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O PROJETO LITERÁRIO DO O PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO ARCADISMO

Arcadismo 2010

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é aquí onde começa a surgir a ideia de nativismo na literatura do Brasil

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Page 1: Arcadismo 2010

O PROJETO LITERÁRIO DO O PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMOARCADISMO

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ILUMINISMOILUMINISMOFrança S XVII------Apogeu: s. XVIII/ França S XVII------Apogeu: s. XVIII/ Século das luzesSéculo das luzes

Domínio da razão sobre a visão teocDomínio da razão sobre a visão teocêêntrica.ntrica.

+ iluminar as trevas em que se encontrava a + iluminar as trevas em que se encontrava a sociedadesociedade..

+ + as crenças religiosas e o misticismo bloqueavam as crenças religiosas e o misticismo bloqueavam a evolução do homem.Deus estava na naturezaa evolução do homem.Deus estava na natureza

+ John Locke: conhecimento através de empirismo.+ John Locke: conhecimento através de empirismo.

+ Voltaire: liberdade do pensamento+ Voltaire: liberdade do pensamento

+ Jacques Rousseau: estado + Jacques Rousseau: estado democrático/igualdade. .(Contrato Social)democrático/igualdade. .(Contrato Social)

+ Montesquieu:Divisão do poder em Ex./Leg./ Jud.+ Montesquieu:Divisão do poder em Ex./Leg./ Jud.

+ Diderot: “A Enciclopédia”+ Diderot: “A Enciclopédia”

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ARCADISMOARCADISMO

Literatura do séc. XVIII ––Setecentismo ou Literatura do séc. XVIII ––Setecentismo ou Neoclassicismo Neoclassicismo

Domínio histórico no Brasil:Domínio histórico no Brasil:

17681768: : “Obras”, de Cláudio Manuel da “Obras”, de Cláudio Manuel da CostaCosta

18361836: : “Suspiros poéticos e Saudades”, de “Suspiros poéticos e Saudades”, de Gonçalves de MagalhãesGonçalves de Magalhães

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Havia, na Grécia Antiga, uma parte central do Peloponeso denominada Arcádia. De relevo montanhoso, essa região era habitada por pastores e vista como um lugar especial, quase mítico, em que os habitantes associavam o trabalho à poesia, cantando o paraíso rústico em que viviam.

No século XVIII, o termo Arcádia passou a identificar as academias ou agremiações de poetas que se reuniam para restaurar o estilo dos poetas clássico-renascentistas, com o objetivo declarado de combater o rebuscamento barroco.

Ordem e convencionalismo

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Nicolau Poussin (1594-1665): Et in Arcadia ego

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A idealização da vida no campoA idealização da vida no campo

A estética desenvolvida A estética desenvolvida nessas academias de nessas academias de poetas passou a ser poetas passou a ser chamada chamada Arcadismo. Arcadismo. Tinha como característica Tinha como característica principal a idealização da principal a idealização da vida no campo. O desejo vida no campo. O desejo de seguir as regras da de seguir as regras da poesia clássica fez com poesia clássica fez com que essa estética que essa estética também fosse conhecida também fosse conhecida como como Neoclassicismo.Neoclassicismo.

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O pastoralismoO pastoralismo

Um dos aspectos mais artificiais da estética árcade

é o fato de os poetas e de suas musas serem identificados como pastores

e pastoras..

Sou pastor, não te nego; os meus montadosSão esses, que aí vês; vivo contenteAo trazer entre a selva florescenteA doce companhia dos meus gados;

(Soneto IV - Cláudio Manuel da Costa)

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O bucolismoO bucolismo

O adjetivo O adjetivo bucólico bucólico faz referência a tudo aquilo faz referência a tudo aquilo que é relativo a pastores e seus rebanhos, à que é relativo a pastores e seus rebanhos, à vida e aos costumes do campo.vida e aos costumes do campo.

Marília de Dirceu: Lira XIII

Num sítio ameno, Cheio de rosas De Brancos lírios, Murtas viçosas,

Dos seus amores Na companhia, Dirceu passava Alegre o dia.

(Tomás Antônio Gonzaga)

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Linguagem: simplicidade acima de tudoLinguagem: simplicidade acima de tudoO Arcadismo adota como missão combater a O Arcadismo adota como missão combater a

artificialidade verbal dos poetas barrocos. Por artificialidade verbal dos poetas barrocos. Por isso, elege a simplicidade como norma para a isso, elege a simplicidade como norma para a

criação literáriacriação literária..

Enquanto pasta alegre o manso gado,Minha bela Marília, nos sentemosÀ sombra deste cedro levantado.Um pouco meditemosNa regular beleza,Que em tudo quanto vive nos descobreA sábia Natureza

(Tomás Antônio Gonzaga)

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• fugere urbem: fuga da cidade; afirmação das qualidades da vida no campo.

• locus amoenus: valorização das coisas cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo bom senso

• aurea mediocritas:caracterização de um lugar ameno, onde os amantes se encontram paradesfrutar dos prazeres da natureza.

• carpe diem: cantar o dia; trata da passagem do tempo como algo que traz a velhice, a

fragilidade e a morte, tornando imperativo aproveitar o momento presente de modo intenso.

• inutilia truncat: eliminação dos excessos, evitando qualquer uso mais elaborado da linguagem.

Retomada dos lemas latinos:

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A OBRA POÉTICA

LÍRICA SATÍRICAÉPICA

Silvio Alvarenga, Claudio da Costa

Reproduzem as formas e temas do Neoclassicismo europeu

“ As cartas chilenas”Tomás Antônio Gonzaga

Refletem a insatisfação dos habitantes da colônia

em relação à administração portuguesa e aos seus agentes

Basílio da Gama e Santa Rita Durão

Introdução ao indianismocomo tema literário,ganhando o índio o

papel de guerreiro em ação, tomado como

Personagem.

“Uraguai” e “Caramuru”

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CLÁUDIO MANUEL DA COSTA

Influência de Petrarca e Camões (sonetos); Resíduos cultistas: (transição Barroco/Arcadismo); Fixação pelo cenário rochoso de Minas (“a imaginação

da pedra”); Conflito interior: provocado pelo contraste entre o rústico mineiro e a vivência intelectual e social na Europa ; Ambiguidade: “nativismo” X “colonialismo”; Platonismo amoroso: Nise é a musa freqüente; Temática: o amante infeliz; o contraste rústico X

civilizado; a tristeza da mudança das coisas em relação à permanência dos sentimentos

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“Destes penhascos fez a natureza”

Destes penhascos fez a naturezaO berço em que nasci: oh! quem cuidaraQue entre penhas tão duras se criaraUma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresaTomou logo render-me; ele declaraContra meu coração guerra tão raraQue não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano

A que dava ocasião minha brandura,Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós que ostentais a condição mais dura,Temei, penhas, temei: que Amor tiranoOnde há mais resistência mais se apura.

Cláudio Manuel da Costa

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TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA Elementos não-convencionais:– representação direta da natureza mineira, e não clássica;– lirismo pessoal (depressivo) decalcado da biografia, massem exageros

.Obra lírica: “MARÍLIA DE DIRCEU”

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,Que viva de guardar alheio gado,De tosco trato, de expressões

grosseiro,Dos frios gelos e dos sóis queimado.Tenho próprio casal e nele assisto;Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;Das brancas ovelhinhas tiro o leite,E mais as finas lãs, de que visto.Graças, Marília bela,Graças à minha estrela!•

Eu vi o meu semblante numa fonte,Dos anos inda não está cortado;Os Pastores, que habitam este

monte,Respeitam o poder do meu cajado.Com tal destreza toco a sanfoninha,Que inveja até me tem o próprio

Alceste:Ao som dela concerto a voz celesteNem canto letra que não seja minha.Graças, Marília bela,Graças à minha estrela! ...

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“MARÍLIA DE DIRCEU ”

1ª. Parte

- Valorização da figura da mulheramada;- A natureza é o cenário perfeitopara o idílio;- Declaração de Dirceu a Marília;- Dirceu assume-se como pastor;-Sonhos de felicidade futura.

2ª parte

- Escrita no cárcere pelo inconfidente;- Substitui-se o locus amoenus pelolocus horrendus;- Pré-Romantismo: melancolia,saudade, depressão

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Os teus olhos espalham luz divina,A quem a luz do Sol em vão se

atreve:Papoula, ou rosa delicada, e fina,Te cobre as faces, que são cor de

neve.Os teus cabelos são uns fios d’ouro;Teu lindo corpo bálsamos vapora.Ah! Não, não fez o Céu, gentil

Pastora,Para glória de Amor igual tesouro.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela! (...)

Os seus compridos cabelos,Que sobre as costas ondeiam,São que os de Apolo mais belos;Mas de loura cor não são.Têm a cor da negra noite;E com o branco do rostoFazem, Marília, um compostoDa mais formosa união.

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Pastoralismo e bucolismo: entendimento de que felicidade e beleza decorrem da vida no campo;

Convencionalismo: pseudônimos árcades (Tomás = Dirceu; Maria Dorotéia Joaquina = Marília)

Texto monologal: Marília é vocativo, pretexto para o autor falar de si mesmo

Otimismo e narcisismo: satisfação com o próprio destino,autovalorização, exaltação à sensibilidade artística e alusão à virilidade;

Ideal burguês de vida: afirmação da privilegiada situação econômica e da posse da terra;

Simplicidade: predomínio da ordem da frase, sem muitas figuras.

Realismo descritivo: captação da rusticidade da paisagem e da vida da Colônia.

Amor serôdio: valorização do “carpe diem” devido à consciência da fugacidade do tempo.

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Tomás Antônio Gonzaga – satírico

Obra: “CARTAS CHILENAS”

Forma e conteúdo:

* Treze cartas anônimas

* Decassílabos brancos

* Critilo (Gonzaga) escreve a seu amigo

Doroteu (Cláudio M. da Costa), criticando os

atos do governador do“Chile”, Fanfarrão Minésio,

(o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha

Menezes)

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O INDIANISMO DE BASÍLIO DA GAMA E SANTA O INDIANISMO DE BASÍLIO DA GAMA E SANTA RITA DURÃORITA DURÃO

BASÍLIO DA GAMA SANTA RITA BASÍLIO DA GAMA SANTA RITA DURÃODURÃO

INDIANISMO

Glorificação do homem natural que enfrenta

os representantes da civilização européia.

Glorificação do índio que se converte à religião do

dominador luso e o auxilia na conquista da terra

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BASÍLIO DA GAMA

Poema épico: “O URAGUAI”

Tema central: a história das tropas luso-

espanholas enviadas à região das missões

jesuíticas para desalojar os índios e jesuítas

(após o Tratado de Madri ) e subseqüente

destruição de São Miguel. O poema é a narração

da luta pela posse da terra, travada em 1757 e

foi dedicado ao irmão do Marquês de Pombal.

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Personagens:

- General Gomes Freire de Andrade (chefe português);

- Catâneo (chefe das tropas espanholas);- Cacambo (chefe indígena);- Cepé (guerreiro índio);- Balda (jesuíta administrador de Sete Povos

das Missões);- Caitutu (guerreiro indígena, irmão de

Lindóia);- Lindóia (esposa de cacambo);- Tanajura (indígena feiticeira).

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Este lugar delicioso e triste, Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva e nas mimosas flores, Tinha a face na mão, e a mão no tronco De um fúnebre cipreste, que espalhava Melancólica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim, sobressaltados, E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o

monstro, E fuja, e apresse no fugir a morte. Porém o destro Caitutu, que treme Do perigo da irmã, sem mais demora Dobrou as pontas do arco, e quis três

vezes Soltar o tiro, e vacilou três vezes Entre a ira e o temor. Enfim sacode O arco e faz voar a aguda seta, Que toca o peito de Lindóia, e fere A serpente na testa, e a boca e os dentes

Deixou cravados no vizinho tronco.Açouta o campo co'a ligeira caudaO irado monstro, e em tortuosos girosSe enrosca no cipreste, e verte envoltoEm negro sangue o lívido veneno.Leva nos braços a infeliz LindóiaO desgraçado irmão, que ao despertá-laConhece, com que dor! no frio rostoOs sinais do veneno, e vê feridoPelo dente sutil o brando peito.Os olhos, em que Amor reinava, um dia,Cheios de morte; e muda aquela línguaQue ao surdo vento e aos ecos tantas

vezesContou a larga história de seus males.Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,E rompe em profundíssimos suspiros,Lendo na testa da fronteira grutaDe sua mão já trêmula gravadoO alheio crime e a voluntária morte.E por todas as partes repetidoO suspirado nome de Cacambo.Inda conserva o pálido semblanteUm não sei quê de magoado e triste,Que os corações mais duros enterneceTanto era bela no seu rosto a morte!

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SANTA RITA DURÃOSANTA RITA DURÃO

CARAMURU – CARAMURU – A glorificação do colonizador A glorificação do colonizador

branco.branco.

Personagens: - Diogo Álvares CorreiaPersonagens: - Diogo Álvares Correia

- Paraguaçú- Paraguaçú

- Moema- Moema

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Características de “Caramuru”:

Tradicionalismo épico: duros trabalhos dum heróis, contato entre gentes diversas, visão duma seqüência histórica (uma “brasilíada”!); Referência: a fatos históricos desde o Descobrimento até a época do autor; Destaque ao teor informativo e descritivo: louvação

da terra, dos costumes, dos ritos indígenas... Inspiração religiosa: louva a colonização como empresa religiosa desinteressada (objetivo:catequese!); Desprezo: à visão laica e civil – a qual se observa em

“O Uraguai” e nos poemas satíricos

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XXXVIII'Bárbaro (a bela diz), tigre e não homemPorém o tigre, por cruel que brame,Acha forças amor que enfim o domem;Só a ti não domou, por mais que eu te ame.Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,Como não consumis aquele infame?Mas pagar tanto amor com tédio e asco...Ah! que corisco és tu... raio... penhasco!XXXIXBem puderes, cruel, ter sido esquivo,Quando eu a fé rendia ao teu engano;Nem me ofenderas a escutar-me altivo,Que é favor, dado a tempo, um desengano;Porém, deixando o coração cativoCom fazer-te a meus rogos sempre humano,Fugiste-me, traidor, e desta sortePaga meu fino amor tão crua morte?

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O Arcadismo e a Inconfidência Mineira

A descoberta do ouro nas Minas Gerais deslocou para o sudeste o desenvolvimento urbano brasileiro no século XVIII. A produção cultural, acontecia principalmente na Bahia e em Pernambuco, passa a se concentrar na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), a mais próspera da região.

A opressão administrativa portuguesa, o declínio da produção do ouro, a convivência com as idéias liberais de Rousseau, Montesquieu, John Locke e a revolução na América do Norte

principais fatores

movimento revolucionário em Vila Rica.

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Vila Rica (atual Ouro Preto)Vila Rica (atual Ouro Preto)

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Libertas quae sera tamen

proclamar a RepúblicaObjetivos dos inconfidentes

tornar o Brasil independente de Portugal.

A bandeira escolhida estamparia o lema dos inconfidentes, extraído de um verso de Virgílio:

Libertas quae sera tamen (liberdade ainda que tardia).

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O fim dos inconfidentesO fim dos inconfidentes Ouvidor em Vila Rica, Foi preso e deportado para Moçambique, onde falece, em 1810.

Tomás Antônio Gonçaga

Cláudio Manuel da Costa

Foi denunciado e preso. Enforcou-se, em 1789, na celda da prisão em que aguardava julgamento, localizada na Casa dos Contos.