172
Caderno Caderno educacional 9 o ano Material do professor LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA Material de apoio

1bim 9ano lingua-portuguesa_professor

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

CadernoCadernoeducacional

9o

ano

Material do professor

LÍNGUA PORTUGUESA

LÍNGUA PORTUGUESA

Material de apoio

Material do professor

educacionalMaterial do professor

CadernoCaderno

ciênciasCiênciasMaterial de apoio

Page 2: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

ExpedienteMarconi Ferreira Perillo JúniorGovernador do Estado de Goiás

Thiago Mello Peixoto da SilveiraSecretário de Estado da Educação

Erick Jacques PiresSuperintendente de Acompanhamento de Programas Institucionais

Raph Gomes AlvesChefe do Núcleo de Orientação Pedagógica

Valéria Marques de OliveiraGerente de Desenvolvimento Curricular

Gerência de Desenvolvimento CurricularElaboradoresAlex Sandra de CarvalhoArminda Maria de Freitas SantosDébora Cunha FreireHistávina Duarte PereiraJoanede Aparecida Xavier de Souza FéLívia Aparecida da SilvaLuiz Fabiano Braga dos SantosMárcia Mendonça SouzaMarilda de Oliveira RodovalhoMyrian MarquesRosely Aparecida Wanderley Araújo

Page 3: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

SumárioApresentação ..........................................................................................................................5

CONTO LITERÁRIOAULA 01 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ..........................................................................................................7AULA 02 Identificação dos conhecimentos sobre o gênero .....................................12AULA 03 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................16AULA 04 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................25AULA 05 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................28AULA 06 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................30AULA 07 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................34AULA 08 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................40AULA 09 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................43AULA 10 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................46AULA 11 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................49AULA 12 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................52AULA 13 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................60AULA 14 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................65AULA 15 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................68AULA 16 Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .................................71

EDITORIALAULA 17 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ........................................................................................................73AULA 18 Identificação dos conhecimentos sobre o gênero .....................................79AULA 19 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................81AULA 20 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................84AULA 21 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................86AULA 22 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................89AULA 23 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................91AULA 24 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................94AULA 25 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................96AULA 26 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ........................................99AULA 27 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ......................................100AULA 28 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ......................................104

Page 4: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

AULA 29 Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .........106AULA 30 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ......................................109AULA 31 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ......................................111AULA 32 Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .........114AULA 33 Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero ..............................118AULA 34 Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero ..............................120

ATA, REQUERIMENTO, CARTASAULA 35 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................122AULA 36 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................126AULA 37 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................129AULA 38 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................132AULA 39 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero .....................................................................................................135AULA 40 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................137AULA 41 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................140AULA 42 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................142AULA 43 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ......................................144AULA 44 Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero ......................................147AULA 45 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................150AULA 46 Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .........155AULA 47 Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .........158AULA 48 Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero ......................................................................................................161AULA 49 Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero ........164AULA 50 Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .........167

Referências bibliográficas .................................................................................................171

Page 5: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

5

Apresentação

O Governo do Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Edu-cação (SEDUC), criou o “Pacto pela Educação” com o objetivo de avançar na oferta de um ensino qualitativo às crianças, jovens e adultos do nosso Estado. Assim, busca-se adotar práticas pedagógicas de alta aprendizagem.

Dessa forma, estamos desenvolvendo, conjuntamente, várias ações, dentre elas, a produção deste material de apoio e suporte. Ele foi concebido tendo por finalidade contribuir com você, professor, nas suas atividades diárias e, tam-bém, buscando melhorar o desempenho de nossos alunos. Com isso, espera-se amenizar o impacto causado pela mudança do Ensino Fundamental para o Médio, reduzindo assim a evasão, sobretudo na 1ª série do Ensino Médio.

Lembramos que a proposta de criação de um material de apoio e suporte sempre foi uma reivindicação coletiva de professores da rede. Proposta esta que não pode ser viabilizada antes em função da diversidade de Currículos que eram utilizados. A decisão da Secretaria pela unificação do Currículo para todo o Estado de Goiás abriu caminho para a realização de tal proposta.

Trata-se do primeiro material, deste tipo, produzido por esta Secretaria, sendo, dessa forma, necessários alguns ajustes posteriores. Por isso, contamos com a sua colaboração para ampliá-lo, reforçá-lo e melhorá-lo naquilo que for preciso. Estamos abertos às suas contribuições.

Sugerimos que este caderno seja utilizado para realização de atividades den-tro e fora da sala de aula. Esperamos, com sua ajuda, fazer deste um objeto de estudo do aluno, levando-o ao interesse de participar ativamente das aulas.

Somando esforços, este material será o primeiro de muitos e, com certeza, poderá ser uma importante ferramenta para fortalecer sua prática em sala de aula. Assim, nós o convidamos para, juntos, buscarmos o aperfeiçoamento de ações educacionais, com vistas à melhoria dos nossos indicadores, proporcio-nando uma educação mais justa e de qualidade.

A proposta de elaboração de outros materiais de apoio continua e a sua participação é muito importante. Caso haja interesse para participar dessas ela-borações, entre em contato com o Núcleo da Escola de Formação pelo e-mail [email protected]

Bom trabalho!

Page 6: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor
Page 7: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

7

Professor(a), para o trabalho com o gênero Contos, faça um cartaz bem bonito de boas vindas, e ambiente a sala de aula de modo que o estudante tenha acesso ao gênero. Organize a Prateleira da Leitura, nela coloque livros que contenham contos. Crie um ambiente propício à leitura com tapetes, esteiras, almofadas. Para o Palanque do Conto decore um caixote. Confeccione um caderno ou cartaz para registrar os livros lidos. Envolva todos no trabalho, cada um contribui com o que pode e todos são capazes de ajudar.

Disponha as carteiras em círculo e, no centro, coloque os contos da Prateleira da Leitura. Diga aos estudantes que durante o trabalho com contos eles terão um momento somente para leituras do gênero – A Hora do Conto. Peça-lhes que escolham aqueles que mais lhes agradar para uma leitura prazerosa, dando-lhes tempo para que isto aconteça. Oriente-os a relacionarem os títulos dos contos escolhidos no caderno de registros. Após a leitura, oportunize um tempo para que os estudantes apresentem a sua história no Palanque do Conto.

Aproveite este momento para incentivar os alunos a comparar contos do mesmo autor, de autores diferentes, do estilo de cada autor, a descrição dos espaços e do tempo, a caracterização dos personagens; bem como, apresentar suas impressões, suas emoções, durante a leitura. É importante que todos os estudantes escolham um exemplar para ler durante a semana e comentar no próximo palanque. A Hora do Conto deve acontecer pelo menos uma vez por semana, despertando nos estudantes o gosto e interesse pela leitura de livros literários.

AULA 01

Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e ouvidos.

u Valorizar a leitura literária como fonte de entretenimento e prazer.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como autor, título do texto, ilustrações.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Produzir a primeira escrita de um conto.

Conto literário

Page 8: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

8

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de retomar o trabalho com os gêneros textuais, converse com os estudantes sobre a aprendizagem construída a partir do estudo dos gêneros trabalhados no ano anterior, e apresente-lhes o primeiro gênero a ser estudado no bimestre, bem como os objetivos deste estudo.Procure saber o que a classe já conhece sobre o gênero: pergunte aos estudantes se gostam de ler e ouvir histórias. Diga-lhes que as histórias sempre encantaram os seres humanos e que, através das palavras de quem escreve, somos transportados para outro mundo, onde podemos acompanhar os seres que fazem parte das histórias, conhecer suas aventuras e dramas e compartilhar suas alegrias e tristezas. Elas falam de gente que, como você, tem sonhos, dificuldades e um enorme desejo de ser feliz. Converse com os estudantes sobre o modo como as pessoas escrevem seus textos. Há pessoas que ao contar um fato qualquer acrescentam muitos detalhes desnecessários e isto acaba cansando o leitor; outras são tão sucintas que conseguem transformar uma história interessante numa simples informação. Entretanto, há outras, como os escritores, que, ao narrar um fato, por mais simples que seja, o fazem com tanta beleza e criatividade que emociona e prende a atenção do leitor, levando-o a viver a história, participar dos acontecimentos. Uma boa história deve conter todas as informações que contribuam para dar vida e sentido ao texto, devendo descartar todos os fatos irrelevantes.

• Você conhece alguma história interessante? Qual? • Ouviu de alguém? Quem?• Leu em algum livro? Sabem quem é o seu autor? • O que mais lhe chama atenção nas histórias?

Conceito

Para o escritor Elias José, o conto é uma narrativa que pode ser contada oralmente ou por escrito. Pode-se dizer que o ser humano já surgiu contando contos. Tudo o que via, descobria ou pensava dava origem a uma história, que ele aumentava ou modificava usando sua imaginação.

Prática de leitura

Em seguida, proponha à classe a leitura silenciosa do conto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector. Mas atenção, professor(a), é importante Antecipar aos estudantes algumas informações que podem estar no texto a ser lido a partir do título, do tema abordado, do autor e do gênero textual!

Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) passou a infância

em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou

na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que

teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Page 9: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

9

Felicidade clandestina

Clarice Lispector

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa,

Page 10: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

10

com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era

Page 11: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

11

a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Felicidade Clandestina - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

Professor(a), após a leitura, proponha as questões abaixo para ajudar os estudantes a desenvolver habilidades como: localizar o tema do texto, estabelecer relações, inferir informações etc.

01 Qual a relação entre o título e o assunto do texto?

Possibilidade de resposta: A personagem protagonista ganhou permissão para ficar com o livro pelo tempo que desejasse, mas o deixa no quarto e finge esquecer que o possui, só para se redescobrir possuidora dele. Dessa forma, sua felicidade aparece como um sentimento “clandestino”, já que nem ela mesma pode se conscientizar de sua própria felicidade para que esse sentimento não acabe.

02 O que causa o sofrimento da protagonista?

Possibilidade de resposta: Não conseguir o seu objeto do desejo (o livro).

03 O que causou prazer à personagem protagonista?

Possibilidade de resposta: O fato de poder ficar com o objeto tão desejado pelo tempo que quisesse.

04 De que forma a filha do livreiro demonstra sua crueldade?

Possibilidade de resposta: Sempre inventando uma desculpa para não emprestar o livro à colega que tanto o desejava.

Professor(a), oriente os estudantes a refletir sobre os diversos aspectos propostos, voltando ao texto para confirmar ou refutar suas hipóteses. Em seguida, discuta com eles as respostas dadas, mostrando-lhes as várias possibilidades de interpretação levantadas. Os estudantes devem compreender que várias interpretações são possíveis e aceitáveis, desde que respaldadas pelo texto.

Prática de escrita

DESAFIO

Prepare-se! Agora você produzirá a primeira escrita de um conto. Desperte a sua imaginação, use uma boa dose de criatividade e mãos à obra!

A ideia, aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e o que precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, é fundamental que você leia esses primeiros textos e faça anotações para o trabalho de reescrita.

Page 12: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

12

AULA 02

Identificação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e ouvidos.

u Refletir sobre as características do conto com base no texto de Moacyr Scliar.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Conceito

De acordo com Moacyr Scliar, no seu texto “O conto se apresenta”, contos literários são histórias sobre gente comum, que aparecem em jornais, em revistas, em livros; escritas por gente que sabe usar as palavras para emocionar pessoas, para transmitir ideias - os escritores.

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Conto literário, proponha à classe uma leitura compartilhada do texto O conto se apresenta, de Moacyr Scliar (Vol. 2 da Coleção Literatura em Minha Casa, 2001), antecipando-lhes algumas informações que podem estar no texto a ser lido a partir do título, do tema abordado, do autor e do gênero textual!

Moacyr Scliar nasceu em 1937, em Porto Alegre. Tem mais de cinquenta livros publicados,

entre romances, contos, literatura juvenil e ensaios. Autor premiado, lançou diversos livros

no exterior; algumas de suas obras foram adaptadas para o cinema, o teatro e a televisão.

Page 13: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

13

O conto se apresenta

Moacir Scliar

Olá!

Não, não adianta olhar ao redor: você não vai me enxergar. Não sou pessoa

como você. Sou, vamos dizer assim, uma voz. Uma voz que fala com você ao vivo,

como estou fazendo agora. Ou então que lhe fala dos livros que você lê.

Não fique tão surpreso assim: você me conhece. Na verdade, somos até

velhos amigos. Você já me ouviu falando de Chapeuzinho Vermelho e do Príncipe

Encantado, de reis, de bruxas, do Saci-Pererê. Falo de muitas coisas, conto

muitas histórias, mas nunca falei de mim próprio. É o que vou fazer agora, em

homenagem a você. E começo me apresentando: eu sou o conto. Sabe o contos

de fadas, o conto de mistério? Sou eu. O Conto.

Vejo que você ficou curioso. Quer saber coisas sobre mim. Por exemplo,

qual a minha idade.

Devo lhe dizer que sou muito antigo. Porque contar histórias é uma coisa

que as pessoas fazem a muito, muito tempo. É uma coisa natural, que brota

de dentro da gente. Faça o seguinte: feche os olhos e imagine uma cena, uma

cena que se passou há muitos milhares de anos. É de noite e uma tribo dos

nossos antepassados, aqueles que vivem nas cavernas, está sentada em redor

da fogueira. Eles têm medo de escuro, porque no escuro estão as feras que os

ameaçam, aqueles enormes tigres e outras mais. Então alguém olha para a lua

e pergunta: por que é que as vezes a lua desaparece? Todos se voltam para um

homem velho, que é uma espécie de guru para eles. Esperam que o homem dê

a resposta. Mas ele não sabe o que responder. E então eu apareço. Eu, o Conto.

Surjo lá da escuridão e, sem que ninguém note, falo baixinho ao ouvido do velho:

– Conte uma história para eles.E ele conta. É uma história sobre um grande

tigre que anda pelo céu e que de vez em quando come a lua. E a lua some. Mas a

lua não é uma coisa muito boa para comer, de modo que lá pelas tantas o grande

tigre bota a lua para fora de novo. E ela aparece no céu, brilhante.

Todos escutam o conto. Todo mundo: homens, mulheres, crianças. Todos

estão encantados. E felizes: antes, havia um mistério: por que a lua some? Agora,

aquele mistério não existe mais. Existe uma história que fala de coisas que eles

conhecem:tigre, lua, comer – mas fala como essas coisas poderiam ser, não como

eles são. Existe um conto. As pessoas vão lembrar esse conto por toda a vida. E

quando as crianças da tribo crescerem e tiverem seus próprios filhos, vão contar

a história para explicar a eles por que a lua some de vez em quando. Aquele conto.

Page 14: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

14

No começo, portanto, é assim que eu existo: quando as pessoas falam em

mim, quando as pessoas narram histórias – sobre deuses, sobre monstros, sobre

criaturas fantásticas. Histórias que atravessam os tempos, que duram séculos.

Como eu.

Aí surge a escrita. Uma grande invenção, a escrita, você não concorda?

Com a escrita, eu existo somente como uma voz. Agora estou ali, naqueles sinais

chamados letras, que permitem que pessoas se comuniquem, mesmo à distância.

E aquelas histórias – sobre deuses, sobre monstros, sobre criaturas fantásticas –

vão aparecer em forma de palavras escrita.

E é nesse momento que eu tenho uma grande ideia. Uma inspiração, vamos

dizer assim. Você sabe o que é inspiração? Inspiração é aquela descoberta que a

gente faz de repente, de repente tem uma ideia muito boa. A inspiração não vem

de fora, não; não é uma coisa misteriosa que entra na nossa cabeça. A boa ideia

já estava dentro de nós; só que a gente não sabia. A gente tem muitas boas ideias,

pode crer.

E então, com aquela boa ideia, chego perto de um homem ainda jovem. Ele

não me vê. Como você não me vê. Eu me apresento, como me apresentei a você,

digo-lhe que estou ali com uma missão especial – com um pedido.

– Escreva uma história.

Num primeiro momento, ele fica surpreso, assim como você ficou. Na

verdade, ele já havia pensado nisso, em escrever uma história. Mas tinha dúvidas:

ele, escrever uma história? Como aquelas histórias que todas as pessoas contavam

e que vinham de um passado? Ele, escrever uma história? E assinar seu próprio

nome? Será que pode fazer isso? Dou força:

– Vá em frente, cara. Escreva uma história. Você vai gostar de escrever. E as

pessoas vão gostar de ler.

Então ele senta, e escreve uma história. É uma história sobre uma criança,

uma história muito bonita. Ele lê o que escreveu. Nota que algumas coisas não

ficaram muito bem. Então escreve de novo. E de novo. E mais uma vez. E aí, sim,

ele gosta do que escreveu. Mostra para outras pessoas, para os amigos, para a

namorada. Todos gostam, todos se emocionam com a história.

E eu vou em frente. Procuro uma moça muito delicada, muito sensível.

Mesma coisa:

– Escreve uma história.

Ela escreve. E assim vão surgindo escritores. Os contos deles aparecem em

jornais, em revistas, em livros. Já não são histórias sobre deuses, sobre criaturas

fantásticas. Não, são histórias sobre gente comum – porque as histórias sobre

Page 15: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

15

as pessoas comuns muitas vezes são mais interessantes do que histórias sobre

deuses e criaturas fantásticas: até porque deuses e criaturas fantásticas podem ser

inventados por qualquer pessoa. O mundo da nossa imaginação é muito grande.

Mas a nossa vida, a vida de cada dia, está cheia de emoções. E onde há emoção,

pode haver conto. Onde há gente que sabe usar as palavras para emocionar

pessoas, para transmitir ideias, existem escritores.

Alguns deles – grandes escritores.

--------------

– Eu sou o conto.

Era uma vez um conto, vol.2. Companhia das Letrinhas, São Paulo. 2002.

Professor(a), faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando a atenção dos estudantes para referências importantes, como: os vários tipos de histórias existentes; as narrativas da tradição oral; a invenção da escrita e, com ela, o surgimento da história escrita; a inspiração, as ideias que motivam a escrita de um conto; como surgem os escritores de contos etc. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do conto, apresentadas por Moacyr Scliar de forma tão leve e prazerosa:

• histórias sobre gente comum;

• aparecem em jornais, em revistas, em livros;

• escritas por gente que sabe usar as palavras – os escritores;

• para emocionar pessoas, para transmitir ideias.

Prática de leitura

Em relação ao conto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, e tendo por base as características do conto apontadas por Moacyr Scliar, responda às questões abaixo:

01 Esta é uma história de gente comum? Por quê?

Sim. É perfeitamente possível que este fato aconteça realmente, inclusive envolvendo personagens reais, como colegas de escola.

02 Por quem foi escrita?

Por Clarice Lispector.

03 Onde foi publicada?

No livro que tem o mesmo título do conto: Felicidade Clandestina.

04 Para que foi escrita?

Para transmitir ideias de uma forma emocionante.

Page 16: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

16

Professor(a), abra um espaço de discussão para que os estudantes socializem a atividade e expressem suas impressões a respeito do conto lido.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome sua produção inicial e confirme se você escreveu uma história possível de acontecer, envolvendo pessoas comuns, para emocionar o leitor. Você terá oportunidade de rever o que escreveu e de fazer as primeiras reformulações no seu conto, assim como fazem os escritores famosos, antes de publicarem seus textos.

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos textos.

AULA 03

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Page 17: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

17

Conceito

À leveza do conceito de Elias José e Moacyr Scliar, acrescentamos, aqui, algumas particularidades deste gênero textual:

• É um texto em prosa que contém um só conflito, um só drama, uma só ação e poucos personagens

• Todos os ingredientes do conto convergem para o mesmo ponto

• Deve emocionar quem o lê

• Os fatos neste gênero literário acontecem em curto espaço de tempo: já que não interessam o passado e o futuro, as coisas se passam em horas, ou dias

• A linguagem do conto é direta, concreta e objetivaTexto adaptado do livro O que é conto, de Luzia de Maria

Prática de oralidade

Como exemplo dessas particularidades, trazemos para você o conto Biruta, de Lygia Fagundes Telles (Vol. da Coleção Literatura em Minha Casa, 2001), que, por sua grande emotividade e beleza, certamente lhe causará um efeito singular.

Professor(a), neste momento, apresente à classe o conto, utilizando a antecipação como estratégia de leitura para despertar a curiosidade e as expectativas dos estudantes. Pergunte a eles se conhecem a história; em caso negativo, o que o título “Biruta” lhes sugere; o que acham que irá acontecer na história; se já leram algum texto da autora; que impressões tiveram etc. Aproveite o momento para dizer-lhes quem é Lygia Fagundes Telles.

Lygia Fagundes Telles nasceu em 1923 na cidade de São Paulo, onde mora até hoje.

Premiadíssima contista, escreveu vários contos, dentre eles o conto Biruta, originalmente

publicado na sua obra Histórias escolhidas (1961). Também escreveu romances de

grande repercussão, como As meninas.

Prática de leitura

Professor(a), proponha a leitura silenciosa do conto abaixo. Sugira aos estudantes que verifiquem as hipóteses levantadas no momento da antecipação, façam inferências das informações que não estão explícitas no texto, e checagem dos fatos durante a leitura, identifiquem os elementos do conto, o suporte textual e os recursos de que a escritora utilizou para emocionar o leitor etc.

Page 18: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

18

Biruta

Lygia Fagundes Telles

Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava

com dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus

bracinhos finos.

– Biruta, êh, Biruta! – chamou sem se voltar.

O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha

em pé e a outra completamente caída.

– Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha. – disse Abonso

pousando a bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da

camisa e começou a lavar os pratos. Biruta sentou-se muito atento, inclinando

interrogativamente a cabeça ora para a direita, ora para a esquerda, como se

quisesse apreender melhor as palavras do seu dono. A orelha caída ergueu-se um

pouco, enquanto a outra empinou, aguda e reta. Entre elas, formaram-se dois

vincos, próprios de uma testa franzida no esforço da meditação.

– Leduína disse que você entrou no quarto dela – começou o menino num

tom brando. – E subiu em cima da cama e focinhou as cobertas e mordeu uma

carteirinha de couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou

muito. Mas se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me

diga agora o que é que ia acontecer se ela fosse uma carteira nova!? Leduína te

dava uma suna e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você

arrebentou a franja da cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor,

não precisa fazer essa cara de inocente!... Biruta deitou-se, enfiou, o focinho

entre as patas e baixou a orelha. Agora, ambas as orelhas estavam no mesmo

nível, murchas, as pontas quase tocando o chão, Seu olhar interrogativo parecia

perguntar: “Mas que foi que eu fiz, Abuso? Não me lembro de nada...”

– Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que

não acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! – repetiu Alonso lavando furiosamente os

pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre

os pulsos finos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha mãos de velho.

– Alonso, anda ligeiro com essa louça! – gritou Leduína, aparecendo por

um momento na janela da cozinha. – Já está escurecendo, tenho que sair!

– Já vou indo – respondeu o menino enquanto removia a água da bacia.

Voltou-se para o cachorro. E seu rostinho pálido se confrangeu de tristeza. Por

que Biruta não se emendava, por quê? Por que não se esforçava um pouco para

ser meihorzinho? Dona Zulu já andava impaciente, Leduína também, Biruta fez

isso, Biruta fez aquilo...

Page 19: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

19

Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a

carne. Leduina ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava encher

os pasteis, “Alonso, você não viu onde deixei a carne?” Ele estremeceu. Biruta!

Disfarçadamente foi à garagem no findo do quintal, onde dormia com o cachorro

num velho colchão metido num ângulo da parede. Binuta estava lá, deitado

bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo

tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e

voltou à cozinha. Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu

que a carne dasaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava

fechado, “que é que eu faço, dona Zulu?!”

Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente

os cabelos. Ele então tirou a carne de dentro da camisa, ajeitou o papel já todo

roto que a envolvia e entrou com a posta na mão.

– Está aqui, Leduína.

– Mas falta um pedaço!

– Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e

aproveitei quando você foi na quitanda.

– Mas por que você escondeu o resto? – perguntou a patroa, aproximando-se.

– Porque fiquei com medo.

Tinha bem viva na memória a dor que sentira nas mãos corajosamente

abertas para os golpes da escova. Lágrimas saltaram-lhe dos olhos. Os dedos

foram ficando roxos, mas ela continuava batendo com aquele mesmo vigor

obstinado com que escovara os cabelos, batendo, batendo como se não pudesse

parar nunca mais.

– Atrevido! Ainda te devolvo pro asilo, seu ladrãozinho!

Quando ele voltou à garagem, Biruta já estava lá, as duas orelhas caídas,

o focinho entre as patas, piscando, piscando os olhinhos temos. “Biruta, Biruta,

apanhei por sua causa, mas não faz mal. Não faz mal.”

Biruta então ganiu sentidamente. Lambeu-lhe as lágrimas. Lambeu-lhe as

mãos. Isso tinha acontecido há duas semanas. E agora Biruta mordera a carteirinha

de Leduína. E se fosse a carteira de dona Zulu?

– Hem, Biruta?! E se fosse a carteira de dona Zulu?

Já desinteressado, Biruta mascava uma folha seca.

– Por que você não arrebenta as minhas coisas? – prosseguiu o menino

elevando a voz. – Você sabe que tem todas as minhas coisas pra morder, não

sabe? Pois agora não te dou presente de Natal, está acabado. Você vai ver se

ganha alguma coisa. Você vai ver!...

Page 20: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

20

Girou sobre os calcanhares, dando as costas ao cachorro. Resmungou

ainda enquanto empilhava a louça na bacia. Em seguida, calou-se, esperando

qualquer reação por parte do cachorro. Como a reação tardasse, lançou-lhe um

olhar furtivo. Biruta dormia profundamente.

Alonso então sorriu. Biruta era como uma criança. Por que não entendiam

isso? Não fazia nada por mal, queria só brincar... Por que dona Zulu tinha tanta

raiva dele? Ele só queria brincar, como as crianças. Por que dona Zulu tinha tanta

raiva de crianças? Uma expressão desolada amarfanhou o rostinho do menino.

“Por que dona Zulu tem que ser assim? O doutor é bom, quer dizer, nunca se

importou nem comigo nem com você, é como se a gente não existisse. Leduína

tem aquele jeitão dela, mas duas vezes já me protegeu. Só dona Zulu não entende

que você é que nem uma criancinha. Ah, Biruta, Biruta, cresça logo, pelo amor de

Deus! Cresça logo e fique um cachorro sossegado, com bastante pelo e as duas

orelhas de pé! Você vai ficar lindo quando crescer, Biruta, eu sei que vai!”

– Alonso! – Era a voz de Leduína. – Deixe de falar sozinho e traga logo essa

bacia. Já está quase noite, menino.

– Chega de dormir, seu vagabundo! – disse Alonso espargindo água no

focinho do cachorro. Biruta abriu os olhos, bocejou com um ganido e levantou-se,

estirando as patas dianteiras, num longo espreguiçamento. O menino equilibrou

penosamente a bacia na cabeça. Biruta seguiu-o aos pulos, mordendo-lhe os

tornozelos, dependurando-se com os dentes na barra do seu avental.

– Aproveita, seu bandidinho! – riu-se Alonso.

– Aproveita que eu estou com a mão ocupada, aproveita!

Assim que colocou a bacia na mesa, ele inclinou-se para agarrar o cachorro.

Mas Biruta esquivou-se, latindo. O menino vergou o corpo sacudido pelo riso.

– Ai, Leduína, que o Biruta judiou de mim!... A empregada pôs-se a guardar

rapidamente a louça. Estendeu-lhe uma caçarola com batatas:

– Olha aí para o seu jantar. Tem ainda arroz e carne no forno.

– Mas só eu vou jantar? – surpreendeu-se Alonso, ajeitando a caçarola no

colo.

– Hoje é dia de Natal, menino. Eles vão jantar fora, eu também tenho a

minha festa. Você vai jantar sozinho.

– Alonso inclinou-se. E espiou apreensivo para debaixo do fogão. Dois

olhinhos brilharam no escuro: Biruta ainda estava lá. Alonso suspirou. Era tão

bom quando Biruta resolvia se sentar! Melhor ainda quando dormia. Tinha então

a certeza de que não estava acontecendo nada. A trégua. Voltou-se para Leduína.

– O que o seu filho vai ganhar?

Page 21: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

21

– Um cavalinho – disse a mulher. A voz suavizou. – Quando ele acordar

amanhã, vai encontrar o cavalinho dentro do sapato dele. Vivia me atormentando

que queria um cavalinho, que queria um cavalinho...

Alonso pegou uma batata cozida, morna ainda. Fechou-a nas mãos

arroxeadas.

– Lá no asilo, no Natal, apareciam umas moças com uns saquinhos de balas

e roupas. Tinha uma que já me conhecia, me dava sempre dois pacotinhos em

lugar de um. A madrinha. Um dia, me deu sapatos, um casaquinho de malha e

uma camisa.

– Por que ela não ficou com você?

– Ela disse uma vez que ia me levar, ela disse. Depois, não sei por que ela

não apareceu mais...

Deixou cair na caçarola a batata já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas

em torno da vasilha. Apertou os olhos. Deles, irradiou-se para todo o rosto uma

expressão dura. Dois anos seguidos esperou por ela. Pois não prometera levá-lo?

Não prometera? Nem lhe sabia o nome, não sabia nada a seu respeito, era apenas

“a madrinha”. Inutilmente a procurava entre as moças que apareciam no fim do

ano com os pacotes de presentes. Inutilmente cantava mais alto do que todos no

fim da festa, quando então se reunia aos meninos na capela. Ah, se ela pudesse

ouvi-lo! “...O bom Jesus é quem nos traz a mensagem de amor e alegria”...

– Também, é muita responsabilidade tirar criança pra criar! – disse Leduína

desamarrando o avental. – Já chega os que a gente tem.

Alonso baixou o olhar. E de repente, sua fisionomia iluminou-se. Puxou o

cachorro pelo rabo.

– Êh, Biruta! Está com fome, Biruta? Seu vagabundo! vagabundo!... Sabe,

Leduína, Biruta também vai ganhar um presente que está escondido lá debaixo

do meu travesseiro. Com aquele dinheirinho que você me deu, lembra? Agora ele

não vai precisar mais morder suas coisas, tem a bolinha só pra isso. Ele não vai

mais mexer em nada, sabe, Leduína?

– Hoje cedo ele não esteve no quarto de dona Zulu? O menino empalideceu.

– Só se foi na hora que fui lavar o automóvel... Por que, Leduína? Por quê?

Que foi que aconteceu? Ela hesitou. E encolheu os ombros.

– Nada. Perguntei à toa. A porta abriu-se bruscamente e a patroa apareceu.

Alonso encolheu-se um pouco. Sondou a fisionomia da mulher. Mas ela estava

sorridente. O menino sorriu também.

– Ainda não foi pra sua festa, Leduína? – perguntou a moça num tom

afável. Abotoava os punhos do vestido de renda. – Pensei que você já tivesse

Page 22: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

22

saído... – E antes que a empregada respondesse, ela voltou-se para Alonso: –

Então? Preparando seu jantarzinho?

O menino baixou a cabeça. Quando ela lhe falava assim mansamente, ele

não sabia o que dizer.

– O Biruta está limpo, não está? – prosseguiu a mulher, inclinando-se para

fazer uma carícia na cabeça do cachorro. Biruta baixou as orelhas, ganiu dolorido

e escondeu-se debaixo do fogão. Alonso tentou encobrir-lhe a fuga:

– Biruta, Biruta! Cachorro mais bobo, deu agora de se esconder... – Voltou-

se para a patroa. E sorriu desculpando-se: – Até de mim ele se esconde.

A mulher pousou a mão no ombro do menino:

– Vou numa festa onde tem um menininho assim do seu tamanho. Ele

adora cachorros. Então me lembrei de levar o Biruta emprestado só por esta

noite, O pequeno está doente, vai ficar radiante, o pobrezinho. Você empresta

seu Biruta só por hoje, não empresta? O automóvel já está na porta. Ponha ele

lá que estamos de saída. O rosto do menino resplandeceu. Mas então era isso?!...

Dona Zulu pedindo Biruta emprestado, precisando do Biruta! Abriu a boca

para dizer-lhe que sim, que o Biruta estava limpinho e que ficaria contente de

emprestá-lo ao menino doente. Mas sem dar-lhe tempo de responder a mulher

saiu apressadamente da cozinha.

Viu, Biruta? Você vai numa festa! – exclamou. – Numa festa com crianças,

com doces, com tudo! Numa festa, seu sem-vergonha! – repetiu, beijando o focinho

do cachorro. – Mas, pelo amor de Deus, tenha juízo, nada de desordens! Se você se

comportar, amanhã cedinho te dou uma coisa. Vou te esperar acordado, hem?

Tem um presente no seu sapato... – acrescentou num sussurro, com a boca

encostada na orelha do cachorro. Apertou-lhe a pata.

– Te espero acordado, Biru... Mas não demore muito!

O patrão já estava na direção do carro. Alonso aproximou-se.

– O Biruta, doutor.

O homem voltou-se ligeiramente. Baixou os olhos.

– Está bem, está bem. Deixe ele aí atrás.

Alonso ainda beijou o focinho do cachorro. Em seguida, fez-lhe uma última

carícia, colocou- o no assento do automóvel e afastou-se correndo.

– Biruta vai adorar a festa! – exclamou assim que entrou na cozinha. – E lá

tem doces, tem crianças, ele não quer outra coisa! – Fez uma pausa. Sentou- se.

– Hoje tem festa em toda parte, não, Leduína? A mulher já se preparava para sair.

– Decerto. Alonso pôs-se a mastigar pensativamente.

– Foi hoje que Nossa Senhora fugiu no burrinho?

Page 23: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

23

– Não, menino. Foi hoje que Jesus nasceu. Depois então é que aquele rei

manda prender os três.

Alonso concentrou-se:

– Estava.

– E tão boazinha. Você não achou que hoje ela estava boazinha?

– Estava, estava muito boazinha...

– Por que você está rindo?

– Nada – respondeu ela pegando a sacola. Dirigiu-se à porta. Mas antes,

parecia querer dizer qualquer coisa de desagradável e por isso hesitava, contraindo

a boca.

Alonso observou-a. E julgou adivinhar o que a preocupava.

– Sabe, Leduína, você não precisa dizer pra dona Zulu que ele mordeu sua

carteirinha, eu já falei com ele, já surrei ele. Não vai fazer mais isso nunca, eu

prometo que não.

A mulher voltou-se para o menino. Pela primeira vez, encarou-o. Vacilou

ainda um instante.

Decidiu-se:

– Olha aqui, se eles gostam de enganar os outros, eu não gosto, entendeu?

Ela mentiu pra você, Biruta não vai mais voltar.

– Sabe, Leduína, se algum rei malvado quisesse matar o Biruta, eu me

escondia com ele no meio do mato e ficava morando lá a vida inteira, só nós dois!

– Riu-se metendo uma batata na boca. E de repente ficou sério, ouvindo o ruído

do carro que já saía. – Dona Zulu estava linda, não?

– Não vai o quê? – perguntou Alonso pondo a caçarola em cima da mesa.

Engoliu com dificuldade o pedaço de batata que ainda tinha na boca. Levantou-

se.

– Não vai o quê, Leduína?

– Não vai mais voltar. Hoje cedo ele foi no quarto dela e rasgou um pé

de meia que estava no chão. Ela ficou daquele jeito. Mas não te disse nada e

agora de tardinha, enquanto você lavava a louça, escutei a conversa dela com

o doutor: que não queria mais esse vira-lata, que ele tinha que ir embora hoje

mesmo, e mais isso, e mais aquilo... O doutor pediu pra ela esperar, que amanhã

dava um jeito, você ia sentir muito, hoje era Natal... Não adiantou. Vão soltar o

cachorro bem longe daqui e depois seguem pra festa. Amanhã ela vinha dizer

que o cachorro fugiu da casa do tal menino. Mas eu não gosto dessa história de

enganar os outros, não gosto. É melhor que você fique sabendo desde já, o Biruta

não vai voltar.

Page 24: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

24

Alonso fixou na mulher o olhar inexpressivo. Abriu a boca. A voz era um

sopro.

– Não?..

Ela perturbou-se.

– Que gente também! – explodiu. Bateu desajeitadamente no ombro do

menino. – Não se importe, não, filho. Vai, vai jantar.

Ele deixou cair os braços ao longo do corpo. E arrastando os pés, num andar

de velho, foi saindo para o quintal. Dirigiu-se à garagem.

A porta de ferro estava erguida. A luz fria do luar chegava até a borda do

colchão desmantelado. Alonso cravou os olhos brilhantes num pedaço de osso

roído, meio encoberto sob um rasgão do lençol. Ajoelhou-se. Estendeu a mão

tateante. Tirou debaixo do travesseiro uma bola de borracha.

– Biruta – chamou baixinho. – Biruta... – e desta vez só os lábios se moveram

e não saiu som algum.

Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, segurando a bola. Depois apertou-a

fortemente contra o coração.

De conto em conto, vol.2. Editora Ática, São Paulo. 2002.

Em relação ao texto lido e tendo por base o conceito apresentado por Luzia de Maria, responda aos questionamentos abaixo:

01 O conto Biruta tem poucos personagens? Quem são?

Sim. Alonso, Biruta, Leduína, dona Zulu e seu marido.

02 As ações convergem para o mesmo ponto? Qual

Sim. Para a estrema crueldade de dona Zulu que chega ao ponto de tirar o cãozinho do garoto, na noite de Natal, sem avisá-lo.

03 A história acontece em um curto espaço de tempo? Delimite-o!

Sim. Entre o final da tarde e a noite do dia 24 de dezembro,

04 Que tipo de linguagem é utilizada no conto.

Linguagem direta, objetiva, familiar.

Page 25: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

25

Prática de escrita

DESAFIO

Retome novamente o seu conto e observe esses elementos: há poucos personagens? O espaço de tempo é curto? Onde se passa a história que você criou? Caso esses elementos não estejam bem definidos no seu texto, este é o momento de aprimorar a sua escrita. Vamos lá?

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos textos.

AULA 04

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Prática de oralidade

Você leu um conto muito comovente. O que você sentiu durante a leitura? Converse com os colegas sobre isso. É bom compartilhar o que sentimos.

Professor(a), divida a turma em duplas, peça que extravasem as emoções provocadas pelo conto e relatem experiências semelhantes vividas por eles ou pessoas conhecidas. Percorra os grupos para observar as impressões e os comentários dos alunos e ajudá-los na reflexão sobre os recursos utilizados pela autora para tornar a história tão interessante, a ponto de envolver e comover os leitores.

Page 26: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

26

Conceito

Conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, espaço, tempo, ponto de vista e enredo.

Prática de leitura

Leia as informações e perguntas abaixo com atenção, e responda-as, em seu caderno, voltando ao texto sempre que necessário, para confirmar suas hipóteses.

Tempo: uma história passa-se num tempo determinado, que pode ser declarado pelo narrador ou que você pode inferir a partir de pistas que o texto fornece. No conto Biruta, ao invés de “carro”, menciona-se a palavra “automóvel”, termo pouco utilizado nos dias atuais. Outro elemento do conto, que demarca o tempo em que se passa a história, está na fala de Leduína, quando ela diz a dona Zulu que aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado. Atualmente há açougues em supermercados que ficam abertos até durante a noite.

01 A partir desses elementos você consegue deduzir a época em que acontece essa his-tória?

Percebe-se, claramente que a história não é atual. A partir dos elementos mencionados, dentre outros indícios, pode-se deduzir que a história se passa no século XX, em meados da década de 60 ou 70.

02 Em que dia do ano se passa a história? Em que momento desse dia?

Sim. Entre o final da tarde e a noite do dia 24 de dezembro.

03 Por que a escolha desse dia para desfazer-se de Biruta torna mais cruel a atitude de Zulu?

Porque, a celebração do nascimento de Jesus costuma sensibilizar as pessoas, aflorando sentimentos que possam ter ficado adormecidos durante todo o ano, como a solidariedade, o desejo de fazer o bem, proporcionar alegria e felicidade ao (à) outro (a), daí o significado da troca de presentes. E é exatamente neste dia que dona Zulu, ao invés de presentear Alonso, decide retirar dele o seu único presente.

Enredo: é a organização dos fatos e ações vividas pelos personagens, numa determinada ordem. Essa ordem pode ser linear, quer dizer, o que acontece antes vem contado antes, o que acontece depois vem contado depois. Às vezes essa ordem linear pode ser interrompida para voltar ao passado, relembrando algo que aconteceu antes do momento que está sendo narrado. Este último procedimento recebe o nome de técnica da retrospectiva ou flash-bach.

Page 27: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

27

04 A ordem linear dos fatos e ações no conto Biruta foi interrompida em algum momen-to? Quando?

Sim. Quando Alonso se recorda de coisas passadas.

Prática de escrita

Retome o seu conto e observe especialmente o enredo e o tempo. Observe se algum personagem do seu texto se recorda, ou poderia se recordar, de algum fato passado. Caso você não tenha utilizado a técnica do flash-bach e perceba que poderia tê-la utilizado para maior coerência interna do seu texto, este é o momento de fazê-lo. Vamos lá, mãos à obra!

DESAFIO

Identifique, dentre os fatos abaixo, os que são contados no momento em que acontecem e os que são relembrados pelo personagem Alonso, escrevendo presente ou passado, ao lado de cada fato apresentado:

a) Alonso lava a louça numa bacia _______________

b) Alonso volta à garagem triste e sozinho. _______________

c) No asilo, Alonso recebe a visita da madrinha. _______________

d) Alonso empresta Biruta a dona Zulu. _______________

e) Animado, Alonso conversa com Leduína sobre o pedido de Zulu _____________

f ) Dona Zulu bate em Alonso por causa da carne Que Biruta roubou ___________

g) Leduína conta a Alonso a verdade sobre Biruta _______________

h) Alonso entrega a louça a Leduína na cozinha _______________

i) Biruta é colocado no carro e parte com Zulu e o doutour. _______________

Resposta: Presente: a, b, d, e, g, h, i

Passado: c, f

Professor(a), socialize a atividade, de forma a sistematizar dois importantes elementos do conto: tempo e enredo. Leve-os a perceber que a ordem linear dos fatos e ações vividas pelos personagens, às vezes, é interrompida com a volta ao passado e recordação de algo que aconteceu antes do momento que está sendo narrado. Essa técnica, chamada de retrospectiva ou flash-bach, faz com que o personagem Alonso se recorde de coisas passadas.

Page 28: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

28

AULA 05

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Prática de oralidade

Professor(a), inicie esta aula, pedindo que os estudantes socializem os conhecimentos construídos até o momento. Divida a turma em pequenos grupos para que eles possam conversar sobre o tempo e o enredo dos seus contos.

Reúna com dois ou três colegas e, depois de ler as produções de todo o grupo, converse sobre o enredo e o tempo de cada conto. Escute o que eles têm a lhe dizer sobre o que você criou, mas também dê a sua opinião sobre o que foi construído pelos seus colegas.

Conceito

Conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, espaço, tempo, ponto de vista e enredo.

Prática de leitura

Leia as informações e perguntas abaixo com atenção, e responda-as, em seu caderno, voltando ao texto sempre que necessário, para confirmar suas hipóteses.

Page 29: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

29

Conceito

Personagens: seres que vivem as ações. Através do enredo, percebemos o relacionamento entre eles. Podem ser caracterizadas fisicamente (aparência, cor, idade etc.), através do que fazem ou do que o narrador diz sobre elas. Personagem principal, ou protagonista, é aquele em torno do qual se desenvolve o enredo. No caso do conto Biruta, Alonso é o personagem principal.

• Como era Alonso física e psicologicamente?Uma criança de bracinhos finos, mãos e andar de velho; sofrido mas muito amoroso, carinhoso e amigo de Biruta.

• Que tipo de trabalho fazia e onde dormia?Auxiliava Leduína, a empregada da casa, nos trabalhos domésticos. Dormia em um colchão, no canto da garagem, no fundo do quintal da casa.

• Como era Biruta? Por que mexia nas coisas e as estragava?Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída. Tinha olhinhos ternos e mexia em tudo, como uma criança travessa.

• Como era o relacionamento de Alonso com Biruta? Por que o cãozinho era tão importante para ele?Biruta era o único e inseparável amigo de Alonso. Dormiam juntos no mesmo colchão, na garagem.

• Por que dona Zulu adotou Alonso?Para desenvolver uma espécie de trabalho escravo na sua casa.

• Compare dona Zulu e Leduína. Que diferença há entre elas, quanto ao modo de tratar o menino? Dona Zulu era má, tratava Alonso com extrema crueldade. Leduína, apesar de não demonstrar amor e carinho por Alonso, manifestou uma certa pena do garoto, quando decide lhe revelar o destino de Biruta naquela noite.

• Como o marido de dona Zulu se relacionava com Alonso?Com indiferença. Não se manifestava frente às atitudes cruéis da esposa.

Conflito: é o principal acontecimento a partir do qual se desenvolve a história.• Qual é o assunto do conto Biruta?

A solidão e a luta de Alonso pela sobrevivência e para proteger o seu querido cão, companheiro e único amigo. 

Espaço: é o lugar onde se passam as ações e fatos vividos pelos personagens. No texto Biruta, as ações acontecem na casa de dona Zulu, mas Alonso e Biruta não compartilham do espaço ocupado pelo casal.

Page 30: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

30

• Qual é o espaço reservado a Alonso e Biruta na casa de dona Zulu?A garagem, no fundo do quintal.

• Que relação há entre esse espaço e a forma como Alonso é tratado pela dona da casa?O espaço reservado a Alonso na casa de Zulu (a garagem no fundo quintal) revela que o menino era tratado pela dona da casa como um empregado, um escravo, e não como alguém da família.

Verossimilhança: é a coerência ou lógica interna da história. Os fatos narrados , mesmo inventados, devem decorrer uns dos outros de forma que o leitor aceite que possam ter ocorrido; o leitor precisa ser convencido de que os fatos narrados são possíveis na história.

• Como você avalia a verossimilhança no conto Biruta?O conto Biruta é verossímil, pois os fatos narrados, mesmo que inventados, poderiam perfeitamente acontecer na história.

Professor(a), com o objetivo de contribuir para a ampliação dos conhecimentos sobre o gênero em estudo, socialize a atividade, de forma a sistematizar os demais elementos de um conto.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome mais uma vez a sua produção e observe se está claro para o leitor quem é o personagem principal e os secundários na história criada por você. Procure aprimorar suas características físicas e psicológicas, por meio das suas ações, pensamentos, atitudes e relacionamentos. Atente-se, ainda, para o assunto e o espaço criados por você. Não se esqueça de cuidar também da verossimilhança. Mãos à obra

AULA 06

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Page 31: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

31

O que devo aprender nesta aula

u Ler contos de autor goiano.

u Conhecer a cultura local, com base nos aspectos culturais e linguísticos presentes no conto.

u Analisar o emprego de adjetivos e locuções adjetivas para a caracterização das personagens e dos espaços no conto.

u Perceber a existência de preconceitos com relação à sexualidade, à mulher, ao negro, ao índio, ao pobre, à criança, ao velho, ao homem do campo, nos contos populares lidos.

u Valorizar a leitura literária como fonte de entretenimento e prazer.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como autor, título do texto, ilustrações.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Produzir a primeira escrita de um conto.

Conceito

Há duas maneiras de caracterizar um personagem, seja ele linear ou complexo: uma é pela qualificação, outras pelas ações. No primeiro caso, o personagem é descrito pelo narrador ou por outros personagens: características físicas (estaturas, aparência, idade, cor etc.), características psicológicas (personalidade, qualidade e defeitos, sonhos, desejos, emoções, pensamentos, frustrações, carências), características sociais (família, amizades, atividades, situação econômica etc.). No segundo caso, o personagem vai-se definindo pelo que faz, isto é, por suas ações o leitor vai percebendo quem ele é. Algumas vezes essas ações não são externas: passam-se na cabeça dos personagens, são ações interiores, psicológicas.

Entretanto, essas duas possibilidades se completam, pois os autores recorrem tanto à qualificação quanto à ação para mostrar a personagem.

Prática de oralidade

Professor(a), neste momento, apresente à classe o conto, utilizando a antecipação como estratégia de leitura para despertar a curiosidade e as expectativas dos estudantes, bem como a apresentação do autor do conto.

Hugo de Carvalho Ramos nasceu na Cidade de Goiás, no Largo do Chafariz, a 21 de

maio de 1895, e morreu na mesma cidade, no dia 12 de maio de 1921. Considerado um

dos grandes nomes do conto brasileiro, escreveu seu único livro Tropas e Boiadas (1917),

do qual o conto Ninho de Periquitos faz parte.

• Você conhece o autor da história?

Page 32: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

32

• Você já leu outros textos desse autor?• O título o “Ninho de periquitos” lhe sugere alguma coisa?• O que você acha que irá acontecer na história?

Prática de leitura

Leia o texto abaixo e, a seguir, responda às questões que se seguem:

Proponha à classe a leitura silenciosa do conto Ninho de Periquitos de Hugo de carvalho Ramos. Peça-lhes que durante a leitura observem bem as personagens. Pergunte aos estudantes se gostaram da história, se conhecem alguma história parecida, que sentimentos ela lhe despertou. Comente que o autor utilizou uma linguagem regional, valorizando a cultura local e respeitando a variedade linguística – o sertanejo – especificamente.

Ninho de periquitos

Hugo de Carvalho Ramos

Abrandando a canícula pelo virar da tarde, Domingos abandonou a rede

de embira onde se entretinha arranhando uns respontos na viola, após farta

cuia de jacuba de farinha de milho e rapadura que bebera em silêncio, às largas

colheradas, e saiu ao terreiro, onde demorou a afiar numa pedra piçarra o corte

da foice.

Era pelo Domingo, vésperas quase da colheita. O milharal estendia-se além,

na baixada das velhas terras devolutas, amarelecido já pela quebra, que realizara

dia antes, e o veranico, que andava duro na quinzena.

Enquanto amolava o ferro, no propósito de ir picar uns galhos de coivara no

fundo do plantio para o fogo da cozinha, o Janjão rondava em torno, rebolando

na terra, olho aguçado para o trabalho paterno.

Não se esquecesse, o papá, dos filhotes de periquitos, que ficavam lá no

fundo do grotão, entre as macegas espinhosas de “malícia”, num cupim velho do

pé da maria-preta. Não esquecesse...

O roceiro andou lá pelos fundos da roça, a colher uns pepinos temporões;

foi ao paiol de palha d’arroz, mais uma vez avaliando com a vista se possuía

capacidade precisa para a rica colheita do ano; e, tendo ajuntado os gravetos e

uns cernes da coivara, amarrava o feixe e ia já a recolher caminho de casa, quando

se lembrou do pedido do pequeno.

– Ora, deixassem lá em paz os passarinhos.

Mas aquele dia assentava o Janjão a sua primeira dezena tristonha de anos;

e pois, não valia por tão pouco amuá-lo.

Page 33: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

33

O caipira pousou a braçada de lenha encostada à cerca do roçado; passou a

perna por cima, e pulando de outro lado, as alpercatas de couro cru a pisar forte o

espinharal ressequido que estralejava, entranhou-se pelo grotão-nesses dias sem

pinga d’água – galgou a barroca fronteira e endireitou rumo da maria-preta, que

abria ao mormaço crepuscular da tarde a galharada esguia, toda atostada desde

a época da queima pelas lufadas de fogo que subiam da malhada.

Ali mesmo, na bifurcação do tronco, assentada sobre a forquilha da árvore,

à altura do peito, escancarava a boca negra para o nascente a casa abandonada

dos cupins, onde um casal de periquitos fizera ninho essa estação.

O lavrador alçou com cautela a destra calosa, rebuscando lá por dentro

os dois borrachos. Mas tirou-a num repente, surpreendido. É que uma picadela

incisiva, dolorosa, rasgara-lhe por dois pontos, vivamente, a palma da mão.

E, enquanto olhava admirado, uma cabeça disforme, oblonga, encimada

a testa duma cruz, aparecia à aberta do cupinzeiro, fitando-lhe, persistentes, os

olhinhos redondos, onde uma chispa má luzia, malignamente...

O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da

espinha. Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha doméstica

nem a dos campos, possuíam salvação.

Perdido... completamente perdido...

O réptil, mostrando a língua bífida, chispando as pupilas em cólera, a fitá-lo

ameaçador, preparava-se para novo ataque ao importuno que viera arrancá-lo da

sesta; e o caboclo, voltando a si do estupor, num gesto instintivo, sacou da bainha

o largo “jacaré” inseparável, amputando-lhe a cabeça dum golpe certeiro.

Então, sem vacilar, num movimento ainda mais brusco, apoiando a mão

molesta à casca carunchosa da árvore, decepou-a noutro golpe, cerce quase à

juntura do pulso.

E enrolando o punho mutilado na camisola de algodão, que foi rasgando

entre dentes, saiu do cerrado, calcando duro, sobranceiro e altivo, rumo de casa,

como um deus selvagem e triunfante apontando da mata companheira, mas

assassina, mas perfidamente traiçoeira...

Professor(a), após a leitura, proponha as questões abaixo para ajudar os estudantes a desenvolver habilidades como: localizar o tema do texto, estabelecer relações, inferir informações etc.

01 O autor utiliza vários sinônimos para se referir ao pai de Janjão. Localize-os no texto e registre no caderno.

Roceiro, caipira, lavrador, matuto e cabloco.

Page 34: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

34

02 A caracterização do pai de Janjão se dá pela qualificação ou pelas ações que desenvolve na história?

Se dá pelas ações que o pai de Janjão desenvolve, todas as ações denunciam que ele é um homem do campo.

03 A cobra é caracterizada da mesma forma que o pai de Janjão? Justifique sua resposta.Não, pois a cobra é caracterizada pelas suas qualificações e não pelas suas ações. No texto, o autor lhe atribui as seguintes qualificações: “ uma cabeça disforme, oblonga, encimada a testa duma cruz, olhinhos redondos, onde uma chispa, má.”

04 Vocês notaram que há muitas palavras desconhecidas no texto que não fazem parte no nosso cotidiano. Retire do texto algumas delas e pelo contexto tente atribuir um signi-ficado.

Respontos, coivara, alpercatas, malhada, bífida, entre outras.

Produção escrita

DESAFIO

Crie características físicas, psicológicas e sociais para o pai de Janjão, com base na sua vida, nas suas ações e nas informações da leitura do conto Ninho de Periquitos.

AULA 07

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Page 35: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

35

Conceito

Conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, espaço, tempo, ponto de vista e enredo. Classicamente diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mas curto que a novela ou romance, o conto tem sua estrutura fechada desenvolve uma história e apenas um clímax. O clímax é o momento de maior tensão e intensidade no conto. Pico máximo dos acontecimentos, facilmente identificado pelo leitor, momento de auge no qual as ações atingem sua máxima expressão. Toda a estrutura do enredo parece direcionada para este momento culminante da história. A história do conto tem uma conclusão, o desfecho. Os conflitos desenvolvidos alcançam, ou não, um estágio de solução. O desenlace pode ser feliz, trágico, engraçado, diferente, surpreendente. O desfecho nem sempre traz uma solução, muitas vezes, o final é aberto e deixa o caminho livre para a imaginação do leitor.

Prática de oralidade

Professor(a), neste momento, apresente à classe o conto, utilizando a antecipação como estratégia de leitura para despertar a curiosidade e as expectativas dos estudantes. Aproveite o momento também para falar-lhes um pouco sobre este autor goiano.

Bariane Ortêncio nasceu em Igarapava, São Paulo no dia 24 de julho de 1923. Veio

para Goiânia em 1938, onde mora até hoje. Recebeu várias premiações, dentre elas:

Prêmio João Ribeiro/1997, com a obra Cartilha do Folclore Brasileiro. Com A Fronteira

(Revolução Constitucionalista de 1932 e Minha Vida de Menino), ganhou o prêmio CLIO

da Academia Paulistana da História e edição premiada pelos Correios. Escreveu vários

contos, dentre eles o Velho e os urubus, originalmente publicado na sua obra Meu tio-avô

e o diabo.

• Você conhece essa história?• O que o título lhe sugere? • Já leu algum texto deste autor?• Que impressões tiveram etc.

Prática de leitura

Leia o texto abaixo, em seguida responda às perguntas, com atenção, em seu caderno, voltando ao texto sempre que necessário.

Page 36: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

36

O velho e os urubus

De primeiro nem sabia quantos, mas depois foi reparando, se interessando,

pegou na opinião. Agora, eram doze, os urubus. E passou a contá-los todos os

dias. E não se retirava enquanto eles não chegassem. Passatempo, distração de

velho solitário.

Preparando o cigarro, beiradeando o curral, o balde na mão para a ordenha.

O dia rompendo, nascente incandescendo, para onde se largavam os urubus, um

a um, combinados, tais aviões deixando a base. À tarde vinham do poente de um,

de dois e até de três. O Velho, assentado no banco do alpendrão, ficava olhando,

divisando-os assim que surgissem as pintas negras no sol entrante. Ali sentado,

trocando de posições no banco duro, procurando jeito, as hemorroidas ardendo,

atentando, contava os seus urubus. Esperava até que chegasse o último, quando

se retirava.

Recolhia-se cedo, pouco depois do pouso das aves amigas, saciado com o

prato de leite com farinha de milho. Só dormia assim: após a chegada dos urubus

e do leite com farinha.

O pouso, lá deles, uma árvore seca, ipê de grande porte, bem em frente à

casa, do outro lado da cerca, fácil, muito fácil do Velho contar os urubus. Ele, que

quase nada fazia, a perrenguice lhe tolhendo as vontades, a doença caminhando

em ritmo acelerado, tinha na chegada dos urubus o seu único entretenimento.

Era, além disso, a ordenha das poucas vacas, o caneco costumeiro de café forte e

quente, o cigarro feito no capricho, alguns mais que-fazeres e o leite indefectível

com farinha. Dos outros mais serviços, a Afilhada se ocupava. Como se chamava

ela? Ele sabia? Não, não se lembrava mais. Pegara-a meninota, a velha ainda

vivia; chamavam-na a Afilhada, que nunca passou de cria da casa. Ela também o

chamava de Padrinho e jamais lhe soube o nome. Como se pertencesse à família,

fazia um pouco de tudo e não recebia pagamentos, era pelo passado, algumas

chitas e as chinelas baratas.

No quarto, hora certa, deixava o fervido de ervas para o Padrinho banhar

as varizes anais, o alívio, a garantia do sono sossegado. O Velho despertava antes

dos urubus e saía para o relento de orvalho, reparando o horizonte, o clarear,

os bichos preparando-se para levantar voo. Quando chovia à noite, eles ficavam

esperando o sol sair e, como velhas rezando, asas abertas, enxugavam as penas.

Não se fechavam para a nascente, como nos outros dias. Voavam em círculos sob

o domínio dos olhos do Velho, galgando as alturas no bater das asas, procurando

as camadas de ar favoráveis, e planavam por muito tempo, sem perder altura.

Um ou outro punha-se em formato aerodinâmico, as asas com V, e mergulhava

Page 37: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

37

para o solo num zumbido estridente, descrevendo, depois curva ascendente. Era

o espetáculo para o Velho amigo, que se embevecia.

A Afilhada entregava-lhe o caneco de café e levava o balde de leite para

a cozinha. Ele sorvia em pequenos goles o café forte, seu agrado, o canivete no

alisamento da palha e na picagem do fumo. Ocupava-se, depois, em coisinhas,

até que chegasse a hora do retorno.

O sol baixo, entra não entra, começavam a surgir as pintas pretas. E ele

as acompanhava, uma por uma, o volume aumentando até tornar-se realidade,

o bicho vindo alto, temperando com o oscilar de asas, descendo reto no galho

pouso. Depois juntava as asas, como se uma dama de negro fechasse o seu leque.

O Velho, mentalmente, contava. Eram seis. Agora sete. Oito. Nove. Dez... Não

havia errado? Não, não errara. Lá vinha vindo o onze... o doze mais atrás. Aí ele

se recolhia satisfeito como se tivesse cumprido importante missão. Quando

voltavam mais cedo para o pouso, o voo baixo e direto, o Velho sabia que logo

choveria, como de fato... E, assim, por muito tempo, assim sempre, sempre assim.

Andava disputando a vida com o ipê seco. Era roxo ou era amarelo? Não se

lembrava. Malvados, arrancaram as cascas medicinais do seu ipê condenando-o.

Nunca mais flores e, de há muito, nem folhas.

Mas um dia, que sempre há um dia, o sol já havia entrado e a contagem só

acusou onze urubus. O Velho saiu do seu banco e andou daqui prali, rodando,

achando que errara no contar ou que o faltante poderia estar encoberto por

um galho mais grosso. Mas não estava. Virou obsessão. Cada noite, ele beirando

a cerca de arame, os ouvidos atentos para o farfalhar de asas, que não vinha.

Buscara a lamparina, que mal clareava, mas que o ajudou a constatar o faltante.

O que acontecera com o seu urubu? Acasalara-se? Estaria nalguma fresta da

pedreira, preparando o ninho para os ovos? Quase não dormia naquelas noites e

o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono

maldormido. Onde andaria o seu urubu?

Precisava ir à pedreira, que não era tão longe, mas impossível para ele, que

se andasse muito, o sangue lhe ocorreria até as alpergatas. “Maldita hemorrêima!”

– clamava.

Mandou a Afilhada chamar aquele moço que sempre pegava alguma

empreitada. Disse a ele, pedindo-lhe encarecidamente, que vasculhassem a

pedreira, o que foi feito em vão.

Passavam-se os dias e nada do urubu aparecer. Ele também já pouco se

levantava do catre, aperreado, nervoso, cismado, encabulado, o mais para conferir

os amigos negros que não passavam de onze. Onde estaria seu décimo segundo

Page 38: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

38

apóstolo? E falava com eles, perguntando pelo desaparecido. Alguns grasnavam,

decerto respondendo que não sabiam.

O Velho já não se alimentava mais. O leite com farinha agora sendo pouco,

quase nada, ele aceitava. Passava com o café e os inúmeros cigarros feitos, na

maior parte, pela Afilhada.

– Um remédio? O Padrinho quer um remédio?

Ele negava com a cabeça. Não queria nada, não! Queria era o seu urubu!

– Ele voltou? – perguntou o Padrinho.

– Não. Não sei... – o que ela sabia contar não passava dos dedos de uma

das mãos.

Agora nada mais. Não se alimentava nem mais com café e o cigarro.

A Afilhada não tinha iniciativa, sempre fora mandada. Não alcançava as

consequências. Não chamou ninguém.

Era alta madrugada, ainda, o Velho notou um clarão de aurora e levantou-

se, afoito. Estava disposto e leve. Saiu para fora. Divisou, com alegria, todos os doze

urubus no velho ipê seco, saltando no gingado desengonçado deles, de um galho

a outro, na comemoração de volta do companheiro. E este era todo raio de luz,

refulgente, resplendor. Um urubu-pavão, virou, será? – pensou o velho, pelas tais e

tantas cores. Aí o resplandecente bateu asas, volteou a árvore, fez círculos curtos

em torno do Velho, toda pompa, a cumprimentá-lo, as asas coloridas emanando

luz, farfalhou em voo rasante pela cabeça do amigo, a convidá-lo. Ele, não sabe

como, aceitou e partiu voando também, seguindo o seu urubu procurando

as camadas favoráveis de ar, planando na gostosura!... Muito admirado, feliz,

avistava lá de cima as divisas da fazendola, o gadinho sendo, formado com os

outros, que se juntaram, a esquadrilha da amizade, do reencontro, até que o sol

se anunciou, o discão vermelho no horizonte, o bando se dirigindo para aquela

direção, sumindo, sumindo, pintas pretas...

Como já era tarde, o dia avançando, a Afilhada foi até o quarto levar o

caneco de café, talvez o Padrinho aceitasse. Se admirou e ficou também feliz,

pois nunca, desde quando chegara àquela casa, vira o padrinho sorrir. E agora, o

sorriso dele, tão bonito, o semblante no seu quieto de paz, os olhos abertos, bem

abertos, talvez perscrutando horizontes, acompanhando o seu urubu brilhante.

01 Tomando como base o conto lido, identifique:

• Personagenso Velho e a Afilhada

Page 39: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

39

• Tempo (exemplifique com elementos do texto)Manhã: O dia rompendo, nascente incandescendo,Fim de Tarde: O sol baixo, entra não entraNoite: Buscara a lamparina, que mal clareava

• Conflitoum velho já doente se aproximando da morte que tem como entretenimento contar os urubus.

• Espaçoo espaço é a fazenda (curral, curral; casa - alpendre, quarto)

02 Qual é o clímax desse conto?

É o momento em que o velho conta os urubus e falta um deles.

03 Qual é o desfecho do conto?

O velho morrer feliz, pois se reencontrou com o urubu que estava faltando.

04 Em sua opinião, por que o Velho não sabia o nome da Afilhada? E por que a Afilhada não sabia o nome do velho?

Resposta possível: Pelo fato de o autor querer mostrar a indiferença do relacionamento dos dois.

Prática de escrita

Este é o momento de você observar o clímax e o desfecho da sua produção inicial. Caso estes elementos não estejam bem definidos, aprimore-os, utilizando os conhecimentos construídos até aqui e muita criatividade. Mãos à obra!

DESAFIO

No conto lido o autor escreve as palavras “Velho e Afilhada” com as letra iniciais maiúsculas. Por que em sua opinião o autor faz isso?

Resposta possível: A falta de identidade das personagens centrais da histórias revela a frieza das relações humanas (embora os personagens convivessem juntos ambos não sabiam seus respectivos nomes).

Page 40: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

40

AULA 08

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Conceito

Conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. O conto apresenta um narrador. Esse narrador pode fazer a narração em 1ª ou em 3ª pessoa. O narrador em 1ª pessoa pode ser chamado de narrador personagem. Ele conta e participa da história como personagem. O narrador na 3ª pessoa pode ser o narrador-observador que conta a história na sem participar das ações. E o narrador-onisciente que também conta a história em 3ª pessoa, mas ele conhece tudo sobre os personagens, conhece suas emoções e pensamentos.

Prática de oralidade

Professor(a), neste momento, retome os trechos abaixo, retirados dos contos “Felicidade Clandestina” e “O velho e os urubus” e direcione, à classe, questionamentos sobre os tipos de narrador existentes nas narrativas:

• Quem você acha que está contando essas histórias? • Quem conta as histórias são os próprios personagens? • Os narradores contam as histórias observando-as de maneira imparcial ou conhecem

profundamente os personagens?

Page 41: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

41

Prática de leitura

Leia os trechos abaixo e, em seguida, responda às perguntas com atenção, em seu caderno, voltando ao texto sempre que necessário.

Trecho 1

Felicidade clandestina

[...] Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela

dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de

modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia

as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e

silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição

muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas.

Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A

senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que

essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou:

mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! [...]

Trecho 2

O velho e os urubus

[...] Mas um dia, que sempre há um dia, o sol já havia entrado e a contagem

só acusou onze urubus. O Velho saiu do seu banco e andou daqui prali, rodando,

achando que errara no contar ou que o faltante poderia estar encoberto por

um galho mais grosso. Mas não estava. Virou obsessão. Cada noite, ele beirando

a cerca de arame, os ouvidos atentos para o farfalhar de asas, que não vinha.

Buscara a lamparina, que mal clareava, mas que o ajudou a constatar o faltante.

O que acontecera com o seu urubu? Acasalara-se? Estaria nalguma fresta da

pedreira, preparando o ninho para os ovos? Quase não dormia naquelas noites e

o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono

maldormido. Onde andaria o seu urubu? [...]

01 Comparando os dois trechos, você acha que é diferente o modo de contar a história? Por quê?

Resposta possível: É importante que o aluno perceba que há diferenças na forma de contar a história nos dois trechos, pois no primeiro quem conta participa da história e no segundo não há essa participação.

Page 42: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

42

02 Que tipo de narrador está presente nos dois trechos? Exemplifique com partes do texto.

Resposta possível: No trecho 1, a narrativa está em 1ª pessoa, visto que o narrador conta e participa da história ao mesmo tempo; é um narrador personagem: “Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer.” Já no trecho 2, há um narrador em 3ª pessoa, o narrador-onisciente. Ele conhece tudo sobre os personagens, suas emoções e pensamentos: “Quase não dormia naquelas noites e o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono maldormido. Onde andaria o seu urubu?” O narrador sabe que os sonhos do personagem eram malsonhados e que o sono era maldormido.

03 Reescreva o trecho 1 como se você fosse um narrador-onisciente.

[...] Ela ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes a menina dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E ela, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os seus olhos espantados. Até que um dia, quando ela estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu a mãe da menina. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. A mãe pediu explicação as duas meninas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! [...]

Professor(a) é importante você ressaltar as marcas desse tipo de narração: a onisciência (“E ela, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os seus olhos espantados.”); e o emprego da 3ª pessoa: (“Ela ia diariamente...”).

04 Reescreva o trecho 2 como se você fosse um narrador personagem.

[...] Mas um dia, que sempre há um dia, o sol já havia entrado e a minha contagem só acusou onze urubus. Eu saí do meu banco e andei daqui prali, rodando, achando que errara no contar ou que o faltante poderia estar encoberto por um galho mais grosso. Mas não estava. Virou minha obsessão. Cada noite, eu beirava a cerca de arame, com os ouvidos atentos para o farfalhar de asas, que não vinha. Eu busquei a lamparina, que mal clareava, mas que me ajudou a constatar o faltante. O que acontecera com o meu urubu? Acasalara-se? Estaria nalguma fresta da pedreira, preparando o ninho para os ovos? Quase não dormia naquelas noites e o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono maldormido. Onde andaria o meu urubu? [...]

Prática de escrita

Retome mais uma vez a sua produção, desta vez para observar o tipo de narrador que você empregou na sua história. Procure ser bastante coerente, cuidando para que a escolha do foco narrativo perpasse todo o seu texto, não confundindo 1ª e 3ª pessoas. Vale ressaltar, ainda, que se você optou pela narrativa em 3ª pessoa, deve observar também se o narrador é apenas um observador dos fatos, ou conhece as emoções e pensamentos das personagens, ou seja, é um narrador onisciente.

Page 43: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

43

DESAFIO

Leia o trecho abaixo, retirado do conto “O Velho e os urubus.”

“Cada noite, ele beirando a cerca de arame, os ouvidos atentos para o

farfalhar de asas, que não vinha.”

Agora, atribua um significado para a expressão destacada.

AULA 09

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e a análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

u Refletir sobre o emprego das flexões verbais.

Conceito

Num conto literário os tempos verbais são de extrema de importância. Verbos são palavras variáveis que têm a propriedade de localizar o fato no tempo em relação ao momento em que se fala. Podem ser flexionadas em três tempos básicos: presente, passado e futuro. O presente indica uma ação, estado ou fenômeno da natureza que ocorre no momento em que se fala; o futuro, algo que irá ocorrer após o momento em que se fala; e o pretérito, por sua vez, se aplica a fatos anteriores ao momento da fala. Sempre que o autor quer marcar o grau de certeza de que um fato realmente ocorreu, está previsto ou prestes a ocorrer, utiliza o modo indicativo, que retrata situações consideradas reais por parte de quem fala.

Page 44: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

44

Prática de oralidade

Professor(a), neste momento, retome o conceito do elemento tempo trabalhado na aula 4: uma história passa-se num tempo determinado, que pode ser declarado pelo narrador ou que você pode inferir a partir de pistas que o texto fornece.

• Retome os contos “Biruta” e “O velho e os urubus” e localize expressões que marcam o tempo.

• No trecho do texto Biruta “Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos.” Que palavras marcam o tempo?

• O tempo marcado por estas palavras está se realizando, já se realizou ou ainda vai se realizar?

• Qual o nome da palavra que indica o tempo em que a ação se desenvolve?

Professor(a), saliente que o tempo não se restringe apenas às marcações de ano, dias ou períodos do dia, mas que existe uma classe gramatical responsável pelo estudo do tempo, o verbo.

Prática de leitura

Leia o trecho a seguir, retirado do texto Biruta e, em seguida, responda às questões propostas:

Professor(a), proponha a leitura silenciosa do trecho abaixo. Peça para que os alunos atentem-se às palavras que dão ideia de tempo.

Biruta

[...] Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de

lá a carne. Leduina ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava

encher os pasteis, “Alonso, você não viu onde deixei a carne?” Ele estremeceu.

Biruta! Disfarçadamente foi à garagem no findo do quintal, onde dormia com

o cachorro num velho colchão metido num ângulo da parede. Biruta estava

lá, deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas,

comendo tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da

camisa e voltou à cozinha. Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona

Zulu que a carne dasaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já

estava fechado, “que é que eu faço, dona Zulu?!”

Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente

os cabelos. Ele então tirou a carne de dentro da camisa, ajeitou o papel já todo

roto que a envolvia e entrou com a posta na mão.

Page 45: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

45

– Está aqui, Leduína.

– Mas falta um pedaço!

– Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e

aproveitei quando você foi na quitanda.[...]

Prática de análise da língua

01 Identifique, dentre os seguimentos abaixo, retirados do conto “Biruta” os que se passam no momento em que acontecem (presente) e os que já aconteceram (passado - pretérito)

a) “Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne.” passado.

b) “Leduina ficou desesperada, vinham visitas para o jantar...” passado.

c) “Alonso, você não viu onde deixei a carne?” passado.

d) “Biruta estava lá, deitado bem em cima do travesseiro...” passado.

e) “Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.” passado.

f ) “Ele então tirou a carne de dentro da camisa.” passado.

g) “Está aqui, Leduína.” presente.

h) “... que é que eu faço, dona Zulu?!” presente.

02 Você reparou que a maioria dos seguimentos aconteceram no passado. Em sua opi-nião por que ocorre isso?

Resposta possível: É importante o aluno perceber que, geralmente, os contos, retratam fatos que já aconteceram, por isso há uma grande recorrência do tempo passado.

03 No exercício número 1, bem como no trecho acima, há dois seguimentos no presente: “Está aqui, Leduína.” “...que é que eu faço, dona Zulu?!” Em sua opinião, por que a autora utilizou esse tempo verbal?

Resposta possível: Porque, apesar de o narrador contar um fato que já aconteceu, estes seguimentos, especificamente, retratam diálogos que acontecem no momento da narrativa.

Page 46: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

46

04 No trecho, “Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.” O que os verbos destacados expressam com relação ao tempo verbal?

Resposta possível: Expressam ações que ocorreram no passado e que no momento da narrativa elas já haviam sido concluídas, pois Alonso já havia praticado as ações de arrancar e esconder a carne, e voltar à cozinha.

Prática de escrita

DESAFIO

Este é o momento de você observar o emprego dos tempos verbais (passado e presente) em sua produção inicial. Caso estes elementos não estejam bem definidos, aprimore-os, utilizando os conhecimentos construídos até aqui e muita criatividade. Mãos à obra!

AULA 10

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e a análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como título do texto, autor, ilustrações, mensagens etc.

u Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

u Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

Page 47: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

47

Conceito

Coesão e coerência: a utilização adequada dos elementos coesivos como conjunções, pronomes, advérbios etc. permite uma concatenação perfeita entre as partes do texto, estabelece relações lógico-discursivas e forma uma unidade de sentido coesa e coerente.

Prática de oralidade

Professor(a), o objetivo dessa aula é mostrar que determinadas palavras são elementos que dão coesão ao texto. Dessa forma, a percepção de uma determinada relação lógico-discursiva é enfatizada, muitas vezes, pelas expressões de tempo, de lugar, de comparação, de oposição, de causalidade, de anterioridade, de posteridade, entre outros e, quando necessário, a identificação dos elementos que explicam essa relação.A primeira atividade, como as anteriores, trabalhará com a prática da oralidade. Inicie a aula, perguntando aos estudantes se eles já leram algum conto de mistério, de suspense, se conhecem algum escritor do gênero. Deixe-os falar, expor suas ideias. Converse com eles sobre o título, que hipóteses constroem com base nele. Faça-lhes as seguintes perguntas:

• O título do texto é “Conto de mistério”. O que vocês acham que será o assunto do texto?

• Você conhece algum conto de mistério? Que tal contá-lo para a turma?• Vamos ler hoje um conto do escritor Stanislaw Ponte preta, intitulado “Conto de

mistério”. Você conhece este conto e o seu autor? • Em caso negativo, imagine o mistério de que trata o conto e o seu desfecho.

Prática de leitura

Professor(a), proponha à classe a leitura silenciosa do texto “Conto de mistério”, de Stanislaw Ponte Peta. O objetivo desta atividade é tratar de algumas relações de sentido que determinados elos coesivos dão às frases. Comente que algumas palavras indicam também a noção de tempo. Antes de iniciar a leitura do texto, converse com os estudantes, pergunte se eles se lembram de algumas palavras que indicam quando as ações acontecem. Peça que façam frases em que apareçam essas palavras. Eles devem lembrar-se dos marcadores de tempos mais comuns: hoje, ontem, amanhã, agora. Lembre-lhes da importância de articular bem o texto, de juntar bem as partes usando uma palavra que dá o sentido que se quer dar ao trecho.

Conto de mistério

Stanislaw Ponte Preta

Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.

Page 48: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

48

Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um

guaraná. O outro sorriu e se aproximou:

– Siga-me! – foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no

guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal-iluminado e ele – a uma

distância de uns dez a doze passos – entrou também.

Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que

ia na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e

bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.

Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no

centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de

barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia

fazer. Não hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou

para o que entrara em seguida e disse: “É este”.

O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que

falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um

aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e

entregou ao parceiro. Depois se virou para sair. O que entrara com ele disse que

ficaria ali.

Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando

alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar

a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora

depois, entrava em casa a berrar para a mulher:

– Julieta! Ó Julieta... Consegui.

A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de

felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o

pacote e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.

Disponível em: www.casadobruxo.com.br. PORTO, Sérgio

(Stanislaw Ponte Preta) Conto de Mistério. Acesso: 11.12.2012

01 O que poderia estar acontecendo para o personagem ter passado por tanto suspense para obter aquele simples quilo de feijão?

Resposta possível: A escassez de alguns produtos e a dificuldade para adquiri-los.

02 Alguns elementos linguísticos ajudam a construir o mistério no conto. Destaque al-guns como os adjetivos que descrevem o ambiente, dando a ideia de mistério.

Resposta possível: Escuro, úmido, mal iluminado, sepulcral, pequena, esfumaçada,

Page 49: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

49

Prática de análise da língua

01 Releia o trecho:

“Não hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: “É este”. Que ideia expressa o termo destacado?A palavra quando estabelece no texto uma relação lógico discursiva que expressa ideia de tempo.

02 Leia novamente este trecho: “Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco”. Que ideia a palavra então expressa no contexto?

Neste caso, exprime ideia de conclusão.

03 No trecho: “Ali parecia não haver ninguém.”A que termo a palavra ali se refere?Ali se refere ao “beco úmido e mal iluminado” onde os personagens entraram.

Prática de escrita

DESAFIO

Que tal vocês modificarem o fim do conto? Crie um final bem interessante para o Conto de mistério. Não se esqueça de usar palavras para criar emoção e suspense.

AULA 11

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que o os estudantes já possuem sobre o Gênero Conto, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Ler contos em diferentes suportes.

u Compreender o sentido global do gênero conto.

u Ler conto de mistério, identificando seus elementos textuais.

Page 50: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

50

Prática de oralidade

01 Retome o Conto de Mistério, estudado na aula anterior. Qual o seu tema?

Resposta possível: O tema é a compra de um quilo de feijão como se fosse algo perigoso, mesmo criminoso.

02 Como se constrói o clima de mistério no conto?

Resposta possível: O mistério vai se fazendo a partir de meias informações, situações suspeitas que deixam no ar a possibilidade de que algo inesperado vá acontecer a qualquer momento.

03 A partir do conto é possível fazer uma descrição dos personagens? Por quê?

Resposta possível: Não é possível descrever os personagens porque em nenhum momento aparece uma descrição clara; é como se todo o tempo tentassem se esconder.

04 E quanto ao ambiente? Como ele se encaixa no mistério do conto?

Resposta possível: Também o espaço aparece parcialmente descrito ou então é descrito como sombrio, perigoso.

Professor(a), volte ao texto com os alunos e busque exemplos do que está sendo discutido; é importante que os estudantes vejam as características do conto de mistério a partir do próprio texto.

Conceito

Os contos de suspense ou mistério se caracterizam, entre outros elementos, por apresentar um crime ou um mistério a ser desvendado; há sempre um mistério a ser desvendado. O suspense, o medo e o desejo de saber são ingredientes importantes na trama e a investigação do enigma corresponde ao foco principal da história.

Prática de leitura

Leia outro conto de mistério, a seguir, e responda às questões propostas:

O Caso do Cofre Arrombado

Alberto Filho

O Inspetor Arruda acaba de receber um telefonema misterioso. A pessoa

do outro lado da linha estava desesperada:

– Por favor, venha depressa! Houve um assalto aqui na Rua do Beco 45...

Uiii, acho que vou desmaiar...

Page 51: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

51

E dizendo isso, a ligação foi interrompida. O inspetor ainda escutou o

barulho de alguma coisa caindo no chão. Pelo barulho parecia um corpo...

Chegando no local indicado, o Inspetor entrou e viu uma pessoa caida no

chão ao lado de um birô.

Em sua cabeça havia um grande galo, o que indicava que ele fora atingido

por alguém. O mesmo ainda estava desacordado...

O Inspetor aproveitou o tempo para analisar a cena do crime, e constatou

que um cofre, que havia no local, fora arrombado e limpo pelo gatuno.

O homem ao acordar lhe relatou:

– Sou o tesoureiro e o último a sair sempre. Escapei por sorte. Um homem

armado entrou na sala e me atingiu com uma coronhada. Ainda consegui alcançar

o telefone, e quando estava conversando com o senhor, não mais aguentei e

desmaiei caindo no chão...

Após analisar tudo o Inspetor concluiu que ele estava mentindo. O que

levou o Inspetor a deduzir isso?

http://sitededicas.uol.com.br/enigma_17a.htm

01 Leia o conceito apresentado acima e relacione-o ao conto lido. Escreva um comentá-rio comprovando que se trata realmente de um conto de mistério.

Professor(a), observe se os estudantes relacionam os elementos apontados no conceito como o mistério a ser resolvido, o desejo de desvendar a historia, a investigação do mistério como foco principal.

02 Qual o mistério a ser resolvido?

O mistério é descobrir quem roubou o cofre.

03 Que pistas nos são dadas para a resolução do mistério?

O telefonema, a fala do homem, a descrição do local.

04 A conclusão do inspetor ao final da investigação é de que o homem estava mentindo. Como ele poderia saber?

O Inspetor Arruda, sabe que o tesoureiro está mentindo, porque se tudo tivesse acontecido como ele dissera, o telefone não poderia estar intocado, sobre o gancho.

Professor(a), as respostas poderão ser variadas, já que não é dada nenhuma informação que leve a essa conclusão. Aproveite para mostrar aos estudantes a importância de serem dadas todas as informações necessárias à resolução do mistério.

Page 52: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

52

Prática de escrita

DESAFIO

Você verá agora a solução para o mistério do cofre roubado.

SOLUÇÃO:O Inspetor Arruda sabe que o tesoureiro está mentindo, porque se tudo tivesse acontecido

como ele dissera, o telefone não poderia estar intocado, sobre o gancho. Seria mais lógico que ao interromper a ligação, no momento do desmaio, o telefone tivesse caído no chão junto com ele. Mas, não foi o que o inspetor encontrou ao chegar ao local do assalto, quando ainda a suposta vítima estava desacordada.

E então, o que você achou desse final? Se fosse você o autor, como resolveria esse caso? Escreva um novo desfecho com a sua versão.

AULA 12

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Ler conto de autor goiano.

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura do conto lido.

u Conhecer a cultura local, com base nos aspectos culturais e linguísticos presentes no conto.

u Observar o uso da língua de maneira a dar conta da variação intrínseca.

u Analisar as formas do oral, o falar cotidiano, as marcas da goianidade no conto lido.

Page 53: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

53

Conceito

O conto deve produzir, em quem o lê, um efeito de impacto. Esse efeito tanto pode resultar da natureza insólita do que foi contado, da feição surpreendente do episódio ou do modo como foi contado.

Prática de leitura

Professor(a), inicie esta atividade antecipando com entusiasmo e emoção a leitura do texto Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá, de Bernardo Élis, com o objetivo de despertar nos estudantes a curiosidade e o interesse pela literatura goiana. Apresente-lhes o título e o autor e pergunte-lhes se conhecem a história ou se já leram outros textos desse autor, se já ouviram falar dele etc.

Bernardo Élis Fleury de Campos Curado (1915 – 1997), nasceu em Corumbá de Goiás (GO). Advogado, professor, poeta, contista e romancista. Em 1939, transferiu-se para Goiânia, onde foi nomeado secretário da Prefeitura Municipal, tendo exercido as funções de prefeito por duas vezes. Com um livro de poesias e outro de contos, que pretendia publicar, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, em 1942. Não conseguindo seu intento, voltou a Goiás. Fundou a revista Oeste e nela publicou o conto “Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá”. Recebeu vários prêmios, dentre eles o Prêmio Jabuti, e ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1975.

Fale um pouco desse grande escritor goiano e, se possível, mostre-lhes o livro (suporte textual) onde foi publicado este conto. Diga-lhes, ainda, que a história que irão ler aconteceu no interior de Goiás. Enfim, faça uma boa propaganda para que os estudantes façam antecipações e sintam-se motivados para a leitura do texto.

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda às questões propostas:

Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá

Bernardo Élis

– Fio, fais um zoio de boi lá fora pra nois.– O menino saiu do rancho com um baixeiro na cabeça, e no terreiro,

debaixo da chuva miúda e continuada, enfincou o calcanhar na lama, rodou sobre ele o pé, riscando com o dedão uma circunferência no chão mole – outra e mais outra. Três círculos entrelaçados, cujos centros formavam um triângulo equilátero. Isto era simpatia para fazer estiar. E o menino voltou: – Pronto, vó

– O rio já encheu mais? – perguntou ela– Chi, tá um mar d’água! Qué vê, espia, – e apontou com o dedo para fora do

rancho. A velha foi até a porta e lançou a vista. Para todo lado havia água. Somente

Page 54: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

54

para o sul, para a várzea, é que estava mais enxuto, pois o braço do rio aí era pequeno. A velha voltou para dentro, arrastando-se pelo chão, feito um cachorro, cadela, aliás: era entrevada. Havia vinte anos apanhara um “ar de estupor” e desde então nunca mais se valera das pernas, que murcharam e se estorceram.

Começou a escurecer nevroticamente. Uma noite que vinha vagaro-samente, irremediavelmente, como o progresso de uma doença fatal. O Quelemente, filho da velha, entrou. Estava ensopadinho da silva. Dependurou numa forquilha a caroça, – que é a maneira mais analfabeta de se esconder da chuva, – tirou a camisa molhada do corpo e se agachou na beira da fornalha.

– Mãe, o vau tá que tá sumino a gente. Este ano mesmo, se Deus ajudá, nois se muda. Onde ele se agachou, estava agora uma lagoa, da água escorrida da calça de algodão grosso.

A velha trouxe-lhe um prato de folha e ele começou a tirar, com a colher de pau, o feijão quente da panela de barro. Era um feijão brancacento, cascudo, cozido sem gordura. Derrubou farinha de mandioca em cima, mexeu e pôs-se a fazer grandes capitães com a mão, com que entrouxava a bocarra.

Agora a gente só ouvia o ronco do rio lá embaixo – ronco confuso, rouco, ora mais forte, ora mais fraco, como se fosse um zunzum subterrâneo.

A calça de algodão cru do roceiro fumegava ante o calor da fornalha, como se pegasse fogo.

Já tinha pra mais de oitenta anos que os dos Anjos moravam ali na foz do Capivari no Corumbá. O rancho se erguia num morrote a cavaleiro de terrenos baixos e paludosos. A casa ficava num triângulo, de que dois lados eram formados por rios, e o terceiro, por uma vargem de buritis. Nos tempos de cheias os habitantes ficavam ilhados, mas a passagem da várzea era rasa e podia-se vadear perfeitamente. No tempo da guerra do Lopes, ou antes ainda, o avô de Quelemente veio de Minas e montou ali sua fazenda de gado, pois a formação geográfica construíra um excelente apartador. O gado, porém, quando o velho morreu, já estava quase extinto pelas ervas daninhas. Daí para cá foi a decadência. No lugar da casa de telhas, que ruiu, ergueram um rancho de palhas. A erva se incumbiu de arrasar o resto do gado e as febres as pessoas.

“– Este ano, se Deus ajudá, nois se muda.” Há quarenta anos a velha Nhola vinha ouvindo aquela conversa fiada. A princípio fora seu marido: “– Nois precisa de mudá, pruquê senão a água leva nois”. Ele morreu de maleita e os outros continuaram no lugar. Depois era o filho que falava assim, mas nunca se mudara. Casara-se ali: tivera um filho; a mulher dele, nora de Nhola, morreu de maleita. E ainda continuaram no mesmo lugar a velha Nhola, o filho Quelemente e o neto, um biruzinho sempre perrengado.

Page 55: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

55

A chuva caía meticulosamente, sem pressa de cessar. A palha do rancho porejava água, fedia a podre, derrubando dentro da casa uma infinidade de bichos que a sua podridão gerava. Ratos, sapos, baratas, grilos, aranhas,o diabo refugiava-se ali dentro, fugindo à inundação, que aos poucos ia galgando a perambeira do morrote.Quelemente saiu ao terreiro e olhou a noite. Não havia céu, não havia horizonte – era aquela coisa confusa, translúcida e pegajosa. Clareava as trevas o branco leitoso das águas que cercavam o rancho. Ali pras bandas da vargem é que ainda se divisava o vulto negro e mal recortado do mato. Nem uma estrela. Nem um pirilampo. Nem um relâmpago. A noite era feito um grande cadáver, de olhos abertos e embaciados. Os gritos friorentos das marrecas povoavam de terror o ronco medonho da cheia.

No canto escuro do quarto, o pito da velha Nhola acendia-se e apagava-se sinistramente, alumiando seu rosto macilento e fuxicado.

– Ocê bota a gente hoje em riba do jirau, viu? – pediu ela ao filho. – Com essa chuveira de dilúvio, tudo quanto é mundice entra pro rancho e eu num quero drumi no chão não.

Ela receava a baita cascavel que inda agorinha atravessara a cozinha numa intimidade pachorrenta.

Quelemente sentiu um frio ruim no lombo. Ele dormia com a roupa ensopada, mas aquele frio que estava sentindo era diferente. Foi puxar o baixeiro e nisto esbarrou com água. Pulou do jirau no chão e a água subiu-lhe ao umbigo. Sentiu um aperto no coração e uma tonteira enjoada. O rancho estava viscosamente iluminado pelo reflexo do líquido. Uma luz cansada e incômoda, que não permitia divisar os contornos das coisas. Dirigiu-se ao jirau da velha. Ela estava agachada sobre ele, com um brilho aziago no olhar.

Lá fora o barulhão confuso, subterrâneo, sublinhado pelo uivo de um cachorro.

– Adonde será que tá o chulinho?Foi quando uma parede do rancho começou a desmoronar. Os torrões de

barro do pau-a-pique se desprendiam dos amarrilhos de embiras e caíam nágua com um barulhinho brincalhão – tchibungue – tibungue. De repente, foi-se todo o pano de parede. As águas agitadas vieram banhar as pernas inúteis de mãe Nhola:

– Nossa Senhora d›Abadia do Muquém! – Meu Divino Padre Eterno! O menino chorava aos berros, tratando de

subir pelos ombros da estuporada e alcançar o teto. Dentro da casa, boiavam pedaços de madeira, cuias, coités, trapos e a superfície do líquido tinha umas contorções diabólicas de espasmos epiléticos, entre as espumas alvas.

Page 56: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

56

– Cá, nego, cá, nego – Nhola chamou o chulinho que vinha nadando pelo quarto, soprando a água. O animal subiu ao jirau e sacudiu o pelo molhado, tremulo, e começou a lamber a cara do menino.

O teto agora começava a desabar, estralando, arriando as palhas no rio, com um vagar irritante, com uma calma perversa de suplício. Pelo vão da parede desconjuntada podia-se ver o lençol branco. – que se diluía na cortina diáfana. leitosa do espaço repleto de chuva. – e que arrastava as palhas, as taquaras da parede, os detritos da habitação. Tudo isso descia em longa fila, aos mansos boléus das ondas, ora valsando em torvelinhos, ora parando nos remansos enganadores. A porta do rancho também ia descendo. Era feita de paus de buritis amarrados por embiras.

Quelemente nadou, apanhou-a, colocou em cima a mãe e o filho, tirou do teto uma ripa mais comprida para servir de varejão, e lá se foram derivando, nessa jangada improvisada.

– E o chulinho? – perguntou o menino, mas a única resposta foi mesmo o uivo do cachorro.

Quelemente tentava atirar a jangada para a vargem, a fim de alcançar as árvores. A embarcação mantinha-se a coisa de dois dedos acima da superfície das águas, mas sustinha satisfatoriamente a carga. O que era preciso era alcançar a vargem, agarrar-se aos galhos das árvores, sair por esse único ponto mais próximo e mais seguro. Daí em diante o rio pegava a estreitar-se entre barrancos atacados, até cair na cachoeira. Era preciso evitar essa passagem, fugir dela. Ainda se tivesse certeza de que a enchente houvesse passado acima do barranco e extravasado pela campina adjacente a ele, podia-se salvar por ali. Do contrário, depois de cair no canal, o jeito era mesmo espatifar-se na cachoeira.

– É o mato? – perguntou engasgadamente Nhola, cujos olhos de pua furavam o breu da noite.

Sim. O mato se aproximava, discerniam-se sobre o líquido grandes manchas, sonambulicamente pesadas, emergindo do insondável – deviam ser as copas das árvores. De súbito, porém, a sirga não alcançou mais o fundo. A correnteza pegou a jangada de chofre, fê-la tornear rapidamente e arrebatou-a no lombo espumarento. As três pessoas agarraram-se freneticamente aos buritis, mas um tronco de árvore que derivava chocou-se com a embarcação, que agora corria na garupa da correnteza.

Quelemente viu a velha cair nágua, com o choque, mas não pôde nem mover-se: procurava, por milhares de cálculos, escapar à cachoeira, cujo rugido se aproximava de uma maneira desesperadora. Investigava a treva, tentado enxergar os barrancos altos daquele ponto do curso. Esforçava-se para identificar o local e atinar com um meio capaz de os salvar daquele estrugir encapetado da cachoeira.

Page 57: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

57

A velha debatia-se, presa ainda à jangada por uma mão, despendendo esforços impossíveis por subir novamente para os buritis. Nisso Quelemente notou que a jangada já não suportava três pessoas. O choque com o tronco de árvore havia arrebentado os atilhos e metade dos buritis havia-se desligado e rodado. A velha não podia subir, sob pena de irem todos para o fundo. Ali já não cabia ninguém. Era o rio que reclamava uma vítima.

As águas roncavam e cambalhotavam espumejantes na noite escura que cegava os olhos, varrida de um vento frio e sibilante. A nado, não havia força capaz de romper a correnteza nesse ponto. Mas a velha tentava energicamente trepar novamente para os buritis, arrastando as pernas mortas que as águas metiam por baixo da jangada. Quelemente notou que aquele esforço da velha estava fazendo a embarcação perder a estabilidade. Ela já estava quase abaixo das águas. A velha não podia subir. Não podia. Era a morte que chegava. abraçando Quelemente com o manto líquido das águas sem fim. Tapando a sua respiração, tapando seus ouvidos, seus olhos, enchendo sua boca de água, sufocando-o, sufocando-o, apertando sua garganta. Matando seu filho que era perrengue e estava grudado nele.

Quelemente segurou-se bem aos buritis e atirou um coice valente na cara aflissurada da velha Nhola. Ela afundou-se para tornar a aparecer, presa ainda à borda da jangada, os olhos fuzilando numa expressão de incompreensão e terror espantado. Novo coice melhor aplicado e um tufo d’água espirrou no escuro. Aquele último coice, entretanto, desequilibrou a jangada, que fugiu das mãos de Quelemente, desamparando-o no meio do rio.

Ao cair, porém, sem querer, ele sentiu sob seus pés o chão seguro. Ali era um lugar raso. Devia ser a campina adjacente ao barranco. Era raso. O diabo da correnteza, porém, o arrastava, de tão forte. A mãe, se tivesse pernas vivas, certamente teria tomado pé, estaria salva. Suas pernas, entretanto, eram uns molambos sem governo, um estorvo.

Ah! se ele soubesse que aquilo era raso, não teria dado dois coices na cara da velha, não teria matado uma entrevada que queria subir para a jangada num lugar raso, onde ninguém se afogaria se a jangada afundasse...

Mas quem sabe ela estava ali, com as unhas metidas no chão, as pernas escorrendo ao longo do rio?

Quem sabe ela não tinha rodado? Não tinha caído na cachoeira. Cujo ronco escurecia mais ainda atreva?

– Mãe, ô, mãe!– Mãe, a senhora tá aí?E as águas escachoantes, rugindo, espumejando, refletindo cinicamente a

treva do céu parado, do céu defunto, do céu entrevado, estuporado.

Page 58: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

58

– Mãe, ô, mãe! Eu num sabia que era raso. – Espera aí, mãe! O barulho do rio ora crescia, ora morria e Quelemente foi-se metendo

por ele a dentro. A água barrenta e furiosa tinha vozes de pesadelo, resmungo de fantasmas, timbres de mãe ninando filhos doentes, uivos ásperos de cães danados. Abriam-se estranhas gargantas resfolegantes nos torvelinhos malucos e as espumas de noivado ficavam boiando por cima, como flores sobre túmulos.

– Mãe! – lá se foi Quelemente, gritando dentro da noite, até que a água lhe encheu a boca aberta, lhe tapou o nariz, lhe encheu os olhos arregalados, lhe entupiu os ouvidos abertos à voz da mãe que não respondia, e foi deixá-lo, empazinado, nalgum perau distante, abaixo da cachoeira.

Caminhos das Gerais, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1975

01 A que se refere o título do texto?À personagem de nome Nhola dos Anjos, mãe de Quelemente que morre afogada, na enchente do rio Corumbá.

02 Por que Clemente, ao invés de tentar salvar sua mãe, a empurrou para dentro do rio?Porque a jangada, com os atilhos arrebentados no choque com a árvore, não mais suportava três pessoas. Se ela subisse, todos iriam para o fundo do rio.

03 Qual foi a reação de Quelemente ao perceber que a mãe fora tragada pelas águas do rio?

Quelemente fica totalmente desesperado, pois fora responsável pela morte de sua mãe.

04 Que final é reservado a Quelemente?Ele também morre afogado nas águas do rio Corumbá.

Prática de oralidade

Professor, com os estudantes em círculo, abra um espaço para os comentários sobre o conto lido. Proponha uma discussão coletiva, dando oportunidade para que todos participem dessa socialização.

1. Como se sentiu ao ler a história?

2. Você acha que este fato aconteceu realmente?

3. A enchente é uma ação que acontece nos dias atuais?

4. O que podemos fazer para impedir esta ação da natureza?

Page 59: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

59

Prática de análise da língua

DESAFIO

Professor(a), chame a atenção dos estudantes para as variações linguísticas. Procure mostrar-lhes que o autor faz uso de palavras e expressões para marcar a cultura local, dar vida, beleza e espontaneidade ao texto.Para isso, recorte as expressões em tiras de papel e distribua-as entre os grupos. Peça-lhes que procurem explicar seu significado na região local, e em seguida, elabore o resultado desse trabalho em cartaz conforme modelo abaixo.

Destacamos, abaixo, todas as palavras e expressões presentes no texto que são marcas da goianidade. O autor faz uso dessas palavras e expressões para marcar a cultura local, dar vida, beleza e espontaneidade ao texto. Explique o significado de cada expressão, no quadro abaixo:

• – Fio fais um zoio de boi lá fora pra nois• ...enfincou o calcanhar na lama (...) Isto era simpatia para fazer estiar.• – Chi, tá um mar d’água! Que vê, espia...• Estava ensopadinho da silva.• Dependurou numa forquilha a caroça• ... mexeu e pôs-se a fazer grandes capitães com a mão...• ... um biruzinho sempre perrengado.• – Ocê bota agente hoje em riba do jirau • O menino saiu do rancho com um baixeiro na cabeça...• – Adonde será que tá chulinho?• Eu num sabia que era raso.

EXPRESSÕES SIGNIFICADO

Page 60: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

60

Amplie o quadro buscando, junto aos familiares e à comunidade, expressões que caracterizem a goianidade, ou seja, o jeito goiano de falar.

Professor(a), socialize o resultado da pesquisa pedindo-lhes que confirmem os significados no dicionário.

AULA 13

Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero Objetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Identificar informações explícitas e implícitas para a compreensão de textos.

u Analisar o efeito de sentido produzido pelo uso de figuras de linguagem.

Prática de oralidade

• Você sabe o que são figuras de linguagem?• Para que elas servem?• Quais figuras de linguagem você conhece?

Professor(a), nesse momento, você poderá acrescentar outras questões que julgar importantes para a sensibilização, desde que se observe o tempo de execução da aula. Atente-se para a importância dessa atividade, já que, por meio dela, você perceberá os conhecimentos que os alunos têm sobre o assunto. Assim, observe se as respostas dadas são coerentes com o que foi perguntado. Registre na lousa aquilo que julgar importante, verificando a necessidade de intervenções durante esta sequência.

Conceito

Figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados na fala ou na escrita para tornar mais expressiva a mensagem transmitida. Reconhecer as figuras de linguagem, além

Page 61: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

61

de auxiliar o leitor compreender melhor os textos literários, deixa-os mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. São exemplos de figuras de linguagem:

Metáfora é uma figura de linguagem em que há o emprego de uma palavra ou uma expressão, em um sentido que não é o seu usual, por uma relação de semelhança entre os dois termos.

Comparação é uma figura de linguagem que consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança. Ela se diferencia da metáfora por ser feita por meio de um conectivo (com, como, parecia, tal, qual, assim, quanto, etc.).

Prosopopeia é uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de personificação.

Sinestesia é uma figura de linguagem que consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes, por exemplo: o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato.

Gradação é uma figura de linguagem que consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou decrescente. Quando o encadeamento das ideias se faz na ordem crescente temos o  “clímax”, ou seja, o encadeamento caminha em direção ao “clímax”;  quando em ordem decrescente, ao “anticlímax”. 

Professor(a), é fundamental que esses conceitos sejam discutidos e ampliados a partir das considerações feitas pelos alunos. Em seguida, proponha aos alunos que façam a leitura silenciosa do texto abaixo, tendo o cuidado de trabalhar estratégias, como a antecipação e inferência, com base em elementos do texto e informações sobre a autora.

Marina Colasanti (Asmara, Etiópia, 1937) chegou ao Brasil em 1948, e sua família se radicou no Rio de Janeiro. Entre 1952 e 1956 estudou pintura com Catarina Baratelle; em 1958 já participava de vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Nos anos seguintes, atuou como colaboradora de periódicos, apresentadora de televisão e roteirista. Em 1968, foi lançado seu primeiro livro, Eu Sozinha; de lá para cá, publicaria mais de 30 obras, entre literatura infantil e adulta. Seu primeiro livro de poesia, Cada Bicho seu Capricho, saiu em 1992. Em 1994 ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, por Rota de Colisão (1993), e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por Ana Z Aonde Vai Você?. Suas crônicas estão reunidas em vários livros, dentre os quais Eu Sei, mas não Devia (1992). Nelas, a autora reflete, a partir de fatos cotidianos, sobre a situação feminina, o amor, a arte, os problemas sociais brasileiros, sempre com aguçada sensibilidade.

Page 62: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

62

Prática de leitura

Leia o conto “A Moça Tecelã”, de Marina Colassanti e, em seguida, responda às questões que se seguem:

A Moça Tecelã

Marina Colasanti

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das

beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia.  Delicado traço cor da luz, que ela ia

passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã

desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete

que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava

na lançadeira grossos fios cinzentos    do algodão    mais felpudo.  Em breve, na

penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos

rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e

espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para

que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes

pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de

escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha,

suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu

fio de escuridão, dormia tranquila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu

sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca

conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam

companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto

barbado, corpo aprumado, sapato engraxado.  Estava justamente acabando de

entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de

pluma, e foi entrando em sua vida.

Page 63: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

63

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que

teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos,

logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou

a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

– Uma casa melhor é necessária – disse para a mulher.  E parecia justo,

agora que eram dois.  Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios

verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

– Para que ter casa, se podemos ter palácio? – perguntou.  Sem querer

resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e

pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para

chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia

e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da

lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu

para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

– É para que ninguém saiba do tapete – ele disse. E antes de trancar a porta

à chave, advertiu: – Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio

de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer

era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu

maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em

como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando

com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da

torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma.  Segurou a lançadeira

ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer

seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins.  Depois

desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente

se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e,

espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o dese nho

escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido,

o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Page 64: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

64

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E

foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu

na linha do horizonte.

Extraído do livro Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento, Global Editora , Rio de Janeiro, 2000

Prática de análise da língua

01 Observe o trecho do primeiro parágrafo “Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite.” Que impressões sensoriais estão presentes nele? E qual o efeito de sentido que ela provoca?

Possibilidade de resposta: As impressões sensoriais são visão e audição. Ao utilizar a expressão “ouvir o sol”, a autora faz uso da sinestesia, figura de linguagem que contribui para intensificar a interação da personagem com a natureza. Ela não só vê, como ouve o sol..

02 Aponte no texto o parágrafo construído basicamente por prosopopeia e explique o efeito de sentido que essa figura de linguagem emprega ao texto.

Possibilidade de resposta: O quinto parágrafo é construído basicamente por prosopopeia. Essa figura de linguagem está a serviço do gênero “conto de fadas” onde, geralmente, tudo cria vida e passa a compor um quadro único. No texto, em questão, a natureza cria vida a partir do tear e das mãos da moça tecelã e passa a interagir com ela em perfeita harmonia.

03 No fragmento retirado do texto “Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas…”, há a presença de uma gradação crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax)? Explique.

Possibilidade de resposta: Nesse fragmento, há a presença de uma gradação crescente (clímax), ou seja, a moça começou tecendo em dias, depois semanas e por fim meses. Cada vez mais ela ia tecendo, conforme a exigência do marido ia aumentando.

04 No texto A moça tecelã, as características das linhas escolhidas para tecer revelam, metaforicamente, dentre outras coisas, o estado de espírito da moça. Explique a relação das cores das linhas escolhidas no início e no final do texto para demonstrar o estado de espírito da moça.

Possibilidade de resposta: A moça tecelã inicia o conto com cores claras para tecer os dias alegres, cheios de sol e de vida. Com as exigências do marido, ela vai perdendo a felicidade, até que resolve desfazer tudo e, no final, termina com os mesmos fios claros, alegres, cheios de vida em que vai tecendo novamente feliz os dias.

Professor(a), a correção dos exercícios é fundamental, o que pode ser feito de forma coletiva, enfatizando respostas esperadas, já que são exercícios discursivos. É importante observar, nesse momento, se as expectativas de aprendizagem foram alcançadas.

Page 65: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

65

Prática de escrita

DESAFIO

Retome seu conto e observe se a sua escrita deixará o (a) leitor (a) mais sensível à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras. Caso não tenha explorado a linguagem metafórica, este é o momento de fazê-lo. Então, vamos lá: utilize os conhecimentos construídos nesta aula e uma boa dose de sensibilidade para deixar o seu texto mais poético, mais literário.

AULA 14

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita, e análise da língua.

Expectativas de aprendizagem

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e ouvidos.

u Valorizar a leitura literária como fonte de entretenimento e prazer.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como autor, título do texto, ilustrações.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Analisar o emprego dos discursos direto, indireto e indireto livre, distinguindo as falas do narrador e das personagens nos contos literários.

Conceito

De acordo com o dicionário Discurso é uma palavra de origem latina  discursu(m) e significa: ação de correr por/ou para várias partes. Discorrer sobre vários assuntos. No plano da oratória, designa a elocução pública, que visa a comover e persuadir. Temos três tipos de discursos:

Page 66: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

66

Discurso direto -  O narrador reproduz o discurso com as próprias palavras do interlocutor. Esse discurso possui duas características fundamentais: a primeira é que a fala do personagem vem introduzida por um verbo dicendi, isto é, um verbo que anuncia uma fala. A segunda característica é que antes da fala da personagem há geralmente, dois pontos e travessão.

Discurso indireto - O narrador usa suas próprias palavras para comunicar o que as personagens disseram. As falas dos personagens são reproduzidas por terceiros. O discurso indireto vem introduzido por um verbo dicendi e também apresenta conjunção subordinativa integrante (que, se).

Discurso indireto livre - Pode-se dizer que o discurso indireto livre é uma mistura do discurso direto com o discurso indireto, ou seja, é  um  discurso misto onde há maior  liberdade, pois  o  narrador  insere  a fala  do  personagem em sua maneira de contar, de  forma  sutil,  sem  fazer uso  das  marcas  do  discurso  direto: diálogos, etc.

Prática de oralidade

Professor(a), motive a classe para o estudo dos discursos presentes nas narrativas, questionando-os o que já sabem sobre o assunto, apresentando-lhes o próximo conto que irão ler nesta aula:

• Para você, em que consiste um discurso?• Em que situação ocorre um discurso? • O discurso pode estar presente em um conto literário?• O que lhe sugere o título deste conto?• Conhece a palavra tecelã? O que significa?• Você conhece alguma história interessante da escritora Marina Colasanti? Qual? • Ouviu de alguém? Quem?• Leu em algum outro livro de conto? Sabe quem é o seu autor?

Professor(a), neste momento, é importante que todos possam participar e que sejam trabalhados comportamentos como: saber ouvir, esperar sua vez para falar, respeitar a opinião dos colegas e os diferentes modos de falar. Atente-se para a importância dessa atividade, já que, por meio dela, você perceberá os conhecimentos que os alunos têm sobre o assunto e sobre Marina Colassanti. Em seguida proponha-lhes a leitura silenciosa do conto A moça tecelã, desta grande escritora.

Prática de leitura

Retome a leitura do texto “A moça tecelã” e responda às questões que se seguem:

Page 67: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

67

Professor(a), após a leitura, formule algumas questões para verificar o nível de compreensão dos estudantes em relação ao texto lido.

Prática de análise da língua

Retome o texto e reflita sobre a linguagem e os discursos utilizados. Em seguida, responda às questões abaixo:

01 Sabemos que o discurso direto ocorre quando as personagens falam diretamente, sem intermédio do narrador, por meio de diálogos. Vamos identificar no texto, um trecho em que o discurso direto seja evidente.

Possibilidade de resposta: o discurso direto pode ser visto nos trechos em que o marido fala de modo ordeiro: “– Para que ter casa, se podemos ter palácio?”

02 O discurso indireto ocorre quando os personagens não falam diretamente, mas pre-cisam de um narrador para contar seus feitos. Você pode encontrar um trecho, no conto, em que predomine o discurso indireto?

Possibilidade de resposta: o discurso indireto ocorre quando o narrador, a sua maneira, reproduz a fala do marido, sem valer-se do diálogo: “Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata”.

03 O Discurso  indireto  livre é  um  discurso misto onde há maior  liberdade, pois  o  narrador  insere  a fala  do  personagem em sua maneira de contar, de  forma  sutil,  sem  fazer uso  das  marcas  do  discurso  direto: diálogos, etc. Agora, identifique o discurso pre-dominante nas falas abaixo e os transforme em discurso indireto livre:

a - “pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.”

Possibilidade de resposta: A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “pela primeira vez pensou: como seria bom se eu tivesse um marido ao lado!”

b - “O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.”

Possibilidade de resposta: A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “o moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma e disse: estou entrando na sua vida.

c - “deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.”

Possibilidade de resposta: A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “A moça pensava: vou tecer lindos filhos para aumentar ainda mais a minha felicidade”.

Page 68: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

68

d - “– É para que ninguém saiba do tapete – ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: – Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!”

Possibilidade de resposta: A frase acima está expressa no discurso direto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “Ele disse: é para que ninguém saiba do tapete. E antes de trancar a porta à chave advertiu: faltam as estrebarias. E não se esqueça dos (meus) cavalos”.

e - “E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.”

Possibilidade de resposta: A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “E pela primeira vez pensou: como seria bom estar (se eu estivesse) sozinha de novo.”

04 Imagine que a moça tecelã encontra sua melhor amiga, que há muito tempo não via. Narre, aqui, o diálogo das duas, após o marido ter entrado em sua vida. Empregue na sua narrativa, o discurso que você desejar.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome seu conto e observe se na sua escrita você explorou os tipos de discurso: direto, indireto, indireto livre. Caso não tenha explorado, este é o momento de fazê-lo. Então, vamos lá!

A ideia, aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e o que precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, é fundamental que você leia esses textos e faça anotações para o trabalho de reescrita. Espera-se que os alunos sejam capazes de dominar os discursos estudados nesta aula e empregá-los na hora da escrita.

AULA 15

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Page 69: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

69

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar as percepções de leituras e conhecimentos sobre as diferentes culturas presentes no texto.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Promover reflexão a respeito da figura feminina, criada pela autora, por meio dos aspectos culturais.

u Promover inferências entre literatura e realidade analisando o aspecto cultural que envolve a figura feminina.

u Discutir ideias, opiniões, formulação e verificação de hipóteses.

u Associar conteúdo e função social do gênero.

Conceito

Para Edgar Allan Poe, o conto é uma narrativa curta, que sustenta sempre uma unidade de efeito. Para isso ele deve ser construído à base da economia dos meios narrativos, a fim de conseguir com um mínimo de meios, o máximo de efeitos.

Prática de oralidade

Professor(a), retome conto de Marina Colasanti “A moça tecelã” e proponha uma conversa com os alunos. Nessa prática, estimule a fala e o diálogo entre eles sobre as ideias explícitas e implícitas no conto. É necessário que você faça uma leitura oral do texto com a classe, demonstrando gosto e satisfação pela leitura, pois seu porte chama a atenção dos estudantes para o ato de ler. Após a leitura, procure direcionar o diálogo para a história da evolução da mulher na sociedade brasileira e mundial. Faça intervenções quando achar necessário; leve-os a refletir sobre o universo feminino de forma, que eles compreendam a importância de ambos os sexos para o desenvolver harmônico da sociedade.

Aborde com os alunos alguns tópicos de sua escolha dentre eles ressalte:

• Você conhece outras histórias que abordem a temática da mulher na sociedade? • Quais são os escritores ou escritoras que abordam a temática feminina na literatura

brasileira? Professor, provavelmente os alunos não saberão; então use esse momento para inserir novos conhecimentos: apresente Clarice Lispector, Martha Medeiros, Lya Luft, Lygia Fagundes teles, etc. Se possível disponibilize trechos destas autoras e estimule a curiosidade, proporcionando aos alunos o gosto pela pesquisa). Estimule a percepção dos alunos. Mostre que os escritores são pessoas comuns que usam as palavras para expressarem seus pensamentos e que dentro de cada um de nós existe um escritor que basta ser estimulado para que ele exista.Instigue os alunos proporcionando a eles momentos de reflexão sobre:

• Para que serve a literatura? Por que e para que as pessoas escrevem? A literatura é importante?

Nesse momento é importante que o professor ouça as respostas e estimule os alunos a participar desse momento de reflexão, expondo suas ideias.

Page 70: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

70

Prática de leitura

Releia o conto “A moça tecelã”, de Marina Colasanti e reflita sobre as questões abaixo, respondendo-as:

01 Qual a relação entre o título e o assunto do texto?

Possibilidade de resposta: A personagem protagonista era uma garota que tecia. Ela ia tecendo as coisas conforme seus desejos e magicamente a realidade também era alterada. Observava o ambiente, analisava se o que havia criado era bom. Se não gostasse do que havia feito, desmanchava o alinhavado e consequentemente a realidade se modificava também.

02 Por que a protagonista desistiu de haver criado o homem? Você concorda com a ati-tude da moça tecelã?

Possibilidade de resposta: O homem, se revela como sendo materialista e capitalista e descobrindo o poder que o tear possuía, exigia cada vez mais de sua esposa. Bens, riquezas, e nunca se contentava com o que já possuía. Não correspondeu o desejo da esposa, que idealizava uma companhia masculina, ter uma família, e sua criação não correspondeu as expectativas, fator que entristeceu a tecelã, que optou por destruir o império que havia criado, voltando a criar coisas simples que lhe davam prazer. A segunda pergunta é pessoal e deve ser ouvida, professor.

03 Pode-se dizer que o conto estudado é um conto de fadas? Por quê?

Possibilidade de resposta: De uma certa maneira, podemos dizer que o texto de Marina trata-se de um conto de fadas dos dias atuais. O conto A Moça Tecelã é composto por uma narrativa tradicional, de entendimento direto, povoado pelos modelos clássicos de fabulação: castelos, príncipes, encantos e magia. Mas não se limita a isso, pois Marina Colasanti inova quando registra em seu conto a história da mulher e sua busca histórica por uma identidade feminina, refletindo a literatura de uma época atual, visitando o pensamento arcaico e o universo mágico dos contos de fadas.

04 Você notou, no conto, que a personagem feminina revela um novo pensamento com relação aos costumes sociais? Qual? Você concorda com essa nova forma de pensar? Por quê?

Possibilidade de resposta: É uma resposta pessoal, mas espera-se que o discente seja capaz de comparar o comportamento feminino de antigamente: submisso, sem possibilidade de interferir no seu próprio destino, com a forma atual das mulheres que fazem suas próprias escolhas e decidem por seus destinos.

Professor(a), abra um espaço de discussão para que os estudantes socializem a atividade e expressem suas impressões a respeito do conto lido e do assunto suscitado.

Page 71: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

71

Prática de escrita

DESAFIO

Agora, vamos retomar a sua produção textual anterior. Ao relê-la, irá repensá-la, pois durante este percurso surgiram novas ideias. Anote-as em outra folha, reescreva seu conto com as alterações que surgiram. Pode acontecer que, depois do estudo de tantos contos, você queira escrever, agora, sobre outra temática: a mulher, como fez Marina Colassanti em Moça tecelã, o sertanejo, de Nhola dos Anjos, ou de outra minoria socialmente excluída, como o negro, o índio, o homossexual etc. Se isso acontecer, não fique preocupado, pois você estará agindo como os escritores famosos que escrevem, e depois retomam o escrito para fazer novas alterações até que o conto esteja pronto. Mãos à obra!

Professor(a), aqui, a sua mediação é fundamental. Vá de carteira em carteira, converse com cada aluno, dê sugestões sobre o texto. Esta atividade irá permitir que seu aluno veja em você um aliado, alguém em que ele possa confiar para aprimorar suas ideias, sem medo de represálias.

AULA 16

Sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Sistematizar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos literários, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Reformular os textos produzidos com base na reescrita orientada pelo professor, considerando sua finalidade, os possíveis leitores e as características do gênero.

u Caracterizar as personagens no conto literário produzido.

u Identificar e caracterizar o espaço e o tempo no conto literário.

u Utilizar os diferentes níveis de linguagem (coloquial, culta, regionalismo, jargão, gíria) no conto literário, conforme a situação.

u Analisar o emprego de discurso direto e indireto nas narrativas.

u Fazer reformulações que assegurem, também, as características próprias dos contos literários.

u Refletir sobre o emprego das flexões verbais.

Page 72: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

72

Conceito

Um bom texto vem de um rascunho e passa por sucessivas versões em que será aperfeiçoado até chegar ao produto final. Desse modo, é muito importante que os estudantes tenham uma atitude crítica em relação à sua própria produção de textos. Com a atividade de reescrita o professor fornece marcas no texto que levam o estudante a observar o que deve ser melhorado em seu texto.

Prática de oralidade

Professor(a),chegou o momento, de os alunos reescreverem o conto que foi produzido ao longo dessas aulas. Para tanto, faça alguns questionamentos aos estudantes:

• O que você achou do nosso estudo sobre contos? • Esse nosso estudo ajudou você a produzir seu conto?• Você gostou do conto que escreveu? Você acha que precisa melhorá-lo.

Prática de leitura

Professor(a), nesse momento escolha um conto produzido por um dos alunos e faça uma leitura para a classe. Não precisa divulgar o nome desse aluno. Posteriormente, você retomará as características que foram estudadas e juntamente com os alunos observará se elas se fazem presentes no texto lido. Paralelamente a essa análise, peça aos alunos que observem em seus próprios contos as características discutidas e analisadas. Para proceder a essa análise, escreva esses questionamentos na lousa.

01 Os elementos da narrativa, enredo, tempo conflito, clímax, desfecho, personagens, verossimilhança e narrador estão presentes neste texto?

02 Os tempos verbais estão bem definidos?

03 Você utilizou figuras de linguagem?

04 Na narrativa há a presença do discurso direto, indireto e indireto livre?

Prática de escrita

DESAFIO

Retome mais uma vez a sua produção e observe se as características do conto estudadas e discutidas se fazem presentes em seu conto. Aprimore as características que você considerar que não foram bem empregadas em seu texto.

Page 73: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

73

EditorialProfessor(a), para o trabalho com o gênero Editorial, faça um cartaz bem bonito de boas vindas, e ambiente a sala de aula de modo que os estudantes tenham acesso ao gênero. Crie um ambiente propício à leitura com tapetes, esteiras, almofadas. Envolva todos no trabalho, cada um contribui com o que pode e todos são capazes de ajudar.

Disponha as carteiras em círculo e, no centro, coloque vários jornais e revistas. Diga aos estudantes que durante o trabalho com editoriais eles terão bons e variados momentos de leitura. Peça-lhes que procurem nos jornais e revistas editoriais que lhes chamem a atenção e que os instiguem a ler, dando-lhes tempo para que isto aconteça. Após a leitura, oportunize um tempo para que os estudantes socializem as análises dos editoriais lidos.

É importante que todos os estudantes sejam incentivados a pesquisar e ler, em casa, outros editoriais, para que possam se familiarizar mais e melhor com esse gênero textual.

AULA 17

Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Tomar contato com o editorial e outros textos de opinião.

u Discutir sobre a finalidade dos editoriais e demais textos de opinião de diferentes jornais e revistas.

u Ler com fluência e autonomia construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Produzir a primeira escrita de um Editorial.

Page 74: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

74

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar o trabalho com os gêneros textuais, converse com os estudantes sobre a aprendizagem construída a partir do estudo dos gêneros trabalhados até o momento e apresente-lhes o segundo gênero a ser estudado no bimestre, bem como os objetivos deste estudo. Inicie a aula com uma conversa sobre a importância da leitura, diga aos estudantes que ler é se apropriar de novos conhecimentos; pergunte-lhes se costumam ler jornais e revistas, o que eles acham mais interessante, ou o que mais gostam de ler nestes portadores de textos. Questione - os se costumam ler as seções destes portadores textuais onde aparecem os textos de opinião: do leitor, de articulistas e do jornal.

• Qual a importância da leitura para você?• Você costuma ler jornais e revistas?• Quais são as seções destes portadores que você mais gosta de ler?• Costumam ler as seções de opinião?

Conceito

Os Editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação.

Prática de leitura

Leia os três textos abaixo, observando as semelhanças e diferenças entre os mesmos e, em seguida, responda às questões que seguem:

Professor(a), divida a turma em pequenos grupos, distribua-lhes os 3 textos abaixo e peça-lhes que os leiam observando as semelhanças e diferenças entre os mesmos. Após a leitura, proponha-lhes as questões abaixo para ajudá-los a desenvolver habilidades como: identificar a finalidade do texto, comparar os textos e distinguir fato de opinião etc.

Texto 1

Injusta desvantagem

O Popular, sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Não se pode pôr em dúvida o progresso político e profissional das mulheres

no País e em Goiás. Elas eram discriminadas no processo eleitoral durante os

primeiros tempos da República, quando não podiam votar e muito menos ser

votadas. Só em meados da década de 1930 surgiram as primeiras eleitoras. E só

recentemente deixaram o fundo do palco para ocupar lugares no proscênio. Uma

mulher é hoje presidente da República.

Page 75: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

75

Não existiam no começo do século passado mulheres profissionais da

medicina, medicina veterinária e engenharia, entre outras profissões de nível

superior. Hoje elas estão em todas as áreas do mercado de trabalho, mas ainda

lhes falta romper uma barreira: trabalham mais e ganham menos do que os

homens.

A Síntese Indicadores Sociais (SIS), que acaba de ser divulgada pelo Insti-

tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que em 2011 as mulheres

brasileiras ganhavam em média R$ 1.020,31, o equivalente a 67,8% do rendimen-

to dos homens, que era de R$ 1.505,08. E a jornada de trabalho, considerando

também os afazeres domésticos, era 2,4 vezes maior do que a de trabalhadores

do sexo masculino.

A desvantagem é muito grande e totalmente injusta, tornando imperiosa

a necessidade de correção dessa distorção discriminatória. Cabe pressionar no

sentido de que esta anomalia desapareça do mercado de trabalho.

Texto 2

Texto finalista da Olimpíada de Língua Portuguesa, edição 2010.

Caldas Novas que os turistas não veem

Aluna: Bianca Souza Soares

“Bem-vindos à maior estância hidrotermal do mundo.” Com essa frase o

turista é saudado quando chega a Caldas Novas, no sul do Estado de Goiás. As

belezas naturais e principalmente as águas quentes que brotam de dois aquíferos

Paranoá e Araxá, a uma temperatura que varia de 37° a 57° transformaram essa

pequena cidade em um dos maiores polos turísticos do Brasil. Assim, o turismo

se tornou a base do desenvolvimento e da economia local.

Foi nele que milhares de caldenses viram a oportunidade de melhorar a

qualidade de vida, trabalharam para isso – e trabalharam muito! Porém, vivem

hoje uma injusta realidade. Os olhos que se deslumbram com os belos parques

aquáticos em centenas de outdoors pela cidade não veem bairros da periferia

sem ruas asfaltadas, nem mesmo água tratada e rede de esgoto, pois a maior

parte do capital gerado pelo turismo não se transforma em infraestrutura para

a população, mas em novas atrações para os turistas. Por causa desse caráter

contraditório, já que desenvolve a economia do município, mas não beneficia a

todos, há um conflito de opiniões entre os que aprovam e os que desaprovam

a atividade. Desse modo, faz-se a seguinte pergunta: “O que é mais importante,

Page 76: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

76

a alta na economia que se dá pelo empreendimento turístico ou a organização

social?”.

As opiniões favoráveis ao turismo são em geral dos grandes empresários,

donos de hotéis e resorts, além dos comerciantes, ou seja, os que recebem

diretamente o lucro deixado pelos visitantes do mundo inteiro. Alegam que o

turismo faz a cidade crescer e ainda gera empregos. Isso é mesmo inegável, porém

a mão de obra por ser abundante é desvalorizada e a carga horária muitas vezes

extrapola a normalidade. “As águas quentes são para Caldas Novas o que as praias

são para o litoral: essencial!”, diz Ricardo Pureza, gerente de marketing e vendas

dos Jardins da Lagoa, ligado a um dos clubes mais tradicionais da cidade. Todavia,

acredito que mais importantes que as águas termais da cidade são as pessoas que

nela vivem e fazem sua economia girar.

Assim como eu, parte da população se mostra contrária, uma vez que a

satisfação do turista é colocada em primeiro plano, esquecendo-se dos residentes

locais, que em época de alta temporada são submetidos a dias sem água encanada

já que ela é direcionada a hotéis e clubes, que segundo o portal Caldas Web,

recebem anualmente cerca de 1,5 milhão de pessoas.

É bem verdade que o turismo movimenta economicamente a cidade, o

problema está nas inúmeras consequências maléficas que o mesmo gera, como

por exemplo, o espantoso crescimento demográfico. Em 1991 havia 24.000

habitantes, hoje esse número aumentou para aproximadamente 70.000, o que

resultou num agravante de proporção nacional o crescimento desordenado.

Notam-se loteamentos irregulares, casas e hotéis em áreas de preservação

ambiental e próximos ao aterro sanitário.

É perceptível que os empresários e as autoridades locais se preocupam

apenas com os investimentos lucrativos que o turismo pode propiciar e

menosprezam necessidades básicas da população, como o saneamento básico

(apenas 25% do esgoto é coletado), a saúde e a educação.

E se política é a arte de governar nossos “artistas” estão um tanto quanto

omissos a respeito de suas obras, porque está claro que assim como cresce o

número de visitantes que a cidade recebe, também os problemas administrativos

têm aumentado assustadoramente por conta da atividade turística, com uma

analogia simplória explica-se a necessidade dos caldaenses: “Não dá para receber

visitas com a casa desarrumada e o dono insatisfeito”.

Não sou contra o turismo, mas sim como ele é desenvolvido particularmente

em Caldas Novas, beneficiando as pessoas de fora em detrimento dos moradores

locais; além disso é perigoso para a cidade ser tão dependente de apenas um

Page 77: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

77

segmento econômico, pois se, por algum motivo (assim como o surto de dengue

de 2008), os turistas optarem por outro destino todos serão fortemente atingidos.

Assim a diversificação econômica é necessária.

Portanto, o capital proporcionado pelo turismo é importante, entretanto

tenho plena convicção de que as necessidades básicas, os valores éticos e a dignidade

da comunidade são mais importantes, como também uma administração

consciente e preparada para usar os mecanismos de que necessitamos para

desfrutarmos das tão apreciadas águas quentes com responsabilidade e justiça.

“Logo, o dono da casa estará feliz em receber visitas e as esperará mais vezes”.

Professora: Vandelina Lima Soares

Escola: C. E. J. A. Filostro Machado Carneiro • Cidade: Caldas Novas – GO

Texto 3

Brasil sem educação

Carlos Henrique de Freitas

Quero chamar a atenção não para o Brasil sem escolaridade, mas sim, para

o Brasil sem educação. No nosso cotidiano medíocre e bucólico, vemos quanto

somos sem educação, seja como pedestres, ciclistas ou motoristas, seja como,

consumidores, vendedores, empresários ou políticos.

Somos reféns não da marginalidade, mas sim da impunidade, dos

desmandos, da corrupção, da malandragem, da nossa falta de educação. Nos

preocupamos em salvar o mundo, pra que? Se continuarmos vivendo como

predadores de nós mesmos, não precisaremos deste mundo para vivermos.

Estamos em guerra civil, os noticiários só estampam crimes e mortes. As

crianças e jovens só pensam em jogos violentos, reproduzem no ambiente escolar

e crescem com ódio um dos outros. MMA – Mixede Martial Arts – não é um

esporte, é uma rinha de galos de briga, pagos pela máquina global, incentivando

a violência, onde o todo poderoso do esporte, fala com maestria sobre golpes de

seus lutadores favoritos.

Enquanto, a miséria humana for o alimento dos inescrupulosos, estaremos

fadados ao fracasso humano. A popularização e a manifestação da desgraça

alheia é o que move este moinho de flagelos humanos.

As drogas, a saúde, a educação e segurança não são assuntos nas pautas

ministeriais. O que vimos e o que vendemos é que: iremos sediar a copa e as

olimpíadas e que devemos ser receptivos aos yanks e gringos, como foram nossos

irmãos africanos.

Page 78: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

78

E nossa miséria continuará norteando estes acontecimentos. Somente

quando todo e qualquer brasileiro for digno de seus atos, teremos um povo

educado e uma nação verdadeiramente forte. Meus Sentimentos.

http://www.imprensalivre.com/novosite/cartas/65

01 Os textos lidos têm intenção de formar opinião?

Possibilidade de resposta: Sim, pois apresentam um breve resumo sobre o assunto tratado, uma opinião a ser defendida, argumentos convincentes e reforço da posição e opinião adotadas, alguns são assinados por leitores ou articulistas, e outros, por trazerem a opinião do jornal ou da revista, não são assinados.

02 Todos os textos estão assinados?

Possibilidade de resposta: Não, somente o Artigo de Opinião, elaborado pela aluna/articulista Bianca Souza Soares e a Carta do leitor, escrita pelo leitor Carlos Henrique de Freitas.

03 Qual deles traz a opinião do jornal ou revista?

Possibilidade de resposta: O Editorial: Injusta desvantagem. As primeiras páginas de um jornal ou revista são reservadas à publicação de um texto de autoria do editor destes, que expressa a sua e a opinião da empresa.

04 Em poucas palavras, apresente o assunto de um texto de opinião, que você leu em momentos anteriores e que lhe chamou a atenção.

Resposta pessoal

Professor(a), peça aos grupos que socializem as atividades realizadas. Oriente os estudantes a refletir sobre os diversos aspectos propostos, voltando aos textos para confirmar ou refutar suas hipóteses. Sistematize as conclusões deste trabalho no quadro e peça que os estudantes façam o mesmo nos cadernos. É fundamental, professor(a), que os estudantes identifiquem o Editorial, em seus portadores usuais – o jornal e a revista.

Prática de escrita

DESAFIO

Caro(a) estudante, imagine-se um redator de editoriais de um jornal de circulação do seu município e, com base nas leituras e atividades realizadas até o momento, elabore seu primeiro editorial.

A ideia, aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e o que precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, é fundamental que você leia esses primeiros textos e faça anotações para o trabalho de reescrita.

Page 79: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

79

AULA 18

Identificação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Identificar as características e os elementos do gênero em estudo.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, retome com a classes os textos trabalhados na Aula 01 e, em seguida, peça que a turma releia o editorial. Após a leitura, comente as ideias e opiniões do texto, focando a conversa sobre a situação de produção deste gênero textual:

1. Quem escreveu o texto?

2. Em nome de quem?

3. Sobre o que escreveu?

4. Com que finalidade?

5. Quem é o público leitor?

6. Onde o texto foi publicado?

Conceito

O gênero escrito pelo editorialista – editorial – tem caráter opinativo, é escrito de maneira impessoal e publicado sem assinatura. A redação do editorial é de autoria do editor do jornal ou revista, que expressa a sua e a opinião da empresa, com o objetivo de influenciar seus leitores, por meio de uma linguagem um tanto forte e apelativa, sem obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade.

Page 80: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

80

Prática de leitura

Em relação ao Editorial Injusta desvantagem, do jornal O Popular, e tendo por base as características desse gênero, expressas no conceito acima, responda às questões abaixo:

01 Identifique no texto o resumo do assunto que introduz a opinião a ser defendida.Possibilidade de resposta: Não se pode pôr em dúvida o progresso político e profissional das mulheres no País e em Goiás. Elas eram discriminadas no processo eleitoral durante os primeiros tempos da República, quando não podiam votar e muito menos ser votadas. Só em meados da década de 1930 surgiram as primeiras eleitoras.

02 Quais os principais argumentos presentes no texto?Possibilidade de resposta: Uma mulher é hoje presidente da República. Hoje elas estão em todas as áreas do mercado de trabalho, mas ainda lhes falta romper uma barreira: trabalham mais e ganham menos do que os homens.

03 Que fragmento do texto apresenta uma conclusão reforçando a opinião do jornal?Possibilidade de resposta: “A desvantagem é muito grande e totalmente injusta, tornando imperiosa a necessidade de correção dessa distorção discriminatória. Cabe pressionar no sentido de que esta anomalia desapareça do mercado de trabalho.”

04 Argumente sobre a importância do assunto tratado no editorial, Injusta desvantagem.Possibilidade de resposta: É importante que assuntos como esse sejam debatidos pela sociedade. Em relação ao assunto desse editorial, é uma forma de colaborar para a promoção de direitos humanos, como a valorização da mulher.

Professor(a), após essa atividade, é importante reservar um tempo para que a turma possa expor suas conclusões sobre o editorial lido.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome sua produção inicial e confirme se você escreveu um texto que traz um pequeno resumo do assunto a ser tratado, a opinião do jornal sobre um determinado assunto, argumentos convincentes, conclusão reforçando a posição defendida. Agora você terá oportunidade de rever o que escreveu e de fazer as primeiras reformulações no seu editorial, assim como fazem os redatores de jornais e revista, antes de publicarem seus textos.

Este é um bom momento, professor(a) de observar os conhecimentos que a sua turma já possui sobre gênero editorial, portanto medeie esta atividade, percorrendo a sala, orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos textos.

Page 81: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

81

AULA 19

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais e revistas, considerando o destinatário, a finalidade e os espaços de circulação.

u Identificar as características e os elementos do gênero em estudo.

Prática de oralidade

Leia o texto Velha máfia e, a seguir discuta sobre o mesmo, com base nas seguintes questões propostas:

Professor(a), prossiga com a análise dos elementos do editorial, tendo por base o texto Velha máfia, publicado no jornal O Popular, em 02/12//2012. Proponha uma leitura coletiva do texto e, em seguida, continue a atividade, tendo o cuidado de incentivar a participação de todos os estudantes, principalmente daqueles mais tímidos, que quase nunca se manifestam. Provoque uma reflexão sobre a leitura, e peça-lhes que teçam comentários sobre as ideias e opiniões presentes no texto, com base nos seguintes questionamentos:

• O jornal é a favor ou contra a questão polêmica apresentada? • Localize o trecho em que o editor do Jornal se posiciona. • Quais os argumentos (desenvolvimento) que sustentam a sua tese? • Em que trecho do texto o editor reforça a posição pelo Jornal (conclusão)?

Page 82: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

82

Conceito

Argumento é um conjunto de justificativas utilizadas para se defender a tese apresentada na introdução de um texto argumentativo, e retomada como reforço, na sua conclusão desse texto.

Velha máfia

O Popular, domingo, 02 de dezembro de 2012

Reportagem publicada ontem neste jornal revela que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) cancelou a emissão de 1,2 mil unidades da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que iriam ser liberadas mediante processo fraudulento em 18 municípios goianos.

A manipulação da outorga de carteiras de habilitação é prática ilícita bastante antiga em Goiás, fazendo parte de irregularidades que ameaçam gra-vemente a segurança no trânsito.

A fraude, segundo o Detran, envolve centros de formação de condutores, chamados também de autoescola, o que em hipótese alguma pode continuar sendo tolerado. Deve-se mencionar também que os candidatos à habilitação que aceitam este esquema fraudulento são também mal-intencionados e igualmente culpados.

A descoberta dessa grande e recente fraude deveria ser aproveitada para a tomada de medidas duras de combate a irregularidades na concessão de carteiras de habilitação em Goiás, este mal antigo que vinha sendo tolerado por causa de também antigas omissões. A existência de verdadeiras gangues agindo e corrompendo tem de se tornar finalmente uma página virada na história da concessão de licenciamento para dirigir.

Quem quiser tirar a carteira tem de jogar limpo e se enquadrar nas normas que os corretos observam. Caso contrário, a violência já elevada no trânsito continuará a se agravar.

http://www.opopular.com.br/indice-de-noticias/%C3%ADndice-de-not%C3%ADcias-7.218533?filterByDate=true&pbdate =20121102&inputTemplate=&subject=&externalSiteIds=opopular.opiniao.d

Prática de leitura

Releia o texto Velha máfia e, a seguir, responda às questões propostas.

Professor(a), proponha aos estudantes que releiam, silenciosamente, o texto Velha máfia e, em seguida, explique-lhes que farão uma atividade coletiva tendo como base esse texto. Para isso, transcreva as questões abaixo em um cartaz bem grande, e vá conduzindo a atividade, de modo que os estudantes localizem os trechos/parágrafos no editorial em estudo.

Page 83: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

83

01 Resumo do assunto e posicionamento do jornal (tese):

Possibilidade de resposta: “o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) cancelou a emissão de 1,2 mil unidades da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que iriam ser liberadas mediante processo fraudulento em 18 municípios goianos.” O jornal se coloca favorável ao fato. (1º parágrafo).

02 Apresentação dos argumentos que sustentam a tese (desenvolvimento): A manipula-ção da outorga de carteiras de habilitação é prática ilícita bastante antiga em Goiás, fazendo parte de irregularidades que ameaçam gravemente a segurança no trânsito. (2° parágrafo).

A fraude, segundo o Detran, envolve centros de formação de condutores, chamados também de autoescola, o que em hipótese alguma pode continuar sendo tolerado. (3º parágrafo).“(...) candidatos à habilitação que aceitam este esquema fraudulento são também mal-intencionados e igualmente culpados.” (3º parágrafo).“A descoberta dessa grande e recente fraude deveria ser aproveitada para a tomada de medidas duras de combate a irregularidades na concessão de carteiras de habilitação em Goiás... A existência de verdadeiras gangues agindo e corrompendo tem de se tornar finalmente uma página virada na história da concessão de licenciamento para dirigir.” (4º parágrafo).

03 Reforço da posição assumida pelo jornal (conclusão):

Possibilidade de resposta: Quem quiser tirar a carteira tem de jogar limpo e se enquadrar nas normas que os corretos observam. Caso contrário, a violência já elevada no trânsito continuará a se agravar. (5º parágrafo).

04 Apresente sua opinião sobre o assunto tratado no editorial, Velha máfia.

Resposta pessoal

Professor(a), registre as respostas num cartaz e o afixe na sala, em lugar visível, para que os estudantes possam recorrer a ele durante o trabalho com os demais editoriais.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome novamente o seu texto e observe se ele está organizado, de acordo com os três elementos trabalhados anteriormente: apresentação da tese, desenvolvimento/argumentação e conclusão. Caso esses elementos não estejam bem definidos no seu texto, este é o momento de aprimorar a sua escrita. Vamos lá?

Professor(a), oriente esta atividade, percorrendo a sala e auxiliando a reescrita individual dos textos. Chame a atenção da turma para o fato de que a organização do texto pode ser variável, desde que considerem os elementos do gênero.

Page 84: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

84

AULA 20

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

Prática de oralidade

Até agora você leu dois editoriais e pôde expressar sua opinião sobre o assunto tratado neles. Converse com seus colegas sobre as impressões que tiveram ao lerem esses textos de opinião, publicados em jornais e revistas.

Professor(a), divida a turma em duplas, peça-lhes que discutam sobre os editoriais lidos até o momento. Para embasar a discussão oriente-os que retomem os elementos trabalhados nas aulas anteriores. Percorra os grupos para observar os comentários e as opiniões dos alunos e ajudá-los na reflexão sobre os recursos utilizados pelos redatores.Em seguida, apresente-lhes o editorial Estagnação Social, publicado em O Popular, no dia 06/12, utilizando as estratégia de antecipação e inferência. Aqui seria interessante estabelecer uma parceria com os(as) professores(as) de História e Geografia para o aprofundamento desses conceitos.

• Você conhece o significado dos termos estagnação, desenvolvimento econômico e progresso social?

• Em que contexto ouviram ou leram estas expressões?• Em caso negativo, o que acha que estes termos sugerem?

Page 85: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

85

Conceito

O argumento é uma construção verbal – quer seja na modalidade oral, quer seja, na modalidade escrita da língua – cuja finalidade precípua é a persuasão do auditório (interlocutor, ouvinte, leitor, telespectador etc.) a respeito de uma tese, para sustentá-la.

Estagnação social

O popular, quinta-feira, 06 de dezembro de 2012.

Goiás teve uma década de significativo desenvolvimento econômico, como demonstram os indicativos deste setor, mas este avanço não foi acompanhado de progresso social. O Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM), medido por pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, ficou infelizmente estagnado no período.

Composto pelos quesitos habitação, saúde, segurança, renda, trabalho e educação, o indicador registra pequeno avanço em renda, trabalho e educação, e piora quanto aos itens saúde, habitação e segurança.

Pode-se assim dizer que se passou uma década sem verdadeiro progresso social no Estado, uma incoerência, considerando que a economia cresceu bastante e isto deve ter resultado também na criação de mais empregos.

Não se pode dizer que se trata de um enigma, pois os números são bastante claros. Falta, portanto investimento no social, desafio que deve ser olhado pelo setor público como compromisso para os próximos anos.

A falta de avanço em educação é muito lamentável e exige que esta área conquiste finalmente a condição de prioridade tão proclamada no discurso mas, como se vê, não praticada realmente. O setor de saúde precisa ser também colocado no topo das preocupações. A segurança pública mostra situação verdadeiramente calamitosa, com sucessivos recordes de homicídios, assaltos e roubos.

http://www.opopular.com.br/editorias/opiniao/editorial1.145048/

estagna%C3%A7%C3%A3o-social-1.242884

Prática de leitura

Leia o texto Estagnação Social para confirmar as hupóteses levantadas na prática de oralidade e, a seguir, responda às questões propostas:

01 Resumo do assunto e posicionamento do jornal (tese):

Possibilidade de resposta: Goiás teve uma década de significativo desenvolvimento econômico, como demonstram os indicativos deste setor, mas este avanço não foi acompanhado de progresso social.

Page 86: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

86

02 Apresentação dos argumentos que sustentam a tese (desenvolvimento):

Possibilidade de resposta: (...) O desenvolvimento econômico não foi acompanhado pelo progresso social, no que concerne à habitação, saúde, segurança, renda, trabalho e educação. Estagnação social do Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM), no mesmo período. (1° e 2º parágrafos).Tal constatação configura-se como uma incoerência, visto que mais empregos poderiam ter sido gerados, por exemplo. (3º parágrafo).Falta, portanto investimento no social, desafio que deve ser olhado pelo setor público como compromisso para os próximos anos. (4º parágrafo).Educação, saúde e segurança pública deveriam ser prioridade no governo.

03 Reforço da posição assumida pelo jornal (conclusão):

Os exemplos no 5º parágrafo, pois estes reforçam a tese de que não houve consonância entre o desenvolvimento econômico e o progresso social, desenvolvida no 1º parágrafo.

Prática de escrita

DESAFIO

Apresente sua opinião sobre a temática retratada em Estagnação social. Como poderíamos aliar desenvolvimento econômico e progresso social? Procure influenciar os leitores, utilizando uma linguagem apelativa.

Professor(a), instigue os alunos a se manifestarem sobre a temática retratada no texto. Neste momento, promova discussões quanto à situação da Educação pública, em relação à própria instituição de ensino em que trabalha, sobre a questão da saúde, bem como da segurança pública, primeiramente no bairro onde a escola estiver localizada e, posteriormente, na cidade e no Estado, visto que este é o assunto tratado no texto.

AULA 21

Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero Objetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Page 87: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

87

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Reescrever o editorial definindo a tese, os argumentos, bem como a conclusão na elaboração do texto.

u Estabelecer relações entre o gênero textual notícia e o gênero textual editorial, por meio de suas semelhanças e diferenças.

Prática de oralidade

Ao ler editoriais, você percebeu que ele é um texto opinativo. Percebeu a importância da tese, bem como dos argumentos que a fundamentam e a concluem. Nos anos anteriores, você estudou o gênero notícias e os elementos que a caracterizam. Então já é capaz de identificar as semelhanças e diferenças entre estes gêneros:

• O que caracteriza o editorial?• O que caracteriza a notícia?• Onde circula estes textos?• Que diferenças e semelhanças há entre eles?

Professor(a), neste momento é importante enfatizar as diferenças e semelhanças entre os dois gêneros textuais trabalhados. Portanto, instigue os estudantes a falar e socializar os conhecimentos, bem como suas dúvidas, pois é desta maneira que a aprendizagem ocorre.

Conceito

Editorial é um texto utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por objetivo informar, mas sem obrigação de ser neutro, indiferente. Assim, podemos dizer que o editorial é um texto mais opinativo do que informativo.

Notícia é um texto informativo de interesse público, que narra um fato recente ocorrido no país ou no mundo, e cujo conteúdo é constituído por um tema político, econômico, social, cultural etc.

Prática de leitura

Leia atentamente a notícia abaixo, extraída do jornal Diário da Manhã, 07 de dezembro de 2012 e, em seguida, realize as atividades propostas:

Page 88: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

88

Advogado bêbado atropela duas pessoas e tem prisão decretada

Mariana Magre

O advogado Gustavo Andrade Zago atropelou duas pessoas, atingiu três

motocicletas e um carro estacionado, na madrugada de ontem, em Goiânia. 

Por volta das 2h da manhã, Gustavo, que dirigia uma caminhonete Amarok

4x4 com placa de Rio Verde-GO, pela Avenida Pedro Ludovico, no Setor Sudoeste,

perdeu o controle do veículo e acabou subindo em cima da calçada. Além da

colisão com outros automóveis, o veículo atropelou duas pessoas, Francisco

Júnior Costa Martins e Ariel da Silva Pacheco, que estavam em frente a um pit

dog.  As vítimas foram socorridas pela equipe do Samu. 

A polícia informou que o advogado estava aparentemente embriagado,

tonto e dizendo palavras de difícil entendimento. Gustavo Andrade Zago

se recusou a realizar o teste do bafômetro. Ele foi levado ao Instituto Médico

Legal (IML), onde submeteu-se ao exame de corpo de delito e toxicológico para

verificar embriaguez. 

O auto de prisão em flagrante foi lavrado na Delegacia Especializada em

Crimes de Acidentes de Trânsito (DICT) e encaminhado à 1ª Vara Criminal, que

efetuou a conversão da prisão. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara converteu a

prisão em flagrante para prisão preventiva, por tentativa de homicídio por dolo

eventual, em que o autor, mesmo sem querer efetivamente o resultado, assume

o risco de produzi-lo.

Diário da Manhã 7/12/2012 às 23h01, última atualização: 9/12/2012 às 15h4. Disponível em: <http://www.dm.com.br/texto/78368-advogado-babado-atropela-

duas-pessoas-e-tem-prisao-decretada> Acesso em dezembro 2012.

Professor(a), recomenda-se que os estudantes realizem silenciosamente a primeira leitura. Em seguida, faça mais uma leitura do texto em conjunto. Estimule o debate sobre álcool e trânsito. Ouça as opiniões dos alunos e medeie o debate.

01 Qual é a temática retratada na notícia?Possibilidade de resposta: Combinação - Álcool e direção.

02 Que fato deu origem à notícia lida? Possibilidade de resposta: O atropelamento de duas pessoas que estavam em frente a um pit dog por um advogado bêbado.

03 A opinião do autor está presente no texto? Por quê? Possibilidade de resposta: Não. São retratados apenas os fatos ocorridos, porque a notícia é um texto informativo e não opinativo.

Page 89: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

89

04 Apesar das incessantes campanhas de prevenção veiculadas nos meios de comuni-cação, os índices de acidentes no trânsito causados pelo consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade difícil de ser combatida. Qual é a sua opinião sobre a temática retratada na notícia? O que deveria ser feito para evitar acidentes e mortes no trânsito?

Resposta pessoal.

Professor(a), reflita com os estudantes a relevância do tema da notícia, instigue o senso crítico da turma, estimulando o debate diante da temática apresentada.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome seu editorial e observe se nele predomina o tom opinativo. Releia-o, tendo o cuidado de distinguir os fatos, a tese, a opinião, os argumentos e o reforço da tese na conclusão.

AULA 22

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Desenvolver a argumentação oral e escrita

u Refletir sobre o emprego dos elementos articuladores na elaboração de argumentos

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Page 90: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

90

Prática de oralidade

Retome os jornais e revistas que estão expostos na sala de aula e escolha uma notícia para ler e discutir com os colegas.

Professor(a), peça aos estudantes que retomem as revistas e os jornais de circulação nacional e local, expostas no centro da sala de aula, escolham uma notícia que mais os interessam, ou que considerem mais polêmica e façam uma leitura silenciosa – afinal os editoriais se referem às notícias e reportagens do dia.Depois da leitura, proponha-lhes que discutam entre si (em pequenos grupos) sobre a notícia escolhida. Proceda a uma socialização a fim de que a turma conheça os assuntos discutidos em todos os grupos. Em seguida, proponha que elejam uma notícia, a mais interessante, para organizarem um debate bem legal sobre ela. Divida a turma em dois grupos e peça-lhes que elaborem argumentos favoráveis e contrários para defenderem a sua posição. Finalmente proponha o debate: os estudantes devem se manifestar a respeito da questão eleita, posicionando-se em relação a ela com argumentos coerentes e convincentes, que comprovem e/ou reforcem seu posicionamento. É importante que esses argumentos sejam anotados, de preferência em cartazes, e que fiquem à disposição da turma no momento da escrita do texto. Isso pode ser feito por você ou por um estudante voluntário.

Leve-os a refletir sobre:

• a relevância dos assuntos presentes na notícia discutida;• a importância do debate para a escrita de um editorial;• os argumentos que comprovam e/ou reforçam o posicionamento do redator;• o aspecto mais opinativo do que informativo do editorial.

Conceito

A finalidade da notícia é apenas informar o leitor sobre os fatos, enquanto o editorial também opina sobre os mesmos, contribuindo, assim, para formar opiniões dos leitores.

Prática de leitura

Notícia escolhida e discutida, é hora de registrar a sua conclusão, para isso, você poderá se embasar nas seguintes questões:

01 Qual é o assunto tratado na notícia eleita?

02 O que você acha desse assunto?

03 Quais outros temas podem ser discutidos com base nessa notícia?

04 Escolha um desses temas que você considera bom para um editorial e justifique sua escolha.

Page 91: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

91

Professor(a), esta é uma ótima oportunidade para você observar e registrar o desempenho dos estudantes em relação à argumentação, por meio da prática da oralidade (fala e escuta). Caso na sua turma haja pessoas com deficiência auditiva, explore diferentes linguagens como gestos, expressões, mímicas etc, respeitando, assim, o direito de todos e considerando as diferenças da sala de aula.

Prática de escrita

DESAFIO

Mais uma vez, retome seu texto e observe se os argumentos que você utilizou são coerentes e convincentes, comprovam e/ou reforçam seu posicionamento e correspondem ao assunto tratado.

AULA 23

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Desenvolver a argumentação oral e escrita

u Refletir sobre o emprego dos elementos articuladores na elaboração de argumentos

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Professor(a), inicie esta aula, pedindo que os estudantes socializem os conhecimentos construídos até o momento. Divida a turma em pequenos grupos para que eles possam conversar sobre os seus editoriais.

Reúna com dois ou três colegas e, depois de ler suas produções, converse sobre o assunto e argumentos que reforçam a posição assumida, presentes nos textos. Escute o que eles têm

Page 92: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

92

a lhe dizer sobre o que você criou, mas também dê a sua opinião sobre o que foi construído pelos seus colegas.

Conceito

O editorial possui um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a interpretação do que aconteceu.

Prática de leitura

Leia o editorial e perguntas abaixo com atenção, e responda-as, em seu caderno, tendo como base o conceito de editorial acima.

Cuidar dos médicos

É preocupante o resultado do exame de proficiência aplicado pelo conselho

paulista de médicos aos alunos que se formam neste ano nas faculdades de

medicina do Estado de São Paulo.

Nada menos que 54,5% dos futuros profissionais formados no Estado

mais rico do país não acertaram nem 60% das 120 questões. São alunos que não

dominam o conteúdo básico necessário para cuidar da saúde da população e,

por isso, foram reprovados pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do

Estado de São Paulo).

A constatação da inépcia de mais da metade dos formandos já seria

razão suficiente para inquietação quanto à qualidade dos cursos de medicina. A

situação, porém, é ainda mais perturbadora: a reprovação no teste não impede o

exercício da profissão.

Longe de serem um caso à parte, os resultados deste ano apenas repetem

um padrão assustador. Desde 2005, quando o exame foi aplicado pela primeira

vez, o desempenho dos alunos tem sido pífio. Em 2008, por exemplo, o índice de

reprovação chegou a 61%.

Apesar do histórico negativo, o médico Bráulio Luna Filho, coordenador do

exame do Cremesp, contava com cerca de 70% de aprovação. Segundo ele, países

como Canadá e Estados Unidos têm, em média, taxa de 95% de aprovação.

Talvez o coordenador do Cremesp imaginasse que o resultado de 2012 seria

melhor porque, pela primeira vez, fazer a prova foi pré-requisito para o registro

profissional. Antes, faculdades de prestígio, como USP e Unicamp, boicotavam a

avaliação. Enquanto 418 alunos fizeram o teste em 2011, agora foram quase 2.500.

Ainda que sejam pertinentes algumas críticas ao exame -em vez de se

restringir a questões teóricas, deveria medir também a aptidão prática-, sua

Page 93: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

93

aplicação a todos os formandos permite um diagnóstico mais preciso sobre os

cursos de medicina no Estado.

A formação dos médicos, não há como fugir à conclusão, é precária. Permitir

que tais profissionais ingressem no mercado de trabalho é uma temeridade. Na

medicina, o desconhecimento técnico pode ter consequências funestas.

O que está em jogo não é o interesse de proprietários de faculdades, mas

a segurança e a saúde dos pacientes. Passou da hora de o Congresso aprovar um

exame de habilitação para a medicina. Não faz sentido permitir que a população

fique nas mãos de médicos que não têm o conhecimento mínimo necessário.

Folha de S. Paulo, 10 de dezembro de 2012

01 Qual é o fato presente nesse editorial?Possibilidade de resposta: O resultado do exame de proficiência aplicado pelo conselho paulista de médicos aos alunos que se formam neste ano nas faculdades de medicina do Estado de São Paulo.

02 O que esse fato está informando?Possibilidade de resposta: Nada menos que 54,5% dos futuros profissionais formados no Estado mais rico do país não acertaram nem 60% das 120 questões. São alunos que não dominam o conteúdo básico necessário para cuidar da saúde da população e, por isso, foram reprovados pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

03 Qual é a opinião presente nesse editorial?Possibilidade de resposta: A formação dos médicos, não há como fugir à conclusão, é precária. Permitir que tais profissionais ingressem no mercado de trabalho é uma temeridade.

04 Que interpretações ela (a opinião) transmite do que aconteceu?Possibilidade de resposta: Na medicina, o desconhecimento técnico pode ter consequências funestas.O que está em jogo não é o interesse de proprietários de faculdades, mas a segurança e a saúde dos pacientes. Passou da hora de o Congresso aprovar um exame de habilitação para a medicina. Não faz sentido permitir que a população fique nas mãos de médicos que não têm o conhecimento mínimo necessário.

Prática de escrita

DESAFIO

Volte ao seu texto novamente, releia-o e verifique se o fato (o que está sendo informado) e a opinião (as interpretações) estão bem delimitados. Caso perceba alguma deficiência, faça as alterações necessárias, para isso recorra às aulas anteriores e discuta com seus colegas e professor.

Page 94: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

94

AULA 24

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Analisar o emprego dos elementos articuladores no editorial.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

Prática de oralidade

Leia o texto Exemplo de honestidade, da forma como se apresenta e, em seguida, socialize suas impressões, coletivamente:

• Como foi ler o texto incompleto, sem as palavras e expressões retiradas?• Da forma como está o texto tem uma unidade de sentido?• Durante a leitura, você procurou inserir os termos que estavam faltando?

Professor(a), a atividade pode ser realizada em duplas. É importante que o aluno perceba que a ausência dos elementos articuladores faz com que o texto não tenha unidade, ou seja, coesão e coerência.

Conceito

Coerência: A coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo fatores lógico-semânticos e cognitivos, já que a interpretabilidade do texto depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores. Um texto é coerente quando compatível como conhecimento de mundo do receptor. Observar a coerência é interessante, porque permite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas sim constrói-se na relação emissor-receptor-mundo.

Page 95: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

95

Coesão: É a manifestação linguística da coerência. Provém da forma como as relações lógico-semânticas do texto são expressas na superfície textual. Assim, a coesão de um texto é verificada mediante a análise de seus mecanismos lexicais e gramaticais de construção.

Prática de análise da língua

Releia o texto e complete os espaços em branco, com os termos que estabelecem relação entre os argumentos apresentados e são responsáveis pela coesão e coerência do texto.

Exemplo de honestidade

Políticos não se cansam de dar maus exemplos. Sempre que podem, vários

deles surrupiam o dinheiro público. A coisa anda tão feia que muita gente até se

esquece de que o certo é ser honesto.

Felizmente, nem todo mundo escolhe o caminho errado para se dar bem.

_____, de vez em quando, alguém mostra que é possível ser decente mesmo nas

situações mais difíceis da vida.

Na madrugada de domingo para segunda-feira, um casal de moradores de

rua encontrou uma sacola embaixo de uma árvore.

Ao abri-la, deram com cerca de R$ 20 mil.

O episódio já seria suficiente para chamar a atenção. ________, não é todo

dia que R$ 20 mil ficam dando sopa por aí.

_____ a cena toda era ainda mais interessante.

O casal vive na rua, debaixo de um viaduto no Tatuapé (zona leste de São

Paulo). É óbvio que os dois passam dificuldades.

A grana poderia melhorar muito suas vidas.

_____ eles não ficaram com o dinheiro. Resolveram dar tudo à polícia, que

devolveu a bolada aos seus donos: os proprietários de um restaurante japonês

que havia sido roubado horas antes.

A polícia acha que o dinheiro foi escondido pelos ladrões ________ que

eles próprios buscassem a sacola mais tarde.

Frustrados, os bandidos ameaçaram os dois sem-teto. _________, o Agora

não divulga os nomes de quem devolveu a bolada.

Agradecidos, os donos do restaurante prometeram ajudar o casal. Uma

ajuda mais que merecida.

_________ tenham feito apenas o que é certo, não há dúvida de que são

dois heróis, anônimos como tantos brasileiros.

Page 96: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

96

Comparando o exemplo das ruas com o da política, fica a conclusão:

pessoas honestas como esse casal é que são os verdadeiros representantes do

povo.

Agora São Paulo, 11 de julho de 2012.

Professor(a), depois que os alunos completarem o texto, peça que façam uma leitura silenciosa. Em seguida, faça a correção. Neste momento, é importante estimular a participação dos alunos e decidir quais serão as expressões mais adequadas para o texto e explicar por que certas expressões escolhidas por eles não cabem no contexto. Após a correção, enfatize a importância do uso dos elementos articuladores, bem como a importância de se escolher bem as palavras e/ou expressões utilizadas em um texto, ou seja, é importante organizar o texto escrito.

Resposta: E, Afinal , Mas, Mas, para, Por isso, Ainda que.É possível admitir outras respostas apresentadas, desde que não alterem o contexto.

Em seguida, retome os conceitos de coerência e coesão, fundamentais para a produção textual.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome o seu texto e observe se além de empregar os elementos trabalhados a seguir: apresentação da tese, desenvolvimento/argumentação e conclusão, você o elaborou empregando os termos (elementos articuladores), os quais estabelecem relação entre os fragmentos do texto tornando-o coerente e coeso. Caso esses elementos não estejam bem definidos no seu texto, este é o momento de aprimorar a sua escrita. Observe o uso dos elementos articuladores nos textos lidos. Vamos lá?

AULA 25

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

Page 97: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

97

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Analisar o emprego dos elementos articuladores no editorial.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

u Pesquisar sobre os elementos articulares e conjunções coordenativas.

u Refletir sobre o emprego de conjunções coordenativas como elementos articuladores no editorial.

Prática de oralidade

Em duplas, converse com seus colegas sobre as impressões que tiveram ao lerem o editorial Exemplo de honestidade do jornal Agora. O que caracteriza o texto lido como editorial? Qual é o assunto abordado no texto? Qual foi a tese defendida e quais foram os argumentos utilizados para reforçar a opinião?

Professor(a), oriente os alunos que retomem os elementos trabalhados nas aulas anteriores. Percorra os grupos para observar os comentários e as opiniões dos alunos e ajudá-los na reflexão sobre os recursos utilizados pelos redatores.

Conceito

Conjunções são palavras invariáveis que servem para conectar orações ou dois termos de mesma função sintática, estabelecendo entre eles uma relação de dependência ou de simples coordenação.

Conjunção coordenativa estabelece uma relação de interdependência entre duas orações.

Prática de análise da língua

Pesquise em livros didáticos do 8º ou 9º ano as definições de elementos articuladores, conjunção e conjunções coordenativas.

Professor(a), nesta atividade os alunos pesquisarão sobre os elementos articuladores e conjunções coordenativas. É importante que eles pesquisem os conceitos trabalhados na aula. Não estimule a cópia de resumos do quadro. Leve para a sala de aula livros didáticos do 8º e 9º anos, ou gramáticas da biblioteca. Outra alternativa é utilizar os Ambientes Informatizados para pesquisar.Nesta atividade, o professor deve mediar o ensino-aprendizagem e ensinar aos alunos como se deve fazer pesquisa. O resultado da pesquisa deve ficar no caderno dos alunos.

Page 98: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

98

01 Substitua as expressões que foram inseridas no texto Exemplo de Honestidade por outras semelhantes, que não alterem o sentido.

Possibilidade de resposta: E, de vez em quando: Pode ser substituído por: mas também. Mas a cena toda era ainda mais interessante. Pode ser substituído por: porém, entretanto, no entanto. Por isso, o Agora não divulga os nomes de quem devolveu a bolada. Pode ser substituído por: logo ou portanto.

02 O que são elementos articuladores?

Possibilidade de resposta: Elementos articuladores: São palavras ou expressões que estabelecem relações entre as partes de um texto.

03 O que são conjunções?

Possibilidade de resposta: Conjunções: A palavra “conjunção” provém de “conjunto”. Vejamos a definição do último termo no dicionário Aurélio:Conjunto: adj. 1. Junto simultaneamente. sm. 2 Reunião das partes dum todo.Já o sufixo -ção tem significado de “resultado de uma ação”. Logo, se associarmos as duas definições, temos que: conjunção é a ação de juntar simultaneamente as partes de um todo.

04 Quais são as conjunções coordenativas encontradas no texto?

Mas: Conjunção coordenativa adversativa - Expressa oposição de argumentos.E: Conjunção coordenativa aditiva - Expressa a ideia de acréscimo de argumentos.Por isso: Conjunção coordenativa conclusiva - Expressa a ideia de conclusão.

05 Que outras expressões foram encontradas no texto?

Possibilidade de resposta:Para: PreposiçãoAfinal: Advérbio Ainda que: são relatores que estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão. Servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento.<Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramatica/conjuncao.htm>. Acesso em dezembro 2012.

Professor(a), o objetivo da atividade é ampliar o repertório dos estudantes, no que concerne ao assunto trabalhado, conjunções e elementos articuladores, bem como estimular a constante pesquisa.

DESAFIO

Retome o seu texto e observe o uso das conjunções coordenativas, bem como o uso dos demais elementos articuladores. Lembre-se de que na escrita de textos é fundamental usar estes recursos.

Page 99: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

99

AULA 26

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

Prática de oralidade

Retome o texto Exemplo de honestidade e observe a linguagem utilizada:

• O que a difere da linguagem dos demais editoriais lidos até o momento?• Que expressões deste editorial confirmam peculiaridades no uso da linguagem?• Pela linguagem pode-se identificar a ideologia do jornal e o público leitor?• Qual o nome do jornal? Onde circula?

Prática de leitura

Releia o texto, observando o uso das expressões:

“A coisa anda tão feia”.

“Não é todo dia que R$ 20 mil ficam dando sopa por aí”.

“A grana poderia melhorar muito suas vidas”.

“Resolveram dar tudo à polícia, que devolveu a bolada”.

Page 100: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

100

01 Você já ouviu as expressões em destaque? O que significam?

Possibilidade de resposta: A situação não está favorável.Não é todo dia que R$20 mil estão disponíveis por aí.O dinheiro ou a quantia poderia melhorar muito suas vidas.Resolveram dar tudo à polícia, que devolveu o dinheiro, quantia ou montante

02 Substitua as expressões em destaque por outras com sentido equivalente (linguagem padrão).

03 O editorial é um gênero que, geralmente, prioriza a linguagem padrão. Na sua opi-nião, por que o autor deste editorial utilizou expressões da linguagem coloquial?

Professor(a), este é o momento oportuno para mediar uma reflexão sobre o uso da linguagem padrão e não-padrão em textos escritos. Novamente, promova a inferência das ideias apresentadas

Prática de escrita

DESAFIO

Releia o último parágrafo do texto: “Comparando o exemplo das ruas com o da política, fica a conclusão: pessoas honestas como esse casal é que são os verdadeiros representantes do povo”. Você concorda com essa opinião? Justifique com argumentos bem fundamentados.

AULA 27

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

Page 101: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

101

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

u Refletir sobre o uso da linguagem padrão e não padrão nos editoriais como um recurso utilizado pelo autor.

Prática de oralidade

Conforme você viu na aula anterior, apesar de a linguagem padrão predominar no gênero editorial, alguns editorialistas utilizam a linguagem coloquial, às vezes, como um recurso para se aproximar do leitor.

• O que é linguagem padrão?• Em quais tipos de textos devemos usá-la?• O que é linguagem não-padrão? • Em quais tipos de textos devemos usá-la?• O que seriam as denominadas variações linguísticas?• Como se manifestam na fala? E em um texto?• Em que situações utilizamos a linguagem padrão? E a linguagem coloquial?

Professor(a),é importante que o estudante compreenda a diferença entre linguagem padrão e linguagem coloquial, bem como saiba quando utilizá-las. Assim, neste momento promova a discussão sobre os tipos de linguagem. Também é apropriado trabalhar com o conceito de língua, bem como exemplificar como as variações linguísticas ocorrem.

Conceito

Os conceitos linguagem formal e linguagem informal estão, sobretudo, associados ao contexto social em que a linguagem é produzida. Assim, podemos usar a língua padrão, ou seja, conversar, escrever de acordo com as regras gramaticais, mas o vocabulário pode ser mais formal ou mais informal, de acordo com a nossa necessidade.

Prática de leitura

Leia, atentamente, o texto abaixo, extraído do jornal Agora São Paulo:

Page 102: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

102

Chá de cadeira para a saúde

De tempos em tempos surge uma pesquisa que pergunta às pessoas qual o

principal problema da cidade, do Estado ou do país.

Sempre a área da saúde aparece no alto dessa lista, muitas vezes em

primeiro lugar.

Isso não acontece por acaso. Quem usa o SUS conhece bem a triste

realidade dos hospitais públicos.

Entre os vários problemas, longas filas de espera para conseguir atendimento

são um dos maiores motivos para reclamação.

Não é surpresa, portanto, que quase 50 milhões de brasileiros precisem de

um plano de saúde privado para cuidar de seu bem-estar.

É sempre uma surpresa, porém, descobrir que os beneficiários de alguns

planos também sofrem com a demora para marcar consultas.

O que dizer, então, quando 268 planos de saúde de 37 operadoras descum-

prem os prazos máximos previstos pela legislação para realizar o atendimento?

De acordo com regra válida desde o final do ano passado, as esperas devem

ser de no máximo três dias para exame de laboratório, sete dias para consultas

básicas e 14 para as de médicos especialistas.

O órgão do governo responsável por fiscalizar o setor decidiu punir quem

desobedece esses prazos.

A partir de amanhã, os planos que enrolam ficam proibidos de buscar

novos clientes até que melhorem os serviços. Os atuais associados não serão

prejudicados.

A medida é correta. Mexer no bolso das empresas é um bom jeito de

cobrar mais agilidade.

A saúde do cidadão, no setor público ou no privado, não pode ser tratada

com chá de cadeira.

Disponível em: <http://www.agora.uol.com.br/editorial/

ult10112u1118825.shtml> Acesso em dezembro de 2012.

Sobre a notícia lida, responda:

01 Qual é a temática retratada no texto?

Possibilidade de resposta: A situação ruim da saúde pública brasileira, tanto no setor público, quanto no setor privado.

Page 103: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

103

02 Você concorda com a opinião do jornal? Por quê?

Resposta pessoal

Professor(a), recomenda-se que os estudantes realizem silenciosamente a primeira leitura. Em seguida, faça mais uma leitura do texto em conjunto. Estimule o debate sobre a situação do setor da saúde em nosso país. Ouça as opiniões dos alunos e medeie o debate.

Prática de análise da língua

01 Ao ler o editorial, você deve ter observado o uso de linguagem padrão e não-padrão. Retire dois exemplos de cada tipo de linguagem no texto lido.

Possibilidade de resposta: Linguagem padrão: “Entre os vários problemas, longas filas de espera para conseguir atendimento são um dos maiores motivos para reclamação” (4º parágrafo) e “O que dizer, então, quando 268 planos de saúde de 37 operadoras descumprem os prazos máximos previstos pela legislação para realizar o atendimento?” (7º parágrafo).Linguagem não-padrão: “A partir de amanhã, os planos que enrolam ficam proibidos de buscar novos clientes até que melhorem os serviços” (10º parágrafo) e “A saúde do cidadão, no setor público ou no privado, não pode ser tratada com chá de cadeira” (12º parágrafo).

02 Atente quanto ao uso das expressões:

“Aparece no alto dessa lista”.

“Os planos que enrolam”.

“Mexer no bolso das empresas”.

“Não pode ser tratada com chá de cadeira”.

a) As expressões acima são exemplos de qual tipo de linguagem?

Possibilidade de resposta: Linguagem não-padrão.

b) Você já tinha ouvido essas expressões? Em caso positivo, em quais contextos?

Possibilidade de resposta: Resposta pessoal.

03 No lugar do editorialista, que tipo de linguagem você utilizaria predominantemente em seu texto? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal.

Professor(a), neste momento torna-se pertinente aprofundar os conceitos trabalhados na aula de linguagem padrão e não-padrão. Estabeleça a interação na aula, através da socialização dos conteúdos

Page 104: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

104

Prática de escrita

DESAFIO

Releia seu editorial. Tente perceber qual tipo de linguagem você empregou e se seu uso está de acordo com os conceitos estudados em sala de aula. Lembre-se de que usar os tipos de linguagem padrão ou não-padrão são recursos que você pode explorar em seu texto. Então, mãos à obra!

AULA 28

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Refletir sobre os recursos expressivos empregados nos editoriais.

Prática de oralidade

Retome o texto “Chá de cadeira para a saúde” e observe, que outros recursos, além

da linguagem, o editor utilizou em sua argumentação:

Professor(a), neste momento é necessário revisar os conceitos vistos na aula passada, bem como reler o texto. Estimule a participação dos alunos fazendo questionamentos. Espera-se que os alunos percebam

Page 105: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

105

que o autor utilizou alguns recursos linguísticos, como a repetição de palavras (surpresa) questiona o leitor, retoma o título na linha argumentativa do texto etc.

Conceito

Os recursos expressivos são processos utilizados pelos autores para tornar o texto mais sugestivo e eficaz. O uso de recursos expressivos possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto e auxilia o leitor na construção de novos significados.Nesse sentido, o conhecimento de diferentes gêneros textuais proporciona ao leitor o desenvolvimento de estratégias de antecipação de informações que o levam à construção de significados.

Prática de análise da língua

01 Relacione o título do editorial com os argumentos apresentados no texto.

Possibilidade de resposta: O título “Chá de cadeira” foi utilizado para reforçar os argumentos a respeito da situação do setor da saúde no Brasil, tanto no setor público, quanto no setor privado, caracterizada pela demora nos atendimentos e serviço ruim. A expressão chá de cadeira remete-nos à espera por atendimentos melhores nos serviços prestados. Em suma “A saúde do cidadão, no setor público ou no privado, não pode ser tratada com chá de cadeira”.

02 Substitua as expressões abaixo por outras da linguagem padrão.

a) “Aparece no alto dessa lista”.

b) “Os planos que enrolam”.

c) “Mexer no bolso das empresas”.

d) “Não pode ser tratada com chá de cadeira”.

Possibilidade de resposta:a) Aparece em primeiro lugar dessa lista.b) Os planos que não respeitam os consumidores.c) Prejudicar financeiramente.d) Não pode ficar à espera de soluções.

Professor(a), enfatize que os alunos deverão substituir as expressões, de acordo com os contextos que aparecem no texto.

03 Releia os parágrafos abaixo:

Não é surpresa, portanto, que quase 50 milhões de brasileiros precisem de um plano de saúde privado para cuidar de seu bem-estar.

Page 106: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

106

É sempre uma surpresa, porém, descobrir que os beneficiários de alguns planos tam-bém sofrem com a demora para marcar consultas.

Explique os sentidos da palavra surpresa na argumentação utilizada pelo autor.

Possibilidade de resposta: A palavra surpresa foi utilizada primeiramente para reforçar o argumento de que é necessário pagar por um plano de saúde, visto que na rede pública o atendimento é demorado, caracterizado por longa filas. O segundo uso de surpresa serve para reforçar que, mesmo na rede privada, os beneficiários têm enfrentado os mesmos problemas da rede pública, ou seja, demora nos atendimentos.

04 O questionamento utilizado pelo autor, no 7º parágrafo texto, pode ser considerado um recurso expressivo?

Possibilidade de resposta: Sim. O questionamento leva o leitor a refletir sobre a questão levantada, de maneira enfática, sugestiva e eficaz.

Prática de escrita

DESAFIO

Releia seu editorial. Tente perceber o uso de uma mesma palavra que expresse ideias diferentes. Você fez algum questionamento aos leitores de seu texto? E você, inseriu algum dado estatístico? Tais recursos reforçam a sua argumentação e podem ser utilizados. Vamos lá!

AULA 29

Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos sobre o gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

Page 107: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

107

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Analisar e refletir sobre o emprego das flexões verbais

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Volte ao editorial Cuidar dos médicos, publicado no jornal Folha de S. Paulo, dia 10 de dezembro de 2012, trabalhado na aula 9 e releia-o, agora, para observar e refletir sobre o emprego das flexões verbais presentes nesse texto.

Professor(a), peça aos estudantes que observem bem o emprego das flexões verbais, presentes no editorial em estudo. Para isso proponha a seguinte reflexão. Os verbos

• indicam ações ou exprimem o que se passa.

• têm propriedade de localizar o fato no tempo, em relação ao momento em que se fala.

• podem sofrer flexão de tempo, modo, pessoa e número.

• possuem tempos verbais básicos: presente, passado e futuro.

• possuem modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.

Conceito

Os verbos são palavras que indicam ações ou exprimem o que se passa, e têm a propriedade de localizar o fato no tempo, em relação ao momento em que se fala. São variáveis, podem sofrer flexão de tempo, modo, pessoa e número. Há três tempos verbais básicos: presente, passado e futuro.

Prática de análise da língua

Nesse momento, você fará um trabalho em grupos, para isso retome o texto “Cuidar dos médicos” e responda às questões abaixo, referentes ao emprego das flexões verbais. Em seguida socialize suas conclusões para o restante da turma.

01 Analise as flexões verbais dos verbos destacados no trecho “São alunos que não do-minam o conteúdo básico necessário para cuidar da saúde da população e, por isso, foram reprovados pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).”

Possibilidade de resposta: Todos os três verbos estão na 3ª pessoa do plural, (se referem a alunos) e no modo indicativo (retratam situações consideradas reais por parte de quem fala ou escreve). São e dominam estão flexionados no presente, visto que exprimem estado (ser) e ação (dominar) que ocorrem

Page 108: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

108

no momento da fala, ou seja, no momento em que o editorialista escreve o editorial e argumenta a tese defendida. O verbo foram, por sua vez, está no pretérito perfeito, pois expressa uma ação já concluída no momento da fala.

02 O que você sabe sobre o tempo presente? Quando ele é usado?

Possibilidade de resposta: O presente indica uma ação, estado ou fenômeno da natureza que ocorre no momento em que se fala.

03 Leia o trecho abaixo, observe o verbo em negrito e analise a sua flexão.

“Talvez o coordenador do Cremesp imaginasse que o resultado de 2012 seria melhor porque, pela primeira vez, fazer a prova foi pré-requisito para o registro profissional.”

Resposta possível: O verbo está na 3ª pessoa do singular (se refere ao coordenador) e foi empregado no pretérito imperfeito do modo subjuntivo. Imaginasse sugere não uma certeza, mas uma possibilidade de atitude do coordenador. A palavra talvez que introduz o trecho reforça a dúvida, a incerteza dessa ação.

Professor(a), organize os estudantes em grupos, peça-lhes que retomem o texto em estudo e respondam às questões abaixo. Dê um tempo para que a turma realize a atividade e peça-lhes que socializem suas conclusões. Em seguida, com base nos conhecimentos apresentados pelos grupos, proponha uma discussão e finalize fazendo junto com a turma uma sistematização do que foi estudado.

04 Sempre que o autor de um texto quer marcar o grau de incerteza de um fato utiliza o modo subjuntivo, que retrata situações consideradas hipotéticas, por parte de quem fala. No texto há mais três verbos flexionado neste modo verbal. Identifique-os:

Possibilidade de resposta: “Ainda que sejam pertinentes algumas críticas ao exame,...”; “Permitir que tais profissionais ingressem no mercado de trabalho é uma temeridade.” “Não faz sentido permitir que a população fique nas mãos de médicos que não têm o conhecimento mínimo necessário.”

Prática de escrita

DESAFIO

Outra vez, retome seu editorial e observe como você utilizou os verbos para apresentar os fatos e sua opinião. Observe as flexões utilizadas para expressar passado e presente, certezas e dúvidas etc. Caso perceba que precisa aprimorar este conhecimento linguístico no seu texto, a hora é agora: faça consultas em gramáticas, discuta com seus colegas, peça ajuda ao(à) seu professor(a)!

Page 109: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

109

AULA 30

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que o os estudantes já possuem sobre o Gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

O que devo aprender nesta aula

u Discutir sobre a finalidade dos editoriais de diferentes jornais, revistas, TV etc.

u Discutir sobre a ideologia e a intencionalidade dos editoriais.

u Ler crônicas e editoriais, utilizando diferentes estratégias de leitura como mecanismos de interpretação de textos.

u Ler, comparar e associar os gêneros em estudo, observando forma, conteúdo, estilo e função social.

u Produzir crônicas e editoriais, observando os elementos constitutivos dos gêneros em estudo (forma, estilo e função social).

Prática de oralidade

Professor(a), apresente, à turma, o título do editorial a ser trabalhado nesta aula, questionando-os:

• O que o título lhe sugere?• Você vê alguma relação entre o título e a data do editorial?• Você acha que o editorialista vai apresentar algum conselho ao leitor? Qual?

Conceito

De modo geral, podemos definir a concordância nominal como sendo a concordância entre o substantivo e seus termos referentes, como adjetivos, artigos, pronomes, numerais. Essa concordância se dá em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Em textos como o Editorial a concordância deve estar em acordo com as regras da norma padrão.

Prática de leitura

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda às questões que se seguem:

Page 110: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

110

Limite da dívida

Uma consultora de educação financeira aconselhou os consumidores a um

raciocínio prudente em face do intenso apelo para comprar nesta época do ano,

a fim de que os gastos não extrapolem os limites e causem um endividamento

que deixará a pessoa em situação verdadeiramente dramática depois.

De modo geral, no País, mesmo antes do balanço final das compras natalinas

as famílias já estão muito endividadas. Para se ter uma ideia, de acordo com

dados do Banco Central, 44% da renda anual das famílias estão comprometidos

com endividamento.

Existem consumidores contumazes como os que são seduzidos pelo

apelo de comprar neste período do ano, como se sentissem na obrigação de dar

presentes. A consultora recomenda que se deve resistir a essa tentação.

O endividamento com uso do cartão de crédito é o maior peso para essas

famílias endividadas. Em segundo lugar aparece a utilização da linha de crédito

conhecida como cheque especial, verdadeira bomba-relógio para quem não

conta com algum planejamento financeiro.

Muitas vezes, por culpa desse elevado índice de endividamento, as famílias

acabam sem condições de adquirir coisas essenciais e assim ficam sacrificadas.

O que vale dizer: o excesso de endividamento quase sempre não vale a pena.

Prudência no consumo será sempre conveniente para todos.

Jornal O Popular, 10 de dezembro de 2012

01 Que opinião é expressa no editorial?A opinião expressa é de que os consumidores devem ter uma posição prudente, cautelosa, diante do consumo.

02 Que argumentos são utilizados para comprovar esse ponto de vista?O principal argumento empregado é de que a maioria dos consumidores estão endividados além de suas possibilidades.

03 A concordância correta entre os termos das orações dentro do texto são marcas de que tipo de linguagem?

São marcas de uma linguagem padrão, já que a fala coloquial é marcada por concordâncias, muitas vezes, consideradas em desacordo com essa linguagem padrão.

04 Em um texto escrito, como o Editorial, é importante que essa concordância seja feita de acordo com as normas gramaticais? Por quê?

O editorial é um gênero que por sua finalidade e suporte precisa se adequar às normas gramaticais.

Page 111: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

111

Prática de análise da língua

01 Observe o quadro e complete-o, escrevendo as palavras que concordam com o termo já escrito. Veja o exemplo:

ARTIGO PRONOME SUBSTANTIVO ADJETIVOdas compras natalinas

essas famílias endividadasalgum planejamento financeiro

as famílias sacrificadas

02 Copie do texto outros exemplos de concordância nominal.

Uma consultora de educação financeira/ consumidores contumazes/ cheque especial e outros.

Professor, apresentamos aqui a regra básica de concordância nominal; você poderá acrescentar outras regras caso considere oportuno.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome sua produção inicial, considere tudo o que já foi visto nas aulas anteriores e ainda o que foi visto nessa aula; observe se em seu texto você fez as concordâncias nominais da forma correta, de acordo com as regras gramaticais da língua padrão. Caso não o tenha feito, corrija-o!

AULA 31

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que o os estudantes já possuem sobre o Gênero Editorial, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

Page 112: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

112

O que devo aprender nesta aula

u Discutir sobre a finalidade dos editoriais de diferentes jornais, revistas, TV etc.

u Discutir sobre a ideologia e a intencionalidade dos editoriais.

u Ler editoriais, utilizando diferentes estratégias de leitura como mecanismos de interpretação de textos.

u Ler, o gênero em estudo, observando forma, conteúdo, estilo e função social

u Produzir editoriais, observando os elementos constitutivos do gênero em estudo (forma, estilo e função social).

u Refletir sobre o emprego da concordância nominal e verbal nos gêneros em estudo.

Prática de leitura

Professor(a), caso ache necessário, retome a leitura do editorial da aula anterior para prosseguir com essa aula.

01 Vimos que o tema do editorial lido ontem é o endividamento de muitas famílias bra-sileiras. Você considera esse um tema adequado ao gênero?

É um tema de relevância social e bastante discutido, principalmente nessas épocas de grande consumo, portanto adequado ao gênero.

02 De acordo com o editorial, qual a principal consequência do endividamento das fa-mílias?

As famílias acabam sem condições de adquirir coisas essenciais e assim ficam sacrificadas.

03 “...a fim de que os gastos não extrapolem os limites e causem um endividamento que deixará a pessoa em situação verdadeiramente dramática depois.” Nesse trecho aparece uma relação entre o endividamento e a situação difícil das pessoas. Explique como se dá essa relação.

No caso a relação existente é de causa e efeito, ou seja, as pessoas se endividam, comprometem grande parte de sua renda e então não conseguem mais pagar suas dívidas, ficando em situação difícil.

04 Que tipo de linguagem predomina no texto? Justifique.

Predomina a linguagem padrão, como podemos perceber pela ausência de gírias e expressões regionais, pelo cuidado com as regras gramaticais, como a concordância.

Conceito

Definimos a concordância verbal, basicamente, como sendo a concordância entre o sujeito e o verbo a que ele se refere. Essa concordância se dá de acordo com a pessoa (1ª, 2ª

Page 113: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

113

e 3ª) e número (singular e plural). Em textos como o Editorial a concordância deve estar em acordo com as regras da norma padrão.

Prática de análise da língua

01 Vimos na aula anterior um tipo de concordância, aquela que existe entre o substantivo e seus referentes, a concordância nominal. Que outra concordância podemos fazer no texto?

Outra concordância possível é entre o sujeito e seu predicado, ou entre o sujeito e o verbo.

02 No trecho“...a fim de que os gastos não extrapolem os limites e causem um endividamento que deixará a pessoa em situação verdadeiramente dramática depois.” aparecem dois verbos para um mesmo sujeito. Copie os período em que isso ocorre?

extrapolem e causem. Os dois verbos estão no plural porque se referem à palavra gastos que também está no plural.

03 O autor do editorial poderia ter separado o período em dois? Por que não o fez?

Separar o período acarretaria na repetição do sujeito, o que deixaria o texto com uma linguagem fora do padrão considerado culto, portanto, em desacordo com uma das características do gênero.

04 Busque no texto outro exemplo em que dois verbos referem-se a um mesmo sujeito e copie o trecho.

“...as famílias acabam sem condições de adquirir coisas essenciais e assim ficam sacrificadas.”

Prática de escrita

DESAFIO

Retome sua produção inicial, considere tudo o que já foi visto nas aulas anteriores e ainda o que foi visto nesta aula. Observe se em seu texto você fez as concordâncias verbais da forma correta, de acordo com a norma padrão e, caso não o tenha feito, corrija-o.

Page 114: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

114

AULA 32

Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos sobre o gênero, explorando as práticas de oralidade, analise da língua e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Refletir e compreender a função da regência no relacionamento com os termos da oração.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Nessa aula, estudante, a ideia é fazer uma retomada de tudo que já foi estudado até o momento sobre o gênero editorial e, em seguida, refletir e compreender a função da regência no relacionamento com os termos da oração, tendo como base o texto Oscar Niemeyer.

Professor(a), antes de iniciar a leitura do texto Oscar Niemeyer, converse com a turma sobre tudo o que já estudaram referente ao gênero editorial, provoque-os a dizer, principalmente, sobre a evolução da aprendizagem deles em relação à leitura e à escrita. Em seguida, peça-lhes que leiam o texto, discutam sobre ele e respondam as seguintes questões:

• Ao ler esse texto é possível perceber com mais facilidade o assunto tratado? Explique.• Sobre a opinião do editorialista desse texto, o que você tem a dizer? Está clara? É convincente? Foi reforçado no final do texto?• Você acha que o estudo do gênero editorial lhe ajudou a identificar a tese de textos

de opinião, a desenvolver melhores argumentos, e a aumentar seu poder sustentação de uma posição? Argumente.

• Faça uma síntese oral da evolução do seu aprendizado sobre a leitura e a escrita.

Conceito

A regência cuida especialmente das relações de dependência em que se encontram os termos na oração ou as orações entre si no período composto. Os termos, quando exigem a

Page 115: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

115

presença de outro, chamam-se regentes ou subordinantes; os que completam a significação dos anteriores chamam–se regidos ou subordinados. Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal.

Prática de leitura

Leia o texto abaixo e, em seguida, reflita sobre as questões propostas:

Oscar Niemeyer

Contam-se nos dedos os brasileiros que tiveram fama internacional

comparável à do arquiteto Oscar Niemeyer. Criador de Brasília, ao lado de Lucio

Costa, e autor de obras em várias partes do mundo, Niemeyer marcou sua

presença na arquitetura do século 20 graças a um estilo próprio, feito de elegância

e aerodinâmica leveza.

Já não seria pouco, dada a circunstância de que o modernismo arquitetônico,

pelo menos na primeira metade do século passado, corria o risco de cair na

impessoalidade e na rigidez. A preferência quase dogmática pela linha reta, pela

extrema economia de recursos, pela austeridade antiornamental, foi questionada

por Niemeyer.

Como é sabido, o brasileiro considerou que novas técnicas de edificação

em concreto armado permitiam uma abertura maior para a fantasia do arquiteto.

Flexibilizou, como nunca, as linhas do edifício.

Nesse sentido, o próprio Oscar Niemeyer não se esquivou de relacionar seu

estilo com a natureza de seu país – as montanhas do Rio de Janeiro e “as curvas

da mulher amada” estariam entre as principais fontes de inspiração.

Seja como for, a obra de Niemeyer não tanto retirou elementos da paisagem

brasileira quanto serviu para reconfigurá-la, já nas construções mineiras da

Pampulha, nos anos 1940.

Tratava-se, ao lado do então governador Juscelino Kubitschek, e mais ainda

em Brasília, de dar forma a um sonho de modernidade, ao mesmo tempo informal

e inovador, que seria a marca das principais aspirações nacionais, ao menos até a

ruptura de 1964.

O gesto aéreo e largo de quem domina o horizonte e o liberta, sem esforço,

para o advento do futuro, estava por assim dizer no inconsciente de atitudes

que orientava o projeto desenvolvimentista. Viu-se depois, de forma traumática,

Page 116: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

116

o quanto de conflito, de desigualdade, de autoritarismo e de turbulência se

escondiam sob as promessas de meados do século.

Com inabalada serenidade, a mesma com que enunciava convicções em

muito alheias ao amável populismo juscelinista e ao duro centralismo militar,

Niemeyer sobreviveu aos percalços da política, sempre igual a si mesmo.

A beleza palaciana de suas obras, contrastando com os fins igualitários

de sua crença comunista, persiste, pairando, decorativa talvez, mas inspiradora

ainda, num país e num mundo bem menos simples e transparentes.

Inscrito na audácia do desenho, no branco do mármore, na curva do

concreto e na limpidez do vidro, o nome de Niemeyer parece refletir esta

esperança: a de que a matéria, rígida e muda, possa dobrar-se, fácil, aos desígnios

do homem.

Folha de . Paulo, 07 de dezembro de 2012

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1197368-editoriais-oscar-niemeyer.shtml

Professor(a), diga aos estudantes que, para escrever um bom texto é preciso articular bem as palavras e para isso é necessário compreender a relação existente entre os termos uma oração e perceber que um termo serve de complemento ao outro. A palavra ou oração que governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante; os termos ou oração que dela dependem são os regidos ou subordinados.Peça-lhes que, em duplas, releiam o texto, discutam sobre ele, observando como as palavras se relacionam e formam um todo com sentido, para isso oriente-os a desenvolverem as atividades a seguir, diga-lhes que estas os ajudarão a refletir e compreender a função da regência no relacionamento com os termos da oração.

Prática de análise da língua

01 Observe a oração a seguir e responda:

“Niemeyer marcou sua presença...”

a) A palavra destacada é:Resposta: um verbo

b) Essa palavra é o termo regente ou regido? Explique.Possibilidade de resposta: regente. No texto, essa palavra exerce a função de verbo trasitivo direto que exige um complemento sem preposição – sua presença – termo regido que completa esse verbo dando sentido à ideia contida no texto.

c) De acordo com o conceito de regência acima, essa relação trata-se de regência verbal ou nominal? Explique. Possibilidade de resposta: regência verbal, pois trata-se da relação de dependência estabelecida entre o verbo (marcou) e seu complemento (sua presença).

Page 117: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

117

02 Defina regência nominal e cite um exemplo do texto em estudo.Possibilidade de resposta: a regência nominal acontece quando o termo regente da oração, utilizados para dar sentido ou significado ao que se quer expressar é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).Exemplo: “O gesto aéreo e largo de quem domina o horizonte e o liberta...”

Professor(a), continue orientando os estudantes durantes as atividades, digas-lhes que a regência verbal estuda a relação de dependência que se estabelece entre os verbos e seus complementos. Mostre-lhes que, na realidade o que estudamos na regência verbal é se o verbo é transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto ou intransitivo e qual a preposição relacionada com ele. Discuta bem esses conceitos com a turma, se for preciso peça-lhes que pesquisem em gramáticas, internet etc.

03 Analise as orações abaixo e complete o quadro:

“Flexibilizou, como nunca, as linhas do edifício.”

Termo regente/Função Flexibilizou: verbo transitivo direto

Regência verbal

Termo regido/Função as linhas do edifício: objeto direto

“...enunciava convicções em muito alheias ao amável populismo juscelinista...”

Termo regente/Função enunciava: verbo transitivo direto e indireto

Regência verbal

Termosregidos/Função convicções: objeto diretoao amável populismo juscelinista: objeto indireto

“Niemeyer sobreviveu aos percalços da política, sempre igual a si mesmo.”

Termo regente/Função Sobreviveu: verbo transitivo indireto

Regência verbal

Termo regido/Função aos percalços da política: objeto indireto

Prática de escrita

DESAFIO

Releia o seu editorial, observe mais uma vez se os elementos próprios desse gênero, inclusive o conteúdo estudado nessa aula, estão presentes nele, caso perceba alguma falha, aproveite esse momento e aprimore seu texto.

Page 118: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

118

AULA 33

Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero Objetivo geral

Sistematizar os conhecimentos sobre o gênero em estudo, explorando as práticas de oralidade, analise da língua e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Reescrever o editorial atentando-se às características pertinentes a este gênero, bem como quanto à utilização dos elementos articuladores, coesão e coerência.

u Reescrever a tese, os argumentos, bem como a conclusão na elaboração do texto.

u Revisar o uso dos elementos articuladores (conjunções coordenativas e outros).

u Conferir ao editorial coesão e coerência, através do uso dos elementos articuladores e pontuação, para garantir a clareza das ideias apresentadas.

u Estabelecer relações entre o gênero textual notícia e o gênero textual editorial, por meio de suas semelhanças e diferenças.

Prática de oralidade

Depois de termos estudado sobre o editorial, suas características e a importância dos elementos articuladores em um texto, para torná-lo coeso e coerente, chegou a hora de refletir sobre a importância da reescrita. Todo texto escrito deve ser revisado, ou seja, reescrito. É importante que você, aluno, perceba o uso da língua em suas produções escritas, ou seja, faça as seleções necessárias para as produções textuais que escrever. Em duplas, cada aluno lerá o editorial do outro e fará sugestões que contribuam para a melhoria dos textos.

Professor(a), é importante enfatizar que um texto deve ser reescrito e que tal prática não se configura como perda de tempo, bem como a importância do uso do rascunho. É necessário também socializar as produções escritas, por isso deve-se estimular a atividade em duplas. Estimule também a prática de leitura e reescrita nas outras disciplinas. Lembre-se que seu papel nessa atividade é mais uma vez mediar a correção. Ao corrigir um texto, por exemplo, o professor pode indicar problemas identificados, tais como: reflexão sobre a língua, (re) organização de ideias, bem como as características do gênero trabalhado.

Conceito

Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou

Page 119: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

119

objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas.O profissional da redação encarregado de redigir os editoriais é chamado de editorialista.

Disponível em: <http://linguaportuguesafp2009.blogspot.com.

br/2009/06/genero-editorial.html> Acesso em dezembro 2012.

Prática de leitura

01 Para você, o que é reescrita?

02 Para você, qual é a importância de se reescrever um texto?

03 Você tem o hábito de reescrever os textos que escreve? Justifique.

04 Por que a reescrita torna-se fundamental, por exemplo, na produção de um editorial?

Respostas pessoais

Professor(a), é necessário monitorar a atividade de reescrita. Coloque-se à disposição dos alunos para sanar dúvidas. Enfatize que essa prática deve tornar-se recorrente na produção de textos, em todas as disciplinas.

Prática de escrita

DESAFIO

Reescreva seu editorial empregando todo o conteúdo visto durante nossas aulas. Lembre-se de utilizar as características pertinentes a este gênero, os elementos articuladores, as conjunções coordenativas, de tornar seu texto coeso e coerente. Depois de terminar as devidas revisões, entregue para o seu professor todas as versões de seu trabalho. Para ficar bem organizado, numere os textos do primeiro ao último.

Page 120: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

120

AULA 34

Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero Objetivo geral

Apresentação dos resultados obtidos na elaboração de um editorial.

O que devo aprender nesta aula

u Enfatizar a importância da reescrita nas produções textuais.

u Socializar os editoriais produzidos pela turma.

u Reescrever e publicar os editoriais produzidos.

Prática de oralidade

Depois de ter produzido seu editorial, etapa por etapa, chegou a hora de expor os resultados à turma. Faremos uma roda de leitura dos editoriais. Cada aluno lerá o seu texto para o restante dos colegas. Em seguida, será feita uma votação dos três melhores textos. Estas produções serão publicadas no jornal da escola. Caso não haja publicação deste tipo em sua escola, que tal implantá-la? Converse com seus professores.

Professor(a), disponha as carteiras em círculo. O importante nesta atividade é a interação da turma, pois todos estiveram envolvidos na produção escrita do editorial durante as aulas. Cada aluno lerá o editorial produzido.Estimule a participação espontânea dos alunos. Caso algum aluno não queira ler, se ofereça para ler em seu lugar, ou peça que indique um colega para realizar a leitura. Peça para que os alunos façam anotações no decorrer das leituras. Quando todos tiverem lido, pergunte a cada um deles qual foi o melhor editorial e por quê. Anote no quadro o nome dos alunos indicados. Os três textos mais votados serão trabalhados em conjunto pela turma. Enfatize a importância de se escolher o texto pelos argumentos apresentados e não por quem o escreveu.

Conceito

É cada uma das seções de um jornal ou revista (esporte, política, economia, moda,et.), que fica sob a responsabilidade de um editor (editorial) ; parte de um jornal ou revista escrita por um editor. O editor é responsável pelo seu editorial.

Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/editorial/> Acesso em dezembro de 2012.

Page 121: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

121

Prática de leitura

01 Quais foram os motivos que o levaram a escolher o texto que votou?

02 Você observou se o autor do texto que escolheu utilizou as características do gênero editorial? Exemplifique.

03 Você observou se o autor do texto que escolheu utilizou as os elementos articuladores e conjunções coordenativas? Exemplifique.

04 Quais foram os conteúdos que você apreendeu a respeito de Editorial?

Respostas pessoais

Professor(a), esta atividade tem por objetivo aferir o senso crítico dos alunos, no que concerne à escolha do texto, bem como à apreensão dos conteúdos trabalhados.

Prática de escrita

DESAFIO

Vamos reescrever o texto juntos? O professor dividirá a turma em 3 grupos. Cada grupo ficará responsável pela reescrita de um dos textos escolhidos pela turma. Lembre-se de utilizar as características pertinentes ao gênero editorial, bem como o uso dos elementos articuladores, além da pontuação, paragrafação, ortografia etc.

Page 122: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

122

Ata, requerimento, cartas

Professor(a), para desenvolver o trabalho com gênero, documento – Ata, prepare a sala de aula com as carteiras disposta de tal forma como se os alunos fossem participar de uma reunião, em forma de U ou círculo e ambiente a sala de aula de modo que o estudante tenha acesso ao gênero. Informe aos alunos que irão participar de uma reunião para definir alguns procedimentos para o bom desempenho das aulas, porém essa seria uma simulação de reunião. Apresente uma pauta e coloque os alunos para pensar sobre as questões levantadas para que todos possam participar da elaboração das regras de conduta de boa convivência. Apresente aos alunos um livro ata que deverá ser preparado previamente para registrar todas as reuniões que a sala realizar, assinalando os fatos abordados e as decisões tomadas. Envolva todos os alunos.Peça aos alunos que elejam, de forma democrática, um (a) secretário (a) para fazer o registro de todas as decisões e fatos das reuniões. Diga aos alunos que antes de elegerem o (a) secretário (a) é necessário conhecer como será o trabalho desse aluno, para tanto é necessário que o professor(a) faça a leitura de uma ata modelo e oportunize um tempo para que cada aluno tenha contato com o documento – ATA.Aproveite este momento para falar sobre o gênero documento – Ata, a situação de produção, o espaço de circulação e compará-la com outros documentos como a carta, o ofício, o relatório, o memorando, etc. Compare a linguagem utilizada, o formato de uma ata, a finalidade. É importante que todos os estudantes anotem a pauta da reunião e elaborem propostas para serem apresentadas na aula seguinte. A reunião deve acontecer na próxima aula com a participação de todos, definido-se nessa reunião os critérios e regras de bom desempenho das aulas. Essa reunião deverá acontecer uma vez por mês para se avaliar o cumprimento dos acordos combinados na primeira reunião. Deverá ser lida a ata da primeira reunião em que se registraram as decisões e redigir a ata da reunião em pauta.

AULA 35

Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero documento – Ata, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Page 123: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

123

O que devo aprender nesta aula

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura na Ata lida e ouvida

u Valorizar a leitura da Ata como forma de domínio dos documentos que circula no mundo do trabalho

u Antecipar o conteúdo das Atas com base em título, características e quem escreve, para quem escreve e para que escreve.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e reconhecendo o valor desse documento nas relações de trabalho.

u Produzir a primeira escrita de uma Ata.

Prática de oralidade

professor(a), com objetivo de retomar o trabalho com gêneros textuais, converse com os alunos sobre a aprendizagem construída, a partir dos estudos dos gêneros trabalhados no ano anterior, e apresente-lhes o gênero Ata a ser estudado, bem como os objetivos desse gênero. Procure saber o que os estudantes já conhecem sobre os gêneros: pergunte aos alunos se já ouviram a leitura de uma Ata ou se sabem para que serve. Esclarecer que se trata de um documento oficial, cuja função é fazer constar por escrito o que foi discutido ou acordado em uma reunião. Exemplificar as várias situações em que a escola, onde ele estuda, escreve Atas.

Converse com os alunos sobre o modo como as Atas são redigidas: título, dados da reunião, assistência, ordem do dia, desenvolvimento da sessão, decisões conjuntas, fórmula final, assinaturas e anexos...

• Você já leu ou ouviu a leitura de uma Ata? • Onde, quem leu? • Leu em algum livro?• O que você conseguiu perceber sobre a importância desse documento nas empresas?

Conceito

Para Felipe Dintel, Ata é um documento oficial cuja função é fazer constar por escrito o que foi discutido ou acordado em uma reunião. É um documento obrigatório em empresas públicas e privadas. Também é necessária, com frequência, em diferentes tipos de grupos organizados, associações culturais e escolas.

Prática de leitura

Leia o texto a seguir e responda às questões propostas:

Proponha aos alunos a leitura silenciosa do documento Ata. Mas, atenção professor(a), é importante antecipar aos estudantes algumas informações a partir do título, do(s) tema(s) abordado(s), da finalidade e do gênero textual!

Page 124: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

124

Professor(a), após a leitura, proponha as questões a seguir para ajudar os estudantes a desenvolver habilidades como: perceber o papel desse documento, localizar a ordem do dia e as decisões tomadas, identificar a fórmula final.

Page 125: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

125

01 Que importância tem esses registros na construção da história da empresa ou órgão? Possibilidade de resposta: Esse documento é muito importante, pois nele se faz o registro de decisões que serviram de dados para o futuro da empresa/órgão.

02 De que assuntos trataram nesta reunião?Possibilidade de resposta: reunião para discutir a elaboração do PPA da Prefeitura Municipal de

Ariquemes

03 A que conclusão chegaram sobre a ordem do dia apresentada?Possibilidade de resposta: Que a participação da comunidade na elaboração do PPA é fundamental para atender as reais necessidades de Araquemes.

04 Quem assina a ata e em que ordem ocorrem estas assinaturas?Possibilidade de resposta: Todos os participantes da reunião terão que assinar a ata. A ordem dessa assinatura segue hierarquicamente em que todos assinam e, por último, o secretário e o presidente da mesa.

Professor(a), oriente os estudantes a refletir sobre as diversas partes que compõem esse documento e volte ao texto para confirmá-la. Em seguida ofereça a eles a diferença entre uma ata manuscrita e digitada. No primeiro caso ela não deve conter rasuras, portanto existem recursos para evitar como: “digo”, “em tempo”, considerados dentro do corpo da ata.

Prática de escrita

DESAFIO

Prepare-se! Agora você produzirá a primeira escrita de uma Ata. Imagine, simule uma reunião

de comissão de formatura do nono ano, ou retome a reunião inicial para definir regras de boa convivência. Suponha que você tenha sido nomeado (a), o (a) secretário (a) da reunião. Redija uma ata que seja fiel aos fatos ocorridos, retrate com precisão e clareza das ideias discutidas e as decisões tomadas.

A ideia aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e o que precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, é fundamental que você leia esses primeiros textos e faça anotações para o trabalho de reescrita.

Page 126: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

126

AULA 36

Identificação dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero Documentos – Requerimento – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e estruturação do requerimento

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam os gêneros em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias do Requerimento.

u Distinguir os gêneros de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

Conceito

Documento pelo qual o interessado solicita algo a que se julga com direito ou para se defender de algo que o prejudique. É o mais formal dos documentos oficiais, devendo ser redigido em terceira pessoa, vedado o emprego de palavras de gentileza ou agradecimento, próprias da redação comercial. Requerer é pedir deferimento a uma solicitação feita por alguém – Requerente – a uma autoridade competente considerada a relação formal e impessoal que se estabelece entre as partes, a estrutura do Requerimento também será rígida:

1) Vocativo: autoridade competente. Coloca-se o nome.

2) Presença do verbo requerer ou de seus sinônimos.

3) O pedido de suas especificações.

4) Fecho

5) Local e data

6) Assinatura do Requerente.

Page 127: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

127

É redigido em um único parágrafo em linguagem objetiva e concisa. A tradição cristalizou o fecho:

Nesses Termos, Pede Deferimento.

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero correspondências oficiais, proponha à sala uma leitura compartilhada de dois requerimentos, antecipando-lhes algumas características do gênero em estudo.

Faça uma leitura oral dos documentos com a classe, chamando a atenção dos estudantes para a formalidade do tratamento, a presença única da 3ª pessoa do discurso, a solicitação feita, relação formal e impessoal do texto e para o fecho padrão. Leve-os a refletir sobre as particularidades do Requerimento, manifestadas nos documentos analisados.

Observe as características do documento: • Vocativo• Presença do verbo requerer• O pedido e suas especificações• Fecho• Local e data• Assinatura

Prática de leitura

Segue um modelo de Requerimento para reparo da iluminação pública:

À Prefeitura Municipal de (nome da cidade)

(Nome), (nacionalidade), (estado civil), inscrito no CPF sob o nº (informar), residente e domiciliado na (endereço), neste município, vem respeitosamente a presença de Vossa Senhoria informar que existem duas lâmpadas queimadas em postes da Rua (nome da rua), bairro (nome do bairro), na altura do nº (informar). Em decorrência deste fato, a iluminação pública da via se encontra bastante prejudicada, trazendo risco a todos os moradores e transeuntes da região.

Assim, vem requerer seja determinado o imediato reparo da iluminação, com a substituição das lâmpadas queimadas, como forma de restaurar a segurança e tranquilidade do local.

Termos em que,

Page 128: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

128

Pede deferimento.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).

(assinatura)(nome)Requerente

...........

REQUERIMENTO DE ISENÇÃO NO PAGAMENTO DA TAXA DE INSCRIÇÃO

Eu, (nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado na (endereço), declaro para os devidos fins que não tenho condições de arcar com o valor relativo à taxa de inscrição do processo seletivo (descrever os dados do concurso), relativamente ao cargo de (informar).

Declaro, assim, que sou integrante de família de baixa renda, com renda per capta menor que (valor).

Afirmo conhecer as implicações legais, civis e criminais, que uma falsa declaração originaria.

Assim, juntando os documentos exigidos no edital do concurso, requeiro a isenção do pagamento do valor da taxa de inscrição para que eu possa participar do concurso.

Termos em que,

Pede deferimento.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).

(assinatura)(nome)

Em relação aos documentos lidos e tendo por base as características do requerimento, responda às questões abaixo:

01 O vocativo está empregado corretamente nos dois Requerimentos? Por quê?Possibilidade de resposta: Sim, pois no primeiro Requerimento, o vocativo dirige-se a prefeitura e, no segundo Requerimento, o vocativo não fica evidente no primeiro contato com o leitor,mas se manifesta posteriormente no texto. Estão empregados de maneira adequada, pois a autoridade a quem os requerimentos são dirigidos são tratados como Senhor seguido do nome.

Page 129: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

129

02 Por quem foi escrito?Possibilidade de resposta: Como se trata de modelos de requerimentos, não há necessidade de detalhar o requerente.

03 Se o documento é assinado pelo requerente, por que o nome dele aparece em 3ª pes-soa, quando poderia apresentar-se em 1ª pessoa?

Possibilidade de resposta: Uso da terceira pessoa é padronizado pelas normas de elaboração de documentos para dar maior impessoalidade.

Professor(a), abra um espaço de discussão para que os estudantes socializem a atividade e expressem suas impressões a respeito dos Requerimentos lidos.

Prática de escrita

DESAFIO

Imagine algumas situações como: um pedido de abono de faltas, um pedido de uma declaração de matrícula ou um pedido para expedir o histórico escolar e faça um requerimento que atenda às exigências/ características deste gênero. Verifique se o que você solicitou no requerimento tem amparo legal e se atende ao padrão requerimento. Você terá oportunidade de rever o que escreveu e de fazer as primeiras modificações no seu Requerimento, se for o caso.

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos documentos.

AULA 37

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução do estudo do gênero

Professor(a), para o trabalho com o gênero documentos – Carta de Recomendação – leve para sala de aula classificados de jornais, e ambiente a sala de aula de modo que o estudante tenha acesso aos anúncios de emprego. Recorte os anúncios e distribua-os a cada aluno, solicitando a leitura de cada classificado, envolva todos nessa dinâmica de leitura.

Page 130: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

130

Peça aos alunos que observem as exigências para preenchimentos das vagas oferecidas. Oriente-os quanto à comprovação dessas exigências que podem ser feita por meio de cartas de recomendação. Após as orientações, apresente um modelo de carta de recomendação.

Aproveite este momento para incentivar os alunos a comparar outros tipos de cartas: de solicitação, de agradecimento, pessoal etc., observando as características próprias desse gênero. É importante que todos os estudantes pesquisem, durante a semana, outros tipos de cartas para comparar com a carta de recomendação apresentada e, posteriormente compará-la com a carta produzida na semana seguinte.

Objetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero documentos – carta de recomendação – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas de recomendação

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas

u Identificar os gêneros textuais que caracterizam os gêneros em estudos.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta de recomendação.

u Distinguir os gêneros de correspondência em estudo a partir da estrutura destinatário, finalidade, e espaços de circulação.

u Construir texto de correspondência – carta de recomendação – numa situação real de uso.

Conceito

A carta de recomendação é um documento no qual o antigo empregador atesta as qualidades profissionais e pessoais do seu ex-funcionário e o recomenda para quem possa interessar. Pode ser feita pelo Departamento pessoal, diretor, gerente ou chefe imediato.

O importante é que a pessoa que escreve a carta de recomendação possa, posteriormente, confirmar o que está escrito. Quanto ao conteúdo a carta deve ter: período trabalhado, função, atividades realizadas, desempenho na realização das tarefas, qualidades profissionais e potencial do ex-funcionário.

No final da carta deve conter os dados de quem escreveu: nome, cargo, telefone e assinatura.

Prática de leitura

Em seguida proponha à sala a leitura da carta de recomendação. Mas atenção, professor(a), é importante antecipar aos alunos as finalidades do gênero em estudo e sua contextualização no mundo do trabalho.

Segue um modelo de carta de recomendação:

Page 131: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

131

(nome da empresa)(cnpj)(endereço)

(nome do ex-empregado), inscrito no CPF sob o nº (informar), é pessoa de meu conhecimento, (indicar a profissão), correto, competente,responsável e pontual, tendo trabalhado para esta empresa no período de (informar o início) a (informar o fim do vínculo), executando serviços de (informar), sob minha supervisão direta.

Durante o período indicado manteve conduta pessoal e profissional irrepreensíveis, motivo pelo qual recomendo seus serviços, nada havendo que o desabone. Atenciosamente,

(assinatura)(nome do empregador/diretor/gerente/proprietário)(cargo ocupado)

Professor(a), após a leitura, proponha as questões abaixo para ajudar os estudantes a desenvolver habilidades como: localizar o tema do texto, a sua finalidade, estabelecer relações, inferir informações.

Responda às questões abaixo:

01 Identifique marcas linguísticas e expressões próprias da carta de recomendação.Possibilidade de resposta: vocativo, marcado pelo emprego do pronome senhor seguido do cago do destinatário,marcas de interlocução e uso de adjetivos para identificação do recomendado.

02 Qual a finalidade desse texto?Possibilidade de resposta: Esse texto tem por finalidade recomendar um candidato a uma determinada empresa para confirmar as competências e habilidades descritas no currículo.

03 Identifique os elementos próprios do gênero, a estrutura e configuração desse textoPossibilidade de resposta: Cabeçalho, localidade, data,vocativo, texto-corpo da carta- assinatura e cargo.

04 Por que foi escrito esse documento?Possibilidade de resposta: Para a recomendação de um profissional.

Professor(a), oriente os alunos a refletir sobre os diversos aspectos apresentados, voltando o texto para confirmar ou refutar suas hipóteses. Em seguida, discuta com eles as respostas dadas, mostrando-lhes o gabarito.

Page 132: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

132

Prática de escrita

DESAFIO

Prepare-se! Agora você produzirá a primeira escrita de uma carta de recomendação. Imagine que você seja diretor, gerente em uma grande empresa, use uma boa dose de criatividade e faça a recomendação de um hipotético ex-funcionário. Sucesso!

A ideia aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e o que precisam aprender para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, é fundamental que você leia os textos produzidos e faça anotações para o trabalho da reescrita.

AULA 38

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução do estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero documentos – Carta Comercial – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas comerciais.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta comercial.

u Distinguir o gênero de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero carta comercial – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

Page 133: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

133

Conceito

É a correspondência tradicionalmente utilizada pela indústria e comércio, usada como meio efetivo de comunicação, a carta comercial deve ser simples, com textos esclarecedores e carregados de objetividade. É usada normalmente para comunicar-se com um banco, com instituições oficiais, com empresas, etc.

A carta comercial é um documento que permite a comunicação entre pessoas, entre instituições. Ela segue a seguinte estrutura: endereço do remetente (ou timbre), endereço do destinatário, a referência, a data, o vocativo, o corpo da carta, o fecho e a assinatura.

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero correspondências oficiais, proponha à sala uma leitura compartilhada da carta comercial, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Segue um modelo de carta comercial:

PAPEL TIMBRADO Para (destinatário / empresa)

Atenção a (pessoa ou departamento)

Assunto (Do que se trata esta comunicação) Prezados Senhores,

Somos uma empresa de representações e temos em nosso quadro apenas profissionais altamente capacitados na área de informática e desenvolvimento de softwares, motivo pelo qual manifestamos nosso interesse em representá-los, com exclusividade, na cidade de (informar).

Caso haja interesse por parte de sua empresa, colocamo-nos à disposição para novos contatos, em que possamos detalhar nossa proposta.

Agradecemos antecipadamente a atenção.

Atenciosamente,(assinatura)(Sua Empresa)(Seu Nome - Seu Cargo)

Page 134: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

134

Professor(a) faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando atenção dos estudantes para referências importantes como: a linguagem utilizada na carta comercial, a intencionalidade de quem escreve e a quem se destina. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do gênero documento – Carta Comercial – apresentadas no texto lido.

Prática de leitura

Em relação à carta comercial lida e tendo por base as características deste gênero, responda as questões abaixo:

01 Qual é o assunto tratado nesse texto?Possibilidade de resposta: a representação exclusiva de produtos e serviços

02 A quem a carta se dirigePossibilidade de resposta: aos dirigentes de uma empresa.

03 Por quem foi escrita esta carta?Possibilidade de resposta: por uma empresa de representação.

04 Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?Possibilidade de resposta: a linguagem empregada é formal- padrão, o tratamento adequado a pessoa do interlocutor nesse gênero é a terceira pessoa do discurso.

Professor(a), abra um espaço para discussão para que os alunos socializem as respostas dadas às questões acima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura.

Prática de escrita

DESAFIO

Imagine que você seja representante de um interessante produto ou serviço e irá escrever uma carta para apresentar ou oferecer os serviços ou produtos dessa empresa, envolvendo as características próprias desse gênero. Contemple em sua carta comercial os seguintes aspectos: destinatário e marcas de interlocução. Sucesso!

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você durante o estudo desse gênero.

Page 135: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

135

AULA 39

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução do estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero documentos – Carta de Apresentação – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas de apresentação.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta de apresentação.

u Distinguir o gênero de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero carta de apresentação – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

Conceito

A carta de apresentação geralmente é utilizada para acompanhar o currículo que será enviado pelos Correios, embora muitas vezes seja também solicitada ou recomendável mesmo que o candidato à vaga de emprego compareça pessoalmente.

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero documentos oficiais, proponha à sala uma leitura compartilhada da carta de apresentação, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Segue um modelo de carta de apresentação que você poderá adaptar para cada situação:

Page 136: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

136

Localidade, dia, mês e anoÀ empresa (nomear)Departamento de Recursos Humanos (ou outro, se for o caso) Prezado senhor, (se for o caso, nomear)

Estou me candidatando à vaga de (indicar qual o cargo) existente em seu quadro de pessoal, conforme anúncio publicado no dia (indicar se for este o caso), enviando em anexo meu currículo.

Dentre minhas características profissionais destacam-se o perfeccionismo, dedicação, facilidade de interação com o grupo, responsabilidade... (seguir listando suas aptidões).

Busco minha efetivação no mercado, para desenvolver de um trabalho objetivo e gerar bons resultados, propiciando o crescimento da empresa.

No aguardo de contato, coloco-me à disposição para prestar maiores esclarecimentos. Atenciosamente,

Seu Nome (não deixe de assinar)

O currículo deve acompanhar a carta de apresentação, importa ressaltar.

Professor(a) faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando atenção dos estudantes para referências importantes como: a linguagem utilizada na carta de apresentação, a intencionalidade de que escreve e a quem se destina. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do gênero documento – Carta de Apresentação – apresentadas no texto lido.

Prática de leitura

Em relação à carta de apresentação lida tenha por base as características do gênero documento – carta de apresentação e responda as questões abaixo:

01 Qual é o assunto tratado nesse texto?Possibilidade de resposta: Apresentação de um candidato a uma vaga de emprego.

02 A quem a carta se dirige?Possibilidade de resposta: Ela se dirige a empresa que está oferecendo a vaga.

Page 137: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

137

03 Por quem foi escrita esta carta?Possibilidade de resposta: A carta foi escrita pelo candidato a vaga.

04 Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?Possibilidade de resposta: a linguagem empregada é a língua padrão formas e a pessoa do discurso usada é a terceira pessoa.

Professor(a), abra um espaço para discussão para que os alunos socializem as respostas dadas às questões acima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura.

Prática de escrita

DESAFIO

Abra os classificados de um jornal! E leia as vagas de emprego ofertadas que mais se aproximam do seu perfil. Agora escreva uma carta a empresa selecionada por você, apresentando-se com o desejo de ocupar a vaga ofertada, envolvendo as características próprias desse gênero. Contemple em sua carta comercial os seguintes aspectos: destinatário e marcas de interlocução. Sucesso!

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você durante o estudo desse gênero.

AULA 40

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução do estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero documentos – Carta de Comunicado – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Page 138: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

138

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas de comunicado.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta de comunicado.

u Distinguir o gênero de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero carta de comunicado – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

Conceito

A carta, neste caso, é o meio pelo qual se faz um comunicado por escrito a uma pessoa física ou jurídica, com a segurança da confirmação de recebimento caso seja enviada pelos Correios com Aviso de Recebimento.

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero correspondências oficiais, proponha à sala uma leitura compartilhada da carta de comunicado, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Segue um modelo de carta de comunicado:

COMUNICADO ÀNome da empresa ou pessoaCNPJ ou CPFEndereçoCepCidade - Estado A empresa (informar o nome), por meio de seu gerente infra assinado, comunica que foi constatado em nossos cadastros uma pendência financeira no pagamento referente à nota fiscal nº xxxx, concernente à parcela vencida em (data), que importam em um débito total de R$ xxx,xx (por extenso).

Page 139: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

139

Solicitamos que Vossa Senhoria entre em contato dentro de 48 horas para regularizar a situação.

Localidade, dia, mês e ano.

Nome da empresa (assinar acima)Nome do gerente ou diretorCargo ocupado

Professor(a), faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando atenção dos estudantes para referências importantes como: a linguagem utilizada na carta de comunicado, a intencionalidade de quem escreve e a quem se destina. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do gênero documento – Carta de Comunicado – apresentadas no texto lido.

Prática de leitura

Em relação à carta de comunicado lida entenda por base as características do gênero documento – carta de comunicado - responda as questões abaixo:

01 Qual é o assunto tratado nesse texto?Possibilidade de resposta: Essa carta trata de informar e solicitar.

02 A quem a carta se dirige?Possibilidade de resposta: a uma empresa.

03 Por quem foi escrita esta carta?Possibilidade de resposta: por uma determinada empresa.

04 Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?Possibilidade de resposta: a linguagem empregada nessa carta é padrão formal e a pessoa gramatical capaz de estabelecer a interlocução é a terceira pessoa do discurso.

Professor(a), abra um espaço para discussão para que os alunos socializem as respostas dadas às questões acima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura.

Prática de escrita

DESAFIO

Imagine que você abra um negócio, por exemplo uma fábrica de camisetas, uma fábrica de adesivos uma fábrica de uniformes ou qualquer outra e esteja em plena produção, fornecendo produtos a outros. Já conseguiu fornecer, vender alguns produtos,

Page 140: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

140

mas ainda não recebeu. Então escreva uma carta de comunicado para os novos clientes comunicando-os sobre o vencimento dos boletos, envolvendo as características próprias desse gênero.

Contemple em sua carta comercial os seguintes aspectos: destinatário e marcas de interlocução. Sucesso!

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você durante o estudo desse gênero.

AULA 41

Identificação dos conhecimentos prévios/introdução do estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero documentos – Carta de Autorização – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas de autorização.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta de autorização.

u Distinguir o gênero de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero carta de autorização – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

Conceito

A carta de autorização é o documento por meio do qual alguém autoriza outrem à prática de determinado ato, como a retirada de materiais, por exemplo.

Page 141: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

141

Prática de oralidade

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero documentos – Carta de Autorização proponha à sala uma leitura compartilhada da carta de autorização, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Segue abaixo um modelo de carta de autorização. Eu, (nome), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado na (endereço), autorizo o Sr. (nome de quem está sendo autorizado), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), a retirar em meu nome os materiais adquiridos por meio da nota fiscal nº XXXX, na (nome da empresa). (localidade), (dia) de (mês) de (ano).

(assinatura)(nome)Obs: Se necessário, reconhecer firma.

Professor(a) faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando atenção dos estudantes para referências importantes como: a linguagem utilizada na carta de autorização, a intencionalidade de quem escreve e a quem se destina. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do gênero documento – Carta de Autorização – apresentadas no texto lido.

Prática de leitura

Em relação à carta de autorização lida e tendo por base as características do gênero documento – carta de autorização - responda às questões abaixo:

01 Qual é o assunto tratado nesse texto?Possibilidade de resposta: trata de autorização para retirada de mercadoria em nome do remetente.

02 A quem a carta se dirige?Possibilidade de resposta: ela se dirige ao responsável pelas mercadorias.

03 Por quem foi escrita esta carta?Possibilidade de respostas: essa carta foi escrita pelo proprietário das mercadorias que tinha interesse em fazer a retirada delas, porém encontrava-se impossibilitado para fazê-la.

04 Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?Possibilidade de respostas: a linguagem utilizada nessa carta é formal padrão e a pessoa discursiva é a terceira pessoa.

Professor(a), abra um espaço para discussão para que os alunos socializem as respostas dadas às questões acima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura.

Page 142: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

142

Prática de escrita

DESAFIO

Imagine que você seja consultor de um determinado produto , fora de sua cidade de residência. Você fez um grande pedido que será enviado via correio.Seu pedido chegou e você tem poucas horas para retirá-lo das agências, porém encontra-se impossibilitado e terá que autorizar alguém para pegar as mercadorias em seu nome.Então, escreva uma carta de autorização, envolvendo as características próprias desse gênero. Contemple em sua carta comercial os seguintes aspectos: destinatário e marcas de interlocução. Sucesso!

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você durante o estudo desse gênero.

AULA 42

Identificação dos conhecimentos prévios/introdução do estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos sobre o gênero documentos – Carta de Agradecimento – explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas de agradecimento.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta de agradecimento.

u Distinguir o gênero de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero carta de agradecimento – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

Page 143: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

143

Conceito

São diversas as ocasiões em que recebemos favores, bons serviços ou oportunidades que aproveitamos com satisfação. Nessas situações, convém demonstrar que apreciamos a consideração que nos foi dada. Essa manifestação por vezes pode ser formalizada por meio de uma carta de agradecimento.

Prática de oralidade

• Você reconhece o gênero carta de agradecimento? • Você conhece o objetivo da carta de agradecimento? • Qual a importância de produzir uma carta de agradecimento?

Prática de leitura

Faça uma leitura oral do texto, observando referências importantes como: a linguagem utilizada na carta de agradecimento, a intencionalidade de quem escreve e a quem se destina. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do gênero documento – Carta de Agradecimento – apresentadas no texto lido.

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Correspondências oficiais, proponha à sala uma leitura compartilhada da carta de agradecimento, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Segue um modelo de carta de agradecimento que poderá ser adaptado às suas necessidades:

Senhor(a). (nome), Apresento meus agradecimentos pelo apoio e oportunidade que me foram concedidos.

O tempo que passei em companhia de pessoas excelentes contribuiu imensamente para meu crescimento pessoal e profissional, graças ao companheirismo de todos.

Desejo a todos muita sorte e sucesso!

Muito obrigado por tudo.

Atenciosamente,(seu nome)

Em relação à carta de agradecimento lida, entenda por base as características do gênero documento – carta de agradecimento –, responda às questões a seguir:

Page 144: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

144

01 Qual é o assunto tratado nesse texto?Possibilidade de resposta: Agradecimento por uma gentileza, favor.

02 A quem a carta se dirige?Possibilidade de resposta: À pessoa que fez a gentileza ao remetente.

03 Por quem foi escrita esta carta?Possibilidade de resposta: a pessoa que escreve a carta é a pessoa que está agradecida.

04 Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?Possibilidade de resposta: A linguagem usada é formal padrão e a pessoa do discurso utilizada é a terceira pessoa.

Professor(a), abra um espaço para discussão para que os alunos socializem as respostas dadas às questões acima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura.

Prática de escrita

DESAFIO

O nono ano é o encerramento de um ciclo em seus estudos, ele representa a conclusão do ensino fundamental e, com certeza, muitas pessoas contribuíram com a sua formação Como um gesto de gratidão é sempre bem-vindo, escreva uma carta de agradecimento, envolvendo as características próprias desse gênero.

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual, com base nas anotações feitas por você durante o estudo desse gênero.

AULA 43

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Carta de agradecimento, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Page 145: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

145

O que devo aprender nesta aula

u Inferir informações a partir da leitura de textos sobre a estrutura do gênero.

u Produzir cartas de agradecimento, observando seus elementos constitutivos.

u Desenvolver habilidades de leitura e interpretação textual no gênero carta de agradecimento.

u Reconhecer o significado contextual e estrutural do gênero, atentando para a sua função social.

Prática de oralidade

• Por que é importante agradecer?• Em que situações o agradecimento se faz necessário?• Como deve ser a linguagem utilizada em uma carta de agradecimento?Professor(a), comente sobre a importância do agradecimento, levante situações em que seria necessário o ato de agradecimento. Convém ressaltar que o grau de formalidade da carta depende de seu interlocutor.

Conceito

Segundo estudiosos, a carta de agradecimento é um gênero utilizado para externar gratidão a alguém ou estabelecimento por ser tratado bem ou ter conseguido algo. Apresentam a mesma estrutura da carta pessoal e de solicitação (local e data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura). A linguagem deve ser objetiva, clara e adequada ao seu interlocutor, mantendo sempre a formalidade.

Prática de leitura

O texto abaixo é uma carta de agradecimento ao cliente, em que a empresa agradece a seus clientes a preferência em relação ao seu estabelecimento. Leia com atenção e responda às questões.

Professor(a), faça uma leitura dinâmica da carta abaixo, e chame a atenção da classe para o vocabulário e o nível de linguagem utilizados.

Goiânia, 11 de novembro de 2012.

Prezado Amigo,

Para nós é uma honra tê-lo como cliente, é uma honra termos sido eleitos

para prestar-lhe este serviço que exige segurança e responsabilidade. Temos

orgulho pela relação de confiança que conseguimos estabelecer e estamos

Page 146: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

146

abertos para qualquer sugestão vossa que possa melhorar ainda mais a prestação

dos nossos serviços.

A proposta desta empresa é realizar um trabalho de excelência, cumprindo

prazos e contratos com o máximo rigor. Esta proposta de qualidade não seria

possível de ser implementada sem a valiosa colaboração que você, como cliente,

sempre nos ofereceu, cumprindo também os contratos estabelecidos e relevando

os eventuais contratempos que sempre tentamos evitar.

Se todos os clientes fossem como voe, toda carga seria muito mais fácil de

carregar. Que os nossos caminhos continuem a se cruzar e nos levem sempre em

direção a um mundo de paz e esperança.

Atenciosamente,

Auto Peças e Mecânica ABCJoão B. Alves – gerente

Disponível em http://www.zun.com.br.

01 No primeiro parágrafo do texto, identifique o motivo da carta.Agradecer ao destinatário por ser um ótimo cliente e colaborar com o sucesso da empresa.

02 No texto, percebemos que o remetente procura atender seu cliente da melhor forma possível para que ele saia satisfeito com o serviço prestado. Retire do texto o trecho que comprove essa afirmativa.

“... estamos abertos para qualquer sugestão vossa que possa melhorar ainda mais a prestação dos nossos serviços.”

03 Identifique no texto, o período em que o remetente caracteriza o cliente. “... a valiosa colaboração que você, como cliente, sempre nos ofereceu, cumprindo também os contratos estabelecidos e relevando os eventuais contratempos que sempre tentamos evitar.

04 Apesar do texto apresentar uma linguagem um pouco formal, é possível perceber uma certa intimidade entre os interlocutores? Justifique

Sim. Ao utilizar o pronome de tratamento você e o vocativo prezado amigo, o remetente deixa transparecer uma aproximação a mais do destinatário.

Professor(a), ao corrigir as atividades, chamem a atenção dos estudantes sobre a carta de agradecimento ao cliente ser uma carta destinada a vários tipos de pessoas, desde as que têm um nível elevado de estudo as mais simples e humildes, por isso a adequação da linguagem mais ou menos formal.

Page 147: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

147

Prática de escrita

DESAFIO

A carta de agradecimento pode ser enviada também a um amigo. Elabore uma carta de agradecimento a um amigo (a) agradecendo por algum favor ou presente recebido. Por ser amigo, lembre-se que você deve ser discreto e ao mesmo tempo íntimo. Não se esqueça de utilizar os elementos constitutivos da carta (Local e data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura). Além de agradecer, coloque o quanto o amigo(a) lhe ajudou e a sua disposição em ajudá-lo também.

Professor(a), se preferir essa atividade pode ser feita em duplas e/ou depois de pronta trocar entre eles para que façam as devidas correções.

AULA 44

Ampliação dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Carta de agradecimento, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise linguística.

O que devo aprender nesta aula

u Inferir significados através da leitura, associação e comparação dos gêneros em estudo

u Refletir sobre o uso de conjunções e pronomes relativos

u Refletir sobre a variação linguística no gênero.

u Refletir sobre a função social do gênero.

Prática de oralidade

Professor(a), nesse momento é necessário esclarecer a importância de se escrever uma carta de agradecimento, pois demonstra consideração e gratidão a pessoa destinada, tornando as relações mais harmoniosas e produtivas. Peça ao aluno que leia o texto em voz alta, compare-o com a carta de solicitação das aulas anteriores e discuta suas semelhanças e diferenças. Depois, explique e anote na lousa sobre o uso de conjunções e pronomes relativos no texto e sua importância para torná-lo mais coeso e coerente.

Page 148: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

148

Conceito

Conforme alguns estudiosos a carta de agradecimento por doação é caracterizada pela sua função de agradecer por uma doação feita de maneira mais formal e com uma linguagem mais formal possível e de maneira prática, garantindo, assim, a abertura para novas doações.

Alguns gramáticos afirmam que é importante conhecer os pronomes relativos e as conjunções bem como os seus significados para poder dar sentido ao texto.

Professor(a), com o auxílio de uma gramática, anote na lousa todos os pronomes relativos e as conjunções coordenativas e subordinativas com seus respectivos significados, peçam que os estudantes dê exemplos de frases que contenham conjunções e pronomes relativos oralmente e anote-as na lousa.

Prática de leitura

O texto abaixo é uma carta de agradecimento por doação. Leia com atenção e responda às questões que se seguem:

Goiânia, 10 de outubro de 2012.

Prezada Helena Lunardelli,Venho por meio desta agradecer a flores que nos foram enviada pela Flor

Gentil para o nosso baile da primavera.Conforme pode ver nas fotos anexas, os idosos ficaram muito felizes e

agradecido por causa das flores.É por causa de atitudes como as da sua organização que muitas ações são

abrilhantadas e tornam melhor o dia de pessoas que participam de atividades, por exemplo, nos bairros da periferia e em lugares com pessoas menos favorecidas.

Espero poder contar com essa parceria outras vezes, pois será muito importante para os idosos.

Faço aqui também um convite para que sua organização venha nos fazer uma visita e conhecer nosso trabalho. Teremos muito prazer em recebê-los.

Muito obrigado!

Atenciosamente, Jorge Barbosa

Disponível em http://www.zun.com.br

01 Quais as diferenças entre esse texto e a carta de solicitação quanto ao seu conteúdo?A carta de agradecimento tem a função de agradecer a alguém ou estabelecimento sobre algo recebido ou tratamento adquirido enquanto a carta de solicitação tem por objetivo solicitar a alguma autoridade a resolução de um problema.

Page 149: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

149

02 Qual é motivo do agradecimento apresentado no texto?O motivo é a doação de flores feita pelo remetente para o baile da primavera dos idosos.

03 Que tipo de linguagem foi utilizada no texto? Formal ou informal? Justifique.Formal. O remetente utiliza palavras e expressões do nível formal da língua, por exemplo, “atenciosamente”, “prezada” e segue construções sintáticas conforme as regras gramaticais.

04 Assinale a relação de sentido das conjunções destacadas nos trechos abaixo:

a) “Conforme pode ver nas fotos...”( ) Adição ( X ) Conformidade ( ) Comparação

b) “... pois será muito importante...”

( X ) Explicação ( ) Oposição ( ) Conclusão

c) “... um convite para que sua organização venha...”

( ) Causa ( ) Condição ( X ) Finalidade

DESAFIO

Leia a tira seguinte retratada pelas personagens Jon e seu guloso gato Garfield e responda às questões:

01 Percebendo que a fala do terceiro quadrinho é uma continuação da fala do pri-meiro quadrinho, há coerência entre essas duas falas? Justifique.

Não. A conjunção portanto tem o sentido de conclusão e em relação ao período anterior a conjunção deverá ter o sentido de oposição, ficando assim, sem coerência.

Page 150: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

150

02 Reescreva a última fala, colocando uma conjunção de forma que fique coerente.Resposta Pessoal. Caberá qualquer conjunção que tenha o sentido de oposição, a saber, mas, porém, todavia, etc no lugar da conjunção portanto.

03 Em que consiste o humor da tira?Consiste justamente na incoerência da fala de Jon.

AULA 45

Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Compreender e desenvolver habilidades e competências de produção textual no gênero carta de solicitação e de identificação de sua temática e estrutura.

O que devo aprender nesta aula

u Reconhecer a estrutura do gênero carta de solicitação.

u Discutir sobre a importância de produzir uma carta de solicitação em nosso cotidiano.

u Desenvolver habilidades de interpretação textual no gênero carta de solicitação

Prática de oralidade

• Você sabe identificar uma carta de solicitação? • Você conhece o objetivo da carta de solicitação? • Qual a importância se produzir uma carta de solicitação?

Conceito

A carta de solicitação é um gênero textual que tem por finalidade fazer uma solicitação a um interlocutor, para o qual é apresentado um problema na esperança de que o resolva

Page 151: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

151

ou o amenize. É um texto argumentativo, de caráter persuasivo, no intuito de convencer o destinatário.

O texto abaixo é uma carta que solicita à autoridade em questão um apoio imediato junto ao Congresso Nacional no tocante à punição aos crimes praticados por empresas telecomunicativas por parte da Anatel, visando melhorias nos serviços prestados à comunidade. Leia com atenção e responda às questões que se seguem:

Professor(a), apresente o texto aos estudantes, antecipando-lhes algumas informações necessárias para a compreensão do conteúdo da carta. Explique-lhes o que é a ANATEL, em que consiste a formação de oligopólios e cartéis etc.

São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

Exma. Sra. Deputada Federal Ângela Guadagnin

Parabenizamos sua presteza, agilidade e o interesse demonstrado, dado o

curto hiato de tempo entre a primeiro contato com seu filho e a sua comunicação

telefônica.

Ficamos muito felizes, pois agora que somos governo, temos percebido um

certo imobilismo por parte de nossa bancada, dando-nos a forte impressão que

só somos combativos e pró-ativos quando estamos na oposição.

Somos hoje uma comunidade com 695.000 membros, até o fim do ano

seremos 732.000 usuários de banda larga. Só em 2002, nosso crescimento no

foi de 112% , e em pelas projeções de mercado realizadas pelo IDC, seremos 3,8

milhões em 2006.

Dado o seu interesse, estamos enviando o relatório completo, penso que

são subsídios que a auxiliarão para pensarmos numa estratégia eficiente para

atuação dentro de sua comissão para alcançar eco no executivo, inclusive junto

ao ministro da casa civil, que sabemos está concentrando os estudos (menos

estudos e mais proposições de interesse político econômico) sobre as ANas, para

suas propostas que podem servir de base para apresentação de PL que aprimore

a disciplina e, principalmente, tomar medidas imediatas para coibir abusos e fazer

cumprir a lei, usando instrumento disponíveis no que tange à participação do

representante dos usuários no conselho e nos comitês da Anatel (ver no dossiê a

manobra recente sobre assunto no mês 02 de 2003.)

Penso que o momento é oportuno por termos tido conhecimento que:

1. É prática comum das teles, apoiadas pela ANATEL, fornecer informações

distorcidas, tendenciosas, incorretas e incompletas, defendendo seus interesses

Page 152: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

152

corporativos, em detrimento dos interesses dos usuários. Numa delas, para evitar

cumprir liminar do Ministério Público Federal da quinta região, A C Apelação

Civil 109 388 processo 9705017611 Bauru 11/10/2002, ANEXOS 5, 6, 7 e 53, a

Telefônica alega repassar custos, não apresenta planilhas, e cobra por um serviço

que ela mesmo executa, valores maiores que os cobrados pelos provedores,

que terceirizam o acesso com a própria Telefônica! A própria ANATEL enviou

ao Judiciário texto incompleto da LGT, suprimindo o artigo 7º, induzindo o

magistrado a erro, e impedindo a concessão de liminares (Norma 004/95 e

informe SPV) ANEXOS 11 e 12

2. Por ter conhecimento pela imprensa da decisão do Sr. Presidente Lula de

rever as atividades das agências reguladoras. (Artigo de “O estado de São Paulo”,

ANEXO 13).

3. Por estarmos presenciando a apresentação em 2003 de dois projetos de lei, sendo

um do um deputado do PT Orlando Fantazzini, que nos parece inconstitucional,

por ignorar a interpretação do sistema normativo das telecomunicações, e

também pelo teor das proposituras, que se aprovadas aniquilariam o que resta

da livre iniciativa no setor de provimento de acesso à internet, em favor das teles.

ANEXOS 14 a 17 Hoje, dada à falta de normatização para as novas tecnologias,

de distorsões em sua aplicação, e a ineficaz fiscalização por parte da ANATEL e

do CADE, as operadoras de telecomunicação já dominam grande parte desse

mercado, através de formação de cartel, disfarçado em livre concorrência,

conforme denúncias, ANEXOS 18 a 22.

Estamos acompanhando pela imprensa, alguns procedimentos do ministro

Miro Teixeira, apoiadas por alguns parlamentares (ver contratos do STFC) que

poderá resultar no esvaziamento do órgão e até mesmo na sua extinção.

Como V.Ex. poderá depreender de nosso relatório, somos veemente contra

as manobras coorporativas, o aviltamento às leis, os crimes contra o consumo,

formação de oligopólios e cartéis, que vem sendo praticado pelas teles com

a conivência explícita da Anatel, e pela omissão do congresso nacional que

durante a ultima legislatura não fez uso de suas prerrogativas de controlar os

atos praticados pelas ANas, através dos instrumentos garantindo na C.F. artigo 49

incisos V, X e XI e artigo 50, que lhe confere poderes e autoridade para convocar

ministro de estado e titulares de órgão diretamente subordinados a Presidência

da Republica.

Page 153: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

153

O desenho formatado para a regência da Anatel garante também o controle

social, através da participação nos conselhos e dos comitês. Assim a condução do

órgão poderia obedecer ao formato harmônico, democrático e republicano que

inspirou seus princípios regulatórios.

Se a Anatel não impedisse a participação da sociedade, se o congresso

cumprisse seu papel de controle e fiscalização sobre os atos e regulamento da

agência, que após publicação ganha força de lei, as políticas públicas ditadas pelo

executivo e aprovados pelo legislativo estariam sendo atendidas, e os desmandos,

vícios, crimes e descalabros estariam coibidos. A este respeito, solicitamos a leitura

atenta da contribuição oferecida por nosso diretor da sub-seçao-R.J ( Rogério)

sob o titulo (Alô, congresso nacional? Estamos esperando vocês.) . Neste artigo

estamos apresentando também 20 sugestões que só dependem de vontade

política para serem implementadas, usando dos instrumentos já existentes, e

seria uma atitude emblemática, visto que teria o caráter de mostrar à sociedade

a seriedade, honestidade, competência e agilidade desta nova legislatura em que

nosso partido é situação.

Colocamos-nos a disposição para complementar, instrumentalizar e apoiar

todos as suas iniciativas para o aperfeiçoamento da Anatel, e o enquadramento das

teles quanto ao cumprimento de nossas leis, para o impedimento da concorrência

desleal, espoliativa e predadora em particular; e das que se façam para cumprir

o artigo primeiro da constituição, no aprimoramento daquela propositura, no

tocante ao aperfeiçoamento e criação de canais de comunicação social e política

capazes de estabelecer a interação do cidadão com a esfera pública.

Agradecendo sua atenção, e colocando-nos à sua disposição, oferecemos

nossos telefones particulares 011 3083-7688, 9197-1443 e o e-mail abusar@

abusar.org.br para contato.

Despedimos-nos com protesto de grande consideração.

Atenciosamente,

Horacio Belfort

Presidente.

Disponível em http://www.abusar.org.br/carta_solicitação.html

Page 154: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

154

Prática de leitura

01 Identifique no texto:

local e data: São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003.

os interlocutores (remetente e destinatário): Horacio Belfort e deputada federal Ângela Guadagnin

vocativo: Exmª Srª Deputada Federal Ângela Guadagnin

despedida: Despedimo-nos com protesto de grande consideração. Atenciosamente

02 Há diferença desse gênero em relação à carta pessoal quanto à estrutura, forma? Jus-tifique.

Não. Ambas apresentam a mesma estrutura (local,data, nome do destinatário, corpo do texto, despedida e assinatura)

03 E quanto ao conteúdo? Justifique. Sim. A carta de solicitação tem a finalidade de solicitar algo para solucionar um problema e a carta pessoal não necessariamente.

04 Qual é a solicitação feita pelo remetente ao destinatário? Interceder junto ao Congresso Nacional, apresentando medidas que possam coibir abusos e fazer cumprir a lei referente aos crimes contra o consumo e formação de cartéis, praticados pelas empresas de telecomunicações.

05 A carta de solicitação por ser um texto argumentativo, apresenta argumentos de forma a convencer o destinatário. Cite dois argumentos do texto que poderiam fazer o so-licitado a atender o pedido.

Os atuantes fazerem parte da mesma bancada política e sofrerem com os abusos das empresas telecomunicativas e também por serem usuários da banda larga em grande escala de forma crescente.

Prática de escrita

DESAFIO

Pesquise em jornais locais denúncia de algum tipo de problema que vem ocorrendo na cidade e escreva uma carta de solicitação ao órgão competente pedindo providências e/ou fazendo sugestões. Não se esqueça de seguir a estrutura da carta de solicitação e de empregar linguagem formal.

Page 155: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

155

AULA 46

Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos sobre o gênero, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da linguagem.

O que devo aprender nesta aula

u Construir significados e inferir informações a partir da leitura.

u Refletir sobre a função social do gênero.

u Refletir sobre a linguagem utilizada no gênero em estudo.

u Retomar a produção inicial com a finalidade de garantir a presença dos elementos próprios do gênero.

Conceito

O gênero carta de solicitação é um instrumento pelo qual podemos exercer a cidadania, com base nos nossos direitos e deveres para com o outro e para com a sociedade em geral. Através desse gênero podemos apontar falhas, discutir e apresentar soluções para problemas que enfrentamos diariamente em nosso meio. Como cidadão, um dos nossos deveres é transformar ou aprimorar aquilo que não vai bem.

Prática de oralidade

Professor(a), discuta com seus alunos sobre os problemas presentes nas diversas áreas da sociedade (meio ambiente, trânsito, segurança, saúde, educação, e outros) e as possíveis soluções para os mesmos. Explique que através da carta de solicitação podemos reivindicar nossos direitos e exercer nossos deveres como cidadão. Faça uma leitura oral da carta abaixo com os alunos e, em seguida, questione-os:

• Que elementos que compõem a forma de uma carta de solicitação estão presentes nesta carta?

• Que tipo de linguagem é empregada na carta?• Qual a função social desta carta?

Page 156: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

156

Prática de leitura

Releia a carta abaixo e, em seguida, responda às questões que se seguem:

Fortaleza (CE), 12 de janeiro de 2010.

Ilmº. Sr. Diretor do Departamento de Trânsito de Fortaleza:

Nós, moradores da Rua Jair dos Santos Meneghetti, há anos vimos

enfrentando sérios problemas com o trânsito local. Como é de seu conhecimento,

a Avenida Olímpio de Souza é uma das mais movimentadas de nossa cidade. Ela

concentra um grande número de veículos – incluindo-se, além de automóveis,

ônibus e caminhões –, já que conduz o fluxo tanto ao centro da cidade quanto às

rodovias que levam a cidades vizinhas.

Mesmo havendo duas pistas em cada sentido da Avenida Olímpio, é

comum alguns veículos, na altura do número 1.500, tomarem nossa rua como

atalho. Isso se deve a duas razões: primeiramente porque, nos horários de pico, é

normal o trânsito fluir mais lentamente: em segundo lugar porque, mais à frente,

na altura do número 1700, existe um semáforo que sinaliza o cruzamento da Rua

Sílvia Arante com a Olímpio. Os motoristas, quando estão na altura do número

1.500, conseguem avistar o semáforo e, se ele está fechado, não hesitam em tomar

a Jair dos Santos como atalho e sair já no número 1.900 da Avenida Olímpio.

O resultado não poderia ser diferente: poluição do ar, barulho insuportável

de motores e buzinas, riscos constantes para nossas crianças, insegurança, em

virtude da constante circulação de pessoas estranhas ao local, má qualidade de

vida.

Lembramos a V. S.ª que a Rua Jair dos Santos Meneghetti é predominante-

mente residencial e não comporta tal tipo de tráfego. Além disso, na campanha

política do atual prefeito, que V. S.ª naturalmente apoiou, uma das propostas de-

fendidas era a preservação da qualidade de vida da cidade. Eis uma oportunidade

de concretizar essa proposta, tomando-se uma destas medidas práticas que ora

sugerimos inverter a mão da Rua Jair dos Santos Meneghetti, que atualmente vai

do número 01 para o número 225, ou colocar três quebra-molas ou lombadas ao

longo da Rua supracitada.

Acreditamos que a adoção de uma dessas soluções – que custariam pouco

e poderiam ser efetivadas em no máximo dois dias – resolverá o problema de

uma vez e conseguirá devolver-nos a tranquilidade que tínhamos no passado e

Page 157: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

157

a que temos direito ainda hoje. Para V.S.ª e para o Departamento que dirige, será

também a oportunidade de se integrar às reais necessidades da população, cada

vez mais conscientes de seus deveres e direitos.

Certos de sua atenção, agradecemos.

Moradores da Rua Jair dos Santos

Disponível em http://oblogderedação.blogspot.com.br

01 Qual é o problema que motivou a escrita da carta?O grande fluxo de veículos na Rua Jair dos Santos Meneghetti, colocando em risco a vida de seus moradores.

02 Quais as consequências do aumento de tráfego nessa rua?Poluição do ar, barulho insuportável de motores e buzinas, riscos constantes para nossas crianças, insegurança, em virtude da constante circulação de pessoas estranhas ao local, má qualidade de vida.

03 Quais foram as medidas sugeridas pelos moradores a fim de solucionar o problema?Inverter a mão da Rua Jair dos santos Meneghetti, que atualmente vai do número 01 para o número 225 ou colocar três quebra-molas ou lombas ao longo da Rua supracitada.

04 Que tipo de linguagem foi utilizada na carta? Justifique e comprove sua resposta com exemplos do texto.

Formal, pois o texto apresenta períodos, palavras e expressões de acordo com a norma culta da língua. Serve como exemplo qualquer trecho da carta.

Professor(a), ao corrigir a questão 4, comente com os alunos e anote na lousa sobre as variedades linguísticas, explicando e dando exemplos de cada nível de linguagem.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome sua produção da aula anterior e verifique se a carta explica claramente qual é o problema que o leva a escrever ao destinatário, se estão presentes e adequados à forma composicional da carta (local, data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura), se a linguagem está de acordo com o seu interlocutor.

Troque sua carta com um colega e discutam se o texto é objetivo e claro. Dê sugestões ao colega, caso julgue necessário que algum trecho seja melhorado.

Professor(a), é hora de orientar o seu aluno na reescrita do texto com base nas anotações feitas por você na correção dos textos.

Page 158: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

158

AULA 47

Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos sobre o gênero em estudo, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise da linguagem.

O que devo aprender nesta aula

u Desenvolver habilidades e competências de análise e produção textual reconhecendo e utilizando os recursos morfossintáticos da língua.

u Refletir sobre o emprego do pronome de tratamento e vocativo como elementos fundamentais do gênero

u Refletir sobre o vocativo no gênero em estudo

u Saber produzir texto no gênero utilizando os recursos morfossintáticos da língua.

Conceito

Segundo Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano, pronomes de tratamento são palavras ou expressões empregadas no trato cerimonioso com o interlocutor e vocativo é o termo que expressa um chamamento. Esses elementos linguísticos são imprescindíveis na construção da carta. Os pronomes de tratamento que se usam no vocativo (nome do destinatário) sempre concordam com os verbos em 3ª pessoa.

Professor(a), com o auxílio de uma gramática, anote na lousa os pronomes de tratamento, forma abreviada, seu emprego e explique vocativo com exemplos.

Prática de oralidade

Professor(a), peça aos estudantes que leiam com atenção o texto da aula anterior, chamando-lhes a atenção para o destinatário da carta:

• Identifique o vocativo e os pronomes de tratamento.• Considerando o destinatário, os pronomes de tratamento foram utilizados

adequadamente?

Page 159: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

159

Prática de análise da língua

01 Releia o 4º parágrafo do texto da aula anterior e identifique o trecho que comprova a concordância do pronome de tratamento com o verbo em 3ª pessoa do singular.

“... que V, Sª naturalmente apoiou, ...”

02 Se o destinatário da carta fosse o Presidente da República qual pronome de tratamen-to deveria ser utilizado segundo a norma gramatical?

V. Exª: Vossa Excelência

03 Reescreva o trecho “Lembramos a V.Sª que a Rua Jair dos Santos Meneghetti é pre-dominantemente residencial...” supondo que o destinatário fosse um amigo.

“Lembramos a você que a Rua Jair dos Santos Meneghetti é predominantemente residencial...”

Prática de escrita

DESAFIO

Leia os textos abaixo e, em seguida, elabore uma carta endereçada ao Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, solicitando-lhe uma ação concreta que solucione este problema. Não se esqueça de seguir as regras de elaboração das cartas de solicitação e de empregar linguagem formal.

TExTO 1

Violência

O Estado de São Paulo vive uma onda de violência, com registros de

chacinas, homicídios, ônibus incendiados e mortes de policiais militares.

Desde o último dia 24, 253 pessoas foram mortas na região metropolitana

de São Paulo – média de 9,7 por dia.

Desde o início do ano, 95 policiais militares já foram assassinados em

todo o Estado de São Paulo.

Em 2011, 47 PMs foram mortos –21 dos crimes ocorreram enquanto

os policiais estavam em serviço e 26 foram assassinados no horário de folga

–, de acordo com o comandante-geral da PM, Roberval França.

[Folha de S. Paulo, 26 de novembro de 2012]

Page 160: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

160

TExTO 2

Professor(a), peça aos estudantes para avaliarem seus textos, verificando se a carta produzida apresenta argumentos convincentes de forma clara e suficiente, se a linguagem mantém um nível mínimo de formalidade que a situação requer, se estão presentes e adequados os elementos estruturais da carta (local, data, vocativo, assinatura). Ou se preferir peça que troquem os textos com o colega para serem corrigidos e depois para fazerem a reescrita corrigindo o que for necessário.

Síntese

Caraterísticas das cartas de solicitação• Texto de intenção persuasiva;• Apresentação às autoridades competentes uma solicitação de soluções para um

problema;• Estrutura semelhante à das cartas em geral: local e data, vocativo, corpo da carta

(assunto), expressão cordial de despedida, assinatura;• Estratégia argumentativa: apresentação do problema, suas causas e consequências,

exposição de argumentos capazes de persuadir o destinatário;• Linguagem clara e objetiva, de acordo com o padrão culto formal da língua, geralmente

em 1ª. Pessoa;• Formas verbais predominantemente empregadas no presente do indicativo;• Pronomes de tratamento de acordo com o cargo ocupado pelo destinatário.

Page 161: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

161

AULA 48

Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Ofício, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Reconhecer os elementos do gênero ofício.

u Discutir sobre a importância de produzir um ofício em nosso cotidiano.

u Desenvolver habilidades de argumentação no gênero ofício.

Prática de oralidade

• Com base em que elementos você identifica um ofício? • Qual a finalidade de um ofício? • Qual a importância se produzir e encaminhar um ofício?

Conceito

O ofício é um tipo de correspondência externa, muito usada especialmente quando o destinatário é órgão público. Ele serve para “informar, encaminhar documentos importantes, solicitar providências ou informações, propor convênios, ajustes, acordos, etc., convidar alguém com distinção para a participação em certos eventos, enfim, tratar o destinatário com especial fineza e consideração” (CAMPOS MELLO, 1978: 122)

Prática de leitura

O texto a seguir é um ofício que responde, à autoridade em questão, medidas dirigidas a Senhora Presidente da República, visando aspectos relacionados à demarcação de terras indígenas. Leia com atenção e responda às questões que se seguem:

Professor (a), apresente o texto aos estudantes, antecipando-lhes algumas informações necessárias para a compreensão do conteúdo do oficio. Explique-lhes em que consiste a demarcação de terras indígenas, e a finalidade do conteúdo do texto.

Page 162: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

162

Modelo de ofício do Manual de Redação da Presidência da República (2002)

[Ministério][Secretaria/Departamento/Setor/Entidade][Endereço para correspondência][Endereço - continuação][Telefone e Endereço de Correio Eletrônico]Ofício n.º 524/1991/SG-PRBrasília, 27 de maio de 1991.

A Sua Excelência o Senhor

Ofício n.º 524/1991/SG-PR

Brasília, 27 de maio de 2011.

A Sua Excelência o Senhor

Deputado [Nome]

Câmara dos Deputados

70.160-900 – Brasília – DF

Assunto: Demarcação de terras indígenas

Exmº Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama n.º 154, de 24 de

Setembro último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em sua carta n.º 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).

2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que – na definição e demar-cação das terras indígenas – fossem levadas em consideração as características socioeconômicas regionais.

3. Nos termos do Decreto n.º 22, a demarcação de terras indígenas deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231, §1.º, da Constituição Federal. Os es-tudos deverão incluir os aspectos etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual competente.

4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão encaminhar as informações que jul-garem pertinentes sobre a área em estudo. É igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade civil.

5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio serão

publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e das entidades civis acima mencionadas.

6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido assegura

que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária transparência e agilidade.

Atenciosamente,

[Assinatura][cargo]

Fonte: www.iesde.com.br

Page 163: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

163

Prática de leitura

01 Identifique no texto:

local e data: Brasília, 27 de maio de 2011

os interlocutores (remetente e destinatário): Presidência da República Deputado [x]

o vocativo: Exmº Senhor Deputado,

a despedida: Atenciosamente

02 Há diferença desse gênero em relação à carta pessoal quanto à forma, estilo e conte-údo? Justifique.

Resposta possível: Sim. Desde o cabeçalho, corpo do texto, objetividade, despedida, até a assinatura são diferenciados.

03 A linguagem utilizada faz parte do cotidiano de vocês, ou apresentam diferenciações da linguagem comum? Justifique.

Resposta possível: Há diferenciações entre as linguagens. Os termos usados no oficio são bem técnicos e a linguagem é totalmente objetiva.

04 Qual é a solicitação feita pelo remetente ao destinatário? Responder e complementar às observações transmitidas pelo telegrama n.º 154, recebido em de 24 de Setembro.

Prática de escrita

DESAFIO

Com base no texto apresentado como modelo de oficio, crie seu próprio texto-ofício ressaltando alguma solicitação a um órgão público. O conteúdo do texto deve ter linguagem específica.

Page 164: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

164

AULA 49

Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos sobre o gênero, explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

O que devo aprender nesta aula

u Identificar a linguagem e significados a partir da leitura do texto em estudo.

u Refletir sobre a função social do gênero.

u Comparar os tipos de conteúdos explícitos nos textos.(anterior e atual)

u Retomar a produção inicial com a finalidade de garantir a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Professor (a) reflita com seus alunos sobre as questões recorrentes nas diversas áreas de sua comunidade (meio ambiente, trânsito, segurança, saúde, educação, e outros) e os possíveis caminhos para a solução dos mesmos. Explique que através de um ofício podemos reivindicar nossos direitos e exercer nossos deveres como cidadão contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e trabalho dos cidadãos. Faça uma leitura oral do ofício abaixo com os alunos e, em seguida, questione-os. Explique aos alunos que este tipo de correspondência é o documento por meio do qual é feita determinada comunicação ou solicitação, em caráter oficial, à determinada pessoa física ou jurídica.

• Que elementos que compõem a forma deste gênero textual estão presentes neste oficio?

• Que linguagem é empregada no texto?• Qual a função social deste texto?• O que você acha que é um plano de contingência?• Quais os riscos que a Dengue pode trazer à população?

Conceito

O gênero ofício é um instrumento através do qual podemos exercer a cidadania, com base em nossos direitos e deveres para com o outro e para com a sociedade em geral. Através

Page 165: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

165

desse gênero podemos apontar falhas, discutir e apresentar soluções para problemas que enfrentamos diariamente em nosso meio.

Um ofício é uma correspondência oficial, enviada normalmente a funcionários ou autoridades públicas. O ofício é o tipo mais comum de correspondência oficial expedido por órgãos públicos, em objeto de serviço. Seu destinatário, no entanto, além de outro órgão público, pode ser também um particular. O conteúdo do ofício é matéria administrativa, mas pode vincular também matéria de caráter social, oriunda do relacionamento da autoridade em virtude de seu cargo ou função.

Ofício nº00123/2011 Brasília, 25 de outubro, de 2011.

Ao SenhorCLÁUDIO MAIEROVITCH PESSANHA HENRIQUESDiretor do Departamento de Vigilância das Doenças TransmissíveisEsplanada dos Ministérios, Bloco G, salas 148e 15670058-900 Brasília - DFAssunto: solicitação de incentivo financeiro para qualificação das ações de prevenção e controle da dengue

Senhor Diretor,

Vimos por meio deste, encaminhar a Vossa Senhoria, o Plano de

Contingência para análise, bem como o Termo de Compromisso, aprovado pela

Comissão Intergestores Bipartite por meio da Resolução nº XXXX, de XX de

XXXX de 2010.

Os referidos documentos contêm o detalhamento das ações a serem

desenvolvidas por este município, visando o recebimento do incentivo financeiro

para qualificação das ações de prevenção e controle da dengue em nosso

município.

Certos de vosso pronto atendimento, antecipamos agradecimentos.

Atenciosamente,

xxxxxxxxxxxxxx

Secretário Municipal de Saúde

Page 166: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

166

Prática de leitura

01 Qual é o assunto que motivou a escrita do ofício?Resposta possível: O assunto visa o recebimento do incentivo financeiro para qualificação das ações de prevenção e controle da dengue no município em foco.

02 Quais os riscos da doença para a população? Resposta possível: O paciente corre o risco de ter queda brusca na pressão arterial, com a diminuição da oxigenação dos tecidos, com a probabilidade de uma infecção se proliferar em questão de poucas horas, levando ao óbito.

03 Quais foram as medidas propostas pelo Secretário Municipal de Saúde a fim de so-lucionar o problema?

Resposta possível: Plano de Contingência com o detalhamento das ações a serem desenvolvidas por esse município.

04 Que tipo de linguagem foi utilizado no texto? Justifique e comprove sua resposta com exemplos do texto.

Resposta possível: Formal, pois o texto apresenta períodos, palavras e expressões de acordo com a norma culta da língua. Ex: Encaminho a Vossa Senhoria.

Professor (a), ao explicar a questão 4, comente com os alunos e anote na lousa os tipos de linguagem, explicando e dando exemplos dentro do texto, dos termos utilizados e suas funções no contexto da correspondência.

Explicar também que expressões do tipo “Vimos por meio deste”, estão sendo abolidas das correspondências oficiais.

Prática de escrita

DESAFIO

Retome sua produção inicial e verifique se o oficio explica claramente qual é o problema que o leva a escrever ao destinatário, se estão presentes e adequados os elementos que constituem a forma composicional do texto (local, data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura), se a linguagem está de acordo com o seu interlocutor.

Em seguida troque o seu texto com o seu colega, propondo que o mesmo responda a solicitação feita.

Professor (a) é hora de orientar o seu aluno quanto às respostas dos ofícios, ressaltando que a resposta deve ser feita enfatizando o nº do ofício e a solicitação pretendida. Ex: Conforme solicitação via ofício nº xxxxxxx, vimos informar que________

Page 167: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

167

AULA 50

Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos sobre o gênero em estudo, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita e análise linguística.

O que devo aprender nesta aula

u Desenvolver habilidades e competências de análise e produção textual reconhecendo e utilizando os recursos morfossintáticos da língua.

u Refletir sobre o emprego do pronome de tratamento e vocativo como elementos fundamentais do gênero.

u Refletir sobre o vocativo no gênero em estudo.

u Produzir texto no gênero utilizando os recursos morfossintáticos da língua.

Prática de oralidade

• Identifique o vocativo e os pronomes de tratamento.• Em relação ao destinatário, é pertinente afirmar que os pronomes de tratamento

foram utilizados de modo adequado?

Professor (a), peça aos estudantes que leiam com atenção o ofício da aula anterior, chamando-lhes a atenção para o destinatário do texto:

Conceito

Os pronomes de tratamento são formas de distinção e respeito, auxiliando-nos na referência às autoridades civis, militares e eclesiásticas.

Os Pronomes de Tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal.

Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige à comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução:

Ex.: Vossa Senhoria nomeará o substituto; Vossa Excelência conhece o assunto.

Page 168: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

168

Professor (a), explique aos alunos que o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagrado:

Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

a) do Poder Executivo;Presidente da República;Vice-Presidente da República;Ministros de Estado;Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;Oficiais-Generais das Forças Armadas;Embaixadores;Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial;Secretários de Estado dos Governos Estaduais;Prefeitos Municipais.

b) do Poder Legislativo:

Deputados Federais e Senadores;

Ministro do Tribunal de Contas da União;

Deputados Estaduais e Distritais;

Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;

Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.

c) do Poder Judiciário:

Ministros dos Tribunais Superiores;

Membros de Tribunais;

Juízes;

Auditores da Justiça Militar.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Senhor Senador,

Senhor Juiz,

Senhor Ministro,

Senhor Governador,

No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:

A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal Ministro de Estado da Justiça 70.064-900 – Brasília. DF

A Sua Excelência o Senhor Senador Fulano de Tal Senado Federal 70.165-900 – Brasília. DF

A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal Juiz de Direito da 10a Vara Cível Rua ABC, no 123 01.010-000 – São Paulo. SP

(Fonte: www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm)

Page 169: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

169

Prática de análise da língua

01 Releia o 1º parágrafo do texto da aula anterior e identifique o trecho em que aparece o pronome de tratamento.

Vimos por meio deste encaminhar a Vossa Senhoria...

02 Por que o uso deste pronome de tratamento?Porque o destinatário é diretor de um departamento de um órgão público.

03 Se o destinatário do ofício fosse a Presidente da República, qual pronome de trata-mento deveria ser utilizado?

V. Exª: Vossa Excelência

04 Reescreva o 1º parágrafo deste ofício, incluindo o vocativo, supondo que o destinatá-rio fosse a Presidente da República.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Vimos por meio deste encaminhar a vossa excelência o Plano de Contingência para análise, bem como o Termo de Compromisso, aprovado pela Comissão Intergestores Bipartite por meio da Resolução nº XXXX, de XX de XXXX de 2010.

Prática de escrita

DESAFIO

Leia a charge abaixo e, em seguida, elabore um ofício solicitando à autoridade competente uma ação concreta que solucione este problema no Estado.

Pense no destinatário (de quem é a competência para a solução deste problema?) e procure seguir as regras de elaboração de ofício, inclusive observando a linguagem.

Page 170: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

LÍNGUA PORTUGUESA

170

Síntese

Caraterísticas de um ofício• Existem algumas normas que fazem parte da composição de um ofício, que são as

seguintes: o cabeçalho, geralmente no cabeçalho do ofício, conta com o timbre do órgão público; logo mais abaixo fica o índice do ofício circular, onde consta o número do ofício seguido do ano em que foi redigido (exemplo: 01/2012); em seguida consta o nome do município do órgão expedidor do documento e a data em que o ofício circular foi redigido (exemplo: São Paulo, 6 de março de 2012.). O nome do mês sempre será em minúsculo, os dias de 1 a 9, jamais poderão ser precedidos pelo zero, e após o ano, sempre com ponto final, pois trata-se de uma frase nominal.

• Em seguida é necessário informar o vocativo. Entre o índice e o vocativo são necessários de 2 a 4 espaços simples, o que vai depender do tamanho do texto que constituirá o ofício.

• Deve-se sempre iniciar com letra maiúscula e o vocativo adequado sempre seguido de dois pontos, ou vírgula.

• O corpo do texto conta com as informações da qual o órgão remetente deseja transmitir aos outros destinatários

• Os principais fechamentos utilizados são, "Atenciosamente", utilizados para autoridades de mesma hierarquia ou inferior, ou "Respeitosamente", utilizada para autoridades de hierarquia superior. Os fechamentos são sempre seguidos de vírgula, por serem advérbios. No rodapé do ofício circular, consta o destinatário, sendo desnecessário o uso de tratamentos (DD. – Digníssimo, por exemplo), sendo suficiente o pronome de tratamento Senhor (a). É necessário que o signatário assine ou rubrique cada oficio.

Page 171: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor

171

Referências bibliográficasBAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 280-326.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. Tradução de Anna Rachel Machado. São Paulo: Educ, 1999.

Brasília: 2001.

DIONÍSIO, Ângela; MACHADO, A. R. e BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

GREGOLIN, Maria do Rosário e BARONAS, Roberto (Org.). Análise do discurso: as materialidades do sentido. 2. ed. São Carlos, SP: Editora Claraluz, 2003.

HOUAISSS, Antônio (1915-1999) e VILLAR, Mauro de Salles (1939). Dicionário

MARIA, Luzia de. O que é conto? 3ª edição, col.Primeiros passos, São Paulo, Brasiliense, 1987.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental.

ROJO, Roxane. A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. Roxane Rojo (Org.). (Cole-ção As Faces da Linguística Aplicada). Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006.

SANTOS, Terezinha Maria Barroso. Práticas de leitura em sala de aula. Juiz de Fora: Lame/Nupel/UFJF, 2000.

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – SEE. Currículo em debate: Currículo e práticas culturais – As áreas do conhecimento. Caderno 3. Goiânia: SEE-GO, 2006.

_____. Currículo em debate: Expectativas de aprendizagem-convite à reflexão e ação. Caderno 5. Goiânia: SEE-GO,2008

SCHNEUWLY, Bernard e DOLZ, Joaquim. Os gêneros escolares – Das práticas de linguagem aos objetos de ensino (Revista Brasileira de Educação). Nº. 11, agosto de 1999.

Page 172: 1bim   9ano lingua-portuguesa_professor