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ar difusoAeração por

B&F Dias mantémliderança e inovação

no mercado

Biogás: ótima fonte de energiaque é pouco aproveitada

Sistemas para polimentoem alta no mercado

Tratamento de e�uentesna fabricação de bebidas

Entenda as diferenças entrebombas para ETA e ETEde

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Índice

46Biogás: ótima fonte de energia

que é pouco aproveitada

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Sistema para polimentoem alta no mercado

Tratamento de efluentes na fabricação de bebidas Entenda as diferenças

entre bombas para ETA e ETE

Os danos que o Cromo Hexavalente pode causar à saúde

ÁGUA Análise de água mineral em Porto Alegre

DESTAQUE Controle de odores no tratamento de esgoto

sanitário é tema de workshop de inovação da SABESP

EVENTOSFIMAI 2013 traz comitiva de empresas inovadoras

da região francesa Paris Region com soluções em meio ambiente e tratamento de água e efluentes

VISÃO DE NEGÓCIOSJá pensou em não ser dono da sua central de tratamento?

SEÇÃONovidades

ÁGUA EQUIPAMENTOS

10Aeração por ar difusoB&F Dias mantém liderança e inovação no mercado

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Editorial

Conselho Editorial:Adriano de Paula Bonazio; Alice Maria de Melo Ribeiro; Arno Rothbarth; Douglas Moraes; Eric Rothberg; Fábio Campos; Geraldo Reple Sobrinho; Giorgio Arnaldo Enrico Chiesa; Hercules Guilardi; Jeffrey John Hanson; João Carlos Mucciacito; José Carlos Cunha Petrus; José Luis Tejon Megido; Lucas Cortez Moura; Luciano Peske Ceron; Marco Antônio Simon; Nelson Roberto Cancellara; Patrick Galvin; Paul Gaston; Paulo Roberto Antunes; Ricardo Saad; Santiago Valverde; Tarcia Davoglio; Tarcísio Costa; Valdir Montagnoli.

Colaboraram nesta edição:Edgard Luiz Cortez (Iteb); Amin Kaissar El Khoury (Etatron); Luciana Beneton e Simão Ribeiro Fernandes (Tecitec); Pamela Santos e Eng. André G. Gomes (GEA); (Agência Publicis); Angela Halat Portugal e José Donizete dos Santos (Sulzer Pumps); Maria Candida Stecca D’Angieri (Mann+Hummel Fluid Brasil); André Luis Moura (Laffi Filtration); Fred Schuurman e Luiz Carlos da Silva (Produquímica); Luciano Peske Ceron (Renner Têxtil); André Luiz Zanette (BNDES); Charles Carneiro (Sanepar); Thiago Forteza (General Water); Luiz Abrahão (Veolia Water); Renato Zerbinati (Grundfos); Roberto Brasil (Xylem); (KSB); Henrique Martins Neto (EQMA); Fabrício Drumond (Nova Opersan); Anthony Gladek (Hoganas); Bruno Dinamarco, Manuel Dias e Felipe Dias (B&F Dias); Alan da Silva; Paulo José Menegasso e Michele Kimieciki.

2014: Saber e querer fazerPara nós da revista TAE, esse exemplar já traz uma ideia de como deve ser o exercício fiscal do próximo ano: apesar de todas as turbulências que os brasileiros já enfrentaram ano a ano, 2014 não vai ser diferente do que todos nós já passamos e de muitos anos que virão. Neste editorial, na contramão de muitas publicações, não vamos falar de previsões e números para o próximo ano. Na verdade, índices e estatísticas são sempre muito bem-vindos, mas o que faz nosso exercício fiscal apresentar resultados diferentes são nossas ações. Se houver uma mudança de atitude de forma positiva, os resultados têm grande possibilidade de representar um cenário mais azul e expressivo. É preciso ficar atendo às movimentações do mercado e acompanhar tudo, não só em épocas difíceis e turbulentas, mas também nas fases boas e seguras. Muitas vezes, o que falta para nós e para muitos segmentos da sociedade é a simplicidade dos bons hábitos: estudar, entender, repetir e repassar o texto todos os dias.Tão ou até mais importante do que saber fazer, é querer fazer. Quem tem vontade, aprende a andar por novos caminhos e realizar ainda mais. E se no meio do caminho algo der errado, ter a humildade de reconhecer o erro e recomeçar, como a célebre frase atribuída a Juscelino Kubitschek: “Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro”.Trazemos nesta edição como matéria de capa, uma entrevista com Manuel Antônio Magalhães Dias, diretor geral da B&F Dias, fundada em 1990 em um momento de crise no cenário político-econômico nacional e se tornou a maior empresa em sistemas de aeração por ar difuso da América Latina, com mais de 2000 plantas instaladas em diversos países. E muito mais informação: uma análise da água mineral de Porto Alegre; o panorama de utilização do biogás, recurso energético ainda pouco explorado; novas tecnologias em sistemas para polimento de água e efluentes ; a alternativa de terceirizar a operação de centrais de tratamento; diferenças entre bombas para ETA e ETE; seção Novidades; entre outros destaques. A todos os nossos leitores, clientes, colaboradores e amigos, um 2014 repleto de oportunidades para fazer, e muita disposição para alcançar a capacidade plena das suas possibilidades de realizar, tanto no campo profissional quanto pessoal e familiar.

Boas festas e um próspero ano novo!

Rogéria Sene Cortez Moura - Editora

Revista TAE - Informação cristalina e bem tratada.

Os artigos e matérias não refletem a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados e através de anúncios, sendo de única e exclusiva responsabilidade de seus autores e anunciantes. A reprodução total ou parcial das matérias só é permitida mediante autorização prévia da Revista TAE, e desde que citada a fonte.

Editora Rogéria Sene Cortez [email protected]

PublicidadeJoão B. Moura

Yara [email protected]

RedaçãoAnderson V. da Silva, Beatriz Farrugia, Cristiane

Rubim, Daiana Cheis e Vicente de [email protected]

Assinaturas, Circulação e Atendimento ao Cliente

Rogéria Sene Cortez [email protected]

Comunicação Loiana Cortez Moura

[email protected]

Criação e EditoraçãoAnderson Vicente da Silva

Paula [email protected]

Impressão e AcabamentoGráfica IPSIS

A Revista TAE é uma publicação da L3ppm - L Três publicidade,

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ERRATA: Na edição nº 15 outubro/novembro, página 03 (índice), foi informado erroneamente o título da matéria correspondente à página 26 da revista, o título correto da matéria é: Estações compactas de tratamento de água e esgoto são opções para locais que geram demandas menores. Na página 27 da mesma edição o crédito da foto superior e a da página 28 é Mizumo.

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NOVIDADES

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A Prolagos – Concessionária de Água e Esgoto do Grupo Equi-pav – inaugurou no dia 11 de novembro, no município de Ar-mação dos Búzios, a estação de tratamento de água de reúso (ETAR), a primeira no Estado do Rio de Janeiro no setor do sanea-mento básico com nível terciário.Em seu discurso, o presidente da Prolagos, Carlos Roma Jr., des-tacou os benefícios ambientais proporcionados pela unidade. “O uso responsável da água é fun-damental, principalmente nas re-giões metropolitanas mais popu-losas. Cada litro de água de reúso representa um litro de água con-servada em nossos mananciais. É uma maneira inteligente e capaz de assegurar que as gerações fu-turas tenham acesso à água potá-vel e de qualidade.’’, afirmou.A ETAR de Búzios tem capacida-de de produzir mais de dois mi-lhões de litros de água de reúso por mês, o equivalente a 200 ca-minhões-pipa. A água de reúso pode ser utilizada para inúmeras finalidades, como geração de energia, refrigeração de equipa-mentos, aproveitamento nos pro-

cessos industriais, na construção civil e limpeza de ruas e praças.Em Búzios, parte da água pro-duzida pela estação já atende, diariamente, ao Campo de Gol-fe. São cerca de 40 mil litros de água de reúso por dia utilizados para a irrigação da grama que, por ser diferenciada, requer uso de água com alto nível de pota-bilidade. O local será palco dos treinos da modalidade esportiva para os jogos olímpicos de 2016.A meta da Prolagos, agora, é am-pliar o fornecimento deste insumo ao maior número de empresas e indústrias possível. “É importante ressaltar que as empresas interes-sadas em utilizar a água de reúso passarão a colaborar com a eco-nomia de água potável destinada ao abastecimento do consumidor final, tornando-se, assim, ecoefi-cientes.”, disse o presidente da concessionária, Carlos Roma Jr.O prefeito de Búzios, André Gra-nado, classificou a inauguração da ETAR como um marco para o desenvolvimento sustentável da região. “Mais uma vez Búzios saiu na frente no quesito sustentabili-dade. A questão do saneamento e da preservação ambiental são nossas prioridades e acredita-mos na parceria firmada com a Prolagos, Consórcio Lagos São João e Governo do Estado para a concretização de nossas metas”, disse Granado. O vice--prefeito, Carlos Alberto Muniz, ressaltou que a ETAR representa uma nova etapa na maturidade ambiental da cidade de Búzios.“A estação de tratamento de reú-so, além de sustentável, gera ou-tros benefícios ambientais, como a diminuição do consumo dos recur-sos hídricos naturais e a redução do volume do efluente (esgoto tra-

tado) lançado no meio ambiente.”Conforme legislação ambiental, a água de reúso deve ser utilizada na irrigação de jardins, em indús-trias e outros fins secundários, ou seja, não pode ser destinada para o consumo humano. O in-vestimento para a implantação da estação de água de reúso foi de-liberado pela Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Sanea-mento Básico do Estado do RJ).Na ETAR, o efluente que vem da estação de tratamento de esgo-to (ETE) Búzios é submetido a um polimento, que consiste em três etapas: filtração, ultrafiltra-ção e osmose reversa - para re-mover as impurezas. Com tec-nologia pioneira no Estado do RJ, a ETAR recebe os efluentes da ETE Búzios, que no primei-ro estágio de tratamento passa por filtros de areia, que fazem a remoção inicial dos resíduos.No segundo estágio, a ETAR re-aliza o polimento dos efluentes com uso da tecnologia avançada das membranas de filtração, mui-to comum nos países europeus e da América do Norte. Nesta eta-pa, chamada de ultrafiltração, as membranas com poros, cujo ta-manho é 100 mil vezes menor que um milímetro, remove sólidos sus-pensos, algumas bactérias e vírus.O processo do tratamento é finali-zado com a osmose reversa, últi-mo estágio de filtração por mem-branas. Nesta fase, ao atravessar os microporos, cujo tamanho é de um milhão de vezes menor que um milímetro, são removi-dos os sólidos dissolvidos, como sais, outros vírus e bactérias, que não foram retirados na etapa an-terior. Após estes processos, se obtém água doce com caracte-rísticas similares à água potável.

Prolagos inaugura estação de tratamento de água de reúso em Búzios

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Combinando processos fí-sico-químicos e biológicos, com reduzida ocupação de espaço e alta performance na remoção da carga poluidora, o sistema atende às cada vez mais restritivas exigências dos órgãos ambientaisA Enfil, empresa líder no tra-tamento de efluentes líquidos e gasosos para processos in-dustriais, passou a fornecer ao mercado também soluções específicas para o tratamen-to biológico de efluentes de fábricas de bebidas e ali-mentos. “Buscamos a melhor tecnologia mundial para este tipo de tratamento, de modo a possibilitar a completa eli-minação de resíduos que

possam causar contaminação orgânica no seu despejo, de modo a não provocar altera-ções na DBO do rio onde são lançados”, diz Franco Tarabi-ni Jr, sócio-diretor da Enfil.O processo de tratamento tem como base um reator anaeró-bio de alta taxa, com circula-ção externa, fornecido pela holandesa Hydrothane BV, empresa com a qual a Enfil mantém acordo de parceria tecnológica. Neste reator en-tre 80 e 85% da matéria orgâ-nica é oxidada, e ocorre um processo de fermentação com produção de gás metano, que pode ser queimado num flare ou ser aproveitado para ge-ração de energia. Esta etapa anaeróbia é precedida por um tratamento em nível primário, que envolve desarenação, peneiramento, equalização de vazão e neutralização. O pro-cesso é complementado com um sistema clássico de lodos ativados que tem a função de

polimento do efluente final, antes que este seja descarta-do para o corpo receptor.“Caracterizadas por produ-zir efluentes com alta carga orgânica, as fábricas de cer-vejas, refrigerantes, sucos e alimentos têm a garantia de gerar um efluente tratado que não vai causar impacto nos corpos d´água e ao mesmo tempo produzir uma quan-tidade mínima de lodo, que por ser de natureza orgânica pode ser queimado em cal-deiras”, acrescenta Franco Tarabini Jr, da Enfil.

Laboratório Nacional de Portugal (LNEC) traz experi-ência europeia para o BrasilA Hagaplan, em consórcio com a empresa Sanear, bus-cou a parceria com o Labo-ratório Nacional de Engenha-ria Civil (LNEC) de Portugal para auxiliar na elaboração

do Plano de Ação para a Re-dução de Perdas do Sistema de Abastecimento de Guaru-lhos, segundo maior municí-pio paulista, com mais de 1,2 milhões de habitantes. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Guarulhos vem sistematicamente, nos úl-timos anos, investindo na re-dução de perdas de água e o consórcio formado pela Haga-plan e a Sanear tem contribuí-do com este objetivo, inclusive trazendo experiências de ou-tros países para serem apli-

cadas aqui. “A parceria com uma instituição europeia traz novos parâmetros para nosso trabalho. Um dos consultores desse laboratório fez parte da equipe que elaborou manuais e procedimentos para controle e redução de perdas de água, utilizados em diversos países no mundo, desenvolvendo pro-cessos e definindo indicadores de desempenho. Toda essa ex-periência será muito bem apli-cada em Guarulhos”, ressalta Edson Victor de Souza, diretor comercial da Hagaplan.

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Enfil desenvolve e instala sistemas de tratamento biológico de efluentes em fábricas de bebidase alimentos

Parceria internacional auxilia na elaboração de plano para reduzir perdas de água de Guarulhos

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Recentemente apresentado à empresas e investidores de todo o mundo, o Global Water Report 2013 (Relatório Global de Água 2013) do CDP, or-ganização internacional que atua junto a investidores e em-presas de todo o mundo para prevenir as mudanças climá-ticas e proteger os recursos naturais, estabelece que uma abordagem equivocada de gestão de riscos relacionadas com a água tornou-se comum nas maiores empresas glo-bais do mundo. O foco corpo-rativo é direcionado com fre-quência somente à redução do uso de água, que é uma resposta inadequada a riscos cada vez mais imediatos e substantivos de água, amea-çando o valor ao acionista e demais partes interessadas. A gestão adequada é a solu-ção para alcançar a seguran-ça da água, uma das questões mais urgentes que o mundo enfrenta hoje. No entanto, uma mudança significativa será necessária para que a gestão possa ser alcançada. O CDP, anteriormente conhe-cido como Carbon Disclosure Project, está convidando os in-vestidores a assumir um papel de liderança para orientar as empresas sobre esta questão. Este novo relatório, desen-volvido em parceria com a

Deloitte, baseia-se em dados fornecidos ao CDP por 180 empresas listadas na FTSE Global 500 Equity Index, a pe-dido de 530 investidores que representam US$ 57 trilhões de dólares. O relatório faz análise de empresas como BP, Bayer, Lockheed Martin, General Motors, Nestlé, Wal--Mart e Unilever. Estas organi-zações usam o programa de água do CDP para reduzir os riscos e aproveitar as oportu-nidades relacionadas à água.As principais conclusões do relatório, este ano intitulado “A need for a step change in water risk management” são: - A água apresenta um risco substancial, ameaçando a rentabilidade e a segurança dos acionistas. Cada empre-sa na amostra enfrenta uma média de sete riscos relacio-nados com a água, com três quartos (70%) afirmando que a água apresenta risco subs-tancial para os seus negócios. - Riscos relacionados à água são cada vez mais imediatos. A porcentagem de riscos que as empresas esperam impac-tar em seu negócio dentro de cinco anos (64%) aumentou em 16% no espaço de um ano e que a maioria dos riscos identificados em operações diretas (65%) e cadeias de fornecimento (62%) serão em curto prazo. O risco relacio-nado à água no curto prazo mais amplamente identificado é o estresse hídrico ou escas-sez, seguido por enchentes e aumento dos custos de con-formidade. O declínio da qua-

lidade da água e seus preços mais elevados, além de danos à reputação estão entre os outros riscos relatados, que podem impactar as empre-sas no prazo de cinco anos. - Empresas acreditam errone-amente que o uso da água é o principal risco. Dois terços das empresas (63%) repor-tam as metas do relatório para suas operações diretas que, em grande parte, se relacio-nam com redução do uso de água ou aumento da reutiliza-ção. Embora mais da metade (52%) das matérias-primas ou negócios provenha de regiões de riscos de água, menos de dois quintos (37%) solicitam aos principais fornecedores que meçam e gerenciem os riscos relacionados à água. Outro dado preocupante é que um quarto (23%) das empresas não sabem se a água apresenta risco para suas cadeias de suprimentos. - O baixo nível de planejamen-to estratégico ou ambição cor-porativa sobre os principais in-dicadores de manejo de água aumentam o nível de risco.

A CDP é uma organização internacional sem fins lucra-tivos que provê um sistema global único para que as em-presas e cidades meçam, di-vulguem, gerenciem e com-partilhem informações vitais sobre o meio ambiente.O relatório completo do es-tudo pode ser acessado no link: www.cdproject.net/CD-PResults/CDP-Global-Water--Report-2013.pdf.

NOVIDADES

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Relatório do CDP chama a atenção de empresas e investidores para a questão da água

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Fundada em 1990 em um momento de cri-se no cenário político-econômico nacio-nal e contando com a experiência e o es-

pírito empreendedor de seus criadores, a B&F Dias, uma empresa idealizada e fundada por Manuel Antônio Magalhães Dias e Rachel Dina-marco Lima Dias, é hoje a maior empresa em sistemas de aeração por ar difuso da América Latina, com mais de 2000 plantas de tratamento de efluentes espalhadas por diversos países. A partir do aperfeiçoamento e da inovação constante de seus produtos e serviços e a

por Vicente de Aquino

Aeração por ar difusoB&F Dias mantém liderança e inovação no mercado

CAPA

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adoção de um modelo sustentável dos negó-cios, investindo nas políticas ambientais e na formação de recursos humanos consolidou-se no mercado mantendo uma relação de respei-to e confiança com os seus clientes.A reportagem da TAE foi recebida em Vinhe-do pelo próprio Manuel Dias, que falou sobre como nasceu a empresa. “A B&F Dias surgiu por necessidade. Trabalhava na área em uma empresa que foi a primeira a trazer o sistema de aeração por ar difuso para o Brasil. Em 1990, com a entrada do presidente Collor, a

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Sistema de aeração em funcionamento

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Um recorde de fornecimentoRecentemente, a B&F Dias bateu um recorde: o fornecimento de 45 sistemas de aeração por ar difuso em 20 dias. O projeto foi desenvolvi-do para um grupo empresarial do setor agro-pecuário do Nordeste e foi distribuído em três cidades: Juazeiro, Lagoa Grande e Petrolina.O recorde só foi possível devido à utiliza-ção de medidas estratégicas que incluíram a criação de um grupo interno específico para atender e gerenciar o pedido, um pla-nejamento elaborado, o fechamento de con-tratos exclusivos com os principais fornece-dores e o controle diário da produção para garantir o cumprimento dos planos iniciais. Os desafios de curto prazo foram acentua-dos pelas características diferenciadas de implantação que exigiu a elaboração de di-versos projetos, mas puderam ser vencidos devido ao uso de ferramentas tecnológicas, como o sistema B&F Full Engineering, e ao comprometimento de toda equipe envolvida. Estas estratégias fazem com que a B&F Dias tenha um dos serviços mais rápidos do merca-do: “No nosso cotidiano, todos os projetos são entregues em média 24 horas após a consulta, com máximo de 48, salvo situações que exijam estudos mais detalhados”, ressalta o gerente comercial da empresa, Bruno Dinamarco.

companhia passou por uma reestruturação que incluiu a demissão de 25 gerentes e de um diretor. Neste momento eu me vi desemprega-do, com quase 40 anos, em um mercado es-tagnado. Encontrar uma nova colocação seria difícil, mas eu tinha experiência e uma indeni-zação boa por 13 anos de serviços prestados. Decidi continuar fazendo o que eu sabia fazer e montamos a empresa. O nome B&F Dias eu já tinha criado na época”, fala com orgulho. O espírito empreendedor de Manuel Dias fez com que a empresa suplantasse bem os seus primeiros anos de existência, apesar de todas as dificuldades da época: “Logo que montei a B&F Dias fiz uma proposta para a antiga com-panhia em que eu trabalhava, tentando comprar

a divisão de saneamento. Não consegui na oca-sião. Então, em outubro de 1990, eu fui para os EUA para o Congresso de Engenharia Sanitária buscar um parceiro. Fui atendido na base da persistência: eles não tinham interesse em vir para o Brasil, mas insisti tanto que eles cede-ram. Fiz a primeira compra no final de novem-bro daquele mesmo ano. Nosso primeiro cliente foi o frigorífico Prieto, em Jordanésia. Foi um projeto bastante desafiador, já que minha ex-periência era com sistemas de aeração e eles tinham interesse em comprar a estação como um todo, incluindo sopradores, decantadores, bombas. Foi um começo muito difícil”, explica. Experiência anteriorManuel Dias gosta de falar sobre a experiência que teve antes de fundar a B&F Dias e de como isso influenciou no sucesso da empresa: “Eu trabalhava na Norton, tradicional fabricante de lixa e rebolo, que hoje é uma marca da Saint

Construção de sistema de aeração

Sistema de aeração com difusor circular

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Quarta conquista na FenasanInovações tecnológicas e ações sustentáveis são destaques na B&F Dias que, em 2013, conquistou pela quarta vez consecutiva um Prêmio na Fenasan. Desta vez, a empresa recebeu o Troféu Sustentabilidade pela pre-ocupação constante com as políticas que permitam o crescimento respeitando o meio ambiente. Em 2010, já havia se destacado pelo mesmo motivo, tendo-se repetido o tro-féu “Destaque” nos anos de 2011 e 2012, também por excelência no atendimento ao cliente e pelas inovações tecnológicas. Os prêmios são reflexos das políticas am-bientais fortemente inseridas no cotidiano da empresa. “Desde o projeto impressão zero, onde todos os projetos gerados são digitali-zados até o uso de camisas recicláveis con-feccionadas com pet pela equipe de vendas, passando pela coleta seletiva de lixo, o uso de monitores com 100% de eficiência, plan-tação anual de mudas, enfim, em todas as etapas a nossa preocupação está nos míni-mos detalhes. Até no projeto social, fazenda Pau a Pique, há um trabalho de educação ambiental com as crianças da comunidade”, conta Bruno Dinamarco, gerente comercial.

CAPA

Sistema de aeração com difusor tubular

Decanter - ETE Paúba

Gobain. Nela eu tive oportunidade de ser trei-nado, conhecer instalações e ter contato com toda a tecnologia. Inicialmente eu fui contratado para trabalhar com desenvolvimento de novos mercados. Mas um dia recebi uma ligação da Sabesp querendo comprar uma pedra porosa, quadrada que eles haviam adquirido pela pri-meira vez em 1929 e que usavam como difusor de ar. Fomos nos informar com a Norton ame-ricana sobre este produto e eles nos disseram que esta placa não era mais fabricada. Primei-

ramente não houve interesse. Mas depois con-versamos e ficamos sabendo que estas pedras seriam para o projeto Sanegran que incluiria a construção das estações de Barueri e do ABC e que várias seriam utilizadas. Vimos aí uma boa oportunidade, mas como a Norton não fazia sistemas, só produtos, precisamos fechar um consórcio. Assinamos contrato com a Sabesp para o fornecimento de 140.000 difusores. O negócio do sistema de aeração da Norton era muito pequeno e, embora não tenhamos conse-guido comprar a divisão na época da abertura da B&F, acabamos por fazer isto no final dos anos 90. A experiência de inovação vivida em 1979 - com o desafio de atender o projeto Sane-gran - se repetiu mais tarde na abertura da B&F. Isto porque até 1990 se vendia o sistema de ae-ração com difusores cerâmicos. E nesta época não tínhamos um preço competitivo para este produto, a alternativa era trazer outro produto com maior eficiência e que se diferenciasse no mercado, que foi o difusor de membrana. Nessa época eu precisava mostrar ao meu potencial

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Fachada da B&F Dias

cliente que eu tinha algo mais caro, mas que ti-nha um diferencial e passei a vivenciar em 1990 o que tinha passado em 1979”, afirma.Ter um organograma onde as posições de direção são bem definidas e direcionadas também é um dos fatores que contribui para o sucesso da B&F Dias.

Produtos e soluçõesE é justamente o diretor comercial, Bruno Di-namarco, quem fala sobre os produtos e solu-ções da indústria: “O carro-chefe da empresa é o sistema de aeração por ar difuso e os difu-sores propriamente ditos. Hoje temos a linha mais completa do mercado com diversos tipos de formatos, membranas, sistemas fixos e re-movíveis para esgoto sanitário e industrial. Há situações em que nós vendemos não só os sis-temas, mas o pacote como um todo: as tubula-ções, os sopradores. Nosso segundo produto em termos de faturamento são as comportas em aço inoxidável, que são utilizadas em es-tações de tratamento de água e esgoto e es-tações elevatórias. Também temos um produto para ser utilizado em estações de tratamento de esgotos em sistemas biológicos aerados chamado de B&F Oxring, uma mídia utilizada em projetos de MBBR (Moving Bed Biofilm Re-actor). Foi desenvolvido por dois anos dentro da empresa. É um produto bom a preço com-petitivo. Há também os decanters (clarificado-res) que são utilizados em plantas que operam lodos ativados por batelada, sendo responsá-vel por fazer a descarga do sobrenadante ou

do esgoto tratado nos tanques. E há um produ-to novo, de processo, resultado de uma parce-ria fechada há três meses com uma empresa alemã e que é uma tecnologia utilizada para aumento da capacidade de tratamento bioló-gico nas estações. Sucintamente, quando a indústria não tem mais espaço físico para cres-cer, para construir mais um tanque, pode uti-lizar estes módulos constituídos por liga têxtil disponibilizando mais área para a fixação de bactérias. Este produto chama-se Cleartec”. Bruno também explica como é feita a seleção de pessoal para a B&F Dias. Conta muito a qualificação e capacitação: “Todas as pessoas que trabalham conosco têm algum curso espe-cífico na área. E fazemos questão de subsidiar ao menos 50% do curso, seja de graduação ou pós-graduação. Muitos de nossos funcionários estão aqui há mais de 7 anos e eles permane-cem devido a cultura da empresa. É um ganho mútuo. Tudo que é possível fazer pelos funcio-nários, fazemos. O investimento nas pessoas é algo muito sério para a B&F Dias. Há casos de funcionários que tiveram graduação e pós--graduação financiada pela empresa, ou seja, ele se formaram e se especializaram aqui den-tro. Temos outros que têm mais de oito cursos de especialização pagos pela empresa. Nós temos uma boa sala de treinamento. E isto faz diferença no resultado final”.O diretor salienta que esse processo faz muita Bruno Dinamarco e Felipe Dias

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diferença e traz reflexos internos positivos para a empresa como um todo: “O profissional vai ser treinado na escola e vai aplicar aqui dentro. Internamente desde o primeiro momento, ele passa por um proces-so que envolve não só as áreas de ativida-de dele, mas também uma integração com outros funcionários. Há

um livro escrito por nós, sobre aeração, que quem entra na área de vendas passa um bom tempo lendo para entender o que faz. Existem hoje manuais de todos os procedimentos que a pessoa deve executar. O ciclo de treinamento de alguém que está entrando em vendas, por exemplo, demora um ano. Nos primeiros 12 meses ele faz atendimentos acompanhados por um vendedor mais experiente ou por um gerente, e só após este período poderá fazer um atendimento sozinho”, afirma. Exigências do mercadoBruno explica que o mercado atualmente tem uma série de exigências e que hoje a empre-sa entrega soluções, não só processos. Anti-gamente se comprava um equipamento aqui, outro ali. Hoje já se buscam os processos mon-tados. E, por isso mesmo, a B&F Dias vem se

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CAPA

Expansão para outros continentesA B&F Dias é a maior empresa em aeração por ar difuso da América Latina. Além do Brasil, países como Chile, Equador, Colôm-bia e Panamá possuem plantas instaladas por ela. No entanto, recentemente, foi ini-ciada a expansão para outros continentes, que inclui países como Angola, Emirados Árabes, Alemanha e Grécia.Em Angola, um sistema de aeração insta-lado em unidades de fibra de vidro, com filtros de areia e lâmpada UV, foi vendido a um fabricante de estações de tratamen-to para ser implantado em um condomínio residencial. Já em Dubai, nos Emirados Árabes, o projeto de instalação do sistema de aeração por ar difuso foi desenvolvido para uma indústria de tabaco e é o pri-meiro de uma série que já está em fase adiantada do detalhamento.

Comporta

preparando para atender estas tendências: “O que nós vemos hoje é a tendência para a ven-da de grandes pacotes, mas nós não temos o desejo de entrar nesse campo porque grande parte das empresas que fazem esta integração são nossos clientes. Se fôssemos trabalhar na linha de integração, perderíamos parte dos nossos clientes e não queremos isso. Onde va-mos continuar trabalhando é em tudo que se refere a etapa do processo biológico aerado. Nessa esfera faremos os nossos pacotes: so-pradores, sistemas de aeração, ou seja, fare-mos dentro do nosso módulo”.Mas Bruno não para por ai. Ele cita o que consi-dera um grande diferencial da B&F Dias, que é a velocidade: “Acho que um grande diferencial que temos é que o nosso serviço é o mais rápido do mercado. Desde o contato comercial, pas-sando pela entrega e fechamento da proposta e terminando na instalação do equipamento tra-balhamos com um serviço de excelência que possui metas e prazos bem definidos. Em mé-dia, no nosso dia-a-dia, o tempo para entrega de propostas é de 24 horas, com máximo de 48, Sistema de aeração com difusores circulares

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salvo situações específicas que envolvam ca-sos mais complexos em que temos que consul-tar outros locais ou fornecedores, por exemplo”Um dos orgulhos de Bruno diz respeito ao processo de internacionalização da empre-sa: “Felizmente hoje temos conseguido viabi-lizar alguns projetos internacionais. Até este ano esse não era o foco da empresa porque a gente achava que a nossa missão no mercado brasileiro era muito grande. A partir de 2014 iniciaremos a internacionalização da marca e dos produtos, atingindo de forma significativa o mercado latino-americano e outros mercados internacionais. Hoje já possuímos dezenas de sistemas em funcionamento em diversos paí-ses como Dubai, Angola, Colômbia, Equador, Panamá e Uruguai, entre outros”, afirma. Meio ambienteO diretor comercial também faz questão de sa-lientar a política de meio ambiente implantada pela B&F Dias: “Hoje temos as duas linhas com-pletas de sistemas de aeração por ar difuso: sistemas fixos ou removíveis, que permitem que seja feita a manutenção sem o esgotamento dos tanques. Há uma preocupação muito grande com a questão ambiental, além da participação mais efetiva dos órgãos de fiscalização, temos uma conscientização por parte das próprias empresas que sabem que durante a manuten-ção de um sistema, o tratamento do efluente ge-rado é fundamental. Dentro da B&F Dias temos uma política ambiental forte. Desde o projeto impressão zero, onde todos são gerados digita-

Instalação de difusores circulares

Sistema removível de aeração com difusores tubulares

lizados - até o uso de camisas recicláveis con-feccionadas com pet pela equipe de vendas, passando pela coleta seletiva de lixo, o uso de monitores com 100% de eficiência energética, plantação anual de mudas, enfim, em todas as etapas a nossa preocupação está nos mínimos detalhes. Até no projeto social, fazenda Pau a Pique, há um trabalho de educação ambiental com as crianças da comunidade local”. Bruno também cita os investimentos em pes-quisa e desenvolvimento da B&F Dias: “De-pendendo dos processos internos, é comum recorrer a algumas consultorias especializa-das. Por exemplo, se precisamos desenvolver um novo layout, sempre buscamos contar com especialistas. Temos um parceiro que hoje é referência no mundo inteiro como fabrican-te de membranas para sistemas de aeração, chamado Gummi Jaeguer. É com essa empre-sa que fazemos nosso link mundo afora, com ela temos nosso braço tecnologico e troca de informações. No Brasil, temos um extenso trabalho junto aos fornecedores e potenciais fornecedores realizando pesquisa e desenvol-vimento dos componentes dos produtos. Se vamos desenvolver algo novo, chamamos dois ou três fornecedores e juntos testamos tudo exaustivamente. No ano passado fizemos tes-tes de 20 processos para inovações internas que incluíram não só mudanças no produto, como na logística de embalagem”, explica. Bruno finaliza a entrevista dizendo que o mer-cado brasileiro de saneamento, água e eluentes está em franca expansão e que 2014 será um ano de novidades e bons negócios.

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Page 16: Revista tae n16

O objetivo desse trabalho é verificar por meio de análises instrumentais, as concentrações de componentes

presentes em sete marcas de água dispo-nibilizadas no mercado de Porto Alegre/RS. No entanto, surgem questões como: Quais seriam os procedimentos impostos para que essa água finalmente chegue ao consumidor? Quais órgãos competentes padronizariam os requisitos para o consumo dessa água? Será que ingerimos realmente o que é descrito no rótulo das garrafas? Se sim, será que estão dentro dos padrões previstos por lei? Até que ponto o consumo de água envasada se justi-fica em termos de qualidade? Esta e outras questões o artigo pretende responder.

IntroduçãoAtualmente no Brasil, o consumo de água en-vasada1 apresenta crescimento de aproximada-mente 15% ao ano2. Isso ocorre porque a maio-ria dos consumidores encontra na água mineral envasada o que procuram uma água insípida e inodora, o que não ocorre na água distribuída pela rede de abastecimento público. Tendo em vista a enorme dimensão de negó-cios, e de lucros que o mercado de águas en-vasadas abrira, foram investidos neste, cerca de 13,69 milhões reais, para fins de pesqui-sas, às quais caberiam as funções de inten-sificar, aprimorar e melhorar a produção des-sas águas, para que fosse possível suprir a demanda que em pouco tempo intensificaria. Os maiores investimentos deram-se no perí-odo de 2005-2006, onde foram creditados a este setor cerca de 8,3 milhões de reais. Já o menor índice de investimento deu-se no perí-odo de 2007-2008, apenas 5,3 milhões de re-ais. Essa significativa queda de investimen-tos de pesquisa deu-se devido a este setor apresentar-se consolidado, restando ape-

Análise de água mineral em Porto Alegre

ÁGUA

nas buscar alcançar novos consumidores3. A produção brasileira de águas envasadas passou de 3,73 milhões de litros para 4,37 milhões de litros, durante o período de 2001-2008. Em 2005 houve o maior índice produtivo de água envasada, até então. Certamente isso ocorreu devido ao forte investimento nesse setor, durante o mesmo ano, aproximando-se de 4,2 milhões de reais4. Devido às condições de distribuição desta água pelas redes públicas, há o “preconceito” de que a mesma não seja boa, sendo que na maioria das vezes atende aos padrões, pré--estabelecidos pela Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (ANVISA). Devido ao tratamen-to da água potável ocorrer em grande escala, essa, apresenta muitas vezes um gosto mais forte, isso remete ao cloro presente, adicionado à mesma, com o intuito de melhor purificá-la. Diante destas características organolépticas da água potável, muitas famílias optam pela água envasada, buscando consumir uma água de qualidade superior. Mas será mesmo que estariam dentro dos parâmetros de qualidade? Segundo o art. 35 da Portaria nº 374 de 1º de outubro de 20095, serão classificadas, quanto sua composição química, em: I - oligominerais, quando, apesar de não atin-girem os limites estabelecidos, forem classifi-cadas como minerais pelo disposto nos §§ 2° e 3°, do art. 1º da presente lei; II - radíferas, quando contiverem substâncias radioativas dissolvidas que lhes atribuam ra-dioatividade permanente; III - alcalino-bicarbonatadas as que contive-rem, por litro, uma quantidade de compostos alcalinos equivalentes, no mínimo, a 0,200 g de bicarbonato de sódio;IV - alcalino-terrosas as que contiverem, por litro, uma quantidade de compostos alcalino--terrosos equivalente, no mínimo, a 0,120 g de

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por Alan da Silva, Paulo José Menegasso, Michele Kimieciki e Dr. Luciano Peske Ceron

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carbonato de cálcio, distinguindo-se:a) alcalino-terrosas cálcicas, as que contive-rem, por litro, no mínimo, 0,048 g de cationte Ca sob a forma de bicarbonato de cálcio;b) alcalino-terrosas magnesianas, as que conti-verem, por litro, no mínimo, 0,030 g de cationte Mg sob a forma de bicarbonato de magnésio;V - sulfatadas, as que contiverem, por litro, no mínimo, 0,100 g do anionte6 SO4 combinado aos cationtes Na, K e Mg;VI - sulfurosas as que contiverem, por litro, no mínimo, 0,001 g de anionte S;VII - nitradas, as que contiverem, por litro, no mí-nimo, 0,100 g do anionte NO3 de origem mineral;VIII - cloretadas, as que contiverem, por litro, no mínimo, 0,500 g do NaCl (Cloreto de Sódio);IX - ferruginosas as que contiverem, por litro, no mínimo, 0,005 g do cationte Fe;X - radioativas as que contiverem radônio em dissolução, obedecendo aos seguintes limites:a) francamente radioativas, as que apresenta-rem, no mínimo, um teor em radônio compre-endido entre 5 e 10 unidades Mache7, por litro, a 20°C e 760 mm de Hg de pressão;b) radioativas as que apresentarem um teor em radônio compreendido entre 10 e 50 unidades Mache por litro, a 20°C e 760 mm Hg de pressão; c) fortemente radioativas as que possuírem um teor em radônio superior a 50 unidades Mache, por litro, a 20°C e 760 mm de Hg de pressão.XI - Toriativas, as que possuírem um teor em tório em dissolução, equivalente em unidades eletros-táticas, a 2 unidades Mache por litro, no mínimo.

XII - Carbogasosas, as que contiverem, por li-tro, 200 ml de gás carbônico livre dissolvido, a 20°C e 760 mm de Hg de pressão.§ 1º - As águas minerais deverão ser classifica-das pelo DNPM de acordo com o elemento pre-dominante, podendo ser classificadas mistas as que acusarem na sua composição mais de um elemento digno de nota, bem como as que con-tiverem iontes8 ou substâncias raras dignas de nota (águas iodadas, arseniadas, litinadas, etc).§ 2º - As águas das classes VII (nitratadas) e VIII (cloretadas) só serão consideradas mine-rais quando possuírem uma ação medicamen-tosa definida, comprovada conforme o § 3° do Art. 1º da presente Lei.Essa pesquisa tem como principal finalidade, analisar algumas das marcas de águas minerais engarrafadas, encontradas no mercado porto alegrense, para que deste modo seja possível verificar se as mesmas encontram-se dentro dos padrões legais estabelecidos pela Resolu-ção de Diretoria Colegiada – RDC Nº. 274, de 22 de setembro de 2005, CONAMA nº 357/2005 e a Portaria 518 do Ministério da Saúde.

Metodologia e materiais Para o estudo como materiais e métodos foram adquiridos no comércio de Porto Alegre sete amostras de águas envasadas, de diferentes fornecedores, listadas na Tabela 1. Foram sub-metidas a análises instrumentais, tendo como objetivo os conhecimentos qualitativo e quanti-tativo dos íons e ânions dispostos nestas.

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Tabela 1 - Amostras de águas analisadas

Page 18: Revista tae n16

No período de leitura das amostras, as mes-mas foram analisadas visando todos os pa-râmetros que os instrumentos analíticos utili-zados fossem capazes de detectar, por mais que não constassem nem mesmo no rótulo. As análises foram realizadas no laboratório da Bioensaios Análises & Consultoria Am-biental, localizado em Viamão, utilizando os seguintes equipamentos:

Espectrofotômetro de Emis-são ÓpticaAs determinações dos elementos foram rea-lizadas por ICP-OES (espectrofotômetro de emissão óptica com plasma indutivamente

ÁGUA

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acoplado, marca Perkin Elmer, modelo Opti-ma 7300DV), equipadas com câmara de ne-bulização Mira Mist, tocha com tubo injetor de quartzo e amostrador automático.

O plasma foi gerado a partir de argônio e suas vazões otimizadas para as determinações foram de 0,6 L/min para o gás nebulizador, 0,2 L/min para o gás auxiliar e 15 L/min para o gás princi-pal, com o emprego da potência de 1300 W. As leituras foram realizadas no modo axial de visu-alização do plasma, nos comprimentos de onda de cada parâmetro, mostrados na Tabela 2. Cromatógrafo Para análise de ânions comuns na água: clo-retos, fluoretos, sulfetos e nitratos foi utilizado Cromatógrafo de íons acoplados a diferentes dectetores IC Compacto Pro 881, Dectetor

Figura 1 - Ilustração do Espectrofotômetro

Tabela 2 - Comprimento de onda para cada parâmetro Figura 2: Ilustração do cromatógrafo iônico

Foto

s: D

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ão

Page 19: Revista tae n16

condutométrico (µS), ampe-rométrico contínuo ou pulsa-do (nA), UV-VIS (absorbân-cia) ou índice de refração. Canal: CondutividadeTempo de Registro: 20 minutosTipo de Coluna: Metrosep A Supp 5 – 150/4.0Composição do Eluente: A Supp 5 – 1,0 Mm NaHCO3/3,2 Mm Na2CO3

Fluxo: 0,700 mL/min.Pressão: 8,05 MpaTemperatura: 28,1 °C

pHmetro Com o auxílio do pHmetro de campo portátil denver up25 ph/mv/ise/temp foi possível a determinação de alcalinida-de, a partir da titrimetria. Com o uso do pHmetro observou--se a quantidade de titulante gasto até atingir o pH 8,4.

Resultados e dis-cussão Os resultados na Tabela 3 re-presentam as variações das concentrações de determina-dos parâmetros analisados, ilustrando as discrepâncias (alguns aceitáveis em função da não uniformidade da fonte),

com o que está descrito no ró-tulo da água mineral comercia-lizada. As análises detectaram alguns elementos em concen-trações que ultrapassam os li-mites da legislação. Observa-se nas amostras 1 e 4 teor elevado de fluoreto, acima dos limites impostos pelo De-partamento Nacional de Produ-ção Mineral (DNPM), Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e Ministério da Saú-de, sendo contra indicada às crianças, gestantes e pessoas que façam uso de medicamen-tos contendo flúor. O fluoreto de águas naturais pode ser originado pela disso-lução de minerais como a fluori-ta, apatita, micas e anfibólios, e também pela desadsorção em argilominerais, principalmente em águas de natureza mais al-calina (Hounslow, 1995). Ao analisar o rótulo das amos-tras 1 e 4 constatou-se outra inadequação, de acordo com o item 7.2.2 da Resolução de diretoria colegiada nº 274, de 22 de setembro de 2005, o ró-tulo desta água comercializa-da encontra-se irregular, dian-te das seguintes exigências:7.2.2. Devem constar, obri-gatoriamente, as seguintes advertências, em destaque e em negrito:a) “Contém Fluoreto”, quando o produto contiver mais que 1 mg/L de fluoreto;b) “O produto não é adequa-do para lactentes e crianças com até sete anos de idade”, quando contiver mais que 2 mg/L de fluoreto;c) “O consumo diário do pro-

Figura 3: pHmetro utilizado durante as análises

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duto não é recomendável: contém fluoreto acima de 2 mg/L”, quando contiver mais que 2 mg/L de fluoreto; Uma vez que a água comercializada não con-tém as informações necessárias, a mesma põe em risco a integridade física do consumidor, pois dentre danos causados pelo excesso de flúor ingerido está a fluorose dentária ou óssea. Na amostra 2 observa-se a presença de nitrato com concentração acima do permitido pelo CO-NAMA, e nitrito dez vezes acima do limite máxi-mo imposto pelo DNPM. É alarmante, uma vez que o nitrato se reduz para nitrito, que compete com o oxigênio do sangue, desenvolvendo no consumidor uma doença rara, a metahemoglo-bina, conhecida como doença do sangue azul. Na amostra 2 e 3 apresentaram teor de nitrato acima do limite máximo permitido pelo CONAMA. A amostra 4 contém concentrações de nitra-to, nitrito e fluoreto acima do permitido pelos órgãos regulamentadores. Assim como as amostras 1, 2 e 3, essa também pode acarre-tar em desenvolvimento de fluorose e metahe-moglobinemia, consideradas doenças graves. Na amostra 5 não foram detectados teores de nitrato nem nitrito durante as análises, mas a concentração máxima de vanádio ultrapassou o limite permitido pelo CONAMA, que é o úni-

co órgão legislador no Brasil que impõe limite máximo permissível a este elemento. A ONU recomenda limite máximo de 0,1 mg/L de va-nádio para as águas de irrigação. A amostra 6 não possui excessos de limites permissíveis em nenhum dos parâmetros ana-lisados, logo, esta água obedece a todos os requisitos impostos pelos órgãos regulamen-tadores, estando apta ao consumo. A amostra 7 apresenta-se dentro dos limites impostos pela órgãos regulamentadores. As-sim como a água da amostra 6, está adequa-da ao consumo por qualquer pessoa, sem ofe-recer riscos à saúde da mesma.

Conclusão No decorrer das análises detectaram-se irregu-laridades significativas nas composições das amostras, tanto dentre os parâmetros analisa-dos por meio de espectrofotometria de emis-são óptica, quanto na cromatografia iônica. Após as séries de análises que foram submetidas as sete amostras de águas minerais comerciali-zadas em Porto Alegre e região metropolitana, dessas, apenas duas amostras estão completa-mente adequadas para consumo, enquanto as outras cinco amostras apresentam alguma irre-gularidade, segundo os padrões impostos pelo

Tabela 3 - Resultados das análise entre rótulo, amostras e legislação

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Page 21: Revista tae n16

DNPM, CONAMA e Ministério da Saúde.Mediante análises comparativas entre as cin-co amostras constatadas como impróprias para consumo, a amostra de água mineral nº 4 apresenta maior risco em potencial à saú-de dos consumidores. Visto que a água nº 4 possui concentrações de fluoreto, nitrato e nitrito, acima dos limites máximos aceitáveis pelas organizações regulamentadoras, essa, propicia em grau elevado, o desenvolvimento de algumas doenças, como as citadas acima. Desta forma, a água da amostra nº 4, a partir dos conhecimentos químicos é vista como im-própria e gravemente prejudicial ao consumi-dor, devendo ter sua comercialização proibi-da, sua qualidade restaurada, ou sua fonte de exploração desativada, se assim for julgado necessário pelos órgãos competentes.Ao contrário das outras amostras, as águas das amostras 6 e 7, não apresentaram con-centrações excessivas, estando plenamen-te próprias ao consumo. Dentre essas duas águas, a da amostra nº 6 é a mais recomen-dada, por apresentar menor dureza (Cálcio e Magnésio), fazendo com que a água seja mais saborosa, de fácil ingestão, livre de gostos e odores, além de uma textura mais leve.Este estudo indica que deveria haver maior rigor pelos órgãos de fiscalização, com amostragens periódicas, pois os resultados apresentam elementos acima do limite permi-tido em algumas marcas.

1 Segundo normas legais da Anvisa define-se o termo “água envasada” como caracterização do engarrafa-mento de águas minerais naturais, naturais ou adicio-nadas de sais.2 www.bndes.gov.br/Si teBNDES/export /s i tes/de-faul t /bndes_pt /Galer ias/Arquivos/conhecimento/bnset/ set1107.pdf – agosto, 2012).3 DIDEM/DNPM. Valores investidos4 Anuário Mineral Brasileiro – AMB 2001 a 2008.5 Disponível ht tp: www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/Port_374_09.htm.6 Termo utilizado no Brasil para designar um átomo ou grupo de átomos com carga negativa, íon com carga negativa, ânion.7 Mache, (símbolo ME de l’ alemão Mache-Einheit, plu-ral Maches) é uma unidade de medida da radioativi-dade volúmica anteriormente utilizada como indicação da concentração de rádio nas águas de nascentes e litro de ar. Desde 1985, esta unidade foi substituída por Becquerel (símbolo Bq) por litro e n’ é utilizado mais. O nome da unidade é uma homenagem ao físico austría-co Henrich Mache.8 Átomo ou grupo de átomos que tem uma carga elé-trica e que provém da dissociação eletrolítica de um composto ou da ação de certas radiações.

Ver referências bibliográficas em nosso site:

www.revistatae.com.br

Dr. Luciano Peske CeronDoutor em Engenharia de Materiais (Filtração/Particulados), Mestre em Polímeros (Não te-cidos), Engenheiro Químico, Especialista em Gestão Ambiental. Professor na PUCRS / En-genharia Química. e-mail.: [email protected].: (51) 9972-6534

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O cromo é um mineral traço que ocorre nas valências de –2 a +6, sendo as mais comuns +2 (Cr2+), +3 (Cr3+) e +6

(Cr6+). Está presente em pequenas quantida-

Os danos que o Cromo Hexavalente pode causar à saúde

ÁGUA

des em alguns alimentos como carnes, cere-ais integrais, etc. Cada valência corresponde ao nível do cromo e cada um se distingue de acordo com o seu uso. O cromo Hexavalente (VI), por exemplo, tem sido usado pela indús-tria de eletrônicos como tratamento anti-cor-rosivo, tais como: peças com banho de zin-co, painéis de circuitos integrados e tubos de raios catódicos, bem como para blindagem elétrica para alguns componentes. Também tem uso em cromados, fabricação de coran-tes e pigmentos, escurecimentos de peles e preservação da madeira. O elemento integra a listagem da EPA (Agência Ambiental dos EUA) dos 129 poluentes mais críticos.O cromo surge naturalmente e pode ser en-contrado em rochas, no solo e em poeiras e gases vulcânicos; pode surgir em vários estados de oxidação. Embora as formas tri-valentes predominem nos organismos vivos, o cromo Hexavalente (CrVI) e o cromo (Cr0) são formas, geralmente, produzidas por pro-cessos industriais. O cromo Hexavalente é convertido em cromo Trivalente dentro do corpo humano, uma vez que o cromo triva-lente é um elemento necessário para a ma-nutenção da boa saúde, uma vez que ajuda o corpo humano a utilizar o açúcar, a gordura e as proteínas. O cromo Hexavalente, presente no meio ambiente, é, geralmente, o resulta-do em aplicações na fabricação de produtos químicos, peles e têxteis e eletro-pintura.A maioria dos metais possui potencial ne-frotóxico, ou seja, substância que é tóxica para o rim. Além de outros elementos como o ferro, chumbo, cádmio, entre outros, o

Considerado altamente tóxico, o cromo hexavalente (VI) inalado pode até causar câncer e, apesar de não comprovada o ní-vel seguro de cromo na água, é preocu-pante os riscos que o excesso desse mi-neral pode trazer ao ser ingerido

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por Daiana Cheis

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Page 23: Revista tae n16

cromo é um perigoso metal e não apenas para o rim, mas responsável por causar ou-tras doenças fatais, como tumores.

Cromo VI na águaA toxicidade do cromo está limitada aos compostos hexavalentes (Cromo VI), que têm uma ação irritante e corrosiva no corpo humano. A exposição do cromo hexavalente pode ocorrer, geralmente, através da inala-ção contato com a pele e ingestão. A ina-lação, por exemplo, do cromo VI, além de causar grave irritação das vias respiratórias, já foi reconhecida como um carcinogênico humano (isto é, cancerígeno). Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) es-tabelecer o limite para o consumo humano, de 0,05 miligramas por litro, não há estudos científicos que comprovem qual o nível de cromo ingerido pode vir causar a doença. Os potenciais efeitos do cromo hexavalente variam, principalmente, com as espécies e as quantidades absorvidas na corrente san-guínea, a rota e a duração da exposição. Por isso, o cromo hexavalente encontra--se na maior parte das listas nacionais e internacionais de materiais de elevada to-xicidade, para os quais se aplicam rígidos procedimentos de controle. Nos EUA, o cromo Hexavalente é regulamen-tado como uma Substância Perigosa, Peri-goso Poluente do Ar, Desperdício Perigoso, Químico-Tóxico e um poluente prioritário ao abrigo da Lei de Salubridade da Água. A res-trição de União Européia para a utilização de determinadas Substâncias Perigosas (RoHS), juntamente com outras restrições em âmbito mundial, conduz à eliminação no uso de cro-mo Hexavalente nos bens de consumo. O Cromo Hexavalente (VI) difere de outros me-tais pesados no sentido em que, apesar de ser tóxico para os seres humanos e para um gran-de número de organismo aquático em determi-nadas concentrações, é rapidamente converti-do em Cromo III (trivalente) e não registra uma

acumulação biológica no meio ambiente.“O Cromo não é encontrado em sua forma li-vre, bastante comum em toda a crosta terres-tre, com maior ou menor concentração, no mi-nério CROMITA (FeCr2O4), quase metade da sua produção vem da África do Sul. O cromo hexavalente é resultado da redução industrial do cromo Trivalente. Existe a possibilidade da oxidação do cromo trivalente em Hexavalente nas circunstâncias específicas (água com pH elevado, etc), mas requerem estudos para sua comprovação”, explica o engenheiro de apli-cação da Hoganas, Anthony Gladek.A dificuldade de se estabelecer uma RDA para o cromo deve-se, principalmente, às li-mitações da estimativa da ingestão do mes-mo, devido a sua reduzida concentração e a problemas de contaminações ambientais. A presença de Cromo está ligada ao local, re-gião, tanto na contaminação antrópica como natural. E cabe aos órgãos competentes fis-calizar a abertura de novos poços para cons-tatar a qualidade da água.Segundo a assessoria de imprensa da Sa-besp, responsável pelos serviços de sanea-mento em 364 municípios do Estado de São Paulo, a empresa é bastante criteriosa quanto à liberação de uma nova fonte produtora de água. Antes de um poço vir a entrar em ope-ração são realizadas mais de 80 análises para verificação da qualidade da água do manan-cial, em determinado período de tempo de ex-ploração, sempre atendendo a legislação.

Processos de remoção do Cromo VI De acordo com o Gladek, a água de um poço, que contém alto nível de cromo, pode ser in-gerida após a remoção do Cromo Hexavalen-te, através de um meio adsorvente.Dos processos mais utilizados para remo-ver o Cr(VI) de águas residuárias incluem filtração por membranas, precipitação quí-mica, osmose reversa, evaporação, troca iônica, extração por solventes, adsorção,

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Page 24: Revista tae n16

entre outros. Entre esses métodos, a ad-sorção se destaca como processo físico--químico eficaz na remoção de íons de me-tais pesados de águas até mesmo quando presentes em baixas concentrações.A Hoganas desenvolveu o meio filtrante ad-sorvente Cleanit LC. Segundo o fabricante o sistema reduz a perda de água, não gera passivo ambiental, e o meio adsorven-te é reciclável, considerado uma solução completamente sustentável e integrada às boas práticas ambientais.Contudo, os métodos convencionais utiliza-dos para remoção de metais pesados tais como: a precipitação química, a oxidação ou redução química nem sempre são eficien-tes, o que incentiva pesquisas no sentido do desenvolvimento de tecnologias alternativas para tratamentos mais adequados. Nas últi-ma década, um grande número de estudos têm sido realizados visando a utilização de microrganismos/biomassas para a remoção de metais pesados de efluentes através de processo denominado biossorção. Dentre as biomassas destacam-se as algas marinhas pela sua abundância e riqueza estrutural, que podem ser usadas como retentores sóli-dos de metal pesado, substituindo as resinas convencionais. As vantagens deste processo estão na eficiência de remoção e na possibili-dade de reutilização da biomassa através da dessorção dos íons metálicos. Estudos recentes trazem métodos alterna-tivos, como a casca da banana sendo um eficaz adsorvente de metais pesados. Uma Pesquisa do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, identificou a potencialidade da casca de ba-nana na remediação de águas poluídas pe-los pesticidas atrazina e ametrina, utilizados, em sua maioria, em plantações de cana-de--açúcar e milho. Em amostras coletadas nos rios Piracicaba e Capivari e na estação de tratamento de água de Piracicaba, as águas contaminadas com estes pesticidas ficaram

ÁGUA

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livres dos componentes após o tratamento, comprovando a eficácia do método, se com-parado a outros procedimentos físico-quími-cos mais comuns, como a utilização de car-vão. O estudo foi realizado nos laboratórios de Ecotoxicologia e Química Analítica do Cena.

LegislaçãoA União Européia, uma das administrações mais avançadas neste sentido, criou, em 2006, duas diretrizes: a RoHS (Restrictionof Certain Hazardous Substances) e a WEEE (Wastefrom Electrical and Electronic Equip-ment). A RoHS é uma norma que proíbe que certas substâncias perigosas, como o cromo hexavalente (Cr(VI)) sejam empregadas em equipamentos eletrônicos, por ser radioativo, além de prejudicar o metabolismo celular e o DNA. Também conhecida como “a lei do sem chumbo” (lead-free), a diretiva RoHS (Res-trictionof Certain Hazardous Substances ou Restrição de Certas Substâncias Perigosas) entrou em vigor em 1º de Julho de 2006. A diretiva RoHS limita a total de 0,1% o uso de certas substâncias na composição de manu-faturados na União Européia, ou importados dos EUA, China, Nova Zelândia e outros paí-ses. Caso os produtos não respeitem a direti-va, sua comercialização é proibida na Europa. No Brasil, temos a portaria MS 2.914/2011 que substituiu a portaria MS 518/2004 e es-tabelece um valor máximo permitido de 0,05 mg/L de cromo na água potável, sendo que não está descriminado em qual valência o mesmo se apresenta. Para efeitos ambien-tais, devido a complexidade das nossas leis fica abrangente à questões ligadas apenas a crimes ambientais. Temos resoluções como a do CONAMA (descarte ou reciclagem final adequada do composto) e ABNT NBR 10.004, menos abrangente, que especifica a periculo-sidade de resíduos, sendo: Perigosos (Clas-se 1 - contaminantes e tóxicos); Não inertes (Classe 2A – possivelmente contaminantes); Inertes (Classe 2B – não contaminantes).

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Nos EUA há estudos mais específicos nes-ta área. Desde a maior contaminação am-biental, na década de 50 até 90, na cidade de Hinkley, Califórnia, cuja empresa Pacific Gas and Eletric Company (PG&E) foi respon-sável pelo vazamento de cromo VI no solo, ao utilizarem a sustância tóxica na limpeza de equipamentos de suas instalações locais. A partir desse problema foi que os Estados Unidos focaram os estudo voltados ao cromo Hexavalente. De acordo com a recente pu-blicação, maio de 2012, da Water Research Foundation – State of the Science of Hexa-valent Chromium in Drinking Water, por ter se demonstrado cancerígeno quando inalado, os efeitos na saúde, através da ingestão - via de exposição dominante na água potável, do cromo Hexavalente, é que estão sendo fei-tas análises a nível federal de cromo VI pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA). Em 2011, a (USEPA) ponderava se devia ou não estabelecer um nível máximo de contaminador (MCL) especificamente para o cromo Hexavalente. Em fevereiro de 2011, audição do Congresso dos EUA, em grande parte focada na pauta do EWG (Environmen-tal Working Group) sobre o cromo Hexavalen-te. O objetivo dessa revisão é o de informar melhor ação regulatória potencial sobre esta questão, resumindo o que se sabe sobre cro-mo Hexavalente, bem como apontando lacu-nas que ainda existem atualmente.No Brasil, o caso de maior proporção em re-lação à contaminação por cromo VI foi em 2003, no aquífero de Bauru, onde apresenta-va naturalmente uma alta incidência do com-posto em 17 cidades do interior paulista. Na época, uma pesquisa publicada pela USP, Série Centifíca - do Instituto de Geociências (IGc), na revista Geologia USP, os cientis-tas diziam que a causa do fenômeno era uma combinação de águas profundas muito alca-linas e um mineral de origem vulcânica ines-perado no tipo de rocha da região. O cromo metálico puro, a cromite e os com-

postos trivalentes de cromo não são tóxi-cos para os tecidos humanos, que têm uma ação irritante e corrosiva no corpo humano. Em certas condições estes compostos He-xavalentes podem causar a precipitação de proteínas. Num ambiente industrial, podem afetar a pele e as vias respiratórias, provo-cando dermatites e ulcerações. Genotóxico e alérgico. Facilmente absorvido pelas cé-lulas e tem efeito alérgico e tóxico.

Atualidade Em nota à redação da TAE, a Sabesp afirma que nas cidades dos 364 municípios pelo qual é responsável pelo serviço de sanea-mento, “a água distribuída para a população está dentro dos parâmetros exigidos pela Portaria Nº 2.914/2011 do Ministério da Saú-de. E informou que ainda tem, no total, 17 laboratórios de controle sanitário, que são certificados pela ISO 9001. Nesses laborató-rios especializados são realizados, em mé-dia, mais de 62 mil análises mensais, sen-do: 17.200 análises na Grande São Paulo; 45.271 análises no interior e no litoral paulis-ta. As análises incluem parâmetros básicos de controle, como turbidez, cor, cloro, coli-formes e termolerantes. Todos os resultados são encaminhados para as Vigilâncias Sani-tárias locais, conforme preconiza a lei. A Sa-besp realiza ensaios da água distribuída em todos os municípios em que atua, garantin-do e comprovando, dessa forma, a qualida-de e a potabilidade. Os laboratórios seguem as normas NBR ISO/IEC-17025 e são acredi-tados pelo Inmetro. A acreditação é o reco-nhecimento da competência técnica de um laboratório e tem abrangência internacional. A empresa tem mais de 1.200 sistemas pro-dutores de água e poços que passam pelo processo de monitoramento”.

Contato das empresas:Hoganas: www.hoganas.comSabesp: www.sabesp.com.br

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A exigência de novas soluções para a questão da água no planeta, seja ela de consumo ou de reúso, faz com

que todo o mercado se movimente cada vez mais em direção a novas tecnologias. E isso acontece em todos os processos pelos quais a água passa. No caso dos sistemas de po-limento de água e efluentes não é diferente. Além da busca de novas tecnologias, há a necessidade de fazer adequações nos sis-temas de polimento existentes até hoje para atender à proposta atual de reúso da água que antes era descartada e agora passa a ser reutilizada para diversas aplicações. Toda essa renovação na forma de pensar sobre a água traz crescimento das vendas e

Sistema para polimento em alta no mercado

TECNOLOGIA

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aumento de investimentos para as empresas, que apostam neste filão atentas a tudo o que há de novo no mercado e buscam inovar para acompanhar as mudanças que a maior pre-ocupação com a água vem estabelecendo. Apesar de se tratar de águas para usos dis-tintos, os sistemas mais utilizados que fa-zem o polimento (clarificação) de água e de efluentes são semelhantes. “Não há grandes diferenças entre eles, na realidade, em geral, os processos de polimento aplicam-se funda-mentalmente aos efluentes, pois as etapas de clarificação e desinfecção já estão intrínsecas aos processos de tratamento de água”, afirma Thiago Forteza, gerente de operações da Ge-neral Water, concessionária privada de água que atua desde a captação até o tratamento de efluentes para reúso e descarte. Luiz Abrahão, engenheiro de processos da Veolia Water, em-presa que oferece soluções e tecnologias em gestão das águas, também aponta que as tec-nologias disponíveis para clarificação/polimen-to de água ou efluentes são similares entre si. “Elas podem passar basicamente por etapas de remoção de sólidos suspensos, filtração e remoção de compostos dissolvidos.” Abrahão explica que é preciso fazer uma análise das características do fluxo a ser tra-tado e qual a qualidade final requerida para se chegar à necessidade e recomendação de aplicação de cada uma das tecnologias, se isoladamente ou em conjunto. “O projeto de tratamento de efluentes para um caso pode não servir para outro”, expõe. O engenhei-ro de processos da Veolia Water cita como exemplos efluentes domésticos e industriais, que têm características diversas e devem ser tratados de acordo com essas particularida-des; e efluentes de refinarias de petróleo,

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por Cristiane Rubim

Novas tecnologias e ajustes em sistemas de polimento de água e efluentes aumen-tam vendas das empresas

Sistema Actiflo da Veolia Water

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Filtro tipo leito da Tecitec

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que possuem contaminantes diferentes dos encontrados em despejos de indústrias cer-vejeiras ou de papel e celulose, específicos para cada tipo de indústria. “Essas conside-rações devem ser levadas em conta para um bom projeto e, muitas vezes, um teste piloto faz-se necessário para a confirmação de uma rota de processo adequada.”De acordo com Forteza, polimentos são pro-cessos complementares ao tratamento con-vencional com foco na redução de cor, tur-bidez e/ou microrganismos. Segundo ele, os filtros utilizados para polimento aplicam-se fundamentalmente para redução de turbidez e microrganismos. O gerente de operações da General Water esclarece que, tanto nas Estações de Tratamento de Água (ETA) como de Efluentes (ETE), podem ser aplicadas desde as tecnologias mais antigas, como fil-tração em meios porosos, até as tecnologias mais modernas de membranas, especialmen-te microfiltração e ultrafiltração. “Outras tec-nologias, como filtros cartucho, filtros bag e filtros tela do tipo autolimpantes, também po-dem ser aplicadas”, acrescenta. Segundo Abrahão, os filtros normalmente mais utilizados ainda são aqueles compostos de camadas filtrantes com areia de diversas granulometrias e/ou carvão antracito para a redução do material em suspensão, poden-do ser por gravidade ou pressurizados. Caso haja necessidade de remoção de compostos orgânicos, podem ser projetados os filtros com carvão ativado granulado. De acordo com o engenheiro de processos da Veolia Water, pensando na substituição dos filtros de carvão ativado granulado, a empresa dis-põe da tecnologia Acticarb, que agrega em um único equipamento o Actiflo com a utiliza-ção do carvão ativado em pó. Uma das van-tagens do carvão ativado em pó é sua maior área superficial em relação ao granulado. Outras boas opções presentes no mercado como parte integrante de plantas de trata-mento de águas e efluentes, de acordo com Abrahão, são as membranas filtrantes de mi-cro ou ultrafiltração. Já para a remoção de

sais, ele diz que as membranas de nano e os-mose reversa são recomendadas, assim como a tecnologia de eletrodiálise reversa.Simão Ribeiro Fernandes, engenheiro am-biental da Tecitec, fabricante de equipa-mentos e soluções para filtração industrial e tratamento de efluentes, explica que entre os filtros mais utilizados para polimento de água e efluentes, estão: filtros de carvão ativado, areia e zeólitos. Ele cita os elementos con-tidos na água e o objetivo da utilização dos filtros que vão agir para torná-la útil: • Na água de ETA, como é isenta de carga orgânica e resíduos dissolvidos tóxicos, bem como coloração, é utilizado filtro de areia no polimento final para reter ou eliminar possí-veis particulados em suspensão. No caso de polimento de efluentes, depen-derá das características físico-químicas de cada efluente: • Em efluente que contém particulados em suspensão, aplica-se filtro de areia.• No efluente com traços de metais pesados, compostos orgânicos e inorgânicos que produ-zem mau cheiro, hidrocarbonetos, compostos organoclorados e um grande número de subs-tâncias que conferem periculosidade, são usa-

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dos filtros de cartão ativado e filtro de zeólitos. • No efluente cujos traços de matéria orgâ-nica promovem coloração e odor, utiliza-se filtro de carvão ativado.

Combinações É importante conhecer quais combinações podem ser feitas no sistema de polimento de água e de efluentes para se obter uma água que atenda às necessidades com a qualidade requerida. “Quando são utilizadas membranas, com a elevada eficiência dos processos de mi-crofiltração e ultrafiltração, não é usual a com-binação com outras tecnologias de filtração, in-clusive na separação de microrganismos, além de turbidez”, afirma Forteza, da General Water. Por outro lado, segundo ele, quando são apli-cadas tecnologias convencionais, como filtros de meios porosos, é comum a associação com filtros do tipo cartucho ou bag. O gerente de operações diz também que os filtros tela do tipo autolimpante são uma solução moderna que tem sido aplicada em alguns processos para produção de água de reúso nos EUA. “Os filtros tela autolim-pantes são uma novidade, ao menos no Brasil, para polimento de efluentes, visando ao reúso. Foram sistemas que conhecemos durante a visita na WEFTEC 2013, em Chi-

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Sistema Actiflo da Veolia Water

cago, maior evento mundial de qualidade de água, que ocorre anualmente em dife-rentes cidades dos EUA”, destaca. Abrahão, da Veolia Water, diz que são pos-síveis muitas combinações de tecnologias visando ao polimento de águas para reúso, dependendo basicamente das característi-cas iniciais e finais do efluente a ser tratado. “Uma configuração muito comum é a instala-ção de sistemas físico-químicos ou filtração, seguidos de membranas filtrantes para remo-ção de sais e outros compostos dissolvidos”, ressalta. O engenheiro de Processos afirma que a Veolia possui sistemas de tratamento físico-químico de altas taxas, como o Actiflo (citado acima) e o Multiflo. Além da redução do material em suspensão e orgânicos, estes sistemas podem ser facilmente projetados para o abrandamento de água e precipita-ção de metais, potencialmente prejudiciais às membranas posicionadas a jusante desse pré-tratamento e extremamente importantes para garantir a vida útil desses sistemas. Para atender a um mercado com diversas ne-cessidades e aplicações para o uso da água e efluentes, as tecnologias de filtração se-guem um ritmo de constante desenvolvimen-to que visa à melhoria de eficiência, redução de consumo de energia, redução de cus-

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tos operacionais etc. Dentro deste contexto, Abrahão destaca que os sistemas biológicos de tratamentos que utilizam membranas de ultrafiltração, chamados MBR (biorreatores de membranas), estão ganhando força tanto no mercado industrial quanto no municipal, uma vez que a qualidade do efluente apresenta ca-racterísticas para uma possível complementa-ção, visando ao reúso. “Outra tecnologia de separação por membranas que tem apresen-tado grandes avanços é a eletrodiálise inver-sa, indicada para a remoção de sais em fluxos líquidos”, ressalta o engenheiro de processos.Fernandes, da Tecitec, resumiu desta forma as combinações: Para água de ETA – Aplicação de filtro de areia. Dependendo do tipo de consumo,nos processos em que a água tem ser purifi-cada (isenta de sais), como nos casos de processo de caldeiras e de cosméticos, uti-liza-se osmose reversa ou resina de troca

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1- Tanque de Coagulação: o coagulante (sair de ferro ou alumínio) é adicionado a água bruta, cuja mistura rápida é garantida pelo misturador devidamente projetado para tal. 2- Tanque de Maturação: os flocos são desenvolvi-dos pela adição de polímero nessa etapa. O Turbomix

instalado nesse tanque assegura a ótima mistura entre o polímero e a massa líquida num menos tempo de contato.3- Decantação Lamelar em contracorrente: permite uma sedimentação bastante rápida dos flocos maturados na

fase anterior. 4- Recirculação de Lodo: para a otimização do processo, uma pequena parcela do lodo de fundo

pode ser bombeado para a entrada do sistema. 5- Descarte de Lodo: o lodo em excesso (mais concen-

trado) é removido para posterior tratamento.

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iônica após o polimento.Para efluentes de Estação de Tratamento de Efluentes Biológico (ETEB) – Uso de filtro de areia seguido de filtro de carvão.Para efluentes de Estação de Tratamento de Efluentes Industrial (ETEI) – Utilização de fil-tros de areia ou zeólitos seguidos de filtro de carvão ativado. Dependendo da finalidade de reúso, aplica-se osmose reversa ou resina de troca iônica após o polimento.

Aumento nas vendasA preocupação maior com o meio ambiente e reúso da água e a busca de novas soluções e ajustes nos processos fazem com que haja crescimento de vendas e aumento de inves-timentos nas linhas de polimento de água e efluentes. Forteza, da General Water, confirma e explica que há uma necessidade de ade-quar processos convencionais de tratamento de efluentes que foram concebidos unicamen-te para descarte do efluente tratado. “Com a tendência de crescimento do interesse no re-úso de águas, esses processos não atendem à qualidade para os usos propostos e, então, se fazem necessários processos visando ao polimento de efluentes”, aponta.Abrahão, da Veolia Water, também confirma

e diz que isso ocorre principalmente nas re-giões com maiores densidades populacio-nais, que tenham baixa disponibilidade de água, seja por escassez ou por comprometi-mento de qualidade nas fontes primárias. “O reúso de água é um tema crescente nestes últimos anos, principalmente entre indústrias e setor agrícola, cujo aumento de produção está diretamente ligado à disponibilidade de água”, afirma. Segundo ele, a Veolia está muito atenta a todas essas alterações am-bientais e demandas do mercado de reúso, oferecendo tecnologias e referências de destaque para essa finalidade.A Tecitec também registra esse aumento nas vendas já que todas as ETEs e ETAs fabrica-das e fornecidas pela empresa contemplam filtros de polimento. “Além dos tradicionais filtros de carvão ativado e zeólitos, a Teci-tec produz filtros de carvão específicos para redução de DQO (Demanda Química de Oxi-gênio) e VOC (em português, Compostos Or-gânicos Voláteis), além de filtros de zéolitos específicos para remoção de ferro e manga-nês”, destaca Fernandes.

Contato das empresas: General Water: www.generalwater.com.brTecitec: www.tecitec.com.brVeolia Water: www.veoliawaterst.com.brSistema Multiflo da Veolia Water

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Filtro de areia da Tecitec

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FIMAI 2013 traz comitiva de empresas inovadoras da região francesa Paris Region com soluções em meio ambiente e tratamento de água e efluentes

EVENTOS

por Anderson V. da Silva

Mais de 400 expositores, entre empre-sas nacionais e internacionais, estive-ram presentes na 15ª edição da FIMAI

- Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade. O evento teve um público es-timado em 15 mil visitantes, além de mais de 650 inscritos para os seminários. A feira fechou o ca-lendário anual do setor com participação de, pelo menos, cem dos mais renomados palestrantes e também todas as novidades do mercado para a

produção mais limpa, controle de emissões, ino-vação ambiental, gestão de resíduos e tecnolo-gias pela qualidade ambiental de todo o planeta. “Uma das razões do sucesso da Feira é poder contar com participações de personalidades do setor como Gil Anderi da Silva, professor da Es-cola Politécnica da USP, e Nelson Roberto Bu-galho, vice-presidente da Cetesb’’, afirma Julio Tocalino Neto, diretor executivo da FIMAI. Ele afirmou que a presença de profissionais dessa

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envergadura é que faz a diferença para engran-decer o evento e atrair um público tão grande. Os destaques da XV FIMAI foram os seminários internacionais, promovidos pelas delegações da França e da Itália, e pela seção Brasil da A&WMA (Air and Waste Management Association). O pa-vilhão francês organizou a vinda da secretária de Estado, Michelè Pappalardo, para apresentar o projeto “Vivápolis”, de cidade sustentável, de-senvolvido na região da Île de France ou Paris Region como é conhecida comercialmente. Já a comitiva italiana, com participação do senador ítalo-brasileiro Fausto Longo, reuniu várias cor-porações do setor e realizou o seminário “Made in Vêneto - Um modelo de sucesso na gestão dos resíduos”, em atividade na região do Vêneto. A Paris Region Economic Development Agency, abriga empresas e projetos que correspondem a cerca de 30% do PIB da França, trouxe para a 15ª FIMAI algumas empresas na área de sanea-mento, tratamento de água e também do meio--ambiente. A região tem como objetivo tornar-se a principal eco-região da Europa, contando com elevada capacidade de P&D, diversos projetos em matérias de desenvolvimento sustentável, envolvendo inúmeras empresas, multinacionais ou PME´s e desenvolvendo pesquisas para as áreas de eco-tecnologias, eco-construção ou eco-mobilidade. A agência vem atuando na in-ternacionalização das empresas, assim como atua em prol do desenvolvimento das empresas implantadas na Paris Region.Segundo Frédérique de Bast, diretora de marketing da Paris Region, “dentro dos setores de desenvolvimentos sustentáveis são estuda-dos todos os setores que envolvem a melho-ria do tratamento da água, tratamento do lixo, mobilidade, tratamento de efluentes, desconta-minação de solos, transportes, eficiência ener-gética e construções sustentáveis. Outro ponto importante na região é o cluster Advancity, com mais de 135 projetos em andamentos e que re-presentam mais de 400 milhões de euros, além de unir empresas da Paris Region, centros de pesquisas, universidades para desenvolver so-luções e estudos para diversas áreas, criando de forma colaborativa soluções globais”, disse.

Paris Region, um território de pesquisa e desenvolvimentoA Paris Region já foi responsável por projetos e desenvolvimentos interessantes e que vêm auxiliando de forma efetiva o meio ambiente e a população. Exemplos disso são os proje-tos AIRCITY - focado para a qualidade do ar e que possibilitou desenvolver um sistema de simulação para representar em 3D e prever a poluição atmosférica, o MICAD´EAU – que visa desenvolver microcaptadores para o telemoni-toramento da qualidade da água, de maneira contínua e a baixo custo, o que permitirá aos operadores da rede de água que diagnos-tiquem de maneira precisa o estado de seus recursos e assinalem de imediato as anoma-lias existentes, o SMATWATER – que permite o aperfeiçoamento de um serviço de monitora-mento inteligente das redes urbanas de água potável, além da KENTREC – que é um tipo de tinta para aplicação em tanques de água po-tável que minimiza a necessidade de aditivos.

Novidades da FIMAI 2013Segundo Jacques Moussafir, presidente da Aria Technologies e desenvolvedora do siste-ma AIRCITY, os primeiros projetos desenvolvi-dos em terras brasileiras remontam ao come-ço dos anos 2000, porém a unidade brasileira foi constituída somente em 2010 e já conta com um projeto instalado no Rio de Janeiro para modelagem da qualidade do ar. “Nosso sistema possibilita o monitoramento dos fenômenos atmosféricos, visando o planejamen-to e a antecipação desses problemas, em qual-quer escala. Nosso software permite criar diver-sos cenários para que ações mais efetivas sejam tomadas” afirma Marc Chiappero, gerente geral da Aria do Brasil. “No segmento industrial, nos-so sistema auxilia na análise em tempo real das emissões atmosféricas, com a modelagem de pluma, auxiliando as indústrias a terem uma me-lhor gestão do seu entorno, e de suas emissões”.A empresa trouxe para a FIMAI deste ano qua-tro soluções para o controle atmosférico sendo: ARIA CITY – software que permite fazer padro-nização urbana, ARIA VIEW – sistema que pos-

EVENTOS

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sibilita acompanhar os itens de poluição de uma indústria em tempo real (odores, poluentes re-gulamentados e outros), ARIA FIRE RISK – sis-tema para prever riscos de incêndio, ARIA FIRE SPREAD - sistema que permite reproduzir a pro-pagação de um incêndio e o ARIA REGIONAL – que opera há vários meses no Rio de Janeiro e oferece uma previsão em termos de poluição atmosférica em um prazo de 48 horas.Outra empresa presente na FIMAI, e partici-pante da Paris Region, foi a EUROPELEC, fa-bricante e fornecedora de sistemas de aera-ção de superfície e fundo (aeração mecânica e difusão de ar em bolhas finas). Segundo Sophie Valentin, engenheira técnica-comer-cial, o Brasil é um mercado importante para as ações da empresa, devido ao dinamismo econômico e o mercado crescente.A Valgo também esteve presente na FIMAI 2013. Recentemente instalada no país a empresa traz ao mercado sua expertise na área de descon-taminação e despoluição de solos e lençóis freáticos, além de uma sólida experiência em desamiantagem (extração do amianto do solo). A empresa conta com mais de nove escritórios

no território francês e faz parte da Paris Region. Mesmo estando recentemente instalada em solo brasileiro, a empresa já desenvolveu três projetos em dois estados (SP/MG), sendo que um deles já está perto de ser decretado como área reabilitada para uso declarado, e indicado como projeto modelo da agência do Meio Ambiente de Minas Gerais.Segundo Antonio Passarelli, gerente da Valgo Brasil, a empresa traz seu conhecimento, anos de pesquisa e desenvolvimento, além de uma competente equipe técnica altamente qualificada. “Temos como prioridade sempre apresentar soluções mais viáveis aos nossos clientes, priorizamos sempre as soluções in situ do que a evacuação, preferimos sempre tratar o problema adequadamente do que fa-zermos uma transferência do problema para outro local, as soluções in situ ao nosso ver, resolve parcialmente o problema, porém gera novos resíduos nos aterros, saturando-os, além de provocar emissões de carbono com o transporte dos resíduos. Por isso, procuramos fazer uma avaliação mais rigorosa das solu-ções a serem aplicadas”, finalizou.

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Com o avanço da tecnologia, são cada vez maiores as ofertas no mercado de solu-ções e peças para Estações de Trata-

mento de Água (ETA) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Um bom exemplo é o caso das bombas, as quais possuem inúmeras especifica-ções e aplicações, o que pode gerar dúvidas na hora da compra e implantação do produto. O primeiro passo para a escolha ideal de uma bomba é pensar no trabalho que ela desen-volverá e nas características do fluido que transportará, já que ETE´s e ETA´s possuem funções extremamente diferentes. De maneira resumida, pode-se afirmar que a ETA capta a água dos rios e represas e trata para torná-la potável. Já a ETE é uma infraestru-tura que trata as águas residuais de origem do-méstica e/ou industrial, comumente chamadas de esgotos sanitários ou despejos industriais, para depois serem escoadas para o mar ou rio. Nessas estações, o processo é muito mais tra-balhoso e passa por várias etapas devido à alta contaminação do líquido por agentes químicos.Sendo assim, um fluido livre de partículas só-lidas pode ser recalcado por bombas equi-padas com rotores hidráulicos de passagens estreitas (maior número de pás).Já um fluido contaminado com partículas sóli-das ou fibras grandes o suficiente para obstruir pequenos canais necessita de bombas equi-padas com rotores hidráulicos de passagens maiores (com menor número de pás). Como nas ETE´s a maior parte dos fluidos, efluentes

Entenda as diferenças entre bombas para ETA e ETE

EQUIPAMENTOS

líquidos e lodos são carregados de partículas, o recomendado é o uso de bombas desse tipo, com passagens maiores para sólidos.Nas ETA´s, mesmo nos pontos de captação de água, a quantidade de sólidos e, principalmen-te, a granulometria desses sólidos são muito menores, o que faz com que os fluidos possam ser recalcados por bombas centrífugas comuns.“A principal diferença entre as bombas para ETE e ETA está nos rotores hidráulicos, mas a característica construtiva das volutas (carca-ças) e os materiais empregados na construção das peças acabam também por caracterizar os equipamentos”, afirmou Roberto Brasil, gerente de engenharia e aplicações da Xylem.Bombas para efluentes, lodos, fluidos contami-nados com abrasivos, todos muito comuns nas ETE´s, apresentam normalmente carcaças mais espessas em ferro fundido ou em ligas mais re-sistentes à abrasão, corrosão, ou em ambas.As peças das bombas para fluidos “limpos” são muito finas e mais leves, simplesmente porque não serão expostas a fluidos agressivos.“Vários modelos de bombas podem ser aplica-dos em ambos os processos. Entretanto, em linhas gerais, bombas para bombeamento de esgoto devem ser altamente resistentes, pois o esgoto é abrasivo e com muita concentração de sólidos em suspensão. Além disso, a areia é comumente adicionada ao esgoto, o que pode causar deterioração precoce das bombas”, ex-plicou Renato Zerbinati, coordenador de pro-dutos e aplicações WU da Grundfos.“Nas bombas para bombeamento de água, o fa-tor eficiência é determinante. Bombear grandes quantidades de água com baixo consumo é o que o mercado procura. Motores de alta eficiên-

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por Beatriz Farrugia

Diante das inúmeras opções no mercado, é fundamental conhecer melhor as aplica-ções de cada bomba

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cia conciliados com bombas altamente eficazes resultam em economia. Atualmente, bombas consomem cerca de 10% de toda a energia elé-trica do planeta”, acrescentou o especialista.

AplicaçõesExceção aos equipamentos para bombea-mento de químicos, a maior parte das bom-bas empregadas nas ETA´s são bombas cen-trífugas – centrífugas horizontais, verticais, de carcaça bi-partida para vazões maiores, multi-estágio para pressões maiores, ou seja, quase todo tipo de bomba centrífuga.Nas ETE´s, a maioria das bombas também é do tipo centrífuga, mas são frequentes as bombas de deslocamento positivo, como as de cavida-de progressiva e as bombas diafragma.A Grundfos é uma das empresas que atuam no mercado brasileiro e oferecem soluções para cada etapa das ETE´s e ETA´s.Na captação das ETE´s, utiliza-se bombas sub-mersíveis, modelos S, SL/SE, que se destacam por ótima cobertura hidráulica (H máx. 100m Q máx.1500 l/s) com grande passagem de sólidos (até 160mm com o Impulsor S-tube), concilian-do baixa potência pelo excelente índice de efi-ciência hidráulica (em geral na casa dos 80%).Tratamento Preliminar: A separação dos só-lidos é feita através de sistemas de gradea-mento , retendo os sólidos maiores, a fim de bombear o esgoto “fino” para o Tratamento Primário . Nesta etapa, podemos aplicar Bom-bas End Suction Mancalizadas Grundfos NKG,

Bomba dosadora digital da Grundfos

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cuja pressão máxima oscila em até 150m.No Tratamento Primário, há o processo de sedimentação da matéria poluente, e pode ser adicionado agentes químicos, provocan-do a floculação da matéria. Nesta etapa, a Grundfos se destaca pela bomba dosadora sé-rie SMART Digital, cuja redução é de 1:1000, pelo sistema de controle de velocidade digital através de motor de passo, que elimina ajuste de “stroke” e garante uma dosagem precisa e sem desperdícios.No Tratamento Secundário, passa-se pelo pro-cesso biológico, que pode ser do tipo “lodos ativados” ou “filtro biológico”, onde a matéria orgânica é consumida por microrganismos vi-vos. Nesta etapa, a oxigenação é importante e a Grundfos oferece Sistemas de Aeração por discos de membranas e/ou aerador submerso por sistema tipo venture. Além disso, os mis-turadores linha AMD/AMG evitam a concentra-ção acentuada da matéria orgânica.No Tratamento Terciário, é necessário proce-der com a desinfecção das águas residuais tratadas. Nesta etapa, a Grundfos dispõem de dois tipos de sistemas: Conex e Vacuumperm, concebidos para controlar processos de de-sinfecção que usam cloro, dióxido de cloro ou ozônio. Para a remoção dos nutrientes, aplica--se a bomba dosadora SMART Digital para a correta dosagem de cloro na água.No bombeamento da água tratada aos rios e represas, bombas de grande vazão são re-queridas. Neste momento, a Grundfos possi-bilita a aplicação de bombas in Line, modelo

Bomba normalizada END - Suction para processos em ETA

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HS, cujo rendimento hidráulico chega aos impressionantes 85%, resultando em um baixo consumo energético.Por sua vez, a Xylem possui em seu catálogo bombas submersíveis, dispositivos eletrônicos de controle de nível, monitoramento e comando das bombas, todos da marca FLYGT.“Um produto que já não é mais novidade, mas é ainda o ‘state of the art’ em termos de equi-pamento para bombeamento de efluentes e de lodos, tanto de ETE´s como de ETA´s, é a bom-ba submersível FLYGT série 3000. São bombas centrífugas equipadas com o rotor tipo N de alto rendimento, totalmente livres de entupi-mento e sistema fechado de refrigeração do motor e dos selos mecânicos, com fluido limpo e permanente”, afirmou Roberto Brasil.Além disso, a Xylem possui a LEOPOLD, co-nhecida pelo produto bloco Leopold para fundo de filtro, além de equipamentos para remoção de lodo decantado; a WEDECO, fa-bricante de equipamentos para desinfecção por Ultravioleta e por dissolução de Gás Ozô-nio; a SANITAIRE, mundialmente conhecida pelos seus sistemas de difusão de ar para tratamento de efluentes por bolhas finas; e a GODWIN, fabricante de conjuntos motobomba centrífuga autoescorvantes, bem conhecidas no mercado de mineração e muito usadas em serviços gerais de drenagem e manutenção de redes de coleta de esgoto municipal.Outra empresa que oferece diversas soluções de bombas para ETA´s e ETE´s é a KSB.

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A Sulzer, que também atua nesse mercado de bombas, possui bombas submersíveis modelo XFP, Piranha, Scavenger e AS; bombas hori-zontais (Ahlstar, Z22 e ZPP); e bombas ver-ticais das linhas JTS, SMN, SJT, SJM e SJD.“As submersíveis são aplicadas de forma afo-gada em poço úmido ou poço seco. As hori-zontais combinam diversos tipos de instalação e podem ser inclusive autoescorvantes com diversos tipos de materiais e propulsores”, disse José Donizete dos Santos, coordenador de engenharia de aplicação da Sulzer.“As verticais se caracterizam por instalação em poços profundos e colunas com hidráulica submersa e grandes capacidades de vazão como, por exemplo, transposição de rios e ca-nais de irrigação ou captação de água bruta em rios ou usinas hidrelétricas”, acrescentou.

ManutençãoGeralmente, recomenda-se a avaliação das bombas a cada 3 anos de operação, princi-palmente nos itens de vedação e desgaste, tais como selo mecânico, anéis e juntas de vedação. Para bombas de esgoto, a cada 2 anos recomenda-se avaliar o estado do rotor, vedação (selo mecânico), anéis de desgaste.Segundo Roberto Brasil, da Xylem, todo equipa-mento centrífugo necessita basicamente do mes-mo tipo de manutenção. “O desbalanceamento das peças girantes é o motivo principal da que-bra natural dessas máquinas. Um rotor de bom-ba desbalanceado por desgaste ou pela quebra de uma ou mais das suas pás, provoca vibrações que levam ao desgaste prematuro dos mancais, a quebra de selos mecânicos e até mesmo a do eixo por fadiga”, disse o especialista.A frequência das interversões para manuten-ção deve ser muito bem definida. O objetivo principal é identificar o desbalanceamento o mais cedo possível. “Equipamentos seleciona-dos para aplicações mais agressivas, sujeitos a desgastes mais acentuados, devem sofrer intervenções mais frequentes e devem variar em função de cada aplicação”, acrescentou o gerente de Engenharia da Xylem.

EQUIPAMENTOS

Bomba KSB

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Em relação ao tempo de vida das bombas de ETE e ETA, é pra-ticamente impossível defini-lo exatamente. Em média, pode-se dizer que as bombas aplicadas em ETA’s podem ter uma vida útil de até 30 anos, já as bombas aplicadas em ETE’s variam de 5 a 20 anos, depen-dendo da aplicação.

“No projeto do equipamento, os fabricantes consideram um tempo de vida útil das peças de desgaste, tais como rotores, mancais, se-los mecânicos e etc., mas o que determina efetivamente a vida útil de uma bomba são os seguintes fatores: seleção adequada do

Bomba N Flygt da Xylem

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equipamento; qualidade da instalação; siste-mas de proteção, tanto elétrica como hidráu-lica; frequência e qualidade da manutenção; e peças e mão de obra aplicadas”, disse o especialista da Xylem. Por sua vez, Renato Zerbinati, da Grundfos, destacou que a cada ano a tecnologia avança em sistemas de bombeamento, principalmen-te em eficiência hidráulica, elétrica e automa-ção. “Estas novas tecnologias, com certeza, reduzem a vida útil de antigos grupos de bombeio, pois tornam-se cada vez mais inte-ressante as reduções de consumo oferecido pelas novas tecnologias”, disse.

Contato das empresas:Grundfos: www.grundfos.com.brKSB: www.ksb.com.brSulzer: www.sulzer.comXylem: www.xyleminc.com

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por Henrique Martins Neto

Tratamento de efluentes na fabricação de bebidas

APLICAÇÕES

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Há cerca de 10.000 anos o homem des-cobriu o fenômeno da fermentação de sucos e obteve acidentalmente as pri-

meiras bebidas alcoólicas, pouco mais de 5.000 anos desta descoberta, os sumérios e assírios iniciaram a produção de bebidas fermentadas a base de grãos. Também há registros em hie-róglifos com mais de 4.000 anos indicando que o povo egípcio conhecia e produzia a bebida fermentada em diferentes versões. No Brasil, no período da Proclamação da Re-pública, foram instaladas as primeiras indús-trias cervejeiras nacionais. Atualmente este setor emprega mais de 150 mil pessoas direta ou indiretamente, segundo o Sindicato Nacio-nal da Indústria da Cerveja (SINDCERV) em 2012, sendo o 3O maior produtor mundial da bebida, juntamente com a Rússia. Tabela I apresenta o top 3 mundial deste segmento:

Já quanto ao consumo per capta de cerveja, ou seja, o volume consumido por pessoa por ano o top 3 é composto por República Tche-ca, Irlanda e Alemanha, cujos consumos são apresentados na tabela II.

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Atualmente o Brasil ocupa a 15O posição do ranking entre 40 países, com o consumo médio de 57 litros por pessoa por ano.O processo produtivo da cerveja é dividido em 6 etapas, ilustrado pelo fluxograma abaixo.

Após o recebimento da cevada, a mesma é moída por moinhos e transferida à tina de mostura, neste reator o cereal moído perma-nece por cerca de 1 hora em banho de água a 67OC, com o intuito de transformar os car-boidratos em açúcares. Concluída a mostura, o líquido é encaminha-do para a tina de fervura, onde ficará sub-metido por mais 1 hora e meia a 98OC, sendo que no meio ou próximo ao final deste pro-cesso é adicionado o lúpulo, para proporcio-nar o aroma e sabor característico da bebi-da. Já fervido o mosto, é centrifugado para purificar o caldo e remover grãos e cascas que por ventura não foram aproveitados.A próxima etapa é refrigeração do caldo para 20OC, através de trocadores de calor tipo pla-ca. Já refrigerado e centrifugado o mosto é encaminhado para o reator de fermentação, onde são adicionadas as leveduras. O pro-cesso fermentativo dura em média 5 dias e consiste na transformação dos açúcares em gás carbônico e álcool através de diversas reações bioquímicas. Assim que atingido a concentração alcoólica desejada a tempera-

tura do reator é reduzida a 0OC, para iniciar a maturação da cerveja. Este processo dura em média 15 dias e consiste na sedimentação da levedura, para obter uma leve clarificação da cerveja e melhorar o odor e sabor.Após a maturação a cerveja apresenta ele-vada turbidez e requer purificação através de filtração em filtro de terra diatomácea, sistemas de ultrafiltração em membranas etc. Após este estágio a cerveja já está pronta, restando apenas o envaze, pasteu-rização e embalagem.Antes do envasamento da cerveja, as garrafas reaproveitadas do mercado, são inspeciona-das, visando a detecção de trincas, rachadu-ras etc. Na sequência são enviadas para lim-peza por esteiras rolantes aos lavadores, que utilizam jatos de água quente e fria, banhos em soluções alcalinas esterilizantes sob tem-peraturas que variam entre 40 e 70 OC. A seguir são submetidas ao enxaguamento in-terno e externo com água pura na temperatura ambiente e finalmente encaminhadas às má-quinas envasadoras As garrafas prontas são encaminhadas ao pasteurizador, onde são submetidas a um aquecimento progressivo por chuveiros de água até 60OC, seguido de resfriamento e nova inspeção visual e eletrô-nica. As garrafas pasteurizadas são enviadas para as respectivas embalagens e a bebida não pasteurizada é encaminha para envaze em barris e recebe a denominação de chopp.Nota-se portanto que o processo produtivo da cerveja emprega água em diversos etapas do processo, em resumo podemos dizer que o consumo de água está relacionado com:• Lavagem da área de preparação e envaze;• Lavagem dos reatores e tanques de armaze-namento de cerveja;• Lavagem dos pisos das áreas de fermenta-ção, maturação e filtração;• Lavagem das garrafas e barris;• Lavagem das máquinas, tanques, equipa-mentos e tubulações;• Descargas dos tanques de solução de soda;• Restos de cerveja resultantes da quebra de garrafas e produtos em não conformidade;

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Em média considerando todo a planta pro-dutiva utiliza-se de 5 a 10 litros de água para produzir 1 litro de cerveja.Utilizamos a indústria de cerveja como exem-plo no segmento de bebidas, porém as in-dústrias de vinhos seguem um fluxograma produtivo muito semelhante, a diferença bá-sica consiste na matéria prima utilizada e pe-quenas variações de processos. Já na indústria de sucos e refrigerantes, não há necessidade de etapas de mostura e fer-mentação, portanto são unidades fabris com fluxograma produtivo mais simplificado. Nes-tas unidades as frutas são selecionadas e lim-pas por esteiras seguido de enxágues com ja-tos de água, para se efetuar as extrações dos sucos e caldos. Os sucos concentrados são então encaminhados para reatores de mistura onde são adicionados água, acidulantes, con-servantes, açúcares, corantes e aroma artifi-cial. Já os refrigerantes, além do ingredientes citados também recebem o xarope e gás Car-bônico, finalizando o processo produtivo com o envaze e pasteurização,A tabela III abaixo apresenta as principais ca-racterísticas de efluentes oriundos do proces-so de fabricação de refrigerante e cerveja.

Por apresentar grande quantidade de açú-cares, os efluentes de cervejarias e indús-trias de refrigerantes, possuem cargas orgâ-nicas muito elevadas, superando de 3 a 10 vezes o esgoto sanitário, portanto para efe-tuar o tratamento destes tipos de efluentes são utilizados em grande frequência os re-atores anaeróbios UASB, EGSB ou IC, cujas

eficiências na remoção de matéria orgânica são da ordem de 75 a 85%, podendo supe-rar 90% em casos específicos.O reator tipo UASB (Up Flow Sludge Blanket) foi desenvolvido na Holanda por Lettinga no final década de 70 para efetuar o tratamento de efluentes indústrias com elevadas cargas orgânicas. O processo de tratamento ocorre com fluxo ascendente do efluente que atra-vessa o manto de lodo, composto por diversos microrganismos estritamente anaeróbia. Esta biomassa rapidamente converte a carga orgâ-nica do efluente em biogás, através do pro-cesso de fermentação e também gera novas células (lodo). No topo do reator existe um se-parador trifásico que separa o lodo, o efluente líquido tratado e o biogás, abaixo segue o de-senho esquemático do reator UASB.

O reator UASB opera com baixa carga, em geral inferior a 10 kg DQO/m³.dia, o que se traduz em reatores de 4 a 8 metros de altu-ra, com grandes volumes e longos períodos de detenção hidráulica.Já o reator tipo EGSB (Expanded Granular Sludge Bed) corresponde a evolução do UASB com praticamente o mesmo esquema interno, a diferença básica consiste na maior velocidade ascensional, principal responsá-vel pela geração do lodo granular, que é mais robusto e em maior tamanho e quan-tidade. Devido a esta condição específica são admitidas maiores cargas pelo reator,

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APLICAÇÕES

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da ordem de 14 a 16 DQO/m³.dia, gerando assim reatores de menor volume, porém com a altura variando de 10 a 15 metros.Com o passar do tempo o reator EGSB tam-bém foi aprimorado, adicionando-se uma eta-pa de recirculação interna, originando os Re-atores IC (Internal Circulation), atualmente em diversas versões patenteadas. A principal característica desta tecnologia é a pequena área ocupada e elevada altura do reator, que ultrapassa os 20 metros, associa-da a capacidade de operar com alta carga or-gânica, da ordem de 20 a 25 kg DQO/m³.dia. Em geral os reatores tipo IC podem utilizar 2 tanques, sendo um de pequeno volume para condicionamento do efluente e outro para a fermentação propriamente dita que utiliza pelo menos 2 separadores trifásicos. A figura II abaixo ilustra esquematicamente o Reator IC.

Como todo sistema de engenharia, as três tecnologias apresentam pontos positivos e negativos, portanto o projeto deve ser base-ado no arranjo que obtiver maiores benefí-cios à planta de tratamento. O gráfico ao lado apresenta a principal dife-rença entre os reatores UASB, EGSB e IC, que é a carga orgânica admissível ou seja a capa-cidade de tratamento do reator, em função do volume e tempo de detenção hidráulico, para tratamento de efluente típico de cervejaria.Pelo gráfico fica evidente que quanto maior for a capacidade de carga admitida pelo reator,

menor será seu volume e tempo de detenção hidráulica, logo os requisitos de área para implantação da unidade serão menores. Como o efluente de cervejaria e indústria de refrigerante apresentam grande quantidade de açúcares facilmente biodegradáveis, os reatores de média e alta carga como o EGSB e IC são mais comumente empregados, po-rém devido ao baixo tempo de detenção hidráulico são mais sensíveis a mudanças bruscas na qualidade do efluente bruto ou eventuais falhas nos processos de pré-tra-tamento, como choque de carga orgânica e tóxicos, picos de vazão e variações bruscas de pH. Já reatores de baixa carga são menos sensíveis a estas variações, em contra parti-da requerem maior área de implantação.Devemos lembrar que os reatores UASB, EGSB e IC, apesar da grande eficiência na remoção de carga orgânica, requerem etapa de pós-tratamento para remoção da carga orgânica residual, para tanto são utilizados os sistemas aeróbios, como lodos ativados, lagoas aeradas ou filtros biológicos. Também devemos mencionar que existem outras dife-renças entre cada tecnologia apresentada, sendo que estas serão abordadas nas próxi-mas edições da revista.

Henrique Martins NetoEngº Químico – Especialista em Química AmbientalEQMA Engenharia & Consultoria LtdaCel.: (11) 9-9938-0272 | Cel.: (19) 9-9377-1661Cx Postal 26.678 | CEP 05116-970E-mail.: [email protected].: www.eqma.com.brSkype.: henrique.martins.neto

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A Unidade de Negócio Pardo e Grande da Sabesp realizou, em 12 de novem-bro, o workshop “Controle de Odores

em Estações de Tratamento de Esgotos”, com o objetivo de compartilhar experiências e buscar soluções inovadoras para tema tão importante e apontado pelo químico Dr. Hel-vécio Carvalho de Sena, um dos maiores no-mes no tema Controle de Odores no Brasil, como a quarta onda do saneamento. A inicia-tiva contou com o apoio do Polo AESabesp Franca, liderado por Mizue Terada.A abertura do evento foi promovida pelo su-perintendente da unidade, Gilson Santos de Mendonça. Na sequência, a empresa Pro-duquímica trouxe para debate a “Discussão Geral sobre Produção e Controle de Odores em Unidades de Sistemas de Esgotos Sani-tários”, enquanto a Diretoria de Tecnologia

Empreendimentos e Meio Ambiente “T”, da Sabesp, levou ao evento suas experiências e testes em “Utili-zação de Biofiltro para o Tratamento de Odores”.O workshop con-tou, ainda, com mais de 80 partici-pantes e especia-listas da Sabesp e de empresas reco-nhecidas no setor de saneamento e

Controle de odores no tratamento de esgoto sanitário é tema de workshop de inovação da SABESP

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por Anderson V. da Silva

tratamento de água e efluentes, que apresen-taram temas como “O Controle de Odores nas ETE’s da Sanasa”, “A Experiência da Unidade Baixo Paranapanema no Controle de Odores em Estações de Tratamento de Esgotos”, “Ações Operacionais para Combate a Odor em Unida-des de Esgoto do Litoral Norte”, entre outros.A Revista TAE esteve presente ao evento e acompanhou de perto os lançamentos e desenvolvimentos desta área. A TAE traz para os seus leitores os principais temas e informações do encontro.

Os odores provenientes do esgoto sanitárioO gás sulfídrico é um dos principais respon-sáveis pelos odores causados em estações de tratamento de esgoto sanitário, elevatórias e estações de efluentes industriais. Com fórmula química H2S, o gás sulfídrico se caracteriza por um forte cheiro de “ovo podre”, que causa da-nos à saúde humana, podendo levar a morte se inalado em altas concentrações, além de ser um dos grandes desafios para as empresas de saneamento devido ao seu alto poder de corro-são de tubulações e aços utilizados nas esta-ções de tratamento de efluentes e esgoto.

A quarta onda do saneamentoGilson Santos de Mendonça, superintenden-te da unidade da Sabesp Franca, comentou sobre a importância da sociedade civil nas exigências para as empresas prestadoras de serviço e que influenciam diretamente na busca de soluções que atendam as normas e as exigências impostas pela população:

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Gilson Santos de Mendonça

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“Atualmente a sociedade é cada vez mais exi-gente, assim como determinado pela pirâmide de Maslow, as necessidades da população passam a ser mais aprimoradas, além de pos-suírem instrumentos de cobrança importantes, como a ação popular, ação civil pública, lei de acesso à informação e os agentes regula-dores”, e complementa “o Helvécio foi muito feliz ao definir o tema odor como a 4a onda do saneamento. Realmente precisamos entender como a Sabesp está atuando nesta nova onda e no atendimento às necessidades da popu-lação e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. E este é o principal objetivo deste encontro voltado para o controle de odores.”

Segundo o Dr. Helvécio Carvalho de Sena, gerente da Unidade de Negócios da Bai-xada Santista da Sabesp, o saneamento no Brasil já passou por três fortes ondas: a pri-meira foi a necessidade de levar água de qualidade à população, a segunda foi a co-leta de esgoto, e a terceira o tratamento do esgoto gerado por essa coleta. O tratamento do odor - gás sulfídrico, passa a ser a quarta onda do saneamento: “Uma quantidade de odor não tratada corretamente, além de oca-sionar desconforto para a população e gerar reclamações, ainda é o maior responsável pelas corrosões existentes nas tubulações e sistemas de saneamento, gerando altos cus-tos no processo”. Mas o doutor Helvécio não para por ai: “Criamos soluções interessantes

em nossa unidade em Santos, nossa unidade está ro-deada de prédios e instalações co-merciais, com uma alta população em seu entorno e de-vido a isso se fazia necessário uma solução mais com-pleta no controle de odores. Na Uni-dade de Santos, nós resolvemos os problemas de odores com ações e controles apurados e um sistema de gestão com análises on-line, limpezas periódicas, e a utilização de produtos químicos como o de nitrato de amônia, nitrato de cálcio e peróxido de hidrogênio. No caso dos Nitratos o controle é causado pela preleção bioquímica dos mi-crorganimos pelo Nitrato ao invés do Sulfato”.Uma das principais empresas participantes do evento, a Produquímica trouxe uma dis-cussão geral sobre o tema e algumas das soluções para tratamento e medição do gás sulfídrico, segundo Luiz Carlos da Silva, ge-rente de produtos da empresa: “Aproximada-mente, por estudos já realizados, cerca de um grama de sulfato gera aproximadamente 0,35 gramas de gás sulfídrico (H2S). Já me deparei com casos em que foi encontrado 230 mg/l de sulfato. Uma alta concentração, como esta, gera muito gás sulfídrico, causan-do corrosão. Para que possa ser feito algum estudo, ou tratamento do gás sulfídrico, é necessário ter algumas informações impor-tantes como: conhecer o esgoto e entender como ele é gerado, os locais onde o esgoto vai ser retido por um período que proporcio-ne o tempo de retenção do material, a tem-peratura, a concentração elevada de íon de sulfato – um dos precursores na formação do gás sulfídrico, o valor do pH – que abaixo de sete favorece a formação e o despreendi-mento para atmosfera, entre outros fatores”.

Teoria das necessidades pirâmide de Maslow

Dr. Helvécio Carvalho de Sena

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DESTAQUE

Segundo Luiz Carlos, é possível os gestores e engenheiros calcularem a taxa anual de cor-rosão de concretos, ou seja estimar as taxas anuais de corrosão e tempo de vida útil de tanques e tubulações de concreto, além dos custos anuais de reposição destes equipa-mentos. No Brasil as empresas, em sua gran-de maioria, somente correm atrás do prejuí-zo quando alguém reclama do odor ruim em elevatórias ou na estação, quando alguém fica doente ou quando a imprensa relata algo errado. As empresas precisam entender e tomar ações preventivas e saber calcular os riscos e os prejuízos causados pelas corro-sões pelo gás sulfídrico”, afirma Luiz Carlos.Segundo ele, algumas empresas se utili-zam da correção de pH para que seja feito o controle do gás sulfídrico e isto, segundo o especialista, não é adequado: “Esse é um tipo de tratamento paliativo, pois não resolve o problema em si. Essas inserções de soda cáustica, gel cálcio, e outros produtos alca-linos somente transfere o problema para ou-tro local, pois a inibição do gás ocasionada com o controle do pH vai acontecer até este esgoto tomar contato com outro corpo re-ceptor ou qualquer outro meio que faça com que o pH caia para menos de sete e, com isso, voltará a emitir o gás sulfídrico.”Segundo Luiz Carlos, a Produquímica forne-ce um blend de nitratos ativados, que está

sendo apl icado com ef ic iência na unidade da Sabesp Santos. Ele proporciona uma preferência bioquímica dos microrganismos pelo oxigênio li-gado ao nitro-gênio em vez da ligação com o enxofre existente nas moléculas de sulfato. “Além dos blends a empresa fornece sistemas

completos de equipamentos de medição, lo-gística e dosagem do produto químico”.Bruno Gobbi Silva, gerente de produtos da Produquímica, apresentou as soluções para medição tanto na fase líquida, quanto na gasosa, fornecidas pela empresa e os efei-tos causados nos seres humanos por uma exposição ao gás sulfídrico: “As concentra-ções do gás sulfídrico causam danos à saú-de humana, sendo que de 3-10 ppm (cau-sam odor ofensivo), 10-50 (dor de cabeça e vômitos), 100-300 (danos respiratórios), 300-500 (edema pulmonar, perigo de mor-te), 500-1000 (alteração no sistema nervoso central), acima de 1.000 (morte por paralisia respiratória), os medidores para a fase ga-sosa irão proporcionar ao cliente a análise e verificação do problema e o nível em que se encontra a concentração do gás sulfídri-co. Já os equipamentos para a fase líquida irão atuar como prevenção e análise do tra-tamento na formação dos gases.” Durante o evento foram apresentadas ainda as soluções encontradas por outras unidades da Sabesp e outras companhias de sanea-mento, ficando em destaque as apresentadas por Allan Saddi Arneses, da Diretoria de Tec-nologia Empreendimentos e Meio Ambiente “T” da Sabesp, com a utilização de biofiltro para tratamento de odores na estação ele-vatória da RMSP: o biofiltro foi instalado em um container marítimo desativado, proporcio-nando um custo baixo de investimento Capex e altamente viável comparado com sistemas de torre lavadora. Segundo o especialista, o biofiltro apresentou-se 35% mais econômico, além de manter uma boa eficiência. Viviane de Lima Delgado, da Foz do Brasil, trouxe também ao evento a experiência da empresa na utilização de biofiltros para o tra-tamento de odores. Formado por grama, ter-ra, carvão mineral e brita, o sistema aplicado pela Foz ganhou destaque pela simplicidade de operação, baixo custo Opex, possibilida-de de utilização de água de reúso, para ume-decer o leito, e baixo consumo de energia. Os sistemas de biofiltros foram instalados após um reator UASB. Luiz Carlos da Silva

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Focar na qualidade dos serviços presta-dos, ou produtos desenvolvidos, inovar e crescer são, sem dúvida, alguns dos

principais objetivos dos planos de negócios da maioria das empresas. No entanto, o tem-po para dedicação exclusiva à questões como esta também é restrito. Todo executivo sabe que demandas paralelas, nem sempre ligadas ao core business, sempre existirão, principal-mente diante de expansão da área de negó-cios ou volume de produção. A solução para equalizar esta questão é buscar parceiros capazes de assumir a responsabilidade por atividades que, apesar de paralelas, também são essenciais para o negócio. Neste contexto, há anos, o conceito de tercei-rização ganha espaço na agenda de priorida-des dos executivos. Para que despender tanto tempo e recursos para desenvolver um servi-ço se há especialistas que podem ser aciona-dos para assumir esta demanda? O principal objetivo da terceirização é exatamente trans-ferir para um especialista a responsabilidade de execução de algum serviço. Assim como nos exemplos acima, o tratamen-to de águas e efluentes são uma necessidade e diante da grande demanda e volume ge-rados, muitas empresas optam por construir suas próprias centrais, que podem tornar-se um peso para a organização, dependendo da forma como o processo é conduzido e dos investimentos necessários. Em situações como esta, uma alternativa que começa a ser viabilizada no Brasil é a venda da central de tratamento para empresas especiali-zadas. Tratam-se de contratos de AOT (Acquire, Operate and Transfer) ou AOO (Acquire, Own

por Fabrício Drumond

Já pensou em não ser dono da sua central de tratamento?

VISÃO DE NEGÓCIOS

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and Operate), quando o objetivo é transferir a unidade para uma empresa especialista que assume a responsabilidade por tratar as águas e efluentes da planta, sendo contrata-da por volume tratado. Para a indústria, além da possibilidade de se capitalizar com a venda de um ativo, há ainda a transferência dos riscos envolvidos na ope-ração da unidade e a segurança de que seus efluentes serão tratados por especialistas e descartados de acordo com todas as normas.O modelo ideal para construção de uma unidade dedicada a tratamento de águas e efluentes é centralizar, com um único par-ceiro, todas as etapas, ou seja, desde o de-senho do projeto, até a construção e a ope-ração. Assim, evita-se todo o desgaste com possíveis falhas e atualizações. Já há no mercado empresas especializadas que, com os chamados contratos BOT (Build, Operate And Transfer) e BOO (Build, Own and Operate), assumem, inclusive, o investi-mento inicial, que poderá ser amortizado em contratos de 15 a 20 anos.Terceirizar o tratamento de águas e efluentes e transferir esta responsabilidade para parceiros é sem dúvida uma tendência que já começa a se configurar como um caminho sem volta. E o mais interessante é que, embora pareça algo complexo, esta iniciativa pode, na maioria dos casos, ser uma opção mais econômica.

Fabrício DrumondDiretor comercial da Nova Opersan, especializada em solu-ções ambientais para águas e efluentes.www.opersan.com.brTel.: 11 3796-9067

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Não é novidade o impacto que as ativi-dades humanas têm sobre o ecossis-tema terrestre. Seja no setor primário,

secundário ou terciário a expansão do negócio traz sempre um ônus que deve ser manejado de forma inteligente para minimizar seus efei-tos e garantir a disponibilidade dos recursos naturais para uso futuro. Por este motivo a sus-tentabilidade, ou seja, o conjunto de medidas que permita o desenvolvimento econômico e social ao mesmo tempo em que ameniza as in-terferências negativas sobre o meio ambiente é tão discutida pelos meios de comunicação, universidades, política e sociedade em geral.

por Vicente de Aquino

Biogás: ótima fonte de energiaque é pouco aproveitada

TRATAMENTO DE EFLUENTES

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O uso racional dos recursos passa também pelo estímulo à produção de energias alternati-vas renováveis que possam substituir os com-bustíveis fósseis diminuindo não só a depen-dência direta deles, mas também seus efeitos sobre as mudanças climáticas, já que eles têm relação direta com a emissão antrópica de ga-ses associados ao efeito estufa (GEE). Dentre estas novas fontes energéticas dispo-níveis destaca-se a biomassa que inclui uma grande variedade de resíduos vegetais, deje-tos animais, resíduos sólidos urbanos, lodos de esgotos e microrganismos fotossintéticos. A biomassa através de uma série de proces-

ETE Ouro Verde em Foz do Iguaçu

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sos biotecnológicos pode auxiliar na produ-ção de combustíveis líquidos e gasosos que são potenciais fontes de energia. O uso dos resíduos de esgoto, por exemplo, a partir da digestão anaeróbia e do tratamento do gás produzido geram o biogás (biometano) que pode ser então aproveitado para a geração de energia elétrica.O biogás é composto primariamente de meta-no e dióxido de carbono, com pequenas quan-tidades de ácido sulfídrico e amônia. Traços de hidrogênio, nitrogênio, monóxido de carbo-no, carboidratos saturados ou halogenados e oxigênio estão ocasionalmente presentes. Embora poucas pesquisas tenham sido de-senvolvidas no Brasil até o momento há boas perspectivas para o futuro. “Nos últimos anos, algumas estratégias foram adotadas e pro-metem contribuir para o desenvolvimento do setor”, relata André Luiz Zanette, engenheiro no Departamento de Energia Elétrica no BNDES. Zanette estudou durante o seu mestrado no Programa de Planejamento Energético na Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro o poten-cial para a produção de biogás no país. “Den-tre as recentes iniciativas está a chamada nº 14/2012 para os Projetos de Pesquisa e De-senvolvimento Estratégico da Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel), em que foram apresentadas diversas propostas para serem desenvolvidas em parcerias entre as conces-sionárias de energia elétrica, universidades, centro de pesquisas e empresas e que visam o aproveitamento energético do biogás no tra-tamento de efluentes e resíduos. Em relação aos projetos para o aproveitamento de biogás de efluentes domésticos destacam-se os da COPEL e CELPE”, complementa.Estes estudos diferentemente da pesquisa acadêmica pura que permite a liberdade de investigação devem ter resultados e metas bem definidos e o tema “Fontes alternativas de geração de energia elétrica” é considerado prioritário por constituir um desafio ao sistema energético brasileiro.E parte desta matéria-prima para estas pes-quisas cruciais estão justamente nas compa-

nhias de saneamento básico estaduais. Nesta área, a Sanepar (Companhia de Abaste-cimento do Paraná) é uma referência por atuar na produção de energia limpa através de sua estação de tratamento de esgoto Ouro Verde. “Há um protótipo em operação na ETE Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, que desde 2008 gera energia elétrica e está interligado ao sistema da cidade (geração distribuída), ora fornecendo ora subtraindo energia. Ambos os sistemas são supervisionados em tempo real para verificar padrões de funcionamento e geração e conhecer melhor os problemas operacionais que por ventura ocorram”, conta Charles Carneiro, gerente de Pesquisa e De-senvolvimento da empresa.

Tratamento de efluentesGeralmente o esgoto produzido pode ser tratado de duas formas: aeróbia ou anaeróbia. No pro-cesso aeróbio se utiliza um fluxo de ar orbital em um sistema denominado “Carroussel” desenvol-vido na Holanda e que apesar de permitir uma alta eficiência no tratamento (resultados acima de 95%) gerando efluentes de melhor qualidade tem as desvantagens de necessitar de grandes espaços físicos, consumir mais energia e não possibilitar o aproveitamento dos gases. Já os processos anaeróbios apresentam gran-des vantagens quando comparado ao método anterior. Segundo Metcalf e Eddy (2003), ci-

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tados por Zanette, dentre as vantagens des-tacam-se o balanço energético favorável, a menor produção de biomassa, menor necessi-dade de nutrientes, maior carga volumétrica e a possibilidade de tratamento da maioria dos compostos orgânicos. O balanço energético favorável é possível porque a energia, na for-ma de metano, pode ser recuperada a partir da conversão biológica de substratos orgânicos, ao invés de apenas consumirem energia, como é o caso dos processos aeróbicos. Além disso, a menor produção de biomassa (redução de 80 a 90%) reduz substancialmente os custos com processamento e disposição de lodo. E é esta a técnica utilizada pela Sanepar. “O tratamento é feito essencialmente com tecno-logias anaeróbias (RALF/UASB - reatores ana-eróbios de leito fluidizado), afirma Carneiro.Resumidamente, o esgoto vem da rede cole-tora, passa pela estação elevatória onde as partículas grosseiras são retidas e então é en-viado a ETE por meio de bombas onde sofre um tratamento preliminar e onde os sólidos são separados e enviados ao aterro sanitá-rio. Posteriormente, o líquido passa pelo RALF (Reator Anaeróbio de Manto de Lodo e Flu-xo Ascendente) onde ocorre a digestão ana-eróbia pelas bactérias ali presentes e então segue para o pós-tratamento, enquanto que o lodo digerido vai para secagem.

O gás produzido no processo pode então ser queimado e transformado em gás carbônico ou ser reaproveitado. Em tese todas as aplica-ções desenvolvidas para o gás natural podem utilizar o biogás, mas as aplicações mais co-muns são o aquecimento e a geração de ele-tricidade, dois dos processos utilizados pela Sanepar, conforme explica Charles Carneiro. “A empresa já iniciou os trabalhos com o apro-veitamento do biogás, quer seja térmico (se-cagem/higienização/combustão de lodos) ou elétrico (geração de energia elétrica)”.

Aproveitamento do biogásNos processos térmicos, o gás produzido é utilizado para gerar calor que é injetado no leito de secagem. Dessa forma, pode ser ga-rantida a higienização do lodo, eliminando os seus riscos sanitários e permitindo a sua utili-zação como adubos, por exemplo. Na produção de eletricidade a cogeração de energia a partir do uso de microturbinas na fai-xa de 25 a 100 kW é um dos métodos empre-gados. Elas possuem eficiência comparável a de motores pequenos com injeção por cente-lha com baixas emissões, permitindo também a recuperação de vapor de baixa pressão, o que é interessante para aplicações industriais. Além disso, os custos de manutenção são mui-to baixos. As especificações para o gás são comparáveis as dos sistemas de co-geração.Além dessas aplicações, a utilização como combustível veicular e a injeção na rede de gás natural são aplicações que vêm atraindo interesse cada vez maior.Para alguns usos, entretanto, o biogás deve ser tratado, pois existem diferenças conside-ráveis entre os requerimentos nas aplicações estacionárias do biogás e como combustível ou para a distribuição em tubulações.

Aspectos econômicos da pro-dução e aproveitamentoA produção depende da quantidade de ma-téria orgânica presente nos efluentes e das características do processo de tratamento. A quantidade de material biodegradável está li-

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gada ao número de pessoas atendidas pelos serviços de coleta, ao tipo de tratamento realizado e a produção de ma-téria orgânica biodegradável por pessoa (expressa na forma de DBO – demanda bioquí-mica de oxigênio). METCALF e EDDY (2003), citados por Zanette, relatam que a produ-ção de DBO no Brasil varia de 55 a 68 g por pessoa/dia. As-sim, a escala assume impor-tância fundamental.“Para a geração de eletrici-dade o custo diminui com o aumento de escala do pro-jeto, o que é explicado pela redução do custo unitário do investimento em projetos maiores. Caso exista a pos-sibilidade de aproveitamento do calor produzido, especial-mente na cogeração utilizan-do o biogás em indústrias, o custo da eletricidade gerada diminui consideravelmente, aumentando a atratividade econômica do projeto”, relata André Luiz. Em seu estudo, ele observou que há viabili-

dade para as estações que atendem a uma população superior a 50.000 habitantes. Carneiro também ressalta a importância da escala. “Os impactos econômicos estão diretamente relacionados à escala, ou seja, a quantida-de de biogás gerada no pro-cesso. Quanto maior a pro-dução de biogás mais viável economicamente torna-se o sistema. O aproveitamento térmico é o que apresenta a maior eficiência (energia gerada/m3 biogás), seguido pelo elétrico e depois o au-tomotivo. Portanto, é preciso sempre fazer uma análise técnica de viabilidade econô-mico-ambiental antes de se iniciar qualquer tipo de apro-veitamento, começando pelo monitoramento full-time do gás e conhecimento dos pa-drões de geração em termos de quantidade e qualidade. A Sanepar criou um progra-ma chamado ‘Quantibio’ para monitorar o biogás de maio-res estações.”, afirma.

Impactos ambien-tais da produção e aproveitamentoDo ponto de vista ambiental, sabe-se que as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e ácidos, especialmente nos setores energético e de trans-portes são preocupantes e requerem ações imediatas. A importância desse assunto amplamente discutido no Rio e em Quioto estimulou diver-sos governos a lançarem pro-gramas e regulamentações para reduzir as emissões. E, neste caso, a utilização de biogás como combustível tem enorme potencial para diminuir as emissões de ga-

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ses do efeito estufa, material particulado e de óxidos de nitrogênio.“O grande ganho do aproveitamento é evitar que o CH4 (metano) um gás de efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 ve-zes superior ao do CO2 e o H2S (gás sulfídri-co), que é odorífero, cheguem à atmosfera. Portanto, além de evitar o desperdício de uma fonte importante de energia, se evita também o impacto em termos de aquecimento global e garante-se o bem-estar da população ao re-dor das plantas de tratamento”, explica Car-neiro. Desde que o projeto foi iniciado cerca de 1,5 tonelada de gás metano deixou de ser lançada, por ano, no meio ambiente. A partir de 2007, a Sanepar também começou a realizar os inventários de carbono de todos os seus processos e participou do primeiro Registro Público de Emissões de Gases de efeito Estufa durante o Encontro Anual do Pro-grama Brasileiro GHG Protocol onde as emis-sões para o ano de 2009 foram apresentadas.É importante ressaltar que a adoção de outras ações que melhorem a qualidade do efluente que chega à estação também são importantes, pois interferem positivamente com a eficiência do processo de tratamento e de geração da energia. Trabalhos educativos junto a população orientando sobre a ligação correta do esgoto e

TRATAMENTO DE EFLUENTES

uso adequado da rede pode reduzir a poluição dos rios e solos e interferir de forma benéfica com a performance da produção de gás metano.

Situação atual do aproveitamento do biogás e perspectivas futurasApesar de boa parte das companhias de sa-neamento no Brasil trabalharem com sistemas anaeróbios de tratamento de esgoto, poucas realizam o aproveitamento do biogás gerado no processo. Diante dos potenciais econômicos e ambientais da utilização de fontes renováveis de energia e da disponibilidade da matéria-pri-ma nas ETEs é inevitável se perguntar: o que impede um maior aproveitamento do biogás? O que falta para que as pesquisas produzidas nas universidades e nas estações de pesquisa sejam aplicadas em maior escala? Em sua dis-sertação, defendida no final de 2009, Zanette alertava para a necessidade de políticas espe-cíficas e coordenação entre as partes. “Apesar dos mecanismos de incentivo existentes ao aproveitamento energético do biogás, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e os incentivos às fontes alternativas renováveis de energia no Brasil, diversas barreiras regulató-rias, institucionais, econômicas e tecnológicas dificultam o efetivo aproveitamento desta fonte no Brasil. Assim há a necessidade de uma maior coordenação entre as diferentes esferas do go-verno, o setor privado e instituições de pesquisa e desenvolvimento para a formulação de políti-cas efetivas que promovam o melhor aproveita-mento energético do biogás no Brasil”, concluiu. De 2009 para cá houve o lançamento de cha-madas específicas por agências de fomento a pesquisa em parceria com as companhias de saneamento ou também pelas agências regu-ladoras através dos programas de pesquisa e desenvolvimento. Mas temos ainda potencial para progredir bastante nesta área.

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