Download pdf - Revista Bancari@s

Transcript
Page 1: Revista Bancari@s
Page 2: Revista Bancari@s

Otávio Dias ∞ BradescoPresidê[email protected]

Antonio Luiz Fermino • CaixaSecretaria [email protected]

Carlos Alberto Kanak • HSBCSecretaria de Finanç[email protected]

Audrea Louback • HSBCSecretaria de Organização e Suporte Administrativo [email protected]

André C. Branco Machado • Banco do BrasilSecretaria de Imprensa e Comunicaçã[email protected]

Genésio Cardoso • CaixaSecretaria de Formação Sindical [email protected]

Cristiane P. Zacarias P. • HSBCSecretaria de Igualdade e da Diversidade

Karla Cristine Huning • BradescoSecretaria de Assuntos Jurídicos Coletivos e [email protected]

Ana Maria Fideli Marques • ItaúSecretaria de Saúde e Condições de [email protected]

Marcio M. Kieller • ItaúSecretaria de Políticas Sindicais e Movimentos [email protected]

Ana Luiza Smolka Lima • Banco do BrasilSecretaria de [email protected]

Júnior César Dias • Itaú UnibancoSecretaria de Mobilização e Organização da [email protected]

Pablo Sérgio M. Ruiz Diaz • Banco do BrasilSecretaria de Ass. de P. Sociais e E. Socioeconô[email protected]

Lilian de C. Graboski • SantanderSecretaria de Assuntos do Ramo Financeiro*Aguardando liberação

Genivaldo A. Moreira • HSBCSecretaria de Esportes e Lazer

Ademir Vidolin - BradescoAlessandro Greco Garcia - BBAna Paula Araújo Busato - BBAnselmo Vitelbe Farias - ItaúArmando Antonio Luiz Dibax - ItaúCarlos Francisco Liparotti Deflon - CaixaClaudemir Souza do Amaral - SantanderClaudi Ayres Naizer - HSBCClovis Alberto Martins - HSBCDarci Borges Saldanha - ItaúDavidson Luis Zanette Xavier - BBDébora Penteado Zamboni - CaixaDenívia Lima Barreto - HSBCEdison José dos Santos - HSBCEdivaldo Celso Rossetto - HSBCEustáquio Moreira dos Santos - ItaúGerson Laerte da Silva Vieira - BB

Efetivos

Herman Felix da Silva - CaixaJoão Paulo Pierozan - CaixaJorge Antonio de Lima - HSBCJosé Carlos Vieira de Jesus - HSBCJosé Carneiro Ferreira - HSBCKarin Tavares - SantanderKelson Morais Matos - BradescoNilceia Aparecida Nascimento - BradescoOrlando Narloch - HSBCRodrigo Pilati Pancotte - BBSélio de Souza Germano - ItaúSidney Sato - ItaúSonia Regina Sperandio Boz - CaixaTarcizo Pimentel Junior - HSBCUbiratan Pedroso - HSBCValdir Lau da Silva - HSBCVanderleia de Paula - HSBCVandira Martins de Oliveira - Itaú

Ivanício Luiz de Almeida - Itaú UnibancoDenise Ponestke de Araújo - CaixaMargarete Segalla Mendes - HSBC

SuplentesTânia Dalmau Leyva - Banco do BrasilEdna do Rocio Andreiu - HSBCCarolina M. Mattozo - Banco do Brasil

Page 3: Revista Bancari@s

08

06

12040506081214162122232425263031

Cartas do leitorEditorialConjunturaBancosEntrevistaFormaçãoCapaCulturaSaúdeCidadaniaOpiniãoJurídicoAconteceuMemórias da lutaHumor

16 Campanha NacionalNeste ano, bancários de todo o país querem emprego decen-

te, com estabilidade, remuneração justa, saúde e mais segurança, além do fim dos correspondentes bancários.

Grá

fico

: Mar

ian

a K

amin

ski

O N

acio

nal

SEE

B C

uri

tib

a

Co

ntr

af-C

UT

Apesar da promessa de Roberto Setúbal na época da aquisição do Unibanco, Itaú segue demitindo uma média de 100 bancários por dia no país.

Demissões no Itaú

Dívida públicaSecretário de Políticas Sociais do Sindicato dos

Bancários de Curitiba e região, Pablo Diaz, analisa as ta-xas de juros praticadas no Brasil e a dívida pública.

CorrespondentesO advogado e assessor jurídico do Sindicato, Nasser

Ahmad Allan, comenta as implicações das resoluções publicadas pelo CMN/BC.

agosto 2011 03

Page 4: Revista Bancari@s

Conselho Editorial: Ana Smolka, André Machado,Carlos Kanak, Antonio Luiz Fermino,

Marcio Kieller e Otávio DiasJornalista responsável: Renata Ortega (8272-PR)

Redação: Flávia Silveira, Paula Padilha e Renata OrtegaProjeto gráfico: Fabio Souza e Renata Ortega

Diagramação: Fabio Souza e Mariana KaminskiColab.: Cícero Bittencourt • Revisão: Maria C. Périgo

Impressão: Maxigráfica • Tiragem: 8.000 Contato: [email protected]

A revista Bancári@s é uma publicação bimestral doSindicato dos Bancários de Curitiba e região,

produzida pela Secretaria de Imprensa e Comunicação.Presidente: Otávio Dias • [email protected]

Sec. Imprensa: André Machado • [email protected]

Rua Vicente Machado, 18 • 8° andarCEP 80420-010 • Fone 41 3015.0523

www.bancariosdecuritiba.org.brOs textos assinados são de inteiraresponsabilidade de seus autores.

Denuncie o assédio moral

Já está disponível no site do Sindicato dos Bancários de Cu-ritiba e região o formulário, previsto no Acordo Coletivo de Trabalho Aditivo para Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho, para denúncias de assédio moral. As denúncias infor-mais chegam diariamente à entidade, mas para que seja pos-sível pressionar os bancos contra a violência organizacional é preciso formalizar as reclamações.

“Os funcionários estão sendo massacrados com dezenas de torpedos enviados para seus celulares, com metas absurdas e com o ranking de vendas diário de cada colega. Os que não apa-recem no ranking são indiretamente humilhados. Não bastasse isso, até nos domingos somos infernizados com e-mails.”

Bancário do Banco do Brasil

“Sou caixa há 10 anos e nunca sofri uma pressão como essa. Além de termos que cumprir as metas ultrapassando os 150%, temos que passar nossos pontos conquistados todos os dias. Não consigo mais dormir, tenho muitas dores nos braços e pa-vor de pensar em assaltos. Nunca trabalhei em nenhuma outra empresa que visa só o lucro e não se importa com os clientes.”

Bancária do Itaú

Acesse www.bancariosdecuritiba.org.br, clique no banner na lateral direita e preencha o formulário. O sigilo é garantido pelo Sindicato. Não se omita, denuncie!

Coleção Plenos Pecados: O clube dos Anjos - GulaAutor: Luís Fernando VeríssimoPáginas: 132Editora: Objetiva

Os falsáriosGênero: Drama/GuerraTempo de duração: 98 minutosAno de lançamento: 2007

Veríssimo fala sobre o pecado capital da gula. O livro conta a história de dez amigos que se reuniam para comer picadinho de carne na adolescência e, mais velhos, em jantares mensais, em que mostram suas falhas e fraquezas.

O falsificador judeu Salomon Sorowitsch é transferido pelos nazistas para um campo de concentração, onde se torna respon-sável por um grupo de prisioneiros que faz a maior falsificação de dinheiro da história.

agosto 201104

Page 5: Revista Bancari@s

A realidade bancáriaDesde 2008, a grande mídia tem se

ocupado em noticiar a crise financeira mundial: primeiro, a quebra no sistema imobiliário norte-americano e, mais re-centemente, a hecatombe que assola a economia dos Estados Unidos e demais países afetados. Neste mesmo período, todas as mobilizações e reivindicações da classe trabalhadora, sobretudo daqueles ligados ao setor financeiro, foram linca-das, pela imprensa, à instabilidade econômica internacional.

Por outro lado, o que temos obser-vado é que o Brasil vive um momento propício de crescimento econômico, o que pode ser comprovado pelos resul-tados positivos obtidos pelo setor finan-ceiro. Só no primeiro semestre de 2011, o Itaú Unibanco lucrou R$ 7,13 bilhões; o Banco do Brasil, R$ 6,25 bilhões; e o Bradesco, R$ 5,48 bilhões.

Diante de tamanha rentabilidade, você deve estar se perguntando quais os bene-fícios que os verdadeiros responsáveis por estes lucros, os bancários, estão ga-nhando. Respondo: sobrecarga de tra-balho, falta de segurança, cobrança pelo cumprimento de metas e adoecimento, entre outros. Não lhe parece justo? Pois é.

Para entender do que estou falando,

primeiro, é preciso destacar a desmedida rotatividade promovida pelos bancos. Os dados Caged referentes ao primeiro se-mestre de 2011 apontam que, somente no Paraná, foram 1.121 demissões no setor financeiro (seguidas da contrata-ção de 1.645 trabalhadores no mesmo período). Apesar do saldo positivo, esse processo tem acarretado em uma brutal redução na massa salarial da categoria. É evidente que os bancos procuram demitir os bancários com mais altos salários para contratar novos pagando apenas o piso.

Além disso, dados nacionais mostram que as condições de saúde e segurança da categoria bancária estão cada vez mais pre-cárias. Segundo a pesquisa encomendada pela Contraf-CUT ao Dieese, dos 1.200 bancários afastados mensalmente em todo o país, 50% deles apresentam transtornos mentais, fruto da pressão diária pelo cum-primento das metas estabelecidas. Já as estatísticas divulgadas pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e região informam que, somente nos primeiros seis meses do ano, ocorreram 838 ataques a bancos e caixas eletrônicos no Brasil, estando o Paraná em terceiro lugar.

Para completar o cenário desgastante, na tentativa de legislar em favor do setor

financeiro, o Banco Central, através do Conselho Monetário Nacional, publicou neste ano as Resoluções 3.954 e 3.959, que ampliam a atuação dos correspon-dentes bancários e flexibilizam ainda mais as terceirizações. O resultado ime-diato das decisões é a precarização das condições de trabalho da categoria. Por fim, soma-se a tudo isso o discurso que vem sendo adotado pelos representantes da Fenaban de que a tendência da infla-ção é de queda e que, por isso, as nego-ciações deveriam levar em conta a infla-ção projetada (futura) e não a acumulada no período. A entidade patronal esquece que a inflação dos últimos 12 meses já pesou no bolso dos trabalhadores.

Feita esta avaliação, aproveito para lembrar que os bancários de todo o Brasil já deram exemplo em 2010, realizando a maior campanha salarial dos últimos 20 anos. E, não faremos diferente. Neste iní-cio de Campanha Nacional dos Bancários 2011, conclamamos todos a participar da organização e mobilização da categoria. Não existe conquista sem luta!

Otávio DiasPresidente do Sindicato dos

Bancários de Curitiba e região

Co

ntr

af-C

UT

Na noite do dia 17 de junho, a diretoria eleita do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região tomou posse, em uma cerimônia festiva que contou com a participação de mais de 400 convida-dos. Na ocasião, a nova direção da FETEC-CUT-PR também foi oficialmente empossada.SE

EB

Cu

riti

ba

agosto 2011 05

Page 6: Revista Bancari@s

Dívida pública e interesses ocultos

Os números da dívida interna começam a preo-cupar tanto no que diz respeito à sua totalidade (aci-ma de R$ 2 trilhões), como, principalmente, pela sua dinâmica. O grande oxigênio da dívida governamental é a taxa de juros mais elevada do planeta (juros reais igual juros nominais menos inflação). O Brasil paga ainda as taxas mais caras do mundo no curto prazo (leia-se até 90 dias).

Enquanto qualquer país com administração com-petente e saudável das contas públicas paga juros menores no curto prazo em relação ao longo prazo, o Brasil mantém convenientemente para alguns (bancos, fundos e endinheirados) a taxa de curto prazo maior que a de longo prazo. Qualquer um sabe que quanto maior o juro, maior a prestação e maior a dívida. A evolução da dívida como demonstra o gráfico ao lado comprova esta lógica.

O que isto tem a ver comigo? Ocorre que, anualmente, os governos estabelecem

um orçamento que destina recursos para educação, saúde, segurança, aposentadorias e investimentos em infraestrutura, entre outros. No Brasil, em 2010, o governo destinou 44,93% de todo o seu orçamento para rolagem da dívida, seja por meio de amortiza-ções, seja para refinanciamento ou para pagamentos simples de juros. Somente em juros, o Brasil gastou R$ 172 bilhões, que representou 5,72 vezes mais do que aplicado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que teve valor de R$ 29,9 bilhões, ou 13,13 vezes os recursos para o Programa Bolsa Família (R$ 13,1 bilhões).

Com relação a isso, a mídia conservadora e, em grande parte, financiada pelas gordas verbas publici-tárias dos bancos, nada falou, escreveu ou mostrou. Silêncio total. Já quando se trata de alguma distorção

ECONOMISTA EXPLICA AS ARMADILHAS DAS TAXAS DE JUROS DO PAÍS

no Bolsa Família, vira abertura de telejornal e capa de revista semanal. Quanto ao “bolsa-juros”, silêncio to-tal. Todos os governos falam em cuidar da educação, saúde, segurança, transportes, moradia, infraestrutu-ra, ciência e tecnologia, sendo impossibilitados pela camisa de força dos juros internos. Tem a ver com a falta de recursos para a tão propalada “cidadania”:

Há números ainda mais expressivos e caros para o futuro do país, como ciência e tecnologia com míse-ros 0,38%. Não estamos pensando no futuro do Brasil, mas de sua eterna elite, que apenas se transmuta de geração em geração, agregando novas forças políticas, cooptando dissidências e mantendo o status quo.

Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pes-quisas Econômicas Aplicadas (IPEA), descreve que 20 mil famílias vivem do “bolsa-juros” no país. Logo, abocanham grande parte dos recursos públicos para a manutenção de seus privilégios. Seria o furto do fu-turo? O gráfico ao lado mostra nas mãos de quem está a dívida pública interna.

A crise europeia que se alastra ilustra bem as pos-sibilidades futuras de países que são sequestrados pela banca mundial. O exemplo mais relevante é o da Gré-cia, que está à beira de um colapso e ameaça a própria existência da União Europeia e do euro. Para resolver o problema dos bancos, o governo de “esquerda” propôs um pacote consensual com a “direita”, com cortes nos salários e nas aposentadorias, aumento de impostos e redução do funcionalismo, privatização das empresas públicas e até mesmo das ilhas do país.

Alguns acreditam que o Brasil está “imune” a essa crise. Mas não esqueçamos que essa era a crença na Argentina, que entrou numa espiral de miséria, per-dendo do dia para noite 25% de sua riqueza para os “credores internacionais” – agiotas repaginados com nova terminologia. Um cartaz se tornou emblemático

Page 7: Revista Bancari@s

Grá

fico

s: M

aria

na

Kam

insk

i

nas favelas de Buenos Aires naqueles tempos de crise: “Bienvenida classe media”.

O detento controla o carcereiro A expectativa na eleição de Dilma, do PT, era acabar

com essa ditadura econômica que amarra os governos aos juros da dívida e ao superávit fiscal. Contudo, não vai haver soberania e o “efeito Grécia” não tardará a chegar em nosso país com a manutenção da política adotada nesses seis primeiros meses de governo, com cortes no orçamento público, a retomada de privati-zações, juros altos e câmbio flutuante. Esse modelo arrasta o país ao desastre, aumentando a desindustria-lização, o desemprego, a falta de perspectiva de vida e a violência, favorecendo apenas os bancos

Ao mesmo tempo, os empresários culpam os sa-lários pelo aumento da inflação e exigem medidas para diminuir o “custo do trabalho”. O governo, ce-dendo a essa pressão, lança um “pacote industrial” que protege somente o lucro dos empresários e não os em-pregos e os direitos dos trabalhadores, desonerando a folha de pagamento e ameaçando a Seguridade Social. Ironicamente, 70% da inflação vem dos preços “ad-ministrados” pelas agências reguladoras do governo, que, ao invés de regular, são “reguladas” pelas grandes empresas e bancos. “O detento controla o carcereiro”.

É necessária outra política, que enfrente os bancos e proteja os trabalhadores. Como pode ser possível em nosso país um banco como o Itaú, que lucrou R$ 7,13 bi nesse primeiro semestre de 2011, demitir cerca de 100 trabalhadores por dia nos últimos dois meses? E, pior, nada ser feito?

A Contraf-CUT está reivindicando do governo a re-alização de uma Conferência Nacional do Sistema Fi-nanceiro para discutir essas questões e enfrentar o po-der dos bancos. Além do mais, nossa campanha salarial deste ano tem como eixos centrais a defesa do emprego, o aumento real dos salários e o combate às terceiriza-ções. Está na hora do governo ouvir sua base social e adotar um rumo que evite o desastre anunciado.

agosto 2011 07

Pablo Diaz, secretário de Políticas Sociais e Estudos Sócioeconômicos

Page 8: Revista Bancari@s

Setúbal: um homem sem palavra

O que o Itaú Unibanco tem para você, bancário? De-missões, falta de respeito e péssimas condições de traba-lho. Ao mesmo tempo em que vende uma boa imagem, com belas propagandas, ostentando um questionável prêmio que o considera uma empresa sustentável, o banco não valoriza aqueles que realmente o fazem o maior banco do hemisfério sul: seus trabalhadores.

Em entrevista à revista Exame, Roberto Setúbal afirmou que a empresa passa por mudanças de mer-cado e que é hora de cortar. “O Itaú teve um lucro de R$13 bi em 2010, foi o campeão. O que os bancários ganham em troca? Desrespeito e demissões”, afirma Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. Na base do Sindicato, são 378

bancários demitidos desde 2009, ano da aquisição do Unibanco. Só em 2011, 122 trabalhadores já perderam o emprego (15 dessas de-missões foram revertidas pela entidade via liminar judicial).

Diante desta situação, bancários de todo o país estão se mobilizando. No dia 19 de julho, Dia Nacional de Lutas do

Itaú Unibanco, ocorreram manifestações no Brasil in-teiro. No Paraná, os trabalhadores fecharam 21 agências, oito delas só em Curitiba. Os representantes dos traba-lhadores pediram o apoio da população, que também é afetada. “O banco cobra tarifas abusivas e precariza o atendimento. Os clientes estão pagando para se autoa-tender”, reforça Júnior Dias, dirigente do Sindicato.

Cada um por siNa capital paranaense, o clima de medo impera

sobre a Superintendência de Desenvolvimento Indus-trializado de Sistemas (SDIS) e o Centro de Proces-samento de Serviço de Agência (CPSA).

A SDIS é oriunda da antiga equipe de Tecnolo-gia da Informação do Banestado, privatizado no ano 2000. Na época, a área era composta por cerca de 500 funcionários. Após a privatização, o número foi reduzido para 200 analistas. Com o tombamento dos sistemas, sobraram apenas 54 pessoas. Vale lembrar o valor desta equipe: a área já foi considerada referên-cia nacional, permitindo que todas as agências traba-lhassem on-line com suas bases de saldos atualizados em tempo real, mesmo em transições interagências.

Contudo, os responsáveis por criar um sistema inovador, e que é, até hoje, utilizado por praticamente todos os bancos do Brasil, estão sendo descartados. Em maio de 2011, eles foram avisados da súbita ex-tinção da área. “Já se passaram meses e o banco não deu nenhuma solução que contemple o anseio dos trabalhadores. Trabalhamos em pânico, muitos estão movidos a remédio tarja preta ou já afastados por adoecimento”, conta Sidney Sato, diretor do Sindi-cato e funcionário do SDIS. Até então, de concreto só existe a demissão de 10% do contingente do SDIS.

No CPSA, a situação não é muito diferente. A mu-dança na compensação de cheques, agora feita por imagem, a terceirização da expedição e a extinção do COR criam tensão entre os bancários. “Chegamos preocupados ao trabalho, sem saber se vamos estar empregados até o final do dia. É um clima terrível”, relata Reinaldo Cavalcante de Oliveira, diretor da FETEC-CUT-PR e funcionário do CPSA.

O CPSA era formado por cerca de 110 pessoas. Agora, são aproximadamente 70 trabalhadores. Alguns funcionários estão sendo treinados em outras agên-cias, mas não têm certeza de que serão efetivados, já que não há garantia de vaga. Após o treinamento, o bancário é sujeito a uma entrevista com os gerentes do banco. “Se o gerente não vai com a cara deste bancário, que já está no banco há décadas, o que acontece? Ele não é efetivado”, ressalta Reinaldo.

AO CONTRÁRIO DO QUE PROMETEU O PRESIDENTE, ITAÚ DEMITE NO BRASIL INTEIRO

“ O Itaú teve um lucro de R$13 bi em 2010, foi o campeão. O que os bancários ganham em troca? Desrespeito e demissões.”

agosto 201108

Page 9: Revista Bancari@s

SEE

B C

uri

tib

a

Sindicato cobraatitude do HSBC

Dia após dia, dirigentes sindicais do HSBC estão travando uma batalha para que a Superintendência Regional do ban-co inglês respeite os bancários, auxilie no combate ao assédio moral, que já virou rotina nos locais de trabalho, e combata a forte pressão por metas cobrada pelos gestores nas agências da regional admi-nistradas por Jorge França.

Uma sequência de ações em benefí-cio dos trabalhadores foi realizada pelo Sindicato. As reclamações dos bancários foram discutidas numa reunião do Cole-tivo Estadual de dirigentes liberados do HSBC, que debateram as demandas e pro-moveram um ato em uma das agências.

Como resultado da mobilização, a superintendência do HSBC aceitou con-versar com o Sindicato, em reunião que aconteceu no Palácio Avenida. “Cobra-mos mudanças imediatas da atual gestão

da superintendência. Não se respeita o histórico dos funcionários e são cobradas metas absurdas”, afirma Carlos Kanak, coordenador da COE Nacional.

Problema sem fimOs funcionários reclamam de falta

de tempo para as atividades exigidas, de diferenças salariais e da utilização do CDP para penalizar os funcionários com demissões e assédio ao invés de cumprir seu papel como instrumento de avaliação.

Outro problema trazido pelos bancári-os é a pressão para redução dos dias de férias. Os gestores querem que os fun-cionários fiquem somente 10 dias fora, para que não haja cumprimento de metas. Durante reunião realizada em julho, o su-perintendente Ademir Correia se compro-meteu a acompanhar as escalas de férias.

Os funcionários do HSBC não aguen-

JULHO FOI MARCADO POR ATOS, REUNIÕES COM O BANCO,DEBATE DE DEMANDAS, MAS HSBC CONTINUA PRESSIONANDO FUNCIONÁRIOS

tam a pressão que estão passando e o re-flexo disso é o número de desligamentos a pedido: de janeiro a julho deste ano, 137 bancários pediram demissão. O Sin-dicato já homologou 330 desligamentos em 2011 no HSBC, sendo 180 demissões sem justa causa.

Fim das demissõesNo final de julho, o HSBC anun-

ciou 30 mil demissões no mundo e os bancários exigiram um posicionamento no banco. Em reunião com a direção do HSBC, realizada em São Paulo no dia 4 de agosto, os representantes do banco in-glês garantiram que no Brasil não haverá demissões e que novos postos de tra-balho serão criados. A Contraf-CUT e os Sindicatos dos Bancários de todo o país cobraram, ainda, o fim da rotatividade e emprego decente.

agosto 2011 09

Page 10: Revista Bancari@s

A equação que não fecha

Em julho, o Banco do Brasil anunciou mais uma péssima notícia para a segu-rança bancária e os direitos adquiridos da categoria: a ampliação de sua rede de atendimento, principalmente nos peque-nos municípios do país, com o início das operações do Banco Postal. “A partir de janeiro de 2012, começam a funcionar 6.195 novos postos de atendimento, ven-dendo produtos e serviços do BB, mas sem qualquer funcionário do BB”, escla-rece André Machado, dirigente sindical.

Com a desculpa de ampliar o acesso bancário, as instituições financeiras anun-ciam os correspondentes bancários como se fosse uma ótima opção para os clien-tes. Mas esquecem de destacar o péssimo negócio para os funcionários contratados.

Essa é uma equação que não fecha, pois o banco reduz o valor investido; nos correspondentes bancários não existem exigências mínimas de segurança, como a contratação de vigilantes e a utilização de câmeras, por exemplo; economizam com o salário e benefícios dos funcionários, que irão prestar serviços que já são rea-lizados em agências bancárias convencio-nais, mas não terão a obrigação de pagar o piso da categoria nem toda a remunera-ção indireta negociada e convencionada

(auxílios refeição, creche, alimentação, transporte, plano de saúde, etc.).

Diferença SalarialOs atendentes das agências dos Cor-

reios, que são responsáveis pelos serviços nos Bancos Postais, têm piso salarial de R$ 827. Já o piso no Banco do Brasil é R$ 1.600. “A gente já trabalhava como Banco Postal para o Bradesco, mas agora quem vai assumir é um banco público, o que gera uma expectativa de unificação das lutas e de que o governo federal resolva os problemas de segurança, de jornada, de salário”, diz Silvério Luiz Burkater, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR).

O Sintcom-PR destaca que o principal problema nos Bancos Postais é a falta de segurança. A entidade explica que recebe denúncias de assaltos diários nas unidades, mas que não existe um controle oficial, o Correio não monitora, e o Sindicato de-pende que os funcionários procurem a instituição. Silvério Burkater informou, ainda, que o Projeto de Lei nº 7.190/10, do deputado federal Vicentinho (PT-SP), tramita na Câmara e pretende reduzir a jornada dos atendentes para 6 horas e aumentar a segurança nos bancos postais

BANCO DO BRASIL ANUNCIA INÍCIO DAS OPERAÇÕES DO BANCO POSTAL EM 2012

e lotéricas, com a presença de vigilantes, mas está parado na Câmara Federal.

Banco público ou privado?O Sindicato dos Bancários defende o

fim dessa postura do Banco do Brasil, que há alguns anos copia o modelo dos ban-cos privados e adota uma política de seg-mentação e expulsão dos mais pobres das agências tradicionais. “O acordo com o Banco Postal, com o argumento de “ban-carização”, irá amplificar esse mode-lo excludente adotado pelo BB”, finaliza André Machado.

O BB está em 3.307 municípios, com 42.139 pontos de atendimento, entre agências convencionais e corresponden-tes bancários (BB Mais). Os Correios, que assinaram o acordo com o BB, possuem 6.195 agências do Banco Postal, localiza-das em 95% dos municípios brasileiros.

Correspondentes bancáriosEm 2011, o Banco Central publicou

duas resoluções (nº 3.954 e nº 3.959) que ampliam as atividades que podem ser realizadas pelos correspondentes bancários, sem qualquer definição sobre segurança ou direitos trabalhistas já con-quistados pela categoria.

10

Page 11: Revista Bancari@s

Reunião porlocal de trabalho

Presidente do Bradesco ganha R$ 10,4 mi

Em julho, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região deu início às visi-tas por local de trabalho nas agências da Caixa Econômica. A primeira visita foi à agência Carlos Gomes, a maior da Caixa na base do Sindicato, no dia 13 de julho.

Na visita, os dirigentes conversaram com os bancários sobre assuntos que fazem parte do dia a dia da Caixa, com informes das negociações permanentes, da campanha salarial que se aproxima e de problemas como a marcação correta no Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon). “Queremos ori-

Luiz Trabuco, presidente do Bradesco. Rendimento em 2010? R$10,4 milhões em salários e bônus. Um bancário do Bradesco que ganha o piso da categoria recebe, no ano, R$26,4 mil, incluídos sa-lários, regra cheia da Participação nos Lu-cros e Resultados (PLR), tickets refeição e alimentação. Sendo assim, o presidente do Bradesco recebe 394 vezes a mais do que um funcionário com os menores salários do banco. Estes valores foram declarados pelo banco à Comissão de

entar para preservar a saúde do bancário da Caixa. Relembramos a todos sobre o acordo de combate ao assédio moral, assinado pela Caixa em aditivo”, conta Herman Felix, di-rigente do Sindicato.

Também foi falado sobre as ações judiciais em andamento e as que ainda serão protocoladas, com o Sindicato re-presentando os funcionários sempre que algum direito trabalhista está em jogo. No final da visita, os participantes responde-ram uma pesquisa sobre as condições de trabalho na agência.

Valores Mobiliários (CVM), que obriga companhias abertas a divulgarem os sa-lários de seus principais executivos.

Minuta engavetadaO Bradesco recebeu a minuta especí-

fica de reivindicações dos trabalhadores no dia 10 de junho e a primeira reunião com o banco aconteceu apenas no dia 29 de julho, quando foram cobradas me-lhorias no Saúde Bradesco. Os bancários querem a ampliação da cobertura em es-

DIRIGENTES CONVERSAM COM BANCÁRIOS SOBRE CAMPANHA SALARIAL E NEGOCIÇÕES PERMANENTES

pecialidades como psicologia, psiquiatria e fonoaudiologia, além de aumento da rede credenciada, garantia de atendimento de qualidade em todas as cidades do país, inclusão dos pais como dependentes no plano e extensão após a aposentadoria.

Na minuta, os bancários também pe-dem igualdade de oportunidades e fim de discriminações, treinet dentro do horário de trabalho, mais investimento em segu-rança, fim do assédio moral e metas abu-sivas, entre outros pontos.

Pauta aprovada no 27º Conecef

• Fim dos correspondentes bancários e luta contra as terceirizações;

• Fim do voto de minerva no Con-selho Deliberativo da Funcef;

• Realização de um próximo Conecef até abril de 2012;

• Realização de um campanha nacio-nal para a marcação correta do ponto e para fazer valer a conquista de in-tervalo para todos os empregados.

VALORIZAÇÃO DOS PISOS DEVE ACONTECER PARA DIMINUIR AS DESIGUALDADES

agosto 2011 11

Page 12: Revista Bancari@s

Correspondentes e a precarização

Já são quase quatro décadas de surgimento dos correspondentes bancários. Durante a ditadura mi-litar, em 1973, eles surgiram para suprir a falta de agências bancárias em municípios menores e bair-ros afastados dos grandes centros. Neste ano, o Banco Central publica duas resoluções, nº 3.954 e nº 3.959, que tratam da possibilidade de contratação de cor-respondentes bancários pelos bancos.

Antigamente, os bancos terceirizavam apenas ser-viços de limpeza e de vigilância. Aos poucos, foram

terceirizados o repasse do processamento de envelopes dos caixas eletrônicos, a reta-guarda de agências e o setor de compensação. A falta de uma legislação clara sobre terceirização acaba facilitan-do este processo, já que no Enunciado 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), de 1993, consta que a con-tração de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, mas permite que se contrate temporariamente e para ati-vidades-meio.

Um levantamento feito pelo IBGE mostrou que ha-via no Brasil, no ano 2000,

5.507 municípios, 16.396 agências e 13.731 cor-respondentes. Dez anos depois, o número de mu-nicípios subiu para 5.565 e o de agências para 19.813. Já a quantidade de correspondentes passou pelo inacreditável aumento de 1.103%, e até 2010 havia 165.228 correspondentes no país. Dados da Fe-naban mostram, ainda, que 35% dos municípios não possuem agências e 26% têm apenas uma.

Saem perdendo trabalhadores, que, enquanto cor-

respondentes, desempenham atividades de bancários, mas não possuem os mesmos direitos e benefícios, além de estarem em locais menos seguros que as agências. E sai também perdendo a população, prin-cipalmente a mais pobre, que é expulsa das agências, que cada vez mais se especializam no atendimento a clientes “VIPs”. Quem tem menos dinheiro é se-gregado e transferido aos correspondentes bancários.

Na visão do advogado Nasser Ahmad Allan, asses-sor jurídico do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, em relação às condições de trabalho dos empregados, o grande erro não está nas resoluções do Banco Central. Segundo Nasser, o que buscam as resoluções é a fiscalização do trabalho realizado pelos correspondentes. Para ele, quem extrapola são os bancos, que deturpam as resoluções e as utilizam como instrumento para aumentar o número de cor-respondentes e diminuir seus custos.

Bancári@s: Qual a relação dos correspondentes bancários com os bancos? Como são contratados os serviços pelo banco?

Nasser Ahmad Allan: Os correspondentes bancários são prestadores de serviços aos bancos. A contratação, normalmente, ocorre mediante ajuste das condições gerais em contrato de prestação de serviços entre a empresa tomadora (banco) e a ter-ceirizada (correspondente bancário). Trata-se de um contrato de natureza civil.

Bancári@s: Os correspondentes surgiram para suprir uma necessidade de cidades menores que não tinham agências, mas este papel mudou. Como a atuação dos correspondentes passa a ser danosa para a população?

N.A.A.: Inicialmente a ideia da utilização dos serviços de correspondentes bancários era oferecer prestação de serviços nas pequenas cidades do país, onde dificilmente as instituições financeiras se inte-ressam em estruturar uma agência bancária. Nada

Bancos utilizam resoluções do Banco Central sobre correspondentes bancários para redução de custos

“ Evidentemente, a população sofre com estas medidas. Afinal, a preocupação com melhor atendimento aos clientes,com segurança,constituíram objetode medidas legislativas que não são dirigidas aos correspondentes bancários.”

agosto 201112

Page 13: Revista Bancari@s

justifica, sob a ótica comercial ou jurídica, a contratação de correspondentes indis-criminadamente nas médias e grandes cidades, para prestar serviços bancários. Evidentemente, a população sofre com es-tas medidas. Afinal, no passar das décadas, a preocupação com melhor atendimento aos clientes, com segurança, constituíram objeto de medidas legislativas que não são dirigidas aos correspondentes bancários. Por exemplo, a lei estadual que obriga os bancos à instalação de porta de segurança nas agências, a lei federal que impõe a pre-sença de, ao menos, dois vigilantes para permitir a abertura das agências bancárias, a proibição de uso de telefone celular dentro dos bancos, tempo máximo de es-pera em filas, entre outras. Estas medidas não são aplicáveis aos correspondentes bancários, ocasionando prejuízos à popu-lação e aos trabalhadores.

Bancári@s: A Súmula 331, do TST, sobre terceirização é um tanto confusa. O que é permitido e o que não é?

N.A.A.: Como regra, o Direito do Trabalho no país proíbe a contratação de trabalhadores por intermédio de em-presa interposta (terceirizada). Assim, normalmente a empresa que necessita da mão de obra deve empregá-la, sendo ilícita a terceirização. Quando constatada

a ilicitude do contrato de terceirização, a consequência jurídica imediata é a cons-tituição de vínculo de emprego entre o trabalhador e a empresa que se valeu de sua força de trabalho, ou seja, a tomado-ra dos serviços. A Súmula, inicialmente, afirmará que a regra é a ilegalidade da terceirização e a formação de vínculo de emprego com o tomador. Depois tratará de suas exceções. Pode-se afirmar que no direito brasileiro há duas hipóteses le-galmente previstas para terceirização, as quais seriam a contratação de trabalhador temporário (Lei 6.019/74) e de serviços especializados de vigilância e transporte de valores (Lei 7.102/83). A Súmula 331 do TST traz outra que é a contratação de empresa especializada para desenvolvi-mento de atividade-meio, ainda assim, ressalvando que o trabalhador terceiriza-do não pode constituir relação pessoal e subordinada diretamente com o tomador dos serviços, sob pena caracterizar a ilici-tude da terceirização.

Bancári@s: As resoluções 3954 e 3959 do Banco Central flexibilizam a atuação dos correspondentes. O Banco Central tem poder de legislar este tipo de coisa?

N.A.A: Não. O Banco Central pode flexibilizar a contratação de correspon-dentes bancários pelos bancos, no que

se refere à fiscalização que desenvolve sobre este setor. Entretanto, tais normas não podem interferir nas relações de em-prego. Acredito que possamos dividir as resoluções do BC em duas frentes. No âmbito trabalhista, devemos afirmar que elas não podem interferir na avaliação da licitude ou ilicitude de um contrato de terceirização entre banco e o correspon-dente bancário. Se a Justiça do Trabalho entender que a resolução tem esta ampli-tude, isso será inconstitucional, pois não cabe ao BC legislar em matéria trabalhista.

Bancári@s: Os funcionários dos correspondentes bancários podem exi-gir os mesmos direitos dos bancários? Qual o processo?

N.A.A.: A análise da licitude ou ilici-tude da terceirização deve ocorrer a par-tir da legislação indicada e pelas hipóte-ses retratadas na Súmula 331 do TST. Isso significa dizer que será ilícita a terceiriza-ção de atividade considerada como final dos bancos ou, mesmo, atividade-meio se presentes subordinação e pessoalidade com o tomador dos serviços (os bancos). Havendo isso, o vínculo se formará com o banco, o que induzirá aos direitos rela-tivos aos bancários, tais como: jornada de 6 horas; vale-alimentação; vale-refeição; PLR; piso salarial e demais direitos.

SEE

B C

uri

tib

a

“ As normas 3.954 e 3.959 não podem interferir nas relações de emprego, pois é competência privativa da União legislar em matéria trabalhista.”

agosto 2011 13

Page 14: Revista Bancari@s

O preço da"democracia"ESTUDO REALIZADO PELO SINDICATO DOS BANCÁRIOSMOSTRA O PODER DE FOGO DA ARRECADAÇÃO EM CAMPANHAS ELEITORAIS

As eleições de 2010 ficaram para trás e agora, você eleitor, está se perguntando como seus eleitos estão atuando, se seu voto valeu seus temas de interesse, se os políticos estão atuando em benefício da sociedade.

Para clarear um pouco suas ideias, a Secretaria de Políticas Sociais e Estudos Sócioeconômicos do Sindi-cato dos Bancários de Curitiba e região, dirigida pelo economista Pablo Diaz, pesquisou os deputados es-taduais eleitos no Paraná. Os dados de arrecadação e declaração de renda, ao serem expostos nesta análise, vão originar mais um questionamento na cabeça dos

eleitores: “por que você re-clama do preço do leite mas vota no dono da vaca?”

De acordo com Pablo Diaz, o objetivo dessa pes-quisa de dados, realizada através de consulta a dados públicos disponibilizados pelos Tribunais Eleitorais (TRE e TSE), é mostrar aos bancários a relação exis-tente entre poder político e

poder econômico. “A democracia que vivemos neste país tem limite e esse limite é o poder de fogo de arrecadação que os políticos eleitos têm”, explica o dirigente sindical.

Radiografia da Assembleia Os campeões em arrecadação para as eleições

2010, declarada oficialmente no TSE, entre os depu-tados estaduais eleitos são Ney Leprevost (R$ 1,7 milhão), Alexandre Curi (R$ 1,4 milhão), Stephanes Junior (R$ 831,8 mil), Rasca Rodrigues (R$ 749,8 mil) e Artagão Júnior (R$ 712,5 mil). O deputado que obteve o menor valor arrecadado foi Gilson de Souza,

com R$ 58 mil.O volume de dinheiro arrecadado em campanha

torna-se mais impressionante quando comparado com o valor do patrimônio pessoal declarado pelos então candidatos: o deputado Leprevost, que teve o maior valor arrecadado, tem patrimônio declarado de R$ 389 mil. A relação entre patrimônio e arrecadação é de 437,74%. “Essa diferença demonstra o comprometi-mento que o político eleito terá na defesa dos interesses do doador de campanha”, analisa Pablo Diaz. Destes R$ 1,7 milhão arrecadados por Ney Leprevost, R$ 1 mi-lhão foi doado por somente três pessoas físicas.

O maior valor doado por pessoa física foi de R$ 500 mil, para o já citado Ney Leprevost. Já o maior valor arrecadado por um deputado estadual eleito, no pleito de 2010, doado por pessoa jurídica, foi de R$ 130 mil, para o deputado Artagão Júnior. Essa mesma empresa ainda repassou mais uma doação de R$ 100 mil para o mesmo deputado e outro repasse de R$ 110 mil para o deputado Nelson Luersen.

São comuns também doações por pessoas jurídicas em nome de comitês dos candidatos, empresas de en-genharia, imobiliárias ou CNPJ de empresas denomi-nadas como “participações e empreendimentos”.

Financiamento Público Um dos itens em discussão no Senado e na Câmara

Federal entre as propostas da Reforma Política no Bra-sil é o financiamento público de campanha, defendido pelos movimentos sociais e entidades sindicais. “Os políticos não querem financiamento público, porque irá prejudicar o favorecimento pelo poder econômi-co”, explica Pablo Diaz.

O financiamento público, se aprovado, iria bara-tear as campanhas políticas e proporcionar condições iguais de disputa entre os candidatos. O partido rece-

“ A democracia quevivemos neste país tem limite e esse limite é o poder de fogo de arrecadação que os políticoseleitos têm.”

14

Page 15: Revista Bancari@s

beria um valor para esse fim e iria promover o debate de ideias durante as campanhas eleitorais. Vinculado ao voto em lista fechada, definida pelos partidos, o eleitor poderia escolher entre um partido e outro, sem personificar seu voto.

“Da forma como as eleições são financiadas, com doações de pessoas físicas e jurídicas, quem recebe mais doações pode investir mais em propaganda e au-mentar a chance de ser eleito pelo poder econômico. Com o financiamento público, o debate de ideias seria o foco das discussões”, avalia Pablo Diaz.

As doações e as consequênciasEm uma rápida busca no Portal da Assembleia Le-

gislativa do Paraná sobre os Projetos de Lei pretendi-dos por um dos deputados já citados, encontram-se os seguintes temas em pauta: propaganda publicitária; declaração de utilidade pública em determinadas ins-tituições; isenção de impostos; nome de rodovias; e destinos turísticos no calendário oficial. Outro depu-tado propõe legislação para criação de selo; muitas proposições para declaração de utilidade pública; e título de cidadão benemérito.

Informações declaradas nas eleições de 2010 para Deputado Estadual

Maior valor doadopara Ney Leprevost - R$ 500.000,00

Maior valor arrecadado Ney Leprevost - R$ 1.702.880,40

Menor valor arrecadadoGilson de Souza - R$ 58.054,00

Maior patrimônio declaradoAlexandre Curi - R$ 8.732.608,60

Menor patrimônio declarado Marla Turek - R$ 50.000,00

Os dados sobre patrimônio declarado de cada candidato foram apurados no site Políticos do Brasil (www.politicos-dobrasil.com.br), do Portal UOL e no do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.gov.br). A íntegra da pesquisa realizada pela Secretaria de Políticas Sociais e Estudos Sócioeconômicos do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região já está dis-ponível no site www.bancariosdecuritiba.org.br.

Page 16: Revista Bancari@s

agosto 2011

Por umasociedade justaEM 2011, BANCÁRIOS LUTAM POR EMPREGO DECENTE, COM REMUNERAÇÃO JUSTA, SAÚDE E SEGURANÇA, E PELO FIM DOS CORRESPONDENTES

com estabilidade de preços.Falácia! Segundo órgãos importantes de pesquisas

de preços, como o Dieese, o aumento da inflação está relacionado à elevação dos preços de produtos ali-mentícios, as chamada commodities, e aos preços ad-ministrados. E quem determina os valores dos produ-tos é quem produz e vende, ou seja, os empresários, e não quem consome. “Está mais que claro, como afirmam os especialistas, que ganho real não gera inflação. Pelo contrário, aumenta o poder de com-pra dos trabalhadores e gera empregos”, responde

o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Otávio Dias.

Ainda de acordo com o Dieese, a demanda agrega-da (consumo das famílias, taxas de investimentos e gastos governamentais) não é, atualmente, um fa-tor em descontrole capaz de provocar desequilíbrios econômicos. Além disso, há que se considerar que os ganhos de produtivi-dade são muito superi-ores ao que é efetivamente

repassado aos salários. “Quanto ao descompasso

entre o faturamento do setor financeiro e o reajuste que os

bancários vêm recebendo nos úl-timos anos, é evidente a injustiça.

Enquanto o lucro agregado destas insti-tuições atingiu R$ 45,4 bilhões em 2010,

um avanço de 39,3% sobre os ganhos de

SEE

B C

uri

tib

a

No Relatório de Inflação de junho de 2011, o Banco Central enfatizou o impacto dos reajustes dos salários na inflação, considerando como ‘muito importante’ o risco que os aumentos representam para a dinâmica dos preços. Na contramão do que se vem observando, o documento assinalou que o aquecimento no mercado de trabalho pode levar à concessão de ganhos reais em níveis não compatíveis

com o crescimento da produtividade e que a moderação salarial é o elemento-chave

para um ambiente macroeconômico

Page 17: Revista Bancari@s

agosto 2011

2009, a categoria conquistou, com muita luta, um reajuste salarial de 7,5%”, acrescenta Otávio Dias. “Mais que isso, o setor financeiro já provou que, com ou sem crise, os seus resultados são sempre estratosféricos. Lucro este obtido por meio da exploração de trabalhadores e também de toda so-ciedade”, completa.

Soma-se à má-distribuição dos lucros a alta rota-tividade que vem sendo praticada pelas instituições fi-nanceiras e que contribui para a redução da massa sa-larial da categoria. Tornou-se prática comum os bancos demitirem trabalhadores com tempo de serviço para contratar novos bancários, o que significa deixar de remunerar altos salários para pagar apenas o piso. Se-gundo dados do Caged, no primeiro semestre de 2011, somente no Paraná, foram 1.121 demissões no setor financeiro, seguidas da contratação de 1.645 trabalha-dores no mesmo período. Apesar do saldo positivo de 524, o achatamento salarial é evidente.

Nacionalmente, a Pesquisa de Emprego Bancário, re-alizada pela Contraf-CUT e pelo Dieese com base nos dados do Caged, revelou que em 2010 os bancos que atuam no país desligaram 33.418 bancários (7% da ca-tegoria), com remuneração média de R$ 3.504,78, e contrataram 57.450 trabalhadores, com ganho mensal médio de R$ 2.187,86 – uma redução remuneratória de 37,57%. A rotatividade explica o fato de a catego-ria ter conquistado 17,26% de aumento real de sa-lário entre 2004 e 2010, enquanto o salário médio dos bancários cresceu apenas 3,66% (passando de R$ 4.278,61 para R$ 4.435,41) nesse mesmo período.

17

Foto

s: C

on

traf

-CU

T

Page 18: Revista Bancari@s

É diante deste cenário, impregnado por um dis-curso oficial que privilegia o patronato em detri-mento à classe trabalhadora, que a categoria definiu, durante a 13ª Conferência Nacional dos Bancários, que, em 2011, irá lutar por emprego decente e pelo fim do correspondente bancário. “Ao exigir emprego decente estamos falando de remuneração justa, es-

tabilidade, segurança, saúde e qualidade de vida. Não podemos deixar a rotativi-dade promovida pelos ban-cos como forma de aumentar a sua rentabilidade”, declara o presidente do Sindicato. “Desde já, estamos concla-mando todos os bancários do país a fazer uma grande mo-bilização para que tenhamos a melhor campanha salarial que já fizemos”, acrescenta.

Conferência NacionalA 13ª Conferência Nacio-

nal dos Bancários foi realiza-da nos dias 29, 30 e 31 de julho, em São Paulo. Os 695 delegados eleitos e observadores de todo o Brasil que participaram do evento decidiram as principais reivindicações para 2011: reajuste que contemple a reposição da inflação mais 5% de aumento real; PLR de três salários mais R$ 4.500; piso da categoria igual ao salário mínimo do Dieese; mais contratações

e estabilidade no emprego; além de melhorias na se-gurança bancária e combate às metas abusivas, ao as-sédio moral e à terceirização.

Os bancários decidiram ainda intensificar a cam-panha pela inclusão bancária, que assegure prestação de todos os serviços financeiros a toda a população, realizada em agências e PAB’s por profissionais bancá-rios. O objetivo é assegurar atendimento de quali-dade, respeitando as normas de segurança e prote-gendo o sigilo bancário. Também ficou definido apoio total ao Projeto de Decreto Legislativo 214/2011, do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que revo-ga as resoluções do BC que ampliaram a atuação dos correspondentes bancários. Além disso, a categoria reivindica do governo a convocação de uma Confe-rência Nacional sobre o Sistema Financeiro.

O encontro nacional dos bancários foi o ponto culminante de um processo democrático de discussão com a categoria em todo o país, que passou por as-

agosto 201118

“ Mais que isso, o setor financeiro já provou que, com ou sem crise, os seus resulta-dos são sempre estra-tosféricos. Lucro este obtido por meio da exploração de traba-lhadores e também de toda sociedade".

Page 19: Revista Bancari@s

sembleias, consultas dos sindicatos junto às suas bases, pesquisa nacional, encon-tros estaduais e conferências regionais. “O evento foi um sucesso. As correntes políticas apresentaram suas propostas para os delegados do país inteiro, avali-ando e escolhendo as pautas mais re-presentativas. A pauta de reivindicações foi discutida em todos os sotaques do Brasil”, destaca o Secretário de Finanças da Contraf-CUT, Roberto von der Osten (Betão). A minuta foi entregue à Fenaban no dia 12 de agosto.

Participaram do encontro nacional os 33 delegados e observadores eleitos du-rante a Conferência Estadual dos Bancári-os do Paraná, realizada nos dias 02 e 03 de julho, em Londrina.

Bancos públicosAlém das reivindicações gerais que

compõem a minuta da Campanha Nacio-nal dos Bancários 2011, os trabalhadores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal irão lutar por bandeiras específicas. O 22º Congresso Nacional dos Funcionári-os do BB e o 27º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) foram re-alizados nos dias 09 e 10 de julho, em São Paulo, e definiram as principais demandas dos bancários de bancos públicos.

Os eixos definidos para a campanha específica da Caixa foram: isonomia, re-composição do poder de compra dos sa-lários, melhorias no Saúde Caixa, fim do voto de minerva na Funcef, pagamento do vale e da cesta-alimentação para todos os aposentados e pensionistas e o fim da discriminação aos empregados do REG/Replan não saldado. Os bancários também aprovaram a campanha unificada e a ma-nutenção da atual formação da CEE Caixa. Será realizada tam-bém uma campanha nacio-nal para marcação correta do ponto, atacando os problemas enfrentados pelos trabalha-dores com o Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon). Outra campanha será feita para fazer valer a conquista de intervalo para todos.

Já a pauta específica dos bancários do BB inclui me-lhorias no Plano de Cargos Comissionados e no Plano de Cargos e Remuneração, fim de voto minerva na Previ, fim imediato das terceiriza-ções e dos correspondentes bancários, intensificação do

combate ao assédio moral e às metas abu-sivas, combate ao descomissionamento e fim do fator previdenciário. É preciso também reforçar o caráter público do BB para ampliar o crédito produtivo sem dis-criminar os clientes de baixa renda e lutar pela jornada de 6 horas para todos.

agosto 2011

Page 20: Revista Bancari@s
Page 21: Revista Bancari@s

agosto 2011

Cultura na rua: Curitiba não está preparada

Curitiba vive um impasse. Ao mesmo tempo em que há uma população com sede de manifestações culturais, há um lado que reprime as reuniões de pessoas em espaços públicos, alegando tumulto. “Sempre houve muita cultura em Curi-tiba, mas guardada em nichos específicos. As pessoas estão manifestando a vontade de sair de casa, dos estúdios, e irem para as ruas, mas a cidade não comporta, os mo-radores se incomodam e acabam com a diversão dos demais”, afirma André Wlo-darczyk, coordenador do Fórum Perma-nente de Música do Paraná (FPM-PR).

Segundo a Fundação Cultural de Cu-ritiba (FCC), a cidade busca promover os artistas locais por meio de editais que con-templam as mais diferentes áreas, como cinema, literatura, música e artes visuais. A assessoria da FCC lembrou, no entanto, que os eventos realizados ao ar livre pre-cisam seguir regras e levar em considera-ção os limites de decibéis permitidos e a limpeza e conservação dos locais públicos, podendo haver multa para os organiza-

PREFEITURA REPENSA EVENTOS AO AR LIVRE

dores que desrespeitarem estas normas. Em julho, representantes da Prefeitura

e moradores da região central criaram uma comissão formada pelas secretarias municipais de Urbanismo e Meio Ambi-ente e a Regional Matriz, que discutirá o futuro dos eventos realizados no centro de Curitiba e, principalmente, no Cen-tro Cívico. A assessoria da Secretaria de Urbanismo informou que ainda está es-tudando o caso, mas que a preocupação maior dos moradores é com os horários das programações “mais barulhentas”. Não é descartado que sejam proibidos os eventos na Praça Nossa Senhora de Salete, principal alvo de reclamações, caso os moradores entrem com processo judicial. Por enquanto, existe negociação por se tratar de um espaço público.

Vale lembrar também do caso da Pe-dreira Paulo Leminski, que é considerada por importantes artistas um dos me-lhores locais para shows do mundo. A Pe-dreira está fechada desde 2008, quando 134 moradores tiveram uma liminar a-

colhida pela Justiça e o espaço foi inter-ditado. Com isso, a capital paranaense já perdeu uma incontável quantidade de espetáculos. “Quando a Pedreira surgiu como espaço para shows, aquela era uma região com poucas residências. A popula-ção chegou ali depois, com o inchaço da cidade. É falta de planejamento”, pensa André Wlodarczyk.

Para Wlodarczyk, Curitiba não está preparada. Até existem regiões que con-centram bares e casas noturnas, com música madrugada adentro. “A pessoa pensa duas vezes antes de comprar uma casa na região porque sabe que os bares serão seus vizinhos. Se a prefeitura revi-talizasse áreas próximas do centro, como o bairro São Francisco, quem frequen-taria estas ruas seriam as pessoas interes-sadas”, acredita. Ele reforça que a popula-ção aumentou e o número de produtores de cultura cresceu. “Ao invés da cidade investir em espaços, promover e ajudar nas manifestações culturais, faz o con-trário”, finaliza.

21

Foto

s: R

on

ald

o D

uar

te

Page 22: Revista Bancari@s

agosto 201122

Para o psicólogo Roberto Heloani, es-pecialista na área trabalhista e professor da Unicamp, o homem está cada dia mais sendo substituído por máquinas. A Secre-taria de Saúde do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região acompanha diaria-mente o sofrimento de trabalhadores que buscam ajuda ou alguma resposta para os sofrimentos que têm suas origens no próprio local de trabalho. “Nesse mundo pluralista que fazemos parte, e que não temos como fugir, o homem é coisifica-do, enquanto a “coisa” (máquina) ganha vida. O objeto criado ganha mais valor que seu criador”, observa a assistente so-cial do Sindicato, Roseli Paschoal.

O grande paradoxo desta realidade, na opinião de Roseli, é que os bancos demitem com a justificativa da lógica pós-moderna (“funding”) de que em momentos de turbulência é necessário o enxugamento do quadro funcional. “E nesse quadro, são demitidos os ‘dinossau-ros’, que têm salário alto, para que sejam contratados funcionários jovens, gradua-dos, qualificados, com perfil polivalente que possam se adaptar às mudanças plu-ralistas da nossa era”, diz a profissional. Neste patamar, alguns bancários denun-ciaram ao Sindicato que ouviram de um diretor de banco que a instituição “não é uma ONG para ficar com parasitas”.

Expansão dos lucrosOs lucros dos maiores bancos que a-

tuam no país, acumulados no exercício fi-nanceiro de 2010, são destaque na mídia. E somente no 1º trimestre de 2011 as três

maiores instituições do Brasil oscilaram de R$ 2,71 bi a R$ 3,53 bilhões. Em 2010, o Itaú Unibanco lucrou R$ 13 bi, mais de um bilhão por mês de lucro líquido.

“Será que existe alguma justificativa da ‘empresa enxuta’ pelos bancos, ou que eles não são ONGs para ficar com parasi-tas? Será que são os funcionários ‘dinos-sauros’ que são parasitas? Se avaliarmos a etimologia da palavra parasita chegaremos à conclusão que parasitas não produzem. Então, quem está gerando esses lucros as-sombrosos para os bancos?”, questiona a secretária de Saúde do Sindicato Ana Fideli Marques, bancária do Itaú.

O bancário deve refletir. Sabe-se que o desemprego cresce de forma assustadora, em nível mundial, devido ao processo de globalização, abertura econômica e ajustes macro e microeconômico. E os bancários não podem fechar os olhos para essa realidade. Se os bancos estives-sem de fato preocupados com a respon-sabilidade social do país, eles saberiam que é “perfeitamente possível manter uma taxa de lucro sem a ‘enxuta’”, como declarou Roberto Heloani.

Responsabilidade socialO desemprego é uma responsabi-

lidade social, porque com ele vem uma avalanche de mudanças e mazelas sociais. Nesse novo ambiente de trabalho, forjado pelas mudanças, pressões e demissões, as queixas de episódios depressivos e ansie-dade aumentam, principalmente quando os bancários veem seus colegas sendo demitidos. Antes era mais fácil se recolo-

Bancos lucram e bancários padecemINSTITUIÇÕES FINANCEIRAS CRESCEM E A CATEGORIA ADOECE

car. Hoje, quem perde o emprego enfrenta um mercado reduzido.

Na opinião da assistente social Roseli Pachoal, até mesmo quem diz encarar a demissão “numa boa”, não está isento da tensão emocional. “Alguns até se sentem aliviados com a demissão, pois não su-portavam mais tanta pressão no trabalho e, num primeiro momento, optam por cuidar de suas famílias. Mas esse alívio não isenta da preocupação com o ama-nhã”, diz.

A realidade que se apresenta ao Sindi-cato no dia a dia da Secretaria de Saúde, após a demissão, é o medo do mercado de trabalho e pelo trabalhador estar doente. “O número de funcionários que se quali-ficam em outra área, fora do ramo finan-ceiro, ainda é bastante tímido, devido à falta de tempo, pois o banco suga todo o tempo e também a energia de seus traba-lhadores”, explica a assistente social.

Alerta aos bancáriosO Sindicato recomenda a todos os

bancários que reflitam, que a saída (de-missão) de um trabalhador não pode ser encarada como algo individual, ela pre-cisa ser vista de uma maneira coletiva. Se o “sujeito” que trabalhava tanto quanto você, às vezes 12 horas por dia, para dar conta de algum projeto e cumprir as me-tas, mesmo que ele não tenha conseguido superar as metas absurdas estabelecidas pelo banco, ele é alguém que estava con-tribuindo com os lucros exorbitantes do banco, então, não tem justificativa para sua demissão.

Page 23: Revista Bancari@s

agosto 2011

Entre julho e dezembro de 2001, o Paraná passou por uma das maiores ba-talhas políticas de sua história, que levou movimentos sociais, partidos políticos e sociedade civil a se unirem por uma causa única: a não privatização da Companhia Paranaense de Energia, a Copel. Esta luta completa uma década em 2011 e merece ser revisitada.

A proposta de venda partiu do então governador do Paraná, Jaime Lerner. Ele apresentou um projeto à Assembleia Le-gislativa que previa a venda da empresa por um custo bem abaixo do mercado, sob a justificativa de perda de competitivi-dade e liderança até 2004. Diante disso, os paranaenses se uniram e criaram o Fórum Popular Contra a Venda da Copel, que con-tava com 426 entidades.

O Fórum apresentou, em junho daquele ano, um projeto de iniciativa popular com um abaixo-assinado com mais de 120 mil assinaturas, co-letadas em todo Paraná, na tentativa de barrar o projeto de

Lerner. O Fórum também realizava mobi-lizações nas ruas, debates parlamentares, palestras em universidades, visando infor-mar a população sobre o que acontecia.

O projeto de iniciativa popular seria votado no dia 15 de agosto. A seção apre-ciativa já acontecia desde o dia anterior e quando os deputados ameaçaram vo-tar pela rejeição do projeto, milhares de manifestantes ocuparam a Assembleia, onde permaneceram até a manhã seguinte e impediram a votação. “Foi um momen-to histórico, uma data que ficou marcada nessa luta”, lembra o secretário de im-prensa do Sindicato, André Machado, que na época participou das mobilizações. No entanto, a votação do projeto aconteceu alguns dias depois, sob forte proteção da Polícia Militar. O projeto foi recusado por apenas um voto.

Em setembro de 2001, Lerner, igno-rando a movimentação da população, anunciou o preço mínimo para leilão: R$4,324 bi, quase nove vezes menos do

que o Fórum Popular acredi-

tava que valia a Copel (R$35 bi). Então, a briga continuou com uma série de li-minares suspendendo leilões e anulando decisões. Por fim, a desistência, em série, dos possíveis investidores acabou tornan-do o processo de privatização da Copel um fracasso.

Passaram-se dez anos desta luta histórica, mas o fantasma da privatização continua rondando. Em julho deste ano, o governador Beto Richa encaminhou à Alep um projeto que propõe a ampliação da atuação da Agência Reguladora de Ser-viços Públicos. Vale lembrar que as agên-cias reguladoras são um subproduto di-reto das privatizações ocorridas nos anos 1990 e enfraquecem o Estado e seu poder efetivo de regulação, visto casos como a Anac, Anatel e Aneel.

Devido ao projeto de Beto Richa, o Fórum Popular Contra a Venda da Copel será reati-vado a partir de agosto de 2011. As ações serão in-formadas em reuniões em todo Paraná e terá o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

A energia queveio das ruasEM 2011, A LUTA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA COPEL COMPLETA DEZ ANOS

Page 24: Revista Bancari@s

agosto 201124

Programas próprios e inapropriados

‘Colaborar’, ‘compartilhar’ e ‘construir’ são verbos que fazem parte da boa educação, os quais trazemos para o nosso ambiente de trabalho. Estes nos acompanham, mas não fazem parte de qualquer prática patronal.

No ano de 2004, o Sindicato negociou com o banco Itaú a implementação do Programa de Redução de Despesas e o êxito do mesmo garantiu o pagamento de uma participação nos resultados adi-cional. O conjunto de trabalhadores bancários à épo-ca respondeu prontamente àquelas metas negociadas entre as partes. E, ao nos aproximarmos da campanha salarial, surgiu o boato de que teríamos o pagamento completo da remuneração negociada. Porém, para a indignação de todos, logo após o encerramento da campanha, veio a surpresa: o patrão gerou contabi-lizações que estavam fora do controle dos trabalha-dores e isso comprometeria o pagamento do bônus acordado. A nossa luta garantiu o pagamento da remuneração, o resto faz parte da nossa história de construção do conglomerado Itaú.

Este é um exemplo que mostra o espírito de co-laboração que existe entre os trabalhadores no banco Itaú, independente da sua origem funcional. Vale lembrar o pronto atendimento da massa trabalhadora para cumprir a missão, na época negociada entre o Sindicato e o banco (a de reduzir as despesas).

Inovamos na remuneração recebida ao longo dos anos e compartilhamos o recebimento do Programa de Participação Complementar nos Resultados (PCR) igual para todos, sem que a mesma seja descontada de qualquer programa próprio permitido pela Lei 10101/2000. Aliás, é nosso desejo que qualquer pagamento a título de participação em lucros ou re-sultados não seja descontado da Participação nos Lu-cros e Resultados (PLR) da Convenção Coletiva dos Bancários. Isto faz parte da atual minuta de reivindi-cações remetida aos patrões no dia 12 de agosto (Ar-tigo 30, parágrafo 2º). Saiba mais acessando www.bancariosdecuritiba.org.br.

O abuso das metasNestes últimos anos, o nosso patrão fala em

inovação. Mas, ao que parece, o termo refere-se à maneira de impor metas e pagar o menos possível. É o programa AGIR, a tal cultura de performance, o “Nosso Jeito de Fazer”, o novo programa Gestão de Performance e, agora, a Meritocracia do Itaú.

Enquanto isso, metas e mais metas a cada dia, como é o caso da área operacional das agências, que se vê o-brigada a vender produtos para completar a pontuação do “Gestão de Performance”. Sem contar que as me-tas mensais do “AGIR-negócios” têm sido informadas na segunda quinzena do próprio mês. Dois absurdos. Aonde vamos parar com estes programas que não se definem e com o abuso na forma e na quantidade das metas impostas pelo Itaú Unibanco?

Sob metas, estamos todos calejados. Poucos são os trabalhadores que recebem mais que a PLR da Con-venção Coletiva. A Conferência Nacional dos Bancári-os definiu que o cumprimento de metas deve estar ligado ao pagamento justo deste trabalho, bem como a meta não pode ser abusiva.

Neste próximo período, além de renovarmos as nossas energias para a campanha salarial, precisa-mos nos atentar para a conjugação “Nosso Jeito de Fazer” e “Meritocracia”, terminologias que pre-gam o individualismo em oposição ao coletivo que compõe cada uma das unidades de trabalho (agên-cias ou departamentos).

A “Meritocracia” traz em sua natureza a com-petição, algo contrário ao espírito de compartilha-mento que nos une no dia a dia. Como diz o próprio banco: “A meritocracia é uma das principais crenças do Itaú Unibanco e, dessa forma, entendemos que sua prática ampla é um direito e um dever de to-dos”. Isto posto, um novo tempo nos aguarda. Para enfrentar este cenário, é fundamental que cada um de nós compreenda a importância da nossa união e do nosso Sindicato. Lembre-se, qualquer abuso deve ser denunciado!

José AltairMonteiro Sampaiodirigente daFETEC-CUT-PR

Page 25: Revista Bancari@s

Sindicatorepresentabancários judicialmente

Serviço acumulado, desvio de função, aumento de jornada sem a contrapartida salarial, pressão por metas. Além das já conhecidas lutas diárias dos bancários durante a jornada de trabalho, o Sindi-cato atua em defesa da categoria para que injustiças trabalhistas sejam corrigidas através de ações judiciais.

A Secretaria Jurídica do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região e os ad-vogados trabalhistas contratados pela en-tidade representam os bancários sindica-lizados que são parte em ações judiciais que podem corrigir distorções nas rela-ções de trabalho.

Horas extrasA jornada dos bancários foi conven-

cionada em 6 horas diárias para cargos técnicos ou que não sejam de gerência. Para compensar essas perdas dos fun-cionários que trabalham 8 horas diárias por determinação dos bancos, diversas ações judiciais contra a Caixa e o Banco do Brasil foram protocoladas para que a 7ª e 8ª horas sejam pagas como extras. Novos lotes de ações foram protocolados em 2011 e outros já tiveram ganho de causa para os bancários.

BANCÁRIOS SÃO BENEFICIADOS EM AÇÕES JUDICIAIS PROTOCOLADAS PELO SINDICATO

Outra ação envolvendo bancários do BB também beneficiou os trabalhadores na decisão em primeira instância: a Vara do Trabalho garantiu o direito dos incor-porados do Besc de serem beneficiados pelo mesmo atendimento médico dos demais, através da Cassi. O banco tem o direito de recorrer, mas esta decisão é comemorada por estes bancários, que dependem do atendimento do SUS en-quanto o impasse judicial não é resolvi-do, já que o BB não aplica a isonomia de direitos neste caso.

Desvio de funçãoDuas ações, também contra o Banco do

Brasil, procuram garantir a isonomia entre os bancários que são prejudicados com o desvio de função. A primeira, busca a iso-nomia entre os atendentes A e B na Central de Atendimentos (CABB), já que existem diferenças salariais entre os dois segmentos.

A outra, também de desvio de função, busca a garantia de recebimento de verbas salariais como analistas para funcionários do Centro de Serviço de Logística (CSL) que atuam como pregoeiros no setor de licitações. Ambas ainda aguardam uma decisão do judiciário.

CTVAOs bancários da Caixa que estão em

vias de se aposentar e que possuem REG/Replan não saldado ou que efetivaram o saldamento são parte em duas ações que pedem a integração dos valores do Com-plemento Temporário Variável de Ajuste de Mercado (CTVA) para complementação da aposentadoria. A ação ainda não foi julgada.

Denúncias ao MPTA diretora da Secretaria Jurídica do

Sindicato, Karla Huning, informa aos bancários que todas as denúncias que chegam à entidade sobre o assédio moral estão sendo reunidas em um documento que será apresentado para o Ministério Público do Trabalho e na Superintendên-cia Regional do Trabalho e Emprego para que seja convocada reunião com os seis maiores bancos que atuam no país.

“O Sindicato está instruindo diver-sas ações junto ao MPT e SRTE com as denúncias recebidas de assédio moral praticado nos bancos, sempre preser-vando o anonimato do denunciante”, garante Karla. O Sindicato irá cobrar me-didas contra a prática de assédio moral na categoria bancária.

agosto 2011 25

Page 26: Revista Bancari@s

01.06.2011

18.06.2011

17.06.2011

Nova gestão do Sindicato e da FETEC tomam posse

Foi realizada na noite do dia 17 de junho, no Espaço Cultural, a solenidade de posse da diretoria do Sindicato para o triênio 2011-2014, sob presidência de Otávio Dias. Na ocasião, também foi empossada a nova direção da FETEC-CUT-PR, que reconduziu Elias Jordão à presidência da entidade. O evento foi conduzido por Roberto von der Osten,

o Betão, e teve a presença de Carlos Cordeiro, da Contraf-CUT, e dos dire-tores das regionais da FETEC no Paraná Damião Rodrigues e Neil Emídio Ju-nior. Também participou da soleni-dade o presidente do Sindicato do Rio de Janeiro, Almir Aguiar. Mais de 400 bancários e familiares se reuniram no Espaço Cultural para celebrar.

Bancários elegem delegados sindicais para BB e Caixa

Entre os dias 01 e 09 de junho, os bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal votaram para eleger novos delegados sindicais. Os eleitos são representantes do Sindicato nos locais de trabalho e têm mandato de um ano.

As eleições foram realizadas em to-das as agências da base de Curitiba e

região. Os delegados sindicais são os responsáveis por informar ao Sindicato as reivindicações nos locais de trabalho e possuem estabilidade no emprego durante o mandato. Também são os delegados sindicais que repassam aos bancários as informações dos debates que ocorrem nas reuniões do movi-mento sindical.SE

EB

Cu

riti

ba

SEE

B C

uri

tib

aSE

EB

Cu

riti

ba

Encontros Estadual e Nacional BB e Caixa

No sábado, 18 de junho, os bancários do BB e da Caixa do Paraná participaram de encontro preparatório para a Cam-panha Nacional dos Bancários 2011. Os trabalhadores debateram as reivindica-ções específicas das negociações com os bancos públicos, que foram encaminha-das para o Encontro Nacional dos traba-lhadores dos dois bancos.

O Conecef e o Congresso do BB foram realizados em São Paulo, nos dias 9 e 10 de julho, e aprovaram a minuta de reivindicações para a campanha sa-larial deste ano. A pauta inclui melho-rias nos planos de carreiras, isonomia, melhorias nos planos de saúde, recom-posição do poder de compra dos salári-os, entre outros.

agosto 201126

Page 27: Revista Bancari@s

19.06.2011

Boleiros do BB é o timecampeão da Copa Bancária

A final da Copa Bancária foi entre dois times de bancários do Banco do Brasil: Boleiros do BB e Órfãos do Dida. Os Boleiros foram campeões pelo placar de 3 a 1 nos pênaltis, depois do empate em 1 a 1 no tempo normal.

O terceiro e quarto lugares foram para os times Fusão e AABB, respecti-vamente. A disputa pelo terceiro lugar

terminou em 7 a zero. A competição, promovida pelo Sindicato dos Bancári-os de Curitiba e região, também pre-miou o artilheiro Marcelo Martins, do time campeão; o goleiro menos vazado foi Flávio Ortega, do mesmo time; e o troféu Fair Play foi entregue para o time formado pelos bancários do HSBC Xaxim.

SEE

B L

on

dri

na

SEE

B C

uri

tib

aSE

EB

Cu

riti

ba

27.06.2011

Reivindicações dos bancários do Paraná são aprovadas

Foi realizada em Londrina, nos dias 02 e 03 de julho, a Conferência Es-tadual dos Bancários do Paraná, com debate dos eixos temáticos da cam-panha salarial. Durante o encontro, foram definidas as prioridades dos bancários do Paraná para emprego e remuneração, saúde e condições de trabalho, segurança bancária e Sistema

Financeiro Nacional, com base na pes-quisa preenchida pelos trabalhadores de todo o estado.

A pauta foi encaminhada para a 13ª Conferência Nacional dos Bancários, re-alizada entre 29 e 31 de agosto, em São Paulo. A Conferência Regional do Sin-dicato foi realizada no dia 19 de junho para a base de Curitiba e região.

02.07.2011

Reunião da Coopcrefi define assembleia extraordinária

Em reunião realizada na sede do Sin-dicato, no dia 27 de junho, os dirigentes da Coopcrefi, a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Bancários, fizeram um ba-lanço das atividades do 1º semestre e de-liberaram encaminhamentos.

Entre as deliberações, os dirigentes definiram o apoio da entidade ao fo-mento do cooperativismo e à econo-

mia solidária, através da participação em seminários promovidos pela Cescoper. Outra deliberação foi pela realização de Assembleia Geral Extraordinária, prevista para agosto, com a convocação dos coo-perados. A reunião teve a presença de re-presentantes da Cescoper Serviços (Coo-perativa de Economia e Crédito Solidário), que prestou assessoria ao encontro.

agosto 2011 27

Page 28: Revista Bancari@s

06.07.2011

11.07.2011

07.07.2011

CU

T-P

R

Divulgada pesquisa de ataques a bancos

O Sindicato dos Bancários de Cu-ritiba, a Contraf-CUT, o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e a Confedera-ção dos Vigilantes (CNTV) divulgaram, durante Coletiva de Imprensa, no dia 11 de julho, a 1ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos. Os dados foram apu-rados em casos divulgados pela impren-sa, através de dados oficiais das secre-

tarias estaduais de segurança pública e com a colaboração dos sindicatos. Foram 838 ataques em todo o país, sendo 301 assaltos às agências abertas ao público e 537 arrombamentos de caixas eletrônicos, incluindo os casos de explosões ou com o uso de maçaricos. Somente no Paraná foram 56 casos, o terceiro maior número de ataques. SE

EB

Cu

riti

ba

Dirigentes liberados do HSBC debatem demandas

Os dirigentes liberados do HSBC de todo o Paraná se reuniram no Espaço Cultural para debater temas prioritários da categoria: emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho. Em pau-ta, a preocupante situação dos trabalha-dores do banco inglês que sofrem diari-amente com pressão e assédio moral, que geram insatisfação, grande número de

demissões a pedido, alta rotatividade e o medo dos bancários de denunciar.

Em todo o Estado, os bancários do HSBC também estão sofrendo com a pressão e assédio para cumprimento das metas. Os dirigentes também debateram sobre as constantes reclamações dos funcionários do HSBC com o Programa Próprio de Remuneração (PPR).SE

EB

Cu

riti

ba

Sindicato mobilizado noDia de Lutas da CUT

Trabalhadores de diferentes catego-rias se mobilizaram em Curitiba, no dia 6 de julho, pelo Dia Nacional de Lutas da CUT. Os protestos foram pelo fim do imposto sindical, fim do fator previden-ciário e contra as terceirizações, que es-tão em pauta em medida provisória que pode ser aprovada nos Correios, além de duas resoluções do Banco Central de

2011. As medidas regulamentam as ati-vidades dos correspondentes bancários e precarizam o trabalho da categoria, sem os direitos e a segurança adquiridos den-tro das agências.

O Dia de Lutas também teve intensa mobilização da APP Sindicato por me-lhores condições de trabalho e salários para os professores.

agosto 201128

Page 29: Revista Bancari@s

13.07.2011

19.07.2011

16.07.2011

Itaú demite e bancários atrasam abertura de agências

Em ato realizado na Boca Maldita, os bancários de Curitiba e região alerta-ram a população sobre o descaso do Itaú com seus funcionários e clientes. Com o grande número de demissões, que este ano chegam a 100 por dia na mé-dia nacional, as consequências sobram para a população que precisa de atendi-mento bancário. “O banco cobra tarifas

Festa Julina anima família bancária

O Sindicato promoveu, no dia 16 de julho, mais uma edição da tradicional Festa Julina dos Bancários, reunindo centenas de trabalhadores, familiares e amigos para uma tarde de diversão no Espaço Cultural.

A festa foi celebrada com decora-ção e comidas típicas, jogos e brinca-deiras para divertir a garotada, além

Sindicato paralisa agência do HSBC na Cidade Industrial

Após receber denúncias de assédio moral e pressão para atingimento de metas, o Sindicato paralisou a agência do HSBC localizada na Cidade Industrial de Curitiba. Os trabalhadores do HSBC CIC têm reclamado com frequência da pressão para cumprimento de metas dentro da agência e também das ati-tudes de Jorge França, superintendente

regional do banco.“Exigimos respeito com os bancári-

os, que trabalham muito e são os ver-dadeiros responsáveis pelos resultados do banco. O Sindicato não compactuará com esta postura desrespeitosa”, afir-ma Carlos Alberto Kanak, dirigente do Sindicato e Coordenador Nacional da COE/HSBC.

de muita animação. Foram servidos pinhão, quentão, cachorro quente, al-godão doce. As crianças puderam par-ticipar de brincadeiras como pescaria, boca do palhaço, acerte na lata, além de cama elástica, touro mecânico e pis-cina de bolinhas.

Participe você também das ativi-dades do Sindicato!

abusivas e precariza o atendimento. Em agências com dois caixas, o banco irá disponibilizar apenas um. Vocês pagam para se auto-atender”, alertou Junior Cesar Dias, dirigente do Sindicato. Oito agências do Itaú localizadas no Centro de Curitiba foram fechadas durante a manhã. O atendimento ao público foi normalizado ao meio-dia.

SEE

B C

uri

tib

aSE

EB

Cu

riti

ba

SEE

B C

uri

tib

a

agosto 2011 29

Page 30: Revista Bancari@s

Sindicato promoveencontro emocionante

Para comemorar os 79 anos, o Sindi-cato dos Bancários convidou os perso-nagens dessa história de mobilizações e conquistas para homenageá-los e reunir seus depoimentos, que serão publicados em um livro, com lançamento em 2012, nos 80 anos do Sindicato.

Na noite de 6 de julho, 15 ex-presi-dentes e dirigentes que estiveram à frente do Sindicato desde a década de 1940 se reencontraram no Espaço Cultural dos Bancários (foto).

O encontro proporcionou a emoção, pela simples homenagem ainda em vida, pelo futuro do movimento sindical bancário, pela valorização do coletivo.

“Lembro que a luta sindical é plu-ral e coletiva. Estávamos fadados ao es-quecimento e hoje fomos lembrados”, rememorou Roberto von der Osten, ex-presidente. “Nós ex-dirigentes somos homenageados, mas sem os novos diri-gentes sindicais, nossa luta teria ficado no

PROJETO MEMÓRIA E HISTÓRIA RESGATA LUTAS DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE CURITIBA E REGIÃO

meio do caminho”, relatou Vitor Horácio Costa, dirigente nos anos 1960.

Ideais do movimentoAlguns também falaram sobre seus

ideais, que andavam lado a lado com a luta sindical por melhores condições de trabalho nos bancos. “O ideal nascido na Revolução Francesa, de Liberdade, Igual-dade e Fraternidade sempre renascerá no coração das pessoas enquanto houver a exploração do homem pelo homem”, bradou Wilson Previdi, militante na década de 1950. “Tenho orgulho de ser sindicalista e comunista. Nós primamos pela honestidade”, emocionou-se Sérgio Athaíde, que esteve à frente do Sindicato na década de 1970.

O ex-presidente mais antigo a pres-tar depoimento foi Nilo Biazetto, de 89 anos, que participava da direção do Sin-dicato desde 1945. Em depoimento gra-vado, disse estar orgulhoso de ser parte

dessa história. Também participaram da solenidade os ex-dirigentes Tristão Fer-nandes, Paulo José Zanetti, Yara D´Amico, Claudio Ribeiro, Luis Carlos Saldanha e Tadeu Veneri.

79 anos de lutas A solenidade foi conduzida pelo di-

rigente sindical Márcio Kieller, que é o coordenador do projeto.

A ex-presidente Marisa Stédile, que conduziu o Sindicato de 2003 a 2008, e Otávio Dias, presidente do Sindicato, também foram homenageados. Marisa salientou a importância de lembrar ex-dirigentes que faleceram, como Roberto Pinto, Arlindo, Leitão e outros.

Otávio Dias falou da emoção de parti-cipar do processo de recontar a história do Sindicato e encerrou retomando as atuais bandeiras de luta da categoria e de toda a sociedade. “Tivemos muitos avanços no país, mas é preciso muito mais”.

agosto 2011

SEE

B C

uri

tib

a

Page 31: Revista Bancari@s

agosto 2011 31

Page 32: Revista Bancari@s