentar os grandes desafios da nossa época. Não conseguimos integrar nosso conhecimento para a condução de nossas vidas.

Procuraremos, neste estudo, tratar da pro-posta de uma Educação que, considerando as valiosas contribuições do holismo*1, possa avançar efetivando a vivência e a inclusão espiritual na prática material.

Tudo o que existe neste Plano Visível ori-gina-se no Plano Invisível. Assim, a Educação Ecumênica objetiva promover o desenvolvi-mento do Ser — em sua experiência física —, por meio da conscientização do princípio de que estamos corpo, mas somos Espírito*2.

O princípio vital habita todos os reinos da Natureza: mineral, vegetal, animal, ho-minal e espiritual. Portanto, afetar qualquer um de seus componentes é ferir a vida como um todo.

Muitos povos indígenas possuem esta consciência e costumam ter uma conside-ração especial pela Natureza e suas mani-festações, respeitando os seus elementos e considerando-se intimamente ligados ao destino do seu hábitat. A biologia tem ensina-do a mesma lição a muitos outros povos, que ouvem mais as preleções científicas. Também importantes pensadores tendem a considerar o Planeta como um Ser Vivo que integra o Universo inteligente, como o professor Fred

Hoyle, fundador do Instituto de Astronomia Teórica de Cambridge:

Se esteve envolvida uma inteligência na origem da vida, essa inteligência seria de fato extremamente vasta, como julgo ser reconhecido pelo instinto religioso que reside em todos nós, o instinto que nos segrega a partir de uma região remota da nossa consciência (...).(O Universo Inteligente, página 161, 3a edição, Lisboa, 1993.

Desta maneira, entendemos que o confluir das tradições e da Ciência é bem-vindo porque promove o encontro com o Sagrado.

As grandes questões sobre a origem e a finalidade da existência precisam estar pre-sentes no diálogo diário dos ambientes de Educação.

Nos locais de encontros comunitários mantidos pelas Instituições da Boa Vontade (IBVs), denominados Espaços Ecumênicos, podemos observar o exercício prático do se-guinte conceito criado por Paiva Netto:

“A Ciência iluminada pelo Amor eleva o Ser Humano à conquista da Verdade”.

Este é um exemplo do que se pretende alcançar de forma geral. Como afirma Paiva Netto: “Na verdadeira Democracia todos têm direito à boa Educação, à Cultura, à Alimentação, à Saúde e ao Trabalho com a indispensável espiritualização do senti-mento humano”.

*1 Holismo — Segundo definição do Dicionário

Aurélio, “teoria segundo a qual o Homem é um todo indivisível e que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente.

*2 “Estamos corpo, mas somos Espírito” — Pen-samento de Paiva Netto, publicado em seu livro Somos todos Profetas, página 127.

Na próxima edição, começaremos o estudo dos Prin-cípios da Pedagogia do Cidadão Ecumênico. Participe da Equipe Paiva Netto de Estudos Ecumênicos. Mande sua sugestão: [email protected]

A NECESSIDADE DE UMA www.boavontade.comP E D A G O G I A D O C I D A D Ã O E C U M Ê N I C O

EDUCAÇÃO ECUMÊNICAEquipe de Estudos Ecumênicos

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