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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Análise Microeconômica Disciplina na modalidade a distância

Analise microecnonomica

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  • 1. Universidade do Sul de Santa Catarina Anlise Microeconmica Disciplina na modalidade a distncia Palhoa UnisulVirtual 2011
  • 2. Crditos Universidade do Sul de Santa Catarina Campus UnisulVirtual Educao Superior a Distncia Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra Branca | Palhoa SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastio Salsio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Mximo Pr-Reitora Acadmica Miriam de Ftima Bora Rosa Pr-Reitor de Administrao Fabian Martins de Castro Pr-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitrio de Tubaro Diretora Milene Pacheco Kindermann Campus Universitrio da Grande Florianpolis Diretor Hrcules Nunes de Arajo Campus Universitrio UnisulVirtual Diretora Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretora Adjunta Patrcia Alberton Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Vanessa Guimaraes Franceschi Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendona Assessoria DAD - Disciplinas a Distncia Patrcia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Franciele Arruda Rampelotti Luiz Fernando Meneghel Assessoria de Inovao e Qualidade da EaD Dnia Falco de Bittencourt (Coord.) Rafael Bavaresco Bongiolo Assessoria de Relao com Poder Pblico e Foras Armadas Adenir Siqueira Viana Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Jnior (Coord.) Felipe Jacson de Freitas Jeerson Amorin Oliveira Jos Olmpio Schmidt Marcelo Neri da Silva Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpo Coordenao dos Cursos Assistente das Coordenaes Maria de Ftima Martins Auxiliares das coordenaes Fabiana Lange Patricio Tnia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduao Adriana Santos Ramm Adriano Srgio da Cunha Alosio Jos Rodrigues Ana Luisa Mlbert Ana Paula R. Pacheco Artur Beck Neto Bernardino Jos da Silva Carmen Maria C. Pandini Catia Melissa S. Rodrigues Charles Cesconetto Diva Marlia Flemming Eduardo Aquino Hbler Eliza B. D. Locks Fabiano Ceretta Horcio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janana Baeta Neves Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn Jorge Alexandre N. Cardoso Jos Carlos N. Oliveira Jos Gabriel da Silva Jos Humberto D. Toledo Joseane Borges de Miranda Luciana Manfroi Luiz Guilherme B. Figueiredo Marciel Evangelista Catneo Maria Cristina Veit Maria da Graa Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaa Nlio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrcia Fontanella Raulino Jac Brning Roberto Iunskovski Rodrigo Nunes Lunardelli Rogrio Santos da Costa Rosa Beatriz M. Pinheiro Rose Clr Beche Srgio Sell Tatiana Lee Marques Thiago Coelho Soares Valnei Campos Denardin Victor Henrique Moreira Ferreira Coordenadores Ps-Graduao Aloisio Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino Jos da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Nunes Luiz Otvio Botelho Lento Thiago Coelho Soares Vera Regina N. Schuhmacher Gerncia Administrao Acadmica Angelita Maral Flores (Gerente) Fernanda Farias Gesto Documental Lamuni Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Janaina Stuart da Costa Josiane Leal Marlia Locks Fernandes Ricardo Mello Platt Secretaria de Ensino a Distncia Karine Augusta Zanoni (Secretria de Ensino) Giane dos Passos (Secretria Acadmica) Alessandro Alves da Silva Andra Luci Mandira Cristina Mara Shauert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Fabiano Silva Michels Felipe Wronski Henrique Janaina Conceio Jean Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Maria Jos Rossetti Miguel Rodrigues da Silveira Junior Monique Tayse da Silva Patricia A. Pereira de Carvalho Patricia Nunes Martins Paulo Lisboa Cordeiro Rafaela Fusieger Rosngela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Gerncia Administrativa e Financeira Renato Andr Luz (Gerente) Naiara Jeremias da Rocha Valmir Vencio Incio Financeiro Acadmico Marlene Schauer Rafael Back Vilmar Isaurino Vidal Gerncia de Ensino, Pesquisa e Extenso Moacir Heerdt (Gerente) Aracelli Araldi Elaborao de Projeto e Reconhecimento de Curso Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Extenso Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem) Ps-Graduao Clarissa Carneiro Mussi (Coord.) Biblioteca Soraya Arruda Waltrick (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Felipe Cascaes Rodrigo Martins da Silva Ednia Araujo Alberto Francine Cardoso da Silva Karla F. Wisniewski Desengrini Maria Eugnia Ferreira Celeghin Maria Lina Moratelli Prado Mayara de Oliveira Bastos Patrcia de Souza Amorim Poliana Morgana Simo Priscila Machado Gerncia de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didticos Mrcia Loch (Gerente) Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Bruna de Souza Rachadel Letcia Regiane Da Silva Tobal Avaliao da aprendizagem Lis Air Fogolari (coord.) Gabriella Arajo Souza Esteves Desenho Educacional Carmen Maria Cipriani Pandini (Coord. Ps) Carolina Hoeller da S. Boeing (Coord. Ext/DAD) Silvana Souza da Cruz (Coord. Grad.) Ana Cludia Ta Carmelita Schulze Cristina Klipp de Oliveira Eloisa Machado Seemann Flvia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Jaqueline Cardozo Polla Lygia Pereira Luiz Henrique Milani Queriquelli Marina Cabeda Egger Moellwald Marina Melhado Gomes da Silva Melina de la Barrera Ayres Michele Antunes Correa Ngila Cristina Hinckel Pmella Rocha Flores da Silva Rafael Arajo Saldanha Roberta de Ftima Martins Sabrina Paula Soares Scaranto Viviane Bastos Gerncia de Logstica Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Andrei Rodrigues Logstica de Encontros Presenciais Graciele Marins Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Cristilaine Santana Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Edesio Medeiros Martins Filho Fabiana Pereira Fernando Oliveira Santos Fernando Steimbach Marcelo Jair Ramos Capacitao e Assessoria ao Docente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Cludia Behr Valente Elaine Cristiane Surian Juliana Cardoso Esmeraldino Simone Perroni da Silva Zigunovas Logstica de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abrao do Nascimento Germano Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Pablo Farela da Silveira Rubens Amorim Monitoria e Suporte Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Anderson da Silveira Anglica Cristina Gollo Bruno Augusto Zunino Claudia Noemi Nascimento Dbora Cristina Silveira Fabiano Ceretta (Gerente) Alex Fabiano Wehrle Mrcia Luz de Oliveira Sheyla Fabiana Batista Guerrer Victor Henrique M. Ferreira (frica) Gerncia de Marketing Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks Walter Flix Cardoso Jnior Gerncia de Produo Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Paula Schulka Nelson Rosa Patrcia Fragnani de Morais Multimdia Srgio Giron (Coord.) Cristiano Neri Gonalves Ribeiro Dandara Lemos Reynaldo Fernando Gustav Soares Lima Srgio Freitas Flores Portal Rafael Pessi (Coord.) Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Comunicao Marcelo Barcelos Andreia Drewes e-OLA Carla Fabiana F. Raimundo (Coord.) Vinicius Ritta de Moura Produo Industrial Francisco Asp (Coord.) Ana Paula Pereira Marcelo Bittencourt Gerncia Servio de Ateno Integral ao Acadmico James Marcel Silva Ribeiro (Gerente) Atendimento Maria Isabel Aragon (Coord.) Andiara Clara Ferreira Andr Luiz Portes Bruno Ataide Martins Holdrin Milet Brandao Jennier Camargo Maurcio dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Sabrina Mari Kawano Gonalves Vanessa Trindade Orivaldo Carli da Silva Junior Estgio Jonatas Collao de Souza (Coord.) Juliana Cardoso da Silva Micheli Maria Lino de Medeiros Priscilla Geovana Pagani Prouni Tatiane Crestani Trentin (Coord.) Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Scheila Cristina Martins Taize Muller
  • 3. Andr Lus da Silva Leite Anlise Microeconmica Livro didtico Design instrucional Marina Melhado Gomes da Silva Alvaro Roberto Dias 3 edio revista e atualizada Palhoa UnisulVirtual 2011
  • 4. Copyright UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio. Edio Livro Didtico Professor Conteudista Andr Lus da Silva Leite Design Instrucional Leandro Kingeski Pacheco Marina Melhado Gomes da Silva Alvaro Roberto Dias ISBN 978-85-7817-042-4 Projeto Grfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramao Adriana Ferreira dos Santos Frederico Trilha (3 ed. rev. e atualizada) Reviso e atualizao de contedo Valdemar Hahn Junior 338.5 L55 Leite, Andr Lus da Silva Anlise microeconmica : livro didtico / Andr Lus da Silva Leite ; reviso e atualizao de contedo Valdemar Hahn Jnior ; design instrucional Leandro Kingeski Pacheco, Marina Melhado Gomes da Silva, Alvaro Roberto Dias. 3. ed., rev. e atual. Palhoa : UnisulVirtual, 2011. 149 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-042-4 1. Microeconomia. 2. Monoplios. 3. Oligoplios. I. Hahn Jnior, Valdemar. II. Pacheco, Leandro Kingeski. III. Silva, Marina Melhado Gomes da. IV. Dias, Alvaro Roberto. V. Ttulo. Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul
  • 5. Sumrio Apresentao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Palavras do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Introduo economia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 - Demanda, oferta e elasticidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 UNIDADE 3 - Custos de produo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 UNIDADE 4 - Concorrncia perfeita e eficincia econmica . . . . . . . . . . . . . 75 UNIDADE 5 - Monoplio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 UNIDADE 6 - Concorrncia Monopolista e Oligoplio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 UNIDADE 7 - Anlise Estrutural da Indstria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 Referncias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Respostas e comentrios das atividades de autoavaliao. . . . . . . . . . . . . . 145 Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
  • 6. Apresentao Este livro didtico corresponde disciplina Anlise Microeconmica. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma e aborda contedos especialmente selecionados e relacionados sua rea de formao. Ao adotar uma linguagem didtica e dialgica, objetivamos facilitar seu estudo a distncia, proporcionando condies favorveis s mltiplas interaes e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, ser acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a distncia fica caracterizada somente na modalidade de ensino que voc optou para sua formao, pois na relao de aprendizagem professores e instituio estaro sempre conectados com voc. Ento, sempre que sentir necessidade entre em contato; voc tem disposio diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espao Unisul Virtual de Aprendizagem, que o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe tcnica e pedaggica ter o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. 7
  • 7. Palavras do professor A economia o espao onde ocorrem as decises estratgicas que nos afetam diretamente. Variveis, tais como a taxa de juros, taxa de cmbio, polticas econmicas do governo, tm relao direta com o nosso cotidiano. O estudo da economia dividido em duas partes: a microeconomia (objeto deste livro didtico) e a macroeconomia (a ser tratada na disciplina Anlise Macroeconmica ). A microeconomia diz respeito aos elementos especficos ao comportamento dos consumidores, das empresas e dos mercados, tratados em nvel individual. J a macroeconomia trata dos elementos de maior escopo, como as taxas de juros, a gesto da economia pelo Estado, a moeda, entre outros. A leitura deste livro didtico mostrar a voc os principais elementos da microeconomia. Ou seja, o modo como os mercados funcionam e, principalmente, como os preos so formados nos diferentes tipos de mercados. Sem pretenso de esgotar o assunto, sero apresentados temas importantes para o desenvolvimento do seu trabalho, tanto em nvel acadmico quanto profissional. Espero que todos tenham um bom proveito do contedo selecionado. Prof. Andr Lus da Silva Leite, Dr.
  • 8. Plano de estudo O plano de estudos visa a orient-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudaro a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construo de competncias se d sobre a articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao. So elementos desse processo: o livro didtico; o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e de autoavaliao); o Sistema Tutorial Ementa Teoria da demanda e da oferta: elasticidade. Teoria da firma: custos de produo. Estruturas de mercado e o processo de formao de preos. Concorrncia: competitividade e padro de concorrncia.
  • 9. Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Gerais: Fornecer ao estudante uma ferramenta til vida acadmica e profissional. Na universidade, a disciplina permite que sejam entendidos elementos bsicos de economia e o modo de funcionamentos dos mercados. Na vida profissional, d ao estudante condies de observar, analisar, resolver e compreender problemas enfrentados no cotidiano das empresas. Especficos: Identificar os diversos tipos de mercados. Conhecer os processos de formao de preo nos diversos tipos de mercado. Analisar uma empresa dentro do seu respectivo mercado e no contexto da economia como um todo. Analisar o ambiente externo empresa. Carga Horria A carga horria total da disciplina 60 horas-aula, 4 crditos, incluindo o processo de avaliao. Contedo programtico/objetivos Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que voc dever deter para o desenvolvimento de habilidades e competncias necessrias sua formao. Neste sentido, veja a seguir as unidades que compem o Livro didtico desta disciplina, bem como os seus respectivos objetivos. Unidades de estudo: 7 12
  • 10. Anlise Microeconmica Unidade 1- Introduo economia Esta unidade apresenta os elementos bsicos que compem o estudo da cincia econmica. A unidade apresenta a razo do surgimento da economia, os agentes bsicos de um sistema econmico e as perguntas a que a teoria visa responder. Unidade 2 - Demanda, oferta e elasticidade Esta unidade visa discutir o modo de funcionamento dos mercados. Para tanto, primeiramente alguns conceitos fundamentais so descritos. Em seguida, so abordados os conceitos de demanda e oferta e o processo de formao de preos. Por fim, apresenta-se o conceito e as aplicaes de elasticidadepreo da demanda. Unidade 3 - Custos de produo Esta unidade trata dos custos de produo. Ao trmino desta unidade, o(a) estudante ter subsdios para analisar custos como uma importante ferramenta de tomada de decises empresariais. Unidade 4 - Concorrncia perfeita e eficincia econmica Esta unidade apresenta o modelo de concorrncia perfeita. Este um modelo terico que permite analisar um mercado sem as imperfeies inerentes (estas podem ser, por exemplo, a formao de cartel, o acesso privilegiado a informaes, a concorrncia desleal, etc.). um modelo muito utilizado, principalmente para fins de polticas pblicas. Unidade 5 - Monoplio Esta unidade discute o conceito de monoplio, que significa um mercado no qual h apenas uma empresa que oferece o produto. Ao longo deste texto, ser possvel observar que o monoplio socialmente ineficiente. Entretanto h situaes nas quais o monoplio o melhor meio de produzir certos bens e servios. 13
  • 11. Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 6 - Concorrncia Monopolista e Oligoplio Esta unidade apresenta duas estruturas de mercado: a concorrncia monopolista e o oligoplio. Nela sero apresentados elementos de significativa importncia para o entendimento do processo de concorrncia, como a interdependncia entre as empresas, as barreiras entrada e os modelos bsicos de oligoplio que explicam o processo de formao de preos nestes mercados. Unidade 7 - Anlise Estrutural da Indstria Nesta unidade, apresenta-se o modelo das cinco foras competitivas, tambm conhecido como modelo de Porter. Este modelo utiliza elementos estudados nas unidades anteriores para se analisar e compreender o posicionamento competitivo de uma empresa e/ou indstria em certo momento. 14
  • 12. Anlise Microeconmica Agenda de atividades/ Cronograma Verifique com ateno o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorizao do tempo para a leitura, da realizao de anlises e snteses do contedo e da interao com os seus colegas e tutor. No perca os prazos das atividades. Registre no espao a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatrias Demais atividades (registro pessoal) 15
  • 13. Universidade do Sul de Santa Catarina 16
  • 14. unidade 1 Introduo economia Objetivos de aprendizagem Compreender a razo do estudo da economia. Sees de estudo Seo 1 Introduo economia Seo 2 Os setores econmicos Seo 3 O sistema econmico e as trocas 1
  • 15. Universidade do Sul de Santa Catarina Para incio de estudo Esta unidade visa especificamente a apresentar ao estudante a importncia do estudo da economia. Nela, constam a razo do surgimento da cincia econmica e o problema central que a teoria econmica tem por objetivo resolver. Bom estudo! Seo 1 - Introduo economia Voc j notou que h muita influncia do ambiente econmico, nacional e internacional, em suas finanas pessoais? Pense, por exemplo, na compra de um carro. De acordo com seu oramento, voc pesquisa o preo de diferentes automveis, as taxas de juros dos financiamentos, as vantagens oferecidas pelas concessionrias, etc. Sendo assim, verdadeiro dizer que a sua deciso sobre a compra do carro depende de diversos fatores econmicos. Assim como voc, as empresas tambm so influenciadas pelo ambiente econmico. E por isto que o entendimento da economia torna-se numa ferramenta importante para os administradores de empresas, contadores e demais profissionais ligados ao mundo dos negcios. Diversos fenmenos relevantes nas reas de marketing, finanas e administrao geral, entre outras, tm sua fundamentao na teoria econmica. 1.1 A definio de economia Em poucas palavras, economia pode ser definida como uma cincia que estuda a atividade produtiva. Focaliza estritamente os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais escassos para a produo de bens; estuda as variaes e combinaes na alocao dos fatores de produo (terra, capital, trabalho, tecnologia), na distribuio de renda, na oferta e procura e nos preos das mercadorias. (SANDRONI, 1998). 18
  • 16. Anlise Microeconmica Todos ns participamos do sistema econmico do pas, consumindo, hoje, bens e servios, ou poupando parte de nossa renda para consumirmos no futuro. De modo geral, pode-se afirmar que um paradoxo induz o estudo da economia. Este paradoxo representado pelo fato de os recursos de produo serem limitados e as necessidades humanas ilimitadas. A natureza dos problemas econmicos reside na constatao de que os recursos de que a coletividade dispe para a satisfao das necessidades das pessoas so limitados. Em compensao, as necessidades do ser humano no tm limite. Em outras palavras, as pessoas precisam de certos bens (roupas, alimentos, casa para morar, automvel) e servios (educao, lazer, sade) que so escassos, isto , existem em quantidades limitadas. J as aspiraes humanas so relativamente ilimitadas, superando o volume de bens e servios disponveis para a satisfao desses desejos. No verdade que queremos cada vez mais e mais? Recursos Escassos x Necessidades Ilimitadas A atividade econmica em uma sociedade realizada com o propsito de produzir bens e servios que se destinem satisfao das necessidades individuais ou coletivas de seus membros. Entretanto, em razo da prpria natureza do ser humano, suas necessidades se ampliam continuamente, aumentando, em consequncia, as exigncias do consumo. Um nmero cada vez maior de pessoas procura bens e servios que atendam suas necessidades de lazer, educao, transportes coletivos, etc. Mesmo para as necessidades puramente biolgicas, surgem novos desejos. As pessoas j no se satisfazem em aplacar sua sede bebendo apenas gua. Quando possvel, recorrem a refrigerantes ou a outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer que, de modo geral, as necessidades humanas so ilimitadas e os recursos para supri-las so escassos. (SILVA, Csar R. L.; LUIZ, Sinclayr, 1996). Unidade 1 19
  • 17. Universidade do Sul de Santa Catarina Qual o problema fundamental da Cincia Econmica? Como voc percebeu, o problema fundamental da economia a escassez. Como os recursos ou fatores de produo -- capital, terra, trabalho, capacidade empresarial e tecnologia -- so escassos, no podemos ter tudo o que desejamos ao mesmo tempo -- preciso escolher entre os bens e servios que sero produzidos e oferecidos coletividade. Assim, de acordo com os professores Troster e Mochn (1999, p.5), A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e servios e distribu-los para seu consumo entre os membros da sociedade. possvel dividir o estudo da economia em partes? Sim, o estudo da economia dividido em duas grandes partes: a microeconomia e a macroeconomia, as quais podem ser definidas da seguinte forma: A microeconomia: a rea que se ocupa com a anlise do comportamento individual dos agentes econmicos, ou seja, das empresas e dos consumidores. Quando voc assiste na tev a uma reportagem sobre o aumento da gasolina ou sobre a reao dos consumidores em relao a este aumento, eis um exemplo de evento microeconmico; 20 A macroeconomia: rea da economia que se ocupa com o funcionamento da economia como um todo. Seu objetivo principal entender como se administra o nvel de atividade econmica de um determinado pas. Assim, variveis como inflao, PIB, taxa de juros so tpicas variveis macroeconmicas. O principal motivo pelo qual se estuda economia pode ser traduzido na seguinte relao:
  • 18. Anlise Microeconmica Fatores de produo escassos versus necessidades ilimitadas Isto implica a existncia de quatro questes fundamentais: O que produzir? Quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Como responder estas questes? A resposta para estas questes fundamentais da economia, como voc aprender com mais detalhes na prxima unidade, depende do sistema econmico, ou seja, se estamos numa economia capitalista ou de mercado; ou se estamos numa economia socialista ou planificada. Seo 2 - Os setores econmicos Os agentes econmicos (famlias ou pessoas, empresas e o governo) podem ser agrupados em trs grandes setores: Setor primrio: refere-se s atividades prximas dos recursos naturais, como por exemplo, a atividade agrcola ou agroindustrial, a atividade pesqueira, pecuria, etc.; Setor secundrio: refere-se atividade industrial. na indstria que as matrias-primas so transformadas em bens. Exemplos: indstrias e a construo civil; Setor tercirio: refere-se aos servios, ou seja, satisfao das necessidades de servios que no se transformam em algo material. Servios de sade, de transporte, de educao, de turismo, entre outros. Hoje em dia, em diversos pases, incluindo o Brasil, o setor que mais cresce e que mais emprega. Unidade 1 21
  • 19. Universidade do Sul de Santa Catarina Os fatores de produo A atividade econmica, por meio da produo de bens e servios, visa a satisfazer as necessidades humanas. E a produo destes bens e servios, numa economia de mercado, realiza-se nas diversas empresas. E cada uma delas emprega fatores de produo. Assim, para ofertar bens ou servios, as empresas precisam adquirir fatores de produo. Fatores de produo so os elementos que as empresas utilizam para produzir um determinado bem ou servio. So divididos em cinco grandes grupos: 22 Recursos Naturais: formado pelo espao fsico, pela gua e pelas matrias-primas em geral. Por exemplo, uma fazenda utiliza bastante espao fsico para sua produo; Capital: so as mquinas, equipamentos e instalaes empregados na produo. Podem ser tratores, computadores, etc. Muitas empresas trabalham com um nmero grande de mquinas nas linhas de produo; Trabalho: refere-se aos servios das pessoas empregadas na produo, como o operrio, o gerente, etc. So os trabalhadores que operaro as mquinas e transformaro a matria-prima. Tecnologia: a tecnologia compreende o estudo das tcnicas. Todo e qualquer trabalho desenvolvido requer uma determinada maneira para a sua execuo, e a tcnica a maneira correta de executar uma tarefa (know-how: saber como); Capacidade Empresarial: compreende uma viso muito clara das oportunidades de investimento, das possibilidades de financiamento da produo, da obteno e utilizao adequada dos fatores de produo e, principalmente, da organizao e coordenao eficiente das operaes.
  • 20. Anlise Microeconmica A remunerao dos fatores de produo Voc j deve ter ouvido falar num famoso ditado popular que diz: nem relgio trabalha de graa. Assim, cada um dos fatores de produo, ou melhor, seus proprietrios, mencionados anteriormente, devem receber uma renda pela sua utilizao. Deste modo, a renda: Da terra o aluguel; Do capital o lucro (quando o capitalista constitui uma empresa) ou o juro (quando ele emprega dinheiro); Do trabalho o salrio. Um agente econmico qualquer entidade que pertence a um determinado sistema econmico e atua nele. Pode ser uma pessoa, tomada individualmente, ou uma pessoa coletiva (empresa, cooperativa, rgo governamental, etc.). Os agentes econminos so as famlias (que tm o objetivo de satisfazer suas necessidades), as empresas (que tm o objetivo de maximizar seus lucros) e o Governo (que tem o objetivo de ampliar o bem-estar social). A funo de todos os agentes econmicos fomentar a circulao de bens e servios necessrios satisfao das necesidades dos consumidores, contribuindo para a gerao de renda e emprego. As empresas Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade dos bens e servios, como o po, os automveis, os sapatos, os servios de turismo e assim por diante. Como os economistas definem o que uma empresa? Unidade 1 23
  • 21. Universidade do Sul de Santa Catarina A empresa a unidade de produo bsica. Ela contrata trabalho e compra fatores com o fim de produzir e vender bens e servios e, ao final do processo, auferir lucro. Nas sociedades primitivas, a produo era individual e artesanal. Hoje, as empresas so as maiores responsveis pela produo, j que s elas so capazes de obter as vantagens da produo em massa. Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e fsicos necessrios para construir as instalaes e os equipamentos que a atualidade exige. Alm disso, somente as empresas tm capacidade de organizar os complexos processos de produo e distribuio exigidos pela sociedade moderna. O financiamento das empresas pode ser obtido atravs de autofinanciamento ou financiamento externo. Ou seja: elas podem se financiar com seu prprio capital ou tomar emprstimos juntos aos bancos. Voc conhece as definies de emprstimo e de financiamento? Os emprstimos so recursos obtidos com o compromisso de devoluo, ao fim de um determinado perodo, mediante remunerao (pagamento de juros). O financiamento difere do emprstimo, porque tais recursos obtidos esto vinculados venda de um bem ou servio. As famlias ou indivduos As famlias ou as pessoas tm basicamente duas funes no sistema econmico: 24 Oferecer seus fatores de produo, isto , trabalho e capital s empresas; Consumir os bens e servios postos a sua disposio. No entanto o consumo restrito pelo oramento de que dispem.
  • 22. Anlise Microeconmica O setor pblico O Governo um importante agente da economia. Afinal, ele o maior responsvel pelos rumos econmicos de uma nao. H pelo menos trs nveis de governo, que devemos destacar: A administrao local, ou seja, as prefeituras; As administraes estaduais; A administrao central, ou seja, o Governo Federal e seus ministrios. O setor pblico responsvel pelo fornecimento dos chamados bens pblicos. Bens pblicos so bens proporcionados a todas as pessoas a um custo que igual ao necessrio para o fornecimento a uma s pessoa. (MANKIW, 1999). A defesa nacional um bem pblico. Caso uma nao declare guerra ao Brasil, todos os cidados brasileiros tero direito defesa nacional. Por esta caracterstica, os bens pblicos s podem ser providos pelo Estado. H, ainda, uma outra atribuio importante do governo, no que diz respeito ao sistema econmico. O setor pblico responsvel por estabelecer um marco jurdicoinstitucional no qual se desenvolve a atividade econmica, sendo, tambm, responsvel pelo estabelecimento da poltica econmica. Sistema econmico Agora que voc j sabe quem so os agentes econmicos, podemos definir sistema econmico. Unidade 1 25
  • 23. Universidade do Sul de Santa Catarina Sistema econmico o conjunto de relaes tcnicas, bsicas e institucionais que caracterizam a organizao econmica de uma sociedade. TECNO RN T C T = Trabalho LOGIA C = K = Capital RN = Recursos Naturais Fatores de Produo ORGANIZAO DA PRODUO UNIDADES PRODUTIVAS - Indivduo - Famlia - Empresa RENDAS - Salrios - Lucros - Juros - Renda dos RN APARELHO PRODUTIVO - Primrio - Secundrio - Tercirio N O F I U E O L F L A M R X L U X O N A L DEMANDA Figura 1 Sistema Econmico Simplificado. Fonte: SILVA, 1983, p. 90. 26 PRODUTIVOS ou SERVIOS - Consumo - Capital - Intermedirio MERCADO OFERTA
  • 24. Anlise Microeconmica Assim, conforme foi apresentado nesta unidade, o sistema econmico deve responder a quatro questes bsicas. O que produzir? Quanto produzir? Dos bens que vamos produzir, quanto devemos produzir de cada um? Como produzir? Devemos produzir mais estradas ou mais hospitais? Quais tcnicas e ferramentas sero utilizadas na produo? Para quem produzir? Como a produo vai ser distribuda entre os diferentes agentes da economia? Quem, afinal, responde a estas perguntas? Para respondermos a estas perguntas, devemos nos voltar um pouco para a histria da organizao econmica. Basicamente, podemos dizer que h dois tipos de organizao da economia de um pas ou nao. Capitalismo ou Economia de mercado Socialismo ou Economia planificada Capitalismo ou Economia de mercado No capitalismo, a economia funciona de forma livre, ou seja, cada um livre para escolher o que produzir e em qual quantidade, assumindo os riscos por isto. Diz-se que este sistema caracterizado pela livre iniciativa. Na unidade 5, falaremos de mercado e voc aprender como ele funciona. Unidade 1 27
  • 25. Universidade do Sul de Santa Catarina Socialismo ou Economia planificada No socialismo, quem responde s questes essenciais da economia o Estado. Por isto diz-se que uma economia socialista uma economia planificada: ela necessita do Planejamento Estatal. Este sistema , justamente, o contrrio da economia de mercado, j que as decises so tomadas de forma centralizada na agncia de planejamento do governo. Neste caso, as famlias no detm os fatores de produo. Estes pertencem coletividade, ou seja, ao governo. Seo 3 - O sistema econmico e as trocas Nesta seo, voc estudar uma atividade que de suma importncia para os sistemas econmicos modernos: as trocas. Para entender melhor como elas acontecem, vamos imaginar uma pessoa que more sozinha numa ilha. Esta pessoa deve ser capaz de produzir, sozinha, tudo aquilo que necessita. E, obviamente, seu consumo est restrito aos recursos que a ilha lhe oferece e sua capacidade de transformao destes recursos, ou seja, o seu conhecimento. Agora, numa sociedade moderna como a nossa, voc j deve ter percebido que isto impossvel. E, justamente, podemos dizer que nossa sociedade moderna devido a um conceito criado pelo primeiro economista da histria moderna, o escocs Adam Smith, em 1776. Em seu livro A Riqueza das Naes, Smith nos conta uma fbula, conhecida como a fbula dos alfinetes. Nesta fbula, Smith imagina que a produo de alfinetes pode-se dar de duas formas: de forma artesanal e de forma industrial. 28
  • 26. Anlise Microeconmica Na forma artesanal, um nico trabalhador, de forma artesanal, produziria, ao final de um dia, no mximo 20 alfinetes. J, na produo industrial, Adam Smith argumenta que, como a fabricao de alfinetes dividida em diferentes operaes, ento 10 operrios conseguiam fabricar, na Inglaterra de dois sculos atrs, mais de 48.000 alfinetes em um nico dia de trabalho. Por que o nmero de trabalhadores aumentou 10 vezes e a produo aumentou 2.400 vezes? A resposta um fenmeno chamado Especializao. Com 10 operrios especialistas, cada um pode se especializar numa determinada operao especfica do processo produtivo, e, consequentemente, aumentar a produtividade diria. A especializao permite, tambm, que cada pessoa procure um trabalho ou uma ocupao na qual seja mais produtiva. Mas voc deve notar que, no exemplo citado anteriormente, o da pessoa que mora sozinha em uma ilha, ela no pode ser uma especialista, afinal ela vive sozinha e todos os bens e servios que consome so originados do seu prprio trabalho. J, nas economias modernas, a especializao nos permite concentrar nossos esforos em um determinado ramo de atividade. Mas, se ao mesmo tempo, temos de ser especialistas, ento s produziremos uma parte dos bens e servios que necessitamos. Da a importncia das trocas no sistema econmico. Imaginemos duas pessoas: um alfaiate e um agricultor. O alfaiate se especializou na produo de peas de roupa, enquanto o agricultor se especializou na produo de verduras. Desta forma, cada um mais produtivo naquela atividade que sabe fazer. Mas, como o alfaiate precisa se alimentar e o agricultor precisa se vestir, eles podem ento promover uma troca de produtos. Unidade 1 29
  • 27. Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliao Atividades de autoavaliao 1) Refletindo sobre o que voc aprendeu no estudo desta unidade, explique, a seguir, por que importante entender a questo da escassez? 2) Quem so os agentes econmicos, como esto agrupados e qual a importncia de cada um para o sistema econmico? 30
  • 28. Anlise Microeconmica Sntese Nesta unidade, voc efetuou estudos sobre a economia e sua importncia, principalmente porque diz respeito administrao dos recursos escassos e das necessidades ilimitadas do ser humano. Tambm nesta unidade, voc aprendeu quem so os principais agentes econmicos e o seu papel no sistema. Voc estudou, tambm, a maneira como funciona o sistema econmico em que vivemos e leu a famosa fbula dos alfinetes, que mostra a importncia da especializao para a economia moderna e sofisticada. Na prxima unidade, voc comear a entender como funcionam os mercados. Saiba mais Para aprofundar seu conhecimento sobre o que foi estudado nesta unidade, voc poder ler as seguintes obras: MANKIW, N.G. Introduo economia. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SILVA, Csar R. L. & LUIZ, Sinclayr. Economia e mercados: introduo economia. So Paulo: Saraiva, 1996. TROSTER, Roberto & MOCHON, Francisco. Introduo economia. So Paulo: Makron Books, 1999. Unidade 1 31
  • 29. unidade 2 Demanda, oferta e elasticidade Objetivos de aprendizagem Discutir o modo de funcionamento dos mercados. Apresentar a lei da demanda e da oferta. Definir elasticidade-preo da demanda. Sees de estudo Seo 1 Conceitos bsicos Seo 2 Demanda e oferta: analisando os mercados Seo 3 Equilbrio de mercado Seo 4 Elasticidade - preo da demanda 2
  • 30. Universidade do Sul de Santa Catarina Para incio de estudo Nesta unidade, voc estudar a teoria elementar dos mercados. De um modo geral, esta teoria discute a maneira como os mercados funcionam, ou seja, como , na prtica, a lei da demanda e da oferta. Tambm objeto de estudo desta unidade o conceito de elasticidade. Por motivos didticos, no possvel abordar cada mercado em particular e suas peculiaridades. Porm, como voc ver, a teoria aplicvel a qualquer mercado. Seo 1 - Conceitos bsicos A seguir, voc estudar alguns conceitos que so bsicos nesta disciplina, como mercado e empresa ou firma. Estes conceitos so importantes para a melhor compreenso da disciplina e dos temas discutidos nesta e nas unidades seguintes. Acompanhe! Mercado H vrias definies para mercado. Em sentido geral, o termo designa um grupo de compradores e vendedores que esto em contato suficientemente prximo para que as trocas entre eles afetem as condies de compra e venda dos demais. Um mercado existe, quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e servios esto em contato com vendedores desses mesmos bens e servios. Assim, o mercado pode ser entendido como o local, terico ou no, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia. Empresa ou Firma Os economistas, por tradio, costumam se referir s empresas utilizando o termo firma. No linguajar dos economistas, estas aparecem como sinnimos. Similarmente definio de mercado, tambm h vrias definies possveis para firma. 34
  • 31. Anlise Microeconmica De uma forma mais complexa, empresa um dos regimes de produo, onde um empresrio, por meio de contratos, utiliza os fatores de produo sob sua responsabilidade a fim de obter uma finalidade, vend-la no mercado e tirar, da diferena entre o custo de produo e o preo de venda, o maior proveito monetrio possvel. (ANTUNES,1964 apud FARINA, 2005). Para Williamson (1996), a firma uma estrutura de governana. Neste caso, o autor quis enfatizar a ideia de que a firma autnoma e tem capacidade de tomar decises. Outra definio, esta de sentido mais tcnico, diz que a firma uma funo de produo, uma sinergia tecnolgica que explora economias de escala e escopo. (TIROLE, 1988). Grossman e Hart (1986), numa definio mais jurdica, destacam que uma firma um nexo de contratos incompletos de longo prazo. Ao usar o termo contratos incompletos, os autores querem assinalar que impossvel um contrato ser completo, ou seja, que um contrato contenha todos os elementos possveis em um negcio. Afinal, diversos fatos imprevisveis podem ocorrer ao longo da vigncia de um contrato. Seo 2 - Demanda e Oferta: analisando os mercados A anlise da demanda e oferta ou lei da demanda e da oferta um importante instrumento para se compreender a realidade de mercados e da determinao de preos nos diversos tipos de mercado. A correta anlise da demanda e da oferta em um mercado permite, dentre outras coisas, a compreenso e a previso de como as variaes na conjuntura econmica nacional e internacional podem afetar o preo de mercado e a produo. Demanda A lei da demanda visa a identificar os vrios fatores que afetam a deciso de compra dos consumidores. Podemos, ento, definir demanda individual como sendo a quantidade de um determinado Unidade 2 35
  • 32. Universidade do Sul de Santa Catarina produto ou servio que o consumidor deseja adquirir em certo perodo de tempo. Importante salientar que demanda desejo de comprar, e no a realizao da compra. Alm disto, demanda um fluxo por unidade de tempo. Ou seja: a demanda refere-se ao desejo de comprar certa quantidade de um bem em um dado perodo. A teoria da demanda derivada de hipteses da teoria do consumidor. Parte-se do pressuposto de que o consumidor tenha oramento limitado e acesso a uma determinada cesta de produtos, assim a teoria da demanda visa a explicar as possibilidades de escolha do consumidor. O consumidor far escolhas com seu oramento limitado e tentar alcanar a melhor combinao de bens e servios consumidos, ou seja, aquela que lhe trar maior nvel de satisfao. como: A demanda de um produto depende de muitos fatores, tais as preferncias e gosto dos consumidores; preo do produto em questo; preo de produtos relacionados; a renda do consumidor; a distribuio de renda; a disponibilidade de crdito; as polticas governamentais direcionadas para o consumo, como impostos e subsdios. Porm a teoria da demanda costuma apresentar quatro determinantes da demanda individual, visando simplificao: 1. o preo do prprio bem; 2. o preo de bens relacionados; 3. a renda do consumidor; e 4. o gosto ou preferncia do consumidor. 36
  • 33. Anlise Microeconmica 2.1 Variveis que afetam a demanda Preo do prprio bem importante notar que o preo do prprio bem a varivel principal na nossa anlise. A lei geral da demanda mostra que h uma relao negativa entre o preo do prprio bem e a quantidade demandada deste mesmo bem. Quando o preo cai, os consumidores tendem a aumentar seu desejo de comprlo. Isso acontece, pois, supondo que todas as outras variveis permaneam constantes, o indivduo fica relativamente mais rico, quando o preo de um bem diminui. E, quando o preo (P) de um bem aumenta, a quantidade demandada (Qd) diminui. Por outro lado, quando o preo de um bem diminui, sua quantidade demandada aumenta. Esta hiptese j foi testada para diversas situaes e, embora sofra limitaes, tende a mostrar a realidade da demanda em diferentes mercados. Assim, possvel demonstrar estas variveis em um grfico. Na figura 1, a seguir, est a curva de demanda, que mostra a relao negativa entre o preo do prprio bem e a quantidade que os consumidores esto dispostos a demandar em um certo momento no tempo, com tudo o mais permanecendo constante. Preo ($) D Quantidade do produto Figura 1 Curva de demanda Unidade 2 37
  • 34. Universidade do Sul de Santa Catarina Vamos analisar um exemplo do mercado de milho, como nos mostra a seguir a tabela 1. possvel notar que, medida que o preo diminui de $12 para $1, a quantidade demandada aumenta. Isto porque a sociedade comprar mais milho, quando o preo estiver menor. Preo ($) Diante dos objetivos deste texto, no nos preocuparemos em estimar as curvas de demanda. Porm, com uma srie histrica de dados e um pouco de conhecimento de estatstica, fcil estim-las Aplicao da Equao de Regresso Linear ( = a + bx). Este contedo explorado na disciplina Estatstica. Quantidade Demandada (milhares de sacas) 12,00 10,00 7,00 5,00 4,00 2,00 1,00 6 10 16 20 22 26 28 Tabela 1 Demanda do Mercado de Milho A relao expressa na curva de demanda tambm pode ser expressa por meio da funo de demanda. Neste caso, a funo teria a seguinte forma: qd (p) = a - bp Note que o sinal negativo mostra a relao inversa entre quantidade demandada (qd) e preo (p). Para o exemplo do milho, a equao qd = 30 2 p. Voltaremos a esta equao mais adiante. Preo de bens relacionados A demanda de um produto tambm influenciada pelo preo de bens relacionados. Assim, temos duas situaes: 1) Bens substitutos Bens substitutos so aqueles cujo consumo de um substitui o do outro. Por exemplo, carne de frango e carne bovina ou viajar de avio e viajar de trem. Vamos supor, por exemplo, o mercado de transporte areo entre as cidades A e B. Caso o preo das passagens de nibus aumente, aumentar a demanda por viagens areas entre as duas cidades. 38
  • 35. Anlise Microeconmica Este fenmeno pode ser observado, analisando a figura 2. Com o aumento do preo das tarifas de nibus, a demanda por passagens areas aumentou, deslocando-se de D para D. Figura 2 - Demanda por passagens areas Importante: Note que a curva de demanda se deslocou. As variveis preo e quantidade so variveis determinadas dentro do mercado. Mas outras variveis, como o preo de bens relacionados e a renda, so determinadas fora do mercado, por isto exercem influncia sobre ele. Isto representado por meio do deslocamento da curva de demanda, como se pode ver na figura 2. 2) Bens complementares Bens complementares so bens consumidos simultaneamente, e o consumo de um determinado bem complementa o do outro. Por exemplo, automvel e combustvel, e, viagem de avio e hospedagem em hotis. Neste sentido, suponha que as tarifas de avio sejam reduzidas. Isso impulsionar o turismo e aumentar a demanda de leitos de hotel. Assim, como mostrado na figura 3, a demanda de leitos de hotel se deslocar de D para D. Unidade 2 39
  • 36. Universidade do Sul de Santa Catarina Preo P 2 P 1 D Q Q 1 D 1 2 Quantidade Figura 3 Demanda por leitos de hotel Renda do consumidor Se a renda do consumidor aumentar, haver um deslocamento da curva de demanda para a direita, o que significa que ele estar disposto a consumir mais, ao mesmo preo. De certa forma, todos ns nos comportamos assim. Por isso, pense em alguns produtos que voc compraria em maior quantidade, caso o seu chefe lhe oferecesse, hoje, um belo aumento de salrio. Se os preos dos demais bens da economia (ou de alguns deles) forem reduzidos, isso ter um efeito semelhante em uma variao da renda. Mudanas nas preferncias dos consumidores tambm deslocam a curva de demanda. Por exemplo, uma campanha do governo contra o fumo deslocar a curva de demanda de cigarros para baixo (demanda menor). E um dia bem quente desloca a curva de demanda de sorvetes para a direita (demanda maior). Outras variveis influenciam a demanda de um bem, como a sazonalidade, a moda, as propagandas, etc. 40
  • 37. Anlise Microeconmica 2.2 Oferta (O) Na subseo anterior, voc estudou o que demanda, ou seja, o mercado sob o ponto de vista do demandante. Nesta, voc analisar a oferta, isto , o mercado do ponto de vista de quem vende. Para anlise da oferta, voc dever imaginar a existncia de um mercado com muitas empresas, todas de pequeno porte. E, que este mercado chamado de competitivo, ou seja, as empresas no tm capacidade para fixar os preos de seus produtos. Neste caso, o preo fixado pelo mercado, e as empresas so tomadoras de preo, isto , praticam o preo determinado pelo mercado. Por que uma empresa decide ofertar um determinado produto? O que leva uma empresa a decidir vender ou ofertar um determinado produto a expectativa de lucro (). Neste sentido, podemos definir lucro como sendo a remunerao de uma empresa. Geralmente, antes que uma nova empresa aparea no mercado, o empresrio faz um estudo detalhado sobre as possibilidades de lucratividade deste novo negcio. Como a taxa de lucro que induz os empresrios a fazerem novos investimentos, ento voc pode deduzir que quanto mais alto for o ganho (lucro) da empresa com um determinado produto, maior ser a quantidade ofertada. Ou seja: mais empresas vo querer ofertar ou vender aquele produto. A curva de oferta Assim, a curva de oferta informa quais quantidades os vendedores estaro dispostos a ofertar para cada preo fixado pelo mercado. Esta curva um somatrio das curvas de ofertas das vrias empresas que atuam no mercado e estabelece a quantidade Unidade 2 41
  • 38. Universidade do Sul de Santa Catarina total que estes produtores estariam dispostos a oferecer para cada nvel de preo. Observando a tabela 2, que reproduz aquele mesmo mercado de milho da subseo anterior, voc pode perceber que, medida que o preo do milho diminui, tambm diminui o incentivo dos empresrios para produzir. Logo, a oferta diminui, medida que o preo diminui. E vice-versa. Preo ($) Quantidade Ofertada (milhares de sacas) 1,00 2,00 4,00 5,00 8,00 10,0 12,00 8 11 17 20 29 35 41 Tabela 2 Oferta do Mercado de Milho. A relao expressa na tabela 2 mostra a curva de oferta. Esta relao pode ser expressa por meio da funo de oferta: qo (p) = a + bp Note que o sinal positivo mostra a relao direta entre quantidade/oferta (qo) e preo (p). Para o exemplo do milho, a equao qo (p) = 5 + 3p. Aplicao da Equao de Regresso Linear ( = a + bx). Este contedo explorado na disciplina Estatstica. 42 Graficamente, temos a curva de demanda expressa, como na figura 4.
  • 39. Anlise Microeconmica Preo O ($) Quantidade do produto Figura 4 - A curva de oferta A figura 4 mostra que, caso o preo de mercado do produto aumente, a quantidade ofertada do produto no mercado tambm aumentar. Esta proposio conhecida como a lei geral da oferta. O que a figura 4 apresenta que, medida que o preo de mercado aumenta, aumenta tambm o incentivo do empresrio a produzir mais. E vice-versa: medida que o preo diminui, o empresrio tem menos incentivo para produzir. Existem outros fatores que influenciam as decises dos empresrios? Vrios fatores influenciam a oferta, como por exemplo: a tecnologia de produo da empresa; os preos dos insumos; nmero de concorrentes no mercado; as expectativas futuras. Unidade 2 43
  • 40. Universidade do Sul de Santa Catarina Seo 3 - Equilbrio de mercado Agora que voc estudou os conceitos de demanda e oferta, note como se forma o preo em um mercado. Para isto, analisaremos novamente o mercado de milho. Preo ($) Quantidade Demandada (milhares de sacas) Quantidade Ofertada (milhares de sacas) 12,00 10,00 7,00 5,00 4,00 2,00 1,00 6 10 16 20 22 26 28 41 35 29 20 17 11 8 Tabela 3 Demanda e oferta de milho. Note que, ao preo de $5,00, a quantidade demandada e a quantidade ofertada so iguais (qd=qo=20). Ou seja: no falta nem sobra produto no mercado. Nesta situao, dizemos que o mercado est em equilbrio. O equilbrio est ilustrado na figura 5. O Preo ($ por unidade) Excesso de oferta ^ P 1 P 0 P 2 ^ Escassez de oferta Q0 D Quantidade Figura 5 Equilbrio de Mercado Conforme a figura 5, quando o preo P0, o mercado est em equilbrio, pois a quantidade demandada igual quantidade ofertada, em Q0. importante notar neste momento que o equilbrio de mercado mostra uma representao esttica do mercado. Porm pode-se afirmar que os mercados sempre tendem ao equilbrio. 44
  • 41. Anlise Microeconmica Para entender por que os mercados sempre tendem ao equilbrio, imagine que o preo de mercado seja igual a P1. Neste caso, observe que a quantidade ofertada (cruzamento da curva de oferta com a linha horizontal a partir de P1) maior do que a quantidade demandada. Esta situao denominada de excesso de oferta ou escassez de demanda. Assim, se h excesso de oferta ou estoque, a tendncia que o preo caia at P0. Por outro lado, se o preo de mercado for P2, ento a quantidade demandada ser maior que a quantidade ofertada. A esta situao denominamos excesso de demanda ou escassez de oferta. Quando isto ocorre, as empresas se sentem mais impulsionadas a produzir e o preo aumenta at P0. Neste sentido, podemos dizer que todo e qualquer mercado sempre tende ao equilbrio. Ou seja: de um modo ou de outro, o mercado chega ao preo e quantidade de equilbrio. Matematicamente, o equilbrio pode ser calculado por meio das equaes de demanda e oferta. Assim sendo, as equaes de demanda (qd) e de oferta (qo) so expressas por: qd = 30 - 2p qo = 5 - 3p Para que se obtenha o preo de equilbrio, basta igualar as duas equaes (lembre-se de que, no equilbrio, qd=qo). Assim, qd = qo 30 - 2p = 5 + 3p 30 - 5 = 2p + 3p 25 = 5p 25 p= =5 5 Para achar a quantidade de equilbrio, basta substituir o valor do preo (p) em qualquer uma das equaes, j que, no equilbrio, elas so iguais. Temos: qd = 30 - 2(5) = 30 - 10 = 20 Unidade 2 45
  • 42. Universidade do Sul de Santa Catarina Os resultados encontrados de fato so os mesmos resultados da tabela 3. importante notar que o equilbrio de mercado tal qual representado pela figura 5, mostra um retrato esttico do mercado. Na realidade, os mercados so dinmicos e sofrem, constantemente, influncia do ambiente externo, que pode ser o governo, outros mercados, o resto do mundo e, tambm, eventos imprevisveis, como uma geada, uma guerra, etc. Assim, vejamos alguns exemplos: a) A figura 6 mostra uma representao do mercado de soja brasileiro. Primeiramente, o preo de equilbrio P1 e a quantidade de equilbrio Q1. Assim, vamos supor que alguns fatores, como clima e quantidade de chuva, contriburam para que a produo de oferta aumentasse. Ou seja: contriburam para que a oferta aumentasse o que representado pelo deslocamento da curva de oferta de O para O1: Figura 6 Modificaes no preo da soja Observe que o deslocamento da oferta provocou uma reduo no preo (P1 para P2) e um aumento na quantidade de equilbrio(Q1 para Q2). b) A figura 7 mostra, inicialmente (D e O), a configurao do mercado de roupas de inverno. Com a proximidade do inverno, a demanda aumenta e a curva se desloca (de D para D). Assim, 46
  • 43. Anlise Microeconmica supondo que a oferta permanea constante, o preo aumenta de P1 para P2 e a quantidade de equilbrio tambm aumentar de Q1 para Q3. Figura 7 - Mercado de roupas de inverno c) Na figura 8, que representa o mercado de automveis, primeiramente ocorre um deslocamento da demanda (D para D). Aps, a produo aumenta, ou seja, h um deslocamento da curva de oferta (O para O). Como consequncia, o preo de mercado subiu de P1 para P2, e a quantidade de equilbrio aumentou de Q1 para Q2. O O 1 D Preo 1 P 2 P 1 D Q 1 Q Quantidade 2 Figura 8 Mercado de automveis Unidade 2 47
  • 44. Universidade do Sul de Santa Catarina Seo 4 Elasticidade - preo da demanda (Epd) O termo elasticidade muito comum nos estudos dos economistas. A ideia central do estudo das elasticidades quantificar as relaes entre duas variveis. Na teoria econmica, h vrias formas de estudar este conceito, por exemplo, a elasticidade-cmbio exportao, que relaciona as variveis taxa de cmbio com as exportaes. Nesta disciplina, estamos preocupados apenas com a elasticidadepreo da demanda, que tem um papel importante na anlise da demanda do consumidor e das decises empresariais. J sabemos que, quando o preo de um bem se reduz, sua quantidade demandada aumenta. O que a elasticidade-preo da demanda mostra o quanto a quantidade demandada aumentar. Matematicamente, elasticidade-preo da demanda expressa por: Epd = % qd p. = %p q qd p A Epd de grande interesse para as empresas, pois serve de base para: Poltica de preos; Estratgia de vendas e atendimento dos objetivos de lucro; Participao no mercado. Ou seja: com base nesta informao, a empresa pode fazer previses de vendas. Por exemplo, se um empresrio, produtor de mesas para escritrio, sabe que a elasticidade-preo da demanda dos produtos que vende igual a -1,5, caso ele reduza os preos de seus produtos em 10%, utilizando a frmula, poder aumentar a demanda em 15%. O coeficiente da elasticidade-preo da demanda negativo (quase sempre negativo, com raras excees), uma vez que preo e quantidade demandada so inversamente relacionados: quando o preo se reduz, a quantidade demandada aumenta, e quando o preo aumenta, a quantidade demandada cai. 48
  • 45. Anlise Microeconmica Vamos detalhar isto melhor por meio do estudo das diferentes classificaes. 4.1 Classificaes Demanda Elstica Dizemos que um bem tem demanda elstica em relao ao preo, quando o valor da elasticidade-preo da demanda for, em mdulo, maior do que 1,0. Ou seja: |Epd| > 1. Por exemplo, suponha que um determinado produto tenha Epd = -1,4. Neste caso, o valor da Epd mostra a razo entre a variao percentual do preo e a variao percentual da quantidade demandada. Neste caso, novamente recorrendo equao, supondo que o preo de mercado deste bem aumente 10%, a quantidade demandada cairia 14%. Ou, caso o preo deste bem casse 5%, neste caso a quantidade demandada aumentaria, aplicando a frmula, 7%. Dizemos que, quando a demanda elstica, o consumidor mais sensvel s variaes no preo do bem. Atente para o fato de que as variaes percentuais foram proporcionalmente maiores do que as variaes no preo. Demanda inelstica J, quando um bem tem elasticidade, em mdulo, menor do que 1, dizemos que este bem tem demanda inelstica em relao ao preo, tambm se usa o termo demanda preo-inelstica. Neste caso, |Epd| < 1,0. Por exemplo, suponha um determinado produto cuja elasticidadepreo da demanda seja igual a -0,6. Com a ajuda da equao, pode-se notar que, caso ocorra um aumento de 10% no preo deste produto, a sua demanda cairia 6%. (Lembre-se de que quantidade demandada e preo variam em direes opostas). Por outro lado, se o preo casse 8%, a quantidade demandada aumentaria 4,8%. Unidade 2 49
  • 46. Universidade do Sul de Santa Catarina Atente para o fato de que, neste caso, a variao percentual no preo superior variao percentual na quantidade demandada, ou seja, | %qd | < | %p| Demanda unitria Porm, quando, em mdulo, a elasticidade-preo da demanda igual a 1, dizemos que um produto tem demanda unitria em relao ao preo. Determinantes da elasticidade A substituio do bem Quanto mais facilmente um bem for substituvel, mais elstica em relao ao preo ser a demanda deste bem. Ou seja: mais sensvel ser o consumidor a variaes no preo deste bem, j que o consumidor pode substitu-lo facilmente e vice-versa. Por exemplo, a gasolina um bem com demanda preoinelstica, pois difcil ser substituda, principalmente a curto prazo. Essencialidade do bem Quanto mais essencial for um determinado bem, mais preoinelstica ser sua demanda e vice-versa. A energia eltrica tem demanda inelstica em relao ao preo, j que essencial para a vida moderna. Peso relativo do bem no oramento do consumidor Quanto menor o peso do bem no oramento do consumidor, mais preo-inelstica ser sua demanda e vice-versa. Uma caixa de fsforos tem demanda preo-inelstica, pois o seu preo (e o gasto mensal dos consumidores com este produto) pequeno em relao renda da maioria dos consumidores. 50
  • 47. Anlise Microeconmica H dois casos extremos que merecem considerao: a) Demanda perfeitamente elstica. Neste caso, como mostra a figura 9, a quantidade demandada pode variar sem que haja modificaes no preo. Trataremos mais deste caso na unidade 4. Preo p* D (a) Quantidade Figura 9 - Demanda perfeitamente elstica b)Demanda perfeitamente inelstica. Neste caso, isto significa que qualquer variao no preo no provocar alteraes na quantidade demanda. O melhor exemplo para isto o sal. Preo D Quantidade * Q (b) Figura 10 - Demanda perfeitamente inelstica Unidade 2 51
  • 48. Universidade do Sul de Santa Catarina Formas de clculo H vrias formas de clculo, mas, para os fins desta disciplina, vamos estudar apenas a elasticidade no ponto. Imagine um produto que tenha, em um determinado momento no tempo, preo igual a $2 e quantidade de demanda igual a 6. Num segundo momento, o preo passa para $4 e a quantidade de demanda cai para 2. Temos, portanto: P1= 2 e Q1 = 6 P2 = 4 e Q2 =2 Assim, pergunta-se: qual a elasticidade no ponto 1? Aplicando a equao de elasticidade, v-se que: Epd = p qd . qd 2 (- 4) (- 8) = . = = - 0,66 P 6 2 12 Note que qd = q2 - q1 = 2 - 6 = -4 e p = p2 - p1 = 4 - 2 = 2 Ou seja: neste caso, o ponto de referncia para a anlise o ponto 1. Agora, calcula-se a Epd no ponto 2, utilizando a mesma equao. Atente para o fato de que o ponto 2 a referncia neste momento. Logo: Epd = p qd . qd 4 4 16 = . = =-4 P 2 (- 2) - 4 A esta altura, j possvel notar que qd a declividade ou o P coeficiente angular da curva de demanda. Como a curva de demanda negativamente inclinada, ento o coeficiente angular negativo. Logo, a elasticidade-preo da demanda tambm negativa. Em suma, Epd , em geral, negativa devido relao inversa entre preo e quantidade demandada. Em geral, o conceito de elasticidade utilizado em referncia a um determinado ponto, preo e quantidade. No exemplo, foi possvel observar que a elasticidade mudou conforme o ponto analisado. 52
  • 49. Anlise Microeconmica Relao entre receita e elasticidade A receita total (RT) de uma empresa produtora de um nico bem o resultado da multiplicao da quantidade pelo preo da mercadoria. Ou seja: RT = p . qd. possvel perceber que variaes no preo conduziro a variaes na quantidade demandada e, consequentemente, na receita da empresa. Pelo exame da elasticidade-preo da demanda, pode-se compreender as variaes na receita de uma empresa. a) Demanda elstica Quando um produto tem demanda elstica, |Epd| > 1, ou seja, |rqd| > | rp|, neste caso, como a variao na quantidade demandada proporcionalmente maior que a variao no preo, pode-se concluir que a variao da quantidade que vai indicar a variao na receita. Assim, conclui-se que, quando um produto tem demanda elstica, uma reduo no preo provoca um aumento na receita e vice-versa. b) Demanda inelstica J, quando um produto tem demanda inelstica, ocorre |r p|> |rqd|. Neste caso, a variao no preo que comanda a variao na receita. Assim, quando um produto tem demanda inelstica, um aumento no preo provoca um aumento na receita e vice-versa. Para exemplificar, retomemos os determinantes da elasticidadepreo da demanda. Com a anlise dos determinantes, pode-se observar que um produto com demanda inelstica apresenta uma ou mais destas caractersticas: difcil de ser substitudo; essencial; ou tem um peso relativamente pequeno no oramento do consumidor. Por exemplo, a gasolina se encaixa bem nos dois primeiros itens. Unidade 2 53
  • 50. Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, quando a gasolina aumenta de preo, as empresas e o governo (que recolhe impostos sobre o produto vendido) tm suas receitas majoradas. Por outro lado, um bem com demanda elstica : facilmente substituvel; suprfluo; ou tem um peso relativamente grande no oramento do consumidor. Logo, se o preo de um biscoito Tostines aumentar, parte dos consumidores optar por consumir biscoitos de outra marca. Assim, a receita da Tostines tende a diminuir. Em resumo, pode-se enunciar: Elasticidade Elstica | Epd| > 1 Unitria | Epd| = 1 Inelstica | Epd| < 1 Variao no Preo Aumenta Diminui Aumenta Diminui Aumenta Diminui Quadro 1 Relao Elasticidade e Receita da Empresa 54 Variao na Receita Diminui Aumenta Permanece constante Permanece constante Aumenta Diminui
  • 51. Anlise Microeconmica Atividades de autoavaliao 1) Suponha que ocorra uma geada que destrua parte significativa da plantao de caf do Brasil. Indique o que acontecer com o preo e com a quantidade de equilbrio no mercado de caf. 2) Suponha que o governo dos EUA no cobre mais imposto de importao sobre os calados brasileiros. O que acontecer, a curto prazo, com o preo e a quantidade de equilbrio no mercado brasileiro de sapatos? 3) Suponha que aumentem no mundo os casos de gripe aviria. O que tende a acontecer com o preo e a quantidade do milho, que o principal alimento do frango? Unidade 2 55
  • 52. Universidade do Sul de Santa Catarina 4) Sendo: P0 = $20 e qd0 = 500, e P1 = $30 e qd1 = 400, calcule: a) Elasticidade-preo da demanda no ponto 0; b) Elasticidade-preo da demanda no ponto 1; c) Classifique, nos dois pontos, a demanda deste produto, de acordo com a elasticidade-preo da demanda. Sntese Nesta unidade, voc aprendeu, de forma simples, como funcionam os mercados. De modo geral, os mercados sempre tendem a definir um preo de equilbrio para cada produto. E este preo definido pela interao da oferta e da demanda. Outro conceito importante aprendido nesta disciplina foi o conceito de elasticidade-preo da demanda, que se refere sensibilidade do consumidor em relao a variaes no preo de um dado produto. 56
  • 53. Anlise Microeconmica Saiba mais PINDYCK, R.S. & RUBINFELD, D. Microeconomia. So Paulo: Prentice Hall, 1999. McGUIGAN, James; MOYER, R. Charles & HARRIS, Frederik. Economia de empresas: aplicaes, tticas e estratgias. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. NELLIS, Joseph & PARKER, David. Princpios de economia para negcios. So Paulo: Futura, 2003. Unidade 2 57
  • 54. unidade 3 Custos de produo Objetivos de aprendizagem Entender o conceito de custos de oportunidades. Entender e analisar os custos de produo como parte do processo decisrio. Sees de estudo Seo 1 Custos econmicos versus custos contbeis Seo 2 Custos de produo Seo 3 Economias de escala 3
  • 55. Universidade do Sul de Santa Catarina Para incio de estudo As decises das empresas, no que diz respeito a preos, nveis de produo e lucro, dependem diretamente dos custos de produo. Atravs de certa tecnologia de produo e o preo dos insumos (matria-prima e fatores de produo), possvel calcular os custos de produo e o gestor pode decidir como produzir. Os insumos podem ser combinados de diferentes maneiras para que seja obtida a mesma quantidade de produto. Por exemplo, uma empresa pode produzir uma determinada quantidade de sapatos com muitos trabalhadores (trabalho) e poucas mquinas (capital). E a mesma quantidade de sapatos pode ser obtida com mais capital do que trabalho. Uma das tarefas dos administradores decidir qual a combinao de insumos que minimiza os custos de produo, mas no leva queda na produo. Estes e outros temas sero abordados nesta unidade. Acompanhe a seguir, e bom estudo! Seo 1 - Custos econmicos versus custos contbeis Economistas e contadores tm formas diferentes de considerar os custos. Os contadores esto preocupados em retratar os custos passados, para elaborar os demonstrativos anuais da empresa. A contabilidade tem esta viso, porque sua funo manter o controle sobre o patrimnio lquido da empresa e avaliar o desempenho passado da empresa. Em suma, os contadores esto preocupados em calcular os custos contbeis, que incluem as despesas correntes somadas s despesas ocasionadas pela depreciao dos equipamentos de capital. J os economistas tendem a ter uma viso das perspectivas futuras de uma empresa, pois seus estudos preocupam-se com a alocao dos recursos de produo escassos, com os custos que podem ocorrer no futuro e com as decises da empresa para minimizar seus custos e maximizar os lucros. 60
  • 56. Anlise Microeconmica Ou seja: os economistas refletem sobre os custos econmicos ou custos de oportunidade que esto associados s oportunidades que so deixadas de lado, caso a empresa no empregue seus recursos da maneira mais rentvel. Por exemplo, uma companhia de transporte areo pode optar por ser proprietria dos avies que utiliza. Mas ser proprietria dos avies no significa a melhor alternativa para a empresa. Ela poderia, entre outras opes, fazer um leasing das aeronaves e, assim, ter maior disponibilidade de capital para outros investimentos. Em outro exemplo ainda, pode-se considerar uma empresa que seja proprietria do edifcio em que opera e que, portanto, no paga aluguel pelo espao ocupado. Mas isto no implica dizer que a empresa pode considerar o custo do espao fsico como sendo zero. Um economista observaria que a empresa poderia receber aluguel pelo espao fsico, caso o tivesse alugado para outra empresa. Este aluguel no recebido corresponde aos custos de oportunidade de utilizao do espao fsico, devendo, portanto, ser includo como parte dos custos econmicos da empresa. Seo 2 - Custos de produo Nesta seo, ser examinado o custo total (CT) de produo. O custo total a soma dos custos fixos (CF) e dos custos variveis (CV). Lembre-se: Custos fixos (CF) so custos que no variam com o nvel de produo. Custos variveis (CV) so custos que variam medida que o nvel de produo varia. CT = CF + CV (q) Unidade 3 61
  • 57. Universidade do Sul de Santa Catarina Custos fixos referem-se a despesas com seguros, aluguel, manuteno de equipamentos, funcionrios que no esto ligados produo, segurana, dispndios financeiros, entre outros. So gastos que permanecem inalterados independentemente do volume de produo da empresa. Ou seja: devem ser pagos mesmo que no haja produo. Assim, a nica forma de eliminar os custos fixos deixar de operar. Os custos variveis so, essencialmente, gastos com salrios da mo de obra direta (diretamente ligados produo) e matriaprima. Saber quais custos so fixos e quais so variveis tambm depende do prazo com o qual se lida. A teoria econmica afirma que curto prazo o perodo de tempo no qual pelo menos um dos fatores de produo fixo. No longo prazo, todos os fatores de produo so variveis. Ou seja: no curto prazo, existem custos fixos, pois a empresa tem obrigaes legais a cumprir, como contratos. J, no longo prazo, os custos so variveis, pois a empresa pode aumentar seu capital e sua fora de trabalho. Alm do custo total, do custo fixo e varivel, a teoria econmica tambm se preocupa com os custos totais mdio (CMe) e marginal (CMg). O custo total mdio ou custo mdio (CMe) o custo por unidade de produto, ou, custo unitrio. Matematicamente, o custo total (CT) dividido pela quantidade (q) produzida. CMe = CT CF CV(q) = + = CFMe + CVMe q q q Como o custo total a soma dos custos fixos e variveis, o custo mdio reflete a soma do custo fixo mdio (CFMe) e do custo varivel mdio (CVMe). 62
  • 58. Anlise Microeconmica O custo marginal (CMg) - tambm definido em alguns livros como custo incremental definido como o aumento de custo ocasionado pela produo de uma unidade a mais. Devido ao fato de o custo fixo no apresentar variao, o custo marginal a variao no custo varivel, quando a produo aumenta em uma unidade. Matematicamente, tem-se: CMg = CT(q) q = CT(q) q Ou seja: o custo marginal a derivada da funo custo total. Este conceito muito importante nas tomadas de decises, muito embora parea um pouco abstrato. Suponha um empresrio o qual tenha que decidir se aumenta, com base em um aumento da demanda, sua produo. Mas, para aumentar a produo, a empresa incorrer em novos custos. Este aumento de custos exatamente o custo marginal. Claramente, possvel perceber que a empresa s aumentar sua produo e seus custos, se houver uma compensao financeira para tanto, como ser demonstrado na prxima unidade. Tabela 1 Custos no curto prazo Q (1) CF($) (2) CV($) (3) CT($) (4) (2) + (3) CFMe($/q) (5) (2):(3) CVMe($q) (6) (3):(1) CMe($/q) (7) (4):(1) CMg($/Q) (8) 4:1 * 0 50 0 50 ----------- --------- ---------- --------- 1 50 50 100 50 50 100 50 2 50 78 128 25 39 64 28 3 50 98 148 16,7 32,7 49,3 20 4 50 112 162 12,5 28 40,5 14 5 50 130 180 10 26 36 18 6 50 150 200 8,3 25 33,3 20 7 50 175 225 7,1 25 32,1 25 8 50 204 254 6,3 25,5 31,8 29 9 50 242 292 5,6 26,9 32,4 38 10 50 300 350 5 30 35 58 11 50 385 435 4,5 35 39,5 85 Unidade 3 63
  • 59. Universidade do Sul de Santa Catarina >> observao: coluna 8 = variao. Q1 = 4:1 = (100 50) : (1 0) = 50 : 1 = 50 Q2 = 4:1 = (128 100) : (2 1) = 28 : 1 = 28 Fonte: Elaborado pelos professores. A tabela 1 evidencia que, independente do nvel de produo, o custo fixo $50. A tabela tambm mostra que os custos totais e variveis aumentam medida que a produo tambm aumenta. A taxa de elevao dos custos depende da natureza do processo produtivo e, principalmente, da extenso em que ocorrem rendimentos decrescentes de escala ao longo do processo produtivo. Rendimentos decrescentes ocorrem, quando a produtividade dos insumos declinante. Vamos supor que o trabalho seja o nico insumo varivel deste processo produtivo. Assim, para poder aumentar a produo, a empresa ter que contratar mais mo de obra. Ento, se a produtividade do trabalho diminui medida que a empresa contrata mais trabalhadores, isto quer dizer que os custos com a mo de obra devem ser cada vez maiores para se obterem nveis mais elevados de produo. Consequentemente, o custo total e o custo varivel aumentam medida que aumenta o nmero de trabalhadores. CT Preo CV 300 175 A 100 CF 0 1 2 3 4 5 (a) 64 6 7 8 9 10 11 12 13 Produto (unidade por ano)
  • 60. Anlise Microeconmica Custos 100 (em $ por ano) Cmg 75 CTMe 50 CVMe 25 CFMe 0 1 2 3 4 5 (b) 6 7 8 9 10 11 Produto (unidade por ano) Figura 1 Formato das curvas de custos A figura 1 mostra como os custos mudam com o aumento da produo. O grfico (a) mostra o custo total, o custo fixo e o varivel. O grfico (b) mostra o formato das curvas de custo mdio e marginal. Em (a) possvel observar que o custo fixo (CF) constante no nvel $50. J o custo varivel $0, quando nada produzido e, ento, aumenta continuamente, medida que a produo aumenta. O custo total (CT) obtido pela soma dos custos fixo e dos variveis. A distncia entre CT e CV sempre 50, que CF. Note que os formatos das curvas CT e CV no so lineares. Isto ocorre devido s diferenas de produtividade nos diferentes nveis de produo. A figura (b) mostra que a curva de custo fixo mdio (CFMe) apresenta queda contnua de $50 (q=1) at diminuir a um valor prximo a zero. Isto ocorre porque CF constante em $50. CFME assume o formato de hiprbole dada equao CF/q. O formato das outras curvas est ligado curva de custo marginal. Sempre que o custo marginal for inferior ao custo mdio, a curva de custo mdio apresentar declnio. E, sempre que custo marginal for superior ao custo mdio, este tender a elevar-se. Pode-se notar, ento, que, quando o custo mdio estiver em seu ponto mnimo, o custo marginal e os custos mdios sero iguais. A curva CVMe inicialmente decrescente como consequncia do aumento da produtividade do fator varivel e atinge um ponto Unidade 3 65
  • 61. Universidade do Sul de Santa Catarina mnimo. Neste ponto em mnimo, a planta est operando com a combinao tima dos insumos; a partir da, CVMe tende a aumentar como resposta da queda da produtividade do fator de produo varivel. Discutiremos este tema com mais profundidade na seo 3 desta unidade. CMe a soma de CFMe e CVMe. Assim como CVMe, a curva CMe assume um formato em U. Este formato em U reflete a lei dos rendimentos decrescentes. Situaes especiais Custo marginal constante Muitas vezes, dentro do processo de tomada de decises, observamos tcnicas para facilitar a tarefa dos tomadores de deciso. Como foi possvel notar, a curva de custo marginal no linear. Porm, com a utilizao de tcnicas estatsticas, como a anlise de regresso, possvel transformar a curva de custo marginal em uma reta. Logo, a funo CT passa a ser uma funo de primeiro grau, como abaixo: CT = CF + CV = CF + CMg(q) E o custo mdio seria igual a: CMe = CF + CMg(q) CF = + CMg q q Seo 3 - Economias de escala Economias de escala significam custos mdios decrescentes com a escala de produo, ou seja, aumento da capacidade produtiva da planta (quantidade que pode ser produzida ao custo unitrio mnimo), conforme figura 2. Em outras palavras, a empresa apresenta economias de escala, quando ela capaz de duplicar sua produo com menos do que o dobro dos custos. J as deseconomias de escala ocorrem, quando, medida que a produo aumenta, o custo mdio tambm aumenta. A figura 2 mostra as duas situaes. At Q*, a empresa aumenta a produo 66
  • 62. Anlise Microeconmica e o CMe tende a diminuir at o ponto timo (Q*), que o ponto no qual CMe mnimo. A partir de Q*, ocorrem deseconomias de escala. S/Q CMe Q* Quantidade Figura 2 Economias e deseconomias de escala Na Figura 2, CMe o custo mdio unitrio (ou mdio) de longo prazo, isto , o menor custo unitrio com que pode ser produzido cada volume de produo, quando a escala de produo (ou capacidade produtiva) varivel. Na presena de economias de escala, ele suposto decrescente com a quantidade produzida (e, portanto, com a escala de produo), atingindo o valor mnimo em Q*. Chamamos Q* de escala mnima eficiente. Economia de Escala considerada a forma de economia responsvel pela organizao do processo produtivo, de maneira que esta alcance a mxima utilizao dos fatores produtivos envolvidos no processo. Procura evidenciar baixos custos de produo e o incremento de bens e servios disponveis para a oferta. Ocorre, quando h uma expanso da capacidade de produo de uma empresa ou indstria, provocando aumento na quantidade total de sua produo, sem que ocorra aumento proporcional no custo de produo. Representada fisicamente por gigantescas unidades de produo, as empresas de uma economia de escala possibilitam o emprego de um amplo contingente de mo de obra altamente qualificada, grande capacidade de estocagem de produo e de matrias-primas. Unidade 3 67
  • 63. Universidade do Sul de Santa Catarina Existe economia de escala, quando a expanso da capacidade de uma firma ou indstria causa um aumento dos custos totais de produo menor que, proporcionalmente, os do produto. Como resultado, os custos mdios de produo caem a longo prazo. (BANNOCK et al., 1977). Economia Pecuniria Ocorre, quando h o fator que a explica atravs da reduo no preo pago pelos insumos dos produtos. Os insumos correspondem aos componentes necessrios para a produo de determinados produtos, tais como os computadores, que necessitam de uma srie de itens para a sua composio final. Exemplificando Economia de Escala > Grandes Volumes > Baixos Custos Unitrios > Indstria de computadores = economia de escala na produo; pesquisas e servios. Economia de Escala > Diferenciao do produto > Empresas estabelecidas, com marca identificada, desenvolvem sentimentos de lealdade em seus clientes. Indstrias fabricantes de produtos para bebs; alimentos (leite ninho); cosmticos; revistas; jornais; refrigerantes. Fontes de economias de escala As economias de escala podem ser reais ou pecunirias. As economias de escala so reais, quando o que as explica a reduo na quantidade de fatores de produo utilizados em funo do aumento da produo. Em outras palavras, a utilizao de insumos no aumenta na mesma proporo do aumento da produo. 68
  • 64. Anlise Microeconmica J as economias de escala pecunirias ocorrem, quando as empresas pagam um preo menor pelos insumos. Ou seja: os custos se reduzem, mas no em funo de mudanas nas tcnicas de produo, mas sim, do poder de negociao da empresa. As fontes das economias de escala reais so as que seguem. Ganhos de especializao Este fato j foi enfatizado por Adam Smith no livro Uma investigao sobre a natureza da riqueza das naes, de 1776. Com uma maior quantidade de produto, maior poder ser a diviso do trabalho e mais especializados sero os trabalhadores e as mquinas. Os trabalhadores sero mais hbeis em suas funes e, com mquinas especializadas, maior ser a produtividade e menores sero os custos. Novamente, o exemplo mais ilustrativo de como a especializao pode contribuir para a ocorrncia de economias de escala foi descrito por Adam Smith na fbula dos alfinetes. Smith afirmava que a produo de alfinetes na Inglaterra era feita em 17 etapas e que um nico trabalhador (produo artesanal), ao longo de um dia, fabricaria 20 alfinetes. Caso a produo fosse feita de forma industrial, com 10 trabalhadores especializados (alguns desempenhando mais de uma funo), a produo, ao final de um dia, atingiria 48.000 alfinetes. Observe que os custos com o fator de produo trabalho aumentaram 10 vezes, mas em compensao os ganhos de produtividade permitiram que a produo aumentasse 2.400 vezes. A especializao pode ocorrer de diversas formas, como especializao de equipamentos e de mo de obra (aprendizado ou learning by doing). Indivisibilidade tcnica A segunda fonte de economia de escala, conforme Looty e Szapiro (2002), relaciona-se com o tamanho dos equipamentos industriais, sendo, portanto, observvel, ao nvel da planta Unidade 3 69
  • 65. Universidade do Sul de Santa Catarina produtiva. Em certas situaes, no possvel comprar uma mquina com o tamanho exato para se produzir a quantidade necessria. Neste caso, subutilizaes da mquina podem servir para uma futura expanso produtiva. Desta forma, haveria uma expanso produtiva a taxas constantes, levando a uma reduo do custo mdio. Claramente, esta expanso se d at o limite da utilizao da capacidade do equipamento. Atividades de autoavaliao 1) Jos tem uma pequena empresa na qual investiu $100.000 em mquinas e equipamentos (estes $100.000 poderiam render $20.000/ ano se aplicados no