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Naturalismo - século XIX - 2ª Série Professora: Eliane Mello

Literatura - Naturalismo

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Page 1: Literatura - Naturalismo

Naturalismo- século XIX -

2ª SérieProfessora: Eliane Mello

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No Naturalismo, os personagens são aprisionados às leis que regem a natureza. Nessas narrativas, privilegiam-se o retrato do proletariado e os fenômenos coletivos.

A greve, de Robert Koehler, 1886

NATURALISMO

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PELEZ, Fernand. Sans asile ou Les Expulsés (1883)

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• Linguagem naturalista: linguagem simples, preocupação com detalhes, descrição e narrativa lentas.

• Observação e análise da realidade

• Determinismo: para os naturalistas, o homem é uma máquina guiada pela ação de leis físicas e químicas, pela hereditariedade e pelo meio físico e social.

• Zoomorfização do homem. → Ser humano descrito sob a ótica do animalesco e do sensual

• Preferência por temas de patologia social. → Interesse por temas como miséria, adultério, criminalidade, desequilíbrio psíquico, etc.

• Preferência pelo proletariado, que é trazido ao centro do romance

Características do Naturalismo

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Aluísio de Azevedo nasceu dia 14 de abril de 1857, em São Luís do Maranhão. É a principal expressão da prosa naturalista no Brasil.

O ponto alto nos seus escritos, principalmente em suas obras de maturidade, O cortiço (1890) e Casa de pensão (1894), é a maneira como são retratados ambientes, paisagens, cenas coletivas.

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Aluísio de Azevedo

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O romance O Mulato é considerado o marco inicial do Naturalismo que trata do preconceito racial e crítica à igreja. Tem linguagem coloquial simples e direta.

O mulato (1881)

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Obra marcante no Naturalismo, O cortiço narra a vida de um grupo de pessoas que habitam o cortiço pertencente ao migrante português João Romão. O cortiço é palco dos mais variados tipos humanos: trabalhadores, prostitutas, malandros, lavadeiras, homossexuais etc.

O cortiço (1890)

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Raul Pompeia nasceu a 12 de abril de 1863, em Angra dos Reis, mas passou quase toda a sua vida na capital do estado, o Rio de Janeiro.Estudou direito, militou nos movimentos abolicionistas, colaborou na Gazeta de Notícias. Inquieto como escritor e como pessoa, Pompeia envolveu-se em inúmeras polêmicas, chegando a desfiar o poeta Olavo Bilac para um duelo. Suicidou-se na noite de Natal de 1895.

Raul Pompeia

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Narrado em 1ª pessoa, o romance inicia-se com as palavras do pai de Sérgio, o protagonista: “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai à porta do Ateneu. Coragem para a luta”. A seguir são relatadas experiências vividas pelo adolescente Sérgio no internato Ateneu, reconstruídas, selecionadas e comunicadas do ponto de vista subjetivo de Sérgio adulto.

Misturando alegrias e tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio reconstrói, por meio da memória, a adolescência vivida e perdida entre as paredes do famoso internato.

O Ateneu (1888)

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Alguns fragmentos de O cortiço:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.

A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.

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Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via se lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.

O rumor crescia, condensando se; o zunzum de todos os dias acentuava se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam se discussões e resingas; ouviam se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava se. Sentia se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.