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Caramelo Metafórico

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This eBook is part of the TREeBOOK Gallery Collection. It was created in 2009 to honnor the writer Valeria Nobrega. All rights reserved by the artists. Feel free to share this eBook. To contact TREeBOOK Gallery please write to [email protected] TREeBOOK Gallery is supported by Free Your Ideas. www.freeyourideas.net.

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Page 1: Caramelo Metafórico
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To my Mom with Love

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Era uma vez um ser corcunda e melancólico, muitas vezes confundido

com objeto e outras vezes considerado troféu,

condenado a agir como máquina, por obrigação.

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Apesar da pose de rei, era profundamente infeliz. E, no final de

carreira, cada vez mais frequentemente recorria

aos confeitos azulados para manter a fama.

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Aquele ser frequentava, oficialmente,

há muitos anos,uma casa fria,

de paredes encardidase pomar abandonado.

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Mas nem sempre foi assim. Quando se

conheceram, aquele ser e a casa formavam um par

radiante: a casa resplendia, vibrava e seduzia o ser que a

visitava incansavelmente.

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O ser até então era um tipo vulcânico.

A sintonia entre elesera tamanha que,

juntos, haviam gerado belos frutos.

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Com o tempo, porém,a rotina venceu

aquela harmonia.O ser, cansado de frequentar aquelacasa monótona,

tornou-se frio e distante.

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A casa, abandonada e ferida pelo descaso,

tornou-se decadente. Ambos morreram enquanto vivos,

mas continuavam unidos, pela força da inércia.

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Um certo dia,aquele ser obscuro

deparou-se com uma nova morada

e renasceu instantaneamente.

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A nova morada era atraente, ampla,

iluminada, cheia de surpresas, ângulos,

entranhas e novidades. Parecia um castelo: magnífico labirinto.

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Com a novidade,o ser transformou-se novamente em um

elemento surpreendente, dinâmico e ativo.

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Deixou aquela penumbra no passado e passou a

emanar luz própriacomo quando erajovem e robusto.

Quem convivia com ele não o reconhecia mais:

da corcundanem sombra havia!

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Sorrateiramente,o ser mudou-se

para sua nova residência. Porém continuou

frequentandoa velha casa,

em nome da moral e dos bons costumes.

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Depois de tantos anos, era o automatismo que

unia aquelas duas criaturas e coisas

automáticas muitas vezes tornam-se eternas...

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Mas era em sua fortaleza particular que o ser se revelava, se expandia e explodia de vitalidade.

Aquele ser, aparentemente morto,

havia ressuscitado,quase por milagre.

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Renascido, refeito e revigorado, o ser foi finalmente batizado.

E não foi difícilencontrar-lhe

um nome.

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Seu gosto-gostosoera adocicado.

Seu cheiro perfumado era hipnotizante

e sua textura era tenra, de dar água na boca,

meu bem!

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Descobriu-se rapidamente que,

dentre suas inúmeras qualidades, havia uma

realmente especial:

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Quando palmilhado e aquecido, o ser se

derretia placidamente, deixando quem estivesse

presente sem fôlegoe sem palavras.

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Eis, então,o nome escolhido

para aquele ser deliciosamente

renovado:Caramelo!

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Dia após dia,Caramelo repetia

seu enredo: visitava a casa velha, mas voltava sempre para refugiar-se

em seu castelo.

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Sorridente, Caramelo penetrava o jardim, escalava as torres e brincava no pátio do castelo. Exausto, se

deixava repousar felizno aconchego

de seus aposentos.

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Caramelo sentia-se protegido e vivo dentro

daquelas paredes.O castelo não exigia

exclusividade e dividia resignidamenteseu Caramelo

com a velha casa.

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A velha casa,do alto de sua experiência,

aparentemente aceitava compartilhar seu ser

com o castelo,embora oficialmente

nada soubesse.

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Entre a velha casa, Caramelo e o castelo, a

vida seguiu assim,vez após vez,

mês após mês,até que um dia, Caramelo

perdeu o viço e viu declinar a paixão ardente

pelo seu castelo.

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A velha casa e o castelo agora gozavam da mesma situação.

Caramelo retomou sua tristeza e sua postura

curvada, mas continuava cumprindo suas

obrigações.

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Agora Caramelo vivia dividido entre as paredes encardidas da casa e os muros intransponíveis

do castelo. Um serque não tinha mais vida,

era acusadode levar vida dupla.

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Pobre Caramelo!Um ser que mal sabia

subtrair, passou a somar e a multiplicar e, em meio à aritmética da

vida, quase se perdeu na divisão de seus gametas.

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Um dia,cansada daquele jogo,a casa velha deu um xeque-mate no ser:exigiu excluvidade.

Usando de suas prerrogativas legais, baniu o castelo do

horizonte.

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Caramelo era fraco e contra os argumentos da

velha casa nada podia fazer. Antes um ser

morto, depois ressuscitado, agora Caramelo parecia

encuralado...

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O castelocompreendeu a situação mesmo não tendo ouvido

de Caramelouma única palavra.

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Inicialmente, pensou em fechar sua ponte móvel,única entrada para seu

jardim dos prazeres, com Caramelo dentro, para

tomar posse definitivamente do ser

amado, adorado e batizado.

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Mas logo entendeu que sua essência de castelo não poderia nunca ser

confundida com prisão, que suas paredes

protetoras não poderiam ser vistas como jaulas,

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que seus aposentos, outrora verdadeiros

ninhos de amor,não poderiam ser chamados de cela,

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e que suas torres,de onde se gozava uma

panorâmica única da grandeza do espaço,

não poderiam ser transformadas

em cadeia.

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Foi então que, em uma manhã de primavera,

embalado por um vento quente e suave,

o castelo mudou de direção e separou corajosamente seu destino do destino

de Caramelo.

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Estupefato,Caramelo encolheu-se

para ver seu castelo cavalgar outras estradas, acolher outros caramelos

e batizar outros seres.

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Contrariando as expectativas, o castelo

não desmoronou, mas as águas de seu fosso

tornaram-se estagnadas pois que não havia

dentro daqueles muros de pedra a mesmaalegria de antes.

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Mas o castelo era uma fortaleza e embrenhou-se

pelo mundo afora, levando consigo aquelas

lembranças remotas, trancafiadas em uma

torre secreta,onde o acesso era

para sempre proibido.

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Anos se passaram. O ser continuou a frequentar a

casa, como nos velhos tempos, mas então ela tingiu sua paredes de

encarnado na esperança de reacender Caramelo e

não admitiu mais ser chamada de velha.

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Renovaram juntos o pomar, adubaram a terra e plantaram novas ervas.

A vida seguiu sem surpresas.

O ser envelheceu e curvou-se novamente

diante do destino.

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Até hoje, quando sopra o vento que anuncia a

primavera, o ser levanta o semblante para o horizonte e olha os

pontos cardeais, procurando um sinal de

sua fortaleza.

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Mas o ser nunca mais teve notícias do castelo.

A única coisa remanescente

daquela históriaé seu nome de batismo,

jamais revogado: Caramelo.

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Created and Produced by Bia SimonassiOriginal Text by Valeria Nobrega

Images by Tit iavanbeugen at Deviantart.comPromoted by FreeYourIdeas.net

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De Luxe EditionBia Simonassi

Switzerland 2010

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