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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E ERODIBILIDADE

ENTRESSULCOS DE SOLOS DA BACIA DO RIO DAS MORTES

EDWALDO DIAS BOCUTI

CUIABÁ – MT

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E ERODIBILIDADE

ENTRESSULCOS DE SOLOS DA BACIA DO RIO DAS MORTES

EDWALDO DIAS BOCUTI

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. RICARDO SANTOS SILVA AMORIM

CUIABÁ – MT

2016

Dissertação apresentada à faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

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A minha amada avó, Joana Antônia Dias, minha eterna rainha a quem eu

amarei por toda eternidade.

A meus pais, Ezuel domingas Dias Bocuti e Dirço Bocuti, a quem admiro pelo

esforço com o qual me criaram e educaram.

E por toda compreensão, exemplo de dignidade e, principalmente, pelo apoio

incondicional ao longo de toda a minha vida. Ao meu irmão Eduardo Dias Bocuti

e Irmã Nadja Maria Dias Bocuti e “Amigos” que sempre torceram por mim e me

apoiaram. E ainda por todo carinho, amizade e companheirismo.

Dedico

Ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim e a professora

Drª. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber, pela confiança, estímulo, paciência,

competência, profissionalismo e principalmente pelas

sugestões, que contribuíram de forma relevante para meu crescimento

profissional.

Ofereço

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha vida, saúde e pelo amparo nas horas difíceis.

Ao Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical da Universidade

Federal de Mato Grosso, seu corpo de direção, administrativo e docente, pela

oportunidade de poder dar continuidade em meus estudos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT),

pela concessão de bolsa de estudos, desta forma oportunizaram o meu crescimento

profissional e possibilitou minha permanência na Universidade.

Ao professor Ricardo Santos Silva Amorim e Suzana S. Santos pela

colaboração imprescindível e fundamental participação na realização deste trabalho.

Aos amigos do CARBIOCIAL, representados aqui por Tulio Gonçalves dos

Santos, e aos bolsistas de iniciação científica Dan Rocha, Weliton, Camila, Carolen

Piazza, Rodrigo Menezes, Wallas e Henrique Gomes, pelo trabalho em equipe e por

toda predisposição em ajudar sempre que solicitados.

Aos meus amigos e amigas – do PPGAT, por todos os momentos bons e

difíceis que passamos juntos, que fortaleceram os laços da amizade, num ambiente

fraterno e respeitoso. Por todo companheirismo e agradável convivência.

Por fim, a todas as pessoas que, de maneira direta ou indireta, contribuíram

para a concretização deste trabalho.

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CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E EROBIBILIDADE ENTRESSULCOS

DE SOLOS DA BACIA DO RIO DAS MORTES

RESUMO – Para calibrar e validar de modelos de predição de erosão hídrica nas áreas do Cerrado mato-grossense é de fundamental importância o levamento de dados a campo. Desta forma, no presente trabalho, objetivou-se determinar a condutividade hidráulica efetiva (Ke) e a erodibilidade entressulcos (Ki) e suas correlações com com as características físicas e físico-hídricas dos solos. Para tanto esta dissertação foi desenvolvida em dois capítulos, sendo o primeiro intitulado intitulado “Determinação a campo da condutividade hidráulica efetiva e da erobibilidade entressulcos de solos mato-grossenses”, e o segundo intitulado “Correlação da condutividade hidráulica efetiva e erodibilidade entressulcos com os atributos físicos e fisico-hídricos de solos do Cerrrado”. Este trabalho foi desenvolvido em seis áreas contemplando usos: Pasto ponto 1 (Pp1), Pasto ponto 2 (Pp2), Agrícola ponto 1 (Ap1), Agrícola ponto 2 (Ap2), Cerrado1 (C1) e São Vicente1 (SV1), localizadas nos munícipios de Campo Verde e Santo Antônio de Leverger do estado de Mato Grosso. Para a determinação de Ki e Ke foram utilizados limitadores em chapa galvanizada para construção das parcelas testes e um simulador de chuva. As análises de correlação foram realizadas inicialmente com todas as seis áreas de estudo utilizando os seguintes atributos do solo: granulométricos do solo, argila dispersa em água, grau de floculação da argila, matéria orgânica, porosidade total, micro e macroporosidade, índices de avaliação de estabilidade de agregados, densidade do solo e relação silte/argila. A erodibilidade em entressulcos para as áreas de estudo são iguais a 2,44x105, 1,32x106, 1,56x105, 2,47x105, 8,56x104, 5,93x105 kg.s.m-4 para Ap1, Ap2, Pp1, Pp2, C1 e SVp1 respectivamente. A condutividade hidráulica efetiva determinada, nas áreas de estudo são iguais a 81,52; 109,94; 30,63; 24,49; 48,31; e 28,37 mm h-1 para Pp1; Pp2; Ap1, Ap2, C1 e SV1, respectivamente. A erodibilidade entressulcos foi diferente (p≤0.05)somente entre as áreas Ap2 e C1. A condutividade hidráulica foi diferente (p≤0.05) somente entre Pp2 e Ap2 (p≤0.05). Os atributos areia total, matéria orgânica e argila apresentaram correlação significativa com a condutividade hidráulica efetiva independente da classe textural do solo estudado, evidenciando-se, desta forma, que esses atributos podem ser bons preditores da condutividade hidráulica efetiva. Não foi possível a identificação de atributos preditores de erodibilidade entressulcos independente da textura do solo, ou seja, é necessário separação de grupo textural para tal identificação. Para solos arenosos os atributos areia grossa, areia muito fina e índice de estabilidade de agregados apresentam maior potencial de predição da erodibilidade entressulco. Para os solos argilosos os atributos areia grossa, areia média, diâmetro médio ponderado, diâmetro médio geométrico e índice de estabilidade de agregados apresentaram maior potencial de predição da erodibilidade entressulco. Palavras-chave: Susceptibilidade a erosão, modelagem de erosão hídrica, Solos do

cerrado.

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ERODIBILITY INTERRILL AND EFFECTIVE HYDRAULIC CONDUCTIVITY SOIL

THE BASIN OF THE RIO DAS MORTES

ABSTRACT – For the calibration and validation of water erosion prediction models in the areas of Cerrado is of fundamental importance the data acquisition in field. The objective of this study was to determine the effective hydraulic conductivity (Ke) and rill erodibility (Ki) and their correlation with physical and physical-hydric characteristics the soil. This work was developed in two chapters, the first entitled "Determining in field of effective hydraulic conductivity and interrill erobibilidade of soil Mato Grosso," and the second "Correlation of effective hydraulic conductivity and erodibility interrill with the physical attributes and physico-hidric the Cerrrado soil". This study was conducted in six areas called Pasto ponto 1 (PP1), Pasto Ponto 2 (PP2), Agrícola ponto 1 (Ap1), Agricola ponto 2 (Ap2), Cerrado1 (C1) and Sâo vicente1 (SV1), located in municipalities of Campo Verde and Santo Antônio do Leverger of Mato Grosso. For determination of Ki and Ke was used and a rain simulator. Correlation analyzes were initially performed with all six areas of study using the following soil properties: soil particle size, water clay dispersion, flocculation of clay, organic matter, total porosity, micro and macro porosity, evaluation index aggregate stability, bulk density and silt / clay ratio. The erodibility interrill are 2,44x105, 1,32x106, 1,56x105, 2,47x105, 8,56x104, 5,93x105 kg.s.m-4 to Ap1, Ap2, Pp1, Pp2, C1 and SVp1 respectively. The determined effective hydraulic conductivity are 81.52; 109.94; 30.63; 24.49; 48.31; and 28.37 mm h -1 for Pp1; Pp2; Ap1, Ap2, C1 and SV1, respectively. The rill erodibility was different (p≤0.05) between Ap2 and C1 areas. The hydraulic conductivity was different (p≤0.05) between Pp2 and Ap2 (p≤0.05). The attributes total sand, organic matter and percentage clay were significantly correlated with the independent effective hydraulic conductivity of the soil textural class of the study, showing that these attributes can be good predictors of effective hydraulic conductivity. For sandy soils attributes coarse sand, very fine sand and aggregate stability index present greater potential for predicting erodibility interrill. For clay soils attributes coarse sand, medium sand, average diameter, geometric mean diameter and aggregate stability index showed greater potential for predicting erodibility interrill.

Keywords: Susceptibility to erosion, water erosion modeling, Cerrado soils.

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LISTA DE FIGURAS

Página

1 Ilustração das áreas de estudo localizadas em microbacias hidrográfica

do Rio das Morte situadas no município de Campo Verde/MT - Pasto

(1A), Agrícola - (1B), Cerrado - (1C) e Santo Antônio de Leverger/MT –

São Vicente - (1D)......................................................................................

31

2 Instalação dos limitadores de área obedecendo maior declividade nas

áreas testes................................................................................................

32

3 Instalação dos limitadores de parcela para realização do teste de

condutividade hidráulica efetiva.................................................................

32

4 Simulador de chuva e sistema de abastecimento de água para

realização dos testes.................................................................................

34

5 Determinação da intensidade de precipitação média aplicada ao fim dos

testes de Ke................................................................................................

35

6 Coleta de escoamento superficial de 5 em 5 min ao longo do

teste............................................................................................................

36

7 Esquema da instalação da parcela para o teste de erodibilidade

entressulcos...............................................................................................

36

8 Determinação da intensidade de precipitação média aplicada ao fim dos

testes de Ki.................................................................................................

37

9 Sedimentos acumulado ao longo da calha - área pasto (pontos 1 e 2)..... 38

10 Taxa de infiltração de água no solo em função do tempo de aplicação

da chuva artificial e a representação da condutividade hidráulica efetiva

para as áreas de estudadas – Pasto ponto 1 (A); Pasto ponto 2 (B);

Agrícola ponto 1 (C); Agrícola ponto 2 (D); Mata nativa 1 (E) e São

Vicente ponto 1 (F).....................................................................................

40

11 Taxa de liberação de sedimentos (Di) e taxa de escoamento superficial

(Es0), em função do tempo de aplicação de chuva artificial – Pasto

ponto 1 (A); Pasto ponto 2 (B); Agrícola ponto 1 (C); Agrícola ponto 2

(D); Cerrado 1 (E) e São Vicente 1 (F).....................................................

44

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12 Difratogramas raio-x minerais dos solos estudados – Pasto ponto 1 (A);

Pasto ponto 2 (B); Agrícola ponto 1 (C); Agrícola ponto 2 (D); Cerrado 1

(E) e São Vicente 1 (F); (q-Quartzo, g-Gibbsita, c-Caulinita, G-

Goethita,)....................................................................................................

64

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LISTA DE TABELAS

Página

I Características físicas e físico-hídricas das áreas..................................... 33

II Condutividade hidráulica efetiva para diferentes áreas de

estudo.........................................................................................................

42

III Erodibilidade entressulcos para as diferentes áreas de estudo................ 47

IV Valores médios da condutividade hidráulica efetiva e erodibilidade

entressulco................................................................................................

54

V Atributos físicos e físico-hídricos dos solos estudados............................. 62

VI Coeficientes de correlações da condutividade hidráulica efetiva (Ke) e da

erodibilidade entressulco (Ki) e os atributos físicos e físicos-hídricos dos

solos estudados.........................................................................................

63

VII Coeficientes de correlações da condutividade hidráulica efetiva (Ke) e da

erodibilidade entressulco (Ki) e os atributos físicos e físicos-hídricos dos

solos estudados, para dois subgrupamento de solos................................

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LISTA DE QUADROS

Página

I Identificação e localização das unidades pedológicas – (1) Pasto ponto

1; (2) Pato ponto 2; (3) Agrícola ponto 1; (4) Agrícola ponto 2; (5)

Cerrado 1; (6) São Vicente 1; (7) Município de Campo Verde; (8)

Município de Santo Antônio de Leverger; (9) Declividade local; (10)

Informações adicionais...............................................................................

30

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................... 14

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16

2.1. Perdas de solo em áreas de exploração agrícolas do Brasil .......................... 16

2.2. Condutividade hidráulica efetiva do solo (Ke) ................................................. 17

2.3. Erosão hídrica e erosão entressulcos ............................................................. 19

2.4. Erodibilidade entressulco (Ki) ......................................................................... 19

2.5. Referências bibliográficas ............................................................................... 21

3. DETERMINAÇÃO A CAMPO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E

DA EROBIBILIDADE ENTRESSULCOS DE SOLOS MATO-GROSSENSES .......... 25

3.1. Introdução ....................................................................................................... 28

3.2. Material e métodos ......................................................................................... 29

3.2.1. Localização e caracterização da área de estudo ..................................... 29

3.2.2. Determinação da condutividade hidráulica efetiva (Ke) ............................ 31

3.2.3. Determinação da erodibilidade entressulcos (Ki)...................................... 35

3.3. Resultados e discussão .................................................................................. 39

3.3.1. Condutividade hidráulica efetiva (Ke) ........................................................ 39

3.3.2. Erodibilidade entressulcos (Ki) ................................................................. 42

3.4. Conclusão ....................................................................................................... 47

3.5. Referências bibliográficas ............................................................................... 47

4. CORRELAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E

ERODIBILIDADE ENTRESSULCOS COM OS ATRIBUTOS FÍSICOS E FISICO-

HÍDRICOS DE SOLOS DO CERRRADO .................................................................. 52

4.1. Introdução ....................................................................................................... 52

4.2. Material e métodos ......................................................................................... 53

4.2.1. Localização e caracterização da área de estudo ..................................... 53

4.2.2. Análise granulométrica ............................................................................. 54

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4.2.3. Análise mineralógica ................................................................................ 55

4.2.4. Análise de Carbono Orgânico Total (COT) ............................................... 56

4.2.5. Argila dispersa em água e grau de floculação .......................................... 56

4.2.6. Fracionamento da areia ............................................................................ 57

4.2.7. Percentagem de agregados ..................................................................... 57

4.2.8. Porosidade total (Pt), microporosidade (Mi), macroporosidade (Ma) e

densidade do solo (Ds) ...................................................................................... 59

4.2.9 Tratamento das informações ..................................................................... 60

4.3. Resultados e discussão .................................................................................. 60

4.4. Conclusão ....................................................................................................... 68

4.5. Referências bibliográficas ............................................................................... 69

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 72

6. CONCLUSÕES GERAIS ....................................................................................... 73

APÊNDICE I........................................................................................................... 74

APÊNDICE II.......................................................................................................... 75

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1. INTRODUÇÃO GERAL

O estado de Mato Grosso, nos últimos anos, vem se consolidando como

maior produtor de grãos do País, entretanto para conquistar seu ótimo desempenho

no ramo agropecuário o cerrado mato-grossense sofreu intenso processo de

conversão em áreas de exploração agrícola. Todavia, poucos estudos foram

realizados nessas áreas, com intuito de avaliar os impactos da agricultura sobre o

processo de produção de escoamento e de sedimentos.

A erosão hídrica e consequente perda de solo nas áreas agrícolas do estado de

Mato Grosso têm alcançado proporções alarmantes, evidenciando a necessidade de

aumentar os esforços de pesquisa visando a avaliação quantitativa dessas perdas.

Para isso deve-se atentar à susceptibilidade de um solo ao processo erosivo que é

representado pela sua erodibilidade.

Pesquisas realizados no Brasil utilizando o modelo de predição WEPP

(Projeto de Predição de Erosão Hídrica), tem indicado que o modelo estima a

condutividade hidráulica efetiva (ke) e a erodibilidade entressulcos (Ki) de forma

pouco precisa para as condições edafoclimáticas tropicais. O modelo WEPP foi

desenvolvido para condições edafoclimáticas diferentes daquelas encontradas no

cerrado mato-grossense, sendo assim antes de expandir sua utilização é necessário

que o mesmo passe pelo processo de parametrização, calibração, validação e

avaliação.

A escassez de valores dos atributos Ke e Ki para os solos do cerrado mato-

grossense aliado àfalta de adequação das equações utilizadas pelo modelo WEPP

na estimativa desses atributos para unidades pedológicas do Brasil, inviabiliza a

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utilização dessa poderosa ferramenta para condições edafoclimáticas de Mato

Grosso.

Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho determinar os valores

dos parâmetros condutividade hidráulica efetiva e erodibilidade entressulcos para

solos do cerrado mato-grossense, bem como indicar atributos do solo com potencial

de serem utilizados em funções de pedotrânsferencias para a estimativa de tais

parâmetros.

Este trabalho está apresentado em dois capítulos, sendo o primeiro intitulado

“Determinação a campo da erobibilidade entressulcos e condutividade hidráulica

efetiva de solos mato-grossenses” e o segundo intitulado “Correlação da

condutividade hidráulica efetiva e erodibilidade entressulcos com os atributos físicos

e fisico-hídricos de solos do Cerrado”.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Perdas de solo em áreas de exploração agrícolas do Brasil

A erosão hídrica é a principal causa de perdas de solos no Brasil, pois a ação

conjunta do impacto das gotas de chuva e da enxurrada, arrasta as partículas de

solo em suspensão, transporta nutrientes, matéria orgânica e defensivos agrícolas,

causando prejuízos à atividade agrícola (BERTOL et al., 2007). No Brasil são

perdidas, a cada ano, aproximadamente 600 milhões de toneladas de solo agrícola

por causa da erosão (BAHIA et al.,1992).

No Estado do Paraná, pesquisas evidenciaram perdas de solo entre 15 a 20 t

ha-1 ano-1, em áreas intensivamente mecanizadas (PARANÁ, 1989). No Estado de

São Paulo, a perda anual devido à erosão é de aproximadamente 194 milhões de

toneladas de terras férteis, dos quais 48,5 milhões de toneladas chegam aos

mananciais em forma de sedimentos transportados, causando seu assoreamento e

poluição (TAPIA-VARGAS et al., 2001).

Áreas de cerrado ocupadas por extensas pastagens em situação de

degradação, nas microbacias dos Córrégos dos Peixes e Córrégo Buriti dos Bois,

localizado no município do Prata/MG, sofrem altas perdas de solo, as quais

ultrapassam 12 t.ha.ano-1, sendo que as microbacias possuem aproximadamente

50% de suas áreas com problemas sérios de erosão laminar, (ROSA, 2001).

Leite et al. (2009) verificou que, no estado de Mato Grosso, para 1 kg de algodão

produzido em cultivo morro abaixo são perdidos 7,0 kg de solo. A produção de

algodão em Mato Grosso na safra 2014/2015 foi de 274,08 arrobas por hectare

(IMEA, 2015). Desta forma, as projeções de perda de solo no Estado podem

alcançar 29 toneladas por hectare-safra de algodão. Entretanto para fins de

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produção são aceitáveis perdas de 12 t ha-1ano-1 (BERTONI e LOMBARDI NETO,

1990).

2.2. Condutividade hidráulica efetiva do solo (Ke)

A propriedade denominada condutividade hidráulica expressa a facilidade

com que a água se movimenta no solo, sendo de grande importância ao uso

agrícola e, consequentemente, à produção das culturas e à preservação do solo e

do ambiente (GONÇALVES e LIBARDI, 2013). A condutividade hidráulica do solo é

de extrema relevância para estudos que envolvem a quantificação da erosão

(MESQUITA, 2001).

A condutividade hidráulica efetiva do solo é aquela determinada a campo, em

condições onde o solo não se encontra saturado. Esse atributo do solo é estimado

internamente no WEPP (Projeto de Predição de Erosão hídrica) em função do tipo

de solo, do seu teor de umidade e da densidade (ALBERTS et al., 1995). A

condutividade hidráulica efetiva é o parâmetro fundamental na determinação da

taxa de infiltração deste modelo, sendo utilizada para tal determinação a equação

de Green-Ampt (GONÇALVES, 2008). As equações utilizadas pelo WEPP para

estimar a condutividade hidráulica efetiva do solo, não se mostrou adequada para

as condições edáficas brasileiras (AMORIM, 2004).

O atendimento da demanda hídrica das culturas e a dinâmica dos elementos

químicos que interferem nos processos de formação e evolução das unidades

pedológicas, assim como na disponibilidade de nutrientes para as plantas, são

controladas pelo movimento da água no solo, sendo que esse movimento depende,

diretamente, das características físicas do solo, especialmente da textura e da

estrutura, entretanto para qualquer estudo que envolva o movimento da água no

solo torna-se necessário o conhecimento da sua condutividade hidráulica

(BERNARDES, 2005).

Klein (2002), estudando um Latossolo roxo não saturado, verificou que as

alterações causadas na estrutura do solo, seguido do aumento da sua densidade,

redução da porosidade total e alteração na distribuição do diâmetro dos poros do

solo, diminuem a condutividade hidráulica.

Moreti (2006), ao avaliar a condutividade hidráulica em um LATOSSOLO

VERMELHO Distrófico argiloso, A moderado (LVd), submetido a dois sistemas de

cultivos, sendo a área condicionada a semeadura direto por mais de 15 anos e ao

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sistema convencional com preparo da área realizado com três gradagens, sendo

uma aradora e duas niveladoras, percebeu que a condutividade hidráulica do solo foi

maior no sistema convencional.

Em solos de textura mais grosseiras a condutividade hidráulica é maior, ou

seja, os solos mais arenosos quando comparados a solos de textura mais finas

apresentam maiores taxas de infiltração de água, no entanto os solos formados sob

condições de clima tropical, são mais intemperizados, e são caracterizados pela

presença predominante de óxido de ferro e alumínio em relação as argilas

silicatadas, como é o caso dos solos do cerrado brasileiro, esses solos, devido a

presença de materiais cimentantes, representados principalmente pelo óxido de

ferro, condiciona o alto desenvolvimento da estrutura do solo, apresentando altas

taxas de infiltração e condutividade hidráulica (BRANDÃO, 2002).

Dias (2012) verificou que solos granulares apresentam canais de fluxo

maiores tendendo a drenar a água mais rapidamente, acarretando em uma queda

mais acentuada no valor da condutividade, contudo em solos finos, os microporos

retêm água por força de capilaridade mantendo o fluxo contínuo nestes pequenos

canais, resultando em uma queda mais suave no valor de condutividade hidráulica

nos solos não saturado.

O conteúdo de água no solo é um dos fatores que se destaca quanto a

influencia na condutividade hidráulica (LIBARDI e MELO FILHO, 2006). Durante o

processo de perda de agua do solo, ou seja, quando ele está secando, o ar substitui

a água contida nos poros, podendo ocorrer assim uma retração dos poros,

diminuindo a sua condutividade hidráulica (SOTO,1999).

Ao estudar um mesmo solo, a condutividade hidráulica será maior quando

este encontra-se saturado, devido quando não saturado, existirem bolsas de ar

remanescentes após a percolação, em virtude da tensão superficial da água, que

constitui obstáculos ao seu fluxo, desta forma, alguns poros, devido preenchimento

com ar, diminui a área de condução de água, e consequentemente, reduz a

condutividade hidráulica, entretanto quando o solo está saturado os poros estão

preenchidos com água e a conduzem continuamente promovendo assim a máxima

condutividade hidráulica (DIAS, 2012).

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2.3. Erosão hídrica e erosão entressulcos

A evolução na agricultura tem exigido uma demanda por informações rápidas

e detalhadas sobre os atributos e, especialmente, sobre o potencial de erosão dos

solos (ROCKSTROM et al., 2009; QUINTON et al., 2010). Pois o conhecimento do

processo erosivo permite a avaliação dos impactos das atividades humana sobre os

solos e a compreensão da evolução do relevo (PARSONS et al., 2010).

Existe uma grande quantidade de fatores que atuam de forma direta e de

forma indireta no processo de erosão hídrica (GUERRA e MENDONÇA, 2004).

Dentre os fatores climáticos, a chuva comparece como determinante neste

processo, entretanto os solos, através das suas características físicas e químicas,

atribuem maior ou menor resistência à ação das águas, (BERTONI e LOMBARDI

NETO, 1999). Desta forma, conhecer as características do solo e da chuva de uma

região, e as relações paisagísticas é de grande relevância para o entendimento do

processo erosivo (ALMEIDA, 2009).

A perda da capacidade produtiva dos solos agrícolas pode ser causada pelo

processo de erosão hídrica, gerando consequentemente aumento de custos com

saúde e alimentação, além da poluição e assoreamento dos cursos d’água (NUNES

e CASSOL, 2008). Segundo Mayer (1979), este processo pode ocorrer em

entressulcos ou em sulcos. Entretanto a erosão em entressulcos em sua essência é

independente da erosão em sulcos, ocorrendo em áreas relativamente curtas e

geralmente orientadas segundo o microrelevo superficial (FRANCO et al., 2012).

Na erosão em entressulcos a desagregação das partículas de solo ocorre

devido ao impacto das gotas de chuva e seu transporte pelo escoamento laminar,

aumentado pela turbulência produzida pelo impacto das gotas de chuva,

suspendendo e mantendo suspensas as partículas de solo (FOSTER et al., 1985). A

erosão entressulcos caracteriza-se pela retirada de camadas delgadas da superfície

do solo pela ação de pequena lâmina de escoamento superficial, sendo por isso

menos percebível (GONÇALVES, 2008).

2.4. Erodibilidade entressulco (Ki)

A erodibilidade foi definida por Wischmeier (1969), como sendo a

susceptibilidade do solo erodir em diferentes taxas, devido excepcionalmente às

características intrínsecas dadas por suas propriedades físicas, químicas e

mineralógicas. Para Gonçalves (2008) deve-se adicionar aos fatores intrínsecos dos

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solos suas propriedades biológicas. A erodibilidade entressulcos é caracterizada

como sendo a resistência do solo a desagregação das suas partículas pelos

impactos das gotas de chuva e a aversão ao transporte pelo escoamento laminar

(FOSTER et al., 1985).

Estudos desenvolvidos em solos com alto grau de intemperismo indicam que

menores valores do fator erodibilidade são encontrados em solos com maiores

teores de, argila total, carbono orgânico e o de óxidos de ferro, por isso, esses

atributos podem ser utilizados para estimar a erodibilidade em entressulcos

(REICHERT e NORTON, 2013 NUNES e CASSOL 2008; FRANCO 2012; NUNES e

CASSOL, 2011; BEZERRA et al., 2006; PANACHUKi et al., 2006; LIMA e

ANDRADE, 2001; ALBUQUERQUE et al., 2000; BRAIDA e CASSOL, 1996).

Considerando ainda, uma mesma intensidade de chuva solos com agregados

mais estáveis sofrerá menor desagregação, pois desta forma menor quantidade de

material estará disponível para ser transportado pelo fluxo superficial, ou seja, solos

com alta estabilidade de agregados apresentam maior resistência ao impacto das

gotas das chuvas, sendo que, solos intemperizados são mais estáveis resultando

em menor erodibilidade do solo em entressulco (ALBUQUERQUE et al., 2000).

Os solos que apresentam maior microporosidade e maior volume total de poros

tende a sofrer a diminuição da sua erodibilidade, entretanto quando aumenta o

número de poros bloqueados na macroporosidade, seguido de solos com

densidades mais elevadas observa-se aumento da sua susceptibilidade a erosão

(LIMA e ANDRADE, 2001).

A erodibilidade entressulcos pode ser mensurada por meio de experimentos à

campo utilizando chuva artificial ou natural, ou de forma indireta, estimando K i a

partir de propriedades do solo pelo uso de equações provenientes de regressão,

porém a quantificação da erodibilidade, à campo, é bastante demorada e muito

dispendiosa, uma vez que este fator depende da deliberação de outras propriedades

do solo (DANTAS, 2014).

Vários modelos de predição da erosão hídrica do solo, desenvolvidos

recentemente está baseada em processos e interações entre variáveis do solo

(FRANCO, 2010). Dentre esses modelos, o WEPP é um dos mais relevantes

(FLANAGAN e NEARINNG, 1995). Este modelo considera a erodibilidade

entressulcos como um de seus parâmetros de entrada, o qual é representado pelo

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21

fator Ki. Entretanto o modelo WEPP não se mostrou adequado ao estimar a

erodibilidade entressulcos para as condições edáficas brasileiras (AMORIM, 2004).

2.5. Referências bibliográficas

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3. DETERMINAÇÃO A CAMPO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E

DA EROBIBILIDADE ENTRESSULCOS DE SOLOS MATO-GROSSENSES

RESUMO - A erodibilidade entressulco (Ki) e a condutividade hidráulica efetiva (Ke) são atributos do solo de grande importância para para entender e modelar a dinâmica da água no solo e o processo de erosão hídrica. Porém, devido à grande extensão territorial e a diversidade pedológica do Brasil, a obtenção e caracterização destes atributos são muitos morosos e caros. Sendo assim, objetivou-se com este trabalho determinar a campo os valores de erodibilidade entressulcos (Ki), e condutividade hidráulica efetiva (Ke) para seis áreas de estudo localizados na bacia do Rio das Mortes, dessas, cinco localizadas no município de Campo Verde e uma em Santo Antônio de Leverger, ambos em Mato Grosso. As áreas são caracterizadas pelo uso intensivo do solo sendo contemplados os seguintes tipos de uso: vegetação nativa, pastagem, cultivo anual de soja e milho no sistema de sucessão de culturas e algodão (Pasto ponto 1- Pp1; Pasto ponto 2- Pp2; Agrícola ponto 1- Ap1; Agrícola ponto 2- Ap2, Cerrado 1- C1 e São Vicente 1- SVp1). A principal característica que diferencia as áreas estudadas são as classes de solos, as quais se dividem em Neossolos e Latossolos. Para cada ponto de determinação de Ki e Ke foram instaladas parcelas delimitadas por chapas galvanizadas e submetidas a chuva simulada até o momento em que o escoamento se tornou estável. Para cada ponto foram realizadas três repetições por parâmetro. A erodibilidade em entressulcos para as áreas de estudo são iguais a 2,44x105, 1,32x106, 1,56x105, 2,47x105, 8,56x104, 5,93x105 kg.s.m-4 para Ap1, Ap2, Pp1, Pp2, C1 e SVp1 respectivamente. A condutividade hidráulica efetiva nas áreas de estudo são iguais a 81,52; 109,94; 30,63; 24,49; 48,31; e 28,37 mm h-1 para Pp1; Pp2; Ap1, Ap2, C1 e SV1, respectivamente. A erodibilidade em entressulcos foi diferente (p≤0.05)somente entre as áreas Ap2 e C1. A condutividade hidráulica foi diferente (p≤0.05) somente entre Pp2 e Ap2 (p≤0.05).

Palavras-chave: Modelagem para erosão, GeoWEPP, Solos tropicais.

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DETERMINING THE FIELD EROBIBILIDADE INTERRILL AND EFFECTIVE HYDRAULIC CONDUCTIVITY IN THE SOIL MATO-GROSSENSE

ABSTRACT – The determination of erodibility interrill (Ki) and effective hydraulic

conductivity (Ke) the field is expensive and time consuming in Brazil, due to the

large territory and pedological diversity of the country. The objective of this study

was to determine in field Ki and Ke values, for six study areas located in the basin

of the Rio das Mortes, located in the municipality of Campo Verde and Santo

Antônio do Leverger, both in Mato Grosso. The study areas are characterized by

intensive land use, and included the following types of use: native vegetation,

pasture, annual crops of soybeans and corn (Pasto ponto 1- Pp1; Pasto ponto 2-

Pp2; Agricultural ponto 1 - Ap1, Agricultural ponto 2 - Ap2, Cerrado 1 - C1 and São

Vincente 1 - SVp1). The main feature that differentiates the studied areas are soil

classes, which are divided into Neossolos and Latossolos. For the determination Ki

and Ke were prepared plots of 0.7 x 1.0 m and subjected to simulated rain until the

moment when the flow has stabilized. In each study area were three replicates per

parameter. The erodibility interril for the study areas are equal to 2,44x105, 1,32x106,

1,56x105, 2,47x105, 8,56x104, 5,93x105 kg.sm-4 to Ap1, Ap2, Pp1, Pp2, C1 and

SVp1 respectively. The effective hydraulic conductivity in the study areas are equal

to 81.52; 109.94; 30.63; 24.49; 48.31; and 28.37 mm h -1 for Pp1; Pp2; Ap1, Ap2,

C1 and SV1, respectively. The erodibility interrill in the study areas was different

(p≤0.05) between Ap2 and C1. The effective hydraulic conductivity in the study

areas was different (p≤0.05) between PP2 and Ap2 (p≤0.05).

Keywords: Modeling for erosion, GeoWEPP, tropical soils .

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3.1. Introdução

A erodibilidade é uma característica intrínseca do solo que representa a

susceptibilidade do solo à erosão hídrica, que é influenciada por inúmeros fatores

físicos, químicos, mecânicos e biológicos. Devido essa realidade, ele se torna um

parâmetro muito complexo de ser pesquisado (BASTOS, 1999).

A erodibilidade do solo representa sua suscetibilidade de erodir em diferentes

taxas, devido exclusivamente às características intrínsecas do solo dadas por suas

propriedades físicas, químicas, biológicas e mineralógicas (FOSTER, 1982). Devido

essa realidade, ela se torna um parâmetro muito complexo de ser pesquisado

(BASTOS, 1999). A erodibilidade pode ser classificada em erodibilidade

entressulcos (Ki) que representa a suscetibilidade do solo ao desprendimento pelo

impacto das gotas de chuva e ao transporte pelo escoamento laminar; e em

erodibilidade no sulco (Kr) que representa a suscetibilidade do solo ao

desprendimento e transporte das partículas pelo escoamento concentrado (Alberts

et al., 1995)

A erodibilidade do solo pode ser determinada em condições de campo, sob

chuva natural ou chuva simulada; ou estimada por meio de funções de

pedotransferência. A determinação a campo (chuva natural ou simulada) é

considerada metodologia padrão, todavia são onerosas e demoradas. As funções de

pedotransferências são métodos mais simplificados de obtenção da erodibilidade, no

entanto menos precisos. Estas pedofunções usam das correlações existentes entre

os atributos morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do solo com a

erodibilidade por meio de regressões (SILVA, 2000)

De acordo com Agassi (1999), a qualidade dos resultados da erodibilidade do

solo, utilizando o simulador de chuva, depende também, de condições

experimentais, como as características do simulador de chuvas, a qualidade da água

utilizada no teste, o tamanho da parcela experimental e a variabilidade espacial das

propriedades do solo. Sendo assim, a erodibilidade constitui-se no parâmetro de

elevado custo e moroso para determinação, devido a extensão do território e a

diversidade pedológica existente no Brasil (DENARDIN,1990).

Franco (2012), estudando equações matemáticas para estimar erodibilidade

entressulco (Ki), num ARGISSOLO VERMELHO, no estado do Rio Grande do Sul,

verificou que o uso do teor de areia muito fina não é adequado, pois superestima o

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valor de Ki, quando comparado ao obtido experimentalmente, a estimativa deste

parâmetro se aproxima mais dos resultados determinados a campo quando é

considerado o teor de argila e de óxidos de ferro contidos no solo. Em estudo

semelhante, Dantas (2014), utilizou valor e croma da cor do solo quantificados por

meio de espectroscopia de reflectância difusa, o que possibilitou verificar que estes

podem ser utilizados para predizer a erodibilidade de Argissolos coesos.

A condutividade hidráulica efetiva (Ke) representa a permeabilidade do solo

em condições de campo (não saturação), sendo o seu conhecimento de suma

importância para r estudos que envolva a dinâmica da água no solo (SILVA, 2012).

Porém, não diferente de KI, o parâmetro Ke também é bastante influenciado por

diversas características do solo.

Segundo Dias (2012), as propriedades físicas do solo influenciam no valor da

condutividade hidráulica de forma diferente, dependendo do seu estado inicial, pois

o índice de vazios e a textura imprimem ao solo comportamento diferente, se

comparado quando saturado e não saturado, sendo que na condição saturada, um

grande índice de vazios e a presença de poros largos garantem alta condutividade

hidráulica, entretanto em condição não saturada, quanto maior o índice de vazios e o

tamanho dos poros, mais facilmente estes são drenados, promovendo assim a

entrada de ar no sistema e reduzindo o fluxo contínuo, ou seja, diminuindo a sua

condutividade hidráulica.

Lacerda (2005) verificou que, em condição de não saturação, o decréscimo

de conteúdo de água no solo promove a diminuição da condutividade hidráulica. A

relação entre condutividade e o conteúdo de água no solo apresenta elevada

correlação, de tal modo que uma variação percentual de uma a duas unidades no

conteúdo de água pode influenciar a condutividade em valores superiores a 170 %

(FALLEIROS et al., 1998).

Existem variadas metodologias para determinar a condutividade hidráulica do

solo, podendo ser realizada a campo ou em laboratório (JUNIOR et al., 2013).

Quando determinada a campo com auxílio de simulador de chuva ou chuva natural,

a condutividade hidráulica do solo é denominada de condutividade hidráulica efetiva

do solo. A determinação da condutividade hidráulica a campo quando comparada a

desenvolvida em laboratório, apresenta valores mais precisos (CARVALHO et al.

2007). Porém, a determinação no campo deste atributo é difícil de controlar,

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entretanto, apresenta vantagem de estimar esta propriedade hidráulica in situ, o que

é relevante para o uso da informação hidráulica (MUBARAK et al., 2010).

De modo geral, os métodos existentes para a determinação das propriedades

físico-hídricas dos solos são demorados e onerosos, e são técnicas complexas,

sendo assim, dificultam sua frequente utilização (MESQUITA e MORAES, 2004).

Avanços nos estudos de métodos para a determinação da condutividade

hidráulica têm surgido, especialmente aqueles fundamentadas em outras

características físicas do solo, particularmente os que utilizam dados obtidos a partir

da curva de retenção de água no solo (TEIXEIRA et al., 2005).

A utilização de modelos para predição de erosão hídrica e que estimam as

propriedades físico-hídricas do solo estão sendo utilizadas de forma extensiva,

contudo antes de serem utilizados, deve-se passar por um processo de

parametrização, calibração e validação para condições edafoclimáticas brasileiras,

pois estes foram elaborados para condições diferentes das encontradas no Brasil

(AMORIM et al., 2010).

Reichert e Norton (2013), estudando o parâmetro erodibilidade do solo do

modelo WEPP, para três tipos de solos, em Queensland, estado australiano,

localizado no nordeste do país, clima subtropical, verificaram que existe a

necessidade de determinar a campo esses atributos para obter valores confiáveis,

posteriormente estabelecer equações para estimar tais valores com base nas

propriedades do solo.

Os modelos de predição de erosão hídrica, são ferramentas poderosas nos

estudos relativos a conservação de solos e água, entretanto, é necessário elaborar

um banco de dados confiável, com informações quantitativas determinadas a

campo, possibilitando a parametrização desses modelos para os biomas brasileiros.

Sendo assim, objetivou-se com este trabalho determinar a campo os valores da

condutividade hidráulica efetiva (Ke) e da erodibilidade entressulcos (Ki), para solos

do cerrado mato-grossense na bacia do Rio das Mortes.

3.2. Material e métodos

3.2.1. Localização e caracterização da área de estudo

Este trabalho foi desenvolvido em seis áreas, sendo cinco localizadas no

município de Campo Verde e uma no município de Santo Antônio do Leverger,

estado de MT (QUADRO I). Essas áreas são caracterizadas pelo uso intensivo do

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solo para a agricultura e pecuária, sendo contemplados os seguintes tipos de uso:

vegetação nativa, pastagem, cultivo anual de soja e milho no sistema de sucessão

de culturas e algodão (FIGURA 1).

O estudo foi realizado em duas etapas: a primeira refere à caracterização

física e físico-hídrica das áreas de estudo (Tabela I). A segunda referente à

determinação da condutividade hidráulica efetiva (Ke) e da erodibilidade entressulco

(Ki).

Para os ensaios de Ki e Ke, foi delimitada uma área com dimensões 10x10m,

a qual foi capinada, seguida da remoção dos resíduos vegetais e do preparo

convencional do solo com auxílio de enxadas, para reproduzir o mesmo feito de uma

aração com arado de discos na profundidade de 0,20 m e duas gradagens. Todas as

operações foram realizadas respeitando o sentido da maior declividade do terreno

(FIGURA 2).

Utilizou-se a metodologia de determinação de Ke e Ki proposta pelo Serviço

de Pesquisas Agrícolas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(ARS/USDA) (ELLIOT et al., 1989).

QUADRO I. Identificação e localização das unidades pedológicas – (1) Pasto ponto 1; (2) Pato ponto 2; (3) Agrícola ponto 1; (4) Agrícola ponto 2; (5) Cerrado 1; (6) São Vicente 1; (7) Município de Campo Verde; (8) Município de Santo Antônio de Leverger; (9) Declividade local; (10) Informações adicionais.

Áreas Localização Vegetação S. loc. (9) Informações A. (10)

Pp1(1)

S 15° 48.527’ W 55°20.052’

M.CV(7) Pasto degradado

13,6% Presença de cascalho

Pp2(2)

S 15° 48.493’ W 55° 19.793’

M.CV 3,70% Ausência de cascalho

Ap1(3) S 15° 44.484’ W 55°21.797’

M.CV Transição 5,33%

Cerrado/forrageira nativa

Ap2(4)

S 15° 44.865’ W 55° 2.278’

M.CV Milho 1,6% Milho recém colhido

C1(5)

S 15° 47.628’ W 55° 20.300’

M.CV Cerrado 5,55% Muitas raízes grossas

SV1(6)

S 15° 50.600’ W 55° 20.400’

M.St°L(8) Milho 6,7% Milho recém colhido

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31

3.2.2. Determinação da condutividade hidráulica efetiva (Ke)

A condutividade hidráulica efetiva do solo foi determinada nas seis áreas de

estudo com três repetições para cada área. Em cada uma delas foram delimitadas

três parcelas experimentais com dimensões de 0,70 x 1,00 m, com a maior

dimensão no sentido do declive natural do solo (FIGURA 3).

Figura 1. Ilustração das áreas de estudo localizadas em microbacias hidrográfica do Rio das Morte situadas no município de Campo Verde/MT - Pasto (1A), Agrícola - (1B), Cerrado - (1C) e Santo Antônio de Leverger/MT – São Vicente - (1D).

A

D

C

B

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32

(Fonte: Bocuti 2016).

FIGURA 2. Instalação dos limitadores de área obedecendo maior declividade nas

áreas testes. (Fonte: Bocuti 2016).

FIGURA 3. Instalação dos limitadores de parcela para realização do teste de

condutividade hidráulica efetiva. (Fonte: Amorim 2004.)

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Tabela I. Características físicas e físico-hídricas das áreas

Área

Prof

Arg (1)

Sil (2)

AG (3)

Ag (4)

Am (5)

Af (6)

AF (7)

PT (8)

Ma (9)

Mi (10)

ADA (11)

IEA (12)

S/A (13)

Mineralogia Cs -ST

(15)

(cm) % u.a

Pp1 0 -10 3,00 3,35 12,2 7,9 15,6 46,8 11,1 40,72 27,88 12,84

1,69 78,31 1,12 Gibbisita

Quartzo

Neossolo Muito

Arenosa 10 -20 3,10 5,80 6,9 5,7 16,9 48,8 12,9 39,73 26,84 12,89 1,87

Pp2 0 -10 3,56 1,41 2,1 8,1 23,8 51,4 9,7 45,07 22,06 23,01

1,21 26,59 0,40 Gibbisita

Quartzo

Neossolo. Muito

arenosa 10 -20 2,81 2,65 1,9 10,3 26,6 50,4 5,3 42,32 27,35 14,97 0,94

Ap1 0 -10 51,42 19,34 0,5 3,4 8,6 12,9 3,8 59,19 10,35 48,84

14,00 93,46 0,38 Gibbisita

Quartzo Caulinita

Latossolo. Argilosa 10 -20 52,34 17,09 0,7 4,1 9,3 12,7 3,7 54,67 10,72 43,94 0,32

Ap2 0 -10 46,63 16,81 0,9 4,0 10,0 16,0 5,7 63,92 22,22 41,70

18,27 86,94 0,36 Gibbisita

Quartzo Caulinita

Latossolo Argilosa 10 -20 57,75 8,27 0,8 3,6 9,0 15,7 4,8 59,43 24,24 35,19 0,14

C1 0 -10 13,58 10,15 2,8 5,5 18,4 38,3 11,2 53,79 29,31 24,48

6,48 96,06 0,75 Gibbisita

Quartzo Goethita

Neossolo. Média

arenosa 10 -20 14,38 11,22 1,5 3,8 13,9 42,2 13,1 49,33 24,88 24,45 0,78

SV1 0 -10 54,22 12,96 0,7 4,1 9,4 13,2 5,3 61,85 21,46 40,39

2,05 93,99 0,24 Gibbisita

Quartzo Caulinita

Latossolo. Argilosa

10 -20 60,20 11,01 0,5 3,1 8,1 12,2 4,9 59,05 18,85 40,20 0,18

(1) Argila; (2) Silte; (3) Areia muito grossa; (4) Areia Grossa; (5)Areia média; (6)Areia fina; (7)Areia muito fina; (8) Porosidade total; (9) Macroporosidade 60; (10) Microporosidade 60; (11) Macroporosidade 100; (12) Microporosidade 100; (13) Argila dispersa em água; (14)Índice de estabilidade de agregados; (15) Relação silte/argila; (16) Classe do solo-Subgrupamento textural /segundo Sociedade Brasileira de Ciências do Solo; Pp1-Pasto ponto 1; Pp2-Pasto ponto 2; Ap1-Agrícola ponto 1; Ap2-Agrícola ponto 2; C1-Cerrado, SV1-São Vicente 1; Prof. -profundidade;

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Para este estudo as parcelas tiveram declividade média de 6,10% em um

único sentido. As precipitações, com intensidade de aproximadamente 65 mm h-1,

exceto na área do pasto, onde a intensidade média de precipitações foram de

aproximadamente 145 mm h-1, aplicadas com o simulador de chuvas. Em todas as

áreas foi utilizado um simulador de chuvas desenvolvido por Alves Sobrinho (1997),

equipado com bocais tipo Veejet 80.100, distanciados 2,30 m do solo, com uma

pressão de trabalho, na saída dos bicos, ajustada para 0,33 kgf cm-2 (FIGURA 4).

A intensidade de precipitação média aplicada foi avaliada logo após o término

de cada teste, por meio da interceptação da chuva artificial por um período de 15

minutos com a utilização de 20 copos de capacidade de 400 mL e de área de coleta

aproximadamente de 58,05 cm2 (FIGURA 5).

Figura 4. Simulador de chuva e sistema de abastecimento de água para realização

dos testes. ( Fonte: Bocuti 2016)

O volume coletado foi obtido com o auxílio de uma proveta de 250 mL com

precisão de 2 mL. Para determinar a precipitação, o volume encontrado em cada

copo, em mL foi convertido em mm.h-1. No fim de cada teste também foi medida a

uniformidade da precipitação por meio do coeficiente de uniformidade de

Christiansen (1942).

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35

FIGURA 5. Determinação da intensidade de precipitação média aplicada ao fim dos

testes de Ke. (Fonte: Bocuti 2016.)

A duração do teste foi até o momento em que o volume de escoamento se

mantivesse aproximadamente constante, equivalendo a 129 minutos, em média por

repetição. A coleta foi realizada a cada intervalo de cinco minutos por meio de

medição direta feita em uma calha coletora construída especialmente para tal

finalidade (FIGURA 6).

A condutividade hidráulica efetiva foi calculada em função da diferença entre

a intensidade média de aplicação de chuva artificial e a taxa de escoamento

superficial.

3.2.3. Determinação da erodibilidade entressulcos (Ki)

A erodibilidade em entressulcos, em cada área, foi determinada em três

parcelas experimentais demarcadas com chapas galvanizadas, de dimensões 0,70 x

1,00 m, com a maior dimensão no sentido do declive, em solo descoberto e

recentemente trabalhado, sendo as mesmas preparadas na forma de duas encostas

com inclinação lateral de aproximadamente 30% como mostra a Figura 7, seguindo

a metodologia proposta por Elliot et al. (1989).

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FIGURA 6. Coleta de escoamento superficial de 5 em 5 min ao longo do teste

(Fonte: Bocuti 2016).

.

.

FIGURA 7. Esquema da instalação da parcela para o teste de erodibilidade

entressulcos (Fonte: Amorim 2004).

Na parcela experimental, foi aplicada chuva artificial, com intensidade de

aproximadamente 65 mm h-1. A duração mínima de uma repetição foi de 120 min e

duração máxima foi de 190 min.

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37

A intensidade de precipitação média aplicada foi avaliada logo após o término

de cada teste, por meio da interceptação da chuva artificial por um período de 15

minutos, utilizando-se 20 copos de capacidade 400 mL e de área de coleta

aproximadamente de 58,05 cm2 (FIGURA 8).

O volume coletado foi obtido com o auxílio de uma proveta de 250 mL com

precisão de 2 mL. Para determinar a precipitação o volume encontrado em cada

copo, em mL foi convertido em mm.h-1. No fim de cada teste também foi medida a

uniformidade da precipitação por meio do coeficiente de uniformidade de

Christiansen.

FIGURA 8. Determinação da intensidade de precipitação média aplicada ao fim dos

testes de Ki. (Fonte: Bocuti 2016)

A quantidade de sedimento transportado pelo escoamento superficial foi

determinada pelo método direto, coletando o volume de escoamento e sedimentos

carreados, por um período de 30 segundos, a cada intervalo de cinco minutos.

Como o escoamento nas áreas 1 e 2, na região do pasto, foi insuficiente para

transportar o sedimento carreado, nessas repetições ao fim de cada cinco minutos

realizou-se a lavagem do canal (FIGURA 9) para coleta de sedimentos acumulados,

com aproximadamente 200 mL de água, obtendo assim o total de sedimentos

acumulados a cada cinco minutos no canal de direcionamento do escoamento.

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FIGURA 9: Sedimentos acumulado ao longo da calha - área pasto (pontos 1 e 2).

( Fonte: Bocuti 2016)

Para coleta do sedimento carreado foi utilizado inicialmente um pote plástico

com tampa, o qual foi levado ao laboratório e passado por filtro de papel poroso,

previamente pesado e identificado com o número correspondente à coleta. Os filtros

de papel foram.

Após a filtragem completa de todo líquido coletado, o filtro com solo foi levado

à estufa a 60°C, por 48 horas, para posterior determinação da massa seca a 60°C.

Os solos contidos nos filtros das três ultimas coletas, de cada repetição, foram

retiradas do filtro adicionadas em recipientes adequados e levados para estufa a

105°C por 24 h, para determinação da umidade residual.

A quantificação dos sólidos que passaram pelo material filtrante foi utilizado o

método da pipeta, que consistiu da retirada de uma alíquota de 50 mL do volume de

escoamento superficial que passou pelo filtro. A alíquota coletada foi colocada em

recipiente, previamente pesado e identificado, e levado à estufa a 105°C, por

aproximadamente 48 horas, sendo que nas primeiras seis horas a estufa estava

semiaberta, para evitar excesso de vapor d’água na estufa.

Com base no volume total escoado foi determinada a massa de solo seco

total que passou pelo material filtrante. A massa total de solo seco foi obtida pela

soma do solo retido no material filtrante e do solo em suspensão na solução que

passou pelo filtro. A taxa de liberação de sedimentos nas áreas foi utilizada para

calcular a erodibilidade entressulco a partir da equação proposta por Foster (1982),

utilizada no WEPP (EQUAÇÃO 1).

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em que:

Ki = erodibilidade do solo entressulcos, proposta por Foster (1982), kg s m-4;

Di = taxa de liberação de sedimentos nas áreas entressulcos, kg s-1 m-2;

IP = intensidade de precipitação, m s-1;

Sf = fator de ajuste relativo à declividade, adimensional; e

Ci = parâmetro que considera o efeito da cobertura vegetal na erosão

entressulcos e igual a unidade para solo descoberto, adimensional.

Em que, θ = inclinação em graus.

Para as condições do presente estudo, em que a inclinação lateral das

parcelas foi igual a 30%, o valor de Sf utilizado foi de 0,78.

3.3. Resultados e discussão

3.3.1. Condutividade hidráulica efetiva (Ke)

As curvas de ajuste (Figura 10) representam a taxa de infiltração de água no

solo em função do tempo de aplicação da chuva simulada, para as áreas

estudadas. Cada ponto representa a média de três repetições (APÊNDICE I).

Devido às características do solo de cada área estudada, o tempo de teste

(tempo de empoçamento somado ao tempo de coleta) foram distintos,

correspondendo em média de 114, 118, 115, 98, 204 e 126 minutos por repetição,

para as áreas, Pasto ponto 1 (Pp1), Pasto ponto 2 (Pp2), Agrícola ponto 1 (Ap1),

Agrícola ponto 2 (Ap2), Cerrado 1 (C1) e São Vicente 1 (SV1), respectivamente.

---------------------------------------------------------------------(Equação 1)

----------------------------------------------------------(Equação 2)

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FIGURA 10: Taxa de infiltração de água no solo em função do tempo de aplicação da chuva artificial e a representação da condutividade hidráulica efetiva para as áreas de estudadas – Pasto ponto 1 (A); Pasto ponto 2 (B); Agrícola ponto 1 (C); Agrícola ponto 2 (D); Mata nativa 1 (E) e São Vicente ponto 1 (F).

O tempo de empoçamento (Temp) e de início de escoamento superficial (Es0)

foram menores em Pp1 e Pp2, nessas áreas de estudo a intensidade de

precipitação utilizada foi em média de 145 mm.h-1, enquanto nas demais áreas foi

de aproximadamente 65 mm.h-1. O acréscimo da intensidade de precipitação gerou

aumento da energia cinética de impacto das gotas de chuva no solo e maior

desagregação dos microagregados da superfície, promovendo o decréscimo em

Tempo de aplicação de chuva artificial, t (min.)

Ta

xa

de

in

filtra

ção

, T

i (m

m.h

-1)

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41

Temp e Es0. A redução do Temp também está associada ao tempo em que a

capacidade de infiltração torna-se menor do que a intensidade de preciptação.

Essas observações são semelhantes às de Alves e Cabeda (1999),

estudando efeitos no comportamento dos Temp e Es0, num Podzólico Vermelho-

Escuro, quando submetido a duas intensidades de chuva, onde o Temp e Es0

decresceram com o aumento da intensidade de precipitação. Esses mesmos

autores verificaram que o decréscimo do Temp e Es0 foi maior quando o solo tinha

passado por preparo convencional, devido menor proteção da superfície do solo.

O Cerrado 1 teve maior tempo de empoçamento (FIGURA 11). Pois nessa

área a precipitação média foi de 65 mm.h-1, entretanto devido ter mais de 75% de

areia e a sua macroporosidade ser maior que as das áreas Ap1, Ap2 e SV1, o

maior tempo para ocorrer o início do escoamento superficial era esperado. Outro

fator que possivelmente contribuiu foi a presença de grande número de raízes

encontradas nos primeiros 20 cm de profundidade do solo, as quais formam

caminhos preferências para água.

A condutividade hidráulica efetiva foi determinada quando a taxa de

infiltração se tornou estável, o que correspondeu a 81,52; 109,94; 30,63; 24,49;

48,31; e 28,37 mm h-1 para Pp1, Pp2, Ap1, Ap2, C1 e SV1, respectivamente.

Nota-se que em Pp1 e Pp2 a variação na taxa de infiltração de água no solo

no início dos testes é mais acentuada em comparação com as demais áreas, para

um mesmo intervalo de tempo de coleta, e que a taxa de infiltração estável foi maior

(Figuras 10A e 10B). Isto pode ser explicado pelo maior teor de areia, ou seja, alta

macroporosidade, que favorece maior velocidade da frente de umidecimento e,

consequentemente, a taxa de infiltração torna-se estável em menos tempo e

aumenta a permeabilidade. VIEIRA et al (2013) observaram que solos que tem

maior velocidade de infiltração o fato pode ser explicado pelo maior volume de

macroporos. O mesmo foi observado por Bertol et al. (2001).

As áreas Ap1, Ap2 e SV1 (Figuras 10C, 10D e 10F), devido ao maior teor de

argila tiveram maior percentual de microporos, o que reduziu a sua capacidade de

infiltração. Dessa forma, os solos com maiores teores de argila apresentaram

menores valores absolutos de taxa de infiltração estável, isto é, menor Ke quando

comparado aos de textura mais arenosa, representados por Pp1 e Pp2.

Pelo teste de Kruskal-Wallis (p≤0,05), verificou-se que há diferença

significativa da condutividade hidráulica efetiva nas áreas estudadas (TABELA II).

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42

Essa diferença foi observada somente entre as áreas Ap2 e Pp2, sendo que a

condutividade hidráulica efetiva para a área Pp2 foi maior. A principal característica

que diferencia essas áreas de estudo é a textura, sendo que, o conteúdo de argila

em Ap2 é aproximadamente 10 vezes maior que a Pp2, isso distingue de forma

relevante a quantidade dos poros dessas áreas.

Na área Pp2 a macroporosidade permitiu a infiltração e percolação rápida da

água, resultando assim em valores mais elevados da condutividade hidráulica

efetiva. Brandão (2002), afirma que a textura é uma das características que

influencia de forma expressiva na movimentação da água no solo, uma vez que

determina a sua macroporosidade, que é um fator de extrema relevância na

condutividade hidráulica do solo, e ainda afirma que solos de classe textural

arenosa apresentam maiores taxas de infiltração e condutividade hidráulica.

TABELA II: Condutividade hidráulica efetiva para diferentes áreas de estudo.

Tratamento

(Áreas)

Condutividade hidráulica efetiva (Média)

(mm.h-1)

Pasto ponto 1 (Pp1) 81,52 (15,8) ab

Pasto ponto 2 (Pp2) 109,94 (19,34) b

Agrícola ponto 1 (Ap1) 30,63 (6,76) ab

Agrícola ponto 2 (Ap2) 24,49 (3,12) a

Cerrado (C1) 48,31(13,41) ab

São Vicente 1 (SV1) 28,37(4,76) ab

Médias seguidas de letras iguais minúsculas na coluna não diferem entre si estatisticamente no nível de 5% de probabilidade pelo teste de KRUSKAL-WALLIS; valores entre parênteses representam o desvio padrão.

3.3.2. Erodibilidade entressulcos (Ki)

Na Figura 11 estão apresentadas as taxas instantâneas de escoamento

superficial e as taxas de liberação de sedimentos em função do tempo de aplicação

da chuva simulada, sendo que cada ponto das curvas representa o valor médio de

três repetições (APÊNDICE II). Nota-se que o comportamento da taxa de

escoamento ao longo do tempo de aplicação da chuva simulada, não foram

semelhantes em todas áreas.

No Pasto ponto 1 e Pasto ponto 2 (FIGURAS 11A e 11B), ocorreu pequena

variação nas taxas de escoamento ao longo do teste. Nessas áreas a condutividade

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hidráulica efetiva do solo correspondeu, em média, a 81,52 e 109,94 mm.h-1 para

Pp1 e Pp2, respectivamente. Entretanto, a precipitação média da chuva artificial

utilizado para determinação da erodibilidade entressulco foi em média de 65 mm.h-1.

Desta forma, o escoamento coletado estava em função das gotas de chuva que

caiam diretamente na calha central da parcela experimental. Nessas áreas, também

não ocorreu a formação de lâminas delgadas de água na superfície das parcelas,

pois a macroporosidade do solo permitia a infiltração e percolação de toda

precipitação.

A finalização de cada teste foi realizada quando as taxas instantâneas de

escoamento superficial coletadas se apresentavam estáveis, sendo observadas as

taxas médias de escoamento superficial de 3,280; 3,451; 42,263; 35,749; 11,486 e

31,66 mmh-1 para Pp1, Pp2, Ap1, Ap2, C1 e SV1, respectivamente.

Foi verificado que o tempo mínimo de duração do teste foi 120 minutos,

porém após uma hora de teste para Pp1, Pp2 e Ap2 (Figuras 11A, 11B e 11D) a

taxa média de escoamento superficial estava estável, todavia, apenas 31,10% de

C1 e 47,74% de Ap1 estavam estabelecidas nesse momento.

Pode-se afirmar que na área Ap1 as taxas de escoamento foram crescentes

durante praticamente todo o ensaio, ocorrendo a estabilização somente nos trinta

minutos finais de teste. Verifica-se que a taxa média de escoamento estabilizada

em Ap1 foi aproximadamente 12,8 vezes maior que a verificada em Pp1. Essa

diferença da taxa de escoamento superficial dos solos está relacionada

principalmente à diferença de gênese dos solos o que caracteriza a eles

propriedades físicas, físico-hídricas e mineralógicas distintas.

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44

FIGURA 11. Taxa de liberação de sedimentos (Di) e taxa de escoamento superficial

(Es0), em função do tempo de aplicação de chuva artificial – Pasto ponto 1 (A);

Pasto ponto 2 (B); Agrícola ponto 1 (C); Agrícola ponto 2 (D); Cerrado 1 (E) e São

Vicente 1 (F).

O teor de argila na área Ap1, conferiu ao solo menor macroporosidade, o que

reduz expressivamente a velocidade de percolação da água nessa área e aumenta

a possibilidade de ocorrência do escoamento superficial. Mesmo após o preparo

inicial desse solo e a construção de uma maior macroporosidade, o seu teor de

argila dispersa em água possivelmente favoreceu o selamento superficial e

comprometeu a continuidade dos poros, dificultando a infiltração de água no solo.

Di

Es0

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45

Reichert e Norton (1995) também verificaram redução na infiltração de água no solo

devido a formação de selamento superficial, causado pelo preenchimento dos poros

da camada superior do solo por finas partículas oriundas da dispersão de

agregados.

Na área Ap2, no início do teste, a quantidade de sedimentos contido no

escoamento superficial, aumentou rapidamente, até um valor estável. Nessa

mesma área foi obtido um valor médio de taxa de liberação de sedimentos, superior

as demais áreas. O que pode ser explicado pelo acúmulo do teor de silte nos

primeiros 10 cm de solo e maior percentual de argila dispersa.

O acúmulo de silte nos primeiros 10 cm de solo, em Ap2, causou a perda de

estabilidade dos microagregados e permitiu maior liberação da quantidade de

sedimentos no escoamento. Mbagwu et al. (1993), afirmam que em solos com

maior quantidade de silte ocorre o favorecimento da dispersão dos agregados em

água. E consequentemente a erodibilidade do solo tende a aumentar com

incremento do conteúdo de silte (WISCHMEIER et al., 1971).

Em Pp1, Pp2 e C1 a taxa de liberação de sedimentos praticamente não

aumentaram com o decorrer do teste, porém nas demais áreas de estudo o

escoamento e a taxa foram crescentes. Em Pp1 e Pp2 os sedimentos que

chegaram ao canal coletor foram exclusivamente pelo salpicamento das partículas

causado pelas gotas de chuva, a qual tinha precipitação constante. Enquanto em

C1 o ocorrido é atribuído a estabilidade de agregados áreas, dessa forma a

liberação de sedimentos foram constantes ao longo teste.

As concentrações de sedimentos no início dos testes foram maiores, em

Ap1, Ap2 e SV1, devido a taxa de escoamento superficial ser baixa, e ter menor

lâmina para promover a condução das partículas.

Através do comportamento da taxa de liberação de sedimentos na Ap2

(Figura 11D), foi possível verificar que a quantidade de partículas de solo

desprendida é resultado principalmente do preparo inicial do solo e não dos

impactos das gotas da chuva. Na curva de escoamento superficial da área Ap2

observa-se que ao longo do teste, houve aumento na taxa de escoamento

superficial, desta forma elevou a sua capacidade de transporte, tornando-se

possível a condução de todo material desagregado instantaneamente e, também,

àquele remanescente do período inicial. Porém, após a retirada das partículas

remanescentes, o escoamento superficial passa a transportar unicamente as

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partículas desagregadas instantaneamente, entretanto ocorreu a diminuição de

partículas desprendidas.

Na área Ap1 (Figura 11C) foi maior a taxa de escoamento superficial, porém

a maior taxa de liberação de sedimentos ocorreu na área Ap2 (FIGURA 11D). A

área Ap1, nos últimos cinco anos, não sofreu revolvimento de solo ou tipo de

cultivo, o que resultou em maior relação carbono/argila, isto quando comparada a

área agrícola ponto 2. A maior relação carbono/argila em Ap1 conferiu-lhe maiores

índices de estabilidade de agregados, quando comparada com Ap2, o que dificultou

o desprendimento e carreamento das estruturas do solo pelo escoamento

superficial, proporcionando assim, menores taxas de liberação de sedimentos.

Utilizando os valores de taxa máxima de desprendimento para os solos em

estudo e a equação de Foster (1982), foram obtidos valores médios de erodibilidade

entressulcos iguais a 1,56x105; 2,47x105; 2,44x105; 1,32x106; 8,56x104 e 5,93x105

kg.s.m-4 para as áreas Pp1, Pp2, Ap1, Ap2, C1, SVp1, respectivamente.

Pelo teste de Kruskal-Wallis (p≤0,05), verificou-se que há diferença

significativa da erodibilidade entressulcos nas áreas estudadas (TABELA III).

TABELA III: Erodibilidade entressulco para as diferentes áreas de estudo.

Tratamento

(Áreas)

Erodibilidade entressulco (Média)

(kg.s.m-4)

Pasto ponto 1 (Pp1) 1,56x105 (2,04x104) ab

Pasto ponto 2 (Pp2) 2,47x105 (4,14x104) ab

Agrícola ponto 1 (Ap1) 2,44x105 (8,32x103) ab

Agrícola ponto 2 (Ap2) 1,32x106 (1,82x105) b

Cerrado 1 (C1) 8,56x104 (2,06x103) a

São Vicente 1 (SV1) 5,93x105 (1,47x105) ab

Médias seguidas de letras iguais minúsculas na coluna não diferem entre si estatisticamente no nível de 5 % de probabilidade pelo teste de KRUSKAL-WALLIS; valores entre parênteses representam o desvio padrão.

Somente a área Ap2 se diferencia da C1, a erodibilidade entressulcos foi

maior para Ap2. A erodibilidade entressulcos depende de atributos do solo como,

condutividade hidráulica efetiva, estabilidade de agregados e tamanho de partículas

e considerando que o Ap2 combina as características de menor Ke, maior proporção

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47

de argila dispersa em água e, dentre os solos argilosos, menor estabilidade de

agregados, os resultados encontrados estão adequados. Implicações semelhantes

foram encontrados por Martins Filho (1999), onde foi verificado que solos com

agregados mais estáveis em água apresentaram menores valores de erodibilidade

entressulcos. E por Lima (2001), que percebeu que solos com maiores teores de

argila dispersa em água tiveram valores maiores para erodibilidade entressulcos.

3.4. Conclusão

A erodibilidade em entressulcos para as áreas de estudo são iguais a

2,44x105, 1,32x106, 1,56x105, 2,47x105, 8,56x104, 5,93x105 kg.s.m-4 para Ap1, Ap2,

Pp1, Pp2, C1 e SVp1 respectivamente.

A condutividade hidráulica efetiva determinada, nas áreas de estudo são

iguais a 81,52; 109,94; 30,63; 24,49; 48,31; e 28,37 mm h-1 para Pp1; Pp2; Ap1,

Ap2, C1 e SV1, respectivamente.

A erodibilidade entressulcos foi diferente (p≤0.05)somente entre as áreas

Ap2 e C1.

A condutividade hidráulica foi diferente (p≤0.05) somente entre Pp2 e Ap2

(p≤0.05).

3.5. Referências bibliográficas

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4. CORRELAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EFETIVA E

ERODIBILIDADE ENTRESSULCOS COM OS ATRIBUTOS FÍSICOS E FISICO-

HÍDRICOS DE SOLOS DO CERRRADO

RESUMO - A utilização de método indireto para estimar os valores da

condutividade hidráulica efetiva (Ke) e erodibilidade entressulcos (Ki) torna-se uma

alternativa viável devido ao elevado custo e morosidade da obtenção destes

atributos no campo. São empregados a esse método, modelos matemáticos que

utilizam atributos do solo de mais fácil determinação como variáveis preditoras da

Ke e da Ki. Desta forma, objetivou-se com este trabalho identificar quais as

características físicas e físico-hídricas que melhor se correlacionam com os

parâmetros Ki e Ke. O trabalho foi realizado em três etapas: a primeira para

determinar algumas características física, físico-hídrica e mineralógica dos solos de

seis áreas localizadas na região de Campo Verde e Santo Antônio de Leverger,

ambos municípios do estado de Mato Grosso; a segunda para obter a

condutividade hidráulica efetiva (Ke) e a erodibilidade entressulcos (Ki) das áreas de

estudo, seguindo a metodologia proposta pelo Departamento de Agricultura dos

Estados Unidos e pelo Serviço de Pesquisas Agrícola Americano; a terceira etapa

consistiu em correlacionar os parâmetros Ke e Ki com as características física e

físico-hídricas dos solos estudados. Os atributos areia total, matéria orgânica e

argila apresentaram correlação significativa com a condutividade hidráulica efetiva

independente da classe textural do solo estudado, Para solos arenosos os atributos

areia grossa, areia muito fina e índice de estabilidade de agregados apresentam

maior potencial de predição da erodibilidade entressulco. Enquanto para os solos

argilosos os atributos areia grossa, areia média, diâmetro médio ponderado,

diâmetro médio geométrico e índice de estabilidade de agregados.

Palavras-chave: Bacia do rio das Mortes, Erosão hídrica, WEPP.

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CORRELATION HYDRAULIC CONDUCTIVITY EFFECTIVE AND ERODIBILITY

INTERRILL WITH PHYSICAL ATTRIBUTES AND HYDRO PHYSICAL IN SOILS

OF CERRRADO

ABSTRACT – The use of indirect method to estimate the values of effective

hydraulic conductivity (Ke) and erodibility interrill (Ki) is a viable alternative because

of the costs and time used to obtain these attributes in the field. The objective of this

study was to identify the physical and physical-hydric characteristics that best

correlate with Ki and Ke parameters. The study was conducted in six areas located

in Campo Verde and Santo Antônio do Leverger, both municipalities in the state of

Mato Grosso; and divided into three stages: I - determination of characteristics,

physical , physical-hydric and mineralogical the soil, II - Obtaining the effective

hydraulic conductivity (Ke) and rill erodibility (Ki) of the study areas, III - consisted of

correlating Ke and Ki parameters with physical and physical and hydraulic

characteristics of the soils. The attributes sand total organic matter and clay better

correlated with the effective hydraulic conductivity, independent of the textural class

of the studied soil. For sandy soils attributes coarse sand, very fine sand and

aggregate stability index present greater potential for predicting erodibility interrill.

As for clay soils attributes coarse sand, medium sand, average diameter, geometric

mean diameter and aggregate stability index.

Keywords: Bacia dos Rios das Mortes, Water erosion, WEPP

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4.1. Introdução

A determinação de um atributo do solo a campo requer, geralmente a coleta

de grande número de informações, o que implica em ensaios de campo

dispendiosos, que vinculam e exigem um longo tempo de execução do experimento,

principalmente quando se trata de características hidrodinâmicas dos solos, como a

condutividade hidráulica efetiva (Ke), (SOUZA, 2008). A morosidade na

determinação da Ke está vinculada à complexidade dessa propriedade, pois o

grande número de fatores que a influencia, dificulta sua avaliação.

A condutividade hidráulica efetiva é influenciada pela textura, densidade,

estabilidade de agregados, umidade do solo, distribuição e tamanho de poros

(CARVALHO, 2002). De acordo com Libardi et al. (1986 Apud Eguchi et al. 2002), a

textura é considerada uma das propriedades mais estáveis do solo. Desta forma,

frações da textura do solo, tornam-se variáveis preditoras relevantes para o estudo

da condutividade hidráulica efetiva.

Outro parâmetro do solo de difícil determinação a campo é a erodibilidade

entressulco (Ki), pois é influenciada por diversos atributos físicos, químicos e

mineralógicos, os quais determinam sua amplitude e ao mesmo tempo revela a

existência de uma distinção de valores entre as classes morfológicas dos solos

(LIMA, 2001). Dentre os atributos do solo que influenciam a erodibilidade

entressulcos pode-se citar teor de argila, matéria orgânica, estabilidade de

agregados, mineralogia, óxidos de ferro e alumínio, porosidade, densidade e

umidade (LIMA 2001; LIBARDI e MELO FILHO, 2006; PÉREZ-RODRIGUEZ et al.,

2007).

Devido ao custo e à morosidade da determinação em campo dos atributos do

solo Ke e Ki, a utilização de método indireto para estimar seus valores, torna-se uma

alternativa viável. São empregados a esse método, modelos matemáticos que estão

em função de variáveis de mais fácil determinação, e que tem alta correlação com a

condutividade hidráulica efetiva e a erodibilidade entressulcos. Desta forma, têm-se

proposto o desenvolvimento de funções de pedotransferência para estimar

propriedades do solo mais complexas ou de alto custo de determinação

(MCBRATNEY et al., 2002; MINASNY e HARTEMINK, 2011).

Segundo Oliveira (2002), as funções de pedotransferência são equações que

facilitam a estimativa de características edáficas, de difícil determinação, a partir de

outros atributos mais facilmente obtidos. No Brasil, a utilização da pedotransferência,

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53

como metodologia aplicada, para estimar quantitativamente os parâmetros do solo é

relativamente novo, porém expressa elevado potencial de aplicação (FIORIN, 2008).

Conhecendo a carência de estudos que tratam do desenvolvimento de

funções de pedotransferência para estimar parâmetros do solo no Cerrado mato-

grossense, objetivou-se com este trabalho identificar e verificar quais as

características físicas e físico-hídricas que melhor se correlacionam com os atributos

Ki e Ke de solos do cerrrado.

4.2. Material e métodos

4.2.1. Localização e caracterização da área de estudo

O trabalho foi realizado em três etapas: a primeira para determinar algumas

características física, físico-hídrica e mineralógica dos solos de seis áreas

localizadas no bioma do Cerrado mato-grossense na bacia do Rio das Mortes; a

segunda para obter a condutividade hidráulica efetiva (Ke) e a erodibilidade

entressulco (Ki) das áreas (TABELA IV); a terceira etapa consistiu em correlacionar

os parâmetros Ke e Ki e as características física e físico-hídricas.

As áreas estudadas estão localizadas na região de Campo Verde e Santo

Antônio de Leverger, ambos no estado de Mato Grosso. Essas áreas contemplados

os seguintes tipos de uso do solo: vegetação nativa, pastagem, cultivo anual de soja

e milho no sistema de sucessão de culturas e algodão.

O solo das áreas estudadas foram preparadas com auxílio de enxadas, com

intuito de reproduzir o mesmo efeito de uma aração com arado de discos na

profundidade de preparo de 0,20 m e duas gradagens. Todas as operações foram

realizadas respeitando a maior declividade dos terrenos.

A determinação da condutividade hidráulica efetiva e da erodibilidade

entressulcos foi realizada seguindo a metodologia do WEPP (Water Erosion

Prediction Project) proposta pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA) e pelo Serviço de Pesquisas Agrícola Americano (ARS) (Elliot et al., 1989).

Foram coletadas amostras com estrutura deformada, semi-deformadas e

indeformada nas profundidades de 0 a 10 e 10 a 20 cm, com três repetições para

cada profundidade, nas seis áreas de estudo.

As amostras deformadas foram coletadas em mini trincheiras com auxílio de

uma pá reta e submetidas às seguintes determinações: análise granulométrica,

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54

análise mineralógica (qualificação dos minerais por DRX), teor de carbono total,

argila dispersa em água e fracionamento da areia.

As amostras não deformadas foram retiradas por meio do amostrador

volumétrico de Kopeck e utilizadas para obtenção da porosidade total (PT),

macroporosidade (Ma), microporosidade(Mi) e da densidade do solo (Ds). As

amostras semi-deformadas foram utilizadas para análise de estabilidade de

agregados em água.

TABELA IV: Valores médios da condutividade hidráulica efetiva e erodibilidade

entressulco.

Condutividade hidráulica efetiva

mm.h-1

Erodibilidade entressulco

kg.s.m-4

Pasto ponto 1 81,52 1,56x105

Pasto ponto 2 109,94 2,47x105

Agrícola ponto 1 30,63 2,44x105

Agrícola ponto 2 24,49 1,32x106

Cerrado 1 48,31 8,56x104

São Vicente 1 28,37 5,93x105

4.2.2. Análise granulométrica

A análise granulométrica foi realizada pelo método da pipeta, proposto por

USDA - Soil Conservation Service, 1972 adaptado pelo Laboratório de Física do

Solo da Universidade Federal de Santa Maria – RS conforme descrito na

sequência.

Para cada amostra foi pesado aproximadamente 20 g de TFSA e colocada

em frasco de 250 mL, posteriormente foi adicionado 50 mL de água destilada e 10

mL de NaOH a 6% e colocado para agitação em agitador horizontal por

aproximadamente 16 horas. Após agitação foi passado por peneira número 270

(0,053 mm) e transferido para proveta de 1000 mL, lavando-se o material retido na

peneira utilizando água destilada, não ultrapassando a marca de 1000 mL.

A areia retida na peneira foi transferida para um recipiente previamente

pesada (balança com legibilidade de 0,0001g) e colocado na estufa a 105ºC.

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55

Decorrido 24 horas, foi resfriado ainda na estufa desligada, colocado em dessecador

e pesado. Essa fração foi guardada para realização do fracionamento da areia.

Quando necessário foi completado o volume da proveta até 1000 mL com

água destilada, posteriormente sendo homogeneizado com agitador manual por 1

minuto. Logo em seguida foi medida a temperatura da suspensão e verificado o

tempo de espera para pipetagem.

Após o tempo de sedimentação, foi pipetado 25 mL da suspensão na

profundidade de 5 cm. Procurou não demorar mais que 12 segundos para pipetar a

solução. A suspensão pipetada foi transferida para recipientes limpos, secos e

previamente pesados e colocado na estufa a 105ºC. Depois da secagem, os

recipientes foram resfriados e pesada em mesma balança.

Para a prova em branco e para o cálculo do peso do dispersante, foi colocado

10 mL de NaOH a 6% em proveta de 1000 mL e completado o volume com água

destilada. Após agitaçao, foi medida a temperatura, e esperado o tempo

correspondente. Em sequência foi pipetado 25 ml da solução a 5 cm de

profundidade e colocada em lata previamente pesada (usada balança com

legibilidade de 0,0001 g). Levada para estufa e após secagem, resfriada e pesada.

Os dados obtidos foram submetidos as equações abaixo:

% de areia = (PDA) x 5 x f (Equação 3)

% de silte = 100 - (% de areia + % de argila) (Equação 4)

% de argila = ((PA + dispersante) - PD) x 200 x f (Equação 5)

em que:

PA = peso da argila;

PD = peso do dispersante;

PDA = peso das areias; e

f = fator de umidade residual.

4.2.3. Análise mineralógica

A mineralogia do solo foi determinada por meio de Difração de raios X (DRX).

A amostra de solo foi analisada utilizando o equipamento Labx – XRD 600, da

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56

Shimadzu, com radiação Cu-Kα (λ = 1,5406 NM) com 2θ no intervalo entre 5° a 80°,

com taxa de varredura de passos 0,02° e tempo em cada passo de 0,2 segundos.

Total de exposição por amostra de 12,5 minutos. Posteriormente foram criados

difratogramas e através dos picos específicos foi realizado os reconhecimentos dos

minerais.

4.2.4. Análise de Carbono Orgânico Total (COT)

O Carbono orgânico total foi determinado utilizando o analisador de COT,

modelo N/C 3100 acoplado ao equipamento HT 1300 Solids Module. Padrão de

carbono 12%. O teor de matéria orgânica foi obtido utilizando o fator de Van

Bemmelen descrito em Embrapa (2011), pela equação:

MO = C (g/kg ou %) x 1,72 (Equação 6)

em que:

MO é matéria orgânica;

C é carbono.

4.2.5. Argila dispersa em água e grau de floculação

O método utilizado foi o proposto por Bennema e Vettori (1960). Foram

pesados 10 g de TFSA e transferidos para recipiente com tampa com 100 mL de

água destilada. Posteriormente foi agitado durante 16 horas em agitador rotativo a

30 rpm. Finalizada a agitação a suspensão foi transferida para proveta de 500 mL e

completado o volume com água destilada.

Respeitado o tempo de sedimentação, verificado em tabela específica, foi

pipetado 10 mL a uma profundidade de 5 cm para amostragem de argila. A alíquota

foi transferida para beckers previamente pesados, em balança com aproximação de

0,0001 g, e colocado em estufa a 105°C para secar por 24 horas. Os beckers foram

retiradas da estufa após resfriamento, colocados no dessecador e levado para

serem pesados em mesma balança.

Os cálculos foram realizados utilizando as equações abaixo. Os resultados

foram expressos em porcentagem.

Argila (%) na TFSA = [(peso da argila x 500)/10 ] x [100/ Mss] (Equação 7)

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57

Grau de floculação = ( A.total - ADA) / (A.total) x 100 (Equação 8)

em que:

Mss: massa de solo seco a 105ºC;

A.total: argila total;

ADA: argila dispersa em água.

4.2.6. Fracionamento da areia

A partir da massa de areia obtida na análise granulométrica foi realizada a

separação da areia em classes, segundo a escala do Soil Survey Staff - USA (1993)

em areia muito grossa (1 - 2 mm), areia grossa (0,5 - 1 mm), areia média (0,25 - 0,5

mm), areia fina (0,125 - 0,25 mm) e areia muito fina (0,053 - 0,125 mm).

As frações da areia foram separadas por tamisação. O percentual das classes

foi calculado pela razão entre o peso seco da amostra de areia contido em cada

peneira e o peso da areia total, e posteriormente multiplicado por 100, por fim foi

realizado a produto entre os percentuais de areia total e areia fracionada.

4.2.7. Percentagem de agregados

Para análise de agregados as amostras foram retiradas nas profundidades de

0 a 10 e 10 a 20 cm, as quais foram secas ao ar, após serem destorroadas à mão.

Em seguida foram passadas em peneira com abertura de malha de 4 mm e retidas

na de 2 mm, homogeneizadas e pesadas triplicatas de 50 gramas.

Uma das amostras foi colocada em lata de alumínio previamente pesadas e

levada em estufa a 105ºC por 24 horas. Após esfriar em estufa desligada foi

colocada em dessecador e pesada. Essas informações foram utilizadas no cálculo

para obtenção de massa de amostra seca.

As outras amostras foram colocadas sobre um disco de papel de filtro

umedecido, alocado na peneira superior de um conjunto de peneiras, sendo cada

amostra para um conjunto. As peneiras foram dispostas na seguinte ordem: 2 mm; 1

mm; 0,5 mm; 0,25 mm e 0,125 mm de abertura de malha, de modo que os

agregados contidos na peneira superior fossem umedecidos por capilaridade

durante 4 minutos e posteriormente retirado o papel de filtro.

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58

Em seguida foi ligado o aparelho de oscilação vertical ajustado para uma

freqüência de 32 oscilações por minuto e agitado por mais 4 minutos em

tamisamento úmido. O solo retido nas peneiras foi transferido para Backers

identificados e de pesos conhecidos, levadas em estufa a 105ºC por 24 horas e

posteriormente pesadas.

O percentual de agregado foi calculado pela razão entre o peso seco de

agregado contido em cada peneira e o peso da amostra seca, e posteriormente

multiplicado por 100.

O diâmetro médio ponderado (DMP) foi obtido por meio da equação 9

segundo Bavel (1949). O índice de estabilidade dos agregados (IEA) foi determinado

utilizando a equação 10, proposta por Castro Filho et al. (1998), e o diâmetro médio

geométrico usando as equações 11 e 12 propostas por Schaller e Stockinger (1953

apud Alvarenga et al. 1986).

. P) (Equação 9)

em que:

DMP: diâmetro médio ponderado;

Cmm : Centro das classes (mm);

P: proporção do peso de cada fração de agregados em relação ao total da

amostra.

em que:

IEA: índice de estabilidade de agregados

MS: massa da amostra seca (g)

Wp0,25: massa de agregados da classe < 0,25 (g)

(Equação 10)

(Equação 11)

(Equação 12)

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59

em que:

DMG: diâmetro médio geométrico

N: percentagem de agregados nas diversas classes das peneiras

4.2.8. Porosidade total (Pt), microporosidade (Mi), macroporosidade (Ma) e

densidade do solo (Ds)

A determinação da porosidade e da densidade do solo foi realizada com base

no manual de métodos de análise de solos (EMBRAPA, 2011). As amostras não

deformadas foram preparadas e saturadas por um período de 48 horas em água

destilada, depois pesadas e colocadas sob a mesa de tensão previamente

aprontada para o nível de sucção correspondente a 60 cm de altura de coluna

d’água.

Após 72 horas, os cilindros com solos arenosos foram retirados dos seus

respectivos lugares e pesados. A operação foi repetida o tempo necessário para

obtenção de pesos constantes, o qual perdurou por mais 72 horas, totalizando seis

dias de mesa de tensão para o nível de sucção correspondente a 60 cm de altura de

coluna d’água.

Os cilindros contendo solos argilosos continuaram na mesa de tensão, porém

preparada para o nível de sucção correspondente a 100 cm de altura de coluna

d’água. Após 24 horas os cilindros foram retirados dos seus respectivos lugares e

pesados. A operação foi repetida o tempo necessário para obtenção de pesos

constantes, o qual perdurou por mais 96 horas.

Em seguida todos os cilindros (contendo solos arenosos e argilosos) foram

retirados os perflex e o elásticos e as amostras não deformadas foram colocados em

recipientes de peso conhecido e levadas para estufa por 48 horas a 105ºC.

Decorrido o tempo necessário foram determinados o peso da amostra seca, peso do

cilindro e volume cilindro.

Para os cálculos foram utilizadas as equações abaixo:

(Equação 13)

(Equação 14)

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em que:

Vs = volume de saturação

Mi = Microporosidade (%)

a = massa da amostra após ser submetida a uma tensão (g)

b = massa da amostra seca a 105ºC (g)

c = volume do cilindro (cm3)

Ma = macroporosidade

4.2.9 Tratamento das informações

A análise dos dados consistiu em avaliar o grau de associação da

condutividade hidráulica efetiva do solo e da erodibilidade entressulco com as

características físicas e físico-hídricas das áreas de estudo, por meio de correlação

simples entre as variáveis.

Inicialmente foram rodadas correlações utilizando todos os seis pontos de

estudo, posteriormente os pontos de estudo foram divididos em dois grupos, os

chamados arenosos (Pasto ponto 1-Pp1, Pasto ponto 2-Pp2 e Cerrado-C) e os

argilosos (Agrícola ponto 1-Ap1, Agrícola ponto 2-Ap2 e São Vicente) e então

rodada as correlações para cada grupo separadamente.

4.3. Resultados e discussão

Na Tabela V estão os valores médios de atributos físicos e físicos-hídricos

dos solos estudados, e na Tabela VI são demonstradas as suas correlações com a

condutividade hidráulica efetiva (ke) e erodibilidade entressulco (Ki).

A condutividade hidráulica efetiva, se correlacionou positiva e

significativamente, com o teor de areia total. Os solos com maiores teores de areia,

porém não proveniente de areia fina e/ou muito fina, apresentaram maior

capacidade de percolação da água e consequentemente maiores Ke. Fiorin (2008),

(Equação 15)

(Equação 16)

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61

afirma que solos arenosos possuem maior macroporosidade que os argilosos e,

devido esse fato apresentam maiores taxas de infiltração e condutividade hidráulica.

Os teores de areia muito fina, silte e argila tiveram correlação negativa com a

condutividade hidráulica efetiva, indicando que o aumento das frações mais finas do

solo implica na diminuição da ke. A maior facilidade na movimentação de partículas

mais finas do solo e posterior acomodação nos espaços porosos, causou a

interrupção parcial ou total dos macroporos e dificultou o fluxo da água,

corroborando para diminuição da condutividade hidráulica efetiva. Esse fato foi

otimizado devido o preparo inicial da área. Os tamanhos dos poros e as suas

continuidades, são relevantes e permitem a maior condutividade hidráulica dos solos

(CARVALHO, 2002).

Outro fator que pode ter colaborado para as correlações negativas, entre a ke

e as frações mais finas do solo, foi o arranjamento das partículas. Pois devido os

solos terem maior fração de finos ocorreu o favorecimento na formação de poros

com capacidade de retenção de água. Desta forma, quanto menor for o diâmetro

das partículas do solo, mais finos serão as dimensões dos canais de fluxo de água,

portanto, menor será a condutividade hidráulica (ALONSO, 2005).

A relação silte/argila e a argila dispersa em água (ADA), tiveram correlações

significativas com a Ke, sendo positiva e negativa, respectivamente. Nos solos com

maior teor de argila se verificou menor relação silte/argila, menor macroporosidade e

consequentemente menor Ke.

Os solos com maiores teores ADA tiveram menores condutividade hidráulica

efetiva. Isso pode ser explicado pela ocorrência do selamento superficial do solo,

pois as partículas de ADA foram carreadas e causaram a obstrução parcial dos

poros, dificultando a infiltração da água e causando a diminuição da ke. Morin e Van

Winkel (1996) também atribuíram às argilas dispersas, a formação de selamento

superficial e consequente redução na taxa de infiltração de água no solo.

Nas áreas que tiveram maiores valores de ADA foi identificado os minerais

Quartzo, Gibbsita e Caulinita (FIGURA 15). Solos que têm a Caulinita como argila

dominante tem maior potencial de dispersão em água e causa consequentemente o

bloqueio dos poros, diminuindo a permeabilidade do solo. Chiang et al. (1987),

estudando três solos de diferentes origens, verificaram que a condutividade

hidráulica sofre decréscimo em relação ao aumento da dispersão da argila, e ainda,

indicaram a caulinita como argila dominante em todos os materiais.

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Tabela V: Atributos físicos e físico-hídricos dos solos estudados

Pp1(1) Pp2(2) Ap1(3) Ap2(4) C1(5) SV1(6)

%

U ke(7) 3,47 6,55 41,63 36,52 13,80 36,59

At(8) 92,59 94,63 30,35 35,27 74,77 30,80

AG(9) 9,50 1,98 0,62 0,83 2,13 0,60

Ag(10) 6,80 9,17 3,80 3,82 4,60 3,60

Am(11) 16,31 25,17 9,09 9,53 16,01 8,76

Af(12) 47,94 50,83 12,99 15,86 39,94 12,75

AF(13) 12,04 7,48 3,84 5,24 12,08 5,09

Sil(14) 4,33 2,18 19,86 12,54 11,70 11,99

Arg(15) 3,08 3,19 49,79 52,19 13,53 57,21

ADA(16) 1,69 1,21 14,00 18,27 6,48 2,05

Gf(17) 43,94 62,22 72,05 65,51 52,22 96,39

MO(18) 0,10 0,08 5,84 5,08 2,48 6,37

PT(19) 40,22 43,69 56,93 61,68 51,56 60,45

Mi(20) 12,86 18,99 46,39 38,44 24,46 40,29

Ma21) 27,36 24,70 10,53 23,23 27,09 20,15

IEA(22) 78,31 26,59 93,46 86,94 96,06 93,99

Mm

DMP(23) 2,89 2,20 2,63 2,49 2,90 2,55

DMG(24) 2,73 1,64 2,21 1,85 2,76 2,10

g.cm3

Ds(25) 1,69 1,58 1,11 0,97 1,37 1,05

UA

S/A(26) 1,42 0,77 0,40 0,25 0,86 0,21 (1)-Pasto ponto 1; (2)-Pasto ponto 2; (3)-Agrícola ponto 1; (4)-Agrícola ponto 2; (5)-Cerrado 1, 6-São Vicente1; (7)-Umidade inicial da área antes da determinação da Ke; (8)-Areia total; (9)-Areia muito grossa; (10)-Areia Grossa; (11)-Areia média; (12)-Areia fina; (13)-Areia muito fina; (14)-Silte; (15)-Argila; (16)-Argila dispersa em água; (17)-Grau de floculação; (18)-Matéria orgânica; (19)-Porosidade total; (20)-Microporosidade; (21)-Macroporosidade 100; (22)-Índice de estabilidade de agregados; (23)- Diâmetro médio ponderado; (24)- Diâmetro médio geométrico; (25)- Densidade do solo; (26)-Relação silte/argila.

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Tabela VI: Coeficientes de correlações da condutividade hidráulica efetiva (Ke) e da

erodibilidade entressulco (Ki) e os atributos físicos e físicos-hídricos dos solos

estudados.

Atributos Ke Ki

Areia total 0.8971 ** ns

Areia muito fina -0.7583 ** ns

Silte -0.8105 ** ns

Argila -0.8775 ** ns

Argila dispersa -0.6049 * ns

Relação silte/argila 0.7074 ** ns

Matéria orgânica -0.8903 ** ns

Umidade atual antes do teste -0.8039 ** -----------------

Porosidade total -0.8757 ** ns

Microporosidade -0.8408 ** ns

Densidade do solo 0.8756 ** ns

Ke – condutividade hidráulica efetiva, Ki- erodibilidade entressulco; ns – não significativo; * e **: Significativos a 5 e 1%, respectivamente.

A matéria orgânica explica em até 94,35% o comportamento da condutividade

hidráulica efetiva do solo, porém a correlação foi inversamente proporcional. O

aumento do teor de matéria orgânica no solo, maximizou a sua capacidade de

retenção de agua, diminuindo a sua Ke. Aragão Junior et al. (1983), avaliando a Ke

num Podzólico-Vermelho-Amarelo, constataram o mesmo efeito, e atribuíram a

maior capacidade de retenção de água nas camadas superiores do solo em função

principalmente do teor de matéria orgânica oriundo dos restos de culturas.

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FIGURA 12. Difratogramas raio-x minerais dos solos estudados – Pasto ponto 1 (A);

Pasto ponto 2 (B); Agrícola ponto 1 (C); Agrícola ponto 2 (D); Cerrado 1 (E) e São

Vicente 1 (F); (q-Quartzo, g-Gibbsita, c-Caulinita, G-Goethita,).

A condutividade hidráulica efetiva correlacionou-se, negativa e

significativamente a 1%, com a porosidade total do solo e com a microporosidade,

indicando assim, que solos com maior porosidade total e maior percentual de

microporos tendem a apresentar menor Ke. Tanto a microporosidade quanto a

porosidade total são propriedades que estão presentes de forma mais evidente nos

solos argilosos, devido arranjamento entre partículas, entretanto essa maior

porosidade total é adquirida pela somatória dos espaços vazios de pequeno

Graus

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diâmetro, o que dificulta o fluxo d’água no perfil. Sendo assim a microporosidade do

solo imprime ao solo baixa permeabilidade (GROHMANN 1960).

A densidade do solo teve correlação direta e significativa com a condutividade

hidráulica efetiva do solo. A densidade do solo foi maior nas áreas de textura mais

arenosas, onde a maior contribuição para porosidade total são dados pelos

macroporos. Desta forma, a qualidade e a continuidade dos poros do solo tornou-se

uma característica determinante no estudo da condutividade hidráulica. Mesquita e

Moraes (2004), também encontraram elevados valores de condutividade hidráulica

onde ocorreram maiores valores de densidade do solo, e atribuíram o fato a

continuidade dos macroporos para fluxo de água.

Estão demonstrados na Tabela VII, o grau de associação de alguns atributos

físicos e físicos hídricos do solo com os valores da condutividade hidráulica efetiva e

de erodibilidade entressulco, para solos arenosos e argilosos.

O aumento na fração areia grossa, favoreceu a condutividade hidráulica nos

solos arenosos e explica até 92,03% da sua variação. Os encaixes entre as

partículas do solo foram desfavorecidos com aumento da fração areia grossa o que

favoreceu a macroporosidade do solo e o fluxo da água. Bielschowsky (2012)

estudando a condutividade hidráulica de solos com diferentes texturas, encontrou

maiores valores em dois Neossolos Quartizarênicos, sendo que a condutividade

hidráulica do solo foi mais elevada, em todas as repetições realizadas, no Neossolo

que apresentava maior teor de areia grossa.

Para os solos argilosos, a condutividade hidráulica efetiva não apresentou

correlação com diâmetro médio ponderado, diâmetro médio geométrico e índice de

estabilidade dos agregados. Entretanto, percebeu-se uma tendência do aumento da

Ke com a elevação desses índices. Esse acontecimento é explicado possivelmente

pelo fato dos solos com estruturas de diâmetro maiores e mais estáveis, após

preparo inicial, apresentarem menor variação na macroporosidade ao longo do

teste, o que garantiu assim a continuidade dos poros e o maior fluxo da água no

solo.

A erodibilidade entressulcos, dos solos argilosos, correlacionou-se positiva e

significativamente a 5%, com o teor de areia total e areia fina. Entretanto, para esse

mesmo subgrupamento de solos, a associação entre Ki e as frações, areia média,

areia grossa, e com a soma, areia grossa mais areia muito grossa, foi negativa e

significativa a 1%. Dessa forma, os solos argilosos tiveram acréscimo na sua

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erodibilidade entressulco quando o percentual de areia fina aumentou e decréscimo

quando ocorreu o aumento de frações com diâmetro superior a 0,25 mm, isso pode

ser explicado pela capacidade de transporte do escoamento superficial. As

partículas menores, após rompida a força que as uni, são transportadas com maior

facilidade, enquanto as partículas maiores resistem mais à remoção, podendo

acumular-se na superfície do solo (RESENDE, 1985).

A associação da erodibilidade entressulcos com os atributos areia total e

areia grossa foi direta e significativa, para os solos arenosos. Uma das explicações

está no tipo de estrutura desses solos, denominadas segundo Santos (2013), de

grãos simples. Solos com esse tipo de estrutura facilmente são carreadas pelo

escoamento superficial, dependendo apenas da capacidade de transporte do

escoamento.

Na área arenosa denominada de Pp1, o falso valor da estabilidade de

agregados, deve-se ao elevado teor de cascalho que ficaram retidos na peneira de

2 mm durante a realização dos testes para determinação dos índices DMP, DMG e

IEA.

Nas áreas arenosas, a erodibilidade entressulco correlacionou-se de forma

significativa com teor de areia muito fina, entretanto diferente do que se esperava, a

correlação foi inversamente proporcional. A explicação para esse acontecimento é

que na área com maior teor de areia muito fina também foram determinados teores

mais altos de argila e matéria orgânica, e ainda, a presença de Goethita. Essas

propriedades promoveram maior estabilidade dos agregados e a diminuição de Ki.

De acordo com Wischimeier e Mannering (1969), nos estudos referentes a

erodibilidade, os teores de areia devem ser considerados em relação a níveis de

outros atributos do solo.

O teor de matéria orgânica manteve correlação negativa com a erodibilidade

entressulco, para os subgrupamentos de solos arenosos e argilosos. Pois o

aumento do teor de carbono orgânico resulta em maiores índices de estabilidade e

aumento das classes de diâmetro dos agregados (CASTRO FILHO et al. 1998).

Dificultando desta forma o carreamento pelo escoamento superficial e causando

consequente diminuição nos valores de erodibilidade entressulcos. A significância

da correlação entre erodibilidade entressulcos e matéria orgânica foi menor nos

solos argilosos. Essa tendência também foi encontrada por Wischmeier e

Mannering (1969); e Troeh, Hoobbs e Danahue (1980).

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67

Tabela VII: Coeficientes de correlações da condutividade hidráulica efetiva (Ke) e da

erodibilidade entressulco (Ki) e os atributos físicos e físicos-hídricos dos solos

estudados, para dois subgrupamento de solos.

Arenosos Argilosos

Atributos Ke Ki Ke Ki

Areia total ------- 0,8074* ------- 0,7820*

Areia grossa + areia muito grossa ns ns ns -0,8893**

Areia grossa 0,8470 * 0,9469** ns -0,9498**

Areia média ns ns ns -0,9416**

Areia fina ns ns ------- 0,7523*

Areia muito fina ------- -0,9523 ** ------- ns

Matéria orgânica ------- -0,7568* ------- -0,7462*

Porosidade total ns ns ns 0,8452**

Macroporosidade 0,6 m.c.a ns -0,7934* ns 0,9420**

Macroporosidade 1,0 m.c.a ns ns ns 0,8357**

Microporosidade 0,6 m.c.a ns ns ns -0,9646**

Microporosidade 1,0 m.c.a ns ns ns -0,8298**

Densidade do solo ns ns ns -0,9577**

DMP ns -0,8453* 0,6469ns -0,9243**

IEA ns -0,9302 ** 0,5202ns -0,8999**

DMG ns -0,7558* 0,6212ns -0,9663**

Ke – condutividade hidráulica efetiva, Ki- erodibilidade entressulco; ns – não significativo; * e **: Significativos a 5 e 1%, respectivamente.

As correlações da erodibilidade entressulcos com os atributos,

macroporosidade, microporosidade e porosidade total, foram significativas a 1%,

para os solos argilosos, entretanto para os solos arenosos, apenas a

macroporosidade teve associação significativa a 5%. A porosidade do solo não

consiste em variável preditora da Ki, devido ser dinâmica ao longo do teste. A

quantificação e a qualificação dos espaços vazios do solo deve ser explicada pelo

textura, relação carbono/argila e pelos índices de agregados, devido estes atributos

do solos serem mais estáveis quando comparados a porosidade.

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A correlação entre a densidade do solo e a erodibilidade entressulcos, para

os solos argilosos, foi negativa e significativa a 1%, ou seja, os solos argilosos mais

leves tiveram maiores perda de solo. Este fato pode ser explicado devido o solo

mais leves terem também maiores percentuais de argila dispersa e menores

relação carbono/argila, resultando em menores valores para DMP, DMG e IEA.

Lima e Andrade (2001) estudando erodibilidade em solos de textura argilosa,

encontraram correlação positiva entre Ds e Ki, entretanto verificaram para os solos

mais leves, maiores valores para o DMP e DMG.

Os índices que avaliam a estabilidade dos agregados do solo apresentaram

correlação significativa e inversa com a erodibilidade entressulcos, para os dois

subgrupamentos de solos estudados. Sendo assim, solos bem estruturados

apresentam menores valores de Ki, o que indica que o aumento no diâmetro e na

estabilidade dos agregados exigem maior capacidade de transporte do escoamento

superficial e favorece a macroporosidade e o fluxo de água. Oliveira et al. (2012)

também verificaram que a maior estabilidade de agregados possibilitou redução da

erodibilidade entressulcos, e atribuiram esse fato a maior energia necessária para

desagregar e transportar o solo.

4.4. Conclusão

Os atributos areia total, matéria orgânica e argila apresentaram correlação

significativa com a condutividade hidráulica efetiva independente da classe textural

do solo estudado, evidenciando-se, desta forma, que esses atributos podem ser

bons preditores da condutividade hidráulica efetiva.

Não foi possível a identificação de atributos preditores de erodibilidade

entressulcos independente da textura do solo, ou seja, é necessária separação de

grupo textural para tal identificação.

Para solos arenosos os atributos areia grossa, areia muito fina e índice de

estabilidade de agregados apresentam maior potencial de predição da erodibilidade

entressulco.

Para os solos argilosos os atributos areia grossa, areia média, diâmetro médio

ponderado, diâmetro médio geométrico e índice de estabilidade de agregados

apresentaram maior potencial de predição da erodibilidade entressulco.

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4.5. Referências bibliográficas

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SANTOS, R, D.; LEMOS, R. C.; SANTOS, H. G.; et al. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 6. ed. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2013, 100 p. SOIL Survey Staff, 1993. Soil Survey Manual. Soil Conservation Service. U.S. Department of Agriculture Handbook 18, Washington, DC. SOUZA, E. S. DE; ANTONINO, A. C. D.; ANGULO-JARAMILLO, R.; NETTO, A. M. (2008). Caracterização hidrodinâmica dos solos:aplicação do método Beerkan. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Vol. 12 nº 02. pp.128-135. TROEH, F. R; HOBBS, J. A.; DANAHUE, R. L. Soil and water corservation: for productivity and environmental protection. Englewood cliffs: Prentice-Hall. 718p. 1980. WISCHMEIER, W. H.; MANNERING, J. V. Relation of soil properties to its erodibility. Soil Science Society of America. Proceedings, Madison, v.33, n.1, p.131-137, Jan./Feb. 1969.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Solos arenosos são mais propensos a erodibilidade entressulcos, entretanto

devido a metodologia adotada para realização dos testes e a alta condutividade

hidráulica efetiva (Ke) das áreas Pasto ponto 1 e Pasto ponto 2, esse fato não pode

ser demostrado.

A condutividade hidráulica efetiva, de solos arenosos e de solos argilosos, foi

afetada pelas mesmas variáveis preditoras e no mesmo sentido. Dessa forma a

elaboração de funções de pedotransferências para estimar Ke devem ser norteadas

pelos atributos do solo independente de seu subgrupamento textural.

A erodibilidade entressulcos, de solos argilosos e de solos arenosos, não foi

afetada na maioria das vezes, pelas mesmas variáveis preditoras, e quando

influenciadas pela mesma, nem sempre se correlacionaram no mesmo sentido. Para

maior precisão na estimativa da Ki, as funções de pedotransferência devem ser

elaboradas em função das classes texturais.

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6. CONCLUSÕES GERAIS

A erodibilidade em entressulcos para as áreas de estudo são 2,44x105,

1,32x106, 1,56x105, 2,47x105, 8,56x104, 5,93x105 kg.s.m-4 para Ap1, Ap2, Pp1, Pp2,

C1 e SVp1 respectivamente.

A condutividade hidráulica efetiva determinada nas áreas de estudo são

81,52; 109,94; 30,63; 24,49; 48,31; e 28,37 mm h-1 para Pp1; Pp2; Ap1, Ap2, C1 e

SV1, respectivamente.

Como atributos preditores da condutividade hidráulica efetiva dos solos do

cerrado mato-grossense pode-se utilizar areia total, matéria orgânica e argila.

Como atributos preditores da erodibilidade entressulcos, para solos arenosos

do cerrado mato-grossense, pode-se utilizar areia grossa, areia muito fina e índice

de estabilidade de agregados, enquanto para solos argilosos pode-se utilizar areia

grossa, areia média, diâmetro médio ponderado, diâmetro médio geométrico e índice

de estabilidade de agregados.

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APÊNDICE I

Pasto ponto 1 e 2 (Pp1 e Pp2); agrícola ponto 1 e 2 (Ap1 e Ap2); Cerrado1 (C1) e São Vicente 1

(SV1).

Taxa de infiltração para áreas de estudo (Média de 3 repetições)

Nº coleta Pp1 Pp2 Ap1 Ap2 C1 SVp1

1 131,83 140,06 68,77 56,41 65,83 56,62

2 95,31 116,91 63,63 56,36 64,63 52,16

3 94,63 129,31 63,29 49,96 62,40 52,11

4 92,91 113,31 62,39 44,93 62,99 50,48

5 94,29 120,00 58,79 40,76 59,39 50,91

6 93,60 121,63 53,81 36,08 58,14 48,45

7 96,69 126,26 44,61 34,82 56,54 45,71

8 98,40 127,11 42,16 32,48 55,34 42,11

9 96,51 121,94 40,84 31,05 54,31 40,85

10 96,17 121,37 38,84 28,65 53,45 37,48

11 89,83 122,46 37,76 27,73 52,77 36,85

12 87,94 120,80 37,19 26,59 51,91 35,37

13 88,80 120,23 35,30 25,56 50,94 34,34

14 88,63 119,03 33,19 24,65 49,91 32,91

15 86,74 119,43 31,41 24,30 48,25 31,65

16 86,74 117,20 31,47 23,79 48,19 29,88

17 85,37 116,00 31,64 24,13 47,57 29,71

18 86,23 115,89 29,81 47,62 28,85

19 85,03 114,00 30,67 27,48

20 85,03 114,57 30,33 27,88

21 87,26 112,46 30,67 27,82

22 86,40 110,51

23 80,74 110,11

24 82,29 108,69

25 107,94

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APÊNDICE II

Taxa de escoamento superficial Ki (Média de 3 repetições)

Tempo Ap1 C1 Ap2 Pp1 Pp2

5 2,86 3,60 10,17 3,20 3,26 10 2,57 3,54 10,63 3,26 3,60

15 3,31 3,71 10,63 3,37 3,37

20 3,43 3,66 12,69 3,26 3,31

25 4,46 3,49 14,29 3,20 3,31

30 9,20 3,54 21,03 3,09 3,54

35 11,89 3,49 22,63 3,20 3,37

40 13,60 3,66 23,09 3,26 3,60

45 14,69 3,66 29,49 3,37 3,31

50 17,03 3,49 30,17 3,26 3,20

55 19,03 3,60 32,80 3,20 3,49

60 20,57 3,71 33,60 3,31 3,43

65 22,11 3,66 33,83 3,20 3,49

70 23,54 3,71 33,83 3,31 3,49

75 23,60 3,60 35,20 3,20 3,43

80 24,86 3,77 34,86 3,14 3,26

85 24,97 3,89 34,17 3,20 3,20

90 27,89 3,89 36,00 3,31 3,66

95 29,60 4,23 35,54 3,20 3,49

100 32,51 4,63 35,89 3,31 3,43

105 34,06 4,63 35,66 3,20 3,37

110 33,37 5,26 36,00 3,26 3,14

115 38,17 5,94 35,66 3,37 3,66

120 38,97 6,23 35,54 3,26 3,66

125 38,29 6,63

130 38,86 7,20

135 40,29 8,00

140 40,46 8,34

145 41,26 8,80

150 40,11 8,40

155 42,23 8,97

160 41,26 9,94

165 42,06 10,51

170 42,40 10,34

175 41,83 11,20

180 41,94 12,23

185 42,06 11,71

190 43,09 11,94 Pasto ponto 1 e 2 (Pp1 e Pp2); agrícola ponto 1 e 2 (Ap1 e Ap2); Cerrado1 (C1) e São Vicente 1 (SV1).


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