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Page 1: Posicionamentos Radiologicos Abdome e Pelve

POSICIONAMENTOS RADIOLÓGICOS

ABDOME E PELVE

Michele Patrícia Muller Mansur Vieira1

1. Considerações Iniciais

Atualmente, na medicina moderna, os métodos de diagnóstico por imagem são

considerados elementos fundamentais para propiciarem um diagnóstico médico

mais preciso.

Há, portanto a necessidade do técnico em radiologia dominar conteúdos de

anatomia, fisiologia, exames contrastados e não contrastados, posicionamentos,

princípios físicos, tecnologias e funcionamento dos equipamentos para obter a

melhor qualidade de imagem permitindo assim um bom diagnóstico.

Os exames radiológicos para a região do abdome e pelve, incluindo desde a

abordagem ao usuário, características para a execução do exame, incidências, até

a respectiva conduta do exame serão apresentados a seguir.

1 Tecnóloga em Radiologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Mestre em Saúde Pública pela University of Essex; Professora do Curso Técnico em Radiologia do

Instituto Federal do Paraná.

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2. Exames Radiológicos do Abdome e Pelve

Considerando como área de interesse a região do abdome e pelve pode-se

ressaltar o uso das modalidades como exames contrastados e não contrastados,

tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia.

2.1 Modalidade Exames Contrastados e não contrastados.

Na radiologia convencional podemos subdividir os exames em:

Contrastados

Não contrastados

Os exames contrastados são aqueles que fazem uso de meios de contraste

artificiais para evidenciar estruturas anatômicas que normalmente não são bem

evidenciadas nos procedimentos sem contraste. Os exames contrastados que,

majoritariamente, compreendem a região do abdome e pelve são os seguintes:

Seriografia de Esofago, Estômago e Duodeno (SEED);

Enema Baritado ou Enema Opaco;

Transito Intestinal;

Urografia Excretora;

Uretrocistografia Masculina e Feminina.

Histerossalpingografia

Os exames não contrastados de abdome são classificados com base nas

incidências radiológicas que proporcionarão a visibilização da região de interesse,

sem detalhes tão significativos dos órgãos contidos na região.

São elas:

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Incidências básicas

Incidências especiais

Para o abdome e pelve serão apresentadas as seguintes incidências:

Abdome

Incidência Básica

o Incidência Ântero Posterior – DD

Incidências Especiais

o Incidência póstero anterior – DV

o Incidência ântero posterior – Ortostase

o Incidência ântero posterior – DD – feixe horizontal

o Incidência Lateral – DL

Pelve

Incidências Básicas

o Incidência ântero posterior – bilateral

o Incidência ântero posterior – “perna de rã”

Incidências Especiais

o Incidência ântero posterior – axial de entrada (in let)

o Incidência ântero posterior – axial de saída (out let)

o Incidência ântero posterior – oblíqua posterior

Rotina para Abdome Agudo

Incidências básicas

o Abdome – Incidência Ântero Posterior – Decúbito Dorsal

o Abdome – Incidência Ântero Posterior – Ortostase

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o Tórax – Incidência Posterior Ânterior – Ortostase

Incidência especial

o Abdome Incidência Ântero Posterior – DLE – feixe horizontal

2.2 Modalidade Tomografia Computadorizada

Para avaliação da região abdominal por meio da tomografia computadorizada

(TC), diferentemente da radiologia convencional, o estudo é realizado a partir da

cúpula diafragmática até as cristas ilíacas, respeitando critérios de divisão

anatômica para exames de alta complexidade.

São critérios para realizar um exame de TC:

a clínica do usuário por meio da requisição médica;

avaliação prévia da anamnese, a qual dará subsídios para realização de um

exame direcionado às necessidades do usuário.

Após identificar os critérios necessários é possível definir o protocolo. Este será

específico para cada órgão da cavidade peritonial superior, de acordo com a

indicação do exame, a partir dos equipamentos helicoidais são determinados

parâmetros como slice, incremento de mesa e também o pitch. Porém, com o

advento da TC multislice, essa necessidade não se torna tão relevante, devido ao

uso de cortes finos e interpolação de informações que auxiliam no processamento

das imagens adquiridas durante o exame.

A tomografia da região do abdome e pelve pode ter as seguintes aplicações

clínicas:

rastreamento;

estadiamento de tumores;

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abdome agudo (apendicite/ colecistite/ abscesso/ perfuração de vísceras

ocas, entre outros);

rins e vias urinárias (litíase, malformações e variações anatômicas);

pâncreas (pancreatite/ lesões focais – pseudocistos e neoplasias/

coledocolitíase);

fígado (lesões focais/ hemangioma/ cirrose);

Para cada aplicação clínica devem ser definidos parâmetros, que variam de

acordo com o equipamento, a patologia e os procedimentos do local de trabalho. É

fundamental identificar a extensão superior e inferior da estrutura anatômica a ser

visibilizada para a aquisição das imagens. Neste momento que mais efetivamente

serão aplicados os conhecimentos de anatomia e fisiologia da região. Havendo a

necessidade de utilizar meios de contraste, estes deverão ser injetados de acordo

com a fisiologia da patologia a ser estudada, obdecendo as seguintes fases:

arterial, portal e tardia.

Os exames realizados com contraste deverão ser discriminados pelos médicos, a

fase de contraste é determinada pela indicação clínica, conforme o

comportamento fisiológico das lesões, no entanto cada serviço desenvolve uma

rotina, devendo esta ser respeitada.

Comparativamente aos exames radiológicos do abdome, na TC de abdome

predominantemente é realizada com o usuário posicionado em decúbito dorsal. O

posicionamento terá variação, somente, por necessidades apresentadas pelo

usuário. Por exemplo, havendo a necessidade de uma biopsia em uma região

mais posterior ou lateral o usuário poderá ficar em decúbito ventral ou lateral,

respectivamente.

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2.3 Modalidade Ressonância Magnética

O técnico em radiologia deverá selecionar e utilizar corretamente as bobinas de

gradiente, que variam de equipamento para equipamento conforme a configuração

do fabricante. Estas podem ser bobinas de corpo acompanhadas com uma bobina

flex ou uma bobina especifica para a região do abdome e pelve. Os parâmetros

técnicos dependerão do tipo de estudo que será realizado.

Existem restrições absolutas para a não realização deste método, destacando-se

as seguintes:

bombas de infusão;

cápsula endoscópica e monitor de medida de pH (pHmetria);

cateter com dispositivo eletrônico;

clamp carotídeo;

clipes de aneurisma cerebral ferromagnéticos;

fios guias intravasculares;

fios metálicos de localização pré-cirúrgica mamária;

fixadores ortopédicos externos metálicos não-removíveis;

halos cranianos;

holter;

marcapasso;

monitor de Pressão Intracraniana;

prótese coclear metálica e demais implantes otológicos não removíveis.

Diferentemente do exame radiológico do abdome, na ressonância magnética (RM)

de abdome o usuário fica posicionado somente em decúbito dorsal. Porém, caso o

usuário apresente dificuldades em manter-se nesta posição é possível

reposicioná-lo para que o mesmo esteja confortavél durante todo o exame, uma

vez que, dependendo da sequência utilizada o tempo de exame poderá ser

elevado.

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2.4 Modalidade Ultrassonografia

Esta modalidade não será abordada pois, no Brasil, a ultrassonografia (US) é um

procedimento exclusivamente médico, ou seja, não faz parte das atribuições do

processo de trabalho do técnico em radiologia.

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3. Abordagem ao usuário

A recepção do usuário (a) e a condução do mesmo a sala de exames deve ser

executada obedecendo o código de ética dos profissionais das técnicas

radiológicas, ou seja, o desempenho das funções profissionais independem da

nacionalidade, raça, sexo, idade, escolhas políticas, religiosas e classe social.

É importante que o técnico em radiologia acolha o usuário de forma cordial, para

que o mesmo colabore durante a execução do exame. Além disso, faz se

necessária a avaliação e a verificação dos dados contidos na requisição médica

para que possíveis erros sejam evitados. Portanto, é salutar, verificar o nome

completo do usuário e confirmar a indicação do exame possibilitando assim que a

seleção de parâmetros técnicos seja estabelecida.

Atenção: é necessário verificar junto a usuária se há possibilidade de gravidez,

caso se confirme a gestação, verificar com o médico radiologista ou médico

responsável se a execução do exame deve ser mantida. Os princípios de proteção

radiológica devem ser respeitados.

4. Características para a execução do exame

Para que o exame possa ser conduzido da melhor maneira possível, sugere-se

que o técnico domine o seu processo de trabalho e as características para a

execução do exame otimizando, portanto, o uso dos equipamentos e acessórios

radiológicos que o local de trabalho possui.

É importante:

oferecer acessórios para a proteção radiológica do usuário e

acompanhante, sempre que este estiver na sala de exames acompanhando

o usuário;

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colimar somente a região a ser radiografada, pois assim diminuirá a área

que será exposta a radiação ionizante;

fazer uso do espessômetro, pois este identifica a espessura da região

anatômica a ser radiografada;

manter a Distância Foco Receptor de Imagem (DfoRI) a 1 metro;

incidir o feixe central, popularmente chamado de raio central,

perpendicularmente no que se refere as incidências para abdome;

A localização do feixe central em radiografias de abdome é baseada nos rebordos

anatômicos, também conhecidos como marcos topográficos, sendo estes

proeminências ósseas que são utilizadas como base para a execução de

radiografias. Por exemplo, na região do abdome, podemos utilizar diferentes

rebordos anatômicos – as espinhas ilíacas ântero superiores (EIAS), sínfise

púbica, cristas ilíacas, trocânteres maiores, tuberosidades isquiáticas, processo

xifóide, margens costais inferiores.

utilizar receptores de imagem adequados para a região;

Indica-se o uso do receptor de imagem dos seguintes formatos 30 cm x 40 cm ou

35 cm x 43 cm, respeitando o biotipo do usuário.

fornecer um apoio adequado para a região da cabeça;

Se o serviço não disponibilizar travesseiros, então deve ser adaptado um coxim

occipital utilizando um tecido de algodão e fazendo deste um rolo com a finalidade

de propiciar um conforto para o usuário.

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colocar a identificação no receptor de imagem.

Para que o médico radiologista identifique como o exame radiológico foi realizado

durante a emissão do laudo usa-se uma padronização internacional para a

identificação. Esta deve ficar do lado direito do usuário, respeitando uma posição

lógica, que não atrapalhe a visibilidade das estruturas abdominais.

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5. Incidências Radiológicas de Abdome e Pelve

As incidências radiológicas que serão apresentadas a seguir são aquelas que

fazem parte da rotina dos serviços, uma vez que considera-se que o usuário está

em condições de realizar o posicionamento para o exame, ou seja, não apresenta

dificuldades para execução dos comandos estabelecidos pelo técnico em

radiologia.

5.1 ABDOME

Incidência BÁSICA

Incidência Ântero Posterior (AP) / Decúbito Dorsal (DD)

Na prática a radiografia AP de abdome, é comumente denominada de

abdome simples ou panorâmica.

Condução do exame:

Figura 1. Posicionamento em Decúbito Dorsal para Abdome Simples

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Nessa incidência o usuário se encontra em decúbito dorsal, com o eixo y dos

feixes de radiação, coincidente com o plano médio sagital que se encontra

alinhado com a linha central da mesa, e o eixo x cruzando nas cristas ilíacas e

coincidindo com o centro do receptor de imagem. As pernas ficarão levemente

abduzidas e os braços deverão estar relaxados ao lado do corpo.

O feixe central deverá estar a 1 metro de distância foco receptor de imagem. O

receptor de imagem deve ser selecionado de acordo com o biotipo do usuário. De

modo geral, é usado o formato 35 cm x 43 cm, no sentido longitudinal.

A radiografia deve ser executada no processo expiratório, solicitando para que o

usuário respire fundo e solte todo o ar e pare o processo respiratório na expiração

para que, só então, os feixes de raios X sejam disparados e seja obtida a imagem.

As estruturas que deverão ser inclusas na radiografia (Figura 2) estão entre os:

Limite superior do abdome: cúpulas diafragmáticas que se localizam

nas proximidades do processo xifóide entre as vértebras torácicas T9

e T10.

Limite inferior do abdome: na altura da junção dos ossos púbicos da

pelve, a sínfise púbica.

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Figura 2. Radiografia AP abdome em DD com projeção das estruturas contidas na cavidade abdominal.

FONTE: Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

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Incidências ESPECIAIS

Incidência Póstero Anterior (PA) / Decúbito Ventral (DV)

Na prática a radiografia PA também é conhecida como panorâmica.

Condução do exame:

Figura 3. Posicionamento em Decúbito Ventral para Abdome

O usuário deve ser posicionado em decúbito ventral. Oferecer apoio para a região

da cabeça. As pernas deverão estar levemente abduzidas e os braços deverão

estar relaxados ao lado do corpo.

Distância foco receptor de imagem de 1 metro. O eixo y dos feixes de radiação

coincide com o plano médio sagital que se encontra alinhado com a linha central

da mesa, e o eixo x, cruzando nas cristas ilíacas, coincide com o centro do

receptor de imagem. Este no formato 35 cm x 43 cm disposto no sentido

longitudinal.

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A radiografia deve ser executada no processo expiratório, sendo solicitado ao

usuário para que respire fundo e solte todo o ar e que o mesmo pare o processo

respiratório na expiração para que, só então, os raios X sejam disparados e a

imagem seja obtida.

Incidência Ântero Posterior (AP) / Ortostase

Condução do exame:

Figura 4. Posicionamento em Ortostase para Abdome

Usuário em ortostase, com o dorso posicionado em paralelo com o centro do

receptor de imagem. As pernas devem estar levemente abduzidas e os braços

relaxados ao lado do corpo.

O feixe central deverá incidir, perpendicularmente, 5 cm acima das cristas ilíacas

para que o músculo diafragma seja incluso na imagem. Com distância foco

receptor de imagem de 1 metro, sendo o receptor no formato 35 cm x 43 cm, no

sentido longitudinal.

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A radiografia deve ser executada no processo expiratório, sendo solicitado ao

usuário que respire fundo e solte todo o ar e pare o processo respiratório na

expiração para que então você possa obter a imagem.

Incidência Ântero Posterior (AP) / Decúbito Dorsal (DD) – feixe

horizontal

Condução do exame:

Figura 5. Posicionamento em Decúbito Dorsal – feixe horizontal para Abdome

Usuário posicionado em decúbito dorsal sobre uma mesa auxiliar com as pernas

levemente abduzidas. Fornecer apoio para a região da cabeça, sendo opcional o

uso de apoio para os joelhos. Os braços estarão elevados à altura da cabeça para

que não sobreponham a região que será radiografada. Verificar os ombros e a

pelve para que estes estejam em alinhamento, ou seja, paralelos entre si, evitando

assim uma possível rotação.

O tubo de raios X estará perpendicular ao receptor de imagem, isto significa que

os feixes de raios X incidirão horizontalmente. A distância foco receptor de

imagem de 1 metro e o receptor de imagem no formato 35 cm x 43 cm, no sentido

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longitudinal em relação a estrutura. O feixe central incide 5 cm acima das cristas

ilíacas no seu eixo Y e no centro da espessura anteroposterior no seu eixo X, para

que o músculo diafragma seja incluso na imagem.

Observar os movimentos respiratórios. Após a expiração solicitar ao usuário que

suspenda o movimento respiratório para que a radiografia possa ser obtida.

Incidência Lateral / Decúbito Lateral

Condução do exame:

Figura 6. Posicionamento em Decúbito Lateral para Abdome

Usuário posicionado em decúbito lateral. Tende-se a deixar a região de interesse

mais próxima do receptor de imagem. Verificar se na requisição médica está

especificado o lado esquerdo ou direito. As pernas deverão permanecer fletidas

com apoio para manter os joelhos paralelos entre si. Os braços também devem

ser fletidos e elevados à altura da cabeça. É importante observar se os ombros e a

pelve estejam alinhados, caso não estejam reposicionar o paciente para obter uma

imagem em perfil verdadeiro.

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O receptor de imagem utilizado, 35 cm x 43 cm, deve coincidir com os feixes de

raios X. Estes incidem perpendicularmente a uma distância foco receptor de

imagem de 1 metro. O feixe central incide 5 cm acima das cristas ilíacas no seu

eixo X e no centro da espessura anteroposterior no seu eixo Y.

No movimento respiratório de expiração, solicitar que o usuário cesse o

movimento respiratório para que este possa ser radiografado sem que haja

artefato de movimento.

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5.2 ABDOME AGUDO

Abdome agudo é o termo utilizado para afecções que acometem a região

abdominal causando dor intensa localizada ou difusa e, geralmente, conduzem a

uma intervenção cirúrgica.

Há uma série de patologias que podem ocasionar dores abdominais simulando um

abdome agudo. São elas:

Região abdominal propriamente dita: patologias musculares, gastrointestinais, ginecológicas e urológicas;

Região torácica: patologias cardiovasculares, pulmonares e intoxicações

exógenas.

A rotina para abdome agudo, após uma avaliação clínica do usuário, é solicitada

quando há suspeita dos seguintes quadros:

inflamatório / infeccioso;

perfurativo;

obstrutivo;

vascular / isquêmico;

Incidências para Abdome Agudo

A rotina para adome agudo mais utilizada na prática profissional é a execução dos

seguintes exames: AP de Abdome – Decúbito Dorsal (DD), AP de Abdome –

Ortostase e Tórax. Caso o usuário não tenha condições de permanecer em

ortostase para realizar a incidência AP de abdome, sugere-se que seja executada

a incidência especial, decúbito lateral esquerdo com feixe horizontal.

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Incidência Ântero Posterior (AP) / Decúbito Dorsal (DD)

Condução do exame:

Figura 7. Posicionamento em Decúbito Dorsal - AP para Abdome

Usuário em decúbito dorsal, com o eixo y dos feixes de radiação, coincidente com

o plano médio sagital que se encontra alinhado com a linha central da mesa, e o

eixo x cruzando nas cristas ilíacas e coincidindo com o centro do receptor de

imagem. As pernas ficarão levemente abduzidas e os braços deverão estar

relaxados ao lado do corpo.

O feixe central deverá estar a 1 metro de distância foco receptor de imagem. O

receptor de imagem deve ser selecionado de acordo com o biotipo do usuário. De

modo geral, é usado o formato 35 cm x 43 cm, no sentido longitudinal.

A radiografia deve ser executada no processo expiratório, solicitar para que o

usuário respire fundo e solte todo o ar e pare o processo respiratório na expiração

para que só então, os feixes de raios X sejam disparados e seja obtida a imagem.

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Incidência Ântero Posterior (AP) / Ortostase

Incidência utilizada com o objetivo de demonstrar níveis hidroaéreos.

Condução do exame:

Figura 8. Posicionamento em Ortostase para Abdome

Usuário em ortostase, com o dorso posicionado em paralelo com o centro do

receptor de imagem. As pernas devem estar levemente abduzidas e os braços

relaxados ao lado do corpo.

O feixe central deverá incidir, perpendicularmente, a 5 cm acima das cristas ilíacas

para que o músculo diafragma seja incluso na imagem. Com distância foco

receptor de imagem de 1 metro, sendo o receptor no formato 35 cm x 43 cm, no

sentido longitudinal.

A radiografia deve ser executada no processo expiratório, sendo solicitado para

que o usuário respire fundo e solte todo o ar e pare o processo respiratório na

expiração para que então a imagem possa ser obtida.

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Incidência Póstero Anterior (PA) de Tórax

Incidência realizada com objetivo de evidenciar pneumoperitônio, diagnosticar

pneumonia de base que apresente sintomas abdominais ou uma patologia

abdominal que comprometa a região pulmonar, além de fornecer informações para

um pré operatório.

Condução do Exame:

Figura 9. Posicionamento em Ortostase – Incidência PA para Tórax

Usuário em ortostase, com as pernas ligeiramente abduzidas e pés afastados. O

dorso das mãos deve ser posicionado sobre as cristas ilíacas, projetar os ombros

e braços anteriormente, de forma que as escápulas não sobreponham a região

pulmonar. Elevar o mento. Manter a distância foco receptor de imagem a 180 cm.

Usualmente, sugere-se que o receptor de imagem para homens seja o formato 35

cm x 43 cm, disposto na longitudinal ou transversal dependendo do biotipo do

usuário, e para mulheres seja o 35 cm x 35 cm.

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Solicitar que o paciente faça o movimento inspiratório profundo e mantenha-o

durante a exposição. É essencial remover adornos que estejam na região de

interesse e que possam vir a gerar artefatos na imagem.

Incidência Ântero Posterior (AP) / Decúbito Lateral Esquerdo (DLE) –

feixe horizontal

Incidência que pode propiciar informações diagnósticas complementares e é

utilizada com o objetivo de dissociar os níveis líquidos e aéreos.

Condução do exame

Figura 10. Posicionamento em Decúbito Lateral Esquerdo – Feixe horizontal para

Abdome

Inicialmente o usuário deve ser deixado em decúbito lateral esquerdo, por uns 5

min, antes de radiografar a estrutura, pois, se houver a presença de níveis hidro-

aéreos livres na cavidade extraperitonial, haverá uma acomodação de tais

elementos. No estômago está presente a bolha gástrica, que se apresenta

radiopaca na imagem, se o usuário estiver em decúbito lateral direito esta bolha

subirá e havendo a presença de ar livre na cavidade o diagnóstico será

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mascarado devido a sobreposição. No entanto, com o usuário em decúbito lateral

esquerdo será melhor visibilizada esta dissociação, devido às propriedades fisico-

químicas, pois o ar tende a subir e os líquidos tendem a descer.

Usuário em decúbito lateral esquerdo, com o dorso alinhado paralelamente ao

receptor de imagem. As pernas poderão estar fletidas e os braços deverão ser

elevados para manter a região de interesse livre, sem sobreposição.

Os feixes de raios X serão horizontais e o feixe central incide 5 cm acima das

cristas ilíacas. A distância foco receptor de imagem permanecerá 1 metro. O

receptor de imagem sugerido é o 35 cm x 43 cm, devendo acompanhar

longitudinalmente a estrutura.

Solicitar ao usuário que cesse a respiração após a expiração, caso este não tenha

condições observar o movimento respiratório e somente radiografar quando for

observado o término da expiração.

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5.3 PELVE

Incidências BÁSICAS

Incidência Ântero Posterior (AP) da Pelve

Radiografia bilateral dos quadris, também conhecida como panorâmica. Tem por

objetivo avaliar lesões ósseas, neoplasias e luxações articulares, entre outras.

Figura 11. Posicionamento em Decúbito Lateral para Abdome

Condução do exame:

O usuário é posicionado em decúbito dorsal sobre a mesa de exames, com os

braços estendidos ao lado do corpo. O plano médio sagital deve ser alinhado à

linha média da mesa, de modo que o feixe central dos feixes de raios X coincida

com o centro do receptor de imagem, formato 35 cm x 43 cm, utilizado no sentido

transversal. Os feixes de radiação estarão, perpendicularmente, direcionados ao

feixe médio entre o nível da EIAS e a sínfise púbica. Observar a pelve, para que

não haja rotação. As pernas devem estar levemente abduzidas e os pés em

inversão, com uma angulação aproximada de 15º a 20º. Caso seja observado que

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o usuário não consegue manter esta posição, sugere-se que os pés sejam

envoltos por uma atadura com o objetivo de manter o correto posicionamento e

evitar a movimentação durante a exposição.

Não é necessário efetuar nenhum comando específico respiratório. Porém, o ideal

é que o usuário suspenda a respiração para evitar movimentação durante a

execução da radiografia.

As estruturas evidenciadas na imagem incluem a cintura pélvica, a vértebra L5,

sacro e cóccix, assim como cabeça, colo e trocanteres femorais.

Incidência Ântero Posterior (AP) / Decúbito Dorsal (DD) / Perna de Rã

Incidência denominada como método de Cleaves modificado ou bilateral perna de

“rã” ou ainda, posição de batráquio.

Realizada para visibilizar más-formações e luxações congênitas da região

articular.

Figura 12. Posicionamento em Decúbito Dorsal para Pelve – Perna de rã

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Condução do exame:

O usuário será posicionado em decúbito dorsal, centralizando a região da pelve

com a linha central da mesa. As superfícies plantares devem estar unidas, de

modo que os fêmures estejam abduzidos entre 40º a 45º. Os joelhos devem

apresentar uma flexão de 90º. Assegurar-se de que a pelve do usuário não está

rodada.

O feixe central dos feixes de radiação coincide no centro entre as estruturas EIAS

e a sínfise púbica, mais precisamente a 2,5 cm acima da sínfise púbica. Os raios X

incidem perpendicularmente a região pélvica. A margem superior do receptor de

imagem, formato 35 cm x 43 cm, deve estar no nível das cristas ilíacas.

Não é necessário efetuar nenhum comando específico respiratório. Porém, o ideal

é que o usuário suspenda a respiração para evitar movimentação durante a

execução da radiografia.

São visíveis nesta imagem radiográfica as seguintes estruturas: cabeça e colo

femoral, acetábulo, áreas trocantéricas e forame obturador.

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Incidências Especiais

Incidência Ântero Posterior (AP) / Axial de Entrada

Incidência também conhecida como “in let”

Figura 13. Posicionamento em Decúbito Dorsal para Axial de Entrada

Condução do exame

O usuário é posicionado em decúbito dorsal sobre a mesa de exames, com os

braços estendidos ao lado do corpo. O plano médio sagital deve ser alinhado à

linha média da mesa, de modo que o feixe central dos feixes de raios X coincida

com o centro do receptor de imagem, formato 24 cm x 30 cm, utilizado no sentido

transversal. Os feixes de radiação estarão com angulação de 40º podálicos

direcionados ao feixe médio entre o nível da EIAS. Observar a região pélvica para

que não haja rotação. As pernas devem estar levemente abduzidas e os pés em

inversão, com uma angulação aproximada de 15º a 20º. Caso seja observado que

o usuário não consegue manter esta posição, sugere-se que os pés sejam

envoltos por uma atadura com o objetivo de manter o correto posicionamento e

evitar a movimentação durante a exposição.

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Não é necessário efetuar nenhum comando específico respiratório. Porém, o ideal

é que o usuário suspenda a respiração para evitar movimentação durante a

execução da radiografia.

Na imagem obtida com esta incidência é demonstrado o anel pélvico ou a entrada

(abertura superior) em sua totalidade.

Incidência Ântero Posterior (AP) / Axial de Saída

Incidência conhecida como out let, método de Taylor.

Figura 14. Posicionamento em Decúbito Dorsal para Axial de Saída

Condução do exame:

O usuário é posicionado em decúbito dorsal sobre a mesa de exames, com os

braços estendidos ao lado do corpo. O plano médio sagital deve ser alinhado à

linha média da mesa, de modo que o feixe central dos feixes de raios X coincida

com o centro do receptor de imagem, formato 24 cm x 30 cm, utilizado no sentido

transversal. Os feixes de radiação deverão incidir cefálicamente, 20º a 30º em

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homens e 30º a 45º nas mulheres direcionados ao feixe médio entre o nível da

EIAS. Esta variação na angulação ocorre devido a variação anatômica entre a

pelve masculina e feminina. Observar a pelve para que não haja rotação. As

pernas devem estar levemente abduzidas e os pés em inversão, com uma

angulação aproximada de 15º a 20º. Caso seja observado que o usuário não

consegue manter esta posição, sugere-se que os pés sejam envoltos por uma

atadura com o objetivo de manter o correto posicionamento e evitar a

movimentação durante a exposição.

Não é necessário efetuar nenhum comando específico respiratório. Porém, o ideal

é que o usuário suspenda a respiração para evitar movimentação durante a

execução da radiografia.

Na imagem obtida com esta incidência serão observadas as seguintes estruturas:

os ramos superiores e inferiores dos ossos púbicos, assim como o corpo e ramo

do ísquio, são bem demonstrados.

Incidência Ântero Posterior – Posicionamento da Pelve em Obliqua

Posterior Direita ou Esquerda.

Incidências para a região pélvica, mais especificamente para a avaliação do

acetábulo e região adjacente na identificação de possíveis processos patológicos.

Condução do exame

O usuário deve ser posicionado inicialmente em decúbito dorsal. Movimentá-lo de

forma que tanto o tórax quanto a pelve estejam alinhados a 45º em relação a

mesa de exames, ou seja, posicioná-lo em oblíqua. Se o serviço dispuser de um

apoio em forma de cunha, utilizar para que o posicionamento seja mantido,

evitando assim a movimentação do usuário. A região de interesse deve estar

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alinhada com a linha central da mesa, ou seja, as estruturas anatômicas, cabeça

femoral e acetábulo. É indicado o uso do receptor de imagem, formato 24 cm x 30

cm, no sentido longitudinal.

Atenção: dependendo da entrada dos feixes de radiação e da localização do feixe

central é determinada a incidência, esta irá variar de acordo com o que se

pretende visibilizar na imagem radiográfica.

As incidências são conhecidas como ALAR e OBTURATRIZ.

Alar:

Figura 15. Posicionamento em Decúbito Dorsal – Incidência OAD para Alar

Usuário estiver posicionado em OPD, com os feixes de radiação direcionados a

região acetabular direita, que é a estrutura mais próxima da mesa de exames. O

feixe central incide perpendicularmente, aproximadamente, a 10 cm medial no

nível do trocanter maior.

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Quando a porção inferior do acetábulo é a região de interesse, a borda anterior do

acetábulo e a coluna posterior ilioisquiática são demonstradas, assim como

também a asa ilíaca.

Obturatriz:

Figura 16. Posicionamento em Decúbito Dorsal – Incidência OAE para Obturatriz

Usuário posicionado em OPE, com os feixes de radiação direcionados a região

acetabular direita, que é a estrutura mais afastada da mesa de exames. O feixe

central incide perpendicularmente, aproximadamente, a 10 cm medial no nível do

trocanter maior.

São visibilizadas as seguintes estruturas: borda posterior do acetábulo e a coluna

ilioisquiática anterior e o forame obturador.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLINGER, P. W, Pocket Guide to Radiography. 3 ed. Mosby-Year Book,

1995.

BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. P. Tratado de Posicionamento

Radiográfico e Anatomia Associada. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

MONNIER, J. P.; TUBIANA, J. P. Manual de diagnóstico radiológico. 5. ed. Rio

de Janeiro: Medsi, 1999. NOBREGA, A. I. Tecnologia Radiológica e Diagnóstico por Imagem: guia para

ensino e aprendizagem. 5. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2012.

WHISTLEY, A. S.; Slone, C.; Hoadley, G.; Moore, A. D.; ALSOP, C. W. Clark´s

Positioning in Radiography. 12th. Edition. London: Arnold Publisher. 2005